4
Formas de Concurso de pessoas: I. Coautoria: trabalhada na aula passada. É a conduta principal. · Coautoria Parcial ou Funcional: quando os atos executórios dos diversos agentes são distintos; · Coautoria Direta ou Material: os atos executórios praticados pelos agentes são idênticos. II. Participação: é a conduta acessória, salvo no art. 122 do CP – tipo misto alternativo, pois há mais de um verbo nuclear, sendo considerada como conduta principal. · Participação Moral: ocorre por meio do induzimento (faz nascer a ideia na cabeça do agente) e da instigação (reforça a ideia existente); · Participação Material: ocorre por meio do auxílio (ajudar, fornecendo meios materiais). Participação 1. Natureza jurídica: procede-se a uma adequação típica por subordinação indireta ou mediata. (art. 29 do CP). Adequação Típica: · Direta ou Imediata: a conduta se amolda perfeitamente à lei. Exemplos: I. Crimes consumados ; II. Autoria ou Coautoria : comportamento que se amolda perfeitamente ao previsto na lei. · Indireta ou Mediata: I. Crimes tentados : art. 14, II, do CP – norma de extensão ou ampliação da figura típica; II. Participação : há a necessidade de se buscar uma norma de extensão ou ampliação da norma típica (art. 29, caput do CP). Os referidos artigos funcionam como elo entre a conduta do agente e o tipo incriminador. Assim como o art. 13, § 2º do CP (garante). 2. Acessoriedade: explica a punibilidade do partícipe. São suas espécies: a. Acessoriedade Mínima: o partícipe será punido, se a conduta principal for típica; Crítica: peca pelo excesso. Não é aplicada no Brasil. b. Acessoriedade Média ou Limitada: o partícipe será punido, desde que a conduta principal (do autor) seja típica e ilícita. Adotada pelo Brasil .

Formas de Concurso de pessoasaulas.verbojuridico3.com/.../Alexandre_Salim_Concurso_pessoas_17.pdf · Formas de Concurso de pessoas: I. Coautoria: trabalhada na aula passada. É a

Embed Size (px)

Citation preview

Formas de Concurso de pessoas:

I. Coautoria: trabalhada na aula passada. É a conduta principal.

· Coautoria Parcial ou Funcional: quando os atos executórios dos diversos agentes são distintos;

· Coautoria Direta ou Material: os atos executórios praticados pelos agentes são idênticos.

II. Participação: é a conduta acessória, salvo no art. 122 do CP – tipo misto alternativo, pois há mais de um verbo nuclear, sendo considerada como conduta principal.

· Participação Moral: ocorre por meio do induzimento (faz nascer a ideia na cabeça do agente) e da instigação (reforça a ideia existente);

· Participação Material: ocorre por meio do auxílio (ajudar, fornecendo meios materiais).

Participação

1. Natureza jurídica: procede-se a uma adequação típica por subordinação indireta ou mediata. (art. 29 do CP).

Adequação Típica:

· Direta ou Imediata: a conduta se amolda perfeitamente à lei. Exemplos:

I. Crimes consumados;

II. Autoria ou Coautoria: comportamento que se amolda perfeitamente ao previsto na lei.

· Indireta ou Mediata:

I. Crimes tentados: art. 14, II, do CP – norma de extensão ou ampliação da figura típica;

II. Participação: há a necessidade de se buscar uma norma de extensão ou ampliação da norma típica (art. 29, caput do CP).

Os referidos artigos funcionam como elo entre a conduta do agente e o tipo incriminador. Assim como o art. 13, § 2º do CP (garante).

