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    FURBDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTALDISCIPLINA: SILVICULTURA I

    FORMAO DA SEMENTE

    Angiospermae

    A maioria das espcies nativas e algumas introduzidas, como as dogneroEucalyptus, so Angiospermas, apresentando a semente protegida pelofruto. A sua flor dita completa com clice, corola (conjunto de ptalas),androceu (conjunto de rgos reprodutivos masculinos) e gineceu (rgoreprodutivo feminino).

    Os rgos reprodutores feminino e masculino podem ocorrersimultaneamente na mesma flor, como o caso dos Eucalyptus, sendo entodenominadas flores hermafroditas, em flores separadas na mesma rvore(espcies monicas) ou em flores e rvores separadas (espcies diicas).

    1.1 Gineceu

    O rgo reprodutivo feminino formado pelo estigma, estilete e ovrio. neste ltimo que se forma a semente.

    O ovrio das Angiospermas prende-se flor atravs do funculo, queaps a maturao da semente se desprende e d origem ao hilo, regio

    bastante visvel nas sementes de leguminosas. No interior do ovrio, protegidopelo tecido denominado nucela, encontra-se o vulo.O gemetfito ou vulo, constitudo por 6 clulas: as 3 antpodas, as 2

    sinrgidas, a cosfera, e por 2 ncleos polares. As sinrgidas e as antpodas sedegeneram rapidamente, no tendo ainda suas funes totalmente conhecidas.

    1.2 Androceu

    No aparelho reprodutor masculino encontra-se os rgos de plen,protegidos nos sacos polnicos. A antera e o filete so as partes do androceu

    visveis na flor. na antera que se localizam os sacos polnicos, que se abremna poca adequada, para a disperso do gro de plen.O gametfito masculino (plen) possui uma camada externa denominada

    Exima que permite, devido suas caractersticas prprias, a identificao daespcie.

    A exima pode apresentar expanses alares, bolsas de ar, que facilitam asua disperso pelo vento (anemfila). Tambm comum a presena de plos,

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    substncias mucilaginosas que aderem superfcie do agente polinizador, emespecial, nos insetos, que so os dispersores mais freqentes nas florestastropicais (disperso entomfila).

    O gro de plen formado por duas clulas, uma vegetativa e outrareprodutiva, com funes especficas na fertilizao.

    1.3 Fertilizao

    Aps a disperso do gro de plen ocorre a polinizao, ou seja, achegada do plen ao rgo reprodutor feminino.

    Aderindo superfcie do estigma, este inicia a emisso do tubo polnicoatravs do estilete, passando pela micrspila at atingir o vulo. Tendo j severificado um processo de diviso celular, onde a clula reprodutiva se divideem duas com igual nmero de cromossomas (n), uma das clulas une-se aosdois ncleos polares, iniciando-se a multiplicao celular, que dar origem aoendosperma ou albume, triplide com 3n cromossomas, sendo um da clulareprodutiva e um de cada um dos ncleos polares.

    A outra clula reprodutiva une-se cosfera, dando origem ao ovo, queser o futuro embrio da semente.

    A dupla fertilizao uma caracterstica tpica das Angiospermae.

    1.4 Estrutura da semente

    A. ENDOSPERMA

    Completada a fertilizao, ocorre uma rpida multiplicao dos tecidosat o total desenvolvimento da semente.O endosperma ou albume um tecido de reserva que tem como funo

    nutrir o embrio durante o seu crescimento. Muitas espcies florestais nopossuem mais endosperma quando a semente amadurece, como os eucalyptus,as leguminosas, como por exemplo, a Caesalpinia echinata, Pau Brasil;Caesalpinia ferrea, Pau ferro; Dalbergia nigra, Jacarand Cavina; Mimosa

    scrabella, Bracatinga; Leucaena leucocephalla, Leucena; Cassia fistula,Cassia; Cordia trichotoma, Louro e outras. Nestas espcies, o endosperma foitotalmente consumido pelo embrio, restando em alguns casos apenas

    resqucios do tecido de reserva.

    B. EMBRIOO embrio a planta rudimentar. formado por dois cotildones ou

    paracotildones, com funo de reserva, de produo de alimentos para ocrescimento da plntula e absoro de alimento de outros tecidos de reserva.

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    Abaixo dos cotildones, na zona de transio at a radcula, a regiodenominada hipoctilo, que dar origem ao caulculo da plntula.

    A radcula na realidade um conjunto de clulas meristemticas e seencontram voltada para a micrpila. a raiz rudimentar do embrio.

    C. TEGUMENTO

    Constitudo de duas partes, uma externa a testa e o tegme interno. Suaprincipal funo protetora, regulando a penetrao de gua e gases.

    Algumas espcies apresentam tegumento impermevel gua,necessitando o uso de tratamentos qumicos ou mecnicos que visem facilitara sua penetrao nos tecidos.

    O tegumento tambm importante na estrutura da semente no que serefere a sua atuao na disperso. Espcies como Ip (Tabebuia sp.) e oMogno (Swietenia macrophylla) e o Pinus (Pinus sp.), possuem expansesalares no tegumento que permitem a sua disperso pelo vento.

    2. Gimnospermae

    Pertencem ao grupo das Gimnospermae espcies florestais nativas eexticas de elevado valor comercial.

    Dentre as nativas destacam-se a Araucria angustifolia, o PinheiroBrasileiro e o Podocarpus lambertii, Pinheiro-bravo e dentre as exticas osPinheiros, Pinus caribaea, Pinus oocarpa, P. elliottii, P. patula, P. taeda e a

    Araucria excelsa.O processo de formao das sementes distinto das Angiospermae, a

    comear pelo fato do vulo desenvolver-se diretamente na flor, sem a proteodo ovrio.Formao das sementes no Gnero Pinus:As flores femininas das Pinaceae so denominadas de cone. Apresentam

    um eixo central de onde partem as escamas. Na base de cada escama, junto aoeixo, encontram-se dois vulos, visveis a olho n, com expanses alares.

    Antes da fertilizao, o cone ou condio, possui colorao verde,passando a adquirir cor marrom e aspecto lenhoso entre a fertilizao e amaturao da semente, aumentando consideravelmente de tamanho neste

    perodo.

    O estrbilo, flor masculina, de menor tamanho que o cone, comcolorao amarela por ocasio da disperso do plen. Constituindo-se por umeixo central de onde partem numerosas escamas onde se encontramlocalizados os sacos polnicos contendo o gro de plen.

    2.1 O vulo

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    O vulo ou gametfito feminino formado por um tecido, a nucela protegida por uma camada de clulas denominada de integumento, queapresenta uma pequena abertura, a micrpila, por onde penetra o gro de plen

    por ocasio da polinizao.O vulo preso escama pela regio oposta micrpila (Chalaza) por

    onde transportada a seiva para sua nutrio.A cosfera, origem da futura planta, encontra-se protegida no gnero

    Pinus, nos arquegnios, tpico saco embrionrio das Gimnospermae. Osarquegnios, geralmente em nmero de dois formam-se perto da micrpila,abertura existente no integumento do vulo e, contm a cosfera, um ncleo eum pescoo rudimentar. comum entre as Pinaceae a fertilizao de maisde um arquegnio, ocorrendo ento a poliembrionia.

    2.2 Plen

    O principal agente dispersor de plen das Pinaceae o vento (anemfila),e a sua estrutura apresenta a exima com expanses alares, formando bolsas dear que facilitam o seu transporte pelo vento.

    Originalmente formado por 4 clulas, sendo que duas delas se degeneram(clulas do protalo), o gro de plen maduro formado por uma clulareprodutiva e uma vegetativa que ir dar origem ao tubo polnico.

    Nos estrbicos so formadas grandes quantidades de gros de plen quepor ocasio da disperso formam nuvens amareladas nas reas de plantio.

    2.3 FertilizaoO plen disperso pelo vento atinge a parte superior da(s) escama(s) do

    cone, sugado por mecanismos fsico-qumicos para o seu interior atravsda micrpila. Encontrando as condies propcias, inicia o desenvolvimentodo tubo polnico.

    Enquanto nas Angiospermae a germinao do tubo polnico inicia-serapidamente aps a polinizao, nas Gimnospermaes o processo lento

    podendo estender-se de meses a ano.Isto se deve ao fato de que tanto o vulo quanto o gro de plen ainda se

    apresentam em estgios mais atrasados de desenvolvimento na poca depolinizao.Ao atingir o gamatfito feminino, o tubo polnico penetra atravs da

    micrpila, ocorrendo a diviso da clula reprodutiva, onde cada ncleomantm o mesmo nmero de cromossomas (n). A fertilizao ocorre com aunio de um ncleo reprodutivo com a cosfera situada no arquegnio,originando ento a clula-ovo (2n).

