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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p. 2012 1251 ESTUDO DA DINÂMICA FLORESTAL NO PARQUE ESTADUAL CACHOEIRA DA FUMAÇA POR MEIO DE SUBTRAÇÃO DE IMAGENS NDVI Larissa Honório de Macedo Thuler 1 , Vagner Mauri Quinto 2 , Paula Mauri Bernardes 3 , Rômulo André Beltrame 4 , Abel Souza da Fonseca 3 1. Bacharel em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Alegre – FAFIA – Brasil. 2. Mestrando em Ciências Florestais pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo – CCA-UFES ([email protected]) 3. Mestrandos em Produção Vegetal pelo CCA-UFES 4. Mestrando em Ciências Florestais pelo CCA-UFES Recebido em: 04/05/2012 – Aprovado em: 15/06/2012 – Publicado em: 30/06/2012 RESUMO A degradação ambiental vem ocorrendo em solos brasileiros desde o início da colonização, onde áreas foram desmatadas para a implantação de lavouras e criação de gado. Atualmente, por meio da legislação, as áreas que são consideradas importantes passaram a ser protegidas e impedidas de serem alteradas. O Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF) encontra-se atualmente entre essas áreas que possuem proteção, preservando a qualidade da sua água e a exuberância da sua fauna e flora. No entanto, é necessário o monitoramento frequente desta área para que esta não sofra com as ações antrópicas. O PECF possui aproximadamente 165 ha, composto em sua maioria por área de vegetação densa, o que dificulta o seu monitoramento, sendo assim, o Sistema de Informações Geográficas (SIG) passa a ser uma ferramenta fundamental para a prática do monitoramento por meio do desenvolvimento de mapas temáticos, gerados a partir de imagens de satélites, como as imagens do LANSAT que possui resolução temporal de mais de 20 anos. O Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) é o mais utilizado para a análise das mudanças na cobertura vegetal de uma área. Atualmente, o PECF apresenta-se bem conservado, tendo em vista que aproximadamente 84% da sua área encontra-se sem sofrer alterações. PALAVRAS-CHAVE: LANDSAT, ndvi, sensoriamento remoto, dinâmica florestal STUDY OF FOREST DYNAMICS IN THE STATE PARK SMOKE WATERFALL THROUGH OF IMAGE SUBTRACTION NDVI ABSTRACT Environmental degradation is occurring in Brazilian soils from the beginning of colonization, where areas were cleared for the establishment of crops and creation of livestock. Currently, through the legislation, the areas that are considered important passed the be protected and prevent from being altered. The State Park Smoke Waterfall (SPSW) is currently between these areas that have protection, preserving the quality of your water and exuberance of its fauna and flora. However, it's necessary frequent monitoring this area so that this does not suffer anthropogenic

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ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p. 2012 1251

ESTUDO DA DINÂMICA FLORESTAL NO PARQUE ESTADUAL CAC HOEIRA DA FUMAÇA POR MEIO DE SUBTRAÇÃO DE IMAGENS NDVI

Larissa Honório de Macedo Thuler1, Vagner Mauri Quinto2, Paula Mauri Bernardes3,

Rômulo André Beltrame4, Abel Souza da Fonseca 3

1. Bacharel em Ciências Biológicas pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de Alegre – FAFIA – Brasil. 2. Mestrando em Ciências Florestais pelo Centro de Ciências Agrárias da

Universidade Federal do Espírito Santo – CCA-UFES ([email protected])

3. Mestrandos em Produção Vegetal pelo CCA-UFES 4. Mestrando em Ciências Florestais pelo CCA-UFES

Recebido em: 04/05/2012 – Aprovado em: 15/06/2012 – Publicado em: 30/06/2012

RESUMO A degradação ambiental vem ocorrendo em solos brasileiros desde o início da colonização, onde áreas foram desmatadas para a implantação de lavouras e criação de gado. Atualmente, por meio da legislação, as áreas que são consideradas importantes passaram a ser protegidas e impedidas de serem alteradas. O Parque Estadual Cachoeira da Fumaça (PECF) encontra-se atualmente entre essas áreas que possuem proteção, preservando a qualidade da sua água e a exuberância da sua fauna e flora. No entanto, é necessário o monitoramento frequente desta área para que esta não sofra com as ações antrópicas. O PECF possui aproximadamente 165 ha, composto em sua maioria por área de vegetação densa, o que dificulta o seu monitoramento, sendo assim, o Sistema de Informações Geográficas (SIG) passa a ser uma ferramenta fundamental para a prática do monitoramento por meio do desenvolvimento de mapas temáticos, gerados a partir de imagens de satélites, como as imagens do LANSAT que possui resolução temporal de mais de 20 anos. O Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) é o mais utilizado para a análise das mudanças na cobertura vegetal de uma área. Atualmente, o PECF apresenta-se bem conservado, tendo em vista que aproximadamente 84% da sua área encontra-se sem sofrer alterações. PALAVRAS-CHAVE : LANDSAT, ndvi, sensoriamento remoto, dinâmica florestal

