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XVIII SEMINARIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENSFOZ DO IGUACU
ABRIL DE 1989
"CONDICIONANTES GEOLOGICO -GEOTECNICAS NA CONCEPCAODOS PROJETOS DO DESVIO , DOS CONDUTOS FORI;ADOS E DO
SISTEMA DE IMPERMEABILIZACAO DA FUNDACAO DA BARRAGEMDA USINA HIDRELETRICA DE NOVA PONTE - MG"
TEMA IV
Plinio P . Patra"o - Gerente do Projeto e Consultor(LEME ENGENHARIA S/A)
Hugo A. Modenesi - Chefe do Setor de Hidraulica(LEME ENGENHARIA S/A)
Amilton Geraldo - Chefe do Setor de Geologia(LEME ENGENHARIA S/A)
Marcos Vasconcelos - Ge6logo (CEMIG)
1463
I.••..:.
1. INTRODUcAO
A USINA HIDRELETRICA DE NOVA PONTE, de propriedade da Compa
nhia Energetica de Minas Gerais - CEMIG, ester sendo cons-
truida no Rio Araguari, a aproximadamente 1,5 km a jusante
da cidade de Nova Ponte, na regiao do Triingulo Mineiro.
0 Rio Araguari nasce na Serra da Canastra e desemboca na mar
gem esquerda do rio Paranaiba. A aproximadamente na metade
de seu curso, recebe seu principal afluente, o Rio Quebra
Anzol. Cerca de 5,5 km a jusante desta confluencia, as
aguas passam por um estreitamento das ombreiras, tendo sido
este o local escolhido para o barramento.
Geograficamente, o eixo do barramento ester localizado na la
titude 19°08' Sul e longitude 47°42' Oeste.
2. PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DA OBRA
Dentre varias alternativas estudadas nas diversas fases de
Estudos de Projeto, a escolhida contempla uma barragem de
terra-enrocamento com o vertedouro na ombreira direita e de
mais estruturas na ombreira esquerda, inclusive tuneis de
desvio e subestagao (Fig. 1).
Indicam-se a seguir as principais caracteristicas do empre-
endimento, destacando-se aquelas de maior importancia para
o conhecimento geral da obra:
• Desvio do Rio: atraves de 2 tuneis escavados em rocha
Tunel 1
- Controle: nao controlado
- Diametro: 9,70 m
- Extensao: 470,0 m
- Soleira de montante: 20 m acima do N.A. medio do rio.
Tunel 2
- Controle: portal com duas comportas principais e duas
comportas ensecadeiras
- Diametro: 9,70 m
- Extensao: 390,0 m
- Soleira de montante: 4 m abaixo do N.A. medio do rio.
1465
• Barragem
- Tipo: terra-enrocamento
Altura maxima: 138,0 m
- Extensao: 1540,0 M.
• Vertedouro
Tipo: superffcie (incorporado a barragem)
- Controle: 4 comportas radiais
- Vazao maxima: 6.140 m3/s.
• Tomada d'Agua
- Tipo: torre de concreto armado
- N9 de unidades: 3
- Comprimento: 37,0 m
- Altura: 64,0 m
- Controle: comporta tipo vagao.
• Condutos Forgados
- Tipo: 3 tuneis escavados em rocha terminando em blindagemde ago
Trecho com revestimento em concreto
Diametro interno: 6,80 m
Extensao: 240,0 m
Trecho com blindagem de ago
Diametro interno: 5,70 m
Extensao: 85,0 m (51,0 m escavados a 34,0 m a ceu abertol.
• Casa de Forga
Tipo: abrigada
N9 de unidades geradoras:
- Turbina: Francis
Potencia unitaria: 170 MW
Potencia instalada: 510 MW
3
• Reservatorio
- Area inundada: 443,16 Km2
- Volumes:
util: 10.380 x 106m3
total : 12.792 x 106m3
- Vazao regularizada : 304 m3/s
1466
• Cheias de Desvio
T R (Tempo de Recorrenc is - Anos) 5 10 25 50 100
Vazao afluente (m3/s) 1540 1810 2140 2390 2630
Vazao efluente (m3/s) 1500 1680 1900 2060 2180
3. SINTESE DA GEOLOGIA REGIONAL
0 Rio Araguari e seu mais importante afluente, o Quebra An-
zol, formam a bacia hidrogrifica de interesse para o empre-
endimento em questao.
