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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA PEDRO FELIPE RAMOS DOS SANTOS VASCONCELOS GANHOS DA UTILIZAÇÃO DE ACESSO POR CORDA NA INSPEÇÃO DE SERPENTINAS DA RADIAÇÃO DE FORNOS DE PIRÓLISE EM UMA PLANTA DA BRASKEM DURANTE PARADAS DE MÉDIO PORTE Salvador 2011

GANHOS DA UTILIZAÇÃO DE ACESSO POR CORDA NA INSPEÇÃO DE SERPENTINAS DA RADIAÇÃO DE FORNOS DE PIRÓLISE EM UMA PLANTA DA BRASKEM DURANTE PARADAS DE MÉDIO PORTE

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TCC - Pedro Felipe Ramos Dos Santos Vasconcelos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PEDRO FELIPE RAMOS DOS SANTOS VASCONCELOS

GANHOS DA UTILIZAÇÃO DE ACESSO POR CORDA NA

INSPEÇÃO DE SERPENTINAS DA RADIAÇÃO DE FORNOS

DE PIRÓLISE EM UMA PLANTA DA BRASKEM DURANTE

PARADAS DE MÉDIO PORTE

Salvador 2011

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PEDRO FELIPE RAMOS DOS SANTOS VASCONCELOS

GANHOS DA UTILIZAÇÃO DE ACESSO POR CORDA NA

INSPEÇÃO DE SERPENTINAS DA RADIAÇÃO DE FORNOS

DE PIRÓLISE EM UMA PLANTA DA BRASKEM DURANTE

PARADAS DE MÉDIO PORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade Federal da Bahia para a obtenção do título de Engenheiro Mecânico. Orientador: Profª Dr. Paula Frassinetti Cavalcante Co-Orientador: Engo. Francisco de Assis E. Júnior

Salvador 2011

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Ficha Catalográfica

Vasconcelos, Pedro F R S.

Ganhos da Utilização de Acesso por Corda na Inspeção de Serpentinas da

Radiação de Fornos de Pirólise em uma Planta da Braskem Durante Paradas de

Médio Porte / Pedro Felipe Ramos dos Santos Vasconcelos, 2011.

Orientador: Professora Drª Paula Frassinneti Cavalvante

Co-Orientador: Eng. Francisco de Assis E. Júnior

1. Introdução. 2. Revisão do estado da arte. 3. Fundamentação teórica. 4.

Acesso por corda. 5. Estudo de caso. 6. Considerações finais – I. Universidade

Federal da Bahia, Escola Politécnica. II. Vasconcelos, Pedro F R S. III. Ganhos da

Utilização de Acesso por Corda na Inspeção de Serpentinas da Radiação de Fornos

de Pirólise em uma Planta da Braskem Durante Paradas de Médio Porte.

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TERMO DE APROVAÇÃO

PEDRO FELIPE RAMOS DOS SANTOS VASCONCELOS

GANHOS DA UTILIZAÇÃO DE ACESSO POR CORDA NA

INSPEÇÃO DE SERPENTINAS DA RADIAÇÃO DE FORNOS

DE PIRÓLISE EM UMA PLANTA DA BRASKEM DURANTE

PARADAS DE MÉDIO PORTE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Mecânica, Universidade Federal da Bahia – UFBA, pela seguinte banca examinadora: Profª Dr. Paula Frassinetti Cavalcante_____________________________________ Doutora em Engenharia Mecânica – Universidade Estadual de Campinas Mestre em Engenharia Mecânica – Universidade Estadual de Campinas Engenheira Mecânica – Universidade Federal da Paraíba

Eng. Francisco de Assis E. Júnior_________________________________________ Mestre em Engenharia Mecânica Engenheiro Mecânico

_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Salvador, dezembro de 2011

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Dedicatória

Dedico esse trabalho aos meus pais por sempre terem acreditado e apoiado

minhas decisões e escolhas.

Dedico também aos meus amigos de faculdade que sempre estudaram e

comigo, me ajudando a entender até os assuntos mais complexos.

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Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todos os mestres que tive em minha caminhada. A

Professora Paula, pela orientação deste e outros trabalhos realizados na faculdade.

Aos colegas de Braskem pelas experiências e aprendizados da prática e teoria. Ao

engenheiro Francisco de Assis E. Júnior cujos ensinamentos tornaram possível a

realização deste trabalho.

Obrigado a todos.

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Epígrafe

“O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano”

Isaac Newton

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RESUMO

O objetivo principal deste trabalho é mostrar os ganhos da utilização da técnica de acesso por corda na inspeção de serpentinas da radiação dos fornos de pirólise da Unidade de Olefinas, localizada na Unidade de Insumos Básicos da Braskem – Camaçari, durante paradas de médio porte. Para isso foi feita uma fundamentação teórica dos fornos de pirólise, destacando seu funcionamento e principais componentes, dos mecanismos de dano atuantes nas serpentinas e das técnicas de inspeção mais utilizadas. Posteriormente, foi abordados aspectos da engenharia de acesso, mais especificamente de acesso por corda. A partir dessa base conceitual, foi apresentado o estudo de caso. Como resultado tem-se uma economia da substituição do uso de andaimes por acesso por cordas na inspeção das serpentinas, mostrando as vantagens da utilização do mesmo. Palavras-chave: Forno de pirólise, Serpentinas, Acesso por corda.

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ABSTRACT

The main objective of this study is to show the gains from the use of technical rope access in inspection of radiation’s coils of pyrolysis furnace in Olefinas Unit, located at the Basic Petrochemicals Braskem – Camaçari, during mid-sized maintenance shutdown. For this, were analyzed the pyrolysis furnaces, highlighting its process and principals parts, the damage mechanisms affecting this equipments coils and the most used inspection techniques. After that, it was approached aspects of access engineering, specifically the rope access. From this conceptual base, was presented a case of study. As result has an economy from replacing the use of scaffolding by rope access in coils inspection, showing the advantages of it. Keywords: Pyrolysis Furnace, Coils, Rope access.

