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GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE, JUDICIALIZAÇÃO E O MITO DE QUE OS RECURSOS NÃO SÃO ESCASSOS: DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS DO ESTADO BRASILEIRO Fabiola Sulpino Vieira

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GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE, JUDICIALIZAÇÃO E O MITO DE QUE OS

RECURSOS NÃO SÃO ESCASSOS: DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS DO

ESTADO BRASILEIRO

Fabiola Sulpino Vieira

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Painel 45/002 Gestão Orçamentária e Financeira em Contextos de Crise

GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE, JUDICIALIZAÇÃO E O MITO DE QUE OS RECURSOS NÃO SÃO ESCASSOS: DESAFIOS ATUAIS E

FUTUROS DO ESTADO BRASILEIRO

Isidro-Filho

Fabiola Sulpino Vieira

RESUMO

Objetivos. Apresentar estimativas de gasto do governo federal com ações judiciais e

discutir os desafios atuais e futuros do Estado brasileiro para garantia do direito à

saúde. Métodos. Os gastos do governo federal com ações judiciais foram estimados,

assim como o gasto caso as insulinas atualmente ofertadas no SUS fossem

substituídas por insulinas análogas. Resultados. O gasto do governo federal com

ações judiciais foi de 3,4 bilhões de reais entre 2009 e 2015.Em 2014, as despesas

com medicamentos por via judicial foram de 8% do gasto total com medicamentos.

Caso se decidisse incorporar as insulinas glargina e asparte em substituição às

insulinas NPH e regular, o gasto poderia ser até 333% maior, com despesa adicional

de 4,1 bilhões de reais. Conclusões. O gasto do governo federal com ações judiciais

aumentou nos últimos 7 anos e a seleção da tecnologia em saúde tem um papel

relevante neste contexto. Os recursos são escassos e a depender das escolhas feitas,

seja pelo Executivo nas políticas ou com participação do Judiciário nos processos, a

coletividade pode ser prejudicada com menor oferta de bens e serviços.

Palavras-chave: Decisões judiciais. Gastos em saúde. Direito à saúde. Tecnologias

em saúde.

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1. INTRODUÇÃO

Desde meados dos anos 2000 tem-se verificado o aumento das ações judiciais

que determinam a oferta de tecnologias em saúde por parte de gestores do Sistema

Único de Saúde (SUS) a cidadãos. São consideradas tecnologias em saúde “todas as

formas de conhecimento que podem ser aplicadas à solução ou redução dos

problemas de saúde de indivíduos ou de populações” (Panerai e Peña-Mohr, 1989),

tais como, medicamentos, dispositivos médicos, procedimentos, sistemas

organizacionais e de suporte, dentro dos quais os cuidados à saúde são oferecidos, e

triagem diagnóstica.

No que se refere ao aumento das ações judiciais (judicialização da saúde),

Travassos e colaboradores (2013) realizaram estudo baseado nos recursos julgados

em segunda instância de ações impetradas contra gestores do SUS, observando

maior acesso ao Poder Judiciário e maior número de decisões favoráveis aos

usuários.

Considerando o crescimento geral das demandas pela via judicial, Bittencourt

(2016) analisou a produção acadêmica recente, concluindo que há uma corrente de

autores que imputam às falhas de gestão do SUS a causa para o aumento das ações

judiciais e outra que aponta o desajuste que este aumento causa ao planejamento,

orçamento e implementação das políticas públicas. A autora assevera que existem

dois entendimentos principais: o de que este fenômeno constitui obstáculo para

efetivação do direito coletivo à saúde e o de que a judicialização é uma forma de

ampliação da cidadania e fortalecimento da democracia.

Apesar dos esforços recentes para o estabelecimento de diálogo entre os

Poderes Executivo e Judiciário, a fim de conciliar seus diferentes pontos de vista, as

ações judiciais continuam aumentando. Estudo contratado pelo Conselho Nacional de

Justiça revelou que o número processos judiciais em saúde pública e saúde

suplementar nas instâncias de 1º e 2º graus, turmas recursais e juizados especiais em

tribunais dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio

Grande do Norte e Acre era de quase 27,3 milhões em 2012 (Asensi e Pinheiro, 2015).

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Em relação às tecnologias demandadas, no governo federal, as mais pedidas,

no período de 2010 a 2014 destinam-se ao tratamento de doenças raras e da diabetes,

sendo que 65% delas não estavam incorporadas ao SUS. Além disso, metade das 20

tecnologias mais caras demandadas em 2015 não tinham registro na Agência

Nacional de Vigilância Sanitária, destacando-se nas solicitações os medicamentos

biológicos (Ministério da Saúde, 2015). Ainda segundo o Ministério, os cinco itens

mais judicializados no período de 2010 a 2015 foram, nesta ordem, tira reagente,

insulina glargina, insulina lispro, insulina asparte e eculizumabe. Ou seja,

medicamentos e insumo para tratamento da diabetes e da hemoglobinúria paroxística

noturna, uma doença rara, no caso do último medicamento.

Mais recentemente a comunidade científica e os gestores do SUS foram

surpreendidos com casos de judicialização da substância fosfoetanolamina, também

chamada de “pílula do câncer”, que foi desenvolvida em uma universidade pública

brasileira e estava sendo distribuída a pacientes, culminando com a aprovação de lei

que atualmente autoriza o seu uso por pacientes diagnosticados com neoplasia

maligna, à revelia da legislação e dos pareceres das autoridades sanitárias do país,

que alertaram para o risco de se administrar substância a seres humanos sem que se

conheça sua segurança e eficácia (Brasil, 2016a).

A questão é complexa e o debate muitas vezes se faz de forma acalorada. Duas

visões se destacam neste contexto. De um lado os gestores da saúde apontam as

dificuldades para atender as demandas individuais, enfatizando a existência de

políticas públicas para garantia do acesso às tecnologias em saúde. Destacam

também os problemas gerados quando são prescritos medicamentos não aprovados

pela agência reguladora e são desconsideradas as restrições orçamentárias, na

medida em que são responsáveis pela oferta de bens e de serviços de saúde

regularmente à população, em um contexto de elevado gasto com a aquisição de

medicamentos para cumprir as demandas pela via judicial. E, de outro lado, há os que

interpretam e defendem que a garantia do acesso às tecnologias em saúde é irrestrita,

de forma que a não oferta de um determinado medicamento significaria a negação do

direito à saúde, que não poderia ser delimitado por questões financeiras.

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A respeito do tema da escassez de recursos, há visões bastante contundentes,

como a tese apresentada por Luz e Góis (2009), em texto submetido ao Supremo

Tribunal Federal como contribuição aos debates durante a Audiência Pública realizada

em 2009 para tratar da judicialização da saúde. Os autores afirmam que “é amoral o

discurso ilusório da reserva do possível como forma de limitar e assassinar milhares

de necessitados que estão agonizando por uma consulta ou procedimento médico nos

hospitais públicos brasileiros”.

Neste contexto, é relevante retomar a discussão sobre o direito à saúde

disposto na Constituição Federal e demonstrar que a escassez de recursos não

constitui um mito.

