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Gastão Debreix: Razão e Sensibilidade

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Livro do artista plástico e poeta visual Gastão Debreix, com textos de Omar Khouri, Janira Fainer Bastos, Luciano Bitencourt e Oscar D'Ambrosio.

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Poema Móvel

Este poema é parte integrante deste livro e foi impresso em serigra�a sobre papel craft e lâmina de madeira re�orestada, certi�cada e ecologicamente correta. Trata-se de material exclusivo e com tiragem limitada produzida pelo artista. Ergonômico, retrata o ângulo idílico do objeto.

Capa

www.gastaodebreix.com.br

ISBN 978-85-65272-00-1

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Impressão

CART – Concessionária Auto Raposo Tavares

Ana Paula Bortolozzi

Daniela Coneglian

Cassiano Tosta

Fernando Angulo e Issao Ogassawara

Gil Mendes

Angulo Design e Dgraus Design

Omar Khouri e Paulo Miranda (NOMUQUE edições)

Luciano Bitencourt (O poeta da matemática; A prisão acadêmica; Tramas;

Escultura da palavra; Geometria das ideias)

Janira Fainer Bastos (Um monólogo), Omar Khouri (Um lance de razão e

sensibilidade; Um fazedor) e Oscar D’Ambrosio (O terço despregado)

Oscar D’Ambrosio (Programa Perfil Literário, Rádio UNESP FM, 2011)

Cristiano Zanardi (87), Fernando Angulo (03, 44, 46, 47, 50, 51 e 98), Issao

Ogassawara (74, 79, 88 e 89), Olicio Pelosi (capa, 12, 36, 40, 41, 42, 48,

66, 68, 81 e 86) e acervo Debreix (14, 82, 84 e 85)

Angulo Design, Dgraus Design, Escobar (68) e Karmo (62)

Fujocka Photodesign

Rodrigo Koury

Bruna Zibellini

Meyre Raquel Tosi

Poema Móvel, Gastão Debreix – 2011

Pancrom

Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)

Debreix, Gastão

Gastão Debreix: razão e sensibilidade /Janira Fainer

Bastos; Luciano Bitencourt; Omar Khouri; Oscar D’Ambrosio

e entrevista Programa Perfil Literário – Rádio UNESP, 2011.

São Paulo: Dgraus Editora, 2011.

100p il. 23cm

ISBN – 978-85-65272-00-1

1. Artes 2. Poesia visual 3. Pintura 4. Serigrafia 5. Debreix,

Gastão. I. Bitencourt, Luciano. II. Título.

CDD 750

750

D341d

Índice para catálogo sistemático

Poesia : Artes : Pintura 750

© 2011 by dgraus editora

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Janira Fainer BastosLuciano Bitencourt

Omar KhouriOscar D’Ambrosio

1ª ediçãoSão Paulo, 2011

Caminhos para o DesenvolvimentoEsse livro faz parte do compromisso da CART – Concessionária Auto Raposo Tavares com o desenvolvimento da arte e da cultura no Estado de São Paulo. Acreditamos que a obra de talentos como o artista Gastão Debreix deve sempre trafegar por novos caminhos, alcançar os destinos mais distantes. A CART investe seriamente nesse trajeto, assim como você constatará nas próximas páginas. É desta maneira, com maior criatividade, que buscamos incrementar cada quilômetro de nossas vias. Viaje nessa obra!

A CART é uma empresa do Grupo Invepar – Investimentos e Participações em Infraestrutura, sociedade formada pelos fundos de pensão Previ, Petros, Funcef e pela empresa OAS Investimentos.

