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Universidade de Aveiro 2010 Departamento de Química Francisco José Dias Monteiro Desenvolvimento de sensores para a determinação de H 2 S e CH 3 CH 2 SH no vinho

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I

Universidade de Aveiro

2010

Departamento de Química

Francisco José Dias Monteiro

Desenvolvimento de sensores para a determinação de H2S e CH3CH2SH no vinho

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II

Universidade de Aveiro

2010

Departamento de Química

Francisco José Dias Monteiro

Desenvolvimento de sensores para a determinação de H2S e CH3CH2SH no vinho

Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Química Analítica e Controlo de Qualidade, realizada sob a orientação científica da Doutora Maria Teresa Seabra dos Reis Gomes, Professora Associada do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

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III

Dedico este trabalho aos meus pais, pela educação que sempre me deram. Pelo afecto, carinho e oportunidades que sempre me proporcionaram. À minha irmã, pela amizade e amor que demonstrou durante todo este percurso.

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IV

o júri

Presidente Professor Doutor João António Batista Pereira de Oliveira Professor Associado do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

Professora Doutora Ana Maria de Oliveira e Rocha Senos Professora Associada do Departamento de Cerâmica e do Vidro da Universidade de Aveiro

Professora Doutora Maria Teresa Seabra dos Reis Gomes Professora Associada do Departamento de Química da Universidade de Aveiro

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V

Agradecimentos

Queria agradecer a todas as pessoas que directa ou indirectamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, em especial à Dra. Maria Teresa Gomes pelo apoio, orientação e motivação que me foi prestando ao longo do tempo. A nível pessoal queria agradecer a todos os colegas do departamento de química, pela paciência que tiveram comigo, pelos bons momentos que me proporcionaram, tornando este percurso um pouco mais fácil. Aos meus amigos, o meu muito obrigado! À Joelma por ter sido o meu grande apoio, e que tantos desabafos aturou. Por ter estado lá, tanto nos bons como nos maus momentos, o meu muito, mas muito obrigado!! Por último, e não menos importante, quero agradecer aos meus pais pela oportunidade que me deram!

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VI

palavras-chave

Sensores químicos, cristais piezoeléctricos de quartzo, vinho, trietanolamina, sulfureto de hidrogénio, etanotiol.

Resumo

Neste trabalho pretendeu-se desenvolver um sensor químico de massa, para a determinação do H2S e EtSH no vinho, baseado na utilização de um cristal piezoeléctrico de quartzo. Como a sensibilidade e a selectividade dependem do revestimento aplicado no cristal piezoeléctrico de quartzo, a sua selecção é de extrema importância. Dos compostos testados em trabalhos anteriores optou-se pelo uso da trietanolamina, por apresentar maior estabilidade, alta sensibilidade ao H2S e uma forma de sinal mais simples do que aquele que se obtém com o flureto de tetrametilamónio tetrahidratado. Um único cristal com eléctrodos de ouro e uma quantidade de revestimento que produziu um decréscimo de frequência de 12 kHz, permitiu obter uma calibração linear entre 0,1081 e 0,3242 µmol para o H2S com um limite de detecção de 0,1798 µmol, e uma calibração linear entre 40,56 e 121,7 µmol para o EtSH, com um limite de detecção de 18,63 µmol. Separaram-se eficientemente os dois sinais analíticos através de processos de alcalinização e acidificação da amostra. Utilizando testes de recuperação, um dos processos chave para a validação do método analítico, conseguiu-se uma recuperação média de 100% para o H2S e 101% para o EtSH. Dos possíveis interferentes encontrados em amostras de vinho reais, conseguiu-se a eliminação eficaz da água e do SO2, mas permanece o CO2. Nenhuma das abordagens feitas neste trabalho permitiu a remoção do CO2 sem que fosse também removido o H2S. Os limites de detecção do H2S e EtSH nos vinhos são muito baixos, há portanto a necessidade de incorporar técnicas de pré-concentração para estes compostos, esperando que resolvam também a interferência do CO2. Faz-se uma proposta concreta de uma metodologia, em que, partindo dos resultados obtidos neste trabalho, se pensa que poderá permitir a análise do H2S e do EtSH em amostras reais.

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VII

keywords

Chemical sensors; piezoelectric quartz crystals; wine; triethanolamine; hydrogen sulphide; ethanethiol.

abstract

The aim of this work was the development of a chemical mass sensor, for the determination of H2S and EtSH in wine, based on the use of piezoelectric quartz crystals. As the sensitivity and selectivity depend on the coating of the piezoelectric quartz crystal, its selection is of utmost importance. From previous works, triethanolamine was initially chosen, due to its higher thermal stability, high sensitivity to H2S and a simpler form of signal than other compound also already used, the tetrahydrate methyl ammonium fluoride. A single crystal with gold electrodes and a quantity of coating that has produced a decrease in frequency of 12 kHz, allowed to obtain a linear calibration between 0,1081 and 0,3242 µmol for H2S, with a detection limit of 0,1798 µmol, and a linear calibration between 40,56 and 121,7 µmol for EtSH, with a detection limit of 18,63 µmol. The two analytical signals could be efficiently separated through a process of alkalization and acidification of the sample. Recovering tests, one of the key processes for the validation of an analytical method, showed an average recovery of 100% for H2S and 101% for EtSH. Water, SO2 and CO2 from wine do interfere in the sensor response. Although the effective elimination of water and SO2 were achieved, the CO2 interference remains a problem. None of the approaches attempted in this work allowed its removal unless H2S was also eliminated. The detection limits needed for H2S and EtSH analysis in wines are very low. Therefore there is the need to incorporate pre-concentration techniques for these compounds. Possibly the pre-concentration units hopping also solve the interference of CO2. Based on the results of this work a new methodology for the analysis of H2S and EtSH in real samples is here proposed.

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VIII

NOMENCLATURA

Cf : Constante de sensibilidade

DAP : Fosfato de diamónio

DMS : Dietil mercaptano

EtSH : Etil mercaptano

GC : Cromatografia gasosa

GC-NCI-MS : Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa com ionização

química negativa

HS : Espaço de cabeça

Kynar : Poli(flureto de vinilideno)

Mn_Pht : Ftalocianina de manganésio (II)

n : Número de determinações

OIV : Organização Internacional da Vinha e do Vinho

OSHA : Occupational safety and health administration

QCM : Microbalanças de cristais de quartzo

Rec : Média das recuperações obtidas

SPME : Micro-extracção em fase sólida

SRec : Desvio padrão

t : t de Student

TEA : Trietanolamina

TMAF : Flureto de tetrametilamónio tetrahidratado

Tenax : Tenax TA 80/100

VSC : Compostos sulfurosos voláteis

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IX

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 1

2. FORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO DO H2S E EtSH ....................................................... 3

2.1. Formação de H2S e EtSH ............................................................................................ 4

2.2. Eliminação de H2S e EtSH .......................................................................................... 5

3. MÉTODOS PARA DETECÇÃO DO H2S E EtSH ...................................................... 8

3.1. Introdução.................................................................................................................... 9

3.2. Metodologias disponíveis ............................................................................................ 9

3.3. Baseados em microbalanças de cristais de quartzo (QCM) ...................................... 10

4. MICROBALANÇAS DE CRISTAIS DE QUARTZO (QCM) ................................. 11

4.1. Introdução.................................................................................................................. 12

4.2. Cristais piezoeléctricos .............................................................................................. 12

4.3. Critérios para a escolha do revestimento................................................................... 15

4.4. Aplicação do revestimento ........................................................................................ 15

4.5. Vantagens e desvantagens das microbalanças .......................................................... 16

5. INSTRUMENTAÇÃO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................... 18

5.1. Introdução.................................................................................................................. 19

5.2. Reagentes .................................................................................................................. 19

5.3. Metodologia e descrição da aparelhagem ................................................................. 19

5.4. Método de aplicação do revestimento ....................................................................... 22

5.5. Aparelhagem para gerar gases................................................................................... 23

5.6. Preparação dos padrões gasosos de H2S ................................................................... 24

5.7. Aparelhagem para medição de caudal ....................................................................... 25

5.8. Preparação das amostras sintéticas ............................................................................ 26

6. ANÁLISE DE H2S E EtSH EM VINHO SINTÉTICO .............................................. 27

6.1. Sensor para H2S ......................................................................................................... 28

6.1.1. Escolha do revestimento ..................................................................................... 28

6.1.2. Descrição do equipamento e do método ............................................................. 28

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X

6.1.3. Procedimento experimental ................................................................................ 30

6.1.4. Forma do sinal analítico ...................................................................................... 30

6.1.5. Zona de calibração linear .................................................................................... 31

6.1.6. Conclusões .......................................................................................................... 33

6.2. Sensor para EtSH ...................................................................................................... 34

6.2.1. Escolha do revestimento ..................................................................................... 34

6.2.2. Descrição do equipamento e do método ............................................................. 34

6.2.3. Procedimento experimental ................................................................................ 36

6.2.4. Forma do sinal analítico ...................................................................................... 36

6.2.5. Zona de calibração linear .................................................................................... 37

6.2.6. Conclusões .......................................................................................................... 38

6.3. Um único sensor para H2S e EtSH ............................................................................ 39

6.3.1. Introdução ........................................................................................................... 39

6.3.2. Forma do sinal analítico ...................................................................................... 39

6.3.3. Zona de calibração linear .................................................................................... 42

6.3.4. Amostras de vinho sintético e avaliação do método ........................................... 44

6.3.5. Conclusões .......................................................................................................... 46

6.4. Análise de amostras reais .......................................................................................... 48

6.4.1. Introdução ........................................................................................................... 48

6.4.2. Eliminação de interferentes ................................................................................ 48

6.4.2.1. Eliminação da água ....................................................................................... 48

6.4.2.2. Eliminação de CO2 e SO2 ............................................................................. 49

6.4.3. Conclusões .......................................................................................................... 51

7. PROPOSTA PARA NOVO MÉTODO ....................................................................... 52

7.1. Metodologia e descrição do método.......................................................................... 53

7.2. Colunas de pré-concentração .................................................................................... 54

7.2.1. Introdução ........................................................................................................... 54

