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Miguel Filipe Magalhes Soares de Carvalho
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
Lisboa
2010
UNIVERSIDADE NOVA DE LISBOA
Departamento de Engenharia Mecnica e Industrial
Mestrado Integrado em Engenharia Mecnica
Formulao corrotacional para
anlise de vigas com elementos finitos
Por:
Miguel Filipe Magalhes Soares de Carvalho
Lisboa
2010
Dissertao apresentada na faculdade de Cincias e
Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa para obteno
do grau de Mestre em Engenharia Mecnica.
Orientador: Professor Doutor Joo Cardoso
i
Resumo:
A presente dissertao aborda a aplicao do mtodo dos elementos finitos em
estruturas constitudas por vigas. considerado que as vigas que constituem a estrutura
sofrem grandes deslocamentos (afastando-se da configurao inicial) mas deformaes
de pequena amplitude devido elevada esbelteza das mesmas. O pressuposto descrito
onde se baseia a formulao corrotacional. Nestas situaes, uma vez que no existe
uma proporcionalidade directa entre foras e deslocamentos, est-se na presena de
anlises no lineares. Este tipo de anlise necessita de um processo iterativo para a sua
resoluo, uma vez que as equaes que regem o comportamento da estrutura dependem
da configurao deformada, ou seja, as equaes de equilbrio da estrutura necessitam
de ser actualizadas durante o processo. Nesta dissertao utiliza-se o mtodo de
Newton-Raphson, o qual, adaptado, passa a um processo incremental-iterativo.
Dos conceitos tericos passa-se construo do algoritmo PEFNL-2D capaz
de estudar as situaes descritas. Foram criadas quatro verses distintas do referido
programa, que so testadas em diversos exemplos. Uma das quatro verses testadas
mostrou ser a mais adequada, uma vez que demonstra versatilidade para todos os
exemplos efectuados e apresenta uma boa preciso nos resultados.
Mtodo dos elementos finitos, anlise no linear, formulao
corrotacional, mtodo de Newton-Raphson, mtodos computacionais.
Palavras-chave:
ii
Abstract:
This thesis deals with finite element application in beam structures. It is
considered that the beams forming the structure suffer large displacements (getting far
from the original configuration) but small amplitude deformations due to their high
slenderness. The corotacional formulation is based on the previous assumption. In these
situations, since there are no direct relationship between forces and displacements, a
nonlinear analysis is considered. This kind of analysis requires an iterative process for
its resolution, since the equations that characterize the structure behavior depend on the
deformed configuration, i.e., the structure equilibrium equations need to be updated
during the process. In order to solve it, the Newton-Raphsons method is used, which is
transformed into an incremental-iterative process.
Based on the theoretical concepts, the PEFNL-2D was developed; this
algorithm is able to study the described situations. Four different versions were created
for this program, which are tested in several examples. One of the tested versions was
found to be the most appropriate, since it demonstrates versatility for all examples and
produces results with good precision.
Finite element method, nonlinear analysis, corotacional formulation,
Newton-Raphson method, computational methods.
Keywords:
iii
Agradecimentos
Embora a Tese de Mestrado seja um projecto individual, sem dvida algo que
no depende s de mim mas de todos os que me rodeiam.
Como tal, as minhas palavras de agradecimento e reconhecimento relacionadas
com a realizao desta dissertao so especialmente dirigidas ao Professor Doutor Joo
Cardoso, no s pela partilha dos seus enormes conhecimentos, mas pela sua enorme
dedicao docncia e inesgotvel disponibilidade.
Aos meus colegas e amigos Andr Cunha, Bruno Rodrigues, Gonalo Pimpo,
Gonalo Peixoto, Lus Ensinas, Pedro Barros, Pedro Carvalho, Pedro Varela e Pedro
Santana que de um modo ou de outro me ajudaram e incentivaram a chegar at aqui,
fazendo da FCT um stio melhor.
Aos meus colegas e amigos Daniel Rolo e Nuno Boavida que, por tambm
estarem a realizar a sua dissertao, me acompanharam no dia-a-dia de trabalho,
partilhando conhecimentos, opinies e incentivos.
Ao meu amigo Joo Faria, companheiro de estudo durante todo o curso at
dissertao, uma palavra de agradecimento por no deixar ningum cair em desnimo e
uma palavra de incentivo para que finalize da melhor forma a sua tese.
Vera Abecasis, no s pela reviso ortogrfica desta dissertao mas acima de
tudo pelo seu apoio, compreenso e incentivo.
Como no poderia deixar de ser, agradeo tambm minha famlia que fez de
mim parte do que sou hoje. Aos meus Pais, Carlos e Manuela Carvalho, por se
preocuparem, me incentivarem e sempre me apoiarem incondicionalmente, bem como
por investirem na minha educao. Ao meu irmo, minha cunhada e minha madrinha
pelo seu interesse e incentivo na concluso da dissertao.
A todos um sincero obrigado.
iv
v
Simbologia
, Matriz geomtrica no sistema de coordenadas locais , Matriz de rigidez no sistema de coordenadas locais Matriz de transformao do referencial local inicial para o referencial
local actual, que corresponde a uma rotao de corpo rgido de ngulo
Matriz de transformao do referencial global para o referencial local actual
Vector com as coordenadas dos ns do elemento, no referencial global, para a configurao inicial
Vector com as coordenadas dos ns do elemento, no referencial local para
a configurao inicial
Vector que guarda as coordenadas dos ns do elemento no referencial global, para a iterao
Vector que guarda as coordenadas dos ns do elemento no referencial global, rodado do ngulo
Vector de deslocamentos que produz deformao no elemento, no
referencial global
Vector de deslocamentos que produz deformao no elemento, no
referencial local
Deslocamentos dos ns medidos no sistema de coordenadas globais, na
iterao
Deslocamentos associados rotao de corpo rgido no referencial global
, Vector com a componente de translao do deslocamento devido deformao, no referencial local
Vector com a componente de translao do deslocamento devido
deformao, no referencial global
Vector com as rotaes que produzem deformao no elemento
Vector das foras residuais na iterao
vi
, Vector de foras aplicadas no elemento em coordenadas locais Matriz de rigidez numa anlise linear de estruturas no sistema de
coordenadas globais
, , , Funes de forma Nmero de incrementos
Energia de deformao associada ao esforo axial
Energia de deformao associada ao momento flector
Vector de foras aplicadas no sistema de coordenadas globais
Deslocamentos dos ns medidos no sistema de coordenadas globais
, Deslocamentos segundo o eixo nos ns do elemento , Deslocamentos dos ns medidos no sistema de coordenadas locais , Deslocamentos segundo o eixo nos ns do elemento Vector que guarda as rotaes totais dos ns, medidas no referencial local
Vector com a rotao de corpo rgido de cada elemento
Tensor das deformaes
, Rotaes em torno do eixo do elemento Tensor das tenses
Matriz de rigidez numa anlise no linear de estruturas, iterao
Incremento dos deslocamentos na iterao rea de seco
Mdulo de Young
Momento de inrcia
Momento Flector
, Carga Aplicada Energia de deformao
vii
Energia potencial das foras aplicadas
Excentricidade
, Comprimento Equao da linha elstica
, Deslocamento Energia potencial total
viii
ix
ndice
1 INTRODUO ................................................................................................................................................ 1
1.1 CONTEXTO ................................................................................................................................... 1
1.2 OBJECTIVOS ................................................................................................................................. 2
1.3 ORGANIZAO DA DISSERTAO ................................................................................................ 3
2 ANLISE NO LINEAR DE ESTRUTURAS ............................................................................................. 5
2.1 COMPORTAMENTO DE UMA ESTRUTURA ...................................................................................... 5
2.2 ANLISES LINEARES E NO LINEARES .......................................................................................... 5
2.3 MTODO DOS ELEMENTOS FINITOS EM VIGAS .............................................................................. 7
2.3.1 Energia de deformao (U) ............................................................................................... 82.3.1.1 Energia de deformao associada ao esforo axial ...................................................................... 92.3.1.2 Energia de deformao associada ao momento flector ............................................................... 11
2.3.2 Energia potencial das foras aplicadas (V) .................................................................... 172.3.2.1 Energia potencial para foras e momentos aplicados nos ns .................................................... 172.3.2.2 Energia potencial para cargas axiais .......................................................................................... 17
2.3.3 Energia potencial total () .............................................................................................. 21
2.3.4 Transformao de coordenadas ...................................................................................... 22
2.3.5 Anlise no linear ........................................................................................................... 24
2.4 MTODO DE NEWTON-RAPHSON ............................................................................................... 24
2.5 ANLISE INCREMENTAL ITERATIVA ........................................................................................... 26
3 FORMULAO CORROTACIONAL EM VIGAS 2D ............................................................................ 29
3.1 FORMULAO CORROTACIONAL ............................................................................................... 29
3.1.1 Translaes na formulao corrotacional ...................................................................... 29
3.1.2 ngulos de rotao na formulao corrotacional ........................................................... 34
3.1.3 Determinao do ngulo .............................................................................................. 35
3.2 ESFOROS INTERNOS ................................................................................................................. 37
3.3 ESQUEMA DO ALGORITMO DESENVOLVIDO ................................................................................ 39
4 EXEMPLOS DE ESTUDO ........................................................................................................................... 42
4.1 EXEMPLO VIGA COM MOMENTO ................................................................................................. 43
4.1.1 Consideraes ................................................................................................................. 43
4.1.2 Resultados Obtidos .......................................................................................................... 45
4.2 EXEMPLO VIGA COM FORA AXIAL ............................................................................................ 49
4.2.1 Consideraes ................................................................................................................. 49
4.2.2 Resultados obtidos ........................................................................................................... 51
4.3 EXEMPLO VIGA COM FORA TRANSVERSAL ............................................................................... 56
4.3.1 Consideraes ................................................................................................................. 56
x
4.3.2 Resultados obtidos ........................................................................................................... 57
4.4 EXEMPLO PRTICO .................................................................................................................... 62
4.4.1 Consideraes ................................................................................................................. 62
4.4.2 Resultados obtidos ........................................................................................................... 63
5 CONCLUSES .............................................................................................................................................. 68
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .............................................................................................................. 70
ANEXOS .............................................................................................................................................................. 71
xi
ndice de figuras
Fig. 2-1-Exemplo de um comportamento no linear (cana de pesca) [Ans07]. ............... 6
Fig. 2-2-Comportamento de um pilar comprimido excentricamente. a) Configurao
indeformada. b) Configurao deformada. c)Trajectrias de equilbrio. [Rei01]. ... 7
Fig. 2-3-Elemento Finito com referencial de eixos (x y z). .............................................. 8
Fig. 2-4-Elemento Finito de uma viga com carregamento axial ...................................... 9
Fig. 2-5-Funes de forma.............................................................................................. 10
Fig. 2-6- Elemento Finito com dois ns ......................................................................... 12
Fig. 2-7-Viga com cargas axiais aplicadas ..................................................................... 17
Fig. 2-8-Comportamento linear e no linear .................................................................. 18
Fig. 2-9 - Origem da matriz transformao [T] .............................................................. 24
Fig. 2-10-Representao do processo iterativo de Newton-Raphson ............................. 25
Fig. 2-11 - Mtodo incremental iterativo........................................................................ 27
Fig. 3-1 a) Representao da configurao inicial do elemento de viga b) Representao
do elemento de viga na iterao n. ......................................................................... 31
Fig. 3-2- Representao do elemento de viga aps a rotao . ..................................... 33
Fig. 3-3- Problemtica do clculo do ngulo . .............................................................. 35
Fig. 3-4 - Clculo do MDIO ........................................................................................... 36
Fig. 3-5- Deformaes e esforos resultantes. ................................................................ 38
Fig. 4-1-Esquema ilustrativo das diferentes configuraes do algoritmo PEFNL-2D.