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Embora soubesse de sua existência há mais tempo, tive os primeiros contatos com Gastão Debreix em Pirajuí, a propósito de Poesia, na segunda metade dos anos de 1980. Dado o fato de eu ser poeta e coeditor de ARTÉRIA, ele me trouxe poemas que muito se aproximavam da prática dos caligramas, donde se podia depreender que eram exercícios, ainda incipientes, de alguém “do ramo”. Dois deles acabaram por integrar ARTÉRIA 5 e, daí para diante, Gastão passou a ser um contumaz colaborador da revista, publicação esta que pôde registrar a sua grande evolução, em termos qualitativos, e que acolheu o melhor de sua produção propriamente poética. Falar no Gastão Debreix produtor-de-linguagem é falar em criação intersemiótica, em encontro de códigos, em “poesia visual”. Falar em poesia visual no Brasil é relacionar nomes de relevo, onde necessariamente surge o de Gastão Debreix que, coisa rara, possui quatro ou cinco peças dentro do referido universo poético, que são obrigatórias em toda antologia do gênero que se preze. Na tentativa de apresentar o Gastão Debreix ser-inteligente-e-sensível-e-que-produz-trabalhos-que-roçam-o-admirável apontaria um seu poema escolhido em meio a uma produção não-volumosa, porém não-exígua, de qualquer modo, densa: a fatura POESIA, de 1991, que teve edição autônoma no mesmo ano – impressão serigráfica sobre papel. Em seguida, saiu em ARTÉRIA 6, ano de 1992, também impressão serigráfica sobre papel. Trata-se de uma das incursões metalinguísticas de Gastão, um dos trabalhos que mais o definem e o aquilatam, um dos melhores poemas visuais de quantos foram produzidos na última década do século passado. Olho tipográfico (tipomórfico, eu diria) aguçado, percebe coisas de uma sutileza ímpar e descobre outras tantas inúteis, não fora a dimensão lúdica e a gratuidade da própria Arte que, paradoxalmente é inútil e essencial. Coisa de Humanos-Seres. Tomando a palavra POESIA em caixa alta (uma helvética que subjaz e estrutura), primeiro percebe que nenhuma letra é repetida na sagrada palavra (nem sequer as redundantes vogais) e as superpõe centralizando, percebendo que em alguns pontos – em alguns pontos apenas – elas se encontram. A cada encontro – tendo codificado um comportamento gráfico para cada letra – vai se formando um desenho, que só se configura plenamente no ponto único – este sim! – em que as seis letras coincidem: resulta, daí, um quadrado com uma malha como que florida (um ladrilhado) e que o autor, então, tinge de amarelo para destacá-la ainda mais, como que querendo dizer: “Poesia é condensação”. Ao pé do trabalho uma espécie de escala-legenda com a progressão POESIA, que é, então, o que resulta da tal superposição. Se alguma semelhança há em POESIA com os chamados poemas semióticos, esta é casual, pois trata-se de uma realização mais feliz do que qualquer daqueles poemas dos anos de 1960, malgrado a sua importância para a época. O poema se constrói: todo o necessário rigor é colocado a serviço da sensibilidade para que o poema se configure pleno. Num tempo em que tudo se apresenta como disponibilidade para os poetas/artistas, que descobrem que tal técnica possibilita uma linguagem e, daí, a trabalham, fazendo coisas admiráveis, Gastão Debreix se apresenta como um artista-síntese, que absorve, matuta, elabora mentalmente e faz/constrói, sem medo do artesanato, que domina como poucos (o poeta labora mentalmente e, em seguida, manipula, manuseia, manufatura, sem medo de que mãos comprometam cérebro). Sem pré-conceitos. Da cor à letra, da madeira ao papel e à tela, da marchetaria à impressão serigráfica, do lápis ao teclado do computador. Razão e sensibilidade. Assim, Gastão Debreix vai perfazendo o seu caminho artístico-poético, misturando o ontem com o hoje e se projetando para o sempre. O futuro dirá melhor de suas grandezas. Este livro que ora se publica traz alguns fortes indícios da qualidade de que o trabalho de Gastão Debreix é portador. Dignifica ainda mais a poesia que o Brasil tem produzido, para entregá-la ao Mundo.

Omar Khouri, Mestre e Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUCSP, Livre-Docente em Teoria e Crítica da Arte pelo IA – UNESP. Professor Adjunto do Departamento de Artes Plásticas do IA – UNESP, campus de São Paulo. É poeta, editor e crítico de linguagens.

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muito mais do que a abertura

de duas semirretas. Vai além

do encontro do chão com a

parede. É Gastão Debreix quem

diz. Ou melhor, quem escreve.

Aliás, é ele quem literalmente

mede as palavras. Como

poeta, faz contas e, subtraindo

operações, o faz-de-conta.

Nascido em Guaiçara (SP), em 1960, Debreix sofreu desde criança a influência de vértices e radianos. Em Pirajuí (SP), na oficina do pai, o então professor da Escola Industrial, aprendeu a lidar com medidas e nelas descobriu a gramática dos números – a engenharia ortográfica.

O tempo do prego, o mergulho no vão, o peso do vento, a velocidade do carretel, a sagração do botequim. Em diferentes extensões, invertidos, consecutivos ou adjacentes, estão todos lá presos à casa-grande, uterina e velha. Concomitante, livres à Penitenciária “Dr. Walter Faria Pereira de Queiroz”, onde Debreix atuou como agente de segurança e descobriu as propriedades técnicas e, então, obtusas da sua obra.

Foi nesse mesmo tempo, ao término da década de 1980, que, solto, o poeta iniciou dentro do universo carcerário a diligência pela identidade concreta de sua linguagem. Em letra transferível e serigrafia expôs a busca tímida pela aritmética do ponto, da vírgula, do acento (agudo ou circunflexo) e do asterisco. E, desse modo, equacionou a atenção de nomes importantes da poesia contemporânea como Omar Khouri e Paulo Miranda.

Com Debreix, o traço fora verbalizado. A métrica alcançou a congruência.

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Gastão Carvalho Debreix Junior em sua tradicional foto escolar.

Residência da família Debreix na cidade de Pirajuí (SP), onde residiu na juventude.

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O prego que prega, a poesia que prende. O tempo que desprega, o claustro que liberta. Agente de segurança, estudante de Artes Plásticas da UNESP. Das ruas de Bauru à Revista Artéria. Ponto, ponto, manchas, vírgula, madeira, número e pronto. De mão em mão, de bar em bar, de boca à boca, da avenida Nações até a enfumaçada e ensurdecedora capital paulista.

Contudo, algo insistia em se manter recôndito: a técnica perfeita. Acontece que atrás das celas, nas mãos dos detentos, vários pontos se cruzavam. Entre maços de cigarros, o poeta colocava olhos atentos. O que há de tão interessante nesse tricô de celulose? Ficou em longos dias a ruminar, até que lá encontrou uma fábrica de tecidos para a sua poesia: as tramas.

Em 1992, Gastão Debreix obteve o sábio canudo e, não menos oportuno, o emaranhado de experiências com palavras, gravuras e outros estudos. Munido de conteúdo propugnado explorou giz, serigrafia e estêncil, além de produzir em série através de pigmentos naturais como terra, carvão e madeira. Ao deixar o trabalho no mundo das grades montou ateliê e tornou-se professor de Artes.

A cidade de Bauru ganhava nova

escala, outra métrica, o traçado

rigoroso, quase lógico, através de

uma régua poética.