7.2.2. Unidade de pré-concentração para o EtSH ......................................................... 55

7.2.2.1. Configuração da coluna de pré-concentração ............................................... 55

7.2.2.2. Procedimento experimental .......................................................................... 56

7.2.3. Unidade de pré-concentração para o H2S ........................................................... 57

7.2.3.1. Configuração da unidade de pré-concentração ............................................. 57

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XI

7.2.3.2. Procedimento experimental .......................................................................... 58

8. CONCLUSÕES GERAIS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO ........................ 59

9. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................... 62

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XII

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Formação do EtSH devida à reacção entre o H2S e o etanal. ............................... 4

Figura 2 – (a) Estrutura cristalina do quartzo e (b) Orientação dos cortes.. ........................ 13

Figura 3 – Cristal piezoelécrtico de quartzo.. ...................................................................... 14

Figura 4 – Movimento no modo cisalhamento, com as setas a indicar o deslocamento das

partículas superficiais ao cristal.. ......................................................................................... 14

Figura 5 – Distribuição gaussiana da sensibilidade e distribuição hipotética do

revestimento dos cristais, para o método de nebulizador (A) e da seringa (B).. ................. 16

Figura 6 – Esquema do arranjo experimental geral para a injecção em fluxo..................... 20

Figura 7 - Células para os cristais de quartzo: (a) célula de vidro com volume de 15 ml e

(b) célula de PVC com o volume de 0,35 ml....................................................................... 21

Figura 8 – Arranjo experimental para efectuar o revestimento através de um aerógrafo.. . 22

Figura 9 - Montagem utilizada para gerar os gases. ............................................................ 23

Figura 10 – Esquema do arranjo para diluição dos padrões gasosos................................... 24

Figura 11 – Fluxímetro de bolha de sabão para medir o caudal. ......................................... 25

Figura 12 – Esquema do sistema usado na determinação de H2S no vinho sintético.......... 29

Figura 13 – Forma do sinal analítico após a injecção de um padrão gasoso de H2S ........... 31

Figura 14 – Curva de calibração linear construída com base nos valores da tab. 1. ........... 32

Figura 15 – Zona de calibração linear, extraída da curva da fig. 14. .................................. 33

Figura 16 – Esquema do sistema usado na determinação do EtSH no vinho sintético. ...... 35

Figura 17 – Forma do sinal analítico após injecção de um padrão líquido de EtSH. .......... 36

Figura 18 – Curva de calibração linear construída com base nos valores da tab. 2. ........... 38

Figura 19 - Forma do sinal analítico devido à injecção de um padrão de H2S. ................... 40

Figura 20 - Forma do sinal analítico devido à injecção de um padrão de EtSH. ................ 40

Figura 21 – Forma dos sinais analíticos de H2S e EtSH, medindo uma amostra de vinho

sintético. ............................................................................................................................... 41

Figura 22 – Forma dos sinais analíticos após alcalinização e acidificação da amostra....... 42

Figura 23 – Curva de calibração obtida através da injecção de padrões gasosos de H2S. .. 43

Figura 24 – Curva de calibração obtida através da injecção de padrões líquidos de EtSH. 44

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XIII

Figura 25 – Proposta de nova montagem, com colunas de pré-concentração para ambos os

compostos. ........................................................................................................................... 53

Figura 26 – Coluna de pré-concentração para EtSH com indicação da direcção dos gases.

............................................................................................................................................. 56

Figura 27 – Unidade de pré-concentração para H2S com indicação da direcção dos gases

nos vários passos da análise: a) pré-concentração, b) dessorção e análise.. ........................ 57

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XIV

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Volumes de H2S injectados, número de moles correspondente e respectivas

respostas. ............................................................................................................................. 32

Tabela 2 – Volumes de EtSH injectados, número de moles correspondente e respectivas

respostas. ............................................................................................................................. 37

Tabela 3 – Volumes de H2S injectados, número de moles correspondente e respectivas

respostas. ............................................................................................................................. 43

Tabela 4 – Volumes de EtSH injectados, número de moles correspondente e respectivas

respostas. ............................................................................................................................. 43

Tabela 5 – Leitura das amostras de vinho sintético. ............................................................ 45

Tabela 6 – Percentagens de recuperação obtidas para o EtSH e H2S .................................. 45

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Introdução

1

1. INTRODUÇÃO

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Introdução

2

O objectivo para quem faz vinho é assegurar uma rápida e completa fermentação.

Durante este processo, o propósito principal é reter as características frutadas do bago de

uva, realçando a produção de ésteres e evitando a produção de maus odores, tais como,

sulfureto de hidrogénio (H2S), etil mercaptano (EtSH) e dietil mercaptano (DMS) [1,2,3,4].

Estes compostos sulfurosos são moléculas altamente voláteis, com pontos de ebulição

abaixo dos 50 ºC [4,5].

Como a diminuição dos odores não desejados do enxofre é um dos interesses principais

na indústria do vinho, está a ser feito um grande esforço no sentido de compreender e

controlar a formação destes compostos, de forma a desenvolver métodos analíticos que

permitam a sua detecção e quantificação [4].

A remoção do H2S e EtSH só é possível através da adição de sulfato de cobre (CuSO4)

[3,6,7,8]. O laboratório deve ser capaz de definir os níveis de cobre a adicionar, pois

quando em excesso pode reflectir-se num problema de instabilidade posterior, como a

casse cúprica [3,8,9,10,11].

No âmbito da Organização Internacional da vinha e do vinho (OIV), é permitida a

utilização de 1 g de cobre por hl de vinho para eliminação destas espécies químicas, com

odores indesejáveis, o que contribui para o enriquecimento do vinho neste metal

[10,11,12].

O ideal seria o desenvolvimento de um método analítico, de fácil utilização e

configuração, que permitisse detectar e quantificar o H2S e EtSH presentes no vinho, para

se saber a quantidade exacta de cobre a adicionar, possibilitando assim uma adição mínima

deste composto, para que não se verifique a formação de fenómenos como a casse cúprica,

casse férrica, ou evitar que teores desnecessários de cobre sejam ingeridos pelo

consumidor.

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Formação e eliminação do H2S e EtSH

3

2. FORMAÇÃO E ELIMINAÇÃO DO H2S E EtSH

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Formação e eliminação do H2S e EtSH

4

2.1. Formação de H2S e EtSH

O H2S influencia as características organolépticas do vinho. Tem um odor

característico a ovos podres [4,6,8,13,14] e pode ser detectado através do cheiro, a baixas

concentrações. Em vinhos “limpos” a concentração de H2S ronda os 0,3 µg/L, em vinhos

com odores característicos de redução este ronda os 16,3 µg/L [8].

O H2S pode ser formado em tempos diferentes durante a produção do vinho. A

formação do sulfureto volátil pode ocorrer durante a fase activa da fermentação ou durante

o amadurecimento, devido às leveduras contidas nas borras [6,8,14]. A principal fonte de

H2S é resultado do metabolismo de leveduras [4,8,14], e observam-se níveis mais elevados

em mostos pobres em aminas livres, devido à actividade proteolítica de leveduras que

procuram uma fonte de azoto [3,4,6,8,14,15].

Os mercaptanos, tal como o EtSH, são mais persistentes no vinho e podem dar

origem a substâncias muito difíceis de eliminar, nomeadamente o DMS. O EtSH tem um

limite de percepção muito baixo, por essa razão, não está presente em vinhos “limpos”, e

em vinhos com odores característicos de redução este ronda os 10,8 µg/L [8]. A formação

do EtSH continua por explicar. Há autores que defendem (Neuberg and Grauer 1952;

Rankine 1963; Wilson and Katz 1972) (fig. 1) que a sua formação é devida à reacção entre

o H2S e o etanal (C2H4O), produzindo 2,4,6-trimetil-s-tritiano e EtSH. Outros (Maujean et

al., 1993) defendem que a formação do EtSH é devida à reacção directa entre o H2S e o

etanol (CH3CH2OH).

Figura 1 – Formação do EtSH devida à reacção entre o H2S e o etanal.

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Formação e eliminação do H2S e EtSH

5

2.2. Eliminação de H2S e EtSH

Uma vez que a principal fonte de H2S é resultado do metabolismo de leveduras,

que procuram uma fonte de azoto, aquando da fermentação deve ser adicionado fosfato de

diamónio (DAP), proporcionando assim uma fonte de azoto e fósforo, e minimizando a

formação de H2S [3,6,8,14]. A adição de DAP apenas provoca efeito durante a

fermentação. Caso o H2S persista, deve efectuar-se o tratamento com dióxido de enxofre

(SO2) ou um arejamento vigoroso. [3,6,8,14].

Um arejamento vigoroso promove a volatilização do H2S e a sua consequente

eliminação do vinho. Através da adição de SO2 é possível transformar novamente o H2S

em sulfato [6].

É importante estabelecer qual das formas está presente no vinho, H2S ou EtSH, pois

através do arejamento vigoroso é possível eliminar o H2S, no entanto, promove-se a

transformação do EtSH na sua forma mais estável e, por sua vez, mais difícil de eliminar, o

DMS [3].

É possível prever qual das formas está presente através da adição de sulfato de

cádmio (CdSO4), utilizado na apreciação olfactiva de vinhos, pois este remove o H2S, mas

não remove o EtSH. Assim sendo, depois da sua adição, se o mau cheiro persistir, significa

que a forma que está presente é o EtSH, e não se deve proceder ao arejamento [3]. De

realçar que o CdSO4 é tóxico por ingestão [3,16], portanto, este composto é utilizado

apenas para aferir qual das espécies está presente, e não pode ser utilizado para efectuar

qualquer tipo de tratamento ao vinho [3].

A remoção do H2S e EtSH só é possível através da adição de sulfato de cobre

[3,6,7,8]. Existe literatura que refere o nitrato de prata (AgNO3) [6] e sais de mercúrio [8]

para remoção do EtSH, mas a legislação não o permite.

Os mostos podem apresentar teores deste metal (Cu2+

) na ordem dos 10 a 20 mg/L,

precipitando em grande parte no decorrer da fermentação, sob a forma de sulfuretos

extremamente insolúveis, juntamente com leveduras, originando vinhos com teores

relativamente pequenos, na ordem de 0,1 a 0,2 mg/L. Essa eliminação é favorecida pela

presença de enxofre (S) e nitidamente acelerada quando o pH é elevado, sendo, no entanto,

essencial a existência de proteínas [10,11]. Quando em teores normalmente superiores a 1

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Formação e eliminação do H2S e EtSH

6

mg/L, na presença de proteínas e em meio redutor, pode originar uma turvação, casse

cúprica, ou formação de um precipitado [8,11]. Estes fenómenos são acelerados pela

presença de luz e temperatura elevada [11].

