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Perfil Biográfico (texto escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico) Liu Xiaobo é um intelectual e ativista pelos Direitos Humanos e por reformas na República Popular da China. Desde 2003 é presidente da secção chinesa do PEN Club, uma entidade internacional de escritores. Enquanto ativista dos Direitos Humanos reclamou publicamente a necessidade de o governo da China responder pelas suas ações. Já foi detido, preso e condenado repetidas vezes devido ao seu envolvimento em atividades políticas pacíficas, a começar pela participação nos Protestos da Praça da Paz Celestial (Tian'anmen), e em quatro outras ocasiões desde então. A 8 de Dezembro de 2008, foi detido em virtude da sua participação na assinatura da Carta 08, sendo formalmente preso em 23 de Junho de 2009 sob suspeita de "incitar à subversão contra o poder do Estado". Foi acusado pelos mesmos motivos em 23 de Dezembro do mesmo ano e condenado a 11 anos de prisão em 25 de Dezembro. A 8 de Outubro de 2010, foi-lhe atribuído o Nobel da Paz . O Comité Nobel Norueguês justificou- o "pela sua longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China". Liu nasceu em Changchun, na província de Jilin, em 1955, no seio de uma família de intelectuais. De 1969 a 1973, foi levado pelo pai para a Bandeira da Frente Oriental de Horqin, na Mongólia Interior, durante a Campanha de Envio ao Campo. Com 19 anos, começou a trabalhar numa vila em Jilin, e depois numa empresa de construção civil. Em 1976, iniciou os estudos na Universidade de Jilin, obtendo o bacharelado em letras em 1982 e o mestrado em 1984, na Universidade Normal de Pequim. Depois de se formar, Liu Xiaobo passou a lecionar na Universidade Normal de Pequim, onde obteve também o doutoramento, em 1988. Nos anos 80, Liu tornou-se conhecido no meio académico após escrever uma série de teses criticando a filosofia de Li Zehou. Entre 1988 e 1989, foi professor visitante em várias universidades fora da China, como a Universidade de Colúmbia, a Universidade de Oslo e a Universidade do Havai. Quando os Protestos da Praça da Paz Celestial ocorreram, em 1989, Liu estava fora do país, mas voltou à China para se juntar ao movimento. Em Janeiro de 1991, Liu Xiaobo foi condenado sob a acusação de "propaganda contrarrevolucionária e incitação", mas foi isento de punição criminal. Em Outubro de 1996, foi condenado a três anos de reeducação pelo trabalho, sob acusação de "perturbar a ordem pública", por ter criticado o Partido Comunista da China. Em 2007, Liu foi detido por um curto período e interrogado pela publicação de artigos na internet, em páginas de servidores fora do território da República Popular da China. Em 2009, a sua condenação, gera protestos em todo o mundo: 11 anos de prisão por organizar um abaixo-assinado, a Carta 08, em que ativistas de direitos humanos reclamavam maior liberdade de expressão na China. O ativismo político de Liu recebeu reconhecimento internacional. Em 2004, a ONG Repórteres sem Fronteiras entregou-lhe o Prémio Fondation de France, por defender a liberdade de imprensa e, em 2010, Liu recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua atuação em defesa dos direitos humanos. Circunstâncias e consequências da atribuição do Prémio Nobel da Paz 2010 Liu Xiaobo foi proposto ao Prémio Nobel da Paz de 2010 por Václav Havel e o décimo-quarto Dalai Lama, entre outras personalidades. Ma Zhaoxu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que a possível nomeação de Liu Xiaobo seria algo "totalmente errado". Depois da confirmação do prémio, a agência estatal de notícias chinesa Xinhua emitiu uma reportagem afirmando que a atribuição do Nobel a Liu Xiaobo "blasfemou" o propósito de Alfred Nobel ao criar o prémio e que ela "poderia causar dano às relações entre a República Popular da China e a Noruega". O porta-voz disse ainda que Liu quebrara as leis chinesas e que as suas ações eram "contrárias ao propósito do Prémio Nobel da Paz". A esposa do ativista, a poetisa Liu Xia, obteve permissão para visitar Liu Xiaobo na prisão apenas no dia 10 de Outubro de 2010. Após o encontro, foi escoltada pela polícia até ao seu apartamento e mantida em prisão domiciliária. Carta 08 A Carta 08 é um manifesto assinado por 303 intelectuais e ativistas dos Direitos Humanos, de múltiplas profissões (académicos, advogados, jornalistas e artistas) - e depois por outras oito mil pessoas- para promover a reforma política e a democratização na República Popular da China. No texto exige-se que o governo chinês se empenhe em promover ou autorizar o multipartidarismo, um sistema judicial independente, e liberdade de religião, associação e imprensa. Este documento foi publicado em 10 de Dezembro de 2008, no 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Liu Xiao bo terá sido um dos principais redatores da Carta 08. Este ano é o 100.º aniversário da Constituição Chinesa, o 60.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o 30.º aniversário do Muro da Democracia e o 10.º ano desde que a China assinou a Convenção Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Depois de experimentar um prolongado período de desastres dos direitos humanos e uma tortuosa luta e resistência, os cidadãos chineses estão, cada vez mais e com maior clareza, a reconhecer que a liberdade, igualdade e direitos humanos são valores universais comuns compartilhados por toda a humanidade, e que a democracia, a república e o constitucionalismo constituem o arcabouço estrutural básico da governação moderna. Uma "modernização" esvaziada destes valores universais e deste arcabouço político é um processo