2. Acessoriedade: explica a punibilidade do partícipe. São suas espécies:

a. Acessoriedade Mínima: o partícipe será punido, se a conduta principal for típica; Crítica: peca pelo excesso. Não é aplicada no Brasil.

b. Acessoriedade Média ou Limitada: o partícipe será punido, desde que a conduta principal (do autor) seja típica e ilícita. Adotada pelo Brasil.

c. Acessoriedade Máxima ou Extremada: o partícipe será punido, desde que a conduta principal constitue um fato típico, ilícito e culpável; Crítica: traz um fato que a fragiliza. Ex: um imputável contrata (conduta acessória) um inimputável para a prática de um furto (conduta principal). Nesse caso não haverá a punibilidade, em razão de o fato principal não ser culpável. Não é adotada no Brasil.

d. Hiperacessoriedade: o partícipe poderá ser punido, desde que o fato principal seja típico, ilícito, culpável e punível. Todas as causas pessoais de aumento ou de diminuição de pena aplicadas ao autor se estendem ao partícipe. Crítica: é muito branda. Nesse caso, se o autor falecer (causa extintiva da punibilidade), o partícipe não será punido.

3. Participação por omissão em crime comissivo:

Garante (art. 13, § 2º do CP): é aquele que deve (dever jurídico) e pode (possibilidade fática) agir para evitar o resultado, caso contrário, responderá pelo resultado naturalístico: dever legal (pai e mãe), dever contratual (segurança de boate) e dever pela ingerência de comportamento anterior praticado.

Crimes:

· Comissivos.

· Omissivos:

I. Puros/Próprios;

II. Impuros/ Impróprios/ Comissivos por omissão.

Qual a diferença entre a participação por omissão num crime comissivo, que pressupõe a presença de uma garante, para o crime omissivo propriamente dito, praticado por garante? Em ambos os casos incide ao art. 13, § 2º do CP. Além da figura do garante, na participação por omissão em crime comissivo não é necessário mais nada, ou seja, não há domínio do fato. Entretanto, no crime comissivo por omissão, além da existência do garante, este deve ter o domínio do fato.

4. Participação Negativa ou Conivência: o agente não é garante, ou seja, não tem o dever jurídico de agir. O art. 13, § 2º do CP não incide. Não há responsabilização pessoal do agente. No máximo, poderá ocorrer uma omissão de socorro, em sede de crime autônomo.

4. Participação Mediata/ em Cadeia/ de Participação: é possível, quando se tem conduta acessória de conduta acessória.

5. Participação Impunível (art. 31 do CP): há a necessidade do término dos atos preparatórios e o início dos atos executórios, caso contrário, a participação será impunível.

6. Participação de Menor Importância (art. 29, § 1º do CP): aplicado somente ao partícipe.

· É uma faculdade do juiz: a pena pode ser diminuída, condicionada ao arbítrio do juiz;

· É um direito público subjetivo do acusado: o juiz deve diminuir a pena. Havendo participação de menor importância, o juiz deve diminuir a pena, podendo fazê-la entre os limites de 1/6 a 1/3 de redução de pena. A participação de menor importância é aquela que não contribui de maneira mais relevante, mas contribui, fazendo com que o partícipe responda pelo ato. É diferente de participação inócua, que em nada contribui para o resultado. No segundo caso, o partícipe não responderá pelo respectivo ato. Esse dispositivo de lei pode ser aplicado ao autor? Não, pois o aludido artigo está tratando de participação. Se ele praticar o verbo nuclear do tipo a sua ação não é de menor importância, muito menos se o autor tem o domínio funcional do fato.

· Autor é quem pratica o verbo nuclear do tipo (teoria Objetivo-Formal); · Autor é quem tem o domínio do fato (teoria Objetivo-Individual).

7. Cooperação Dolosamente Distinta (art. 29, § 2º do CP): por exemplo, A contrata B para realizar um furto, entretanto o B rouba (uso de violência). A simples previsibilidade fará com que A responda com a pena acrescida de metade. Porém, se houver dolo eventual (aceitação do resultado), não se aplicará o § 2º do art. 29 do CP e o A responderá por roubo. Lembre-se que é uma exceção dualista (um crime para o autor e coautor e outro crime para o partícipe) ou pluralista (para uma pluralidade de agentes, haverá uma pluralidade de crimes) à teoria Monista (todos os agentes – autores, coautores ou partícipes, respondem pelo mesmo crime), que é a regra no Brasil.

