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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES – CACOAL DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DIREITO ILZA COTRIM DE CARVALHO A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL DO ADVOGADO NAS HIPÓTESES DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO CPC 2015 Trabalho de Conclusão de Curso Monografia Cacoal – RO 2018

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR...1 ILZA COTRIM DE CARVALHO A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL DO ADVOGADO NAS HIPÓTESES DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO CPC 2015 Monografia

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR CAMPUS PROFESSOR FRANCISCO GONÇALVES QUILES – CACOAL

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE DIREITO

ILZA COTRIM DE CARVALHO

A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL DO ADVOGADO NAS HIPÓTESES DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO CPC 2015

Trabalho de Conclusão de Curso Monografia

Cacoal – RO

2018

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ILZA COTRIM DE CARVALHO

A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL DO ADVOGADO NAS HIPÓTESES DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO CPC 2015

Monografia apresentada à Fundação Universidade Federal de Rondônia – UNIR – Campus Professor Francisco Gonçalves Quiles – Cacoal, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Direito, elaborada sob a orientação da Professora M.ª Daeane Zulian Dorst.

Cacoal – RO 2018

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A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL DO ADVOGADO NAS HIPÓTESES DE LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ DO CPC 2015

Por

ILZA COTRIM DE CARVALHO

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade Federal de

Rondônia – Campus Prof. Francisco Gonçalves Quiles – Cacoal, para obtenção do

grau de Bacharel em Direito, mediante a Banca Examinadora formada por:

_______________________________________________________________ Professora M.a Daeane Zulian Dorst - UNIR - Presidente

_______________________________________________________________

Professora M.a Sônia Mara Nita - UNIR - Membro _______________________________________________________________

Professor M.e Silvério dos Santos Oliveira - UNIR - Membro Conceito: 7,0

Cacoal, 10 de julho de 2018.

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Aos meus filhos João Pedro e Felipe, que são a causa e a razão de tudo isso na minha vida. Amo vocês.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela saúde e perseverança que me deu

para enfrentar meus problemas e chegar a conclusão desse curso.

À minha mãe, Salviana, pelo exemplo aguerrido com que luta todos os dias e

por tudo que fez e faz por mim.

Aos meus filhos João Pedro e Felipe, que são a razão de tudo na minha vida.

São a força de cada amanhecer que me faz sorrir e seguir firme sempre. Obrigada

meus amores por nascerem de mim e me fazerem renascer para a vida e para a

mais plena e verdadeira felicidade.

Obrigada ao meu pai, irmãos e familiares por toda a torcida e por acreditarem

em mim.

Obrigada a meus amigos e colegas de turma por todo o aprendizado e

alegrias de tantos momentos juntos, espero que nossas parcerias e amizades se

perdurem por toda a vida, e que tudo que vivemos sirva pra nos fazer crescer

responsáveis e conscientes de nosso papel de agora em diante como profissionais

do direito.

Agradeço a todos os professores da Unir por toda dedicação e paciência

comigo, por me ensinar e incentivar minha vida acadêmica e profissional. Saibam

que a experiência e o conhecimento passado me serão fundamentais no caminhar

profissional, e que jamais esquecerei cada um de vocês.

Agradeço em especial a minha professora e orientadora Daeane zulian dorst,

que desde o primeiro período da faculdade sempre acreditou em mim, me

incentivando sempre e acreditando no meu potencial apesar de todas as minhas

dificuldades, e nesse final de curso, foi fundamental para que eu prosseguisse nessa

pesquisa. Obrigada por não desistir de mim, pelo incentivo e o encorajamento, não

só de agora, mas desde o começo de tudo. Você faz parte de tudo isso, muito

obrigada.

Quando vi meu nome entre os chamados para iniciar o curso de direito em

2013, mal sabia eu o quanto a nova experiência me faria tão bem, o quanto eu iria

amadurecer e quantos amigos surgiriam a partir daquele momento. 2018 parecia

muito distante e o fim do curso nem me era algo imaginável. Mas eu fui, me joguei

de para quedas num mundo novo e cheio de descobertas e conhecimento.

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Hoje encerro esta etapa de minha vida acadêmica e ao olhar pra trás posso

ver o quanto foi difícil, duro, cansativo e penoso para chegar até aqui. Mas vejo

também tantas alegrias, amizades, conhecimento e oportunidades adquiridas

nesses anos. Assim, agradeço a cada um que de alguma forma colaborou e

participou dessa conquista na minha vida.

É um novo recomeço na minha vida e da minha família, e é o futuro se

fazendo presente de um jeito que eu nem imaginava, mas é também exatamente

tudo que sonhei pra mim.

Obrigada a todos. Obrigada Deus.

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“Não é a força do gotejar que fura a pedra, mas sim a

persistência incansável desta ação”.

(Ivan Teoreling)

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RESUMO

Na atual conjectura das demandas judiciais no Brasil, diante da grande quantidade de processos, é cada vez mais necessário maior agilidade e efetividade possível, isto é, a devida e justa aplicação da razoável duração do processo e o direito fundamental à tutela jurisdicional efetiva. Essa agilidade processual se concretiza, com maior facilidade, quando, em sincronia, as partes processuais, os participantes do processo e o juiz cumprem as determinações legais e éticas, evitando, por conseguinte, a discrepância com o princípio da lealdade processual. Tanto para prevenir, quanto para reprimir a litigância de má-fé, o atual ordenamento jurídico brasileiro dispõe de mecanismos contidos no Código de Processo Civil Brasileiro, dentre os quais a possibilidade de condenação da litigância de má-fé em indenização por perdas e danos. Apesar de toda essa definição e sanção expressas em lei, há grande controvérsia na doutrina e na jurisprudência quanto à aplicação desta medida pelo juiz em face do advogado, que age em desconformidade com o princípio da lealdade processual, podendo este ser reputado, por conseguinte, litigante de má-fé. Dessa forma, se faz importante uma análise do tema para pacificar tal questionamento nos tribunais brasileiros, a fim de se obter a mais justa aplicação do direito e a preservação da dignidade da justiça. PALAVRAS-CHAVE: Litigância de má-fé. Lealdade processual. Responsabilidade do advogado.

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ABSTRACT In the current conjecture of lawsuits in Brazil, in view of the large number of cases, it is increasingly necessary to have greater agility and effectiveness, that is, the proper and just application of the reasonable length of the process and the fundamental right to effective judicial protection. This procedural agility becomes more easily possible when, in synchrony, the procedural parties, the trial participants and the judge comply with legal and ethical requirements, thus avoiding discrepancy with the principle of procedural loyalty. Both to prevent and to repress litigation in bad faith, the current Brazilian legal system has mechanisms contained in the Brazilian Civil Procedure Code, among which is the possibility of condemnation of bad faith litigation in damages. Despite all this definition and sanction expressed in law, there is great controversy in the doctrine and jurisprudence regarding the application of this measure by the judge in the face of the lawyer, who acts in disregard of the principle of procedural fairness, being able to be considered, therefore, litigant in bad faith. Thus, it is important to analyze the theme to pacify such questioning in Brazilian courts, in order to obtain the most just application of the law and the preservation of the dignity of justice. KEYWORDS: Bad faith litigation. Process loyalty. Liability of the lawyer.

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11

1 LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E O NOVO CPC: ORIGEM E PRINCÍPIOS .................... 12 1.1 CONCEITOS ....................................................................................................... 13 1.2 MÁ-FÉ X BOA-FÉ ............................................................................................... 14 1.3 LEGALIDADE ...................................................................................................... 15 1.4 MORALIDADE .................................................................................................... 16 1.5 LEALDADE PROCESSUAL ................................................................................ 17

2 A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NO NOVO CPC ........................................................... 18 2.1 NATUREZA JURÍDICA........................................................................................ 19 2.3 REQUISITOS DA LITIGANCIA DE MÁ-FÉ ......................................................... 23 2.4 SANÇÔES AO LITIGANTE DE MÁ-FÉ ............................................................... 25

3 A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL NA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E O ADVOGADO ............................................................................................................. 28 3.1 O ADVOGADO COMO FUNÇÂO ESSENCIAL À JUSTIÇA ............................... 30 3.2 A ÉTICA NA ADVOCACIA .................................................................................. 31 3.3 PRERROGATIVAS DO ADVOGADO.................................................................. 32 3.4 RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO NOS PROCESSOS ............................ 33 3.5 O ADVOGADO E O DEVIDO PROCESSO LEGAL ............................................ 34 3.6 OS DEVERES DO ADVOGADO ......................................................................... 35 3.7 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIAS .................................................................... 36

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 41

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INTRODUÇÃO

A advocacia é uma profissão liberal, pela qual o advogado desenvolve

atividade específica de prestação de serviços, com independência técnica,

qualificação e habilitação determinadas pela lei, sendo a atividade considerada

constitucionalmente como uma das funções essenciais à justiça. Assim, o papel do

advogado nas ações judiciais é fundamental para a aplicação do direito e sua

conduta processual é imprescindível para nortear o bom andamento do processo.