STUDY OF FOREST DYNAMICS IN THE STATE PARK SMOKE WA TERFALL THROUGH OF IMAGE SUBTRACTION NDVI

ABSTRACT

Environmental degradation is occurring in Brazilian soils from the beginning of colonization, where areas were cleared for the establishment of crops and creation of livestock. Currently, through the legislation, the areas that are considered important passed the be protected and prevent from being altered. The State Park Smoke Waterfall (SPSW) is currently between these areas that have protection, preserving the quality of your water and exuberance of its fauna and flora. However, it's necessary frequent monitoring this area so that this does not suffer anthropogenic

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actions. The PECF has approximately 165 ha, compound mostly by area of dense vegetation, which hinders their monitoring, thus, the Geographic Information System (GIS) has become an essential tool for the practice of monitoring through the development of thematic maps, generated from satellite images as the images of LANDSAT that has temporal resolution of Over 20 years. The Normalized Difference Vegetation Index (NDVI) is the most used for the analysis of changes in the vegetation cover of an area. Currently, PECF presents well preserved, considering that approximately 84% of its area found change without suffer. KEYWORDS: LANDSAT, ndvi, remote sensing, forest dynamics.

INTRODUÇÃO Desde a sua colonização o Brasil se tornou um país agrícola, que para a

expansão da sua produção necessitava a cada dia de mais áreas, no entanto, boa parte da área utilizada pela agricultura é resultante do desmatamento de biomas como a floresta amazônica, o cerrado e a mata atlântica.

Diante ao aumento do desmatamento, leis foram criadas com o intuito de reduzir e/ou inibir tal prática. Para isso foram criadas as áreas de reserva legal (RL), de proteção permanente (APP) e as unidades de conservação (UC).

A Cachoeira da Fumaça localizada entre os municípios de Alegre e Ibitirama no Estado do Espírito Santo, foi instituída como Reserva Florestal, ou seja, é uma UC criada em 1984 com uma área de 24,2 ha. No ano de 1990 foi criado o PECF (IEMA, 2009 citado por PRATER 2011-2013). No ano de 2009 a sua área foi ampliada para 162,5 ha (IEMA, 2011).

A disponibilização das imagens orbitais de satélites de forma gratuita vem possibilitando um maior uso do sensoriamento remoto para análise da dinâmica da cobertura florestal. Para PONZONI (2001) o sensoriamento remoto contribui para o mapeamento, monitoramento e controle da cobertura vegetal em extensas áreas.

O uso de mapas temáticos gerados de imagens orbitais por meio do sensoriamento remoto é uma forma indireta de se monitorar a dinâmica florestal. O sensoriamento remoto vem ganhando espaço para a realização destas análises, pois apresenta baixo custo, exige menos tempo e apresenta uma série temporal de informações (FONSECA, 2000). Ainda segundo este mesmo autor, as constantes transformações que ocorrem na paisagem pela ação do ser humano demonstram a importância do uso do sensoriamento remoto para este tipo de estudo.

Segundo MOREIRA (2005) existem mais de 50 técnicas de análise e monitoramento temporal da vegetação, sendo o NDVI o mais utilizado.

Para tais estudos, as imagens disponibilizadas pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) provenientes do satélite LANDSAT 5 TM tem sido uma das mais utilizadas, por apresentar uma série com mais de 20 anos de intervalo temporal.

OBJETIVO Diante ao exposto este trabalho teve como objetivo avaliar as mudanças

ocorridas na cobertura vegetal do PECF entre os anos de 1996 e 2010, por meio da subtração de imagens de NDVI geradas a partir do sensor LANDSAT 5 TM.

