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Formação em Ação - Educadores · A mais recente projeção demográfica do IBGE publicada no Diário Oficial da União, de 29 de agosto de 2013, que objetiva oferecer “Bases

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Educação das relações étnico-raciaise ensino de história e cultura Indígena.

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EDUCAÇÃO PARA O ENVELHECIMENTO HUMANO DIGNO E SAUDÁVEL: UMA QUESTÃO CURRICULAR – ASPECTOS LEGAIS

1 INTRODUÇÃO

A mais recente projeção demográfica do IBGE publicada no Diário Oficial da União, de 29 de

agosto de 2013, que objetiva oferecer “Bases de informações para a implementação de políticas

públicas e avaliação de seus respectivos programas”, coloca em evidência a necessidade de repensar

políticas públicas, inclusive a educacional “da e para” a pessoa idosa, via currículo escolar, pela

responsabilidade que cabe a ele em apontar os conhecimentos que favoreçam à preparação das novas

gerações para o próprio envelhecimento e para o convívio harmônico com aquelas pessoas que já

envelheceram.

Verifica-se na pirâmide demográfica apresentada pelo IBGE uma alteração considerável em

relação à expectativa de vida, exigindo formação diferenciada de toda a sociedade, a partir da criança,

a fim de efetivar a eliminação de preconceitos contra o envelhecimento, preservando o direito humano

à vida digna até o término de seu ciclo. Tal movimento populacional decorre do aumento da

expectativa de vida ao nascer, que era de 43,3 anos, em 1950, e passou para os 73,9 em 2010, e reflete

a melhora da nutrição, das políticas de prevenção à saúde, dos benefícios da industrialização e do

acesso à informação nas suas mais diversas formas, conforme gráficos a seguir:

Fonte: IBGE1

1 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtm>

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Fonte: IBGE2

Essa ampliação da expectativa de vida fará com que as crianças e os jovens que estão em sala

de aula no dia de hoje sejam as pessoas adultas e pessoas idosas que conviverão nesta estrutura

demográfica demonstrada anteriormente. Assim, a cidadania desejável requer preparo específico,

voltado a tal realidade, para que todos e todas sejam capazes de optar as melhores escolhas, a partir

do conhecimento apropriado, para que as mesmas recaiam nas que contribuam para a manutenção da

vida saudável e autônoma, durante todo o processo de vida. Do contrário, as pessoas serão relegadas

a sofrimentos intensos, decorrentes da falta de saúde, de participação e de bem-estar. Se confirmado

o contexto desfavorável à vida, as pessoas se excluem do convívio social ou serão excluídas. Já, em

outra perspectiva, a falta de preparo e prevenção gerará sério impacto econômico para a manutenção

das políticas de Saúde, Assistência Social, dentre outras.

Importante salientar que, vários organismos internacionais e nacionais pós-guerra, há muito

se posicionaram no sentido de alertar governantes e gestores para tal realidade e suas demandas,

inclusive os do Brasil, já que ocupa a posição de quinta nação mais populosa do mundo, segundo a

ONU, apenas atrás da China, Índia, Estados Unidos e Indonésia. O alerta sugeriu que os países

direcionassem suas ações, no sentido de prever e promover estruturas adequadas que favorecessem à

vida das pessoas, em todas as idades. Isto não ocorreu como preocupação política, inclusive por parte

dos Sistemas de Educação, que se mantiveram omissos.

Recentemente, o Relatório do Fundo das Nações Unidas (2012), classificou a população em

processo de envelhecimento, quando a parcela de pessoas idosas é significativa e segue seu crescente

2 Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtm>

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processo motivado pelo declínio das taxas de fecundidade e o aumento da longevidade, como tem

ocorrido nos últimos 50 anos, tanto no Brasil como no Paraná. Portanto, é uma tendência clara e não

um “acidente de percurso”: foi e é o fato social mais previsível, exigindo a mobilização de todos, e

da educação, que pode contribuir para a eliminação das violências institucionais, sociais e familiares

de toda a espécie, a partir do momento em que ela assume o compromisso de formar os sujeitos

educacionais, não apenas para o mundo do trabalho, mas para viver dignamente suas vidas, também

para além da fase dita “produtiva”.

