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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA E EXTENSÃO - PRO-PPE PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE DARIO ARAGÃO NETO EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS UNIVERSIDADES Reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem da Educação Ambiental no Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA VOLTA REDONDA 2010

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA CENTRO UNIVERSITÁRIO …web.unifoa.edu.br/portal_ensino/mestrado/mecsma/arquivos/07.pdf · Prof. Dr. Pedro Luiz Millen Penedo . ... coordenador do curso

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FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO PESQUISA E EXTENSÃO - PRO-PPE

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO

EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

DARIO ARAGÃO NETO

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS UNIVERSIDADES Reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem da Educação Ambiental no Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA

VOLTA REDONDA 2010

FUNDAÇÃO OSWALDO ARANHA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE VOLTA REDONDA

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO - PRO-PPE

PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO

EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO MEIO AMBIENTE

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS UNIVERSIDADES Reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem da Educação

Ambiental

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Ensino em Ciências da Saúde e do Meio Ambiente do UniFOA, como requisito à obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Ciências da Saúde e do Meio Ambiente.

VOLTA REDONDA 2010

FOLHA DE APROVAÇÃO

Aluno: Dario Aragão Neto

EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS UNIVERSIDADES Reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem da Educação Ambiental no Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA

Banca Examinadora

-------------------------------------------------------------- Prof. Dr. Maria Auxiliadora Motta Barreto

--------------------------------------------------------------- Prof. : Dr. Adilson da Costa Filho

---------------------------------------------------------------- Prof. Dr. Pedro Luiz Millen Penedo

Dedico essa Dissertação à minha família, em especial à minha esposa Paula e minhas filhas, Marina e Maitê, que me apoiaram e me incentivaram durante toda sua realização.

AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos aos Professores: Dra. Ilda Cecilia Moreira da Silva, coordenadora do curso de graduação em enfermagem do UniFOA; Dr. Marcus Vinicius F. de Araújo, ex coordenador do curso de Engenharia Ambiental do UniFOA, que atenderam-me prontamente com as questões por mim solicitadas para compor essa pesquisa, sem as quais eu não poderia realizar esta dissertação. A todos os professores do mestrado, principalmente ao meu orientador, Prof. Dr. Adilson da Costa Filho, por sua competência, paciência e dedicação durante toda pesquisa.

RESUMO

A crescente degradação do planeta e o comprometimento da qualidade de vida tem

relação direta com o modelo de desenvolvimento e conseqüente forma de exploração

dos recursos naturais, razão pela qual se evidencia, cada vez mais, a necessidade de

envolver diferentes segmentos da sociedade, em todo o mundo, na busca de

alternativas e mudanças para a reversão do quadro atual. Esta situação tem motivado o

surgimento de iniciativas para o enfrentamento desses problemas, principalmente no

âmbito pedagógico. Neste contexto, a Educação Ambiental permite a aquisição de

conhecimentos e habilidades capazes de levar à formação de novos valores e atitudes

e à construção de uma nova visão das relações do homem com o seu meio e as

instituições de ensino tem um papel definitivo.

Palavras-chave: educação ambiental, ensino, sustentabilidade

ABSTRACT

The growing planet´s degradation and the commital of the quality of life have a direct

relationship with the development model and a consequently form of exploitation of the

natural resources, so, evidences increasingly, the necessity of envelop differents social

segments, in worldwide, searching alternatives and change for the reversion of the

actual condition. This situation have been motivate the appearance of intiative to the

affront of theses troubles, mainly in the pedagogical ambit. In this context, the

environmental education accept the purchase of knowledges and habilities able to take

to a new values formation and behaviors and to the construction of a new vision of the

human´s realtionship with his environment and the educational institution have a

definitive function.

Key words: environmental education, teaching, sustainability

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 01 2.1 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL 03

2.1.1 Legislação e Educação Ambiental 03

2.1.2 A Constituição Federal de 1988 e o Meio Ambiente 04

2.1.3 A Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) 04

2.2 FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 05

2.2.1 Pensamento Complexo e a Armadilha Paradigmática 05

2.2.2 Aspectos Sócio-Econômicos da Educação Ambiental 06

2.2.3 Cidadania, Saúde e Meio Ambiente 08

2.2.4 A Importância da E.A. no Ensino dos Cursos de Graduação 09

2.2.5 O Unifoa e a Educação Ambiental 10

3.1 ENFERMAGEM, ENGENHARIA AMBIENTAL E MEIO AMBIENTE 12

3.1.1 Enfermagem e meio ambiente 12

3.1.2 Gestão Hospitalar e Resíduos Sólidos de Saúde (RSS) 13

3.1.3 A Engenharia Ambiental: um futuro com sustentabilidade 13

4 METODOLOGIA 14

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 17

5.1.1 Gráficos de resultado do questionário aplicado ao corpo discente 19

5.1.2 Gráficos de resultado do questionário aplicado ao corpo docente 26

6 O PRODUTO 35

7 CONCLUSÃO 36

8 REFERÊNCIAS 39

LISTA DE ANEXOS

ANEXO I Questionário Nº 01 44 ANEXO II Questionário Nº 02 45 ANEXO III Cartilha Eletrônica impressa 46

1 INTRODUÇÃO

A Educação Ambiental (E.A.) é um ramo da educação cujo objetivo é a

disseminação do conhecimento sobre o ambiente, a fim de ajudar à sua preservação e

utilização sustentável dos seus recursos. É um processo permanente, no qual os

indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem

conhecimentos, habilidades, experiências, valores e a determinação que os tornam

capazes de agir, individual ou coletivamente, na busca de soluções para os problemas

ambientais, presentes e futuros (UNESCO, 1997).

