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FST_2011.04.21 Suplemento Inovação

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Págs. 6 e 7

INOVAÇÃO ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DA VIDA ECONÓMICA Nº 1392, DE 21 ABRIL DE 2011 ,E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

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Pág. 8

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TERESA [email protected]

‘De que falamos, afinal, quandofalamos de inovação?’. Foi este odesafio lançado pela “Vida Econó-mica” a cinco gestores com provasdadas nas várias etapas de moder-nização por que passaram e passamas empresas que lideram ou ondeinfluem com a sua actividade.

 Aceitemos como válido o con-ceito inovação nalgumas das ver-tentes em que pode ser analisado:“inovação de produtos, na gestão

empresarial, na estratégia de cresci-mento empresarial, no marketinge nas relações contratuais entre oscolaboradores e a empresa”. Assimo descreveu Paulo Maló, quan-do instado a descrever tão amploconceito e quando desafiado aindaa partilhar a sua visão do que é, edo que deveria ser, a inovação em-presarial em Portugal, mormentenas PME do sector aonde opera:a saúde.

Certo é que, de todas estas ver-tentes, “a única que não dependesó das empresas é a última, a dasrelações contratuais”. Neste cam-po, diz Paulo Maló, “é necessáriauma adaptação para podermosenfrentar os novos desafios e fazer

frente a picos de volume de traba-lho e à falta de recursos humanosespecializados”. Esse é, do seu pon-to de vista, “o grande ‘challenge’ nainovação para as pequenas e mé-dias empresas” portuguesas.

Para tal, além do investimentopróprio que elas têm de fazer, devehaver apoios públicos, mesmotendo em conta “a falta de meios

financeiros” por que passam osorçamentos nacionais. “Esperoque seja possível investir no apoioàs empresas”, diz Paulo Maló à“Vida Económica”, pois “Portugaltem que ser conhecido como umfornecedor de produtos e serviçosde qualidade”. E, se assim for, “asempresas chamarão a atenção dosmercados para Portugal e darãocredibilidade por contágio”.

No sector agro-alimentar, porseu lado, que é, em Portugal e naEuropa, “dominado por PME sob

enorme pressão para sobreviveremnum contexto actualmente muitoadverso”, o director de inovaçãoda Frulact, empresa que opera nospreparados de fruta para a indústriaalimentar, não hesita em apontar:“o crescimento no sector passa ne-cessariamente pela inovação de pro-duto”, o que é, em si mesmo, um“desafio acrescido quando associadoa processos de internacionalização”.

E as PME, frisa Domingos de  Almeida, “têm de se apoiar nasua maior vantagem em relação àsgrandes empresas multinacionais”,ou seja, a “agilidade e a capacidadede implementar rapidamente boasideias em resposta a necessidadesdo mercado”.

O sector é também “muito in-terdependente com relações forne-cedor-cliente muito diversificadasao longo da cadeia de valor”, dizainda o director de inovação daFrulact. Daí que o “fortalecimentodestas relações” seja “uma grandeoportunidade para a inovação”.Dá, aliás, o próprio exemplo: “naFrulact, posicionamo-nos comouma fonte de inovação para os

GESTORES DE EMPRESAS INOVADORAS PARTILHAM COM A “VIDA ECONÓMICA” A SUA EXPERIÊNCIA

Políticas públicas são

a inovação nas empreTERESA [email protected]

Um médico dentista portu-guês, CEO da clínica dentária“Estúdio Oral” acabada de abrirportas na Boavista, no Porto,está envolvido, com o professore investigador americano MikeDragoo e com várias instituiçõescientíficas na Europa, num con-sórcio que vai pôr à venda emNovembro o primeiro implantedentário biológico. A inovaçãoconsiste em utilizar métodosconfortáveis e minimamente in-vasivos, rejeitando as cirurgias

demoradas e dolorosas.Em declarações exclusivas à“Vida Económica”, Pedro Ferrei-ra Borges realça a “complexidadedo processo” associado a estainvestigação e o sigilo em quetudo está ainda envolto. Apenasdiz, quanto às características doimplante, que a sua superfície éem “titânio puro, grau quatro ougrau cinco”.