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    2.4 Estrutura da semente

    A. TECIDO DE RESERVAImediatamente aps a fertilizao ocorre uma rpida multiplicao

    celular quando o gametfito feminino absorve a nucela durante seudesenvolvimento, at ser reduzida a uma fina camada denominada de

    perisperma. Os tecidos do gamatfito feminino nas Gimnospermae tm funosemelhante ao endosperma das Angiospermae, constituindo-se de material dereserva para o desenvolvimento do zigoto ou embrio. Ao contrrio dasAngiospermae, sua formao anterior fecundao, sendo um tecidohaplide (n cromossomas), alm de originar os arquegnios. denominado

    por vrios outros autores como endosperma primrio.B. EMBRIO

    Nas Pinaceae o embrio apresenta um nmero varivel de cotildones ou paracotildones, de 5 at 10, de acordo com a espcie. Como nasAngiospermae, distingue-se o eixo hipoctilo que dar origem ao caulculo, ea radcula, ponto de onde se desenvolver a radcula da plntula.

    C. TEGUMENTOSua funo protetora, servindo tambm como regulador das trocas de

    gases e gua entre a semente e o meio ambiente.Apresenta duas capas, a externa denominada de Testa ou Episperma e o

    Tegme, interno.O tegumento pode apresentar expanses alares como a de Pinus que

    facilitam a disperso das sementes. Sua cor, formato e textura socaractersticos de cada espcie permitindo a sua identificao botnica, emalguns casos.

    FURBDEPARTAMENTO DE ENGENHARIA FLORESTALDISCIPLINA: SILVICULTURA I

    MATURAO e DISPERSO de SEMENTES

    1. ASPECTOS TECNOLGICOS DA MATURAO DE SEMENTESFLORESTAIS

    1.1. INTRODUO

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    A partir da fertilizao, o vulo fecundado sofre uma srie demodificaes morfolgicas, bioqumicas e fisiolgicas, que culminam com aformao da semente madura. Este conjunto de transformaes compreende o

    processo de maturao das sementes.

    O estudo da maturao das sementes possibilita que elas sejam colhidasno estdio de mxima qualidade, a partir do qual esto praticamentedesligadas da planta (Carvalho & Nakagawa, 1983). Neste estdio a sementeatinge o mximo poder germinativo e vigor, sendo por isto denominado de

    ponto de maturidade fisiolgica.O ponto de maturidade fisiolgica pode variar em funo da espcie e do

    local, havendo portanto a necessidade do estabelecimento de parmetro quepermitam a definio da poca adequada de colheita, denominados de ndicesde maturao.

    1.2. FATORES QUE AFETAM A MATURAO

    Fatores genticos e ecolgicos adiantam ou atrasam o processo dematurao das sementes.

    Diferenas na poca de florescimento entre rvores, na mesma rea,indicam controle gentico, enquanto que as diferenas na quantidade deflorescimento em anos consecutivos indicam efeitos ambientais.

    Barnett (1979), apud Pina-Rodrigues & Aguiar (1993), afirma quediferenas na poca de maturao de cones de populaes da mesma espcie,

    situadas a diferentes altitudes, so devidas a variaes de temperatura, sendoque as mais baixas tendem a retardar a maturao.Aguiar & Kageyama (1987) verificaram que o processo de maturao dos

    frutos e sementes de E. grandis mais lento na Austrlia do que no Brasil,pois o perodo ps-florescimento australiano mais mido e quente do que emnosso pas.

    Assim, a umidade se destaca tambm como importante fator agindo sobrea maturao de sementes. Segundo Stein et al. (1974), a ocorrncia de ventossecos no outono pode favorecer uma rpida maturao e disperso dassementes, enquanto que condies de chuva na mesma poca prolongam o

    perodo de reteno das sementes nos frutos.

    1.3. POCA DE COLHEITA DE SEMENTES

    A definio da poca adequada de colheita de sementes muitoimportante, principalmente porque a partir do ponto de maturao fisiolgica iniciado o processo de determinao, cuja velocidade influenciada pelas

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    condies ambientais (Popinigis, 1985). A permanncia da semente na rvoreaps a maturidade, corresponde a um armazenamento no campo, submetendo-a s variaes diurnas, noturnas e estacionais, afetando sua qualidade.

    A definio da poca de colheita depende tambm da anlise de vriosfatores que determinam a viabilidade de sua execuo prtica e o seu

    planejamento.* Tipo de fruto

    No caso de sementes florestais, a definio da poca de colheita torna-semais importantes pois um grande nmero de espcies produz frutos deiscentes.Assim, estes se abrem ainda na rvore para que ocorra a disperso natural dassementes. Tendo em vista as dificuldades de colheita, inerentes scaractersticas de determinadas espcies (espinhos no tronco, ramos finos,copa e rvores altas), muitos frutos e sementes so colhidos no cho, aps suadisperso.

    Algumas espcies de frutos deiscentes como as de Eucalyptus e Pinus,produzem frutos de pequenas dimenses, cuja colheita aps a disperso impraticvel. O mesmo ocorre com algumas espcies nativas, como Cedrela

    fissilis (cedro), Tabebuia sp. (Ip) eAspidosperma polyneuron (peroba), sendorecomendvel a colheita antes da disperso, para evitar a perda de sementes.

    * Predao e dispersoA colheita no cho expe a semente predao, reduzindo a

    disponibilidade de sementes e afetando sua qualidade. Em sementes de

    Araucria angustifolia, to logo estas atingem o solo, ocorre intenso ataque deroedores e insetos, devendo sua colheita ser realizada antes da disperso (Pia-Rodrigues, 1986).

    * Longevidade natural das sementesQuando a colheita de sementes envolve espcies com sementes de curta

    longevidade natural, como a Araucria angustifolia (Doni Filho, 1972/1973),a definio da poca de colheita deve ser a mais precisa possvel, para permitir

    a obteno de sementes viveis.

    * Extenso do perodo de frutificaoEspcies como Pinus oocarpa possuem amplo perodo de maturao,

    durante o qual so encontrados na mesma rvore e poca, cones em diferentesestgios de desenvolvimento (Bertolani & Nicolielo, 1978). O mesmoconstataram Aguiar & Kageyama (1987) paraEucalyptus grandis.

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    Na definio da poca ideal de colheita, devem ser estabelecidos parmetros baseados nas caractersticas de cada espcie, que permitamdeterminar o momento em que o fruto ou a semente devam ser colhidos.

    1.4. NDICES DE MATURAO DE SEMENTES

    A determinao da poca adequada de colheita de cada espcie pode serfacilitada com a adoo dos ndices de maturao. Estes so parmetros

    prticos que permitem inferir sobre o estgio de desenvolvimento do fruto e/ousemente.

    Considerando que muitas sementes so colhidas ainda no fruto, osndices relativos a frutos devem refletir a maturidade da semente.

    Neste ponto, varivel em funo da espcie, condies climticas e doprprio indivduo, a semente atinge o seu potencial de mxima qualidade, nodependendo mais da planta para completar seu desenvolvimento.

    O ponto de maturao fisiolgica representa, teoricamente, o ponto emque a semente atinge o seu mximo de qualidade fisiolgica, vigor,germinao, tamanho e peso de matria seca (Carvalho & Nakagawa, 1983).

    As modificaes morfolgicas, bioqumicas e fisiolgicas que ocorremnos frutos e sementes durante a maturao so utilizadas para a determinaodo ponto de maturidade e a definio dos seus ndices prticos. Os ndicesmais comumente utilizados baseiam-se em parmetros como a colorao, teorde umidade, densidade, tamanho e peso de frutos e sementes.

    * ndices visuaisA maturidade fisiolgica acompanhada por modificaes visveis noaspecto externo dos frutos e das sementes.

    Turnbull (1975b) relata que as espcies de eucalipto esto madurasquando os frutos ficam duros e secos. Loneragan (1979) constatou que amaturidade das sementes de Eucalyptus diversicolorpode ser estimada peloaspecto cheio dos frutos e pela posio relativa dos frutos e folhas nos ramos.Frutos imaturos, segundo ele, encontram-se misturados com as folhas,enquanto os maduros ficam expostos na base dos ramos, desprovida de folhas.

    Hodgson (1976) considera que a mudana de colorao dos frutos um

    bom guia para estimar a maturao das sementes, tendo verificado que oescurecimento dos frutos de Eucalyptus grandis serviu para indicar amaturao da semente. Por outro lado, Aguiar et al. (1988) constataram que aexistncia de fendas radiais na superfcie dos frutos desta espcie indicaram amaturao, mesmo em frutos de colorao verde. Entretanto, os frutos deaspecto liso e brilhante continham sementes imaturas, enquanto os de aspectorugoso e opaco, tambm de colorao verde, continham sementes maduras.

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    Para o gnero Pinus a mudana de colorao das escamas dos cones deverde para marrom permitiu a previso da poca de colheita deP. strobus eP.resinosa,P. clausa eP. pinaster.

    Entretanto, a colorao no foi um ndice eficaz para outras espcies dognero, como P. sylvestris, P. ponderosa e P. oocarpa (Pia-Rodrigues,

    1986).Entre os trabalhos desenvolvidos no Brasil com espcies nativas, a

    mudana de colorao dos frutos revelou-se bom ndice de maturao dassementes de freij-cinza - Cordia goeldiana (Kanashiro & Viana, 1982),angico - Anadenanthera macrocarpa (Souza & Lima, 1985), cabruva -Myroxylon balsamum (Aguiar & Barciela, 1986) e oiticica - Clarisiaracemosa (Pia- Rodrigues & Jesus, 1992). No entanto, no serviu comoestimador da maturao para copaba - Copaifera langsdorffii (Borges &Borges, 1979) e jacarand-cavina -Dalbergia nigra (Jesus et al., 1984).