Não há dúvidas de que o ser humano vem sistematicamente, ao longo dos

séculos, consumindo os recursos naturais do planeta sem se preocupar com as futuras

gerações. Entretanto, nos últimos 50 anos, com a explosão demográfica que assolou o

planeta, o consumo dos recursos naturais disponíveis na natureza vem crescendo de

forma avassaladora e o seu impacto no meio ambiente, é cada vez mais evidente e

contumaz. A dicotomia entre consumo e sustentabilidade é, sem dúvida, um dos

principais desafios do século XXI. Trazer ao consumismo um nível de racionalidade que

o torne sustentável e capaz de frear o seu déficit ecológico e que vem causando,

sorrateiramente, a escassez dos recursos naturais, é sem dúvida, tarefa árdua imposta

a cada operador de Educação Ambiental.

Assim, impera a necessidade da Educação Ambiental fazer-se cada vez mais

presente, como instrumento de viabilização de uma sociedade menos consumista e

mais racional nas futuras gerações, priorizando as necessidades coletivas em

detrimento ao individualismo e ao consumo compulsivo tão presente em nossas vidas.

No Brasil a E. A. assume uma perspectiva mais abrangente, não restringindo

seu olhar à proteção ou ao uso sustentável de recursos naturais, mas incorporando

fortemente a proposta de construção de uma sociedade sustentável. Mais do que um

segmento, a educação em sua complexidade e completude.

A qualidade de vida, necessariamente está vinculada à qualidade ambiental

(do meio em que vivemos) e sua percepção é influenciada por fatores culturais,

geográficos e históricos da sociedade humana (GUIMARÃES, 2005; OLIVEIRA, 1983).

Neste sentido, nasceu então a necessidade de se analisar e diagnosticar

como o Centro Universitário de Volta Redonda - UniFOA, que possui, dentre outros, os

cursos de enfermagem e engenharia ambiental, cursos estes escolhidos por melhor

representarem a área da saúde e do meio ambiente, respectivamente, está se

comportando com relação à Política Nacional de Educação Ambiental, e como vem

contribuindo para melhorar a formação de educadores que venham realizar atividades

nesta área.

2.1 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

2.1.1 LEGISLAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Para melhor entendermos a sistemática ambiental adotada pelo direito

brasileiro, bem como a regulamentação da Política Nacional de Meio Ambiente a qual

inclui a Educação Ambiental, necessária se faz uma breve análise de sua evolução nas

últimas décadas.

Nos anos 70, o Brasil vivia o auge da ditadura militar. Era a época de

incertezas, de direitos tolhidos, mas também de excepcional crescimento econômico

especialmente entre 1969 e 1973, no governo Médici. Nesse período áureo do

desenvolvimento brasileiro em que, paradoxalmente, houve aumento da concentração

de renda e da pobreza, e da dívida externa nacional, predominava uma visão

antropocêntrica de desenvolvimento e progresso a qualquer custo. Neste período, foi

promulgado o decreto-lei 1.413/1975 que regulamentava o controle da poluição do

meio ambiente provocada por atividades industriais, bem como o Código de Águas e o

Código Florestal, prevalecendo, entretanto, uma visão eminentemente economicista,

que sempre priorizava o econômico em detrimento do social.

Já no início dos anos 80, com a abertura e a decadência do regime militar, o

momento delineava uma nova demanda social e através da Lei 6.938/81, foi instituída a

Política Nacional de Meio Ambiente com objetivo da preservação, melhoria e

recuperação da qualidade ambiental propícia à vida. Esta lei representou considerável

avanço, pois foi o primeiro diploma legal brasileiro a reconhecer o meio ambiente como

bem em si, bem como instituiu o SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente, que

regulamentava a exploração dos recursos naturais de acordo com os interesses da

segurança nacional, garantindo principalmente a proteção da dignidade da vida

humana. Foi também a lei que consagrou a responsabilidade objetiva para apuração

dos danos ambientais.

2.1.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E O MEIO AMBIENTE

Em 1988, com a promulgação da nova Constituição Federal, nossa Carta

Magna conferiu proteção ao meio ambiente de maneira mais abrangente,

estabelecendo, inclusive, no seu art. 225, §3º que "as condutas e atividades

consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou

jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de

reparar os danos causados".

Também através da Constituição Federal de 1988 o DIREITO AMBIENTAL

passou a se correlacionar intrinsecamente com 03 outras esferas do direito: o DIREITO

CIVIL (relações privadas), o DIREITO ADMINISTRATIVO (administração pública) e o

DIREITO PENAL (crimes e sanções).

Há que se destacar ainda, que na década de 90, com a entrada em vigor da

Lei 9.605, de 13/02/98 (Lei dos Crimes Ambientais), o Brasil deu um grande passo legal

na proteção do meio ambiente, pois a nova legislação trouxe inovações modernas e

surpreendentes na repreensão à destruição ambiental, no intuito de coibir os atos

praticados contra o patrimônio ambiental da nação.

2.1.3 A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (PNEA)

Assim, conforme dito, a preocupação com a qualidade ambiental, teve real

início em 1981, com a Lei Federal no. 6.938, que instituiu a Política Nacional do Meio

Ambiente, seguida pela Constituição Federal de 1988, a qual passou a assegurar

constitucionalmente, a preservação ambiental para um ambiente saudável para todos.