Geologicamente, esta bacia encontra-se em parte nos limitro
fes Norte-Nordeste da Bacia sedimentar do Parana e parte
sobre o escudo Pre-Cambriano, em flagrante discordancia an-
gular. Desta forma, a area exibe conjuntoslitologicos que
vao desde o Arqueano ate o Cenozoico, ressaltando- se a au-
sencia de formacoes Paleozoicas.
O Pre -Cambriano a representado por rochas graniticas a gnais
sicas do Complexo Granito-Gniissico , rochas basicamente xis
tosas do Grupo Araxa e quartzitos e filitos da Formacao Ca-
nastra.
O Mesozoico a representado por litotipos do Grupo Sao Bento,
caracterizados por arenitos da Formacao Botucatu e basaltos
da Formacao Serra Geral e litotipos do Grupo Bauru caracte-
rizados, na area, por rochas tuficeas da facies Uberaba.
O Cenozoico se faz representar basicamente por sedimentos
inconsolidados de carater coluvionar e aluvionar. Ressalta-
se a ocorrencia de extensos e volumosos depositos sedimenta
res caracterizados por niveis de cascalheirasentremeados de
sedimentos areno-silto-argilosos.
As rochas xistosas do Grupo Araxa sao a entidade geologica
de maior ocorrencia na area de influencia do Projeto, prin-
cipalmente no que diz respeito ao reservatorio de acumulacao.
4. ASPECTOS GEOLOGICOS DO LOCAL DO BARRAMENTO
No local do barramento, o vale do Rio Araguari a amplo, ca-
racterizado por uma morfologia de encostas concavas-convexas
1467
relativamente suaves, que conectam de forma abrupta ao lei-
to menor do rio, formando neste local uma feicao de "canyon'.
Geologicamente, caracteriza-se pela presenca de dois princi
pais tipos litologicos (Fig. 2) que, simplificadamente, sao
abaixo descritos:
- Xisto
Quartzo sericita xisto, de laminagao fina, com presenca
de microdobras, com veios e nodulos de quartzo, e zonas
carbonaticas silicosas. 0 piano de xistosidademais de
senvolvido possui atitude N 10-30 E/20-40 SE. 0 paco-
te exibe tres padr6es de juntas tectonicas, subverticais e
verticais, orientadas segundo as direcoes NW, NS e NE.
Sua superficie de afloramento, no local do barramento,
ocorre aproximadamente na El. 701,0 in, proximo ao nivel
d'agua medio do rio.
- Basalto
Ocorrem na area, sobrepostos ao xisto, tres derrames ba-
salticos de cor Ginza escuro, granulometria fina e de
estrutura macica com elevada percentagem de vidro vulcini
co. Estruturalmente exibem juntas verticais de grande con
tinuidade e outras de menor porte, alem de juntas subori-
zontais.
0 derrame mais antigo (DI) e o mais importante para o Pro
jeto, possuindo cerca de 75 metros de espessura. Estes se
parado do xisto, aproximadamente na El. 701,0 in, por uma
delgada camada de brecha sedimentar, com fragmentos de xis
to e matriz arenosa da Formacao Botucatu. 0 segundo der-
rame (DII) possui cerca de 40 metros de espessura e ester
separado do primeiro (DI) por uma lava aglomeritica de
espessura variavel, aproximadamente na El. 775,0 m. 0 ter
ceiro derrame (DIII) tem cerca de 30 metros de espessura
e possui pouca importancia para o Projeto, a nao ser nas
partes mais altas da barragem principal.