Folheto da personalidade do mês de Dezembro

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Folheto do autor d mês de Dezembro 2010

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Perfil Biográfico

(texto escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico)

Liu Xiaobo é um intelectual e ativista pelos Direitos Humanos e por reformas na República Popular da China. Desde 2003 é presidente da secção chinesa do PEN Club, uma entidade internacional de escritores. Enquanto ativista dos Direitos Humanos reclamou publicamente a necessidade de o governo da China responder pelas suas ações. Já foi detido, preso e condenado repetidas vezes devido ao seu envolvimento em atividades políticas pacíficas, a começar pela participação nos Protestos da Praça da Paz Celestial

(Tian'anmen), e em quatro outras ocasiões desde

então. A 8 de Dezembro de 2008, foi detido em

virtude da sua participação na assinatura da Carta 08, sendo formalmente preso em 23 de Junho de 2009 sob suspeita de "incitar à subversão contra o poder do Estado". Foi acusado pelos mesmos motivos em 23 de Dezembro do mesmo ano e condenado a 11 anos de prisão em 25 de Dezembro.

A 8 de Outubro de 2010, foi-lhe atribuído o Nobel da Paz

. O Comité Nobel Norueguês justificou-

o "pela sua longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China".

Liu nasceu em Changchun, na província de Jilin, em 1955, no seio de uma família de intelectuais. De 1969 a 1973, foi levado pelo pai para a Bandeira da Frente Oriental de Horqin, na Mongólia Interior, durante a Campanha de Envio ao Campo. Com 19 anos, começou a trabalhar numa vila em Jilin, e depois numa empresa de construção civil.

Em 1976, iniciou os estudos na Universidade de Jilin, obtendo o bacharelado em letras em 1982 e o mestrado em 1984, na Universidade Normal de Pequim.

Depois de se formar, Liu Xiaobo passou a lecionar na Universidade Normal de Pequim, onde obteve também o doutoramento, em 1988.

Nos anos 80, Liu tornou-se conhecido no meio académico após escrever uma série de teses criticando a filosofia de Li Zehou. Entre 1988 e 1989, foi professor visitante em várias universidades fora

da China, como a Universidade de Colúmbia, a Universidade de Oslo e a Universidade do Havai. Quando os Protestos da Praça da Paz Celestial ocorreram, em 1989, Liu estava fora do país, mas voltou à China para se juntar ao movimento.

Em Janeiro de 1991, Liu Xiaobo foi condenado sob a acusação de "propaganda contrarrevolucionária e incitação", mas foi isento de punição criminal.

