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Salve, Jorge! O santo guerreiro que os cariocas adotaram Maio 2012 Ano 11 N o 99

Folha Carioca nº 99

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Edição maio 2012

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Salve, Jorge!O santo guerreiro que os cariocas adotaram

Maio 2012 Ano 11 No 99

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Natação Adulto e 3ª Idade em •raias de 25mNatação Infantil e Bebês•Atividades para portadores de •necessidades especiaisTreinamento para travessias e •performance Hidroginástica•Alongamento Aquático•

Hidroterapia especializada•Relaxamento Aquático (Watsu e Ai Chi)•Hidrotri•

trata

educa

habilita

recupera

atividades aquáticas

Gávea Medical CenterAv. Padre Leonel Franca, 110 - Gávea - RJ (Início da auto-estrada Lagoa/Barra)Tel.: 21 [email protected]

Direção:

Sandra Jabur WegnerCREF 003947/G-RJCREFITO 2/20502-F

estacionamento

rotativo

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editorial

A Folha Carioca participou do evento comemorativo de São Jorge, no Centro do Rio, e traz ao leitor um pouco da festa do padroeiro não oficial dos cariocas. Vale conferir as emoções fotografadas e conhecer um pouco mais do quanto o santo guerreiro é celebrado pelos cariocas.

Neste mês quase não existem publicações periódicas sem tratar de dois assuntos: mães e noivas. E os dois levam a um terceiro assunto: amor. Assunto polêmico e que enche páginas e páginas de livros, inspira criações artísticas na música, na pintura, na cenografia, no teatro, no cinema.... na vida! E quem é corajoso para enfrentar o tema, discutir e dizer que podemos amar e não gos-tar de alguém? Nossa colunista, Iaci Malta, escreve sobre o tema na página 5.

Na página 9, com o artigo “A TV desastrosa no Brasil”, Lilibeth Cardozo compra uma boa briga com as redes de televisão no Brasil. Faz uma crítica a programação que a televisão aberta anda apresentando e também a alguns anúncios, que deram uma bela escorregada no bom-senso.

Alexandre Brandão foi para além do osso, foi nas tripas com sua crônica “Um vagabundo debruçado sobre livros”. O cara está ficando cada vez melhor e encerra sua crônica com uma frase bem melhor que muitas clarisses: “Minha sina é o movimento, faço par com a procura”. Alexandre vai ficar pra sempre na literatura! A Folha Carioca oferece, de graça, o que há de melhor que o Alexandre anda escrevendo.

Esta edição traz ainda uma entrevista com o jogador de vôlei de quadra e de praia, Nalbert, atleta que conquistou o título de melhor jogador do mundo em sua categoria com apenas 17 anos de idade, ex-capitão da Seleção Brasileira, ganhador de diversos títulos e atualmente comentarista de um canal de esportes.

Para completar Ronaldo Wegner, engenheiro de transporte que estuda o sistema metroviário da cidade há bastante tempo, apresenta uma alternativa viável para a Estação da Gávea, que atende principalmente ao interesse público. Confira.

Tem muito mais. A Folha está excelente. Você vai se divertir, e com qualidade.Como estamos nos preparando para a edição número 100, de julho,

aguardamos a contribuição de novos colaboradores, cuidando com carinho de grandes reformas. Para celebrar temos um concurso que vai premiar o trabalho de um leitor com o tema “Sou carioca em uma folha”. Vá lá, acesse nosso site, www.folhacarioca.com.br, inscreva-se, participe. Queremos muitos cariocas na Folha!

Boa leitura!

São Jorge e amor de mãe

FundadoraRegina Luz

EditoresPaulo Wagner / Lilibeth Cardozo

DistribuiçãoGratuita

JornalistaFred Alves (MTbE-26424/RJ)

ColaboradoresAlexandre Brandão, Ana Cristina de Car-

valho, Ana Flores, Arlanza Crespo, Dayse

Máximo, Gisela Gold, Haron Gamal, Iaci

Malta, Lilibeth Cardozo, Luahine Mendes,

Maria bel Baptista, Oswaldo Miranda,

Ronaldo Wegner, Tamas

Captação de AnúnciosAngela: 2259-8110 / 9884-9389 Marlei: 2579-1266

O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Capa Foto de Lilibeth Cardozo

Diagramação Andressa Luz

Projeto gráfico e arteVladimir Calado ([email protected])

Revisão Marilza Bigio

2295-56752259-81109409-2696

ENTRE EM CONTATO CONOSCOLeitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.

[email protected]

Leia a edição pela internet: www.folhacarioca.tk

índice

colunas

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05 Iaci Malta06 Dayse Máximo08 Ana Flores09 Lilibeth Cardozo10 Ana Cristina de Carvalho

11 Alexandre Brandão20 Oswaldo Miranda24 Tamas24 Haron Gamal25 Gisela Gold

Quem é quem

Andréa Manta

Iaci Malta

Amar o próximo como uma mãe ama seu filho

Moda e Estilo

Continuando a conversa sobre o jeans

Maria bel Baptista

Poema

Entrevista

Nalbert

Capa

A festa de São Jorge

Transporte

Estação Gávea tem solução

Saúde

Prevenção de câncer de intestino

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quem é quem

A Baixinha

Andréa Manta nasceu no Rio de Janeiro em 30 de outubro de 1962. Estudou no Colégio Rio de Janeiro e depois no Colégio Peixoto, lembranças gostosas na memória de quem viveu nessa época.

Ela trabalha como corretora de imóveis na Gávea, onde é figura bastante popular, tanto que foi difícil fazer nossa matéria num lugar público. “A Baixinha”, como é conhecida, não parava de atender telefone e ser requisitada por quem passava. Teve que desligar o celular e fomos para um cantinho reservado do restaurante Braseiro, e só assim conseguimos conversar.

Caçula de cinco filhos, perdeu sua mãe aos 16 anos de idade, no auge da adolescência. Depois seu pai casou novamente e teve mais três irmãos. Para ela seu pai foi e é o chão sólido. Médico pediatra, ele jamais deixou de cuidar dela. “Ele me transmite força, brio, caráter e honestidade”. Andréa teve o que é chamado de nanismo, o que a princípio poderia tê-la deixado uma pessoa amarga e infeliz, mas aconteceu exatamente o contrário. Quando jovem fez curso de Teatro na CAL com o ator e diretor Sérgio Brito, pois na época pensava em mostrar a todos que anã leva uma vida normal. Tinha um sonho de fazer novela, para mostrar o nanismo no dia a dia. Segundo Andréa: “Antigamente havia mais preconceitos de um modo geral... Com a globalização muita coisa mudou, a visão mudou. Algumas novelas mostraram a vida cotidiana de pessoas com deficiências, como a

Síndrome de Down, cegueira, paraplégi-cos... Enfim, ajudou muito a quebrar al-guns preconceitos”. Como o preconceito vem em primeiro lu-gar de dentro da gente e ela nunca teve, também nunca sofreu disso. É claro que às vezes surgem dificuldades, como os degraus enormes nos ônibus ou as prateleiras mais altas dos supermercados, as roupas que precisam sempre de bainhas, ajustes, mas tudo isso ela tira de letra. Tem dois sobrinhos, muito .queridos, que a fizeram exercer a maternidade, e mesmo casada há seis anos com Celso (tam-bém conhecido como Tura) resolveram não ter filhos, já que o seu marido tem uma filha.

Mora na Gávea há 25 anos. Adora o que faz e por ser muito comunicativa sempre faz sucesso. Começou como secretária de seu cunhado em uma empresa no Leblon, depois se descobriu corretora de imóveis há doze anos. Há oito trabalha na Gávea Rio Imóveis como corretora, fazendo compra, venda e locação, e nunca mais parou. Seus clientes acabam virando amigos, e sempre que querem vender ou comprar outro

imóvel voltam a procurá-la. Só no prédio em que mora tem quatro vizinhos clientes, e é isso que faz a diferença. “Ver que está feliz a pessoa para quem você vendeu é prazeroso”, ela me contou. E complementa: “Sempre pude contar com os meus gerentes, Jarbas e Rose. Eles me apoiaram e apostaram em meu trabalho... A Gá-vea Rio Imóveis é a “cara” da Gávea, por isso me adaptei bastante em trabalhar aqui! Trata-se de uma imobiliária com um perfil familiar, porém altamente profissional. A toda hora encontramos os nossos clientes, a maioria tornam-se além de vizinhos, amigos, muitas vezes até para o chopinho.” Andréa disse também: ”Tudo que sou devo aos meus pais, meus irmãos e cunhados, e a meus sobrinhos que tanto amo e me fizeram ‘grande’. O que tive de mais precioso nessa vida foi minha família!”

Andréa é um exemplo para pessoas que colocam dificuldades nas suas vidas!

Arlanza Crespo

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Maio, mês das mães, mês das noivas... mês do amor. Falamos do amor de mãe, do amor incondicional, mas, no meu entender o amor

é sempre incondicional e o amor de mãe é nosso melhor exemplo desse fato.

Para vocês entenderem do que estou fa-lando preciso dizer que considero que gostar

Amar o próximo como uma mãe ama seu filho

[email protected]

Iaci Malta

e amar não são a mesma coisa. Para gostar precisamos nos identificar, precisamos ter admiração, o gostar é totalmente condicional, ao contrário do amor. Em particular podemos amar sem gostar e gostar sem amar.

Há algum tempo atrás, recebi pela internet, um vídeo (Eu não gosto de você, mamãe!) que retrata bem o que estou falando. Trata-se de um diálogo entre um bebê de provavelmente 3 anos e sua mãe: o bebê diz à mãe que gos-ta dela quando ela lhe dá biscoitos e a mãe pergunta se ele gosta dela sempre. O bebê então responde que não, e repete que gosta dela quando ela lhe dá biscoitos. A mãe aceita, dizendo que o ama, ao que o bebê responde: “eu amo você também, mas não gosto de você o todo o tempo”.