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Lista de Figuras Figura 1 - Cadeia do Plástico ........................................................................................................... 15

Figura 2 - Fluxograma de Bloco da Unidade de Olefinas ............................................................ 16

Figura 3 - Diagrama de Blocos com as etapas do Trabalho ....................................................... 17

Figura 4 - Técnica de acesso por cordas ....................................................................................... 19

Figura 5 - Foto dos fornos de pirólise .............................................................................................. 20

Figura 6 - Croqui de modelos de fornos horizontais ..................................................................... 20

Figura 7 - Croqui de modelo de fornos verticais ............................................................................ 21

Figura 8 - Croqui de modelos de fornos mistos ............................................................................. 21

Figura 9 - Perspectiva isométrica de um forno de pirólise e seus periféricos .......................... 22

Figura 10 - Vista lateral dos bancos da convecção de olefinas II ............................................... 23

Figura 11 - Vista frontal dos bancos da convecção de olefinas I ............................................... 24

Figura 12 - Diagrama do processo da convecção......................................................................... 24

Figura 13 - Serpentinas da radiação ............................................................................................... 25

Figura 14 - Refratário na parede da radiação ................................................................................ 26

Figura 15 - Queimador do forno de pirólise .................................................................................... 26

Figura 16 - Diagrama do processo do forno a partir da radiação ............................................... 27

Figura 17 - Foto do trocador de calor da linha de transferência – TLE ..................................... 28

Figura 18 - Desenho esquemático do funcionamento do TLE .................................................... 28

Figura 19 - Foto dos Vasos de Quench – QOFs ..................................................................................... 29

Figura 20 - Carburização em um tubo com material inox refretário ........................................... 31

Figura 21 - Curva típica de Fluência ............................................................................................... 32

Figura 22 - Perfil do tubo com o coque depositado ...................................................................... 33

Figura 23 - Defeito na serpentina da radiação .............................................................................. 33

Figura 24 - Deformações localizadas devido à fluência ............................................................... 34

Figura 25 - Tubos flambados e sobrepondo ao tubo vizinho ...................................................... 35

Figura 26 - Tubo flambado para o lado do maçarico .................................................................... 35

Figura 27 - Atividades esportivas ..................................................................................................... 36

Figura 28 - Alguns equipamentos utilizados no acesso por corda ............................................. 37

Figura 29 – Ancoragem ..................................................................................................................... 38

Figura 30 - Outras formas de acesso (andaime, plataforma e balancin) .................................. 41

Figura 31 - Comparação entre modos de acesso ......................................................................... 42

Figura 32 - Plano da PMP para andaimes ..................................................................................... 45

Figura 33 - Inspeção das serpentinas da radiação utilizando acesso por corda ..................... 46

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Lista de Tabelas Tabela 1 - Classificação dos fornos quanto ao serviço ................................................................ 16

Tabela 2 - Principais ligas e suas composições ............................................................................ 30

Tabela 3 - Organizações credenciadoras de acesso por corda no Mundo ............................... 37

Tabela 4 - Comparação entre acesso por corda e andaime ....................................................... 42

Tabela 5 - Resumo da Gestão dos Fornos de Pirólise na Braskem .......................................... 43

Tabela 6 - Atividades da Inspeção na radiação durante PMP .................................................... 44

Tabela 7 - Acesso por corda X Andaimes – Hh exposto ao risco .............................................. 46

Tabela 8 - Acesso por corda X Andaimes - Custo de mão de obra ........................................... 47

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 15

JUSTIFICATIVA, IMPORTÂNCIA E CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................... 15

OBJETIVOS ......................................................................................................................................... 17

METODOLOGIA.................................................................................................................................. 17

2. REVISÃO DO ESTADO DA ARTE ...................................................................................................... 18

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................................... 19

3.1. FORNOS DE PIRÓLISE............................................................................................................. 19

3.2. COMPONENTES DO FORNO DE PIRÓLISE .............................................................................. 23

3.2.1. CONVECÇÃO .................................................................................................................. 23

3.2.2. RADIAÇÃO ..................................................................................................................... 24

3.2.3. PERIFÉRICOS .................................................................................................................. 27

3.3. PRINCIPAIS MECANISMOS DE DANO DA RADIAÇÃO ............................................................. 29

3.3.1. CARBURIZAÇÃO ............................................................................................................. 30

3.3.2. FLUÊNCIA ....................................................................................................................... 31

3.4. PRICIPAIS TÉCNICAS DE INSPEÇÃO UTILIZADA NAS SERPENTINAS DA RADIAÇÃO ............... 34

4. ACESSO POR CORDA ...................................................................................................................... 36

4.1. PRINCIPAIS ASPECTOS ........................................................................................................... 37

4.2. NORMAS ................................................................................................................................ 39

4.3. COMPARAÇÃO COM OUTROS MÉTODOS DE ACESSO .......................................................... 40

5. ESTUDO DE CASO .......................................................................................................................... 43

5.1. PARADAS DE MÉDIO PORTE COM ENFOQUE NA INSPEÇÃO ................................................. 44

5.1.1. INSPEÇÃO COM ANDAIMES .......................................................................................... 45

5.1.2. INSPEÇÃO COM ACESSO POR CORDA ........................................................................... 45

5.2. GANHOS ................................................................................................................................ 46

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................ 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 49

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1. INTRODUÇÃO

JUSTIFICATIVA, IMPORTÂNCIA E CONTEXTUALIZAÇÃO

A Braskem, resultado da integração de seis empresas da primeira e segunda

geração da indústria petroquímica, foi formada em agosto de 2002, sendo a primeira

deste setor industrial integrada do país. Sales (2009) descreve a cadeia do plástico,

onde primeiro ocorre a extração e refino do petróleo, após, os produtos passam pela

primeira geração, que é responsável pelo ciclo de negócios ligados a produção de

insumos básicos, tais como eteno, propeno e compostos aromáticos, essenciais

para a segunda geração, produtora de resinas termoplásticas. A cadeia é finalizada

com a terceira geração, que é responsável pela transformação do plástico. O ciclo

pode ser visto na figura abaixo.

Figura 1 - Cadeia do Plástico

Fonte: Braskem

O processo de produção de petroquímicos básicos, de primeira geração,

ocorre nas plantas de aromáticos e olefinas. Para este trabalho é importante o

conhecimento de uma visão geral do processo apenas da segunda unidade,

representado na figura 2.

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Figura 2 - Fluxograma de Bloco da Unidade de Olefinas

Fonte: Borges (2011)

Segundo Sales (2009), e estudando a figura 2, percebe-se que o forno de

pirólise é fundamental na produção de eteno, principal produto da unidade de

olefinas, quebrando misturas de hidrocarbonetos, representando assim, o início da

cadeia petroquímica.

Devido à reação de pirólise que ocorre no interior desses fornos, altas

temperaturas são atingidas em seu interior. Uma comparação entre os tipos de

fornos pode ser vista na tabela abaixo.