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com a agulha. Costurou-se a poesia

na matéria impressa. Deu registro,

notícia diária e não faltou pano pra

manga. Penitenciária, serigrafia,

modelo tipológico, universidade,

oficina. Tinta vinílica sobre lona

plástica. Do sol quadrado aos

espaços multiculturais.

Exposições à revelia.

De 1992 até pouco depois do ano 2000, Gastão Debreix urgiu: Bauru, Natal, Seul, Budapeste. Em seguida, conheceu o hiato criativo e utilizou-se do silêncio como plataforma. Mas o poeta apenas descansa, nunca se cala. Ao sentir a atual estagnação da fala, saiu esbravejando em solitária passeata: tramas, tramas, tramas, tramas!

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Um fazedor. Na acepção mesma daquele que faz/constrói – artesão exímio que é – até aquela que ficou definitiva: criador: poeta, do grego poietés, agente derivado do verbo fazer (poiéo). Do verbal ao não-verbal: um fazedor que transita entre os muitos códigos, um poeta, como se diria lá pelos idos de 70, intersemiótico. Mãos e cérebro em ação e eis que matérias-primas se trans-formam. Um toque de Midas. Gastão Debreix tem o dom de transformar trastes, peças desprezíveis (cacos de madeira, materiais com as marcas da destruição, lascas) ou mesmo materiais pré-artísticos, em objetos de arte. Constrói, orientado por um pensamento determinante, objetos com (neste caso é um designer) ou sem utilidade prática, os quais dota da dimensão estética. Cadeiras, jogos, caixas de todos os formatos, quadros. Sim: QUADROS! Objetos de ver e sentir: tactilidade, de mistura com algo odorífico, condenado a desaparecer com o tempo. Sua matéria-prima preferida: a madeira, a qual transforma, fazendo-a conformar-se a seu bel-prazer: a madeira obedece. Xiloestesia. Xilofacturas se nos apresentam e é a madeira o que importa. Não o mero suporte, mas a madeira-ela-mesma que se impõe e nos obriga a lê-la (os signos – complexos sígnicos – querem ser lidos, obrigam-nos a lê-los, decodificá-los): Imbuia. Marfim. Peroba. Cerejeira. Ipê. Cedro. Jatobá. Pinho. Cedro Rosa. Pau Roxinho. Vinhático. Mogno. Daí, o artesão-artista estabelece um diálogo prolífico com a tradição, das mais inventivas nas Artes Plásticas: Maliévitch. Mondrian. Albers. Geraldo de Barros. A técnica da Marchetaria responde às necessidades que Gastão Debreix, o Júnior, tem de se expressar artisticamente (e ele sabe que a função estética da linguagem – da palavra grafada à madeira, a função poética num sentido lato, poderia dizer, responde a uma necessidade para os humanos, como as demais funções, só que a uma necessidade do espírito. Sempre.) Da seleção dos materiais à composição, o mencionado toque que transforma, redimensiona, posto que norteado por cerebralismo e sensibilidade, possibilitado pela competência que ultrapassa a chamada excelência num certo (a)fazer. Compulsivamente Gastão trabalha. Não resiste ao ímpeto de produzir, dentro do universo artesanal cuja iniciação deve a Gastão Debreix, o Pai. Constrói, Gastão, seus objetos em madeira: Xilopoemas.

Omar Khouri. São Paulo, outubro de 2000.

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Inquietude. Eis o significado do texto. Se o pensamento é geométrico, o vocábulo é modular. É deste modo que o poeta Gastão Debreix trabalha o vértice da palavra. Subtrai interferências, adiciona significados, divide interpretações e multiplica a fantasia. É a conversa simétrica, enigmática, complexa e na medida.

Debreix é um luthier da linguagem,

fabrica instrumentos que emitem

versos matemáticos. Elabora

equações infinitas, sua obra não

tem lado. É design retratado a partir

de um único princípio: o poema.

E desenha, desenha, desenha,

para mostrar – elevado ao cubo –

com quantos paus, retas e letras,

se escreve POESIA.

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Em Bauru, ferve outro ponto de vista. A arte de rua mexeu com o poeta. Vide a recente explosão da mensagem. A ascensão da cultura underground, a reutilização da letra suja, a retomada da caligrafia poluída. Tudo isso, despertou naquele engenheiro de caracteres o espírito de produção. Teve início o resgate.

Na memória: a equipe em estado recluso, as atividades na oficina. O ateliê. Marchetaria, módulos, visão tecnicista, móveis, a escola industrial dos anos 70. Dormiu pensando em registros. Teceu emaranhados. Acordou ornamentando o alfabeto. Novas tramas, tipologia, poemas. Depois de amargar inércia, provocou verdadeiro terremoto.

Recentemente, Gastão Debreix traduz maturidade na apresentação de suas ideias. Mas tende a expandir. Destaque na décima edição da Revista Artéria, continua explorando a prancha de absurdos entre o metafísico e o tipográfico. É o técnico que, agora, tem o rigor e busca a expressão que está além do laboratório e o acadêmico.

Como exímio marceneiro, Debreix se transformou novamente em lenhador. Quer derrubar elementos gráficos. De acordo com a sua escala, o significado de tudo está na proporção. Na intensidade em que se mede cada milímetro da vida e, por que não dizer, da palavra.

É lenha, é fogo. Ou seja, falta

pouco, muito pouco, para se fazer

fumaça – desde os tempos remotos,

o mecanismo mais perfeito de

comunicação. Salve Gastão.