Assim como em outras profissões, a boa-fé, a ética e a lealdade são valores

esperados em todas as condutas do profissional do direito, que tem o dever de

conduzir os processos pautados em tais princípios. Dessa forma, é preciso analisar

a responsabilidade processual do advogado nas condenações em litigância de má-

fé, a fim de observar se a sua conduta profissional contribuiu de alguma forma para

a condenação do cliente e se pode ser penalizada civilmente.

Desde a sua concepção, ficou confirmada a preocupação do legislador em

efetivar o princípio da boa-fé processual nas atividades advocatícias na legislação

brasileira. No Art. 5º do CPC já preceitua que: “aquele que de qualquer forma

participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé”, enquanto no

artigo 77 do mesmo diploma prevê que “são deveres das partes e de todos aqueles

que de qualquer forma participam do processo [...]”, assim se possibilita a inclusão

dos mandatários como passíveis de sanções por litigância de má-fé. Nessa

perspectiva, é expressa a hipótese de responsabilização do advogado.

Na prática atual e costumeira o que se vê, é a aplicação da responsabilidade

processual por condutas antiéticas e revestidas de má fé no processo civil, tão

somente às partes e não aos seus patronos. Embora previsto a ambos o mesmo

dever de lealdade, de igual forma não se observa na aplicação da responsabilidade

por litigância de má-fé.

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Assim, a observância da sistemática descrita nos artigos 80 e 81 do diploma

supracitado, deve ser analisada também para verificar se há possibilidade de

responsabilizar os mandatários, nos casos em que estes agirem em desacordo com

o Código de Ética da OAB e em contrariedade à lealdade processual e à dignidade

da justiça previstos no CPC.

Neste trabalho desenvolve-se o tema “A responsabilidade processual do

advogado nas hipóteses de litigância de má fé do CPC 2015”. Diante da grande

demanda de processos nos tribunais e da verificação de elevado número de casos

de litigantes condenados pela má fé processual, surge o questionamento a respeito

da possibilidade de responsabilizar processualmente a conduta do advogado nas

hipóteses de litigância de má fé do artigo 81 do CPC.

Por meio de uma pesquisa exploratória bibliográfica, que procura explicar um

problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações

e teses, aborda-se o tema sobre a litigância de má fé e a responsabilização dos

advogados ao conduzir os processos. Seguindo-se de uma argumentação dedutiva,

apresentam-se conceitos e pontos de vista doutrinários acerca do assunto.

Quanto à forma de abordagem do problema trata-se de pesquisa qualitativa,

visto que considera a existência de uma relação dinâmica entre o mundo real e o

sujeito. Também será utilizada a análise e o de estudo exploratório de

jurisprudências sobre o assunto a ser estudado, a fim de expor a adequação já

aceita pelos tribunais.

Assim, no decorrer da pesquisa, são apresentadas decisões jurisprudenciais,

argumentos e posicionamentos doutrinários, necessárias à verificação da

responsabilidade processual diante da ocorrência da condenação por litigância de

má fé, a todos aqueles que compõem o processo.

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1 LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E O NOVO CPC: ORIGEM E PRINCÍPIOS

A litigância de má-fé é um assunto que desperta preocupação há muito

tempo. No decorrer da história sempre houve a tentativa de se implantar

mecanismos para coibir praticas fraudulentas no meio jurídico processual.

Desde a época dos antigos romanos já se tem registro de medidas para

tornar os procedimentos judiciais o mais claro e justo possível, e evitar lides

temerárias. Nesse período os legisladores se utilizavam da “actio dupli”, onde se

aplicava ao litigante de má-fé a ação em dobro que resultava na condenação

dobrada do demandado (TUCCI, AZEVEDO. 1996, p. 27).

Outra medida era conhecida como sponsio, um acordo celebrado entre as

partes que deveriam pagar reciprocamente, em caso de derrota, um valor que

correspondia a parte do objeto de litígio. Em alguns casos o juiz poderia impor ao

réu o juramento de que não contestaria se utilizando de malícia. Assim, ao longo do

tempo o meio jurídico se preocupou em prevenir e punir as demandas suscitadas na

má-fé. (TUCCI, AZEVEDO. 1996, p. 27).

A legislação brasileira também seguiu a mesma linha e já no Código de

Processo Civil brasileiro de 1939, que vigorou até 1973, trazia o princípio da

probidade, que abrangia questões relacionadas ao abuso do direito de demandar.

O artigo 3° daquele diploma prescrevia que:

Responderá por perdas e danos a parte que intentar demanda por espírito de emulação, mero capricho, ou erro grosseiro. Parágrafo único. O abuso de direito verificar-se-á, por igual, no exercício dos meios de defesa, quando o réu opuser, maliciosamente, resistência injustificada ao andamento do processo.

A análise do texto demonstra a tentativa do legislador de se estabelecer no

trâmite dos processos judiciais, o início de uma tratativa para se enfrentar o

problema, muito embora na conjectura política da época, não era muito provável

obter resultados práticos com o novo texto, haja vista que o Brasil vivia um período

ditatorial naqueles dias.

O referido diploma ainda reforçava no seu artigo 63 que:

Sem prejuízo do disposto no art. 3º, a parte vencida, que tiver alterado, intencionalmente, a verdade, ou se houver conduzido de modo temerário no

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curso da lide, provocando incidentes manifestamente infundados, será condenada a reembolsar à vencedora as custas do processo e os honorários do advogado. § 1º Quando, não obstante vencedora, a parte se tiver conduzido de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo, o juiz deverá condená-la a pagar à parte contrária as despesas a que houver dado causa. § 2º Quando a parte, vencedora ou vencida, tiver procedido com dolo, fraude, violência ou simulação, será condenada a pagar o décuplo das custas. § 3º Se a temeridade ou malícia for imputável ao procurador o juiz levará o caso ao conhecimento do Conselho local da Ordem dos Advogados do Brasil, sem prejuízo do disposto no parágrafo anterior.

Apesar do texto expresso na lei, a interpretação tinha um sentido subjetivo o

que tornava a deslealdade processual difícil de ser comprovada diante da

improvável caracterização da má-fé. Ademais, segundo Tucci e Azevedo (1996, p.

27), as sanções se limitavam ao ressarcimento de custas, despesas processuais e a

10% das custas direcionadas quando a parte agia com fraude, violência, dolo ou

simulação, isentando o advogado de qualquer responsabilidade, a não ser levar ao

conselho da OAB o conhecimento de seus atos.

Portanto, era difícil encaixar a figura do advogado como litigante de má-fé, já

que apenas a parte respondia pelos danos causados no processo, restando ao

advogado tão somente uma possível punição pelo próprio órgão de sua categoria.

Essa resistência em se classificar, de alguma forma, o advogado como

responsável nos por atos processuais não foi facilmente rompida na evolução do

ordenamento jurídico brasileiro. O Código de Processo Civil de 1973 em seu artigo

14 já trazia o dever de lealdade das partes e procuradores, porém, no artigo 16

limitava a responsabilizar por perdas e danos apenas à parte.

Somente com o advento do estatuto do advogado na lei 8.906/94, se pôs fim

a irresponsabilidade total do advogado no processo, e no artigo 32 prescreve que o

advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo

ou culpa. A partir daí, começou a se falar processualmente em responsabilidade

solidária do advogado, era o início de uma tratativa pontual do tema no âmbito da

atuação do patrono enquanto profissional.

1.1 CONCEITOS

Não se pode falar desse tema sem compreender e definir termos como parte,

litigância de má-fé e responsabilidade solidária. Tal estudo se faz necessário para a

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melhor abordagem e esclarecimento da sistemática processual do CPC.

Segundo Chiovenda (2000, p. 434), “parte é aquele que demanda em seu

próprio nome (ou em cujo nome é demandada) a atuação duma vontade da lei, e

aquele em face de quem essa atuação é demandada”. Assim, na relação processual

as partes atuam em interesse próprio na maioria das vezes, respeitando o

contraditório, demandante e demandado cooperam processualmente para obter

cada um o melhor resultado para sí.

Ao ingressar numa ação, o grau de interesse jurídico do sujeito no processo

em demanda, determina a condição dele como parte legitima na ação, podendo

atuar como autor, réu, interveniente, opoente, litisconsorte ou qualquer interessado

no processo.

Já a litigância de má-fé, está prevista no CPC se dá com a prática de atos

caracterizadores da má-fé no curso do processo, disponibilizando ao magistrado

mecanismos eficazes para aplicar nas sanções por litigância de má-fé, que

englobam as multas e as indenizações por perdas e danos, mais os honorários

advocatícios e despesas processuais.

Neste sentido relata Andrade (2004, p. 149) que:

O sistema positivo brasileiro opera, assim, com duas formas principais de sanção por ato de litigância de má-fé: uma, de natureza reparatória, a abarcar os danos, materiais ou morais, que a parte adversa suporta em decorrência de conduta processual ilícita; e outra, de caráter meramente sancionador, que envolve, independentemente da ocorrência do dano, a imposição de multa.

Estas sanções não são mera discricionariedade do juiz, já que ele tem o

poder-dever de prevenir e reprimir os litigantes da improbidade processual, como

forma não apenas de punir, mas também de coibir e educar a sociedade, para que

seja possível alcançar mais justa composição do litígio no curso do processo.