    * ndices bioqumicosAps a fertilizao, inicia-se na clula-ovo intensa sntese de compostos

    orgnicos e de material de reserva. H aumento do nvel de carbohidratos,cidos orgnicos, nitrognio, lipdeos e outros constituintes (Bonner, 1976b).

    medida que evolui o processo de maturao, a atividade bioqumica aumentada, como reflexo da produo de enzimas no interior das clulas.Aproximadamente 80% da sntese de protenas ocorre nos tecidos de reserva,os quais nesta etapa atingem seu maior peso de matria seca; o embriocontribui com o restante da atividade protica da semente. Nos ltimos

    estgios do processo de maturao, a atividade bioqumica nos tecidos dereserva reduz-se drasticamente, passando o embrio a representar 75% do totaldos compostos formados (Bewley & Black, 1978).

    Entretanto, estes indicadores de maturao tm uso limitado e no so prticos, no podendo ser aplicados no campo e sendo de determinaodemorada (Barnett, 1979; Edwards, 1979).

    * ndice de tamanhoA adoo deste ndice baseia-se no princpio de que a semente atinge na

    maturidade seu mximo tamanho (Popinigis, 1985).

    De madeira geral, as sementes crescem rapidamente em tamanho,atingindo o mximo em curto perodo de tempo, em relao durao total do processo de maturao (Carvalho & Nakagawa, 1983). Este crescimento resultante da multiplicao de clulas do eixo embrionrio e dos tecidos dereserva, ocorrendo simultaneamente o crescimento do fruto.

    Os cones de Pinus oocarpa atingiram seu mximo tamanho antes dasemente ter completado seu desenvolvimento (Pia-Rodrigues, 1984).

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    Tambm no foram constatadas por Aguiar et al. (1988) diferenassignificativas o tamanho dos frutos de Eucalyptus grandis. Os frutos comcolorao verde j apresentavam tamanho prximo ao mximo. O tamanhodos frutos no foi considerado bom ndice para a espcie, devido a grandevariao entre rvores.

    Embora seja um ndice bastante prtico, o tamanho dos frutos ou conesno tem apresentado bons resultados para muitas espcies. Isto se deve ao fatodesta caracterstica ser extremamente plstica, variando de indivduo paraindivduo, de ano para ano e inclusive dentro da mesma rvore. No entanto,

    pode ser utilizado como indicativo de que a semente est prxima de seuponto de maturao, principalmente para as espcies com frutos deiscentes.

    * Densidade aparenteA densidade aparente ou gravidade especfica um ndice mais utilizado

    para as espcies do gnero Pinus, principalmente aquelas em que amodificao da colorao dos cones no pode ser empregada como ndice dematurao (Krugman & Jenkinson, 1974).

    A densidade dos cones determinada pela relao entre o seu peso evolume, obtida com o uso de uma balana analtica adaptada para funcionarcomo hidrosttica. Em condies de campo, conhecendo-se o valor dadensidade correspondente ao cone maduro, estes so submetidos ao teste deflutuao (Krugman & Jenkinson, 1974). Este teste consiste em imergir oscones em lquido de densidade prxima dos cones maduros. Os cones comdensidade correspondente do ponto de maturao, flutuaro. Maki (1940)

    constatou que os cones de Pinus ponderosa apresentavam densidade de 0,86por ocasio da maturao, recomendando a realizao de teste de flutuao emquerosene, com densidade 0,85.

    * Teor de umidadeLogo aps a formao do zigoto, o teor de umidade das sementes

    normalmente varia de 70 a 80%, decrescendo medida em que a semente sedesenvolve (Carvalho & Nakagawa, 1983; Pipinigis, 1985).

    O teor de umidade da semente na maturao varia de acordo com aespcie e condies climticas, reduzindo at entrar em equilbrio com o meio

    ambiente, quando fica oscilando de acordo com os valores de umidade relativado ar.Nos trabalhos com espcies florestais, o teor de umidade das sementes e

    dos frutos tem sido correlacionado com a maturao fisiolgica das sementes.Para as conferas, um indicador menos usado do que a densidade,

    principalmente por necessitar do uso de estufas de secagem em laboratrios ede maior tempo.

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    O teor de umidade dos cones de Pinus elliottii, P. palustris, e P. taedapermaneceu praticamente constante prximo da maturidade, sendo indicadocomo um ndice potencial para estas espcies (Barnett, 1976).

    A DISPERSO DE SEMENTES

    O processo de maturao dos frutos est estreitamente correlacionadocom sua sndrome de disperso.

    Por sndrome de disperso entende-se o conjunto de caractersticas da planta, fruto ou semente que foram desenvolvidos, evolutivamente, parapromover a sua disperso (Van der Pijl, 1982). Estas caractersticas formamum painel que proporciona a possibilidade de entender as diversas estratgiasde maturao de espcies florestais.

    Essas estratgias ocorrem no contexto da produo de frutos e sementes,a nvel morfolgico, qumico e fenolgico.

    * Modificaes bioqumicasO significado ecolgico do contedo bioqumico dos frutos maduros

    interpretado como sendo uma caracterstica que visa atrair o agente dispersor,devido sua palatabilidade, ou que funciona como mecanismo de defesa dosfrutos maduros contra agentes predadores (Stiles, 1980; Janzen, 1981; Herrera,1982).

    Os agentes dispersores so atrados por estas caractersticas do fruto ouda semente, usando-os como fontes ocasionais ou habituais de alimentao.Este o caso dos frutos e sementes grandes, ricos em polpa, de and-au(Carapa guianensis) utilizadas como alimento por antes e roedores que, almde forragearem prximo das rvores, transportam-nas para longe da planta-me.

    Os frutos imaturos podem produzir compostos que os tornamimplantveis, afastando os predadores e ao mesmo tempo, os dispersores, umavez que a semente ainda no se encontra em condies para a disperso. Oscompostos secundrios, produzidos na fase de desenvolvimento do fruto e da

    semente, exercem importante fator na sua proteo.Os frutos de orelha-de-negro (Enterolobium contortisiliquum), na suafase imatura, no so procurados pelos seus dispersores, grandes mamferos.O prprio gado, que normalmente o utiliza como alimento em pastagensnaturais, evita-o nessa etapa. A presena de tanino em frutos pode geraraverses pelos herbvoros, que possuem sistemas receptores capazes dedetectar sua presena na fonte alimentar (Swain, 1979).

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    Durante o processo de maturao h abrupta transformao no fruto, podendo passar rapidamente de imaturo e impalatvel, para maduro e palatvel, principalmente no caso deste ser carnoso. Nesta etapa, ocorreacmulo de material nutritivo tanto nos frutos quanto nas sementes que ostornam mais atrativos aos seus agentes dispersores.

    Algumas espcies do grupo ecolgico das clmax tendem a produzirfrutos e sementes maiores, essenciais para seu estabelecimento nas condiesde sub-bosque, onde dependem do material contido nos tecidos de reserva dasemente para atrair seu dispersor e promover o desenvolvimento da plntula(Pia-Rodrigues et al., 1990).

    Paralelamente ao acmulo de material nutritivo na maturao, podeocorrer decrscimo de outros compostos txicos. Gondwe (1976) observouque a cianamida presente em frutos de Passiflora edulis diminuiu durante oseu desenvolvimento.

    O uso de ndices bioqumicos de maturao poder detectar aumento oureduo do teor de substncias que, sob o ponto de vista ecolgico, teriam afuno de atrair ou repelir o dispersor ou o predador.

    * Maturao e dormnciaDentre as modificaes bioqumicas e fisiolgicas que ocorrem ao longo

    do processo de maturao, uma tem especial papel na sobrevivncia daespcie: a dormncia. Este um mecanismo que permite a sobrevivncia dasemente no solo, aps a maturao e disperso, at o momento propcio germinao de suas sementes. uma estratgia observada em muitas sementes

    de espcies pioneiras, tais como a bracatinga (Mimosa scabrella) (Bianchetti,1981) e o jatapeba (Dialium guianensis) (Pia-Rodrigues, 1991), embora sejatambm constatada em espcies do grupo ecolgico das clmax como acastanha-do-brasil (Bertholettia excelsa) (Kageyama & Viana, 1991).

    A semente, embora apresente capacidade de germinar desde o incio desua formao, pode passar a exibir dormncia apenas quando atingem o pontode maturao fisiolgica.

    A presena de dormncia no momento da maturao pode serinterpretada como sendo um mecanismo para impedir a germinao, antes queocorram condies propcias, ou como proteo contra danos durante a

    disperso.

    PADRES DE MATURAO, DISPERSO E GRUPOS ECOLGICOS

    * Padres de maturao em espcies de disperso abiticaEstudos realizados nas florestas neotropicais tm evidenciado tendncia a

    um maior nmero de espcies com frutos leves e secos, com dispositivos de

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    planao, adeso ou exploso, de disperso abitica, em estgios sucessivosmais iniciais (Hartshorn, 1980). Esse estgio dominado por espciesdispersas pelo vento (anemocoria), cujas sementes so as primeiras achegarem em reas de clareira (Fenner, 1985).

