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Rafael Barreto Ramos © 2011 Filosofia II 08/02/11 Providenciar Xerox: Cassirer, Ernst. Ensaio sobre o homem. Páginas 9-43 Capitulo I - A crise do conhecimento de si do homem. Crise: Para os gregos, o que implica o termo crise abrange o conceito de desordem, mas também possibilita da ordem. Crisys: Desordem -> possibilita a ordem A ordem fornece calmaria, conforto. Para o grego, a crise é algo positivo. Cassirer tenta encontrar algo que é a essência do homem. Céticos: acreditam que o homem não é capaz de afirmar com certeza. Cassirer baseia-se nos céticos. Falsear é tonar algo que é verdadeiro falso. Avanço. Desenvolvimento. “O ceticismo foi simplesmente a contrapartida de um resoluto humanismo.” Sócrates “conhece-te a ti mesmo” “só sei que nada sei” Off: hoje sabemos cada vez mais de cada vez menos. Em vista da imensidão de conhecimento, o que aprendemos é insignificante. Segundo Sócrates, ante essa imensidão, devemos conhecer ao menos nós mesmos. Sócrates O homem não é uma coisa, não é um objeto. Ex: a ciência só consegue investigar parte do homem. Não há possibilidade de investiga-lo como uma totalidade. Para Sócrates há apenas uma saída: 1. Quais são as nossas virtudes para podermos viver da melhor forma possível, também em sociedade. a) Temperança: para nos respeitar e respeitar ao próximo b) Coragem: necessária até para admitir e aceitar a derrota. c) Justiça: temos que saber “pesar” para podermos fazer justiça

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Filosofia II

08/02/11

Providenciar

Xerox: Cassirer, Ernst. Ensaio sobre o homem. Páginas 9-43

Capitulo I - A crise do conhecimento de si do homem.

Crise: Para os gregos, o que implica o termo crise abrange o conceito de desordem, mas

também possibilita da ordem.

Crisys: Desordem -> possibilita a ordem

A ordem fornece calmaria, conforto.

Para o grego, a crise é algo positivo.

Cassirer tenta encontrar algo que é a essência do homem.

Céticos: acreditam que o homem não é capaz de afirmar com certeza.

Cassirer baseia-se nos céticos.

Falsear é tonar algo que é verdadeiro falso. Avanço. Desenvolvimento.

“O ceticismo foi simplesmente a contrapartida de um resoluto humanismo.”

Sócrates “conhece-te a ti mesmo” “só sei que nada sei”

Off: hoje sabemos cada vez mais de cada vez menos.

Em vista da imensidão de conhecimento, o que aprendemos é insignificante.

Segundo Sócrates, ante essa imensidão, devemos conhecer ao menos nós mesmos.

Sócrates

O homem não é uma coisa, não é um objeto. Ex: a ciência só consegue investigar parte do

homem. Não há possibilidade de investiga-lo como uma totalidade.

Para Sócrates há apenas uma saída:

1. Quais são as nossas virtudes para podermos viver da melhor forma possível, também

em sociedade.

a) Temperança: para nos respeitar e respeitar ao próximo

b) Coragem: necessária até para admitir e aceitar a derrota.

c) Justiça: temos que saber “pesar” para podermos fazer justiça

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d) Bondade: é preciso que nós saibamos que existem pessoas mais necessitadas que

nós. Para Sócrates, ser bom não significa dizer que devemos fazer caridade e sim

que cada um cuide de si pensando na totalidade. “Eu serei bom que à medida que

alguém queira algo de mim, eu mostre que este pode ir além até mesmo de mim.”

Off: O “peso” da atualidade é o valor econômico.

Para Cassirer, a partir de Sócrates, só podemos conhecer um homem a partir dele mesmo.

Para que o homem se reconheça devidamente como indivíduo inserido na pólis, é necessário o

exercício da introspecção. “Um homem que não se examina, não tem como conhecer-se a si

mesmo.”

Temos que nos avaliar continuamente, de acordo com nossas vivências.

Prazeres carnais: não podemos nos deixar seguir apenas pelos prazeres.

Homem é:

Corpo: não deve deixar superar a alma

Dualismo socrático

Introspecção

Este processo só pode ser alcançado através da educação: paideia

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09/02/11

Antiguidade Clássica (Século VI ao II A.C.): Sócrates, Platão, Aristóteles...

Idade Média (Século VII ao XVII): Santo Agostinho, Tomás de Aquino

Modernidade (A partir do século XVII): Descartes, Galileu, Montaigne

Modernidade é DIFERENTE de modernismo.

Modernismo*:

Sociologia

Literatura

Arquitetura

* FORMA -> Positivismo: Sociedade Harmônica -> Estado -> Ordem, progresso

Modernidade: ÉPOCA – FUNDAMENTO

O Modernismo está inserido na Modernidade.

Sócrates: O homem não é coisa, portanto, não pode ser estudado como tal.

(Para os modernos, ao estudar o homem, deve-se ser imparcial. Já para Sócrates, é o inverso. A

importância está na vivência.)

Para Sócrates , conhecemos a nós mesmo também dialogando com o próximo.

A introspecção só pode ser ativada pelo diálogo, pois é através deste que percebemos nossas

semelhanças e diferenças.

Off: “Uma vida que não é continuamente examinada não vale a pena ser vivida.”

Sócrates (469-399 A.C.) & Platão (428-347 A.C.)

Homem como ser dual: Corpo e alma.

A opinião é algo que se encontra no singular. E só pode ser superada pelo intelecto.

Semelhança: Não viver à mercê da carne.

Aristóteles (384-322 A.C.)

Percepção dos sentidos, a memória, a experiência, imaginação e a razão: CONCEITO DE

CONHECIMENTO.

Percepção dos sentidos: só é útil em conjunto com a memória.

Memória: sua utilidade é dispensar o não necessário, inútil.

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Experiência: ajuda na manipulação da memória. Exemplo: ver a pessoa dar um drive

não é suficiente. Deve-se experimentar.

Imaginação: é necessário que projetemos, imaginemos, pois através deste exercício,

conseguimos perceber o que precisamos e o que não precisamos fazer.

Razão: é através dela que colocamos tudo em prática discernindo o certo do errado.

Crítica Cassirer

Sócrates & Platão: A introspecção nos possibilita conhecer apenas a nós mesmos

individualmente. Ainda assim, de forma limitada. Não podemos universalizar. Limitado

porque só nos conhecemos à medida que vivemos.

Aristóteles: A limitação Aristotélica se limita ao biológico. O processo de conhecimento

individual não é descrito. Desconhecido.

