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Coletânea Gente Nossa da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola-EBDA 2011/2012
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O Gente Nossa, desenvolvido pela Assessoria
de Imprensa, surgiu como mais um instrumento de
comunicação interna da EBDA. A ideia foi reconhecer e
valorizar os profissionais da empresa, com relatos de fatos
marcantes da vida profissional e pessoal dos trabalhadores,
a partir de depoimentos do entrevistado, familiares e
colegas de trabalho e amigos.
Lançado em 20 de setembro de 2011,
inicialmente, o Gente Nossa foi veiculado no jornal Novo
Dia. E já nas primeiras edições a publicação repercutiu
positivamente. Os comentários pelos corredores da
empresa e via internet deixavam evidente que o projeto
seria um sucesso de integração entre os funcionários.
O Projeto ganhou um novo formato, em de
agosto de 2014, com a divulgação online, através do boletim
eletrônico Em Movimento. Nesta nova versão, o Gente
Nossa atinge diretamente o público interno, tendo como
resposta imediata a manifestação tanto dos homenageados,
que têm respondido positivamente, quanto dos demais
funcionários através do e-mail institucional (Expresso).
Dado a importância da ferramenta de comunicação,
o Gente Nossa ganha sua independência, deixando de estar
vinculado ao boletim Em Movimento, para se transformar
em mais uma publicação de fortalecimento da comunicação
interna da EBDA.
No novo formato, que inicia no mês de novembro
(2014), o Gente Nossa será mais amplo, com distribuição
mensal via Expresso. A ideia é potencializar o espaço de
reconhecimento dos servidores ao trazer dois perfis de
profissionais, sendo um da capital e outro do interior.
Para celebrar os três anos do Gente Nossa,
apresentamos uma coletânea com os perfis publicados ao
longo do período (2011 a 20/09/2014). Espero que revejam
as histórias dos colegas que, juntamente com você, constroem
a história da EBDA e contribuem para melhorar a vida dos
agricultores familiares do nosso estado.
Elionaldo de Faro Teles
Presidente da EBDA
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índice
Ana Ciristina SouzaCändido
Maria José Souza MeloMaria Rodrigues
SócratesAbílio Maia
Guarim FerreiraJosé Milton
Arnou da SilvaRita de Cássia
Rogério Figueredo
Edméia Correia NevesHumberto CarvalhoMaria Joana da Silva
Nelson Fernandes MouraJosé Lins Maciel
José Teófilo Brito das NevesNágila Maria Leite Caldas Pereira
Edilza ReisJosé Júlio Souza Castro
Paulo José Carilo de OliveiraRoberto D’Oliveira Lins
Valmir Pereira Lima
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283032343638404244464850
2011
2012
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Frederico RodriguesGeorge Ricardo Libério Bandeira
José AlbertoMarcelo Pereira Silva
Abnair Nunes DouradoAdão Oliveira Machado
Alair Lacerda de OliveiraAntônio Carneiro do Rosário
Ivani Pereira SantosGilvan Oliveira e Valdete de Fátima de Oliveira
Joel PimentaVinícius Lunna
Maria JoséNereu Do MonteSamuel Feldman
Sandra MarinsFrancisco Alves Vieira Santos
Ildete Dreger de SouzaJoão Cerqueira Santos
Daniel DouradoLisvaldo AlvesPaulo Araújo
Ariomar AguiarRaimundo Vasconcelos Silva (Bobó)
525456586062646668707274767880828486889092949698
2012
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Profissional dinâmica, flexível, for-
mada em agronomia pela Universidade Federal da
Bahia (UFBA), e com vasta experiência em adminis-
tração, planejamento e Assistência Técnica e Exten-
são Rural (Ater). Assim é Ana Cristina Souza dos
Santos (45), chefe do Escritório de Camamu, conhe-
cida e reconhecida pelos colegas como uma pessoa
alegre, extrovertida e responsável.
Ao longo de seus 20 anos de EBDA, Ana vem
desenvolvendo respeitados trabalhos de Ater, no Território de Cidadania Baixo Sul. Dedicação e comprometimento são as
palavras de ordem desta profissional, que consagra parte de sua vida aos agricultores familiares, assentados, quilombolas,
pescadores artesanais, indígenas e ribeirinhos.
