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2 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
MISSÃO
Disseminar os fundamentos da excelência em
gestão para o aumento de competitividade das
organizações e do Brasil.
VISÃO
Ser um dos principais centros mundiais de
estudo, debate e irradiação de conhecimento
sobre excelência em gestão.
Fundação Nacional da Qualidade
Cadernos de excelência: Clientes / Fundação Nacional da Qualidade. – São Paulo : Fundação Nacional da
Qualidade, 2008. – (Série Cadernos de Excelência, n.3.)
Inclui bibliografia
ISBN XXXXXXXXXXXXXXX
1. Critérios de Excelência. 2. Fundação Nacional da Qualidade. 3. Gestão da Qualidade Total.
4. Excelência empresarial. 5. Clientes
CDD 658.562
SÉRIE CADERNOS DE EXCELÊNCIA
RESPONSABILIDADE
Marcelo Marinho Aidar – Superintendente de
Premiação e Aplicações do MEG
REDAÇÃO
COORDENAÇÃO GERAL
Paulo Sergio Duarte de Almeida Valladares
EQUIPE
Caio Márcio Becker Soares
Carlos Amadeu Schauff
Cesarino Carvalho Júnior
Francisco Paulo Uras
Joaquim Emanuel Santini
Jorge Emanuel Reis Cajazeira
Mauro Sergio Sguerra Paganotti
Odair Mesquita Quintella
Ricardo Motta
Rodolfo Cardoso
Ronaldo Darwich Camilo
REVISÃO ORTOGRÁFICA E GRAMATICAL
Fernando Pachi
Odair Mesquita Quintella
AGRADECIMENTOS
A equipe de redação agradece a Jairo Barreto
dos Santos pelas críticas e sugestões ao Caderno
Liderança.
COLABORAÇÃO
C. Adriano Silva
Carla Marina Soriano
Christiane Rodrigues
PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA
Inah de Paula Comunicações
© DIREITOS RESERVADOS
Proibida a reprodução total ou parcial desta
publicação sem o prévio consentimento, por
escrito, da FNQ.
Publicado por
2 |
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 3
APRESENTAÇÃO
• Introdução ao Modelo de Excelência da
Gestão® (MEG)
• Liderança
• Estratégias e Planos
• Clientes
• Sociedade
• Informações e Conhecimento
• Pessoas
• Processos
• Resultados
• Auto-avaliação e Gestão de Melhorias
Escritos em linguagem acessível, os Cadernos de Excelência descrevem como os requisitos dos Critérios de Excelência
podem ser implementados a partir de soluções práticas, sem caráter prescritivo. Como ilustrações, são apresentados
exemplos de empresas finalistas ou vencedoras do PNQ, revelando o quanto podem ser proativas, refinadas ou ino-
vadoras as abordagens adotadas. No caso da sua utilização por organizações públicas, alguns conceitos como cliente,
mercado e concorrência precisam ser adaptados.
Espera-se que o leitor seja estimulado a consultar os Cadernos sempre que necessário e que se beneficie com os
exemplos apresentados. A série está disponível também em meio eletrônico – www.fnq.org.br.
Equipe de Redação
Este Caderno compõe a série Cadernos de Excelência, que tem por finalidade divulgar o Modelo de Excelência da
Gestão® (MEG) da FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. Destina-se a esclarecer as dúvidas de seus usuários
sobre o Modelo e a satisfazer aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre seu conteúdo. É uma va-
liosa ferramenta para quem pretende aperfeiçoar-se como membro da Banca Examinadora do Prêmio Nacional da
Qualidade (PNQ), aprimorar a gestão de sua organização ou preparar uma candidatura ao PNQ.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) está apresentado na publicação Critérios de Excelência, editada, anu-
almente, pela FNQ. Para uma leitura mais eficaz dos Cadernos desta série, recomenda-se que seja efetuada em
conjunto com os Critérios de Excelência.
Os Cadernos de Excelência são publicados na forma de “fascículos”, de modo a tornar a leitura mais agradável e a
facilitar seu manuseio. A série está organizada em dez volumes:
4 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ....................................................................................................................3
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................5
O CRITÉRIO CLIENTES .....................................................................................................6
Imagem e conhecimento de mercado .................................................................................6
Relacionamento com clientes ............................................................................................11
BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................16
CLIENTES
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 5
INTRODUÇÃO
A entrega de valor é realizada pelo produto1
proporcionado pela organização nas transa-
ções com os clientes, sob certas condições do
mercado. As características e atributos dos
produtos é que adicionam valor aos clientes,
intensificam sua satisfação, determinam suas
preferências e os tornam fiéis. No entanto,
a qualidade é intrínseca ao produto; não é a
organização que julga a própria qualidade dos
seus produtos. O “árbitro”, em última instân-
cia, é o cliente, com base em suas percepções.
Isso define a importância que a organização
deve dar às diversas etapas do seu envolvi-
mento com os clientes, no que se refere às
suas necessidades e expectativas: identifica-
ção (definição das especificações), produção
do bem ou serviço (entrega) e percepção do
cliente e do mercado. A organização com foco
no cliente está atenta a todas essas etapas, pro-
curando minimizar a ocorrência de falhas que
comprometam o produto entregue ao cliente.
O conceito de cliente refere-se àquelas
organizações e pessoas que recebem os
produtos oferecidos pela organização. E so-
mente este termo — cliente — é usado nos
Critérios de Excelência. Consumidor, usuário
final, varejista, beneficiário e comprador
são exemplos de clientes.
Já o conceito relacionado a mercado é
entendido como o “ambiente socioeconô-
mico-concorrencial em que as atividades de
uma organização são exercidas para suprir as
necessidades e expectativas do conjunto de
pessoas ou entidades envolvidas”.