Talvez vocês estejam se perguntando qual é a importância dessa desvinculação entre o amar e o gostar. E minha resposta para essa pergunta é que acredito que essa vinculação pode ser uma fonte de angústia, pois se percebemos que não gostamos de alguém que é esperado que amemos, ten-demos a pensar que não amamos, ficando então, mesmo que inconscientemente, aprisionados num doloroso e pernicioso sentimento de culpa.

Entender o gostar é fácil: o gostar tem razões, resulta de uma identificação, de uma admiração ou de uma satisfação, como a do

bebê acima. Já o amar é um mistério, simples-mente amamos ou não!

O mistério do amar é tão profundo que é comum confundirmos o amor pelo outro com a necessidade do outro ou, mais precisamente, com o desejo de ser amado pelo outro. Um reflexo disso é a frase bem conhecida e muitas vezes usada para expressar o amor: eu não vivo sem você! No meu entender essa frase expressa mais a necessidade de ser amado do que o fato de amar.

Tudo o que se fala sobre o amor de mãe pode nos ajudar a compreender um pouquinho esse mistério do amor. Por exemplo, já ouvi muitas pessoas dizerem que sofreram por não se sentirem amadas pela mãe (na verdade é pos-sível que todos tenhamos tido essa experiência em algum momento de nossas vidas), mas não me recordo de alguma vez haver ouvido uma mãe dizer que está sofrendo porque pode não ser amada pelo filho! Mas vejo sim a mãe que sofre porque o filho está sofrendo, vejo a mãe que está em paz porque seu filho está feliz.

O amor de mãe é visceral, em algum sentido um filho nunca deixa de ser uma parte de sua mãe; em algum sentido o amor de mãe é também um amor por si mesmo. Lembram do mandamento “amar o próximo como a si mesmo”? Talvez ele fosse melhor compreendido se substituído por “amar o próximo como uma mãe ama seu filho”.

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Continuando a nossa conversa sobre o jeans

Nesta edição, conforme prometido, es-tarei dando dicas e conselhos sobre a melhor forma de usar o jeans.

O jeans, com toda a sua democracia, pode ser usado por todos de qualquer for-ma, mas é preciso que se tenha atenção às

formas que podem favorecer muito ou caso contrário, “arrasar” uma produção. Vamos lá: jeans skinny é perfeito para quem se acha acima do peso. Por ser muito justo ao corpo, ele pede que a parte de cima (blusa) seja mais ampla, disfarçando assim as indesejadas gordurinhas que passam despercebidas por debaixo do volume largo da blusa, além de dar um ar longilíneo, fazendo você parecer mais magra. E é “batata” toda vez que eu uso uma skinny, minhas amigas me perguntam se estou de dieta, pois me acham mais magra. A resposta é sempre a mesma, e é verdade, às vezes estou até com uns quilinhos a mais. Assim sendo, é melhor observar o que mais

a favorece. Precisamos aproveitar nossa sensibilidade feminina e usar o nosso dom do ilusionismo, não é verdade?

Voltando ao jeans, a calça skinny faz muito sucesso entre as mulheres e até mesmo entre os homens, e por mais que os estilistas tentem

tirá-la das novas tendências, não tem jeito, o povo adora.

Quanto a sua lavagem, esse é um ponto importantíssimo, é preciso levar em consi-deração o seu uso final. Quanto mais clean a calça, mais versátil ela é. A lavagem amaciada, que é a lavagem que só tira a goma do jeans, é a mais apropriada para eventos formais e para o trabalho, pois ela entra como pano de fundo para a parte de cima. Por exemplo: uma skinny para noite, pede uma blusa com brilhos e bordados, e nesse caso você deve “exagerar” na blusa, pois a parte debaixo está neutra. Pode-se também usar uma skinny com aplicações de tacha, paetês, pespontos

Dayse Má[email protected]

moda e estilo

metalizados e bordados, mas, nesses casos sempre com a parte de cima neutra, porém sexy.

A lavagem used, detroyer, super Stone, com bigode, vão tornando o jeans com cara de super usado e envelhecido. Cada processo desses encarece e muito o jeans, pois eles são manuais e feitos um a um. Quem está antenado com a moda sabe disso. Por isso que em algumas ocasiões você usa sua calça destruída que foi caríssima, e te perguntam se você não tinha roupa melhor pra colocar. Coisas da moda!

O modelo boyfriend que vem da calça que você pegou emprestada do seu namo-rado, marido, irmão é um ou dois tamanhos acima do seu, e é preciso usar um cinto para que ela não caia. Não é indicada para pessoas muito baixas, pois na maioria das vezes ela ganha volume, sempre usada com a barra enrolada, com comprimento no meio da canela e acaba te encurtando, e aí fazendo com que você pareça mais baixa. O jeans boy friend, sempre está com aspecto desgastado e muito usado, não sendo apropriado para ocasiões formais. Mas para o dia a dia é super confortável e “estiloso”, é o meu preferido. Por não ser uma calça exageradamente larga, ela permite que você use blusas justas ou amplas. No caso das amplas, é sempre acon-selhável colocar a parte da frente pra dentro, aparecendo a fivela do cinto.

A tradicional five pockets, que já foi símbolo de rebeldia, hoje em dia pode até ser considerada uma calça “careta” de tão clássica que é. Ela é neutra e pode ser usada por qualquer um, de qualquer idade, mas é a preferida dos mais velhos, onde o jeans ainda é uma novidade, sempre com pesponto na cor ocre e com lavagem amaciada.

Então, agora, é só você ver o modelo que melhor lhe cai, e sair desfilando por essa cidade maravilhosa.

Até a próxima!

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novidades serviços e entregas

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Ana Flores

Por que comparar as duas, não sei. Também não sei se meus critérios são válidos. Falo apenas como uma viajante que visitou Paris depois de 40 anos sem vê-la, e que entrou em Barcelona pela primeira vez. Pois é, estou me referindo a Paris e Barcelona, que acabo de visitar.

Voltar a Paris depois de 40 anos foi uma emoção difícil de descrever por me trazer de volta a primeira vez em que lá estive, outros tempos, quase outra vida.

Paris é sólida, bem plantada no chão, cheia de História, de coragem, resistência e recuperação. É charmosa – e bota charme nisso! - e intelectual. Parques amplos, livrarias e sebos, catedrais, museus sempre cheios, Montmartre e seus artistas de rua, Marais e seu encanto aconchegante, o Sena e suas margens inspiradoras, as pontes, árvores que no finalzinho de

março já começavam a recuperar seu verde, ao lado de algumas ainda secas, em plena transição entre o gelo e uma quase primavera. Por duas vezes vi um músico literalmente aterrissar seu piano numa esquina e começar a tocar, acompanhado de um contrabaixo, e o jazz se espalhou pelo ar. Em plena rua! A música “April in Paris” não foi composta por acaso. Yip Harburg devia estar em êxtase quando fez a letra.

E talvez por ser tão charmosa, importante e com-pleta, Paris me deu a impressão de que não precisa de ninguém, e não se importa se gostamos dela ou não. Ela está ali, soberana, pairando acima de qualquer crítica ou elogio dos simples mortais. Nós é que pre-cisamos dela. Para nos inebriarmos com seus vinhos, nos deliciarmos com seus pães e queijos, distrair-nos em seus cafés de cadeiras viradas para as calçadas para podermos ver o movimento sem deixar de conversar, provar um vinho – sempre escolhido a dedo por minha prima Lia, minha companheira nessa viagem e enóloga apaixonadíssima por vinhos - ou um “croque monsieur” saído do forno. Como dizem os mais entusiastas, “Paris é Paris, ponto final”.

E então cheguei a Barcelona. A primeira impressão foi a de que aquela cidade me dava as boas-vindas, estava feliz de me ver ali para eu aproveitar o que ela tinha a oferecer. Quase pude ouvi-la dizer “que bom que você veio!” Lá me senti importante, fazendo parte de seu dia a dia, de sua luz, seu tráfego sem engarra-famentos, do sol que me fez tirar o casaco por alguns dias, e do seu mar. Ah, então está explicado! Saí do Rio e me vi novamente diante do mar... Mas nem só de sol vive o homem, o cinza de Paris também tem seu encanto. É que Barcelona, que também tem História, prédios sólidos e um histórico de revoltas e lutas, parece nos convidar a entrar, sentir sua atmosfera convidativa, apreciar a arte de seus filhos famosos nos mosaicos de

Gaudí, nos traços de Miró e na irreverência de Dalí, entre outras belezas. Sem contar o orgulho catalão por sua região ter sido a primeira a acabar com as touradas. E foi orgulho nativo que identifiquei quando ouvimos um cidadão responder à pergunta se ele era espanhol: “Não, sou catalão!”

As construções feitas em Barcelona para as Olimpíadas de 1992 deram certo e até hoje embelezam e facilitam a vida da cidade. Estudantes, turistas e moradores, de todas as idades, provavelmente pensam o mesmo, ou as universidades, os restaurantes, os teatros com música e dança flamencas, os festivais de jazz, balés e concertos não estariam sempre lotados. E quando isso acontece no Palácio da Música Catalã, a festa começa na exuberância da fachada, continua pelas escadarias, halls, lustres e brilhos de seu interior. Um espetáculo à parte.

Paris e Barcelona existem para serem curtidas e viven-ciadas. Ambas são apaixonantes, cada uma a seu jeito.

Dois encantos

Cada bairro de Paris tem seus cafés típicos, cada parisiense seu café preferido

A Casa Milà é um edifício construído em 1907, em Barcelona. Ele foi desenhado pelo arquiteto Antoni Gaudí

e surpreende por não possuir nenhuma linha reta

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Lilibeth Cardozo

A TV desastrosa do BrasilMinha cultura de televisão é quase nula. Não

gosto de televisão e prefiro sempre outras diversões quando estou em casa, principalmente a leitura. Mas o pouquíssimo que assisto já é suficiente para decidir deixar meu televisor desligado.