2. OBJETIVOS

Apresentar estimativas de gasto do governo federal com ações judiciais e

discutir os desafios atuais e futuros do Estado brasileiro para garantia do direito à

saúde em um contexto de judicialização da política de saúde e de escassez de

recursos.

3. METODOLOGIA

Com a finalidade de obter dados sobre o gasto com decisões judiciais do

Ministério da Saúde foram consultados dois sistemas de informação: i) Siga Brasil,

sistema sobre o orçamento federal, mantido pelo Senado Federal; e ii) Sistema

Integrado de Administração de Serviços Gerais (SIASG), sob gestão do Ministério do

Planejamento, Orçamento e Gestão.

Segundo a Advocacia-Geral da União, o cumprimento das decisões é feito das

seguintes formas: a) aquisição pelo próprio Ministério da Saúde do medicamento ou

outro produto solicitado; b) depósito do valor necessário à sua aquisição pelo próprio

demandante; e c) depósito aos estados, municípios ou a instituições privadas sem fins

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lucrativos quando o paciente é atendido por eles e/ou quando a ação judicial determina

desta maneira (AGU, 2013)1.

O Siga Brasil foi utilizado para a obtenção de dados sobre os depósitos

efetuados pelo Ministério da Saúde em razão de decisões judicias que determinam a

oferta de tecnologias em saúde no período de 2009 a 2015 (Brasil, 2016b).A consulta

foi feita para a unidade orçamentária 36901 – Fundo Nacional de Saúde, o grupo de

natureza de despesa 3 – outras despesas correntes, o elemento de despesa 91 –

sentenças judiciais, sub elementos de despesa 33909101, 33909103 e 33909104, que

estão relacionados às ações judiciais, e para o tipo de favorecido, pessoa física e

pessoa jurídica.

Como não é possível discriminar na execução orçamentária, para todo o

período, o gasto com a compra de medicamentos e produtos para a saúde devido a

ações judiciais, utilizaram-se dados do SIASG para estimar o valor total com a

aquisição de medicamentos. O SIASG é um conjunto informatizado de ferramentas

para operacionalizar internamente o funcionamento sistêmico de atividades inerentes

ao Sistema de Serviços Gerais (SISG), tais como: gestão de materiais, edificações

públicas, veículos oficiais, comunicações administrativas, licitações e contratos. A

partir dele é possível ter acesso a informações gerenciais sobre compras

governamentais por meio do DW-COMPRASNET(Brasil, 2016c). Foram extraídos

dados sobre o produto adquirido, a modalidade de compra, a justificativa para a

dispensa de licitação ou inexigibilidade, quantidade adquirida e preço unitário. O valor

total da aquisição foi calculado para cada item de compra e ano nas aquisições em

que houve justificativa de dispensa de licitação ou inexigibilidade em decorrência de

ação judicial.

Para apoiar a discussão sobre o impacto das tecnologias em saúde quanto ao

uso de recursos, elaborou-se uma estimativa de gasto caso as insulinas atualmente

ofertadas no SUS fossem substituídas por insulinas análogas. Para tanto, foram

1 A Advocacia-Geral da União não faz menção às instituições privadas sem fins lucrativos em seu documento. Contudo, neste trabalho, foram identificados depósitos em favor dessas instituições. Além disso, a palavra repasse não parece bem colocada porque dá uma ideia de que os recursos foram transferidos, quando em realidade a modalidade de aplicação é direta

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utilizados dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Brasil,

2016d), de prevalência de diabetes e uso de insulinas da Pesquisa Nacional de Saúde

(Brasil, 2016e), de posologia das insulinas disponível dos relatórios da Comissão

Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec (Brasil, 2014a; 2014b) e

de preços autorizados pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos

(Brasil, 2016f). Detalhes sobre os parâmetros utilizados para estimar o gasto podem

ser consultados no apêndice deste trabalho.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. ESTIMATIVASDE GASTO COM DEMANDAS JUDICIAIS

Uma grande dificuldade que se enfrenta em relação às ações judiciais por

tecnologias em saúde é levantar o gasto de todos os entes da Federação, a fim de

consolidar dados do SUS e ter uma visão do todo. Como a execução de ações e

serviços de saúde é descentralizada e os gestores de todas as esferas podem ser

arrolados como réus nos processos, a União, estados, o Distrito Federal e os

municípios estão adquirindo produtos e pagando por serviços em decorrência dessas

demandas.

Um esforço inicial para suprir a falta de informação a esse respeito foi feito pela

Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde junto a Secretarias Estaduais de Saúde

(AGU, 2013). Na tabela 1, apresentam-se os gastos com decisões judiciais dos anos

de 2009 e 2010 que foram informados por algumas Secretarias ao Ministério da

Saúde. A ausência de uma série histórica maior dificulta a análise do comportamento

do gasto, contudo, é possível ter uma noção do montante alocado por essas

Secretarias nesses anos. Veja-se que em 2010 o conjunto das nove Secretarias de

Saúde gastou cerca de 649 milhões de reais em valores de 2015 com a oferta de

tecnologias em decorrência de ações judiciais.

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Tabela 1. Gasto de algumas Secretarias de Estado de Saúde com decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde, 2009 e 2010

Secretaria 2009 2010 Variação

Percentual

SES Alagoas 16.372.666,62 12.492.650.13 -24%

SES Goiás 7.190.279,67 10.896.983,66 52%

SES Minas Gerais 51.300.946,46 86.553.429,98 69%

SES Pará - 1.283.673,71 -

SES Paraná 52.120.556,94 50.216.321,20 -4%

SES Pernambuco - 56.235.265,70 -

SES Santa Catarina 113.884.567,62 131.318.194,77 15%

SES São Paulo 299.134.267.71 -

SES Tocantins 668.456,11 1.156.952.99 68%

Fonte: Advocacia-Geral da União, 2013; Siqueira, 2015. Os valores foram deflacionados pelo Índice de

Preços ao consumidor Amplo (IPCA) para valores de 2015.

Quanto ao Ministério da Saúde, o esforço para estimar o gasto é menor,

contudo os procedimentos não são tão simples, na medida em que é preciso verificar

os valores depositados para aquisição dos produtos farmacêuticos por pessoas

físicas, aqueles cujos favorecidos são pessoas jurídicas e as compras diretas feitas

pelo órgão. Como resultado deste trabalho e, nesta mesma ordem, no quadro 1, inicia-

se apresentando a estimativa de gasto com os depósitos para pessoas físicas em

valores correntes.

Neste quadro, observa-se que o número de pessoas favorecidas no caso das

ações de assistência farmacêutica, cuja finalidade é financiar a aquisição de

medicamentos, passou de 127 para 1.703 no período de 2009 a 2015, o que

corresponde a um aumento de 1.241% no número de pessoas que receberam

recursos financeiros para a compra desses produtos. No caso da ação de média e

alta complexidade, que financia produtos para a saúde, exames e procedimentos

médicos, o número de pessoas atendidas variou de 98 em 2009 a 1.625 em 2015,

com aumento de 1.558% no mesmo período. Em relação à ação de vigilância em

saúde, não se tem certeza sobre o objeto das demandas em 2012 e, especialmente,

em 2013 e 2015. Uma hipótese é de que tenham ocorrido para oferta de

imunobiológicos (vacinas) e/ou hemoderivados. Nota-se, por exemplo, que em 2012

o valor para atender a uma pessoa foi empenhado, mas não foi pago.

