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FITOTERAPIA Aspectos Históricos Prof.ª Daniella Koch de Carvalho

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FITOTERAPIA

Aspectos Históricos

Prof.ª Daniella Koch de Carvalho

CONCEITOS

Em sentido etimológico, segundo Sallé (1996, p. 16), “fitoterapia

vem do grego phytos, que significa plantas, e terapia que significa

cuidado ou tratamento. A fitoterapia é o tratamento do estado geral

do organismo e do sintoma por meio das plantas”.

Chechetto (2002, p.8) refere que a fitoterapia é a utilização

terapêutica de plantas com atividade farmacológica, de forma

alopática, com manutenção da constituição química total do

vegetal, ou com extração seletiva, mas sem fracionamento dos

componentes

ALOPATIA X HOMEOPATIA

A alopatia é um sistema da medicina em que são usados

medicamentos que produzem efeitos contrários aos da doença

tratada, procurando conhecer a etiologia e combater suas causa.

Já a Homeopatia, palavra que se origina do latim, onde Homois,

quer dizer semelhante e pathos, doença, ou seja, doença

semelhante. É um sistema de tratamento de doenças com doses

diluídas de substâncias cuja ação vai provocar os mesmos

sintomas das doenças a serem tratadas. O paciente/cliente deve

ser medicado de acordo com as características da sua

personalidade.

HISTÓRICO

A fitoterapia é contemporânea ao início da humanidade.

A natureza foi, sem dúvida, o primeiro remédio, farmácia e hospital

a que o homem recorreu.

Relembrando a história na China, na época de Shen Nung (ao

redor de 2000 a.C.) já se investigava o valor medicinal de centenas

de ervas. Entre as 365 drogas mais usadas estavam: ruibarbo,

ginseng, estramônio, cinamono e efedra.

No célebre papiro de Eberds (1500 a.C.), uma coleção de 800

fórmulas, encontramos as indicações sobre 700 drogas locais e

exóticas (papoula, ginseng, rícino, romã, mandrágora, mirra,

incenso, aipo, coentro, azeite). As drogas eram piladas,

cozidas na cerveja, no vinho ou no leite.

Na época dos grandes filósofos gregos, Hipócrates (460 – 361

a.C.) e seus discípulos ensinavam que a doença não é um fatal

desígnio dos deuses e pode ser identificada pela arte médica e

tratada com remédios naturais.

Teofrasto (370 – 286 a.C.), chamado “o pai da botânica” ou o “pai

da farmacognosia”, realizou importantes trabalhos botânicos sobre

as drogas da época. Determinou qualidades médicas das ervas,

observando aspectos farmacêuticos e farmacológicos da mirra, do

incenso, da cássia, mentrasto, da beladona, etc...Seus trabalhos,

até hoje, influenciam na atividade farmacêutica (GAIO; FARIAS,

1998, [f.2]).

Por volta do ano 3000 a.C. os chineses já possuíam uma

sofisticada farmacopéia, assim como os povos assírios e egípcios

em 2500 a.C.

A farmácia – a Botica – é uma das criações dos árabes e acredita-

se que a primeira de todas existiu em Bagdá entre os

farmacêuticos, Avicena (980 – 1037) era o mais conhecido e

famoso. Influenciado pela obra de Galeno produziu o seu cânone

da medicina – cinco volumes sobre a medicina grega e romana.

A arte dos benzedores, curandeiros e xamãs, herdada dos magos

e feiticeiros, pode ser vista hoje, em teste, nos laboratórios

científicos, os quais passaram a avaliar experimentalmente a

veracidade destas informações. (DI STASI, 1996, p. 17).

A partir de 1820, conforme Gaio e Farias (1998), na América do

Norte, começam a serem instaladas as primeiras indústrias de

ervas medicinais. A terapêutica se fundamentava cada vez mais, na

experimentação e nas observações sistematizadas.

O fabricação de medicamentos, mediante a extração e o isolamento

dos princípios ativos das drogas vegetais, abriu uma nova era à

farmacologia.

A tendência da medicina de se voltar para os medicamentos sintéticos,

que se fortaleceu depois da Segunda Guerra, contribuiu ainda mais para o

abandono do estudo das plantas.

A partir de 1879, segundo Gaio & Farias (1998), Albert Brow Lyon começa

a desenvolver métodos e processos (físicos, químicos, biológicos,

farmacológicos) visando a padronização de medicamentos de origem

vegetal. As vitaminas (A, B, C) os alcalóides (morfina, codeína,

papaverina, quinina, emetina, ergotoxina, ergotinina, peserpina,

tubocurarina) os heterosídeos (digotoxina, gitalina) e vários outros grupos

de produtos naturais vegetais foram descobertos, extraídos, isolados e

incorporados a bases medicamentosas.

As plantas medicinais perderam a importância e passaram a ser utilizada

somente como terapia alternativa no Brasil.

A Organização Mundial de Saúde, na reunião de 1978, em Alma Ata,

reconheceu a importância das plantas medicinais como alternativa no

tratamento de algumas doenças, e recomendou a difusão dos

conhecimentos necessários para seu uso.

O Sistema Único de Saúde (SUS), no âmbito municipal e estadual, de

acordo com Sacramento (1999), vem a aproximadamente dez anos,

implantando a fitoterapia nos Programas Municipais e Estaduais de

Assistência Farmacêutica visando reduzir os custos com medicamentos

sintéticos e atender a uma expectativa dos técnicos e da comunidade.

1986 - 8ª Conferência Nacional de Saúde (CNS), impulsionada pela

Reforma Sanitária, deliberou em seu relatório final pela "introdução

de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos

serviços de saúde, possibilitando ao usuário o acesso democrático

de escolher a terapêutica preferida".

