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Março de 2012 • Edição nº3 Orla de Boiçucanga Urbanização da orla de Boiçucanga está empacada desde 2010; projeto é desconhecido. Alianças políticas De olho nas eleições, pré-candidatos correm atrás das alianças; Ficha Limpa pode barrar ex-prefeito. Crise nas regionais Secretária das Regionais critica conduta de comandados que estariam “mentindo” sobre serviços não executados. Concurso público Capelas caiçaras Fim da Operação Verão: e agora? Orla de Boiçucanga, na Praça Pôr do Sol: dinheiro para urbanização ainda não chegou Uma das principais vias de Juquehy, bairro com maior arrecadação de IPTU Pág. 4 Pág. 8 Pág. 9 Págs. 6 e 7 Pág. 10 Págs. 14 e 15 Pág. 5 Reforço policial da tempoarada vai em- bora e região volta a contar com efetivo re- duzido. Comandante da Militar e delegado da Civil falam sobre o assunto. Conheça as histórias das capelas caiçaras que resistem ao tempo e mantêm as carac- terísticas originais das pequenas povoa- ções do litoral. As últimas informações do concurso pú- blico que atraiu quase 11 mil pessoas. Veja o número de candidatos por cargo. Dia da prova terá ônibus extras. Fotos: Helton Romano Emancipação da Costa Sul solução ou ilusão? Março é o mês em que São Sebas- tião completa 376 anos de emancipação político-administrativa. A Gazeta da Costa aproveita a data para relembrar um movi- mento surgido no final da década de 90, motivado pelo abandono da Costa Sul. A ideia era transformar a região em um novo município. Embora não tenha sido levado adiante, o movimento pressionou o Poder Público a dar mais atenção à Costa Sul. Mesmo assim, a sensação de abandono ainda persiste para muitos moradores que defen- dem a emancipação. Outros apontam falta de recursos para que a Costa Sul pudesse se tornar independente.

Gazeta da Costa - edição nº 3

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Jornal mensal da Costa Sul de São Sebastião.

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Março de 2012 • Edição nº3

Orla de BoiçucangaUrbanização da orla de Boiçucanga está empacada desde 2010; projeto é desconhecido.

Alianças políticasDe olho nas eleições, pré-candidatos correm atrás das alianças; Ficha Limpa pode barrar ex-prefeito.

Crise nas regionaisSecretária das Regionais critica conduta de comandados que estariam “mentindo” sobre serviços não executados.

Concursopúblico

Capelascaiçaras

Fim da Operação Verão: e agora?

Orla de Boiçucanga, na Praça Pôr do Sol: dinheiro para urbanização ainda não chegou

Uma das principais vias de Juquehy, bairro com maior arrecadação de IPTU

Pág. 4

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Págs. 6 e 7

Pág. 10 Págs. 14 e 15 Pág. 5

Reforço policial da tempoarada vai em-bora e região volta a contar com efetivo re-duzido. Comandante da Militar e delegado da Civil falam sobre o assunto.

Conheça as histórias das capelas caiçaras que resistem ao tempo e mantêm as carac-terísticas originais das pequenas povoa-ções do litoral.

As últimas informações do concurso pú-blico que atraiu quase 11 mil pessoas. Veja o número de candidatos por cargo. Dia da prova terá ônibus extras.

Fotos: Helton Romano

Emancipação da Costa Sul

solução ou ilusão?Março é o mês em que São Sebas-

tião completa 376 anos de emancipação político-administrativa. A Gazeta da Costa aproveita a data para relembrar um movi-mento surgido no final da década de 90, motivado pelo abandono da Costa Sul.

A ideia era transformar a região em um novo município. Embora não tenha sido levado adiante, o movimento pressionou

o Poder Público a dar mais atenção à Costa Sul.

Mesmo assim, a sensação de abandono ainda persiste para muitos moradores que defen-dem a emancipação. Outros apontam falta de recursos para que a Costa Sul pudesse se tornar independente.

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“O prefeito Ernane tem feito uma adminis-tração voltada ÚNICA e EXCLUSIVAMENTE para o funcionário público”. A frase é do vereador Coringa, líder do governo na Câma-ra, e foi dita na sessão do dia 23 de fevereiro.

Vamos admitir que o vereador tenha se atra-palhado nas palavras. Na ânsia de valorizar os benefícios concedidos aos servidores, Coringa acabou dizendo que o prefeito atende somente as reivindicações de cerca de 3 mil pessoas, que é o número aproximado de funcionários públicos.

Mas se considerarmos a farra que virou o pagamento de horas extras na Prefeitura, até que a frase do vereador faz algum sentido. Para se ter uma ideia, tem funcionário ganhando mais com hora extra do que com o próprio salário.

O procedimento é simples. Cada funcionário tem uma planilha onde anota os horários de entrada e saída. Não há nenhum controle para saber se o horário anotado corresponde ao que foi cumprido. A planilha é assinada pelo di-retor e secretário responsáveis pelo setor, que acabam dando o aval para o pagamento das horas extras.

A farra das horas extrasA secretária Solange Ramos, ao assumir o

comando das Regionais, tentou dar um basta na farra, mas não conseguiu. O sistema já es-tava implantado.

Isto ajuda a explicar porque, no ano pas-sado, a Prefeitura gastou R$ 180 milhões com despesas de pessoal, o que representa quase a metade do orçamento. Não é à toa que a Administração tenha fi cado dependente de verbas federais e estaduais para investir na in-fraestrutura da cidade.

Mas a quem interessa liberar as horas extras sem qualquer critério? Naturalmente, é uma forma de agradar a categoria já que as eleições estão chegando. Porém, o funcionário também é um cidadão que vai ao posto de saúde e não encontra medicamento, ou que tem fi lho ma-triculado em escola onde as aulas foram inicia-das sem professor.

Memória Caiçara

Agenda

Datas Comemorativas

Emancipação

10 - Dia do Sogro

15 - Dia Mundial do Consumidor

16 - Emancipação de São Sebastião

22 - Dia Mundial da Água

30 - Dia Mundial da Juventude

9 a 11 - Shows na praia de Boiçucanga

10 e 11 - Competição de skate (a partir das 10h) e shows (a partir das 14h) na Praça Inter-nacional do Surf, em Maresias

11 - Prova do concurso público da Prefeitura

24 - Eleição para o Conselho Tutelar

24 e 25 - Etapa de Futvôlei (Maresias)

Março

Gazeta da Costa2

Helton Romanojornalista e editor responsável da

Gazeta da Costa

O Jornal Gazeta da Costa é uma publicação mensal de distribuição gratuita e abrangência em toda a Costa Sul de São Sebastião.

Quando, há mais de 20 anos, se articulou a campanha para emancipação da Costa Sul foi em razão do estado de abandono que a região se “via” e embalada pelo movimento emanci-patório da Bertioga.