O cobre pode actuar também como catalisador da oxidação do Fe2+

a Fe3+

,

originando a ocorrência de casse férrica [9,11].

Os mecanismos que estão na origem da formação da casse cúprica são [9]:

1ª Hipótese

Floculação do sulfureto de cobre (SCu), pelo efeito de electrólitos e proteínas, com

formação de turvação e depósito.

2ª Hipótese

A redução do Cu2+

vai até ao estado de Cu metálico, precipitando uma fracção na

forma de cobre coloidal e outra parte reduz o SO2 a H2S, formando-se, por último, o SCu.

Ocorre de seguida uma floculação e sedimentação por meio de proteínas.

No âmbito da OIV, é permitida a utilização de 1 g de cobre por hL de vinho para

eliminação de espécies químicas, tais como, H2S e EtSH, com odores indesejáveis, o que

contribui para o enriquecimento do vinho neste metal [10,11,12].

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Formação e eliminação do H2S e EtSH

7

Existem tratamentos para reduzir o teor de cobre nos vinhos, mas alguns destes não

são permitidos pela legislação da OIV, e outros são pouco interessantes e muito morosos

[9].

O laboratório deve, portanto, ser capaz de definir os níveis de cobre a adicionar,

pois quando em excesso pode reflectir-se num problema e instabilidade posterior

[3,8,9,10,11].

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Métodos para detecção do H2S e EtSH

8

3. MÉTODOS PARA DETECÇÃO DO H2S E EtSH

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Métodos para detecção do H2S e EtSH

9

3.1. Introdução

A determinação analítica do H2S e EtSH é extremamente difícil, e diferentes

problemas têm que ser superados. O primeiro problema que se levanta é o da sua difícil

detecção [1,2,4], pois o espectro de massa destes compostos apresenta uma falta de iões

com elevada razão m/z. Além disso, as suas propriedades cromatográficas são também elas

pobres, devido às características adsortivas da função tiol, causando picos intensos com

determinadas fases estacionárias [2].

Um segundo problema é a sua instabilidade. O EtSH pode reagir com o Oxigénio

(O2) [1,2,4,17] ou outros oxidantes, formando complexos ou precipitados com variados

iões metálicos [2,17].

Não é de surpreender que não tenham sido descritos muitos métodos analíticos para

a análise quantitativa destes elementos.

3.2. Metodologias disponíveis

Devido à sua volatilidade, a técnica analítica mais utilizada para a determinação de

compostos sulfurosos nos vinhos é a cromatografia gasosa (GC) acoplado a detectores

específicos para o enxofre [4,18,19]. Contudo, e devido às baixas concentrações em que

estes se encontram nos vinhos, diferentes técnicas de pré-concentração ou isolamento são

requeridas antes da análise cromatográfica [4].

Têm sido propostas várias estratégias para a preparação da amostra antes da análise

cromatográfica, tais como, extracção líquido-líquido com solventes orgânicos [1,4], espaço

de cabeça (HS) [20,21] e mais recentemente micro-extração em fase sólida (SPME)

[18,22,23,24].

Como consequência, os métodos tornam-se morosos, caros e complicados [2].

Além disso, tem sido demonstrado, recentemente, que existem perdas significativas de

mercaptanos em algumas etapas do procedimento analítico [2,4]. O desempenho analítico

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Métodos para detecção do H2S e EtSH

10

destes métodos pode ser melhorado através da utilização da análise de isótopos [25]. No

entanto, os métodos são difíceis e a sua configuração é complicada.

Surgem novos métodos como a derivatização e posterior análise em GC,

cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa com ionização química negativa

(GC-NCI-MS) [2], mas tal como os anteriores, tornam-se dispendiosos e de difícil

aplicação, devido ao tipo de aparelhagem que utilizam.

3.3. Baseados em microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

Segundo a bibliografia consultada, foram alguns os autores que desenvolveram

métodos para a detecção e quantificação de H2S, baseados em microbalanças de cristais de

quartzo, tanto em amostras líquidas como em amostras gasosas.

Através dessa bibliografia [26-36] foi possível constatar a possibilidade de serem

utilizados vários tipos de revestimento nos cristais piezoeléctricos. Entre os revestimentos

possíveis temos, entre outros, o mercúrio, a acetona, solução de iodeto de

cádmio/ureia/glicerol, TMAF, TEA, trióxido de tungsténio, kynar, Tenax, Mn_pht e

mercapto hexanol. De acordo com os vários revestimentos foram encontrados diferentes

limites de detecção para o H2S.

Uma vez que o H2S nos vinhos é detectado a níveis muito baixos, os revestimentos

que podem ser considerados mais adequados, tendo em conta o modo de aplicação e os

limites de detecção são os revestimentos de TMAF [26] e TEA [27].

Relativamente ao EtSH, e mediante consulta bibliográfica, verificou-se que os

alcanotiois formam ligações com o ouro [37]. Desta forma, o cristal não precisa de ser

revestido para que a detecção e quantificação do EtSH seja possível.

S. Ampuero et al., 2003 [35] efectuaram uma revisão bibliográfica sobre narizes

electrónicos, e concluíram que o EtSH não é detectado pelo nariz electrónico às mesmas

concentrações possíveis de ser detectado pelo nariz humano (0,76 ppb).

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

11

4. MICROBALANÇAS DE CRISTAIS DE QUARTZO (QCM)

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

12

4.1. Introdução

Segundo o relato de Cady [38], Coulomb (1780) foi o primeiro a supor a possível

produção de electricidade pela aplicação de pressão sobre um determinado material,

adequado para o efeito. Apesar de muitos outros cientistas terem tido contacto com o

fenómeno da piezoelectricidade, os créditos de terem sido os primeiros a observar e a

investigar tal propriedade ficou para os irmãos Pierre e Jacques Curie, em 1880 [39].

Pierre e Curie demonstraram que alguns cristais, quando comprimidos em direcções

particulares, têm a capacidade de desenvolver, entre as superfícies deformadas, uma

diferença de potencial, proporcional à pressão aplicada [39,40,41,42].

Mais tarde, Cady (1920) demonstra que é possível aplicar um campo eléctrico

alterno sobre o material piezoeléctrico, gerando um movimento oscilatório [42].

Em 1959, imaginando uma sensível microbalança, Sauerbrey demonstrou que a

deposição de massa na superfície do cristal provoca uma variação na sua frequência de

vibração, e essa massa depositada é directamente proporcional à variação da frequência de

vibração do cristal [43].

4.2. Cristais piezoeléctricos

A piezoeléctricidade ocorre em cristais que não possuem centros de simetria,

existem 21 classes destes cristais [44]. O efeito piezoeléctrico surge quando a compressão

sobre um material dieléctrico deforma o entrelaçamento cristalino, causando a separação

dos centros de gravidade de espécies opostamente carregadas [39].

O quartzo α é o cristal mais utilizado como detector piezoeléctrico, devido às suas

características de insolubilidade em água e resistência a altas temperaturas, até 579 ºC sem

perder as suas propriedades piezoeléctricas [39,45].

A frequência de ressonância do quartzo depende das dimensões físicas da lâmina

cristalina e da espessura dos eléctrodos metálicos depositados à superfície desta [39]. O

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

13

cristal é descrito por um sistema de coordenadas, tal como se observa pela fig. 2-a, no qual

o eixo principal de crescimento é denominado “eixo z”, o ângulo de corte em relação aos

eixos cristalográficos faz variar o coeficiente de temperatura. Esta descoberta conduziu a

uma vasta gama de cortes, tal como se observa na fig. 2-b [39].

Para a finalidade de sensor piezoeléctrico, apenas as lâminas com cortes AT e BT

são úteis [46].

O ângulo AT é superior em coeficiente de temperatura (cerca de 1 ppm/ºC no

intervalo de 10 a 50 ºC) e em sensibilidade de massa [39]. Por esta razão, os cristais

utilizados para a realização deste trabalho são cristais com corte AT.

Os cristais de quartzo utilizados com maior frequência em trabalhos analíticos são

os de 9 MHz, disponíveis comercialmente como osciladores em circuitos electrónicos. As

dimensões da lâmina variam entre 10 a 16 mm, e apresentam formato de disco com

aproximadamente 0,15 mm de espessura, tal como se observa na fig. 3.

Os eléctrodos são depositados sobre a fina lâmina de quartzo e têm diâmetros de 3

a 8 mm, estes podem ser de ouro, prata, alumínio ou níquel [39]. Os eléctrodos são usados

para induzir um campo eléctrico oscilante perpendicular à superfície. Uma vez que se

utilizam cristais AT, a direcção de oscilação predominante é a de cisalhamento [47,48].

Figura 2 – (a) Estrutura cristalina do quartzo e (b) Orientação dos cortes. Extraída de [39].

(a) (b)

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

14

Sauerbrey desenvolveu uma relação entre a massa do filme depositado num cristal

de quartzo AT, vibrando no modo de cisalhamento. Desta forma, as superfícies do cristal

são antinodais em deslocamento. Sauerbrey assumiu que a placa está dividida num número

infinito de planos paralelos ao longo do plano x-z, e só os planos próximos da superfície

afectariam a frequência através da sua massa e não do seu carácter elástico.

Assim, a variação na frequência, resultante da deposição de um filme fino e

uniforme de qualquer substância, seria igual à variação resultante de uma camada de

quartzo da mesma massa.

A equação de Sauerbrey tem algumas limitações, pressupõe que a massa adicionada

ou perdida à superfície do oscilador não experimenta qualquer deformação de

cisalhamento durante a oscilação [47]. Esta é uma boa aproximação apenas para camadas

finas e rígidas.

Devido a várias simplificações feitas na dedução da equação de Sauerbrey, esta

torna-se apenas semi-quantitativa. Factores como a fixação mecânica ou temperatura

também afectam a exactidão absoluta. Por este motivo, é necessário o uso de curvas de

calibração aquando do trabalho quantitativo [49].

Figura 3 – Cristal piezoelécrtico de

quartzo. Extraída de [48].

Figura 4 – Movimento no modo cisalhamento, com

as setas a indicar o deslocamento das partículas

superficiais ao cristal. Extraída de [42].