“A qualidade é definida pelo clien-
te. A melhoria dos processos e dos
produtos precisa ter como objetivo a
antecipação das necessidades futuras
dos clientes”.
W. Edwards DEMING, 1990
O conceito mercado não diz respeito somen-
te à região geográfica onde a organização
exerce suas atividades, mas, principalmen-
te, às pessoas físicas e/ou jurídicas que a
organização atende ou pode vir a atender
com seus produtos, sendo estes últimos os
denominados “clientes potenciais”, que
podem ser clientes da concorrência ou os
usuários de outros produtos, que são consi-
derados concorrência indireta. Um exemplo
de concorrência indireta: TV versus cinema/teatro. Assim, mercado
vem a ser o somatório do conjunto de clientes atuais e de clientes
potenciais.
Pode acontecer, no setor público, por exemplo, que alguma orga-
nização tenha toda a sociedade como receptora imediata de seus
produtos. Tal situação, porém, deve ser analisada com cuidado,
para se ter certeza da sua adequação. Toda a sociedade, é de fato,
destinatária imediata dos produtos? Um hospital, por exemplo, tem
por cliente aquelas pessoas ou entidades que o procuram para obter
atendimento. A sociedade é o “mercado” de atuação do hospital,
como o público-alvo total a ser atingido.
Se a organização se relaciona com diferentes tipos de clientes, compon-
do uma cadeia de suprimentos, também deve considerar essa distinção.
Nesse grupo de clientes podem ser incluídos atacadistas, varejistas,
franqueados, distribuidores ou representantes autorizados. A figura 1
apresenta um exemplo de cadeia de suprimentos de uma organização
manufatureira que tem um fornecedor e três tipos de cliente: o distri-
buidor, o varejista e o consumidor. No Critério 7 – Processos, quando
são tratados os processos de relacionamento com os fornecedores, é so-
licitada a prática relativa ao desenvolvimento da cadeia de suprimentos
no que diz respeito à parcela da cadeia que contempla os fornecedores,
por exemplo, uma organização que tem na cadeia um dos “elos” sub-
contratados: um serviço de transporte, por exemplo.
Figura 1: Exemplo de cadeia de suprimentos de uma organização manufatureira.
Fonte: FNQ, 2007.
1 Nota: Por definição (ver o glossário dos Critérios de Excelência 2008), produto é o resultado de atividades ou processos e pode incluir serviços,
materiais e equipamentos, informações, ou uma combinação desses elementos. Assim, considerar no presente texto que o termo produto inclui
também a prestação de serviços.
6 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
O CRITÉRIO CLIENTES
O Critério Clientes está diretamente relacionado com o fundamento Foco no cliente e no mercado,
que preconiza a criação e entrega de valor para o cliente de forma sustentada e maior compe-
titividade nos mercados. Isso se dá por meio do conhecimento e entendimento destas duas
entidades: cliente e mercado.
O Critério está estruturado em dois temas principais. O primeiro referente à Imagem e
conhecimento de mercado, aborda a forma como a organização identifica e entende as
necessidades e expectativas dos clientes e do mercado. Também trata da divulgação dos
seus produtos e marcas. O segundo referente ao Relacionamento com clientes, aborda o
tratamento das reclamações e a avaliação da satisfação, fidelidade e insatisfação dos clientes
em relação a seus produtos.
IMAGEM E CONHECIMENTO DE MERCADO
Este tema trata dos processos que a organização adota para conhecer os clientes e os merca-
dos, e dos processos para ser conhecida. A organização, em um primeiro momento, necessita
identificar onde está — ou pretende estar — com relação a seus clientes e mercados. Em
um segundo momento, ela precisa conhecer as necessidades e expectativas dos seus clien-
tes atuais e potenciais, bem como dos ex-clientes. Para ser conhecida por aqueles clientes e
mercados já identificados, a organização precisa definir suas estratégias para ouvir e apren-
der com os diferentes grupos de clientes e segmentos de mercado.
O quadro 1 apresenta as principais inter-relações com os demais temas dos Critérios de Excelência.
Quadro 1: Principais inter-relacionamentos.
Principais temas
que influenciamMotivos da influência
Tema sob
consideração
Principais temas
influenciadosConseqüências da influência
Governança corpo-
rativa e exercício
da liderança
A governança corporativa, o exercício
da liderança e a interação da Direção
com as partes interessadas afetam a
imagem da organização
Imagem e
conhecimento
de mercado
Governança corpo-
rativa e exercício
da liderança
As necessidades e expectativas dos
clientes devem ser consideradas para
efeitos do exercício da liderança, visan-
do à criação de valor
Analise do
desempenho da
organização
As conclusões da análise de desem-
penho devem ser consideradas para a
correção de rumos dos processos relati-
vos aos clientes e aos mercados
Formulação das
estratégias
As estratégias de atuação no mercado de-
pendem da compreensão das necessidades
dos clientes e do nível de conhecimento
dos clientes e do mercado sobre a organi-
zação, seus produtos e marcas
Formulação das
estratégias
A formulação das estratégias define
tipos de clientes e de mercados da área
de atuação da organização
Relacionamento
com clientes
As práticas de relacionamento com os
clientes podem variar em função das
estratégias adotadas para cada segmento
de mercado e tipo de cliente
Implementação
das estratégias
As metas e iniciativas estabelecidas de-
vem ser desdobradas para os processos
relativos aos clientes
Informações da
organização
As necessidades dos clientes como
usuários devem ser consideradas na con-
figuração dos sistemas de informação
Desenvolvimento
social
Os compromissos éticos influem na au-
tenticidade das mensagens divulgadas
ao mercado e aos clientes
Informações
comparativas
A definição de referenciais comparativos
relacionados a competitividade deve levar
em consideração o mercado em que a
organização se posiciona
Processos princi-
pais do negócio e
processos de apoio
Os processos principais do negócio e os
processos de apoio devem ser definidos
de modo a atender às necessidades e
expectativas dos clientes, gerando bene-
fícios para eles
Resultados relati-
vos aos clientes e
ao mercado
A imagem e o conhecimento de mercado
influenciam diretamente os resultados
relativos aos clientes e ao mercado
Fonte: FNQ, 2007.
