FILOSOFIA DO DIREITO

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FILOSOFIA DO DIREITO DANIEL OITAVEN [email protected] 31.07.2012Bibliografia: Alisson Mascaro, Filosofia do direito. Ed. Atlas (bom para os pensadores clssicos). Arthur Kaufmann, Filosofia do direito. Ed. Calouste Gubenkian Kaufmann e Hassemer, Introduo da filosofia do direito contempornea. Ed. Calouste Gubenkian. Miguel Reale, Filosofia do direito. Ed. Saraiva.Dia da Prova 11 de Setembro 20 de NovembroObs: Tem caso prtico na prova, na grande maioria. Aplicar de acordo com o que ele pede e falar sobre o caso. Em IED, voc tem uma disciplina instrumental, voltado para que voc saiba conceitos bsicos de direito, para que voc consiga se comunicar. a menos reflexiva das matrias propeduticas. Em filosofia, voc v os pensadores, mas voc no v os professores com a viso voltada ao direito. Essa matria ela me d o substrato para poder falar sobre alguma coisa sobre algum filsofo com noo. Na filosofia do Direito vai ser estudada a filosofia no foco do direito, em que serve para o direito. Ex: Relao de Scrates com a democracia. Na filosofia do direito voc v o direito por uma lente filosfica. Em hermenutica, voc aplica o direito.

Panorama geralNs temos no campo da ontologia, estudo do ser, basicamente trs paradigmas. A gente vai passar pelos trs. Eu preciso que vocs tenham em mente como funcionam genericamente para que eu possa situar vocs durante a evoluo histrica. necessrio saber como funciona a compreenso do direito com relao a eles.Paradigma Aristotlico-Tomista/EssencialistaO primeiro paradigma da ontologia ou da metafsica, (muitas vezes metafsica e ontologia so utilizados como sinnimos, embora no terceiro paradigma s se use ontologia no se goste de usar metafsica) que ns vamos ter o paradigma que podemos chamar de Aristotlico-Tomista (vem de Thomaz de Aquino) ou paradigma essencialista. Qual a caracterstica desse paradigma, a perspectiva desse paradigma objetivista, o eixo da observao filosfica no o homem, o mundo. Pensem na ideia bem estereotpica do filsofo grego, aquele cara que contempla o mundo (um cara desocupado). O filsofo se assusta com aquele mundo, tenta interpretar o mundo que cheio de mistrios, tenta encontrar uma razo para aquele mundo que to obscuro. Ele se sente como um gro de areia no mundo. Fica assustado com a chuva, o vento, com homens que matam homens. No a perspectiva subjetiva, do homem com ele mesmo. O filsofo ele est procurando algo que j estaria previamente dado pela natureza, existiria independentemente do homem, previamente ao homem. Ele procura uma natureza, natureza da gua, do mundo, dos fenmenos naturais, a natureza do homem e das relaes humanos, procura uma resposta que no criada pelo homem, ele busca algo que j est l. Ele no tenta se entender, tenta entender como funciona o mundo. Diversos filsofos tem diferenas significativas dentro dessa paradigma. Ex: Voc pode tomar Plato e Aristteles que estariam nesse mesmo paradigma, sendo que Plato tomado genericamente como filsofo idealista, e Aristteles como realista. Plato procura algo concreto no mundo das ideias, mundo espelhado pelo mundo sensvel. Aristteles vai buscar a resposta sobre algum que est mundo. Ambos esto porm procurando respostas sobre esse mundo, no sobre si mesmo. Aristteles vai ter uma perspectiva de Deus que no a perspectiva de Deus de So Tomaz de Aquino (tem a perspectiva de Deus Catlico Leitura Catlica do que Aristteles dizia). Eles so diferentes mas no por isso que eles estariam em paradigmas diferentes. Todos eles esto procurando algo em algum lugar que no interno. Esto procurando algo num mundo objetivo, pr-dado. O que isso tem a ver com o direito? Ex: Vocs viram em sociologia em jusnaturalismo, e ouvimos falar que tem o cosmolgico, o teolgico, o racional. Tanto o jusnaturalismo cosmolgico como o teolgico so vistos pelo prisma desse primeiro paradigma, se eu chamo de dois nomes diferentes, porque eles tem caractersticas diferentes. Mas nem por isso fazer partes de paradigmas diferentes. No cosmolgico, voc procura a resposta numa ordem natural das coisas. No teleolgico, voc procura uma resposta numa ordem divina (Catlica). Mas ambos procuram respostas no mundo fora de si mesmo. So Tomaz de Aquino fala em monte de coisas sobre o direito que jusnaturalista e teleolgico. Ele conseguiu ao mesmo tempo revitalizar tanto a ideia de doutrina como de legislao. Ele tem um papel importante para o destaque que a legislao e a doutrina vo ter na idade mdia. Ex: Porque a gente chama esse paradigma como essencialista? Veja se muitas vezes o direito no tratado como algo dado que j est l de alguma forma? Voc muitas vezes tem a ideia de que algumas coisas que foram construdas pelo homem, mesmo construdas pelo homem, so tratadas como coisas dadas. O estado, foi criado pelo homem, mas tratado como coisa dada. Ex: Voc vai l e cria a lei. Voc inseriu o texto de lei porque quis inserir. Olhe como depois voc abre um livro de hermenutica antigo e o cara coloca que a arte de revelar o sentido e o alcance da norma jurdica. Voc trata aquele texto como se tivesse alguma coisa dentro daquele texto. Como se voc fosse tirar, extrair o sentido da norma jurdica. Ainda que no seja algo natural porque foi o homem que criou, a sua forma de lidar com aquilo, uma forma natural. Dadas abordagens que voc tem, tem resqucios do primeiro paradigmas mesmo no estando nele. Muitas vezes tratamos o direito como se tivesse no primeiro paradigma. Extrair o sentido da norma como se houvesse alguma coisa ali dentro, como se no fosse linguagem. Nesse percurso a gente demora bastante tempo. Antgona uma tragdia que um clssico da literatura, que utilizado como desobedincia civil. ** Conta a lei.O nome fica aristotlico-tomista, porque voc pega o pensamento mais bem acabado na antiguidade clssica e o pensamento mais bem acabado na idade mdia. Segundo paradigma: Filosofia da Conscincia/ representacionista/subjetivistaEsse o contrrio, ele subjetivista. O eixo est no homem, est no sujeito que conhece e no no objeto a ser conhecido. O filsofo tem como preocupao central entender como esse homem conhece. Ele deixa de se assustar tanto com aquele mundo que o intriga e procura ver como lidar com aquele mundo, de maneira a se tornar mais narcisista. Aprendendo a lidar melhor comigo mesmo, eu tenho como lidar melhor com esse mundo. Partindo da conscincia eu posso organizar meus interesses. Voc tem uma conscincia de metodologia muito mais apurada. Isso vai ter reflexos no Direito tambm com ideias inclusive que vocs j ouviram falar. Gente, pensem a, esse paradigma tipicamente moderno. Voc encontra expresso num racionalismo contemporneo, no empirismo. Vai ter a sua verso mais bem acabada em Kant. Nesse segundo paradigma voc encontra muito mais organizao metodolgica e isso vai repercutir em toda produo cientfica, principalmente porque no que voc no tenha mais a essncia. Voc tem a essncia, at tem. A ideia central a a de que voc deixa de ficar to angustiado com a essncia do que como voc era no primeiro paradigma. Voc tem a percepo de que no vai alcanar a essncia pura, e sim com a sua conscincia. Existe a essncia dada pura, mas a partir do momento que eu conheo, eu conheo com as minhas pr-concepes, e por isso no vejo a realidade pura. Kelsen legalista? Para Kelsen o direito s lei? Kelsen positivista mas ele no legalista. Direito s norma, mas direito no s lei. Kelsen acha que o direito aplicado s com a lei? Falso. A aplicao do direito de kelsen valorativa. Como kelsen viu o problema do estudo do direito? Kelsen diz que t puto porque os sociologistas estudam o direito como fato social e tavam violando, na sua perspectiva, a autonomia da cincia do direito, em um pedao da sociologia (sociologia do direito). Kelsen no concorda em estudar o direito como fato. Ele queria dar autonomia cientfica. Ele deu o direito como norma no como fato. Voc estuda a mesma coisa com um cdigo distinto. Voc tem o direito como um complexo de questes que envolvem poltica, moral, religio. Voc pode utilizar o direito com vrias perspectivas a depender do foco. Ele no tinha como trabalhar com o objeto do direito como sendo o fato e sim a norma. A voc pega o objeto material, com essa complexidade que envolve o direito e voc faz um corte nesse objeto material e delineia um objeto formal (que a norma). O objeto formal o objeto da cincia, forma como a cincia vai recortar um seguimento da realidade para trabalhar com ela. Na norma se trabalha com um mtodo lgico e deixa o trabalho emprico para o cara da sociologia. A concluso em que vai chegar o positivista vai ser diferente porque o corte vai ser diferente, o mtodo vai ser diferente, o resultado vai ser diferente tambm. O que diferencia um do outro o sujeito que conhece. O sujeito do conhecimento se coloca no direito de fazer o recorte. Vai trabalhar com o fenmeno de maneira que voc achar cientificamente mais adequado. Por isso que a gente tem que estudar filosofia definir se a linguagem a ser usava vai ser positivista ou sociologista. Precisamos desse pressuposto. Essa distino entre o paradigma 1 e 2 tem reflexos mais diretos no direito. Ex: Em IED I a diferena entre direito subjetivo e objetivo. Voc tem uma noo. O que provavelmente no foi falado que a ideia de direito subjetivo uma ideia tipicamente relacionada ao 2 paradigma. Ento, vou dar um exemplo. Quando trabalhamos com o direito em Aristteles, ele no vai dizer que o juiz vai reconhecer o direito subjetivo a prestao de beltrano que deve pagar uma quantia x. (Nele voc no teria acesso direto essncia, voc teria acesso a sua viso da essncia Diferena entre nomeno e fenmeno). (Eu tenho o cavalo, no tenho acesso a essncia do cavalo, mas voc estuda o cavalo na minha forma humano, voc nunca vai poder se colocar dentro do cavalo, no mago do cavalo, mas eu posso criar concluses sobre o cavalo atravs da manifestao dele). Voc no chega ao que a coisa, voc chega a manifestao daquela coisa que est condicionada a sua forma de conhecer. Eu titularizo um direito subjetivo perante a fulano de crdito. Eu digo eu tenho direito subjetivo. Hoje o juiz vai mandar entregar a mim por conta de direito subjetivo. Em Aristteles no vai existir isso. O juiz vai mandar entregar porque justo. Voc no vai focar no sujeito, voc vai ter uma perspectiva objetiva, daquilo que devido, voc dar a fulano aquilo que ele merece, voc pondera o carter justo da deciso. Na prtica d no mesmo. Mas no modo onde voc cunha as categorias jurdicas diferente. Na verdade isso da algo que voc comea a perceber no final da idade mdia. Voc v coisas do tipo: A filosofia de Hobbes diz que todo mundo tem um direito natural subjetivo liberdade. As pessoas somam esse direito formando um estado e uma ordem jurdica, criando um estado, que vai ser titular de direitos. Se voc enxergar de uma perspectiva subjetiva voc v o direito objetivo partindo de um subjetivo. Voc comea do estado que tem o direito objetivo e esse direito objetivo cria o direito subjetivo. Se eu enxergar numa perspectiva que no seja positivista. Eu posso dizer que independentemente do que o direito objetivo diga, eu tenho direito subjetivo a liberdade. Eu coloco o direito subjetivo como anterior. No qual vem primeiro. Mas quando voc chega na idade mdia, voc comea a trabalhar com a categoria de direito subjetivo. Ela passou a aparecer porque apareceu uma perspectiva subjetivista. O homem passa a se ver de maneira individual no segundo paradigma. No 1 paradigma voc tem uma sociedade que comunitria. No 2 voc comea a ter caractersticas individualistas. Isso tem influencia at ideolgica. Terceiro Paradigma - Paradigma da filosofia da linguagemNesse paradigma que seria ontolgica, deixaria de ser metafsica, Voc no tem essncia. No, pelo menos, como a gente entende. Voc no tem algo pr-dado. Voc tem suportes fsicos (como uma mesa que real). Agora, s mesa porque a gente convenciona que isso para colocar sacolas em cima. O fato que significa que no da essncia da mesa ser divindade, ser algo do mal. Qualquer tipo de sentido atribudo. Apenas o suporte pr-dado. Ns temos uma peculiaridade porque temos, no suporte fsico, o crebro, e podemos compreender as coisas e compreender a si mesmo. No 2 paradigma voc admite que a essncia esteja l. Eu s admito que eu no tenho como chegar aquela essncia. Eu tenho duas coisas: o suporte fsico e a linguagem. A linguagem que vai dar sentido ao suporte fsico. Eu no consigo separar o sujeito e o objeto. Aqui o objeto nem existe. Ex: Ter um pedao de madeira no diz nada se no exista um ser humano para definir qual o sentido amigo. O pedao de maneira no vai nem ser pois no vai haver sentido. Texto uma coisa, norma outra. O texto o suporte fsica, norma o sentido do suporte fsico (a est a relao com o direito). O ser existncia, sentido. O ente o suporte fsico. Diferena entre texto e norma.