Aninha, como é carinhosamente chamada por todos, atua com Sistema Agroflorestal (SAF), e com culturas como
cacau, banana e seringueira, pesca artesanal, fruticultura, floricultura tropical, piaçava e especiarias como cravo, pimenta do
reino, pimenta da jamaicana, canela, noz moscada e horticultura. Todos estes trabalhos partem da premissa de contribuir
para o desenvolvimento da agricultura familiar, a partir da diversificação de culturas, em substituição à lavoura cacaueira,
comum em seu Território.
Líder de uma equipe com 21 técnicos, Ana Cristina ainda atua como representante da EBDA na Câmara
Setorial da Borracha Natural, na Câmara Setorial das Oleaginosas (dendê), que promove a discussão de interesses da cadeia
Dedicação e comprometimentocom a Agricultura
Familiar
Ana Ciristina Souza
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produtiva, no Estado. Em Brasília, no Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), também
representa a Bahia na Câmara Setorial Nacional da
Palma de Óleo “Dendê”.
Junto aos agricultores familiares, surgem,
espontaneamente, declarações de amor, gratidão e
carinho, para com esta profissional. Augusto Fernandes
de Santana, presidente da Associação dos Pescadores de
Barra Grande (Aspeba), diz que “Aninha” é exemplo de
profissionalismo e responsabilidade. “Todas as esferas
públicas deveriam ter uma profissional como ela; é
comprometida com todas as nossas causas. Através dela
foi possível executar o Projeto de Salga e Defumação do
Pescado, que nós queríamos tanto. Hoje, sou um agente
multiplicador deste processo, graças a ela. Aninha
está sempre pronta a nos ajudar”, comentou Augusto
Santana.
Para a chefe de Escritório Local de Valença,
Sandra Marins, ter uma pessoa com o perfil profissional
de Ana Cristina, no Baixo Sul, é motivo de orgulho e
de fundamental importância para a empresa. “Ana é
nossa colega há muitos anos; trata-se de uma profissional
comprometida com suas atividades, prestativa com todos
os colegas que estão a sua volta. A extensão rural está em
seu semblante. Sabemos do amor que ela tem por esta
empresa e da aptidão com a agricultura familiar”, declarou
Sandra Marins.
Sobre si mesma, Ana Cristina comenta,
emocionada: “Todo o meu trabalho é pautado em elevar
os níveis sociais, econômico, ambiental e cultural das
diversas comunidades rurais em que atuo, implementando
as políticas públicas. Procuro trabalhar com amor e
responsabilidade, nos diversos temas em que estou
engajada. Abracei, com muito otimismo, as propostas
de geração de rendas não agrícolas, mas, é o agricultor
familiar que me envolve e me motiva. Faço qualquer coisa
para ajudá-lo”, declarou a técnica.
Em toda a sua trajetória, Ana Cristina é uma
daquelas pessoas que se tem orgulho de conhecer e prazer
em dizer que ela é gente nossa, mulher, mãe e avó que faz
a EBDA acontecer.
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Em fevereiro de 1969, em um Jeep, carregado
com objetos pessoais, mas, também, um camburão
de gasolina para poder trabalhar - porque para onde
ia não tinha posto para abastecimento do carro -,
uma máquina calculadora de bobina e velas para,
à noite, iluminar o preenchimento de Laudos de
Supervisão e elaborar Projetos de Pecuária, chega,
em Itambé, um engenheiro agrônomo de 27 anos.
Assim começou a trajetória de um dos maiores
especialistas em pastagens e em gado de leite da Bahia, Cândido Nunes de Vasconcelos.
Quarenta e dois anos depois, em outubro de 2011, aos 69 anos de idade, “Candinho” – como hoje é conhecido
por todos os colegas e amigos – é responsável pela capacitação de técnicos em bovinocultura de leite e na orientação em
desenvolvimento de projetos de produção de leite com o uso intensivo de pastagens.
Como diz o colega e amigo Antônio Carneiro do Rosário – o também famoso “Carneirinho” -, “Candinho é um
profissional competente, ético, extremamente responsável, também pai exemplar e cuidadoso. Se em alguns momentos é
um profissional corretamente exigente, em outros, é um homem excepcionalmente humano, bondoso e solidário. Quem o
conhece no seu dia a dia, tem a exata dimensão do significado do que é ser um companheiro, no sentido literal da palavra”.