Tabela 1 - Classificação dos fornos quanto ao serviço

Fonte: Sampaio (2006)

Esse fator leva as serpentinas do forno, componente onde a quebra ou

craqueamento dos hidrocarbonetos ocorre, a se deteriorarem de forma acelerada,

dando ao equipamento um ciclo de vida esperado, segundo Sales (2009), de seis

anos. Porém, devido sua importância nos negócios da empresa, se faz necessário a

avaliação durante o ciclo de vida, que acontecem durante as paradas de médio, três

em três anos, e pequeno porte, ano em ano, para garantir a confiabilidade do

equipamento.

Sendo a Braskem uma empresa voltada para resultados, a equipe de

inspeção de equipamentos, busca a redução dos prazos de execução de serviços

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com o forno fora de operação para permitir máxima produção e diminuição de

custos. O uso de acesso por cordas é justificado por essa otimização, durante as

pardas de médio porte, nas quais, a inspeção avalia as serpentinas da radiação.

OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo dissertar sobre os ganhos da

utilização do uso de acesso por cordas durante a avaliação da serpentina da

radiação de fornos de pirólise que ocorre durante paradas de médio porte. Sendo

mais específico, o trabalho mostrará os ganhos da substituição do uso de andaimes

por acesso por cordas. Segundo Sales (2009) Andaimes são plataformas provisórias

para a execução de serviços, em locais onde exista diferença de nível.

As paradas de médio porte ocorrem em um intervalo de três anos em cada

forno, onde uma das funções da inspeção de equipamentos é a avaliação da

integridade da serpentina da radiação. Na Unidade de Insumos Básicos da Braskem

em Camaçari, existem vinte e dois fornos de pirólise, logo para um período de três

anos ocorrem várias paradas de médio porte na planta.

O trabalho evidência a importância de novas soluções da engenharia na

realização de inspeções, garantindo redução de custos e aumento da confiabilidade

dos fornos de pirólise.

METODOLOGIA

Para a realização desse trabalho, foi seguida uma metodologia com as etapas

de acordo com a figura abaixo.

Figura 3 - Diagrama de Blocos com as etapas do Trabalho

Fonte: Próprio autor (2011)

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Analisando a figura 3, foi feito um estudo dos fornos de pirólise e mecanismos

de danos, chegando a um entendimento dos mecanismos atuantes nas serpentinas

da radiação. A fundamentação teórica termina com a apresentação das técnicas de

inspeção mais utilizadas nesses componentes.

Em paralelo, no capítulo seguinte a fundamentação teórica, foi feito um

embasamento de acesso por cordas, abordando conceitos da técnica, normas

regulamentadoras e comparação com outras formas de acesso.

Com a base teórica das etapas anteriores foi realizado o estudo de caso que

consistiu em descrever os ganhos da substituição do uso de andaimes por acesso

por cordas na inspeção das serpentinas da radiação durante paradas de médio

porte.

2. REVISÃO DO ESTADO DA ARTE

A técnica de acesso por corda utilizada na indústria é relativamente nova no

mundo. Nos finais dos anos 70 as técnicas de escalada e alpinismo começaram a

ser utilizadas na França como auxilio para estabilização de encostas. Neste mesmo

período, estas técnicas foram utilizadas na inspeção externa de fachadas de prédios

no Reino Unido.

A técnica atual começou a ser desenvolvida nos meados dos anos 80, não

pelas técnicas de escalada ou alpinismo, mas através de um sistema desenvolvido

pela espeleologia (ciência ou esporte que tem por objetivo o estudo ou exploração

das cavidades naturais do solo). Porém para torná-la apta a trabalhos em altura nas

indústrias, foi adicionada uma segunda corda para segurança, de modo que o

sistema tivesse dois níveis de redundância.

No Brasil essa técnica vem sendo utilizada há 18 anos, porém passou a

ganhar força quando começou a ser utilizada nos serviços de plataformas de

petróleo e indústrias petroquímicas. As normas brasileiras somente começaram a

ser planejadas em 2005.

No mundo, em 1987, com o apoio do governo britânico, seis empresas do

Reino Unido criaram a Rope Access Trade Association (IRATA) e sete anos depois

(1994), era publicada a norma britânica de métodos de acesso por corda para a

indústria.

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O acesso por corda não evolui muito quando se refere à técnica de

movimentação do profissional, tendo suas principais mudanças em relação a

normas, que foram exigindo cada vez mais segurança na realização da atividade, e

os equipamentos, que foram ficando mais sofisticados a fim de atender aos

requisitos de segurança.

Este presente trabalho irá contribuir com a disseminação do conhecimento

desta técnica, mostrando as vantagens de sua utilização, estimulando assim a

concepção de novos trabalhos na área.

Figura 4 - Técnica de acesso por cordas

Fonte: Alpitec do Brasil

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. FORNOS DE PIRÓLISE

Segundo Sales (2009), os fornos de pirólise têm a função básica de craquear

derivados de petróleo (no caso da UNIB nafta e gás) para a produção de eteno e

propeno. Eles são utilizados também para a produção de vapor a alta pressão. A

figura 5 mostra os fornos da unidade de olefinas I.

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Figura 5 - Foto dos fornos de pirólise

Fonte: Borges (2011)

Sampaio (2006) diz que os fornos de pirólise se diferenciam dos demais, pois

em seu interior ocorre uma reação, de pirólise, e como já dito, atinge temperaturas

superiores aos outros tipos de fornos.

Quanto ao aspecto construtivo, esses equipamentos podem ser classificados

quanto à posição dos tubos da serpentina de aquecimento. Existem fornos

horizontais, verticais e mistos.

Figura 6 - Croqui de modelos de fornos horizontais

Fonte: Sampaio (2006)

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Nos verticais, os tubos da serpentina podem ser dispostos verticalmente ou

de forma helicoidal, conforme figura abaixo.

Figura 7 - Croqui de modelo de fornos verticais

Fonte: Sampaio (2006)

Nos mistos existem tubos verticais e horizontais como é o caso dos fornos

existentes na Unidade de Insumos Básicos da Braskem. Um esquema pode ser visto

na próxima figura.

Figura 8 - Croqui de modelos de fornos mistos

Fonte: Sampaio (2006)

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Apresentado os tipos de fornos, faz necessária a apresentação dos fornos de

estudo. É importante salientar que os fornos de Olefinas I (UO-I) e Olefinas II (UO-II)

possuem diferenças, mas apresentam o mesmo processo. Eles são divididos em

duas zonas, segundo a forma de transferência de calor: zona de radiação e zona de

convecção, que serão abordadas nos próximos itens. Uma perspectiva isométrica

desse equipamento está representada abaixo.