Algumas lideranças acreditaram nesta saída. Foi um instrumento de pressão sobre o poder municipal. A Costa Sul é parte inte-grante da salsicha territorial que compõe São Sebastião. Abriga uma percentagem muito grande do Parque Estadual e demais áreas de preservação permanente; o mar também é parte desta área.

Isto tudo nos remete à vocação natural da região que é o turismo ecosustentável e não só veranismo de temporada e fi ns de semana. Aceitar estas caracteristicas e incrementá-las é obrigação do poder municipal. Deve-se con-trolar o arremedo de expansão urbana desen-freada, estimulando a população local a exerc-er amplo poder de polícia e fi scalização para conter o processo.

Tem que respeitar as diversidades locais e valorizá-las, tranformando o diferente em trunfo para bons projetos. Isto faria a diferença e esco-varia o ego coletivo ou auto-imagem da região.

Carlos Aymar, ambientalista

Este é o espaço para você publicar sua opinião, crítica ou sugestão. Envie sua mensagem para a próxima edição: [email protected]

Divulgação

Jornalista responsável: Helton Romano - MTB 48.099Contato publicitário: Eudes MatosE-mail: [email protected]

Facebook: Gazeta da CostaCNPJ: 14.460.181/0001-43

Tiragem: 3 mil exemplares

Equipe de veteranos da Regional Maresias em confraternização realizada no dia 1º de maio de 1998. Em pé: Augusto, Ditinho, Mario, Tiãozinho, Alberto e Jair. Agachados: Tonico, Polaco, Pau-linho do Cartório, Ismael, Almir e Miguel. (foto cedida pelo casal Samanta e Plínio)

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Gazeta da Costa 3

No dia 22 de março é comemorado o Dia Mundial da Água. Para muitas famílias da Costa Sul, que não dispõem de água tratada, a data deve servir para cobrar o serviço pú-blico. Um relatório elaborado por técnicos da Prefeitura alerta para a situação preocupante da qualidade da água na região.

Os bairros de Boiçucanga e Cambury são apontados como os de maior incidência nos casos de verminose. Quando a doença é es-quistossomose, Cambury aparece novamente, junto com Boracéia, como os bairros mais afe-tados. Já para os casos de diarréia aguda, foi constatada maior incidência em Boiçucanga e na Topolândia.

As chamadas doenças de veiculação hí-drica são causadas pela presença de bacté-rias, vírus ou parasitas na água. Quando não recebe o tratamento adequado, o consumo não é recomendável.

Doenças da água atingem Costa Sul

Solução embargadaUma obra

da Sabesp no Rio Cristina, no sertão de Barra do Una, poderia ser a solução para o abas-tecimento de água tratada em toda a região. Porém, a c o n s t r u ç ã o está den-tro de uma Reserva Par-ticular de Patr imônio Natural e foi embargada pela Justiça há mais de oito anos.

Bairros da região lideram estatísticas de doenças causadas por água não tratada

No Areião, assim como em todo o bairro de Cambury, os moradores são obrigados a im-provisar. A doméstica Josimeire de Oliveira, 40 anos, possui poço do qual se utiliza para to-mar banho. Mas diz que, para cozinhar, a água não serve. O jeito é ir todos os dias à casa de um amigo buscar água da serra.

A reportagem apurou que existem pelo me-nos dez pessoas que distribuem água da serra para casas do Areião e Piavú. A comerciante Railda Nascimento, 27 anos, paga R$ 40 por mês para ser beneficiada por este sistema al-ternativo. Mesmo assim, é comum faltar água. “Não tem pressão suficiente para chegar à caixa d’água, só vai até a torneira”, conta Railda.

A qualidade da água também é questionada. “Já veio até muçum (espécie de peixe) na torneira”, afirma o porteiro José Lírio, 38 anos. “Não tem outra solução. Vai fazer o que?”, acrescenta.

Em agosto do ano passado, a Prefeitura instalou uma caixa d’água no Lobo Guará e divulgou que o Areião também receberia um “equipamento parecido”. Seis meses depois, os moradores continuam aguardando.

Por telefone, a Gazeta da Costa ouviu o pro-prietário da área que se eximiu da responsabi-lidade. “Não depende da minha autorização, mas sim do Poder Público Federal”, declarou João Rizzieri.

Ele entende também que a captação de água poderia ser feita em outro ponto do rio. “A Sabesp quer o caminho mais fácil. Nin-guém está preocupado em fazer estudo de alternativas para conciliar interesses. Deve-se encontrar uma maneira de distribuir água à população sem prejudicar o meio ambiente”, conclui Rizzieri.

Sem planoAs ações visando o abastecimento de

água deveriam estar previstas no Plano Municipal de Saneamento. Uma comissão, formada por funcionários ligados a diver-sas secretarias, foi nomeada pelo prefeito em julho de 2009 e incumbida de desen-volver o plano. Mas passados quase três anos, o documento ainda não foi concluído. Em outros municípios, o tempo médio para elaboração é de 10 a 12 meses.

Sem o plano, São Sebastião fica impedido de receber verbas federais para programas de saneamento básico.

Rio Cristina: Sabesp tem obra embar-gada há mais de 8 anos

Água sem tratamento no Areião

Helton Romano

Leandro Saadi

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Gazeta da Costa4

Foto

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ano

Falta manutenção

O ministro do Turismo veio a Boiçu-canga, em julho de 2010, participar de uma cerimônia na Praça Por do Sol. Na ocasião, foi anunciado um convênio com a Prefeitura para urbanizar a orla de Boiçucanga. O custo chegaria a R$ 5 milhões.

De acordo com o que foi divulgado, na época, o projeto previa um centro de con-ferência com capacidade para mais de 400 pessoas, a remodelação da Praça Pôr do Sol, a instalação de uma concha acústica, qui-osques e ciclovia.

Quase dois anos se passaram e a obra ainda não saiu do papel. No lançamento da pedra fundamental do hospital, em dezembro, o prefeito garantiu que a urbanização da orla começaria após o Carnaval.

No final de fevereiro, o vereador Coringa, que representa o governo na Câmara, esten-deu o prazo para mais dois meses. O vereador Marcos Tenório, também aliado ao prefeito, culpou o SPU (Serviço de Patrimônio da União) pelo atraso.

A Gazeta da Costa buscou informações no

Urbanização da orla de Boiçucanga é guardada a sete chaves; obra de R$ 5 milhões foi prometida para depois do Carnaval, mas dinheiro ainda não chegou

Área usada para estacionamento na orla da praia de Boiçucanga

Portal da Transparência do Governo Federal e descobriu que nenhum centavo havia sido re-passado até o fim de fevereiro. Segundo o Ministério do Turismo, “as obras não foram ini-ciadas por pendências

O projeto desconhecido

Enquanto a urbanização da orla não acon-tece, a Prefeitura poderia, ao menos, cobrir os buracos no telhado de um dos pavilhões da Praça Pôr do Sol. O espaço é utilizado para oficinas culturais e exposição de artesanato.