Quando estou em casa nas primeiras horas do dia, assisto ao noticiário. Os anúncios me chamam a aten-ção. A publicidade em TV é muito bonita e os nossos publicitários muito criativos. Em que pese o horror de se vender felicidade com a aquisição de um carro novo, um par de tênis, um alimento qualquer, é inegável a competência de nossos pu-blicitários e assim é o mundo capitalista: comprar, ter, ostentar, faz qualquer um mais feliz. Contra isto não há o que fazer.

Mas será que tudo é permitido? Está sendo veiculado um anúncio da Peugeot que é uma agressão absurda aos jovens estagiários de nosso país. Será que as agências de controle de propaganda e marketing, para venderem um carro têm o direito de mostrar um filme em que um jovem estagiário, com fisionomia entu-siasmada e buscando trabalhar é usado pelos seus chefes para ser esmagado na porta de uma concessionária? Vocês já viram? O rapaz, ao final do filme, piso-teado por milhares de “compradores” que avançam na loja ainda é motivo de chacota por ser inexperiente; é um “estagiário”, como dizem os dois atores que fazem o filme do comercial. Onde estão os mínimos controles de respeito e ética numa coisa dessas? Punição neles!

Um botão, no aparelho ou no controle remoto, tem a função de ligar ou desligar. Mas, parece que as famílias esqueceram totalmente esta função. Sempre achei que bastava proibir as crian-ças de ficarem horas e horas em frente à tela de TV, dar-lhes outras alternativas de diversão e dentro das casas estaria tudo resolvido para ter um povo menos imbecilizado pelo que se veicula. Defendia também, e ainda defendo, que as emissoras não têm por princípio a função de educar o povo e sim divertir. Mas não é tão simples assim. Em 2009, segundo o IBGE, 96% dos domicílios do Brasil tinham pelo menos um aparelho de TV e a renda domiciliar apresentava um quadro bastante preocupante: domicílios em que o rendimento mensal por pessoa era de até R$ 116,00

representavam 7,4% do total de residências, aproxima-damente 4 milhões e 300 mil domicílios. Com quatro moradores por domicílio, o Brasil abriga cerca de 16 milhões de muitos pobres assistindo à TV. Neste quadro de baixa renda, este é ainda o maior divertimento, mais popular e com maior acesso dos brasileiros. Portanto as redes não podem substituir os projetos de educação no país, que é obrigação do estado, mas negar atenção ao que se veicula é um descaso assustador. Nas noites e nos fins de semana são as bobagens degradantes que

divertem nosso povo. Homens, mulheres e crianças são mostradas em situações de total desrespeito nos vídeos que eles mesmos mandam e as redes de televisão veiculam; competições perigosas e não raro desrespeitosas, prometem dinheiro; brigas familiares, fofocas da vida pessoal de atores expõem à execração pública pessoas respeitáveis; moças e rapazes com belas figuras físicas têm seus corpos expostos como atrativos (alguém conhece algum programa de auditório sem bailarinas seminuas?) e há na maioria dos filmes infantis a

luta, as armas e o matar ou morrer é o objetivo. Assim, como controlar a deformação de um povo com liber-dade das redes de TV que faz uma programação onde o ser humano é humilhado, desrespeitado e exposto a toda sorte de agressões como, por exemplo, nos programas de auditório em que o dinheiro é o maior atrativo? Sou absolutamente contra a censura aos meios de comunicação, mas exigir um mínimo de qualidade é obrigação do governo. Felizmente o jornalismo no Brasil é de bom nível e existem regras das emissoras

na divulgação das imagens nos telejornais.Os reality shows, como Big Brother

e outros, usam e abusam de pessoas; os pastores das novas seitas evangélicas explo-ram a ignorância, desalento e desespero do povo e veiculam falsos milagres nos palcos, enquanto expõe boletos bancários para do-ações, toalhinhas que curam se forem com-pradas e mensagens escritas que, mediante doações em dinheiro, serão encaminhadas à Terra Santa para a salvação eterna. Os pastores trabalham duro, fazendo fortunas, usando a dor e desespero sempre em nome de Deus! Não conheço nenhum homem de marketing mais competente que esses pastores para venderem. E a peça publi-citária é imbatível: Jesus. A promessa de satisfação do “cliente” é a salvação eterna! Liberdade religiosa é uma coisa, embuste é outra. Podem pregar suas mentiras, mas exibir boletos bancários e número de contas em redes de televisão, não é abuso? Não é ilegal? E por que as redes de TV abrem cada vez mais espaço para eles? Dinheiro fácil para todos os lados!

E não há como afirmar que o povo não gosta de qualidade. Vários exemplos fazem parte da história da TV no Brasil. A dramaturgia é um deles. Boas histórias, de grandes autores, adaptadas à TV sempre

foram sucesso e há que se elogiar os excelentes in-vestimentos em séries que trazem, ao mesmo povo que vê imbecilidades, o prazer de assistir a grandes interpretações, maravilhosos cenários, figurinos en-cantadores e histórias bem contadas. O povo que não tem como se divertir por falta de dinheiro, pode se deliciar com um bom programa de TV se a ele for oferecido. O povão, como costumam chamar os mais pobres, é formado de brasileiros grandes amigos de coisas boas!

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A técnica de Pilates se renova e atrai cada vez mais gente. Nos Estados Unidos o número de praticantes au-mentou 471% de 2000 para 2008, e atualmente existem 9 milhões de praticantes.

Ainda não há, no Brasil, uma legislação específica que regulamente o método ou trate o Pilates como uma especialidade das áreas de Educação Física e Fisioterapia. Por isso, o cuidado de quem busca a prática deve ser redobrado. Escolha um ambiente que seja bem arejado, iluminado, com poucos alunos em cada turma e que conte com os equipamentos e acessórios utilizados na aplicação prática do método (Cadilac, Universal Reformer, cadeira Combo, Ladder Barrel, Meia Lua, rolos e bolas). Converse com as pessoas que já praticam o método no estabelecimento que você escolheu. Confirme os benefícios que elas sentiram com a prática. Segundo os especialistas os benefícios para a saúde como um todo podem ser sentidos a partir da décima aulas.

Não se esqueça que deve passar por uma avaliação física antes do início de qualquer atividade! Avaliação postural antes de iniciar o Pilates é fundamental, através dela o professor analisa a simetria na altura dos ombros, posicionamento das escápulas (ossos das costas), simetria do tronco, avaliação de possíveis alterações na coluna, posição da cabeça em relação ao tronco, tipo de joelhos e tipo de pés, o grau de força, equilíbrio e flexibilidade, as queixas do aluno e seus objetivos com o treinamento, tendo com isso condições de programar a rotina dos exercícios de acordo com a necessidade de cada um.

Antes de iniciar, o praticante deve saber o que esperar e exigir do Pilates. Por exemplo, se a intenção do aluno for melhorar a postura, a coordenação motora e o equilíbrio; fortalecer e alongar a musculatura, a técnica de Pilates é ideal, mas se a ideia for ganhar músculos e queimar muitas

calorias para emagrecer, prefira Pilates com Treinamento Funcional, que inclui exercícios cardiorrespitratórios inter-calados com exercícios de Pilates clássico.Músculos, mas sem volume

O Pilates não substitui a musculação e vice-versa. Mas quem faz Pilates se sente mais bem preparado física e mentalmente para qualquer atividade comum do dia a dia, a prática de esportes, e ainda protegido contra lesões. Ele valoriza a qualidade do movimento, não a quantidade. A técnica confere tônus muscular, pois, trabalha com exercícios de resistência, com carga que pode ser o próprio peso, como nas séries no solo, ou a resistência das molas dos aparelhos. Há também pequenos acessórios (elásticos, bolas, cama elástica, halteres, bosu etc) que exercem essa função. O objetivo do Pilates é o equilíbrio entre o tônus e a flexibilidade, mantendo a amplitude dos movimentos. O treinamento deixa o corpo seco e durinho, mas, sem volume exces-sivo e alongados. Prevenção de lesões

Pilates fortalece a musculatura mais profunda, o core, a área do tronco e da pelve envolvida na estabilização da coluna; que não é o foco da musculação. O core bem trabalhado previne lesões. Para fortalecer e definir o abdômen não é preciso se acabar em séries de dezenas de abdominais. Poucas repetições com alto grau de qua-lidade e intensidade são suficientes para fortalecer o core.Melhor concentração

É verdade que o Pilates treina a concentração. Como os exercícios no solo e nos aparelhos exigem grande concentração, o treino termina sendo bom para a execução das tarefas do dia a dia, nos gestos específicos dos esportes e do trabalho, daí o nome de Treinamento Funcional.

Pilates, a atividade física que mais cresceu nos últimos dez anos

saúde e bem-estar

Alívio de doresA técnica previne e trata dores, além de corrigir

desvios posturais acentuados, como hiperlordose e hipercifose (a corcunda). Um dos motivos, é que o indivíduo aprende a corrigir sua postura, a tirar o peso dos calcanhares e da coluna, levando-o mais a frente, mudando seu centro de gravidade para o abdômen que se torna extremamente forte. Baixo risco

Apesar do esforço, o Pilates tem baixo risco de aci-dentes e lesões na execução do exercícios. Tanto que ele é indicado para sedentários, idosos e gestantes, pois quase não há impacto nos movimentos e se trabalha muito a musculatura abdominal e pélvica, o que ajuda a preparar para o parto. Após o nascimento do bebê o método ajuda a recuperar e reativar a musculatura. Ele não tem contra indicações desde que a pessoa esteja apta a praticá-lo.

Ana Cristina de Carvalhowww.pilatesvilla90.blogspot.com

[email protected]

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Alexandre Brandão

Um vagabundo debruçado sobre livros

[email protected]

Grã, estou no meu quinquagésimo ano de vida e não sei com quantos paus se faz uma canoa ou a cor breve do cavalo branco de Napoleão. Não posso ser catalogado entre aqueles que têm problema cognitivo sério, uma demência de fato. Sou um bocoió com algum grau de periculosidade e outro tanto, maior que o primeiro, se não minto, de inocência e bonomia.