Se falasse com todos os colegas da empresa, provavelmente ouviria depoimentos semelhantes a este.
Sua filha, Cláudia, expressa dessa forma o seu pensamento sobre o pai: “ele é chamado e visto de várias formas
Trabalho, competência e
sensibilidade andam juntos
Cândido Nunes de Vasconcelos
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por seus colegas e amigos. Para mim, é o meu pai
querido, meu tesouro maior. Sobretudo, meu exemplo
de dignidade e honestidade”.
Mas, quando perguntamos a Candinho
sobre a sua história de vida, percebemos que ela está
diretamente ligada ao seu trabalho, prazer maior,
realização que combina felicidade com satisfação em
servir como vetor de desenvolvimento para a pecuária,
particularmente, da agricultura familiar. “Me realizo
com as atividades que desenvolvo, principalmente
quando consigo medir o crescimento dos produtores
orientados por mim”, comentou Cândido Nunes,
emocionado.
Competência e emoção Agrônomo, formado pela Escola de Agronomia
da Universidade Federal da Bahia, em Cruz das Almas,
mestre em Zootecnia pela Universidade Federal de
Viçosa/MG. Candinho está completando 43 anos de
atividade na extensão rural; iniciou suas atividades em
Itambé, passou um tempo em Encruzilhada, realizou o
mestrado em Zootecnia, ficando por dois anos fora da
Bahia. Retornando, assumiu a Coordenação Regional de
Vitória da Conquista, onde ficou por um ano.
Convidado para assumir a Assessoria de
Zootecnia, no Escritório Central, em Salvador, de
onde não mais saiu, Dr. Cândido passou pela Gerência
Estadual de Bovinocultura de Corte, pela chefia do
Núcleo de Programas e Projetos, pela Coordenação de
Operações; foi diretor Técnico da Emater-BA, no período
de transição para a EBDA, em que, por 10 anos, chefiou
o Departamento de Desenvolvimento da Pecuária. Na
EBDA também assumiu a coordenação do Programa
de Recuperação da Bovinocultura de Leite do Estado
(Proleite), quando foram introduzidas, na Bahia, mais de
100 mil matrizes oriundas de outros estados.
“Mais que um colega, um verdadeiro amigo;
mais que um amigo, um verdadeiro irmão; mais que um
irmão, um ser humano digno do olhar de Deus”. Com
esta declaração de Carneirinho, ressaltando sua grande
admiração pelo colega e amigo, não se tem mais o que
acrescentar.
Orgulhosamente, temos Dr. Cândido no nosso convívio
diário.
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“Apesar do longo caminho percorrido ainda
me sinto disposta para trabalhar com a mesma
dedicação e amor de quando entrei nesta empresa. A
extensão rural é a minha vida”. A declaração sincera
e emocionada é da técnica social Maria José Souza
Melo, ou simplesmente Lia, como é chamada pelos
colegas de trabalho da Gerência Regional da EBDA,
de Itabuna.
Lotada há 13 anos no Escritório de Ibicaraí,
no sul da Bahia, ela resume seu percurso na EBDA com duas palavras: realização e satisfação. A vida profissional dessa
baixinha de 1,50m de altura e um grande coração, disposta a ajudar a quem precise, começou na zona rural de sua cidade
natal, Conceição do Almeida, no Recôncavo Baiano, onde lecionou para crianças e jovens, após concluir o curso de
magistério.
Mas tudo mudou quando um primo a informou sobre a abertura do Concurso Público para a então Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-BA). A menina tímida, filha de agricultores familiares, criada na “roça” junto
com sete irmãos, agarrou a oportunidade que a vida lhe ofereceu e fez disso um projeto de vida.
Ela deixou a vida simples e tranquila, junto à família, e foi morar e trabalhar em Canarana, na região de Irecê, a 700 km da
sua cidade natal, onde permaneceu por 20 anos. Lá, começou a desenvolver o trabalho social pela Emater-BA, no campo,
e aperfeiçoou o gosto pelo “servir ao próximo”, como ela mesma define a atividade desempenhada.
33 anos de amor e dedicação ao
trabalho social
Maria José Souza Melo
11
Da perfeita parceria entre as técnicas
agrícolas e sociais, nasceu o amor entre Lia e o técnico
agropecuário José Carlos Albernaz, com quem ela
constituiu a sua família, que ficou ainda mais completa
com o nascimento de suas duas filhas: Tuane – hoje
com 24 anos, e Taine – com 21.