MATERIAIS E MÉTODOS Caracterização da Área de Estudo

A área de estudo compreende o PECF que se situa entre as coordenadas N= 7.716.460 m e E= 228.640 m (Datum WGS 84, Zona 24S, UTM), região conhecida

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como Caparaó Capixaba, que localiza-se mais especificamente nas divisas entre os municípios de Alegre e Ibitirama, no Sul do Estado do Espírito Santo (Figura 1).

A região é caracterizada por um relevo montanhoso, de clima quente e úmido segundo a classificação de Köppen e com precipitação média de 1.200 mm.

O PECF é uma UC que encontra-se sob domínio do IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e possui uma área atual de 162,5 ha.

FIGURA 1: Localização do PECF na divisa dos municípios de Alegre e Ibitirama, Sul

do Estado do Espírito Santo. Fonte: Os próprios autores.

O PECF compreende o Braço Norte Direito do Rio Itapemirim. Seu nome é devido à cortina de fumaça gerada pela queda da água em um desnível de 140 m de altitude, sendo caracterizado por apresentar predominância da florestal estacional semidecidual.

A sua flora é representada por jacarandá de espinho, mulembá, angico vermelho, angico branco, helicônias, bromélias, entre outras. Já a fauna por animais como a lontra, alma de gato, martim pescador grande, gibão de couro, macaco prego, gato do mato pequeno, acuã entre outros.

METODOLOGIA

Aquisição das imagens As imagens utilizadas foram adquiridas no catálogo de imagens do satélite

LANSAT 5 sensor TM (Mapeador Temático) disponibilizadas de forma gratuita pelo INPE no endereço eletrônico http://www.dgi.inpe.br/CDSR/. Estas possuem resolução espacial de 30 m, resolução radiométrica de 8 bits (256 tonalidades) e área imageada de 185 Km. As imagens são datadas de 08/05/1996 e 31/05/2010, ou seja, ambas são do período seco.

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Também foram adquiridas imagens do satélite CBERS-2B dos sensores CCD (Câmera Imageadora de Alta Resolução) e HRC (Câmera Pancromática de Alta Resolução). O sensor CCD disponibiliza imagens multiespectrais com resolução espacial de 20 m e área imageada de 113 Km. O sensor HRC disponibiliza imagens pancromáticas com resolução espacial de 2,7 m, resolução radiométrica de 8 bits e área imageada de 27 Km. As imagens eram datadas de 12/09/2008 e podem ser acessadas pelo mesmo endereço das imagens LANDSAT.

Processamento Digital das Imagens (PDI)

As imagens foram processadas no software ArcGis 10.0. As imagens CBERS-2B foram compostas em uma imagem de composição falsa-cor (R3, G4 e B2), pois realçam a vegetação. Após a sua composição, a imagem sintética resultante foi fusionada utilizando-se a técnica ESRI e posteriormente utilizada para a delimitação/vetorização do PECF em escala constante de 1:1.500.

Para a análise da dinâmica da cobertura vegetal do PECF foram utilizadas as imagens do satélite LANDSAT 5, devido a sua grande série temporal.

Segundo LIU (2006) as imagens de satélites são produtos brutos que devido a sua resolução espacial e a curvatura da Terra, sofrem deslocamento das suas coordenadas, e por isso devem ser corrigidas para que os seus pontos representem corretamente as coordenadas terrestres.

As correções geométricas foram realizadas por meio do georreferenciamento das imagens com base nas Ortofotos do IEMA de 2007.

Para as correções radiométricas foi empregado o Método de Uniformização das Variâncias (UMV), tendo as imagens do ano de 2010 como referências.

Os cálculos de ganho, offset e uniformização necessários para a normalização das imagens de 1996, foram realizados conforme as equações 1, 2 e 3.

2A

2RGanho

σσ= eq. (1)

A2A

2R

R *Offset µσσ−µ= eq. (2)

OffsetGanho*A'A += eq. (3) Em que:

2Rσ : Variância da imagem de referência; 2Aσ : Variância da imagem de ajuste;

Rµ : Média da imagem de referência;

Aµ : Média da imagem de ajuste; 'A : Imagem uniformizada;

A : imagem de ajuste.

Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI) O NDVI foi apresentado por ROUSE et al., (1974) sendo calculado por meio

da razão da diferença entre a reflectância da banda do infravermelho-próximo pelo vermelho e pela soma da reflectância da banda do vermelho pela do infravermelho-próximo, conforme equação 4.

