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FOLHA SINDICAL Jornal do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região - CUT - Ano 25 Florianópolis, 20 de outubro de 2014 20 Anos de Conquistas A luta dos Banrisulenses 08 As principais Cláusulas do ACT 06 Considerações sobre o movimento 02 e 03

Folha Sindical dos Bancários

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Secretários de Comunicação e Imprensa: Cleberson Pacheco Eichholz e Luiz Henrique Pinto Toniolo Jornalista Responsável: Janice Miranda (MTe-2995DF/JP) Osíris Duarte (Mte 02538/PB) Fotos: Janice Miranda e Osíris Duarte Projeto Gráfico, Editoração Marcio Furtado ([email protected]) Tiragem: 4.000 mil exemplares Redação: Rua Visconde de Ouro Preto, 308, Centro - Florianópolis/SC CEP: 88020-040 Fone: (048) 3224-7113 Fax: (48) 3223-3103 www.seebfloripa.org.br [email protected]

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ASINDICALJornal do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região - CUT - Ano 25

Florianópolis, 20 de outubro de 2014

20 Anos de Conquistas

A luta dosBanrisulenses

08

As principaisCláusulas do ACT

06

Consideraçõessobre o movimento

02 e 03

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Jornal do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Florianópolis e Região

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ExpedienteProjeto Gráfico, EditoraçãoMarcio Furtado ([email protected])Tiragem: 4.000 mil exemplaresRedação: Rua Visconde de Ouro Preto, 308, Centro - Florianópolis/SCCEP: 88020-040 Fone: (048) 3224-7113 Fax: (48) 3223-3103www.seebfloripa.org.br [email protected]

Secretários de Comunicação e Imprensa: Cleberson Pacheco Eichholz e Luiz Henrique Pinto TonioloJornalista Responsável: Janice Miranda (MTe-2995DF/JP) Osíris Duarte (Mte 02538/PB)Fotos: Janice Miranda e Osíris Duarte

Encerrada a Campanha Nacional dos Bancários, é importante fazermos um balanço do movimento e seus resultados, sem a pre-ocupação de particularizar responsáveis por acertos ou eventuais desacertos. Esse é um cuidado que muitas vezes, quando não obser-vado, nos leva a cometer o equívoco de subestimar ou superestimar a nossa força e nossas ações. Até mes-mo o comportamento das direções sindicais e o papel da categoria no processo. É preciso maturidade e res-ponsabilidade para que a análise se construa como elemento motivador e acu-mulador para os embates futuros. Afinal, a luta dos bancários não se encerra em uma única Campanha salarial, pois o enfrenta-

mento dos trabalhadores por melhores condições de trabalho é permanente.

Na lógica do processo pe-dagógico de avaliação como exercício que potencializa nossa capacidade de orga-nização e mobilização, em primeiro lugar destacamos o modelo de negociação ado-tado a partir de 2004, quan-do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal voltaram a participar da mesa única nacional. Para quem não se lembra, em 1994, numa manobra do então ministro da Fazenda Fernando Hen-rique Cardoso, os bancos públicos foram obrigados a sair da Convenção Co-letiva Nacional. A medida teve como impacto direto aos trabalhadores destas instituições a estagnação

das remunerações por oito anos, provocando a redução brutal do piso salarial, num cenário de total descontrole inflacionário. Portanto, no momento em que celebra-mos pelo 11º ano consecu-tivo um acordo que garante aumento real sobre todas as verbas, reafirmamos que a mesa única como estraté-gia de luta possibilita ho-mogeneizar os direitos dos bancários em todo o país.

O protagonismo dos bancáriosA questão que se impõe, quando comparamos as expectativas dos bancários no início da Campanha e os acordos assinados, é se, no final das contas, o nível de mobilização, de disposição e de comprometimento dos principais interessados tem

É hora de avaliar pra seguir lutando

“Reconhecer a

importância e a

responsabilidade

de cada um nesse

momento faz parte do

papel dos dirigentes,

de cada militante

sindical, de cada

trabalhador.”

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sido compatível com as ma-nifestações frequentes de desconforto com as atuais condições de trabalho. Se a história demonstra que a qualidade dos acordos e a quantidade dos avanços sociais são invariavelmente proporcionais ao grau de adesão dos trabalhadores aos movimentos de resis-tência, a resposta a essa pergunta talvez seja o maior desafio para os diri-gentes e os bancários.