AULA 07.08.2012JUSNATURALISMO COSMOLGICO GREGO (PARTE 1)1. Panorama inicial e pr-socrticos 2. Scrates2.1. Ironia e Maiutica 2.2. Crtica aos Sofistas2.3. Democracia 3. Plato3.1. Pressupostos 3.2. Doxa X Episteme3.3. Crtica democraciaVamos comear o curso com o estudo do direito natural. preciso ter em mente que o direito natural no propriamente algo referente a evoluo histrica. O direito natural no evoluiu para uma outra teoria, como se cada teoria modificasse o direito natural. Tem gente que duvida da existncia do direito natural.Vamos trabalhar com algumas teorias que o admitem que o direito natural existe. O contedo e a forma do direito natural vo ser condicionados por quem est escrevendo. Se Hobbes faz uma leitura do direito natural ele vai dizer, por exemplo, que Aristteles diz uma coisa diferente. Cada um v o direito natural sobre o direito natural de maneira distinta. Cada um fala sobre o direito natural que ele entende que existe. No positivismo o seu referencial material fcil de ser visualizado. O direito natural no corporizado na fonte, ele metafsico. O direito natural, se existir, pode ser o de Hobbes e de Aristteles. Nunca a mesma coisa. Porque o referencial diferente. Defendendo do vis ideolgico que foi assumido naquela doutrina, voc pode ter o direito natural de uma forma. No fundo, no fundo, muitas vezes camos no erro de achar que o direito natural mudou. A prpria estrutura do direito natural mudou. Se o direito natural existe, ele no pode ter mudado, algum est errado, algum est certo. Pode ser que ningum esteja certo porque talvez nem exista o direito natural. Ento o que a gente faz no a histria do direito natural, a gente faz uma histria sobre uma perspectivas jusnaturalistas ao longo do tempo, como os estudiosos veem o direito natural. A crtica que vamos fazer aqui, a ttulo de reflexo, no vai majoritariamente incidir sobre o direito natural e sim sobre a perspectiva epistemolgica do pensador que discorreu sobre o direito natural. Perspectiva epistemolgica: Aqui o cdigo civil, aqui so duas pessoas. Elas acabaram de fazer um contrato. Aqui o cdigo civil de 2002, aqui o livro de Cristiano Chvez, aqui o livro de Kelsen. A conduta humana. A lei. A lei uma linguagem que se refere a conduta humana, uma linguagem prescritiva porque ela descreve fatos mas atribui consequncias jurdicas, prescreve consequncias jurdicas a serem imputadas aqueles fatos. A primeira parte da norma uma descrio, depois vem uma consequncia jurdica, algo que deve ser. Na segunda parte se faz uma descrio e a vem uma prescrio. A norma descreve uma situao de fato mas ela vem dentro de um comando, de uma prescrio, uma linguagem dentica (do dever ser). O cdigo civil descreve situaes para prescrever consequncias que sero previamente reconhecidas em situaes concretas. O que que o livro de Cristiano faz? Descreve prescries. uma linguagem que fala sobre as normas, ele fala esse dispositivo quer dizer que.... Isso aqui tambm linguagem, linguagem descritiva, descreve a prescrio e ela regula a conduta. Voc tem, nesse caso vrios nveis de linguagem. Em kelsen eu tambm tenho mais um nvel de linguagem onde eu tenho um discurso que fala sobre as condies de produo do discurso de Cristiano. O discurso de Cristiano um discurso cientfico. O primeiro fato, o segundo norma, o terceiro cincia e o quarto a epistemologia (que so as condies de existncia dessa cincia). Voc tem vrios paradigmas ontolgicos e a depender do seu paradigma para produo de conhecimento, ele vai ser diferente. A concepo de cincia de Kelsen uma, a de Aristteles outra. Cada um tem uma concepo de cincia especfica. Essa concepo de cincia influencia na forma que voc orienta sua cincia. Se eles veem a cincia diferente, a maneira que voc discorrer sobre o cdigo civil vai mudar. Quando voc fala de um discurso sobre o direito, ele parte de uma perspectiva epistemolgica. Essa matria explica para a gente as diversas perspectivas epistemolgicas. Para alguns, a filosofia seria mais um nvel da epistemologia. Eu tendo a concordar que a filosofia tem uma incurso na psicologia. A epistemologia descritiva ou prescritiva? Normalmente se diz que descritiva porque a nossa viso comum de tomar a epistemologia que apenas explica as condies de conhecimento. Mas muitas vezes, o que estamos fazendo prescrevendo. Muitas vezes ela vai t dizendo que eu acho melhor que seja assim, assim, assim. A epistemologia vai colocar as bases para que voc tenha a produo da cincia. Embora os paradigmas epistemolgicos sejam os mesmos, temos que ver situao por situao, porque as vezes h uma diferena.Quando eu digo da linguagem que versa sobre outra linguagem. A linguagem que versa a metalinguagem (a cincia do direito meta linguagem em relao a conduta), a linguagem que versada linguagem-objeto (o objeto linguagem-objeto com relao cincia).

