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FUNDAÇÃO PARQUE ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO Relatório Técnico-Científico EAZA Workshop para aplicação da ferramenta de gestão Integrated Collection Assessment and Planning (ICAP) 2-4 de Abril de 2019 Revisão do Plano de Coleção Regional (PCR) 4-5 de Abril de 2019 Amsterdam, Holanda – 2019 Participante: Bióloga Mara Cristina Marques

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FUNDAÇÃO PARQUE ZOOLÓGICO DE SÃO PAULO

Relatório Técnico-Científico

EAZA Workshop para aplicação da ferramenta de gestão

Integrated Collection Assessment and Planning (ICAP)

2-4 de Abril de 2019

Revisão do Plano de Coleção Regional (PCR) 4-5 de Abril de 2019

Amsterdam, Holanda – 2019

Participante: Bióloga Mara Cristina Marques

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1. Considerações gerais sobre o evento:

O workshop foi dividido em duas etapas, nos dias 2 a 4 de abril realizamos a

aplicação da ferramenta de gestão ICAP (Avaliação Integrada da Coleção e Planejamento) sediado no Jardim Botânico de Amsterdam e nos dias 4 a 5 de abril a revisão do plano de coleção regional da EAZA (Associação Européia de Zoológicos e Aquários) do grupo consultivo do táxon calitriquídeos como parte da avaliação regional e global da associação, sediada no escritório da EAZA no Zoológico de ARTES.

O evento contou com a participação de diversos técnicos de zoológicos e

mantenedores de calitriquídeos participantes do plano de manejo regional e global da EAZA, além dos studbook keepers internacionais e demais associações regionais convidadas a participar como a ALPZA (Associação Latino Americana de Parques Zoológicos e Aquários) e AZAB (Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil), representada por um de seus associados, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo, a qual foi selecionada pela diretoria da AZAB para representar a associação, em função de sua expertise e reconhecimento nacional e internacional na manutenção de calitriquídeos ex situ. Além da representação das associações, um representante do ICMBIO foi convidado a participar por meio de um dos seus centros de pesquisa e conservação o CPB (Centro de Primatas Brasileiros), entretanto, o representante não pode comparecer em função de contratempos, mas contribuiu significativamente com dados sobre as espécies alvo para serem utilizados na ferramenta ICAP.

Foto 1: Foto dos participantes.

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2. O evento:

O workshop teve a mediação da Dra. Kristin Leus, representante oficial do escritório dos Recursos Regionais do Grupo de Especialistas em Planejamento e Conservação da IUCN, bióloga de população e presidente do Grupo Consultivo de Gestão da População da EAZA.

Dra. Katharina Hermman, Coordenadora do Programa de Conservação do

TAG dos marsupiais, monotrêmatas, carnívoros e pequenos mamíferos e studbook keeper para os Wallabys da EAZA.

Foto 2: mediadora Dra Kristin Leus A maioria das espécies em especial as ameaçadas de extinção ainda não tem

um programa de conservação integrado que possa auxiliar os zoológicos e aquários a selecionar as espécies para ações de conservação, para ajudar nesta questão, o Grupo de Especialista em Conservação (CPSG) em colaboração com as associações regionais de zoológicos e aquários, desenvolveram um novo processo chamado ICAP (Avaliação Integrada da Coleção e Planejamento) tal processo auxilia as comunidades in situ e ex situ, juntas, na tomada de decisão baseado no guia de manejo e conservação das espécies ex situ da IUCN na tarefa de elaborar o plano de coleção regional e global. Concebido para ser flexível e aplicável a grupos grandes ou pequenos de diferentes táxons no nível global, regional ou local, com análises e recomendações resultantes mais gerais ou detalhadas, conforme a necessidade e viabilidade.

Esse mesmo processo pode ser usado para identificar não apenas as

contribuições diretas da conservação ex situ (especificamente abordadas pelas diretrizes ex situ da IUCN), mas também em atividades indiretas de conservação, como apoio à conservação in situ e demais importantes papéis.

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O primeiro ICAP foi realizado em 2016 com a avaliação de 46 canídeos, o processo resultou em uma avaliação clara e objetiva por meio de um relatório que pode ser utilizado pelos zoológicos e aquários sobre o planejamento de suas coleções e as ações prioritárias de conservação, além das mensagens de educação para a conservação que queremos difundir integrando os esforços e promovendo a colaboração entre as associações regionais de zoológicos e aquários, conservacionistas, especialistas e tomadores de decisão.

Portanto, este evento marca a utilização da ferramenta pela segunda vez com

um táxon distinto.

Foto 2 e 3: esclarecimento do processo ICAP ao grupo O ICAP envolve uma extensa compilação e análise de dados pré-workshop de

todas as espécies dentro do grupo taxonômico os quais são incluídos, tanto ameaçados como não ameaçados, independentemente de estarem ou não sob manejo ex situ.