1.2 MÁ-FÉ X BOA-FÉ

Os princípios da má-fé e boa-fé são antagonistas na seara processual e tem

função determinante nas demandas, podendo levar o litígio a vitória ou ao fracasso.

A legislação brasileira prevê o dever de agir com boa-fé nos procedimentos judiciais,

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esse princípio juntamente com outros tão importantes quanto ele, torna o processo

apto e justo, para se chegar a justiça em cooperação com a dignidade da justiça.

Conforme preceitua Stocco (2002, p. 80):

O ordenamento jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis com o postulado ético jurídico da lealdade processual. O processo não pode ser manipulado para viabilizar o abuso de direito, pois essa é uma ideia que se releva frontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das partes.

Assim, o que se espera é que as partes atuem com a boa-fé processual de

forma a buscar o justo direito sem cometer abusos, e no caso de ocorrência de má-

fé por uma ou ambas as partes, deve também se aplicar as sanções previstas em

lei a fim de se punir e coibir que tais práticas prejudiquem o processo.

Quando se fala em boa-fé, remete se a verdade, transparência e sinceridade

que deve ser adotada em conformidade com o dever de lealdade pelas partes, que

agirão segundo estes princípios, mesmo sabendo que isso possa lhe prejudicar ou

não trazer vantagem alguma no processo. A boa-fé estabelece os limites para o

exercício dos direitos, dando liberdade de ação a ambas as partes desde que os

atos praticados não se enquadrem na litigância de má-fé.

1.3 LEGALIDADE

De acordo com o art. 5º, inciso II, da Constituição Federal, “ninguém será

obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. A partir

da análise desse dispositivo se conclui que somente a lei poderá criar direitos,

deveres e vedações, ficando os indivíduos vinculados aos comandos legais, que

disciplinadora todas as suas atividades.

Para Pereira (2014- on line), pode-se dizer que o princípio da legalidade é

uma verdadeira garantia constitucional. Através deste princípio, procura-se proteger

os indivíduos contra os arbítrios cometidos pelo Estado e até mesmo contra os

arbítrios cometidos por outros particulares. Assim, os indivíduos têm ampla liberdade

para fazerem o que quiserem, desde que não seja um ato, um comportamento ou

uma atividade proibida por lei.

Nesse mesmo interim, Silva (2009- p. 185) analisa esse princípio e conclui que:

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O princípio da legalidade é corolário da própria noção de Estado Democrático de Direito, afinal, se somos um Estado regido por leis, que assegura a participação democrática, obviamente deveria mesmo ser assegurado aos indivíduos o direito de expressar a sua vontade com liberdade, longe de empecilhos. Por isso o princípio da legalidade é verdadeiramente uma garantia dada pela Constituição Federal a todo e qualquer particular.

Assim, o princípio da legalidade que a Constituição Federal traz consigo

garante a democracia a todo indivíduo, mas também veio para limitar as ações que a

sociedade pode ou não praticar, dentro do que está previsto em lei. Fica evidente

uma dicotomia no princípio da legalidade estabelecido na carta magna.

1.4 MORALIDADE

Esse princípio se encontra previsto de forma explícita no art. 37 da

Constituição Federal: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos

Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos

princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,

também, ao seguinte (...)”.

Assim, o princípio da moralidade esta constitucionalmente exigido e se

aplicado efetivamente ao Processo Civil, traduz-se numa maior racionalização na

conduta das partes no processo, a fim de se estabelecer um ambiente de maior

segurança jurídica, e consequentemente, maior a efetividade das decisões e

diminuição da litigiosidade.

Devem, portanto, se valorizar as normas que tornem efetivas a moralidade do

processo, a lealdade e a boa-fé, e que diminuam ou excluam a possibilidade de

fraude processual. Seja por atuação em lides temerárias ou maliciosas, a moralidade

deve estar presente para se garantir uma demanda justa em juízo para as partes.

Para Andrade (2014- on line), o papel das partes é de grande relevância,

posto que é a personificação da consciência pessoal e processual de cada indivíduo,

incluindo aqui, não somente as regras ditadas pelos códigos, mas também os

valores morais que o formam enquanto cidadão.

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1.5 LEALDADE PROCESSUAL

O princípio da lealdade processual impõe a atuação moral e correta daqueles

que atuam no processo, a fim de que este possa atingir seu objetivo primordial, qual

seja, o alcance do mais justo direito.

Para Reis (2015- on line), o princípio da lealdade processual consiste no

dever de todos os sujeitos da relação processual atuar no feito de modo condizente

com a moralidade, a fim de que este atinja seu objetivo: a solução da lide.

Já Theodoro Junior (2008, p. 15) acrescenta que cabe ao juiz velar por este

princípio, coibindo a má-fé e agindo com poderes inquisitoriais, deixando de lado o

caráter dispositivo do processo civil. Também menciona que o Magistrado, de ofício

ou a requerimento do prejudicado, tem o dever de reprimir os atos contrários à

moralidade e probidade do processo.

Tal princípio é muito importante na relação processual, pois fala do dever de

cooperação entre as partes na busca de se obter o melhor e mais justo resultado do

litígio. A lealdade processual está ligada ao princípio da boa-fé, sendo ambos

fundamentalmente necessários nos procedimentos judiciais.

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2 A LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NO NOVO CPC

Com o advento do novo CPC de 2015, houveram muitas mudanças nos

procedimentos judiciais. O antigo código de 1973 já vinha a tempos sendo

reformulado para se atualizar e chegar finalmente no ano de 2015, com a reforma e

substituição do código de processo civil.

A litigância de má-fé sofreu alterações pouco expressivas na sua estrutura,

porém ocorreram alterações que enrijeceram a aplicação das sanções previstas

para o indivíduo que pratique atos que configurem a má-fé processual. E nos artigos

79 a 81 do novo CPC, a litigância de má-fé passou a impor uma reflexão ao litigante,

exigindo dele uma mudança comportamental a partir das novas e mais duras

punições.

O novo texto prescreve que:

Art. 79. Responde por perdas e danos aquele que litigar de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 80. Considera-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; VI - provocar incidente manifestamente infundado; VII - interpuser recurso com intuito manifestamente protelatório. Art. 81. De ofício ou a requerimento, o juiz condenará o litigante de má-fé a pagar multa, que deverá ser superior a um por cento e inferior a dez por cento do valor corrigido da causa, a indenizar a parte contrária pelos prejuízos que esta sofreu e a arcar com os honorários advocatícios e com todas as despesas que efetuou. § 1o Quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. § 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. § 3o O valor da indenização será fixado pelo juiz ou, caso não seja possível mensurá-lo, liquidado por arbitramento ou pelo procedimento comum, nos próprios autos.

Segundo o art. 81, do Novo CPC, o litigante de má-fé será condenado a

pagar multa superior a 1% (um por cento) e inferior a 10% (dez por cento) do valor

corrigido da causa. O parágrafo 2º inibe mais ainda a tentativa de litigar de má-fé,

quando fixa para causas de valor irrisório ou inestimável, multa que poderá ser

fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário mínimo.

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As mudanças trouxeram um peso maior para a prática de atos maliciosos ou

temerários, possibilitando uma sanção bem mais rígida do que a prevista

anteriormente no CPC/73. Segundo preceitua Martinez (2016- on line):

Considerando o grande prejuízo causado a parte “vitima” da litigância de má-fé, a modificação quanto ao tema foi uma boa forma de “educar” aqueles que: propositalmente altera a verdade dos fatos, opuser resistência injustificada ao andamento do processo, provocar incidente manifestamente infundado, entre outros.

Assim como era no antigo código, o CPC/15 continuou a tratar esse tema

numa parte especifica que trata do dano processual, isso se dá pela recorrente

pratica de atos eivados de má-fé, o que tornou necessário não só a manutenção do

tema como também sua reformulação e seu enrijecimento.

2.1 NATUREZA JURÍDICA

A indenização por litigância de má-fé tem natureza jurídica processual

segundo Soares (2017- on line), e não nasce por meio de negócio jurídico nem pode

ser objeto de transação pelas partes, pois é prevista em norma de ordem pública e

protege, em um primeiro momento, as partes litigantes, e em um segundo, a própria

coletividade, pois resguarda e recomenda um dever geral de lealdade e boa-fé

processuais, com respeito tanto ao Estado como à parte contrária.

O assunto, porém, não é pacifico entre doutrinadores e juristas. As condições

exigidas para a configuração da litigância de má-fé alternam-se conforme a opinião

dos juízes quanto à natureza jurídica do instituto.

Para os doutrinadores que consideram a litigância de má-fé um ato ilícito, os

requisitos uniformizam-se com os exigidos para a configuração do ato ilícito,

conforme preceitua o professor Alvim (1975, p. 153) “é um ato ilícito, podendo ser

tanto omissivo como comissivo. Deve haver entre o ato (ou fato?) Ilícito processual e

o dano um nexo de causalidade (relação de causa e efeito). Deve haver

também culpa, pois, do contrário, haveria boa-fé”.