5. ASPECTOS GEOLOGICO-GEOTECNICOS GERAIS
Para efeito de melhor compreensao do texto, ressaltam-se
abaixo as principais caracteristicas geologico- geotecnicas,
1468
de cariter qualitativo, utilizadas para auxiliar na previ
sao de comportamento dos distintos litotipos em face das so
licitacoes a eles impostas:
- Grau de Fraturamento (F)
F1 - < 1 fratura por metro: muito pouco fraturado
F2 - 1 a 5 fraturas por metro : pouco fraturado
F3 - 5 a 10 fraturas por metro: muito fraturado
F4 - 10 a 20 fraturas por metro : extremamente fraturado
F5 - > 20 fraturas por metro: fragmentado.
- Grau de Decomposicao (D)
Dl - Rocha sa : matriz sa a praticamente sa. Juntas e/ou
xistosidade sem evidencias de decomposicao, podendo
estar , eventualmente , pouco oxidadas.
D2 - Rocha pouco decomposta : decomposigao incipiente da
matriz e ao longo das juntas e / ou xistosidade.
D3 - Rocha medianamente decomposta : matriz com minerais
descoloridos , em franco processo inicial de decompo-
sicao . Juntas e /ou xistosidade alteradas.
D4 - Rocha muito decomposta : matriz com minerais muito
decompostos , por vezes pulverulentos e friiveis. As
juntas e/ou xistosidade encontram- se bastante oxida-
das e normalmente preenchidas com material de altera
cao com consistencia silto-argilosa.
D5 - Rocha extremamente decomposta : matriz com mine-
rais totalmente alterados e com descoloracao in-
tensa (caracteristicas de solo estruturado ). As jun
tas e /ou xistosidade apresentaram -se somente Como
vestigios remanescentes da estrutura inicial ( sapro-
lito).
- Permeabilidade ( K = coeficiente de permeabilidade -cm/s)
Hl - K < 10-5 : estanque
H2 - 10 - 5 < K < 10 -4 : pouco permeavel
H3 - 10-4 < K < 5 x 10 -4 ; medianamente permeavel
1469
H4 - 5 x 10-4 < K < 10-3 : muito permeavel
H5 - K > 10-3 : francamente permeavel.
0 macico xistoso , o macigo basaltico, bem como a zona de in
fluencia do contato entre ambos, apresentam caracteristicas
geologico -geotecnicas francamente diferenciadas.
Os aspectos descritos sio vilidos para locais afastados das
condicoes superficiais, onde o efeito das " intemperies" nao
foram significativamente marcantes.
• Basalto
Tanto o derrame I (em contato com o xisto) como o derrame II
(sobreposto ao derrame I) apresentam, afora as zonas de in-
f1uencia dos contatos, caracteristicas geologico-geotecni-
cas excelentes, tanto para fundacoes como para escavacoes a
ceu aberto ou subterraneas. Em geral, o macico basaltico
apresenta-se com decomposicao apenas incipiente (D1) e pou-
co fraturado (< que 1 fratura por metro) e consequentemente
pouco permeavel (10-5 < K < 10-4), com excecao de algumas
feicoes centimetricas de juntas suborizontais, onde o fratu
ramento e realcado.
Ja nas zonas de influencia dos contatos , a decomposicao e
marcante , variando de medianamente a extremamente decompos
tas (D3 a D5), apresentando-se extremamente fraturada (10 a
20 fraturas por metro) e permeabilidade variando de estan-
que a francamente permeavel (10-3 < K < 10-5). Consequente
mente , estas zonas caracterizam - se como ruins quanto aos
aspectos geologico-geotecnicos, portanto problematicas para
escavacoes , tanto a ceu aberto como, principalmente, subter
raneas.