EPISTEMOLOGIA - KelsenCINCIA- Livro de Cristiano

CONDUTA/FATODIREITO

DESCRITIVADESCRITIVAPRESCRITIVA

Em Roma, tambm havia um jusnaturalismo cosmolgico. Primeiro vamos ver a Grcia: Scrates, Plato e Aristteles. Tenha em mente o seguinte. O jusnaturalismo tem contornos gerais que se repetem. O que comum? O pensamento do direito uma reflexo sobre a justia. Isso relevante pois quando voc chega em Roma voc tem uma percepo ainda que sem uma separao em relao a justia, do que o direito. O grego no faz a distino sobre o direito e justia. necessrio ter em mente um coisa (cap. 2 de tercio Sampaio) hoje para a gente relativamente claro quando a gente fala em direito, justia, moral , ainda que tenha alguma dvida se esto juntos,separados e etc. Quando pensamos em cada um, pensamos de uma forma. Em sociedades primitivas voc no tem propriamente uma percepo do que direito, do que moral, do que poltica, do que religio. O direito como objeto material est disperso em tudo isso. Quando voc pega o aspecto cientfico do direito voc tenta pegar o direito separando desses aspectos. Qualquer reflexo, nesse caso, era uma reflexo que envolvia o direito. A sano do indgena , ao mesmo tempo, jurdica, religiosa, moral. Esse pessoal, o ndio no vai saber separar as coisas, para ele tudo junto. Na medida que o tempo vai passando voc vai percebendo uma separao gradual entre essas esferas. Se eu digo que na Grcia direito e justia esto juntos de maneira que eu no consigo designar um ou a outro. Nesse caso eu posso dizer que direito e justia so iguais. No tempo moderno eles j no so mais iguais. Pensar como se relacionam direito, poltica, religio e moral. O outro fio condutor da matria a relao entre a teoria e a prtica. Como se d a compreenso da prtica do direito e qual a sua relao com a prpria prtica. Qual a relao entre o livro de Cristiano Chavez e o juiz da vara cvel. Como voc v as duas figuras. A depender da perspectiva, voc vai ter uma separao maior ou menor. O pensador Romano v isso da maneira mais prxima pois o direito tem um vis mais prtico. No tempo moderno, isso muda. Em hermenutica voc passa um bom tempo olhando como se d a relao entre a norma e o fato. Aqui voc tem duas relaes centrais, a relao entre a teoria (cincia) e a prtica, e a relao entre direito, moral, poltica e religio. Dito isso, quero que vocs tenham em mente que voc tem l nos primrdios, uma tendncia a explicar a realidade por meio do mito. Voc explicava o mundo, na Grcia, por meio da mitologia. Porque o que acontecia? Caia o raio, destrua a casa, a mar baixava e subia e ningum entendia nada. A explicao que eles acharam foi o mito. Ento, voc busca uma explicao que t em outro plano, voc busca imaginar que tem um Deus que est jogando um raio na sua cabea, voc no sabe explicar o raio cientificamente. Ele no tinha pensado em trabalhar com esse tipo de conhecimento. A mitologia grega ajuda bastante. Na Odisseia Ulisses est achando que o rei retado e diz que Ulisses no vai voltar para casa. A Odisseia a viagem que nunca acaba. A linguagem cientfica diferente da linguagem mitolgica. Com o tempo o grego vai comeando a tentar inserir algum tipo de explicao racional na ordem natural das coisas. Ele deixa de fazer a leitura que vem de uma narrativa e a ideia de deuses personalizados e comea a trabalhar com uma juno entre a natureza e a racionalidade. A gente fala muito que esse momento o momento em que voc passa do mito (mythos) para a racionalidade (logos). Nessa primeira parte, a gente acaba tendo muitos termos gregos. Isso no para fins de erudio, nem como complicar a vida de vocs. porque alguma dessas palavras tem o pensamento forte no campo filosfico e so muito utilizadas (por isso esses termos so trabalhados). Quando voc comea a tentar encontrar uma racionalidade dessa natureza, voc assume uma perspectiva cosmolgica, um mundo que pr-dado, que pr-concebido. Essa ideia dos cosmos que tem uma lgica prpria, metafsica, normalmente referida pelo termo (Physis). Quando falar com Physis pensar na ordem natural das coisas. Voc tem essa palavra como uma espcie de substituto do pensamento filosfico. Isso no significa que voc negue a religio, a essncia de Deus. Voc pura buscar uma explicao que no seja relacionada aos deuses. Voc comea a buscar racionalmente a verdade. Num primeiro momento (autor bom: Douzinas), nesse perodo voc percebe que essa totalidade que os gregos viam ela fundia a questo natural com outras questo e destaquemos dentre essas questes a ideia de norma (Nomos). Voc tem junto physis, logos e nomos. Voc tem na perspectiva social, interao entre seres humanos, como a conveno sobre os comportamentos. Tem a ideia de norma, daquilo que convencionado que voc deveria saber. Quando eu falo em conveno dos comportamentos, eu falo em nomos. Quando eu falo em comportamento como costume eu falo em Ethos. Voc tem a fuso entre a razo a norma (embrio do direito), o ethos (que o embrio da tica) e a natureza. Voc no quebrava as coisas. Voc t saindo de uma poca que voc tem mito, depois disso voc consegue enxergar o que cada um. Essa ideia de norma o embrio daquilo que voc tem de norma ou de lei. Justamente porque estamos tentando fazer uma sistematizao da matria mas bvio que as coisas modificam drasticamente. Por conta disso, muitas vezes, quando voc fala em nomos, lei, norma, voc fazia uma relao com a deusa Themis que um das figuras da justia na Grcia, que a divindade que tem uma autoridade, que voc impor normas. Num primeiro momento, essa reflexo v as coisas emboladas e no chegam a fazer um pensamento crtico. Vai ter um momento, no entanto, que as pessoas vo questionar as fontes e os sentidos dessa norma. Quem vai ajudar bastante nessa reflexo so os sofistas, Plato. Num primeiro momento, voc no questiona essa conveno, voc acha que a ordem do mundo essa, e essa ordem boa assim, mas voc no questiona o tradicional, o justo ou o injusto. Ento o que acontece. Quando voc chega l na frente dos Sofistas voc vai comear a criticar a imutabilidade dessas convenes. Voc vai perceber que pode haver outro sentido para conveno que no esse. De incio, quero que vocs percebam que alguns deles j faziam reflexes sobre o direito e sobre a justia. Alguns pr-socrticos j escreviam sobre isso. (Normalmente, para fins de agrupamento voc tem os pr-socrticos). Comentrios de pr-socrticos sobre o direito. Voc tem Anaximandro que apresenta uma reflexo sobre o justo. Ele fala em um tal de peiron, de fonte infinita das coisas. Para ele, isso era o princpio das coisas. como se fosse Deus. Uma fonte ilimitada, uma fonte sem fora que deu origem a todas coisas. Para ele os elementos da natureza saiam do aperon e voltava para o aperon e isso era regido pela justia. Em Hierclito tem aquela frase tudo flui, quando voc pula na gua, voc no o mesmo, nem a gua a mesma. a ideia de movimento, a ideia de mudana, a ideia de um fluxo continuo, aquilo do devir, do vir-a-ser, voc vai se modificar. Algumas coisas precisam do oposto para existir. Eu no posso falar em justo, sem fala no injusto. Para que voc compreenda o que o justo e o que o injusto, voc precisa da experincia de um e do outro. Essa busca incessante. Antes de voc ter o holocausto, voc tem uma compreenso do que o justo, que uma preocupao despreocupada com o que o justo. O que acontece. Quando voc comea a colocar os judeus na cmara de gs, voc comea a perceber o que o injusto. A partir da, voc comea a perceber o que o direito no pode ser. Voc precisa desse tipo de conflito. Do trauma. Voc percebe esse movimento quando voc tem a escravido e depois voc tem a superao da escravido. Voc tem uma orientao do injusto inaceitvel. Voc tem uma relao dialtica entre os opostos e um no faz sentido sem o outro.Em Parmnides que normalmente relacionado esttica. Ele chegou a ser legislador e tem uma vida prtica relacionado ao direito, se diz que ele foi um grande e justo legislador. Ele tem uma relevncia porque ele o cara que funda uma noo que vai ser relevante para a filosofia grega que a ideia do que doxa (opinio) e aletheia (verdade). Voc tem em Parmnides, algo que vai ser resgatado em Plato, onde voc tem aquilo que opinio (um bando de idiotar que falam besteira) e aquilo que verdadeiro, que tem um fundo divino, mas que pode ser compreendido e desvelado racionalmente (verdade). Mais ou menos a mesma coisa que Plato falava. Warat fazia uma discusso entre cincia, doxa, episteme. Ele dizia que a cincia como episteme era somente doxa pois tinha sido colocado por uma bando de filsofos, pensadores. Basicamente Warat o cara que tornou qualquer perspectiva crtica sobre o direito de maneira a se tornar mais difundido. necessrio que a gente perceba: Em um belo momento voc deixa ter aquele pensamento natural das coisas (que tinha o nomos e o ethos), os sofistas foram muito importantes para esse tipo de comportamente.Os sofistas tinham uma perspectiva diferente do que a ophysis, do que o natural. A perspectiva de direito antural dos sofistas diferente dos que vieram antes dos sofistas. Eles comeam a ver o direito natural como uma instncia de crtica. Ele acha que aquela esfera que d ao homem a possibilidade de critica o nomos e o ethos. Ele vai dizer que o nomos no simplesmente sempre relacionado, no deve ser sempre relacionado do ethos. No porque um hbito existe que ele deve ser normativa, ele pode ser normativo. Ele diz que na verdade eles podem ser modificados e isso depende do exerccio da liberdade humana. O homem pode dizer que no quer mais aquele ethos ou nor mais aquela norma. Isso natural. Refletir como reagir com a ordem natural das coisas. No seria o contedo. Os sofistas nesses aspecto, o mais importante. Voc tem um tabu religioso porque voc quer isso, no da natureza das coisas esse ethos, a natureza das coisas que ns firmemos o ethos, que pode ser substitudo por outro. Conveno que pode ser substituda por outra conveno. Sofistas tiveram contribuies que muitas foram negativas, mas muitas foram relevantes. Temos uma perspectiva ruim difundida por conta do que pensava Scrates e Plato. Como eles vingaram, a viso deles sobre os sofistas, a opinio deles passa a ser hegemnica. Ento, o que acontece que esse nomos no mais oriundo de um costume imutvel. Eu no preciso que ele seja tomado como divino, como algo que seja modificado. Eu posso criar qualquer coisa, convencionar qualquer tipo de contedo. Tenham em mente o que convencionalismo. Essa expresso extremamente importante. J foi ponto de prova meu. O que convencionalismo: uma caracterstica DO TIPO DE PENSAMENTO presente dos sofistas que voc convencione, um acordo, sobre um determinado tipo de contedo, de tipos, de valores e normas. Entende que os homens possam chegar num acordo e estabelecer valores e normas. So apenas verses. No existe verdade absoluta. Essa caracterstica est presente no positivismo. O positivista entende que o legislador pode firmar qualquer coisa como uma verdade. Num primeiro momento ele procura uma referencia no direito natural. Depois, ele pode fixar qualquer coisa como contedo normativo. Kelsen tambm (e de maneira mais aflorada,pois ele acha que o juiz tambm). A verdade algo que fixado convencionalmente. Scrates, Plato e Aristteles no admitem os sofistas pois trabalham como uma verdade pr-constituda que vai ser desvelada. Os sofistas trabalham com verdade conveno. NO QUER DIZER QUE OS SOFISTAS ERAM POSITIVISTAS!!!!Para fins de amarrar entre de a gente entrar em Scrates, eu quero que vocs tenham em mente do jusnaturalismo cosmolgico o seguinte. Voc comea a ter inclusive a partir do questionamento dos sofistas, a ideia de uma justia um pouco da justia Themes, do que autoridade, do que vinculante, ainda que os sofistas no trabalhem com essa linguagem, a ideia de justia como algo crtico, reflexivo, justia como justo, o correto, o lcito vai ser difundida na figura da deusa, qualquer norma tem que ser justificvel, tem que ser atrelada ao justo, mostrar que justo. Ento, nem todo o Ethos pode ser considerado normativo. Ex: Escravido. Voc tem o Ethos da escravido e por ser Ethos no quer dizer que tenha que ser Nomos, temos que revisar. Percebam que o homem grego ele era visto como um elemento no individualizado, ele era mais um elemento ligado aquela ordem cosmolgica. Observe uqe nisso da, voc tem uma viso orientada pelo bem comum, e vai ser determinado como algo a ser seguido, que direciona com a prpria evoluo e prtica social. como se a sociedade buscasse sempre a perfeio. Esse movimento pela perfeio vai buscar atingir o bem comum. A ordem natural rege a nossa sociedade e vai ser sempre orientada pela busca da conduta perfeita, a conduta virtuosa. A perfeio a evoluo. A voc tem a causa eficiente, como o caminho de buscar a perfeio das condutas, o bem comum, a causa final, aquilo que vamos chegar. O justo, o correto, o bom e o lcito essa perfeio. Eu no s tenho a ideia de direito natural como algo que est em outro plano, e essa ideia determina os nossos atos reais completos. Para que a gente torne o movimento voltado para o bem comum. Essa ideia de fazer o bom, o correto, rege o nosso comportamento. Metafisicamente estamos destinados a fazer o bem. O problema : O que o bem comum? A escravido era ruim para o escravo, mas para eles era bom para a coletividade. Uma coisa a crtica que se faz a prtica, uma coisa a crtica a prpria norma. A natureza enquanto no incio era a mesma fonte da autoridade da norma, quando o sofista vem questionar aquele direito, aquele nomos, aquele ethos, a natureza passa ser algo contra ali. Ela comea a ter uma distino entre o que a physis e o nomos. Quando vem Scrates, Plato e Aristteles eles afastam o que h de relativista e preservam o que h de crtico. Invs de colocar a nfase na possibilidade de convencionar, num padro axiolgico. Vamos convencionar como se d a verdade. O padro passa a ser menos constituitivo e mais investigativo. 1. No questiona2. Questiona e pode convencionar qualquer coisa3. Questiona e procura um sentido para as coisas.ScratesPara ele o que mais importante no a concluso sobre a verdade, mas sim atravs do mtodo que voc encontra a verdade. Mais importante que a resposta a pergunta. O importante o caminho, o questionamento, a pergunta. Quando voc tem o dilogo voc faz com que afasta o que no se sustenta e que fique aquilo que essencialmente verdadeiro. Nada de muito complexo para entender. Sentamos, de vez em quando, alguns amigos, para fazer uma reunio. Quando vem o tema comeamos a falar sobre o tema at chegar numa concluso. A partir do momento que voc suscita o debate voc afasta o que no se sustenta, e aproxima o que se sustenta. Se voc quer encontrar a essncia da verdade, voc tem que debater. Mais importante o procedimento. MUITO IMPORTANTE: Scrates um cara que j falava de algo que agora no sculo XX a galera vai estar falando, que diz respeito aos pressupostos que voc assume para que o discurso seja dialgico correto. Quando eu estou falando em entrar com uma disposio no estratgica para dar espao para o outro falar, chegar em algum acordo, numa convergncia, isso vai assumir vrios pressupostos. Tem gente propondo uma preocupao com o procedimento de descoberta da verdade. um procedimento discursivo. Scrates achava que voc iria encontrar uma essncia.Observe que ele prope o que chamamos de maiutica que ideia relacionada ao parto, a atividade da parteira. Tcnica que voc utiliza para dar a luz algo. Voc precisa de uma parteira. O papel da parteira estimular o parto, estimular, provocar o parto. Quem vai parir a me. Quando voc indaga voc no vai revelar a verdade de algum, voc vai estimular, voc permite o outro a chegar a verdade por ele prprio. Quando eu digo que voc vai fazer uma pergunta, no significa dizer que voc vai induzir a pessoa chegar numa determinada resposta. Scrates no gosta do relativismo do Sofista e no gosta da ideia de que voc pode convencionar qualquer coisa como justa ou verdadeira. Alguns sofistas vo propor algum padro de sofista. Alguns vo dizer que a lei predominante a lei do mais forte, outro vai dizer que a lei da maioria. A seu posicionamento no diz nada sobre o justo e o verdadeiro segundo Scrates. Scrates comea a problematizar, questionar aqueles sofistas, voc quer convencionar como isso se sustenta to facilmente. A busca de um bem tanto na viso individual, como na viso da polis. O individuo quereria o que a sociedade quereria. A busca por esse bem acaba sendo um critrio de justia s que na viso de Scrates (ele tinha um posicionamento), isso relevante, esse bem comum era alcanvel por meio da democracia, como uma referncia para que voc possa alcanar ao contedo do justo, para que voc possa refutar o falso. Voc tem pessoas debatendo, elas expe razes, ou elas chegam num acordo ou vo votar. A fica o princpio da maioria. A ideia no que voc s deve votar e t tudo bem, a parte procedimental as vezes mais importante. O voto a maneira de encerrar a discusso. Mais importante que o voto o caminho para chegar ao voto. Nessa situao de Scrates na situao de voc ter um debate democrtico para depois o voto, voc chega numa aporia, voc no sabe o que fazer. Voc precisa ter uma orientao sobre como agir que anterior a prpria deciso. Antes de voc ter uma opinio justa, voc j tem um desenvolvimento para ter uma posio justa. Voc entra num debate j querendo ser justo. Voc no sabe onde comea a justia. A dvida insolvel que voc no sabe qual o contedo da justia. No sabemos onde vamos chegar. Para voc chegar numa resposta boa, numa justia, voc tem essa aporia. necessrio encontrar um princpio de justia para chegar ao resultado, e voc tiver uma noo da justia com relao ao comportamento. como se fosse injusto me