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15/02/11

Estóico

Para conhecer-se a si mesmo, em primeiro lugar, o homem, precisa impedir que o

externo lhe conduza;

Para integrar-se ao todo, faz-se necessário harmonizar-se consigo mesmo;

Tudo que é externo corrompe o homem e o distancia da harmonização;

O homem deve guiar-se pela reta razão. (não é individualismo. A questão é

que se eu não conhecer a mim mesmo, não poderei ajudar ninguém.)

A harmonização é feita quando conseguimos nos integrar à natureza e também à pessoas

de outros países, de outros mundos.

“Deus me é externo e se eu quiser me integrar a Deus é necessário que eu esteja integrado

comigo mesmo.”

Como seria essa integração de si? Como fazer para me sentir integrado?

Nós nos sentiremos integrados à medida, já tendo superado tudo que é externo, que eu

não mais dependesse de absolutamente nada mais para viver. A sua vida já está

absolutamente plena. Este estado é um estado de apatia.

“O que eu tenho já me basta a mim mesmo.”

Segundo Marco Aurélio, quando isso se dá é que podemos nos integrar com Deus.

Para viver, minimamente que seja, não podemos eliminar o trabalho, pois precisamos de

comer para sobreviver, os sentimentos, os materiais. Só descobrimos o que é externo à

medida que vamos vivendo.

A partir do momento que passamos a conhecer a nós mesmos, passamos a ter o poder de

superar o que é externo a nós. Superar inclusive a dor, por mais doída que ela seja.

Exemplo: morte na família.

Se eu estou resolvido comigo mesmo, então eu posso me tornar apático, ou seja, eu não

mais permito que as coisas externas me toquem tão profundamente.

O que é interno é o intelecto, a alma (na mesma concepção de Sócrates).

Coisas Externas: “me é externo porque o que me causa tal coisa é externo”

Deus: superar Deus também é benéfico, para Marco Aurélio. Exemplo:

Uma pessoa morre e alguém diz que Deus sabe o que faz. Marco Aurélio

diria: “tire Deus disso. Ele não tem nada a ver com isso, pois estamos

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fadados à morte desde nosso nascimento, pois, como todo ser vivo, somos

mortais.” Enfim, eu não posso justificar os acontecimentos no meu

entorno através da vontade de Deus.

Riqueza: Marco Aurélio não prega a pobreza. O problema está na

dedicação total à riqueza, status social, etc.

Sentimento: O problema está na dedicação total ao sentimento. Ex. Amor

Saúde: Se deixar conduzir exclusivamente a ela.

Para Marco Aurélio o produto primeiro é toda e qualquer vida existente na vida na

Terra.

Riqueza: todo e qualquer bem material adquirido.

Meta de Marco Aurélio: “Guiar-se, pura e simplesmente, por uma instancia ou

faculdade existente em mim que é apta fazer isso, a alma.”

É pensar de uma forma muito mais ampla de atingir o maior prazer.

Essa aparente frieza do Marco Aurélio não é outra coisa senão uma condução que nós

passemos a dar sentido à nossa existência, ao entendimento de que só nós

conseguimos sentir nossa dor, sabermos os que somos, isto é, esta aparente frieza não

é nada fria, pois o que está em primeiro lugar é a vida.

Não podemos impedir as mudanças, porém, internamente, não há mudança;

continuamos mortais e miseráveis. Portanto, não podemos deixar que as mudanças

externas em nossa vida interfiram na nossa forma de conduzi-la.

Aurélio Agostinho/Santo Agostinho (354-430):

“A razão é a coisa mais duvidosa e enganosa que há no mundo”

Portanto, é a primeira coisa que deve ser negada.

De acordo com Agostinho, com o pecado original, a única forma de reencontrar o

caminho da salvação é através da fé;

Se encontrar com Deus só é possível pela fé e, necessariamente, precisamos negar a

razão, pois ela sim é que é enganadora.

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16/02/11

Agostinho (354-430)

É preciso negar o autoconhecimento, caso o homem queira guiar-se na direção da

salvação;

O único caminho da verdade é Deus;

Apenas a razão revelada pode mostrar o caminho da salvação;

Para Agostinho, deve-se primeiramente entregar-se a Deus. A alma então passa a ser divina,

uma parte de Deus.

O pecado original é a prova que não devemos nos deixar conduzir por nós mesmos.

Filósofos estudaram o homem e chegaram a conclusões diferentes. Devido a isso, Agostinho

diz que devemos superar a razão para chegarmos à salvação.

O homem não pode ser o determinante da sua própria vida, o determinante das suas próprias

ações, ou seja, aquele que projeta as ações.

Crítica Agostinho à Platão/Aristóteles

O argumento de Agostinho se parece com o de Sócrates e Platão, pois prega que devemos

olhar para o nosso interior, porém, para Agostinho, quando voltamos a nós mesmos,

encontramos Jesus Cristo.

O intelecto é absolutamente inferior à alma divina. A verdade está revelada nas sagradas

escrituras.

Nós sozinhos guiados apenas pela racionalidade não temos condições de revelar o mistérios da

natureza humana.

A única coisa que a razão nos possibilita é conhecer um pouco mais das coisas que nos

rodeiam, contornam e é por isso que o autoconhecimento precisa ser negado naquele sentido

aristotélico, marco Aureliano.

Crítica de Agostinho à Marco Aurélio

Para Agostinho, se eu mesmo me conduzir, será uma condução em direção ao erro. Então é

necessário que eu, primeiramente, me entregue a Deus.

Off:

Sören Aabye Kierkegaard

O banquete

Temor e Tremor

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Foucault

Vigiar e Punir

Os mistérios dos desígnios de Deus só podem ser alcançados pela fé.

O período grego, principalmente de Sócrates à Marco Aurélio, foca-se no Antropocentrismo. O

centro é o homem.

Já em Agostinho, adota-se o Teocentrismo. Muda-se o centro. Totalmente. O centro passa ser

a fé, o divino, Deus. O teocentrismo dura do século VII até XVII.

Nicolau Copérnico (1473-1543)

Heliocentrismo: “a nova cosmologia, o sistema heliocêntrico introduzido na obra de

Copérnico, é a única base sólida e científica para uma nova antropologia.”

1ª base sólida, porque é científica (matemática)

Com Copérnico, é o primeiro momento que a matemática aparece como um instrumento de

utilização para conhecer algo acerca da natureza.

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22/02/11

Nicolau Copérnico (1473-1543)

Apesar do Copérnico não ter escrito nada sobre o homem, este funda uma nova cosmologia

que defende que o sol é o centro (heliocentrismo). Se o geocentrismo era tido como realidade,

Copérnico confronta exatamente este pensamento.

Com a fundamentação daquilo que Agostinho chamou de verdade revelada, Copérnico

mostrou, através da matemática, que não era bem assim e com isso ele funda um novo

parâmetro, uma nova ideia, para explicar a natureza, a Terra, o sol e o homem.

É a primeira vez que a matemática é utilizada como ferramenta na explicação de algum

fenômeno da natureza.