................................................................................................................................ 42
Fig. 4-2- Exemplo viga com momento a) Esquema do exemplo b) Modelo de elementos
finitos ...................................................................................................................... 43
Fig. 4-3-Configurao original e deformada da viga (Ansys) ........................................ 47
Fig. 4-4 - Deslocamentos para diferentes valores de M*=ML/2E (adaptado [Urt05]) . 48
xii
Fig. 4-5 - Exemplo viga com carga axial a) Comportamento esperado b)Modelo de
elementos finitos ..................................................................................................... 49
Fig. 4-6 Aplicao dos diferentes valores de F e comportamento esperado da viga. .. 50
Fig. 4-7 - Configurao inicial e final da viga para cada um dos incrementos de fora
efectuados. .............................................................................................................. 53
Fig. 4-8 - Configurao inicial e deformada da viga (adaptado [Tim61]) ..................... 54
Fig. 4-9 - Exemplo viga com fora transversal a) Esquema do exemplo b)Modelo de
elementos finitos ..................................................................................................... 56
Fig. 4-10 - Configurao inicial e deformada da viga (para FL2/EI=10). ...................... 59
Fig. 4-11 - Deslocamentos adimensionais em funo de diferentes valores de .......... 60
Fig. 4-12 - Exemplo Prtico a) Esquema do exemplo b)Modelo de elementos finitos .. 62
Fig. 4-13 - Perfil de viga HEB300 .................................................................................. 62
Fig. 4-14 - Configurao inicial e deformada da estrutura ............................................. 65
xiii
ndice de tabelas
Tabela 4-1- Propriedades geomtricas e materiais da viga. ........................................... 44
Tabela 4-2-Parmetros de anlise do programa Ansys .................................................. 45
Tabela 4-3-Resultados para as configuraes 1.1 e 1.2 do algoritmo ............................ 45
Tabela 4-4- Resultados para as configuraes 2.1 e 2.2 do algoritmo ........................... 46
Tabela 4-5-Resultados do programa Ansys .................................................................... 46
Tabela 4-6-Comparao de resultados Ansys - algoritmo (n 11) ................................. 47
Tabela 4-7-Comparao de resultados [Urt05] - algoritmo (n 21) ............................... 48
Tabela 4-8 - N de iteraes e n de incrementos nas diferentes configuraes do
programa PEFNL-2D (exemplo viga com momento) ......................................... 49
Tabela 4-9-Propriedades geomtricas e materiais da viga. ............................................ 50
Tabela 4-10 - Parmetros de anlise do programa Ansys .............................................. 51
Tabela 4-11 - Resultados para a configurao 1.1 e 1.2 do algoritmo ........................... 52
Tabela 4-12 - Resultados para a configurao 2.1 e 2.2 do algoritmo ........................... 52
Tabela 4-13 - Resultados da simulao no Ansys .......................................................... 53
Tabela 4-14 - Comparao de resultados Ansys - algoritmo.......................................... 54
Tabela 4-15 - Comparao de resultados [Tim61] - algoritmo ...................................... 55
Tabela 4-16 - N de iteraes e n de incrementos nas diferentes configuraes do
programa PEFNL-2D (viga com fora axial) ..................................................... 55
Tabela 4-17-Propriedades geomtricas e materiais da viga ........................................... 56
Tabela 4-18-Parmetros de anlise (programa Ansys) ................................................... 57
Tabela 4-19- Resultados obtidos para a configurao 1.1 e 1.2 do algoritmo ............... 58
Tabela 4-20 - Resultados obtidos para a configurao 2.1 e 2.2 do algoritmo .............. 58
Tabela 4-21 - Resultados da simulao no programa Ansys .......................................... 59
Tabela 4-22 - Comparao de resultados Ansys - algoritmo.......................................... 60
Tabela 4-23- Comparao de resultados [Urt05] - algoritmo......................................... 61
xiv
Tabela 4-24 - N de iteraes e n de incrementos nas diferentes configuraes do
programa PEFNL-2D (viga com fora transversal) ............................................ 61
Tabela 4-25-Caractersticas do perfil HEB300 e caractersticas materiais da viga ........ 63
Tabela 4-26 - Parmetros da anlise efectuada no programa Ansys .............................. 63
Tabela 4-27 - Resultados do algoritmo PEFNL-2D verso 1.1 e 1.2 ......................... 64
Tabela 4-28 Resultados do algoritmo PEFNL-2D verso 2.1 e 2.2 ......................... 64
Tabela 4-29 - Resultados da simulao efectuada no Ansys utilizando o elemento de
viga BEAM3 e BEAM4. ........................................................................................ 65
Tabela 4-30 - Comparao de resultados no n 11 Ansys - algoritmo........................... 66
Tabela 4-31 - Comparao de resultados no n 21 Ansys - algoritmo........................... 66
Tabela 4-32 - N de iteraes e n de incrementos nas diferentes configuraes do
programa PEFNL-2D (Prtico) ........................................................................... 67
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
1
1 INTRODUO
1.1 Contexto
A noo de estabilidade muito importante na anlise de estruturas e encontra-se
associada ao conceito de equilbrio. A estabilidade de qualquer configurao avaliada
atravs do comportamento da estrutura. Uma estrutura em equilbrio diz-se estvel ou
instvel consoante regresse ou no configurao inicial aps a perturbao (aco das
foras exteriores) cessar.
O tipo de anlise estrutural efectuada condiciona o tipo de problema que se pode
resolver. Uma anlise linear caracteriza-se pela formulao das equaes de equilbrio na
configurao inicial, o que impossibilita o uso deste tipo de anlises para problemas de
estabilidade. Este fenmeno est intrinsecamente associado a alteraes na geometria que
produzem um comportamento no linear. O que indica que para o estudar necessrio
realizar sempre anlises no lineares.
Para processar os clculos de uma anlise no linear, necessrio recorrer a
processos iterativos, uma vez que as equaes que regem o comportamento da estrutura
dependem da configurao deformada, o que faz com que as posies de equilbrio da
estrutura tenham que ser actualizadas durante o processo. neste contexto que surge a
formulao corrotacional que ser utilizada no presente estudo.
Interessa portanto compreender de onde surge a formulao corrotacional, esta tem
as suas razes num conceito da mecnica dos meios contnuos: separao dos movimentos
de corpo rgido dos movimentos que esto associados deformao. Os avanos
tecnolgicos que envolveram esta decomposio de movimentos surgiram na indstria
aeronutica e aeroespacial. O conceito da separao destes dois tipos de movimentos, para
uma estrutura completa, foi utilizada por projectistas de estruturas aeroespaciais nas
dcadas de 50 e 60, tendo como grande objectivo a monitorizao do movimento principal
das estruturas, neste sentido, procurou-se definir um sistema de eixos cartesianos e
ortogonais nico, que acompanhasse o movimento do corpo e, em relao ao qual, os
deslocamentos, velocidades e aceleraes de um ponto material fossem unicamente
devidos deformao [Men06].
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
2
A extenso deste conceito, utilizado pela indstria aeronutica para a anlise no
linear utilizando o mtodo dos elementos finitos, baseia-se numa modificao simples: em
vez de utilizar um sistema de eixos nico para a estrutura como um todo, utiliza-se um
sistema de eixos por elemento. Esta modificao essencial para o sucesso da formulao
corrotacional, uma vez que ela ajuda a satisfazer uma hiptese inicial bsica: que os
deslocamentos e rotaes devidos deformao do elemento sejam pequenos em relao
ao sistema de eixos corrotacional [Men06].