comportar de forma estratgica no debate, ainda que eu vote corretamente. O fim no justifica o meio. Scrates defende o voto como caminho para voc fechar a democracia! Alguns vo gritar: Scrates positivista! Resolver no voto no uma outra forma de convencionalismo? Temos que tomar como referencia o episdio da morte de Scrates que to romntico que faz a gente acreditar que Plato fez aquilo ali. Ele foi preso, teve a chance de fugir, no quis fugir, bebeu a sicuta e morreu. Como se d a relao entre a democracia e o direito na morte de Scrates. Tem uma verso que diz que Scrates decide no fugir porque ele quer que a democracia seja respeitada. Se as pessoas decidiram que eu seja executado, eu devo ser executado, pois foi o procedimento adequado ento eu tenho que aceitar mesmo quando isso me atinge. Scrates diz que existe um dfict de autonomia entre os sujeitos chegando a virtude. Se eu digo que a deciso foi essa que foi tomada depois que foi feito o debate, por voto, eu vou ter que me submeter a isso.Ele pode tambm, com isso, querer que com a sua morte injusta, mostrar que a deciso de um debate pelo voto, pode ser injusta. Ento, ele quer mostrar que todo ato democrtico precisa envolver essa busca dialtica da justia, estratgica. Ele no vai estar se resignando ao convencionalismo. Essa segunda interpretao justifica a viso de Scrates, que ficou com a imagem do injustiado, daquele cara que era bom, e que foi morto injustamente por conta de um desmando, por conta de um ato irreflexivo. Voc tem Paulo Bonavides que diz que essa tese uma tese acertada que mostra uma posio jusnaturalista de Scrates. Ele quer mostrar isso. Que o debate mais importante que o prprio resultado. A divindade deu ao homem uma razo, e o homem precisa desenvolver essa razo pelo debate. A divindade d essa razo para o homem para que ele possa reconhecer a justia. H uma irracionalidade daqueles que tenham decidido pela morte de Scrates. Esse cara tem que ficar vivo e tem que falar. Aula 3 - 14.08.20121. Aristteles1.1 Distino entre Filosofia Primeira, Episteme, Techn e Praxes1.2 Tese central sobre o Direito1.3 Prudncia, Equidade e o Problema hermenutico fundamental1.4 Justia Geral e Justia Particular1.5 Igualdade (Justia) distributiva, retributiva (corretiva) e comutativa (reciprocidade)2. Antropocentrismo grego2.1 Epicurismo2.2 Cnicos2.3 EstoicismoJ foi falado que Plato ficou amargurado pq Scrates morreu e ele o amava, por isso ele resolveu conservar de Scrates a dialtica, mas rejeitar a ideia de democracia pq ele achava que a democracia era do mal, que existia algo de errado naquele regime. Enquanto Scrates associava norma, justia e democracia, Plato resolveu enfatizar o tema da justia, rejeitar o modelo da democracia e provou uma alternativa de um modelo poltico. Essa ideia de Plato de estar indignado com o que acontece com Scrates pesa pq ele levou a democracia a uma reforma injusta. Ele d uma preferncia em relao justia e acha que a democracia vai dar em problema, em decises idiotas. Plato meio descrente no homem, mas no significa que ele seja um ctico. Na verdade Plato acha que existem trs tipos de almas: Alguns tm a alma logstica, dispostas ao conhecimento, a intelectualidade tem gente que nasceu para pensar, alma tpica do filsofo; outros tm a alma irascvel tem coragem para lutar, o guerreiro, que so mais dispostos guerra, atividade fsica; e outros que tem alma apetitiva so os comerciantes, os artesos, so dispostos arte e o comum do povo que tem a virtude da temperana, o mais equilibrado. Para os filsofos quem tem alma irascvel e apetitiva so inferiores. Para Plato quem tem que governar a polis so os filsofos pq Plato um idealista e busca a verdade no mundo das ideias. Para ele so as nicas pessoas que tem condies de alcanar alguma coisa no mundo inteligvel, que na verdade algo divino. O filsofo estando ainda no plano servvel tem condies de chegar mais prximo de fazer uma acese que essa elevao que , ao mesmo tempo, intelectual e espiritual que permite uma aproximao entre essas verdades, ainda que no vai se ter um domnio da verdade antes de vc morrer. O filosofo est preocupado com a verdade e a verdade de Plato vai ser uma verdade buscada atravs da Episteme. Na aula passada quando se falou em Parmenides, aleheia e a doxa. Os filsofos diziam que a doxa era um mero pitaco, um senso comum que no tinha compromisso com a verdade, a verdade era aletheia. Plato vai dizer tambm que o filosofo vai produzir conhecimento comprometido com a verdade, que era aletheia; conhecimento comprometido com a verdade era Episteme, que vai servir como raiz da ideia que vamos ter de conhecimento comprometido com a verdade, no s na Grcia, mas vamos continuar com essa ideia muito fortemente na idade moderna, por isso a epistemologia como um pensamento sobre como a produo de conhecimento. Ento ele toma a Episteme como uma ideia que se relaciona como uma ideia como se imagina de cincia, que um conhecimento metodicamente estruturado e compromissado em encontrar a verdade. claro que ainda no existia cincia, como a gente a imagina, mas a ideia era parecida - uma oposio entre vc ter um especialista falando sobre a economia dizendo que est falando em cincia e um leigo falando do mesmo assunto sem base na Episteme, sem base na cincia, so pitacos, sem base terica. Isso a doxa que so opinies desprovidas de fundamento reflexivo, desprovido de fundamento cientfico. Ento Plato falava que quem faz Episteme quem tem a alma logstica. Na democracia as trs almas doxa e significa que a alma irascvel, que a alma apetitiva vai fazer merda pq vai votar com base em doxa e vo matar Scrates. Plato queria um governo fundado numa aristocracia, fundado no padro de conhecimento, na disposio e aptido para a filosofia. Plato, mesmo em relao a quem tem alma logstica preserva uma espcie de pessimismo pq ele acha que vc nunca vai conseguir alcanar plenamente, enquanto vc est nesse mundo, a justia, vai tentar se aproximar desse modelo de justia. Isso vai refletir inclusive na confeco de leis pelo juiz pq como vc no tem um padro de perfeio em relao verdade, teremos leis imperfeitas nesse mundo e que na verdade so leis provisrias e Platao entende que em verdade vc vai ser preliminarmente julgado pelos homens aqui na terra, mas quando vc morrer, a justia divina ser feita. Se os homens tiverem errado, isso ser consertado em outro plano. Ento os filsofos iriam tentar ao mximo alcanar que a justia. Ento obseve: Plato descrente da democracia e da poltica, do quorum, discusso e debate entre todos os cidados, tinha uma descrena na lei humana por considerar que ela no perfeitamente Justa, mas entende que a lei, a norma, o nomos deve buscar chegar ao mximo possvel perto dessa justia. Ento percebe-se como ele Jusnaturalista ao dizer que a lei humana deve ser pensada com base na justia e ainda assim no vai ser perfeitamente justa, ento ele afasta qualquer perspectiva de convencionalismo a partir dessa premissa.Ele critica a democracia: ele acha que na democracia todo mundo tem que respeitar direito de votar, ento quem tem alma irascvel, e alma apetitiva no tem condies de votar fundada em Episteme, no tem compromisso com a verdade, no por querer mas por no ter a habilidade natural de compreender algo de forma verdadeira. Ento, melhor colocar 10 filsofos pra resolver do que colocar 1.000 sendo que s dez tem condies de conhecer a verdade, ento a maioria vai hostilizar os filsofos por estarem mais prximo verdade, ento ele entende que um governo democrtico no proporciona essa aproximao com a verdade pq ele quer fazer uma espcie de seletividade que o governo democrtico no tem. Ento se v que o seu pensamento j est integrado a toda concepo cosmolgica a toda concepo de mundo do ser humano.A premissa que vemos trabalha com o padro metafsico, j impede a gente de trabalhar com um padro positivista, j que estes trabalham com premissas humanas ainda que o racionalista at o sec. XVIII pq quando se acredita no metafsico vc j sai da possibilidade do positivismo. O positivista entende que tudo criao do homem, reduz a possibilidade da metafsica, da filosofia e da cincia.Ento se percebe que no h nenhuma desconfiana de convencionalismo (aptido do homem para convencionar qualquer coisa) em Plato. Plato vai dizer que a lei no justa apenas por ser lei, ele v uma tentativa perfeita de estudar o mundo sensvel, aquela justia perfeita do mundo inteligvel e o homem nunca vai alcanar isso perfeitamente. No convencionalismo se pode convencionar qq coisa, vc no tem um padro de valores pr-constitudos que sejam positivos, a verdade aquilo que vc convenciona. Quando o positivista assume esse convencionalismo ele usa a verdade para o que precisa que resolver problemas. Justo ou injusto, o legal que seja decisivo. O legal o nosso padro para a resoluo de problemas, ento na verdade a gente inventa uma verdade. Se o legislador inventa uma outra verdade ele joga a verdade anterior no lixo e instaura a nova verdade. O novo vai ser julgado pela verdade nova e o outro pela verdade velha e isso se chama convencionalismo.Plato quando reflete sobre a justia ele a faz tanto no plano terico quanto no plano prtico ainda que essa distino seja artificial pq o grego no tinha essa dimenso to definida do que terico e do prtico, mas de outro modo pode-se dizer que ele reflete tanto o que justia e o contedo dessa justia (terico); e qual a ideia de justia quanto da aplicao prtica, como instituir uma ordem poltica justa quem decide, quem faz o qu, at quem toma a deciso, como decidir, que so coisas diferentes. Quando ele diz que a justia divina, ela inalcanvel pelo homem, isso uma considerao sobre a ideia de justia. Agora quando ele diz que a democracia no serve para instituir uma ordem justa, eu estou tratando de uma ordem prtica. A minha forma de instituir essa justia numa ordem prtica no pode ser democrtica a ele tem elementos ideais que fundamentam isso que o sistema aristocrtico, eu vou organizar a sociedade de acordo com os filsofos decidem. Diante disso pode-se perceber que tem no pensamento de Plato 3 momentos: Na Repblica vc tem uma separao sobre o pensamento de Plato; num primeiro pensamento ele vai discorrer sobre um pensamento racional sobre o que era justia, momento esse que era terico; no segundo momento ele vai passar para a questo prtica, a reflexo e discusso sobre as questes prticas, a experincia dos homens na tentativa de concretizar a justia, inclusive nesse momento ele trata da experincia dele em Siracusa para usar na confeco da ordem jurdica, ele ficou frustrado por no ter dado muito certo e comeou a ver a dificuldade para a efetivao pratica dessas leis; na terceira etapa ele pega o momento terico e o momento prtico e tenta fazer uma espcie de unificao, como ele poder levar a justia para o campo prtico. nesse momento que ele vai perceber que nunca vai conseguir aplicar totalmente a justia. o tema principal dessa matria que a justia aplicativa para os problemas jurdicos. importante perceber que Plato acha que vc tem a experincia da justia, vc que vivencia a justia vc vai gostar. O sujeito aprende, segundo Scrates dizia, que o sujeito vai cultivar segundo experincia prpria essa virtude, inclusive tem a ver com a dialtica, com a disposio para o dilogo. Mas a Plato diz que o homem quando comea a sentir, a aprender o que virtuoso, ele no vai mais querer deixar de ser virtuoso. Ento na verdade o que seria normativo para Plato que o homem d essa chance de experimentar a justia, de experimentar agir de forma virtuosa. Caso o homem siga seus mandamentos e aprenda a ser virtuoso, ele vai curtir. Essa sensao de felicidade de orgulho expressas de forma coloquial o que Plato quer dizer. Plato diz que a ideia da ideia individual acabe se sobrepondo o que seria certo/justo vc quem tem que descobrir o que justia, qual a ideia inata de justia que est em vc. Ele diz que esse homem para evitar que o interesse individual prepondere sobre o interesse coletivo importante que ele se abra ao dilogo e importante inclusive que sobre a realizao do dialogo, no basta que vc diga que vai dialogar, mas tb ter a percepo de como esse dialogo colabora para o alcance da justia, para o alcance coletivo. Aquela viso que era comum do jusnaturalismo grego, da compreenso de vida estava bastante presente em Plato que tinha a ideia de justia como bem comum, como sucesso da polis. Ele quer instituir na pratica condies de institucionalizao para uma sociedade cujo critrio de bem comum seja alcanado por meio de um comportamento virtuoso daquele que est disposto a contribuir por um bem comum. Miguel Reale diz que eu tenho a capacidade de alcanar a justia humana. Qual o parmetro que Plato vai utilizar para alcanar essa justia humana na polis? O fim social, uma ideia de direo do Estado em relao vida comunitria, uma espcie de comunismo dirigido, no sentido de comunitarismo. O que eu quero que se a sociedade tiver condies de por meio de o Estado orientar a busca desse bem comum, como uma espcie de justia social est beleza. Agora a justia social de Plato no a justia social dos socialistas, no sentido do que bom coletivamente, no significa que todos sejam iguais, que todos tenham exatamente os mesmos direitos, at pq o prprio Plato dizia que cada um tinha as suas prerrogativas. Ele mostra que aquele que tem alma holstica como se fosse de ouro; o de alma apetitiva, de bronze. Ele mostra que existe uma hierarquia de acordo com as aptides, ele queria mostrar que padro de justia social no significa necessariamente padro de igualdade material. um padro coletivista, o interesse o bem comum que os filsofos faam as leis, que os guerreiros lutem, que comerciante exera a sua atividade, enfim.O que vimos de positivista em Plato: uma coisa divergente pq existem alguns que entendem que existem alguns traos positivistas em Plato ainda outros que no se possa classificar como um ou como outro trao. Ele jusnaturalista, mas entende-se que h nele trao naturalista. Para fins prticos no pode resolver tudo na lei, no outro mundo vai existir um outro julgamento aos olhos de Deus. Livro de Plato chamado As Leis. Para Leonardo Lacerda, principalmente antes de As Leis, no se defendia o direito como um conjunto de normas positivas de um Estado pq a autoridade do legislador na figura da aristocracia de Plato uma figura que no vem do mega poder. Positivista legislador, o juiz pq tem o poder. Ele vai dizer que aqui em Plato assim. O poder ftico impe-se do prprio poder jurdico. Para Plato o poder jurdico impe-se da sua prpria inteligncia, o legislador o filsofo. Por conta disso a leitura do referido autor bem destacada para o que jusnaturalista, ele diz que quando um legislador faz leis injustas e estas so aplicadas vc poderia, inclusive lanar mo da lei civil pq se o filosofo estaria ali para fazer uma lei justa, ainda que a gente saiba que no vai ser perfeita, mas se ele est fazendo coisas manifestamente injustas vc teria possibilidade de desconsiderar aquela lei por diplomas religiosos, isso seria tipicamente jusnaturalista, vc teria possibilidade de desobedecer aquelas leis j que nem o filsofo nem o Estado est fazendo e aplicando o que ele deveria, que so as leis justas. Essa perspectiva lembra uma coisa que j vimos aqui. Lembre-se da clausula arent? (a lei manifestamente injusta no direito) e da vivencia da confeco e posse ambas expressaria a ideia de que vc de uma manifesta injustia deveria repensar a possibilidade de aplicao daquela lei. Essas coisas so antigas e renovadas. Essa leitura d uma nfase muito forte m Plato para a questo jusnaturalista. Por outro lado acontece que alguns autores colocam a nfase na autoridade do legislador para alcanar a legitimidade, s que a legitimidade uma coisa que jusnaturalista, mas para o legislador presume-se que a lei deles uma lei justa. Ele legitimado para colocar ali, para alcanar uma justia perfeita, ento aquela lei ainda que perfeita seria supostamente melhor do que a gente teria, ou seja, qual o questionamento que vc teria: ser que em Plato no vai se ter, apesar de toda fundamentao jusnaturalista, uma espcie de momento convencionalista a partir do momento que o legislador bota a lei e se presume que ela justa pq quem colocou foi ele? Ou seja, ainda que a autoridade tenha um fundamento jusnaturalista e que a autoridade positivista tenha um fundamento vasto apenas pq tem o poder, na pratica quando a lei j foi colocada no fim das contas ela no acaba se impondo pela fora? Vc acaba presumindo que ela que a lei e no outra. Esse o posicionamento, tem gente que vai ter uma viso mais negativa de Plato pq vai considerar que para fins prticos vc vai acabar tendo uma espcie de convencionalismo do legislador. Isso gera mais discusso a partir do momento que vem as leis. As leis mais recentes de Plato mostram que ele est mais realista, mais deprimido, mais desanimado com o estudo jusnaturalista e est mais com questes de ordem prtica e mais pragmtica de imposio do governo, do filsofo. Para fins pragmticos, vc poderia apesar de todas as mudanas acabar assumindo que no fim das contas a autoridade se impe. Observe que o prprio Socrates tb tinha isso, apesar de ver no legislador uma forma exerccio da democracia, diferente de Plato que via isso na aristocracia (filsofos).Em suma: A finalidade do direito para Plato alcanar a justia assume o conceito de justia para o que o bem. A justia vista como dar para cada um o que ele merece (Sun cui que tribueri). A ideia de uma medida de justia sempre presente em toda a tradio da filosofia grega que como sempre direito no est separado de justia (a ideia do justo e o que jurdico).

