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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ
CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES
DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA
ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE
AURISTELA ALBUQUERQUE DE ARAÚJO
REESTRUTURAÇÃO DOS PROCESSOS
ADMINISTRATIVOS REFERENTES AOS AFASTAMENTOS
PARA ESTUDOS E EVENTOS CIENTÌFICOS DA
SECRETARIA DE SAÚDE DO RECIFE
RECIFE
2015
1
AURISTELA ALBUQUERQUE DE ARAÚJO
REESTRUTURAÇÃO DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS REFERENTES AOS
AFASTAMENTOS PARA ESTUDOS E EVENTOS CIENTÌFICOS DA SECRETARIA
DE SAÚDE DO RECIFE
Monografia apresentada ao Curso de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do título de especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde.
Orientadora: Profa. Msc. Juliana Dantas Torres Ribeiro
RECIFE
2015
2
Catalogação na fonte: Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães
A663r
Araújo, Auristela Albuquerque de.
Reestruturação dos processos administrativos referentes aos afastamentos para estudos e eventos científicos da Secretaria de Saúde do Recife/ Auristela Albuquerque de Araújo. — Recife: [s. n.], 2016.
39 f.: il. Monografia (Especialização em Gestão do Trabalho e da
Educação em Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz.
Orientadora: Juliana Dantas Torres Ribeiro. 1. Comunicação para Apreensão de Informação. 2. Fluxo de
Trabalho. 3. Serviços de Informação. 4. Organização e Administração. I. Ribeiro, Juliana Dantas Torres. II. Título.
CDU 316.77
3
AURISTELA ALBUQUERQUE DE ARAÚJO
REESTRUTURAÇÃO DOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS REFERENTES AOS
AFASTAMENTOS PARA ESTUDOS E EVENTOS CIENTÌFICOS DA SECRETARIA
DE SAÚDE DO RECIFE
Monografia apresentada ao Curso de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde do Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, para obtenção do título de especialista em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde.
.
Aprovada em: 04 de fevereiro de 2016.
BANCA EXAMINADORA
Profª. Drª. Idê Gomes Dantas Gurgel
CPqAM/Fiocruz/PE
MSc. Juliana Dantas Torres Ribeiro
SESAU Recife/PE
A Deus, que me encoraja, ilumina meus caminhos e me propõe um mundo de
possibilidades.
Ao meu filho querido, que revigora minha alma a cada amanhecer.
A Juliana Ribeiro e Fernando Gusmão por permitirem participar e finalizar este
curso, e aos colegas de trabalho, que participaram desta minha caminhada.
A todos que ajudaram nos Enlaces contribuindo na elaboração do TCC.
AGRADECIMENTOS
A Deus.
Agradeço a minha orientadora Juliana Dantas Ribeiro pelo incentivo, suporte,
emprenho à elaboração deste trabalho, força, dedicação e carinho.
A Elaine e Camilo pelo incentivo e força.
A Juliana Rozal que participou na construção deste trabalho.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, a minha
gratidão.
ARAÚJO, Auristela Albuquerque de. Reestruturação dos Processos Administrativos referentes aos afastamentos para estudo e eventos científicos da Secretaria de Saúde do Recife. 2015. Monografia (Especialização em Gestão do Trabalho e Educação em Saúde) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2015.
RESUMO
Um dos temas mais controvertidos no campo da administração pública em saúde é o concernente à relação entre política e administração. Em geral, as discussões a respeito centram-se no estudo dos determinantes macroestruturais que definem a saúde das pessoas, limitam-se a aspectos descritivos dos processos decisórios e administrativos a que as políticas dão lugar na fase de sua implementação, ou ainda restringem-se as questões pertinentes as causas que produzem saúde ou doença. O presente projeto de intervenção tem como objetivo, propor e executar de forma viável, os fluxos de solicitações de afastamento para eventos diversos, afim de melhorar o processo de trabalho dos profissionais de saúde que buscam um crescimento profissional, através da revisão de fluxos e processos e elaboração de instrumentos que auxiliem na mudança da prática.
Palavras Chaves: Comunicação para Apreensão de Informação. Fluxo de Trabalho.
Serviços de Informação.
ARAÚJO, Auristela Albuquerque de. Restructuring of administrative proceedings relating to absences for study and scientific events of the Recife Health Department. 2015. Monograph (Specialization in Labor Management and Health Education) – Departamento de Saúde Coletiva, Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2015.
ABSTRACT
One of the most controversial issues in the field of public administration in health is concerning the relationship between politics and administration. In general discussions about focusing on the study of macro-structural determinants that determine people's health , are limited to descriptive aspects of decision-making and administrative processes that give way policies at the stage of its implementation , or are restricted issues relevant to the determinants of health and disease . This intervention project aims to propose and execute viable, the removal requests flows for various events in order to improve the work process of health professionals who seek a professional growth by reviewing flows and processes and developing tools to assist in the practical change .