Para tentar amenizar o problema, um fun-cionário comprou uma lona (com dinheiro do próprio bolso) e cobriu um dos buracos para evitar goteira. Mas a lona não resistiu aos ven-

jurídicas, de engenharia e de licitação”. A re-portagem tentou saber mais detalhes sobre es-tas pendências, mas a resposta não foi enviada até o fechamento desta edição (6/03).

Procuramos também o SPU, órgão que fis-caliza a ocupação em faixa de marinha. Con-forme apurado, o projeto da orla foi aprovado em setembro do ano passado.

Mas afinal, qual trecho será urbanizado? Haverá desapropriações? Que equipamentos serão instalados? Quando começa? Quando termina? A Gazeta da Costa enviou estas per-guntas às secretarias de Turismo, de Obras e de Planejamento, além da Assessoria de Imprensa da Prefeitura. Ninguém respondeu.

Decidimos, então, procurar o Conselho

Municipal de Turismo, órgão que tem a fun-ção de propor medidas no setor turístico. “Não conheço o projeto”, admitiu o presi-dente Eduardo Cimino.

A reportagem ainda recorreu à Comissão Parlamentar de Turismo, criada na Câmara com o objetivo de analisar os projetos da mesma área. “Não conheço o projeto”, repe-tiu o vereador PH, presidente da comissão. “O mínimo que se esperava é que, pelo menos, fosse marcada uma reunião em Boiçucanga para apresentação do projeto à comunidade do bairro”, acrescenta PH.

Se você, leitor, conhecer o projeto, entre em contato com a Gazeta da Costa para que possamos trazer mais informações na próxima edição.

tos e o buraco está aberto de novo.Nos banheiros, vidraças quebradas e picha-

ção por toda a parte. Sem a presença da guar-da patrimonial ou da guarda civil, a ação dos vândalos fica facilitada. Relatos dão conta tam-bém que o local virou ponto de consumo de dro-gas. “É triste ver que um lugar, que poderia ser o cartão-postal do bairro, esteja largado desse jeito”, lamenta o taxista José Carlos Maltez.

Buracos no teto da Praça Pôr do Sol Vidraças quebradas dos banheiros

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Milton Fagundes/PMSSR

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Faustin

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Boa prova!

A chance de ingressar no quadro de fun-cionários da Prefeitura atraiu 10.829 pessoas que se inscreveram para disputar uma das 122 vagas oferecidas. O cargo de assistente de serviços administrativos é o mais concorrido, com 1.178 inscrições para apenas uma vaga.

Em seguida, aparecem professor de Educa-ção Básica I (1.052) e servente (1.015), ambos com 10 vagas cada. Por outro lado, apenas

Mais de 10 mil candidatos se inscreveram para o concurso público da Prefeitura

oito candidatos se inscreveram para o cargo de técnico em agrimensura (ligado a levanta-mentos topográficos). O cargo menos concor-rido é o de médico. São apenas 28 inscritos

para seis vagas.As provas serão aplicadas dia 11

de março, nos períodos da manhã (9h) e tarde (13h), em diversas es-colas do município. As informações estão disponíveis nos sites da Prefei-tura (www.saosebastiao.sp.gov.br) e da empresa responsável pelo con-curso (www.shdias.com.br).

Os candidatos devem comparecer ao local com, no mínimo, uma hora de antecedência, portando docu-mento de identidade, protocolo de inscrição (boleto bancário), caneta esferográfica (azul ou preta), lápis e borracha.

Ônibus extrasPara atender aos milhares de can-

didatos que vão se dirigir para os locais de prova, a Ecobus informa que serão disponibilizados 10 ôni-bus extras no domingo, dia 11. Três deles saem da rodoviária rumo à Costa Sul, às 6h30 e às 10h30; outros cinco partem do Jaraguá em direção ao Centro; e dois fazem o percurso Guaecá-Porto Grande. Mais infor-mações pelo telefone 3891-3510.

O Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-cro e Pequenas Empresas) atendeu, nos dias 5 e 6 de março, 60 pessoas em Boiçucanga. O atendimento é voltado a pequenos empreende-dores e também para interessados em abrir seu próprio negócio.

Um dos que procuraram orientação foi o morador Silvestre Pereira da Silva, 48 anos, que veio do Paraná e pretende atuar no ramo da pesca esportiva. “Temos uma bela região para isso, mas não há estrutura”, observa. “Acho muito importante a presença do Sebrae aqui no bairro para ajudar no desenvolvimento da região. O agente me esclareceu vários pontos e vou tentar abrir a empresa”, fala Silva.

A cabeleireira Cleice dos Santos, 21 anos, também esteve no local buscando informações de como abrir um salão de beleza. O mesmo ocorreu com o pintor Jefferson Teixeira da Sil-va, 33 anos, que reside em Boiçucanga. “Que-ro abrir uma empresa de pintura porque hoje está difícil arrumar trabalho na área”, conta.

Sebrae em Boiçucanga

Concurso também abriu vagas para a Guarda Civil

Segundo ele, uma das exigências de quem contrata a prestação desse tipo de serviço, principalmente os condomínios, é ter firma aberta, com CNPJ para o fornecimento de nota fiscal. “Eu acho bom porque oferece mais segurança para quem precisa dos ser-viços. Até para quem abre o negócio tam-bém é bom porque o funcionário poderá ser registrado e, com isso, trabalhará certinho”, analisa o pintor, que já atuou em vários ra-mos, como pizzaiolo, pedreiro, garçom, den-tre outras profissões.

Os agentes atenderam em uma unidade móvel totalmente customizada, estruturada de acordo com a estratégia de atendimento es-tabelecida pelo escritório regional situado em São José dos Campos.

Posto móvel do Sebrae atendendo em Boiçucanga

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Emancipação da Costa SulA falta de investimentos na região acendeu, no passado, movimentos separatistas que não evoluíram. Mas, ainda hoje, o tema desperta interesse e gera polêmica.

No próximo dia 16 de março, São Sebastião completa 376 anos de emancipação político-ad-ministrativa. Foi quando se libertou da Vila de Santos e passou a ter autonomia para construir a cidade mais antiga do Litoral Norte.

Devido à extensão territorial e geografia acidentada, o município tem dificuldades em integrar sua população. É comum encontrar moradores da Costa Sul que desconhecem completamente o que ocorre na região central e vice-versa. Parecem duas cidades distintas, com vocações conflitantes.

A Costa Sul possui atividades voltadas, quase que exclusivamente, ao turismo. É a região que concentra a maioria das casas de veraneio e condomínios de alto padrão. Já no Centro es-tão localizados os mais importantes empreen-dimentos como o porto e o terminal petrolífe-ro. Abriga as sedes do Poder Público e possui maior variedade de comércio e serviços.

