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1 Professora de Arte da rede pública de ensino do Paraná. Atua no Colégio Estadual Cruzeiro do Oeste como professora de arte. Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED-PR. 2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Maringá. Coordenadora do Departamento de Designer e Moda da

Universidade Estadual de Maringá. Professora orientadora no Programa do Desenvolvimento Educacional (PDE) da SEED-PR.

FOTOGRAFIA COMO FORMA DE PERCEPÇÃO DO MUNDO

E EXPRESSÂO ARTÍSTICA

Autora:Ivani Batista de Oliveira¹ Orientadora: Claudia Cirineo Ferreira Monteiro²

RESUMO:

O presente artigo é o resultado final do estudo sobre a Fotografia como forma de percepção do mundo e como expressão artística, realizado durante o Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná – PDE 2010/2011 – na Universidade de Maringá. Nesta produção consta a descrição dos resultados da pesquisa pedagógica desenvolvida com alunos do nono ano do ensino fundamental no período matutino do Colégio Estadual de Cruzeiro do Oeste – PR, no 2º semestre de 2011. No período de setembro a outubro de 2011, a pesquisa foi apresentada aos professores da Rede Pública Estadual através do GTR (grupo de trabalho em rede). Buscou-se aliar a arte de fotografar aos conteúdos estruturantes das artes visuais: elementos formais; composição; movimentos artísticos e períodos históricos; propostos pelas DCE (2008). Durante a pesquisa, em busca de um melhor direcionamento das ações docentes e discentes, foi elaborado um caderno didático distribuído em sete unidades com atividades teóricas e práticas sobre fotografia. Desenvolver com os alunos e os professores um trabalho usando a máquina fotográfica, como um recurso pedagógico na produção de um conhecimento científico e artístico sobre fotografia foi um desafio muito interessante e prazeroso. Permitiu o olhar mais atento ao mundo circundante e para as imagens fotográficas e ofereceu conhecimentos técnicos e uma nova percepção na produção da imagem.

Palavras-chaves: fotografia; arte; sociedade; história.

1 Introdução

Esse artigo tem a finalidade de apresentar o resultado da pesquisa

pedagógica sobre fotografia, desenvolvida com alunos do ensino fundamental do

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Colégio Estadual Cruzeiro do Oeste. A pesquisa teve como objetivo estudar a

fotografia como forma de desenvolver a percepção do mundo circundante e de

expressão artística. A ideia do tema Arte de fotografar surgiu ao observar nas

escolas da rede pública do estado do Paraná a existência de vários recursos

tecnológicos, como: TV, multimídia, aparelho de som, laboratório de informática, que

despertam o interesse do aluno para as aulas e possibilitam a produção do

conhecimento cientifico. Outro fato que também levou a escolha do tema foi por

observar que os estudantes da escola, na qual foi desenvolvida a pesquisa

costumavam trazer para a sala de aula, diferentes objetos tecnológicos, como:

celulares, máquinas fotográficas, entre outros. Eles se relacionavam com esses

aparelhos com naturalidade e não conheciam as origens e as funções sociais destes

objetos ao longo da história e as possibilidades destes objetos na produção de arte.

Percebeu-se então a necessidade de distinguir a importância destes objetos não só

como bem de consumo, de lazer ou de necessidade que conferem certo “status”

tanto nas sociedades antigas como nas atuais, mas também, como produtos da

pesquisa, do conhecimento e da criação humana.

A máquina fotográfica foi uma das grandes criações do século XIX. De

acordo com Sontag (2004) a fotografia impulsionou a pintura a tomar novos rumos e

encontrar novas formas de composições.

Desde o seu surgimento, as máquinas fotográficas passaram por várias

transformações e segundo Aldé (2010), devido ao seu baixo custo e a multiplicação

dos celulares com este recurso tornou a fotografia um produto acessível e popular,

principalmente entre os jovens. Os recursos técnicos as atuais câmeras fotográficas

permite com facilidade que qualquer pessoa seja fotógrafo ou fotografado. A

fotografia se tornou algo mecanizado, automático e passageiro. Por isso, é natural

que os alunos as trazem para o âmbito escolar para flagrarem momentos pessoais

ou coletivos, sem a preocupação de olhar, perceber e analisar a cena antes de

compor a imagem ou produzir arte. Estudos apontam que a prática em fotografia e o

olhar atento para uma imagem fotográfica podem contribuir para o aprimoramento

dos sentidos, para formação de um olhar crítico na interpretação reflexiva da

realidade circundante. Portando escolher a fotografia como objeto de estudo não

era o suficiente, a questão era se ao estudar a fotografia no contexto escolar,

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poderia ela desenvolver a sensibilidade, a percepção e o conhecimento na arte de

fotografar. Mas como fazer? Qual caminho percorrer? Nesse sentido buscou-se um

trabalho com fotografia dentro de um encaminhamento metodológico que estudasse

a fotografia como: um produto das relações sociais existentes; um meio que

possibilitasse o desenvolvimento dos sentidos e da percepção do mundo; uma

técnica a ser conhecida e estudada como forma de expressão artística. Para isso,

foi produzido um material didático com sete unidades. Na primeira unidade foi

estudada a história da fotografia. Na segunda unidade: a câmara escura. Na terceira

unidade: a fotografia e sociedade. Na quarta unidade: as composições fotográficas.