Figura 9 - Perspectiva isométrica de um forno de pirólise e seus periféricos

Fonte: Borges (2011)

O processo de pirólise começa com o aquecimento da nafta ou gás na zona

de convecção, passando posteriormente para a zona de radiação na qual atinge

altas temperaturas e inicia o processo de craqueamento. Ao sair das serpentinas da

radiação, a carga craqueada é resfriada em trocadores de calor chamados TLE

(transfer line exchange) a temperaturas intermediárias. Depois passa por outro

periférico, o QOF (quench oil fitting), no qual é misturada com óleo de Quench com o

objetivo de interromper a reação de pirólise.

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3.2. COMPONENTES DO FORNO DE PIRÓLISE

3.2.1. CONVECÇÃO

Borges (2011) mostra que a zona de convecção, seção onde se inicia o

processo de pirólise, é formada por serpentinas horizontais divididas em “bancos” ou

“passes”. Essa região é diferente entre os fornos da UO-I e UO-II. Na primeira,

existem quatro bancos, e na segunda, dez.

Os passes comuns nas duas plantas são:

Banco de carga – Para pré-aquecimento da carga

Banco de BFW (água de caldeira)

Banco de DS (vapor de diluição)

Banco HTC – Onde a mistura da carga e do vapor de diluição é vaporizada

antes de entrar na radiação.

Os fornos de Olefinas II ainda possuem banco para superaquecer vapor que é

utilizado em outras plantas da UNIB.

Figura 10 - Vista lateral dos bancos da convecção de olefinas II

Fonte: Sales (2009)

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Figura 11 - Vista frontal dos bancos da convecção de olefinas I

Fonte: Braskem

No primeiro banco passa carga com intuito de ser pré-aquecida. Em seguida

ela é misturada com vapor de diluição. Essa mistura ainda é aquecida, em um

banco, de forma que garanta a vaporização antes de entrar na radiação.

Para aproveitar o potencial dos gases provenientes da queima, existe banco

para aquecimento de água de caldeira e no caso de Olefinas II um banco para

superaquecer vapor.

Figura 12 - Diagrama do processo da convecção

Fonte: Borges (2011)

3.2.2. RADIAÇÃO

A seção da radiação é composta por serpentinas, por onde passam a carga,

que operam a temperaturas superiores a 900 ºC e por isso necessitam boas

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propriedades mecânicas aliadas à alta resistência aos danos causados pelo meio,

sendo fabricado com ligas nobres e, portanto com custo elevado (Sales, 2009). Com

o passar do tempo elas foram sendo modificadas para atender ao processo e ter

eficiência. Atualmente elas podem ter diversas configurações, dependendo do

fabricante, tendo na UNIB modelos LUMMUS e LINDE.

Figura 13 - Serpentinas da radiação

Fonte: Sales (2009)

Essa região também possui refratários nas paredes, para evitar a perda de

calor para o ambiente e proteger a chaparia, além de queimadores, onde ocorre a

queima do combustível.

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Figura 14 - Refratário na parede da radiação

Fonte: Sales (2009)

Figura 15 - Queimador do forno de pirólise

Fonte: Sales (2009)

Após passar pela convecção, a carga misturada com vapor de diluição é

craqueada nas serpentinas da radiação. Para essa etapa do processo, Nunes (2004)

ressalta algumas variáveis são importantes e controladas, tais como:

Seletividade – Possui definição distinta a depender da carga que será

craqueada, mas serve de parâmetro de rendimento do processo em olefinas.

Conversão de carga – É definida a partir do grau de desaparecimento dos

hidrocarbonetos introduzidos ao forno. Normalmente é uma variável difícil de

medir para uma mistura de hidrocarbonetos.

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Severidade – Seu conceito descreve o grau ou a extensão de conversão para

cargas complexas.

COT – Uma das variáveis mais importantes e de fácil medição, ela representa

a medida da temperatura da carga craqueada após a serpentina.

Razão de DS/HC – É uma razão mássica entre as vazões de vapor de

diluição e hidrocarbonetos (carga), tendo como função reduzir a pressão

parcial do hidrocarboneto que implicará em maior rendimento.

Nunes (2004) ainda fala que Inerente ao processo de pirólise é formado na

parede interna dos tubos da serpentina o coque, ou seja, um material de baixo

coeficiente de transferência térmica, trazendo aumento de temperatura e

ocasionalmente problemas de diferença de pressão. Por isso quando o coque chega

a uma espessura limite é realizado um procedimento chamado decoque para

remoção desse material da serpentina, usando uma mistura de ar e vapor.

Depois da radiação, a carga passa pelo TLE e pelo Vaso de Quench (QOF).

Figura 16 - Diagrama do processo do forno a partir da radiação

Fonte: Borges (2011)

3.2.3. PERIFÉRICOS

Além da radiação e convecção, alguns equipamentos auxiliares são

fundamentais para a operação dos fornos. Assim podemos citar:

TLE (transfer line exchangers) – Para cada forno na UNIB existem três

trocadores de calor verticais, do tipo bitubular, após a radiação. Eles são

chamados TLE. Segundo Telles (1996), esse permutador equivale a vários

trocadores casco-tubo convencional, em que em cada casco apenas um tubo

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interno. As próximas figuras mostram esse periférico antes da montagem do

isolamento e um desenho mostrando seu funcionamento.

Figura 17 - Foto do trocador de calor da linha de transferência – TLE

Fonte: Sampaio (2006)

Figura 18 - Desenho esquemático do funcionamento do TLE

Fonte: Sampaio (2006)

A carga craqueada, em forma de gás, representada pela cor amarela, entra

pela parte inferior do equipamento, passando no interior dos tubos no sentido

ascendente. Externamente, pelo tubo externo ou casco, passa água de caldeira, na

cor azul e no mesmo sentido do gás. Assim, a carga é resfriada, cedendo energia, e

a água de caldeira, ao receber essa energia, transforma-se em vapor saturado.

Ainda é possível perceber na figura que o cone de ligação da parte inferior do

trocador, chamada de conjunto externo, é revestido com material refratário devido à

alta temperatura de saída da radiação.

Vaso de Óleo de Quench (QOF) – Após cada TLE existe um vaso de óleo de

quench, totalizando três por forno. A função desse equipamento é interromper

a reação de pirólise, reduzindo temperatura, através do contato direto do gás

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craqueado com óleo de quench. A carga entra na parte superior e segue no

sentido descendente. No topo do QOF existem bicos para injetarem o óleo,

que é próprio do processo do restante da planta de Olefinas.