A emancipação da Costa Sul chegou a ser defendida por um grupo de moradores no final dos anos 90, que lançou um movi-mento denominado “Libertas quae seras ta-

men” (Liberdade ainda que tardia). O novo município passaria a se chamar Alcatrazes e teria como receita financeira básica o turismo e o IPTU.

Os líderes do movimento alegavam que a região era esquecida pela Prefeitura. Em 2005, pelo mesmo motivo, mais uma vez o assunto veio à tona. Na Câmara Municipal, o então vereador Marcos Leopoldino chegou a sugerir um estudo de viabilidade. Em am-bos os casos, a iniciativa não prosperou, mas a Prefeitura se viu obrigada a descentralizar os serviços públicos.

O engenheiro Augusto Terada, um dos defensores da emancipação na época, atu-almente tem outra visão. “Com a mídia, nossas cobranças são mais rápidas. Ainda precisamos melhorar muito as respostas dos governantes, mas emancipação, hoje, é praticamente impossível. Um sonho que fi-cou no passado”, acredita.

Mesmo assim, muitos moradores ainda nu-trem o sentimento de abandono. “A emancipa-ção da Costa Sul está mais do que na hora de

ser discutida. Agora tem que ser pra valer”, opina o marinheiro Jerri Gentil. “Não sei se isso resolveria o problema, mas a mainifesta-ção popular pode fazer com que o Poder Pú-blico olhe para o nosso lado”, acrescenta o gerente comercial Marco Túlio Parodi. “Gosto dessa ideia de não ser o último plano de uma administração pública”, reforça o biólogo Vinicius Matos.

A Gazeta da Costa consultou associações de bairros da região para saber o que seus repre-sentantes pensam a respeito. Para o presidente da Sociedade Amigos da Juréia, a ideia é “in-teressante”. “Precisaria analisar a viabilidade financeira do novo município, todavia, sendo menor, poderia ser melhor administrado”, en-tende Luiz A�iê.

Por outro lado, o presidente da associação de Barra do Una, tem dúvidas quanto ao custeio de uma nova estrutura administrativa. “Será que esta máquina funcionaria ou somente ser-viria para termos outros mamando em outra teta?”, questiona Raoul Cardinalli Junior. Ele se queixa da pouca atenção dada, por parte da

solução ou ilusão?

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Gazeta da Costa 7

Prefeitura, aos trabalhos desenvolvidos pelas associações de bairros.

ContráriosA jornalista Regina Helena Ramos, ex-se-

cretária de Meio Ambiente de São Sebas-tião, se diz “totalmente contrária à divisão do município”. “A Costa Sul não tem toda a infraestrutura para ser independente”, con-sidera Regina Helena. Porém, ela compartilha o sentimento de abandono. “Desde o Luizinho

solução ou ilusão? Bertioga era um esquecido distrito pesqueiro de Santos até 1991, quando a maioria dos eleitores votaram favoráveis à emancipação. A decisão pôs fim a uma luta antiga do movi-mento separatista.

Desde a emancipação, Bertioga vem tendo aumento constante da expansão urbana. Em 1991, a cidade tinha 11.473 habitantes. Na última contagem realizada em 2010, a popula-ção já chegou a 47.572. O mercado imobiliário também não para de crescer, especialmente a procura por casas de veraneio.

O atual prefeito, José Mauro Orlandini, foi também o primeiro eleito da cidade. Para ele, a emancipação foi positiva. “Essa independên-cia, de município que tem que lidar com seus problemas e realidades, deu um novo ar para Bertioga e definiu uma nova forma de ocupa-ção. Hoje, é possível ter certeza que a popula-ção estava correta em pleitear a emancipação”, avalia o prefeito.

Com a experiência de ter sido subprefeito de Bertioga na época que pertencia a Santos, o vereador Renato Faustino fala com propriedade sobre o tema. “Tínhamos um orçamento bastante reduzido, pois Bertioga dividia recursos com to-das as secretarias da Prefeitura de Santos. A eman-cipação foi um progresso”, afirma Faustino.

O exemplo da vizinha

(ex-prefeito) que a Costa Sul está largada às moscas”, afirma.

Para o motorista Alexandre Félix, a medida só traria mais gastos. “Toda vez que se eman-cipa, criam-se mais cargos, mais políticos, mais cabides, mais propina, mais obras super-faturadas...”, aponta Félix.

A artista plástica Fabiana Medioli prega a união. “A separação não leva a lugar nenhum. Amo a Costa Sul, mas amo principalmente o município todo”, declara Fabiana.

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Gazeta da Costa8

PTN retira pré-can-didatura a prefeito e decide apoiar PH

O vereador Paulo Henrique, o PH, refor-çou seu grupo político visando às eleições deste ano. O Partido Trabalhista Nacional (PTN), que havia lan-çado a ex-secretária de Meio Ambiente, Traud Rennert, como pré-can-didata, abre mão da dis-puta para apoiar PH.

A decisão foi tomada em uma reunião ocorrida no final de janeiro, na sede do partido, em Boiçucanga, onde os filiados optaram em se juntar ao grupo do vereador. “Acreditamos que o PH representa a renovação e a transparência no modo de governar. Estes são os princípios que defen-demos no PTN”, resume Marcos Rezende. “Nosso objetivo agora é trabalhar com o gru-po do PH e eleger o maior número possível de

Com as barbas de molho

Assessoria do PTN

Há sete meses das eleições municipais, a movimentação nos bastidores políticos já é in-tensa. Com a saída de Traud do páreo, ainda restam oito pré-candidatos que manifestaram intenção de concorrer ao cargo de prefeito.

Oficialmente, as coligações partidárias são definidas em julho, mas os pré-candidatos não querem perder tempo e as alianças começam a se desenhar. O raciocínio é simples: quanto mais partidos apoiando, maior é o número de pessoas pedindo voto para determinado can-didato. Os partidos coligados refletem também no tempo de propaganda eleitoral no rádio.

Nesse quesito, o prefeito Ernane Primazzi leva vantagem. Com a máquina na mão, ele distribuiu cargos para membros de diversos partidos e, desta forma, conseguiu seduzi-los. No grupo há inclusive partido que tem como presidente um dos filhos do prefeito.

Seu rival, o ex-prefeito Juan Garcia, filiado ao PMDB, tem até o momento o apoio do PTB, presidido pelo fiel escudeiro Thirso Junior, se-cretário de Governo na gestão anterior.

O vereador Amilton Pacheco sinaliza que deve levar o PSB para o grupo de Juan. Resta saber qual vai ser o rumo tomado pelo vereador José Reis, também filiado ao PSB, mas que está alinhado com o atual governo. Reis, inclusive, teria confidenciado a amigos que não subirá no palanque de Juan.