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Ainda no quadro 1, é interessante observar, comparando-se ano a ano, que o

valor pago médio é menor para a assistência farmacêutica que para a média e alta

complexidade. Esse valor médio dá uma ideia do gasto por pessoa para uma

comparação, por exemplo, com o gasto per capita de todo o SUS, mas mascara a

realidade de que houve depósito de valores baixos, menos de 100 reais, e valores

altos, quase 680 mil reais, para uma única pessoa em 2015. Neste caso, não é

possível dizer muita coisa olhando apenas esses números. Seria preciso analisar os

processos para verificar que tecnologias estão sendo demandadas.

Quadro 2. Estimativa dos depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde a pessoas físicas em razão de decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde. Brasil, 2009 a 2015

Fonte: Elaboração prória com base em dados do Siga Brasil.

No quadro 2, apresenta-se a estimativa dos depósitos feitos para pessoas

jurídicas. Neste caso, observa-se uma redução no número de instituições favorecidas

no período entre 2009 e 2015. No caso da assistência farmacêutica, os depósitos

foram feitos para fundos de saúde de estados e municípios e no da média e alta

Programa ou

ação

Ano Nº de pessoas

favorecidas

Valor

empenhado

Valor liquidado Valor pago Valor pago

médio

2009 127 2.379.338 - 2.347.121 18.481,27

2010 266 4.351.380 - 4.251.759 15.984,06

2011 215 1.169.486 - 1.084.749 5.045,34

2012 651 5.273.792 - 4.961.724 7.621,70

2013 778 6.121.729 - 5.766.131 7.411,48

2014 1.375 14.899.207 - 14.638.141 10.645,92

2015 1.703 13.567.711 13.073.779 13.073.779 7.676,91

2009 98 5.061.233 - 5.050.448 51.535,18

2010 152 7.576.112 - 7.339.162 48.283,96

2011 272 9.239.776 - 9.103.934 33.470,35

2012 750 36.015.578 - 34.249.947 45.666,60

2013 2.253 84.638.497 - 80.502.669 35.731,32

2014 1.950 78.263.321 - 75.222.670 38.575,73

2015 1.625 65.865.410 61.588.590 61.588.590 37.900,67

2009 - - - - -

2010 - - - - -

2011 - - - - -

2012 1 945 - - -

2013 12 810.622 - 810.622 67.551,83

2014 - - - - -

2015 15 798.636 757.305 757.305 50.486,99

2009 225 7.440.570 - 7.397.569 32.878,08

2010 418 11.927.492 - 11.590.921 27.729,48

2011 487 10.409.261 - 10.188.683 20.921,32

2012 1.402 41.290.315 - 39.211.670 27.968,38

2013 3.043 91.570.848 - 87.079.422 28.616,31

2014 3.325 93.162.528 - 89.860.810 27.025,81

2015 3.343 80.231.757 75.419.673 75.419.673 22.560,48

QUADRO 1. Estimativa dos depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde a pessoas físicas em razão de

decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde. Brasil, 2009 a 2015.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil.

Em R$ correntes

Assistência

Farmacêutica

Média e Alta

Complexidade

Vigilância em

Saúde

TOTAL

Programa

ou Ação Ano

Nº de pessoas favorecidos

Valor

Empenhado

Valor Liquidado

Valor Pago Valor pago

médio

Assistência Farmacêuti

ca

Média e Alta

Complexidade

Vigilância em Saúde

TOTAL

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complexidade, adicionalmente, para estabelecimentos de saúde privados. Destaca-se

que a despesa com transporte aéreo está incluída no valor alocado em 2015,

correspondendo a 904,5 milhões de reais (4%) dos quase 23 milhões de reais gastos.

A maior parte dos recursos, em 2015, foi repassada ao Banco do Brasil como depósito

judicial, aproximadamente 15,8 milhões de reais (69%).

A respeito dos depósitos, a Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde

esclarece que como o processo de compra dos produtos pode demorar de 60 a 120

dias, a depender se o medicamento tem oferta nacional, se é importado ou se não tem

registro no Brasil, o depósito constitui importante meio para o cumprimento imediato

das decisões judiciais pela União, não apenas quando o objeto é medicamento, mas

também nas demandas por procedimentos médicos (AGU, 2013). Destaca ainda o

elevado gasto administrativo para cumprimento das decisões, ilustrando com as

despesas com transporte aéreo, que em 2012 chegaram a quase 2 milhões de reais

(valor não incluído no respectivo ano na informação constante do quadro 2).

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Quadro 2. Estimativa de depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde a instituições Públicas e privadas em razão de decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias de saúde. Brasil, 2009 a 2015

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil.

No quadro 3, são apresentados os gastos com depósitos a pessoas físicas e

jurídicas a valores de 2015, bem como a variação percentual das despesas de um ano

a outro. Interessante observar que o maior crescimento ocorreu entre 2011 e 2012 e

que de 2014 para 2015 verifica-se uma queda nas despesas, ainda que, por exemplo,

o número de pessoas físicas atendidas tenha aumentado em todo o período, partindo

de 225 pessoas em 2009 para 3.343 em 2015, número que pode ser bem maior

porque é preciso lembrar que mesmo que os recursos sejam depositados na conta de

uma instituição, o beneficiário final é uma pessoa física. Fatores como a categoria do

Programa ou

ação

Ano Nº de instituições Valor empenhado Valor liquidado Valor pago

2009 18 3.257.414 - 3.024.130

2010 25 2.424.318 - 2.228.769

2011 16 1.548.865 - 1.546.755

2012 18 7.088.680 - 7.065.105

2013 16 4.565.044 - 4.414.935

2014 14 14.868.395 - 14.241.641

2015 7 927.071 927.071 927.071

2009 1 2.018.195 - 2.018.195

2010 - - - -

2011 - - - -

2012 - - - -

2013 - - - -

2014 - - - -

2015 - - - -

2009 29 3.584.967 - 3.568.811

2010 31 2.677.938 - 2.528.438

2011 42 10.433.012 - 10.043.406

2012 44 12.806.055 - 12.374.831

2013 62 22.634.545 - 21.831.638

2014 57 30.723.387 - 28.958.918

2015 27 23.983.427 22.960.384 22.958.235

2009 1 1.237.723 - 1.237.723

2010 - - - -

2011 - - - -

2012 - - - -

2013 - - - -

2014 - - - -

2015 - - - -

2009 49 10.098.299 - 9.848.859

2010 56 5.102.256 - 4.757.207

2011 58 11.981.877 - 11.590.161

2012 62 19.894.735 - 19.439.937

2013 78 27.199.590 - 26.246.574

2014 71 45.591.783 - 43.200.559

2015 34 24.910.498 23.887.455 23.885.306

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil.