Keywords: Teach-Back Communication. Workflow. Information Services.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Organograma da SESAU – Recife, 2015.......................................13
Figura 2 - Organograma da SEGTES – Recife, 2015.....................................14
Figura 3 - Organograma da UFES - SEGTES – Recife, 2015........................15
Gráfico 1 – Percentual de Solicitações da DES, 2014....….............................17
Gráfico 2 – Percentual de Solicitações da DES, 2015…….............................18
Quadro 1 - Padronização do Banco de Dados................................................24
Quadro 2 - Análise das informações................................................................25
Quadro 3 - Analisar o Requerimento Padrão...................................................25
Quadro 4 - Elaborar cartilha informativa sobre Fluxos e Processos................26
Quadro 5 - Publicizar informações no site www.susrecife.com.br...................26
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CAPs Caixa de Aposentadoria e Pensões
CAPS Centro de Atenção Psicossocial
CNS Conselho Nacional de Saúde
DDGTES Divisão Distrital de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
DES Divisão de Educação na Saúde
DFP Divisão de Formação Profissional
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Secretaria Índice de Desenvolvimento Humano
NAPI Núcleos de Apoio a Práticas Integradas
NASF Núcleos de Apoio à Saúde da Família
ONU Organizações das Nações Unidas
PAC Polos de Academia da Cidade
PMS Plano Municipal de Saúde
PSF Programa de Saúde da Família
R.P. Requerimento Padrão
RAPS Rede de Atenção Psicossocial
RPA Regiões Político-Administrativas
SAMU Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
SEAF Secretaria Executiva de Administração e Finanças
SEAS Secretarias Executivas de Atenção à Saúde
SECG Secretarias Executivas de Coordenação Geral
SEGTES Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
SASAU Secretaria de Saúde
SEVS Secretarias Executivas de Vigilância à Saúde
SUS Sistema Único de Saúde
UFES Unidade de Formação e Educação na Saúde
UPA Unidade de Pronto Atendimento
USF Unidades de Saúde da Família
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO 19
2.1 Mapeando os processos para qualificar a realização do trabalho 19
2.2 A padronização dos fluxos e processos como ferramenta de
organização do processo de trabalho
21
2.3 Por que publicizar as informações? 23
3 OBJETIVOS 29
3.1 Objetivo Geral 29
3.2 Objetivos Específicos 29
4 EIXOS DE INTERVENÇÃO E DIRETRIZES 30
5 METAS, ESTRATÉGIAS E CRONOGRAMA 31
6 RECURSOS HUMANOS 33
7 ORÇAMENTO 34
8 FONTE DE FINANCIAMENTO 35
REFERÊNCIAS 37
APÊNDICE A - ANEXO COMPLEMENTAR AO REQUERIMENTO PADRÃO
39
11
1 INTRODUÇÃO
Um dos temas mais controvertidos no campo da administração pública em
saúde é o concernente à relação entre política e administração. Em geral, as
abordagens a respeito centram-se no estudo dos determinantes macroestruturais
relativos à construção e fortalecimento das políticas públicas, ou limitam-se a aspectos
descritivos dos processos decisórios e administrativos a que as políticas dão lugar na
fase de sua implementação (LABRA, 1988).
A dicotomização desses dois enfoques tem levado com frequência a
diagnósticos institucionais que relegam a segundo plano o fato de que a administração
é um efeito da política e que os problemas administrativos decorrem principalmente
da forma como as políticas foram-se configurando e concretizando ao longo do tempo
(LABRA, 1988).
Essa contradição, também inerente ao Sistema Único de Saúde Brasileiro,
constata-se no seio do próprio movimento que o criou, em que se observa
necessidade de lutas que garantam algum tipo de direito, como no empenho da cura
de determinadas doenças, emergindo a vontade de implementar uma Política de
Saúde que seja integral, universal, e capaz de dar conta de uma dívida histórica com
a população do país.
Nesse sentido o SUS tem avançado historicamente, abrangendo desde o
simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos. Para isso, tendo como
mote a municipalização e a descentralização das ações de saúde foi necessária a
ampliação do número de trabalhadores que atuam nesse setor, como forma de
qualificar o cuidado e ampliar o acesso aos serviços e ações de saúde.
Além da ampliação quantitativa da força de trabalho em saúde, todo esse rol
de atividades inerentes ao SUS enfatiza a necessidade de pensar a indissociabilidade
entre atenção e gestão e a partir dessa premissa, reorganizar as estruturas
administrativas de forma a garantir o direito à saúde em sua plenitude.
Contudo, essas estruturas a que nos referimos não são apenas as das
unidades e serviços de saúde, mas também as estruturas de gestão que coordenam
e produzem as políticas públicas, e também as estruturas que fazem a gestão do
trabalho em saúde, através do acompanhamento da vida funcional do trabalhador, a
exemplo da Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde
(SEGTES), que compõe a estrutura organizacional da Secretaria de Saúde do Recife
12
(SESAU Recife), como demonstrado na figura a seguir:
Figura 1 – Organograma da SESAU Recife
Fonte: Recife (2015).
A SEGTES, que é a Secretaria Executiva responsável pelo gerenciamento,
identificação das necessidades de informação e acompanhamento das atividades
relativas à gestão do trabalho, integração entre as áreas de Saúde e Educação,
visando fortalecer a formação e qualificação dos trabalhadores do SUS. Além disso,
também promove a ordenação da formação de recursos humanos, elabora e propõe
políticas de formação e desenvolvimento profissional na área da saúde, em
consonância com o preconizado pela Constituição Federal de 1988.
A referida Secretaria está dividida em duas Unidades Estratégicas: a Unidade
de Gestão do Trabalho na Saúde (UGTS) e a Unidade de Formação e Educação na
Saúde (UFES), das quais são compostas por divisões correspondentes conforme
apresentado na figura 2:
13
Figura 2 – Organograma da SEGTES
Fonte: Recife (2015).
O presente Projeto de Intervenção será desenvolvido na Divisão de Educação
na Saúde (DES), que compõe, conjuntamente à Divisão de Formação Profissional
(DFP), a Unidade de Formação e Educação na Saúde, conforme demonstrado na
figura 1.
A DFP é a divisão responsável pelas articulações entre a SESAU Recife e as
Instituições de Ensino, em todos os assuntos que se referem a oferta de estágios e à
implementação da Política de Formação e Incentivo à Preceptoria municipal.