Na quinta unidade: exercícios de fotografia. Na sexta unidade: arte de fotografar. Na

sétima unidade: um novo olhar. Para a implementação do projeto os recursos

materiais utilizados foram o projetor, laboratório de informática com acesso a

internet, TV multimídia, celulares e máquinas digitais, livros, revistas e materiais

impressos, entre outros.

Para a implementação da pesquisa foi distribuídas cópias do material didático

para os alunos, o que contribuiu para um melhor desenvolvimento do projeto e

direcionamento das atividades teóricas e práticas sobre fotografia, possibilitando-os

estudarem, consultarem, tirarem dúvidas ou levantarem questionamentos a respeito

do tema durante ou fora dos horários das aulas.

2 Implementação do projeto

A Implementação da pesquisa iniciou-se no mês de julho, durante a semana

pedagógica, onde foi apresentado o projeto e o material didático aos professores e

equipe pedagógica. No mês de agosto o projeto e o material didático foram

apresentados aos alunos da 9º ano do Colégio Estadual Cruzeiro do Oeste, uma

turma composta por 34 alunos, que se mostraram bastante interessados e

participativos. Os alunos apresentaram um bom nível de conhecimento acadêmico.

A maioria dos alunos da turma possuía câmaras digitais ou celulares com câmara e

sabiam lidar com as ferramentas dos computadores e da internet.

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Para melhor orientação e aproveitamento do material didático em função da

aplicabilidade e dos objetivos que se pretendia atingir com cada tema estudado, o

material didático foi distribuído em sete unidades dispostas e intituladas na seguinte

forma: Unidade um: A fotografia tem a sua história. Unidade dois: Câmara escura –

O mundo de ponta cabeça. Unidade três: Fotografia e sociedade. Unidade quatro:

Composições fotográficas. Unidade cinco: Fotografando. Unidade 6: Fotografia é

arte? Unidade sete: Um novo olhar. As unidades apresentaram diferentes atividades

sobre fotografia. Abaixo segue o relato de como cada unidade foi desenvolvida.

2.1 Unidade 1: A fotografia tem a sua história

Este tema foi trabalhado na primeira unidade e teve como objetivo fazer com

que o aluno compreendesse a evolução histórica da fotografia e do processo de

captação da imagem. A finalidade era de instigar nos alunos reflexões a respeito das

atuais invenções fotográficas relacionando-as e comparando-as com as antigas

máquinas fotográficas e com processo de captação de imagem e suas

transformações no decorrer dos tempos até se chegar aos novos equipamentos. A

metodologia adotada para esta unidade foi a leitura de textos, pesquisas,

socialização de conhecimentos. Os recursos materiais utilizados foram: textos

impressos, TV multimídia, livros e imagens fotográficas. A atividade iniciou com a

leitura e discussão do texto sobre história da fotografia. Para um melhor

aprofundamento do estudo e das discussões a respeito deste assunto, os alunos

pesquisaram livros com imagens de antigas câmaras e de antigas imagens

fotográficas produzidas pelo daguerreótipo, pelo calótipo e pelo ambrótipo. Através

da TV Multimídia, os alunos visualizaram algumas imagens de pinturas do artista

Antônio Canaletto que utilizava a câmara escura para produzir desenho para suas

pinturas.

Os alunos visualizaram também, diferentes câmaras escuras produzidas ao

longo da história, inclusive a câmara “Mamute”, uma câmara que media 3,6 metros

de comprimento, feita para produzir uma única foto de 1 metro quadrado.

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Após as atividades acima relatadas, os alunos anotaram no caderno dados

importantes sobre a unidade estudada e discutiram com a turma os apontamentos

realizados por eles. Estabeleceram comparações entre à Mamute, com as pequenas

digitais de hoje capazes de produzirem imagens de grande dimensões. Outro foco

de atenção foi sobre primeira imagem fotográfica oficialmente reconhecida como

fotografia, que necessitou oito horas de exposição, diferente das posteriores

câmaras fotográficas criadas e das atuais digitais capazes de se obter uma imagem

em fração de segundos.