Figura 19 - Foto dos Vasos de Quench – QOFs

Fonte: Borges (2011)

3.3. PRINCIPAIS MECANISMOS DE DANO DA RADIAÇÃO

Os estudos de mecanismo de dano nesse trabalho ficarão concentrados nas

serpentinas da radiação, onde serão realizados os estudos de economia no método

de acesso em inspeções. Durante as inspeções periódicas são procurados

mecanismos que causem fratura dúctil, pois estas são as possíveis de serem

monitoradas. Segundo Callister (2008), na fratura dúctil, a vizinha de uma trinca que

está avançando existe deformação plástica, já a fratura frágil é caracterizada por

trincas que podem se propagar de forma extremamente rápida, sem deformação

plástica, sendo chamada de instável. Nunes (2004) ainda completa que fraturas

dúcteis são reconhecidas devido à morfologia da deformação dos tubos e a

presença de uma pequena trinca longitudinal no topo dessa deformação. Nas

serpentinas da radiação os mecanismos que causam a fratura dúctil são

principalmente a carburização e a fluência. Sokolowski (1992) diz que os aços

inoxidáveis austeníticos, com alto teor de níquel e cromo, tais como o HK 40 e o HP

40, são amplamente empregados nas indústrias como materiais que operam em

altas temperaturas. A presença do níquel visa melhorar a resistência à carbrização e

evitar a exaustão da ductilidade. Na tabela abaixo aparece os materiais mais

utilizados em fornos de pirólise.

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Tabela 2 - Principais ligas e suas composições

Fonte: Sales (2009)

3.3.1. CARBURIZAÇÃO

O API 571 (2003) afirma que ligas HP são materiais afetados pela

carburização e ainda estabelece dois fatores críticos que contribuem para a

ocorrência desse mecanismo de dano: a presença de um meio carburante e um

baixo teor de oxigênio. E Nunes (2004) complementa definindo a carburização como

um mecanismo de degradação do material em alta temperatura caracterizado pela

penetração de carbono na matriz da liga. Assim, o depósito de coque, inerente ao

processo, na parede interna do tubo, representa uma fonte de carbono que pode

promover esse mecanismo, especialmente durante ciclos de decoque, em que

temperaturas atingidas são superiores às de operação. Na figura abaixo é possível

observar um tubo com aço inox HP carburizado, que apresenta uma área escura

onde ocorreu a penetração de carbono.

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Figura 20 - Carburização em um tubo com material inox refretário

Fonte: API 571 (2003)

Este mecanismo de corrosão do metal causa uma redução de ductilidade no

material. Tawancy (2009) explica isso pela precipitação generalizada dos carbonetos

ricos em cromo na matriz da liga. Outros problemas que a carburização causa é o

aumento do volume (pois existe a penetração de carbono) e do coeficiente de

expansão térmica. Isso implica em fontes de tensões residuais internas bastantes

acentuadas, podendo provocar falhas no material. As tensões ocorrem, pois, como a

carburização avança da parede interna do tubo, ela provoca tensões de compressão

no diâmetro interno e de tração no externo, como explica Borges (2011). Por esses

motivos, a carburização é um dos mecanismos mais perigosos para materiais a altas

temperaturas, sendo um fator determinante para o estabelecimento de sua vida útil.

3.3.2. FLUÊNCIA

A fluência pode causar a exaustão de ductilidade em um material. Nunes

(2004) fala que esse é um mecanismo complexo no qual a ductilidade a fluência é

levada a exaustão devido às paradas para decoque, paradas de manutenção,

emergências entre outras operações cíclicas. Callister (2008) define fluência como

sendo uma deformação permanente e dependente do tempo dos materiais quando

eles são submetidos a uma carga ou tensão constante. Ainda segundo Telles (2003)

essa deformação é lenta e progressiva, os esforços são de tração e também existe

dependência de altas temperaturas. Telles (2003) ainda diz que a faixa de

temperaturas (começando com 0,3 , sendo a temperatura de fusão do material

em Kelvin) em cujo início o fenômeno de fluência passa a ser significativo chama-se

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“faixa de fluência”. Ou seja, para um dado material metálico submetido à tração em

uma temperatura superior ao início da faixa de fluência, observam-se deformações

que vão sempre aumentando com o progressivamente com o tempo (ainda que seja

constante o esforço). Uma curva tempo x deformação nessas condições é mostrada

abaixo.

Figura 21 - Curva típica de Fluência

Fonte: Telles (2003)

Telles (2003) continua explanando que o trecho OA corresponde à

deformação devido o carregamento, independente do fenômeno da fluência. Essa

deformação poderá ser plástica ou elástica dependendo da tensão de escoamento

do material. AB corresponde ao primeiro estágio da fluência, em que a progressão

de deformação diminui com o tempo. No trecho BC, correspondente ao segundo

estágio da fluência, a progressão de deformação é aproximadamente constante ao

longo do tempo. No terceiro estágio, CD, a progressão é crescente e termina na

ruptura do material em D. Callister (2008) explica que no primeiro estágio o material

está apresentando um aumento da resistência à fluência ou encruamento, tornando

a deformação mais difícil. E que no segundo ocorre um equilíbrio entre os processos

concorrentes de encruemento e de recuperação.

Como já explicado, durante a operação de um forno de pirólise, há a

formação de uma camada de coque no lado interno do tubo.

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Figura 22 - Perfil do tubo com o coque depositado

Fonte: Próprio autor (2011)

Nunes (2004) explica que como existe uma diferença razoável do coeficiente

de dilatação do material da serpentina e o coque, quando há uma redução da

temperatura, principalmente no início de decoque ou em parada, o tubo metálico

tentará comprimir o coque depositado, e sem conseguir quebrá-lo ou esmagá-lo,

surgirá uma tensão de tração naquela região do tubo. Existe ainda a tensão devido

ao peso próprio da serpentina. Assim, como a operação dos fornos é em altas

temperaturas, a liga estará submetida às deformações por fluência.

Figura 23 - Defeito na serpentina da radiação

Fonte: Sampaio (2008)

Nunes (2004) ainda explana que para cada ciclo de decoque haverá formação

de deformação permanente, sendo um processo sendo de forma continua, atingirá

um limite que é conhecido como a exaustão da ductilidade pela fluência. A

combinação deste mecanismo de dano com a carburização é a causa mais comum

do estabelecimento da vida útil operacional (tempo para a repotencialização),

resultando em deformações localizadas, ovalizações, flexão dos tubos ou fraturas

dúcteis.