“Estamos a trabalhar numproduto inovador que vai ter umcunho diferente, português, eque em Novembro estará comer-cializado de certeza absoluta”,revelou Pedro Ferreira Borges à“Vida Económica”, frisando tra-tar-se de um projecto desenvol-

vido por um consórcio de pes-soas, entre as quais ele próprio.

O líder do projecto é o pro-fessor americano Mike Dragoo,mas “houve muitas instituiçõesenvolvidas”, nomeadamenteuniversidades portuguesas comoa Faculdade de Engenharia doPorto e a Universidade de Coim-bra.

O produto “está a ser fabri-cado numa das maiores e maiscredíveis empresas alemãs daárea dos implantes”, explica Pe-dro Ferreira Borges, revelandoque “a ideia apareceu”, mas quelutaram “mais do que ninguémcontra a crise económica e as al-terações na economia mundial”.

“Um implante dentário pare-cido com este já tinha sido cria-do precisamente pelo professorMike Dragoo, pois ele começoua trabalhar nisto há mais de umadúzia de anos”, nota o médi-co dentista. Aliás, “o primeiroprotótipo que deu origem a esteimplante tem, neste momento,mais de 10 anos de função naboca das pessoas”. Assim que“nasceram as técnicas minima-mente invasivas”, usadas tam-bém por Pedro Ferreira Borgesde forma “inédita em Portugal”,na Estúdio Oral.

TERESA [email protected]

Entrelaçado na lógica do Fru-tech, o Centro de Inovação &Tecnologia Agro-alimentar que aFrulact está a construir na Maia-está prestes a surgir naquela em-presa um “processo inovador paradar forma a matrizes de fruta”.

O seu director de inovação falade “um momento de serendipida-de” ocorrido no final do ano pas-sado. “Incorporámos tecnologiade outro sector para conceber umproduto inovador, cuja proprie-dade intelectual está em processode protecção”, frisa Domingos de Almeida à VE.

  Assumindo estar “com muitaexpectativa” quanto à nova “pla-taforma tecnológica para desen-volvimento de novos produtosinovadores”, o também profes-sor universitário e investigadordiz que este “é um exemplo dasoportunidades de inovação”quando uma organização decideexplorar novos caminhos e apos-tar nos seus recursos humanos. Éque, a partir desta nova platafor-ma, surgirão novos e ainda mais

sofisticados preparados de frutaque a Frulact desenvolve há per-to de três décadas para clientesde renome que possui em váriasgeografias.

O director de inovação da em-presa, que detém seis fábricas en-tre Portugal (3), França (1), Mar-

rocos (1) e Argélia (1), explicou à“Vida Económica” que nos últi-mos três anos tem sido “movidopela visão de tornar a Frulact naempresa mais inovadora do seusector a nível internacional, reco-nhecida como tal pelos clientes epela sociedade”.

E como “acredita muito nosprocessos”, Domingos de Almei-da está seguro: também com aconstrução do Frutech, que com-portará uma unidade piloto com‘upgrade’ tecnológico, laboratóriode caracterização físico-químicade frutas e produtos alimentaresà base de frutas, um laboratóriode microbiologia alimentar, salade provas e análise sensorial euma biblioteca técnico-científica,a Frulact “está a dotar-se das con-dições para potenciar ainda maisa inovação como factor crítico dosucesso”.

DE QUE FALAM OS GESTORES QUANDO FALAM DE INO

quinta-feira, 21 Abril de 2011 ,129$d®22

Purificação Tavares, CEO do CGC

“Deveria haver apoios fiscais às empresasexportadoras, de forma a estimular as exportações ereduzir o défice da balança comercial. Espero que oquadro comunitário 2014-2020 continue a ajudarao crescimento sustentado do tecido empresarial,essencialmente ao nível de IDI e internacionalização.O QREN permitiu a muitas empresas pensar emIDI, reestruturar processos produtivos e, até,internacionalizar negócios. Denota, no entanto,

problemas de execução, dado o período de retracçãoeconómica e dos problemas no financiamento dasempresas. O CGC Genetics candidatou-se ao QREN etem sido útil”, sublinha Purificação Tavares.