No entanto, os demais juristas, embora tratem a litigância de má-fé como

abuso de direito, convêm que os requisitos, sem os quais não se configuraria a

litigância de má-fé, são de ordem objetiva e subjetiva.

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Dinamarco (2002, p. 168) entende que a natureza jurídica da sanção é de

multa, contrariando a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça.

O certo, porém, como adverte Alvim (1990, p. 21):

É que por prejuízos indenizáveis com a sanção da litigância de má-fé não se deve entender como tudo aquilo que a parte perdeu ou deixou de ganhar. O alcance da sanção se restringe ao fato do processo, pelo que ficam excluídos os prejuízos indiretos, que deverão ser objetos de ação própria.

Nesse sentido, o Código de Processo Civil prevê hipóteses de multa para o

descumprimento dos deveres processuais, como no caso do artigo 1.026, parágrafo

segundo, o qual determina que, no caso dos embargos de declaração serem

manifestamente protelatórios, o juiz ou tribunal condenará o embargante a pagar ao

embargado multa não excedente a dois por cento sobre o valor da causa. Nesse

caso, se caracteriza uma hipótese de litigância de má-fé entendida em sentido

amplo, de forma a compreender não somente as hipóteses previstas no artigo 80 do

Estatuto Processual, mas qualquer espécie de infração aos deveres processuais.

Portanto, sob esta ótica, nota-se que a natureza jurídica da condenação por

descumprimento dos deveres processuais irá variar de acordo com a hipótese: se se

tratar de imposição de sanção pelo simples descumprimento de um dever,

independentemente de prejuízo causado à parte contrária, tratar-se-á de multa. Já

na hipótese de imposição ao transgressor da obrigação de reparar, com prestação

pecuniária, os prejuízos causados e comprovados pelo comportamento incorreto à

outra parte, estar-se-á diante de uma indenização.

Assim, pode-se concluir que a natureza jurídica da litigância de má-fé está

vinculada ao dano e o dever de reparação do prejuízo causado. Tendo também um

viés punitivo-preventivo, de forma a reparar, coibir e prevenir ações que se

enquadrem nas hipóteses caracterizadoras da litigância de má-fé.

2.3 ABUSO DO DIREITO DE LITIGAR

A expressão abuso de direito pode ser considerada pelos como sendo o mau

uso ou uso excessivo ou extraordinário do direito. Isso significa que essa expressão

remete à ideia de que alguém está exercendo um ato ilícito em razão de um

excesso. Assim, a expressão reafirma que o justo é exercer litigio dentro do que é de

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direito, nem mais e nem menos.

Para Rotondi (1979, p. 37 apud ABDO, 2007, p. 32), etimologicamente, a

expressão em latim abusos e abuti não possuíam a ideia de mau uso, mas

significava um uso intenso, um aproveitamento completo da coisa ou do direito.

Falar em abuso de direito, etimologicamente, significa o uso completo do direito, em

todas as suas formas e modalidades. Ou seja, o uso intenso do direito. Isso não

sofria punição e nem era considerado ilegal.

Abdo (2007, p. 35) afirma que nos dias de hoje, a expressão abuso do direito

obteve nova conotação, significando o excesso dos limites do poder da faculdade

(facultas agendi) que o direito objetivo (normas agendi) confere ao indivíduo, na

qualidade de sujeito de direito (sui iuris).

Para a autora (2007, p. 35):

O abuso do direito processual é uma variação do abuso de direito. As normas de direito material e as normas processuais possuem objetos diferentes. Enquanto as primeiras buscam estabelecer direitos e deveres para as pessoas, sujeitos de direitos, as normas processuais disciplinam a jurisdição e aplicabilidade das leis nos processos, levando em conta os critérios para a caracterização do abuso de direito bem como a melhor técnica processual para sua repressão.

Desde o Código de Processo Civil brasileiro de 1939 já se demonstrava a

preocupação com o abuso do direito processual. Conforme se verifica na análise dos

artigos. 3º e 63 desse Código, o abuso era caracterizado pela verificação dos

seguintes elementos: dolo, temeridade, fraude, emulação, capricho, erro grosseiro,

violência, protelação da lide, falta do dever de dizer a verdade e o anormal uso do

poder de disposição do processo.

Pelo que se verifica no CPC de 1939, observa-se a presença do elemento

subjetivo como sendo a intenção do sujeito para a prática do ato processual abusivo.

Porém, a necessidade do elemento subjetivo dolo foi revogada pelo Código de

Processo Civil de 1973, sugerindo critérios objetivos para a verificação do abuso do

direito processual.

É importante lembrar que violar uma regra de direito processual não é um ato

abusivo em si. Isso significa que a violação de uma norma processual não significa o

mau uso do direito processual e muito menos pode ser caracterizado como um ato

abusivo. Ou seja, se o recorrente interpõe um recurso ao invés de outro, isso por si

só não é um ato abusivo, mas somente um ato equivocado, um erro grosseiro, que

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não causa prejuízo à parte contrária e nem impede o regular andamento do

processo. No entanto, um ato processual passa a ser abusivo quando o mesmo

recurso é interposto não com o fim específico de alterar a decisão jurisdicional, mas

simplesmente para retardar ou impedir a execução ou cumprimento da sentença,

com manifesto propósito protelatório.

Dias (1998, p. 34) entende que:

O abuso do direito processual possui semelhanças com a fraude processual, mas com ela não se confunde. O abuso do direito distingue-se da fraude à lei, embora, se comparadas, certos traços semelhantes sejam percebidos. Há fraude com a realização, por meios lícitos, de fins que a lei não permite sejam atingidos diretamente, porque contrários ao seu preceito. No abuso de direito sobressai apenas irregularidade no exercício de direito, aí resultando dano ou constrangimento para terceiro. Enquanto a sanção, na hipótese de fraude, necessariamente será a nulidade do ato, no abuso do direito consistirá principalmente na obrigação de indenizar o prejuízo.

Já Albuquerque (2006, p. 92), sustenta que o abuso do direito e a litigância de

má-fé não se confundem. Segundo ele, as principais diferenças estariam no fato de

que o abuso do direito possui natureza objetiva e pressupõe a existência de dano,

enquanto para a verificação da má-fé é imprescindível o elemento subjetivo, e a

aferição de dano não é essencial.

Isso significa dizer que, no caso de litigância de má-fé, o importante é a

verificação de uma conduta reprovável, do ponto de vista processual e da lealdade

processual e da boa-fé, mas se houver ainda danos ou prejuízos, os mesmos devem

ser indenizados. A litigância de má-fé permite a punição pelo Judiciário por meio de

multa processual, mas em alguns casos, também prevê a condenação em

indenização por danos morais e materiais, nos termos do artigo 927 do Código Civil.

Vale ressaltar que o dever de lealdade processual não deve ser levado em

consideração apenas entre as partes em litigio, mas por todos os sujeitos

processuais, incluindo os Juízes, membros do Ministério Público e terceiros, isso

pode ser lido pelo art. 4º do CPC/2015.

Nesse sentido Dinamarco (2002, p. 268) afirma que:

O Código de Processo Civil brasileiro, que se mostra particularmente empenhado em cultuar a ética no processo, traz normas explícitas quanto aos limites da combatividade permitida e impõe sanções à deslealdade; o dever de manter comportamentos condizentes com os mandamentos éticos está sintetizado na fórmula ampla e genérica proceder com lealdade e boa-fé, […].

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Portanto, tanto as partes bem como todos os componentes do judiciário tem o

mesmo dever ético na prestação jurisdicional, para que se chegue a uma justa

decisão do direito final. Aduzindo uma aplicação doutrinaria de que todos têm

possibilidade de serem responsabilizados na litigância de má fé.

É bom ressaltar que, na violação de uma norma processual, a sanção será

aquela prevista no próprio ordenamento jurídico processual. Isto significa que, se

houver a interposição de uma defesa fora do prazo, verifica-se a violação de uma

norma processual, e tal violação resulta na revelia do réu, com a presunção de

verdade sobre os fatos narrados na petição inicial. No entanto, quando se verifica o

abuso do direito processual, está-se diante de uma prática processual que se afasta

de sua finalidade com o manifesto propósito de retardar a prestação jurisdicional

e/ou interferir no direito da parte contrária.

2.3 REQUISITOS DA LITIGANCIA DE MÁ-FÉ

As condutas previstas no art. 80 do CPC são condutas objetivas e possuem o

objetivo de conduzir o julgador no objetivo de reprimir as condutas que se

evidenciam contrárias aos interesses processuais e a duração razoável do processo,

nos termos do art. 6º do CPC/2015.

O artigo 80 traz um rol taxativo que censura a conduta das partes e de

quaisquer pessoas que participem do processo de maneira desonesta e desleal,

tais como os juízes, todos os possíveis intervenientes, auxiliares da justiça em

geral, bem como advogados e membros do Ministério Público.

Para Soares (2017- on line):

A má-fé corresponde a um comportamento humano contrário aos princípios e costumes. Aquele que age de má-fé, tem a consciência de que está agindo de maneira a prejudicar outrem. Para a qualificação do comportamento do litigante de má-fé, esta se faz imprescindível, haja vista que é fator crucial para a caracterização da intenção dolosa e indigna no correr do processo. Sendo assim, qualquer que participe do processo está sujeito a agir como litigante de má-fé.