    Em relao s pocas de maturao e disperso, estas ocorrem no perodo

    da seca para algumas espcies como Tabebuia avellanedae, Schyzolobiumparahybum, Cedrela ocorata, C. fissilis, Cordia trichotoma e Platypodiumelegans, ou no incio da estao chuvosa, como Aspidosperma polyneuron,

    Bowdichia virgilioides, Cordia alliodora, Miroxylon balsamum e Tipuanatipu, perodos que favorecem sua disperso ou estabelecimento de suas

    plntulas.As espcies de estgios iniciais, em especial as anemocricas, parecem

    apresentar um padro comum de produo e maturao de frutos e sementes.A produo de frutos/sementes, em geral de pequeno tamanho (Wilson, 1983), abundante e concentrada em uma poca. A maturao rpida, com poucavariao dentro do mesmo indivduo.

    * Padres de maturao em espcies de disperso biticaGentry (1982) demonstrou em seus estudos que a proporo de espcies

    em uma categoria de disperso est relacionada como a precipitao local e,conseqentemente, com a complexidade da floresta.

    Em uma floresta seca da Costa Rica, 24% das espcies apresentavamdisperso anemocrica, passando este valor a apenas 4% em florestas midasdo Equador.

    Em estgios sucessionais mais avanados, onde a complexidade dacomunidade vegetal aumenta, atraindo aves e mamferos, aumenta a proporode espcies dispersas por zoocoria (Fenner, 1985).

    Tambm Hartshorn (1980), em floresta tropical madura constatou que77% das espcies eram disseminadas por animais e apenas 8% pelo vento.

    Espcies com disperso zoocrica podem ocorrer nos diversos estgiossucessionais. Alchornea triplinervia uma espcie pioneira que produz,abundantemente, sementes portadoras de arilo e de disperso zoocrica(Queirz, 1990). Tambm Rapanea ferruginea, R. umbellata (Hering deQueirz & Fiamoncini, 1991), Trema micrantha e Cecropia obtusifolia so

    espcies de estgios sucessionais iniciais, cuja disperso zoocrica.Para essas espcies, em geral, tem-se observado um padro comum: aproduo de frutos/sementes em grande quantidade, maturao simultnea dosfrutos dentro do mesmo indivduo, mas com um intervalo menor entre aspocas de produo de frutos, ou com frutificao contnua. Gomez-Pompa eVsquez-Yanes (1985) verificaram que as espcies pioneiras dispersas poranimais apresentaram frutificao durante todo ano.

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    Para as espcies clmax ou primrias, Daniel (1986) afirma que prevalecem frutos-unidades de disperso revestidos de polpa ou arilo(sarococoros), com a produo de poucas sementes por fruto. Para este padrode disperso, os frutos apresentam uma recompensa nutricional para seudispersor.

    Entre as espcies zoocricas possvel distinguir diferentes padres dematurao de frutos:

    a) presena de frutos imaturos por perodo extenso, havendo umamaturao irregular, ou seja, com variao dentro da rvore e entre indivduos,no perodo de maturao dos frutos.

    Observado para Copaifera langsdorffii, Brosimum guyanensis,Didymopanax morototoni eIng marginata;

    b) presena de frutos imaturos por perodo extenso, mas a maturaoocorrendo rpida e simultaneamente no mesmo indivduo.

    Estes padres de comportamento, segundo Janzen (1983), permitiram umescape da planta predao, no espao e no tempo.

    c) produo abundante, maturao simultnea dentro do mesmoindivduo e intervalos curtos entre os perodo reprodutivos.

    Este o padro relatado para algumas pioneiras com disperso zoocricacomo Trema micrantha, Eugenia uniflora, Vochysia maxima e Tibouchina

    granulosa, entre outras.

    Extrado e modificado de:

    PINA-RODRIGUES, F.C.M. & AGUIAR, I.B. Maturao e Dispersode Sementes. Brasilia, ABRATES, 1993, pg. 215-274.

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    COLHEITA DE SEMENTES

    1. INTRODUO

    O sucesso da colheita depende no apenas da tcnica a ser adotada, mastambm de uma srie de fatores imprescindveis ao seu bom desempenho,como o conhecimento da poca de maturao, das caractersticas de dispersoe das condies climticas durante o processo de colheita. Por outro lado, ascondies fsicas do terreno e as caractersticas das rvores implicam naescolha dos materiais e equipamentos a serem utilizados.

    2. RVORES MATRIZES

    Para cada populao existe uma variao individual, ocorrendo rvorescom diferentes caractersticas fenotpicas. Esta variabilidade pode ocorrerentre espcies do mesmo gnero, entre procedncias da mesma espcie e entrervores da mesma procedncia. Como a maioria dessas caractersticas sohereditrias, provvel que uma rvore fenotipicamente boa apresente boaconstituio gentica, originando bons descendentes.

    Assim, as sementes devem ser colhidas de rvores denominadas matrizesou porta sementes, que devem apresentar caractersticas fenotpicas superioress demais do povoamento.

    2.1 CARACTERSTICA DAS RVORES MATRIZES

    As caractersticas que a rvore matriz deve apresentar dependem dafinalidade a que se destina a semente a ser colhida. Quando o objetivo for a

    produo de madeira, importante a avaliao das caractersticas do fuste; sefor a formao de florestas de proteo, prioritria a capacidade de proteo

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    da copa; se for a extrao de resina, a rvore deve apresentar elevado teordesse extrativo. A seleo de rvores superiores deve basear-se nos seguintes

    parmetros, propostos por Fonseca & Kageyama (1978); Amaral & Araldi(1979) e Capelanes & Biella (1986):

    Ritmo de crescimento - a rvore matriz deve ter crescimento rpido e

    uniforme, devendo conseqentemente, apresentar boa produtividade.Porte - esta caracterstica se refere altura e ao dimetro da rvore; a

    matriz deve ter grande porte e fazer parte da classe de rvores dominantes dopovoamento.

    Forma do tronco - caracterstica importante principalmente para aproduo de madeira. O fuste deve ser retilneo e com a forma mais prximada cilndrica. As rvores com fuste tortuoso e bifurcado no devem serconsideradas.

    Forma da copa - a copa deve ser proporcional altura da rvore, bemformada e bem distribuda. Para fins de proteo e produo, a rvore deve tercopa grande e densa, de maneira a ter boa exposio ao sol e rea deassimilao; para a produo de madeira, a copa deve ser de menor dimenso.

    Ramificao - os ramos devem ser finos e inseridos o maisperpendicularmente possvel no tronco. Esta situao favorece a desramanatural e reduz o tamanho dos ns, que um grande defeito na madeira.Conseqentemente, a rvore ir adquirir forma florestal, adequada

    principalmente, para a produo de madeira.Produo de sementes - algumas rvores produzem mais flores, frutos e

    sementes que outras, quer seja pelas caractersticas genticas e fisiolgicas ou

    pelas condies ambientais favorveis, podendo receber mais luz e umidade.Desse modo, a rvore matriz deve ter copa bem desenvolvida e com boaexposio luz, de maneira a poder apresentar abundante florescimento efrutificao, o que dever torn-la boa produtora de sementes.

    2.2 SELEO DE RVORES MATRIZES

    A seleo de matrizes deve ser feita em povoamentos naturais ouimplantados, de modo a permitir uma adequada avaliao das caractersticas aserem analisadas. Nunca deve ser selecionada uma rvore isolada que

    certamente ir resultar em problemas de autofecundao.Alguns critrios tm sido utilizados no Brasil para a seleo de rvoresmatrizes em povoamentos florestais. Entre esses critrios, destacam-se os quese baseiam na determinao do DAP limite de seleo e na comparao darvore a ser selecionada com algumas rvores prximas.

    2.2.1 DAP LIMITE DE SELEO

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    Uma vez delimitada a rea do povoamento a ser utilizado, efetuada amedio do DAP de um nmero de rvores representativo da rea. A seguir, calculado a DAP mdio das rvores e o desvio padro (s).

    O DAP limite de seleo corresponde ao DAP mdio somado ao desvio

    padro: DAP Lim.= DAP mdio + s. Todas as rvores da rea que possuemDAP no mnimo igual ao DAP limite de seleo, so marcadas no campo. Emseguida, as rvores marcadas so analisadas quanto s suas caractersticasfenotpicas.

    As rvores que apresentam caractersticas desejveis so selecionadascomo matrizes e recebem identificao. As rvores com caractersticasindesejveis so desprezadas, junto com as de menor DAP.

    2.2.2 MTODO DE ESTRATIFICAO DA POPULAO

    Este mtodo consiste em comparar a rvore candidata a matriz com as 5rvores dominantes ao seu redor, situadas dentro de um raio de 15 metros(Fonseca & Kageyama, 1978; Kageyama & Fonseca,1979 e Zanatto et al,1983). Este critrio tem sido utilizado principalmente para espcies do gneroPinus.

    So estabelecidos diferentes valores, expressos em nmero de pontos,para as diferentes caractersticas fenotpicas analisadas.

    Se o total de pontos atribudos rvore candidata for superior a um limite pr-estabelecido (por exemplo, a mdia das 5 rvores dominantes), ela

    selecionada como matriz e recebe uma identificao.3. O PROCESSO DE COLHEITA

    A colheita de sementes florestais deve ser efetuada em rvores matrizes.No caso de espcies nativas, onde dificilmente existem reas produtoras desementes, recomenda-se a colheita em matrizes prximas, da mesma espcie,cuja distncia mnima entre elas seja em torno de 20 metros. Este cuidado visadiminuir a possibilidade de cruzamento parental.