Ele no estar buscando ordem e segurana como buscava o positivismo, nem tampouco o enriquecimento geral (maximizao econmica), muito menos o individual. O bem comum no somente a produo de riqueza. O bem comum est calcado numa sociedade justamente ordenada; o positivista entende que ordem e segurana; um utilitarista quer mais maximizao de prazer, quer bem estar individual.

A relao entre as leis e o Estado o filosofo est mais perto da razo e da medida do que os outros, ento, em tese vc no precisaria de lei pq no ela que vai transformar algo injusto em justo. Essa racionalidade da justia que est no mundo das ideias no dependeria da lei. Essas leis seriam imutveis pq para Plato Episteme pq o que est no mundo das ideias imutvel, ento ele alcanaria essa universalidade da verdade assim como qualquer outro filosofo alcanaria isso. Para tudo isso no precisaria das leis no sentido positivo feita por ns, seriam as leis divinas, imutveis como mandamentos jurdicos transcendentes. Alcanaria por meio da razo por si s a universalidade. A lei serve para os outros, ela no vai ser, como para a gente, um limitador do poder do Estado. O direito administrativo impede que o Estado seja tirano conosco atravs da discricionariedade, serve para ns como uma garantia. A lei serve como um espelho da ordem jurdica perfeita, que a ordem divina, ou seja, a lei tenta indicar um caminho pra a concretizao no mundo real daquela ordem divina, uma concretizao poltica numa ordem real. A lei me diz como agir de uma forma moralmente correta. Ento o filosofo no estaria estabelecendo critrios dele prprio para o governo, ele est colocando aquilo em forma de lei pra publicizar aquilo que descobriu na ordem divina. A lei seria um modelo didtico para o homem alienado. Ento se livra a polis/cidade daqueles problemas da democracia.

Plato j percebia em As leis, at por conta de uma perspectiva pessimista que ele assume depois de ter-lhe frustado em Siracusa, depois de perceber que no vai ter uma ordem perfeita no mundo, Plato percebe que existe uma distancia entre a norma e o caso, o tal problema hermenutico fundamental entre a generalidade de uma norma geral e abstrata, problema que para todos e a especificidade de um problema concreto, complexo j era percebido em Plato. Percebe-se que apesar de a ordem natural divina nunca mudar, a forma como as instituies polticas iriam concretizar essa ordem natural dependeria das circunstancias da concretizao. Isso enriquece as ideias de Plato. Ele percebe que para levar essas ideias para a pratica, ele precisa de uma eficcia mnima de esperana dos cidados. essencial para que a lei seja reconhecida com eficcia de lei que ela generalizadamente seja obedecida. Tem uma hora que Plato vai dizer que costume fonte do direito, que muitas vezes eu preciso reconhecer esse costume como direito para que eu faa uma boa adequao daquelas normas individuais ao sistema de leis. Se for compatvel com a ordem divina ser fonte.