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Figura 24 - Deformações localizadas devido à fluência

Fonte: Sampaio (2006)

3.4. PRICIPAIS TÉCNICAS DE INSPEÇÃO UTILIZADA NAS SERPENTINAS

DA RADIAÇÃO

Antes de explorar as técnicas que a inspeção de equipamentos utiliza, se faz

necessário descrever as principais razões para inspecionar um forno em uma

indústria petroquímica, que são:

Determinar o efeito da corrosão, erosão e outros fatores atuantes no forno,

por comparação com um estado inicial que é definido com a inspeção da

época da construção ou com relatórios básicos.

Estabelecer a segurança e a influência de operação contínua.

Prevê a manutenção e as substituições com base na taxa de deterioração.

Sampaio (2006) diz que inspeção periódica regular permite aplicar meios de

proteção, fazer manutenção preventiva e preditiva e estudar meios de aumentar a

vida útil de partes ou de todo equipamento. Esta prática aumenta duração de

campanha e diminui paradas não programadas, que são caras, devido

principalmente, à perda da produção e custo de mão de obra. As inspeções ainda

tornam estabelecer o período mais seguro e eficiente durante o qual um forno

poderá operar entre inspeções.

As técnicas utilizadas nas serpentinas da radiação dos fornos visam

acompanhar os mecanismos de danos que podem causar falha nos tubos, ou seja,

fluência e carburização.

Segundo norma da Braskem, os tubos são inspecionados visualmente, sendo

verificada a existência de flambagens, laranjas, oxidação a altas temperaturas e

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desalinhamentos. A rotina de inspeção deve ser realizada com auxilio de lanterna,

imã e máquina fotográfica para registro.

A flambagem é verificada através de desalinhamentos dos tubos, e pode ser

causada por desajuste na sustentação da serpentina, dilatações térmicas

diferenciadas e processo severo de carburização.

Figura 25 - Tubos flambados e sobrepondo ao tubo vizinho

Fonte: IT-IB-001

Figura 26 - Tubo flambado para o lado do maçarico

Fonte: IT-IB-001

Ainda segunda a norma IT-IB-001, as deformações localizadas, conhecidas

como “laranjas”, promovem superaquecimento localizado causando fluência e

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carburização. Sua verificação é feita de forma visual, com auxílio da lanterna com

boa luminosidade. O controle é realizado com medições do diâmetro do tubo,

observando que o limite máximo permitido é de 5% do diâmetro externo, e

verificando a intensidade do magnetismo com auxílio de imã ou medidor de

carburização. Para casos fora dos limites, o engenheiro responsável deverá estudar

a possibilidade de substituição do trecho.

As trincas superficiais, que ocorrem geralmente em emendas de tubos

soldadas, são observadas com a inspeção visual e checadas com execução de

ensaio não destrutivo, se for detectadas anormalidades relevantes.

Sampaio (2007) ainda releva que pode ser efetuada, quando necessário,

avaliação de dureza, metalográfica e medição do comprimento longitudinal do tubo

para verificar alongamento por fluência.

4. ACESSO POR CORDA

A técnica de acesso por corda, também conhecida como alpinismo ou

escalada industrial, é uma forma de engenharia de acesso para locais elevados,

incluindo ambientes confinados. Apesar da utilização de cordas e equipamentos

especiais de acesso, esta técnica em nada se assemelha a atividades esportivas.

Também não é correto chamar de “Rapel” a técnica de Acesso por Corda, pois o

rapel é apenas uma das técnicas utilizada para realizar os deslocamentos.

Figura 27 - Atividades esportivas

Fonte: Sampaio (2010)

Com o aumento do uso desse modo de acesso, os países foram se

organizando e criando associações a fim de padronizarem os procedimentos. Uma

tabela das principais organizações do mundo é mostrada abaixo.

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Tabela 3 - Organizações credenciadoras de acesso por corda no Mundo

Fonte: Sampaio (2010)

4.1. PRINCIPAIS ASPECTOS

Segundo Sampaio (2010), o acesso por corda é uma técnica opcional de

trabalho em altura, que utiliza cordas e equipamentos específicos de descida e

ascensão, em serviços onde envolva risco de queda ou acesso difícil. Ele possibilita

a diminuição nos custos e no tempo dos trabalhos gerando um aumento de

produtividade, tudo de acordo com normas brasileiras.

Para o completo entendimento da técnica é necessário conhecer aspectos

como segurança e equipamentos, análise de riscos para a execução do serviço,

capacitação de pessoal, aplicações e limitações.

Segurança e Equipamentos – Todos os elementos e equipamentos que

compõe o acesso por corda são de última geração, com certificado de algum

órgão competente. Eles oferecem maior agilidade nos movimentos do

profissional no deslocamento entre pontos de maneira confortável e segura.

Figura 28 - Alguns equipamentos utilizados no acesso por corda

Fonte: Sampaio (2010)

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Sampaio (2010) diz que por questões de segurança, o profissional realiza os

trabalhos suspenso por duas cordas, sendo uma de trabalho e outra de segurança.

Além disso, todos os aparelhos de progressão são auto-blocantes. O conjunto: corda

de segurança, cinto de segurança, talabarte duplo com absorvedor de energia e o

dispositivo trava-quedas formam o equipamento individual anti-queda.

Análise de riscos para execução do serviço – a análise de risco começa com

uma inspeção da ancoragem quanto à solidez. A ancoragem, local da

estrutura onde as cordas são instaladas, é feita em dois pontos diferentes.

Posteriormente, pontos quentes e cortantes são verificados ao longo da via de

acesso para que medidas possam ser tomadas. Todos os equipamentos são

inspecionados antes e depois da conclusão do serviço. A área abaixo do

serviço é isolada e por fim, é gerado um documento constando às ações e

recomendações decididas na análise de risco e divulgado para todos

envolvidos na atividade. Algumas técnicas podem ser utilizadas na análise

como, por exemplo, a matriz de causa e efeito.

Figura 29 – Ancoragem

Fonte: Sampaio (2010)

Capacitação pessoal – Sampaio (2010) explana que para a execução de

trabalhos em altura utilizando o acesso por corda, os profissionais devem

estar aptos fisicamente, treinados e com conhecimentos específicos de todos

os equipamentos usados na atividade. Sampaio (2010) lembra ainda que

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deve ocorrer a qualificação tanto para o acesso como para a especialidade

que o profissional irá desenvolver (inspeção, pintura, soldagem, entre outras).

Aplicações e limitações – O acesso por corda pode ser utilizado para serviços

em gerais, em todo tipo de equipamento ou estrutura, a citar: fornos, vasos,

tanques, silos, caldeiras, prédios, árvores, torres de rádio, etc. Enfim, como já

citado, para qualquer atividade em altura, mesmo em ambiente confinado.