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A poética de Gastão Debreix tem como base dois movimentos que se complementam: de um lado, existe a intensa criatividade na maneira de realizar as suas composições, sempre tendo em vista a busca de soluções visuais em que existam decisões ricas tanto em termos de jogos de linguagem como em procedimentos plásticos.

Existe ainda outro aspecto igualmente muito importante: uma certa alegria, expressa no humor de muitas elaborações e na ausência de pedantismo. Daí muitas obras parecerem simples na execução. Embora sejam fruto de um gradual processo de amadurecimento da linguagem, apresentam a falsa impressão de que foram feitas sem uma reflexão adensada pela vivência poética e artística.

Um verbo pode ser o elemento detonador de todo um pensar sobre significados e significantes que não dispensa a emoção. Aliás, muito pelo contrário, ela coloca o fazer plástico e artístico como um gradual caminhar por uma vereda repleta de sentidos e mistérios. Não, portanto, respostas fáceis de interpretação, mas um pensar constante sobre o próprio sentido da vida e da arte na sociedade contemporânea.

A visualidade proposta pode ter seu marco inicial na própria discussão de como o cotidiano pode ser a pedra de toque de um criar em que falares e silêncios podem ter o mesmo peso. As sugestões propostas abrem não só possibilidades de interpretação, mas, principalmente, a escolha do papel da arte como maneira de dialogar com um sentimento de estar no mundo, mais ou menos agradável de acordo com a perspectiva adotada.

A sensação de movimento proposta em várias obras diz muito respeito a uma concepção plástica que preza a liberdade acima de tudo. Não existe o fascínio pela fórmula pronta, mas pelo pensar a arte como um campo de alternativas que demandam a presença do dinamismo do vento com seu potencial transformador e seu grito visual de alerta que o único pecado na arte é não ousar criar.

Seja por intermédio da configuração, da maneira de disposição das letras no espaço ou da cor, Debreix nos traz um pensamento em que as tramas, sejam de forma mais ou menos explícita, funcionam como o tom contagiante. Seja pela justaposição ou sobreposição, o poeta e artista plástico aponta para a construção de um olhar sobre o mundo que obriga o observador a repensar seus conceitos, paradigmas e parâmetros.

Tanto nos raciocínios mais geométricos e matemáticos ou nos mais livres, em que surge um lirismo construtivo de relações espaciais menos controladas, mantém-se uma questão primordial: o sentido da poesia. A palavra, que se torna uma prática constante, é explorada de diversas maneiras, tanto de circunstâncias mais próximas do concretismo como em propostas mais imediatas das artes visuais.

O refletir sobre a palavra terço, nos seus dois significados mais evidentes (o religioso e o matemático), cristaliza como o artista sabe construir as tramas de um pensamento pleno de mergulhos nas características basilares da poesia de qualidade: a exploração de suas distâncias: a existente entre o mundo imaginado e o considerado real; e a presente no que se deseja fazer e o que de fato se atinge.

Analogamente, Gastão Debreix prega em nosso olhar – e por que não em nossa alma? – sensações que não se despregam facilmente. Após ler seus textos e ver suas imagens fica colado em cada leitor ou observador o sentimento de que somos apenas um terço talvez privilegiado do universo da comunicação, integrado pelo emissor, pela obra e pelo receptor. Onde estamos nesse jogo? Talvez em todos os lugares ao mesmo tempo, como terço despregado da religião ou terço matemático pregado na parede da existência.

Oscar D’Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e História da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da UNESP. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA – Seção Brasil).

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um monólogoPor volta de 1958 as ideias de Duchamp e do surrealismo filtradas através do expressionismo abstrato fundem-se na corrente europeia nouveau réalisme e na americana assemblage. Nesse momento muitos artistas desejam ter sido influenciados por eles, embora a maioria não o tenha, pois ideias são uma coisa e o que acontece outra.

Vejo Gastão como o herdeiro dessas correntes com algo mais: ele introduz na arte o prazer de pintar no sentido mais clássico da palavra.

Em sentido técnico, ele produz seus trabalhos espontaneamente. Ele vai negar por três vezes, como um conhecido personagem bíblico. Para não admitir, levará em consideração o sentido consciente de uma dada trama/trança e suas alterações sucessivas, a contínua reação direta à medida que trabalha e altera seus trabalhos. De repente, acontece algo maravilhoso e ele se dá por satisfeito com o resultado e encontra centenas de espectadores sentindo o mesmo. Mas, Gastão produz pra si mesmo, embora lhe agrade a reação de outras pessoas às suas experiências, seus recordes, suas mensagens, pois seu trabalho é feito com frequência de palavras.

Do meu ponto de vista, o artista vê e sente não apenas formas, mas também palavras. A palavra está presente em toda parte na vida moderna: sofre-se um bombardeio dela diariamente. E sob o ponto de vista físico, as palavras também são formas.

E por último a pergunta: qual a função da cor em seu trabalho? É provável que ele responda nenhuma. Eu digo que a relação dominante entre a cor e o desenho é a chave para a apreciação de sua produção. Como na poesia, suas cores são alusões, linhas e cores que sugerem uma atmosfera imaginativa, a condição primeira de sua arte.

Como artista, Gastão Debreix traz à tona suas emoções mais escondidas e tem a consciência imediata de que só ele pode dar vida poeticamente à sua obra.

Janira Fainer Bastos, Doutora em Artes pela ECA – USP e professora do Departamento de Design da FAAC – UNESP, campus de Bauru (SP).