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

15

4.3. Critérios para a escolha do revestimento

Caso a espécie a detectar não interaja directamente com os eléctrodos do cristal, é

necessário aplicar sobre estes eléctrodos um revestimento que torne possível esta

interacção [50].

A escolha do revestimento é um dos passos críticos para o desenvolvimento de

sensores. Desta escolha, depende a estabilidade, reversibilidade, tempo de resposta,

sensibilidade, reprodutibilidade e selectividade do mesmo [51].

Questões relacionadas com a facilidade de aplicação do revestimento, como por

exemplo, a sua solubilidade num solvente que se evapore facilmente, também terão que ser

tidas em conta [51].

As interacções entre o gás e o revestimento devem ser fracas, de forma a permitir a

reversibilidade do sensor. A interacção mais fraca, onde não há formação nem quebra de

ligações, denomina-se adsorção [50,51].

Se existir reacção química, havendo por isso formação ou quebra de ligações, as

energias envolvidas serão muito grandes e a reversibilidade bastante afectada [51].

4.4. Aplicação do revestimento

A sensibilidade do detector não depende apenas da quantidade de revestimento

aplicada, mas também da sua distribuição na área activa do cristal [52]. O método utilizado

para o revestimento deste deve, portanto, ser o mais reprodutível possível.

A constante de sensibilidade Cf representa a variação diferencial da frequência para

uma variação de massa numa zona do cristal, em função da distância ao centro do mesmo

[52,53]. Cf é maior no centro do cristal e decresce de modo Gaussiano à medida que nos

afastamos dele, tornando-se desprezável para lá da orla dos eléctrodos [52,53,54].

Torna-se portanto evidente que o revestimento aplicado seja espalhado pelo cristal

da forma mais homogénea possível, para que, desta forma, a sensibilidade seja maior.

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

16

Existem vários métodos para efectuar este revestimento, sendo os mais usuais a

deposição de uma gota de líquido através do uso de uma micro-seringa, submersão do

cristal na solução e aplicação através de um nebulizador [55].

No presente trabalho, a técnica utilizada foi a aplicação através de um nebulizador.

O nebulizador garante maior uniformidade na distribuição do revestimento do que a micro-

seringa, o que aliado à menor dimensão das gotas conduz, de acordo com o modelo de

sensibilidade radial dos cristais, a uma menor diferença, tanto na frequência de diferentes

revestimentos, como na sua posterior sensibilidade ao analito [51,56], tal como se pode

observar pela fig. 5.

4.5. Vantagens e desvantagens das microbalanças

A simplicidade do equipamento, o seu baixo preço, bem como a facilidade de

aquisição dos cristais, contribuem para tornar o método acessível. Além disso, experiências

cuidadosamente controladas e planeadas mostram que a QCM é um método que além de

sensível, pode atingir uma exactidão e uma precisão excelentes.

Figura 5 – Distribuição gaussiana da sensibilidade e distribuição

hipotética do revestimento dos cristais, para o método de nebulizador

(A) e da seringa (B). Extraída de [56].

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Microbalanças de cristais de quartzo (QCM)

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A principal vantagem das microbalanças é a sua notável sensibilidade, sendo

também ela responsável pela possível variabilidade observada nos resultados. Esta

variabilidade começa pelos cristais, não só no que se refere às variações de espessura e

tamanho dos cristais e eléctrodos, mas também às imperfeições da sua superfície [57], e

irreprodutibilidade na deposição do revestimento [56].

A posição do cristal relativamente à direcção do fluxo de gás traduz-se em

diferenças na sua sensibilidade [51]. Se há autores que acham preferível a posição paralela,

para que o gás não incida directamente na superfície do cristal, de forma a minimizar

efeitos de variação de caudal, a maior parte recomenda o fluxo perpendicular, para uma

maior sensibilidade.

A temperatura deve ser tida em conta. Cristais com cortes AT dão algumas

garantias quanto à sua estabilidade, mas o fenómeno de adsorção dos gases no

revestimento é altamente influenciado pela temperatura [51].

Assim sendo, alterações na calibração dos cristais ao longo do tempo, decorrentes

quer das variações já referidas, quer da alteração físico-química do revestimento, são

normalmente esperadas. Contudo, a estabilidade da calibração, durante um período de

tempo suficiente para a realização de uma determinada aplicação, pode ser mantida através

da escolha adequada do revestimento e das condições de operação.

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Instrumentação e procedimento experimental

18

5. INSTRUMENTAÇÃO E PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

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Instrumentação e procedimento experimental

19

5.1. Introdução

O arranjo experimental variou consoante as necessidades, e será descrito

detalhadamente em cada um dos capítulos. Há, contudo, instrumentação e considerações

que são gerais e se mantiveram ao longo de todo o trabalho e serão apenas essas que irão

ser descritas a seguir.

5.2. Reagentes

Todos os reagentes usados eram p.a. e foram utilizados sem purificação prévia. O

gás de arraste utilizado é proveniente do ArLíquido, N2 N50. O H2S, CO2 e SO2 são

gerados e secos através de uma coluna de sílica-gel como se demonstra no capítulo (5.5).

Com a finalidade de eliminar alguns interferentes foram usados: Sílica-gel

(Labsolve 50036); Cloreto de cálcio (Labsolve 50075); peneiros moleculares 3A (Riedel-

de Haën D-3016), 4A (Merk 734), 5A (Davidson 754185) e 13X (Fluka 69854); Cal de

soda (BDH 33114); Amianto sódico (Sigma-Aldrich 223921) e Sulfato de cádmio (Riedel-

deHaën 31148).

5.3. Metodologia e descrição da aparelhagem

Uma vez que o objectivo é a detecção de gases dissolvidos no vinho, deve

proceder-se ao seu arejamento, seguido de detecção. Os padrões gasosos são injectados no

fluxo do gás de arraste que atravessa o vinho. O esquema do arranjo experimental utilizado

para a injecção em fluxo pode ser visto através da fig. 6.

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Instrumentação e procedimento experimental

20

A corrente de azoto proveniente da ArLíquido foi controlada por um rotâmetro

(Cole-Parmer) e seguiu para a porta de injecção (OMNIFIT 3301), onde foram injectados

os padrões gasosos através de seringas SGE estanques, com válvula. A seguir à porta de

injecção existia uma serpentina, que serviu para atrasar a chegada do gás injectado ao

cristal, separando-o do efeito de pressão variável provocado pela injecção de diferentes

volumes do gás [51]. A quantidade de analito era proporcional à descida de frequência

observada.

Os cristais utilizados foram de 9 MHz com eléctrodos de ouro (ICM 031210) de

diâmetro 0,511 cm.

Durante o trabalho foram testados dois tipos de células para os cristais

piezoeléctricos, que se podem observar na fig. 7.

Figura 6 – Esquema do arranjo experimental geral para a injecção em fluxo.

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Instrumentação e procedimento experimental

21

O sistema experimental inicial com uma célula de vidro para acomodar o sensor

funciona com um caudal de aproximadamente 31 cm3/min, com tubos de polietileno de 0,5

cm de diâmetro. Os caudais neste sistema são baixos, o que pode causar uma diluição da

amostra injectada, devido a fenómenos de difusão. As amostras sofrem um alargamento

dentro dos tubos do sistema desde a porta de injecção até ao sensor e, consequentemente,

originam respostas mais baixas e recuperações lentas [36].

Utilizando as células de PVC, conseguiu aumentar-se a sensibilidade do sistema

analítico, uma vez que no presente trabalho se pretende fazer a detecção de gases presentes

nos vinhos em quantidades muito baixas.

O circuito eléctrico foi alimentado por uma fonte de 5 V, que estava ligada a um

oscilador. Este por sua vez, estava ligado a um frequencímetro digital (Leader modelo LF-

826/7).

Na impossibilidade de trabalhar num ambiente de temperatura controlada,

pressupôs-se que grande parte das variações ambientais seriam atenuadas pelo caudal de

azoto, presente durante todas as experiências.

Figura 7 - Células para os cristais de quartzo: (a) célula de vidro com volume de 15 mL e (b)

célula de PVC com o volume de 0,35 mL. Extraída de [27].

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Instrumentação e procedimento experimental

22

5.4. Método de aplicação do revestimento

Para revestimento escolheu-se a trietanolamina (TEA). Esta escolha baseou-se no

facto de já ter sido utilizada num outro trabalho de quantificação de H2S em amostras

gasosas, e com bons resultados [27], além disso, esta amina não reage com o CO2 do ar e

não é volátil à temperatura ambiente. Mesmo à temperatura de 27 ºC e sob um caudal de

500 cm3/min, a perda de amina não é significativa [51].

A solução para o revestimento foi preparada através da dissolução de TEA (Merck

8377) em Etanol absoluto (Merck 100983), aproximadamente 1:10.

No revestimento usou-se o arranjo experimental que se pode observar na fig. 8,

constituído por um aerógrafo comercial (Badger modelo 200), com um reservatório para a

solução, tendo como gás propulsor o azoto (ArLíquido N45) e um prato rotativo com um

motor de 10 rpm.

O aerógrafo utilizado possui um orifício com abertura variável. O prato rotativo

está dividido em quatro secções, cada uma delas com um par de orifícios capazes de

segurar, na vertical, um cristal piezoeléctrico. O prato encontra-se na frente do aerógrafo e

o cristal é atingido pelo nebulizador à medida que o prato roda. A face do cristal que não

Figura 8 – Arranjo experimental para efectuar o revestimento através de um aerógrafo. Extraída

de [56].

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Instrumentação e procedimento experimental

23

está voltada para o nebulizador está protegida pelas divisões que separam cada um dos

quatro compartimentos do prato.

A quantidade de solução que atinge o cristal, bem como a dimensão das gotas

dependem de vários parâmetros, tais como, a abertura do orifício do aerógrafo, a

concentração da solução de TEA e o número de vezes que o cristal passa na frente do

aerógrafo.

5.5. Aparelhagem para gerar gases

O H2S, SO2 e CO2 são gerados em laboratório. Os gases gerados são secos através

da passagem por uma coluna de sílica-gel, tal como se mostra na fig. 9.

O ácido contido na ampola cai, gota a gota, sobre o sal contido no copo, sob

agitação. O gás ao ser gerado é forçado a passar pela coluna de sílica-gel e aloja-se na pêra

com septo onde a posteriori é retirado através de uma seringa SGE estanque com válvula.