Antigamente não havia tentativas de cálculo, apenas de documentação, descrição.

Este é o primeiro passo na auto libertação do homem, pois se a verdade é matemática, o

homem pode ter acesso a isso.

Giordano Bruno (1548-1600)

De acordo com Cassirer, Bruno realiza o segundo passo na direção da auto liberação

do homem;

Bruno reelabora o conceito de infinitude e mostra que o infinito expressa a amplitude,

o poder de expansão do Universo;

Com isso ele também pensa o homem a partir da sua imensa capacidade de expansão,

porém, tal expansão é referida ao intelecto;

Assim, enquanto o Universo é concebido como Macrocosmo, o homem é microcosmo.

Uma vez que Platão e Aristóteles entendiam que o infinito é o imperfeito ou a explicitação da

imperfeição, Bruno reelabora o conceito de infinitude e mostra que o infinito expressa a

amplitude, o poder de expansão do Universo.

Para os Gregos, imperfeito é aquilo que está em processo, em movimento (o homem “sabe-se

de seu nascimento, mas não de sua morte; uma reta; etc.”.). Bruno inverte este conceito

dizendo que o homem está sempre em expansão. “quando mais aprendemos, mais queremos

aprender.”

O infinito não é imperfeito porque expande. É justamente o oposto. O infinito, a expansão

tende à expansão.

Nós só podemos organizar a nós mesmos, dar sentido à nossa vida à medida que expandimos

nosso conhecimento. Sem isso, estaremos fadados à limitação.

Apesar de não apresentar nenhuma teoria matemática, este se utiliza das conclusões de

Copérnico para formar sua teoria.

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Para Giordano Bruno, as crises não denotam imperfeição, apenas o início de um processo de

reorganização, expansão, a quebra de um limite.

Galileu Galilei (1564-1642)

De acordo com Galileu, objetivamente, o homem conhece tanto quanto Deus;

Com isso, caso o homem queira conhecer a natureza, ele precisa fazer ciência,

conhecer a matemática;

A natureza só pode ser desvendada através dos caracteres matemáticos;

Toda a importância da fé, da religião está em salvar o homem, em levar o homem ao

céu, ao paraíso, após à morte;

Cabe à ciência a função de possibilitar ao homem o conhecimento dos céus, dos

planetas, dos astros, das estrelas, o que só a matemática pode fazer;

Galileu vai retomar o pensamento do Copérnico e vai pensa-lo não apenas com o objetivo de

aprender, mas também de colocar a prova.

Em 1609, assim que Galileu inventa a luneta. A grande importância da luneta é que num

primeiro momento, aquele astro que era concebido como astro perfeito, Galileu descobre que

ele é cheio de manchas e cheio de buracos. Fala-se da lua, que, na época, era tida como algo

sagrado, um dogma.

Galileu é o primeiro a utilizar um instrumento para comprovar cientificamente um

determinado fato, dado da natureza.

Para Galileu, nós homens não podemos criar, apenas descobrir, inventar. Exemplo: não

podemos criar água.

Para Galileu, o que nós conhecemos, objetivamente (apenas por um lado), conhecemos tanto

quanto Deus. Caso não fosse assim, não seria propriamente conhecimento.

O homem não perde em nada no que se refere a Deus em relação ao conhecimento objetivo.

O que o homem não conhece é a origem de cada coisa, como criar cada coisa. Eis o motivo do

termo invenção e não criação, pois o homem não cria, apenas “reagrupa” os elementos já

disponíveis na natureza.

O conhecimento científico é SEMPRE objetivo, portanto, caso o homem queira conhecer a

natureza, ele precisa fazer ciência, conhecer a matemática.

Galileu tem absoluta certeza de que o princípio de tudo é Deus e sua preocupação é “como é

que eu faço pra conhecer tudo isso que Deus criou?”.

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Para Galileu, o fundamental da religião é que, através dela, é possível conduzir o homem ao

paraíso, livrá-lo do inferno, porém, no conhecimento do universo e da natureza, a religião se

mostra ineficaz, e, devido a isso, deve-se utilizar da ciência.

O principal objetivo de Galileu é descobrir a constituição do mundo em que vivemos para que

possamos viver melhor. Exemplo: com o conhecimento atual, é possível prever um tsunami.

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23/02/11

Galileu Galilei:

Galileu é o primeiro a se utilizar de um instrumento para provar a veracidade de algo, a luneta.

É a partir de Galileu, que passa a não bastar simplesmente teorizar, como também comprovar

o fato através de instrumentos.

Razão Grega:

Não é científica;

Não é matemática;

Não requer nem exige prova alguma.

Busca: Demonstrar teoricamente as suas verdades. Não requer experimentação.

Razão Revelada:

Suas verdades são aquelas determinadas pelas sagradas escrituras;

Não são nem mesmo humanas. São divinas.

Razão moderna:

Exige prova instrumental (aquele tipo de instrumento que consegue ampliar nossos

sentidos. Luneta, bisturi, etc.);

A partir da modernidade, passamos a conduzir nossas vidas matematicamente.

Não conseguimos mais viver sem o auxílio da ciência.

Toda razão moderna é, necessariamente, a partir de Copérnico e quem prova

instrumentalmente esta teoria é Galileu.

Pascal (1623-1662)

A matemática pode conhecer as coisas simples da natureza;

Porém através dela não é possível desvendar nem o homem, nem Deus;

Uma vez que o homem é um ente que se encontra entre o ser e o não-ser;

Com isso, ele só pode ser “conhecido” no decorrer da sua própria vida. Não há um

exemplar de homem no qual podemos nos basear para explicar todos os outros;

O homem é contraditório, misterioso, obscuro, assim como Deus, que também não

pode ser desvendado através da ciência;

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A religião é a única que pode “abordar” o homem e Deus, mas nem mesmo ela tem

condições de provar qualquer certeza acerca deles;

Vive num período de crise de conhecimento acerca do homem.

De acordo com Pascal, não conseguimos desvendar o homem e Deus através da matemática,

pois os objetos da natureza são de natureza simples, isto é, consegue-se prever claramente a

probabilidade de chuva, o processo de desenvolvimento de uma semente.

Só nos tornamos humanos de fato quando conseguimos pensar.

O homem é de uma natureza dupla, por isso que ele se encontra entre o ser e o não-ser, ou

seja, ele é corpo, carne, perecível e ele também é alma e não existe nenhum homem que

possa ser ‘copiado’, pois não é o biológico que nos determina e sim o pensamento.

Não é possível desvendar o homem através da matemática, pois esta conta com certezas e, em

relação aos homens, não há certezas e sim expectativas, possibilidades.

Deus para Pascal

Para Pascal, somos nós próprios que temos livre arbítrio para escolher Deus.

Não podemos culpar Deus pelos desastres.