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Rádio UNESP FM Como surgiu o seu contato com a arte? Isso ocorreu em sua família?Gastão Debreix Meu pai era mestre em marcenaria e, no final dos anos 60, foi convidado a lecionar na Escola Industrial de Pirajuí, mas, para isso, teve que voltar a estudar e minha mãe acabou indo junto. Viajavam todos os finais de semana para Ribeirão Preto, onde se formaram em Artes Industriais na UNAERP. Minha casa acabou virando um atelier, onde eram confeccionados os trabalhos de pintura, cerâmica, entalhe, pirografia etc, para o curso. Creio que tinha uns 9 ou 10 anos e essa experiência foi marcante para mim.

RU O seu pai tinha uma questão mais artística no trabalho?GD Meu pai estudou marcenaria na Escola Industrial de Lins, onde se formou mestre e, posteriormente, fez Artes Industriais na UNAERP. Foi um marceneiro artesão, era muito caprichoso em tudo o que fazia.

RU Quando a arte começou a tomar mais espaço em sua vida?GD Estudei o colegial técnico em mecânica, curso profis-sionalizante, na mesma escola em que meu pai lecionava, onde me identifiquei muito com o desenho técnico e, após me formar, acabei indo trabalhar na oficina de marcenaria que ele havia montado nos fundos de casa. Era final dos anos 70 e começo dos 80 e nessa época estava na moda emoldurar reproduções de obras de arte. Fiz muito isso. Dessa forma, comecei a me interessar por aquilo tudo. Considero, então, que meu primeiro contato direto com a arte foi emoldurando reproduções.

RU Esse contato foi crescendo?GD Comecei a me interessar por arte mesmo, quando entrei na UNESP – Campus de Bauru, em 1987. Até então, morava em Pirajuí e trabalhava desde 1985 na Penitenciária, como agente de segurança. Era um salário razoável para bancar meus custos estudantis. Viajava todas as noites de Pirajuí a Bauru. Chegava em casa à 1h da manhã, saía para trabalhar às 6h. Foi, portanto na UNESP, que realmente surgiu meu primeiro contato, de fato, com arte.

entrevista

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RU Nesse momento, você misturava a escrita com as artes visuais?GD Iniciei as duas pesquisas ao mesmo tempo. Lembro-me de que o primeiro poema surgiu em um barzinho, em frente à UNESP, o Bar do Baiano. Foi ali que surgiram meus primeiros poemas que formavam desenhos, que hoje sei se tratar de caligramas. Não conhecia nada, nem poesia concreta e nem visual, mas aquelas criações me perturbavam e eu me per-guntava “Que diabos estou fazendo?”. Nesse sentido resolvi procurar alguns professores. Recebi indicações para conversar com o Omar Khouri e Paulo Miranda. Eles moravam em São Paulo, mas estavam sempre em Pirajuí. Decidi falar com eles e mostrar os meus poemas. Nessa fase, já havia produzido uma série deles e foi aí que comecei a participar da revista Artéria. Esses poemas eram construídos com letra transferível, pois não havia computador, era tudo feito à mão e os primeiros diapositivos para matrizes serigráficas usadas na impressão de gravuras eram cópias eletrográficas em papel vegetal. Foi através do Omar e do Paulo que conheci e me tornei amigo de José Luiz Valero Figueiredo, então professor de tipologia do curso de Design da UNESP. Poeta visual, serígrafo e de um rigor técnico incomensurável, Valero foi uma espécie de guru que influenciou muitas gerações de alunos, que tiveram a sorte de conhecê-lo.

Intervenção urbana na cidade de Pirajuí (SP), 1989. Serigrafia sobre papel, colado em parede.

Escultura Design Inútil, 1991. Madeira, papel, tecido, cola, metal e tinta.

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RU De que forma eles foram se transformando? GD Quando travei conhecimento com os poetas, con-cretos, visuais, os irmãos Campos, Augusto e Haroldo, Décio Pignatari, William Blake, Cummings, Braga, Le-minski, Arnaldo Antunes, toda gama de colaboradores ou publicados na revista Artéria, minha produção diminuiu sensivelmente – agora eu tinha parâmetros. Os primeiros trabalhos que me abriram a cabeça para outras possi-bilidades foram Soneto 1,40 m e Revira Volta de Paulo Miranda. Comecei, então, a trabalhar só a palavra, a cor, o desenho, concentrava-me no objeto em si, que era fotografado ou scaneado. A transformação foi essa: a busca pela solução objetiva e a pesquisa da tipologia.

RU Você trabalha nesse mesmo sentido hoje ou mudou o caminho?GD Continuo nesse mesmo caminho, só que mais vol-tado para o grafismo e a matemática, devido à minha formação tecnicista e concentrado no desenho. Fico procurando, medindo as palavras, contando as sílabas, olho para as coisas, objetos, placas de sinalização, pro-pagandas, panfletos, rachaduras na parede, texturas, enfim qualquer coisa que transmita uma ideia ou forme um grafismo, me atrai muito.

Exposição “A poesia brasileira na era pós verso”, Instituto de Artes da UNESP – SP, junho de 2011.

RU Esse processo de produção é rápido ou lento?GD No início esse processo era rápido, surgia de bate-

-pronto, como que psicografado e posteriormente dado o acabamento final. Com o tempo, ele se tornou mais lento, mais elaborado. No primeiro momento, faço um esboço à mão livre, muitas vezes transcrevo para o papel milimetrado e para o computador. Quando o poema pede um objeto, há todo um trabalho de produção.