Na chamada terceira via, o vereador PH e o ex-prefeito Luizinho iniciaram uma aproxima-ção. O mesmo acontece com os pré-candidatos João Amorim e Fernando Puga que, na inter-net, divulgaram a formação de uma coligação de esquerda.

Felipe Augusto e Artur Balut sabem que sozinhos não terão muitas chances. Precisam unir forças se quiserem chegar ao poder.

Uma a menos Corrida por alianças

O Supremo Tribunal de-cidiu e a Lei da Ficha Limpa vai valer para as eleições deste ano. Sendo assim, a Justiça Eleito-ral pode barrar a candidatura de políticos que possuam

alguma condenação.Em São Sebastião, quem está ameaçado é

o ex-prefeito Juan Garcia, condenado por um suposto erro médico que resultou na morte de uma paciente. O caso ocorreu em 1989, quan-do Juan era médico do Hospital de Clínicas.

Além disso, as contas do ex-prefeito, referentes aos anos de 2006 e 2008, serão votadas, em breve, na Câmara. Caso sejam rejeitadas, a situação de Juan fica ainda mais complicada. Nos bastidores, há quem diga que Juan já teria um plano B: lançar a candidatura de sua esposa, Rosa Mota.

PH ganha apoio em reunião na sede do PTN, em Boiçucanga

vereadores”, acrescenta.Para PH, o apoio serve de estímulo aos

planos de concorrer à Prefeitura. “O PTN possui lideranças em segmentos impor-tantes da sociedade sebastianense. O tra-balho em conjunto dará um respaldo ainda maior a nossa pré-candidatura”, avalia PH, que ainda espera atrair outros partidos para o grupo.

Puga e Amorim em reunião na sede do PT

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Lavando a roupa sujaDizem que roupa suja se lava em casa. Mas

não foi o que fez a secretária das Administra-ções Regionais, Solange Ramos. A desavença teve origem em pedidos do vereador Amilton Pacheco para cobrir bueiros, em Maresias, e para limpeza de vala, em Santiago.

Solange encaminhou os pedidos ao diretor da Regional Costa Sul, Giovani dos Santos, mais conhecido como Pixoxó. Ele os repassou ao chefe da Regional de Maresias, Marcelino Moreira, que no dia 11 de janeiro informou ter executado ambos os serviços.

Mas a secretária desmente. “Assinaram o documento dizendo que foi feito, mas eu passei lá e vi que é mentira”, declara Solange. Ela entregou as folhas de circulação interna das regionais ao vereador Amilton, que na tribuna da Câmara criticou os responsáveis. “Acham que tão enganando o vereador, mas na realidade tão enganando a população”, considera Amilton.

Até mesmo o vereador Marcos Jorge, inte-grante da base aliada ao prefeito, se queixou

de não estar sendo atendido pelas regionais da Costa Sul. “Me causa mal estar de falar, mas meus pedidos não estão sendo atendidos”, afi r-mou Marcos Jorge. Uma das solicitações seria a limpeza no posto de saúde de Barra do Sahy que, segundo Solange, “está uma imundice só”.

Outro ladoO confl ito nas regionais veio a público na

sessão do dia 27 de fevereiro. Uma semana depois, a Gazeta da Costa procurou o diretor Pixoxó, que alegou desconhecer o caso re-latado por Solange. “Preciso conversar com a secretária e ver o que aconteceu. Eu repasso as ordens aos chefes de divisão e tenho que confi ar neles”, diz Pixoxó.

Ele também garante que os pedidos dos vereadores são atendidos na medida do pos-sível. “Se alguns serviços não estão sendo feitos é porque não tem material adequado”, comenta.

O chefe da Regional Maresias, principal alvo de Solange, se defendeu das críticas sus-

Secretária Solange critica conduta dos próprios comandados nas regionais de Maresias e Boiçucanga

tentando que os serviços questionados foram realizados. “O bueiro havia sido tampado, mas um caminhão passou por cima e quebrou. Daqui para frente vou tirar foto para provar o que fi zemos”, declarou Marcelino.

Ele disse que não foi procurado por Solange antes de o assunto ir parar na Câmara, mas nega que exista algum problema de relacionamento com a secretária, de quem foi assessor durante quatro anos. “Me dou bem com ela”, garante.

Marcelino não acredita que o fato de ter se lançado como pré-candidato a vereador pos-sa incomodar Solange, já que ambos são de Maresias. “O Sol é para todos e cada um faz a sua parte. Estou aqui para executar trabalho da administração do prefeito Ernane. Ele que é meu chefe e a quem devo satisfação”, con-clui Marcelino.

Se liga, prefeitoAo lado, Estrada da Maquininha, em Boiçu-canga, onde o prefeito prometeu que a pavi-mentação começaria em fevereiro. A Gazeta da Costa não esquece.Abaixo, brinquedo danifi cado em parque infantil de Juquehy, na Rua Gerôncio Bento. Uma placa fi xada no local informa que o parque foi revitaliza-do em 2009, mas apenas um escorregador e duas gangorras estão em condições de uso.

Colabore com a seção “Se liga, prefeito”. Envie fotos dos problemas do seu bairro para o e-mail: [email protected]. Relate a situação e informe seu nome completo. As fotos poderão ser publicadas na próxima edição.

Fotos: Helton Romano

Bueiro destampado na Rua Atlantis, em Maresias

Assessoria do vereador Amilton Pacheco

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De volta à realidadeO reforço no policiamento de São Sebastião,

durante a temporada, terminou no dia 26 de fevereiro. Quase 200 policiais já retornaram para suas cidades de origem.

Segundo o comandante da Polícia Militar, os índices de criminalidade se estabilizaram em relação à temporada passada. “Tivemos uma redução drástica em 2011. Manter nesse nível foi positivo”, avalia o tenente Eduardo Gon-sales. “O Carnaval foi tranquilo”, completa.

Mas e agora, como fica a segurança na Cos-ta Sul para o restante do ano? Para Gonsales,

Multas na rodovia

Na reunião anterior do Conseg, realizada no dia 3 de fevereiro, o secretário municipal de Segurança, Dias Filho, afirmou que existe um estudo nas mãos do governador para que São Sebastião assuma o controle dos tre-chos urbanos da rodovia. Atualmente, toda a extensão da Rio-Santos está sob a gerência do DER.

Dias Filho havia declarado que até o final de fevereiro teria novidades a respeito. Mas até o fechamento desta edição (6/03), nada foi definido. O presidente do Conseg, Aris-tides Petrella, diz que está acompanhando o processo.

A polêmica estourou quando a Polícia Rodoviária passou a multar os veículos es-tacionados ao longo da rodovia. A medida atingiu especialmente os trechos urbanos de Maresias e Boiçucanga.

Surpreendido com a repercussão negativa, o comandante da Polícia Rodoviária, Flávio Ponciano, prometeu “suavizar” as multas até que a negociação entre Governo do Estado e Prefeitura se concretize. Mas avisou: “Não posso ficar cego por muito tempo”.