Deus está sempre aqui, mas só pode vê-lo quem tem olhos para tal.

Deus se faz propriamente misterioso e obscuro, pois não é ele que, por si só, que se dirigirá a

nós e nos dirá que é a verdade.

Só há uma possibilidade de abortar o homem em Deus: através da religão.

Abordar não significa desvendar.

A religião é contraditória, misteriosa, obscura, assim como o homem e Deus.

A religião pode no máximo é abordar o homem em Deus. É colocar Deus em questão.

“Deus é, ou não é. Mas, para que lado penderemos? A razão nada pode determinar ai. Há um caos infinito que nos separa. Na extremidade dessa distância infinita, joga-se cara ou coroa. Que apostareis? Pela razão, não podeis fazer nem uma nem outra coisa; pela razão, não podeis defender nem uma nem outra coisa.

Não acuseis, pois, de falsidade os que fizeram uma escolha, pois nada sabeis disso. "Não: mas, eu os acusarei de terem feito, não essa escolha, mas uma escolha; porque, embora o que prefere coroa e o outro estejam igualmente em falta, ambos estão em falta: o justo é não apostar".

Para Pascal, o homem deve seguir em direção ao inteligível, porém não há nenhuma garantia

de que conseguiremos.

Não podemos afirmar que todos os homens vão pensar.

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“É possível que nos descubramos neste caminho. Se conseguiremos, não saberemos.”

O ser é o pensar, é a alma. O não-ser é não ser completos, sermos sempre “projeto”, estarmos

sempre a caminho

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01/03/11

1º trabalho – 22/03 – 20 pontos

2º Prova – 06/04 – 30 pontos

2º Trabalho – 10/05 – 20 pontos

2º Prova – 01/06 – 30 pontos

Cassirer afirma que:

“Nossa teoria moderna do homem perdeu seu centro intelectual. Adquirimos no lugar dele,

uma completa anarquia de pensamento.”

OS modernos apesar de buscarem uma superação dos gregos, porém o que acaba ocorrendo é

a instauração de uma crise e não a chegada a uma resposta.

Os gregos não tem a pretensão de apresentar nenhuma resposta definitiva acerca do homem,

o que é diferente dos modernos, que querem sempre responder de forma matemática,

comprovada.

A partir de Copérnico, Galileu e Pascal são pensadores que procuram uma certeza, com

exceção de Pascal, que não procura uma verdade em relação ao homem.

A medida que esse pensamento que se estrutura com Copérnico, se inicia ai o que Cassirer

afirma como a crise do conhecimento de si do homem.

A partir de Copérnico há uma grande mudança, pois agora as respostas estão focadas no

homem. Inicia-se então uma crise, ou então, uma nova perspectiva do homem.

Ocorre, na modernidade, 4 descentramentos do homem:

1º) Com Copérnico, com o Heliocentrismo se dá o primeiro descentramento do homem

porque o homem não é mais concebido como o ser privilegiado, nem a Terra é mais concebida

como aquela que teria sido “colocada” no centro para atender às necessidades do homem;

A partir do Heliiocentrismo o que há é uma ideia de que o homem é “animal racional”

(antropocentrismo).

E esse pensamento é um pensamento de poder/Domínio. O homem passa a se ver como

“controlador” da natureza, etc.

Esse novo homem, o homem moderno, tem uma perspectiva de uma racionalidade

matemática e é através desta perspectiva que o homem encontra uma maneira de manipular,

dominar, controlar a natureza.

O homem se concebe como ser racional a partir de Copérnico, juntamente com Giordano

Bruno, Galileu, etc.

Copérnico é o que coloca o sistema heliocentrista. Não chega a defendê-lo.

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Esse homem moderno, iniciado com o heliocentrismo, faz com que o homem seja concebido

como o possível dominador do universo.

Para Descartes, prova-se a existência de Deus não pela fé, mas pela razão. Tanto que ele

afirma: “A fé é importante, mas não nos ajuda em nada caso queiramos compreender Deus.”

2º) Descentramento é fundado por Darwin, quando este mostra que o homem tal como

qualquer outra ser vivo existente na face da Terra só continua existindo, vivendo porque

“evolui” e consegue se adaptar, a cada vez, às transformações da natureza.

O homem deixa de ser o ser superior e passa a ser igual em constituição aos outros homens,

resultado de um processo evolutivo.

3º) O 3º descentramento do homem ocorre com Marx, quando este afirma que o “indivíduo”

não é o contra, não é o principal na sociedade, mas a própria sociedade, o coletivo. O que está

em questão aqui é a crítica marxiana ao liberalismo e com ele, ao capitalismo.

4º) Descentramento se dá com Freud, quando este descentra o homem de si mesmo, ou seja,

ele mostra que o homem, na maior parte das vezes é conduzido pelo inconsciente, ao invés da

consciência.

Na modernidade existem 4 perspectivas diferentes de conceber o homem. Todas elas são

consistentes.

A questão é que a modernidade almejava atingir uma, a melhor, a superior. Então, com Freud,

inclusive, se dá uma crítica a todas anteriores, pois todas as outras são defensoras de uma

racionalidade e relacionada à racionalidade é a consciência. Freud diz que somos geralmente

guiados pelo inconsciente.

Exemplo: a escolha das pessoas com as quais queremos nos relacionar. Para Freud, não há

nenhuma racionalidade nisto.

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15/03/11

Segunda meditação

Sobre a natureza (essência/origem) da mente humana: que ela é mais conhecida do que o

corpo.

Pensamento puro é exclusividade de Deus.

A segunda meditação é dedicada a provar que a natureza da mente é mais fácil de ser

conhecida do que a natureza do corpo e, além disso, é a meditação onde Descartes utiliza para

apresentar as suas duas primeiras certezas.

A questão do Descartes é: qual é a origem da mente humana?

A origem da mente humana é exatamente o que existe em nós de divino. A razão que há em

nós foi impressa em nós por Deus.

A natureza da mente é diversa do corpo.

Afirmações Descartes:

Os sentidos falham: esta afirmação é presumível, pois a primeira meditação se dá

pelos sentidos.

A primeira estratégia é não contar com o corpo, que ele próprio tem um corpo;

Eu também não tenho nenhum conhecimento verdadeiro;

Que não há céu, Terra, planetas...

Será mesmo que não há um gênio maligno, embusteiro* que me engana sempre?

Embusteiro: Que ou aquele que usa de embustes; mentiroso, intrujão, impostor,

enganador.

Se eu mesmo, a cada vez, investigo, questiono, duvido, quero, não quero mais,

desejo, enfim, à medida que lido com qualquer coisa, seja para afirmar ou para

negar, tudo isso só me mostra uma coisa: eu próprio sou algo;

O objetivo de Descartes é encontrar uma fundamentação tal qual que não haja nenhuma

dúvida em relação a ela. Portanto Descartes parte do princípio de que não possa errar.