8. Situações Específicas: I. Coautoria nos crimes próprios (somente poderão ser praticados por quem

preencher determinados requisitos impostos pela lei) e nos crimes de mão própria (além de preencher o requisito imposto pela lei, deve o agente praticar o crime pessoalmente):

Crimes Próprios:

· Crime Próprio Puro: ocorre quando, sem a condição especial do agente, o crime desaparece; Ex.: crime de prevaricação – art. 319 do CP.

· Crime Impróprio Impuro: sem a condição especial do sujeito ativo (funcionário público), o crime se transforma em outro. Há uma atipicidade relativa. Ex.: crime de peculato - art. 312, que pode ser modificado para o crime de apropriação indébita – art. 168 do CP,

Crimes Próprios de mão própria: por exemplo, o crime de autoaborto – art. 124 do CP; Somente a grávida poderá praticar o autoaborto; falso testemunho ou falsa perícia – art. 342 do CP, somente quem pode praticar esse crime será a testemunha chamada para um determinado processo.

É possível coautoria nos crimes próprios e de mão própria? Os crimes próprios admitem a coautoria, por que a elementar se comunica. É possível dividir as condutas. Já nos crimes próprios de mão própria, é impossível dividir os atos executórios, não cabendo coautoria nessa hipótese. II. Autoria mediata nos crimes próprios e de mão própria: será utilizado o mesmo

raciocínio supracitado. Dessa forma, nos crimes próprios é possível a autoria mediata nos crimes próprios, em razão da viabilidade da utilização de interposta pessoa para praticar o ato. Já nos crimes próprios de mão própria não é possível, tendo em vista a necessidade da atuação pessoal do agente. Exceção: no caso da testemunha que sofre coação moral irresistível (excludente de culpabilidade), antes de prestar seu testemunho e acaba mentindo em juízo, quem responderá será o autor da coação.

3. Concurso de pessoas nos crimes culposos (tipos penais abertos – incompletos): a participação é incabível, mas a coautoria é plenamente possível. Exceção: art. 38 da lei de Drogas – tipo fechado. 4. Concurso de Pessoas nos Crimes Omissivos:

I. Crimes Omissivos Puros ou Próprios, por exemplo, art. 244 do CP – abandono material: Coautoria:

· Não cabe autoria; · Cabe autoria.

Participação:

· Moral, sim (prevalece).

II. Crimes Omissivos Impuros ou Impróprios ou Comissivos por Omissão Coautoria:

· Prevalece que não cabe; Participação:

· Cabe Moral (prevalece). 5. Comunicabilidade de elementares e circunstâncias (art. 30 do CP): Elementares: são dados essenciais da figura típica, sem os quais ela desaparece ou se transforma em outra. Ex.: art. 155 – furto, se ocorrer a retirada de uma das elementares, o crime some. Circunstâncias: são dados acessórios que se agregam à figura típica, com uma única função: influenciar na pena; art. 155, § 1º, CP: furto à noite é causa de aumento de pena. Podem ser:

· Objetivas ou reais: dizem respeito ao aspecto externo do crime, como por exemplo: o modo, o meio de crime, dados relacionados à vítima.

· Subjetivas ou pessoais: dizem respeito aos aspectos internos do crime, como por exemplo: os motivos do crime e as relações entre o agente e a vítima.

Três regras do art. 30 do CP: I. Circunstâncias Subjetivas: jamais se comunicam no concurso de pessoas; II. Circunstâncias Objetivas: comunicam-se, desde que conhecidas por todos os

agentes; III. Elementares: comunicam-se no concurso de pessoas, desde que todos tenham

conhecimento delas. Por isso, a titulo de exemplo, o particular pode cometer crime de funcionário público – art. 312 do CP.