Alguns trabalhos sobressaem na evoluo da formulao corrotacional, um dos
quais o de Rankin e Brogan [Ran86] que introduziu o procedimento EICR (Element
Independent Corotacional Formulation). O importante contributo deste trabalho consiste
na criao de filtros que possibilitem usar os programas j existentes de anlise linear de
estruturas, estendendo a sua capacidade anlise no linear. Estes filtros actuam no
clculo do vector de foras internas e da matriz de rigidez e so puramente geomtricos,
podendo ser usados para todos os elementos finitos da mesma famlia. A soluo
apresentada pelos referidos autores serve de base metodologia de anlise corrotacional
que ser desenvolvida nesta dissertao.
1.2 Objectivos
O objectivo da presente dissertao consiste na aplicao do mtodo dos elementos
finitos para a anlise de estruturas planas, constitudas por vigas, quando ocorrem
deslocamentos e rotaes finitas e em simultneo deformaes infinitesimais. Estas
condies verificam-se, por exemplo, na fase de ps-encurvadura em estruturas
constitudas por vigas.
A formulao corrotacional tem sido usada com grande sucesso para resolver este
tipo de problemas e ser usada tambm nesta anlise. Ser elaborado um algoritmo em
linguagem Matlab1 e feita a aplicao do mesmo em problemas de demonstrao.
A preparao da presente dissertao incluiu trs fases distintas:
(i) Estudo da teoria sobre o mtodo dos elementos finitos e a sua aplicao na
anlise de estruturas com grandes deslocamentos e rotaes. A formulao
corrotacional foi analisada com detalhe nesta fase devido sua importncia
no contexto geral da tese. Foi tambm nesta fase que se estudaram os
1 The MathWorks Corporate
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
3
programas a utilizar, o programa de elementos finitos, Ansys2 e o programa
para anlise numrica Matlab.
(ii) Estando consolidado o estudo das teorias necessrias, passou-se
implementao das mesmas. Recorreu-se ento elaborao de um
programa de computador em Matlab que permitiu analisar estruturas planas
de vigas nas referidas condies atravs do mtodo dos elementos finitos.
(iii) Aps a elaborao do referido programa computacional, aplicou-se o
mesmo na resoluo de problemas, aferindo a qualidade das solues
obtidas atravs da comparao dos resultados encontrados com os
apresentados na literatura e com os calculados no programa Ansys.
1.3 Organizao da dissertao
Contextualizados os objectivos desta dissertao, interessa especificar a
organizao da mesma. No captulo 1, onde se insere este subcaptulo, esto descritos os
objectivos deste trabalho e o contexto em que ele se insere para que fique explicita a
motivao que levou sua elaborao.
O captulo 2 compreende os conceitos tericos fundamentais usados em anlise no
linear de estruturas. So brevemente descritos os diferentes comportamentos de uma
estrutura, explicadas as diferenas entre uma anlise linear e uma anlise no linear e
estudada a aplicao do mtodo dos elementos finitos em vigas. descrito ainda o mtodo
iterativo associado anlise no linear a efectuar.
No captulo 3 descrita a formulao corrotacional desenvolvida para a elaborao
do algoritmo.
Para testar e validar o programa desenvolvido apresentam-se diferentes problemas
de aplicao no captulo 4, os resultados obtidos so comparados com o Ansys e/ou
exemplos presentes na bibliografia.
No ltimo captulo, apresentam-se as concluses desta dissertao, analisando
criticamente os resultados obtidos nos problemas aplicados ao programa desenvolvido e
verificando as limitaes e evolues que o mesmo poder apresentar.
2 ANSYS, INC. Corporate
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
4
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
5
2 ANLISE NO LINEAR DE ESTRUTURAS
2.1 Comportamento de uma estrutura
Para caracterizar o comportamento de uma estrutura submetida a um conjunto de
aces, analisa-se a relao existente entre os valores dessas aces e os efeitos por elas
provocados na estrutura, como por exemplo, tenses, deformaes ou deslocamentos. O
objectivo do estudo terico de estruturas determinar este comportamento, o que leva a
considerao simultnea de vrios tipos de equaes, tais como [Rei01]:
(i) Equaes de equilbrio, envolvendo foras aplicadas, esforos e tenses.
(ii) Relaes constitutivas (relaes tenses-deformaes), envolvendo esforos
ou tenses e deformaes descrevem o comportamento do material que
constitui a estrutura.
(iii) Relaes cinemticas (relaes deformaes-deslocamentos), envolvendo
deformaes e deslocamentos.
(iv) Equaes de compatibilidade, envolvendo deslocamentos e destinadas a
garantir que a estrutura respeita as suas ligaes (dos vrios elementos entre
si e com o exterior).
2.2 Anlises lineares e no lineares
Consoante os diferentes problemas em estudo, o comportamento de uma estrutura
pode ser modelado de vrias formas, atravs da adopo de diferentes hipteses que
incidem sobre as caractersticas das equaes referidas [Rei01]. A cada modelo de
comportamento estrutural corresponde um tipo de anlise estrutural diferente.
O tipo de anlise estrutural mais simples designa-se por anlise linear de
estruturas, esta baseia-se na hiptese de todas as equaes serem lineares, deste modo
teremos [Rei01]:
(i) A linearidade fsica relaes constitutivas lineares, i.e., materiais elsticos
lineares.
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
6
(ii) A linearidade geomtrica equaes de equilbrio escritas na configurao
indeformada da estrutura e relaes cinemticas lineares, i.e., a hiptese
dos pequenos deslocamentos
Este tipo de anlise no permite, no entanto, identificar e analisar problemas de
instabilidade, o que advm do facto de a origem destes fenmenos ser geometricamente
no linear.
Uma anlise no linear de estruturas necessria em diferentes casos, que podem
ser agrupados nas seguintes categorias principais [Ans07]:
(i) No linearidades fsicas relaes tenso-extenso no lineares de materiais
no domnio plstico e no domnio elstico, estas podem ser provocadas por
diferentes factores, como o historial da carga (resposta elasto-plstica), as
condies ambientais (temperatura), ou a quantidade de tempo em que a
carga aplicada.
(ii) No Linearidades Geomtricas estruturas sujeitas a grandes deformaes,
sofrem grandes alteraes geomtricas, o que pode causar a resposta no
linear da estrutura (exemplo ilustrativo presente na Fig. 2-1). A no
linearidade geomtrica caracterizada por grandes deslocamentos e/ou
rotaes [Rei01]. Neste caso so necessrias equaes de equilbrio na sua
configurao deformada e/ou a considerao de relaes cinemticas no
lineares.
Fig. 2-1-Exemplo de um comportamento no linear (cana de pesca) [Ans07].
Para compreender o comportamento caracterstico de uma viga sujeita aos tipos de
anlise explicados, considere-se o exemplo [Rei01] ilustrado na Fig. 2-2. A Fig. 2-2 a)
ilustra um pilar submetido a uma fora vertical de compresso e de valor P, que actua com
uma excentricidade em relao ao seu eixo. Na Fig. 2-2 b) possvel observar a
configurao deformada do pilar e na Fig. 2-2 c) as trajectrias de equilbrio (no plano P
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
7
, onde o deslocamento horizontal do topo do pilar), obtidas, respectivamente por meio
da anlise linear e de uma anlise geometricamente no linear (equilbrio de momentos
estabelecido na configurao deformada da Fig. 2-2 b)). A no linearidade da segunda
trajectria resulta da interaco que existe entre os valores do deslocamento e os
momentos flectores que actuam no pilar, onde em contraste com
o da primeira trajectria onde . Na Fig. 2-2 c) possvel constatar que, para
valores de P elevados, a influncia da no linearidade geomtrica extremamente
significativa. Os erros associados aos valores de fornecidos pela anlise linear aumentam
com o valor de P e so sempre contra a segurana, ou seja, sempre inferiores aos valores
exactos.
Fig. 2-2-Comportamento de um pilar comprimido excentricamente. a) Configurao indeformada. b)
Configurao deformada. c)Trajectrias de equilbrio. [Rei01].
2.3 Mtodo dos elementos finitos em vigas
O mtodo dos elementos finitos utilizado em diversos campos de aplicao, para
resolver problemas onde a modelao matemtica origina um conjunto de equaes
diferenciais parciais (equaes lineares, equaes no lineares, entre outros) [Bab89]. Este
mtodo pode ser considerado como uma aplicao (ao nvel dos elementos) de um mtodo
variacional, ou seja, que se baseia em princpios variacionais, tais como o princpio dos
trabalhos virtuais, o princpio da energia potencial total estacionria ou o princpio de
Hamilton. Cada um destes princpios pode originar diferentes solues aproximadas de
problemas [Par98].
A formulao do mtodo dos elementos finitos em vigas pode por isso obter-se de
vrios modos. Tal como se observou, um deles consiste em utilizar o princpio da energia
potencial total estacionria, o qual se aplica a problemas de equilbrio esttico.
anlisegeomtricanolinear
(a) (b) (c)
anliselinear
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
8
(2.1)
Onde a energia potencial total, U a energia de deformao e V a energia
potencial das foras aplicadas. Este princpio determina que uma posio de equilbrio
caracterizada pelo facto de corresponder a um ponto de estacionaridade da energia
potencial total.
2.3.1 Energia de deformao (U)
A energia de deformao U contida num corpo de volume [Men06]:
(2.2)
Na equao anterior e so respectivamente os tensores das tenses e das
deformaes em cada ponto do corpo. Numa viga de uma estrutura plana, o clculo da
energia de deformao pode dividir-se em duas componentes, uma associada ao esforo
axial e outra associada ao momento flector, ou seja, [Men03]. Isto acontece
porque os estados de tenso e extenso associados a cada uma delas podem considerar-se
independentes. As parcelas da energia de deformao associadas s tenses tangenciais e
s deformaes provocadas pelo esforo transverso na viga podem ser desprezadas quando
estas se consideram com esbelteza elevada.
Fig. 2-3-Elemento Finito com referencial de eixos (x y z).