Descartes afirma: que venha o gênio enganador e tente me enganar e me convencer de que

não sou nada. Pois, somente pelo fato de se dirigir a mim, este já comprovará que sou algo.

Page 18: Filosofia II - Completa

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A 1ª certeza: Eu, eu sou, eu, eu mesmo, existo, isto é certo!

“O eu/mim é tão somente consciência, pensamento, mente.” Mas, por quanto tempo?

Enquanto PENSO.

Enquanto eu não me tomar como eu mesmo, a mim mesmo, vou continuar carregando “um

peso”, continuar existindo sem ter noção deste fato, não me conceberei como existente.

2ª certeza: “Eu sou uma coisa pensante.”.

Essas duas certezas são o fundamento para qualquer verdade futura nas ciências. Os

argumentos se comprovam na existência do eu e a existência do eu.

“Eu sou. Eu existo. Porém só percebo que existo porque penso.”

O máximo que os sentidos fazem é sentir. Já nomear um sentido ou qualquer outro exercício

que extrapole o puro e simples ato de sentir, é um exercício do pensamento.

Os sentidos sozinhos não nos dizem nada. Por isso que Descartes vai abandonar tudo isso e

dirá que só é possível perceber-se como ser através do pensamento.

Porém Descartes diz que pensamento equivocado não é considerado como pensamento.

Comprovações da independência do pensamento em relação aos sentidos:

1º exemplo que comprova a independência do pensamento em relação ao corpo, aos

sentidos é o do sonho;

“Vou dormir de propósito para que meus sonhos me mostrem algo” Descartes – Quer dizer

com isso que o sonho não requer nenhuma função corporal relacionada ao sentido. (exemplo:

paciente em coma).

2º Argumento é o que se refere à imaginação; A imaginação é diversa da condição corporal.

(exemplo: criação da ficção).

3º O exemplo da cera; As transformações ocorrentes num pedaço de cera colocado numa

panela ao fogo. Se contássemos apenas com nossos sentidos, a cera já não estaria ali e sim um

líquido estranho, porém temos condições de pensar que o que está ali ainda é a cera em outra

forma.

Page 19: Filosofia II - Completa

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16/03/11

Descartes (continuação)

Terceira Meditação

Sobre Deus: que Ele existe.

Off: Deve-se lembrar que a afirmação de Descartes que não possui um corpo é apenas um

pressuposto necessário.

Problemas a serem resolvidos:

1) O distanciamento dos sentidos

É necessário que eu me desvencilhe o máximo que eu puder dos meus sentidos e do meu

corpo e que eu me conduza apenas pelo pensamento.

Quanto mais nos guiamos pelo pensamento, conhecemos mais a nós mesmos, conhecemos o

limite dos nossos pensamentos.

“Agora fecharei os olhos, taparei os ouvidos, porei de parte todos os sentidos, apagarei

também do meu pensamento todas as coisas corpóreas, ou pelo menos, porque isto é quase

impossível, não as tomarei em conta, por inanes e falsas, e, dialogando só comigo próprio e

inspecionando-me mais intimamente, procurarei tornar-me a mim próprio mais conhecido e

familiar.” Descartes

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2) Necessidade de solução das dúvidas abordadas na primeira e segunda meditações;

Na primeira meditação Descartes afirma que a extensão, figura, geometria e matemática eram

as únicas coisas que não se poderia duvidar delas, baseando-se no argumento de que não

havia qualquer alterações nelas no sonhos, ficção, realidade, etc., em tais coisas.

A partir disso, afirma:

“é verdadeiro tudo o que percebo muito clara e muito distintamente” Descartes

Descartes afirma então que para avaliar toda e qualquer coisa externa, deve-se tomar esse

primeiro preceito como válido. Coisa é externa é tudo que se encontra na natureza.

O corpo também é externo ao eu. Apenas o “eu” é possível de ser retirado de si, de ser

separado.

Exemplo: A astronomia, a física, a medicina são ciências que podem conhecer as coisas da

natureza porque cada uma delas adequa o método da dúvida hiperbólica a cada uma das

áreas. A sequência de raciocínio é a mesma. O que varia é a adequação a cada área.

Na segunda meditação diz que “preciso persuadir-me que não tenho corpo algum. E não só

isso. Persuadir-me-ei também que não existe nenhum céu, Terra, planeta algum”.

“será que eu através de meus sentidos eu tenho como constatar a infinitude do universo?

Isso é mais uma constatação de que eu penso, pois os sentidos não são suficientes para me

garantir tais constatações.”

3) Necessidade de Caracterizar o pensamento.

Segundo Descartes, o pensamento é indivisível, porém existem os gêneros de pensamento.

São eles:

Ideias: são aquelas coisas que nós pensamos como se fossem imagens, mas, de fato,

não tem imagem alguma, nós carecemos de imagem para termos a ideia. Exemplo: a

ideia de humanidade, anjo, Deus, liberdade, verdade. Tudo isso são ideias. Gêneros de

pensamento.

Segundo Descartes, quando a ideia e tomada por ela mesma, nela mesma, não há

qualquer possibilidade de falsidade. Não confundir falsidade com

COMPROVAÇÃO/NEGAÇÃO.

Vontade ou afeto: não há qualquer falsidade nelas, quando elas são tomadas nelas

mesmas. “Não há como afirmar negativamente que exista vontades e afetos.”

Exemplo: não é possível negar quando um indivíduo tem uma vontade de beber água.

Também não é possível negar quando alguém ama ou odeia. Tais afetos e vontades

existem de fato.

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Juízos: São o que mais carece de cuidado e atenção, pois neles se encontra toda

possibilidade de erro.

Especificamente porque quem ajuíza somos nós e quando nós, ajuizamos, avaliamos,

validamos, nós ajuizamos, avaliamos, validamos, as nossas ideias e vontades.

Ao ajuizar, nós incluímos julgamentos nossos às ideias puras e é daí que surgem os

problemas, pois tentamos provar a veracidade dos nossos julgamentos, que podem ser

errôneos.

Sabendo-se então a raiz, a localização dos erros, Descartes busca uma forma de NÃO errar.

4) Necessidade de provar a existência de Deus.

5) Necessidade de provar a existência das coisas.

4) Há uma necessidade extrema de Descartes de que existem de fato as coisas externas, pois

se ele não conseguir provar a existência das coisas externas, não há necessidade da ciência.

Há a necessidade de provar como que essas coisas chegam em nós. Então ele se questiona:

“Será que há algo em mim que eu não conheça?” “Será que tudo isto não é decorrente de um

gênio maligno, um enagandor?” Então afirma que se há um gênio, há a necessidade de

caracterizá-lo. Se não há, há a necessidade de caracterizar o que há.