As eleições e o contexto da CampanhaOutro ponto fundamental para que avancemos nossa análise numa perspectiva histórica, diz respeito à conjuntura em que ocorreu nossa Campanha Nacio-nal. Sem o olhar atento ao cenário político-econômico e os interesses de classe do Sistema Financeiro, pode-mos incorrer no equívoco das visões simplistas, como a dos que acreditam que os patrões se tornam mais “sensíveis” ou “acuados” em função de episódios eleitorais. Justificando dessa forma o recuo diante da mobilização coletiva e a não participação na Greve. No lado oposto, há sempre o risco das posições extremis-tas, onde o resultado final aos bancários pouco impor-ta, desde que a greve possa se estender ad infinitum.

O objetivo, nesse caso, se resume a radicalização dos discursos, incendiando ple-nárias e assembleias. Nesse contexto, cabe ao Coman-do Nacional e a direção sindical avaliar com bom senso e sabedoria todos os ingredientes da complexa relação entre o capital e os

trabalhadores, orientando as ações e o rumo mais consequente para o movi-mento. Porém, as decisões objetivas jamais devem ser terceirizadas, cabendo à categoria, na compreensão da construção coletiva e na divisão de responsabi-lidades, a contribuição na elaboração das Minutas de reivindicações nos Encon-tros, Congressos, Conferên-cias Estaduais e Nacional, a decretação da Greve, a aprovação da proposta e o momento do retorno ao trabalho.

“O pior analfabeto é o

analfabeto político. Ele

não ouve, não fala, nem

participa dos aconteci-

mentos políticos. Ele não

sabe o custo de vida, o

preço do feijão, do peixe,

da farinha, do aluguel,

do sapato e do remédio

dependem das decisões

políticas.

O analfabeto político é

tão burro que se orgulha

e estufa o peito dizendo

que odeia a política. Não

sabe o imbecil que, da

sua ignorância política,

nasce a prostituta, o

menor abandonado, e o

pior de todos os bandidos,

que é o político vigarista,

pilantra, corrupto e lacaio

das empresas nacionais e

multinacionais.”

O Analfabeto Político Bertolt Brecht

Dois projetos em disputa: avanços ou retrocessoO resultado do processo eleitoral pode significar mu-danças substanciais na vida de todos os brasileiros. Se as diferenças entre os dois projetos de sociedade em

disputa não forem compre-endidas em sua totalidade, o retrocesso na condução política e econômica poderá trazer de volta a cena os atores de um passado nada agradável. Como o ex-pre-sidente do Banco Central Armínio Fraga, responsável pelas medidas que visavam enfraquecer a atuação dos bancos públicos, inclusive com a privatização do Besc.

É possível que muitos não recordem do arrocho aos salários dos funcionários do BB e CEF nos anos 90, do desemprego estrutural, da inflação e do câmbio des-controlados, das privatiza-ções suspeitas, das terceiri-zações ilegais, das reformas na legislação trabalhista e redução de direitos, da perseguição aos aposenta-dos e aos sindicatos. Estes são os riscos concretos às políticas de distribuição de renda e inclusão social atualmente implementadas, reconhecidas por diversos organismos internacionais como fundamentais para um crescimento justo e sustentável do Brasil.

Reconhecer a importância e a responsabilidade de cada um nesse momento faz par-te do papel dos dirigentes, de cada militante sindical, de cada trabalhador. Muito mais do que fazer política partidária, nossa obrigação como cidadãos exige que atuemos além dos restritos limites da luta corporati-va. E, se acreditamos num mundo melhor, mais justo para nós e nossos filhos, não podemos nos omitir. Afinal, nossa luta é perma-nente.