Na Fig. 2-3, pode observar-se o referencial utilizado e os tensores das
tenses e extenses que caracterizam o estado de tenso e de extenso em cada ponto da
12
0 00 0 00 0 0
0 00 00 0
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
9
viga. Designam-se os deslocamentos de um ponto segundo , por , respectivamente e
a rotao do eixo da viga em torno de por .
2.3.1.1 Energia de deformao associada ao esforo axial
Numa viga apenas com carregamento axial pode considerar-se o estado de tenso e
de extenso uniforme para todos os pontos da mesma seco transversal, sendo onde igual ao esforo axial e a rea da seco. Considerando comportamento
elstico linear, , onde o mdulo de Young. O nico produto diferente de
zero em , logo a equao (2.2) d origem a:
(2.3)
Assim, em qualquer ponto da seco igual derivada , do deslocamento segundo .
Fig. 2-4-Elemento Finito de uma viga com carregamento axial
Na Fig. 2-4 est representado um elemento finito com dois ns, onde e so os
deslocamentos segundo desses ns. Devido ao carregamento axial existir deslocamento
axial dos pontos situados sobre o eixo da viga. Assumindo que esse deslocamento varia
linearmente entre as extremidades tem-se:
(2.4)
Utilizando duas funes de forma, e , o deslocamento em qualquer ponto
da viga ser dado por:
(2.5)
12
12
12 ,
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
10
A expresso analtica para estas funes pode ser facilmente obtida a partir do
polinmio (2.4) e das condies fronteira da viga da seguinte forma:
Tem-se que: e . Substituindo no polinmio (2.4) obtm-se:
(2.6)
As duas funes de forma e esto representadas na Fig. 2-5.
Fig. 2-5-Funes de forma
As derivadas das duas funes representadas so respectivamente:
Utilizando as funes de forma, e sabendo que , , , pode escrever-se a
energia de deformao (2.3) no elemento:
(2.7)
Esta expresso fica mais clara se for utilizada uma representao matricial das
vrias quantidades envolvidas, deste modo, possvel definir a extenso segundo da
seguinte forma:
0
1
,1
,1
12 ,
12 , ,
1
1
1
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
11
(2.8)
A expresso (2.7) pode ser escrita do seguinte modo na forma matricial:
(2.9)
Ou, de outra forma:
(2.10)
Onde:
(2.11)
A equao (2.11) representa a matriz rigidez que contabiliza a parcela da energia de
deformao elstica devida ao carregamento axial. Esta matriz pode ser obtida escrevendo
a referida equao sob a forma matricial, para uma viga de seco transversal uniforme:
(2.12)
2.3.1.2 Energia de deformao associada ao momento flector
A flexo nos planos e pode ser estudada independentemente. Considera-se
apenas o plano , que a seco da viga uniforme e ainda que valida a lei de Hooke.
A deformao que ocorre numa seco funo apenas do deslocamento
transversal, . Da teoria de vigas sabe-se que . Ento:
11
1 1
,
12
12
12
, ,
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
12
(2.13)
Para esta simplificao tem-se em conta que e que , .
Fig. 2-6- Elemento Finito com dois ns
Considere-se o elemento finito com dois ns, como o apresentado na Fig. 2-6, e
so os deslocamentos segundo desses ns e e as rotaes em torno de do eixo
da viga nesses ns. Assumindo que a elstica da viga ser representada por um polinmio
de terceiro grau, tem-se:
(2.14)
Pode exprimir-se utilizando funes de forma, . Contudo, uma vez que o
polinmio tem quatro parmetros, so necessrias quatro funes de forma e os
deslocamentos em quatro ns.
(2.15)
12
12
12
12
12
12 ,
II I
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
13
Na expresso anterior, representa o vector que contm os deslocamentos
generalizados nos ns do elemento de viga, ou seja:
(2.16)
Como vimos para o caso da viga com carregamento axial possvel obter estas
funes de forma explcita. Considerando as condies fronteira:
possvel ento obter os coeficientes , , e :
Substituindo os coeficientes no polinmio inicial (2.15) possvel obter como
funo de .
(2.17)
0 0 ,
, 2 3
3 2 3 1
2 1 2 1
2 1 2 1 3 2
3 1
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
14
Agrupando os termos referentes a , , e obtm-se os
:
(2.18)
A energia de deformao elstica da viga, expressa em (2.13) como funo das
segundas derivadas do deslocamento transversal . Derivando a equao (2.15) obtm-se:
(2.19)
necessrio ento obter as derivadas das funes de forma. O clculo analtico
destas derivadas permite obter:
3 2
1 1
, , , , , ,
1 3 2 2 1
,6 12
,4 6
,6 12
,2 6
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
15
Substituindo na equao (2.13) , por , obtm-se:
(2.20)
Que tambm pode ser escrito da seguinte forma:
Nesta formulao surge que representa a matriz de rigidez que contabiliza a
parcela da energia de deformao elstica devida flexo.
Deste modo:
(2.21)
Os elementos desta matriz podem ser calculados escrevendo primeiramente a
equao (2.19) sob a forma matricial:
(2.22)
Realizando os produtos e a integrao que surgem na expresso da matriz de
rigidez (2.21), obtm-se:
(2.23)
12 ,
12 , ,
12
, ,
,
6 124 66 122 6
12 6 12 6
6 4 6 2
12 6 12 6
6 2 6 4
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
16
As duas matrizes de rigidez que se encontram em (2.12) e (2.23), associadas
traco/compresso e flexo, podem ser combinadas numa s.
O elemento de viga da Fig. 2-4 contabiliza unicamente a energia de deformao
associada traco/compresso. O clculo dessa energia depende apenas do deslocamento
segundo o eixo de cada n do elemento. Diz-se que cada n tem um grau de liberdade,
uma vez que o elemento tem dois ns, tem um total de dois graus de liberdade. Por este
facto o vector de deslocamentos do elemento um vector 2 1 e a sua matriz de rigidez tem a dimenso 2 2.
De um modo anlogo, diz-se que cada n do elemento de viga da Fig. 2-6 tem dois
graus de liberdade e que esse elemento tem um total de quatro graus de liberdade.
Verifica-se que os graus de liberdade associados traco/compresso so
independentes dos graus de liberdade associados flexo. Agrupando num vector de
deslocamentos generalizados todos os seis graus de liberdade obtm-se:
(2.24)
A energia de deformao continua a ser obtida pela expresso:
(2.25)
A matriz de rigidez do elemento de viga com seis graus de liberdade, obtida atravs
da combinao das suas matrizes de rigidez enunciadas anteriormente ser:
(2.26)
12
0 0 0 0
0 12362 0
123
62
0 6 24 0 6 2
2
0 0 0 0
0 12362 0
123
62
0 6 22 0 6 2
4
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
17
2.3.2 Energia potencial das foras aplicadas (V)
A energia potencial de uma fora aplicada sobre um corpo igual ao produto da
fora pelo deslocamento do seu ponto de aplicao, afectado do sinal negativo (quando o
ponto de aplicao da fora se desloca no sentido da fora, diminui a energia potencial).
2.3.2.1 Energia potencial para foras e momentos aplicados nos ns
Considerando foras aplicadas sobre os ns de um elemento finito com trs graus
de liberdade por n e dois ns, a energia potencial associada a essas foras ser:
(2.27)
Nesta equao, tem-se , que representa o vector contendo as foras generalizadas
aplicadas nos ns do elemento, sendo e as foras aplicadas no n segundo e
respectivamente e o momento no n em torno de . Para a situao enunciada temos:
(2.28)
2.3.2.2 Energia potencial para cargas axiais
Um caso particular ocorre quando o ponto de aplicao de uma fora actuando
segundo o eixo da viga sofre deslocamento devido flexo existente na viga. Este facto vai
implicar um comportamento no linear da viga.
Fig. 2-7-Viga com cargas axiais aplicadas
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
18
Este tipo de comportamento, que j teve uma primeira abordagem na seco 2.2,
descrito na Fig. 2-7 e na Fig. 2-8.
Neste caso, o comportamento est associado ao facto dos deslocamentos serem
suficientemente grandes para que no possa ser desprezada a modificao da posio do
ponto de aplicao das foras axiais, que ocorre durante a deformao.
Fig. 2-8-Comportamento linear e no linear
Este comportamento no linear tambm se diz comportamento geometricamente
no linear, ou seja, identifica-se com as no linearidades geomtricas referidas na seco
2.2. Esta designao importante para o diferenciar do comportamento no linear com
origem na deformao plstica do material, designado por comportamento materialmente
no linear, que se insere nas no linearidades fsicas identificadas na seco 2.2. Este
ltimo comportamento no abordado na presente dissertao.
Para pequenos deslocamentos e rotaes, usual considerar que as foras so
aplicadas na configurao inicial da viga. Assume-se tambm que o deslocamento dos
pontos de aplicao dessas foras durante a deformao no afecta os esforos internos.
Obtm-se assim uma relao linear entre foras e deslocamentos. O mesmo equivalente a
considerar que os integrais realizados anteriormente no clculo da energia de deformao
so sempre realizados na configurao inicial.
Se os deslocamentos e rotaes forem grandes, ento o efeito da alterao do ponto
de aplicao das foras externas deve ser considerado. Para vigas com cargas axiais, tal
Comportamento Linear:
Comportamento no linear:
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
19
pode ser conseguido contabilizando a variao da energia potencial devida modificao
de comprimento da viga por flexo.