“Hoje, eu olho prá trás, para aquelas regiões
de Irecê e de Itabuna, e vejo que realizamos um trabalho
muito produtivo. Ajudamos muitos agricultores
familiares a conquistarem uma melhor qualidade de
vida e a se desenvolverem. Incentivamos a volta de
muitos deles às salas de aula, a conhecer e lutar pelos
seus direitos, a exemplo dos previdenciários, e a se
organizarem em associações, para o fortalecimento das
suas atividades”, diz Lia.
Além do trabalho de conscientização social, a
técnica também trabalha com o objetivo de melhorar a
renda das famílias, com opções de renda não agrícola,
como o artesanato, onde é instrutora em cursos
profissionalizantes de confecção de flores, e ainda de
produtos de limpeza, de bordado, de remédios caseiros,
entre outros. “Nós chegamos na unidade familiar e nos
envolvemos, a partir da observação do que eles estão
precisando. Fazemos um pouco de tudo: conselheira,
médica e psicóloga, enfim, tentamos ser útil e ajudar”,
diz Lia, entre risadas de felicidade pela nítida sensação do
dever cumprido.
A “mãe” da Feira Verde Há mais de dez anos, Maria José trabalha com a
Associação Comunitária da Vila Santa Isabel, em Ibicaraí,
a qual ela ajudou a formar. Os 32 agricultores associados
participam do Projeto Feira Verde, do Programa
Produzir, criado pelo Governo do Estado, para incentivá-
los a diversificar a produção agrícola, com o plantio e
comercialização de hortaliças.
Os agricultores se referem à técnica social como
a “mãe da Feira Verde”, pelo trabalho contínuo e de
qualidade que ela realiza com essas famílias, oferecendo
cursos de capacitação para jovens e agricultoras da
associação, e colaborando com o fortalecimento do
associativismo, com reuniões mensais. “Sem ela nós
não conseguiríamos alcançar esse nível de organização
que atingimos e que só nos traz bons frutos”, afirma o
presidente da Associação, Roberto Souza.
A “Lia” é mais um exemplo de nossa gente, gente que faz
a EBDA.
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Tímida e reservada, Maria Rodrigues
Fonseca (65) possui simplicidade para conversar
e sorriso cativante. Quem precisa mergulhar no
mundo da pesquisa pode procurar por ela: na
biblioteca da gerência regional da EBDA em Ribeira
do Pombal, Maria está sempre pronta para ajudar.
Basta chegar alguém à procura de informação que
ela prontamente atende, com seu jeito tranquilo e
atencioso. Num mundo de rotina frenética, onde as
pessoas consomem informações sem tempo para refletir, Maria conseguiu criar um refúgio ideal para incentivar o
exercício e despertar o prazer pela leitura.
Apaixonada pelos livros, aos quais se refere como seus “companheiros”, sabe exatamente onde está o
conteúdo que o leitor precisa. Maria conhece muito bem os 3.899 exemplares, entre livros, periódicos e folhetos, que
ocupam 19 estantes de uma sala, na gerência regional. Todos os dias, abre as janelas para arejar o ambiente, depois
começa a organizar o material em seus devidos lugares. “Maria é zelosa e dedicada; a biblioteca está sempre impecável.
Além disso, recebe muito bem as pessoas que a visitam. Basta dizer o assunto que ela logo aparece com uma pilha de
material”, conta o veterinário José Rubens Pereira Rocha, colega de Maria, na EBDA, e um dos frequentadores da
biblioteca.
Natural de Ribeira do Pombal, Maria parece ter nascido para cuidar da biblioteca. Em 1981, a técnica
Maria: sinônimo de simplicidade e
dedicação
Maria Rodrigues
13
administrativa começou suas atividades, ainda na
extinta Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural da Bahia (Emater-BA), em sua cidade natal.
Ela lembra que, naquele período, era responsável por
receber o material enviado pela sede da empresa, em
Salvador, e distribuir entre 14 escritórios da região. Com
brilho nos olhos, Maria mostra os controles que possui,
do acervo, desde o catálogo até a relação de leitores e de
empréstimos. Apesar de não considerar-se uma pessoa
organizada, sabe onde encontrar tudo perfeitamente,
por assunto e ordem alfabética, como, orgulhosamente,
gosta de conservar.