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não há motivo para preocupação. “Nosso efetivo não é o ideal, mas é suficiente”, con-sidera o tenente.

Na reunião mensal do Conselho de Segu-rança (Conseg), realizado dia 1º de março, Gon-sales demonstrou irritação com o que chamou de “críticas sem fundamento”. Ele desmentiu declarações publicadas na imprensa que apon-tavam falta de viaturas. “Tacar pedra só por ta-car, não dá”, reclamou.

Já o delegado da Polícia Civil, Bruno Ro-drigues, prevê um cenário não muito anima-

dor com o fim da Operação Verão. “Voltamos a nossa realidade”, de-fine Rodrigues. “Não temos mais equipe de plantão e todos os fla-grantes serão conduzidos ao Cen-tro”, informa o delegado.

Ele espera por um aumento de efetivo dentro de “prazo razoável”. “Existem concursos em andamento para contratação de novos policiais. A Delegacia Geral sinalizou que o Litoral Norte será contemplado”, comenta Rodrigues.

Com o fim da Operação Verão, efetivo policial da Costa Sul é reduzido

Reunião na Praça Pôr do Sol discute segurança na Costa Sul

Uma casa de alvenaria pegou fogo, no úl-timo dia 6, em Boiçucanga. Sem uma base do Corpo de Bombeiros na Costa Sul, coube à De-fesa Civil combater o incêndio, apoiada pelos vizinhos que emprestaram mangueiras.

De acordo com o chefe da equipe, Carlos Eduardo dos Santos, no momento do incêndio havia uma criança de seis anos dormindo em um dos quartos e uma senhora de 78 anos de idade. A criança, segundo Santos, foi retirada por populares e não sofreu nenhum ferimento ou complicações respiratórias.

O Corpo de Bombeiros, a 36 quilômetros de distância, chegou a ser acionado, mas a viatu-ra acabou sendo dispensada quando estava a caminho da ocorrência.

Com três quartos, sala, cozinha e banhei-ro, o imóvel de aproximadamente 50 metros quadrados não tem seguro e está situado na Rua Itapuã, 97, onde residem três crianças e três adultos.

Uma das prováveis causas do incêndio, que

Que susto!

levou cerca de 40 minutos para ser controlado, é o aquecimento de um ventilador que estava em cima de uma cômoda de um dos quartos. Em um deles, inclusive, houve perda total devido à queima de roupas, camas, colchões, armário e até dinheiro.

A Defesa Civil interditou a casa, uma vez que o fogo danificou telhas, vigas, portas, jane-las e colocou em risco uma das paredes que ameaça desabar. “A família deixou o local e foi para casa de parentes ou vizinhos”, declarou o chefe da Defesa Civil.

Agentes da Defesa Civil se viram como podem para combater incêndio em Boiçucanga

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Passou da horaMais da metade dos casos registrados no Conselho Tutelar são da Costa Sul; sede localizada no Centro dificulta atendimento

Maus tratos, abuso sexual, conflito familiar e vaga em creche são alguns dos tipos de ocor-rências atendidas pelo Conselho Tutelar. O órgão atua na defesa dos direitos da criança e do adolescente. É formado por cinco con-selheiros que, de maneira voluntária, se des-dobram para dar conta de toda a demanda do município.

A sede localizada próxima à agência dos Correios, no centro da cidade, dificulta o acompanhamento dos casos da Costa Sul, justamente a região que concentra a maioria das ocorrências.

Prédio que abriga o Conselho Tutelar, no Centro

Galpão abandonado no Lobo GuaráLivros, apostilas, cadeiras e mesas escolares

estão abandonados num galpão de aproxi-madamente 300 metros quadrados no Lobo Guará, em Cambury. O local era utilizado para aulas de reforço escolar, mas está ocioso há pelo menos seis meses. “Tinha uma voluntária que dava aulas, mas depois que virou mãe não deu para ela continuar”, conta o vigilante José Penedo da Silva Filho, 40 anos, mais conhecido como Viola.

Na opinião da conselheira Franciane Lopes, a distância e o custo do transporte fazem com que muitos moradores desistam de denunciar algum crime. “A pessoa até vem a primeira vez, mas depois não consegue dar continui-dade trazendo pessoas da família para teste-munhar”, declara Franciane.

A conselheira Elena Komino também de-fende que a Costa Sul tenha uma estrutura própria com conselheiros da região. “Facili-ta quando o conselheiro atua no local onde vive”, comenta.

Da mesma forma pensa o conselheiro Anailton Pinheiro. “Estando mais próximo da comuni-dade, a gente consegue fazer um trabalho de prevenção. Hoje, esse trabalho não é pos-sível de realizar na Costa Sul”, admite Pinheiro, único mem-bro do Conselho que mora na região, em Cambury.

A instalação do órgão na Costa Sul foi promessa de campanha do prefeito Ernane Primazzi. Em no-vembro de 2009, durante

EleiçõesO Conselho Tutelar será renovado no dia 24 de março, quando serão eleitos cinco mem-bros titulares e cinco suplentes para um man-dato de três anos. Todos os eleitores em dia com a Justiça Eleitoral estão aptos a votar, basta levar o título de eleitor ou qualquer outro documento com foto. Cada eleitor pode votar em até cinco candidatos. Os locais de votação ainda não tinham sido definidos até o fechamento desta edição (6/03). Compareça e exerça seu direito!

um evento no teatro, o prefeito chegou a anunciar que o Conselho seria instalado no primeiro semestre de 2010. Quem sabe ago-ra, às vésperas das eleições, essa promessa se concretize.

Segundo apurou a reportagem, a nova sede seria em Juquehy. O assunto está sendo dis-cutido entre Prefeitura e o Conselho Munici-pal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA). “Não tem nada definido. A Prefei-tura indicou um espaço, mas ainda não sei se é adequado. Existe a intenção e estamos conver-sando”, conta a presidente do CMDCA, Maria Berenice Zanelli.

Segundo ele, todo o material foi doado pela Escola Thales de Mileto, que funcionava em Boiçucanga e foi desativada. “A Prefeitura nunca nos deu uma força”, lamenta.

Dentre os livros, há desde enciclopédias até literatura infantil. O espaço também poderia servir para diversas atividades cul-turais e esportivas como capoeira, hip hop e judô.

“Tem muita criança aqui sem nada para fazer”, relata a doméstica Adriana do Nas-cimento, 36 anos. Ela pede ainda apoio para fazer um campo de futebol.

“Existe um terreno que o dono se dispôs a ceder para os meninos jogar bola. Só precisa-va que a Prefeitura nos ajudasse nessa ideia”, conta Adriana.