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Conquistas históricas marcaram os últimos 22 anosAssinatura da Primeira Convenção Coletiva de Trabalho válida em todo o país;

Conquista da Cesta Alimentação;

1992

1994

1995

1997

Bancários são a primeira categoria a conquistar PLR em Convenção Coletiva;

Complementação salarial para afastados por doença/aci-dente. Verba de requalificação profissional na demissão;

Três novas cláusulas sobre saúde:Cláusula 45ª. Regulamentação da entrega do atestado médico ao banco pelo trabalhador mediante protocolo de entrega

Cláusula 46ª. Obriga o banco a expedir documento com a declaração do último diatrabalhado (DUT), em até dois dias úteis antes da perícia. Acaba com aprática dos ban-cos de negar ou demorar para expedir o documento

Cláusula 59ª. Garante o adiantamento salarial para evitar que o trabalhador fique sem salário até que saia o resulta-do da perícia médica

2011

2006 Pela primeira vez a Caixa assina a CCT. Conquista do valor adicional

na PLR e implementação do grupo de trabalho paradebate sobre

assédio moral na Fenaban;

2010Inclusão de uma cláusula com mecanismo de combate ao assédio moral;

Fim de divulgação dos rankings individuais de produtividade. Ampliação do aviso prévio proporcional. Proibição do transporte de numerário por bancários.

20042005Greve conquista aumento real acima

da inflação, o que se repetiu nos 4 anos seguintes; BB assina pela primeira vez CCT

da categoria. Na Caixa empregados conquistam equiparação do valor da cesta alimentação da CCT;

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Conquistas históricas marcaram os últimos 22 anos1998 2000

2012

2014

Implementação de programa de prevenção, tratamento e readaptação da LER/DORT;

Inclusão na CCT da cláusula deigualdade de oportunidades;

Três novas cláusulas sobre saúde:Cláusula 45ª. Regulamentação da entrega do atestado médico ao banco pelo trabalhador mediante protocolo de entrega

Cláusula 46ª. Obriga o banco a expedir documento com a declaração do último diatrabalhado (DUT), em até dois dias úteis antes da perícia. Acaba com aprática dos ban-cos de negar ou demorar para expedir o documento

Cláusula 59ª. Garante o adiantamento salarial para evitar que o trabalhador fique sem salário até que saia o resulta-do da perícia médica

2003

Primeira Campanha Salarial unificada com equiparação da PLR nos bancos públicos aos bancos privados;

20062007 2009Conquista da 13ª cesta alimentação

Licença Maternidade de 180 dias. 15 mil contratações no BB e na Caixa. Melhoria na PLR. Inclusão dos parceiros do

mesmo sexo nos planos de saúde;

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A proposta apresentada pelos bancos e aprovada pelos bancários, em uma Greve de uma semana, repre-senta um ganho de 2,02% acima da inflação nos salários e PLR (índice de reajuste de 8,5%), 2,5% no piso (ín-dice de reajuste de 9%), e 5,5% no vale-refeição (índice de reajuste de 12,2%). Com os novos reajustes, os bancários acumulam aumento real de 20,7% nos salários e de 42,1% nos pi-

11 anos de aumento realsos desde 2004, período em que todos os anos conquistaram aumento acima da inflação.

Se nestes últimos 11 anos hou-ve motivos para comemoração, o perí-odo de 1995 a 2003 os bancários dos bancos privados viram seus salários encolherem 8,6% em relação a infla-ção. Nos bancos públicos a perda foi ainda maior: no Banco do Brasil, os sa-lários de seus funcionários foram re-duzidos 36,3%, enquanto os da Caixa Econômica Federal, 40%.

Confira nossos principais avanços:

• Aumento real de salário pelo 11º ano consecutivo• Reajuste dos salários e demais ver-bas em 8,5% (aumento real de 2,02%)• Reajuste do piso salarial em 9% (2,49% acima da inflação)• Reajuste do vale-refeição em 12,2% (5,5% de ganho real). • PLR regra básica - 90% do salá-rio mais R$ 1.837,99, limitado a R$ 9.859,93. • PLR parcela adicional - 2,2% do lu-cro líquido dividido linearmente para todos, limitado a R$ 3.675,98.

Evolução Salarial

Pincipais conquistas sociais• Combate às metas abusivas - O com-promisso de que o monitoramento de resultados ocorra com equilíbrio, res-peito e de forma positiva para prevenir conflitos nas relações de trabalho. • Certificação CPA 10 e CPA 20 - Quan-do exigido pelos bancos, os trabalha-dores terão reembolso do custo da prova em caso de aprovação.• Adiantamento de 13º salário para os afastados - Quando o bancário estiver recebendo complementação salarial, terá também direito ao adiantamento do 13º salário, a exemplo dos demais empregados.• Campanha sobre assédio sexual - Os bancos assumiram o compromisso de realizar uma campanha junto com os bancários para combater o assédio se-xual no trabalho.