    3.1 POCA DE COLHEITA

    A poca ideal de colheita aquela em que as sementes atingem o pontode maturidade fisiolgica, no qual possuem o mximo poder germinativo evigor, ficando praticamente desligadas da planta me.

    No caso de sementes florestais, a definio da poca de colheita muitoimportante, porque grande nmero de espcies produzem frutos de natureza

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    deiscente. Estes frutos abrem-se na rvore, para que ocorra a disperso naturaldas sementes.

    Na maioria das espcies florestais, efetuada inicialmente a colheita dosfrutos e, posteriormente, a extrao das sementes. Desta maneira, para adefinio do ponto de maturidade fisiolgica, os parmetros referentes aos

    frutos so relacionados com a qualidade fisiolgica das sementes.A velocidade de maturao varia muito entre espcies e mesmo entre

    rvores da mesma espcie, havendo alteraes entre locais e anos, por causada influncia das condies climticas. O perodo em que ocorre frutosmaduros geralmente bastante amplo, mas os primeiros frutos e sementes quecaem, na maioria das vezes, so improdutivos (Morandini, 1961, apudFigliolia & Aguiar, 1993).

    Um aspecto muito importante a ser considerado refere-se longevidadenatural das sementes. Esta caracterstica, intrnseca da semente, varia entre asespcies: enquanto sementes de algumas espcies permanecem viveis duranteanos aps sua maturao, as de outras perdem rapidamente essa viabilidade(cerca de 1 a 3 meses, como o caso dos ips e dos ings). Por outro lado,especial ateno deve ser dada aos frutos carnosos, pois estes tendem a sofrer

    predao da avifauna, roedores e mamferos, ao se apresentarem maduros,comprometendo a produo de sementes, do ponto de vista qualitativo.

    3.2 MTODOS DE COLHEITA

    Previamente ao processo de colheita, deve-se planejar as operaes e os

    materiais necessrios, para que a mesma de processe de maneira rpida eeficiente, dentro do perodo de tempo disponvel.

    3.2.1 COLHEITA NO CHO

    Este mtodo consiste na colheita de frutos ou sementes do cho, prximorvore matriz, aps sua queda natural. aconselhado apenas para espcies que

    produzem frutos grandes e pesados que caem no solo sem se abrirem e nocaso de sementes grandes que no so disseminadas pelo vento.

    A queda dos frutos ou sementes pode ser apressada sacudindo-se o tronco

    ou os galhos da rvore, aps a limpeza do terreno ao redor da rvore ou aforrao do solo com um encerado. Pode ser utilizada uma corda chumbada,atirada entre os galhos, permitindo a sua agitao e a queda dos frutos ousementes sobre o encerado.

    Usa-se ainda vibradores mecnicos, muito comuns para a colheita decones dePinus nos Estados Unidos. O equipamento consiste de um trator, ao

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    qual acoplado um brao mecnico que envolve o tronco da rvore e quandoacionado, provoca agitao e queda dos cones.

    A colheita deve ser efetuada logo aps a queda dos frutos ou sementes, afim de evitar o ataque de roedores, insetos, pssaros e fungos, que podereduzir a produo de sementes e afetar a sua qualidade.

    3.2.2 COLHEITA EM RVORES ABATIDAS

    A colheita em rvores abatidas deve ser efetuada apenas para aproveitaras sementes produzidas em rvores que esto sendo derrubadas. Neste caso, apoca de explorao deve coincidir com a poca de colheita, devendo sercolhidas apenas as sementes de frutos maduros de rvores selecionadas.

    3.2.3 COLHEITA EM RVORES EM P

    Este mtodo consiste em colher os frutos ou sementes diretamente nacopa das rvores. Geralmente os frutos esto localizados em maior abundncianas extremidades dos galhos e da copa. A colheita feita atravs da derrubadados frutos ou sementes com tesouras ou ganchos apropriados, presos naextremidade de uma vara, geralmente de bambu.

    No caso de rvores de pequeno e mdio porte, o acesso copa pode serconseguido do cho, com alcance equivalente altura do colhedor e docomprimento da vara. comum na colheita de cones de Pinus em pomares desementes, onde as rvores so de menor porte e mais encopada quando jovens.

    Se necessrio, o colhedor pode alcanar a copa subindo em escadas comuns,colocadas ao lado das rvores.Para as rvores de maior porte, o colhedor necessita escalar a rvore para

    efetuar a colheita.A escalada de rvores altas geralmente feita com o uso de um par de

    esporas e cinturo de segurana. A espora consiste de uma haste de ao tendoem suas extremidades correias de couro, as quais so presas no tornozelo e na

    perna do colhedor. O cinturo preso cintura do colhedor e dotado de umacorreia de couro empregada para envolver a rvore. Ao escal-la, o colhedortroca o passo enterrando as esporas no tronco, enquanto muda a posio da

    correia.As esporas sempre causam danos ao tronco, principalmente no caso dervores de casca fina.

    A bicicleta sua formada por um aro ligado ao bloco central queenvolve o tronco da rvore e dois braos laterais providos de pedal. Ocolhedor aciona os pedais, provocando sua locomoo na poro do tronco

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    desprovida de ramos, at o nvel da copa viva. A bicicleta pode ser utilizadana escalada de rvores altas e de tronco reto.

    A escada seccionada geralmente de alumnio, sendo composta de vriasseces de 2 a 3 metros de comprimento. As seces vo sendo encaixadasumas s outras e presas ao tronco, medida que o colhedor vai subindo.

    Embora menos prtica e de menor rendimento que as esporas, a escada tem avantagem de no danificar o tronco da rvores e empregar pessoas que noconseguem fazer o uso das esporas.

    Pode ser feita tambm a escalada mecanizada, atravs de escadas oucaambas acopladas a um veculo. No caso da caamba, o colhedor aloja-seno seu interior e um dispositivo hidrulico a conduz at a copa das rvores.

    3.3 COLHEITA DE FRUTOS DE EUCALIPTO

    Praticamente todas as espcies de eucalipto cultivadas no Brasilproduzem sementes com relativa abundncia a partir dos 5 a 7 anos de idade.

    As sementes so de pequenas dimenses e os frutos (cpsulas),localizados nas extremidades dos galhos, so deiscentes. Portanto, as cpsulasmaduras devem ser colhidas antes de sua abertura natural.

    A poca de colheita bastante ampla, mas em geral o perodo principalocorre com maior intensidade no segundo semestre. No entanto h umavariao muito grande entre anos e em funo da regio de ocorrncia.

    A colorao das cpsulas o ndice mais prtico de maturao dos frutose sementes. Os frutos cuja colorao esto passando do verde para o marron

    ou cinza j possuem sementes fisiologicamente maduras e podem ser colhidos.Neste estgio, os frutos ficam mais duros e secos, adquirindo aspecto rugoso eapresentando fendas radiais na sua parte superior.

    A colheita de ramos elimina a produo de no mnimo 2 anos futuros,tendo em vista que junto com as cpsulas maduras, so colhidas tambmcpsulas imaturas, botes florais e gemas vegetativas, que seriam as

    produes dos anos seguintes.Por este motivo, atualmente vem sendo aplicado o mtodo de colheita em

    compartimentos, onde a rea total de coleta dividida em 4 partes iguais. Acada ano so colhidas todas as rvores que tenham frutos, de apenas um

    compartimento, fazendo-se assim uma rotao na rea de coleta.Este mtodo de colheita apresenta as seguintes vantagens:a) A colheita de cada rvore facilitada pela poda drstica, sendo

    colhidas todas as rvores com pouco ou muitos frutos; b) As atividades de coleta so concentradas em cada compartimento,

    reduzindo-se os deslocamentos a procura de rvores com frutos;c) A penetrao de luz favorece a brotao de todas as rvores;

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    d) O florescimento homogneo em todo o compartimento, facilitando apolinizao das rvores.

    Com este mtodo pode-se obter at 100% de aumento na produo desementes, em relao ao mtodo tradicional.

    Em pomar de sementes clonais, devido reduzida altura das rvores, so

    colhidos apenas os frutos, sem que ocorram danos copa. Isto permite acolheita anual de todas as rvores, sem reduo na produo de sementes.

    3.4 COLHEITA DE FRUTOS DE PINUS

    As espcies de Pinus produzem frutos denominados cones, alguns denatureza deiscente, que devem ser colhidos maduros, antes da liberaonatural das sementes.

    As espcies cultivadas no sul do Brasil, P. taeda e P. elliotti, iniciam aproduo prximo aos 15 anos de idade, quando em povoamentos.

    A maturao e colheita de cones, nestas espcies realizada em geral, defevereiro a maio.

    Quando amadurecem, os cones passam da colorao verde para marron.Para algumas espcies, entretanto, este ndice no suficiente para indicar amaturidade dos cones e das sementes.