A busca fundamental de Descartes é mostrar que toda possibilidade de erro é

exclusivamente nossa. Apesar de nos ter cedido a alma, Deus não faz parte disso. Que nos

tomemos nossas decisões, que nós passemos a ajuizar após proceder metodicamente com os

fatos e com a realidade.

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29/03/11

Para Platão, o corpo sempre falha. Para Descartes, nem sempre.

Para Aristóteles, o conhecimento apenas SE INICIA nos sentidos. Para Cassirer, Aristóteles

apresenta apenas uma caracterização biológica do conhecimento e que isso não seria

suficiente para apresentar o conhecimento NO HOMEM.

Pascal diz que não há um modelo de homem no qual se possa espelhar, observar sua vida e

dizer “o homem na sua totalidade é tal e qual”. É preciso observar o homem em sua vida

cotidiana para daí encontrar suas peculiaridades. O que lhe é comum.

Em Sócrates, na depressão há uma concentração daquilo que não é você. Há uma

concentração indevida no que é externo. O autoconhecimento é uma percepção da nossa

própria condição de finitude. Da nossa própria condição inclusive de seres dotados da

possibilidade de acertar, caso pensemos, nos libertemos do nosso corpo. Sócrates é favorável

ao prazer, porém o prazer tem que ser deslocado da carne para o intelecto. O deslocamento

do prazer se dá através da introspecção.

Mudança entre Marco Aurélio e Sócrates é que, para Sócrates, o mundo é estritamente

humano. Já Marco Aurélio considera algo mais abrangente.

Para Marco Aurélio, posso me conhecer racionalmente. Eu comigo mesmo, sozinho. Não é

necessário o diálogo (Sócrates).

Para Marco Aurélio, só conheço-me a mim mesmo quando livremente, independentemente

de qualquer moral, barreira, limitação.

Para Giordano Bruno, à medida que o intelecto se expande, ele pode compreender-se muito

mais. Lembra Marco Aurélio.

Entre Marco Aurélio e Agostinho, irreconciliável é o autoconhecimento. Por que, para

Agostinho, a razão humana é sempre duvidosa. O ideial, para Agostinho, é que nós

conduzamos nossa vida através da fé.

Para Agostinho, não se pode retirar a razão do homem. A razão conduzida pelo livre arbítrio

que nos permite escolher a Deus e é por isso que não se pode eliminar a razão humana. Até

mesmo em uma refeição, utiliza-se a razão, pois as escolhas são racionais. Apesar de ser

duvidosa, se quisermos acertar, devemos encontrar a razão revelada, que só pode ser

encontrada através da fé.

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Cassirer tem como objetivo traçar a trajetória do conhecimento da natureza humana.

Estratégias para o alcance do conhecimento:

Instropecção: ainda utilizada.

Razão (comtemplação): ainda nos conduzimos racionalmente, contemplativamente.

Autoconhecimento: tendo em vista a totalidade que nos envolve. Neste

autoconhecimento buscamos conhecimento em relação ao mundo.

Fé: uma outra estratégia que nós ainda buscamos.

Razão matemática (ação): a busca aqui não é mais a busca por compreensão da

origem. Não é uma busca da compreensão das essências primeiras e ultimas. A busca

agora é uma busca por entendimento. Não é mais por compreensão e sim por

entendimento. É uma busca objetiva.

Oficial: Visa como agir corretamente.

Pascal, Galileu, Copérnico, Descartes, Giordano Bruno, Newton, etc. Em todos, a

estratégia deve, necessariamente, ser a mesma. A estratégia matemática: “eu posso

medir, então eu posso conhecer.”

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05/04/11

A modernidade é um momento fortemente marcado por outra racionalidade. Vale lembrar

que o homem se torna racional desde o início dos pensamentos filosóficos.

A racionalidade modernista vê a possibilidade de domínio de todas as coisas. Se conseguimos

caracterizar, mensurar todas as coisas, consegue-se também dominá-las. Ex: previsão do

tempo, etc.

Segundo Russeau, quanto mais nos mantivermos ocupados, mais nos protegeremos de nós

mesmos, pois o nosso corrompimento é inevitável.

O homem, através da ciência e baseando-se na semelhança com o macro cosmo, é tido na

modernidade como o único de organizar o imenso caos do universo. O micro cosmo tentando

dominar o macro cosmo.

O homem moderno passa a entender o universo como uma extensão de sua vida.

O heliocentrismo é o primeiro método a ser comprovado matematicamente. Eis a sua

revolução.

Descartes, se eu erro, erro por minha própria estupidez, ignorância.

A busca do Cassirer é o autoconhecimento. Apresenta três momentos diferentes:

Antiguidade Clássica

Idade média

Idade moderna

Se em Sócrates o autoconhecimento se dá a partir do diálogo, em Agostinho, é necessário

negar o autoconhecimento como algo que fosse possível através da razão humana.

Para Agostinho, em primeiro lugar, com a razão que me é constitutiva, eu passo a ter fé em

Deus e através do conhecimento cada vez maior em Deus, maior é o autoconhecimento.

Para Pascal, o autoconhecimento vem da observação da vida cotidiana do homem.

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26/04/11

Galileu

Deve-se realizar uma “matematização” da natureza para conhecê-la. É unicamente através

matemática que a natureza pode ser descrita, conhecida.

Afirma também que através do conhecimento matemático da natureza surge a possibilidade

de dominá-la.

Descartes

Não há gênio enganador algum. Este é apenas um argumento de descartes para por à prova os

definições de Descartes. Se o gênio enganador existisse, não poderia afirmar nada.

O fundamento sustenta as outras afirmações.

Primeira prova:

1. Explique o modo como, de acordo com Cassirer, ocorre o conhecimento de si do

homem, utilizando-se do pensamento de Sócrates, Agostinho e Pascal. (É necessário

abordar a razão humana, a fé e a religião).

De acordo com Cassirer, em Sócrates o conhecimento de si do homem ocorre através da

introspecção, processo pelo qual o homem conhece a si mesmo através de si mesmo e

também através do diálogo, pois é com este que temos ciência das nossas semelhanças e

diferenças.

Para Agostinho, em virtude do pecado original, a razão humana é falha e induz ao erro,

sendo que o homem só pode conhecer-se a si mesmo através da fé, da religião. É através do

conhecimento divino que o homem conhece a si mesmo.

Já para Pascal, o homem é um ser obscuro, misterioso, situado entre o ser e o não-ser. Não

só apresenta a ocorrência concreta do conhecimento de si do homem, mas apenas a forma

como este pode ser abordado, que é através da religião, do divino, pois os caminhos da

religião também são obscuros, misteriosos.

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2. Apresente a modernidade. Sua resposta precisa esclarecer o entendimento moderno

acerca do homem, do conhecimento, da natureza, da matemática. (É necessário se

basear em Galileu, Giordano Bruno e Descartes).