Luís Portela Chairman da Bial

“Os apoios financeiros destinados a estimular aI&D são de extrema importância, pelo incentivoque provocam e por viabilizarem projectos derisco, normalmente mais elevados que os restantesinvestimentos. Continuar a incentivar a I&Dempresarial é crucial ao aparecimento de novosprodutos e serviços competitivos à escala global.Espero que o quadro 2014-2020 reflicta umaestratégia de longo prazo, em que os apoios para

I&D sejam vistos, não como despesa, mas comoferramenta de apoio para que as empresas possamentrar no círculo virtuoso da produtividade ecompetitividade”, defende Luís Portela.

Dentista portuguêsintegra consórcio paracriar implante dentário

biológico

Frulact cria processoinovador para dar formaa matrizes de fruta

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E EVOLUÇÃO

fundamentais para promover

sas, nas regiões e nos países

VAÇÃO?

,129$d®2 3quinta-feira, 21 Abril de 2011

clientes multinacionais, incorpo-rando um elevado nível de espe-cialização e de competências emengenharia do produto”.

Uma opinião partilhada pelo‘chairman’ da farmacêutica Bial,Luís Portela. Se, por um lado, en-tende que os índices de investimen-to em I&D em Portugal estão “emcrescimento”, defende, por outro,que as empresas devam “aumentaro valor acrescentado dos produtose serviços”, nomeadamente, e deforma “incontornável”, na indús-

tria farmacêutica.E como é que isso se consegue?,pode ainda perguntar-se. “Alocan-do uma parte dos orçamentos dasempresas para a aquisição e de-senvolvimento de competências,conhecimentos, infra-estruturas etecnologias necessários para conce-berem de forma inovadora produ-tos/serviços capazes de conquistare de ser reconhecidos pelos merca-dos”, aponta Luís Portela.

Este percurso para a inovação,diz o ‘chairman’ da Bial, “podepassar por diversos cenários”.Exemplo disso pode ser “a criaçãode núcleos de I&D internos, aoestabelecimento de protocolos decooperação com universidades, à

integração em consórcios com em-presas de maior dimensão”, entreoutros que as empresas entendamadequados.

  Acabada de chegar dos EstadosUnidos, onde recebeu o prémio“Emerging Innovative Business”em New Jersey, Purificação Tava-res, CEO do Centro de GenéticaClínica (CGC), sabe bem do quefala quando o tema é inovação. Um

conceito, diz à VE, que “deve serutilizado pelas PME com o objecti-vo de aumentar a diferenciação e asvantagens competitivas” e que “só éalcançado através da determinaçãoe resiliência dos quadros directivose da capacidade que tiverem de in-vestir de forma contínua e susten-tada”.

E estando a genética médica “emconstante inovação”, e em que “asempresas, para serem competitivasà escala global, têm que investir deuma forma constante em IDI”, Pu-

rificação Tavares partilha com a VEum exemplo da empresa que fun-dou e ajudou a progredir – a im-plementação da norma NP 4457.“Em boa hora sugerida pela CO-TEC”, a norma “envolve toda aempresa na investigação, desenvol-vimento e inovação”. E, sendo umanorma auditável, diz PurificaçãoTavares, é “uma ferramenta muitoútil”. Diria até “indispensável”.

Orgulhoso de um percurso dedécadas à frente da Bial, tambémLuís Portela partilha com a VE umdos momentos mais marcantes noque toca à inovação: “a criação docentro I&D, em 1993, na alturaapenas com três colaboradores,representou o primeiro passo para

que a inovação pudesse acontecerna Bial”.Tomada a decisão de apostar na

I&D de novos medicamentos emtermos estratégicos, Luís Portela éperemptório: com a criação destedepartamento “senti que estava acriar as bases para que, alguns anosmais tarde, fosse possível fazer che-gar ao mercado o primeiro medica-mento de origem portuguesa”.

Pedro Ferreira Borges, CEO Estúdio Oral

“Com o novo implante dentário o que fizemos foi olharpara todas as teorias que estavam escritas com a menteaberta e espírito crítico. Copiámos o que funciona eexcluímos o que não funciona. E assim chegamos aodesenho daquilo que pensamos que é o implante perfeitoe daquilo que, neste momento, é o melhor que podesubstituir um dente. A ideia apareceu, nós lutámosmais do que ninguém contra a crise económica e estasalterações na economia mundial. É um processo muito

complexo, que demora anos até que alguém confirmetecnicamente que o implante pode ser utilizado”.