• Xisto
Proximo ao contato com o basalto, o xisto encontra-se nor-
malmente muito decomposto ( D4), com zonas e/ou porcoes fa-
cilmente desagregiveis, pouco fraturado (1 a 5 fraturas por
metro ) e com uma permeabilidade variada, de estanque a fran
camente permeavel ( 10-3 < K < 10-5). Ressalta -se que o grau
de fraturamento e bastante influenciado pelos pianos aber-
1470
tos da xistosidade , porem o padrio tipico e subvertical. Tais
caracteristicas evidenciam que esta porcao superficial do
macico xistoso a problematica para escavacoes a ceu aberto e
principalmente subterraneas , com grande probabilidade de des
placamento de blocos e cunhas, principalmente pelas combina
toes dos pianos de fraturas com os pianos da xistosidade e
a direcao da escavagao programada.
Abaixo desta zona, ocorre o xisto pouco decomposto ( D2), mui
to pouco fraturado (< que 1 fratura por metro) e pouco per
meivel ( 10-5< K < 10 -4 cm/s), portanto , com caracteristicas
muito favoriveis para fundacoes bem como para escavagoes a
ceu aberto ou subterraneas.
• BRECHA E SUPERFICIE DO CONTATO BASALTO-XISTO
A brecha sedimentar existente entre o xisto e o basalto pos
sui espessuras inferiores a 0,50 metro e comumente encon-
tra-se muito decomposta ( D4). Incluindo a base do basalto
e o topo do xisto , define-se a "zona de influencia do conta
to", onde ocorre , com frequencia , rocha de pouco a muito de
composta ( D2 a D4 ) e muito a extremamente fraturada (5 a 20
fraturas por metro ) alem da presenga de aqua. No entantor a
disposicao espacial relativamente horizontalizada desta zo-
na confere a ela importancia menor quanto a estabilidade em
escavacoes, porem grande importancia como feicao permeivel,
a qual apresentj caminhos preferenciais de percolacao (for
ma dendritica ) de dificil detecao e eonseq{entemente de controle.
Esta "Zona " se apresenta com espessura aproximada de 3 metros.
6. CONDICIONANTES GEOLOGICO -GEOTECNICAS PARA 0 PROJETO E SOLU-
cOES ADOTADAS
Neste item, procurar- se-a discorrer sobre a influencia das
condicoes geologicas e geotecnicas na definicao dos Proje-
tos do Desvio do Rio , dos Condutos Forcados e da Impermea-
bilizacao da Zona de Influencia do Contato Basalto - Xisto.
6.1 TCJNEIS DE DESVIO
Definidas as caracteristicas fisicas bisicas do local do
aproveitamento , (geologicas, topogrificas e hidrol6gi-
1471
cas) foram realizados estudos tecnico-economicos de alter
nativas de desvio.
A alternativa mais indicada resultou em ensecadeira incorpo
rada a barragem principal e 2 tuneis escavados na ombreira
esquerda.
Em fungao da topografia local, vale estreito em forma de
"canyon", foi possivel ter-se a ensecadeira incorporada com
aproximadamente 50 metros de altura, com coroamento na
El. 742,50 m , elevagao esta definida a partir de seu volume
(1.100 .000 m3 ) e do prazo disponivel para sua construcao (5
meses).
Como a partir da El. 725,00 m o vale do Rio Araguari come-
ca a ter capacidade de acumulacao significativa , a enseca-
deira incorporada forma reservatorio provisorio com capaci
dade de amortecimento. Assim, a vazao de projeto do desvio,
Q = 2.180 m3/s, a aproximadamente 20% inferior a vazao aflu
ente de tempo de recorrencia de. 100 anos, Q = 2.630 m3/s.
Para tuneis operando em regime de pressao, esta reducao de
vazao propicia uma reducao significativa da area necessaria
dos tuneis e portanto , das escavacoes,
Os perfis longitudinais dos tuneis de desvio foram condicio
nados pela zona de influencia do contato geologico entre o
basalto do derrame I e o xisto, aproximadamente na elevacao
703 (Fig. 3) .
Tuneis com perfis longitudinais retilineos, com performance
hidraulica bastante estudada e conhecida, seriam posicionados ne s to
faixa, mas apresentariam os seguintes problemas geologico-
geotecnicos:
- Paredes do Tunel na Zona de Contato
Tal situacao implicaria em certa instabilidade , como que-
da de blocos e cunhas na abobada, por estar em macico ba
saltico fraturado (F3 a F4).