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BB

> Reajuste de 8,5% nos salários e benefí-cios> Reajuste de 9% lação) do piso em toda a carreira do PCR> Substituição de Gerente de Módulo nas PSO e Substituição de funções gerenciais nas Unidades de Negócios com somente uma Gerência Média> O BB contratará 2 mil funcionários (mil até 31 de dezembro de 2014 e mil até 31/12/2015)> O banco retroagirá a 1º de setembro de

Principais cláusulas do Acordo Específico2005 a pontu-ação de méri-to dos caixas. Os efeitos financeiros e o pagamento serão retro-ativos a 1º de setembro deste ano

> O BB paga-rá Vantagem em Caráter Pessoal (VCP) por 120 dias

para descomissionamentos de funcionários que tenham mais de 5 anos na comissão; excluídos os descomissionamentos por san-ção disciplinar e por desempenho (3 ciclos avaliatórios)> Pagamento em dinheiro de todas as ho-ras extras prestadas (fim do banco de ho-ras)> O banco bloqueará, até dezembro de 2014, o acesso às estações de trabalho para todos os funcionários que estiverem com a jornada de trabalho encerrada no

ponto eletrônico> O BB disponibilizará aos funcionários o pagamento do vale-transporte em dinheiro, observadas as regras do programa> O novo curso “Conciliação: Mediação para Gestores” passará a ser pontuado nas oportunidades do sistema TAO para con-corrências às funções de Gerente Geral em Unidades de Negócios

> O BB disponibilizará no mínimo 30 turmas da Oficina Gestão do Clima Organizacional, a fim de capacitar gestores a aprimorar o clima de suas unidades

> O banco permitirá, de outubro a dezem-bro de 2014, a realização de jornada extra-ordinária, vinculada ao Plano de Funções, na forma das instruções normativas que tratam do assunto> Renovação do Acordo Coletivo (acordo marco) sobre CCV por 2 anos, sem cláusu-la de suspensão de ações judiciais por 180 dias.> Reclassificação das faltas de greve rea-lizadas no primeiro semestre de 2013, por conta do plano de função> Realização de mesa temática sobre CABB

Principais cláusulas do Acordo Específico > Reajuste salarial para cargo efetivo - A Caixa aplicará os 9%, em todos os níveis das tabelas salariais de cargo efetivo> Contratação de novos empregados – 2 mil novos trabalhadores contratados até dezembro de 2015> Vale-cultura - A partir de 1º de janeiro a Caixa estenderá a distribuição do vale-cultura também aos empregados que o requeiram e que tenham remuneração base igual ou inferior a 8 salários mínimos, conforme os termos estabelecidos pela Lei 12.761/2012 e seu regulamento> A partir de janeiro de 2015, pagamento de 100% das horas extras realizadas em agências com até 20 empregados> Delta merecimento - A Caixa concederá uma referência (delta) a título de promoção por mérito, a partir de janeiro de 2015, aos empregados com no mínimo 180 dias de efetivo exercício em 2014 e sem ocorrên-cias restritivas> A Caixa garantirá ao empregado a titu-

laridade da função gratificada ou cargo em comissão, pelo período da licença para tratamento de saúde (LTS) ou licença por acidente de trabalho (LAT) até o limite de 180 dias> Comissões de conciliação (CCV/CCP) - A Caixa se compromete a renovar a assi-natura do Acordo Coletivo de Trabalho que regulamenta a CCV/CCP por ocasião do seu

CAIXA

vencimento>Fórum Condições de Trabalho - A Caixa constituirá uma rotina com objeto de ana-lisar situações que envolvam condições de trabalho encaminhada pelos sindicatos ou pelos próprios empregados. Para isso, re-alizará piloto a partir de novembro nas ci-dades de Campinas, Fortaleza, São Paulo, Brasília e Curitiba

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Banrisul

Até o fechamento desta edição a greve no Banrisul estava man-tida. Na última quarta-feira, a assembleia decidiu, por unanimi-dade, pela manutenção da greve por tempo indeterminado. A luta dos banrisulenses é pelo Plano de Cargos Salários sem retrocessos.

Greve continua

Privados

Não só nos públicos se faz greve

Em apenas cinco dias de greve, 10.355 agências e centros administrativos paralisaram as atividades em todo o país. Na base do SEEB Fpolis e Região, não foi diferente com várias unidades fechadas.