2.2 Unidade 2: Câmara escura – O mundo de ponta cabeça.

Para dar prosseguimento aos estudos sobre fotografia, nesta unidade foi

proposta a construção de forma simplificada de uma câmara escura. Esta atividade

foi realizada coma intenção de que os alunos pudessem visualizar de uma forma

simples e concreta o processo de captação da imagem dentro de uma câmara

escura construída por eles.

Os alunos já conheciam teoricamente como se processava a imagem dentro

da câmara escura.

Quando estudaram o olho humano na disciplina de Ciências, o professor de

ciências comentara com eles sobre as diferentes possibilidades de construção de

uma câmara escura e como se processava a imagem dentro da mesma, por isso

demonstraram empolgação e ansiedade em confeccionar logo uma câmara escura.

O estudo do funcionamento da câmara escura relacionando-a com o olho

humano permite um melhor aprendizado do aluno, fazendo com que ele possa fazer

um paralelo entre duas disciplinas que a princípio este poderia entender que não

haveria relação alguma.

Os alunos acompanharam na apostila o passo a passo demonstrado nas

figuras 01 e 02. O passo a passo, também foi apresentado pela TV multimídia.

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Figura 01 – Como construir uma câmera escura Da autora

Figura 02 – Como construir uma câmara escura Da autora

Alguns alunos, por falta de habilidade motora, sentiram dificuldades em

confeccionar a câmara, levando mais tempo do que o previsto nesta atividade.

No estudo em grupo GTR, alguns professores informaram utilizar também

outros métodos de construção da câmara escura com os alunos, usando latas de

leite, caixas e outros materiais. A discussão com o GTR foi interessante porque

permitiu a troca de experiência com outros professores, facilitando neste caso a

escolha do melhor método para a construção do material.

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Após a confecção da câmara, os alunos observaram fora da sala de aula,

paisagens com as câmaras construídas por eles. Foram orientados para deslizar a

caixa interna, aproximando-a e distanciando-a do pequeno orifício (de entrada de

luz) contido na caixa externa. Observando a incidência das cores, da nitidez e

profundidade da imagem visualizada.

As imagens dos objetos ou da paisagem observada são formadas, invertidas

dentro da câmara escura. Em Ciências ao estudar o olho humano, estuda-se

também a trajetória da luz, que se propaga em linha reta. Para uma melhor

compreensão desse conceito foi apresentado por meio da TV multimídia a imagem,

como mostra a figura 03, que demonstra a trajetória da luz e a inversão da imagem.

Figura 03: Inversão de imagem Da autora

Após a visualização da imagem estava prevista para os alunos pesquisarem

no laboratório de informática imagens do olho humano e estabelecer comparações

entre ele e a câmara escura. No entanto o laboratório se encontrava com poucos

computadores funcionando adequadamente. Portando uma imagem do olho humano

e outra, de uma câmara escura foram trazidas e apresentadas através da TV

multimídia aos alunos. As imagens foram analisadas conjuntamente com a sala e os

alunos comentaram oralmente sobre as mesmas, entendendo que na câmara

escura, a trajetória da luz vai até onde é projetada a imagem, enquanto no olho

humano a luz continua sua trajetória até o nervo óptico que envia informações ao

cérebro para decodificar a imagem.

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2.3 Unidade 3: Fotografia e sociedade

Um dos objetivos desta unidade foi promover entre os alunos, um olhar para

a fotografia sob um novo ângulo, indo muito além da forma automatizada em que

estavam acostumados. Para isso foi propiciado discussões e reflexões sobre o

cotidiano e o mundo das imagens em que a humanidade está inserida.

Para que os alunos pudessem compreender as diversas funções sociais da

fotografia essa unidade procurou também refletir sobre diferentes papéis sociais da

fotografia e do fotógrafo dentro da sociedade.

Para estudar fotografia e sociedade, a unidade foi dividida em três atividades.

Com o intuito de despertar o interesse do aluno para o tema, foi apresentada por

meio do projetor de slides, a história em quadrinhos: As sombras da vida, de

Mauricio de Souza, que faz uma intertextualidade com o mito da Caverna de Platão.

Para realizar a atividade 1 os alunos fizeram, em grupos, a leitura do texto

sobre Fotografia e sociedade contido no caderno didático e discutiram algumas

questões relacionadas ao texto. Abaixo, as questões e o relato de forma sintetizada

das respostas dos grupos.

a) Se estabelecêssemos um paralelo entre a alegoria da caverna com o

mundo das imagens em que vivemos, encontraríamos semelhanças? De que forma?