Para a doméstica Luciana Maria, 38 anos, é importante que sejam criadas áreas de lazer no Lobo Guará. “É uma forma de ocupar os jovens com atividades saudáveis”, declara.Livros de diversos gêneros amontoados no galpão

Espaço poderia servir para atividades culturais

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Fotos: Helton Romano

Sem cachê, não rolaPrefeitura realiza shows em Boiçucanga, mas não paga cachê a bandas locais

Após a Gazeta da Costa ter cobrado a real-ização de shows na Costa Sul, a Prefeitura, em parceria com a Rádio Mix, agendou oito dias de apresentações na praia de Boiçu-canga. Porém, a decisão de não pagar cachê às bandas locais, não foi bem recebida por músicos da região.

“Sem cachê, não dá. Todo mundo que trabalha merece receber. Mesmo para fazer o que gosta, é necessário o mínimo”, recla-ma Silvio Braz, da Banda Sabugo Seco. Ele diz ter recebido o convite da Secretaria de Cultura e Turismo para tocar de graça com

o propósito de “mostrar o trabalho”.

“Se a gente estivesse no começo até aceita-va, mas já temos 15 anos de estrada e um CD gravado. Nosso cadastro está na Prefeitura desde a Administração passada e, quando o show é pago, nunca se lembram de chamar”, desabafa Braz.

Há oito anos, ele organiza festivais de rock, em Barra do Una, e lamenta a falta de incen-tivo. “Até hoje não conseguimos que se pague cachê para as bandas, sendo que, desde o ano passado, o evento está incluído no calendário oficial do município”, complementa.

Já a Banda 13DOG, formada há três anos,

Programação de shows em Boiçucanga

Dia 9 - 13DOG, Pegada Segura e a dupla Marcelo e Maurício

Dia 10 - Manu Gravassi

Dia 11 - Inbox e Valetes

As apresentações têm início às 22h.

aceitou subir ao palco sem receber cachê, mas o vo-calista questiona a valorização. “Pre-cisamos comprar instrumentos e pagar estúdio. Isso é valorizar o artis-ta local?”, indaga Flavio Vanzellotte, de Boiçucanga.

O assunto ren-deu diversas man-ifestações no face-book, a maioria delas considerando o não pagamento um desrespeito.

Plúbico no show da Banda Planta e Raiz

Silvio Braz, da Banda Sabugo Seco

Show da Banda Li-Rous na praia de Boiçucanga

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Ingre -d i e n t e s e n c o n -t r a d o s no Lito-ral Norte são valo-r i z a d o s nas mãos do Cheff E u d e s Assis. Ele já levou a culinária caiçara a mais de 20 países a bordo de um m e g a iate. Em 2 0 1 0 ,

ganhou o prêmio de revelação do Brasil concedido por uma revista especializada em gastronomia.

Em geral, Assis utiliza alimentos que se acostumou a comer durante a infância, vivi-da na praia de Toque Toque Grande. Ele tra-balhava como barman de um restaurante local quando, ainda adolescente, decidiu estudar culinária no Senac. Logo passou a exibir seu talento nas cozinhas dos melhores restauran-tes da cidade e estagiou no renomado Fasano, em São Paulo.

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Helton Romano

O Conselho de Alimentação Escolar (CAE) de São Sebastião se reúne no dia 13 de março, às 18h, na Secretaria da Educação. As reuniões acontecem todas as segundas terças-feiras de cada mês.

Receita do mês

A partir desta edição, a Gazeta da Costa vai traz-er receitas sugeridas pelo Cheff Eudes Assis. Aproveite e bom apetite!

Casquinhade camarãoIngredientes200g de camarão 7 barba limpo40 ml de azeite extra virgem2 colheres de tomate picado sem pele e sem semente1 colher de cebola picada50 ml de creme de leite fresco1 colher de cheiro verde1 fatia de pão de forma1 colher de farinha de rosca! colher de parmesão ralado. Modo de preparoRefogue o camarão no azeite e na cebola com sal e pimenta a gosto, acrescente o tomate e o creme de leite fresco, coloque a fatia de pão de forno picada para dar cremosidade e fi nalize com chei-ro verde picado mexa até formar uma textura pas-tosa, deixe esfriar. Coloque a massa de camarão numa forma individual de casquinha e polvilhe a mistura de farinha de rosca e parmesão para grati-nar. Decore com um camarão médio.

O Cheff Caiçara

Eudes Assis em seu habitat natural

Hora da merenda

Mas Assis sonhava em ter uma projeção internacional e resolveu ir estudar na França, onde passou a dar mais valor para a culinária caiçara. “Participei de confraternizações e presenciei cheff s de diversas nacionalidades brigando para mostrar qual queijo era o melhor, lutando pelos seus ingredientes e culturas”, recorda.

Na Espanha, Assis teve a oportunidade de aprender com Ferran Adriá, considerado o mais importante cheff do mundo. Voltou ao Brasil em 2007, quando sua esposa (que tam-bém é cheff de cozinha) engravidou. A partir de então, assumiu a cozinha do Restaurante Seu Sebastião, na praia de Maresias, até 2011. Atualmente, trabalha com eventos, jantares e consultoria.

Com apenas 35 anos de idade e morador do bairro de Cambury, Assis já acumula uma vasta experiência que o tornou um dos nomes mais conceituados no meio gastronômico. Fi-cou conhecido como Cheff Caiçara por valo-rizar os ingredientes locais utilizando técni-cas modernas.

Em 2011, Assis passou a se dedicar também ao trabalho social, levando seu conhecimento, de forma voluntária, a mais de 100 crianças do Projeto Buscapé, em Boiçucanga. No últi-mo dia 4 de fevereiro, o sucesso da ofi cina de gastronomia foi tema de reportagem exibida pela Rede TV. Como reconhecimento, será ho-menageado pela Câmara, no próximo dia 16 de março, por iniciativa do vereador PH.

Conheça a história de um caiçara que se tornou um dos mais respeitados cheff s de cozinha do país

O Conselho é formado por um representante da Prefeitura, dois professores, dois pais de alunos e dois representantes da sociedade.

O papel do Conselho é fi scalizar se os re-passes feitos pelo Governo Federal ao mu-nicípio estão atendendo às necessidades nutri-cionais dos alunos, durante a sua permanência na sala de aula.

As escolas devem indicar os professores e pais de alunos que quiserem participar do Conselho até o próximo dia 19. A Secretaria fi ca na Rua Mansueto Piero� i, 391, no Centro.

O Programa Nacional de Alimentação Esco-lar (PNAE) tem o objetido de contribuir para o crescimento, o desenvolvimento, a aprendiza-gem e o rendimento escolar dos estudantes, e ainda promover a formação de hábitos ali-

mentares saudáveis.

Qualidade da merenda escolar será tema de reunião

Milton Fagundes/PMSS

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Condomínios de alto padrão, hotéis de luxo e restaurantes sofisticados dominam o cenário da avenida que corta a praia de Maresias, uma das mais badaladas do litoral norte paulista. O desenvolvimento na região modificou com-pletamente as características do bairro.