Figura 9 - Montagem utilizada para gerar os gases.

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Instrumentação e procedimento experimental

24

O H2S é gerado através da adição de ácido sulfúrico (Fluka 84720) a sulfureto de

sódio (Panreac 131717.1210).

O SO2 é gerado através da adição de ácido clorídrico (Riedel-de-häen 30721) a

sulfito de sódio (Merck 6652).

O CO2 é gerado através da adição de ácido clorídrico (Riedel-de-häen 30721) a

carbonato de cálcio (Fluka 21060).

5.6. Preparação dos padrões gasosos de H2S

Num saco de Teflon de 0,5 L foram injectados diferentes volumes de H2S gerado,

consoante as necessidades. Ao saco era depois adicionado azoto até perfazer

aproximadamente 0,5 L. O esquema do arranjo experimental pode ser visto na fig. 10.

O caudal de azoto era controlado por um rotâmetro (Cole-Parmer), e este foi

ajustado a 49 unidades, debitando 100 mL/min (medido através da montagem do ponto

Figura 10 – Esquema do arranjo para diluição dos padrões gasosos.

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Instrumentação e procedimento experimental

25

5.7). O tubo de saída do rotâmetro continha uma agulha adaptada na ponta, que era

injectada no septo do saco de diluição, e contabilizaram-se 5 minutos, o tempo necessário

para perfazer os 0,5 L do saco.

O saco de diluição, depois de pronto, era padronizado através de uma titulação

iodométrica.

Retiraram-se alíquotas de 30,0 mL, que eram injectadas num frasco de 50 mL com

septo, contendo aproximadamente 25 mL de hidróxido de sódio (NaOH) (Panreac

131687.1211) 0,02 M para a captura do H2S. O conteúdo deste frasco era depois

transferido para um erlenmeyer, com rolha esmerilada, que continha 10 mL de uma

solução de iodo (M&B 6609) (0,05 M).

O erlenemeyer era posteriormente titulado iodometricamente [58], e a solução de

tiossulfato de sódio (Fluka 72049) (0,188 M), previamente padronizada, era adicionada por

meio de uma microbureta.

5.7. Aparelhagem para medição de caudal

Houve a necessidade de aferir o verdadeiro caudal de azoto debitado pelos

rotâmetros usados nas diversas montagens experimentais. Para tal, utilizou-se um

fluxímetro de bolha de sabão que a seguir se apresenta, fig. 11.

Figura 11 – Fluxímetro de bolha de sabão para medir o caudal.

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Instrumentação e procedimento experimental

26

A bureta é ligada ao tubo de saída da montagem, e o fluxo de gás percorre-a no

sentido ascendente. No fundo da bureta, está acoplada uma tetina cheia de água e sabão.

Carregando na tetina, esta larga uma pequena bolha de sabão, que vai sendo arrastada pelo

fluxo de gás. Com a ajuda de um cronómetro, mediram-se as unidades que a bolha de

sabão percorre na bureta ao longo do tempo.

5.8. Preparação das amostras sintéticas

O vinho sintético é preparado a partir de uma mistura de água destilada, etanol 12%

(Merck 100983), ácido tartárico 2,0 g/dm3 (Sigma Aldrich 483796) e sulfato de sódio 0,02

M (Sigma Aldrich 2318209). O pH é ajustado a 3-4, recorrendo a uma solução de NaOH 1

M [4,18,22,51].

As amostras sintéticas de H2S e EtSH (Fluka 04290) em vinho são preparadas em

frascos de 12 mL com septo, adicionando 10 mL de vinho sintético e 2 mL de NaOH 0,25

M, de forma a obter um vinho com carácter básico (pH≈9.0) para possibilitar a captura do

H2S. De seguida, são injectados volumes conhecidos de padrões gasosos de H2S e volumes

conhecidos de EtSH no estado líquido por meio de seringas (SGE estanques para o H2S e

seringas para líquidos Hamilton para o EtSH).

O EtSH tem um cheiro muito activo e pode ser detectado pelo nariz humano na

ordem dos 0,76 ppb (OSHA). É necessário tomar certas medidas para manusear este

líquido volátil, que facilmente passa ao estado gasoso. Para que não se esteja

consecutivamente a abrir o frasco que contém o composto, optou-se por transferir uma

determinada quantidade para um outro frasco, no qual se colocou um septo. Sempre que

era necessário efectuar uma injecção retirava-se a quantidade desejada com a ajuda de uma

seringa para líquidos (Hamilton), perfurando assim o septo. Desta forma minimizaram-se

os odores desagradáveis do EtSH no laboratório.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

27

6. ANÁLISE DE H2S E EtSH EM VINHO SINTÉTICO

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

28

6.1. Sensor para H2S

6.1.1. Escolha do revestimento

A escolha do revestimento do cristal é um dos passos mais importantes no

desenvolvimento do sensor. De entre os revestimentos disponíveis destacam-se o TEA e o

TMAF. Estes revestimentos proporcionam o mais baixo limite de detecção (3 µg de H2S) e

alta sensibilidade para o analito [27].

O revestimento seleccionado foi o TEA, porque o sinal do TMAF é muito mais

complexo e altamente dependente da temperatura [27].

6.1.2. Descrição do equipamento e do método

O cristal piezoeléctrico foi revestido em ambas as faces com TEA. A quantidade de

revestimento produziu um decréscimo de frequência do cristal de aproximadamente 12

kHz. Na fig. 12, pode ver-se em esquema o sistema proposto para a análise de H2S por

cristais piezoeléctricos.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

29

A célula destinada ao vinho possuía uma entrada para o azoto, que se situava por

baixo da placa de vidro sinterizado. No topo da célula, um vedante de silicone permitia a

injecção do vinho. O percurso entre a porta de injecção (OMNIFIT 3301) e a célula de

vinho foi aumentado através de uma serpentina. Esta serviu para atrasar a chegada do gás

injectado ao cristal, separando-o do efeito de pressão variável provocado pela injecção de

diferentes volumes do gás.

O caudal do gás era dividido em duas correntes que entravam na célula que

albergava o cristal e que eram dirigidas para o centro dos eléctrodos (ver célula (b) descrita

no cap. 5.3)

Figura 12 – Esquema do sistema usado na determinação de H2S no vinho sintético (1: rotâmetro; 2:

porta de injecção; 3: serpentina; 4: célula para vinho; 5: caixa com membrana de nafion e agentes

secantes 3A; 6: membrana de nafion com contracorrente de azoto; 7: rotâmetro; 8: oscilador; 9:

fonte de alimentação; 10: célula do cristal; 11: frequencímetro; 12: PC para aquisição de dados).

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

30

6.1.3. Procedimento experimental

Um volume de 2 mL de vinho sintético foi introduzido, por meio de uma seringa,

na célula destinada à amostra. Um caudal de 12 cm3/min atravessava a placa de vidro

sinterizado e era seco através da passagem em membranas de nafion (Perma Pure Inc. MD-

050-24P), primeiro numa membrana contida numa caixa com peneiros moleculares 3A, e

depois numa segunda membrana que funciona a contracorrente de azoto. Registou-se a

frequência do cristal piezoeléctrico, tomando-se este valor como linha de base. Injectaram-

se, de seguida, quantidades conhecidas de H2S puro na corrente de azoto que atravessava a

célula com 2 mlL de vinho sintético. Ao atingir o cristal piezoeléctrico, a interacção do

H2S com o revestimento, provocou um abaixamento da sua frequência. A diferença entre o

valor máximo (linha de base) e mínimo da frequência corresponde à resposta.

6.1.4. Forma do sinal analítico

Na fig. 13 pode observar-se uma curva de resposta depois da injecção de um padrão

gasoso, na presença de 2 mL de vinho sintético na célula. O H2S injectado atravessa o

vinho e escapa-se facilmente da solução, dando origem ao decréscimo de frequência

observado.

É patente o aparecimento de uma pequena perturbação no início da curva de

resposta, provocada pela aproximação do operador e pela injecção do padrão. A frequência

retoma ao valor anterior depois de o operador se afastar.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

31

O H2S interagiu de forma reversível com o TEA, dando origem a uma resposta, a

descida da frequência, de aproximadamente 4 minutos. Já a recuperação do cristal

demonstrou ser mais demorada. São necessários cerca de 50 minutos para a recuperação

total.

6.1.5. Zona de calibração linear

Construiu-se uma curva de calibração, através da injecção de diferentes volumes de

H2S provenientes do saco de diluição (5.6). Este saco foi padronizado e o número de moles

calculado. Na tab. 1 mostram-se os volumes injectados, o número de moles correspondente

a cada um desses volumes e as respectivas respostas.

Injecção de H2S

Figura 13 – Forma do sinal analítico após a injecção de um padrão gasoso de H2S

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

32

H2S (µl) 15 20 25 30 35 40 45 50 60

µmol 0,0994

0,1326 0,1658 0,1989 0,2321 0,2652 0,2983 0,3314 0,3977

∆f (Hz) 24 39 52 73 89 103 112 119 126

A fig. 14 mostra a curva de calibração obtida para o H2S, com base na tabela 1.

Para valores superiores a 0,2652 µmol, observa-se uma ligeira curvatura, estes valores já se

encontram fora da zona de calibração linear.

Desta curva de calibração foi extraída a zona de calibração linear que é apresentada

na fig. 15. Pode ainda ver-se a equação da recta, bem como o coeficiente de determinação

(R2).

Tabela 1 – Volumes de H2S injectados, número de moles correspondente e respectivas respostas.

Figura 14 – Curva de calibração linear construída com base nos valores da tab. 1.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

33

A zona de calibração linear está compreendida entre 0,0994 e 0,2652 µmol. A

sensibilidade do sensor é de 486 Hz/µmol, o limite de detecção é 0,1182 µmol e apresenta

um limite de quantificação de 0,1308 µmol.

6.1.6. Conclusões

Demonstrou-se assim ser possível a quantificação de H2S no vinho sintético através

do uso de um cristal de quartzo revestido com TEA. Os padrões de H2S atravessam o

vinho, atingindo o cristal, dando origem a uma resposta que é proporcional à quantidade de

H2S depositado sobre os eléctrodos.