Ateno, segundo Kelsen:

1. As leis na sua forma pedaggica precisam ser analisadas nas circunstancias de fato;2. As leis precisam ter um mnimo de eficcia;3. Costume fonte do direito;4. H uma ligao entre a norma geral e abstrata e o problema;O que no est em Kelsen? A parte naturalista, a parte da legitimidade. Sua teoria a norma fundamental.A norma fundamental de Plato a justia divina, que uma norma fundamental material que vem de uma autoridade. Seu fundamento jusnaturalista, mas a partir que a ordem nasce, em vrios aspectos se aproxima das caractersticas positivistas pq se Kelsen tivesse nascido na poca de Plato ele ao invs de dizer que a norma fundamental uma predisposio lgica que vai fechar o sistema em termos de predisposio formal que vai fechar o sistema que vai nascer na verdade a partir de uma ordem ftica, positiva que se impe perante os cidados. Esse padro de Plato vai ser espelhado em Santo Agostinho. S que este tem referencia crist, ele fala da justia perfeita. O STF ia funcionar hoje em dia como esse ambiente funcional privilegiado de Plato pq o Legislativo o representante da maioria, da massa, ento ele no tem o conhecimento intelectual que o Judicirio tem. O Legislativo muitas vezes vota, ainda que deliberando com base em doxa pq o que ele faz no cincia do direito. O juiz que busca se espelhar no direito para dar respostas tcnicas e adequadas, o legislativo vota e delibera apenas com opinies orais. Uma crtica que Scrates faz que no legislativo vc tem um cara que religioso e vai defender a todo custo a proibio do aborto e sua legalizao. Eles no vo refletir, iro seguir o que diz a sua religio, no teria sentido jurdico. O papel do STF de servir como uma instncia aristocrtica de conhecimento. Todos os votos do Poder Judicirio teria a funo de temperar os absurdos da doxa por meio de uma aplicao cientifica do direito. Um exemplo a lei da ficha limpa que de um lado se diz que a lei trata de procedimento eleitoral e de outro lado, que no trata de procedimento eleitoral, mas apenas de questes de direito material e a Constituio fala da anterioridade do procedimento eleitoral. Quem defende o primeiro caso vai entender uma coisa e quem no acha vai entender outra coisa. O papel do STF tratar da constitucionalidade ou inconstitucionalidade da lei, a discusso sobre a aplicabilidade da lei, se foi respeitada a anterioridade. Para alm desse debate, no aspecto tcnico do direito eleitoral e da norma constitucional no sistema, muitos dos ministros defendiam teses distintas, inclusive o que diz respeito democracia pq ideologicamente estaria fundado na viso mais positiva do judicirio ou na viso mais positiva do legislativo da relao entre os poderes, ou seja vc tem l ministros defendendo o julgamento da ficha limpa em que dizem que a lei oriunda de iniciativa popular, vem para ouvir o clamor da populao por justia, s que aqui que defendia que no dia que o Tribunal virar expositor da viso majoritria ele perde a funo pq isso seria funo do legislativo. A funo do STF contra majoritria, impedir que as leis inconstitucionais se perpetue no ordenamento jurdico e que eventualmente a maioria votou. Observe que h a uma espcie de oposio em relao perspectiva do legislativo e a do poder judicirio e at onde vai o poder judicirio para controlar ou no as leis. A viso que privilegia o STF e que lhe d esse espao amplo do controle de constitucionalidade uma viso que est mais prxima legislao para os desmandos da maioria vamos chamar o STF, ainda que o nosso sistema no seja igual ao de Plato, que era aristocrtico e o nosso democrtico, mas que teria uma esfera interna a ele prprio um rgo que limitaria os desmandos da democracia.Por outro lado, a viso que privilegia o legislativo em relao importncia que se d democracia com relao necessidade de respeitar o voto, as leis caracterstica de Scrates ainda que ele no largava de mo a importncia do debate para que aquilo tivesse legitimidade, mas o fato que em nenhum momento ele diz para desrespeitar a lei por ela ser injusta. A se percebe que a oposio entre os dois poderes. Essas ideias de Scrates e Plato se refletem em debates de alguns autores em teorias como a teoria da constituio, sobre a relao dos poderes, sobre o papel do poder judicirio, questes que so estudadas at em direitos fundamentais. Basicamente existem duas posies sobre quais os limites do judicirio neste controle de constitucionalidade e quais os modelos e constituies ideais. Em uma perspectiva procedimentalista que entende que a constituio deve tratar de assuntos mnimos e bsicos e todo o resto deve ser decidido pelo legislador em tese constitucional e isso no pode ser decidido com muita frequncia, j que seu contedo so mnimos e bsicos e com isso restringe o contedo do controle de constitucionalidade, perspectiva jusnaturalista. A nossa constituio est mais prxima do que o jusnaturalismo idealiza. Esse discurso de direitos fundamentais, de ativismo judicial, controle de constitucionalidade, relevncia do STF um discurso basicamente substancialista, que est mais pra Plato do que pra Scrates. Por que pra gente a constituio ampla e contem todo tipo de assunto? Pq temos um descrdito muito grande no legislativo. Tem uma figura que ilustra bem isso, Rousseau dizia que a democracia direta linda, mas no funciona pq no vai ter a imparcialidade. Na democracia representativa existe esse distanciamento, mesmo assim preciso ter cuidado com a ditadura da maioria pq o legislador pode fazer leis inconstitucionais. A ficha limpa 2010 pode ter uma votao inconstitucional, mesmo que o povo queira. Essa a mesma lgica do garantismo, quando as pessoas querem a pena de morte, mas no Brasil ela s legal em perodo de guerra, logo seria inconstitucional, mesmo se fosse votada por maioria do legislativo. Quando vc diz que o povo quer que aplique agora a lei da ficha limpa isso significa assumir toda uma espcie de democracia diferente daquela que exercida pela Corte que contra majoritria, so duas posies distintas e que fica muito clara na lei da ficha limpa. Alguns juzes tm uma posio procedimentalistas e outros substancialistas. Ou seja, o STF no deveria considerar a lei inconstitucional por considerar que a lei contraria a maioria, ou seja, o que determina se inconstitucional ou no que acaba deixando de ter a ordem constitucional. Muitas vezes se defende um discurso que muitas vezes inconstitucional. IMPORTANTE!!! Aristteles um realista, ele busca descobrir a realidade natural das coisas nesse mundo, ele no vai buscar em outro plano como fazia Plato. Sobre o que a filosofia pensa:1. Filosofia Primeira Aristteles jusnaturalista, que ainda trabalha com a ideia da essncia, que existe algum elemento metafsico que nos direciona em busca do bem comum e esse bem vai ser tentada a alcanar por ns por meio de agir tb metafsico com perfeio, buscando a causa final que chegar ao bem comum. Tudo isso pra explicar que existia em Aristteles questes estruturais sobre comportamento do homem que j estava pr-determinada pela prpria natureza e que isso jusnaturalista, invarivel. Esse tipo de considerao ontolgica de Aristteles est no campo de Filosofia Primeira, ou seja, Aristteles entende que h um modo de ser das coisas, o que ele entende que no imutvel o contedo normativo, tanto normativo no sentido jurdico, quanto no sentido moral algumas coisas mudam de acordo com a circunstncia, por isso dizem que o jusnaturalismo de Aristteles varivel, no sentido de que o direito do sc. VI a.C diferente do direito do sc. IV a.C pq o tempo muda. Agora se a gente busca a perfeio por meio de alcanar por meio da perfeio o bem comum, ento muda. Na FP se determinam as bases ontolgicas, os pontos de partida ontolgicos.

2. Episteme o conhecimento sobre coisas imutveis. Observe que j estamos em um campo mais especfico, aqui eu fao estudos aplicados da natureza humana. Em outras palavras, eu fao cincias naturais, cincias ideais, eu penso sobre o ser, a essncia, a existncia, como o mundo foi formado, como o mundo funciona.

3. Techn em seu estudo eu trabalho o campo que se utiliza para praticar a arte. Estuda o modo pelos quais o homem desenvolve a sua habilidade e tcnicas de execuo de sua aptido artstica. Ento, se estuda o instrumento que d vazo a sua identidade, no caso do violo ele no te ensina como conceber a musica, como fazer a msica, ele ensina como exteriorizar aquilo que vc concebe e isso se faz atravs da tcnica de tocar violo.

4. Praxes em seu campo eu estudo o objeto mutvel, daquilo que humano, e por ser humano, social depende das condicionantes sociais e temporais. Estuda-se poltica, tica, direito coisas que tem repercusso na ordem social. O direito ta na praxes, isso muito importante, pq ele um objeto mutvel, embora a forma de agir com o direito seja imutvel, o seu contedo mutvel, ento Aristteles no trabalhava o direito como padro de cincia similar ao padro que ele trabalhava em episteme e nem trabalhava com a perspectiva direcionada para a questo da tcnica. Ele pensa o direito como a prtica do bem agir, da ao prudente nas decises e est relacionado de um lado poltica e de outro lado, tica e a moral.

Quando vc chegar na frente, na idade moderna vc vai tratar o direito como se fosse episteme, no sentido de padres cientficos similares ao das cincias ideias e das cincias naturais. Na idade moderna quando vc comea a dizer que tem um direito natural imutvel de ordem racional, jusnaturalismo racional vc comea a trabalhar como sendo mutvel. Tudo que est no plano do prtico, do mutvel de uma certa forma doxa. O que vale s episteme, que conhecimento universal, essa ideia vai ser levada para o direito que vai ser objeto universal de forma mais rgida do que na Grcia de Aristteles e vem o positivismo depois que vai tratar o direito como se fosse um objeto ideal, ento o jusnaturalismo racional pq trata o direito como se ele tivesse episteme, como se ele fosse uma coisa universal de carter ideal. O fato que no trata o direito como mtodo prprio para a praxes pq v o direito como algo a assimilar uma ideia ou assimilar fatos como se fosse um fato natural ou uma ideia lgica, isso retira do direito a especificidade dele. Aristteles dizia que direito especificidade, ontologicamente ele um objeto imutvel, no algo universal e no algo separado da tica e da poltica.

Foi falado no segundo paradigma que Kelsen no gostava do sociologistas pq talvez a questo do corte pq Kelsen dava o direito como norma e os sociologistas tinham o corte do direito como fato. No terceiro paradigma mais prximo da filosofia da linguagem a tendncia da gente no partir do mtodo para o objeto, partir da especificidade do objeto para dizer qual o mtodo. Cossil fazia isso e dizia que Kelsen estava errado, que os sociologistas estavam errados, os jusnaturalistas esto errados pq estes partem da metafsica e no acredito nela, ela vicia o mtodo; dizia que Kelsen partia de uma premissa lgica, dado o direito como objeto ideal, dizendo que ele queria empurrar o mtodo da matemtica no direito; os sociologistas tratam o direito como fato, e no um fato como se fosse um fato natural. O erro est, independentemente, do que a gente queira na nossa construo metodolgica que uma conduta, uma construo cultural, assim sendo eu preciso de um mtodo que respeite a especificidade do objeto que a construo cultural, que praxes. O que Aristteles dizia em uma linguagem diferente que o direito uma questo prtica, uma questo cultural, logo tem que ter um mtodo prprio. Kelsen e os sociologistas tentaram colocar o direito na episteme pq ele achava que o mtodo do positivismo lgico (Kelsen) e o mtodo do positivismo emprico para os sociologistas era um mtodo seguro, ento Aristoteles por ter um fundamento na ontologia e na Filosofia Primeira vai dizer que o direito praxes, no d pra querer pq quero autonomia do direito como queria Kelsen, mas no posso pq deveria separar a parte prtica do direito ideal, ento ele contra a propria natureza do objeto. Aristteles percebia que o direito era praxes, mais frente ele trata o direito como um elemento terico para o civil Law natural e negligencia a diviso pratica. Ele vai achar que a praxes o mundo dominado, o mundo no epistmico, doxa, no verdadeiro, no controlvel, no racional. um ideal desenvolvido na Idade Moderna.