Implicaria ainda , durante as escavacoes, na surgencia de
aqua no cantata e alguns problemas de instabilidades nas
paredes , condicionados pela posicao espacial localizada
1472
desta feicao, pois a mesma apresenta - se "relativamente" ho
rizontalizada . Haveria necessidade de tratamento na zo
na do contato e mesmo do xisto do "invert" da escavacao
para se evitar erosoes e arrancamento de blocos quando da
operacao do tunel , o que poderia causar instabilidades siq
nificativas, como descalcamento e queda de grandes blocos
e cunhas de xisto e/ou basalto.
- Abobada do Tunel na Zona do Contato
A abobada indubitavelmente apresentaria problemas de esta
bilidade pelas caracteristicas geologico-geotecnicas do
basalto e do xisto nesta regiao , associadas a presenca de
agua, como ja"descritas anteriormente.
Parte das paredes seriam constituidas por xisto mu ito decompos-
to (D4), o que poderia acarretar instabilidade de
cunhas durante a escavacao, em funcao da combinacao
dos pianos subverticais de fraturas com o piano inclinado
da xistosidade,e durante a operacao pela relativa facili-
dade das aguas provocarem arrancamento de blocos.
- Abobada do Tunel Imediatamente Abaixo da Zona do Contato
Como ja visto , nesta zona,o xisto apresenta caracteristi--
cas geologico-geotecnicas desfavoriveis, principalmente
quanto ao seu grau de decomposicao (D3 a D4 ) e secundaria
mente , quanto ao grau de fraturamento ( F2). Desta forma,
a abobada nesta posicao, bem como as paredes estariam su
jeitas a desplacamentos de blocos e cunhas , principalmente
no quadrante superior direito e na parede hidraulica di-
reita, devido a situacao desfavorivel dos pianos de xisto
sidade . Haveria necessidade de drenagem sistemitica da
regiao do contato durante a escavacao a tratamentos especi
ficos reforcados ( ancoragens , telas , cambotagens e outros),
aim de injecoes de consolidacao e impermeabilizacao para
adequa -lo a operagao.
Para evitar problemas geologico-geotecnicos , os tuneis
foram posicionados, em suas maiores extensoes, nos maci-
cos rochosos com caracteristicas adequadas. Os trechos que
atravessam a zona de influencia do contato geologico fo-
1473
ram limitados adotando-se a declividade de 10 %, declivida
de maxima para atender as necessidades construtivas (Fig•
3). Assim, o tunel inferior foi posicionado no xis-
to, rocha pouco decomposta (D2) e pouco fraturada ( F2), on
de eventualmente poderiam ocorrer problemas de desplacamento de blo
cos, devido apenas aos plans de xistosidade e juntas subverti
cais, alem da possibilidade de ocorrencia de algumas zo-
nas mars decompostas e fraturadas proximas a abobada.
A soleira do portal do tunel inferior foi fixada na
E1. 693,00 m de modo a reduzir as escavacoes a ceu aber-
to sem comprometer o fechamento do Rio Araguari por meto-
do tradicional ,( lancamento simultaneo de 2 cordoes de fe
chamento ). Ja o tunel superior, foi posicionado no basal-
to, rocha sa (Dl) e muito pouco fraturada (Fl).
Alem do basalto apresentar melhores qualidades do true o xisto, o
posicionamento do tunel superior neste macico permitiu a eli-
minagao do portal de montante, canportas e ccmportas-ensecadeiras pa
ra fechamento final. A elevagdo resultante da soleira de se u em-
boque, E1.717,00 m, garantiri a concretagem de seu tampao
na estacao seca precedente ao inicio do enchimento do re-
servatorio , para cheias de tempo de recorrencia superior a
200 anos, limitando porem sua frequencia de operacao.