Existe limitação no uso em céu aberto sob chuva e além de necessitar mão

de obra qualificada, nenhuma atividade poderá ser executada onde o acesso

está sendo realizado.

4.2. NORMAS

Segundo Sampaio (2010), o ponto de partida para a elaboração das normas

brasileiras de acesso por corda foi durante o coquetel de finalização da 8ª

Conferência sobre Tecnologia de Equipamentos (COTEQ), em 2005, através de

uma conversa informal. Um ano depois foi criada uma comissão pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para desenvolver a normalização do

segmento.

Atualmente existem duas normas brasileiras de acesso por corda, nas quais

esse item irá se basear. Vale ressaltar que essas normas foram elaboradas

utilizando referências internacionais e experiências de profissionais dos mais

diversos ramos da indústria.

NBR15595 Procedimento para aplicação do método – Essa norma estabelece

uma sistemática para a aplicação de segurança no acesso por corda, seja

para o profissional, sua equipe ou de terceiros. Aplica-se e descreve as

atividades de ascensão, descensão, deslocamentos horizontais, resgate e

auto-resgate dos profissionais e da equipe, com restrições, em combinação

com dispositivos que auxiliam no posicionamento em um ponto ou posto de

trabalho, estando em locais de difícil acesso, onde cordas são os principais

meios de acesso. Esta norma se aplica a utilização do método para acessar

estruturas em terra ou em mar ou ambientes naturais, nos quais as cordas

estão conectadas a estruturas construídas ou naturais.

NBR15475 Qualificação e Certificação de Pessoas – Esta norma estabelece

um padrão para a qualificação e certificação do profissional de acesso por

corda através de um organismo de certificação. O profissional certificado por

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essa norma tem a competência geral em acesso por corda. Ela não

representa uma autorização para realizar a atividade, uma vez que a

responsabilidade continua sendo do empregador. É nessa norma também que

são separados os níveis de qualificação, sendo que para cada classificação

(nível 1, 2 ou 3) existirá certas responsabilidades para o profissional.

Embora essas duas normas complementares se apliquem a todos os

segmentos que utilizam a técnica de acesso por corda, elas não têm caráter

compulsório, pois não são regulamentadas pelo Ministério do Trabalho. Dentre as

regulamentadoras, algumas abordam certos aspectos do acesso por corda, como

por exemplo, a NR-36 (Norma Regulamentadora de Trabalho em Altura), que

estabelece requisitos mínimos para trabalho em altura, e NR-34 (Norma

Regulamentadora sobre Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria

Naval), que determina que os profissionais sejam certificados conforme normas

nacionais.

As normas brasileiras se assemelham, quanto ao aspecto técnico, com as

estrangeiras. Existem algumas diferenças no quesito segurança, sendo

normalmente, as brasileiras, mais conservativas.

4.3. COMPARAÇÃO COM OUTROS MÉTODOS DE ACESSO

Como já dito antes, a utilização do acesso por corda tem algumas limitações.

Porém ela também possui algumas vantagens. Sampaio (2010) fala que alguns dos

fatores que estão levando a expansão do uso do acesso com corda nas indústrias

são: necessidade de reduzir custos, obrigação de atendimento aos prazos de

inspeção redução nos índices de acidentes, busca por novas tecnologias,

credibilidade nos serviços executados, confiabilidade e disponibilidade dos

equipamentos.

Peixoto mostra algumas formas de acesso que podem ser substituídas por

acesso por corda, são elas: andaimes, plataformas, andaimes suspensos ou

“balacins”.

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Figura 30 - Outras formas de acesso (andaime, plataforma e balancin)

Fonte: Alpitec do Brasil

Peixoto diz também que com relação ao acesso por cordas, andaimes têm

limitações de altura, requerem grandes quantidades de material e pessoal, além de

aumentarem a ociosidade, aumentando o custo e diminuindo a produtividade. Da

mesma forma as plataformas possuem limitação de altura, mas apesar de

necessitarem de pequena quantidade de profissionais, os custos dos equipamentos

são elevados. Já os andaimes suspensos ou “balancin” apesar de não terem uma

limitação de altura, requerem grande quantidade de material e tem uma

produtividade menor do que o acesso por corda. Peixoto ainda mostra um gráfico

para um trabalho de medição de espessura em uma torre de arrefecimento de 20

metros de altura com medição de quatro pontos a cada radial de dois em dois

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metros totalizando quarenta pontos, mostrando as vantagens da utilização do

acesso por corda tanto em custo, como em prazo e em homem hora (HH) exposto

ao risco.

Figura 31 - Comparação entre modos de acesso

Fonte: Peixoto

Sampaio (2010) ainda faz uma comparação entre acesso por corda e

andaime, este último, sendo a forma de acesso mais encontrada nas indústrias

petroquímicas.

Tabela 4 - Comparação entre acesso por corda e andaime

Fonte: Sampaio (2010)

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Como pode ser visto, em nove serviços executados, a utilização do acesso

por corda levou a uma economia de na ordem de 70% e evitou-se em 68% a

kexposição do homem ao risco de queda.

As desvantagens do uso do acesso por corda é refletido em suas limitações,

como já foi abordado. Sendo preferível utilizar outros meios de acesso quando não

houver local para ancoragem ou quando a altura for baixa.

5. ESTUDO DE CASO

Para mostrar os ganhos da utilização do acesso por corda na indústria

petroquímica foi realizado um estudo baseado na inspeção (umas das atividades

que necessita de meios de acesso para trabalho em altura) de um equipamento

fundamental desse setor industrial, os fornos de pirólise. Borges (2011) mostrou que

um componente crítico, em termos de falhas, é a serpentina da radiação. Assim

seria necessário escolher um evento para avaliar a substituição do método

convencional de acesso, montagem de andaimes, pelo acesso por corda.

A gestão de manutenção dos fornos na Braskem inclui três eventos nos quais

a inspeção também desenvolve atividades: paradas de pequeno porte (PPP), de

médio porte (PMP) e de grande porte (PGP) ou repotencialização. A escolha da

parada de grande porte foi descartada, pois nesse evento ocorre substituição nos

refratários, sendo imprescindível a montagem de andaime. Então a PMP foi

escolhida, pois neste evento a inspeção realiza mais ações que na PPP.

Tabela 5 - Resumo da Gestão dos Fornos de Pirólise na Braskem

Fonte: Próprio autor (2011)

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5.1. PARADAS DE MÉDIO PORTE COM ENFOQUE NA INSPEÇÃO

As paradas de médio porte, que fazem parte da gestão de manutenção dos

fornos, são paradas de manutenção preventiva, ou seja, tem por objetivo básico a

eliminação das falhas imprevistas. Esta eliminação deve gerar ganhos econômicos a

partir do aumento da confiabilidade e maior disponibilidade e segurança operacional.