Domingos de Almeida, Director de Inovação da Frulact

“As políticas públicas são fundamentais para promovera inovação, nas empresas, nas regiões e nos países. Étodo um tecido que é necessário cerzir. As estatísticasmostram que as empresas têm respondido bem aosestímulos: o número de empresas com capacidade deI&D e o investimento em I&D têm aumentado e temossubido no ‘European Innovation Scoreboard’. Seria muitoimportante termos programas europeus para financiarprojectos de inovação entre parceiros de diferentes

países, sem o peso dos projectos do programa-quadro.Qualquer coisa análoga aos projectos em co-promoção doQREN”, frisa Domingos de Almeida.

Paulo Maló, CEO Maló Clinics

“Na Maló Clinics existiram vários momentos cruciaise decisões estratégicas importantes. Foi um conjuntode boas decisões estratégicas que nos tornaram líderesmundiais na nossa área. A inovação tecnológica quedeu origem a várias patentes e novos protocolos médico-cirúrgicos, assim como a organização do modelo singularde gestão clínica da empresa foram as que mais pesotiveram no incremento da inovação. Hoje, o grande‘challenge’ na inovação para as PME é enfrentar os

novos desafios e fazer frente a picos de volume detrabalho e à falta de recursos humanos especializados”,nota Paulo Maló.

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FERNANDA SILVA [email protected]

“O resultado é positivo” e, paraalém de traduzir uma “maiorpreocupação com a inovação emPortugal”, beneficiou igualmentedo “efeito QREN (Quadro deReferência Estratégico Nacio-nal)”, que disponibilizou “umagrande percentagem” dos fundosestruturais “para coisas como ainovação”, e das condições cria-das em matéria de benefíciosfiscais para a Inovação & Desen-volvimento (I&D), começa porexplicar Eurico Neves.

Nesse sentido, e segundo odirector-geral da Inovamais, osmais recentes indicadores reve-lam a existência de uma “relaçãocausa-efeito directa” entre o vo-lume de apoios disponíveis pararecursos de inovação e investi-mento por parte das empresas,“uma vez que o co-financiamentoaumenta também”. A simplesatribuição de mais dinheiro paraI&D através de fundos estru-turais, incentivos a cujo acesso“chegam os gastos evidenciadosem I&D” estimularam as empre-sas nacionais a “investirem maisem I&D” e, “talvez mais impor-tante”, levaram as empresas a“evidenciar o investimento quese calhar já tinham em áreas liga-das com I&D, mas que não eramclassificadas como tal”.

“Não basta apenas gastarmais”, é também preciso“gastar bem”

Todavia, os bons resultados al-cançados pelo país tardam em re-sultar em benefícios económicos.O país continua a ser um dos quemenor proveito económico retiramdo investimento em inovação.“É como se, tal como acontececom outros aspectos da economiaportuguesa, também o processode inovação se caracterizasse por

uma menor produtividade e sedistinguisse mais pelos meios queemprega do que pelos resultadosque consegue”, critica DanielBessa, director-geral da COTECPortugal - Associação Empresa-rial para a Inovação.

Poder-se-ia contudo olhar paraesta menor produtividade donosso processo de inovação com“uma atitude tranquilizadora”,acreditando tratar-se, “no essen-cial, de uma questão de tempo”para que surjam resultados con-tudo Daniel Bessa acredita que“os nossos processos de inovaçãonão são muito qualificados, ne-cessitando de níveis mais eleva-dos de rigor e de exigência” e que

tal facto justifica tão fracos pro-veitos. “É também necessário umfoco maior na vertente comercialdestes processos, onde o valor se

realiza e se concretiza, pois, comodiz alguém que me habituei arespeitar, enquanto não houvercash-in, só haverá cash-out (leia-se prejuízo), por mais inovadorque o processo se apresente”, re-mata.

“Não basta apenas gastar mais”,é também preciso “gastar bem”

os recursos disponíveis, sublinhaEurico Neves, acrescentando que“estamos a gastar mais no terre-no, mas se calhar não estamos adar o dinheiro às pessoas certas”.“Portugal investiu no sector ciên-cia, onde temos algumas institui-ções científicas de qualidade, masestamos a trabalhar no cimo dapirâmide e cá em baixo continuadeficitária e não temos um teci-do empresarial que possa depoisconverter investigação científicanuma produção e inovação demais qualidade”, lamenta o CEOda Inovamais.