Mas foi somente no fim do século XX, através da Lei Federal no. 9.795/99

(Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA), que ficou declarada a

implementação da Educação Ambiental em todos os níveis e idades (SATO, 2004).

Com base na PNEA, o Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA, além de

promover a articulação das ações educativas voltadas às atividades de proteção,

recuperação e melhoria sócio-ambiental, esta lei também visa potencializar a função da

educação para as mudanças culturais e sociais.

A Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999, procura definir parâmetros gerais para

a Política Nacional de Educação Ambiental. Esbarra, no entanto, em conceitos

abstratos e pouco úteis à implantação efetiva desta política, tão necessária à elevação

da qualidade de vida da população brasileira.

2.2 FILOSOFIA, SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2.2.1 PENSAMENTO COMPLEXO E A ARMADILHA PARADIGMÁTICA

É certo que existe hoje, uma tendência em associar as causas dos problemas

ambientais a um desvio de comportamento, sendo a fórmula de ensino apontada na

seguinte forma: em primeiro lugar, a denúncia do erro, e em segundo, a transmissão da

informação do comportamento correto para o indivíduo, na perspectiva de que num

somatório de indivíduos com atitudes ecologicamente corretas, teríamos a solução do

problema.

Entretanto, segundo Loureiro (2006), esta percepção de problemas

ambientais infere uma compreensão limitada, simplista e reduzida da realidade, se

fazendo conservadora por estar presa à armadilha paradigmática e a uma visão

ingênua que tende à reprodução de práticas educativas consolidadas.

Nas palavras de Lencastre (2006), pág. 29, “entre o natural e o cultural se

tecem laços interconstituintes que impedem uma visão demasiadamente reduzida dos

fenômenos por que se interessa.”E mais: “Assim, ao naturocentrismo ou ao

sociocentrismo de certos discursos parcelares, opõe-se actualmente uma visão

integradora que mostra que as duas ordens se revelam indispensáveis para uma

compreensão suficientemente esclarecida tanto dos fenômenos ecológicos, como dos

fenômenos educativos próprios ao humano.” Para Guimarães (2004) "armadilha paradigmática" é a reprodução nas ações

educativas dos paradigmas constituintes da sociedade moderna e que provoca

segundo Viégas (2002) uma limitação compreensiva e uma incapacidade discursiva de

forma recorrente, gerando o que Grün (1996) chama de uma pedagogia redundante.

A ausência de uma visão crítica do comportamento humano enquanto

sociedade e indivíduo que busque uma maior consciência cidadania e de senso de

coletividade gera um comportamento limitado, único e inquestionável, prejudicando uma

reflexão mais profunda sobre nosso comportamento.

O que reforça esta argumentação é o fato de hoje, no mundo, a grande

maioria das pessoas acredita sinceramente que é de fundamental importância a

preservação do meio ambiente, no entanto, vivemos atualmente uma destruição

ambiental ainda maior do que a de tempos atrás, quando essa crença era professorada

por uma pequena minoria.

2.2.2 ASPECTOS SÓCIO ECONÔMICOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A história humana nos aponta de forma inequívoca, que desde os primórdios,

quando o homem ensaiou os primeiros passos rumo à vida em sociedade, fixando

moradia e deixando de ser um nômade, dominando as primeiras técnicas de agricultura

e de pecuária, já naquela época, havia a busca por recursos naturais, ainda que de

forma mínima , todavia já inconseqüente.

Com o surgimento da revolução industrial, a produção passou a ser efetuada

em larga escala, e a utilização dos recursos naturais para a produção e o impacto no

meio ambiente dos resíduos desta produção, cresceram vertiginosamente. Do século

XIX em diante, o que se viu foi uma era antropocêntrica e economicista em nome do

progresso e do desenvolvimento econômico. Era o surgimento do capitalismo.

Junte-se a isto o crescimento desenfreado da população humana e o produto

principal e essencial à manutenção do sistema capitalista, qual seja o consumo. Sem

consumo, não há produção e sem esta, os valores de capital sucumbem, daí o

surgimento de um novo segmento social, a sociedade de consumo.

Assim, desde o final do século XX, o ser humano vem se questionando sobre

o modelo de economia sobre o qual vivemos e se há futuro para nossa sociedade,

dentro deste paradigma. A resposta é fácil: não, não há como continuar este processo,

poluindo e utilizando de forma irracional e irresponsável os recursos naturais de nosso

planeta, sob pena de, o fazendo, estarmos extintos ou ao menos restringidos á uma

vida de péssima qualidade daqui a algumas poucas gerações.

Não se deve esquecer que a humanidade vem se tornando essencialmente

consumista, tanto pela força dos veículos de comunicação quanto pelas transformações

culturais aliadas ao desenvolvimento tecnológico que vendem o prazer imediato e o

grande acúmulo de bens materiais como único conceito de sucesso pessoal e

profissional. Esta prática aleija o poder de discernimento do indivíduo, que fica

sufocado pelas imposições do capitalismo selvagem, sem perceber que tem

ferramentas próprias para defender seus direitos e fazer valer a sua condição de

cidadão.

É certo que hoje, devido a todos esses fatores, vivemos inseridos numa crise

sócio ambiental, pois o modelo de desenvolvimento do qual fazemos parte é desprovido

de qualquer sustentabilidade. O sistema capitalista devorador de consumo não deve

perpetuar sob pena de nossos recursos naturais serem dizimados e esgotados em um

futuro próximo.