Atenção Básica

QUADRO 2. Estimativa de depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde a instituições públicas e

privadas em razão de decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde. Brasil, 2009 a

2015.

Em R$ correntes

Assistência

Farmacêutica

Média e Alta

Complexidade

Vigilância em

Saúde

TOTAL

Programa

ou Ação Ano Nº de instituições

Valor

Empenhado

Valor Liquidado Valor Pago

Assistência Farmacêutica

Atenção Básica

Média e Alta Complexidade

Vigilância em Saúde

TOTAL

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medicamento solicitado (inovador ou não, de referência, similar ou genérico, entre

outras) e se o transporte aéreo está incluído nos valores podem influenciar esta

oscilação. Por exemplo, se são demandados em determinado ano produtos mais

novos e mais caros, o gasto pode aumentar proporcionalmente mais do que o número

de pessoas beneficiadas. O contrário também pode acontecer.

Quadro 3. Estimativa de depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde em decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde. Brasil, 2009 a 2015

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil. Valores deflacionados pelo Índice de

Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Somando-se o gasto com os depósitos aos gastos com medicamentos, tem-se

uma estimativa do gasto do Ministério da Saúde com as ações judiciais, tabela 2. Este

Programa ou

ação

Ano Pessoas físicas Pessoas jurídicas Total Variação percentual

em relação ao ano

anterior

2009 3.494.791 4.502.837 7.997.628

2010 5.977.470 3.133.386 9.110.855 14%

2011 1.431.951 2.041.835 3.473.786 -62%

2012 6.188.450 8.811.867 15.000.317 332%

2013 6.790.423 5.199.202 11.989.625 -20%

2014 16.200.030 15.761.224 31.961.254 167%

2015 13.073.779 927.071 14.000.850 -56%

2009 - 3.005.030 3.005.030

2010 - - -

2011 - - -

2012 - - -

2013 - - -

2014 - - -

2015 - - -

2009 7.519.961 5.313.849 12.833.811

2010 10.317.994 3.554.685 13.872.678 8%

2011 12.017.891 13.258.066 25.275.958 82%

2012 42.717.834 15.434.360 58.152.193 130%

2013 94.803.121 25.709.799 120.512.920 107%

2014 83.248.928 32.048.835 115.297.763 -4%

2015 61.588.590 22.958.235 84.546.825 -27%

2009 - 1.842.932 1.842.932

2010 - - -

2011 - - -

2012 - - -

2013 954.620 - 954.620

2014 - - -

2015 757.305 - 757.305

2009 11.014.753 14.664.648 25.679.400

2010 16.295.463 6.688.070 22.983.533 -10%

2011 13.449.843 15.299.901 28.749.744 25%

2012 48.906.284 24.246.227 73.152.511 154%

2013 102.548.164 30.909.001 133.457.165 82%

2014 99.448.959 47.810.058 147.259.017 10%

2015 75.419.673 23.885.306 99.304.979 -33%

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil. Valores deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

QUADRO 3. Estimativa de depósitos judiciais feitos pelo Ministério da Saúde em razão de decisões judiciais que

determinam a oferta de tecnologias em saúde. Brasil, 2009 a 2015.

Em R$ constantes de 2015

Assistência

Farmacêutica

Atenção Básica

Média e Alta

Complexidade

Vigilância em

Saúde

TOTAL

Programa

ou Ação

Ano Pessoas Físicas Pessoas Jurídicas Total Variação percentual em relação ao ano

anterior

Assistência Farmacêutic

a

Atenção Básica

Média e Alta Complexida

de

Vigilância em Saúde

TOTAL

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13

valor ainda não é o gasto total do órgão porque seria necessário agregar as despesas

com a aquisição de outros produtos2, que não medicamentos, e ainda somar as

despesas administrativas, que podem ser muito significativas e, em geral, de difícil

mensuração pela falta de sistemas internos de apuração de custos. Estruturas

organizacionais inteiras têm sido criadas para que o Ministério e as Secretarias de

Saúde consigam dar respostas às demandas judiciais dentro dos prazos

estabelecidos pelo Poder Judiciário. Essa questão também precisa ser objeto de

estudo e melhor debatida, considerando que muitas vezes os funcionários são

deslocados das áreas finalísticas para as áreas meio, a fim de apoiarem o

cumprimento das sentenças judiciais por seus órgãos.

O gasto com medicamentos por via judicial, em 2014, foi de 8% do gasto total

com medicamentos do Ministério da Saúde, excluindo-se o Programa Farmácia

Popular do Brasil.

Para se ter uma ideia do montante que pode estar fora da conta apresentada

na tabela 2, conforme o método adotado neste trabalho, apresenta-se na tabela 3 o

gasto do Ministério da Saúde com suprimentos médicos que podem estar

2 Aparentemente o gasto com produtos para saúde (não incluídos os medicamentos) é residual. Neste trabalho não foi possível levantar todos os dados em virtude de dificuldades de acesso ao banco de dados do DW-COMPRASNET.

Ano Depósitos Medicamentos Total

2009 25.679.400 156.252.706 181.932.106

2010 22.983.533 148.776.782 171.760.315

2011 28.749.744 273.447.982 302.197.726

2012 73.152.511 403.401.945 476.554.455

2013 133.457.165 514.922.790 648.379.955

2014 147.259.017 776.222.258 923.481.275

2015 99.304.979 615.810.660 715.115.640

3.419.421.473 TOTAL

R$ constantes de 2015

TABELA 2. Estimativa de gasto do Ministério da Saúde com depósitos e

aquisição de medicamentos devido a ações judiciais, 2009 a 2015.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil e do Sistema Integrado de Administração

de Serviços Gerais (SIASG). Valores deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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relacionados a demandas judiciais. Infelizmente, por dificuldades de acesso e

consulta aoDW-COMPRASNET não foi possível apresentar uma estimativa global do

gasto com ações judiciais. Mas é importante observar na tabela 3 que o valor que

falta, em relação à aquisição de produtos para a saúde, parece realmente ser residual

(se somado aos 715 milhões da tabela 2, a sua participação seria de

aproximadamente 0,03% em 2015).

Contudo, os valores encontrados são diferentes de dados publicados pela

Consultoria Jurídica do Ministério da Saúde. Por exemplo, em 2012, esta refere gasto

de 287,8 milhões de reais com a compra de medicamentos e insumos (AGU, 2013),

enquanto o valor encontrado neste estudo é de 323,4 milhões (valores correntes), no

mesmo ano, apenas com medicamentos. Outra divergência diz respeito ao montante

gasto com ações judiciais em 2015. O Ministério da Saúde informa que o valor foi

superior a 1 bilhão de reais (Ministério da Saúde, 2015), mas o valor encontrado no

presente estudo foi de 715 milhões de reais. Diferenças metodológicas podem explicar

as divergências e estas poderiam ser discutidas se os documentos publicados por

aquele órgão explicitassem o método empregado para apurar os valores. De todo

modo, é importante esclarecer que existem diferenças porque os leitores de ambos

os trabalhos se depararão com esta situação. Mas, infelizmente, não é possível

aprofundar esta discussão por falta de subsídios para tal.