“Tudo depende da equipade gestão”

Negando igualmente a existên-cia de uma relação directa entre omontante investido em inovação

e os proveitos daí obtidos, DavidRobertson assegura que o retornosobre investimentos em inova-ção “é determinado pela quali-dade da gestão” de inovação noseio da empresa. O professor doPrograma Executivo em Gestãode Inovação admite todavia ser“fácil gastar dinheiro em inova-

ção” e garante que “tudo dependeda equipa de gestão”. “Empre-sas como a Apple, a Lego, ou aGoogle gastam percentualmentemuito menos que muitas outrasempresas do seu sector e obtendomuito mais”, exemplifica.

Nesse sentido, Eurico Nevesdefende que a inovação tem quepassar a ser considerada “comouma frente de mercado e nãocomo algo no inicio da cadeia”.Para o responsável da Inovamaisas empresas têm que encarar ainovação como encaram outrasáreas. “Assim como têm um sec-tor de vendas, tem que ter um de-partamento de inovação, têm queutilizar os apoios para a inovação,

têm que ser conhecedores de ino-vação, e têm que ser clientes deinovação”, afirma, garantindoque esta é uma área de negócios

Switch Conferencedebate criatividadee inovação

  Juntar pessoas com diferen-tes ‘backgrounds’ e promovera partilha de conhecimento e

ideias entre elas foi o principalobjectivo da Switch Conferenceque decorreu no passado fim-de-semana na UniversidadePortucalense, no Porto. Ciên-cia, tecnologia, empreendoris-mo e inovação foram os pontosfortes deste ciclo de conferên-cias que pretendeu juntar espe-cialistas de várias áreas e falar denegócios e projectos de sucesso.

Reunidos sobre o tema “Em-brance Change”, a conferênciadeste ano reuniu cerca de 300pessoas, o dobro dos partici-pantes da edição de 2010, econtou com a participação demais de 30 oradores, entre elesi Lee ex-director do Laborató-

rio Criativo da Google e futurocolaborador da Facebook, Da-vid Rowan, editor da edição in-glesa da revista Wired, MatthiasLuefkens, director do WorldEconomic Forum para os me-dia, Rui Lourenço, da MTVersee Jaime Villate, da Universidadedo Porto.

Marcado por conceitos co-nhecidos, mas nem sempre uti-lizados, a Switch Conference2011 pautou-se por um apelo àinovação e à criatividade trans-versal a todas as apresentações.  Apresentando-se em palco jánão como director criativo daGoogle, mas como futuro fun-cionário do Facebook, Ji Lee,

por exemplo, falou da sua ex-periência, mostrando diversosprojectos que desenvolveu aolongo dos anos, e incentivou aplateia a trabalhar apenas na-quilo que lhes dá realmenteprazer.

Realidade aumentadadá primeiros passos

  Jaime Villate, por sua vez,falou sobre empreendedorismosocial em Portugal e abordouo exemplo da Universidade Jú-nior da Universidade do Porto,comparativamente a outros ca-sos de empreendedorismo socialque encontrou um pouco portodo o planeta.

  Já no segundo dia da edição2011, David Rowan, da Wi-red UK, uma das apresentaçõesmais aguardadas, revelou deztecnologias que estão prestes amudar a nossa vida. Entre elas,a realidade aumentada, que vaidando os primeiros passos emPortugal. No seu discurso, oeditor britânico assumiu aindaque “a privacidade está mesmoacabada”.

 Ana Silva, a única mulher quediscursou na Switch Conferencedeste ano falou de “serendipity”(serendipidade). Uma palavraestranha, com diferentes inter-pretações, mas que, no sentidomais lato, significa encontrarsem procurar ou procurar algo eacabar por encontrar, sem que-rer, alguma coisa melhor.