Os alunos foram unanimes em afirmarem que há semelhanças e que de

certa forma a humanidade vive no mundo das cavernas, quando passam muitas

horas do dia em frente a televisão.

b) Você costuma passar muito mais tempo em frente a televisão ou em frente

ao computador acessando a internet ou jogando, do que na frente ou no jardim da

sua casa?

A maioria dos alunos respondeu que passam mais tempo em frente ao

computador e TV. Exceto alguns alunos que participam de atividades esportivas pelo

município afirmaram que passam a maior parte do tempo livre treinando ou

brincando na rua.

c) Você costuma refletir sobre as imagens vistas na televisão, no computador,

nas revistas, jornais, outdoor?

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Alguns alunos responderam que às vezes sim e outros alunos responderam

que somente quando a imagem lhes chamam atenção.

d) Há lugares na sua cidade ou região que você nunca viu ou só viu através

de DVD ou fotos e gostaria de ver pessoalmente?

Nessa questão os alunos apontaram vários lugares da cidade, na região e no

Paraná que nunca viram e que gostariam de visitar, sendo que as Cataratas do

Iguaçu, catedral de Maringá foram os lugares apontados pela maioria deles.

e) Qual a diferença entre uma imagem na televisão e a fotografia?

Esta questão todos os alunos responderam com base no texto Fotografia e

sociedade que conforme Kubrusly (1998) o que é visto na televisão e no cinema é

um fluxo contínuo de imagens que envolvem as pessoas, como

“personagem/espectador”, diferente da imagem fotográfica, que é estática e permite

uma maior percepção da imagem e a sensação de poder reter um fragmento do

tempo em um pedaço de papel, para ser visto outras vezes.

f) Diante de uma fotografia você costuma olhar atentamente, refletindo sobre

todas as informações que ela traz?

Os alunos concluíram que não costumam refletir sobre todas as informações

imagem traz. Somente quando uma imagem fotográfica lhes chama muita atenção a

olha mais atentamente.

g) Ao tirar uma foto, você costuma observar, estudar atentamente a cena que

quer fotografar?

Os alunos responderam que não costumam olhar atentamente para a cena

antes de bater a foto. Depois que passam a imagem para o computador descobrem

detalhes na imagem que não tinham percebido

h) Você acredita que através do ato de fotografar é possível fazer com que as

pessoas olhem mais atentamente o mundo ao seu redor?

Os alunos acreditam que através de uma nova forma de ver a fotografia é

possível observar melhor o mundo ao redor e que o ato de fotografar com atenção

contribui para isso.

i) Você acredita que a fotografia é uma imagem incontestável de uma

realidade? Por quê?

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Esta questão gerou discussões e polêmicas. No entanto foi enriquecedora.

Alguns afirmaram que a fotografia é uma imagem incontestável de uma realidade e

outros argumentaram afirmando que não. Foram mostradas algumas imagens onde

a fotografia poderia ser contestada e outras fotos que retratavam cenas que

aparentava ser uma prova de uma realidade. Porém ficou a questão até que ponto a

realidade apresentada pode ser afirmada tal como se apresenta na foto, visto que

são fragmentos de um todo. A partir de qual ângulo o fotógrafo quis registrar aquela

realidade.

Com intuito de que os alunos refletissem sobre a importância da fotografia e

do fotógrafo na sociedade, na segunda atividade desta unidade foram visualizadas,

pela TV multimídia, diversas imagens sobre: fotografia na moda, foto documentário,

foto jornalismo, foto na publicidade. Na sala, os alunos se reuniram em grupos para

lerem textos, apreciarem imagens de produções fotográficas e escolherem uma das

funções sociais acima citadas da fotografia para pesquisarem. Nesta atividade os

alunos solicitaram se poderiam fazer a apresentação através do projetor de

imagens, em vez de usarem o papel craft e cartolinas como era o proposto no

material didático. Na aula seguinte, os alunos utilizando-se de diferentes editores de

apresentação trouxeram textos e imagens impressionantes sobre a história da foto

moda, história e imagens de foto publicidade que foram apreciadas e analisadas por

todos; história e imagens do fotojornalismo e foto documentário que possibilitou

reflexão sobre a importância da fotografia no registro dos acontecimentos e eventos

sociais, no documentários artísticos culturais de diferentes povos, bem como suas

condições sociais. Nesta atividade além dos alunos conhecerem um pouco da

história de algumas das funções sociais da fotografia foi possível discutir alguns,

aspectos sociais e compositivos da fotografia. Dois grupos escolherem fotografia na

moda. Um grupo deu mais ênfase na história da fotografia na moda enquanto outro

destacou mais as questões técnicas na produção de imagem, a relação fotografo e

modelo.