O deslocamento que se apresenta na Fig. 2-7 pode ser aproximado por:
(2.29)
A energia potencial associada fora axial ser:
(2.30)
Esta expresso pode ser discretizada recorrendo s funes de forma da viga sujeita
flexo:
(2.31)
A energia potencial pode tambm ser representada da seguinte forma:
(2.32)
Nesta expresso surge a matriz de rigidez geomtrica ou matriz geomtrica da viga,
. Quando provoca compresso na viga, os coeficientes de , multiplicados por
devem ser subtrados matriz de rigidez deduzida anteriormente, provocando uma
diminuio da rigidez. No caso de a fora provocar traco, ocorre um aumento de
rigidez. A matriz geomtrica dada por:
(2.33)
12 ,
2 ,
2 , ,
2
, ,
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
20
(2.34)
importante realar que os deslocamentos e rotaes contidos no vector so os
indicados em (2.16) e a matriz ter, por isso, a dimenso 4 4. Contudo, pode sempre obter-se uma matriz com 6 6 elementos, compatvel com (2.24) acrescentando duas linhas e duas colunas, com zeros, para os deslocamentos segundo , (2.35).
(2.35)
A equao (2.14) utilizada para representar a deformada da viga (equao da linha
elstica) representa a soluo de uma viga sujeita a cargas concentradas que apresente uma
variao linear do momento flector, na ausncia da fora axial . Como tal, utilizando a
matriz de rigidez e a matriz geomtrica apenas se podero obter solues
aproximadas para problemas com cargas axiais.
65
110
65
110
110
215
110 30
65
110
65
110
110 30
110
215
0 0 0 0 0 0
0 65110 0
65
110
0 110215 0
110 30
0 0 0 0 0 0
0 65110 0
65
110
0 110 30 0110
215
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
21
2.3.3 Energia potencial total ()
Obtidos todos os termos de e , a energia potencial total agora uma funo de
vrias incgnitas. Essas incgnitas so os deslocamentos e rotaes nos ns da viga e esto
arrumadas num vector de deslocamentos generalizados. A expresso geral para :
(2.36)
Como enunciado anteriormente, uma posio de equilbrio caracterizada por
corresponder a um ponto de estacionaridade da energia potencial total. Um ponto de
estacionaridade existe quando:
(2.37)
Derivando a equao (2.36) em ordem aos elementos do vector obtm-se a
seguinte equao de equilbrio:
(2.38)
A notao indicial usada at aqui vantajosa para explicar a formulao por
elementos finitos. Contudo conveniente escrever a equao (2.38) em notao matricial e
passar a utilizar esta notao para desenvolver a formulao corrotacional estudada nesta
dissertao. A equao (2.38) pode ento ser escrita:
(2.39)
Onde , , e como definido na simbologia.
Nesta equao considera-se que a fora positiva quando tem o sentido indicado
na Fig. 2-7.
12 2
0
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
22
2.3.4 Transformao de coordenadas
A equao de equilbrio (2.38) e (2.39) enunciada vlida para um nico elemento,
contm as matrizes de rigidez, , e de rigidez geomtrica, , escritas no referencial
local do elemento. Neste mesmo referencial esto tambm definidos o vector e
que so respectivamente o vector de deslocamentos e o vector de foras.
Para que as matrizes tenham a forma indicada em (2.26) e (2.35), e de acordo com a
Fig. 2-4 e Fig. 2-6, o referencial local de cada elemento definido de modo que o eixo
tenha origem no primeiro n e esteja alinhado deste para o segundo n. O eixo ser
perpendicular a e estar contido no plano da estrutura, enquanto o eixo perpendicular
a esse plano.
A necessidade de juntar ou assemblar as matrizes dos vrios elementos viga
numa nica matriz de rigidez global obriga a definir, para alm dos vrios referenciais
locais (um por cada elemento), um nico referencial, vlido para toda a estrutura. Este
referencial designado por referencial global , . Os vectores de foras e de deslocamentos indicados nas equaes (2.28) e (2.39)
podem ser transformados para o referencial global usando a matriz de transformao:
(2.40)
Obtendo-se assim:
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 1 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0
0 0 0 0 0 1
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
23
A equao (2.39) pode reescrever-se, em relao ao referencial global:
(2.41)
Percebe-se ento que a matriz de rigidez adicionada ou subtrada do produto da
matriz de rigidez geomtrica pela fora axial no elemento, deve ser multiplicada esquerda
por e direita por para passar a dizer respeito ao referencial global. A equao
(2.39) pode ento escrever-se com todos os vectores e matrizes expressas no referencial
global:
(2.42)
Onde a matriz de rigidez em coordenadas globais.
A transformao de coordenadas deve ser feita para cada elemento da estrutura. A
assemblagem da matriz de rigidez global feita juntando as matrizes de rigidez de cada
elemento referidas ao referencial global.
Em relao matriz de transformao, esta pode ser calculada de forma eficiente
uma vez conhecidas as diferenas entre as coordenadas dos dois ns do elemento, ,
entre as coordenadas dos dois ns, , e o comprimento do elemento, atravs da
equao (2.43). A Fig. 2-9 ilustra o que foi referido anteriormente.
(2.43)
0 0 0 0
0 0 0 00 0 1 0 0 00 0 0 0
0 0 0 00 0 0 0 0 1
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
24
Fig. 2-9 - Origem da matriz transformao [T]
2.3.5 Anlise no linear
O facto de se considerar que a equao de equilbrio (2.42) escrita na
configurao indeformada da estrutura resulta na utilizao da matriz de transformao,
, definida com base na posio inicial dos ns do elemento, para transformar o
referencial global no referencial local. Se para alm disto se desprezar a influncia da fora
axial em cada elemento, , na rigidez da estrutura, ento obtm-se que a matriz de rigidez
em coordenadas globais, constante para todos os valores das foras aplicadas e
que o vector de deslocamentos pode ser obtido da equao (2.42) resolvendo um sistema
de equaes lineares.
Na presente dissertao considera-se que o sistema de equaes definido em (2.42)
no linear. Isto , no s considerado o efeito da fora axial , como o clculo da
matriz de transformao, , efectuado em relao posio dos ns do elemento
quando este est deformado. Ou seja, e dependem de .
Para resolver este tipo de anlises recorre-se ao mtodo de Newton-Raphson, que
largamente utilizado na mecnica computacional [Bel00] e analisado na seco seguinte.
2.4 Mtodo de Newton-Raphson
A existncia de no linearidades resulta de no se verificar uma proporcionalidade
directa entre foras e deslocamentos , [Dia10]. Ento para efectuar uma anlise no
linear, necessrio recorrer a um processo iterativo, uma vez que as equaes que regem o
comportamento da estrutura dependem da configurao deformada, logo as posies de
equilbrio da estrutura so actualizadas durante o processo. No algoritmo desenvolvido
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
25
utilizado o mtodo de Newton-Raphson [Ans07] para resolver a equao (2.42), mtodo
este que tambm utilizado pelo programa Ansys para anlises no lineares.
A Fig. 2-10 ilustra o mtodo de Newton-Raphson. A varivel que se encontra na figura denomina-se por resduo e o objectivo minimiz-lo:
(2.44)
Como se pode observar na figura, com as consecutivas iteraes o resduo vai
diminuindo, . Na primeira iterao, considera-se 0 e avalia-se a matriz rigidez [K] na configurao indeformada. Resolvendo o sistema de equaes lineares,
obtm-se o primeiro incremento nos deslocamentos, , com o qual se actualizam os deslocamentos. Tem-se portanto:
(2.45)
Fig. 2-10-Representao do processo iterativo de Newton-Raphson
Na posse deste dado e calculando a matriz rigidez para a configurao , isto ,
considerando as foras axiais nos elementos e as matrizes de transformao de
coordenadas correspondentes configurao possvel determinar o conjunto de
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
26
foras internas que equilibram a estrutura para essa configurao. Surge ento para a
primeira iterao:
(2.46)
Uma vez que diferente do vector de foras que actuam na estrutura, , o
sistema no se encontra em equilbrio. O resduo ser ento:
(2.47)
Para a segunda iterao resolve-se o sistema de equaes lineares:
(2.48)
Com este sistema possvel obter o novo incremento , atravs do qual se actualizam os deslocamentos. O processo iterativo apresentado pode ser ento brevemente
descrito da seguinte forma:
i) Em cada iterao, utilizando os ltimos deslocamentos conhecidos, ,
calcula-se a matriz rigidez, e o vector de foras residuais, . ii) Resolve-se o sistema de equaes lineares, calcula-se o incremento nos
deslocamentos, e actualizam-se os deslocamentos:
(2.49)
iii) Repetio sucessiva das etapas anteriores at o resduo ser suficientemente
pequeno.
2.5 Anlise incremental iterativa
A aplicao do mtodo de Newton-Raphson no algoritmo em estudo sofreu
adaptaes que o transformam num processo iterativo-incremental. Ou seja, para permitir a
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
27
convergncia para resultados correctos e conseguir traar diagramas carga-deslocamento
que mostrem o comportamento da estrutura, considera-se que as cargas so
progressivamente aumentadas. Com isto procura-se obter a posio de equilbrio para cada
nvel de carga, realizando diversas iteraes de Newton-Raphson.
No algoritmo desenvolvido optou-se por dividir a carga total aplicada, , por um
nmero inteiro, designado de nmero de incrementos, . utilizado o mtodo de
Newton-Raphson para um valor da carga aplicada, :
com:
Aps a convergncia para uma posio de equilbrio, o valor de incrementado
de . Isto repete-se at ocorrer convergncia para o nvel de carregamento total aplicado,
.
Fig. 2-11 - Mtodo incremental iterativo.
1
Pormenor
2 /3
/3
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
28
A Fig. 2-11 ilustra o que foi apresentado. Nesta podemos observar que a carga total
a aplicar, , est dividida em trs partes iguais e que passa por um processo iterativo at
atingirmos cada um dos valores da fora, /3, 2 /3 e . Fazendo um paralelo com a Fig. 2-10, podemos observar que esta se repete trs vezes no exemplo ilustrado na Fig.
2-11.