O art. 80, inciso I, do CPC/2015 traz a indicação de vedação das partes de

deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso. Isso

significa que as partes têm, constitucionalmente, o direito de ação e de defesa para

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movimentar a jurisdição e a aplicação do direito material. No entanto, não é

permitido buscar tal direito de ação ou de defesa, quando a lei não acoberta ou

protege tal pretensão ou quando o fato que se opõe é um fato cujo o qual não existe

contradição pelas partes. Assim, litiga de má-fé o sujeito que busca a declaração ou

condenação de outrem, ou reconhecimento de algum direito, em juízo, com texto de

lei claramente se posicionando ao contrário do pretendido. Um exemplo simples

para tal hipótese de litigância de má-fé é o ajuizamento de ação para buscar receber

dívidas de jogo, que são impossíveis de serem exigidas em juízo segundo o

ordenamento jurídico brasileiro.

O inciso II indica que reputa litigante de má-fé aquele que no processo alterar

a verdade dos fatos. Nesse ponto se aduz a verdade processual que significa a

dedução de pretensão ou defesa com a devida demonstração dos mesmos com

provas. Quando as partes, no momento de dedução de pretensão ou de defesa,

alteram a verdade dos fatos, significa que estão buscando provar algo que não

existiu ou que não ocorreu efetivamente, e que as provas foram feitas mediante

fraude, emulação, erro ou vício. Um exemplo de quando se altera a verdade dos

fatos é quando a parte instrui as testemunhas para que informe fatos que nunca

ocorreram, em um claro objetivo de buscar o reconhecimento dos argumentos

deduzidos na pretensão na defesa.

Dinamarco (2002, p. 176) sanciona transgressão intencional do dever de

veracidade quanto aos fatos. As inveracidades só são contrárias à ética quando

acompanhadas da intenção de falsear os fatos, caracterizando-se assim como

mentiras.

O inciso III estabelece que atua em litigância de má-fé as partes que usam o

processo para conseguir objetivo ilegal. É evidente a preocupação do legislador com

o desvio de finalidade da norma. Assim, esse inciso busca reprimir aqueles que se

utilizam do processo com o objetivo de obter direito ou vantagem que a norma

proíbe.

O inciso IV determina que litiga de má-fé a parte que opuser resistência

injustificada ao andamento do processo. Trata-se de um dispositivo normativo

processual que reprime as condutas comissiva e omissiva das partes que impedem

a duração razoável do processo, conforme estabelece o art. 6º do CPC/2015 e o art.

5º, inciso LXXVIII, da Constituição Federal. Opor resistência injustificada ao

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andamento do processo significa colocar obstáculos ao regular curso do processo.

Isso significa que manifestações impertinentes e fora do prazo são exemplos e

formas de se opor ao regular andamento do processo e atentam contra a celeridade

processual e contra a dignidade da justiça.

O inciso V determina que a parte responde por litigância de má-fé quando

proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo. Temerário é

o ato da parte contrária imprudente, que não se observa nas normas processuais e

legais. Age de forma temerária quem provoca um incidente processual apenas para

paralisar o processo ou para impedir os efeitos da preclusão. Age de forma

temerária quem pratica ato processual irresponsavelmente, apenas para evitar

prejuízos processuais para si. Assim, um bom exemplo de ato temerário seria a

interposição de dois recursos contra a mesma decisão, sendo que a primeira já

havia se pronunciado sobre o seu não cabimento e a segunda é uma conduta

temerária, que busca desviar a finalidade da norma e evitar a preclusão.

O inciso VI determina que responde por litigância de má-fé a parte que

provocar incidentes manifestamente infundados. Incidentes infundados são

incidentes inexistentes, do ponto de vista formal e legal. Pode-se aduzir que a

palavra incidente, indicada nesse inciso, se refere a qualquer conduta ativa ou

passiva das partes no objetivo de atrasar a prestação jurisdicional. Um exemplo

disso é a oposição de embargos de terceiros, que pode paralisar o procedimento

principal, e caracterizar como sendo um incidente manifestadamente infundado, que

ao final, pode ser considerado um ato apenas com o intuito de evitar a prestação

jurisdicional ou retardar seu julgamento.

Por fim, o inciso VII estipula que responde por litigância de má-fé a parte que

interpõe recurso manifestadamente protelatório. Recurso protelatório é aquele que

não tem o objetivo de reformar a decisão, mas sim apenas de protelar o trânsito em

julgado ou a preclusão de uma decisão. Esse recurso protelatório pode ser

apresentado como um recurso destituído de fundamentos para reformar a decisão e

em clara intenção da parte em evitar e impedir a execução e o cumprimento da

decisão judicial.

2.4 SANÇÔES AO LITIGANTE DE MÁ-FÉ

A condenação do litigante de má-fé consiste em multa e indenização das

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perdas e danos, sendo que é imprescindível a comprovação do prejuízo para fins de

indenização. A multa tem aplicação de ofício, mas a indenização reclama pedido do

interessado, porquanto a reparação tem caráter patrimonial, sendo direito disponível

do prejudicado.

O artigo 81 § 1o preceitua que quando forem 2 (dois) ou mais os litigantes de

má-fé, o juiz condenará cada um na proporção de seu respectivo interesse na causa

ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.

Sobre esse tema já preceituava Miranda (1973, p. 407):

Se dois ou mais foram os litigantes de má-fé (e.g., dois ou mais litisconsortes ativos, ou dois ou mais litigantes passivos, ou litisconsortes, ou qualquer das partes e o assistente, ou qualquer das partes e o nomeado à autoria), há duas hipóteses: haver diferença dos interesses da causa (quantitativa, ou qualitativa), caso em que a condenação é peculiar a cada litigante, servindo para o cálculo o valor do interesse; ter havido coligação para o ato ou os atos de má-fé, razão para que seja igual e solidária a obrigação de cada um.

Porém o caput do artigo 81 inovou e permitiu que o juiz ou tribunal condenará,

de ofício ou a requerimento, o litigante de má-fé a pagar multa e indenizar a parte

contrária, em especial porque a litigância de má-fé não só prejudica a parte adversa

como também atenta contra o próprio Poder Judiciário, que não poderia ficar inerte à

atuação maliciosa do litigante. Para alvim (1990- p. 87), Trata-se de interesse

público, pelo que tem o juiz o dever de reprimir os atos atentatórios à dignidade da

Justiça.

Para Soares (2017- on line), a melhor técnica para a repressão do abuso de

direito processual e consequentemente a litigância de má-fé não seria a aplicação

de ofício pelo julgador das hipóteses previstas enumerativas e exaustivas no art. 80

do CPC, pois assim estaria vedando o contraditório, entendido como garantia de

vedação a uma decisão surpresa, e contrariando os arts. 6º e 10 do CPC/2015.

Assim preceitua o autor que:

Para se preservar a garantia do contraditório, verificando o juiz que ocorreu algumas das hipóteses

previstas no art. 80 do CPC/2015, deve abrir, ainda que incidentalmente, nos próprios autos do

procedimento ou em procedimento próprio, uma discussão paralela entre as partes, sobre a

ocorrência ou não de algumas das hipóteses de litigância de má-fé e seus eventuais danos. Isso

significa dizer que, se o julgador tomar a decisão pela aplicação de alguma punição por litigância de

má-fé sem que haja o devido respeito ao contraditório, essa decisão estaria vedando a participação

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em contraditório, e seria, do ponto de vista constitucional-democrático, uma decisão passível de

anulação, por absoluta falta de garantia do contraditório e da ampla defesa.

É claro que não basta apenas que o julgador, no momento da verificação da

litigância de má-fé, oportunize às partes vista dos autos para que possam se

pronunciar, é preciso também, atender ao disposto no art. 5º, inciso LV, da

Constituição da República, garantir a ampla defesa e a produção de todas as provas

necessárias para demonstrar ou não a ocorrência de umas das hipóteses previstas

no art. 80 do CPC/2015.

Assim, a melhor técnica para a repressão do abuso do direito processual

pode ser consolidada pela abertura de uma discussão sobre a sua ocorrência e os

eventuais danos que tal conduta ocasiona aos processos e as partes. Somente

assim seria possível aplicar com eficiência todas as repercussões que estão

previstas no art. 81 do CPC/2015.

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3 A RESPONSABILIDADE PROCESSUAL NA LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ E O ADVOGADO

Ainda diante uma visão mesmo que genérica da litigância de má-fé, pode-se

perceber que em todas as hipóteses legalmente previstas no Código de Processo

Civil, o advogado de alguma forma participa, direta ou indiretamente da má-fé da

parte. No entanto, pode-se verificar a não aplicação das penas por litigância de má-

fé como prescreve a lei aos patronos que agem com deslealdade e improbidade

processuais.

As punições previstas no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil têm

caráter disciplinar, a fim de que condutas desleais sejam coibidas. Salienta-se que

processo disciplinar está previsto nos artigos 70 a 74 do referido estatuto. Segundo

o texto, os bacharéis em Direito e inscritos na OAB que infringirem as condutas

previstas no Estatuto são punidos pelo Conselho Seccional onde ocorreu a infração.