    Efetua-se tambm o teste de flutuao (ou triagem dessimtrica), baseadona densidade dos cones aparentemente maduros, recm colhidos. Consiste naimerso de uma amostra de cones em fludos de densidade varivel,dependendo da espcie. Para Pinus elliotti e Pinus taeda, os cones so

    colocados em um recipiente contendo leo SAE 20, de densidade 0,88. Oscones imaturos, com densidade superior a 0,88 afundam, enquanto que osmaduros flutuam.

    3.5 COLHEITA DE FRUTOS OU SEMENTES DE ESPCIES NATIVAS

    O aspecto externo dos frutos o melhor indicador da poca de colheitapara a maioria das espcies nativas.

    Os frutos secos e deiscentes do tipo vagem, cpsula e pixdio, como os deangico e jequitib, devem ser colhidos quando se apresentam com rachaduras

    ou se abrindo.Os frutos tipo smara, como os de ararib, cabreva e guatamb, devemser colhidos quando apresentarem colorao parda ou marron.

    J os frutos carnosos so colhidos aps a mudana de colorao, sendoesta varivel por espcie.

    A colheita de sementes ou frutos realizada de maneira muito variada,tendo em vista as caractersticas peculiares de cada espcie.

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    3.6 CUIDADOS NA COLHEITA

    Para aumentar a eficincia da colheita e da produo, deve-se evitardanos ao tronco e aos ramos contendo frutos jovens, sempre que possvel.

    Na colheita em reas naturais, no aconselhvel a retirada total das

    sementes, para que no haja comprometimento da regenerao natural. Aremoo total das sementes pode reduzir a quantidade de alimentosdisponveis fauna. A falta de alimentos tanto para dispersores como para

    predadores, leva a alteraes no comportamento desses animais, queconsumiriam mais intensamente as sementes remanescentes, diminuindo oestoque para a regenerao natural da espcie.

    SECAGEM, EXTRAO EBENEFICIAMENTO DE SEMENTES

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    1. INTRODUO

    Aps a colheita, normalmente, as sementes apresentam excesso deumidade, grande quantidade de impurezas e na maioria das espcies nativas

    encontram-se aderidas aos frutos, o que inviabiliza seu uso imediato. Os frutosso submetidos ao processo de extrao, com o uso de secagem, para que seabram e liberem suas sementes. Em clima tropical e subtropical, o processo desecagem ao natural muito problemtico devido s constantes variaesclimticas, dificultando a padronizao do mtodo de secagem.

    2. SECAGEM

    A secagem empregada para a extrao das sementes do interior dosfrutos e posteriormente, para a reduo do contedo de umidade das sementesa teor adequado ao seu acondicionamento.

    Determinados frutos apresentam alto teor de umidade por ocasio dacolheita, necessitando assim de pr-secagem sombra, denominada de cura.Essa operao consiste em colocar os frutos em sacos ou a granel, em terreiroscobertos e bem arejados, por perodo aproximado de 15 dias, onde perdem oexcesso de umidade. A seguir so submetidos ao processo de secagem. Esse

    procedimento empregado para vrias espcies do gneroPinus.O processo de secagem compreende duas fases: inicialmente h

    deslocamento da umidade da superfcie do fruto ou da semente para o ar ao

    seu redor, seguida da migrao da umidade do interior para a superfcie.A velocidade de perda de umidade da superfcie da semente para oambiente maior do que o deslocamento de umidade do interior para suasuperfcie. Em funo disso, o processo de secagem deve ser lento e gradativo,

    possibilitando a migrao de umidade de dentro para fora.Por outro lado, a secagem no deve ser muito lenta, pois propicia o

    aparecimento de microorganismos, afetando a qualidade das sementes pelarpida perda da germinao e vigor.

    Para se processar a secagem, preciso que haja diferena de presso devapor entre o ar e a semente. Quando a presso de vapor da semente for maior

    que a do ar, ocorre migrao da umidade da semente para o ar. Na secagem, atemperatura do ar aumentada, o que reduz a sua umidade relativa e, portanto,a presso de vapor do ar. Atravs desse processo, induz-se a desidratao dasemente. necessrio que o ar que se encontra em volta da semente esteja emmovimento. Se por acaso isso no acontecer, o ar circundante recebe aumidade liberada e fica saturado, reduzindo a troca de umidade.

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    2.1. MTODOS DE SECAGEM

    a. Secagem Natural

    A secagem natural mais barata, mas mais lenta que a artificial, estando

    sujeita s modificaes das condies climticas.A secagem natural tem como fonte de calor o sol e como ventilao a

    movimentao natural do ar. Os frutos e sementes so espalhados emtabuleiros ou encerados, formando uma camada com espessura variando de 5 a20 cm, dependendo do tipo de fruto, e de 3 a 5 cm em funo da natureza dasemente.

    Durante o dia so expostos ao sol e noite recolhidos ou cobertos com oprprio encerado, a fim de manter por mais tempo a temperatura adquiridacom a exposio ao sol. medida que vai se processando a secagem, os frutose/ou sementes devem ser constantemente revolvidos, propiciando melhoraerao em todo lote e secagem mais homognea. Por outro lado, dependendoda intensidade solar e do tamanho dos frutos e das sementes, a camada no

    pode ser muito fina, pois pode promover super aquecimento e com isso alterara qualidade das sementes. Para tanto, a espessura de frutos e/ou sementesrecomendada deve ser observada de modo a facilitar essa operao, que feitacom auxlio de rodos de madeira ou ancichos.

    Ao entardecer os frutos devem ser cobertos com lonas ou transportadospara um galpo ou uma rea projetada, para evitar o orvalho e chuvas, casoocorram.

    O tempo em que os frutos e sementes permanecem expostos ao sol variade acordo com as condies climticas locais e com o teor de umidade inicialdos frutos e das sementes. Normalmente, os frutos das espcies florestaiscolhidos e beneficiados pelo InstitutoFlorestal de So Paulo permanecem, emmdia, de 3 a 5 dias no terreiro. Esse perodo pode se estender por at 8 a 10dias, em perodos chuvosos ou em pocas muito frias.

    b. Secagem artificial

    um sistema eficiente, no dependente das condies climticas.

    Entretanto, mais oneroso por necessitar de equipamentos que controlam atemperatura, a umidade relativa do ar e a circulao do ar. A temperatura desecagem depende da espcie e do teor de umidade inicial dos frutos.

    O ar aquecido atravs de equipamentos e permite secar grandequantidade de frutos ou sementes. A movimentao do ar pode ser contnua,sob influncia constante de calor, ou intermitente, onde h perodos derepouso.

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    Os disporos (frutos e/ou sementes) a serem secos so colocados numacmara de secagem com sistema de circulao forada de ar e submetidos temperatura variando de 30 a 40C. Os frutos so distribudos em gavetas demadeira com fundo de tela de arame, havendo sob estas uma bandejadestinada ao recolhimento das sementes liberadas.

    O perodo de secagem depende do teor de umidade inicial. Quanto maioro teor de umidade do material a ser seco, menor deve ser a temperatura inicialde secagem e mais lento o processo.

    Para a extrao das sementes, a fase final de secagem dos frutosdeiscentes pode ser considerada como sendo o momento em que os frutos seabrem, liberando naturalmente suas sementes. Para outros frutos, seria a partirdo instante em que h possibilidade de extrao manual. Para a secagemartificial so necessrios, basicamente, os seguintes componentes: a)ventilador - fora a passagem do ar quente entre o material que est sendosecado; b) depsito - local onde os frutos e sementes so distribudos parasecagem e, c) controle - dispositivos que controlam a temperatura e perodosde funcionamento e de repouso do equipamento.

    3. FATORES QUE AFETAM O PROCESSO DE SECAGEM

    3.1 EQUILBRIO HIGROSCPICO

    O teor de umidade da semente depende da umidade relativa do ar, que influenciada pela temperatura. No processo de secagem, a elevao de

    temperatura aumenta a capacidade de reteno de umidade do ar diminuindo,portanto, sua umidade relativa.Quando a umidade relativa do ar aumenta, diminui a eficincia da

    retirada de gua da semente. O equilbrio higroscpico ocorre quando aquantidade de umidade que a semente absorve do ar igual quantidade deumidade que a semente libera para o ar, isto , quando a troca torna-seequilibrada.

    O perodo necessrio para a semente atingir o equilbrio higroscpicodepende da espcie, da natureza da semente e principalmente, da temperaturado ar. Em temperaturas mais elevadas, o equilbrio atingindo mais

    rapidamente.

    3.2 TEOR DE UMIDADE

    O contedo de umidade da semente necessrio para se obter suaconservao, varia de espcie para espcie. Toledo & Marcos Filho (1977) eCarvalho & Nakagawa (1980) citam que, se a umidade da semente for

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    superior a 45-60%, dependendo da espcie, ocorre a germinao; quando sereduz a 18-20%, a respirao da semente e presena de microorganismos considerada alta, causando aquecimento no lote de sementes econseqentemente, sua deteriorao. Com umidade de 13-16% as sementesadquirem mais resistncia aos danos mecnicos e com 8-9%, diminui o ataque

    de insetos e microorganismos no armazenamento. No entanto, muitas espciesflorestais no suportam a reduo de seu teor de umidade, perdendorapidamente a viabilidade, como o caso daAraucaria angustifolia .