RU Como a serigrafia entrou em sua trajetória?GD Surgiu em 1987, quando trabalhava no presídio e havia acabado de entrar na UNESP. Como era o único agente de segurança que estudava Artes Plásticas, fui designado a trabalhar no setor serigráfico. Aprendi serigrafia com os reeducandos e vislumbrei as imensas possibilidades dessa técnica que é uma evolução do estêncil. Também conhecido como silk-screen, a serigrafia é um processo de impressão/reprodução que consta de uma seda, nylon, tecido ou até metal, tencionado em um quadro e, com uma emulsão foto-gráfica, são bloqueadas as áreas que não se deseja serem pintadas. As partes que serão impressas ficam abertas como se fossem uma peneira. Posteriormente, com um rodo, a tinta é aplicada, onde se conseguem várias cópias e cores, com pequenas ou grandes tiragens, em vários tipos de substratos.

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RU Você também tem um trabalho que chama de Tramas? Como ele surgiu?GD Também surgiu no presídio, o sistema penitenciário foi para mim uma grande fonte de inspiração. Comecei a observar os detentos fazendo tranças com papel de maços de cigarro, formando uma espécie de cinta, juntando várias surgia um tapete, que fazia me lembrar da infância. Trans-portei essa técnica artesanal de domínio público para um tamanho de escala maior com jornais e revistas. Fragmentos dessas tramas são transportados para telas serigráficas e impressas em lona plástica, tela, papel, madeira etc. Meu trabalho é uma apropriação de imagens, mesmo.

RU E como você avalia hoje a poesia visual?GD Hoje, a poesia visual se faz presente em tudo. Vivemos em meio a um bombardeio de imagens, informações. Ela está presente na televisão, nos jornais, na internet, nas revistas, das simples às mais sofisticadas, enfim, em tudo o que está em nosso entorno. É a qualidade em meio ao excesso de visual. Ela veio para ficar.

RU Você tem algumas referências essenciais em seu trabalho?GD Não costumo me inspirar em ninguém, pelo menos conscientemente. Admiro o trabalho de muitos artistas: Mira Schendel, Leonilson, Regina Silveira, Geraldo de Barros, Nelson Leirner, Cildo Meirelles e Guto Lacaz, são apenas alguns de uma extensa lista. Gosto muito do concretismo brasileiro e sou apaixonado pela Pop Art.

RU Em relação ao trabalho da Revista Artéria, da qual você participa, como você avalia a produção e o resultado dela?GD Participo da Revista Artéria desde a edição nº 5 (Fan-tasma), que foi lançada no MASP – Museu de Arte de São Paulo, em 1991. Aproximadamente um ano antes, havia apresentado meus poemas e conhecido pessoalmente o Omar e o Paulinho, que são os editores da revista. Nessa ocasião, duas poesias de minha autoria, foram selecio-nadas e incluídas nessa edição que foi toda impressa em serigrafia com uma reduzida tiragem de 160 exemplares. Nela figuram os nomes mais significativos da poesia visual brasileira. Tenho orgulho em estar participando desse grupo.Escultura Trama de Lata - Série Pintores, 2011.

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Exposição “Tramas - Serigrafia”, Espaço Cultural Leônidas Simonetti, maio de 2011. Trama de Revistas.

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Mesa Ralo Rato – 1996

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RU Qual é a sua percepção das pessoas mais jovens lendo/vendo/fazendo poesia visual ou mesmo conhecendo a materialidade do teu trabalho?GD A minha poesia é meio cerebral. Em algumas delas tem uma questão matemática, em outras uma leitura ambígua. Ocorre que algumas vezes pessoas com um vasto repertório não conseguem lê-las, e esses mesmos trabalhos são facil-mente interpretados ou decifrados por leitores com repertório menos sofisticado. Creio que a explicação para isso esteja na simplicidade – não existem citações literárias ou de qualquer espécie, falo da linha, do ponto, dos ângulos que estão à nossa volta, dos objetos que nos circundam, falo do dia-a-dia.

RU Você é bem criterioso naquilo que você mostra para as pessoas?GD Tento ser. Para valorizar a proposta, procuro com meu trabalho, minhas tramas ou poesias transmitir uma sacada, passar uma ideia ou sensação. Acredito na arte como redentora, inútil e necessária e essa dualidade está refletida em meu trabalho: é o caos organizado, é a dupla interpretação, aleatório ou cerebral, assim sou, sim e não.

RU Você se considera um designer?GD Sou artista operário, confecciono meu chassi, tencio-no minhas telas, emolduro meus quadros, preparo meu substrato, também trabalho com marchetaria na criação de jogos e objetos, na minha oficina/ateliê Lapispau. Creio ser um artista designer.

RU Atualmente, você trabalha no Centro Cultural – Casa Ponce Paz?GD Por quase uma década andei afastado das artes, de-siludido mesmo, me dedicando exclusivamente na criação, produção e comercialização de jogos e peças de decoração, além de lecionar no curso de Design do IESB. No inicio de 2011, assumi a função de Instrutor Artístico da Secretaria de Cultura de Bauru, junto à Casa Ponce Paz, onde ministro cursos de serigrafia, colagem e ilustração. Essa reaproxima-ção com a cultura fez com que retomasse meu viés artístico e há uma pesquisa abandonada desde 2002. Voltei a produzir e acabo de participar de duas exposições no IA – UNESP em São Paulo e individuais em Bauru. Enfim, esta nova empreitada fez com que eu retomasse a minha vida artística.

RU Quais são seus contatos para quem queira conhecer melhor o seu trabalho?GD O trabalho artístico, telas, gravuras, poesias visuais estão disponíveis no site www.gastaodebreix.com.br e as peças de design, brindes institucionais, jogos e objetos de decoração estão disponíveis no site www.lapispau.com.br.