Já a DES, formada pelos setores de Educação Permanente e de Projeto de
Pesquisa e Extensão e por um Apoio Técnico Administrativo, é responsável por todas
as atividades que referem-se à qualificação dos servidores e gestores que compõe o
quadro de profissionais da SESAU Recife que vão desde a realização,
acompanhamento e articulação de processos formativos, até a liberação de licenças
e afastamentos para participação em cursos e eventos ofertados ou não pelo próprio
município.
A estrutura organizacional da DES está representada na figura 03:
14
Figura 3 – Organograma da UFES
Fonte: Recife (2015).
Segue abaixo a descrição detalhada das distribuições e atividades que são
desenvolvidas pelos profissionais que atuam na Divisão de Educação na Saúde:
a) Setor de Educação Permanente:
Acompanhar a realização de cursos para qualificação dos trabalhadores da saúde;
Subsidiar informações para a DES sobre as solicitações de ajuda de custo para
eventos de educação permanente;
Subsidiar as informações para a DES sobre solicitações de licenças para estudo;
Solicitar pagamentos de instrutória;
Mapear e divulgar cursos, congressos e outros eventos oferecidos por instituições
parceiras;
Elaborar relatórios de participações de servidores em atividades de educação
permanente;
Acompanhar o Plano Anual de Educação Permanente.
b) Setor de Projetos de Pesquisa e Extensão:
Receber pessoalmente formulário do projeto pesquisa e por e-mail o projeto
pesquisa e formulário;
Enviar estas o projeto pesquisa e formulário para o local de pesquisa;
Acompanhar este prazo resposta do local de pesquisa;
Elaborar a carta de anuência;
Apoio Administrativo
Projeto Pesquisa e Extensão
Educação Permanente
DES DFP
UFES
15
Elaborar CI de coleta após aval do comitê de ética;
Alimentar planilha com as informações do solicitante.
Além dos Setores também compõe a DES o Apoio Técnico Administrativo, que
dá suporte aos dois setores e à Chefia da Divisão, tendo como responsabilidade
prioritária, participar diretamente e indiretamente das necessidades de educação
permanente dos servidores junto a esta secretaria realizando todos os processos e
fluxos relativos à documentação para licenças e afastamentos.
De forma mais descritiva, podemos destacar como papel do Apoio Técnico, as
seguintes atividades:
a) Protocolar toda documentação recebida e expedida;
b) Elaborar as Comunicações Internas (CI);
c) Elaborar Ofícios de afastamento;
d) Elaborar Portaria de afastamento;
e) Elaborar CI’s de encaminhamento para Ofício de afastamento;
f) Elaborar Laudas de despachos;
g) Elaborar consolidado das frequências mensais;
h) Acompanhar a publicação dos Ofícios de afastamento no Diário Oficial do
Município; e
i) Arquivamento.
Embora sejam atividades rotineiras, comuns aos setores da Administração
Pública de uma forma em geral - atividades de expedição, protocolo e arquivamento
– temos observado que essa atividade é de vital importância para a Divisão, uma vez
que permite a comunicação entre processos para emitir e receber dados e agilizar o
processo de trabalho interno, mas, sobretudo para dar agilidade aos
encaminhamentos, valorizando a demanda vinda do trabalhador/servidor.
O presente Projeto de Intervenção tem como objeto de estudo esses processos
que são desenvolvidos pelo Setor de Educação Permanente, com o Apoio Técnico
Administrativo, no que se refere à liberação de licenças e afastamentos para
participação em cursos e eventos ofertados ou não pelo próprio município.
Sendo assim, essa intervenção se faz necessária uma vez que anualmente a
SEGTES recebe grande volume de solicitações de licenças para estudo e
16
afastamentos para eventos diversos, que precisam de respostas ágeis, para que seja
possível atender adequadamente aos requerimentos dos servidores.
No ano de 2014, a DES registrou 789 documentos, dentre os quais 460 (58%)
foram solicitados através de Requerimento Padrão (RP) e 329 (42%) referem-se a
documentações diversas.
Estes 58% correspondentes as solicitações via RP são divididas por
categorias, conforme demonstra o gráfico abaixo:
Gráfico 1 – Percentual de solicitações na DES, 2014
Fonte: Recife (2015).
Já em 2015, até o mês de outubro, a DES recebeu 439 documentações, sendo
316 (72%) referentes a solicitações via RP e 123 (28%) equivalentes a documentos
diversos1, conforme gráfico abaixo:
1 Os diversos referem-se a todas as documentações que não são realizadas via RP: ofícios, CI’s,
Laudas de Despachos e Documentos sem número.
17
Gráfico 2 – Percentual de solicitações na DES, 2015*
Fonte: Recife (2015). Nota: *Dados até outubro de 20152.
As liberações de afastamento citadas nos gráficos 1 e 2, somente podem ser
solicitadas por meio do RP, por ser um documento único preconizado para toda a
Prefeitura da Cidade do Recife (PCR), sendo este instrumento o de maior utilização
na DES.
Constata-se que a maioria destes requerimentos chegam ao Setor de
Educação Permanente com o preenchimento incorreto, havendo a constante
necessidade de que os mesmos sejam devolvidos aos seus serviços de origem para
correções, o que acarreta em acúmulos desnecessários de trabalho, além de
prejudicar os servidores no que se refere as suas solicitações gerando atraso dos
prazos estabelecidos.
E é neste contexto que se insere o objeto de intervenção do projeto, que tem o
2 O levantamento referente aos dados de 2015, para esse plano de intervenção, foi realizado no mês
de Outubro/2015.