Estamos diante, portanto, de uma crise paradigmática, onde nossos hábitos

de vida e de consumo, o nosso estilo de vida, impedem uma maior reflexão sobre o

futuro que desejamos para os nossos descendentes. É necessário, que rompamos com

esta estrutura de paradigmas e passamos a pensar de uma forma coletiva e racional

para que não cheguemos à inviabilidade da sobrevivência dos seres humanos no

planeta, sem prejuízo de uma razoável qualidade de vida.

2.2.3 CIDADANIA, SAÚDE E MEIO AMBIENTE

A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a

possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não

tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões,

ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALLARI, 2001).

Importante destacar que um futuro sem sustentabilidade, é um futuro sem

saúde para os seres humanos. Destruir o patrimônio ambiental significa extinguir a

qualidade de vida do homem, o que indubitavelmente trará o aparecimento e a

disseminação de inúmeras doenças. O homem sem um meio ambiente saudável é um

homem doente.

Destaca-se, portanto, a necessidade de participação dos cidadãos e do

Poder Público como agentes construtores tanto das questões administrativas como

também na participação da defesa por um meio ambiente equilibrado, objetivando a

melhoria da qualidade de vida da população e da preservação do meio ambiente. A

participação é um processo de conquista, construída constantemente através da

abertura de espaços, pois não existe participação suficiente e acabada.

Neste sentido, é direito do cidadão, participar na formulação e execução das

políticas ambientais que devem ser discutidas com as populações atingidas. Também a

atuação nos processos de criação do Direito Ambiental e, ainda a participação popular

na proteção do meio ambiente por intermédio de audiências públicas com os

representantes do governo.

Será este modelo econômico, capaz de levar o sonho americano a todos os

integrantes do planeta? Somos nós, hoje, enquanto seres humanos capazes de sequer

imaginar o custo em que tal situação, a natureza pode nos cobrar?

Cada escola, cada instituição de ensino, cada professor, precisa aplicar a

pedagogia com o viés ambiental, pois o êxito em formar em cada aluno, uma

consciência cidadã mais aprofundada do respeito ao meio ambiente e à coletividade de

uma forma geral se faz de pouco, através da praxis cotidiana educacional e é um dever

de todos que participam deste processo.

2.2.4 A IMPORTÂNCIA DA E.A. NO ENSINO DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO

Segundo Fouto, (2009, p. 02) o papel da universidade na trajetória sócio-

ambiental é indiscutível. Ela acumula funções de pesquisa, ensino e extensão, sendo

responsável pela formação do cidadão-profissional que vai atuar em vários setores da

sociedade. O profissional formado pela Universidade vai desempenhar seu papel

específico, e exercer seu papel de cidadão.

A Universidade é um fórum de diálogo, com a escola e toda a sociedade,

possibilitando a criação de novos valores, conhecimentos e novas realidades sócio-

ambientais. A ciência pode e deve ser propulsora da qualidade ambiental e

conseqüentemente da qualidade de vida, (SANTOS E SATO, 2003):

o papel da Universidade, considerada como produtora de conhecimento mais elaborado, deve também assumir um compromisso mais social, corroborando para que a liberdade do sujeito aprendiz encontre novas formas de ultrapassagens às violências vivenciadas por nossa era. O procedimento legítimo não é escolher um caminho entre “conservação (desejos)” e “dilemas sociais (necessidades)”, senão buscar a aliança entre estas duas dimensões.

O ensino é o cerne da atividade da universidade e a educação a sua missão

primeira. Face aos objetivos de desenvolvimento sustentável, a educação para o

desenvolvimento sustentável será, portanto, o principal papel da universidade no século

XXI.

Não há dúvidas de que o aprofundamento do tema trará uma amplitude maior

na reflexão da Educação Ambiental a ser praticada na vida social e profissional de cada

ser humano.

É preciso lembrar que, sempre após a perda do patrimônio ambiental,

sanções como pagamento de multas milionárias, prisão dos envolvidos, fechamento de

empresas dentre outras, não trarão de volta o acervo ambiental perdido. A legislação

brasileira no tocante ao meio ambiente, é de suma importância e uma das mais

evoluídas do planeta. Porém, muito mais importante e vital para a humanidade é a

conscientização do ser humano, a cidadania e o senso de coletividade, os quais só

podem ocorrer através da educação.

2.2.5 O UNIFOA E A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Analisar se a E.A. vem sendo aplicada de forma correta e com a profundidade

necessária para a formação dos acadêmicos nos cursos de ensino superior do UniFOA,

significa contribuir para a formação no ensino superior, pois nossos educadores

precisam estar preparados para formar uma nova geração consciente, crítica e capaz

de compreender e gerenciar os problemas ambientais.

A escolha dos cursos de enfermagem e engenharia ambiental se justifica

tendo em vista serem estes, cursos de graduação diretamente relacionados às

alterações da saúde e do meio ambiente respectivamente, considerando aspectos

políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais, em atendimento às demandas da

sociedade.

O plano pedagógico e a ementa dos cursos de enfermagem e engenharia

ambiental, traz a identificação das atividades voltadas à incorporação da dimensão

ambiental, significando ainda, buscar possíveis contextualizações dentro do processo

ensino-aprendizagem, que facilitem a compreensão por parte dos alunos e também

professores dos variados aspectos da Educação Ambiental e sua utilização prática, nas

diversas áreas de atuação do curso.