Varat dizia que toda cincia, toda episteme uma doxa com verso privilegiada pq uma opinio como qualquer outra, s que uma verso cientifica e por isso tem um status maior, poltica no sentido de dar poder, de discurso de poder por estar dando um posicionamento de uma questo prtica como qualquer outra. S que se d mais importncia ao que o cientista diz do que o que outra pessoa diz. exatamente essa a ideia, Aristteles no chamava a praxes de cincia a cincia para ele era episteme. A gente tb fala da cincia prtica. Muitos autores entendem a cincia como uma prtica, como uma aplicao de problemas, ento no se pode aplicar um padro de cincia abstrato comparando cincia como ideal que na pratica voltada para problemas culturais, condies humanas, interaes das pessoas.Nesse ponto em que direito uma cincia prtica que reside claramente aquele problema hermenutico que o problema hermenutico fundamental. Como o direito uma cincia pratica vc tem uma dificuldade de:1. Arrumar a relao desse direito com o poltico e com o tico;2. Arrumar sua cabea em relao como vc pode fazer essa transio entre o que geral e abstrato ao modelo e o que concreto.

Essas duas questes esto relacionadas pq na hora que eu fao a transio do geral para o concreto, eu acabo levando para a minha deciso perspectivas polticas e ticas. S que quando eu fao um discurso cientifico, tradicional que quer tratar o direito como episteme eu finjo que posso fazer o direito sem falar em poltica e sobre tica eu estou querendo mostrar como acontece a relao entre as coisas.

Na verdade Aristteles era o melhor, o mais avanado mesmo com toda a viagem da metafsica, ele era melhor do que muitos que vieram depois, apesar destes tb terem a sua relevncia.

Para Aristteles o direito e a moral so cooriginrios. Em outras palavras ambos nascem na experincia, na vida pratica, na interao social. O contedo do direito muitas vezes igual ao contedo moral, uma afirmao pode ser, ao mesmo tempo, jurdica e moral. Aristteles diz que no so iguais a moral e o direito, nascem do mesmo ponto, mas no so iguais pq o direito uma especificao artificial. Nem todas as normas de conduta moral vo ter reflexo no direito, na verdade o direito pega algumas daquelas normas morais e as codifica. Em IED vimos que a fonte formal a lei que um produto que recepciona contedos morais.

Os pontos determinantes para diferenciar Aristteles do mundo jurdico so dois:1. Um positivista vai dizer que o legislador pode selecionar qualquer contedo de ordem moral, Aristteles no, pq ele vai ter tambm o discurso de justia para recepcionar o contedo moral como contedo de justia vc tem que ter a possibilidade de provar que foi justo, ele no positivista. Vc tem que provar que o resultado ser o bem comum e consequente justia;2. Esse direito que nasce com contedo moral que respeitar isso ao ser aplicado. Tem que lembrar que o direito nasce junto com a moral. O direito justificado pela prpria ideia de justia, isso uma questo hermenutica, lembra o problema da distancia entre norma e fato o problema hermenutico fundamental e na aplicao do direito de prova justificada moralmente, inclusive diante do caso pq quando eu fiz a norma geral e abstrata, eu fiz um padro geral e abstrato que precrio, com ideia moral e tento levar para a esfera rica que o problema com fatos, circunstncias, vivncias, dificuldades. Ento para a transio entre a norma e o fato eu tenho que levar em considerao que aquele direito tem pretenso de fazer diante de um caso concreto justia como isso vai ocorrer em Aristteles vamos ver nos tpicos seguintes.