18
intuito de qualificar a informação produzida através das atividades desenvolvidas pelo
apoio técnico, realizando a padronização dos instrumentos utilizados pelo setor e
divulgando as informações necessárias aos trabalhadores da Rede de Atenção a
Saúde do Recife, de forma a promover a eficiência e agilidade nas respostas
produzidas.
19
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Mapeando os processos para qualificar a realização do trabalho
Segundo Davenport (1994), os processos são uma ordenação específica das
atividades de trabalho no tempo e no espaço, como começo e fim claramente
identificados, que conformam uma estrutura concebida para a ação. Em outras
palavras são um conjunto de atividades organizadas que viabilizam todo o trabalho
organizacional, cujo objetivo é produzir um determinado produto.
Do ponto de vista de Marx (1994 apud PEDUZZI; SCHRAIBER, 2015), no
processo de trabalho, a atividade do homem opera uma transformação no objeto
sobre o qual ele atua e essa transformação tem um objetivo específico. Dessa forma,
podemos compreender que os três elementos compõem o processo de trabalho são:
o próprio trabalho, o objeto a que se aplica o trabalho, e os instrumentos que são
utilizados para a execução do trabalho.
Mendes Gonçalves (1979, 1992 apud PEDUZZI; SCHRAIBER, 2015) analisa,
além dos elementos citados por Marx, outros componentes, que são a finalidade e os
agentes que irão executar a ação, e destaca a importância de que esses elementos
sejam examinados de forma articulada e não em separado, pois somente na sua
relação recíproca configuram um dado processo de trabalho específico, ou seja, é por
meio da presença e ação do agente do trabalho que é possível o processo de trabalho
e consequentemente a dinâmica entre objeto, instrumentos e atividades (PEDUZZI,
1998 apud PEDUZZI; SCHRAIBER, 2015).
Como já vimos, no campo da saúde o objeto de trabalho reconhecido são as
necessidades de saúde da população, podendo estar relacionado tanto a aspectos
estruturais como os relativos aos agentes e sujeitos da ação, pois é nesta dinâmica
que se configuram os processos de trabalho no setor (PEDUZZI; SCHRAIBER, 2015).
Além dessas questões, outras mais atuais permeiam o mundo do trabalho em
saúde, como: a crescente incorporação tecnológica, o desemprego estrutural, a
flexibilização e precarização do trabalho, entre outros fenômenos que ocorrem no
mundo do trabalho em geral e se reproduzem no campo da saúde com algumas
especificidades (ANTUNES, 2005; NOGUEIRA; BARALDI; PEDUZZI, 2003;
RODRIGUES, 2004).
São temáticas que, conjuntamente ao tema da formação em saúde, permeiam
20
as discussões voltadas para a força do trabalho em saúde. Nesse contexto, não
podemos deixar de mencionar a importância de fazermos a discussão sobre a
Educação Permanente como uma importante ferramenta capaz de provocar
mudanças de atitudes e/ou comportamento a partir da aquisição de novos
conhecimentos, conceitos e atitudes, tornando-se um meio de transformar as práticas
educativas da formação, da atenção, da gestão, de formação de políticas, de
participação popular e de controle social no setor de saúde (AMTHAUER, 2012).
A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde objetiva a
transformação das práticas profissionais e da própria organização do trabalho,
tomando, como referência, as necessidades de saúde das populações e a
organização da gestão setorial (BRASIL, 2007). Ao mesmo tempo, possibilita o
desenvolvimento dos trabalhadores da saúde, das instituições e, consequentemente,
da qualidade da assistência prestada aos usuários.
Então pensar o mapeamento desses processos administrativos é mapear quais
são as atividades desenvolvidas pelos setores e serviços, refletindo sobre os meios
utilizados para alcançar determinados objetivos, a partir da ação de um trabalhador.
O intuito de mapear os processos, portanto, é garantir que cada setor institucional
tenha a sua eficiência e eficácia alcançadas em sua magnitude.
Só assim é possível ter uma visão ampla, legítima e atual das potencialidades
e fraquezas do setor, (re)elaborando os processos de forma a garantir o melhor
desempenho da instituição.
Embora a maioria dos autores (AYRES, 2002; MENDES GONÇALVES, 1992;
MERHY, 1997) se refiram ao processo de trabalho em saúde, como sendo o trabalho
desenvolvido pelos trabalhadores da área, nos serviços de saúde, com vistas a ofertar
um cuidado integral, universal e de qualidade, os processos de trabalho que nos
interessam nesse Projeto de Intervenção, são os processo administrativos
desenvolvidos pela Divisão de Educação em Saúde, como já mencionado na
introdução.
São processos que têm uma ligação direta com o trabalhador em saúde, que
em busca de melhorar a sua prática profissional, buscam a qualificação e a formação
em saúde, como meio de suprir algumas lacunas deixadas pelas formações
acadêmicas e reforçadas pelos entraves encontrados no dia a dia do cotidiano do
trabalho.
21
Tomando emprestada o princípio da Política Nacional de Humanização (PNH)
de que há uma indissociabilidade entre atenção e gestão, entendemos que pensar a
organização desses fluxos e processos que chegam à DES por meio das solicitações
feitas pelos servidores, teria como objetivo ajudar na articulação de arranjos, pactos e
ações concretas, capazes de viabilizar mudanças na gestão, indispensáveis para que
haja também mudanças nos modos de atenção (CAMPOS, 2003). Entendendo, no
entanto, que a gestão de que falamos não se refere à gestão das práticas nos serviços
de saúde, mas à gestão dos processos de liberação dos servidores para estudo e
participação de eventos científicos, processos esses que são cogeridos pela
Secretaria Executiva de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde.