Dentro dos objetivos propostos na pesquisa, além dos propósitos

supracitados, também foi inserido uma introdução ao questionamento quanto à

aplicação dos artigos 10 e 11 da Lei no. 9795/99 no que tange ao desenvolvimento da

Educação Ambiental e à dimensão ambiental na formação dos professores de ensino

superior.

Reale (2000, p.01), afirma que "não são apenas razões éticas e sociais que

justificam a não-aplicação da norma legal em manifesto desuso, mas é a estrutura

tridimensional da regra jurídica que exige que esta, além da vigência, tenha um mínimo

de eficácia".

Os artigos acima incluem todos os níveis de instituição de ensino, mas deixa

vaga a questão de como atingir uma integração entre as disciplinas escolares, ficando à

mercê da consciência do professor o tratamento de conteúdos programáticos sob a

tutela da ética ambiental.

3.1 ENFERMAGEM, ENGENHARIA AMBIENTAL E MEIO AMBIENTE 3.1.1 ENFERMAGEM E MEIO AMBIENTE

No tocante à legitimidade do curso de enfermagem para representar os

cursos ligados à área de saúde nesta pesquisa, tem-se que a escolha foi assim

promovida visando inclusive destacar a gama de fatores que apontam a enfermagem

como a profissão que detém intrínseca relação com a Educação ambiental e com a

saúde, através de diversos aspectos que devem ser destacados, tais como: aspectos

legais e de cidadania, no sentido de que é a saúde, um direito previsto na Constituição

Federal, “A educação ambiental não deve ser vinculada somente à passagem de

conhecimentos sobre a natureza, mas sim à possibilidade de ampliação da participação

política dos cidadãos” (REIGOTA, 1994).

3.1.2 GESTÃO HOSPITALAR E OS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SAÚDE (RSS)

Por outro lado, existem os aspectos da saúde e do meio ambiente, que

devem abordar as questões de gestão ambiental hospitalar, como por exemplo o

tratamento do RSS (RESÍDUOS SÓLIDOS DE SAÚDE). Florence Nightingale,

fundadora da enfermagem moderna, no seu livro "Notes on Nursing”, escrito em 1859,

apresenta uma série de observações sobre a importância do ambiente adequado à

prevenção de enfermidades, ao tratamento de doentes, e ainda em relação à sua

recuperação.

Ainda há que se destacar a necessidade de uma gestão competente para

tratar do RSS, pois a disposição, coleta e tratamento destes resíduos – o chamado lixo

hospitalar – tem sido alvo de grande preocupação da sociedade moderna que, embora

ainda não saiba completamente como tratar os 30 trilhões de quilos de lixo produzidos

no planeta todos os anos, se indigna ao saber que materiais como seringas, agulhas,

bisturis, curativos e bolsas de sangue contaminados, tecidos e partes anatômicas de

corpos humanos, bem como remédios e drogas vencidos, dentre outros, todos

integrantes de uma grande lista de resíduos gerados nos estabelecimentos de saúde e

órgãos congêneres, são depositados livremente em lixões, a céu aberto.

Deve-se utilizar o método de educação conscientizadora, visando facilitar

aos trabalhadores de saúde a adquirirem uma consciência ecológica crítica, capaz de

torná-los agentes de mudança, interferindo positivamente nas questões específicas dos

RSS.

3.1.3 ENGENHARIA AMBIENTAL: UM FUTURO COM SUSTENTABILIDADE

Criado com o objetivo de formar profissionais capazes de melhor analisar,

avaliar e minimizar os impactos ambientais causados pelo ser humano e no trabalho de

tentar reduzir os efeitos adversos das atividades produtivas nos meios físicos e

biológicos, a Engenharia Ambiental é um curso da área das Ciências Exatas, com o

objetivo de formar técnicos e pesquisadores com este fim.

Por estas razões, nada mais natural e sensato que trazer o curso de

Engenharia Ambiental como o representante desta área para a presente pesquisa.

4 METODOLOGIA

Este estudo possui enfoque quali-quantitativo, descritivo, exploratório, com

pesquisa de campo e foi submetido e aprovado ao Comitê de Ética em Pesquisa em

Seres Humanos, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde –

Ministério da Saúde, visando a coleta de dados junto ao corpo docente e discentes

voluntários, todos do Curso de Enfermagem e Engenharia Ambiental do Centro

Universitário de Volta Redonda – UniFOA.

Em concordância com os objetivos do Programa de Mestrado em Ensino em

Ciências da Saúde e do Meio Ambiente, foi desenvolvido um produto para Ensino formal, o qual consiste em uma cartilha eletrônica a ser disponibilizada a professores, alunos e funcionários de nossa instituição, com o objetivo de esclarecer de forma sucinta no que consiste, atualmente, a Educação Ambiental e

sua aplicação nos espaços formal e informal.

Para poder apontar as principais dúvidas e dificuldades de alunos e

professores no assunto, foi aplicado um questionário aberto com a participação de 111

alunos e professores do Curso Enfermagem e Engenharia Ambiental do Centro

Universitário de Volta Redonda – UniFOA, com o propósito de mensurar o nível de

conhecimento e de aplicação da Educação Ambiental nos cursos de graduação em

Enfermagem e Engenharia Ambiental desta I.E.S.

Conforme já mencionado, a escolha dos cursos de Enfermagem e de

Engenharia Ambiental foi efetivada a fim de que houvesse dentro da pesquisa, cursos

que representassem legitimadamente tanto a área da saúde quanto na área do meio-

ambiente.