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4TM3TM3TM4TM

NDVI+−= eq. (4)

Em que: 4TM : Reflectância da banda do infravermelho-próximo; 3TM : Reflectância da banda do vermelho.

Basicamente, todos os métodos de análise da vegetação são elaborados em função das bandas do vermelho e do infravermelho-próximo. Atualmente, existem mais de 50 métodos de análise da vegetação, no entanto, o NDVI é o mais famoso e mais utilizado (MOREIRA, 2005).

Determinação da Mudança na Cobertura Vegetal

Mediante aos mapas temáticos do NDVI de 1996 e 2010, foi aplicado o teste de exatidão global (EG) e índice kappa (K), conforme as equações 5 e 6, para se avaliar a confiabilidade dos mapas gerados.

∑∑

=++

=++

=

−=

r

1iii

2

r

1iii

r

1iii

XXX

XXXXK eq. (5)

n

XEG

r

1iii∑

== eq. (6)

Em que: X : Elemento da matriz de erros; r : Número de classes da matriz de erros;

iiX : Elementos da diagonal principal;

+iX : Total da linha para uma dada classe;

iX+ : Total da coluna para uma dada classe; n : Total de termos analisados.

Para FOODY (2002), os mapas temáticos com exatidão global superior a 85% apresentam resultados confiáveis.

Segundo CONGALTON (1991) a precisão de um classificador temático pode ser analisada por meio do índice kappa. Desta forma, CONGALTON & GREEN (1999) apresentaram a classificação do K em 3 classes, conforme a Tabela 1.

TABELA 1. Classes para interpretação dos valores do índice kappa.

Índice Kappa Classe K < 0,4 Ruim

0,4 < K < 0,8 Razoável K > 0,8 Excelente

Fonte: CONGALTON & GREEN (1999). Após a elaboração dos mapas temáticos do NDVI, foi realizada a subtração

das imagens do ano de 2010 pelo ano de 1996, gerando uma nova imagem sintética representando as mudanças ocorridas na cobertura vegetal (MAAS, 1999). Essa nova imagem foi reclassificada em 3 classes segundo a Tabela 2.

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TABELA 2: Intervalo das classes de mudanças da cobertura vegetal, para o PECF, no Sul do Estado do Espírito Santo.

Classes Intervalos Desmatamento Mín., µ-σ -0,91 ; -0,10 Não Mudança µ-σ, µ+σ -0,10 ; 0,10 Regeneração µ+σ, Máx. 0,10 ; 0,50

Fonte: Adaptado de FERRARI et al. (2011).

Posteriormente a sua reclassificação o mapa temático da análise temporal foi convertido para polígono e foi calculada a área de cada classe.

Todas as etapas desenvolvidas na elaboração deste trabalho podem ser observadas nos fluxogramas metodológicos (Figuras 2 e 3).

Imagens LANSAT 5 TM 1996 – TM3;

TM4

Ortofoto IEMA –UTM WGS 84 Zona

24S

GEOREFERENCING TM 3_96GTM 4_96G

Imagens LANSAT 5 TM 2010 – TM3;

TM4

GEOREFERENCINGTM 3_10GTM 4_10G

EXTRACT BY MASK

EXTRACT BY MASK

Imagens CBERS-2B –B1; B2; B3; B4 e PAN

EDITOR

PECF

Máscara de Corte

POLÍGONO

TM 3_96G_RECTM 4_96G_REC

TM 3_10G_RECTM 4_10G_REC

GANHO E OFFSET –TM 3; TM 4

RASTER CALCULATOR

NORMALIZAÇÃO

TM 3_96NORM

TM 4_96NORM

MÁSCARA DE CORTE

MÁSCARA DE CORTE

PECF WGS 84

Máscara de Corte WGS 84

PROJECT RASTER

PROJECT RASTER

Imagens CBERS-2B –R3 G4 B2

FUSION

ESRI

FIGURA 2: Fluxograma metodológico da vetorização do PECF e das correções geométricas e radiométricas das imagens. Fonte: Os próprios autores.

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Limites PECF WGS

84

TM 3_96G_REC_NORM

TM 3_10G_REC

TM 4_10G_REC

RASTER CALCULATORNDVI 10

TM 4_96G_REC_NORM

CLIP

NDVI_AT

RASTER CALCULATORNDVI 96

RASTER CALCULATOR

NDVI_AT_3CRECLASSIFY

NDVI_AT_3C_POL.