Ela observa que as visitas diminuíram muito
depois da popularização da internet. “As pessoas não
precisam ou não têm tempo de vir aqui. Só vêm quando
não encontram o que procuram pelo computador”, conta
Maria. Mesmo assim, diz que costuma conversar com os
visitantes, principalmente os estudantes dos colégios,
sobre a importância da literatura. “Já existe muita
coisa na internet, mas nem tudo pode ser encontrado
lá. Mesmo não sendo muito grande e completo, existem
livros e cartilhas importantes aqui no acervo, que são de
grande valor para enriquecer o conhecimento dos jovens”,
completa.
No mundo das letras Não é apenas durante o expediente que Maria se
vê às voltas com os livros. Em seu tempo livre, a leitura é
um dos passatempos favoritos: “gosto dos livros de Augusto
Cury ou religiosos, que tenham mensagens positivas para
a auto-estima. Quando alguma sobrinha diz que vai me
presentear, não faço questão de perfume, nem roupas, eu
peço logo que me dê um livro”, revela Maria.
Maria já exerce essa função há 30 anos na
biblioteca, mas mostra disposição e dedicação de uma
novata. Aos que a procuram na biblioteca EBDA, seja para
consultar um livro ou para uma conversa informal, existe
a certeza de encontrar um ambiente calmo e um assunto
interessante.
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Novidade e desafio: estas sempre foram
palavras de ordem na vida de Sócrates Lúcio da Silva
Matos (51), técnico em agropecuária, funcionário da
EBDA há 31 anos. Nascido em Irecê e formado na
primeira turma do curso técnico em agropecuária
da renomada Escola Agrícola de Irecê (ESAGRI),
Sócrates conta que teve senso de oportunidade e
agarrou a chance que teve de ingressar em um curso
técnico.
Hoje, se diz apaixonado pela profissão que escolheu, principalmente por poder prestar Assistência Técnica e
Extensão Rural (ATER) a agricultores familiares. “Todos os conhecimentos, técnicas e conquistas que os agricultores
possuem atualmente têm a participação da EBDA, e eu me sinto muito orgulhoso de fazer parte disso”, afirma, com
satisfação, o técnico.
Admitido na extinta Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (EMATER-BA), logo após
a formatura, em 1980, Sócrates ingressou na EBDA no ano de sua criação (1991). Durante todo esse período, além
de prestar ATER, o técnico também trabalhou com elaboração de projetos, com Programa de Garantia da Atividade
Agropecuária (Proagro), e com agricultores assentados da Reforma Agrária. No desenvolvimento deste último trabalho,
chegou a morar três anos num assentamento para auxiliar os agricultores e prestar uma assistência melhor.
Nos últimos três anos, quando voltou a Irecê depois de ter passado pelos escritórios de Andaraí, Central
Tradição e renovação que
caminham juntos
Sócrates
15
e Xique-Xique, Sócrates tem se dedicado ao programa
Garantia Safra, sendo uma referência sobre o assunto
em todo o estado. Quando iniciou o trabalho com
o programa, existiam somente 6.280 agricultores
cadastrados; em um ano esse número passou para 64
mil cadastros, somente na safra de verão. “É um prazer
trabalhar com o Garantia Safra”, diz Matos.
Novos desafiosMuito querido entre os colegas da Gerência Regional
de Irecê, “Socrinha”, como é tratado carinhosamente,
afirma que sempre gostou de se lançar em desafios.
“Exerço minha profissão com amor, porque na extensão
rural ou você ama, ou você nem trabalha. Eu faço tudo
com prazer e procuro sempre me renovar”, completa.
Aos 51 anos, depois de ter vencido inúmeros
desafios na vida pessoal e profissional, foi a vez de Sócrates
surpreender a família e os amigos. A surpresa se chama
Lucas Lenine, filho do técnico nascido no início do ano,
fruto do casamento com Edna Vieira. Lucas veio trazer
novo ânimo na vida do técnico, que já é pai de Sócrates
Junior (27) e Pâmela Lúcia (26), grávida agora do primeiro
neto do técnico.