Figura 15 – Zona de calibração linear, extraída da curva da fig. 14.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

34

6.2. Sensor para EtSH

6.2.1. Escolha do revestimento

Para a detecção e quantificação do EtSH não foi utilizado nenhum revestimento.

Operou-se com um cristal de 9 MHz com eléctrodos de ouro não revestido, pois através da

consulta em bibliografia existente sabe-se que os alcanotiois formam ligações com o ouro

[37]. Procedeu-se apenas à lavagem do cristal seguida de uma secagem em corrente de

azoto.

6.2.2. Descrição do equipamento e do método

Na fig. 16 pode ver-se em esquema o sistema proposto para a análise de EtSH por

cristais piezoeléctricos.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

35

A célula destinada ao vinho possuía uma entrada para o azoto, que se situava por

baixo da placa de vidro sinterizado. No topo da célula, um vedante de silicone permitia a

injecção do vinho. Existia ainda no cimo do tubo de vidro, que conduzia o azoto à célula,

uma outra abertura roscada com um vedante de silicone (2), esta era utilizada para realizar

a injecção dos padrões líquidos do EtSH. Como este é altamente volátil, depois de

injectado passava rapidamente ao estado gasoso e era arrastado pelo fluxo de gás de arraste

(N2 ArLíquido N50).

A célula que albergou o cristal dividia o caudal do gás e dirigia as duas correntes

para o centro dos eléctrodos. Esta é igual à célula (a), descrita no capítulo 4.3.

Figura 16 – Esquema do sistema usado na determinação do EtSH no vinho sintético (1: rotâmetro;

2 e 3: célula para vinho; 4: célula com agentes secantes; 5: célula do cristal; 6: fonte de

alimentação; 7: oscilador; 8: frequencímetro).

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

36

6.2.3. Procedimento experimental

Um volume de 4 mL de vinho sintético foi introduzido, por meio de uma seringa,

na célula destinada à amostra. Um caudal de 31 cm3/min atravessava a placa de vidro

sinterizado e arrastava o EtSH. O gás foi então seco numa coluna que continha peneiros

moleculares 3A. Registou-se a frequência do cristal piezoeléctrico, tomando-se este valor

como linha de base. Injectaram-se, de seguida, quantidades conhecidas de EtSH puro na

corrente de azoto (2) que atravessava a célula com 4 mL de vinho sintético. Ao atingir o

cristal piezoeléctrico, a interacção do EtSH com os eléctrodos de ouro provocou um

abaixamento da sua frequência. A diferença entre o valor máximo (linha de base) e o

mínimo da frequência corresponde à resposta.

6.2.4. Forma do sinal analítico

Na fig. 17 pode observar-se uma curva de resposta depois da injecção de um padrão

líquido, na presença de 4 mL de vinho sintético na célula. O EtSH injectado atravessa o

vinho e escapa-se facilmente da solução, dando origem ao decréscimo de frequência

observado.

Injecção de EtSH

Figura 17 – Forma do sinal analítico após injecção de um padrão líquido de EtSH.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

37

Tal como na curva de resposta do H2S, observa-se uma pequena perturbação no seu

início, devido à aproximação do operador e pela injecção do padrão. A frequência retoma

ao valor anterior depois do operador se afastar.

O EtSH interagiu de forma reversível com os eléctrodos de ouro, dando origem a

uma resposta rápida de aproximadamente 25 segundos. O tempo necessário para medir a

resposta e para se dar a recuperação total do cristal é de aproximadamente 3 minutos.

6.2.5. Zona de calibração linear

Na tab. 2 mostram-se os valores dos volumes injectados, o número de moles

correspondente a cada um desses volumes e as respectivas respostas.

EtSH (µl) 4 5 6 7 8 9 10

µmol 54,08 67,60 81,12 94,64 108,2 121,7 135,2

∆f (Hz) 13 16 19 22 24 27 31

Com base na tabela 2, construiu-se a curva de calibração (fig. 18) que a seguir se

mostra.

Tabela 2 – Volumes de EtSH injectados, número de moles correspondente e respectivas respostas.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

38

A zona de calibração linear está compreendida entre 54,08 e 135,2 µmol. A

sensibilidade do sensor é de 0,22 Hz/µmol, o limite de detecção é 5,637 µmol e apresenta

um limite de quantificação de 11,27 µmol.

6.2.6. Conclusões

Demonstrou-se assim, ser possível a quantificação de EtSH no vinho sintético

através do uso de um cristal de quartzo com eléctrodos de ouro, sem revestimento. Os

padrões de EtSH atravessam o vinho, e atingem o cristal, dando origem a uma resposta que

é proporcional à quantidade de EtSH depositado sobre os eléctrodos. O limite de detecção

e a sensibilidade com que se detectou o EtSH não atingem os valores referidos para o H2S,

sendo um dos motivos o tamanho da célula usada, que provoca a degradação do sinal

analítico.

Figura 18 – Curva de calibração linear construída com base nos valores da tab. 2.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

39

6.3. Um único sensor para H2S e EtSH

6.3.1. Introdução

Depois de construídos os sensores para a detecção de H2S e EtSH foi necessário

verificar se o sensor para o H2S respondia ao EtSH e vice-versa.

Verificou-se, através da injecção de padrões de H2S, na aparelhagem para a

detecção de EtSH, que este não originava qualquer tipo de resposta, mas aquando da

injecção de padrões de EtSH na montagem do H2S foi possível observar resposta.

É possível que a resposta que se observou para o EtSH se fique a dever, não à

interacção do EtSH com o revestimento (TEA) do cristal piezoeléctrico para a detecção do

H2S, mas à interacção do EtSH com pequenas áreas dos eléctrodos de ouro que não estão

cobertas pelo revestimento.

Uma vez que o cristal revestido com TEA respondia a ambos os compostos pensou-

se, então, usar um único cristal piezoeléctrico para a detecção de H2S e EtSH. O grande

problema que surgiu foi a necessidade de separação dos dois sinais analíticos (H2S e EtSH)

para que, a sua detecção e quantificação individual fosse possível.

6.3.2. Forma do sinal analítico

A forma dos sinais analíticos obtidos para ambos os compostos é idêntica às

anteriores, tal como se pode observar na fig. 19 (curva de resposta do H2S) e na fig. 20

(curva de resposta do EtSH).

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

40

Uma vez que a resposta para o EtSH no ouro era mais rápida do que a observada

para o H2S no cristal revestido com TEA, pensou-se que talvez essa diferença fosse

suficiente para separar os sinais. Começou por se preparar uma amostra de vinho sintético,

num frasco com septo de 12 mL. As quantidades de H2S e EtSH dissolvidos correspondem

ao centróide das rectas de calibração, 30 µL de H2S e 7 µL de EtSH.

Foram retirados 2 mL de vinho dessa amostra, por meio de uma seringa, e

injectados na célula destinada ao vinho, presente na montagem descrita no capítulo 6.1.2.

Na fig. 21 mostra-se a forma dos sinais analíticos.

Figura 19 - Forma do sinal analítico devido à injecção de um padrão de H2S.

Figura 20 - Forma do sinal analítico devido à injecção de um padrão de EtSH.

Injecção de H2S

Injecção de EtSH

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

41

Infelizmente, apesar da resposta do EtSH ter sido mais rápida do que a resposta do

H2S, não houve uma separação completa das mesmas. Na fig. 21, após o aparecimento de

uma pequena perturbação no início da curva, devida à aproximação do operador para

realizar a injecção, observa-se a primeira resposta, possivelmente do EtSH, uma vez que

pelas curvas de resposta anteriores este demorava menos tempo a dissociar-se do vinho

sintético, atingindo o cristal mais rapidamente. A maior sensibilidade do sensor ao H2S é

também compatível com esta suposição. O cristal começa a recuperar após esta primeira

resposta, mas não chega a recuperar completamente, e observa-se a segunda resposta,

certamente do H2S, por tudo que já foi dito anteriormente.

Com este procedimento, pôde verificar-se que não houve uma separação dos sinais

analíticos.

Uma vez que na padronização do saco de diluição (capítulo 5.6) é utilizado NaOH

para a captura do H2S, pensou-se que através da alcalinização das amostras de vinho

sintético seria possível capturar o H2S, até que se medisse a resposta do EtSH e se pudesse

esperar pela recuperação total do cristal piezoeléctrico, antes da libertação do H2S

conseguida através da adição de um ácido à célula que continha o vinho.

Neste sentido, prepararam-se amostras básicas de vinho sintético, tal como se

descreve no capítulo 5.8, e procedeu-se à injecção de 2 mL destas amostras na célula

destinada ao vinho. Na fig. 22 pode observar-se a forma dos sinais analíticos.

Injecção da amostra

Figura 21 – Forma dos sinais analíticos de H2S e EtSH, medindo uma amostra de vinho

sintético.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

42

Foi possível a separação clara entre os dois sinais analíticos, tal como se pode ver

na fig. 22. Observa-se uma pequena perturbação no início da curva, devida à aproximação

do operador e à injecção dos 2 mL de vinho na célula. De seguida uma resposta, a

primeira, correspondente ao EtSH.

Após a recuperação completa do cristal adicionaram-se cerca de 10 gotas de uma

solução ácida de H2SO4 1 M, dando origem à segunda perturbação, desta vez mais

acentuada que a primeira, pois foi necessário abrir o vedante de silicone para se adicionar o

ácido, provocando uma quebra de pressão. A frequência retoma o seu valor anterior depois

do vedante ser colocado novamente e de o operador se afastar.

Ao fim de aproximadamente 500 segundos (8,5 minutos) depois de se adicionar o

ácido, teve início a segunda resposta, correspondente ao H2S.

6.3.3. Zona de calibração linear

Construíram-se duas curvas de calibração com o mesmo sensor revestido com

TEA, uma para o EtSH e outra para o H2S. Na tab. 3, observam-se os dados relativos à

injecção de padrões de H2S, e na tab. 4 os relativos à injecção de padrões de EtSH.

H2S

EtSH

Adição de ácido

Figura 22 – Forma dos sinais analíticos após alcalinização e acidificação da amostra.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

43

H2S (µl) 15 20 25 30 35 40 45

µmol 0,1081 0,1441 0,1801 0,2161 0,2521 0,2881 0,3242

∆f (Hz) 12 27 42 64 78 90 109

EtSH (µl) 3 4 5 6 7 8 9

µmol 40,56 54,08 67,60 81,12 94,64 108,2 121,7

∆f (Hz) 6 9 11 14 16 19 21

Com base nas tabelas 3 e 4, construíram-se as curvas de calibração que a seguir se

apresentam, fig. 23 e 24.