Na modernidade, com o advento da teoria heliocentrista, o homem deixade ser

concebido como ser privilegiado e a Terra deixa de ser considerada como o centro do

universo. O homem, segundo Descartes, é tido como ser pensante e, justamente por

pensar, consegue perceber sua existência como tal.

A natureza perde a sua conotação de existência apenas para o suprimento das

necessidades do homem e, segundo Galileu, o homem não cria, apenas “reagrupa” os

elementos da natureza.

O conhecimento, segundo Galileu e Descartes, deve ser obtido através da

utilização/comprovação matemática, devido à forma puramente objetiva e comprovável

que esta apresenta suas verdades.

Já com Giordano Bruno, há uma inversão do conceito de infinito, onde este deixa de

ser algo ruim. Com isso, a racionalidade humana adquire caráter expansivo, ilimitado.

3. Explique e relacione, a partir de Descartes, o gênio enganador, a dúvida metódica, o

fundamento e a verdade científica.

Descartes, na primeira meditação, conclui que os sentidos falham e, com isso, falsea o,

até então, fundamento da filosofia. Para a definição de um novo fundamento que deveria

ser consistente e seguro, Descartes utiliza-se do método da dúvida metódica, que consiste

em testar, por à prova o conhecimento repetidas vezes até que este se mostre claro e

distinto. Este fundamento é baseado em duas certezas:

Eu sou, eu, eu mesmo, eu existo;

Eu sou um ser pensante.

O gênio enganador, segundo Descartes, vem para enganar, iludir o homem, porém

este pode ser utilizado para reforçar a verdade científica, que é aquela da qual não há

dúvidas ou indagações, é uma verdade objetiva, comprovada através da matemática.

Crítica Questão 3:

Dúvida metódica explicada de forma muito superficial. Deve-se aprofundar mais.

As duas afirmações não são a base do fundamento e sim o fundamento propriamente dito.

Não existe gênio enganador algum! O que é a dúvida metódica? O que é a verdade científica?

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Trabalho Filosofia II

Entrega & Apresentação de roteiro de leitura 10 e 11/05

Este roteiro deve ser entregue digitado, de acordo com as normas da ABNT;

A indústria cultural: o Esclarecimento como mistificação das massas.

GRUPO: Página 144, segundo parágrafo até a 151

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04/05/11

A indústria cultural: O Esclarecimento como mistificação das massas

Tradução de esclarecimento:

Aufklärung = Iluminismo

Esclarecimento: Formar um intelecto elevado;

Educação:

a) Ciência

b) Arte

c) Bons Livros/Literatura

Homem natureza, a lida com o outro em sociedade, tudo isso, só é possível se formos

esclarecidos, ou seja, se conhecemos de fato, o que podemos e o que não podemos

fazer;

A indústria cultural influenciou as massas de tal forma que esta vive de acordo com os desejos

da burguesia.

Adorno

A escola estabelece uma forma de dominação através da imposição de valores, representando

a igreja, o Estado e o trabalho.

Adorno diz que a indústria cultural passa a ser a determinante de todos os valores, sendo os

valores atuais pura e simplesmente econômicos.

O caos no qual nos encontramos é um caos decorrente da indústria cultural, que iguala nossos

sonhos, desejos angústias, etc.

A saída, para Adorno, é a arte, porque a arte nos desiguala. É a única possiblidade que nós

temos de nos desigualar.

Habermas

O defensor público é aquele propriamente que o Estado escolhe pra defender o “povão” e são

poucos, então torna-se difícil para os indivíduos economicamente desfavorecidos

reivindicarem seus direitos.

Para a criação de um ambiente justo, faz-se necessário a criação de um espaço onde todos

tenham a oportunidade de discursar.

A questão fundamental é, se tudo, para ter espaço na nossa vida, tem que ser massificada,

desaparece então a possibilidade do “diferente”. Aquele que não é “massa”, deixa de “existir”.

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17/05/11

A indústria cultural - O esclarecimento como mistificação das massas.

1º) O caos cultural vivido pela sociedade contemporânea e decorrente da ação da indústria

cultural “sobre”(por) as massas;

O que ocorre, em primeiro lugar, porque esta confere a tudo um ar de semelhança;

Ou seja, tudo é transformado em mercadoria.

O ar de semelhança é dado porque também é preciso que todos estejam integrados

ao mundo, que haja uma conexão entre o universal e o particular.

Tem o objetivo inclusive entre fazer a interligação entre o universal e o particular. É

fundamental divulgar também, seja através do filme, tv ou rádio, TODAS AS COISAS.

Não deixar que nenhuma notícia escape, seja ela boa ou ruim, porém esta “bondade

ou ruindade” deve passar pelo filtro da indústria cultural.

Exemplo: dificilmente ouve-se falar de greve.

Exemplo 2: no lançamento de um veículo, é fundamental a previsão de adaptação

para um modelo para a massa.

Os fatos passam a ser documentários, pois não são fatos de apenas uma vida, mas sim

de VÁRIAS vidas.

O que significa dizer que, para a indústria cultural, tudo é mercadoria e, como tal,

sua produção precisa ser sempre numa “ordem” industrial;

Tudo deve ser produzido para ter influência mundial, para ser vendido mundialmente.

Exemplo: café brasileiro.

Não apenas a produção industrial, mas todo tipo de produto precisa atender todas as

necessidades de todos, inclusive da massa;

Com isso, todas as coisas, todas as mercadorias, são produzidas tendo em vista de

prováveis adaptações em todas as classes;

Desse modo as pessoas, são classificadas estatisticamente, pelo seu nível, daí

também a determinação dos lugares de ocuparão;

O essencial é que, a cada dia, o trabalho, a massa esteja cada vez mais entregue,

dominado pelo capital;

Para Adorno, a burguesia universaliza a arte, porém esta universalização transforma a arte,

pois esta deixa de ser arte.

Off: Filmes: A Igualdade é Branca, A igualdade é Vermelha Livro: As veias abertas da américa

latina

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18/05/11

Através do lazer há uma continuidade da atividade da produção;

A indústria cultural é o mais inflexível dos estilos;

A busca da indústria cultural é desacostumar as pessoas da subjetividade;

A indústria cultural não admite brincadeira com a previdência social; Não aceita “Se

nós não contribuirmos com ela, quem é que vai pagar a conta quando sofrermos um

acidente e ficarmos inválidos.”

Pois se a previdência social não se sustentar, ou o Estado entra em muita corrupção,

ou vai a falência e, com isso, todos perdem.

Não participar da previdência social é cair no campo de concentração (ruas).

O indivíduo só é tolerado quando este é identificado com o universal, o que é

decorrente da padronização;

A cultura é uma mercadoria paradoxal.

Um dos objetivos do teatro é promover a catarse.