Em relação ao gasto estimado, observa-se o aumento dos valores alocados até

2014 e uma queda em 2015, tanto nos depósitos quanto na compra de medicamentos.

O ano de 2015 foi marcado por grande discussão sobre o financiamento insuficiente

do SUS, não só no meio acadêmico, mas também nas instâncias colegiadas de gestão

do sistema. Considerando esta situação, uma questão a ser investigada é se

AnoBomba infusora de

insulina e acessórios

Caneta aplicadora e

agulhas

Lancetas e

lancetador

Dispositivos para

monitoramento da

glicose

Total

2011 41.543 21.699 24.679 47.680 135.601

2012 91.563 18.085 18.380 28.900 156.929

2013 90.129 16.702 7.239 7.700 121.770

2014 245.078 21.351 18.380 18.020 302.828

2015 157.902 31.453 24.679 2.343 216.377

R$ Correntes

TABELA 3. Suprimentos médicos que podem estar relacionados a demandas judiciais e que foram adquiridos pelo

Ministério da Saúde na modalidade de dispensa de licitação, 2011 a 2015.

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Painel de Compras do Governo Federal (http://www.comprasgovernamentais.gov.br/).

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dificuldades financeiras fizeram com que o Ministério da Saúde reduzisse o valor dos

depósitos efetuados para pessoas jurídicas, como ressarcimento ao estado ou

município pelo fato de que estes cumpriram a determinação para oferta de um produto

ou serviço que esteja regularmente sob a responsabilidade da União. Esta parece ser

uma possibilidade na medida em que a redução dos depósitos entre 2014 e 2015 foi

maior para pessoas jurídicas (52%) que para as pessoas físicas (24%). É preciso

analisar mais detidamente, em outros estudos, as razões para a redução geral

ocorrida neste último ano, como pode ser claramente observada a seguir, nos gráficos

1 e 2, que apresentam a evolução do gasto com depósitos e com medicamentos,

respectivamente.

-

20

40

60

80

100

120

140

160

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Mil

es d

e 2

01

5

GRÁFICO 1. Gasto do Ministério da Saúde com depósitos judiciais em razão de decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde

Pessoas físicas Pessoas jurídicas Total

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Siga Brasil. Valores deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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16

4.2. O MITO DE QUE OS RECURSOS PÚBLICOS NÃO SÃO ESCASSOS

Como mencionado anteriormente, muitas vezes, na discussão sobre os

impactos das decisões judiciais, esquece-se de que a fonte de recursos do Estado é

uma só, a sociedade, e que, obviamente, esta fonte não é inesgotável. Escolhas

precisam ser feitas o tempo todo, o que faz da priorização e do estabelecimento de

critérios processos fundamentais para a alocação de recursos.

Desde meados dos anos 1970 a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta

os governos sobre políticas que podem ser implantadas para garantir o acesso de

suas populações ao que foi chamado de medicamentos essenciais (Management

Sciences for Health e World Health Organization, 1997). Os medicamentos essenciais

são os que satisfazem as necessidades prioritárias de saúde da população, sendo

selecionados conforme sua relevância para a saúde pública, as evidências existentes

de sua eficácia, segurança e custo-efetividade, devendo estar disponíveis nos

sistemas de saúde em quantidades suficientes, nas formas farmacêuticas adequadas,

156 149

273

403

515

776

616

-

100

200

300

400

500

600

700

800

900

2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Mil

es d

e 2

01

5

GRÁFICO 2. Estimativa do gasto do Ministério da Saúde com a aquisição de medicamentos em razão de decisões judiciais

Fonte: Elaboração própria com base em dados do Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais. Valores deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

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17

com garantia de sua qualidade e a um preço que os pacientes e a comunidade possam

pagar (Organización Mundial de la Salud, 2002).

Nota-se, portanto, que desde 1975 a OMS se preocupa com o tema, deixando

claro que uma das variáveis a ser considerada é a suficiência de recursos para

financiar a oferta de medicamentos. Por isso, defende que os países adotem uma

Política Nacional de Medicamentos para, entre outros objetivos:

I. Assegurar o acesso a medicamentos para toda a população;

II. Garantir a segurança, eficácia e qualidade dos medicamentos;

III. Aumentar a adesão aos serviços de saúde pelo aumento da credibilidade e

aceitação do sistema de saúde;

IV. Promover a prescrição, dispensação e uso racional dos medicamentos;

V. Baixar o custo dos medicamentos para o governo, outros prestadores e para

o público em geral; e

VI. Reduzir os gastos sem reduzir o suprimento de medicamentos.

Relembrar estas questões é sempre importante porque na discussão sobre

acesso a tecnologias em saúde, às vezes se desconsidera a escassez de recursos e

que é preciso racionalizar a oferta dos produtos à população. Na lista de

medicamentos da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos constam

2.263 princípios-ativos (isolados ou em associação) que se desdobram em 24.627

produtos farmacêuticos (diferentes apresentações farmacêuticas) (Brasil, 2016f). No

âmbito internacional, não se concebe a oferta de tantos princípios-ativos pelos

sistemas de saúde, na medida em que muitos se sobrepõem, variam em termos de

eficácia, segurança e custo-efetividade, além de dificultarem a aquisição,

armazenamento, logística, prescrição, dispensação, enfim, o seu uso racional

(Management Sciences for Health e World Health Organization, 1997). Por isso, a

OMS orienta que os países selecionem os medicamentos conforme os critérios que

constam do próprio conceito de medicamentos essenciais.

Para exemplificar esta questão, tome-se, por exemplo, a oferta de insulinas

para tratamento da diabetes mellitus tipo I e tipo II, conforme tabela 3, que apresenta

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18

estimativas de gasto caso as insulinas ofertadas pelo SUS fossem substituídas por

outras não incorporadas, que são requeridas por meio de ações judiciais.

Em primeiro lugar é preciso dizer que as insulinas análogas foram avaliadas

recentemente pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias em Saúde no

SUS (Conitec), que recomendou a sua não incorporação para o tratamento da

diabetes mellitus tipo I e tipo II, porque não foram apresentados estudos científicos

adicionais que comprovassem a sua superioridade em desfechos de eficácia, em

especial o controle glicêmico, e desfechos clínicos finais como mortalidade (Brasil,

2014a; 2014b). Em outras palavras, até o momento não há estudos que demonstrem

que as insulinas análogas são melhores do que as que já são ofertadas pelo SUS.

Assim, uma rápida comparação entre elas é interessante para a ilustração do impacto

orçamentário com as diferentes escolhas.

Veja-se na tabela 3 que o gasto poderia ser até 333% maior caso se decidisse

incorporar as insulinas glargina e asparte em substituição às insulinas NPH e regular.

O gasto adicional estimado de 4,1 bilhões de reais seria maior do que a soma das

despesas liquidadas em 2015 pelo Ministério da Saúde para a compra de vacinas e

insumos para a prevenção e controle de doenças em todo o país (2,5 bilhões de reais)

e a parcela do financiamento federal para a compra de medicamentos usados na

atenção básica em saúde (998,5 milhões de reais).