Não saber o sabido por todos me deixa triste, um tom mais triste. Resta-me fugir, não enfrentar na lata a questão. É o que faço — lendo.

Não é loucura? Nesse mundo em que se precisa de tanto suor e trabalho, um chulo como eu lê. Passa horas debruçado sobre livros e, assim mesmo, não é capaz de encontrar neles receitas de canoa ou segredos cromáticos de um cavalo.

A questão, exatamente como dizem os cardeais da objetividade, está no foco. Mas o meu foco não é o mesmo desses caras. Gosto mais de impressões do que de assertivas, de improvisos do que de partituras. Hesitante, acompanho em “Diário de um ladrão”, de Jean Genet (Nova Fronteira), a perambulação de um ladrão, traidor e homossexual, não para condená-lo ou absolvê-lo. Não para rir de alguma possível anedota. Ao atravessar o relato de Genet, que se encanta, se

No Osso

apaixona, venera e inveja o marginal, entrego-me amorosamente ao humano — pouco me importa se sublime ou não.

Sou da laia dos que duelam com moinhos de vento (“Dom Quixote de la Mancha”, Cervantes), ou dos que veem num bigode postiço (“Tolo, morto, bastardo e invisível”, Juan José Millás, Nova Fronteira) a chance de dar o próprio grito do Ipiranga, libertando-se assim do incômodo de certa existência. Levo na cara como Quixote e o tolo porque tergiverso quando deveria agarrar-me à retidão dos sentidos. Sou o da contramão, vagabundo meu nome.

Deitando os olhos nos livros cuja leitura me dá à mancheia lição sem pedagogia, o que aprendo, ou, com sorte, apreendo — com quantos paus se faz um breve napoleão — vale no máximo o pio de um entre mil pardais que algazarram pousados em fios elétricos de uma cidade qualquer — a minha, por exemplo.

Abraçado ao que ora descrevo, pergunto ao deus dos idiotas: onde isso vai parar? Ele, sábia divindade herege, dá de ombros e aponta um livro como se dis-sesse “é lá”. O ciclo reinicia. “Cavucoleio” tal livro para não encontrar resposta. Minha sina é o movimento, faço par com a procura.

A idade dos enta atormenta, deixa em pane a mente, enfraquece os músculos, tombam e a juventude perece em uma remota saudade da memória.

Quem “guenta” todos os entas dessa vida?Poucos.Diria grandes homens que trazem na virtude a sabe-

doria de viver tantos entas.Salve Niemeyer.Salve, salve Bibi Ferreira, que no palco sapateia canta

e dança seus muitos entas.Ai Vida! Ai Estrelas! Me levem mágica e sábia assim

até meus muitos entas.Que eu tenha a sabedoria de todos os entas entra-

nhada na minha própria carne bem perto de meus ossos: onde tremem as memórias.

Poema à estrela mais distante da Terra

[email protected] bel Baptista

“Entas”.Uns dizem tendinite, outros, curiosos, artrite, e ou-

tros, mais dedicados, osteoporose ou zásssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss.

Minha mente, como um meteoro, crava no céu a última estrela todo o desejo e a vontade de muitos e muitos entas até eu ser um infeliz e querer partir daqui um dia; e por vontade própria.

Mesmo que faltem dedos para os romances.Os entas permitem-me poemas.Curtos?!...Que seja para uma estrela.A mais distante da terra.Aquela que não vemos nunca sucumbir

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entrevista

Ele sabe tudo de vôlei

Há quem diga que o voleibol é o segun-do esporte mais popular do Brasil. Você acompanhou de perto esse processo de crescimento de popularidade. Mas, em sua opinião, o que ainda pode ser feito para que o vôlei consiga conquistar mais simpatizantes?

Nalbert: A gente está num país em que o futebol realmente extrapola. Mais do que um esporte, é uma paixão. A gente costuma até

falar que o primeiro esporte é o vôlei e que o futebol é uma categoria à parte. Não adianta lutarmos contra isso e querermos ocupar o espaço do futebol. No vôlei, principalmente no que diz respeito aos clubes, pode haver uma melhora muito grande. As pessoas são apaixonadas pela Seleção Brasileira e todos os seus jogadores são muito conhecidos, mas os de clubes não são tão conhecidos assim. Não existe uma popularidade maior em termos de campeonatos nacionais e estaduais de clubes. Talvez essa seja a grande chave para que tenhamos mais simpatizantes e praticantes, e que algumas organizações e até mesmo associações entrem e possam disputar os campeonatos.

Após muitos anos dedicados ao volei-bol, especialmente à Seleção Brasileira, onde você conquistou inúmeros títulos e se tornou um dos melhores jogadores de todos os tempos, como foi o pro-cesso de encerramento da sua carreira?

Processo de encerrar carreira nunca é fácil pra um atleta que viveu tanto tempo aquilo. Eu comecei a jogar vôlei com 10 anos de idade, como profissional aos 17. Foram 20 anos como profissional, além dos anos de amador e, de repente, você se vê obrigado a parar. No meu caso, foi por questões físicas. Eu já não tinha mais condições, estava cansado, meu corpo não respondia mais e a performance estava caindo, o que se torna muito frustrante. Parar é um processo de adaptação. A gente sabe que carreira de atleta é curta. O primeiro passo para que essa transição fosse bem feita

foi aceitar. Eu aceitei e me programei para poder parar, e estou vivendo muito bem nessa carreira pós-quadras.

Você se arrepende de ter saído da se-leção e ter ido para o vôlei de praia?

Não que eu tenha me arrependido, mas se eu tivesse analisado um pouco melhor as coisas, eu reveria porque cheguei num esporte em que o Brasil é muito forte. Eu tinha muito pouco tempo, 3 ou 4 anos, para poder par-ticipar de uma Olimpíada pelo vôlei de praia. Para quem chega num esporte novo, ter que aprender tudo, adquirir experiência, ter o parceiro certo e ainda conquistar pontos era praticamente impossível. Quando eu me dei conta, a situação não era o que eu imaginava, e aí, me deu um pouquinho de ansiedade. Por isso, eu acabei voltando para a quadra e, infelizmente, me machuquei. Mas todas essas experiências fizeram com que eu aprendesse bastante. Hoje em dia, sigo na minha vida fora do esporte os ensinamentos, principalmente do fim de carreira, porque foi bem difícil.

Podemos fazer uma comparação entre o time brasileiro atual e o que você fez parte?

Acho que têm várias gerações que a gente pode comparar. A primeira geração importante que o Brasil teve foi nos anos 80, a chamada geração de prata. Inclusive, foi naquela época que comecei a jogar. Aquela era uma geração muito talentosa, talvez a mais talentosa de todas, mas com estatura baixa. Eles conse-guiam jogar em âmbito internacional, mas faltava um pouco de estatura e força física

Nalbert Tavares Bitencourt conquistou o título de melhor jogador do Mundial da Juventude de 1991 com apenas 17 anos de idade, quando ainda era atacante de ponta do Flamengo. Naquele mesmo ano havia sido convocado para a seleção masculina de vôlei, onde mais tarde se tornaria medalhista de ouro pelas Olimpíadas de Atenas (2004). Capitão do time a partir 1997, Nalbert quase ficou de fora do grupo de Bernardinho, em Atenas, após uma cirurgia em decorrência de uma contusão muito grave no ombro. Em 2005, foi para o vôlei de praia, fez parceria com Guto, e logo retornou às quadras. Nesse vai e vem, ele foi novamente das quadras para as praias em 2008. Em 2010 anunciou sua aposentadoria como atleta. Hoje, casado com a atriz Amandha Lee, tem uma filha de dois anos, Rafaela.

Luahine Mendes

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Nalbert, atleta de ponta na quadra e na praia

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para poder ganhar. Logo em seguida, veio a primeira geração de ouro, campeã olímpica em Barcelona, onde o Brasil estava, para mim, na excelência. Mas foi uma surpresa, pois o Brasil não era favorito naquela Olimpíada, e ganhou. Era um time muito refém de seis jogadores. O vôlei tem 12 jogadores: seis titulares e seis reservas. Aqueles seis jogadores jogavam sempre e o time não conseguiu se manter no topo porque a diferença entre os titulares e reservas era muito grande. Logo em seguida, veio a minha geração. Tudo o que foi aprendido com as outras gerações, nós utili-zamos. A gente teve Giovane e Maurício que participaram da geração olímpica de Barcelona e o Bernardinho, que era da geração de prata. A nossa maior preocupação era fazer um time que não fosse refém de seis jogadores, que fosse homogêneo e completo. Acho que ter 12/15 jogadores que se revezavam e jogavam no mesmo nível foi nosso grande segredo. É e por isso que a gente conseguiu ganhar tanto.

O Bernardinho, técnico da seleção masculina de voleibol, é um campeão nato. Técnicos como ele podem mudar uma equipe?

Muda, com certeza. O vôlei é um dos esportes mais coletivos. Todas as ações são em conjunto e é preciso o comando de alguém muito competente.

O que você acha do esporte como ferra-menta de sociabilização das crianças de comunidades carentes, tirando-as do vício das drogas e da marginalização? Você tem algum projeto voltado para esta questão?

É uma das vontades que eu tenho. Ainda não corri atrás disso, mas sou parceiro de vários projetos sociais que envolvem esporte. Eu tinha uma escolinha de vôlei em Resende, interior do Rio. Mantive durante três anos, mas fiquei um pouco desanimado porque o pessoal de lá prometeu ajudar e no fim das contas, ninguém ajudou em nada. Na hora da inauguração estava todo mundo lá tirando fotos, mas na hora de ajudar no dia a dia, desapareceu. Mas eu ainda tenho essa ideia de fazer um projeto na cabeça. Acho que não há nada melhor que o esporte pra que as crianças aprendam a ser boas cidadãs, pois os valores do esporte são os melhores possíveis, sempre. Criança que se preocupa com educação e esporte não vai ter tempo para coisa ruim. Um exemplo disso aconteceu na minha casa. Eu fui o único que seguiu a carreira profissional, mas meus irmãos também jogaram, meu primo Sergio foi atleta e são todas pessoas vencedoras, seguindo seus caminhos longe das coisas ruins.