O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional competente julga os

processos disciplinares e pode suspender o profissional, de maneira preventiva,

quando ele praticar ato prejudicial à dignidade da justiça.

Ademais, pode-se notar a preocupação do legislador em efetivar o princípio

da lealdade processual nas atividades advocatícias, ao abordar no artigo 77 do CPC

o seguinte texto:

Além de outros previstos neste Código, são deveres das partes, de seus procuradores e de todos aqueles que de qualquer forma participem do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - não formular pretensão ou de apresentar defesa quando cientes de que são destituídas de fundamento; III - não produzir provas e não praticar atos inúteis ou desnecessários à declaração ou à defesa do direito; IV - cumprir com exatidão as decisões jurisdicionais, de natureza provisória ou final, e não criar embaraços à sua efetivação; V - declinar, no primeiro momento que lhes couber falar nos autos, o endereço residencial ou profissional onde receberão intimações, atualizando essa informação sempre que ocorrer qualquer modificação temporária ou definitiva; VI - não praticar inovação ilegal no estado de fato de bem ou direito litigioso. § 1º Nas hipóteses dos incisos IV e VI, o juiz advertirá qualquer das pessoas mencionadas no caput de que sua conduta poderá ser punida como ato atentatório à dignidade da justiça. § 2º A violação ao disposto nos incisos IV e VI constitui ato atentatório à dignidade da justiça, devendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa de até vinte por cento do valor da causa, de acordo com a gravidade da conduta.

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§ 3º Não sendo paga no prazo a ser fixado pelo juiz, a multa prevista no § 2º será inscrita como dívida ativa da União ou do Estado após o trânsito em julgado da decisão que a fixou, e sua execução observará o procedimento da execução fiscal, revertendo-se aos fundos previstos no art. 97. § 4º A multa estabelecida no § 2º poderá ser fixada independentemente da incidência das previstas nos arts. 523, § 1º, e 536, § 1º. § 5º Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa prevista no § 2º poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. § 6º Aos advogados públicos ou privados e aos membros da Defensoria Pública e do Ministério Público não se aplica o disposto nos §§ 2º a 5º, devendo eventual responsabilidade disciplinar ser apurada pelo respectivo órgão de classe ou corregedoria, ao qual o juiz oficiará. § 7º Reconhecida violação ao disposto no inciso VI, o juiz determinará o restabelecimento do estado anterior, podendo, ainda, proibir a parte de falar nos autos até a purgação do atentado, sem prejuízo da aplicação do § 2º. § 8º O representante judicial da parte não pode ser compelido a cumprir decisão em seu lugar.

Conforme o texto, o advogado está inserido dentre aqueles que de qualquer

forma participam do processo, embora não seja parte, somente a representa em

juízo, vale salientar o fato de que o artigo supracitado impõe também ao procurador

o dever de lealdade. No entanto, o parágrafo sexto isenta os advogados da multa

estabelecida àqueles que não se enquadrarem na litigância de má-fé, pois afirma

que estarão sujeitos exclusivamente a sanções disciplinares do órgão competente o

qual o juiz deve oficiar.

Nesse sentido, o artigo 34, IX estatuto impõe infração disciplinar ao

profissional que prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio.

Entretanto, quando se faz a leitura do artigo 77 entende-se que o advogado não

responde por litigância de má-fé. Desta forma, nota-se que o sistema processual

não responsabiliza diretamente o advogado por litigância de má-fé, impondo a ele

tão somente o dever de lealdade previsto no em lei, deixando que a parte arque

com as implicações processuais que possam surgir de seu comportamento desleal.

Todavia, sustenta o texto do estatuto no artigo 32 e respectivo parágrafo

único:

O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa. Parágrafo único: Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação própria.

Logo, haverá responsabilização pelo dano processual causado, mas não

pelo enquadramento nas penas de litigância de má-fé. O artigo também

responsabiliza o advogado quando age em lide temerária, porém apenas, se ele e

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seu cliente coligaram-se para prejudicar a parte adversa.

Para Locorrama (2006, p. 52), “pode-se dizer, entrementes, que o advogado

não fica livre de sua responsabilidade por comportar-se de forma descortês, pois o

fato de ser punido em ação própria surgirá justamente do desrespeito às regras de

probidade dentro do processo onde esteja atuando em tal qualidade”. Assim é

cabível a plausibilidade do dispositivo supramencionado, haja vista que o CPC não

imputa ao advogado a responsabilidade do advogado por litigância de má-fé.

Porém, garante a parte o direito de regresso contra seu procurador se for

condenada por suas atitudes desleais.

Nesse sentido, o advogado responde indiretamente por litigância de má-fé,

uma vez que, se a parte foi condenada por litigância de má-fé e atribuir ao seu

patrono a deslealdade processual, provando em ação própria que o causídico foi o

responsável pela má-fé, será ele o verdadeiro responsável e arcará com todo o

ônus que a parte sofreu. Porém, fica incabível a punição do advogado por litigância

de má-fé nos próprios autos em que esta ocorreu.

Pode-se afirmar que o advogado tem, de uma forma ou de outra, a

responsabilidade por litigância de má-fé decorrente de suas atitudes desleais em

juízo. Assim, nota-se, por um lado, a efetivação do princípio da lealdade no

processo civil em relação às partes e, por outro lado, a isenção ao advogado do

ônus decorrentes das condutas nocivas ao Poder Judiciário.

3.1 O ADVOGADO COMO FUNÇÂO ESSENCIAL À JUSTIÇA

A atividade profissional do advogado tem sua indispensabilidade e

importância garantidas na constituição federal, ao prevê no artigo 133 que “O

advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos

e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

Dessa forma, o advogado tem a exclusividade profissional de promover a

justiça, e amparado no princípio da legalidade deve prestigiar a ordem do estado

democrático de direito, tendo em vista que é o profissional que possui aptidão

necessária para combater atos que retirem os direitos da sociedade e,

principalmente, garantir a democracia aos cidadãos.

Calamandrei (2010, p. 204 apud PORTO, 2008, p. 85), afirma que:

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[...] na sempre crescente complicação da vida jurídica moderna, na aspereza dos formalismos processuais, que parecem aos profanos misteriosas trincas, o advogado é um precioso colaborador do juiz, porque trabalha em seu lugar, para recolher os materiais do litígio, traduzindo em linguagem técnica as fragmentárias e desligadas afirmações da parte, tirando delas a ossatura do caso jurídico para apresenta-lo ao juiz, em forma clara e precisa e nos moldes processualmente corretos [...].

Dessa forma, levando em consideração o livre acesso à justiça garantido pela

Carta Magna que juntamente com isso, assegura também a prestação jurisdicional,

fica evidente a importância da atuação desse profissional, por meio de seus

conhecimentos, na busca de se garantir a efetividade d tais garantias aos cidadãos.

Paiva (2007- on-line) afirma que o advogado funciona como um dos órgãos

da justiça, isso porque é considerado preparador das decisões emitidas pelos

magistrados. Dessa forma, o advogado é considerado órgão subsidiário à justiça,

pois é ele quem, efetivamente, concretiza as reivindicações levadas ao Poder

Judiciário.

Nota-se ainda, que o procurador de cada demanda judicial ajuizada junto ao

órgão competente é fundamental para que os direitos e garantias de seus clientes

sejam concretizados, visto que, com a presença de advogados capacitados, as

partes estarão em situação de equilíbrio para poderem litigar perante o poder

judiciário.

Assim, o advogado tem como missão amparar seus clientes e também quanto

a eventuais riscos e consequências que poderão surgir a partir da demanda, quando

um direito for pleiteado em juízo, para que este, mesmo sem o conhecimento jurídico

necessário, possa evitar que sua demanda resulte em condenação por litigância de

má-fé.

3.2 A ÉTICA NA ADVOCACIA

A ética na advocacia é fundamental, tanto que se tem um código de ética

especifico para atuar dentro das regras esperadas por esses profissionais. Esse

conjunto de regras previsto no Código de Ética da OAB evidencia a preocupação em

se ter uma maior organização, harmonia e moralidade do exercício prático da

advocacia, em que o advogado é obrigado a cumprir aquilo que está estabelecido no

Estatuto.

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O código de ética prevê que:

Art. 1º - O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. Art. 2º - O Advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce. Parágrafo único – São deveres do advogado; I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; [...].

Agir com ética não é prerrogativa apenas do advogado, porém se faz muito

necessária no exercício da advocacia bem como a dignidade, o decoro, a

honestidade e a boa-fé, requisitos essenciais para aqueles que buscam a aplicação

da justiça em nossa sociedade. Com os repetidos casos de desonestidade e falta de

ética, criou-se um senso comum de que o profissional da advocacia não age com

ética, mas é fundamental que os procuradores preservem e respeitem o Código de

Ética da Advocacia, para que a profissão permaneça cada vez mais útil e confiável

aqueles que dela necessitem.