Para ter-se uma melhor distribuicao de vazoes nos tuneis,
seria interessante a adogao de diametros diferenciados;
tunel inferior com diametro maior do que o diametro do to
nel superior . Entretanto , esta solucao, alem de despadro
nizar as escavacoes , implicaria em maior volume de escava
goes no xisto, rocha de qualidade inferior ao basalto, e
consequentemente , numa quantidade adicional das protegees
necessirias . Portanto , foram adotados tuneis com diame-
tros iguais ( D = 9,70m).
Deste modo , o tunel superior sd entra em operagao para va
zees superiores a 800 m3/s, correspondente a aproximada-
mente 5 % de duragao, ou seja, sera um tunel de seguranga,
enquanto o tunel inferior sera o responsivel pela maior
parte das descargas durante o desvio.
1474
Os perfis longitudinais nao retilineos dos tuneis de des
vio, alem das multiplas condicoes de fluxo (Fig. 4), trou
xeram as seguintes implicacoes hidraulicas principais:
a) Ressaltos hidraulicos no interior do tunel inferior
Estes ressaltos ocorrem para vazoes de ate' aproximada
mente 450 m3/s, faixa de vaz6es em que o fluxo a con-
trolado pelo regime critico no portal de montante. 0
desemboque esta posicionado abaixo dos niveis natu-
rais de jusante, ficando submerso todo o trecho corn
0,5% de declividade.
Os ressaltos decorrem do encontro do fluxo acelerado,
em regime livre, no trecho de 10% de declividade, com
o fluxo do tunel operando a segao plena no trecho de
0,5% de declividade. 0 fim do revestimento em concre
to estrutural, transicao de 8,10 m de diametro para
= 9,70 m de diametro, caracteriza o ponto inicial dos
ressaltos hidraulicos.
Para vazoes superiores a 450 m3/s aproximadamente de
20% de duracao, o portal de montante fica submerso,ve
dando a entrada de ar, e o tunel passa a operar em re
gime de pressao em toda sua extensao.
Nas ranhuras dos stop-logs, comportas e nas aberturas
para aeracao sao previstas tampas de vedacao durante
o periodo de operacao normal do tunel, para garantir
sua capacidade de descarga, pois o topo do portal fi-
xado na El. 732,00 m esti abaixo do nivel maximo. Es
tas tampas de vedacao serao retiradas previamente ao
fechamento das comportas.
b) Poco de aeracao do tunel superior
Em operacao conjunta con o tunel inferior, o tunel su
perior opera em regime livre, ate vazoes de aproxima-
mente 1700 m3/s. Para vazoes superiores, ocorre o afo
gamento do emboque e o tunel passa a operar em regi
me de pressao. No regime de pressao, sem o pogo de
aeracao, a linha piezometrica estaria situada abaixo
da geratriz superior do tunel, criando pressoes negati
1475
vas na abobada , variaveis em fungao do nivel do reser-
vatorio , tanto em extensao do trecho como em valores.
0 pogo de aeracao caracteriza o fim do trecho de regi-
me em pressao , evitando o aparecimento de pressoes ne-
gativas. A jusante do pogo, o fluxo passa a ser em re
gime livre, ocorrendo ressaltos hidraulicos no canal
de descarga.
6.2 CONDUTOS FOR^ADOS
Apos analises tecnico-economicas de varias alternativas de
Projeto do complexo gerador (tomada d'agua, condutos forga-
dos e casa de forma ), a alternativa escolhida imps a neces
sidade de 3 condutos forgados do tipo tunel escavado em ro-
cha.
0 comprimento medio dos condutos em rocha , 290 metros (sen-
do 240 metros revestidos em concreto e 50 metros com blin-
dagem de ago ), foi conseguencia da localizagao da casa de
forma e da tomada d'agua.