Como podemos perceber, portanto, esse mapeamento permitirá entender de
forma clara e objetiva as atividades desempenhadas pelo Setor de Educação
Permanente com o Apoio Técnico Administrativo, de forma a identificar as
dificuldades, reavaliar os fluxos, tornar o setor mais eficiente e aperfeiçoar os
processos.
Por fim, entendendo que, como afirma Hammer (1998), aperfeiçoar um
processo não implica, necessariamente, em aumento de trabalho, mas sim na
eliminação de atividades que não tenham um sentido em si, na remoção de obstáculos
que impedem o bom desempenho, na realização do trabalho de maneira mais fácil e
eficiente, sem cometer erros e o entendimento do processo e suas saídas.
2.2 A padronização dos fluxos, instrumentos e dados como ferramenta de
organização do processo de trabalho
A partir do mapeamento dos processos é importante proceder à padronização
dos fluxos, instrumentos e dados disponíveis, de forma a qualificar o processo de
trabalho.
A padronização é uma técnica que visa reduzir a variabilidade dos processos
de trabalho sem prejudicar sua flexibilidade. Destina-se a definir os objetivos, os meios
para alcançá-los e a maneira como avaliar se os resultados encontrados estão de
acordo com o esperado (IZI – QUALIDADE E CONSULTORIA, 2015).
É importante destacar que essa ação não tem apenas como objetivo a
eliminação de desperdícios e retrabalhos, ou a minimização de informações
necessárias para a realização das atividades que compõem o processo (GALBRAITH,
22
1995 apud FREITAS; GUARESCHI, 2012), mas principalmente a garantia de que as
necessidades dos trabalhadores/solicitantes serão atendidas em tempo hábil. É uma
forma de reduzir a burocracia em excesso e o desperdício de capital intelectual, uma
vez que o tempo gasto com tarefas rotineiras é diminuído.
Os benefícios da padronização podem ser:
a) Qualitativos, que permitem:
utilizar adequadamente os recursos;
uniformizar os resultados;
registrar o conhecimento tecnológico, e
facilitar a identificação das demandas do setor.
b) Quantitativos, que permitem:
reduzir o consumo de materiais;
reduzir o desperdício;
padronizar componentes;
padronizar equipamentos;
reduzir a variedade de produtos;
aumentar a produtividade;
melhorar a qualidade, e
controlar processos.
Após o mapeamento dos processos e compreensão dos benefícios que podem
ser incorporados ao setor, entendemos que será preciso redesenhar os processos e
produzir instrumentos que sejam capazes de publicizar e compartilhar as mudanças
propostas a todos os setores da Secretaria de Saúde do Recife, que demandam à
SEGTES, as solicitações que são objetos desse projeto de intervenção. É necessário
não perder de vista a importância desses instrumentos serem produzidos
considerando as impressões daqueles que lidam diariamente com essas demandas,
que não são apenas os profissionais que atuam na estrutura da SEGTES.
A atitude de construir um instrumento de maneira coletiva, ou pelo menos
validá-lo com os pares, dará mais legitimidades aos produtos e corresponsabilizará
outros atores, com os processos inerentes ao setor de Educação Permanente e ao
Apoio Administrativo.
23
2.3 Por que publicizar as informações?
Antes de falarmos sobre a importância da publicização dos instrumentos que
devem ser construídos e disponibilizados para toda a estrutura da SESAU Recife, é
importante trazer uma contextualização do município, referente à sua Rede de
Atenção e ao quadro de profissionais que compõem a força de trabalho do Sistema
de Saúde local.
A cidade do Recife possui uma população estimada em 1.617.183 habitantes e
uma área territorial de 218,435 km², segundo dados do IBGE (2015). É a capital
Nordestina que apresenta o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M),
segundo dados da Organização das Nações Unidas (2010).
Em relação aos principais indicadores destacamos os referentes a natalidade,
no período de 2006 a 2013, nasceram uma média anual de 40.750 crianças (entre
mães residentes no Recife e de outros municípios) e à mortalidade infantil, no qual
percebeu-se uma pequena redução, cerca de -15,4% neste mesmo período, além da
mortalidade materna, a taxa foi de 62,4% para 100 mil nascidos vivo em 2013,
segundo dados da Secretaria de Saúde do município.
A gestão do Sistema de Saúde Local é realizada pela SESAU Recife, que conta
com uma estrutura organizacional complexa para dar atender a todas as demandas
de sua população.
Além da estrutura da própria Secretaria, como já demonstrado na figura 1, a
SESAU coordena uma extensa rede de serviços de saúde, que conta com rede própria
e complementar, e trabalhadores de saúde que estão destacados nos gráficos e
tabelas a seguir.
24
Quadro 1 - Rede Própria de Saúde do Recife.