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 7
Cliente-alvo+ + = participação no mercado
Segmento “C”Segmento “B”Segmento “A”
Mercado
SEGMENTAÇÃO DO MERCADO E DEFINIÇÃO DOS CLIENTES-ALVO
A segmentação do mercado e a definição dos clientes-alvo (ver figura 2) são pontos básicos
para se poder identificar, analisar e compreender as necessidades e expectativas dos clien-
tes. Cada tipo de cliente possui necessidades e expectativas próprias. Os clientes-alvo são
aqueles para os quais os esforços comerciais estão prioritariamente dirigidos.
Figura 2: Representação de mercado, segmentos e clientes-alvo.Fonte: FNQ, 2007.
No mercado atendido pela organização existem diferenças que, caso não sejam identifi-
cadas, impedem um correto conhecimento das necessidades e expectativas dos clientes.
A segmentação identifica grupos de clientes com necessidades semelhantes, e, assim,
permite que a organização atue de forma diferenciada, oferecendo o que o cliente de fato
deseja. A segmentação é uma forma de dividir o mercado em subgrupos de clientes que
permitam um nível homogêneo de conhecimento das suas necessidades e expectativas.
A segmentação pode ter por base parâmetros como: geográfico, demográfico, psicográfico (di-
visão de um mercado heterogêneo em grupos relativamente homogêneos com base em suas
atitudes, convicções, opiniões e estilos de vida dos grupos), volume e comportamental.
Caterpillar Brasil (CBL)
A CBL utiliza como base para sua segmentação de mercado-alvo os padrões das associações
de fabricantes - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA),
Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas (ABIMAQ) e Equipment Manufacturing Industries (EMI). [...] Há três níveis se segmentação básicos: por região (norte, nordeste, ex-
portação etc.), por ramo de negócio do cliente (construção, florestal, mineração, agricultura,
industrial) e por porte do cliente (pequeno, médio grande, governo).
Fonte: Relatório da Gestão, Caterpillar Brasil, 1999
Um conhecimento maior dos mercados, dos clientes e de suas necessidades e expectativas
passou a ser básico para poder oferecer realmente aquilo que os clientes querem. Alguns
atributos e características dos produtos — garantias, assistência técnica, entrega e cortesia
no atendimento, entre outros — deixaram de ser diferenciais competitivos e já fazem parte
dos requisitos explícitos ou não dos clientes.
8 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum
(EEJT)
A segmentação de clientes e mercados é feita
baseada no critério renda familiar. A segmentação
segue as diretrizes estabelecidas pela Direção
constantes do PE e pelo Planejamento Global
de Marketing, delineados pelo nicho de mercado
conquistado pelo EEJT (preço de custo — classes
A e B — Porto Alegre e pela macroestratégia de
aumentar o “valor do cliente”, buscando consumi-
dores que gerem maior fluxo de renda ao EEJT e
com menor complexidade (clientes-alvo).
Relatório da Gestão, EEJT, 2003.
IDENTIFICAÇÃO, ANÁLISE E COM-
PREENSÃO DAS NECESSIDADES E
EXPECTATIVAS
Juran, em seu livro Liderança pela qualidade, propõe
um roteiro para o planejamento da qualidade em seis
passos (ver figura 3) em que os dois primeiros são
“identificar os clientes” e “determinar as necessida-
des dos clientes”. Dessa forma, a organização estará
mais próxima do ponto de poder fornecer aquilo que o
cliente realmente quer2.
Figura 3: O planejamento da qualidade.Fonte: Juran, 1990.
As práticas de gestão utilizadas para identificar as ne-
cessidades e expectativas dos clientes devem estar
diretamente relacionadas às estratégias da organização
para que se tornem eficazes. Para produtos personali-
zados, por exemplo, é comum a organização usar uma
ferramenta que acumule rapidamente informações
sobre as necessidades dos clientes e as coloque dispo-
níveis para os responsáveis por desenvolver, produzir
e entregar o produto.
Existem diversos métodos e ferramentas para se identifi-
car, analisar e compreender as necessidades e expectativas
dos clientes: focus group com clientes e Quality Function
Deployment (QFD são dois exemplos.
O primeiro é uma técnica de entrevista em grupo em
que um tema é conduzido por um moderador, den-
tro de um grupo homogêneo. O focus group permite
riqueza e flexibilidade na coleta de dados e ganho em
espontaneidade pela interação entre os participantes.
O Quality Function Deployment (QFD)3, ou Des-
dobramento da Função Qualidade, é uma ferramenta
que, por meio de matrizes, “traduz” as necessidades do
cliente em requisitos até o planejamento do processo
e da produção. A primeira matriz do QFD é conhecida
pelo nome de “casa da qualidade”, e as informações re-
lativas às necessidades e expectativas dos clientes são
consideradas nessa fase inicial do QFD para identificar
os requisitos específicos de projeto. Nas etapas seguin-
tes, e de forma sucessiva, os requisitos de projeto são
desdobrados em características do produto/serviço, es-
tes em especificações de processos, e, finalmente, estas
em requisitos de produção. A figura 4 apresenta um es-
quema com as matrizes do QFD.
Figura 4 – Matrizes do QFD.Fonte: EUREKA, William E.; RYAN, Nancy E., 1992.