Na sua opinião, o governo tem investido o suficiente em esportes?

Acho que não. A gente tem aí os governos municipais, estaduais e federais, cada um fazen-do seus projetos sem uma unificação. Não há uma política nacional definida. Tem o Comitê Olímpico Brasileiro que cuida dos esportes olímpicos, mas que, juntamente com o gover-no, tem possibilidade também de transformar o esporte em prioridade. Mas eu não vejo isso acontecer aqui. Está passando aqui um cometa das grandes competições e, se a gente não aproveitar, só passa de novo daqui a 300 anos.

Ainda mantém contato com seus com-panheiros da Seleção?

Falo com eles direto. Hoje em dia, as redes sociais ajudam muito. A gente tem nelas um contato fácil e rápido. E, por eu ser comentaris-ta, muitas vezes eu encontro com eles. É algo que eu tento manter porque é muito saudável.

Quem são seus ídolos no esporte?Meus grandes ídolos de infância foram o

Bernard e o Renan. Para mim, os maiores de todos. Mas o maior ídolo no vôlei é um ame-ricano, um cara que eu me inspirei, que é o maior de todos os tempos, o Karch Kiraly. Foi ele que eu tentei ser. Digamos que na quadra eu tenha chegado perto, na praia é que... (ri-sos). Ele foi o único que conquistou medalhas de ouro olímpicas na praia e na quadra.

Agora que você não está mais atuando nas quadras, o que tem feito profissio-nalmente?

Trabalho como comentarista do Sport TV, trabalho num projeto de vôlei dentro do Banco do Brasil, o Embaixadores do Esporte, e viajo o Brasil inteiro com isso. Tem uma agência de publicidade, na Barra da Tijuca, onde estamos montando um “braço espor-tivo” porque o impacto esportivo hoje em dia está crescendo devido a estas grandes competições aqui no Brasil. Eu sou sócio de um restaurante, vocês estão convidados para irem prestigiar. É no Leblon: Da Silva. Eu também voltei a estudar. Estou fazendo um curso de Gestão e Marketing Esportivo. Quanto mais conhecimento eu adquirir, melhor.

Você espera que sua filha, Rafaela, de dois anos, siga os passos do pai?

Bom, ela é filha de um atleta e uma atriz, e a gente até brinca que ela vai ser uma engenheira química, uma astronauta ou algo assim. Eu quero que ela seja feliz dentro do que ela escolher. Só espero que ela escolha uma atividade bacana.

Você jogou com atletas de todas as classes sociais e origens geográficas. Deixe uma mensagem para a garota-da que está começando agora sobre como se faz um campeão.

Quanto mais gente estiver praticando esporte, maior a probabilidade de surgirem campeões. Da quantidade se tira a qualidade. E as grandes potências olímpicas são assim e, não por coincidência, são os países mais desenvolvidos do mundo. Acho que ser um país desenvolvido passa por ser uma potência olímpica no esporte também, por-que aqueles que não se tornarem grandes atletas se tornarão grandes pessoas e estarão prontas para encarar a vida da melhor forma. Tem que sonhar mesmo e não esperar que o sonho caia do céu. É preciso correr atrás. A grande virtude dos atletas é ser determinado, disciplinado e buscar os seus sonhos.

Nalbert com 1 ano segurando uma trave de vôlei em Copacabana

Nalbert no Vôlei de praia

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Salve Jorge, o santo dos cariocas!

A igreja de São Jorge, na esquina da Rua da Alfândega com a Praça da República, era o destino de milhares de cariocas que seguiam pelas ruas da Saara na segunda-feira, dia 23 de abril. Com o feriado pela data, as lojas fechadas deixaram o centro da cidade quase vazio, e as estreitas ruas que compõem o espaço, denominado secularmente de Saara, não tinham comerciantes e consumidores.Com o vazio do comércio fechado, a paisagem do Rio antigo, com seu casario de época, ganhou uma pincelada de vermelho da fé, esperança e devoção

capa

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Filas se organizaram naturalmente por vários pontos em direção à igreja. Vestidos de vermelho e branco, sem tumulto, sem necessidade de coor-denação, os devotos do santo guerreiro passavam horas nas filas até o momento de, aos pés da imagem, fazerem suas orações de agradecimentos ou pedidos. Flores vermelhas, imagens, chamas, velas, amuletos, cantos, capoeira, missas, umbanda, credos e rezas. Tudo, nas roupas de um vermelho encarnado de homens e mulheres, expressava o que as câmeras de diferentes fotógrafos não retratariam jamais: emoção! Foi no reinado de São Sebastião que o Rio foi batizado, mas o povo carioca tem como padrinho São Jorge, o santo guerreiro.

HistóriaA história do santo, um mártir, tem diferentes

versões, mas em todas o santo sempre aparece como guerreiro imbatível. E ser guerreiro, vencer, é o so-nho de qualquer ser humano, além da proteção que inspira a evocação dos que, aos pés das imagens ou nas oferendas, pedem por parentes, amigos ou causas difíceis A versão mais difundida pela Igreja Católica é a do soldado da Capadócia (Turquia) e militar do Império Romano que enfrentou o imperador Diocle-ciano, que exterminava os cristãos. Jorge, que nunca escondeu sua fé cristã, foi torturado por sua opção de credo e, aos 23 anos de idade, foi decapitado em 23 de abril de 303. Divulga-se que Jorge fez milagres curando os torturados pelos inimigos pagãos. Outra versão da imagem lendária do santo é a do cavaleiro da Capadócia que salvou uma princesa de um terrível dragão. O dragão vencido é como o mal eliminado. Por isso, muitos evocam Jorge em situações de perigo, como fazem os diferentes grupos profissionais de lutas diárias como os policiais e bombeiros dos quais é o padroeiro. O guerreiro, filho de família muito rica, doou toda sua fortuna às causas cristãs e conquistou admiração de diferentes povos pelo mundo, que se converteram ao cristianismo.

SincretismoNo Brasil, o santo também tem grande expressão

nos cultos afro-brasileiros e na umbanda equivale ao orixá guerreiro Ogum, senhor da guerra ou guer-reiro. Na cultura religiosa brasileira do candomblé e umbanda, Ogum é cultuado como conquistador e caçador que sempre defendeu os seus e proveu de alimentos sua tribo. Com a escravidão, os africanos no Brasil passaram a exaltar outros aspectos desta

divindade, de forma a contemplar seus anseios de liberdade, buscando se livrar dos castigos dos seus senhores, passando a privilegiar o aspecto guerreiro e violento da divindade. Ogum é o guerreiro, general destemido e estratégico, é aquele que veio para ser o vencedor das grandes batalhas, o desbravador que busca a evolução. Segundo a crença dos seus segui-dores, Ogum, como São Jorge, é um defensor dos desamparados e, segundo a lenda, andava pelo mun-do comprando a causa dos indefesos, sempre muito justo e benevolente. Ele era o ferreiro dos orixás, senhor das armas e dono das estradas. Irreverente, pois é um orixá valente, traz na espada tudo o que busca. É o protetor dos policiais, ferreiros, escultores, caminhoneiros e todos os guerreiros. No belo e ex-pressivo sincretismo religioso do Brasil, Ogum e São Jorge são o mesmo e festejá-lo é exaltar o pedido de proteção na guerra da sobrevivência diária.

Segundo Mara, uma das animadas participantes da grande festa, São Jorge é também o santo protetor dos transgressores da lei que, nas suas palavras, “por serem atuantes em atividades perigosas, invocam o santo guerreiro em atos de bandidagem”.

A festaOs festejos por São Jorge coloriram todo o entor-

no do Campo de Santana, como é conhecida a Praça da República no centro da cidade. Um dia de grandes emoções. Uma energia do povo devoto de São Jorge impossível de descrever em palavras ou imagens. Milhares de pessoas, de diferentes origens, idades, sonhos, esperanças, desejos. Devotos que rezando, cantando, chorando ou sorrindo, emanavam energia contagiante. Em cada pedacinho do espaço carioquís-simo, os passos de homens, mulheres ou crianças marcavam presença, nada indiferentes aos cantos e orações em louvor ao santo guerreiro. Grupos de capoeiristas, vestidos de vermelho e branco, atraíam com o batuque dos tambores a roda de pessoas que acompanhavam a dança e luta cadenciada da bela expressão corporal. Outros, regando a boa conversa com cerveja e petiscos, entoavam cantos de louvor à negritude do mestiço brasileiro de todos os cantos do país que escolheu o Rio para viver. Cariocas nascidos na terra de São Jorge e Ogum, protetores dos que lutaram e lutam pela vida. São cariocas sobreviventes da escravidão sem abolição em muitos lares, trabalhos ou credos.

Missas de hora em hora celebravam a fé católica e uniam mãos de desconhecidos rezando o “Pai Nosso”

Lilibeth Cardoso

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e pedindo proteção. Pais de santo, ao lado dos que assistiam às missas, davam passes e pediam aos orixás a proteção com saúde, paz e união. Danças e outras expressões uniam grupos ao som de músicas tocadas por instrumentos de sambistas ou até improvisados com latinhas de cerveja que mais tarde estariam sendo pesadas e vendidas para alimentar uma família. Fotó-grafos teimavam em desafiar a vivência e contribuíam para os acervos da bela memória visual da cidade do Rio de Janeiro, seu povo, suas crenças, suas batalhas na grande guerra de sobreviver aos exageros dos “imperadores”, tal como o que matou Jorge na Ca-padócia. E ao fim da tarde, famílias inteiras ainda se enfileiravam para depositarem flores e pedidos aos pés do santo da cavalaria, das batalhas e da glorificação, vencendo as guerras. O grito do Rio era, dia 23 de abril, “salve Jorge”. Salve-nos, Jorge!

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“Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimi-gos tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defen-da com o poder de sua santa e divina graça. Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino,

protegendo-me em todas as minhas dores e aflições. Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e persegui-ções dos meus inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo. São Jorge, rogai por nós”.