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
29
3 FORMULAO CORROTACIONAL EM VIGAS 2D
3.1 Formulao Corrotacional
A formulao corrotacional baseada no pressuposto de que as vigas que
constituem a estrutura sofrem grandes deslocamentos, afastando-se por isso
significativamente da configurao inicial. A sua esbelteza porm suficientemente
elevada para que as deformaes produzidas sejam de pequena amplitude, de forma a no
ultrapassar o limite elstico do material e permitindo usar relaes cinemticas envolvendo
deformaes e deslocamentos lineares. Esta metodologia foi apresentada por Rankin e
Brogan [Ran86] salientando a vantagem de permitir usar programas desenvolvidos para
anlise linear de estruturas em anlises no lineares, atravs de transformaes de
coordenadas apropriadas. [Bat02] A metodologia referida usada pelo programa Ansys
para realizar anlises de estruturas constitudas por vigas e cascas com grandes rotaes.
3.1.1 Translaes na formulao corrotacional
Os referidos autores ([Ran86]), explicam que qualquer campo de deslocamentos
num corpo deformado pode ser decomposto numa translao de corpo rgido, numa
rotao de corpo rgido e numa deformao. Na metodologia de elementos finitos utilizada,
se apenas existir translao de corpo rgido, as tenses e deformaes no so afectadas.
No entanto, se existir rotao de corpo rgido, existem deformaes associadas. Posto isto,
na equao (3.1) surgem as grandezas envolvidas no deslocamento total para esta
formulao. Este deslocamento, , igual soma do deslocamento devido deformao
com o deslocamento devido rotao de corpo rgido [Men03].
(3.1)
Para efectuar o clculo dos deslocamentos dos ns associados s deformaes,
utilizamos as equaes presentes em (3.2) [Ans07] ou (3.3) [Ran86]. No presente estudo
utiliza-se a equao (3.2), que utilizada pelo software onde vo sero efectuados os
clculos paralelos para posterior comparao.
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
30
O clculo efectuado separadamente para os graus de liberdade associados s
translaes e para os associados s rotaes. Para uma correcta compreenso da equao
(3.2) conveniente analisar as diferentes quantidades envolvidas.
(3.2)
Nesta equao o vector contm a componente de translao do deslocamento
devido deformao e a matriz de transformao correspondente rotao de corpo
rgido do referencial local inicial para o referencial local rodado do ngulo . O vector
, por sua vez, contm as coordenadas dos ns do elemento no referencial global para a
configurao inicial e o vector os deslocamentos dos ns no sistema de coordenadas
globais. O ndice em indica que esta calculada a cada iterao . De um modo anlogo, na equao (3.3), surge referente ao vector dos
deslocamentos que produzem deformao no elemento no referencial local e que
representa a matriz de transformao do referencial global para o referencial local. O
vector contm os deslocamentos no referencial global, , as coordenadas para o
sistema indeformado (configurao inicial) neste mesmo referencial e as mesmas
coordenadas que mas no referencial local.
(3.3)
importante referir a grande diferena em relao a estas equaes (presentes na
bibliografia enunciada). A equao (3.2) calcula os deslocamentos associados s
deformaes no referencial global, por outro lado, a equao (3.3) calcula as mesmas
quantidades no referencial local, ou seja, no referencial do elemento.
Para obter os deslocamentos no referencial do elemento, utilizando a equao (3.2)
tem de ser utilizada a matriz de transformao , ou seja, , . Como tal,
se definirmos a equao (3.2) em relao ao referencial local tem-se que:
(3.4)
,
,
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
31
A matriz definida pela equao (2.40) e o ndice indica que calculada
para a iterao .
As figuras seguintes explicam de forma explcita o que foi descrito anteriormente,
ilustrando as diferentes coordenadas e deslocamentos. Na Fig. 3-1 a) est ilustrada a
situao inicial de um elemento de viga com dois ns, onde possvel observar as
coordenadas iniciais dos ns, . Este vector, onde esto guardadas as coordenadas dos
ns do elemento no referencial global para a configurao inicial representa-se da seguinte
forma:
(3.5)
Na Fig. 3-1 b) ilustra-se uma configurao correspondente iterao do mtodo
de Newton-Raphson. Podemos visualizar na figura os deslocamentos totais dos ns,
medidos no referencial global, .
Fig. 3-1 a) Representao da configurao inicial do elemento de viga b) Representao do elemento de
viga na iterao n.
a) b)
1
2
1
2
1
2
1
2
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
32
Existem ainda na Fig. 3-1 dois vectores que importa referir, o vector que guarda
os deslocamentos totais dos ns, medidos no referencial global e o vector que guarda
as coordenadas dos ns do elemento no referencial global, para a iterao .
Os vectores referidos encontram-se em (3.6) e (3.7) respectivamente:
(3.6)
(3.7)
Sabemos ento que as coordenadas ilustradas na Fig. 3-1 a) e b) se relacionam da
seguinte forma:
(3.8)
Na Fig. 3-2 ilustra-se a metodologia seguida para extrair do vector de
deslocamentos a parte associada rotao de corpo rgido. Pode observar-se que o
movimento do elemento da configurao inicial para a configurao na iterao pode ser
decomposto numa translao de corpo rgido (o n 1 desloca-se para a posio , embora o elemento se mantenha paralelo posio inicial e sem deformaes), numa
rotao de corpo rgido (o elemento roda em torno do n 1 um ngulo de forma que os
dois ns fiquem sobre o eixo que vai de , a , ) e finalmente numa deformao (o elemento deforma-se devido ao esforo axial e ao momento flector).
Considerando que a formulao utilizada torna as deformaes independentes das
translaes de corpo rgido, pelo facto das deformaes serem proporcionais diferena
entre deslocamentos dos ns e no aos deslocamentos, basta eliminar a componente dos
deslocamentos associada rotao do elemento do ngulo . Tal realizado medindo as
coordenadas dos ns na iterao num referencial que rodou tambm um ngulo , como
indica a Fig. 3-2. Um procedimento semelhante sugerido por [Fel05].
.
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
33
Fig. 3-2- Representao do elemento de viga aps a rotao .
O vector guarda as coordenadas dos ns do elemento no referencial global,
rodado do ngulo . agora possvel relacionar todas as coordenadas ilustradas na Fig.
3-1 a), na Fig. 3-1 b) e na Fig. 3-2:
(3.9)
Na equao anterior tem-se:
(3.10)
Para os deslocamentos anteriormente referidos, em (3.5) e (3.6) formula-se a
equao (3.9) da seguinte forma matricial:
cos sin 0 0sin cos 0 000
00
cos sinsin cos
1
1
2
2
2
2
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
34
(3.11)
O vector dos deslocamentos que produzem deformao no elemento, , obtido
subtraindo o vector ao vector . Ou seja:
(3.12)
Este vector guarda os deslocamentos que produzem deformao no elemento,
embora apenas os associados s translaes dos ns e em relao ao referencial global.
3.1.2 ngulos de rotao na formulao corrotacional
Para os graus de liberdade associados s rotaes tem-se o vector que guardar
as rotaes totais dos ns, medidos no referencial local. Subtraindo este vector, rotao
de corpo rgido do elemento, , obtem-se o vector das rotaes que produzem deformao
no elemento . Ou seja:
(3.13)
Tem-se ento o vector dos deslocamentos generalizados que produzem deformao
no elemento, onde se encontram os deslocamentos associados s translaes e os
associados s rotaes:
(3.14)
cos sin 0 0sin cos 0 000
00
cos sinsin cos
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
35
Este vector pode ser calculado no referencial local atravs de:
(3.15)
3.1.3 Determinao do ngulo
O clculo do ngulo , que corresponde rotao de corpo rgido do elemento
levanta um problema que pode ser resolvido de dois modos distintos. O seu clculo pode
ser feito a partir das coordenadas actuais dos ns ou das suas rotaes.
Utilizando a primeira opo referida, verifica-se que ocorre uma indeterminao
pois impossvel distinguir rotaes de corpo rgido positivas de negativas e ainda a
verdadeira grandeza da rotao, uma vez que esta pode ser um mltiplo de , na forma
2 , com . Na Fig. 3-3 possvel perceber que o clculo pelas coordenadas actuais retorna o
mesmo valor para situaes distintas, sendo impossvel determinar qual a correcta.
Fig. 3-3- Problemtica do clculo do ngulo .
Ao desenvolver o algoritmo que realiza a anlise de vigas por esta metodologia,
optou-se por eliminar esta ambiguidade analisando a rotao mdia dos ns do elemento na
iterao anterior actual, desta forma:
a) b)
2
2
c)
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
36
(3.16)
Utilizando a rotao mdia dos ns possvel determinar qual o valor correcto de
de entre todos os possveis.
Para isso considerou-se que o ngulo pertence a uma famlia de valores 2 , onde 3, 2, 1,0, 1, 2, 3. Isto , arbitrou-se que a rotao dever estar compreendida entre 6 e 6 .
O problema de obter o valor correcto de pode ser resolvido comparando dois
valores, o do ngulo 2 , onde se desconhece o valor de e o do ngulo de rotao mdio dos ns do elemento, , e procurando o valor de que minimiza d:
(3.17)
Desta forma possvel encontrar a melhor aproximao possvel para o valor da
rotao e resolvem-se os problemas detectados e ilustrados na Fig. 3-3.
A segunda opo considerada para a construo do algoritmo consiste em utilizar
directamente o , fazendo . Este valor, que a mdia dos ngulos e
apresentados na Fig. 3-4, vai sendo incrementado ao longo das diferentes iteraes e
para os diferentes elementos.