Outras formas de interagir com os clientes, com o objetivo
de conhecer suas necessidades e expectativas, são: pes-
quisas por meio de questionários ou entrevistas; estreita
integração com clientes-chave; treinamento do pessoal
da linha de frente em métodos sobre como ouvir os clien-
tes; utilização de incidentes críticos — reclamações, por
exemplo — para entender o ponto de vista dos clientes; e
entrevista com clientes perdidos para melhor entender por
que deixaram de comprar. Existem, ainda, práticas utiliza-
das para conhecimento do mercado e que não dependem
da interação com os clientes, como participação em feiras,
seminários, conferências, congressos. Nesses eventos, a or-
ganização consegue conhecer o que o mercado demandará
mesmo antes que seus clientes se manifestem.
Identificar clientes
Determinar as necessida-
des dos clientes
Traduzir para a linguagem
da organização
Desenvolver
características do produto
Desenvolver processos
Transferir para operações
2 Nota: Para mais detalhes sobre desenvolvimento de processos, consultar o Caderno 7, Processos, Processos principais do negócio e processos de apoio.3 EUREKA, William E.; RYAN, Nancy E. QFD: perspectivas gerenciais do desdobramento da função qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 9
É parte fundamental da compreensão das demandas
a identificação da importância relativa para o cliente
das suas necessidades e expectativas, que é uma prá-
tica que leva a organização a ver o seu produto com os
“olhos” do cliente. Este conhecimento ajuda a organi-
zação a direcionar seus esforços de venda, e determinar
os principais fatores de decisão de compra. O quadro 2
apresenta exemplo de avaliação da importância relativa,
usado pela Bahia Sul Celulose (PNQ 2001), em que os
atributos do produto estão divididos por segmentos e é
apresentado o resultado da pesquisa com os clientes.
Quadro 2: Exemplo de avaliação da importância relativa dos atributos do produto “papel”
Segmento Atributos do produtoImportância
Relativa
CME
Sujidade 75,0%
Alvura 75,0%
Uniformidade 56,3%
CMI
Alvura 75,0%
Uniformidade 60,0%
Sujidade 55,0%
PME
Uniformidade do papel 71,4%
Alvura 57,1%
Andamento em máquina 57,1%
Gramatura 28,6%
PMI
Uniformidade do papel 60,2%
Precisão da gramatura 52,8%
Alvura 43,5%
Andamento em máquina 43,5%
Nota: Celulose para o mercado externo (CME); Celulose para o
mercado interno (CMI); Papel para o mercado externo (PME); Pa-
pel para o mercado interno (PMI).
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose, 2002.
Suzano Petroquímica
Pesquisas de âmbito nacional com os clientes
(Pesquisa de Posicionamento) conduzidas por
empresa especializada, contratada. As pesquisas
identificam os atributos desejáveis, as necessida-
des, os fatores de decisão de compra e a posição
da empresa e a dos concorrentes por segmento. A
identificação da importância, ou valor relativo, de
cada ponto é feita conforme metodologia própria
da empresa de pesquisa contratada. As pesquisas
são aplicadas em uma amostragem desses clientes
e são feitas sem a identificação do contratante.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005
DIVULGAÇÃO DOS PRODUTOS, MARCAS
E AÇÕES DE MELHORIA
As organizações Classe Mundial possuem mecanis-
mos para divulgar seus produtos, suas marcas e suas
ações de melhoria com relação às práticas de gestão e
produtos de forma que sejam conhecidas e reconhe-
cidas pelos clientes e mercados. Com essa finalidade,
são estabelecidos planos de comunicação, definindo a
utilização de diversos meios, dentre os quais podem
ser citados:
• veiculação de anúncios nas diversas mídias;
• materiais por meio físico – publicações, folhetos,
catálogos;
• meio eletrônico – portais na internet, mensagens
eletrônicas;
• patrocínio e participação em eventos – feiras, con-
gressos, cursos;
• visitas aos clientes; e
• visita dos clientes às instalações da organização.
A marca é uma forma de identificar bens ou serviços e
de diferenciá-los dos concorrentes. É um ativo intangí-
vel com diversos exemplos conhecidos, em que a marca
é de alcance mundial e de grande valor comercial.
A divulgação dos produtos, das marcas e das ações de
melhoria está relacionada à importância da organização
criar, com seus clientes e mercado, um relacionamento
de confiança, credibilidade e imagem positiva.
Em algumas situações, o produto (ou marca) está as-
sociado a uma chancela que lhe fornece confiança e
credibilidade. Um exemplo da importância da credibi-
lidade, confiança e imagem positiva para reforçar um
produto é a chancela dada por governos para bebidas
e alimentos. Isso ocorre principalmente nos países
com monarquias ou nos organismos nacionais, como
no caso do credenciamento pelo Inmetro (Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial), dos organismos certificadores das normas
ISO e da FNQ para prêmios regionais e setoriais.
CLAREZA, AUTENTICIDADE E ADEQUA-
ÇÃO DAS MENSAGENS
A comunicação tem um papel importante na criação
de expectativas pelo cliente. Prometer e não entregar
o prometido — a conhecida “propaganda enganosa”,
considerada no Código de Defesa do Consumidor (art.
37 – Lei n. 8 078/90) — é uma situação a que uma or-
ganização Classe Mundial não pode estar sujeita.
Dependendo do porte da organização, a centralização
da divulgação para o público externo por assessoria de
imprensa ou de propaganda é prática usual, para asse-
gurar a clareza e a autenticidade das informações que
são passadas. Dependendo do seu conteúdo, as men-
sagens devem ser aprovadas pela área técnica e passar
também pela análise do setor jurídico da organização.