1996 - O Relatório da 10a Conferência Nacional de Saúde, aponta

no item 286.12: "incorporar no SUS, em todo o País, as práticas de

saúde como a Fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando

as terapias alternativas e práticas populares"

Em 1998, foi constituída pela Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) conforme Sacramento

(1999, p. 18), a subcomissão de assessoramento em

Fitoterápicos – CONAFIT

Em 1998 surge também a Associação Catarinense de

Plantas Medicinais, constituída como sociedade civil de

caráter científico-profissional, humanitária e social.

2003 - O Relatório da 12ª Conferência Nacional de Saúde, aponta a

necessidade de se "investir na pesquisa e desenvolvimento de tecnologia

para produção de medicamentos homeopáticos e da flora brasileira,

favorecendo a produção nacional e a implantação de programas para

uso de medicamentos fitoterápicos nos serviços de saúde

2005 - Decreto presidencial de 17/02/05 que cria o Grupo de Trabalho

para elaboração da Política Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos.

2006 – Consolidou-se a Política Nacional de práticas Integrativas e

Complementares no SUS (Portaria Ministerial n.º 971 em 03 de maio de

2006).

Atualmente, existem programas estaduais e municipais de

Fitoterapia, desde aqueles com memento terapêutico e

regulamentação específica para o serviço, implementados há mais

de 10 anos, até aqueles com início recente ou com pretensão de

implantação.

Em levantamento realizado pelo Ministério da Saúde no ano de

2004, em todos os municípios brasileiros, verificou-se que a

Fitoterapia está presente em 116 municípios, contemplando 22

unidades federadas. (BRASIL, MS, 2008)

• 2008 – O Ministério da Saúde aprova o Programa Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos e cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos. (Portaria Interministerial nº 2.960)

• 2010 – O Ministério da Saúde institui a Farmácia Viva no âmbito do Sistema

Único de Saúde (SUS). (Portaria nº 886) e constitui a Comissão Técnica e

Multidisciplinar de Elaboração e Atualização da Relação Nacional de Plantas

Medicinais e Fitoterápicos – COMAFITO. (Portaria nº 1.102)

CONCEITOS

Farmacognosia: é a ciência responsável pelo conhecimento referente ao

emprego ou utilização de drogas de origem vegetal, animal ou mineral

com finalidade terapêutica. Aplica-se na atualidade quase que

exclusivamente ás drogas de origem vegetal.

Planta Medicinal: Toda e qualquer planta que possui, em um ou mais de

seus órgãos, substâncias que podem ser utilizadas com finalidade

terapêutica ou serem precursoras de síntese farmacêutica (adaptado de

OMS/1978)

Droga Vegetal: É a parte da planta (raiz, casca, folha, flor, fruto ou

semente), ou planta inteira, a ser utilizada terapeuticamente ou ainda

como matéria-prima na elaboração do extrato ou do fitoterápico.

(adaptado de OMS/1978)

Etnobotânica: é a ciência que estuda e interpreta a história e a relação entre as plantas e os homens em uma

determinada localidade.

Princípios ativos: Substâncias presentes na composição da

planta com reconhecida atividade farmacológica. (adaptado de

OMS/1978)

Fitocomplexo: Conjunto de substâncias “ativas” existentes na (s)

planta (s), na proporção em que elas naturalmente se encontram,

podendo sua ação farmacológica ser estudada como um todo.

Parte Utilizada: Estrutura vegetal que contém ou concentra os

princípios ativos vegetais. Determina a forma de preparo e de

conservação dos fitoterápicos. É essencial para o sucesso

terapêutico e/ou redução de efeitos adversos.

Fitoterápico: medicamento obtido empregando-se exclusivamente

matérias-primas ativas vegetais. (RDC 48/2004).

Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou

elaborado, que contém um ou mais fármacos, juntamente com

outras substâncias, com finalidades profiláticas, curativa, paliativa

ou para fins de diagnóstico.

Remédio: são recursos usados para curar ou aliviar dores,

desconfortos e enfermidades. É um termo amplo, aplicado a todos

os recursos terapêuticos usados para combater doenças ou

sintomas.

Fitoterapia Popular

Tradição oral de geração para geração;

Conhecimento sem registro escrito;

Informações por vezes conflitantes;

Sem uniformização de dose, posologia ou duração de tratamento;

Importante fonte de “pistas” de eficácia ou toxicidade das plantas medicinais.

Fitoterapia Tradicional

Parte integrante de sistemas médicos ligados a culturas peculiares

Registro escrito, existente há décadas, séculos ou milênios

Exemplos: Medicina Tradicional Chinesa (MTC); Medicina Ayurveda, Xamanismo, etc

Fitoterapia Científica

Baseada em evidências científicas

O estudo científico de extratos vegetais parte de conhecimentos populares e tradicionais

Estudos integram o emprego clínico de fitoterápicos para finalidades terapêuticas, diagnósticas ou profiláticas

Reconhecida e regulamentada como método terapêutico no contexto da prática médica (PC / CFM Nº 1301/1991 e Nº 04/1992)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GAIO, T. C.; FARIAS, F. T. Iniciação em Plantas Medicinais e Oficinas Fitoterápicas. Associação Vida Verde. Pastoral da Saúde. Florianópolis. 1998. mimeo.

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MATOS, F. J.A. Farmácias Vivas: sistema de utilização de plantas medicinais projetado para pequenas comunidades. 3º ed. Fortaleza: EUFC, 1998. p. 13-39.

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SACRAMENTO, H. T. Perspectivas da Fitoterapia Latinoamericana no novo Milênio – apresentação do Brasil. In: boletim 002. Associação Catarinense de Plantas Medicinais. Outono de 2001.