CONVERSION

NDVI_AT_3C_POL_PECF

ÁREA ha

ÁREA %

FIGURA 3: Fluxograma metodológico da determinação das mudanças na cobertura vegetal do PECF.

Fonte: Os próprios autores.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A matriz de erros ou matriz confusão gerada para a avaliação da EG e do K para o NDVI referente aos anos de 1996 e 2010, pode ser observada nas Tabelas 3a e 3b, respectivamente.

TABELA 3A . Matriz confusão ou matriz de erros para o NDVI de 1996.

Dados reais Dados

interpretados Veg.

Densa Veg.

Esparsa Água, Solo

Exposto TOTAL ERRO DE

COMISSÃO (EC)

Veg. Densa 12 0 2 14 0,1429 Veg. Esparsa 0 32 1 33 0,0303

Água, Solo Exposto

8 3 42 53 0,2075

TOTAL 20 35 45 100 ------ ERRO DE

OMISSÃO (EO) 0,4000 0,0857 0,0667 ------ 0,1400

Fonte: Os próprios autores TABELA 3B . Matriz confusão ou matriz de erros para o NDVI de 2010.

Dados reais Dados

interpretados Veg.

Densa Veg.

Esparsa Água, Solo

Exposto TOTAL ERRO DE

COMISSÃO (EC)

Veg. Densa 16 1 0 17 0,0588

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Veg. Esparsa 0 30 0 30 0,0000 Água, Solo

Exposto 10 1 42 53 0,2075

TOTAL 26 32 42 100 ------ ERRO DE

OMISSÃO (EO) 0,3846 0,0625 0,0000 ------ 0,1200

Fonte: Os próprios autores

Ao se analisar a Tabela 3a, pode-se observar que o mapa temático gerado para o ano de 1996, apresentou EO de até 40%, ou seja, uma das classes estudadas não teve 40% dos seus dados apresentados na referente classe. Já o maior EC apresentado foi de aproximadamente 21%, ou seja, uma dada classe teve 21% de dados adicionados de forma errônea em sua classe. Para o mapa temático do ano de 2010, o maior EO foi de aproximadamente 38% e o EC foi de aproximadamente 21% (Tabela 3b).

Ao se analisar as Tabelas 3a e 3b, pode-se retirar também outra informação importante, como os valores de 0,1400 e 0,1200, respectivamente. Estes valores são complementares ao valor do K, ou seja, o valor final da diagonal principal adicionado do valor K, tem que ser igual a 1. Desta dedução pode-se tirar a seguinte equação: K= 1-(1-(Σxii/n)), ou K= (1-(1-(Σxii/n)))*100, para se obter o resultado em porcentagem. A dedução desta equação a partir da matriz confusão permitiu se deduzir que a própria matriz já é uma forma de análise estatística do método analisado.

Os valores de EG e K encontrados para o NDVI de 1996 e 2010 podem ser observados na Tabela 4.

TABELA 4 . Interpretação da exatidão global e do índice kappa do NDVI para os

anos de 1996 e 2010. ExatidãoGlobal Índice Kappa Método

Resultado Resultado Classificação NDVI 1996 86 80,58 Excelente NDVI 2010 88 81,16 Excelente

Fonte: Os próprios autores

O NDVI de 1996 e de 2010 (Figura 4a e 4b) apresentaram EG= 86 e 88% e K= 80,58 e 81,16% (Tabela 4), respectivamente. Por terem apresentado EG superior a 85%, tanto o NDVI de 1996, quanto o de 2010, estes possuem resultados confiáveis, conforme FOODY (2002). A confiabilidade nos resultados obtidos por meio do NDVI de 1996 e 2010, também foi comprovada pelo K, pois os dois mapas temáticos apresentaram resultados excelentes segundo a classificação de CONGALTON & GREEN (1999).

Pelos mapas temáticos terem apresentado resultados satisfatórios tanto pela EG quanto pelo K, o resultado obtido por meio da subtração dos dois mapas para a análise na mudança da cobertura vegetal do PECF (Figura 5), também é confiável.

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FIGURA 4: NDVI do PECF para os anos de 1996 e 2010. Fonte: Os próprios autores.