FST

Benefícios económicos da reduzidos em PortugalOs mais recentesresultados do EuropeanInnovation Scoreboard(EIS) colocaramPortugal na 15.ª posiçãona lista de países maisinovadores da Europa.O nosso país foi “o quemais progrediu”, aolongo dos últimos cincoanos, na classificação

geral do EIS e liderahoje um grupo depaíses classificadoscomo “InovadoresModerados”. Porém,apesar de estes resultadosserem unanimementeconsiderados como“globalmente positivos”,o país continuaa ser um dos quemenos benefícioseconómicos retiramdeste investimento na

inovação. Através dos depoimentosde Daniel Bessa,Eurico Neves e DavidRobertson, a “VidaEconómica” analisaporque subsiste tãofraco aproveitamentoeconómico dosinvestimentos realizadose como podem asempresas nacionais tirarmelhor partido dos seusprocessos de inovação.

quinta-feira, 21 Abril de 2011 ,129$d®26

8/4/2019 FST_2011.04.21 Suplemento Inovação

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Daniel Bessa, director-geral da COTEC Portugal

“É como se, tal comoacontece com outrosaspectos da economia

portuguesa, também oprocesso de inovação secaracterizasse por umamenor produtividade e sedistinguisse mais pelosmeios que emprega doque pelos resultados queconsegue”. A verdade éque “os nossos processosde inovação não sãomuito qualificados, enecessitam de níveis maiselevados de rigor e deexigência”, sendo que talfacto justifica tão fracosproveitos. Por essa mesmarazão “é necessário umfoco maior na vertentecomercial destesprocessos, onde o valorse realiza, e se concretizapois enquanto não houver

cash-in, só haverá cash-out, por mais inovador que o processo seapresente”.

Eurico Neves, director-geral da Inovamais

“Não basta apenas gastarmais”, é também preciso“gastar bem” os recursosdisponíveis. Nesse sentido,a inovação tem que passara ser considerada “comouma frente de mercado enão como algo no inicio dacadeia”. As empresas têmque encarar a inovação

tal como encaram outrasáreas. “Assim como têmum sector de vendas, têmque ter um departamentode inovação, têm queutilizar os apoios para ainovação, têm que serconhecedores de inovação,e têm que ser clientes deinovação”. Esta é uma áreade negócios que “podemesmo ser sustentável,lucrativa, e é assim quedeve ser encarada pelasempresas nacionais”.

David Robertson, docente do Programa Executivo em Gestãode Inovação

“Grandes ou pequenas, asempresas portuguesas têmde interiorizar um conjuntode princípios”. Paracomeçar, “a inovação deproduto não é suficiente”.Para ter sucesso éfundamental inovar emmúltiplos campos, “emprodutos, serviços, canaispara o mercado, planosde preços, processos denegócios e experiência docliente”, tendo “múltiplasinovações distribuídasao longo do espectro doproduto”. É igualmenteimportante estar conscienteque “nenhuma empresaé capaz de fazer tudo

sozinha” e que o sucessodos diferentes tipos deinovação “exige parcerias e‘joint ventures’”.

que “pode mesmo ser sustentável,lucrativa, e é assim que deve ser en-carada pelas empresas nacionais”.

Lamentando que muitas em-presas continuem a acreditar quea inovação só é possível com gran-des investimentos, Robertson re-corda, por sua vez, que inúmerasgrandes inovações “são o resulta-

do de várias pequenas melhorias,bem integradas” e que “muitasempresas de sucesso começaramcom recursos limitados”.

É fundamental inovarem múltiplos campos

“Grandes ou pequenas, asempresas portuguesas têm noentanto de interiorizar um con- junto de princípios”, aconselha oespecialista em Gestão de Inova-ção. Para começar, “a inovação deproduto não é suficiente”. Parater sucesso é fundamental ino-var em múltiplos campos, “emprodutos, serviços, canais para omercado, planos de preços, pro-

cessos de negócios e experiênciado cliente”. “Não basta apostarnum único tipo de inovação, poistal não irá dar à empresa uma

verdadeira vantagem competiti-va. Os mercados são demasiadocompetitivos para isso e, por-tanto, é necessário ter múltiplasinovações distribuídas ao longodo espectro do produto para seobter uma vantagem competitivasustentável”.

 Adicionalmente, é importante

estar consciente que “nenhumaempresa é capaz de fazer tudosozinha” e que o sucesso dos di-ferentes tipos de inovação “exigeparcerias e ‘joint ventures’” e queas empresas “abram os seus pro-cessos de inovação”.

Por último, David Robertsonaconselha ainda as empresas na-cionais a aplicar uma “nova for-ma de gestão da inovação” poisconsidera “não ser possível am-pliar os esforços de inovação e decooperar com parceiros externoscom métodos antigos”.