Estariam as gerações em formação preparadas para viver a nova realidade demográfica

brasileira, que projeta a vida de nossos estudantes num contexto de convivência com 25% de pessoas

idosas? Certo é, porque previsível, que no período de 2050 a 2060 haverá uma diminuição

considerável de convívio da população adulta com crianças, e menor necessidade de estruturas para

tal, sendo verdadeiro o inverso. O aumento da longevidade requererá estruturas e atitudes

diferenciadas para desfrutar satisfatório padrão de vida, propiciando minimamente padrões desejável

de saúde física, mental, econômica e emocional de todos os brasileiros e brasileiras.

2 ASPECTOS LEGAIS

A Constituição Brasileira, em vigência desde 1988, traz, ainda que de forma generalizada, a

garantia da cidadania e dignidade da pessoa como fundamento do estado democrático de Direito. Para

tal, no Art. 1º, inciso III, determina que:

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político.

Ainda, mais adiante, em seu Art. 3º, em seus objetivos, ela determina que não haja

discriminação em função da idade, conforme consta abaixo.

Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional;

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III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Assim, a partir do texto constitucional, em 1994, elaborou-se a Lei nº 8.842/94, que dispõe

sobre a Política Nacional do Idoso, regulamentada posteriormente pelo Decreto nº 1.948/96. Essa Lei

pormenoriza o contido no texto constitucional e contempla a tarefa da educação, que desde então foi

pouco difundida nos Sistemas Nacional e Estaduais de Educação. A Lei em pauta traz como princípio,

em seu Capítulo II, Seção I, inciso II, que “o processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em

geral, devendo ser objeto de conhecimento e informação para todos(...)”.

Já, o Decreto nº 1.948/96, ao regulamentar a Lei nº 8.842/94, em seu Art. 10, diz:

Art. 10. Ao Ministério da Educação e do Desporto, em articulação com os órgãos federais, estaduais e municipais, compete: (…) II – incentivar a inclusão nos programas educacionais de conteúdos sobre o processo de envelhecimento: (...)

No Estado do Paraná, já em 1997, a Lei nº 11.863/1997 instituiu a Política Estadual do Idoso

e o Conselho Estadual dos Direitos do Idoso (CEDI), e manteve a redação original da Lei nº 8.842/94,

estando expressa, no Capítulo II, Art. 3º:

III - Na área da educação: a) a adequação dos currículos, das metodologias e dos materiais didáticos aos programas educacionais destinados aos idosos; b) a inserção nos currículos mínimos nos diversos níveis de ensino formal, conteúdos voltados ao processo de envelhecimento de forma eliminar preconceitos e a produzir conhecimentos sobre o assunto; c) o desenvolvimento de programas educativos e, em especial, a utilização dos meios de comunicação, a fim de informar à população sobre o processo de envelhecimento; d) o desenvolvimento de programas que adotem modalidades de ensino a distância, adequadas às condições do idoso; e) outras atividades que se fazem necessárias na área.

Recentemente, em 2003, enfatizando a relevância e a urgência no enfrentamento das questões

envolvendo esta política de estado e reafirmando direitos e princípios já consagrados na Constituição

e nas demais legislações infraconstitucionais, adicionando alguns avanços, surge o Estatuto do Idoso,

Lei nº 10.741/2003, reafirmando e ratificando – com o mesmo teor - a tarefa educacional.