Oração de São Jorge

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transporte

Metrô na Gávea tem solução

Batata quente e pepino – parece uma salada. No entanto, trata-se apenas de encontrar uma solução para a Estação Gávea do metrô. Fosse somente uma honesta, decente e comum estação de passagem por um bairro de porte apenas regular, tudo seria mais simples. Sucede que, nesta área, a configuração urbana e geográfica tão peculiar do Rio conduz a que aqui se localize um dos principais entroncamentos da malha metroviária. Localização, dimensões e configuração física da estação passam então a decorrer desta nova função, de constituir um nó ou ponto nodal na rede de transportes, mais ou menos assim:

Criar quatro estações terminais ao redor de uma grande praça central onde os passageiros trocassem de trem não é lógico, ainda mais que os entroncamentos se repetem ao longo da malha. O lógico é proporcionar continuidade ao fluxo mais importante, com maior número de passageiros, cabendo a troca de trens aos fluxos com menos passageiros. No caso da Estação Gávea, dispomos de diversos fatores indicativos: os estudos de demanda disponíveis; a observação visual da densidade demográfica e de localização dos polos resi-denciais, comerciais, de estabelecimentos prestadores de serviços e repartições públicas; a concentração de trajetos de ônibus e o contínuo desembarque desde o Leblon até Botafogo. Estes fatores não deixam dúvida de que o fluxo principal na Estação Gávea interliga os sentidos Leblon e Barra.

Embora a cidade esteja traumatizada pela super-lotação e pelas frequentes paradas dos trens, o fato é que isto ocorre pela frota insuficiente de trens, pela sinalização ultrapassada e pela inserção da Linha 2 no trajeto da Linha 1. A frota de trens prevista para operar a malha ampliada, complementada pela modernização da sinalização, permitirá intervalos de 3min 50seg e uma oferta de transporte de 28.000 passageiros por hora e por sentido. Esta quantidade corresponde ao atual fluxo total de passageiros somando Av. Niemeyer, Autoestrada Lagoa-Barra e o alto da Estrada da Gávea (Escola Americana). Isto significa que, ocorrendo a hipótese absurda do metrô passar a ser o único meio de transporte entre Barra e Zona Sul, seria capaz de

absorver a totalidade do atual fluxo utilizando transporte coletivo e automóveis.

Futuros aumentos de capacidade requererão a construção dos 3,8km da Linha 2 entre Estácio e Castelo/Praça 15, permitindo segregar as linhas e aumentar intensamente a oferta de transporte com a aquisição de mais trens e equipamentos de sinalização de última geração, que permitem intervalos de apenas 90 a 100 segundos.

Mais uma vez fatores peculiaríssimos vêm facilitar a vida dos planejadores do empreendimento. Vejamos quais são:

1 - o conjunto residencial conhecido como Minho-cão tem parte de sua estrutura construída sobre uma espécie de ponte sobre o que seria (há seis décadas) o futuro alinhamento da Av. Padre Leonel Franca rumo a São Conrado. Permite o metrô transpor o Minhocão sem sequer tocar em sua estrutura.

2 – a rua Vice-governador Rubens Berardo (junto com uma faixa do gramado do Planetário) tem largura para comportar a Estação Gávea 1 e alinhamento que facilita o prosseguimento da linha

3 – o imenso terreno da rua Marquês de São Vicente, 104 (ao lado do Gávea Trade Center), com largura de 43,50m e profundidade de quase 200m, tem dimensões para abrigar uma futura Estação Gávea 2, destinada às linhas rumo Tijuca e via Botafogo

O desenho a seguir apresenta a concepção esque-mática desta solução.

O que ocorre neste ponto? Confluem fluxos de passageiros de quatro diferentes sentidos. No caso da Estação Gávea, estudos e a opinião consensual são que as áreas de origem destes quatro fluxos sejam Ipanema/Leblon, Barra, Tijuca, Botafogo. Como agora dar continuidade a estes fluxos?

Ronaldo Wegner*

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A figura ao lado mostra como fica esta concepção representada sobre um mapa real da área, abrangendo do final do Leblon até São Conrado. Veja a figura ao lado.

E o detalhe da Estação Gávea 1 e 2? Veja a figura abaixo ou acesse www.hvdown.com.br

Tudo o que foi exposto até agora só apresenta vantagens:

1- ao prever uma única linha ligando São Conrado ao Leblon via Gávea, elimina os seguintes problemas: o triângulo de acesso à Gávea a partir do Leblon, a complicação operacional associada à bifurcação de trens, o elevadíssimo intervalo entre trens na Gávea, a extrema sub-utilização de dois trens alocados à Gávea em prejuízo da oferta de transporte no resto da malha

2 - facilita a futura expansão da malha rumo Tijuca e Botafogo

3 - a Estação Gávea 1 pode ser construída com um só nível sem afetar em nada as futuras expansões da malha rumo Botafogo e Tijuca e situada muito próxima dos centros geradores de tráfego do bairro e da futura Estação Gávea 2, a ela interligada por uma galeria subterrânea de passageiros com apenas 80m de extensão

4 - a futura Estação Gávea 2 será na superfície, também em um só nível, redu-zindo drasticamente seu custo, e sem ne-nhuma escavação ou obra fora dos limites do terreno. Todos os fluxos de passageiros de interconexão se deslocarão subterra-neamente. Apenas assomarão à superfície os passageiros efeti-vamente destinados à Gávea - os mesmos de hoje!

5 - a edificação a ser erigida no imenso terreno mencionado, além da estação no térreo, poderá, a título exemplificativo, abrigar no 1º andar um estacionamento e um supermercado com dimensões físicas e formato comercial (popular, nível superior, hipermercado) a ser definido de comum acordo com a comunidade do bairro. No 2º andar, todas as repartições públicas situadas na Av. Rodrigo Otávio/Bartolomeu Mitre mais posto de saúde e outros serviços de apoio ao cidadão. No 3º andar, atividades culturais diversas e áreas para exploração comercial. Na cobertura, grande parque e área verde, com atividades compatíveis. Na parte posterior do prédio, ocupando três andares,

um conjunto teatral semelhante ao Teatro Villa Lobos.

A destacar que a transferência das re-partições e serviços governamentais liberará uma área de cerca de 5.500m2, possível de ser oferecida em permuta onerosa a um empreendedor privado em troca de investir na construção do prédio da Estação Gávea 2.

6 – permite que o terreno do atual esta-cionamento da PUC abrigue futura expansão das instalações da PUC, não mais prejudicada pela estação e seus acessos.

A salada, sem batatas quentes e pepinos, poderá agora ficar menos gostosa, porém seguramente mais útil à comunidade. E mais barata!

Ronaldo Wegner é engenheiro de transportes

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Espaço Oswaldo [email protected]

Avenida Brasilm

ídia

Deu na

TRIBUNA DE PETRÓPOLIS: “A PM prendeu 170 homens em 10 anos.” Hoje são 430 PMs para proteger 300 mil habitantes, alerta do deputado Marcus Vinicius. // ANCELMO GOlS: “Com o fim do lixão de Gramacho ficam sem sustento 1800 catadores e 400 urubus.” Quanto a estes, sem problemas: o Ninho do Urubu, do Flamengo... // RICARDO NOBLAT: “...233 volumes, 495 anexos, num total de 50.118 páginas... Isto é o mensalão, o resultado do imenso trabalho do relator, ministro Joaquim Barbosa, que o STF terá de julgar, antes que tudo prescreva, como esperam os Dirceus e companhia. // HOJE - SANDRA ANNEMBERG: “A polícia de São Paulo recebe 1.600 trotes por mês.” Engraçadinhos agora vão ser localizados e pagar multa de mil reais. // ARNALDO JABOR: “Se o ministro Ricardo Lewandowski não terminar sua lenta leitura do processo, nada acontecerá e a justiça estará desmoralizada para sempre.” Escrevia sobre o suspense nacional face ao julgamento do mensalão. // O GLOBO - ESPORTE: “Jonathan Henrique Silva salta 17,39 m no triplo e está nas Olimpíadas”. Mais uma esperança brasileira. // HOLA - CAPA: “Ya no intiendo mi vida sin Miranda; no podria vivir sin mi mujer.” É Julio Iglesias falando de sua esposa. Lindo! // O DIA - “Romário: Se a Copa fosse hoje, a gente ia sair na primeira fase. O time é uma merda.” Menos, menos, Peixe... // HOJE - SANDRA ANNEMBERG: “A felicidade e o otimismo são mais importantes do que exercícios para as pessoas.” Resultado de pesquisas da Universidade de Harvard, o que merece confiança. // ÉPOCA: WALCIR CARRASCO, novelista: “Fiz 60 anos e pensei que me aposentadoria emocionalmente. Aconteceu o contrário: uma nova adolescência.” Leonardo Boff quando nos casou, eu e Maria Helena, octogenários, pregava a juventude acumulada... // CNT JORNAL - SALETE LEMOS: “Experiência de cientistas japoneses faz nascer cabelo humano em ratos.” Carecas pulando de alegria, festejam a boa nova. // O GLOBO: “Argentina de pires na mão no Brasil, depois de expropriar a petrolífera espanhola YPF.” Manoel Bandeira mandaria botar um tango...

Eu trabalhava no Departamento Técnico do DNER, hoje DNIT, 1939-40, no 9º andar do Edifício A Noite e de vez em quando dava uma fugida ao 1º andar na redação do vespertino A Noite. Apadrinha-do por Vasco Lima e Luiz D’ Esgragnole, já publicava minhas crônicas policiais no jornal. Um dia meu primo, Nelson, que me conseguira a nomeação, me mandou levar desenhos de projetos ao Ministério da Viação e Obras Públicas, elementos a serem entre-gues ao ministro Marques dos Reis. Outro primo, Paulo, chefe de gabinete do ministro facilitou minha entrada. Enquanto aguardava ser despachado vi, em enorme prancheta, a planta de um projeto chamado “Variante de acesso à Rio-Petrópolis”. Informo: a

estrada que vinha daquela cidade serrana engatava em Pilar, já na Baixada Fluminense e seguia por todo o subúrbio da Leopoldina: Parada de Lucas, Vigário Geral, Cordovil, Penha, Olaria, Ramos, Bonsucesso, Manguinhos, Benfica... emendando pela av. São Luiz Gonzaga, Quinta da Boa Vista, a São Cristovão indo até o Cajú. Era assim o percurso Rio-Petrópolis, ida e volta.