O trabalho foi desenvolvido através das seguintes fases:

a) Primeira fase: cada curso de graduação possui seus currículos, com as

respectivas disciplinas e ementas. Através da análise das ementas de cada curso,

identificou-se a presença preliminar da dimensão ambiental e, consequentemente, as

turmas e cursos que foram alvo da pesquisa.

b) Segunda fase: elaboração de um questionário aplicado junto a alunos e

professores voluntários, para verificar o grau de entendimento sobre o assunto.

A aplicação deste instrumento foi efetuada diretamente com os professores e

alunos em horários previamente definidos, quando possível, e com a ciência prévia por

escrito e o acompanhamento da coordenação de cada curso envolvido.

c) Terceira fase: coleta e análise de dados para conclusão.

O questionário no. 01, para professores, conteve uma parte para identificação

do curso que o entrevistado leciona, e a área de formação na graduação e pós-

graduação. Na outra parte constaram questões abertas. O questionário no. 02, foi

elaborado e distribuído para os alunos do último período de graduação em Engenharia

Ambiental e Enfermagem também com questões abertas. Os questionários em referência

estão no anexo I da presente.

Ressalte-se, ainda, que o objetivo desta pesquisa não foi, em momento

algum, o de avaliar o desempenho de professores e alunos durante o desenvolvimento

da disciplina, bem como interferir ou modificar o andamento das aulas.

A idéia foi, a partir dos dados coletados, analisar e consequentemente trazer

à baila sugestões, caso sejam necessárias, no sentido de aprimorar a aplicabilidade da

Educação Ambiental no Ensino Superior desta I.E.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa realizada indicam que há muito trabalho a ser feito

no sentido de levar uma educação ambiental dinâmica e profunda aos alunos de

graduação de nossa Instituição.

As respostas do questionário indicam ainda, que os alunos da graduação têm

a mesma dificuldade que a população em geral encontra em definir conceitos e pré-

conceitos relacionados ao meio ambiente. A seguir alguns comentários sobre a

pesquisa:

Na pesquisa junto ao alunado, em algumas das perguntas, foi exigido o

conhecimento básico sobre alguns dos conceitos mais elementares acerca do meio

ambiente, tais como a definição de meio ambiente, dimensão ambiental, educação

ambiental, dentre outras, e o que se viu foi uma série de respostas que sugerem a

necessidade de se promover um trabalho mais aprofundado no ensino e na formação

dos profissionais da área.

É certo que ficou demonstrado que uma boa parte destes alunos continuam

presos à armadilha paradigmática, ou seja, ainda associam a E.A. a um desvio de

comportamento, estando a mesma ligada tão simplesmente a atos individuais de

agressão ao meio ambiente.

Como já citado, é certo que tais atos devem ser objeto de reflexão e

corrigidos através da praxis educacional, porém, não há dúvidas que o estes alunos já

deveriam ter percebido que muito mais há para se pensar e fazer quando se trata de

educação e meio ambiente.

O que parece, é que os alunos ainda não atingiram um nível cognitivo que

sirva para que os mesmos possam se conscientizar e promover uma ruptura com os

paradigmas atuais desencadeando uma nova ordem social, desta vez com base no

respeito à coletividade, consumo consciente, hábitos cotidianos, dentre outros que

possam modificar o estilo de vida humano.

Em outras perguntas foi pedido a opinião dos estudantes, bem como

sugestões no sentido de incrementar a E.A. na instituição. Há que se destacar que a

armadilha paradigmática ficou diagnosticada na pesquisa, pois muitos dos

entrevistados ainda acreditam na falsa idéia de que educação ambiental seria apenas

uma questão de desvio comportamental.

Quanto á pesquisa realizada junto ao corpo docente, esta evidenciou que há

ainda um longo caminho a se percorrer, eis que algumas das repostas levam a crer que

há uma falta de conhecimento mais aprofundado acerca do tema. Dentre outras

repostas há que se destacar que, de início, a maioria dos profissionais participantes

afirmou que não aplica a E.A. em suas disciplinas alegando incompatibilidade sobre os

assuntos, um desafio à parte a ser superado. Estes dados servem de alerta, pois

demonstram que não estamos dando a devida atenção à questão da práxis

interdisciplinar, conforme dispõem os resultados a seguir apresentados.

5.1.1 GRÁFICOS DE RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AO

CORPO DiSCENTE:

a )O que você entende por meio ambiente?

b) O que entende por dimensão ambiental?

c) Para você, o que é educação ambiental?

d) Você sabia que o Brasil possui uma Política Nacional de Educação

Ambiental?

e) É importante a Educação Ambiental nos cursos de

enfermagem/Engenharia Ambiental?

f) Na sua graduação você teve (in) formação em temas ambientais?

g) O que você acha que a sua universidade poderia fazer para contribuir na

formação de cidadãos mais responsáveis ambientalmente?

5.1.2 GRÁFICOS DE RESULTADO DO QUESTIONÁRIO APLICADO AO

CORPO DOCENTE:

a) Você, na sua disciplina, aplica a dimensão ambiental? Se não, por quê?

b) Para você, o que é educação ambiental?

c) Você sabia que o Brasil possui uma Política Nacional de Educação

Ambiental?

d) Independente do aspecto transversal no ensino da Educação Ambiental,

você acha importante existir uma disciplina específica de E.A. nos cursos de

Enfermagem/Engenharia Ambiental?

e) Na sua graduação você teve (in) formação sobre a Lei 9.795/99 (Lei da

E.A.)?

f) O que você acha que a universidade poderia fazer para contribuir na

formação de cidadãos mais responsáveis ambientalmente?

g) Você participa ou participou de algum curso de aperfeiçoamento na área

ambiental?