REDE DE SAÚDE DISTRITO TOTAL I II III IV V VI
Unidades de Saúde da Família 10 19 23 20 16 34 122
UPIMHA / USF 0 1 2 0 0 0 3
Equipes de Saúde da Família 16 46 52 40 32 82 268
Equipes de Saúde Bucal 9 23 30 25 18 41 153
Equipes de Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF
2 3 4 3 3 5 20
Núcleos de Apoio a Práticas Integradas 1 1 1 1 1 1 6
Unidades Básicas Tradicionais 1 1 6 3 5 6 22
Polos da Academia da Cidade 5 7 7 7 7 8 41
Farmácia da Família 0 3 2 2 2 2 11
Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e outras Drogas
1 1 1 1 1 1 6
Centro de Atenção Psicossocial – Transtornos Mentais
1 2 2 1 3 2 11
Albergues Terapêuticos 1 1 0 1 0 1 4
Residências Terapêuticas 0 6 3 6 5 4 24
Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) 1 1 1 1 1 1 6
Policlínicas 3 2 3 1 1 2 12
Serviço de Pronto Atendimento 0 1 1 0 1 1 4
Maternidades 0 0 1 0 1 1 3
Hospital Pediátrico 0 0 1 0 0 0 1
Equipes Consultórios de Rua e Consultórios na Rua
1 1 1 1 1 1 6
SAMU Metropolitano do Recife (Central) - - - - - - 1
Bases Descentralizada do SAMU 2 1 1 2 1 2 9
SAMU Ambulância – USB (Básica) - - - - - - 18
SAMU Ambulância – USA (UTI) - - - - - - 4
SAMU Motolância - - - - - - 3
SAMU – VIR (Veículo de Intervenção Rápida) - - - - - - 1
Laboratório Municipal - - - - - - 1
Unidades Especializadas - - - - - - 7
Serviço Atendimento Domiciliar – EMAP - - - - - - 3
Serviço Atendimento Domiciliar – EMAD - - - - - - 7
Central de Regulação Ambulatorial e Hospitalar - - - - - - 1
Clinica de Reabilitação / Fisioterapia 1 - - - - - 1
Fonte: Recife (2013).
Quadro 2 - Hospitais Conveniados
HOSPITAIS DS TIPO
Centro Hospitalar Oscar Coutinho – IMIP Hospitalar I Filantrópico
Hospital Santo Amaro (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Recife)
I Filantrópico
Hospital Evangélico de Pernambuco III Filantrópico
Casa de Saúde Maria Lucinda (Fundação Manoel da Silva Almeida) III Filantrópico
Sanatório Recife I Privado
Clínica Psiquiátrica Santo Antônio IV Privado
Clínica Santo Antônio de Pádua IV Privado
Instituto de Psiquiátrica do Recife
Fonte: Recife (2013).
25
Quadro 3 - Serviços de Diagnostico Conveniados
LABORATÓRIOS PRIVADOS DS
CECLINE I
LABOPAC I
Laboratório de Análises Clínicas Louis Pasteur I
Laboratório Drº Anacleto Ferreira I
CELARE III
CIAC III
CEFAM IV
LABOTERCIO VI
Fonte: Recife (2013).
Quadro 4 - Serviços Especializados Conveniados
ESTABELECIMENTOS RADIOLOGIA DS
Instituto Radium Radiologia I
Clínica Radiológica Manoel Borba (Boris Berenstein Radiologia S/C Ltda.) III
Qualinagem (Clínica Radiológica Drº José de Aguiar Pereira) III
Clínica Radiológica N. Srª do Carmo IV
Clínica Radiológica Walter Braga III
Clínica Radiológica Manoel de Medeiros III
Clínica Radiológica Santo Antônio I
IMIP Hospitalar I
Hospital Santo Amaro (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Recife) I
Hospital Evangélico de Pernambuco III
Casa de Saúde Maria Lucinda (Fundação Manoel da Silva Almeida) III
ESTABELECIMENTOS OFTALMOLOGIA DS
OFTALMO – Centro de Oftalmologistas Associados de Pernambuco I
PCO – Pronto Clínica Oftalmológica I
CLINOPE - Clínica Oftalmológica de Pernambuco I
SEOPE – Serviço Oftalmológica de Pernambuco Ltda. I
Fundação Santa Luzia III
Hospital Santo Amaro (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Recife) I
Casa de Saúde Maria Lucinda (Fundação Manoel da Silva Almeida) III
ESTABELECIMENTOS ULTRASSONOGRAFIA DS
Ultra Diagnóstico I
RC Diagnóstico e Exames Especializados II
CLIMAPE – Clínica de Imagem de Pernambuco I
Clínica Radiológica N. Srª do Carmo IIV
Clínica Radiológica Walter Braga III
Clínica Radiológica Manoel de Medeiros III
Clínica Radiológica Santo Antônio I
IMIP Hospitalar I
Hospital Santo Amaro (Irmandade da Santa Casa de Misericórdia do Recife) I
Hospital Evangélico de Pernambuco III
Casa de Saúde Maria Lucinda (Fundação Manoel da Silva Almeida)
Fonte: Recife (2013).
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Quadro 5 - Serviços de Reabilitação e Fisioterapia Conveniados
UNIDADE DE REABILITAÇÃO E FISIOTERAPIA DS
Centro de Reabilitação Menina dos Olhos I
Clínica de Fisioterapia do Recife I
Clínica de Pulmões I
Clínica Luiz Borges (Instituto de Fisioterapia Duarte Coelho) I
IRI (Instituto de Reabilitação Infantil) I
Centro de Reabilitação Motora do Recife II
CERCAC - Centro de Reabilitação e Valorização da Criança III
GURI _- Grupo Universitário de Reabilitação Infantil V
SUVAG – Centro Suvag de Pernambuco IV
Fonte: Recife (2013).
Ainda conta com os serviços de vigilância em saúde que tem como objetivo a
análise permanente da situação de saúde da população na sua integra, abrangendo:
Além disso, em relação ao quadro dos profissionais, os dados do
Recadastramento 2015 dos Servidores disponibilizados pela Divisão de Gestão da
Informação da SEGTES, indicam que a SESAU possui cerca de 11.112 profissionais,
sendo destes, 10.922 em efetivo exercício. Destes, apenas 3.332 tem nível superior
conforme quadro abaixo:
Quadro 6 – Distribuição de Trabalhadores por Nível de Escolaridade
Nível de Escolaridade Quantidade
Ensino Fundamental 914
Ensino Médio 3.114
Ensino Técnico 2.246
Nível Superior 3.332
Total 9.606
Fonte: Recife (2015).