Uma forma de garantir a autenticidade e o conteúdo
das mensagens, principalmente nas propagandas, é
a utilização de informações provenientes de organis-
mos independentes que autentiquem as informações
relativas ao desempenho do produto ou serviço. Uma
prática usual consiste em obter a chamada “certifica-
ção voluntária” perante uma entidade que reconheça
10 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
o atendimento pelos produtos e serviços a requisitos
preestabelecidos. Um exemplo dessa prática de certi-
ficação voluntária é o reconhecimento da Organização
Nacional de Acreditação (ONA) das organizações da
área da saúde que atendem às normas do Sistema
Brasileiro de Acreditação. Outro exemplo: diversos ti-
pos de produtos e serviços que recebem esse tipo de
certificação do Inmetro, como mangueiras de incên-
dio (produto que deve obedecer às normas da ABNT
NBR 11.861 e 14.349) e SPIE — Serviços Próprios de
Inspeção de Equipamentos (serviços que devem obe-
decer à norma ABNT NR-13).
Bahia Sul Celulose
Qualquer material de divulgação institucional
para o público externo só pode ser emitido após
análise e aprovação da ASCOM – Assessoria de
Comunicações, ligada diretamente ao GERHU,
que garante a veracidade, clareza, consistência
e uniformidade das mensagens. O conteúdo
adequado e de acordo com os nossos valores e
código de ética é obtido no processo de aprovação
em dois níveis:
a) No âmbito do setor de comunicações, com a
validação técnica
b) No âmbito da Diretoria, com a validação es-
tratégica.
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose, 2001.
NÍVEIS DE CONHECIMENTO DOS CLIEN-
TES E DOS MERCADOS
Todo o esforço da organização para se fazer conhecer,
depois de ter identificado os seus clientes-alvo e os
respectivos mercados, precisa ser avaliado. Será que os
clientes e os mercados são capazes de se “lembrar” da
organização, de suas marcas e de seus produtos?
Essa avaliação se faz por meio de diversos mecanis-
mos, estando entre eles itens específicos da pesquisa
de satisfação de clientes. Uma técnica já tradicional no
mercado brasileiro é a pesquisa “top of mind”.
A pesquisa “top of mind” é um levantamento amos-
tral relativo à primeira lembrança de marcas, produtos
e serviços, com pergunta do tipo “Qual a primeira mar-
ca que lhe vem à cabeça quando se fala em cerveja?”.
Serve de exemplo a realizada pelo jornal Folha de S. Paulo que já atingiu 16 edições, desde 1991, e contem-
pla 40 categorias de produtos e serviços de consumo
popular, desde bebidas, refrigerantes, sabonetes e
material de limpeza até serviços como bancos e presta-
doras de serviço telefônico.
Serasa
O acompanhamento e o monitoramento da per-
cepção da empresa pelo mercado e pelos clientes
são realizados periodicamente por meio de pes-
quisas, que avaliam os aspectos relacionados à
imagem, à marca e a seus produtos.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005
IMAGEM PERANTE OS CLIENTES E MER-
CADOS
A imagem se forma para o cliente com base nas expe-
riências, nos conhecimentos e nas impressões que ele
tem em relação à organização. Depois de todo o pro-
cesso de divulgação de seus produtos e marcas, qual é
a imagem que o cliente faz da organização? Será que
ele faz da organização aquela imagem que ela gostaria
que fizesse? “A imagem organizacional é a forma com
que um indivíduo vê a organização” (Kotler, 1994).
Diferentes clientes podem ter diferentes imagens da
mesma organização. A verificação de como os clientes
e os mercados vêem a organização se torna fundamen-
tal no processo de relacionamento com os mesmos.
É prática comum fazer a avaliação da imagem por meio
de pesquisa com os clientes e os mercados, a qual pode
ser conduzida pela própria organização ou por organi-
zação externa independente.
Uma ferramenta utilizada para se avaliar a imagem da
organização é sugerida por Kotler em seu livro Marketing estratégico para instituições educacionais, a chamada “ma-
triz familiaridade-favorabilidade” (MFF) que mede
o quanto cada público estudado possui em termos de
conhecimento (familiaridade) e de conceito (favorabili-
dade) em relação à organização. Além de poder avaliar a
imagem da organização, a matriz MFF permite definir
ações para corrigir eventuais lacunas no processo de di-
vulgação dos seus produtos e marcas.
Sebrae/MS
A imagem da organização é avaliada perante os
clientes e mercados pela pesquisa específica e
pelo clipping, que mostram, concretamente, a
imagem positiva da instituição perante os seus
clientes e o mercado, conforme análise do per-
centual da pesquisa, e pela conquista de espaços
gratuitos em importantes veículos de comunica-
ção., A última pesquisa realizada apontou que
76,4% dos clientes e 69,5% dos não clientes ava-
liam positivamente o Sebrae/MS, evidenciando-o
como a instituição mais bem avaliada em relação
às demais instituições similares do Estado, obten-
do uma avaliação positiva.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2003.
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 11
RELACIONAMENTO COM CLIENTES
O relacionamento é um recurso fundamental para o entendimento e a gestão das necessida-
des e expectativas dos clientes, bem como para o desenvolvimento de novos negócios.
Este tema trata da forma como os canais são definidos e colocados à disposição dos clientes
para que eles apresentem suas manifestações — reclamações, sugestões, pedidos, solicita-
ção de informações e elogios e como essas manifestações são tratadas. A solução adotada
deve ser passada para os clientes e, internamente à organização, para as áreas pertinentes.
Outro ponto tratado neste tema diz respeito à forma como a organização avalia a satisfação,
a fidelidade e a insatisfação do cliente.
O quadro 3 apresenta as principais inter-relações com os demais temas dos Critérios de Excelência.