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2.4 Unidade 4: Composições fotográficas

A intenção desta unidade foi de introduzir aos alunos o conhecimento sobre

composições fotográficas, assim sendo algumas regras foram apresentadas a eles.

A compreensão dos elementos técnicos e de composições na arte de fotografar é

fundamental para compreensão de imagem fotográfica e possibilita a retomada de

conceitos sobre perspectiva, proporção, luz, cor, textura, entre outros estudados

também na pintura.

Através do projetor de imagens, foi apresentado aos alunos, textos

e imagens com algumas técnicas de composições fotográficas: regra dos terços,

perspectiva e profundidade, foco diferencial, luz e contra luz. Junto com a professora

orientadora eles visualizaram e analisaram imagens apontando os elementos de

composição na fotografia utilizados na produção das mesmas.

Visando a compreensão sobre a regra dos terços (uma regra básica e

essencial para produção fotográfica), foi apresentada aos alunos a imagem como

mostra a figura 16. Um retângulo dividido por duas linhas na horizontal e duas

linhas na vertical. Ignorando as linhas na vertical ele fica dividido em três partes

iguais, isto é, três terços. O mesmo acontece se forem ignoradas as linhas das

horizontais. As linhas horizontais e verticais se encontram formando quatro pontos

de intersecções.

Figura 04: Regra dos terços Da autora

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Foi explicado aos alunos que os pontos de interseção demonstrados na

figura 04 são chamados de pontos de ouro, pontos da regra dos terço ou ponto de

interesse e são muitos usados e numa boa composição fotográfica. Foram

mostradas ainda, várias imagens fotográficas, onde foi utilizada a regra dos terços

na obtenção da imagem fotográfica.

Figura 05 – Regra dos terços Da autora

Figura 06 - Regra dos terços

Da autora

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Os alunos observaram diversas imagens e apontaram em qual ou próximo de

qual ponto de ouro estavam o centro de interesse de várias imagens, inclusive em

imagens de paisagens, onde o centro de interesse pode ser determinado pelas

linhas horizontais, podendo ser dois terços para o céu um terço para terra ou vice

e versa.

Outras técnicas de composições, como: contra luz, perspectiva profundidade,

close-up foram apresentadas e estudadas nesta unidade.

Os alunos que tinham estudado o caderno didático questionaram o fato de a

unidade não apresentar fotografias de pessoas. Por isso neste dia, foram

apresentadas algumas fotos de crianças e de animais, tiradas a partir de vários

ângulos utilizando-se as regras dos terços. Aproveitou-se nesta oportunidade para

explicar a técnica plongée e contra plongée, termos em francês. Na língua

portuguesa significa mergulho (foto tirada de cima para baixo) e contra mergulho

(foto tirada de baixo para cima). Técnicas que podem transmitir ideias de igualdade,

superioridade ou inferioridade da cena, objeto ou pessoa retratada.

Ao final desta aula, os alunos foram orientados para realizar algumas

atividades nas suas casas. Foi solicitado que eles estudassem novamente as regras

de composição no caderno didático, que realizassem uma pesquisa na internet

sobre os recursos das máquinas digitais: iso, white balance, sépia , preto e branco,

grade das regras dos terços., entre outros e tentassem encontrar em suas câmaras

digitais essas funções. Foi solicitado ainda que trouxessem para a próxima aula as

máquinas ou celulares com câmaras.

2.5 Unidade 5 : Fotografando

O conteúdo norteador desta unidade foi a prática fotográfica. Esta unidade

teve como objetivo a produção de fotografias empregando regras de composições

estudadas. A unidade foi fundamental para a compreensão de forma concreta das

regras de composições fotográficas estudadas.

Buscando um melhor aproveitamento da unidade, ela foi subdividida em três

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atividades. Na primeira atividade foi estudado o conhecimento dos recursos das

máquinas digitais. Na segunda atividade foi realizada pesquisa de campo (produção

de imagens fotográficas). Na terceira atividade foram analisadas as imagens

produzidas.

Os alunos estavam bastante motivados e ansiosos para iniciar esta unidade

e utilizar na escola os equipamentos trazidos por eles.

O estudo iniciou-se com a primeira atividade, onde houve discussão a

repeito da pesquisa realizada pelos alunos na internet sobre as funções dos

recursos das câmaras digitais. A professora e os alunos que compreenderam melhor

o assunto ajudaram os alunos que tiveram dificuldades em entender e encontrar

alguns dos recursos pesquisados nas suas câmaras.