Esse breve perfil dos trabalhadores já demonstram um indicativo de que muitos
trabalhadores ainda estão em busca de qualificação e formação profissional, demanda
essa a ser encaminhada a SEGTES que é a ordenadora desses processos. Essa
demanda está na SEGTES representada pelo volume de solicitações recebidas
anualmente via Requerimento Padrão pelo Setor de Educação Permanente.
Dessa forma, justifica-se a necessidade de executar esses processos de
maneira controlada e padronizada como forma de diminuir as perdas para os
trabalhadores e dar conta dessa demanda que é crescente. Para Cantidio (2012 apud
FREITAS; GUARESCHI, 2012), quando se padroniza um processo reduz-se
efetivamente as perdas, uma vez que a padronização tem como objetivo apoiar a
organização a desempenhar suas atividades de maneira eficiente, evitando também
desperdícios e falhas.
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Para que isso seja realizado adequadamente é preciso entender que os
processos podem ser executados por apenas um setor ou função, mas em sua maioria
tendem a assumir características que envolvem vários atores, que não atuam
necessariamente no mesmo espaço de trabalho (MENDONÇA, 2010 apud FREITAS;
GUARESCHI, 2012).
Essa característica interfuncional ou intersetorial (entre setores e serviços
dentro da estrutura da própria SESAU) é inerente aos processos do Setor de
Educação Permanente, que além de envolver os trabalhadores, envolvem as
DGGTES Distritais, Policlínicas e em algum dado momento, as próprias gestoras das
outras Secretarias Executivas, para além da própria SEGTES.
Considerando a estrutura organizacional da gestão da Secretaria de Saúde,
além da quantidade de serviços e trabalhadores que precisam ser coordenados e
geridos por essa estrutura organizacional, entendemos o porque da necessidade de
padronizar fluxos e processos, e consequentemente respondemos à pergunta desse
capítulo, que se refere a necessidade de publicizar através de instrumentos
específicos, as mudanças e padronizações definidas.
Mendonça (2010 apud FREITAS; GUARESCHI, 2012), afirma que documentar
os processos é uma decisão que todas as organizações deveriam adotar com objetivo
de manter atualizados os registros que garantam a sua sobrevivência e, ao mesmo
tempo, permitam a execução de esforços visando a sua perpetuação.
Neste contexto enfatizamos a importância da elaboração de instrumentos,
documentos que tenham como finalidade (CURY, 2000, p. 415):
[...] uniformizar os procedimentos que devem ser observados nas diversas áreas de atividades, sendo, portanto, um ótimo instrumento de racionalização de métodos, de aperfeiçoamento do sistema de comunicações, favorecendo, finalmente, a integração dos diversos subsistemas organizacionais, quando elaborados cuidadosamente com base na realidade da cultura organizacional.
O termo publicizar, diz respeito à capacidade de publicar, “tornar público;
divulgar; espalhar” (FERREIRA, 2004, p. 1656 apud MACHADO, 2012). Com a
publicização surge a necessidade de democratizar as informações e os meios de
comunicação contemplando um sentido técnico que se refere a “maneira, jeito ou
habilidade especial de executar ou fazer algo” (FERREIRA, 2004, p. 1925 apud
MACHADO, 2012).
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Sendo assim, a adoção de padrões com o objetivo de armazenar, preservar e
divulgar informações, é uma das estratégias fundamentais desse plano de intervenção
que consiste em, após redefinição dos processos e fluxos, criar instrumentos que
sejam capazes através de comunicar as mudanças implantadas de forma a diminuir
dúvidas e erros e dar agilidade às atividades realizadas pelo setor.
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3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Reestruturar os fluxos e processos referentes às solicitações de afastamentos
e licenças vinculadas à DES.
3.2 Objetivos Específicos
a) Requalificar/ Reorganizar o Banco de Dados (Protocolo de Entrada e Saída) -
através da padronização das informações inseridas;
b) Identificar nos dados disponíveis com vistas a identificar os principais entraves
para o encaminhamento eficiente dos processos;
c) Analisar o Requerimento Padrão (R.P.) atual e propor mudanças que atendam
as necessidades do setor;
d) Revisão dos Fluxos referentes às solicitações de afastamentos e licenças
vinculadas à DES, que fazem interface com a UGTS;
e) Elaborar cartilha com informações acerca dos fluxos e processos;
f) Publicizar as novas informações.
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4 EIXOS DE INTERVENÇÃO E DIRETRIZES
Os eixos de intervenção e diretrizes seguirão o fluxo proposto pelo Setor de
Projeto de Pesquisa e Extensão da SEGTES Recife.
a) Eixo 1 – Educação Permanente (Valorização do trabalho): Estimular a reflexão
sobre as necessidades de reorganização dos processos de trabalho, tendo
como premissa básica as necessidades de formação dos trabalhadores;
b) Eixo 2 – Análise das informações sobre os processos: Identificar as principais
demandas de formação a partir do levantamento do banco de dados;
c) Eixo 3 - Padronização do Banco de Dados, dos Fluxos e Processos: Tem como
objetivo reduzir a variabilidade e os possíveis entraves que possam surgir no
processo de trabalho, sem prejudicar a sua flexibilidade, de forma a dar
agilidade às atividades da Divisão;
d) Eixo 4 – Elaboração e divulgação dos novos fluxos: Divulgar através do site
www.susrecife.com.br a cartilha elaborada e o fluxo revisado.