Quadro 3: Principais inter-relacionamentos.Principais temas
que influenciamMotivos da influência
Tema sob
consideração
Principais temas
influenciadosConseqüências da influência
Governança
corporativa e
exercício da
liderança
A governança corporativa, o exercício
da liderança e a atribuição de valor ao
cliente influenciam a sua satisfação
Relaciona-
mento com
clientes
Governança
corporativa e
exercício da
liderança
A segmentação do mercado e o
agrupamento de clientes utilizado
devem orientar a definição dos
canais de relacionamento com o
cliente, assim como os mecanismos
de interação da Direção com os
clientes (que deve ser considerado
um canal especial)
Implementação
das estratégias
As metas e iniciativas estabeleci-
das devem ser desdobradas para os
processos relativos aos clientes
Formulação das
estratégias
A avaliação da satisfação, da fideli-
dade e da insatisfação dos clientes
em relação à concorrência subsidia
as análises estratégicas
Análise do
desempenho da
organização
As conclusões da análise de de-
sempenho devem ser consideradas
para a correção de rumos dos pro-
cessos relativos ao relacionamento
com clientes
Ativos
intangíveis
A avaliação da satisfação, da fidelida-
de e da insatisfação dos clientes em
relação aos clientes da concorrência
apóia a identificação de ativos intan-
gíveis geradores de diferenciais
Imagem e
conhecimento
de mercado
As práticas de relacionamento
com os clientes podem variar em
função das estratégias adotadas
para cada segmento de mercado e
tipo de cliente
Processos princi-
pais do negócio
e processos de
apoio
Os processos principais do negócio
e os processos de apoio podem ser
melhorados com base nas infor-
mações decorrentes da avaliação e
comparação da satisfação, da fideli-
dade e da insatisfação dos clientes
Desenvolvimento
social
Os compromissos éticos devem
influenciar as formas como a orga-
nização busca tornar os clientes fiéis
Resultados rela-
tivos aos clientes
e ao mercado
O relacionamento com clientes in-
fluencia diretamente os resultados
relativos aos clientes e ao mercado
Informações da
organização
A gestão do relacionamento com
os clientes — incluindo os canais
utilizados — pode depender do
sistema de informação estabeleci-
do pela organização
Informações
comparativas
A satisfação, a fidelidade e a insa-
tisfação devem ser avaliadas em
relação aos concorrentes
Qualidade de
vida
O clima organizacional exerce
influência no desempenho das
pessoas de linha de frente do rela-
cionamento com o cliente
Fonte: FNQ, 2007
12 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
DEFINIÇÃO E DIVULGAÇÃO DOS
CANAIS DE RELACIONAMENTO
Os canais de relacionamento com os clientes
são a ferramenta que a organização coloca à
disposição para que possa existir maior in-
teração entre essas duas partes, dos mais
sofisticados — contidos na técnica de CRM
(Customer Relationship Management), por
exemplo — aos mais simples — como o “ve-
lho” telefone — mas fundamentais para que
o cliente possa manter contato com a organi-
zação e apresentar suas demandas.
Um importante e simples canal de relacio-
namento com os clientes é o contato direto,
realizado, normalmente, pelas pessoas da
linha de frente, que podem fornecer in-
formações vitais para estabelecimento de
relações duradouras com os clientes.
São exemplos de práticas utilizadas para
colocar à disposição esses canais de aces-
so: Serviços de Atendimento aos Clientes
(SAC) com a utilização de números telefô-
nicos gratuitos, tipo 0800; acessos por meio
de fax, carta ou Internet, do tipo “fale com o
presidente”; folhetos de sugestões; pesqui-
sas de opinião; e ouvidoria (ombudsman).
É importante que os canais escolhidos pela
organização estejam de acordo com os ti-
pos de clientes (segmentação do mercado e
agrupamento dos clientes, conforme defini-
do anteriormente) e que a existência desses
canais seja convenientemente comunicada
aos clientes, por exemplo, por meio de fo-
lhetos, propaganda, rótulos dos produtos.
Companhia Paulista de Força e
Luz (CPFL)
Apesar da grande estrutura de atendi-
mento, muitas das manifestações dos
clientes chegam à empresa por meio
dos eletricistas. Treinados e capacita-
dos para atender às ocorrências, eles
são vistos como o primeiro ponto de
contato com os clientes e os orientam a
usar os canais formais de atendimento.
As opiniões/manifestações dos clien-
tes podem ser encaminhadas pelos
próprios colaboradores à equipe, de
back-office do Call Center. Para facilitar
e formalizar este processo, existe um
0800 específico para os eletricistas.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005.
TRATAMENTO DAS RECLAMAÇÕES OU SUGESTÕES
O ponto crítico no tratamento das sugestões ou reclamações dos
clientes — principalmente estas últimas — está em se ter uma solu-
ção rápida e eficaz, incluindo a recuperação da confiança do cliente.
A gestão das reclamações e sugestões inclui a análise das causas e a
determinação de prioridades, com base no impacto das demandas
nos custos, na retenção do cliente e na imagem da organização. Todo
o processo pode ser apoiado pela atuação de grupos multifuncionais
para a solução de problemas e, também, por sistemas informatizados
que permitem o registro e acompanhamento das reclamações e su-
gestões. É importante que sejam consideradas todas as reclamações
e sugestões incluindo aquelas recebidas por meio de contatos in-
formais. Um processo estruturado de tratamento de reclamações ou
sugestões inclui a definição de padrões de atendimento, tempo para
resposta formal aos clientes e mecanismos de controle. Na Bahia
Sul Celulose, o processo está estruturado conforme apresentado na
figura 5, sendo que o prazo para atendimento das reclamações é de
dez dias úteis.
Figura 5: Processo de tratamento de reclamações da Bahia Sul Celulose.Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Bahia Sul Celulose, 2001.
É comum o uso pelas organizações de procedimentos de tratamento
de reclamações e sugestões pertencentes a sistemas de gestão como
o ISO 9001 e o 14001 destacando a fonte da demanda como originá-
ria de cliente.