Fig. 3-4 - Clculo do MDIO
2
2
2
1
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
37
3.2 Esforos internos
Em relao aos esforos internos foram analisadas duas maneiras distintas de
efectuar o clculo pretendido. A primeira das quais, executa o clculo dos mesmos a partir
do vector de deslocamentos nodais e da matriz de rigidez do elemento no referencial local,
pela equao:
(3.18)
Neste caso, para o clculo dos esforos internos, que se designam por no
algoritmo em estudo, utilizam-se os deslocamentos nodais associados s deformaes
(3.15), referidos anteriormente como . Estes deslocamentos esto associados ao
referencial local. Tem-se ento que:
(3.19)
Uma outra metodologia foi utilizada para o clculo dos esforos internos,
directamente a partir do alongamento e das rotaes. De facto, ao considerar que o
referencial local na iterao passa nos dois ns do elemento obtm-se sempre que o
vector de deslocamentos (3.15) tem e iguais a zero, e como a origem est sempre
no primeiro n, tambm igual a zero.
A deformao consiste por isso num alongamento ou encurtamento do elemento,
definido por e nas deformaes devidas flexo, definidas por e .
Em [Har73], citado por [Men06] considera-se que os esforos resultantes em cada
um dos elementos de viga na configurao actual so: , , e , sendo o esforo
normal, o esforo transverso e e os momentos flectores nas extremidades inicial e
final do elemento. As equaes que os definem so:
(3.20)
F
6
2 2 2 2
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
38
Nas equaes anteriores importante definir os diferentes valores envolvidos. o
mdulo da elasticidade longitudinal do material; a rea de seco transversal; o
momento de inrcia da seco transversal; e os comprimentos dos elementos de viga
nas configuraes inicial e actual, respectivamente; e a deformao nominal, ou seja,
. Na Fig. 3-5 possvel identificar cada um dos componentes que compem as equaes dos esforos resultantes.
Fig. 3-5- Deformaes e esforos resultantes.
Para esta metodologia, o vector de esforos internos (que se designa por no
algoritmo) fica na seguinte forma:
(3.21)
Em qualquer uma destas metodologias, necessrio transformar os esforos
encontrados para o referencial global, sendo que a matriz faz a transformao do
referencial global para o referencial local actual, necessrio multiplicar os esforos
encontrados pela sua transposta, ou seja:
(3.22)
Nestas condies j possvel adicionar as foras internas calculadas ao vector de
foras globais.
ou
2
1
2
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
39
3.3 Esquema do algoritmo desenvolvido
Para auxiliar a compreenso do algoritmo desenvolvido utilizam-se dois diagramas
de blocos que ilustram todos os procedimentos que so efectuados no mesmo. O primeiro
diagrama apresentado encontra-se muito simplificado para ser possvel compreender a
ideia geral do algoritmo. De seguida encontra-se um outro diagrama que explica
pormenorizadamente o algoritmo PEFNL-2D.
Leitura de Dados
Clculo das foras
internas e subtraco
s foras globais.
Clculo da matriz de
rigidez, , e adio
s foras externas.
Resolve:
.
Actualiza e as
coordenadas.
No executado na 1 iterao.
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
40
41
Leitura de Dados
Clculos Iniciais: - Cria uma matriz, _ , onde vo ser guardadas as coordenadas actuais dos ns;
- Cria a matriz e o vector para guardar os deslocamentos totais e a rotao total nos ns respectivamente; - Cria um vector para guardar a fora axial em cada elemento; - Calcula e guarda o ngulo de rotao, , e o comprimento de cada elemento, .
Define a matriz de Rigidez Global, , o vector de deslocamentos globais, e o vector de foras global .
Primeira Iterao
Adiciona as foras aplicadas que foram definidas nos dados do problema ao vector de foras global,
;
Aplica as condies fronteira devido existncia de apoios nos ns.
Resolve o sistema de equaes: .
Adiciona os deslocamentos e rotaes contidos em matriz e a respectivamente.
Actualiza as coordenadas dos ns na matriz _ e imprime os deslocamentos e
rotaes totais.
Calcula o erro e incrementa o contador de iteraes.
Fim da 1 iterao, inicio da 2 iterao e iteraes seguintes.
Assemblagem da Matriz de Rigidez For i=1:NELEMENTOS END
Inicializa a zeros a matriz rigidez, e a matriz de transformao ;
Calcula a Matriz de Rigidez, , em coordenadas locais;
Calcula a Matriz de Transformao, , e faz a transformao de para o referencial global, obtendo ;
Adiciona matriz de rigidez global : .
Define a matriz de Rigidez Global, , o vector de deslocamentos globais, e o vector de foras global . Estes vectores vo guardar os incrementos e respectivamente nos deslocamentos e nas foras que so necessrias no mtodo de Newton-Raphson.
Assemblagem da Matriz de Rigidez For i=1:NELEMENTOS END
Inicializa a zeros a matriz rigidez, , a matriz geomtrica, e a matriz de transformao ;
Calcula a Matriz de Rigidez, , em coordenadas locais;
Calcula a Matriz de Transformao, , e faz a transformao de para o referencial global, obtendo ;
Adiciona matriz de rigidez global : .
Adiciona as foras aplicadas (definidas nos dados) ao vector de foras global, .
Aplica as condies fronteira devido existncia de apoios nos ns.
Resolve o sistema de equaes: , onde e .
Adiciona os deslocamentos (que correspondem a incrementos ) e rotaes contidos em matriz e a respectivamente. Actualiza as coordenadas dos ns na matriz
_ e imprime os deslocamentos e rotaes totais.
Calcula o erro e incrementa o contador de iteraes.
NO SIM
SAI
Clculo das Foras Internas nos Elementos e assemblagem no vector de foras global, . For i=1:NELEMENTOS END
Calcula a matriz de Transformao considerando as coordenadas actualizadas dos ns;
Extrai a parte dos deslocamentos que diz respeito s deformaes;
Calcula a matriz de Rigidez elemento, ;
Clculo dos esforos internos no elemento i no referencial actualizado do elemento:
;
Transforma as Foras Internas no Elemento, , para o referencial global, obtendo ;
Subtrai as Foras Internas, , ao vector de foras global .
Clculo da rotao de corpo rgido a partir das coordenadas dos ns;
Clculo da rotao de corpo rgido a partir das rotaes dos ns;
Clculo directo dos esforos internos no elemento i:
Extrai a parte dos deslocamentos que diz respeito s deformaes:
Erro
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
42
4 EXEMPLOS DE ESTUDO Os exemplos de estudo que se apresentam, so aqueles que se consideram
importantes para a anlise do correcto funcionamento do algoritmo. Esta anlise baseia-se
na comparao de resultados de diferentes fontes, sejam elas bibliogrficas ou simulaes
no programa Ansys. Em relao ao algoritmo, so testadas todas as diferentes formulaes,
que foram explicadas anteriormente, estas apresentam-se no esquema da Fig. 4-1.
Fig. 4-1-Esquema ilustrativo das diferentes configuraes do algoritmo PEFNL-2D.
Clculo das rotaes de
corpo rgido a partir das
coordenadas dos ns.
Clculo das rotaes de
corpo rgido a partir da
mdia das rotaes dos
ns.
Clculo directo dos
esforos internos a partir
do alongamento mais
rotaes.
Clculo dos esforos
internos a partir do vector
de deslocamentos nodais e
da matriz de rigidez do
elemento.
Clculo directo dos
esforos internos a partir
do alongamento mais
rotaes.
Clculo dos esforos
internos a partir do vector
de deslocamentos nodais e
da matriz de rigidez do
elemento.
2
1
1.1
1.2
2.1
2.2
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
43
Como se pode observar no esquema testam-se quatro configuraes diferentes que
sero identificadas por 1.1; 1.2; 2.1 e 2.2. O nmero de incrementos em que a carga total
dividida, bem como o nmero de iteraes que as verses do algoritmo executam at
convergir para uma soluo so objecto de comparao. Para todos os exemplos e verses
comea-se por assumir que 1, nmero que aumentado quando no se obtm convergncia com um nico incremento.
Em anexo apresenta-se o algoritmo desenvolvido e tambm todos os ficheiros de
input, os utilizados para o programa Ansys e os utilizados para o algoritmo.
4.1 Exemplo viga com momento
4.1.1 Consideraes
Tendo em conta o objectivo de comparao das diferentes solues encontradas
para o algoritmo em causa, considerou-se um exemplo que surge em [Urt05], onde
analisada uma viga encastrada de seco quadrangular (altura e rea ) com um
momento na extremidade e por isso num estado de flexo pura como se representa na
Fig. 4-2.
Na mesma figura possvel observar ainda que o modelo de viga considerado tem
21 ns, distribudos de modo uniforme ao longo da viga e criando 20 elementos.
Fig. 4-2- Exemplo viga com momento a) Esquema do exemplo b) Modelo de elementos finitos
No artigo referido, utiliza-se para este exemplo o sistema de unidades imperiais. No
entanto, na elaborao da presente dissertao utilizado o sistema de unidades
internacionais. Para poder comparar foi efectuada a conveniente converso de unidades.
Deste modo, na Tabela 4-1 podem observar-se as propriedades geomtricas e materiais da
viga.
a) b)
21 1 2 20 1 3
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
44
O momento de inrcia da seco de viga (quadrangular) em anlise dado pela
expresso 12 , logo, 2,16787 9 .
Tabela 4-1- Propriedades geomtricas e materiais da viga.
Geomtricas Materiais L=100 in L=2,54 m
E=30E+6 Psi E=2,06844E+11 Pa A=0,25 in2 A=1,6129E-4 m2
h=0,5 in h=0,0127 m
Em relao ao momento aplicado, [Urt05] baseia-se na teoria de vigas de Euler-
Bernoulli. A relao entre o momento e o raio de curvatura da viga :
(4.1)
Quando a viga flecte at completar um crculo exacto o raio de curvatura :
(4.2)
Substituindo este valor na equao (4.1), conclui-se que a viga consegue a
configurao circular se se respeitar um parmetro adimensional:
(4.3)
Desta forma, o momento a aplicar na estrutura :
(4.4)
Os resultados obtidos pelas diferentes configuraes do algoritmo so comparados
com os do programa Ansys, na Tabela 4-2 esto os parmetros utilizados para esta anlise
pelo programa Ansys.