Animado com o que via, perguntei ao meu primo se me autorizava copiar a planta, o traçado (cópia heliográfica) para publicação. Fui atendido. Com a novidade na mão voltei à redação de A Noite mostrando o projeto àqueles senhores, ao Carvalho Neto, diretor, e ao Lincoln Massena, secretário do jornal. Logo fiz o texto e em pouco estava tudo diagramado. “Será construída a variante de acesso à Rio-Petrópolis”, manchete das quatro edições: das 9h, das 11h, semifinal e final. Eu cumprimentado pelo furo.

* * *

A variante acabou recebendo o nome de Aveni-da Brasil, mais à direita, altura da Penha, emendava na Rio-Petrópolis, então, em 1928, a mais moderna estrada do país, governo Washington Luís, enquan-to pela esquerda tomava o rumo da Central do Brasil, Meriti, Nova Iguaçu, Acari, Coelho Neto... estendendo-se por mais vinte quilômetros.

Vale o registro quando está no ar a novela onde Carmen Lucia se gaba de morar no subúrbio, rica com a dinheirama do craque do Divino Futebol Clu-be, Tufão - ele um marido chifrudo, cabeça de uma família maluca onde tudo acontece, a Nina-Ritinha e o Batata-Jorge vivendo um romance iniciado no lixão, onde essa Carmen Lucia abandonara a me-nina, sua filha adotada depois da morte do marido, o Genésio. E por ai segue a história, com os dois esperando o dia da vingança, deixando o telespec-tador, noite a noite, nessa expectativa, até que lá para frente o enredo dê o final feliz, como sempre acontece nesses folhetins de sucesso.

Será que a Nina vai passar a novela inteira assim, escondidinha atrás de cortinas e que

tais para tentar ouvir o que estão tramando a Carmen Lucia e o Max contra o pobre do Tufão?

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Lá vai o bicheiro...

Todas as manhãs são assim – ele pega sua cadeirinha e demais apetrechos e vai fixar ponto à espera dos apostadores. O bicheiro faz parte da cultura carioca desde que o Barão de Drumond inventou o jogo do bicho, instituição nacional. Volta e meia a Guarda Muni-cipal bota eles para correr. Acontece que contravenção não é crime. Dia seguinte, eles voltam, a freguesia atrás. O atuante secretário Beltrame já teria dito que a coisa devia ficar a critério da sociedade. Jogar está no sangue do brasileiro. A propósito, por que não abrir logo cassinos e tirar deles a salvação da saúde?

No Mc Donald’s...

...água é bonificação.

“A terra é insultada e oferece suas flores como resposta” – Rabindranath Tagore

A mãe das ruas

Num maio qualquer fui surpreendido por esta mãe, a Talita, amamentando seu filho, os dois envoltos em lençóis jogados sobre papelões na calçada. Os passan-tes, sempre indiferentes, não têm cuidados para parar diante de uma mulher em momento de sublimação. É o ritmo das ruas. A esmola não foi para pagar a foto por ela permitida. Mas foi como se fosse. Depois do aleitamento o que ela iria fazer, para onde iria com a criança colhendo os raros dinheiros que uns lhe joga-vam de passagem, sem um pouco de sentimento de pena diante do que o destino dessa jovem mãe então lhe oferecia.

Com todo respeito, presidente Dilma, mas en-quanto a rua nos surpreender com imagens assim, não há como acreditar no seu slogan - “País rico é país se miséria”.

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EMERGÊNCIA

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GERAL

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Prevenção de câncer de intestino

O câncer de intestino grosso é a terceira causa mais comum de mortalidade por câncer nos Estados Unidos, com predomínio em homens afro-americanos. São 150.000 novos casos/ano e 58.000 mortes por esta doença, apesar de serem gastos cerca de 6.4 bilhões de dólares/ano com o tratamento. No Brasil, onde há reconhecida subnotificação, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) divulgou dados semelhantes, nos quais o câncer de intestino grosso aparece como o 5º tumor maligno mais frequente entre homens e 4º entre as mulheres, com predomínio entre os 50 e 70 anos, apesar da incidência crescente, já a partir dos 40 anos. Malgrado todo o progresso verificado nas ciências da saúde, a sobrevida global neste tipo de câncer se mantém entre 50 e 60%, na dependência de recursos de tratamento e estágio em que ocorra o diagnóstico. Por conta desses achados, a prevenção do câncer do intestino grosso é recomendada a todos (homens e mulheres) com idade igual ou superior a 50 anos, independente de sinais, sintomas ou de casos ocorridos na família.

A prevenção é realizada por meio de um exame chamado colonoscopia, através do qual o revestimento interno do intestino grosso é visualizado diretamente e em tempo real, permitindo a observação minuciosa de suas características, coleta de material para estudo histológico, bem como a remoção de lesões pré-malignas sem a necessidade de intervenção cirúrgica. Além de ser indicado na prevenção do câncer do intestino grosso, esse exame também é adequado à investigação de sinais e sintomas sugestivos de outras anormalidades nesse seg-mento do tubo digestório.

A eficiência da colonoscopia na prevenção do câncer se deve ao fato dos tumores malignos do intestino grosso serem, em sua quase totalidade, resultantes da progressão de lesões inicialmente benignas e diminutas (pólipos) que ao longo de 5 a 7 anos sofrem mutações sequenciais e cumulati-

Afonso Moniz de Aragão

Coloproctologista , membro

titular da Sociedade Brasileira de

Endoscopia Digestiva

vas, resultando em seu crescimento e transformação maligna. A remoção dessas lesões (polipectomia) antes de alcançarem a etapa final do processo de degeneração maligna é a intervenção que previne a ocorrência do câncer do intestino grosso.

A periodicidade com que a colonoscopia deve ser realizada é individual, dependendo do resultado do exame prévio e do risco de cada paciente para o desenvolvimento do câncer de intestino grosso (his-tórico em familiares, doenças que predisponham ao câncer de intestino etc). Um exame normal, realizado em condições técnicas adequadas em um paciente de baixo risco, poderá ser repetido em 5 anos com segurança para o programa de prevenção.

Para que o exame seja bem sucedido é importan-te uma preparação cuidadosa visando à eliminação

de resíduos que possam obstruir a visão do exa-minador. Tal preparação inclui dieta isenta de fibras e o emprego de medicação laxativa para acelerar o esvaziamento intestinal. O tempo necessário à completa limpeza do intestino varia individualmente, estendendo-se por cerca de três horas na maioria dos casos. A colonoscopia é preferencialmente realizada em ambiente hospitalar para proporcionar condições ideais de segurança e conforto ao pacien-te. Como forma de compensar a perda de líquidos e sais minerais decorrente da limpeza intestinal, é recomendável a infusão venosa de solução conten-do açúcar, sais minerais e água. O exame deve ser realizado sob assistência de um anestesiologista que esclarecerá a respeito da sedação empregada para que o colonoscopia transcorra sem desconforto.

O exame propriamente dito se prolonga por cerca de 30 minutos, na dependência de variações de extensão do intestino grosso e angulações de seu trajeto. Encerrado o procedimento, o pa-ciente retorna a seu quarto, onde repousa até se recuperar da sedação, após o que lhe é oferecida uma dieta líquida. Transcorrida a refeição sem in-tercorrências, recebe alta hospitalar acompanhado por um familiar.

Antes de se submeter a uma colonoscopia, é imperativo consultar-se com o especialista que executará o procedimento a fim de obter todos os esclarecimentos a seu respeito. Esse contato pré-vio aumenta em muito a segurança da intervenção, permitindo ao cirurgião conhecer em detalhe as condições clínicas do paciente e estimar adequa-

damente os riscos. Dessa forma, é possível individualizar todas as etapas do exame (limpeza do intestino, tipo de sedação etc) às condições específicas de cada um.

Embora a colonoscopia seja um exa-me, a sua preparação e execução são de complexidade bastante superior à de outros exames realizados rotineiramente (endoscopia digestiva alta, ultra-sonografia, tomografia computadorizada, ressonância

nuclear magnética etc) exigindo equipe experiente e com treinamento específico para que os bons resultados sejam alcançados com a devida segu-rança. A melhor forma de assegurar que esses critérios sejam cumpridos é buscar os cuidados de um especialista vinculado à Sociedade Brasileira de Coloproctologia ou à Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva e se submeter ao procedi-mento em ambiente hospitalar.

Uma alimentação saudável (rica em fibras solúveis e insolúveis e pobre em gorduras insa-turadas), a prática regular de exercícios físicos e uma colonoscopia quinquenal compõem o tripé que proporciona a tranquilidade para se evitar um tipo de câncer que se desenvolve silenciosamente, cuja incidência é crescente em todo o mundo.

“A periodicidade com que a colonoscopia deve ser realizada é

individual, dependendo do resultado do exame prévio e do risco de cada

paciente”

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Os bastidores de um jornal e as pers-pectivas de sua sobrevivência num mundo de extrema competitividade, onde a internet passa a predominar cada vez de modo mais avassalador, são o tema de Os imperfeccio-nistas, livro de Tom Rachman. O jornal em questão é um diário internacional sediado em Roma e publicado em língua inglesa, com o objetivo de ser vendido no mundo inteiro. Qualquer semelhança com uma publicação fácil de ser encontrada nas bancas de Co-pacabana, Ipanema ou Leblon não é mera coincidência.