    3.3 TEMPERATURA

    A temperatura para secagem das sementes e/ou frutos deve variar emfuno de sua natureza e da umidade inicial que o lote apresenta, poissementes com estruturas menos consistentes e mais fibrosas perdem umidademais rapidamente que aquelas duras, firmes e carnosas.

    A temperatura de secagem deve ser tanto menor quanto maior for o teorde umidade das sementes. Assim, uma temperatura muito elevada pode secarapenas a parte externa da semente, enquanto que no seu interior, o teor deumidade continua elevado (Companhia Estadual de Silos e Armazns, 1974).

    A temperatura de secagem, pode ser aumentada gradativamente, medida que a semente vai perdendo gua.

    4. EXTRAO DE SEMENTES

    A extrao consiste na retirada das sementes do interior dos frutos.Dependendo da sua natureza, alguns requerem o processo de secagem, paraque percam umidade e se abram, liberando as sementes.

    Os mtodos de extrao variam em funo da natureza e do tipo de frutoque pode ser seco, fibroso, alado, carnoso, grande ou pequeno, requerendoassim tcnicas especficas. Para fins de extrao das sementes, Hartmann &Kester (1674) classificam os frutos em carnosos e deiscentes, podendo aindaser divididos em trs grupos:

    a. Frutos secos deiscentes

    Frutos normalmente fibrosos e lenhosos que se abrem, liberandofacilmente suas sementes, quando submetidos ao processo de secagem. Paraesse tipo de fruto, a extrao de sementes geralmente compreende duas fases:secagem e agitao dos frutos. Durante a secagem ocorre a diminuio do teorde umidade dos frutos, havendo contrao em suas paredes que ocasionam suaabertura.

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    b. Frutos secos indecentes

    Para a extrao das sementes necessrio o uso de ferramentas comotesoura de poda, faco, martelo. Os frutos so expostos a pleno sol, sob

    intempries, por alguns dias. Para promover o amolecimento das estruturas dofruto, facilitando sua abertura.

    c. Frutos carnosos

    O despolpamento feito no apenas para extrao das sementes, mastambm para evitar a decomposio e fermentao da polpa e conseqentesdanos s sementes. Os frutos so colocados em recipientes com gua por 12 a24 horas, para que a polpa amolea. A seguir so macerados sobre peneirasem gua corrente e depositados em outro recipiente, onde as sementes soseparadas por flutuao: as sementes boas afundam e as vazias, ruins e restosde polpa, flutuam. Aps essa separao, as sementes boas so retiradas dorecipiente e colocadas para secar.

    4.1. EXTRAO DE SEMENTES DEEucalyptus spp

    Ao chegarem do campo, as cpsulas de eucalipto so conduzidas para asecagem. Como elas j foram colhidas num determinado estgio dematurao, apresentam fendas radiais na parte superior, formando as valvas.Com a secagem as valvas abrem-se e liberam as sementes que esto nointerior das cpsulas.

    Normalmente so necessrios 3 dias de exposio ao sol ou 24 a 36 horasde secagem em estufa a 45C para secar as cpsulas e liberar as sementes.

    Mesmo com a abertura das valvas, algumas sementes ficam presas placenta, no fundo das cpsulas. Portanto, aps a secagem, as cpsulas devemser agitadas vigorosamente a fim de obter-se completa extrao das sementes.

    As estruturas liberadas das cpsulas so denominadas de sementesmisturadas, por serem constitudas de sementes frteis e impurezas. Asimpurezas so compostas basicamente de estruturas estreis (vulos nofertilizados) conhecidos como palhas, que na maioria das espcies sosemelhantes s sementes em forma e tamanho, com colorao avermelhada,enquanto as sementes frteis, preta.

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    4.2. EXTRAO DE SEMENTES DEPinus spp

    Quando colhidos, os cones de pinus ainda contm teor de umidaderelativamente alto. Se expostos imediatamente a uma fonte de calor,

    provavelmente secaro apenas na superfcie, enquanto que a parte central

    permanecer verde e mida. Neste caso, os cones no se abrirosatisfatoriamente (Carneiro, 1982).

    Para que isso no ocorra, feita a pr-secagem sombra em galpes oubarraces por perodo de tempo varivel, dependendo da umidade dos cones edas condies ambientais. Os galpes ou barraces devem ser construdos demodo a permitir boa ventilao.

    Os cones permanecem nesses galpes durante 30 a 120 dias, ondeliberam gradualmente as sementes, a medida que se abrem. Para acelerar essaoperao, os cones so revolvidos diariamente. As sementes liberadas passam

    pela tela e se acumulam num anteparo tipo mini-gaveta, enquanto que oscones ficam retidos na tela.

    Aps a pr-secagem, os cones so transferidos para uma quadracimentada, onde ficam expostos diretamente ao sol. Os cones totalmenteabertos e os que no se abriram na pr-secagem so retirados e eliminados,

    permanecendo para a secagem apenas os parcialmente abertos.Durante a secagem, as escamas que prendem as sementes se separam,

    ocasionando a abertura dos cones. Entretanto, a liberao de sementes no total, sendo necessria a agitao dos cones para a liberao das sementes queainda ficam presas.

    5. BENEFICIAMENTO

    Consiste num conjunto de tcnicas empregadas para retirar impurezas,sementes de outras espcies promovendo a homogeneizao do lote emrelao s caractersticas de tamanho, peso e forma de suas sementes.

    O beneficiamento manual o mtodo mais empregado para as espciesflorestais nativas, face dificuldade de se padronizar tcnicas adequadas paracada espcie. O beneficiamento mecnico empregado para poucas espcies,devido complexidade dos disporos quanto aos aspectos morfolgicos,necessitando de equipamentos com regulagens especficas ou adaptados acada espcie.

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    Os materiais indesejveis como sementes chochas, imaturas e quebradas, pedaos de frutos, folhas ou qualquer outro detrito vegetal devem sercuidadosamente retirados, de maneira a conferir maior pureza fsica e melhorqualidade ao lote de sementes.

    O processo de beneficiamento importante, pois confere ao lote de

    sementes os dados e a qualidade exigida pelo Servio de Fiscalizao doComrcio, para que esse lote possa ser comercializado.

    ARMAZENAMENTO DE SEMENTES

    As sementes geralmente apresentam, por ocasio da maturidade

    fisiolgica, a mxima qualidade, em termos de peso de matria seca,germinao e vigor. A partir deste perodo tende a ocorrer uma quedaprogressiva da qualidade das sementes, atravs do processo de deteriorao.

    Depois que as sementes so colhidas e antes de serem comercializadas ouutilizadas para semeadura, elas devem ser armazenadas adequadamente, a fimde reduzir ao mnimo o processo de deteriorao. Assim, o armazenamento

    pode ser conceituado como a preservao da qualidade das sementes at queelas sejam utilizadas para semeadura.

    1. LONGEVIDADE DAS SEMENTES

    O termo longevidade est relacionado com o perodo de tempo em que asemente se mantm vivel. A longevidade da semente caracterstica daespcie; sementes de algumas espcies se deterioram rapidamente, enquantoque as de outras mantm sua viabilidade por longo perodo de tempo.

    Esta diversidade se deve constituio gentica de cada espcie principalmente relacionada com as propriedades do tegumento e com a

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    composio qumica das sementes (Popiningis, 1977). De maneiro geral, assementes oleaginosas se deterioram mais rapidamente do que as ricas emamido ou protena.

    O angico-vermelho ( Parapiptadenia rigida), a caixeta (Tabebuiacassinioides), a caroba ( Jacaranda micrantha), o pinheiro brasileiro

    ( Araucaria angustifolia) e a seringueira ( Hevea brasiliensis) produzemsementes que perdem rapidamente sua qualidade fisiolgica, sendo portantoclassificadas como de vida curta (Zanon & Ramos, 1986).

    2. DETERIORAO DAS SEMENTES

    O termo deteriorao se refere a toda e qualquer alterao degenerativaque ocorre com a qualidade das sementes em funo do tempo. A deteriorao irreversvel, sendo mnima por ocasio da maturidade fisiolgica dassementes. O seu progresso varia entre espcies, entre lotes de sementes damesma espcie e entre sementes do mesmo lote.

    A perda do poder germinativo a conseqncia final da deteriorao dassementes.

    As transformaes degenerativas so citadas por Pipinigis (1977):degenerao das membranas celulares e subseqente perda do controle da

    permeabilidade; danificao dos mecanismos de produo energtica e dabiossntese; reduo das atividades respiratria e de biossntese; germinaodas sementes e crescimento das plntulas mais lentos; reduo do potencial dearmazenamento; crescimento e desenvolvimento das plantas mais lentos;

    menor uniformidade no crescimento e no desenvolvimento das plantas; maiorsusceptibilidade s adversidades ambientais; reduo do potencial de produziruma populao de plantas; maior porcentagem de plntulas anormais; perda do

    poder germinativo.A deteriorao das sementes no poder ser evitada, mas o grau de

    prejuzo pode ser controlado. Assim, o principal objetivo do armazenamento o de controlar a velocidade de deteriorao. A qualidade das sementes no melhorada pelo armazenamento, mas pode ser mantida com um mnimo dedeteriorao possvel, atravs de um armazenamento adequado.