Por ser uma ação preventiva, esse evento ocorre baseado no tempo, e não na

condição do equipamento.

A duração da parada de médio porte é de doze dias. A radiação é um

caminho crítico no planejamento das atividades. Sales (2009) explica que o caminho

crítico é uma seqüência de atividades que determinam o prazo da intervenção, ou

seja, atrasando os serviços na radiação, o prazo da parada é dilatado. Isso

acontece, pois as atividades nos TLEs só começam após as atividades da radiação.

A vantagem do caminho crítico é que quando esse caminho fica mais curto, o prazo

total também diminui.

Várias especialidades estão envolvidas na PMP, porém o escopo desse

trabalho se resume à inspeção. Como já dito, o objetivo da inspeção é acompanhar

a progressão dos mecanismos de danos atuantes. Como pode ser observado na

tabela 6, a inspeção realiza a inspeção geral interna da radiação, que inclui inspeção

visual e dimensional (a procura de deformações e possíveis falhas), e a medição de

carburização.

Tabela 6 - Atividades da Inspeção na radiação durante PMP

Fonte: Braskem

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5.1.1. INSPEÇÃO COM ANDAIMES

Durante a avaliação das serpentinas (considerando aqui as inspeções visuais,

medições dimensionais e de carburização), são utilizados 12 montadores por turno,

sendo que o tempo total para a execução das atividades de montagem e

desmontagem são 72 horas. Isso implica em um total de 864 homens-hora (Hh).

Para os fornos de olefinas 2, Sales (2009) mostrou a utilização dos andaimes

suspensos. Assim se faz necessário algumas horas para montar tábuas no piso e

bancadas de andaime. A figura abaixo mostra as horas adicionais para UO-II. Para a

inspeção é necessário apenas um inspetor trabalhando por 8 horas, totalizando 8

Hh.

Pode ser percebido, também através da figura 32 que o prazo da radiação,

que é um caminho crítico, é de cinco dias.

Figura 32 - Plano da PMP para andaimes

Fonte: Braskem

5.1.2. INSPEÇÃO COM ACESSO POR CORDA

Durante a avaliação das serpentinas (considerando aqui as inspeções visuais,

medições dimensionais e de carburização), são utilizados 6 profissionais que irão

realizar a montagem e desmontagem dos equipamentos, além da análise de risco,

cujo o tempo para execução são 6 horas, totalizando 36 Hh. Apesar de dos 6

profissionais, dois serem inspetores, todos participam das atividades. Para a

inspeção o tempo de execução são 16 horas, totalizando 96 Hh.

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Figura 33 - Inspeção das serpentinas da radiação utilizando acesso por corda

Fonte: Sampaio (2011)

5.2. GANHOS

Os ganhos aqui apresentados serão de custo de mão de obra e de homem-

hora exposto ao risco. O cálculo de homem-hora exposto ao risco é obtido somando

os Hh de todas as especialidades envolvidas no evento. O custo total de mão de

obra é obtido multiplicando o Hh de cada especialidade pelo seu respectivo valor,

depois somando as parcelas encontradas.

A tabela 7 mostra o comparativo de Hh exposto ao risco. Para andaime é 864

Hh de montadores mais 8 Hh do inspetor. Para acesso por corda é 36 Hh em uma

atividade mais 96 Hh de inspeção. Após o cálculo total, chega-se ao resultado de

85% de redução na exposição do profissional ao risco.

Tabela 7 - Acesso por corda X Andaimes – Hh exposto ao risco

Fonte: Sampaio (2011)

A tabela 8 mostra o comparativo de custo de mão de obra. Para montagem e

desmontagem de andaime esse custo é R$ 20.736,00, para o inspetor utilizando

andaime para inspeção R$ 744,00, totalizando R$ 21.480,00. Para os seis

profissionais do acesso por corda, considerando que todos seriam inspetores

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alpinistas, o custo é R$ 7.298,28. Assim o uso de acesso por corda representou uma

redução de 66% (R$ 14.181,72) na mão de obra em relação à utilização de

andaimes.

Tabela 8 - Acesso por corda X Andaimes - Custo de mão de obra

Fonte: Próprio autor (2011)

Os cálculos aqui apresentados são aproximações para um forno, porém,

como já dito, a UNIB Bahia possui 24 fornos.

Outros ganhos não quantificados aqui são: a redução do prazo na realização

da PMP, pois a radiação é um caminho crítico, implicando em ganhos de produção

(o forno iria partir antes utilizando acesso por corda do que montando andaimes) e o

custo de material.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a necessidade, cada vez maior, de eliminar custos, aumentar

produtividade e diminuir prazo nas atividades da indústria petroquímica, a busca por

novas soluções de acesso se torna um diferencial, seja explorando uma nova ou

aprimorando uma já utilizada.

Nesse contexto, esse trabalho mostra os ganhos da substituição do uso do

andaime pelo acesso por corda, nas inspeções durante paradas de médio porte,

sustentando a prática da Braskem de buscar novas soluções de engenharia.

Além dos ganhos financeiros para a empresa, o acesso por corda também

traz uma confiabilidade mais alta para os serviços. Foram mostrados os aspectos de

segurança, que são mais rigorosos que com outras técnicas e que a exposição do

trabalhador ao risco é menor com o acesso por corda.

Essa técnica não elimina a utilização de outras, como o uso de andaimes,

dentro da indústria, pois poderá não ser a melhor opção. Porém, possibilita maior

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flexibilidade na execução dos serviços, uma vez que foram mostradas suas

vantagens.

Espera-se com esse trabalho a disseminação do conhecimento sobre acesso

por corda, estimulando assim novos estudos na área. Para próximos trabalhos

poderia ser feito estudos específicos da técnica, como por exemplo, dos

equipamentos de segurança, ou então um estudo das falhas e acidentes ocorridos

utilizando o acesso por cordas a fim de chegar a uma causa raiz desses eventos,

para uma posterior implementação de melhorias. Poderia ser feito ainda a

quantificação total dos custos envolvendo o acesso por corda na gestão de

manutenção dos fornos de pirólise.

Apesar de esse trabalho ser baseado na indústria petroquímica, em especial

nos fornos de pirólise, o acesso por cordas pode ser utilizado com ganhos tangíveis

e intangíveis (confiabilidade e qualidade) em diversos outros setores de indústria e

serviços.

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