O autor, que já foi jornalista, retrata sem qualquer idealização a rotina e o ambiente confuso de uma redação. Aqui e ali pululam ambições e mazelas, falsas amizades, casos amorosos e traições. Há desde o correspon-dente em Paris, alcoólico, que já não conse-gue vender suas matérias, até o editor viciado em trabalho, primeiro a chegar e último a sair da redação, o que faz sua esposa abandoná-lo e ir morar com um italiano. As mulheres, como profissionais de jornalismo, também vivem os dois lados da moeda, como a repór-ter de economia Hardy Benjamin, eficaz no trabalho mas desastrosa nos relacionamentos; Kathleen Solson, que deixa a promissora carreira num diário de Washington para as-sumir o cargo de editora-chefe – numa noite regada a caipirinha ela acaba flertando com um jornalista de quem fora amante porém agora trabalha como assessor de imprensa de Berlusconi –; Ruby Zaga, além de egocêntrica, problemática e desprezada pelos colegas de trabalho, também naufraga na bebida e numa vida extremamente solitária. Outro curioso personagem é Winston Cheung, jovem americano de origem asiática que não sabe o que quer da vida nem jamais escrevera uma linha sequer em jornal algum. Ao descobrir que está vago o cargo de correspondente no Egito, tenta aproveitar a oportunidade. Entre-tanto esbarra em dois problemas: mal sabe árabe e lhe aparece pela frente um famoso jornalista americano que não consegue se fixar

em jornal algum por ser temperamental. Ele, assim como Cheung, quer o cargo no Cairo.

Em cima de manchetes curiosas, que chegam a proporcionar ao romance ares humorísticos – “mentiroso mais velho do mundo morre aos 126 anos”, “aquecimento global é bom para sorvetes”, “a vida sexual de mulçumanos extremistas” etc. –, os capítulos são construídos sempre sob a ótica e a vida de cada personagem, podendo ora ser a editora-chefe, ora o correspondente em Pa-ris, ora a repórter de economia, ou mesmo a leitora assídua que não perde um exemplar do periódico, obrigando a empregada a guardá-los exatamente em ordem cronológica para poder ler na íntegra todos os números.

Como um diário desse tipo se mantém? Não seria necessária a pergunta, mas ele é fundado e circula durante muitos anos por causa da paixão. Foi ela que, muitas vezes, moveu o jornalismo. E, aqui, é tão intensa que, apesar das constantes crises financeiras, mantém a publicação por várias décadas, fazendo o diário passar de pai para filho. O último, neto do fundador e integrante mais jovem da família que controla vários negócios entre eles o jornal, é enviado de Atlanta a Roma com a missão de reerguer e manter a publicação. Ele, porém, esbarra na falta de recursos, na falta de vocação e se perde no amor por seu cachorro. O livro nas suas 380 páginas retrata também a vida europeia con-temporânea e, em fragmentos, os principais acontecimentos vividos pelo continente desde os anos 1950 até meados da primeira década do século 21.

Devido à reformulação por que passa toda a imprensa atual, o livro torna-se tanto mais interessante. Muitos jornais mundo afora desapareceram ou tendem a desaparecer, mantendo apenas exíguas versões digitais, como ocorreu com o outrora famoso Jornal do Brasil. É interessante perceber que mui-tas dessas publicações são apenas a ponta de lança de grandes grupos empresariais, situação que não torna melhor o jornal nem

Haron Gamal [email protected]

A paixão pelo jornalismo

Inst

ante

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[email protected]

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Pens

amen

tos

Pró-

fund

os

“Mesmo na escuridão,se fecho os olhos,vejo luzes que brilham.”

“O coração disparaa cabeça estruturaa mão comandaa caneta escreve:te amo.”

“A felicidade foge dos nós,e nós, fugimos da felicidade?”

“Folhas caídas no jardime uma tristeza sem fim.Sinais de um vendaval que passou.”

“A inteligência cria mundo que não vemos.A burrice destrói o único que temos.”

“Que música é essaque me faz dançaruma dançaque não sei bailar?”

Uma amiga me pediuum poema antigofalando de amor,rimando com flor, nunca com dor.

Poderá ser antigo um poema?Será antigo o amor?E a dor ao ver murchar uma flor?

Entre rimas e regrasnão fui longe na composição,parei quando se desenhavaverdadeira aberração.

Livre desse fardo tenho que confessar,plagiando Bocage no seu dito popular:“A encomenda saiu pior que o soneto”.

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Gisela Goldhttp://giselagold.tumblr.com/

possibilita sua permanência caso ele não se mostre lucrativo.

Outro fato que também pode ser discuti-do a partir da leitura deste livro é a liberdade de imprensa. Como sua existência seria possí-vel se os principais anunciantes são, na maioria das vezes, empresas cujo principal objetivo é o lucro rápido e fácil, deixando de lado questões como o meio ambiente, a qualidade de vida e os direitos humanos?

O livro Os imperfeccionistas, no entanto, não se prende a essas questões nem se preo-cupa em defender causa alguma. Num mundo que já não prima pela verdade, a trajetória de um jornal e a vida dos personagens que o produzem são seu foco principal.

Os imperfeccionistasTom Rachman – tradução de Flávia Carneiro AndersonEd. Record – 380 páginas

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TalentosasEntrando na clássica: “toda mãe conhece

o filho que tem”, será que o filho se interessa em conhecer a mãe que tem?

Lembrei de uma história ótima sobre talento de mãe: uma amiga, que é mãe, foi fazer uma entrevista para vendedora de joias. Queria arrumar um emprego para o filho se orgulhar dela, mesmo que não gostasse. Seu talento aparecia no brilho do olho quando fala de waffle. Faz um waffle classe A. Para a vaga lhe foi pedida uma redação. Tomou um susto quando viu que o tema era livre. Ao invés de escrever sobre sua relação com joias e o mundo das pérolas, prata e ouro, a joia

aqui era bem outra: escreveu sobre como aprendeu a gostar de si quando colocou seu talento com wafflees pra fora. No final da entrevista a consultora foi incisiva: “Parabéns, você é uma vendedora. Ao invés da vaga na área em joias, quero seu cartão do waffle”.

Tomara que seu filho perceba seu talento e se orgulhe dela no que ela tem de melhor. Tomara eu possa descobrir os talentos da mi-nha mãe, antes de pedir que leia o próximo texto que eu escreverei.

Dia das Mães deve ser todo dia para nos ajudar a sair do umbigo.

espaço do leitor

As virtudes da yoga

Sentir o envolvimento que é feito pelas posturas nas aulas práticas de yoga, faz parte de todo um trabalho dedicado ao corpo físico, em desenvolvimento com o lado emocional e mental de cada um, beneficiando deste modo, as várias manifestações de como chegar a um nível de consciência mais elevado. Ao libertarmos da sensação de aprisionamento entre o que é certo e o que é errado, estamos entrando em contato com uma atmosfera transcendental que nos propõe alcançar o tão considerado Nirvana.

O Nirvana seria tudo de bom se já estivéssemos lá, na grande imensidão do céu azul, entre os entes queridos e pessoas do bem. Na luta diária da vida, cada

passo dado é um caminho para esta evolução em nosso trabalho, de dedicação com os filhos e com a nossa casa.

Sendo assim, a vida é uma aventura e um enorme confronto com o mundo! Por isso devemos desfrutá-la da melhor maneira possível. Ao observarmos as inúme-ras estrelas, ao defrontar com a luminosidade da lua e com os raios fulminantes do sol a verdadeira natureza ao redor de tudo e de todo o planeta faz com que a integração com yoga seja nitidamente ilimitado e infinito.

No imediatismo das ideias, a felicidade é mais uma certeza das belas coisas da vida. A vida nos traz e leva ondas de felicidade. Ser feliz é uma arte, assim como respirar. As práticas são fundamentais. Os pequenos gestos, um sorriso amigo e um mero abraço nos tornam pessoas com mais sentimentos de alegria. O único meio de sermos totalmente felizes, é retirar toda a carga de sofrimento e energias negativas dentro de nós. É o pro-cesso mais generoso de purificação do Espírito, límpido e repleto de luz Namastê! Hari OM!

Jacqueline Imbassahy

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Nova FOLHA

Uma Nova Folha Carioca

A partir da próxima edição apresentamos

A partir de julho de 2012, em comemoração à edição de número 100 da Folha Carioca, realizaremos uma ampla reforma. Surge um novo projeto gráfico com o objetivo de evidenciar as mudanças editoriais, tornando o visual ainda mais atrativo. A FOLHA CARIOCA se assume como revista, mantendo o formato, mas recebendo novo papel e uma qualidade de impressão muito superior à atual. Desta forma, o colorido de fotos, ilustrações e dos elementos gráficos do projeto ganham maior visibilidade.

A reformulação afeta também a tiragem, com um crescimento significativo no número de exemplares , com tiragem de 20 mil, e a distribuição, que ampliará sua área de abrangência através de uma reengenharia dos pontos e criação do site da NOVA FOLHA CA-RIOCA. O conteúdo não se encerra na impressão, desdobrando-se no mundo virtual e nas redes sociais.

Melhor organização do conteúdo e muito mais informação, juntos em um visual leve e dinâmico. Uma revista independente e moderna.

A logo tabém muda, aumentando o destaque da palavra CARIOCA, pois entendemos que esta é a palavra-chave do nosso projeto. Queremos refletir o estado de espírito Carioca: uma revista despojada, leve, colorida, inusitada e com muito movimento.

A segmentação do conteúdo em seções fixas é outra característica importante destacada na reforma gráfica. Leitor e anunciante terão uma visão mais clara dos assuntos e dos serviços e produtos divulgados em nossas páginas.

Mais madura e mais jovem. Chegamos à centésima edição nos reinventando: novo projeto Gráfico e Editorial, distribuição ampliada e melhor qualidade de impressão

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A Folha Carioca é uma publicação que tem a cara do Rio. A cidade se transforma e a FOLHA acompanha. Em junho chegamos à edição 100 e, para comemorar, apresentamos um novo projeto Editorial e Gráfico com maior presença na Internet, melhor papel e impressão e uma distribuição ainda mais efetiva em toda Zona Sul.

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