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 13
Escritório de Engenharia Joal Teitelbaum (EEJT)
Solicitações, reclamações e sugestões podem ser recebidas por qualquer colaborador, de
maneira formal (formulário via fax, e-mail, home page ou correio) ou informal (conversa
ou contato telefônico). No entanto, obrigatoriamente, a mesma é internalizada no Banco
de Dados pelo Diretor de Qualidade.
Devido ao fato de que estas sugestões e reclamações ficam armazenadas em um sistema
de banco de dados, as mesmas automaticamente servem para promover ações de me-
lhoria que possam ser repassadas aos setores pertinentes para atuarem proativamente
frente a situações semelhantes.
Reclamações e Solicitações são analisadas pelo CE em reuniões de análise crítica de
modo que sejam internalizadas no Sistema de Gestão e atuem proativamente na reso-
lução e antecipação de problemas.
Após a resolução do problema ou internalização da sugestão ou reclamação, o cliente rece-
be feedback pelo DQRC ou DPRM, aceitando-a através de Formulário Específico.
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, EEJT, 2003
COMUNICAÇÃO SOBRE OS RESULTADOS DA ANÁLISE DAS RECLA-
MAÇÕES OU SUGESTÕES E IMPLEMENTAÇÃO DAS AÇÕES
As sugestões e reclamações dos clientes também possuem um importante papel: o de servir
de aprendizado para a organização, o chamado “aprender com o incidente”.
Em primeiro lugar, o cliente deve ser informado sobre os resultados da sua demanda,
como uma demonstração da importância do seu contato com a organização. Caso a solicita-
ção seja considerada procedente a solução deve necessariamente atender a demanda e, se
possível, incluir algum mecanismo para surpreender agradavelmente o cliente. É funda-
mental que a causa raiz do problema seja detectada e ações proativas sejam desenvolvidas
para evitar a recorrência do problema. Dentre essas atividades, é importante a divulgação
do assunto dentro da organização para conhecimento e envolvimento de todas as áreas que
se relacionam com o tema.
Petroquímica União (PQU)
As manifestações dos clientes são recebidas, classificadas e tratadas de forma adequada
em função da pertinência. Concluída a implementação da melhoria, o cliente é contatado
para avaliação do atendimento às suas necessidades.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005.
ACOMPANHAMENTO DAS TRANSAÇÕES COM OS CLIENTES
O acompanhamento das transações é uma forma de realimentação processada na organiza-
ção para evitar problemas de relacionamento, em que se procura verificar o desempenho dos
produtos e, até mesmo, o atendimento durante todo o processo de fornecimento do produto.
A falta de contato após a concretização do negócio transmite a sensação de que a organização
está mais preocupada com a venda do que com o relacionamento duradouro. O acompanha-
mento das transações demonstra a consideração com o cliente, sendo um forte mecanismo de
aumento da satisfação e fidelização. Esse acompanhamento é comumente realizado por meio
de telefonemas específicos, visitas programadas e carta-resposta pré-franqueada.
Suzano Petroquímica
As transações são acompanhadas pelas visitas do grupo de vendas. As áreas de Serviços
Técnicos e Logística podem ser acionadas para eventual apoio. Destacam-se práticas
especiais para o acompanhamento nos casos de desenvolvimento de produto, desen-
volvimento de novas aplicações, serviços logísticos e novos clientes.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005.
14 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
Uma forma especial de acompanhamento das transações está relacionada à entrega de pro-
dutos a novos clientes ou à entrega de novos produtos — lançamentos, por exemplo — aos
clientes, inclusive aqueles que já são habituais compradores dos produtos da organização.
Essas duas situações são consideradas especiais, pois podem existir problemas no atendi-
mento das necessidades e expectativas dos clientes. Para se ter certeza de que elas são
atendidas conforme previsto, é importante realizar o acompanhamento dos vários processos
pelos quais o produto passa até sua entrega aos clientes.
Conforme o tipo de produto, devem ser considerados apoios necessários para o início do uso,
além do que já normalmente consta dos manuais e cartas de entrega. Muitas organizações
elaboram e encaminham um folheto de boas-vindas, com explicações simples resumindo o
manual e informações sobre como contatar a organização para dirimir dúvidas.
Politeno
A Politeno mantém prática de desenvolvimento de novos produtos, pela qual o cliente
recebe o acompanhamento técnico — amostra da resina para a realização de testes e
avaliações preliminares. Somente após a aprovação, o cliente tem a alternativa de compra
de uma pequena quantidade (“lote-piloto”) para a total consolidação dos resultados.
Em seguida, com a aprovação de seu produto final, o cliente é direcionado para a área
de vendas da Politeno, que negocia as condições comerciais da futura programação.
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Politeno, 2002.
AVALIAÇÃO E COMPARAÇÃO DA SATISFAÇÃO, DA FIDELIDADE E DA
INSATISFAÇÃO
A satisfação está associada a um sentimento de prazer ou de desapontamento por parte
do cliente, resultante da comparação do desempenho esperado pelo produto com as suas
expectativas. A avaliação da satisfação, da fidelidade e da insatisfação do cliente pode in-
cluir tanto escalas numéricas (avaliação quantitativa) quanto escalas descritivas (avaliação
qualitativa). Uma avaliação eficaz deve fornecer informações confiáveis sobre os atributos
do produto e dos serviços a ele relacionados, segundo a visão do cliente, bem como sobre a
relação entre essa visão do cliente e a probabilidade de suas ações futuras relacionadas à re-
compra e ao fornecimento de referências positivas para a organização. A satisfação do cliente
pode ser considerada, de forma simplificada, uma questão de análise da expectativa versus
desempenho efetivo.