Na segunda atividade, antes que os alunos saíssem da sala para fotografar,

foram recapituladas algumas das regras estudadas e todos foram orientados a

olharem atentamente a cena a ser fotografada procurando exercitar as regras de

composições estudadas. Os alunos exploraram o pátio e as imediações da escola

para realização da atividade. Quando retornaram para sala observaram nas suas

máquinas as imagens obtidas e foram orientados a continuar praticando durante a

semana.

Na terceira atividade, os alunos foram orientados para salvar cinco fotos em

um pendrive (os alunos que não tinha pendrive poderiam enviar para o email de um

colega e para o email da professora). As fotos seriam analisadas conjuntamente.

Houve alunos que conseguiram bons resultados, houve outros que encontraram

dificuldades para a realização da atividade. Por isso, a análise das imagens foi um

momento que precisou de muito cuidado para não supervalorizar o trabalho de

alguns e desestimular e frustrar outros. O critério para analisar as imagens foram os

seguintes: o aluno apresentava as fotos tiradas por eles, escolhendo uma para ser

rapidamente analisada pelo grupo, justificando porque escolheu a referida foto, qual

regra de composição buscou na produção da mesma e qual apresentou maior

facilidade e dificuldade para a realização da tarefa. O grupo se manifestava falando

sobre o que achou da foto e sobre se ela estava dentro ou próxima da regra de

composição mencionada pelo colega.

Durante a análise das composições os alunos demonstraram respeito pelo

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trabalho dos colegas, apontando outros ângulos que o colega poderia ter usado para

se obter a imagem mais próxima da regra pretendida.

Constatou-se que as dificuldades encontradas por alguns alunos no

exercício prático sobre fotografia foi devido a falta de controle da ansiedade dos

mesmos na realização da atividade. Eles tiravam fotografias de tudo que viam, sem

se preocupar em observar ou escolher um bom ângulo, queriam ver logo o

resultado. No entanto, os alunos que realizaram as atividades com paciência,

buscando empregar com atenção algumas das regras de composição estudadas,

conseguiram compor boas fotos.

As atividades desenvolvidas nesta unidade foram importantes para que os

alunos começassem a entender um pouco mais sobre fotografia e percebessem

alguns componentes presentes na paisagem cotidiana despercebidos até então por

eles.

2.6 Unidade 6: Fotografia é arte?

Nesse momento do projeto, os alunos continuavam bastante estimulados, já

tinham alguns conceitos formados sobre a história da fotografia, sobre fotografia e

sociedade, sobre equipamento e sobre composição fotográfica. Então era o

momento de instigá-los sobre a foto arte. Com o objetivo de desenvolver um pouco

mais a percepção do olhar sobre o mundo ao redor e o olhar fotográfico, que se

buscou nesta unidade uma abordagem sobre a fotografia enquanto expressão

artística e sobre a importância do papel do fotógrafo no processo de produção de

uma imagem fotográfica. Esta abordagem foi relevante para que o aluno

entendesse que para a produção de uma foto arte é importante o conhecimento das

regras, possuir um bom equipamento também faz a diferença. Porém, nada adianta

o conhecimento, um bom e equipamento se não tiver por trás dele o olhar atento, a

intenção e percepção do fotógrafo.

A unidade iniciou com a leitura do texto do caderno didático: Fotografia é

arte? Após a leitura os alunos visualizaram por meio da TV multimídia imagens

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fotográficas trazidas pela professora e em seguida se organizaram em grupos para

definirem e realizarem uma pesquisa sobre a biografia e obras de um dos

renomados fotógrafos proposto na unidade didática, como: Sebastião Salgado,

Steve Mccurry, Haruo Ohara, Dewiit Jones.

Os grupos apresentaram através do projetor de imagens a biografia

pesquisada trazendo cinco fotos produzidas pelo fotografo para serem apreciadas

por todos os alunos da sala. As imagens das produções fotográficas trazidas por

eles para a apreciação foram de cenas diversas e algumas com temas chocantes,

deixando todos sensibilizados. Comentaram sobre a beleza, a técnica, as cores e o

contexto de produção da imagem. Esta atividade possibilitou que os alunos

percebessem que o tema escolhido e a forma com que o fotógrafo retrata uma cena

e produz uma imagem, faz com que as pessoas sejam compelidas a observar a

imagem, se sensibilizar com a cena e refletir sobre uma realidade social. Possibilitou

aos alunos refletirem e discutirem alguns conceitos sobre o que é “belo” na arte. Na

pintura, na escultura e em outras formas de arte, o conceito de belo não está

relacionado ao que é considerado bonito por determinada cultura ou grupo social,

mas com a forma de composição. Por meio da atividade proposta nesta unidade os

alunos puderam perceber que o mesmo ocorre com a fotografia. A beleza de uma

fotografia não é determina pela cena fotografada, mas com maneira que o fotógrafo

percebe registra a imagem.