Obviamente a advocacia é uma profissão muito importante para um Estado

Democrático de Direito, pois seus profissionais exercem um papel importante para

preservação da ordem e dos direitos dos cidadãos. Sendo um agente transformador,

auxiliando e contribuindo para que o direito acompanhe a evolução da sociedade.

Nesse sentido, a ética deverá ser o alicerce das relações entre advogados e

clientes. O profissional, quando observar que a parte pretende postular com má-fé,

deve esquivar-se de tal prestação de serviço, não aceitando compactuar com a

deslealdade, ou seja, se o advogado perceber que a parte está agindo de má-fé ao

longo do processo, o mesmo deve ser ético tem o dever de informar e orientar o

cliente, e se necessário, renunciar ao mandato.

3.3 PRERROGATIVAS DO ADVOGADO

Assim como outros profissionais, o advogado conta com algumas

prerrogativas que visam garantir o exercício pleno de seu trabalho. Tais

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prerrogativas não devem ser confundidas com privilégios para cometer atos

antiéticos, mas sim como uma medida para se garantir e proteger o exercício

profissional dos procuradores.

Essas prerrogativas estão previstas nos artigos 6º e 7º da Lei 8.906/94, que

faculta ao profissional exercer suas atividades de forma autônoma e independente,

sem temer a atividade de nenhuma autoridade que tenha o objetivo de diminuir a

atividade do advogado.

Uma das principais prerrogativas é a ausência de hierarquia ou subordinação,

isso é, todos os membros que atuam em defesa da lei devem ser tratados de forma

igual, com o mesmo respeito e consideração. Assim, não existe uma hierarquia entre

juízes, membros do Ministério Público, delegados, defensores públicos e advogados.

Todos possuem liberdade e autonomia para exercerem suas atividades.

Quando se fala em responsabilizar processualmente o advogado por litigância

de má-fé, deve observar tal prerrogativa do profissional no exercício de sua função,

a fim de se manter um igual tratamento a todos os defensores do direito e evitar que

se coloque os procuradores em uma situação de subserviência ao poder estatal.

3.4 RESPONSABILIDADE DO ADVOGADO NOS PROCESSOS

O processo civil gera um grande número de processos nas varas cíveis de

todo o Brasil. Isso se dá por se tratar de situações litigiosas diversas envolvendo

todas as classes e tipos de pessoas. Por isso a atuação do advogado é muito

solicitada e imprescindível na busca da solução de tais conflitos.

Porém, o papel que o advogado desempenha vai muito além de defender

inocentes que estão sendo prejudicados ou representá-los em juízo. Deve se

reprimir a ideia de que o advogado é um simples defensor daquele que está

sofrendo uma injustiça. O papel do profissional, legalmente habilitado, vai muito

além desta visão, pois tal profissão é baseada em fundamentos maiores que

passam despercebidos aos olhos do homem comum, que não tem a visão que o

advogado ao defender um direito particular, está defendendo também a própria

ordem jurídica e a coletividade.

A função do advogado é tida como essencial à justiça e é tão imprescindível

que a própria Constituição Federal prevê, em seu Art. 133, que: “O advogado é

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indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e

manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”. Assim, cabe aos

advogados a prestação de um serviço essencial à administração da justiça, zelando

pela boa aplicação das leis e pugnando pela imparcialidade nos julgamentos

proferido pelo Judiciário, sempre na defesa do interesse dos seus constituintes.

Para tanto, é imprescindível que o advogado tenha o conhecimento técnico

das responsabilidades, procedimentos e obrigações que lhe são atribuídas, além de

desenvolver um constante estudo das questões nas quais irá atuar, aplicando toda a

diligência necessária, para atender satisfatoriamente aos seus clientes na buscar do

melhor e mais justo direito, e ainda garantir a ética, a lealdade processual e a

dignidade da justiça, de modo a não deixar margem a possíveis erros, prejuízos ou

danos causados no exercício do sua função.

3.5 O ADVOGADO E O DEVIDO PROCESSO LEGAL

O papel social e institucional do advogado é imprescindível nos regimes

democráticos. Ele assegura, na esfera jurídica, a todos os cidadãos a observância a

seus direitos constitucionais e legais. Como detentor do conhecimento jurídico, o

advogado assegura ao cliente uma lide mais justa e equilibrada frente ao poder

judiciário, garantindo que todos os atos processuais serão feitos conforme preceitua

legislação, dessa forma, ele coopera para a efetividade do devido processo legal

Moraes (2001, p. 121) afirma que ”o devido processo legal configura dupla

proteção ao indivíduo, atuando tanto no âmbito material de proteção ao direito de

liberdade, quanto no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade total de condições

com o Estado-persecutor e plenitude de defesa [...].”Ou seja, Princípio do Devido

Processo Legal significa para o cidadão uma garantia que lhe dá proteção pois

protege o seu direito de liberdade individual, e, no âmbito formal lhe dá garantia

sobre em que condições se efetiva a relação dele com o Estado, principalmente,

tratando-se de defesa e nas formas legais de agir do processo, quando precisa

defender interesses, solucionar conflitos, com a intervenção do poder estatal.

A constituição de 1988 bem como todo o ordenamento jurídico brasileiro

visavam desde o princípio, possibilitar acessibilidade à Justiça para todos, duração

razoável do processo e eficácia na justiça. Pelo texto constitucional exige que

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sejam percorridas todas as etapas processuais, mas isso exige tempo, gera

morosidade que pode colocar em risco a efetividade do processo e ainda, atingir a

eficiência da justiça.

Posto isto, se verifica muito importante a presença do advogado na

aplicação do acesso à justiça e do devido processo legal, fundamental para

interpretar até onde começa e onde termina um processo, cuja duração razoável

não influencie a prestação jurisdicional em seus mais amplos aspectos

operacionais pela busca de justiça.

3.6 OS DEVERES DO ADVOGADO

Os deveres do advogado estão previstos no Estado da Advocacia e da Ordem

dos Advogados do Brasil (Lei 8.906/94) e também no código de Ética e Disciplina da

OAB. Tais dispositivos trazem deveres pessoais exigidos na conduta diária do

profissional do direito, sendo eles: a probidade; a lealdade; a delicadeza no trato; a

moderação na obtenção de ganhos; e a dignidade de conduta.

O dever de agir com probidade significa que o advogado deve manter um

equilíbrio e ser moderado na obtenção de ganhos, pois advogar não é uma atividade

comercial, nem é negociar coisas materiais, apesar de elas serem discutidas e

inseridas no meio profissional.

Já a lealdade é proveniente das prerrogativas do exercício da profissão. O

advogado deve ser sempre pautado pela boa–fé, buscando comprovar a verdade

dos fatos sem o objetivo de fraudar o convencimento dos demais operadores do

direito, evitando assim fazer acusações ou defesas sem fundamentos. Agindo

contrariamente a isso, o advogado compromete todo o processo e ainda fere a

dignidade da justiça.

O advogado deve se preocupar sempre e prezar em atender seu cliente da

melhor forma possível. É necessário que trate seus clientes com cordialidade, fineza

e é extremamente importante que seja compreensivo. O advogado deve buscar

sempre ser um exemplo a ser seguido por seus clientes, colegas de profissão,

magistrados ou serventuários da justiça. Diante disso, entende-se que advogado

não pode jamais comprometer a sua dignidade e seu prestígio profissional.

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A dignidade da conduta do advogado está presente no Código de Ética da

OAB, Estatuto da OAB bem como na legislação processual, inclusive com sanções

em caso de infração.

Espera-se ainda que o advogado seja discreto em seus atos, porém não deve

ter o receio de ser considerado muita das vezes, impopular na defesa dos interesses

legítimos do seu cliente. Este deve ser ponderado ao fazer propaganda do seu

trabalho, haja vista que a publicidade na advocacia é muito delicada uma vez que é

vedada a propagandas chamativas e com oferta de prestação de serviço. Na

publicidade da advocacia a divulgação é muito restrita, pois só é permitida que se

coloque o Nome, área de atuação, registro na OAB, o telefone e o endereço.

3.7 ANÁLISE DE JURISPRUDÊNCIAS

Nas decisões tomadas atualmente após a validade no CPC 2015, nos

tribunais e varas do país, tem-se mantido a linha procedimental determinada pela

legislação. O que se observa é a tentativa dos julgadores em preservar as

garantias legais e prerrogativas determinadas para os patronos, de não condená-lo

nas penas por litigância de má-fé, e somente em alguns casos de culpa

comprovada, condenar solidariamente a arcar com o ônus da condenação,

segundo prevê a legislação. Mas não tem sido comum a responsabilização

processual do advogado.