Tabela 3 – Volumes de H2S injectados, número de moles correspondente e respectivas respostas.

Tabela 4 – Volumes de EtSH injectados, número de moles correspondente e respectivas respostas.

Figura 23 – Curva de calibração obtida através da injecção de padrões gasosos de H2S.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

44

A zona de calibração linear está compreendida entre 0,1081 e 0,3242 µmol. A

sensibilidade do sensor é de 449 Hz/µmol, o limite de detecção é 0,1798 µmol e apresenta

um limite de quantificação de 0,1958 µmol.

A fig. 24 mostra a curva de calibração obtida para os padrões de EtSH, com base

nos valores da tab. 4.

A zona de calibração linear está compreendida entre 40,56 e 121,7 µmol. A

sensibilidade do sensor é de 0,18 Hz/µmol, apresenta um limite de detecção de 18,63 µmol

e um limite de quantificação de 23,39 µmol.

6.3.4. Amostras de vinho sintético e avaliação do método

Os testes de recuperação são o método mais utilizado para a validação de processos

analíticos. A recuperação reflecte a quantidade de determinado analito recuperado no

processo, em relação à quantidade real presente na amostra [59,60,61,62].

Figura 24 – Curva de calibração obtida através da injecção de padrões líquidos de EtSH.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

45

Os testes de recuperação consistem na fortificação da amostra, através da adição de

uma quantidade conhecida de analito, e posterior quantificação, usando o método analítico

em estudo.

Depois de feitas as curvas de calibração para o H2S e EtSH foram analisadas cinco

amostras de vinho sintético, fortificadas para a realização de estudos de recuperação. A

quantidade de H2S e EtSH adicionados às cinco amostras de vinho sintético corresponde ao

centróide de cada uma das rectas de calibração, 30 µL de H2S e 6 µL de EtSH. Na tab. 5

mostram-se as respostas obtidas para cada uma das amostras.

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5

∆fEtSH(Hz) 13 15 14 13 14

∆fH2S(Hz) 60 58 63 61 59

Depois de feitas as leituras das cinco amostras procedeu-se ao cálculo das

respectivas percentagens de recuperação para cada um dos analitos em estudo. Na tab. 6

estão representados esses valores.

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3 Amostra 4 Amostra 5 Média

% Rec (EtSH) 95,3 109 102 95,3 102 101

% Rec (H2S) 99,7 97,6 103 101 98,7 100

Tabela 5 – Leitura das amostras de vinho sintético.

Tabela 6 – Percentagens de recuperação obtidas para o EtSH e H2S

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

46

Realizou-se, então, um teste de significância, utilizando o t de Student de acordo

com a seguinte fórmula [62]:

Onde Rec é a média das recuperações obtidas para n repetições, 100 é a recuperação

percentual desejada, n o número de determinações (mínimo 5) e SRec o desvio padrão das

recuperações.

Depois de efectuados os respectivos cálculos, obtiveram-se os valores de t para

cada um dos analitos. O t calculado para o EtsH é de 0,2408 e de 0,1128 para o H2S. O t

tabelado para n amostras (5) e com um nível de confiança de 95% é de 2,57. Uma vez que

o t calculado é inferior ao t tabelado, podemos afirmar com 95% de confiança que as

médias não são significativamente diferentes e que o método proposto conduz a resultados

exactos, quando trabalhamos com vinho sintético.

6.3.5. Conclusões

Mostrou-se ser possível a detecção e quantificação de H2S e EtSH através do uso de

um único cristal piezoeléctrico revestido com TEA. A separação dos sinais analíticos foi

eficaz e permitiu a sua posterior quantificação.

Através do uso da célula de PVC (descrita no capítulo 5.3) de menor volume

conseguiram-se limites de detecção para o EtSH de 18,63 µmol, aproximadamente iguais

aos atingidos com as células de vidro, 5,637 µmol. Pode concluir-se que mesmo

diminuindo a área de contacto do EtSH com as amálgamas de ouro do cristal

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

47

piezoeléctrico, devido ao revestimento com TEA, é possível compensar o efeito com a

diminuição do volume da célula que aloja o cristal.

Com base nos testes de recuperação efectuados podemos afirmar que o método

analítico proposto conduz a resultados exactos. No entanto, os limites de detecção

atingidos através deste método não chegam aos limites de percepção dos analitos em 2 mL

de vinho. Em amostras reais com odores característicos de redução, 2 mL de vinho

apresentam teores de H2S na ordem dos 9,571E-4 µmol e teores de EtSH na ordem dos

3,476E-4 µmol. Os limites de detecção atingidos com este método são de 0,1798 µmol

para o H2S e 18,63 µmol para o EtSH. Torna-se portanto necessário acoplar um

mecanismo de pré-concentração dos compostos a esta montagem.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

48

6.4. Análise de amostras reais

6.4.1. Introdução

O vinho apresenta uma composição química extremamente complexa, estando já

identificadas largas centenas de compostos [63]. Assim sendo, torna-se necessário

conhecer quais destes compostos químicos podem interagir com o revestimento utilizado

na montagem experimental.

Recorrendo a estudos anteriores [36,51], sabe-se que o SO2 e o CO2, constituintes

químicos dos vinhos, interagem de forma reversível com o revestimento utilizado (TEA). É

portanto necessário remover estes compostos aquando da análise em amostras reais.

A água é uma variável que normalmente afecta a estabilidade do sensor [51]. Uma

vez que o objectivo do trabalho experimental é a detecção de gases dissolvidos no vinho, e

para promover a sua dissociação é necessário recorrer ao seu arejamento seguido de

detecção, é imperativo que o gás seja seco antes de analisado.

6.4.2. Eliminação de interferentes

6.4.2.1. Eliminação da água

O primeiro interferente a ser eliminado foi a água, para que o desenvolvimento do

sensor pudesse avançar em amostras de vinho sintético.

Para tal, começou por se testar a Sílica-Gel. Foram realizadas várias injecções de

padrões puros de H2S, mas não se observou qualquer resposta, tendo-se observado sim,

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

49

uma alteração na coloração da sílica, de azul para verde-escuro. Pressupôs-se que esta

alteração de cor era devida a uma reacção entre o H2S e o corante da sílica, afastando assim

a possibilidade de a utilizar como agente secante para o fluxo de gás da montagem.

De seguida testou-se uma coluna de cloreto de cálcio. Em bibliografia anterior [36]

foi descrito como um bom agente secante. Foram realizados vários testes, e concluiu-se

que não servia o propósito a que se destinava, uma vez que se observou uma saturação

rápida da coluna e a passagem de vapor de água para a célula que continha o cristal,

permitindo a perda de H2S por dissolução. Apesar de ter sido descrito como um bom

agente secante [36], as condições a que aqui estava sujeito eram diferentes e a sua

saturação era mais rápida.

Por fim, testaram-se membranas de nafion. A primeira membrana está contida

numa caixa com MS-3A, e a segunda funciona a contra-corrente de azoto. Foi possível

obter bons resultados com o uso destas membranas, optando-se pela incorporação das duas

na montagem, com o objectivo de remover a água.

6.4.2.2. Eliminação de CO2 e SO2

Foram feitas várias tentativas para eliminar estes compostos, de forma a ser

possível a adaptação do método a amostras de vinho real.

Os peneiros moleculares utilizados foram activados numa mufla, a 320 ºC durante 6

horas.

Começaram por se testar peneiros moleculares. O primeiro foi o Union Carbide

Type 13X pois sabia-se de antemão que este retinha o CO2. Ao fim de várias injecções de

padrões puros de H2S não se observou qualquer resposta. De seguida testaram-se os MS

3A, 4A e 5A. Após a injecção de padrões puros de H2S também não foi possível a

observação de respostas. Concluiu-se então, que todos estes peneiros retinham as

quantidades de H2S injectadas, não servindo o propósito a que se destinavam, a eliminação

do CO2 e/ou SO2 sem retenção do H2S.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

50

Seguiu-se o teste com peneiros moleculares obtidos por troca iónica do respectivo

catião e sintetizados no âmbito de um outro trabalho experimental [26]. Peneiros

moleculares 3A com troca iónica do K+ por Rb

+, e peneiros moleculares 4A através de

troca iónica do Na+ por Cs

+ ou Ba

+.

Os MS 3A Rb+ permitem a passagem do H2S e do CO2, mas retêm o SO2. Quanto

aos MS 4A, tanto os de Cs+ como os de Ba

+, retêm o H2S, não permitindo a observação de

resposta através da injecção de padrões puros deste gás.

Foi também testado um peneiro molecular, feito no departamento de química da

universidade de Aveiro, com o nome de AV-06. Depois de várias injecções de padrões

puros de H2S não foi possível observar resposta.

De seguida testou-se uma coluna de cal de soda, conhecida a sua capacidade para a

remoção do CO2 [64]. Ao fim de várias injecções de padrões puros de H2S não foi possível

observar respostas.

Testou-se também uma coluna de amianto sódico, utilizado frequentemente para a

remoção do CO2 e, mais uma vez, não foi possível observar resposta por parte do H2S após

a injecção de vários padrões puros deste gás.

Uma vez que não foi possível eliminar o CO2 e o SO2 sem se eliminar também o

H2S, pensou-se numa outra abordagem. Através de consulta em bibliografia [3], é

comummente utilizado o sulfato de cádmio para diferenciar entre o H2S e o EtSH na

apreciação olfactiva de vinhos. O sulfato de cádmio elimina o H2S mas não elimina o

EtSH. Foram efectuados vários testes, e este também não elimina nem o CO2 nem o SO2.

Pensou-se então, em medir o sinal na presença de sulfato de cádmio, e na sua

ausência. Através da diferença de sinais, calcular-se-ia o correspondente ao H2S.

Mais tarde verificou-se que não se pode utilizar esta abordagem, pois os níveis de

CO2 e SO2 presentes nos vinhos são completamente desfasados dos de H2S, o que daria

origem a respostas muito elevadas, e que certamente já se encontrariam fora da zona de

calibração linear.

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Análise de H2S e EtSH em vinho sintético

51

6.4.3. Conclusões

A água é eliminada de forma eficaz através da passagem do fluxo de gás em

membranas de nafion.