“Há que ser mais exigente,mais rigoroso e maisselectivo”

Reconhecendo que o persis-tente défice de qualificação dosportugueses, os problemas de te-

souraria das empresas e as actuaisdificuldades de acesso ao créditosão “factores que, infelizmente,tornam o nosso processo de ino-vação mais difícil”, Daniel Bessagarante que tal não o torna, “nempor isso, menos necessário, oumenos urgente”.

“Como em outros aspectos da

nossa vida colectiva, não fize-mos o que era necessário quan-do as condições eram boas, evemo-nos agora forçados a fa-zê-lo, quando as condições sãomuito piores”. Por isso, “há queser mais exigente, mais rigorosoe mais selectivo. Trabalhar maise melhor, e aumentar a produ-tividade e a eficiência em todosos nossos processos”, pois, “senão formos capazes de o fazer,definharemos progressivamentecomo nação, talvez por muitosanos”, alerta o responsável daCOTEC.

Contactado para dar a conhe-cer a sua opinião acerca da inova-ção em Portugal, não foi possível

a João Bento, recém-empossadopresidente da EFACEC, respon-der em tempo útil à solicitação da‘Vida Económica’.

inovação são ainda INTERVENIENTES

,129$d®2 7quinta-feira, 21 Abril de 2011

8/4/2019 FST_2011.04.21 Suplemento Inovação

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“A inovação constituium dos suportes,talvez o principal, dacompetitividade daSilampos”, começa porafirmar Aníbal Campos.Segundo o presidenteda administração daSilampos, tal “não setrata, aliás, de algo novono já longo historial daempresa”, que comemora60 anos de existência nopróximo mês de Julho. A verdade é que a inovaçãosempre foi encarada nanossa empresa “comespecial atenção” e“responsavelmenteassumida, quer em termosde processo, quer emtermos daquilo que é maisperceptível no mercado:os produtos”.

Pioneira em Portugal no fabricode panelas de pressão, na louça deaço inoxidável, com e sem fundotérmico, e num sem-número de ou-tros produtos, todos eles revelado-res de um cuidado design estético efuncional, a Silampos assenta o seumodelo de concepção e desenvol-vimento de produtos na “existên-cia de uma equipa interdisciplinarqualificada”, que actua em simultâ-neo sobre cada um dos projectos ouconsultas de clientes, e que “incluio departamento comercial, marke-ting, design, engenharia, produção,aprovisionamentos e qualidade”,explica Aníbal Campos.

Sob coordenação directa da Ad-ministração e com a colaboraçãode consultores externos, a empresaprocura garantir o controlo do pro- jecto e a sua gestão, nomeadamente

ao nível da “identificação dos atri-butos técnicos, funcionais e cul-turais dos produtos a desenvolver,da concepção ou desenvolvimentodos meios tecnológicos (ferramen-tas e outros equipamentos), doplaneamento da qualidade e da in-dustrialização, da distribuição e dacomunicação dos seus produtos eserviços”.

Para tal, a Silampos utiliza aindaum sistema de informações integra-do e partilhado “on-line” por todasas áreas operacionais intervenientes,para recolher e tratar, de forma sis-temática, a informação relativa àstendências dos mercados e das evo-luções tecnológicas.

  Já em termos de ciclo produ-

tivo, o processo evolui, de formasistemática, através de processosespecíficos, previamente definidos,e que se estruturam segundo duas

fases principais: a primeira, de es-tudo, para avaliação da viabilidadetécnica e comercial do projecto, e asegunda, de industrialização, paraexecução de todos os meios de in-dustrialização e de comunicação.Em cada uma destas fases de desen-volvimento estão ainda previstospontos de verificação e validaçãodos resultados face aos objectivosdefinidos.

Por último, o sistema adopta-do pela Silampos utiliza ainda umconjunto de indicadores capazes deavaliar e caracterizar o desempenhodo processo de inovação e o seuimpacto no desempenho global daorganização.

Inovar é ter disponibilidade

para mudar

“Entendemos a inovação comouma atitude criativa que passa antes

de mais por uma clara disponibili-dade para a mudança”, afirma Aní-bal Campos, pois “sem esta pré-dis-ponibilidade e sem um olhar atentosobre o que nos rodeia”, sobre “oque se faz e como se faz, dificilmen-te surgirão novas ideias”.