0 projeto contemplou os condutos com emboques imediata-
mente abaixo do contato interderrames ,(DII/DI ), cujas carac
teristicas geologico-geotecnicas desta interface sao pouco
favoraveis , devido ao extremo fraturamento da base do derra
me superior ( F4) e ao grau de decomposicao , variando de me-
dianamente a extremamente decomposta ( D3 a D5). Ressalta-se
que tais caracteristicas sao vilidas para o macico rochoso
de cobertura do conduto 3, o mais externo , pois o macico de
cobertura dos condutos 2 e 1 apresenta uma melhora significati
va quanto as suas caracteristicas geologico -geotecnicas.
Devido a tais caracteristicas e problema de cober-
tura rochosa, o trecho inicial de 55 metros adentra o maci-
go basaltico, do derrame inferior , em angulo de 500 com a
horizontal, passando a 0,5% de inclinacao a partir desta po
sigao ( Fig. 5 ). Desta forma, toda a escavagao dos condutos
acontece na porcao geologico-geotecnicamente excelente do
macico basaltico do derrame I, ou seja , em rocha sa,(D1) mui
to pouco fraturadas ( Fl),a excegio de algumas zonas mais
fraturadas ( F2). Ressalta - se que o "invert" da escavagao
1476
no trecho de 0,5% de inclinacao posiciona-se a aproximada-
mente 3,5 metros acima da zona de influ&ncia do contato do
basalto com o xisto, evitando desta forma a porcao muito a
extremamente fraturada (F3 a F4) da base do derrame. So a
partir do desemboque, o sistema adutor passa ao tipo exter-
no, atingindo as unidades geradoras, evitando assim o conta
to basalto-xisto.
6.3 SISTEMA DE IMPERMEABILIZACAO DA FUNDACAO DA BARRAGEM
0 contato entre o basalto e xisto e, sem duvida, a feicao
geologica mais importante que ocorre no local de implanta-
cao das obras. Como ja mencionado, esta feigao no local do
barramento ocorre aproximadamente na E1.701,0 m, portanto
proximo ao nivel d'igua medio do rio.
Na fase de estudo para o Projeto Basico, foram abertas 3 ga
lerias de inspecao na regiao da zona de influencia do conta
to, com o objetivo de uma perfeita caracterizacao geologi-
co-geotecnica desta interface. A primeira galeria (no 1)
foi aberta na margem esquerda com diametro medio de 3,00 m
e 100 , 0 m de extensao . A segunda ( no 2), tambem na margem
esquerda, com diametro medio de 3,0 m e extensao de 240,Om,
com afastamento de 95 metros a montante da galeria nol.. A tercei
ra (no 3) foi aberta na margem direita, com diametro medio
de 3,0 m e extensao de 125,0 m, com emboque aproximada-
mente na mesma direc5o da galeria no 2.
Com os estudos de detalhamento da fase de Projeto Executive`
definiu- se o eixo do barramento a aproximadamente 120 metros
a jusante das galerias nos 2 e 3.
Como o aterro impermeavel da Barragem, por razoes de econo-
mia, excede substancialmente o que seria necessirio Para uma
zona impermeavel, definiu-se, para efeito de criterios quan
to ao tratamento e preparo de fundacao, uma zona denominada
de "nucleo teorico", obedecendo a relacao 0,6 H (H = car-
ga hidriulica) a montante do eixo. Dentro desta zona, fi-
cou estabelecida a relacao 0,4 H para definir a posicao da
linha da cortina de injegBes da fundacao (Fig. 6).
1477
Considerando as caracteristicas complexas do contato quan-
to a sua permeabilidade, ou seja, caminhos preferenciais
de percolacao de forma provavelmente dendritica, ponderou-
se quanto a efetividade da vedacao ou impermeabilizacao des
to zona atraves de injec6es pelo processo convencional de
furos, mesmo obedecendo ao processo "split spacing" ou pro
cesso em area.