Aula 21.08.2012Tema parte toda de Grcia, histrico. Falta um texto sobre Grssio e um sobre Antgona.A gente volta para Aristteles e ns vimos aqui aquela distino entre prxis, tecne e episteme, vimos que Aristteles nota a existncia comum entre o direito e a moral ainda que ele perceba que o direito uma especificao dessa moral. Vimos aquilo que mais importante que a circunstncia de que se o direito nasce junto com a moral a aplicador do direito tem que se lembrar disso na hora de aplicar o direito.Conseguimos visualizar que aquela criatura trabalha com a dimenso jusnaturalista, vimos que o direito no pode convencionar qualquer coisa porque ele convenciona apenas alguns contedos que so previamente selecionados no contexto das relaes morais.No falamos da questo de prudncia, idoneidade, nem das diversas vises de justia.Eu disse que Aristteles quando falava que o direito nascia junto com a moral e que a aplicao do direito tinha que levar em conta a necessidade de uma aplicao moral. Isso levava a necessidade de prestar ateno na exigncia que se faz ao juiz de tomar uma deciso com senso de justia (que um positivista no teria). Aristoteles diz que como direito, poltica e moral, so todas questes do mundo prtico, da experincia, voc aprende a lidar por meio da experincia. A experincia que o torna o homem vivido para resolver questes prticas. O padro de virtude, de habilidade, daquele cara que vai decidir no um padro cientfico, tcnico como o que ns temos na modernidade onde a gente v o juiz como algum que domina a tcnica do direito. Mais do que a viso de cincia que a gente, a prudncia a virtude essencial do decisor, em Aristteles, o que vai ajudar o sujeito a passar a norma geral e abstrata e o caso concreto. Nessa passagem, como direito e justia no podem estar separados, voc tem que evitar que essa norma geral e abstrata seja aplicada de uma maneira justa. Voc no pode ser arbitrrio e, por isso, voc tem que ser prudente. Voc tem que ser prudente para realizar o meio termo. No ato de concretizar o direito eu no posso tomar uma deciso que entre em confronto com a moral. Se a norma, diante de um caso concreto, no tiver condies de satisfazer a existncia de justia, voc no pode aplicar a norma de forma seca, voc tem que fazer um juzo corretivo, para justificar. Voc no vai aplicar a lei de forma seca quando a especificidade do caso mostrar que injusta a aplicao. Ex: proibido a entrada de cachorro e voc entre com outro animal. Se voc for pela letra seca da lei voc pode pois no tem dito cachorro. isso que Aristteles diz, aquela norma ali um esboo, uma sntese, que no tem como levar em conta os casos especficos. Voc que tem que levar os casos especficos. Nesse caso voc vai ter que fazer um juzo corretivo, juzo de equidade, para que ela norma no incida de modo a trazer injustias. A prudncia a virtude de juiz que consegue fazer direito, justia e moral andarem juntos num nvel necessrio, sem ser arbitrrio. At alguns exegetas notavam que algumas situaes era absurdas e diziam que poderia fazer uma observam lgica em que estendia ou diminua a extenso da norma. Esse juzo corretivo, essa necessidade de julgar com equidade, de fazer uma correo moral da norma jurdico, central o ensinamento que Aristteles pode nos dar. Para mim, essa transio entre norma e fato um problema hermenutico fundamental. A norma nunca vai conseguir definir todas as situaes especficas e voc tem que ser prudente para aplicar a norma ao caso concreto sem gerar injustia. Se o juiz tem que ser prudente, que ele tem experincias, condies de maturar um problema. Essa pode ser a fundamentao para a exigncia para assumir cargo de juiz de, no mnimo, 3 anos de atividade jurdica. No s experincia tcnica, mas tambm prtica. A experincia tcnica medida na hora do concurso. Observe como essa preocupao de Aristteles em relao a questo da prudncia fica claro em questes prticas. O juiz quando chegar a 10 anos de trabalho j vem com toda uma bagagem muito maior a respeito dos problemas jurdicos que ele est julgando. Na hora que ele vai julgar o caso X, bvio que a perspectiva que ele tem sobre aquele ato muito mais ampla ( claro que isso depende da disposio hermenutica j que pode tambm configurar como uma viseira), mas, de maneira geral, ele chega muito mais preparado. Tudo isso Aristteles percebia, no discurso da modernidade isso se esqueceu pois resolveram universalizar tudo. Tudo seria igual se voc seguisse o mtodo, se vocs seguisse a receita do bolo. IMPORTANTE!!!!!!!!!Prestem ateno: Eu falei uma norma geral abstrata e falei num problema de transio dessa norma ao caso. Quando eu coloco uma norma geral ela serve como um modelo que tem a pretenso (no ponto de vista do grego) de fornecer o ponto de partida, o critrio decisrio para a maioria dos casos que esteja relacionado com a matria que ela trata. O que se pensa, que se vai resolver a maioria dos fatos com essa norma. Essa orientao o suficiente que, com relao a essa matria, que a incidncia da norma visa o bem comum. Aquela orientao normativa mostra como que as pessoas devem se comportar para colaborar com a coletividade, base do comportamento virtuoso. O direito tem uma funo pedaggica para ele tambm, pois ensina o homem a agir de maneira virtuosa. Observe tambm que essa norma tem uma pretenso de concretizar a justia em abstrato, uma justia coletiva, para todos os casos. Mas bvio que no tem como colocar norminhas suficientes para colocar em todos os casos para buscar o bem comum. Voc tem um problema j que voc tem que forar o cumprimento daquelas normas, modelo bsico para a concretizao da justia, mas voc no pode aplic-las ao caso concreto caso elas gerem injustia. necessrio que o juiz seja prudente para, nos casos necessrios, fazer a correo equitativa e a que vem o ponto ele vai dizer que voc tem uma diferena entre a justia pensada de modo geral e a justia particularizada. Quando eu interpreto aquela lei, que tem a pretenso de colaborar com a justia geral, eu tenho que interpretar de forma particularizada. Cada leizinha daquela tem que ser bem interpretada. L naquela poca voc no separava direito, lei e justia, voc no tinha nem palavra para separar uma coisa da outra. Voc falava em DIKAION (a ideia vem da deusa de Dik, ideia de justia, como o justo, o correto, o lcito). Com essa expresso voc expressa estado correto ou justo das coisas em uma situao particular. Em uma situao especfica. Ento gente, a deciso em que voc vai decidir um problema jurdico, voc vai decidir fazendo uma leitura daquela norma diante do problema, essa deciso uma ao orientada pelo DIKAION, que concretiza essa ideia. Quando voc faz uma leitura da norma que no justa, voc est se desvirtuando o sentido da norma. Logo, a norma tem que ser, para ser norma, necessariamente justa. O sentido da norma tem que ter um sentido para aquele caso. A norma geral e abstrata s uma referncia uma fase. A norma seria essa norma geral e abstrata com seu sentido dado diante de um caso concreto. O texto diferente da norma, o que te vincula e o que juridicamente adequado a resposta correta diante da leitura da norma. Voc tem um texto geral e abstrato e voc tem a norma que diz algo sobre o caso, se eu interpretar de maneira injusta, aquilo no norma, uma leitura errada do texto. Aquilo que vincula no a autoridade e sim o contedo do justo. Ele no pode dizer que a resposta legtima porque ele juiz, se essa resposta no for justa. Aristteles acha que esse juiz tem esse compromisso. Kelsen j no v por esse caso. Essa exigncia de transio da norma geral e abstrata para o caso. A exigncia de que o juiz haja de forma prudente, no se afasta do bem comum, para ele o justo e o bem comum andam juntos. Quando ele fala que algo injusto com algum, injusto tambm para fins do bem comum, o fim inadequado com relao ao que foi dito no texto jurdico geral e abstrato. Para que voc consiga concretizar o bem comum diante de uma situao voc vai precisar fazer um juzo de equidade. TUDO isso l de Aristteles hoje est sendo falado em outra matriz atravs de Heidegger. Hoje se diz coisas parecidas com que Aristteles diz. Claro que no se trabalha mais com a metafsica aristotlica, mas a ideia de que a formulao lgica no consegue congregar toda a riqueza dos fatos. Tudo isso Aristteles j tinha visto, ainda que com base em outro paradigma, com uma perspectiva objetivista, essencialista.J disse que o direito natural de Aristteles varivel no sentido do CONTEUDO, no da estrutura. O homem sempre vai precisar da prudncia, vai precisar fazer um juzo de equidade, a moral e o direito nascem juntos. Tudo isso so questes estruturais e no mudam. O contedo das respostas vai variar. A deciso que nega a unio homoafetiva no pode ser vista da que negava em 1990. No estou dizendo que em 1990 deveria-se negar. O que estou dizendo que a deciso muito mais discutvel do que a que negava em 1990 pois hoje o nosso desenvolvimento de direitos fundamentais, o nosso desenvolvimento moral, so outros de 1990. A estrutura a mesma mas os contedos, tanto na dimenso da lei, quando na dimenso moral, mudam. Ele j nota que essas questes vo variar, o contedo mutvel. O resultado de uma deciso prudente em 1990 e hoje uma coisa que diferente. A deciso no pode ser repetida de olhos fechados vinte anos depois porque as coisas mudam. Isso perfeitamente Aristotlico. As vezes, voc mexendo com outro tema que no est diretamente relacionado, acaba aperfeioando. nisso que a prudncia e a eficincia, so relevantes. A partir do momento em que eu vejo um julgado, eu penso diferente sobre uma coisa, penso que o cara pode estar certo. Isso que o jurisprudente capta. Isso no uma questo de tcnica, de prudncia. Outra coisa que precisamos ter em mente. Aristteles tratava essa questes de voc tomar a deciso prtica sobre o direito, voc lidar com a prudncia, de forma retrica. IMPORTANTE. Ele no tratava o direito como se fosse lgica formal ou como se voc cincias naturais. Ele acha que a questo prtica funciona com o raciocnio retrico que se desenvolve dialogicamente. Para ele a lgica formal (analtica) para a matemtica, para episteme, para a prtica se usa a prtica retrica, que depende da troca de ideias, s que o que Aristteles vai perceber: Ele vai dizer que a dialtica no precisa dizer que a retrica no presta, no precisa afastar, muito pelo contrrio, numa questo prtica voc tem as duas juntas. O que voc no pode aceitar a eristica, convencionalismo dos sofistas por conta do relativismo que vem junto com eles.O sofista ensinava o cara a ganhar a discusso de qualquer jeito: Faa assim porque voc provavelmente vai dar um n no cara e ganhar a discusso, no pelas suas ideias, os sofistas no obedeciam a qualquer exigncia lgica. Se para ganhar a deciso fosse necessrio atropelar a lgica, no teria problema, isso a erstica, como se fosse um artista da fala, um ilusionista da fala. Aristoteles diz que isso no retrica, diz que isso baguna, pois que est fazendo retrica obedece aos pressupostos bsicos da dialticas. A dialtica a contraposio de ideias, debates, quando voc no faz o que a erstica faz, quando voc se mantm dentro das regras da lgica. O que Aristteles v com dialtica, dialtica como jogo argumentativo, no precisa ter nenhuma repercusso prtica, se tiver repercusso prtica a voc vai ter um encontro entre dialtica e retrica. Quando voc atribui a dialtica a questo prtica, a direito, a moral, voc tem a retrica, algo que tem relevncia para a vida da polis. Voc tem que fazer a retrica pois ela essencial a vida prtica, voc precisa lidar com a retrica. Ele via o direito numa perspectiva retrica. Apoditica, algo que demonstravelmente refutvel. Concepes sobre a justia entre Aristteles:Justia ou igualdade distribuitiva: Ateno para a terminologia, as vezes chamado de equitativa. Quando voc fala disso voc trabalha da necessidade de que voc trate a distribuio de bens em uma comunidade de forma adequada, de forma proporcional, voc distribui os bens, o que no significa dar a mesma quantidade de bens a todo mundo. O seu parmetro pode ser meritocrtico. Exemplo saindo de Aristteles: Rawls diz que eu acho justo que todo mundo tem que ganhar o mnimo para ter as condies de vida satisfatrias, mas quem trabalha mais, ganha mais, mas tem que ter uma proporo com relao ao trabalho. Voc distribui os recursos proporcional e voc pega um parmetro para distribuir. Para voc fazer uma distribuio justa voc precisa fazer um critrio de proporo, voc precisa agir de uma forma prudente, um problema muito srio de justia que temos, temos mais gente que recurso, para todo mundo possa viver num mundo aceitvel. Aristteles diz que necessrio uma regra de proporo, o que verificamos na nossa sociedade que no temos uma regra de proporo pois as vezes o sujeito trabalha pouco e ganha muito ou ganha muito e trabalha pouco.Quando eu falo em igualmente corretiva, que irm de retributiva. Se voc me causa danos, voc precisa me indenizar, pagar o dano que eu cometi. Aqui voc corrige o erro, com uma proporcionalidade claro. Isso tambm vale com a questo dos danos morais, onde voc no vai conseguir reparar materialmente, mas voc tenta reparar de outra maneira. Isso tambm justia corretiva. Em alguns casos voc tem como pedir uma tutela especfica mais equivalente. A justia retributiva irmzinha, aquela que se d no pode meio de indenizao, mas por meio de pena. Tanto a indenizao, como a pena, so tipos de saces, s que uma uma sano corretiva, que recompe a sano anterior e tenta fazer equivalente, e a outra no, a outra de retribuir (voc tem vrias teorias de aplicao da pena) um mal proporcional ao mal que ele causou, voc no pode ter uma pena desproporcional ao mal que voc causou. Um crime de dano ele poderia processar civilmente ou penalmente. Ambas dizem respeito a proporcionalidade da sano ao mal praticado. Sano gnero, pena serve para voc sofrer um mal equivalente ao que voc praticou, e a indenizao para que voc recomponha. Voc pode imbutir as duas, uma indenizar e uma pena civil. Justia ou igualdade comutativa: Em regra, os contratos so contratos comutativos, porque eles pressupe que as partes do contrato vo obter vantagem com aquele contrato, tem a prestao e a contra-prestao, as duas partes vo obter uma prestao e uma contra-prestao, no aleatrio quem vai ter vantagem ou desvantagem. Eu no estou discutindo a apreciao subjetiva de cada um com relao as vantagens e desvantagens daquele contrato. As vezes a valorao do vendedor diferente do comprador. a ideia de comutao, a ideia de que eles esto fazendo algo que satisfatrio para eles, pela essncia do negcio. Mas quando o cara vende por um preo que menor do que o de mercado? A tambm, pois se ele comprou, ele sabia. Contrato de esperana ou de coisa comprada. Se eu for pescar voc me paga 5000 e voc tem todos os peixes que eu consegui pescar, eu no sei quantos peixes eu vou pescar. Necessariamente algum vai se lascar e algum vai se armar e no vai de encontro a ideia de justia comutativa pois voc vai estar mexendo com o risco. Voc fala numa espcie de equivalncia de vantagem entre as partes. Equilbrio contraprestacional de direito privado. Crtica:Embora Aristotles fale em um contedo mutvel de direito natural, alguns autores mais preocupados com a teoria crtica, no curtem muito a perspectiva de Aristteles por achar que socialmente ela conservadora, pois voc tem sempre uma pr-estrutura concebida, ele no d a possibilidade de uma quebra de fundamentos para que voc estruture uma nova sociedade. Aristteles admite a escravido, j que tudo orientado para o bem comum, no tem uma perspectiva individual que combata esse tipo de opresso, ento, apesar da mutabilidade, ela uma mutabilidade conservadora, no h uma crtica radical que quebra a ordem jurdica. Voc no v num primeiro momento, uma forma de pensar. Mas a crtica social radical no muito a ideia do grego.Nosso prximo tpico diz respeito ao antropocentrismo grego:Eu falei a vocs que na Grcia o que voc tinha nesse perodo em que estudamos, um perodo e que voc no separa o que o valor do indivduo e o valor da comunidade, voc sempre olha as coisas pela perspectiva comunitria. Voc no consegue perceber a dimenso privada e a dimenso de uma dada comunidade poltica. Na minha vida privada voc tem o seu valor prprio, onde voc pode escolhes os seus valores, e na perspectiva da sociedade, no direito de votar. Eu tenho uma dimenso pblica e uma dimenso privada. Uma dimenso moral e poltica. No nosso caso na Grcia voc no faz isso. Mesmo aquele que era cidado na Grcia, voc tem uma liberdade em sentido poltico, voc no v uma liberdade tica.Na viso comunitarista do grego voc no tem abertura para um pluralismo poltico. Da segunda metade do sculo XX para c voc tem uma exploso de pluralidade moral. O pensamento produzido era uniforme, voc tinha espao para um discurso jusnaturalistas. Atualmente ns temos o caso do abordo, ns temos o liberal o conservador,m vrios partidos polticos. Tem de tudo, estamos em tempo de pluralismo moral, o conceito de bem comum , inclusive, discutido. Voc tem uma distino entre o valor tico de indivduo e o valor de cidado hoje. Em um dado momento voc tem uma mudana de perspectiva na Grcia, desenvolvimento de doutrinas cosmopolitas. Abandona o particularismo refere a cidade, a busca por um estado individual, e cunhar um modelo de indivduo, um indivduo que tenha como se autogovernar. Quando voc faz isso voc faz uma quebra da tica de um lado e a poltica de outro lado. Nesse perodo voc tem o antropocentrismo dos gregos. Ns vamos ver aqui algumas dessas doutrinas e perceber que a partir dessas doutrinas voc vai ter o embrio de uma viso utilitarista do mundo, e de uma viso intelectualista do mundo. Inclusive, muito disso da voc encontra, uma hipertrofia de questes que j estava em Scrates. Peso da razo em que voc tem exigncias racionais da ao correta, ao adequada, pela razo, pela intelectualidade, voc descobre como agir bem. Essa perspectiva est em Scrates. A galera do estoicismo vai jogar uma luz em cima disso, vai desificado.Por outro lado, voc tambm via em Scrates algumas preocupaes utilitatistas (em sentido lado) mas Scrates percebia questes prticas atrela