2.7 Unidade 7: Um novo olhar

Esta unidade teve como objetivo desenvolver um novo olhar fotográfico, a

percepção através do exercício da arte de fotografar. A percepção amplia a visão de

mundo, aguça os sentidos e estimula a curiosidade. Portanto esta última unidade foi

relevante para o aluno refletir sobre a importância do cuidado, da paciência, da

sensibilidade ao olhar e perceber a cena antes de ser fotografada. A unidade foi

dividida em quatro atividades. Primeira atividade: Apreciação de vídeo. Segunda

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atividade: Exercitando o olhar. Terceira atividade: Análise de imagens. Quarta

unidade: Exposição.

Na primeira atividade. Os alunos fizeram a leitura do texto sobre o tema no

caderno didático e em seguida foram conduzidos até a sala de projeção para assistir

ao vídeo “A criatividade de todos nós” de Dewitt Jones. O vídeo fala sobre o olhar,

sobre paciência, o medo de errar, a persistência, o enquadramento e a criatividade

para se obtiver imagens fotográficas interessantes. Fala sobre a importância do

equipamento na produção de uma boa foto, porém valoriza a supremacia do

fotógrafo em relação ao equipamento.

Na segunda atividade: Exercitando o olhar, foi o momento de mais uma vez,

exercitar e produzir imagens fotográficas.

Os alunos, acompanhados pela professora, foram a um parque da cidade

para produzir fotografias. Antes de iniciar a atividade foram relembrados os estudos

realizados sobre composições fotográficas, sobre a arte de fotografar e sobre as

orientações dadas por Dewitt Jones no vídeo “A criatividade de todos nós” que

apresenta atitudes fundamentais como: a paciência, o olhar atento; a escolha do

melhor ângulo; a criatividade e o não ter medo de errar na produção de uma boa

fotografia.

Na terceira atividade desta unidade era para os alunos junto com todos os

colegas da sala visualizar e analisar as produções fotográficas produzidas. Mas

como já estava quase no término do ano e ainda era necessário organizar a

exposição, constatou que não haveria tempo hábil para realizar a atividade como

estava proposta no material didático. Por isso os alunos formaram pequenos grupos

e conforme o tempo disponível deles e da professora analisaram as imagens

escolhendo algumas para serem impressas e expostas no dia da exposição.

As imagens foram impressas na escola em papel fotográfico.

As figuras abaixo mostram algumas das produções fotográficas realizadas

pelos alunos.

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Figura 09 – Close up

Produção do aluno

Figura 10 – Perspectiva

Produção do aluno

Figura 11 – Contra luz

Produção do aluno

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Figura 12 – Regra dos terços

Produção do aluno

Na quarta e última atividade proposto no material didático, foi organizada uma

exposição com as imagens fotográficas produzidas pelos alunos. Na exposição

foram expostos painéis sobre todos os estudos realizados durante o período da

implementação. A exposição aconteceu no pátio do colégio, período da manhã e

tarde. Os alunos explicaram aos visitantes a partir dos painéis sobre a história da

fotografia, demonstraram a câmara escura construída por eles, sobre as funções

sociais da fotografia, biografias e obras dos fotógrafos pesquisados e conduziam os

visitantes para apreciarem as produções fotográficas realizadas por eles. Ao término

da exposição os alunos ajudaram a desmontar e levaram suas produções para casa.

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Figura 13 – Exposição

Figura 14 – Exposição

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Figura 15 – Exposição

2.8 Discussões do trabalho com o GTR.

Durante o período da implementação na escola, o projeto foi apresentado

também aos professores do GTR (Grupo de trabalho em rede) por meio do ambiente

e-escola - espaço online disposto pela a Secretária de Estado da Educação do

Paraná, para realização de cursos à distância. Por meio do curso online os

participantes analisaram e discutiram o projeto, o material didático e temas

relacionados à fotografia, trazendo contribuições importantes para o

desenvolvimento do trabalho.

Durante o curso ficou constatado que vários participantes já desenvolviam

alguma atividade relacionada à fotografia. Os participantes consideraram o Projeto

de Implementação viável para ser aplicado em sala de aula, ressaltando o interesse

dos alunos para esse tipo de trabalho e a relevância da pesquisa para o

desenvolvimento da percepção do aluno e para o reconhecimento da fotografia

como arte.

Alguns professores apontaram algumas dificuldades para o pleno

desenvolvimento do projeto em sua totalidade, como falta de equipamento

fotográfico, cabos de conexão para baixar as fotografias da câmara ou celulares

para o computador, materiais para impressões de fotos. (professores afirmaram que

acabam disponibilizando seus próprios equipamentos e custeando despesas).