Entrevista concedida para o programa Perfil Literário da Rádio UNESP FM.O áudio integral está disponível em http://reitoria.unesp.br/radio/perfil_literario sob o número 1167. A entrevista, concedida ao jornalista Oscar D’Ambrosio, foi ao ar pela primeira vez em 10 de junho de 2011.

Xadrex Cidade – 2006.

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Revista Artéria de Santos – Sons & Dons – agosto 1990. Secretaria da Cultura de Santos (SP)

XV SARP – Salão de Arte Contemporânea – 17/8 a 17/09/1990. Casa da Cultura, Ribeirão Preto (SP)

Revista Artéria 5 (Fantasma) – Poesia Visual – Nomuque edições – 10 a 21/04/1991. MASP, São Paulo (SP)

II Studio Internacional de Tecnologias de Imagem – 07/06 a 04/08/1991. SESC Pompeia, São Paulo (SP)

III Bienal Nacional de Santos – 01 a 30/10/1991. Centro de Cultura Patrícia Galvão, Santos (SP)

Grupo A-Z Arte Eletro Imagens Paris – Xántus János Múzeum – 23/05 a 28/06/1992. Gyor – Hungria

XVII SARP – Salão de Arte Contemporânea – 26/06 a 26/07/1992. Casa da Cultura, Ribeirão Preto (SP)

VIII Mostra Universitária de Artes Plásticas – 01 a 30/09/1992. FASM – Faculdade Santa Marcelina, São Paulo (SP)

Revista Artéria 6 (Quadradão) 31x31 – Nomuque edições – 15/04/1993. Augôsto Augusta, MIS, São Paulo (SP)

Paraver – Poesia Visual – 25/08 a 10/09/1993. FASM – Faculdade Santa Marcelina, São Paulo (SP)

I Bienal Art Eletro Imagens – 05/05 a 02/06/1994. Haus Ungarn – Berlin

II Bienal Art Eletro Imagens – 06 a 23/10/1994. Varzely Múzeum, Budapeste – Hungria

Mostra Nacional de Poesia Visual – 30/06 a 14/07/1995. Natal (RN)

I Electrographic Biennal – International Copy Art Expo – 10 a 20/03/1995. Seul – Coreia do Sul

Individual – Oficina Cultural Regional Glauco Pinto de Moraes – 24/09 a 11/10/1995. Bauru (SP)

XXI Sarp – Salão Nacional de Arte Contemporânea – 28/06 a 25/08/1996. MARP, Ribeirão Preto (SP)

1ª Biennale Internationale des livres-objets – maio a junho/1997. Gyor – Hungria

Individual – Gravura, Objeto, Pintura – 12/09 a 30/11/1997. Espaço Ópera Chopp, Bauru (SP)

Individual – Gastão Debreix: um fazedor – 27/10 a 10/11/2000. Centro Cultural de Bauru (SP)

I Bienal Nacional de Gravura – Olho Latino – 03 a 31/08/2001. SESC, Piracicaba (SP)

Brazilian Visual Poetry – 18/01 a 18/03/2002. Mexic Arte Museum, Austin – Texas

Revista Artéria 7 – Nomuque edições. Segundo semestre de 2004. São Paulo (SP)

Revista Artéria 9 – Nomuque edições. Segundo semestre de 2007. São Paulo (SP)

7ª Mostra de Poesia Visual – 14 a 17/09/2010. FAAP, São Paulo (SP)

Revista Artéria X – Nomuque edições – Primeiro semestre de 2011. Galeria Vermelho, São Paulo (SP)

Exposição: A poesia brasileira na era pós verso – IA – UNESP – 02 a 22/06/2011. São Paulo (SP)

Individual: Tramas / Serigrafia – Espaço Cultural Leônidas Simonetti – 30/05 a 25/06/2011. Bauru (SP)

Exposição: Reflexões sobre a arte contemporânea – IA – UNESP – 29/06 a 15/07/2011. São Paulo (SP)

Individual: Tramas / Serigrafia – 02 a 13/08/2011. Templo Bar, Bauru (SP)

Exposição: Vidros Digitais / Poesia Visual – 15/12/2011 a 15/03/2012. SESC Vila Mariana, São Paulo (SP)

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Auto Portrait SablierTrama com fotografia, emoldurada com lâmina de madeira, formato 31 × 22 cm, 1994.

Sequestro da PalavraFotografia de recorte de jornal, formato 22 × 16 cm, 1988.

ValeOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, 1987.

Bar N S AparecidaOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, 1987.

CarretelOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, 1987.

VaralOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, publicado na Revista Artéria 5 – Fantasma, 1988.

Por do SolOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, publicado na Revista Artéria 5 – Fantasma, 1988.

MuralhaOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, parte integrante do encarte Sistema, 1991.

Nossa SenhoraOriginal em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, parte integrante do encarte Sistema, 1991.

índice remissivo

Tempo Original em letra transferível, impressão em serigrafia sobre papel, formato 21 × 15 cm, 1987.

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Sistema – Poema Humano Sem GradeOriginal em recorte de fotografia, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, parte integrante do encarte Sistema, 1991.

Sistema – Poema Humano Com Grade Original em recorte de fotografia, impressão em serigrafia sobre papel, formato 22 × 16 cm, parte integrante do encarte Sistema, 1991.

Sem títuloDesenho em nanquim sobre papel, formato 22 × 16 cm, 1991.