    3. CONDIES DE ARMAZENAMENTO

    Numa semente madura, a sua parte vital, o embrio, encontra-se emestado de relativa inatividade. As sementes destinadas ao armazenamentodevem ser mantidas em condies que possibilitem ao embrio, continuarnesse estado de inatividade.

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    As condies fundamentais para o armazenamento das sementes so aumidade relativa do ar e a temperatura do ambiente de armazenamento. Assementes da maioria das espcies conservam melhor sua qualidade quandomantidas em ambiente o mais seco e o mais frio possvel.

    Caso as condies de armazenamento no sejam adequadas, a umidade

    presente no ar pode ser suficiente para iniciar as atividades do embrio, sehouver tambm temperatura e oxignio suficientes. A intensa respirao dassementes, somada s atividades de microorganismos, provocam oesquentamento da massa, acelerando o processo de deteriorao.

    Durante o armazenamento, a respirao das sementes deve ser mantida anvel mnimo. A atividade respiratria implica no consumo de produtoselaborados contidos nas sementes e de oxignio, com liberao de gscarbnico, gua e calor. Taxas elevadas de respirao esgotam rapidamente assubstncias de reserva acumuladas na semente, das quais ela depende para

    promover a germinao e o desenvolvimento inicial da plntula.A umidade relativa do ar e a temperatura do ambiente de armazenamento

    influem diretamente na velocidade respiratria das sementes.A condio de baixa temperatura obtida atravs de cmaras frias, que

    devem ser providas de compartimentos e prateleiras, de modo a alojardiferentes lotes de sementes.

    A condio de baixa umidade obtida atravs de cmaras secas, com autilizao de aparelho desumidificador.

    As condies de armazenamento podem variar com o perodo de tempono qual as sementes ficaro armazenadas. Se o armazenamento for por longo

    perodo, o controle da umidade e da temperatura dever ser mais cuidadoso,tornando o processo mais difcil, porm mais eficiente.

    4. FATORES QUE AFETAM O ARMAZENAMENTO

    Mesmo que as condies de ambiente (temperatura e umidade relativa doar) sejam controladas, outros fatores podem afetar a viabilidade das sementesdurante o armazenamento.

    4.1. TEOR DE UMIDADE DAS SEMENTES

    O teor de umidade das sementes funo da umidade relativa do ar e datemperatura do ambiente. Sendo um material higroscpico, a semente podeabsorver ou ceder umidade para o ambiente, at que seja atingido o ponto deequilbrio higroscpico.

    Sementes de diversas espcies apresentam diferentes teores de umidadede equilbrio, mesma temperatura e umidade relativa do ar. Estas diferenas

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    so devidas principalmente composio qumica das sementes (Popinigis,1977). Assim, para a mesma condio de ambiente, as sementes com elevadoteor de protena ou amido apresentam teor de umidade mais elevado do que asoleaginosas.

    4.2. PORCENTAGEM CRTICA DE UMIDADE

    Cada variao de aumento no teor de umidade das sementes, acima deuma determinada porcentagem crtica, acelera a deteriorao. Esta

    porcentagem crtica no a mesma para todos os lotes de sementes e paratodas as condies de armazenamento e sempre mais alta para nveis mais

    baixos de temperatura.Este comportamento ocorre com as sementes classificadas como

    ortodoxas, que devem ser armazenadas com baixo teor de umidade. o casotambm das sementes dos gnerosPinus e Tabebuia.

    Contrariamente, as sementes recalcitrantes tm que ser armazenadas comalto teor de umidade, a fim de que sua viabilidade no seja diminudarapidamente.

    4.3. EMBALAGEM

    De modo geral, as embalagens ou os recipientes destinados aoacondicionamento das sementes durante o armazenamento so classificados,em funo do grau de permeabilidade ao vapor de gua, em trs categorias:

    porosas, semiporosas e impermeveis (Zanon & Ramos, 1986).a) Embalagens porosas

    As embalagens porosas ou permeveis permitem a troca de umidadeentre as sementes e o ambiente circundante. Como exemplo, podem sercitadas as embalagens de pano, papel e papelo.

    Quando as sementes so armazenadas em condies de alta umidaderelativa do ar, o teor de umidade das sementes ser aumentado, acelerando o

    processo de deteriorao. Assim, estas embalagens podem ser utilizadas para

    armazenamento em cmara seca, devendo as sementes apresentarem teor deumidade de 9 a 12%, dependendo da espcie.

    b) Embalagens semiporosas

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    So tambm denominadas de semipermeveis ou resistentes penetraode umidade. No impedem completamente a passagem de umidade, mas

    permitem menor troca de umidade do que as embalagens porosas.Estas embalagens so confeccionadas com materiais como polietileno,

    papel multifolhado, papelo revestido com papel ceroso ou outro material, e

    papel ou papelo tratado com alumnio ou asfalto. Os sacos plsticos soconfeccionados com pelculas de polietileno de diferente densidade eespessura, que determinam o seu comportamento em relao penetrao daumidade.

    O teor de umidade das sementes por ocasio do acondicionamento deverser inferior ao empregado na embalagem porosa. Estas embalagens podem serutilizadas quando as condies no so demasiadamente midas e o perodode armazenamento no muito prolongado.

    c) Embalagens impermeveis

    So embalagens prova de umidade, que no possibilitam a troca deumidade com o meio ambiente. Materiais como metal (latas), plstico,

    polietilieno de elevada densidade e espessura, vidro e alumnio so utilizadosna confeco de embalagens desta categoria.

    O teor de umidade das sementes no pode ser elevado, uma vez que aumidade do interior da embalagem no passa para o ambiente dearmazenamento.

    As sementes acondicionadas em embalagens impermeveis podem serarmazenadas em qualquer condio de ambiente, devendo ser evitadatemperatura excessivamente alta. Quando a cmara de armazenamento formida, necessrio que as sementes sejam acondicionadas nesta categoria deembalagem.

    Sistema de armazenamento utilizado pelo Inst. Florestal de SP:Em cmara fria, so armazenadas em sacos plsticos impermeveis as

    sementes de angico-branco ( Parapiptadenia rigida), angico-vermelho( Anadenanthera macrocarpa), cedro-rosa (Cedrela fissilis), espatdea(Spatodea nilotica), ip (Tabebuia sp.), pinheiro-brasileiro (Araucaria

    angustifolia), pinheiro-do-brejo (Taxodium disticum), pinus ( Pinus sp.),quaresmeira (Tibouchina sp.) e sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides), entreoutras.

    Em cmara seca so armazenadas em sacos de pano ou caixas de madeira(embalagens permeveis), as sementes de accia-mimosa (Acacia

    podalyiaefolia), chapu-de-sol (Terminalia catappa), cinamomo (Melia

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    azedarach), eucalipto (Eucalyptus sp.) e faveiro (Pterodon pubescens), entreoutras.

    Em condies normais de ambiente, as sementes so acondicionadas emcaixas de madeira. Nestas condies, so armazenadas espcies cujassementes apresentam tegumento duro, como canafstula (Peltophorumdubium), flamboyant-vermelho (Delonix regia) e guapuruv (Schizolobium

    parayba).Para as trs condies de ambiente, as sementes so colocadas em

    prateleiras com etiquetas contendo o nmero do lote, a data da colheita, onmero do teste de laboratrio e a percentagem de germinao. As etiquetasso colocadas dentro e fora das embalagens, para aumentar a segurana efacilitar a localizao dos lotes nas cmaras de armazenamento.

    4.4 QUALIDADE INICIAL DAS SEMENTES

    No se pode esperar que as sementes de um lote de mdia qualidadeapresente, durante o armazenamento, o mesmo comportamento das sementesde um lote de alta qualidade (Carvalho & Nakagawa, 1983). As condiesclimticas ocorridas durante a maturao das sementes e o grau de maturaodas sementes durante a colheita so os principais fatores que afetam o nvel dequalidade inicial das sementes.

    a) Condies climticas durante a maturao das sementesDurante o processo de maturao das sementes, existem duas fases que

    exigem condies climticas completamente diferentes.Na primeira fase, as sementes acumulam rapidamente matria seca e a

    presena de umidade em quantidade adequada indispensvel. A falta dechuva nesta fase tornar menos eficiente a deposio de substncias nutritivasno interior das sementes, tornando-as menos vigorosas e com menor potencialde armazenamento.

    Na segunda fase as sementes se desidratam rapidamente e se ocorrer

    muita chuva, a desidratao ser lenta. Isto far com que o teor de umidadedas sementes seja mantido em nvel elevado, conduzindo as sementes a umarpida deteriorao. Estas sementes tero o seu potencial de armazenamentoreduzido.

    b) Grau de maturao das sementes na colheita

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    Sementes colhidas antes ou depois do ponto de maturidade fisiolgicaapresentam menor potencial de armazenamento, por no terem ainda atingidoa mxima qualidade fisiolgica ou por j terem iniciado o processo dedeteriorao (Carvalho & Nakagawa, 1983).

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

    1 - AGUIAR, I.B. de; PIN-RODRIGUES, F.C.M. & FIGLIOLIA, M.B.Sementes Florestais, Morfologia, Germinao, Produo.ABRATES, Brasilia, 1993.

    2 - CARVALHO, N.M. de & NAKAGAWA, J. Sementes. Cincia,Tecnologia e Produo. Fundao Cargill, Campinas, 1980.