Outro exemplo foi dado por Ferraz e Vieira (2009) ao estimar o gasto com

medicamentos novos para tratamento de hepatite viral crônica C e artrite reumatoide.

Os autores concluem que se o SUS oferecesse a todos os cidadãos portadores

dessas duas doenças, em 2006, os medicamentos interferon peguilado para a

Insulinas Incorporação

ao SUS

Gasto estimado

(R$)

Gasto adicional

(R$)

Adicional (%)

Insulina NPH e Insulina regular Sim 1.224.682.795,68 - -

Insulina glargina e insulina asparte Não 5.307.566.823,36 4.082.884.027,68 333%

Insulina glargina e insulina lispro Não 5.285.825.321,76 4.061.142.526,08 332%

Insulina glargina e insulina glulisina Não 5.249.106.341,28 4.024.423.545,60 329%

Insulina detemir e insulina asparte Não 4.641.246.158,96 3.416.563.363,28 279%

Insulina detemir e insulina lispro Não 4.619.504.657,36 3.394.821.861,68 277%

Insulina detemir e insulina glulisina Não 4.582.795.676,88 3.358.112.881,20 274%

Fonte: Elaboração própria. Ver apêndice.

TABELA 4. Estimativas de gasto caso as insulinas ofertadas pelo SUS fossem substituídas por outras não

incorporadas.

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19

hepatite viral crônica C e infliximabe, etanercepte e adalimumabe para a artrite

reumatoide, sem observar os protocolos de tratamento, o gasto para atender à

população estimada de 1,9 milhão pessoas (1% da população brasileira na época),

seria de 99,5 bilhões de reais. Naquele ano o gasto total de todas as esferas de

governo com o SUS foi de 85,7 bilhões de reais.

Em 2015, o gasto com o SUS foi de 232,7 bilhões de reais, que correspondem

a 3,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Países integrantes da Organização para

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como Alemanha e Canadá

apresentaram participação do gasto do governo com saúde em relação ao PIB da

ordem de 8,5 e 7,1%, respectivamente, em 2014. Assim, embora o valor absoluto

alocado no SUS pareça bastante elevado, na comparação com o gasto de outros

países é que se tem a real dimensão do quão distante ele está do gasto daqueles em

que a saúde constitui um direito universal.

Há que se reconhecer que há problemas de gestão no SUS, como em toda a

administração pública brasileira. Contudo, também é necessário assumir a sua

limitação orçamentária, que resulta, por exemplo, na existência de vazios

assistenciais, especialmente na assistência de média e alta complexidade em saúde.

Isso se traduz em longas filas de espera para a realização de consultas, exames,

cirurgias e inclusive na indisponibilidade de determinados serviços em certas

localidades do país. Os noticiários estão fartos de denúncias sobre as dificuldades

enfrentadas pelos pacientes que, ainda que tenham que ser relativizadas em razão

da tendência geral ao sensacionalismo, demonstram, em certa medida, parte das

barreiras enfrentadas pelos que necessitam de atendimento.

Do ponto de vista do orçamento, está claro que se pode priorizar uma

determinada área, aportando mais recursos para ela. Mas ainda assim existe limite,

que é dado pela capacidade de contribuição dos cidadãos e pelas diversas

necessidades de oferta de serviços pelo Estado. Os direitos têm custos e a questão

não gira apenas em torno do quanto custam esses direitos, mas também sobre quem

decide como os recursos públicos escassos serão alocados (Holmes e Sunstein,

2000).

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20

Nesse sentido, Gross (2012) pondera que é necessário reconhecer que as

decisões judiciais sobre prestações de saúde curativa envolvem a alocação de

recursos escassos e que deferir toda e qualquer demanda sem considera-la, significa

adotar o critério do acesso ao Judiciário para pautar as decisões alocativas.

Nesta lógica, é preciso acrescentar que, ao se tomar decisões alocativas sem

considerar os critérios atuais que geralmente baseiam as decisões dos governos

sobre tecnologias em saúde, internacionalmente, pode-se aumentar a iniquidade em

saúde e diminuir as possibilidades de obtenção de maior efetividade das políticas

públicas, por exemplo, quando as políticas de prevenção à saúde são prejudicadas

porque sofreram cortes de gastos em virtude da realocação de recursos para atender

a demandas não programadas.

4.3. DESAFIOS ATUAIS E FUTUROS DO ESTADO BRASILEIRO

Diante de toda esta situação, muitos desafios se apresentam ao Estado

brasileiro. No quadro 4, apresentam-se alguns deles para garantia do direito à saúde,

diante da judicialização e quanto aos recursos financeiros.

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Quanto à garantia do direito à saúde, não é possível deixar de mencionar os

problemas de financiamento do SUS e da necessidade de sua ampliação, mesmo em

um momento de crise econômica. O SUS é reconhecidamente subfinanciado e a falta

de recursos dificulta a garantia de acesso universal, equitativa e integral. Outra

questão é o termo integral, que foi introduzido na Constituição de 1988, mas sem uma

conceituação clara no meio externo ao SUS. Essa integralidade diz respeito à garantia

de atendimento nos diferentes níveis de complexidade da atenção à saúde, incluindo

ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Portanto, não diz respeito

ao acesso a toda e qualquer tecnologia que exista no mercado porque esta não é uma

estratégia racional, econômica e terapeuticamente falando. Daí a importância dos

Desafios

Financiamento do

SUSAmpliar o aporte de recursos para financiamento do SUS

Garantir a integralidade da assistência terapêutica

Formular e implementar políticas terapêuticas baseada em critérios técnico-

científicos, considerando sua sustentabilidade financeira

Criar mecanismos para assegurar o acesso a tecnologias em saúde para os que

não estejam assistidos pelas políticas, considerando os critérios técnicos e os

custos da tecnologia pleiteada

Ampliar a oferta e organizar os serviços de saúde em efetiva rede regionalizada e

hierarquizada

Melhorar a coordenação e a cooperação entre os entes federados para maior

eficácia, eficiência e efetividade do SUS

Capacitar continuamente gestores e profissionais de saúde sobre a política de

assistência farmacêutica, especialmente quanto ao acesso a medicamentos e o

seu uso racional no âmbito do SUS

Relação com a

sociedade

Estabelecer debate na sociedade sobre o exercício da cidadania a fim de ampliar

a consciência sobre direitos e deveres dos cidadãos

Ampliar o diálogo entre o Executivo, o Judiciário e o Legislativo

Disseminar o conceito de integralidade da assistência à saúde, que é um dos

pilares para a formulação de políticas no âmbito do SUS

Gestão da

informação

Desenvolver sistema de informação para acompanhamento em todo o SUS das

decisões judiciais que determinam a oferta de tecnologias em saúde

CapacitaçãoManter programa de capacitação para diferentes públicos sobre a organização

do SUS e as políticas que são os meios para garantia do direito à saúde

RegulamentaçãoRegulamentar questões relevantes como, por exemplo, o acesso a tecnologias

pelos indíviduos que estejam eventualmente desassistidos pelas políticas

TransparênciaDivulgar de forma acessível à população as receitas arrecadadas e os gastos

efetuados

Otimização do uso

dos recursos

Adotar ferramentas e implementar programas que visem à otimização do uso dos

recursos

ComunicaçãoEstabelecer meios para ampliar a comunicação com a sociedade e sua

participação na definição de prioridades

Prestação de

contas

Prestar contas dos recursos arrecadados e das despesas efetuadas de forma

transparente

QUADRO 4. Desafios atuais e futuros do Estado brasileiro para garantia do direito à saúde, diante da

judicialização e quanto aos recursos financeiros.