Há que se destacar que tanto na pesquisa dos alunos, quanto na realizada

junto ao corpo docente, ficou evidenciado que ainda há muito que se abordar em

relação ao assunto meio ambiente, educação ambiental e sustentabilidade.

Pelas respostas apresentadas na pesquisa, a armadilha paradigmática está

ainda, muito presente e deve-se pensar seriamente em tentar buscar um maior

esclarecimento sobre a E.A. aos acadêmicos em todas as suas nuances.

No que concerne à pesquisa com o alunado, depreende-as da mesma que

seria muito mais razoável se a Educação Ambiental fosse aplicada em sala de aula, bi

dimensionalmente, ou seja, através de duas frentes: Uma de origem transversal,

aplicada em projetos interdisciplinares, dentro das mais variadas disciplinas dos cursos,

ou seja, no estilo cada professor cumprindo seu quinhão sobre o tema meio ambiente e

sustentabilidade, levando sempre à reflexão e análise dos fatos relacionados ao tema

em questão e outra, através de uma disciplina específica de E.A. nos referidos cursos,

que trabalhasse a praxis de Educação Ambiental crítica, mais aprofundada e dentro de

várias contextualizações, no âmbito filosófico, social, econômico e legal, pois a carência

de reflexão sobre a matéria é patente.

Parece que, a solução está na aplicação destes dois caminhos, que ao final

se juntam numa grande via com destino certo a uma consciência maior e mais

equilibrada das questões ambientais. A E.A. necessita utilizar de todas as suas armas

em prol do conhecimento, da reflexão e do despertar de uma nova conscientização

coletiva que traga um maior equilíbrio à nossa sociedade.

Aprofundar o ensino não traz consigo mal nenhum ao alunado. Pelo contrário:

os ganhos com uma disciplina específica de E.A., traria ao tema inúmeros fatores que

contribuiriam de forma inequívoca para um maior esclarecimento sobre o assunto,

lembrando que a fixação de uma consciência mais forte em cada aluno, seja ele uma

criança, um adolescente ou mesmo já adulto, poderá mudar a configuração de uma

sociedade eminentemente capitalista.

Trabalhar com uma disciplina específica de E.A. não significa em hipótese

nenhuma, extinguir a transversalidade ou a interdisciplinaridade tão importante que se

tem hoje nas escolas do Brasil. Significa acima de tudo, buscar e utilizar “todas as

armas” na batalha contra a desinformação, contra a omissão e contra a comodidade

que muitas das vezes se instala na sala de aula.

No tocante ao corpo docente, também ficou demonstrado que há uma

ausência de aprofundamento no que diz respeito à matéria focada, pois muito embora

haja conhecimento razoável sobre a maioria dos temas indagados, restou comprovado

que há ainda, um grande percentual de profissionais que desconhece temas básicos da

E.A.. A presente pesquisa então, serve como um alerta, uma sinalização no sentido de

que se promova dentro da instituição, uma política específica de formação e atualização

destes profissionais, bem como seminários e eventos sobre o tema para que possa

haver um maior apoio aos profissionais da área.

6 O PRODUTO

Diante de todas as dúvidas e sugestões constatadas através dos resultados

da pesquisa em destaque, optou-se pela elaboração de uma cartilha contendo os

principais esclarecimentos sobre o tema Educação Ambiental, no intuito de poder

elucidar as principais questões referentes ao tema, bem como poder trazer uma nova e

mais contextualizada visão sobre o conceito da E.A., além dos principais conflitos

relacionados às questões ambientais.

Neste sentido, a acessibilidade eletrônica deste produto se tornou a opção

mais adequada, posto que desta forma a sua divulgação se fará multiplicada entre

alunos, professores, funcionários do UniFOA, podendo ainda, caso seja conveniente,

estar disponível para os visitantes do site eletrônico do centro universitário.

Em anexo, apresentamos a cartilha eletrônica impressa na sua íntegra, bem

como o glossário que a acompanha.

7 CONCLUSÃO

O presente projeto demonstrou como a Educação Ambiental, vem sendo

apresentada para a formação dos acadêmicos nos cursos de Enfermagem e

Engenharia Ambiental do UniFOA, bem como também situou a todos, o que vem

sendo trabalhado pelo corpo docente sobre o tema.

Os resultados apresentaram de forma precisa que ainda há muito a ser feito

em relação ao ensino de E.A. nas escolas e universidades.

O impacto do crescimento populacional, do consumo de recursos naturais, e

o crescimento urbano desorganizado dos grandes centros, aliado à necessidade de se

preservar o patrimônio ambiental na sociedade atual, e seus possíveis reflexos para as

futuras gerações, tem feito com que estas questões se transformassem em problemas

de todos nós e a tornasse uma questão global.

É cada vez mais imperativo que haja uma participação social maior nas

decisões políticas que envolvam estas questões. E mesmo nas ações promovidas por

indivíduos ou grupo de indivíduos que venham destarte ferir estes princípios haverá

sempre a necessidade de se recorrer ao poder público ou ao judiciário a fim de se

garantir a preservação dos interesses coletivos, quer seja na tutela ambiental, quer seja

nas questões que ameacem a saúde da população de uma determinada área. Para que

isso ocorra, a formação acadêmica deste cidadão é primordial e deve ser tratada com

toda a atenção.