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Foto 3. O processo é estruturado em torno das cinco etapas da avaliação das

diretrizes ex situ da IUCN, tornando-a mais prática e extraindo seus aspectos essenciais para uma aplicação mais geral que possa priorizar recursos e esforços do manejo ex situ. PASSO 1: Realizar uma avaliação completa do status (tanto de populações in situ como da população ex situ ) e análise de ameaças; PASSO 2: Identificar os papéis em potencial que o manejo ex situ pode desempenhar na conservação geral das espécies (direto e/ou indireto) tais como: Direto:

a) Arca b) Resgate (temporário ou de longo prazo) c) Manipulação demográfica d) Restauração da população e) Substituição ecológica f) Colonização assistida g) População de segurança h) Pesquisa e treinamento ex situ i) Educação para conservação j) Advocacia

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Indireta: a) Disponibilizar expertise, conhecimento, material, equipe, recursos humanos e

financeiros e auxiliar a implementação das ações de conservação; b) Promover a sensibilização e conscientização das ações de educação e a

conservação das espécies mantidas ex situ ou não.

Foto 3: Principais papeis que a conservação ex situ pode atuar.

As atividades ex situ podem abordar as ameaças ou desafios que uma espécie está enfrentando de quatro maneiras diferentes (IUCN SSC, 2014; McGowan et al, 2017; Traylor-Holzer, Leus, & Byers, 2018):

a) Abordando as causas das ameaças primárias, por meio de pesquisas, treinamento ou atividades de educação as quais podem atingir diretamente as causas dessas ameaças, como por exemplo, pesquisas voltadas para doenças;

b) Ao compensar o impacto das ameaças primárias e / ou estocásticas sobre a

população (por exemplo, por meio de atividades que ajudam a melhorar a sobrevivência em determinadas fases da vida, sucesso reprodutivo e / ou retenção de diversidade genética ou fluxo gênico);

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c) Ganhar tempo quando a população estiver em declínio acentuado e a chance de redução rápida das ameaças primárias for pequena ou incerta (por exemplo, através de populações de resgate ou de segurança);

d) Ao restaurar populações selvagens, uma vez que as ameaças primárias foram suficientemente abordadas (por exemplo, pela reintrodução, como os esforços de recuperação). PASSO 3: Definir as características e dimensões do programa necessárias para cumprir cada papel em potencial de conservação identificado (s); PASSO 4: Definir os recursos e conhecimentos necessários para que o programa de manejo ex situ cumpra seu (s) papel (s) e avalie a viabilidade e os riscos; PASSO 5: Tomar a decisão de forma racional sobre quais papéis e atividades ex situ (se houver) devem ser mantidos dentro da estratégia geral de conservação da espécie.

Foto 4: avaliação dos dados de cada espécie

Foram avaliadas 48 espécies de calitriquídeos, ameaçadas e não ameaçadas

e todas tiveram recomendações específicas de manejo direto ou indireto. A próxima etapa como resultado deste workshop é a elaboração do relatório final desta avaliação com todas as recomendações as quais possam ser utilizadas na decisão de manutenção e esforços de conservação pelas associações de zoológicos regionais, pelas instituições e tomadores de decisão.

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Foto 5: decisão final dos papeis de conservação indicados para as 48 espécies

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Foto 6: aplicação dos critérios do ICAP com o grupo

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4. Considerações Finais

A participação da Fundação Parque Zoológico de São Paulo como membro da

AZAB foi muito significativa não somente por representar a associação regional, mas para por ser considerada uma referência internacional no manejo ex situ dos calitriquídeos em especial com resultados expressivos na manutenção do gênero Leontopithecus ssp que mantém a maior população mundial do Mico-leão-preto (Lentopithecus chrysopygus) ex situ e pelo estabelecimento do CECFAU, outra referência fortemente citada no evento como uma das alternativas de conservação.

A qualidade técnica e cultural do evento representou bem o espírito

comprometido e inovador de todos os participantes em procurar otimizar as ações de conservação integrada visando não somente a participação técnica, mas que este processo possa servir para a tomada de decisão dos zoológicos e aquários e de suas associações nas propostas de ações de conservação, assim como para os tomadores de decisão no estabelecimento de políticas públicas da conservação das espécies e dos biomas. Além do aprendizado e aprimoramento profissional que tal evento pode proporcionar no estabelecimento de novos contatos, troca de experiências e no conhecimento de uma nova técnica a qual podemos utilizá-las em nossas oficinas de conservação, plano de população institucional e replicar para os demais zoológicos brasileiros.

São Paulo, 23 de abril de 2019.

Mara Cristina Marques Bióloga, Responsável pelo Núcleo de Relações Interinstitucionais da

Diretoria Técnica Científica Fundação Parque Zoológico de São Paulo