Temas

Fonte: Elaboração própria.

Direito à

saúde

Judicialização

Recursos

financeiros

Formulação e

implementação de

políticas

Gestão

Comunicação

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22

critérios técnico-científicos para a seleção e incorporação das tecnologias que serão

ofertadas no sistema de saúde.

Outra questão é que mesmo selecionando bem, muitas vezes não se cobre as

necessidades de toda a população, porque se leva em consideração o seu perfil

epidemiológico, definindo-se tratamentos para as doenças mais prevalentes, e porque

questões inerentes ao paciente podem inviabilizar o uso das tecnologias

estabelecidas nas políticas públicas. Surge aí a necessidade de se estabelecer

mecanismos para assegurar o acesso para os que estejam desassistidos, sendo

fundamental definir critérios técnicos, observar os parâmetros de eficácia, segurança

e efetividade aplicáveis às tecnologias incorporadas, além de estabelecer limites para

os custos. Esse tema precisa ser regulamentado e, para isso, faz-se necessário a

interação entre os diversos atores interessados neste processo.

Urge o estabelecimento de diálogo mais próximo entre as instituições do Estado

e a sociedade. O efetivo exercício da cidadania depende da consciência dos cidadãos

não apenas sobre seus direitos, mas também sobre seus deveres. Esta consciência

é essencial ao debate da alocação dos recursos e para o acompanhamento da ação

governamental, em um contexto em que a gestão precisa ser melhorada quanto à

coordenação e cooperação entre os entes federados para maior eficácia, eficiência e

efetividade do SUS; à oferta e organização dos serviços de saúde em efetiva rede

regionalizada e hierarquizada; e quanto à capacidade de gestores e profissionais de

saúde operarem sob a lógica de uma política de assistência farmacêutica que prioriza

ações para garantir o acesso aos medicamentos e seu uso racional.

Em relação ao enfrentamento da judicialização, parece haver consenso em

torno da necessidade de ampliação do diálogo entre o Executivo, o Judiciário e o

Legislativo; da disseminação do conceito de integralidade da assistência à saúde; do

desenvolvimento de sistema de informação para acompanhamento em todo o SUS

das decisões judiciais;e da manutenção de programa de capacitação para diferentes

públicos sobre a organização do SUS e sobre as políticas que são os meios para

garantia do direito à saúde.

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23

No tocante aos recursos financeiros e, muitas vezes, mito de que são

inesgotáveis, a transparência em sua aplicação, a otimização do seu uso, a

comunicação com a sociedade e a prestação de contas regular constituem grandes

desafios, mas sua efetivação contribuirá para que a sociedade faça mais parte do

processo e se sinta corresponsável pelas decisões alocativas e empoderada para

exigir resultados previamente pactuados.

5. CONCLUSÕES

O gasto do governo federal com ações judiciais aumentou nos últimos 7 anos

e a seleção das tecnologias em saúde tem um papel relevante neste contexto. Os

recursos são escassos e a depender das escolhas feitas, seja pelo Executivo nas

políticas ou com participação do Judiciário nos processos, a coletividade pode ser

prejudicada com menor oferta de bens e serviços.

Por isso, muitos desafios se apresentam ao Estado. A garantia do direito à

saúde, conforme estabelece a Constituição Federal, deve ser garantida por meio de

políticas públicas econômicas e sociais. Efetivá-las constitui grande desafio, que

depende da articulação e cooperação entre as instituições do Estado e de sua relação

com a sociedade.

Por fim, vale citar o professor francês Philippe Meyer (2002, p. 26-27), que ao

discutir as novas responsabilidades que surgem com a socialização das medicinas

ocidentais, afirmou o que segue: “o esforço de ajuda mútua não pode servir para

financiar as fantasias de um médico que receita, mas também não pode favorecer as

de um doente que pretende aliviar quimeras e fantasmas com o dinheiro do vizinho”.

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24

APÊNDICES

APÊNDICE

Estimativa do gasto com insulinas incorporadas e não incorporadas ao Sistema Único de Saúde para tratamento da diabetes tipo 1 e tipo 2.

PRESSUPOSTOS FONTES DIABETES TIPO 1 DIABETES TIPO 2

População brasileira estimada com

diabetes

A população com diabetes para 2016 foi estimada a partir das prevalências encontradas na PNS para a população adulta, por faixa etária, acima de 18 anos de idade, e pela projeção da população brasileira. A diabetes tipo 1 varia de 5 a 10% dos casos. Utilizou-se, então, a média de 7,5% sobre a população que relatou diagnóstico médico de diabetes na PNS para calcular os pacientes com diabetes tipo I, por faixa etária. O cálculo de todos os pacientes com uso de insulina por faixa etária foi feito aplicando sobre o total estimado de pacientes com diabetes, a proporção encontrada na PNS. Como na PNS não foi possível calcular a proporção de uso de insulina para pacientes entre 18 e 29 anos, assumiu-se que 7,5% dos pacientes diabéticos desta faixa são do tipo 1 e obrigatoriamente utilizam insulina.

Projeção da população: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Prevalência de diabetes e uso de insulina: Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Casos de diabetes tipo 1: Sociedade Brasileira de Diabetes.

671.034 1.921.664

Dose média diária da insulina basal

para pessoa com 70 Kg

No diabetes tipo I, utilizam-se 0,5 a 1 UI/Kg/dia. Para indivíduo com 70 Kg, a média é de 52,5 UI/dia. Considerando que 50% da dose é de insulina basal, então, tem-se que a dose diária tanto da basal quanto da rápida no diabetes tipo I é de 26,25 UI. No diabetes tipo II, a dose diária média é de 0,2 UI/Kg/dia, que equivalem a 14 UI dia para uma pessoa com 70 Kg.

Relatórios de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – 103 e 114 de 2014

26,25 UI 14 UI

Dose média diária da insulina rápida

para pessoa com 70 Kg

No diabetes tipo I, utilizam-se 0,5 a 1 UI/Kg/dia. Para indivíduo com 70 Kg, a média é de 52,5 UI/dia. Considerando que 50% da dose é de insulina rápida, então, tem-se que a dose diária tanto da basal quanto da rápida no diabetes tipo I é de 26,25 UI. No diabetes tipo II a insulina rápida não está indicada.