1
2
2 1.0
2 1109.23284
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
45
Tabela 4-2-Parmetros de anlise do programa Ansys
Anlise Elemento de Viga ANTYPE=0
BEAM3
(elemento de viga 2D) NLGEOM=ON
NEQIT=150
4.1.2 Resultados Obtidos
Como explicado anteriormente, analisaram-se os resultados das quatro
configuraes diferentes para o programa PEFNL-2D. Apresentam-se tambm os
resultados do programa Ansys, de [Urt05] e a respectiva comparao. Na Tabela 4-3 e
Tabela 4-4 apresentam-se os resultados das quatro configuraes do algoritmo para o
problema apresentado.
N Algoritmo desenvolvido verso 1.1 Algoritmo desenvolvido verso 1.2
u [] ux [m] uy [m] u [] ux [m] uy [m]
3 -36,00011 -1,54059E-02 -7,75244E-02 -36,00009 -1,54059E-02 -7,75243E-02
5 -72,00014 -1,21947E-01 -2,80485E-01 -72,00012 -1,21947E-01 -2,80485E-01
7 -108,00018 -3,75948E-01 -5,31358E-01 -108,00015 -3,75948E-01 -5,31358E-01
9 -144,00021 -7,77408E-01 -7,34318E-01 -144,00019 -7,77407E-01 -7,34318E-01
11 -180,00024 -1,27000 -8,11841E-01 -180,00022 -1,27000 -8,11841E-01
13 -216,00028 -1,76260 -7,34316E-01 -216,00025 -1,76260 -7,34316E-01
15 -252,00031 -2,16405 -5,31355E-01 -252,00029 -2,16405 -5,31355E-01
17 -288,00034 -2,41805 -2,80482E-01 -288,00032 -2,41805 -2,80482E-01
19 -324,00038 -2,52459 -7,75223E-02 -324,00035 -2,52459 -7,75224E-02
21 -360,00041 -2,54000 -1,01462E-11 -360,00039 -2,54000 -2,80845E-10
Tabela 4-3-Resultados para as configuraes 1.1 e 1.2 do algoritmo
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
46
Em relao simulao no programa Ansys, encontra-se na Tabela 4-5 os
resultados obtidos e na Fig. 4-3 a ilustrao da configurao original e deformada da viga.
N Algoritmo desenvolvido verso 2.1 Algoritmo desenvolvido verso 2.2
u [] ux [m] uy [m] u [] ux [m] uy [m]
3 -36,00024 -1,54038E-02 -7,75203E-02 -36,00027 -1,54061E-02 -7,75250E-02
5 -72,00028 -1,21874E-01 -2,80437E-01 -72,0003 -1,21948E-01 -2,80486E-01
7 -108,00031 -3,75505E-01 -5,31327E-01 -108,00033 -3,75949E-01 -5,31359E-01
9 -144,00034 -7,76174E-01 -7,34899E-01 -144,00037 -7,77410E-01 -7,34318E-01
11 -180,00038 -1,26816 -8,14441E-01 -180,0004 -1,27001 -8,11841E-01
13 -216,00041 -1,76199 -7,40541E-01 -216,00044 -1,76260 -7,34315E-01
15 -252,00044 -2,16855 -5,41249E-01 -252,00047 -2,16406 -5,31354E-01
17 -288,00048 -2,43217 -2,90412E-01 -288,0005 -2,41805 -2,80481E-01
19 -324,00051 -2,55009 -7,94253E-02 -324,00054 -2,52459 -7,75217E-02
21 -360,00054 -2,57196 1,63325E-02 -360,00057 -2,54000 -1,92581E-11
N Ansys
u [] ux [m] uy [m]
3 -36,0001 -0,15406E-01 -0,77524E-01
5 -71,9979 -0,12195 -0,28048
7 -108,003 -0,37595 -0,53136
9 -144,001 -0,77741 -0,73432
11 -180.0042 -1,2700 -0,81184
13 -215,999 -1,7626 -0,73432
15 -251,998 -2,1641 -0,53136
17 -287,997 -2,4181 -0,28048
19 -324,002 -2,5246 -0,77524E-01
21 -360,001 -2,5400 0,26680E-09
Tabela 4-5-Resultados do programa Ansys
Tabela 4-4- Resultados para as configuraes 2.1 e 2.2 do algoritmo
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
47
Fig. 4-3-Configurao original e deformada da viga (Ansys)
Para o momento aplicado, comparam-se ento os valores encontrados com as
diferentes verses do algoritmo PEFNL-2D e os calculados pelo programa Ansys. A
comparao feita para um dos ns e escolheu-se o n 11, assinalado na Fig. 4-3, para o
efeito. No n 21, essa comparao no deve ser feita, uma vez que os deslocamentos so
muito prximos de zero, o que inviabiliza o clculo do erro relativo.
Tabela 4-6-Comparao de resultados Ansys - algoritmo (n 11)
Desde j se verifica pelos erros relativas calculados, que as verses 1.1, 1.2 e 2.2 do
algoritmo PEFNL-2D retornam resultados praticamente iguais aos calculados pelo
Desl. Ansys Algoritmo Erro relativo [%]
V. 1.1 V. 1.2 V. 2.1 V. 2.2 V. 1.1 V. 1.2 V. 2.1 V. 2.2 u [] -180,00042 -180,00024 -180,00022 -180,00038 -180,0004 1,00E-04 1,11E-04 2,22E-05 1,11E-05
ux [m] -1,27000 -1,27000 -1,27000 -1,26816 -1,27001 0,00 0,00 1,45E-01 7,87E-04
uy [m] -0,81184 -8,11841E-01 -8,11841E-01 -8,14441E-01 -8,11841E-01 1,23E-04 1,23E-04 3,20E-01 1,23E-04
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
48
programa Ansys, a verso 2.1 a que apresenta um desvio maior, no que diz respeito aos
deslocamentos e . Verifica-se ento a conformidade de resultados entre o algoritmo
desenvolvido e o programa Ansys, para as verses 1.1, 1.2 e 2.2.
Fig. 4-4 - Deslocamentos para diferentes valores de M*=ML/2E (adaptado [Urt05])
possvel ainda comparar os resultados obtidos com [Urt05]. Na Fig. 4-4
ilustrado um grfico que relaciona o valor de 2 com e com , que so respectivamente, na nomenclatura utilizada na dissertao e . O ponto azul assinalado na Fig. 4-4 refere-se ao valor do deslocamento n 21 para 1. Do grfico retira-se o deslocamento que se apresenta na Tabela 4-7.
Tabela 4-7-Comparao de resultados [Urt05] - algoritmo (n 21)
Mais uma vez comparando os resultados, verifica-se para todos os casos a
concordncia de resultados excepto para a verso 2.1 que apresenta um desvio de 1,26%.
Desl. N 21
[Urt05] com
L=2,54 m
Algoritmo Erro relativo [%]
V. 1.1 V. 1.2 V. 2.1 V. 2.2 V. 1.1 V. 1.2 V. 2.1 V. 2.2
ux [m] -2,54000 -2,54000 -2,54000 -2,57196 -2,54000 0 0 1,26 0
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
49
possvel ainda comparar (Tabela 4-8) dois factores importantes em relao s
diferentes verses do algoritmo, o nmero de iteraes e o nmero de incrementos em que
se dividem as cargas a aplicar. Todas as verses foram testadas com 1, procedendo-se ao aumento dos mesmos apenas se necessrio (no convergncia para o resultado).
Tabela 4-8 - N de iteraes e n de incrementos nas diferentes configuraes do programa PEFNL-2D
(exemplo viga com momento)
4.2 Exemplo viga com fora axial
4.2.1 Consideraes
Para continuar a validao do algoritmo desenvolvido tem-se em conta um exemplo
de demonstrao includo no manual de verificao do Ansys, denominado de VM136
[Ans07] que consiste numa viga com uma seco transversal de altura e rea
encastrada na base. Sobre a viga est aplicada uma carga vertical tal como se encontra
representado na Fig. 4-5.
Fig. 4-5 - Exemplo viga com carga axial a) Comportamento esperado b)Modelo de elementos finitos
Exemplo viga com momento
V1.1 V1.2 V2.1 V2.2
N de iteraes 24 12 90 87
N de incrementos 2 1 30 3
a) b)
10 9 10
1
11
5
4
Formulao corrotacional para anlise de vigas com elementos finitos
50
Em [Tim61] encontra-se tambm este exemplo, que ser mais um ponto de
comparao com o algoritmo desenvolvido. Em ambos os casos, ([Tim61] e manual de
verificao do Ansys) utilizado o sistema de unidades imperial, pelo que necessrio
proceder s devidas converses para o sistema de unidades internacional adoptado nesta
dissertao. Na Tabela 4-9 especificam-se as propriedades geomtricas e materiais da viga.
O momento de inrcia da seco da viga (quadrangular) em anlise dado pela
expresso 12 , ou seja, 2,16787 9 .
Tabela 4-9-Propriedades geomtricas e materiais da viga.
Geomtricas Materiais L=100 in L=2,54 m
E=30E+6 Psi E=2,06844E+11 Pa A=0,25 in2 A=1,6129E-4 m2
h=0,5 in h=0,0127 m
A carga critica da viga, , de acordo com [Tim61] pode ser calculada a partir da
equao:
O modelo de viga em estudo decomposto em dez elementos finitos, ligados entre
si por onze ns. O estudo efectuado considera o incremento do valor de numa gama de
valores superior carga crtica calculada anteriormente, para estudar o comportamento de
ps-encurvadura da viga. A fora toma assim os valores descritos em seguida, com o
comportamento espera