Porém, admite este responsável,“não bastam ideias novas. Numaperspectiva de mercado, é preci-so que as empresas “respondamou antecipem necessidades oufuncionalidades”e, numa perspecti-va industrial, “que estas sejam, ob-viamente, realizáveis”.

Considerando que “inovar naindústria é, pois, muito menos umacto de criação individual e muitomais um processo”, Aníbal Camposassegura que o processo de partilha

subjacente à inovação “vai muitopara além dos muros da fábrica” eque “muito poderá beneficiar dacolaboração”, seja ela interempre-

sas, com centros tecnológicos, comas associações empresariais ou comas universidades.

Sobretudo, “no caso das peque-nas e médias empresas, a partilhade projectos e a atitude colaborativapodem ser, se geridos correctamen-te, elementos facilitadores da ino-vação em Portugal”, reforça AníbalCampos.

“Apenas através da inovaçãoserá possível concorrer nomundo global”

  Ainda que fortemente abaladaspelo período conturbado dos últi-mos anos, as PME (Pequenas e Mé-dias Empresas) nacionais continu-am a ser a base principal do tecido

industrial português, do emprego edas exportações. Porém, para quetal realidade subsista num horizon-te temporal razoável, “não há dúvi-

da de que investigação e inovaçãotêm de evoluir de mãos dadas nasPME portuguesas”, afirma AníbalCampos.

Reconhecendo os riscos ineren-tes a qualquer extrapolação, o pre-sidente da Silampos admite destaforma que, “se a realidade da Silam-pos espelha as PME portuguesas”,apenas através da inovação será pos-sível, para muitas empresas, “con-correr no mundo global”.

Da mesma forma, Aníbal Cam-pos garante que “algumas dasdesvantagens das PME”, nome-adamente a dimensão e a menordisponibilidade de recursos para a

investigação, “podem também sercolmatadas, ou razoavelmente ate-nuadas, se empresas e os empresá-rios enveredarem pelo caminho co-laborativo, que, felizmente, muitos já vêm trilhando”.

Questionado acerca da perti-nência dos incentivos ao dispordas PME nacionais, o responsávelmáximo da Silampos defende que“se há razão para apoios públicos, aárea da I&D (Investigação e Desen-volvimento) é certamente das mais justificadas”.

“Primeiro, porque só por si justi-ficaria esse apoio, pois simplesmen-te não há alternativa à indústrianacional para se afirmar competi-tivamente no mercado mundial”.

  A verdade, lamenta, é que, “semapoio público, dificilmente as em-presas terão recursos próprios paraafectar à investigação, sem a qual ainovação não é possível”.

E em segundo porque, sendo aI&D uma actividade com risco fi-nanceiro elevado, esta tem também“um efeito relevante de alavanca-gem social”. Assim sendo, nestaperspectiva, “a partilha do risco,e dos custos inerentes em caso deinsucesso, parece ser plenamente  justificada”, afirma Aníbal Cam-pos. “Em caso de êxito, a partilhaé óbvia, pois, se o promotor é o be-neficiário directo, muitos serão osbeneficiários indirectos da riquezadaí derivada, seja, pela via da cria-

ção de postos de trabalho, ou dopagamento de impostos”, remata.

  Já sobre as restrições financeirasactuais, estas “são muitos fortes, éverdade, mas não deixará de haverapoio público para muitas e varia-das áreas” e as “autoridades nacio-nais e comunitárias não ignoram aimportância do investimento emI&D para a competitividade dasempresas em particular, das empre-sas portuguesas”. Apesar das difi-culdades, “haverá certamente umatranche de recursos públicos paraapoiar as empresas nesta área”. “Omontante dependerá antes de maisdo modo como for vista esta afec-tação de recursos: entendida comodespesa, a restrição será maior, masa esperança é que seja vista comodeve, i.é. como investimento”, con-clui o presidente da administraçãoda Silampos.

Silampos aposta na inovação

como garante da competitividade

“A inovação na Silampos sempre foi encarada com especial atenção e responsavelmente assumida”, Aníbal Campos,presidente da empresa.

quinta-feira, 21 Abril de 2011 ,129$d®28

Numa perspectiva de mercado, é preciso que as empresas respondam ouantecipem necessidades ou funcionalidades e, numa perspectiva industrial,que estas sejam, obviamente, realizáveis.