Por meio da análise da Figura 4, é possível se observar de forma visual uma pequena alteração na cobertura vegetal do PECF entre os anos de 1996 (a) e 2010 (b). Na parte inferior das imagens é notória a mudança na tonalidade de verde e amarelado do ano de 1996 para amarelo e avermelhado para o ano de 2010. A coloração verde indica a presença de vegetação na área, sendo que quanto mais intenso o tom de verde, maior é a densidade da vegetação e já a tonalidade avermelhada indica tanto a presença de solo nu (desmatamento), quanto água e sombras.

A B

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FIGURA 5: Classes de mudanças na cobertura vegetal do PECF. Fonte: Os próprios autores.

Os valores em ha e porcentagem da área das mudanças ocorridas na cobertura vegetal do PECF podem ser observadas na Tabela 5. TABELA 5. Área das classes de mudança da cobertura vegetal do PECF.

Classes Área (ha) Área (%) Desmatamento 14,86 9,15 Não Mudança 137,45 84,58 Regeneração 10,19 6,27 Total 162,50 100

Fonte: Os próprios autores.

Ao se analisar a Tabela 5, pode-se observar que o PECF encontra-se em condições satisfatórias de preservação ambiental, pois apresenta 84,58% (137,45ha) da sua área sem sofrer nenhuma alteração antrópica, e 10,19% (6,27ha) foram regenerados, demonstrando que o projeto de recuperação do parque encontra-se em atividade.

Apesar do bom estado de manutenção da preservação dos seus recursos naturais, uma pequena parte do parque (14,86%) apresentou-se degradada (Tabela 5). Pode-se observar na Figura 5 que a maior parte das áreas desmatadas encontra-se nas divisas do parque, demonstrando uma falta de conscientização dos proprietários vizinhos. Para BARBOSA et al. (2006), fatores como o regime pluviométrico da região, a própria dinâmica natural da vegetação e a ação antrópica, podem ocasionar as mudanças na cobertura vegetal.

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Por se tratar de uma região de relevo acidentado, os desmatamentos ocorridos no PECF exigem ainda mais atenção, pois este fato aumenta a predisposição do local para a erosão, o que pode acarretar o assoreamento de cursos d’água menores. Outro ponto negativo da erosão é o empobrecimento da camada fértil do solo, o que dificulta a regeneração natural da área.

CONCLUSÃO Baseado nos resultados obtidos por este estudo pode-se concluir que: É possível se determinar as mudanças na cobertura vegetal da área por meio

da subtração de imagens NDVI. A divisão do NDVI em classes facilita a interpretação do mapa temático

gerado. Os resultados obtidos por meio da subtração das imagens são confiáveis,

pois o NDVI apresentou resultado satisfatório tanto na análise feita pela exatidão global quanto pelo índice kappa.

O PECF apresenta-se em bom estado de conservação, tendo em vista que mais de 84% da sua área encontra-se sem sofrer qualquer alteração ao longo de 15 anos.

O uso do SIG por meio da utilização das imagens orbitais passa a ser uma importante ferramenta no monitoramento das áreas de preservação, pois otimiza o tempo gasto na execução dos processos de monitoramento.

AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à FAPES (Fundação de Amparo à Pesquisa do

Espírito Santo) e a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) pela concessão de bolsa de estudo.

REFERÊNCIAS BARBOSA, H. A.; HUETE, A. R.; BAETHGEN, W. E. A 20 year study of ndvi variability over the northeast region of Brazil. Journal of Arid Environments , v. 67, p. 288-307, 2006. CONGALTON, R. G. A review of assessing the accuracy classifications of remotely sensed data. Remote Sensing of Environment . v. 49, n. 12, p. 1671-1678, 1991. CONGALTON, R. G.; GREEN, K. Assessing the accuracy of remotely sensed data: principles and practices . New York: Lewis publishers, 1999. 137 p. FERRARI, J. L.; SANTOS, A. R.; GARCIA, R. F. Análise da vegetação por meio da subtração de imagem ndvi na sub-bacia hidrográfica do córrego do horizonte, Alegre, ES. Engenharia Ambiental , v. 8, n. 3, p. 3-18. 2011. FONSECA, L. M. G. Processamento digital de imagens. INPE, 2000. FOODY, G. M. Status of land cover classification accuracy assessment. Remote Sensing of Environment , v. 80, n. 1, p. 185-201, 2002.

ENCICLOPÉDIA BIOSFERA , Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p. 2012 1262

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