É o que se verifica no julgado a seguir:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO - LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ - ADVOGADO. Incabível a condenação solidária dos advogados em multa por litigância de má-fé, tendo em vista que a aferição da responsabilidade desses profissionais deve ser objeto de prova irrefutável (Des. Alexandre Santiago). V.V EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. CONDENAÇÃO DO ADVOGADO. PECULIARIDADE DO CASO CONCRETO. POSSIBILIDADE. DEMAIS QUESTÕES. REDISCUSSÃO. NÃO CABIMENTO. ACOLHIMENTO EM PARTE. 1. Impõe-se o acolhimento dos embargos declaratórios para sanar omissão referente à condenação do advogado por de litigância de má-fé. 2. A pena de litigância de má-fé, em regra, não é aplicável ao advogado, mas somente ao litigante, a não ser que haja provas contundentes acerca do ânimo do patrono de induzir o juiz a erro e alterar a verdade dos fatos. 3. Quanto à parte do acórdão que não apresenta efetiva omissão, contradição ou obscuridade, não são cabíveis embargos de declaração, para rediscussão da matéria ou até mesmo para fins de prequestionamento, devendo o interessado insurgir-se por meio de

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recurso próprio, se pretende a modificação da decisão (Des. Marcos Lincoln). (TJ-MG - ED: 10707150214823002 MG, Relator: Marcos Lincoln, Data de Julgamento: 31/03/0018, Data de Publicação: 11/04/2018) No caso dos autos, entendo que não restou comprovada a atuação com dolo ou culpa por parte do advogado, de forma a caracterizar a existência de conluio. Mesmo porque a apuração do ato, bem como a existência de prejuízo à parte contrária somente se dará por meio de ação própria. Desta forma, concluo não estar correta a condenação solidária do procurador da parte nas penas por litigância de má-fé e indenização, vez que a aplicação de tal pena depende da apuração de conluio entre procuradores e cliente para prejudicar a outra parte. Pelo exposto, ACOLHO PARCIALMENTE OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO E DOU PARCIAL PROVIMENTO À APELAÇÃO, apenas para excluir a condenação solidária do procurador do embargante nas penalidades mencionadas. Na jurisprudência acima apresentada, se verifica a predominância recorrente por parte do judiciário e da OAB, em se manter a defesa dos advogados nos processos resultantes em litigância de má-fé.

É o que ocorre também no outro caso apresentado a seguir:

AÇÃO DECLARATÓRIA - DÍVIDA EXISTENTE - LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - CONDENAÇÃO SOLIDÁRIA - ADVOGADO - PATRONO - IMPOSSIBILIDADE. Nas hipóteses em que a instituição financeira comprova a existência do vínculo contratual entre as partes e do débito, deve ser julgado improcedente o pedido de declaração de inexistência de dívida. O Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado acerca da impossibilidade de condenação do advogado ao pagamento solidário da multa por litigância de má-fé, devendo a responsabilidade deste ser auferida em demanda própria APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0707.15.017659-2/001 - COMARCA DE VARGINHA - APELANTE (S): LAURA MIGLIORINI - APELADO (A)(S): BANCO ITAUCARD S/A A C Ó R D Ã O: Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em REJEITAR A PRELIMINAR E DAR PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO. DES. ESTEVÃO LUCCHESI RELATOR. DES. ESTEVÃO LUCCHESI (RELATOR) V O T O: Cuida-se de ação declaratória de inexistência de negócio jurídico ajuizada por LAURA MIGLIORINI contra BANCO ITAUCARD S/A. Na inicial a autora disse que seu nome foi inscrito no cadastro de inadimplentes pelo réu, muito embora "não se recorde" da existência de qualquer dívida, "desconhecendo a origem do débito". Desta forma, requereu a declaração de inexistência de dívida. O Juízo da 3ª Vara Cível da Comarca de Varginha julgou improcedente o pedido inicial e condenou a autora ao pagamento de multa por litigância de má-fé. Em seu recurso de apelação a demandante afirma que o réu não comprovou a regularidade da dívida. Alega que o valor da fatura não condiz com aquele inscrito no cadastro de restrição ao crédito. Defende não ter sido notificada acerca da negativação. Sustenta ser preciso afastar a condenação ao pagamento de multa por litigância de má-fé ou reduzi-la. Assevera ser incabível a condenação solidária do procurador ao pagamento da multa por litigância de má-fé. Em contrarrazões o Banco Itaú suscitou preliminar de inovação recursal e pugnou pela manutenção da sentença proferida. Fixa-se, inicialmente, que a sentença proferida foi devidamente fundamentada e que a alteração da causa de pedir (inovação) será

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apreciada no mérito. Assim, rejeito as preliminares suscitadas pelas partes. Na espécie, a litigância de má-fé da demandante é da mais lídima clareza, pois desde a instauração da demanda esta procurou alterar a verdade dos fatos (art. 80, inciso II, do CPC), nos termos da fundamentação supra, sendo cabível a sua condenação nas penas do art. 81 do CPC, inclusive indenização de prejuízos, honorários e despesas. Destarte, diante do ajuizamento de ação buscando uma pretensão sabidamente indevida, bem como a movimentação do Poder Judiciário desnecessariamente, deve a parte autora ser condenada ao pagamento de multa por litigância de má-fé. Outrossim, considerando o valor dado à causa, a multa foi corretamente fixada com observância do disposto no artigo 81, § 2º do CPC, in verbis: § 2o Quando o valor da causa for irrisório ou inestimável, a multa poderá ser fixada em até 10 (dez) vezes o valor do salário-mínimo. Neste contexto, forçoso registrar que a multa por litigância de má-fé não deve ser minorada, sendo lamentável o elevado número de demandas infundadas como está sendo ajuizadas na Comarca de Varginha. Numa outra perspectiva, o Superior Tribunal de Justiça possui entendimento consolidado acerca da impossibilidade de condenação do advogado ao pagamento solidário da multa por litigância de má-fé, devendo a responsabilidade deste ser auferida em demanda própria. Por todo o exposto, DOU PARCIAL PROVIMENTO ao recurso somente para afastar a condenação do advogado ao pagamento de multa por litigância de má-fé. Custas recursais pela apelante, suspensa a exigibilidade, por se encontrar sob o pálio da justiça gratuita. DES. MARCO AURELIO FERENZINI - De acordo com o (a) Relator (a). DES. VALDEZ LEITE MACHADO - De acordo com o (a) Relator (a).

Nesse outro caso, se verifica novamente o afastamento da condenação do

advogado em litigância de má-fé, o que reafirma a tendência atual adotada no

judiciário, de proteger e manter as garantias e prerrogativas dos advogados.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o passar dos tempos e o surgimento de novas leis, os legisladores

sempre se preocuparam em inserir nos textos diversas medidas para coibir a pratica

de atos desleais e antiéticos.

Desde o direito romano já se pensava em formas de punir a litigância de má-

fé, e tornar o processo o mais justo possível, o que inspirou o surgimento de muitas

leis que regem o Brasil. No código de processo civil de 1939 se previa o princípio da

probidade, que falava da questão do dever de ser leal nos atos do processo. No

CPC de 1973 que também abordava o assunto, mas somente na lei 8.906/94 que

começou a se falar em responsabilidade solidária do advogado.

Conceitos como má-fé, boa-fé, moralidade, ética e lealdade processual foram

sendo inserido como mecanismos de mudança nos procedimentos judiciais que

deveriam ser seguidos por todos. Assim teve início as efetivas regras para não recair

em perdas e danos por litigância de má-fé.

Tantas mudanças, porém, colaboraram até o advento do CPC de 2015, que

juntamente com a constituição, o código de ética da OAB e o estatuto da advocacia,

continuaram a abordar o tema da responsabilidade processual do advogado e suas

possibilidades de aplicação.

Porém, a constituição de 1988 deu uma importância muito grande ao

advogado, colocando-o como função indispensável a justiça, enquanto o estatuto da

advocacia surgiu para delimitar as sanções do profissional do direito. Tudo isso

trouxe garantias e prerrogativas que visam garantir o pleno exercício profissional do

advogado, protegendo-o de ser punido e, consequentemente, colocado em posição

de submissão ou subserviência aos demais representantes e do direito.

A doutrina debate o tema que não é pacifico ainda, enquanto alguns

defendem a isenção dos patronos outros defendem a sua condenação no âmbito

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processual. Já a jurisprudência segue o ordenamento jurídico vigente, não

condenando na maioria dos casos, os advogados como litigantes de má-fé.

Portanto, é imprescindível a atuação do advogado nas demandas judiciais,

visto que ele pode representar em juízo e detém o conhecimento necessário para

equilibrar a sociedade ante ao poder judiciário. Por isso a proteção e garantia legal

das prerrogativas, para que o patrono possa também assegurar o devido processo

legal, a ampla defesa e o contraditório, e ainda a dignidade da justiça.

O que se espera é que esses profissionais pautem suas ações na ética e

obedeçam aos princípios e regras que prevê a lei, para que se possa consolidar na

pratica processual civil, tudo aquilo que o legislador imaginou ao iniciar a criação de

cada projeto de lei.

Não resta dúvida quanto a importância, indispensabilidade e garantias

concedidas aos patronos legais em seu cumprimento profissional, permanecendo os

mesmos isentos de sanções decorrentes da litigância de má-fé, exceto em

solidariedade com a parte, conforme previsto legalmente. Embora a questão não

seja um assunto pacificado totalmente nos tribunais, a litigância de má-fé ainda está

longe se consolidar nas sanções referentes aos tribunais. Isso porque, a pratica

jurisprudencial tem declinado para o caminho de se distanciar cada vez mais os

advogados das punições caso venham a incorrer na litigância de má-fé.

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