É importante destacar que os conceitos satisfação e insatisfação não são complementares. En-
quanto a satisfação só pode ser avaliada por meio de manifestações dos clientes, a insatisfação
decorre usualmente da ocorrência de eventos adversos, que podem ser monitorados direta-
mente pela organização, tais como número e gravidade das reclamações, atrasos na entrega,
erros de quantidades ou especificações, falhas nos documentos, atendimentos em garantia etc.
São métodos usuais de obtenção de informações relativas à satisfação: pesquisas, questioná-
rios, focus group e entrevistas.
Quanto à fidelidade a organização deve inicialmente definir, considerando as particulari-
dades de seu produto e negócio, o conceito de cliente fiel, ou seja, aquele que compra
preferencialmente o produto. Uma forma de monitorar a fidelidade dos clientes é acompa-
nhá-los por meio de indicadores do tipo carteira de clientes, participação no mercado, índice de retenção e freqüência de compras.
As informações relativas aos clientes dos concorrentes podem ser obtidas pelos mesmos mé-
todos citados acima e, ainda, por estudos comparativos elaborados pela própria organização
ou por entidade independente. O objetivo dessa avaliação é poder melhorar o seu desempe-
nho e entender quais fatores influenciam o mercado.
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 15
Dana Albarus – Divisão de Cardans
A Pesquisa Anual de Satisfação do Cliente, implementada em 1995, atualmente é
conduzida por uma empresa independente e aplicada separadamente para os mercados
Original e Reposição.
A pesquisa nos oferece as seguintes informações:
• os atributos de valor e sua importância relativa;
• o grau de satisfação nos atributos de valor;
• o grau de satisfação com nosso concorrente (quando o concorrente é identificado);
• grade de priorização: importância x nível de satisfação
Fonte: FNQ: Relatório da Gestão, Dana Albarus - Divisão de Cardans, 2003.
INTENSIFICAÇÃO DA SATISFAÇÃO
As organizações de Classe Mundial sabem que conquistar novos clientes custa muito mais
caro do que manter clientes já existentes. Assim, a busca da fidelidade dos mesmos é econo-
micamente mais interessante. A satisfação apenas não é suficiente para garantir a fidelidade
do cliente. Quem pode garantir que um cliente satisfeito vai voltar a comprar o produto ou
o serviço? Mas a satisfação já é um bom início para se ter a sua lealdade, pois não é normal
que um cliente insatisfeito volte a comprar.
Uma das razões para o cliente não ser fiel está no fato de suas necessidades e, conseqüen-
temente, suas expectativas não serem estáticas. Movem-se no sentido de se alterarem e
crescerem. É preciso estar atento a essas mudanças do cliente, porque se a organização não
o fizer, o concorrente fará. E hoje o concorrente está, literalmente, a um clique do mouse.
O contínuo acompanhamento da percepção do cliente em relação aos produtos e serviços
oferecidos é característica das organizações de Classe Mundial. Qualquer desvio precisa re-
ceber o conveniente tratamento, para evitar dano à imagem da organização ou do produto ou
serviço. O fortalecimento da relação com os clientes vem não apenas pela sua satisfação com
o produto oferecido, mas também pela estruturação de uma forma constante (sistemática)
de relacionamento em que a credibilidade, a confiança e a lealdade estejam presentes. Um
exemplo do resultado da utilização de informações provenientes dos clientes — reclama-
ções, sugestões, solicitações de informações — é o estabelecimento de forma disciplinada de
planos de melhoria que objetivem aperfeiçoar os processos para que seja criado um caminho
para o estabelecimento de relações duradouras com os clientes, buscando a sua fidelização.
Esses planos de melhoria decorrem de análises sistemáticas das pesquisas, estatísticas das
reclamações e soluções adotadas para resolver as mesmas, monitoramento dos fatores adver-
sos e dos indicadores de fidelidade.
Algumas organizações, em função do tipo de negócio estabelecem mecanismos específicos
de incentivo à fidelização tais como maior crédito, prazo de entrega preferencial, visitas es-
peciais às instalações, descontos etc.
Suzano Petroquímica
Os indicadores adversos e de insatisfação são analisados pelas áreas Comercial e In-
dustrial mensalmente e são consolidados e analisados no processo de análise crítica do
SIG. Quando necessário, são estabelecidos planos de ação para o redirecionamento das
atividades, orientados pela alta direção da companhia.
Fonte: FNQ: Classe Mundial, 2005.
16 | Cadernos de Excelência • FNQ | Clientes
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Rio de Janeiro: LTC, 1999.
OBJETIVO
Explicar detalhadamente o Modelo,
seus requisitos e suas inter-relações.
PÚBLICO-ALVO
Todos que estão implementando o
Modelo e o utilizando para avaliação de
uma organização.
Série “Cadernos de Excelência”
INTRODUÇÃO AO MODELO DE EXCELÊNCIA DA GESTÃO ® (MEG)
CADERNOS LIDERANÇA; ESTRATÉGIAS E PLANOS; CLIENTES; SOCIEDADE; INFORMAÇÕES E CONHECIMENTO; PESSOAS; PROCESSOS; E RESULTADOS.
CADERNO AUTO-AVALIAÇÃO E GESTÃO DE MELHORIAS
OBJETIVO
Promover uma
visão global do
Modelo, seus
fundamentos e sua
aplicação.
PÚBLICO-ALVO
Todos que te-
nham interesse em
utilizar o Modelo,
tanto para imple-
mentação na sua
organização quanto
para uma avaliação.
OBJETIVO
Fornecer uma visão
global do ciclo PDCA
de gestão de melhorias,
enfatizando a auto-ava-
liação, as suas diferentes
metodologias e práticas
de planejamento e
controle.
PÚBLICO-ALVO
Todos que pretendam
implementar uma ges-
tão de melhorias a partir
de uma auto-avaliação
tendo como referência o
Modelo de Excelência
de Gestão® (MEG).
Clientes | Cadernos de Excelência • FNQ | 17