Catarse é a possibilidade e a necessidade de nós a ver o mal ou o bem na ficção.

Ao nos identificarmos com os heróis, realizamos a catarse.

Quando o herói mata o vilão num filme, nós nos sentimos representados pelo herói. Pois,

pensamos também na realidade, pois os filmes passaram a ter uma CONTINUIDADE DA VIDA

REAL.

Hoje há uma desvalorização tremenda do simples.

A indústria cultural não aceita o novo totalmente novo. A ideia de novidade só é aceita se se

percebe a possiblidade de inclusão dessa novidade ou perspectiva novidade.

Off: a vida é sempre multilateral. Temos sempre que escolher.

A indústria cultural é instrumento do liberalismo.

Estamos numa sociedade massificada e individualista.

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24/05/11

1. Indústria Cultural: é o aparato, o sistema midiático utilizado para a inserção do modo

de agir, pensar da massa.

2. Da usurpação do esquematismo kantiano;

Cinema, televisão, rádio...

Para Adorno, a indústria cultural consegue isso porque ela subverte por completo o sentido da

arte.

Adorno foca exatamente no fato de que a indústria cultural percebe que nós humanos,

sempre, historicamente, gostamos de arte, gostamos de ver o belo, a beleza nas coisas.

Arte é a explicitação da beleza de algo.

Arte séria

Arte séria, para Adorno, é aquela realizada por alguém que realmente pensa, por aquele que

tem condição de produzir algo a partir de si autonomamente.

A arte ligada ao desinteresse, isto é, desligada do propósito de vender e agradar, é perfeita em

si. A beleza da obra está na própria obra.

A obra séria é algo que não requer reprodução.

Arte leve

A repetição da arte, como é feita pelo cinema etc., tem o intuído de demonstrar a monotonia

do dia a dia.

É um modo de fazer a sobreposição entre a ficção e a realidade.

Não se detém nas questões centrais.

A tentativa é que a arte reproduza a nossa própria realidade, mas de modo que nós possamos

também reproduzir o que a indústria cultural chama de arte.

Questões Centrais do Texto do Adorno

1ª O consumo, a transformação da mercadoria em desejo

2ª O controle social. Exemplo: de tempo em tempo a televisão deve anunciar as prisões,

apreensões, etc.

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3. A indústria cultural se torna, com isso, o mais inflexível dos estilos;

Primeiro porque não aceita o indiferente.

“Se o indivíduo quer fazer totalmente diferente, este tem liberdade para faze-lo sozinho e se

ele fizer e der certo, este será anexado ao sistema para que não haja nada de completamente

novo.”

Fazer com que o “universo inteiro” seja liberal.

Todos os particulares devem se sentir parte do todo, do universal.

A indústria cultural não pode permitir que ninguém escape a este sistema.

A cultura como mercadoria paradoxal, pois se é mercadoria, não é cultura.

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25/05/11

4. O combate do inimigo vencido.

O inimigo deve ser combatido constantemente para que ele não volte a ameaçar a indústria

cultural.

O cinema mostrará que a ideologia é oca, pois ela é, diferente da ideia clássica de liberalismo.

O homem pensante já está combatido e para continuar assim a indústria cultural precisa

adotar novos elementos não justificantes, pois é necessário que os próprios indivíduos não

pensantes tentem justifica-los.

O genérico é cada vez mais apresentado, para que todo indivíduo se veja naquela estória. A

única coisa que não é alterada é o vilão.

As premiações dos filmes não são apenas para o melhor ator. Existem diversos prêmios, para

que todos, no estrito cumprimento de seus papéis definidos pela indústria cultural sejam

premiados e se vejam no filme.

É importante agora que o indivíduo além de se ver no filme, este veja o filme e todas as

possibilidades que lá ocorrem como sendo também a sua possibilidade.

“Acasos ocorrem, mas é fundamental que você primeiramente cuide da sua vida, resolva seus

problemas.”

O indivíduo apresentado pela indústria cultural pretende primeiramente “desindividualizar”.

Desindividuação: O indivíduo contemporâneo continuará sem a possibilidade de realizar o

esquematismo Kantiano, ou seja, continuará sem pensar.

A indústria cultural não se preocupar mais em justificar suas ações, pois na justificação há o

risco da contradição, da cobrança.

A indústria cultural não tem objetivos de dar respostas, pois ela é duplamente oca. Em

primeiro lugar, porque instaura no indivíduo não pensante o próprio vazio, instaura em nós o

tempo inteiro o desejo. Em segundo lugar, porque ela própria não tem conteúdo algum.

O inimigo é o indivíduo pensante. Pois a partir do momento que começarmos a pensar,

começaremos a questionar.

Uma forma de combate é, por exemplo,

A indústria cultural procede com esse indivíduo de modo a produzir, dirigir, disciplinar

de modo que nenhuma barreira se levante contra o progresso cultural.

Progresso cultural, neste sentido, quer dizer que o sentido de progresso divulgado

pela indústria cultural não seja questionado.

Progresso e cultura passam a ser conceitos deturpados, contraditórios.

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A ordem só foi possível porque fomos coisificados, “maquinizados”.

Progresso se desprende da cultura e passa a ser relacionado à tecnologia.

A arte como escapatória

A medida que nos dedicamos à arte, nós recuperamos a nossa capacidade de pensar.

Passamos a explorar muito mais a nossa criatividade.

Com a arte passamos a ter condições de criar, pensar.

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01/06/11

Distorção do conceito cultura. Associação da cultura unicamente ao conhecimento científico.

Não há como hierarquizar uma cultura. Cada cultura é sempre cada cultura. Do mesmo modo,

cada pessoa tem a sua própria cultura através de seu povo.

Toda ação no meio natural é inserção de cultura. Estamos fazendo cultura desde que surgimos

no mundo.

Ao agir, transformamos nossa cultura.

Off: A constatação da verdade não deve ser necessariamente EMPÍRICA, ou seja, não é a

empiria que caracteriza a verdade e sim a capacidade de pensar metodicamente a fim de

alcançar esta verdade.

Para Descartes, Deus imprime em nós a possibilidade do pensamento. Pensaremos ou não

dependente de nós.

Off2:

Apanhado Geral

Cassirer: O conhecimento de si do homem

Grécia Clássica

Idade Média

Modernidade

Razão (certeza matemática)

Religião: Razão Revelada

Filósofos

o Galileu

o Giordano: Racional – Coisa Pensante

o Descartes

Adorno

Contemporânea:

Sociedade: Indústria Cultural

Conceitos a dominar:

Cassirer

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Abordagem de Cassirer para caracterizar o homem moderno

Pascal, Bruno, Descartes

Adorno

Entender o que é indústria cultural

Argumentos utilizados por adorno para constatar o poder da indústria cultural sobre a

sociedade.