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Gandhi e a não violência

Gandhi e a não violência - Colégio São Paulo Irmãs ... · o líder pacifista indiano: «A força de um homem e de ... pegou o carro e correu até ... sofrer a agonia de uma mentira

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Gandhi e a não violência

Há 67 anos atrás Gandhi conquistava a Independência da Índia, e a

mensagem de vida do Mahatma Gandhi, acerca da não violência, é

mais atual do que nunca, nestes dias conturbados, difíceis e violentos

No último dia 15 de agosto comemoraram-se exatamente 67 anos da Independência da Índia. Uma das civilizações mais antigas do mundo, a

Índia comemora sua libertação do Império Britânico, conquistada após

uma luta política pacífica comandada por Gandhi e Nehru

Em 15 de agosto de 1947, aquela Nação, hoje com mais de 900

milhões de habitantes, livrou-se do imperialismo inglês.

Mas quem foi Mahatma Gandhi? Qual a sua proposta de vida da não

violência, já que libertou 700 milhões de pessoas (em 1947) sem o derramamento de uma só gota

de sangue da sua parte?

Ao mesmo tempo em que aconteceu a Independência da

Índia, este país foi dividido em dois Estados: a União Indiana (hindu), e

o Paquistão (muçulmano), uma divisão que Gandhi considerou

inaceitável.

Dedicou-se, então, o Mahatma, a reconciliar as duas comunidades, mas este fato provocou o ódio de ambas as partes, até que aconteceu um fato muito lamentável

para aquele país e para o mundo. Era o dia 30 de janeiro de 1948. Mohandas Karamchand Gandhi tinha

78 anos. Quando se dispunha para orar junto a 500 pessoas, foi assassinado brutalmente com vários tiros

de revólver por Nathuran Vinayak Godse, um hindu fanático que nunca aceitou seus sentimentos fraternos

para com os muçulmanos. Suas últimas palavras foram: He Rama! (Oh, meu Deus!)

Analisando a Vida e a Obra do Mahatma (denominação que significa Alma Grande, dada a Gandhi por um dos

maiores poetas e escritores da Índia: Rabindranath Tagore, contemporâneo seu e Prêmio Nobel de

Literatura em 1913), percebemos que toda ela tem uma coerência formidável, entre o que disse e o que fez, fato muito difícil de encontrarmos na vida de um

homem dos nossos dias. Notemos o que disse outrora o líder pacifista indiano: «A força de um homem e de

um povo está na não violência; experimentem».

Leitura: Bíblia: Sermão da Montanha

A Luz da Ásia : Buda Profetas do Islã : Heróis.

Em uma de suas palestras na Universidade de Porto Rico, o Doutor Arun Gandhi, neto de

Mahatma Gandhi e fundador do Instituto M.K. Gandhi para a Vida

Sem Violência, compartilhou a seguinte história como exemplo da vida sem violência exemplificada

por seus pais:

Ele tinha 16 anos e estava vivendo com os pais no instituto que seu avô havia fundado, a 18 quilômetros da cidade

de Durban, na África do Sul, em meio a plantações de cana de açúcar. Estavam bem no interior do país e não tinham

vizinhos. Assim, ele e as irmãs, ficavam muito felizes quando podiam ir à

cidade visitar amigos ou assistir a um filme no cinema.

Certo dia, seu pai pediu que Arun o levasse até a cidade para assistir a uma conferência que duraria o dia inteiro. A mãe aproveitou e lhe deu uma lista de coisas do supermercado que deveria comprar. Como iria passar todo o dia na cidade, seu pai pediu que fizesse

outras tarefas pendentes, como levar o carro para a oficina.

Quando se despediu, seu pai, disse:

----- Nos veremos neste local às cinco horas da tarde e voltaremos juntos para

casa. Depois de terminar rapidamente todas

as tarefas, Arun foi ao cinema mais próximo. Estava tão concentrado no

filme, um filme duplo de John Wayne, que se esqueceu do tempo. Eram cinco e meia da tarde, quando se lembrou do

encontro com meu pai.

Correu para a oficina, pegou o carro e correu até o lugar onde seu pai estava lhe esperando. Já eram quase seis horas da tarde. O pai,

ansioso, perguntou: ----- Por que você se atrasou

tanto, filho?

Arun se sentiu mal por não poder dizer a verdade, que estava

assistindo a um filme de John Wayne. Então, disse que o carro

não estava pronto, e que precisou esperar. Falou isso sem saber que

seu pai já tinha ligado para a oficina.Quando o pai percebeu que

Arun tinha mentido, falou:

----- Alguma coisa não anda bem, no modo como venho lhe

educando, já que não tenho lhe passado confiança a ponto de você

me falar a verdade. Vou pensar sobre o que fiz de errado com

você. Vou caminhar os 18 quilômetros até em casa pensando

sobre isto.

Assim, mesmo usando roupas e sapatos caros, o pai começou a andar por caminhos escuros e sem asfalto, até em casa. Mas, como não podia deixá-lo sozinho, dirigiu por cinco

horas e meia atrás dele, vendo o pai sofrer a agonia de uma mentira

estúpida que ele havia dito. Foi então que decidiu que, a partir daquele momento, nunca mais iria mentir.

. Arun contou que muitas vezes se lembra desse episódio e pensa: “Se meu pai tivesse me castigado do modo que castigamos nossos

filhos, será que eu teria aprendido a lição? Não acredito! Se eu tivesse

sofrido o castigo, continuaria mentindo até hoje!”