Relatórios de Recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS – CONITEC – 103 e 114 de 2014

26,25 UI -

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25

GASTO ANUAL ESTIMADO COM TRATAMENTO OFERECIDO PELO SUS - R$

Insulina NPH Descrição: INSULINA, HUMANA, NPH, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 31,27. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 31,27 = R$ 375,24/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. O tubete de 3 mL é mais caro que o frasco de 100 mL e contém apenas 300 UI. Não seria suficiente ao tratamento. Dessa forma, também seria preciso ofertar um frasco de 10 mL por paciente/mês.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

251.798.798,16 721.085.199,36

Insulina Regular Descrição: INSULINA, HUMANA, REGULAR, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 31,27. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 31,27 = R$ 375,24/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

251.798.798,16 -

Total 503.597.596,32 721.085.199,36

1.224.682.795,68

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS GLARGINA E ASPARTE (CENÁRIO A) - R$

Glargina

Descrição: INSULINA, GLARGINA, 100UI/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100UI/mL. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 241,61 = R$ 2.899,32/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. Há no mercado frasco de 5 mL com 100 UI/mL = 500 UI = R$ 120,81. Tem-se que: 1 frasco de 5 mL x 12 x 120,81 = 1.449,72/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.945.542.296,88 2.785.874.734,08

Asparte

Descrição: INSULINA, ASPART, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 71.55. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 71,55 = R$ 858,6/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

576.149.792,40 -

Total 2.521.692.089,28 2.785.874.734,08

5.307.566.823,36

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26

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS GLARGINA E LISPRO (CENÁRIO B) - R$

Glargina

Descrição: INSULINA, GLARGINA, 100UI/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100UI/mL. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 241,61 = R$ 2.899,32/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. Há no mercado frasco de 5 mL com 100 UI/mL = 500 UI = R$ 120,81. Tem-se que: 1 frasco de 5 mL x 12 x 120,81 = 1.449,72/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.945.542.296,88 2.785.874.734,08

Lispro

Descrição: INSULINA, LISPRO, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 68,85. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 68,85 = R$ 826,20/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

554.408.290,80 -

Total

2.499.950.587,68 2.785.874.734,08

5.285.825.321,76

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS GLARGINA E GLULISINA (CENÁRIO C) - R$

Glargina Descrição: INSULINA, GLARGINA, 100UI/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100UI/mL. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 241,61 = R$ 2.899,32/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. Há no mercado frasco de 5 mL com 100 UI/mL = 500 UI = R$ 120,81. Tem-se que: 1 frasco de 5 mL x 12 x 120,81 = 1.449,72/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.945.542.296,88 2.785.874.734,08

Glulisina Descrição: INSULINA, GLULISINA, 100 UI/ML, SOLUÇÃO INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 64,29. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 64,29 = R$ 771,48/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

517.689.310,32 -

Total 2.463.231.607,20 2.785.874.734,08

5.249.106.341,28

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27

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS DETEMIR E ASPARTE (CENÁRIO D) - R$

Detemir

Descrição: INSULINA, DETEMIR, 100U/ML, SOLUÇÃO INJETÁVEL, COM SISTEMA DE APLICAÇÃO. 100 U/ML SOL INJ CT 5 CARP VD INC X 3 ML (PENFILL). Supõe-se que o paciente já tenha o dispositivo para aplicação. Preço: R$ 271,43. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O cartucho contém 300 UI x 5 = 1500 UI na embalagem. Considerando perdas, tem-se que a embalagem seria suficiente para 45 dias: 1 embalagem x 8 meses x 271,43 = R$ 2.171,44/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. O cartucho contém 300 UI, então são necessários 2 cartuchos por mês, 1 embalagem é suficiente para aproximadamente 75 dias: 1 embalagem x 5 meses x 271,43 = 1.357,15.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.457.110.068,96 2.607.986.297,60

Asparte

Descrição: INSULINA, ASPART, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 71.55. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 71,55 = R$ 858,6/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

576.149.792,40 -

Total 2.033.259.861,36 2.607.986.297,60

4.641.246.158,96

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS DETEMIR E LISPRO (CENÁRIO E) - R$

Detemir

Descrição: INSULINA, DETEMIR, 100U/ML, SOLUÇÃO INJETÁVEL, COM SISTEMA DE APLICAÇÃO. 100 U/ML SOL INJ CT 5 CARP VD INC X 3 ML (PENFILL). Supõe-se que o paciente já tenha o dispositivo para aplicação. Preço: R$ 271,43. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O cartucho contém 300 UI x 5 = 1500 UI na embalagem. Considerando perdas, tem-se que a embalagem seria suficiente para 45 dias: 1 embalagem x 8 meses x 271,43 = R$ 2.171,44/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. O cartucho contém 300 UI, então são necessários 2 cartuchos por mês, 1 embalagem é suficiente para aproximadamente 75 dias: 1 embalagem x 5 meses x 271,43 = 1.357,15.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.457.110.068,96 2.607.986.297,60

Lispro

Descrição: INSULINA, LISPRO, 100U/ML, INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 68,85. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 68,85 = R$ 826,20/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

554.408.290,80 -

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28

Total 2.011.518.359,76 2.607.986.297,60

4.619.504.657,36

GASTO ANUAL ESTIMADO COM AS INSULINAS DETEMIR E GLULISINA (CENÁRIO F) - R$

Detemir

Descrição: INSULINA, DETEMIR, 100U/ML, SOLUÇÃO INJETÁVEL, COM SISTEMA DE APLICAÇÃO. 100 U/ML SOL INJ CT 5 CARP VD INC X 3 ML (PENFILL). Supõe-se que o paciente já tenha o dispositivo para aplicação. Preço: R$ 271,43. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O cartucho contém 300 UI x 5 = 1500 UI na embalagem. Considerando perdas, tem-se que a embalagem seria suficiente para 45 dias: 1 embalagem x 8 meses x 271,43 = R$ 2.171,44/paciente/ano. Cálculo diabetes tipo II: dose de 14UI/dia x 30 = 420UI/mês. O cartucho contém 300 UI, então são necessários 2 cartuchos por mês, 1 embalagem é suficiente para aproximadamente 75 dias: 1 embalagem x 5 meses x 271,43 = 1.357,15.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

1.457.110.068,96 2.607.986.297,60

Glulisina

Descrição: INSULINA, GLULISINA, 100 UI/ML, SOLUÇÃO INJETÁVEL. Frasco de 10 mL com 100 UI/mL. Preço: R$ 64,29. Cálculo diabetes tipo I: dose de 26,25 UI/dia x 30 = 787,5 UI/mês. O frasco contém 1000 UI. Considerando perdas e que não deve ficar aberto mais que 30 dias, tem-se: 1 frasco x 12 x 64,29 = R$ 771,48/paciente/ano.

Para descrição do produto, Catálogo de Materiais, e para os preços, menor preço fábrica com ICMS 0%, da Lista da CMED atualizada em 14/04/2016.

517.689.310,32 -

Total 1.974.799.379,28 2.607.986.297,60

4.582.785.676,88

Fonte: Elaboração própria com base nas fontes mencionadas no quadro.

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29

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AUTORIA

Fabiola Sulpino Vieira - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

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