Necessário se faz o debate de todos os setores da sociedade civil, para que

no emergente estágio de desenvolvimento nacional e sob os riscos que despontam na

sociedade moderna, os cidadãos intensifiquem sua participação, sempre de forma

ativa, ajudando na construção da evolução social histórica que ocorre a todo tempo,

seja na sua cidade, no seu Estado ou em favor de seu país, reivindicando e protegendo

seus direitos, exigindo um comportamento preventivo do Estado, fundado no interesse

coletivo, no intuito de impugnar atos e ações no exercício da gestão pública e também

na esfera privada, que inquinem a causar danos ambientais e à saúde da população.

Como participantes da sociedade, os cidadãos são os guardiões e

defensores do Estado Democrático de Direito e do meio ambiente e devem estar aptos,

através de uma consciência ativa e dinâmica na fiscalização e controle das ações

humanas que impliquem na alteração do patrimônio ambiental e na defesa da saúde da

população, como benefício direto à presente e às futuras gerações.

Cada professor, seja qual for a disciplina que ministra, pode e deve aplicar

parte de seu conteúdo pedagógico enfocando o ensino da E.A.. Cabe a cada um de

nós, trabalhar por uma sociedade mais participativa e desatar as incompatibilidades

anteriormente fixadas no nosso aprendizado para que possamos entender que a E.A.

está relacionada com todo o tipo de conhecimento que disponibilizamos e pode sim, ser

inserida em qualquer tipo de assunto que ensinamos em sala de aula. Devemos estar

aptos, através de uma consciência ativa e dinâmica, a utilizar as ferramentas

disponíveis na esfera pedagógica, para conscientizar nosso alunos a lutar contra um

modus vivendi que implique na ameaça ao nosso patrimônio ambiental e na defesa da

saúde da população, como benefício direto à presente e às futuras gerações.

No tocante ao corpo docente, é dever da instituição – e isso deve fazer parte

da sua política de gestão – atender à demanda de informação a estes profissionais no

sentido de promover e trabalhar os temas atuais que hoje inserem a Educação

Ambiental, a sustentabilidade, o consumo consciente dentre outras abordagens, no

cenário nacional e mundial. A educação Ambiental talvez seja a única forma concreta

de prevenção contra as agressões da interferência humana ao meio ambiente razão

pela qual devemos a todo custo praticá-la de forma habitual e reflexiva, pois não

teremos uma segunda chance para fazê-lo.

Uma sugestão para incrementar a reflexão sobre a E.A. na prática diária dos

profissionais de ensino, seria a criação de uma cartilha eletrônica com uma abordagem

sucinta sobre o tema, a ser disponibilizada ao corpo docente da instituição,

acompanhado de uma campanha institucional dividida em várias etapas sobre os mais

diversos temas ambientais, sempre indagando ao educador se está havendo a referida

abordagem sobre os desafios ambientais hoje existentes.

Devemos ainda, unir e estimular, acadêmicos e professores, a um

aprendizado participativo, recíproco, dividindo idéias e experiências, que vise uma

reflexão dos problemas ligados à saúde e ao meio ambiente, os quais a sociedade hoje

é obrigada a enfrentar. Mais ainda: a reflexão tem que passar por uma análise mais

profunda ainda, no que concerne aos problemas ambientais futuros que vamos

enfrentar nas próximas décadas.

Participar deste desafiante processo de aprendizado significa formar

profissionais que entendam o valor real da cidadania e dos direitos da coletividade, para

que tais conceitos sejam aplicados no exercício da profissão objetivando um bem maior

comum, sustentabilidade para a sociedade humana e, consequentemente, um futuro

viável para as próximas gerações.

7 REFERÊNCIAS

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ANEXO I

QUESTIONÁRIO Nº 01

a )O que você entende por meio ambiente?

b) Você, na sua disciplina, aplica a dimensão ambiental? Se sim,

exemplifique.

c) Para você, o que é educação ambiental?

d)O que entende por Política Nacional de Educação Ambiental? Se sim, como

ficou sabendo?

e) Qual a importância da Educação Ambiental nos cursos de

engenharia/enfermagem?

f) Você já teve, no passado,alguma (in) formação em temas ambientais?

Quais?

g) O que você acha que a universidade poderia fazer para contribuir na

formação de cidadãos mais responsáveis ambientalmente? E você enquanto aluno?

h) Você participa ou participou de algum curso de aperfeiçoamento na área

ambiental?

ANEXO II

QUESTIONÁRIO Nº 02

a )\O que você entende por meio ambiente?

b) O que entende por dimensão ambiental?

c) Para você, o que é educação ambiental?

d)O que entende por Política Nacional de Educação Ambiental? Se sim, como

ficou sabendo?

e) Qual a importância da Educação Ambiental nos cursos de

engenharia/enfermagem?

f) Você já teve, no passado, alguma (in) formação em temas ambientais?

Quais?

g) O que você acha que a universidade poderia fazer para contribuir na

formação de cidadãos mais responsáveis ambientalmente? E você enquanto aluno?

h) Você participa ou participou de algum curso de extensão ou atividade extra

classe na área ambiental? Se positiva a resposta, indique quais.

ANEXO III

Cartilha eletrônica impressa