Em Outubro de 1996, foi condenado a três anos de reeducação pelo trabalho, sob acusação de "perturbar a ordem pública", por ter criticado o Partido Comunista da China.

Em 2007, Liu foi detido por um curto período e interrogado pela publicação de artigos na internet, em páginas de servidores fora do território da República Popular da China.

Em 2009, a sua condenação, gera protestos em todo o mundo: 11 anos de prisão por organizar um abaixo-assinado, a Carta 08, em que ativistas de direitos humanos reclamavam maior liberdade de expressão na China.

O ativismo político de Liu recebeu reconhecimento internacional. Em 2004, a ONG Repórteres sem Fronteiras entregou-lhe o Prémio Fondation de France, por defender a liberdade de imprensa e, em 2010, Liu recebeu o Prémio Nobel da Paz pela sua atuação em defesa dos direitos humanos.

Circunstâncias e consequências da atribuição do Prémio Nobel da Paz 2010

Liu Xiaobo foi proposto ao Prémio Nobel da Paz de 2010 por Václav Havel e o décimo-quarto Dalai Lama, entre outras personalidades.

Ma Zhaoxu, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, afirmou que a possível nomeação de Liu Xiaobo seria algo "totalmente errado".

Depois da confirmação do prémio, a agência estatal de notícias chinesa Xinhua emitiu uma reportagem afirmando que a atribuição do Nobel a Liu Xiaobo "blasfemou" o propósito de Alfred Nobel ao criar o prémio e que ela "poderia causar dano às relações entre a República Popular da China e a

Noruega". O porta-voz disse ainda que Liu quebrara as leis chinesas e que as suas ações eram "contrárias ao propósito do Prémio Nobel da Paz". A esposa do ativista, a poetisa Liu Xia, obteve permissão para visitar Liu Xiaobo na prisão apenas no dia 10 de Outubro de 2010. Após o encontro, foi escoltada pela polícia até ao seu apartamento e mantida em prisão domiciliária.

Carta 08

A Carta 08 é um manifesto assinado por 303 intelectuais e ativistas dos Direitos Humanos, de múltiplas profissões (académicos, advogados, jornalistas e artistas) - e depois por outras oito mil pessoas- para promover a reforma política e a democratização na República Popular da China. No texto exige-se que o governo chinês se empenhe em promover ou autorizar o multipartidarismo, um sistema judicial independente, e liberdade de religião, associação e imprensa.

Este documento foi publicado em 10 de Dezembro de 2008, no 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Liu Xiao bo terá sido um dos principais redatores da Carta 08.

“ Este ano é o 100.º aniversário da Constituição Chinesa, o 60.º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o 30.º aniversário do Muro da Democracia e o 10.º ano desde que a China assinou a Convenção Internacional dos Direitos Civis e Políticos. Depois de experimentar um prolongado período de desastres dos direitos humanos e uma tortuosa luta e resistência, os cidadãos chineses estão, cada vez mais e com maior clareza, a reconhecer que a liberdade, igualdade e direitos humanos são valores universais comuns compartilhados por toda a humanidade, e que a democracia, a república e o constitucionalismo constituem o arcabouço estrutural básico da governação moderna. Uma "modernização" esvaziada destes valores universais e deste arcabouço político é um processo

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desastroso que priva os homens dos seus direitos, corrói a natureza humana e destrói a sua dignidade. Para onde se encaminhará a China no século XXI? Continuará uma "modernização" sob este tipo de autoritarismo? Ou reconhecerá os valores universais, assimilados em comum nas nações civilizadas e construirá um sistema político democrático? Esta é uma decisão fundamental que não pode ser evitada

. ”

Protesto em Hong Kong contra a prisão

de Liu Xiaobo.

Sites consultados em 12 de Novembro de 2010

http://pt.wikipedia.org/wiki/Liu_Xiaobo publico.pt. Pequim assume prisão de opositor influente.

Pela libertação de Liu Xiaobo

Liu Xiaobo e a esposa, Liu Xia

[F23 – Dezembro de 2010]

Nobel da Paz 2010

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