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Assim, no Capítulo V - Da Educação, Cultura, Esporte e Lazer, temos:

Art. 20 – O idoso tem direito à educação, cultura, esporte e lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade. Art. 21 – O Pode Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. § 1º – os cursos especiais para idosos incluirão conteúdo relativo às técnicas de comunicação, computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna. § 2º – Os idosos participarão das comemorações de caráter cívico ou cultural, para transmissão de conhecimentos e vivências às demais gerações, no sentido da preservação da memória e da identidade culturais. Art. 22. Nos currículos mínimos dos diversos níveis de ensino formal serão inseridos conteúdos voltados ao processo de envelhecimento, ao respeito e à valorização do idoso, de forma a eliminar o preconceito e a produzir conhecimentos sobre a matéria. Art. 23. A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinquenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. Art. 24. Os meios de comunicação manterão espaços ou horários especiais voltados aos idosos, com finalidade informativa, educativa, artística e cultural, e ao público sobre o processo de envelhecimento. Art. 25. O Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para as pessoas idosas e incentivará a publicação de livros e periódicos, de conteúdo e padrão editorial adequados ao idoso, que facilitem a leitura, considerada a natural redução da capacidade visual.

Fora os aspectos locais, o Brasil é signatário do Plano Internacional sobre Envelhecimento

Humano, aprovado na II Assembleia Mundial do Envelhecimento, realizada em Madri, em 2002,

cujas recomendações indicam o caminho a ser seguido para a construção de uma sociedade voltada a

todas as idades, onde tanto os jovens quanto as pessoas idosas tenham a oportunidade de contribuir

no desenvolvimento de seu país e usufruir dos benefícios decorrentes deste desenvolvimento.

Entretanto, segundo aponta o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, no Prefácio do Relatório, “as

implicações sociais e econômicas deste fenômeno são profundas, estendendo-se para muito além da

pessoa do idoso e sua família imediata, alcançando a sociedade mais ampla e a comunidade global,

de forma sem precedentes”.

Isto posto, concluímos que, apenas os marcos legais, não garantem a efetivação das políticas,

sem que haja vontade política para tal e sem em que haja clareza e planejamento por parte dos gestores

de todas as instâncias, aqui particularmente nominados todos os governantes. Mas cabe aos gestores

educacionais assumirem sua responsabilidade perante as leis e a operacionalização da demanda no

fazer educacional, via orientação do Ministério da Educação, Conselho Nacional de Educação,

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Secretarias de Estado da Educação, Conselhos Estaduais de Educação e Secretarias Municipais de

Educação.

Fica também evidente nesta legislação que a Política para a Pessoa Idosa é constituída por

duas vertentes que, embora distintas, são complementares, à medida em que as interações sociais não

permitem divisões de idades. A primeira vertente se constitui no atendimento à pessoa idosa, que não

teve seu direito elementar à educação atendido em tempo certo, oferecendo oportunidade para

Alfabetização e sequência de estudos formais, via Educação de Jovens e Adultos. Neste aspecto, a

Secretaria de Estado da Educação do Paraná atende à demanda relativa à Educação Básica, de forma

efetiva e constante. Outra vertente requer que haja preparação das crianças e dos jovens para seu

próprio envelhecimento e para o convívio no contexto demográfico diverso do atual, já mencionado.

REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 10.741, de 01 de outubro. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília, 2003. ______. Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994. Dispõe sobre a política nacional do Idoso, cria o Conselho Nacional do Idoso e dá outras providências. Brasília, 1994. ______. Decreto nº 1.948, de 03 de julho de 1996. Regulamenta a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que despõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Brasília, 03 jul. 1996. IBGE. Censos demográficos. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/default_censo_2000.shtm>. Acesso em: 22 mai. 2014. ______. Pirâmide Etária. Brasil. Projeção, projeções da população 2013. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/00000014425608112013563329137649.pdf>. Acesso em: 06 mai. 2014. PARANÁ. Lei nº 11.863, de 23 de outubro de 1997. Dispõe sobre a Política Estadual dos Direitos do Idoso e adota outras providências. Curitiba, 23 out. 1997. ______. Secretaria de Estado da Educação.Superintendência da Educação. Diretrizes Curriculares Orientadoras para a Educação Básica da Rede Estadual de Educação. Curitiba: 2008. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1>. Acesso em: 22 mai.2014.

______. Secretaria de Estado da Educação.Portal Dia a Dia Educação. Educação para o Envelhecimento Digno e Saudável: Uma Questão Curricular. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=1272>. Acesso em: 22 mai. 2014.