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Capítulo 10
DÉBITO CARDÍACO
Definição
Débito de sangue é a quantidade de sangue ejectada por minuto.
Calcula-se multiplicando a frequência cardíaca pelo volume sistólico.
O volume sistólico é o volume de sangue ejectado em cada batimento.
Considerando como valor normal de frequência 75 batimentos por minuto e do volume
sistólico 70ml por batimento o debito cardíaco seria 75x70= 5250 ml/m ou 5,25 l/m.
Como o volume total de sangue é de 5l podemos concluir que a totalidade do sangue
passa pelo coração num minuto.
Reserva cardíaca
O débito cardíaco pode aumentar muito em casos particulares como um esforço súbito
violento.
A reserva cardíaca é a diferença entre o débito cardíaco em repouso e após o esforço.
Num indivíduo normal o débito físico após o esforço pode chegar a 4 ou 5 vezes o
débito em repouso, podendo chegar a 7 vezes no atleta.
Regulação do volume sistólico
Em repouso o coração ejecta 60% do sangue contido nas cavidades.
O volume sistólico VS é a diferença entre o volume telediastólico VTD (volume de
sangue existente no fim da diástole) e o volume telesistólico VTS (volume de sangue
no fim da contracção).
VS = VTD-VTS
O VTD é normalmente 120 ml.
O VTS é de 50.
Aplicando estes números à formula obtemos um volume sistólico de 70 ml/batimento.
Os três factores mais importantes actuando sobre o volume sistólico são a pré-carga, a
contractilidade e a pós-carga.
Lei de Starling
Segundo a lei de Starling o grau de estiramento das células miocárdicas antes da
contracção é o factor determinante do volume sistólico
Este grau de estiramento é a pré-carga ventricular – é a tensão passiva que se exerce
nas paredes ventriculares pela acumulação de sangue nos ventrículos
Factores que aumentam o volume telediastólico
Todos os factores que aumentam o volume ou a velocidade de retorno venoso
aumentam o volume telediastólico e portanto a força da contracção.
As causas mais comuns são a diminuição da frequência cardíaca e o exercício.
A frequência cardíaca baixa deixa mais tempo para o preenchimento ventricular.
O exercício acelera o retorno venoso pelo aumento da frequência cardíaca e provoca
uma compressão das veias pelos músculos esqueléticos.
Um retorno venoso fraco como acontece com uma hemorragia grave ou na taquicardia
reduz o estiramento das fibras.
Se um lado do coração bombear mais sangue que o outro, o aumento do retorno venoso
no coração oposto força-o a bombear um volume idêntico.
Contractilidade
Conceito
A contractilidade é uma intensificação da força de contracção do miocárdio e é
independente do estiramento.
Depende da intensidade da passagem dos iões cálcio para o citoplasma.
Agentes inotropos
São agentes que actuam na contractilidade, aumentando-a (agentes inotropos
positivos) ou diminuindo (agentes inotropos negativos).
São inotropos positivos glucagina, tiroxina, adrenalina, iões cálcio e alguns
medicamentos como a digitalina.
São inotropos negativos a acidose, aumento do potássio no líquido intersticial,
antagonistas do cálcio.
Pós-carga
É a pressão que se opõe à exercida pelos ventrículos quando ejectam sangue.
É de 80mmHg na aorta e 10 no tronco pulmonar.
Estes valores não influem no volume sistólico em condições normais.
Na hipertensão já tem uma certa importância pois já contraria a ejecção do ventrículo.
Regulação da frequência cardíaca
Num sistema cardiovascular normal o volume sistólico é relativamente constante.
Quando em situações patológicas o volume varia, entram em jogo mecanismos de
regulação.
Regulação pelo sistema nervoso autónomo
Simpático
Diminui o limiar de excitação do nódulo sinusal, aumentando a frequência.
Aumenta a contractilidade favorecendo a penetração de cálcio nas células contrácteis.
O volume telesistólico diminui mas como é compensado pelo aumento da frequência, o
volume sistólico não diminui.
Parasimpático
É antagonista do simpático.
Hiperpolariza as membranas abrindo os canais de potássio.
Tono vagal
Em repouso predomina o parasimpático para se manter o ritmo sinusal - é o tono vagal.
Quando os dois sistemas são estimulados desigualmente, o menos excitado é inibido.
Portanto quando o simpático é estimulado, o parassimpático é inibido.
Regulação química
Hormonas
A adrenalina tem a mesma acção do simpático.
A tiroxina quando libertada em grande quantidade provoca um aumento lento e
prolongado da frequência cardíaca.
Iões
Os desequilíbrios electrolíticos podem levar a disfuncionamentos graves da bomba
cardíaca.
A hipocalcémia diminui a actividade cardíaca.
A hipercalcémia aumenta a actividade podendo originar espasmos.
A hipernatrémia inibe o transporte de cálcio iónico.
A hiperkaliémia baixa o potencial de repouso podendo levara bloqueios e à paragem
cardíaca.
A hipokaliémia baixa a frequência e pode produzir arritmias.