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Na troca de experiências durante o Fórum III intitulado “vivenciando a

prática”, os professores relataram trabalhos desenvolvidos por eles sobre a

fotografia. Uma professora participante relatou uma atividade desenvolvida com os

seus alunos usando a técnica do Pinhole (técnica de se obter uma imagem

fotográfica em um papel sensível colocado dentro de uma câmara escura feita

muitas vezes nas escolas com latinhas de leite vazia). Outra professora participante

do grupo GTR relatou uma experiência propondo uma atividade com os alunos,

solicitando a eles que produzissem fotografias a partir de um único tema que

poderiam ser natureza morta, animais, crianças, amizade, degradação do meio

ambiente, amizade, entre outras. E uma outra professora destacou a importância

sobre a fotografia no registro das artes efêmeras como escultura no gelo, body art,

relatando um trabalho realizado com releitura de obras de Vik Muniz e a fotografia.

Várias foram às experiências, quase todos os professores relataram diferentes

práticas sobre a fotografia, trazendo exemplos de atividades e encaminhamentos

metodológicos.

Aqueles que concluíram o curso afirmaram que os temas e encaminhamentos

adotados são possíveis de serem aplicados e adaptados para a realidade da escola

em que cada um trabalha. Acharam o material abrangente e tratou da fotografia de

uma forma aprofundada.

4 Considerações finais

Durante e após a aplicação do projeto pode-se constatar que é possível fazer

uso das tecnologias e sobre tudo das câmaras digitais e de celulares com finalidade

pedagógica. O trabalho foi árduo, o envolvimento dos alunos foi muito bom, usando

mais tempo do que estava proposto em algumas atividades..

Na última unidade estava prevista a criação de um blog para postar as

imagens e impressões sobre o trabalho com a fotografia, mas não houve tempo

hábil para isso. Algumas unidades, devido ao envolvimento dos alunos demandaram

mais tempo do que o esperado. Na exposição final estava prevista a apresentação

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somente das fotos produzidas pelos alunos, mas ficou decidido em comum acordo

que seria interessante apresentar aos visitantes todo trabalho realizado durante a

aplicação do projeto: a história da fotografia; a câmara escura; fotografia e

sociedade; a arte de fotografar. Foi gratificante ver os alunos tomarem gosto pela

fotografia buscando observar a cena antes de fotografá-la, manipulando o

equipamento na tentativa de se obter uma boa imagem fotográfica, buscando olhar e

um melhor o ângulo para o objeto ou a cena fotografada.

Uma ressalva importante em relação ao projeto é que o mesmo foi aplicado

no 2º semestre, numa turma de 9º ano, não sendo possível dar continuidade o

trabalho com a mesma turma. Desta forma, sugere-se para que o projeto seja

aplicado no primeiro semestre. Outra ressalva importante é que o estudo com Grupo

GTR, no mesmo período da implementação na escola trouxe uma sobrecarga para o

professor que teve que dar conta das duas atividades ao mesmo tempo.

Como material didático é bem extenso e abrangente a maioria das unidades

foi aplicada em períodos contra turno. Para ser aplicada no período normal de aula

sugere-se de que o material seja distribuído as unidades e aplicadas nos diferentes

anos escolares: 6º, 7º, 8º e 9º ano.

Ao observar o envolvimento dos alunos durante as atividades, pesquisando,

apresentando trabalhos, buscando melhor ângulo das cenas para serem

fotografada, mostrando fotografias feitas por eles, constatou-se que é possível por

meio de um trabalho com a fotografia ampliar a percepção do mundo e reconhecer

a fotografia como uma forma de expressão artística.

A realização do trabalho exigiu muito estudo nesta área. No entanto, isto não

foi empecilho para desistir do tema da pesquisa e deixar de ousar numa prática

pedagógica inovadora.

A arte fotografar, no processo de formação do educando e na produção do

conhecimento científico foi um desafio que valeu a pena.

.

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Referências

ALDÉ, Lorenzo. Da prata ao pixel. Revista de história da biblioteca nacional. Ano 5,

nº 52, p.16-29, janeiro 2010. DEWIIT, Jones. A criatividade de todos nós. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=Seghv-nrDDU> Acesso em 6 de maio 2011. KUBRUSLY, Cláudio A. O que é Fotografia? Coleção primeiros passos. São Paulo:

Brasiliense. 1998. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Educação Básica - Arte. Curitiba, 2008.

SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. São Paulo. Companhia das letras. 2004.

SOUZA Maurício. As sombras da vida. Disponível em:

< http://www.monica.com.br/comics/piteco/. > Acesso em 10 janeiro de 2011.