O antigo caminho de terra se tornou uma importante rodovia que liga Rio de Janeiro a Santos. A especulação imobiliária foi inevitáv-el e, com o tempo, os caiçaras tiveram que se mudar para terrenos mais afastados da praia.

Uma edificação, porém, resistiu às transfor-mações ocorridas em Maresias: a Capela São Benedito, que em 2011 completou 100 anos de existência. Construída, basicamente, em alve-naria de tijolos de barro, a capela mantém sua forma original e traz influências coloniais.

O terreno foi doado pelos familiares de Maria Aparecida Bueno. Aos 75 anos de idade, ela con-ta que sua mãe angariava donativos para a ca-pela. “Essa ligação com a capela vai passando de geração para geração. Minha neta é coroinha da igreja e é isso que mantém a tradição”, acredita.

As capelas caiçaras estão protegidas por lei e algumas, como as de Boiçucanga, Barra do Sahy, Toque Toque Grande e Pequeno, além da centenária de Maresias, ainda guardam muito da singeleza de suas construções originais.

Elas são frutos do esforço das comunidades caiçaras num período dominado pelo isola-mento e economia de subsistência na região. Embora possuam o mesmo perfil, cada uma tem suas próprias peculiaridades que enrique-cem ainda mais a história e o valor cultural de-stas edificações religiosas.

Sem padresFotos da capela de Maresias em 1961 e em 2011 retratam o desenvolvimento no bairro

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Edificações religiosas resistem ao tempo e mantêm características originais das pequenas povoações do litoral

Capelas caiçarasmemória de um povo

Tradicional divisa de terras entre as tribos tupiniquins e tupinambás, Boiçucanga é um dos mais antigos povoados da região. A de-voção à Nossa Senhora da Imaculada Con-ceição remonta ao século 18, quando existia na localidade uma pequena capela de pau-a-pique. Tendo ruído no início do século 20, uma nova capela foi construída na mesma área na década de 50 e permanece celebrando missas até hoje.

Mas naquela época não havia padres na região e o jeito era recorrer a improvisações. Maria Perciliana de Matos, que aos 97 anos conta com lucidez as histórias do bairro, lem-bra de um senhor portador de deficiência vi-sual e que, não por acaso, era conhecido como Antonio Cego. Ele morava em Paúba (a 12 quilômetros de Boiçucanga) e, vez ou outra, era levado para desempenhar a função de pa-

dre na capela de Boiçucanga. “Ele era o único que sabia as rezas”, diz dona Maria.

Ainda sem dispor de uma estrada, os padres que se aventuravam a ir a Boiçucanga usavam cavalos ou barcos como meio de transporte.

Dona Maria relembra histórias da antiga capela

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Sumiço da santaEm 1989, o sumiço de duas imagens de

Nossa Senhora da Conceição abalou a comu-nidade de Boiçucanga. A maior, segundo rela-tos, foi trazida de Portugal por volta de 1740. A santa tinha 1,5 metro de altura, feita em terra-cota, possuía uma coroa de prata e um broche de ouro.

O paradeiro das imagens jamais foi desco-berto e moradores mais antigos não escon-dem a tristeza ao relembrar o caso. “A gente sonha com isso até hoje. Quem dera se apare-cesse”, comenta Maria Aparecida Oliveira, a dona Maísa, 73 anos, revelando, ainda, uma ponta de esperança em tocar novamente na santa padroeira.

A capela realiza duas festas anualmente. A primeira acontece em 29 de junho, quando uma procissão de barcos marca a tradicional Festa de São Pedro. Já o dia de Imaculada Con-ceição é comemorado em 8 de dezembro.

Outras capelas caiçaras da regiãoConstruída em local privilegiado, na mar-gem esquerda do Rio Sahy. Na sacristia se encontra o oratório da década de 20 que fi ca na casa utilizada pela comunidade católica para suas manifestações. Este oratório funcionou como altar até a con-strução da capela. Para chegar ao local, é necessário atravessar uma passarela sobre o rio. Sergio do Amparo, 75 anos, lembra que antes de ser construída a passarela os fi éis utilizavam canoas. “Quando acabava a reza tinha baile ao som de viola e cava-quinho e nas festas vinha muita gente de fora. Era muito gostoso”, recorda Amparo, sem esconder o saudosismo.

Barra do SahyA capela, em grande parte, mantém o aspecto original, sendo uma das mais conser-vadas de São Sebastião. Para Maria Lídia Moura, 63 anos, a capela é o patrimônio mais valioso da comunidade de Toque Toque Grande.

Toque Toque Grande

“Ali está a memória dos caiçaras que fi zeram a história do bairro”, diz Maria Lídia, que faz parte do coral da igreja. A capela tem como padroeiras Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Nossa Senhora Sant’Ana. A tradicional Festa de Sant’Ana atrai muitos turistas e mo-radores de bairros vizinhos. A festa, realizada em julho, dura três dias com atrações musicais, barracas de alimentação, bingo e procissão.

BoiçucangaNa década de 50, a comuni-dade de Boiçucanga resolveu erguer a segunda capela no bairro. O motivo seria pelo fato de a primeira capela es-tar dentro de área particular (hoje pública) e, em função disso, ela não era reconhe-cida pela Cúria Diocesana. A aposentada Maria Santana de Matos, 60 anos, guarda até hoje um bilhete escrito pela mãe no dia 7 de setembro de 1955, relatando a inauguração da capela que recebeu o nome de Sagrado Coração de Jesus.

Toque Toque PequenoCom a fachada voltada para o mar, possui pequeno gramado em seu entorno. Formada por apenas um ambiente, não possui altar na parede, tão comum nas outras ca-pelas, mas sim púlpito de concre-to de cerâmica. Construída entre 1920 e 1930, em pau-a-pique. O policial militar aposentado, Sebastião Marcelino de Matos Sobrinho, 63 anos, se orgulha de ser bastante participativo das atividades paroquiais. “Os caiçaras estão em extinção e a capela de Toque Toque Pequeno é uma das últimas construções que restaram do nosso povo”, declara.

Dona Maísa ajuda na limpeza de capela em Boiçucanga

Fotos: Helton Romano

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Fotos da Folia

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Imagens que marcaram o Carnaval 2012 na Costa Sul

Banho da Dorotéia arrastou uma mul-tidão pelas ruas de Boiçucanga em-

balada pela bateria do Bloco Vai Quem

Criatividade e irreverência deram o tom das fantasias no Banho Da dorotéia. A Griselda da novela e outras celebri-

dades também vieram curtir o Carnaval em Boiçucanga.

Grêmio Recreativo Unidos do Paúba

agitou o tradicional Carnaval do bairro

Milhares de foliões pularam Car-naval em Barra do Una ao som

do Bloco Unidos do Cavuka e da Banda Prakatun