Com a existencia das galerias nQs 2 e 3, respectivamente
posicionadas nas margens esquerda e direita, mesmo que si
tuadas a montante da linha definida para as injecoes, op-
tou-se pela integracao das mesmas ao Projeto de impermeabi
lizacao da fundacao. Tal Projeto contemplou a limpeza cri
teriosa das paredes e abobada, em especial a zona de in-
fluencia do contato, bem como linhas unicas de injegoes na
abobada e piso, e posteriormente preenchimento com concre
to bombeado. A integracao com a linha de injecoes a jusan
te, previu-se limpeza e posterior aplicacio de concreto pro
jetado ao longo de toda a expos.icao da zona do contato em
ambas as margens, apos a escavacao e conformacao dos talu-
des nas ombreiras (Fig. 6).
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Companhia Energetica de Minas Gerais-
CEMIG a permissao para a publicacao deste trabalho, bem
como a LEME ENGENHARIA S.A. pelos recursos colocados a dis
posicao.
BIBLIOGRAFIA
PROJETO BASICO (UHE NOVA PONTE), Relatorio Final, Volume 1-
"Texto" - LEME ENGENHARIA S.A., Abril 1986
PROJETO BASICO (UHE NOVA PONTE), Relatorio final, Anexo B -
"Estudos Geologico Geotecnicos" - LEME ENGENHARIA S.A.,
Abril 1986.
RELATORIOS GEOL6GICO-GEOTECNICOS DE ACOMPANHAMENTO (Perio-
do 86-88 ) - LEME ENGENHARIA S.A.
USINA HIDRELETRICA DE NOVA PONTE - Estudos Ambientais
Geologia (Relatorio Final), Agosto de 1988.
1478
Estudos Hidraulicos em Modelo Reduzido do Aproveitamento
Hidreletrico de Nova Ponte - Relatorios de Verificacao das
Condicoes de Operacao do Esquema de Desvio - Centro de Hi-
drologia e Hidraulica Prof. Parigot de Souza - CEHPAR (86
a 88).
149
RESUMO:
0 local de implantacao da Usina Hidreletrica de Nova Ponte
caracteriza-se geologicamente pela presenca de dois princi-
pais tipos litologicos distintos, quais sejam: basalto da
formagao Serra Geral,sobrepostos a rochas xistosas do Grupo
Araxa. Estes litotipos encontram-se separados por uma su-
perficie de contato relativamente horizontalizada.
0 macico basaltico e o macico xistoso, bem como a zona de
influencia do contato entre ambos, apresentam caracteristi-
cas geologico-geotecnicas francamente diferenciadas.
0 presente trabalho , de carater basicamente informativo,
apresenta de forma sintetica a influencia das condicoes geo
logicas e geotecnicas na concepgao dos Projetos dos tuneis
de desvio, dos condutos forcados e do sistema de impermeabi
lizacao do macico de fundacao da barragem.
1480
T
0
LEGENDA:
OI AOU;AO DO S ISTEMA DE DESVIO
TI)NEIS DE DESVIO
OO TOMAOA D'LeUA
OO CONOUT03 FORgADOSg CASA DE FORIPA
SUBESTACAO
8 BARRABEM
OGIVA DO VERTEDOURO
OO CALM DO V"T9DOURO
ARRANJO GERALiee ewe
FIG: 1
1481
1482
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1483
CURVA DE DESCARGA DOS TONEIS740
735
730
725
720
717
TUNEL DEI
DESVIOSO LAD
INFERO
IOR-
TUNTUN
EL DEEL DE
DESVIODESVIO
SUPERINFERI
IORSOR
URVA CHAVE NATU RAL DE JUSAN TE
II
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FIG.-
1485
IMPERMEABILIZAcAO DA FUNDAcAO
PLANTA
D 2D 30 40 Wm
ESCALA
OA CRISTA DA BARRAGEM
104 CRISTA DA BARRAGEM
LINHA UMITE DONUCLEO TEdRICO
-t -
ZONEAMENTO DA BARRAGEMZONA DESCRIGAO
Malarial Inparnacval com Podrapulho
Enrocamanto
Enrocamanto do Protapao
OS Enroconrnto do Talus
Enrocolnanto Flno
Aralo
O TranaipGo
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IHnA NTRAL DE INJEVAO
SEPAO TIPICA
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