O SO2 pode ser removido através da passagem do gás por uma coluna de MS 3A

Rb+, contudo, permanece o problema do CO2, porque de todos os peneiros moleculares ou

compostos testados, não há nenhum que remova o CO2 sem que remova também o H2S.

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Proposta para novo método

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7. PROPOSTA PARA NOVO MÉTODO

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Proposta para novo método

53

7.1. Metodologia e descrição do método

Com a passagem de amostras em vinho sintético para amostras em vinho real

surgiram vários problemas, entre eles, os interferentes já descritos anteriormente, e as

quantidades residuais em que os compostos de interesse se encontram no vinho. Não é

possível a sua detecção através do método proposto sem que técnicas de pré-concentração

sejam primeiro acopladas à montagem.

O método a seguir proposto utiliza a montagem experimental descrita no capítulo

6.1.2, contudo, serão efectuadas algumas alterações que a seguir se mostram, de forma a

ser possível acoplar processos de pré-concentração para cada um dos compostos.

As alterações à montagem descrita no capítulo 6.1.2 são efectuadas entre as

membranas de nafion e a célula de PVC que aloja o cristal piezoeléctrico, através da

Figura 25 – Proposta de nova montagem, com colunas de pré-concentração para ambos os

compostos.

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Proposta para novo método

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inclusão de uma válvula de 3-vias para direcionar o caudal, como se observa na fig. 25.

Esta selecção de caudal é controlada pelo operador através de uma pequena torneira, que

muda o sentido do fluxo, o que permite detectar e quantificar primeiro o EtSH, e depois,

através da alteração do sentido do fluxo, detectar e quantificar o H2S.

O fluxo de gás continua a ser seco através da passagem em membranas de nafion, e

o SO2 é retirado através da passagem do gás por uma coluna de MS 3A Rb+. O processo

para separação dos sinais analíticos do EtSH e do H2S continua a ser o utilizado

anteriormente, através da alcalinização e acidificação da amostra. Primeiro, para a detecção

do EtSH mantém-se a amostra básica, retendo-se assim o H2S e o CO2, permitindo o

deslocamento do EtSH do vinho pela corrente de azoto e posterior pré-concentração,

seguida de detecção.

Após a quantificação do EtSH, o operador acidifica a amostra e altera o sentido do

fluxo de gás. Depois de seca nas membranas de nafion, a amostra gasosa que já não

contém EtSH atravessa uma coluna com peneiros moleculares 3A Rb+ para retirar o SO2.

De seguida, o fluxo de gás é encaminhado para uma coluna de pré-concentração para o

H2S e chega, posteriormente, ao sensor onde o H2S será quantificado.

7.2. Colunas de pré-concentração

7.2.1. Introdução

Habitualmente, nas colunas de pré-concentração, utilizam-se como adsorventes

peneiros moleculares, resinas ou polímeros, que adsorvem a amostra à temperatura

ambiente ou a temperaturas negativas, e os libertam, posteriormente, por aquecimento da

coluna num forno.

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Proposta para novo método

55

7.2.2. Unidade de pré-concentração para o EtSH

O adsorvente Tenax foi descrito como sendo um bom composto para captura de

compostos sulfurosos voláteis (VSC) [17,27,36], no entanto, necessita de temperaturas

muito baixas (azoto liquido) para funcionar, tornando a configuração da aparelhagem

complicada. Além disso, o Tenax dessorve o EtSH à temperatura ambiente, o que causa

perdas de composto no processo de transferência do Dewar para o sistema.

O peneiro molecular MS-5A é referido em literatura [17,27,36] como um bom

composto para captura de VSC à temperatura ambiente, e através de testes efectuados neste

trabalho foi possível comprovar que este captura o EtSH, não permitindo assim a

observação de resposta quando quantidades deste líquido são injectadas no fluxo de gás de

arraste da montagem descrita no capítulo 6.1.2. O problema de utilizar os peneiros MS-5A

é a sua maior selectividade, tanto para a água, como para o CO2 [27,36], e daí não ser

comummente utilizado em colunas de pré-concentração para VSC. Contudo, neste caso em

particular, nem a água nem o CO2 são problema, pois são eficazmente removidos e

aprisionados em solução básica como já foi visto anteriormente no capítulo 7.1.

Foi descrito, num trabalho experimental [36], que através da injecção de padrões de

VSC, utilizando o peneiro molecular MS-5A na coluna de pré-concentração, é possível a

observação de resposta após o aquecimento da coluna.

7.2.2.1. Configuração da coluna de pré-concentração

O método proposto para a pré-concentração do EtSH funcionará, portanto, com

peneiros moleculares MS-5A, e será descrito em seguida, fig. 26.

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Proposta para novo método

56

A unidade de pré-concentração proposta possui uma coluna com MS-5A, que se

encontra envolta numa resistência de aquecimento. Esta unidade não necessita de sistema

de arrefecimento uma vez que o MS-5A adsorve o EtSH à temperatura ambiente.

7.2.2.2. Procedimento experimental

A coluna de pré-concentração deve ser acondicionada a 250 ºC antes de qualquer

injecção e também entre as amostras ou padrões

De seguida faz-se chegar à coluna o fluxo de gás de arraste, e o EtSH é retido. A

sua dessorção é realizada termicamente a 250 ºC ligando a resistência eléctrica de

aquecimento, o que possibilita a chegada do composto ao sensor, permitindo assim a sua

quantificação.

Figura 26 – Coluna de pré-concentração para EtSH com indicação da direcção dos gases.

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Proposta para novo método

57

7.2.3. Unidade de pré-concentração para o H2S

7.2.3.1. Configuração da unidade de pré-concentração

A unidade de pré-concentração proposta tem ainda a finalidade de eliminar um

interferente do sistema analítico, o CO2. O adsorvente ideal terá de ser eficiente em

concentrar o H2S e, se possível, não adsorver o CO2, o único interferente que não se

conseguiu eliminar. Através de pesquisa bibliográfica encontrou-se um bom adsorvente

para o H2S, com baixa afinidade para o CO2 [36], o carvão activado. A fig. 27 demonstra

em detalhe a unidade de pré-concentração sugerida para a detecção do H2S.

A unidade de pré-concentração possui uma segunda linha de azoto utilizada para

regenerar a coluna e alimentar o circuito externo, de forma a manter um fluxo de azoto

constante a chegar ao cristal, para que não se observem perturbações na frequência devido

a alterações de caudal.

Figura 27 – Unidade de pré-concentração para H2S com indicação da direcção dos gases nos

vários passos da análise: a) pré-concentração, b) dessorção e análise. Adaptada de [36].

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Proposta para novo método

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A unidade de pré-concentração possui um conjunto de válvulas para redireccionar

os fluxos de azoto, quando se pretende proceder à dessorção e introdução das amostras no

sistema de análise. A coluna de pré-concentração encontra-se envolta numa resistência de

aquecimento, e em seu redor um sistema peltier de arrefecimento.

7.2.3.2. Procedimento experimental

A coluna de pré-concentração deve ser acondicionada a 250 ºC, antes de qualquer

injecção e também entre as amostras ou padrões.

Deve arrefecer-se a coluna de pré-concentração a 5-8 ºC com um jacto de ar

refrigerado pelo dispositivo de Peltier, para permitir a adsorção dos compostos na coluna.

A manutenção da temperatura de adsorção com o sistema de Peltier evita que a capacidade

de adsorção da coluna varie de amostra para amostra.

De seguida faz-se chegar à coluna o fluxo de gás de arraste, proveniente da célula

de arejamento (fig. 27 (a)), através das válvulas de 3-vias. O H2S é retido pela coluna e o

CO2 é arrastado pelo fluxo de gás e obrigado a abandonar o circuito, através da porta de

saída para onde é encaminhado o gás.

A dessorção do H2S do carvão activado é realizada termicamente a 250 ºC ligando

a resistência eléctrica de aquecimento. Antes de se ligar a resistência, as válvulas são

redireccionadas (fig. 27 (b)) para desviar o fluxo em direcção ao sensor.

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Conclusões gerais e perspectivas para o futuro

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8. CONCLUSÕES GERAIS E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO

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Conclusões gerais e perspectivas para o futuro

60

Neste trabalho foi desenvolvido um novo sistema experimental baseado em

sensores piezoeléctricos para análise de gases dissolvidos em vinho sintético,

nomeadamente o H2S e EtSH.

Da análise dos resultados obtidos experimentalmente conclui-se que:

Um único cristal, revestido com TEA, interage de forma reversível tanto com o H2S

como com o EtSH. Através da análise de amostras de vinho sintético, desenvolveu-se uma

metodologia que permitiu a separação eficiente dos sinais analíticos dos dois compostos

(H2S e EtSH), de forma a poderem ser detectados e quantificados utilizando um único

sensor.

Uma quantidade de revestimento aplicada que provocou um decréscimo da

frequência na ordem dos 12 kHz proporcionou uma zona de calibração linear

compreendida entre, 0,1081 e 0,3242 µmol para o H2S, e 40,56 e 121,7 µmol para o EtSH.

Os limites de detecção para estes compostos com este sensor são de 0,1798 µmol para o

H2S e 18,63 µmol para o EtSH, com sensibilidades de 449 Hz/µmol e 0,18 Hz/µmol

respectivamente.

Com base nos testes de recuperação efectuados, através da fortificação de amostras

de vinho sintético, podemos afirmar que o método analítico proposto conduz a resultados

exactos, com uma taxa de recuperação de 99,9% para o H2S e 101% para o EtSH.

Os limites de detecção do H2S e do EtSH em amostras reais de vinho são muito

baixos, e não foi possível atingi-los através do método proposto. Surge, portanto, a

necessidade de incorporar técnicas de pré-concentração.

No esforço efectuado para captura de interferentes, eliminou-se de forma eficaz

tanto a água como o SO2, mas de todos os compostos testados não foi possível encontrar

um que removesse o CO2 sem que removesse também o H2S.

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Conclusões gerais e perspectivas para o futuro

61

Por fim, foi proposta uma metodologia concreta em que, partindo dos resultados

obtidos no presente trabalho, se pensa que poderá permitir a análise de H2S e EtSH em

amostras reais de vinho, esperando que resolvam também a interferência do CO2.

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Bibliografia

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