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5 METAS, ESTRATÉGIAS E CRONOGRAMA
Para aplicação deste Plano de Intervenção, deverão ser seguidas as metas
estabelecidas abaixo. Cada meta apresenta estratégias que deverão ser
desenvolvidas dentro do cronograma definido:
Quadro 7 – Metas, estratégias e cronogramas a serem seguidos para aplicação do Plano de Intervenção na SESAU
Meta 01: Reorganizar 100% do Banco de Dados referente ao protocolo de entrada e saída de 2013 a 2015.
Estratégias Cronograma
Analisar o Banco de Dados do Protocolo de Entrada e Saída. Agosto/Setembro 2015
Reformular Banco de Dados para utilização da DES. Dezembro/2015
Padronizar as informações do Banco de Dados utilizado pela DES. Dezembro/2015
Implementar o uso do Banco de Dados padronizado para utilização da DES.
Dezembro/2015
Gerar dados e relatórios para produção de informações. Dezembro/2015 Meta 02: Avaliar 100% das informações no processo de identificação de erros nas demandas de formação.
Estratégias Cronograma
Identificar os principais erros cometidos no preenchimento do Banco de Dados.
Agosto/2015
Traçar estratégias para padronização das informações Agosto/2015 Propor estratégias de minimização de erros. Setembro/2015 Meta 03: Analisar 100% do atual R.P. e propor mudanças que atendam as necessidades do setor.
Estratégias Cronograma
Criar anexo complementar ao R.P. Novembro/2015 Solicitar reuniões com atores estratégicos para compartilhar e validar as sugestões sobre a atual mudança com base nos erros.
Dezembro/2015
Implementar o novo modelo proposto para a viabilização dos fluxos de solicitação.
Até março/2016
Meta 04: Compartilhar 100% dos novos instrumentos e orientações sobre os Fluxos e Processos.
Estratégias Cronograma
Elaborar cartilha informativa sobre fluxos e processos com base nas informações levantadas e reuniões realizadas.
Janeiro/2016
Solicitar reuniões com as DDGTES Distritais e Policlínicas para compartilhar e validar a cartilha informativa.
Fevereiro/2016
Criar um modelo de cartilha informativa para facilitar e esclarecer o preenchimento do R.P.
Até março/2016
Meta 05: Divulgar 100% dos novos instrumentos elaborados
Estratégias Cronograma
Divulgar através de reuniões as mudanças propostas nos fluxos e processos.
Até março/2016
Disponibilizar os novos instrumentos (cartilha e o anexo do R.P. elaborados) no site www.susrecife.com.br.
Até março/2016
Fonte: A autora, 2015.
Ao longo do desenvolvimento do projeto algumas estratégias foram realizadas,
como a análise e reformulação do Banco de Dados, utilizado como protocolo de
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entrada e saída, a padronização das informações e a implantação do mesmo para uso
da DES.
A padronização possibilitou identificar e articular os principais erros cometidos
proporcionando a minimização dos mesmos quanto ao seu preenchimento no Banco
de Dados.
As demais metas estão em andamento e seguirão o cronograma definido.
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6 RECURSOS HUMANOS
Conforme é descrito abaixo, todos os recursos humanos utilizados para
aplicação do Plano de Intervenção serão da SESAU.
a) 02 técnicos de nível superior da UFES;
b) 01 apoio administrativo da DES;
c) DDGTES Distritais;
d) Coordenação das Policlínicas;
e) Chefe de Divisão de Educação na Saúde.
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7 ORÇAMENTO
Abaixo, segue o detalhamento de todos os custos utilizados na aplicação do
Plano de Intervenção:
Quadro 8 – Orçamento para aplicação do Plano de Intervenção
Material Quantidade Valor unitário Valor total
Papel ofício A4 02 resmas R$ 15,90 R$ 31,80
Xerox 500 unidades R$ 0,10 R$ 50,00
Tinta para impressora 01 unidade R$ 77,05 R$ 77,05
Computador 01 unidade Já existente ----------------
Impressora 01 unidade Já existente ----------------
Datashow
01 unidade Já existente ----------------
Telefone 01 unidade Já existente ----------------
Total R$ 158,85
Fonte: A autora, 2015
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8 FONTE DE FINANCIAMENTO
A fonte de financiamento do presente plano de intervenção será a Secretaria
Municipal de Saúde do Recife.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente Projeto surgiu como uma demanda do Setor de Educação
Permanente, através da avaliação do processo de trabalho que vem sendo realizado,
e dos constantes erros e atrasos no atendimento às demandas dos servidores da
SESAU Recife enviadas à SEGTES via requerimento padrão. Essa análise permitiu
identificar que os documentos, fluxos e processos disponíveis, não têm atendido às
necessidades deste setor e têm dificultado a produção de respostas em tempo útil e
adequado.
Sendo assim, o objetivo principal deste trabalho de intervenção é rever os erros
e propor mudanças. Sabemos que a mudança organizacional está vinculada a um
processo de desenvolvimento e melhorias e embora elas possam causar certo
incômodo e algumas reações de defesa, não se pode abrir mão de reformular
determinados processos uma vez que os resultados esperados podem beneficiar
várias pessoas.
A tomada de decisão de mudança apresenta importantes contribuições para o
setor, mas principalmente para o solicitante/servidor. Sendo assim, reiteramos a
importância de efetivar esse presente Projeto de Intervenção, fortalecendo as
mudanças que já vêm sendo desenvolvidas e implantando as novas, que sejam
necessárias e identificadas no decorrer dessas ações.
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REFERÊNCIAS
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38
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APÊNDICE A – ANEXO COMPLEMENTAR AO REQUERIMENTO PADRÃO