Sem títuloPintura em nanquim e estêncil sobre papel, formato 22 × 16 cm, 1991.

PenitenciáriaSerigrafia com tinta vinílica sobre papel, 22 × 16 cm, parte integrante do encarte Sistema, 1991.

Matriz SerigráficaModelo de matriz utilizado por Debreix em seu processo de revelação de telas serigráficas, 1991.

Trama GestualGiz sobre papel, formato 31 × 22 cm, 1992.

Trama JornalísticaGiz pastel, tinta borrifada e serigrafia com tinta vinílica sobre papel, formato 31 × 22 cm, 1992.

Trama JornalísticaSerigrafia com tinta vinílica sobre lona plástica, formato 120 × 100 cm, 1996.

Trama Jornalística ModularSerigrafia com tinta vinílica sobre papel, formato 30 × 20 cm, 1992.

Trama Jornalística ModularSerigrafia com tinta vinílica sobre papel, formato 30 × 22 cm, 1992.

Trama JornalísticaTinta borrifada, serigrafia com tinta vinílica sobre tecido colado em madeira, formato 70 × 50 cm, 1996.

Trama JornalísticaSerigrafia com tinta vinílica sobre lona plástica, formato 110 × 60 cm, 2009.

Trama OrgânicaSerigrafia com tinta vinílica, areia, terra, cinza e carvão sobre tela; formato 110 × 70 cm, 2010.

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Queimada Segundo GrauCarvão sobre madeira, formato 50 × 50 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

Diálogo de MadeiraMarchetaria de lâmina de madeira, formato 70 × 50 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

Estudo para Estamparia de EstofadosMarchetaria de madeira maciça, formato 60 × 40 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

Retrato 3 × 4 – PerfilMarchetaria de madeira maciça, formato 45 × 35 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

CaixoteColagem com madeira de pallets (pinus), diâmetro de 70 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

Ponto de VistaArte digital, 2010.

Retrato 3 × 4 – TopoMarchetaria de madeira maciça, formato 45 × 35 cm, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

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Complexo VerOriginal em nanquim sobre papel, formato 30 × 42 cm, 2011.

EnigmaArte digital, publicado na Revista Artéria 10, formato 17 × 20 cm, 2010.

1,5m de PoesiaSerigrafia sobre papel, inspirado no soneto Fita Métrica 1,40m de Paulo Miranda, 1996.

MetroArte digital, formato 70 × 50 cm, 2008.

PoesiaOriginal em nanquim, impressão em serigrafia sobre papel, formato 15 × 21 cm, publicado na Revista Artéria 6, 1991.

Trama Santo ExpeditoSerigrafia com tinta vinílica sobre lona plástica, formato 120 × 80 cm, 2010.

DiálogoSerigrafia sobre papel, formato 70 × 50 cm, publicado na Revista Artéria 7, 1993.

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Poema AntenaArte digital, 2011.

SerEstudo para graffiti, 1987.

AutorretratoSerigrafia com carvão sobre madeira, montado com lâminas de vidro, Exposição “Um Fazedor”, 2000.

Trama OrgânicaSerigrafia com tinta vinílica, areia, terra, cinza e carvão sobre tela, formato 110 × 70 cm, 2010.

Trama OrgânicaSerigrafia com tinta vinílica, areia, terra, cinza e carvão sobre tela, formato 70 × 50 cm, 2010.

Poema MóvelSerigrafia sobre lâmina de madeira, papel craft, 1995.

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Poesia TipotramaAplicação da tipotrama, arte digital,

formato 20 × 30 cm, estudo, 2011.

TipotramaEstudo para tipologia, 2011.

SorteArte digital, 2010.

Poesia DadoFotografia e arte digital, 2010.

Trama PatchworkSerigrafia com tinta vinílica sobre lona plástica, formato 110 × 70 cm, 2010.

TerçoFotografia, poema objeto, 2010.

ZumArte digital, 2010.

Ralo RatoNanquim sobre papel recortado, letra transferível, formato 15 × 21 cm, 1988.

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In memória

Aos professores Gastão Carvalho Debreix e José Luiz Valero Figueiredo, que me ensinaram a lixar, construir, pensar e agir. Ao meu filho Renan Augusto Monteiro Debreix, que me ensinou parte do sentido da vida.

Aos meus filhos Paloma e Pedro, razão do meu viver; minha mãe Raquel – que não desiste de querer me educar; Cristina Camargo que me ensinou a ser pai; Nice que cuida de meus filhos como se fossem seus; Helen que me incentiva; amigos que me suportam e me acompanham; Ricardo Schittini, que com um simples olhar identifica, reconhece e acredita; amigos, Omar Khouri e Paulo Miranda, que me acolheram na Artéria; amigos da Dgraus e Angulo que prontamente sempre viajaram nos meus devaneios; Secretaria de Cultura de Bauru, por possibilitar meu retorno a vida artística.

Gastão Debreix, 2011

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Poema Móvel

Este poema é parte integrante deste livro e foi impresso em

exclusivo e com tiragem limitada produzida pelo artista. Ergonômico, retrata o ângulo idílico do objeto.

www.gastaodebreix.com.br

Poema Móvel

Este poema é parte integrante deste livro e foi impresso em serigra�a sobre papel craft e lâmina de madeira re�orestada, certi�cada e ecologicamente correta. Trata-se de material exclusivo e com tiragem limitada produzida pelo artista. Ergonômico, retrata o ângulo idílico do objeto.

Capa

www.gastaodebreix.com.br

ISBN 978-85-65272-00-1

gastão

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