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A calmaria e o silêncio da biblioteca
foram quebrados pela presença ilustre de um
passarinho. A conversa continuou boa e agradável,
em meio a imagens de recortes de jornais e fotos
que mostram a presença marcante do engenheiro
agrônomo, formado pela Universidade Federal da
Bahia (Cruz das Almas-1973), Abílio Maia Filho, nas
ações desenvolvidas pela Empresa EBDA.
A emoção é uma marca do conquistense,
Abílio, que fala com os olhos e que não tem vergonha de chorar, nem de relembrar os momentos felizes e tristes. “Quer
me torturar? Deixe-me sozinho. Adoro pessoas”, enfatiza o técnico.
Fã da beleza e força feminina, Abílio, que é avô de três netas e pai de um casal de filhos, herdou do pai, que
foi tropeiro (homem pertencente a tropas que transportavam mercadorias), o gosto pela culinária, e trouxe da infância
a paixão pelo semiárido.
A facilidade em liderar pessoas lhe rendeu, além de cargos de direção, o privilégio de trabalhar com
verdadeiros companheiros de Extensão Rural e a felicidade de vê-los se tornando destaques e referências na Bahia e no
Brasil. “O trabalho do extensionista é um verdadeiro sacerdócio”, afirma o emocionante Abílio.
Abílio está na EBDA desde a sua fundação, em 1991. Ele entrou na Associação Nordestina de Crédito e Assistência Rural
(Ancar-BA), em 1974, que junto com outros órgãos foram incorporados e deram origem à EBDA. Desde lá assumiu
Abílio Maia:Pura emoção
Abílio Maia
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diversos cargos de liderança como: gerente regional
de Irecê (1975-1976), gerente regional de Alagoinhas
(1976-1980), gerente de Projetos das Regiões de Santa
Maria da Vitória e PEC’ Serra do Ramalho (1980-
1983), gerente dos Projetos PROFIR e SEMIÁRIDO
(1983-1984), assessor da Diretoria Técnica (1987-1989),
chefe da Assessoria de Comunicação (1989), chefe da
Divisão de Produção Animal (1992-2002), e chefe do
Departamento de Desenvolvimento da Pecuária (2002-
2011).
Segundo Abílio, a EBDA lhe proporcionou
experiências espetaculares como, por exemplo, a
recuperação da citricultura em Alagoinhas e ampliação
das fronteiras em direção ao Litoral Norte. Muitas ações,
coordenadas por Abílio, tiveram e ainda têm grande
importância para o Estado. Entre muitas se destacam a
implantação de 11 Unidades Demonstrativas do Projeto
CBL (Caatinga-Buffel-Leucena), nas principais regiões
semiáridas do Estado; do Programa de Melhoramento
Genético de Rebanho Bovino da Agricultura Familiar
(2009); e do Plano de Revitalização e Desenvolvimento
da Pecuária de Corte do Eixo de Desenvolvimento do
São Francisco (2000).
Pelo Estudo para implantação de uma
Unidade de Processamento de Papaina, no Estado da
Bahia, com participação do Tropical Development and
Research Intitute – London, Abílio recebeu uma menção
honrosa (elogio funcional), em 1985, encaminhado à
EBDA, pela Secretaria da Indústria e Comércio do Estado
da Bahia.
Trabalhando com alegria, coordenou e
organizou, junto com outros técnicos, todos os eventos do
Módulo da Pecuária, durante a Agrifam, no município de
Irecê, em 2006, fazendo diferença para o sucesso da feira.
Abílio, por mais de 20 anos, coleciona diversas publicações.
Como autor ele publicou os trabalhos: Operação de
campo (Emater, Série Métodos de Extensão, 1981) e
Alternativa para a pecuária do Semiárido (Bahia Agrícola,
1996). Já como co-autor, ele apresenta as publicações:
Acompanhamento e controle da programação física da
Emater-BA (1980), Plano Diretor Emater-BA (1985/1987),
Perfil das atividades do Projeto Semiárido no Estado
da Bahia (1983), Orientação técnica para enfrentar as
consequências do “El Niño” na Agropecuária Baiana, e
Tecnologias e práticas agrícolas de convivência com a seca
(EBDA e Fetag-BA, 1998).
O prazer de trabalhar fez Abílio trilhar por
todas essas ações e temas. Muito verdadeiro e atencioso,
conquista a todos com sua dedicação e sempre aparente
emoção.
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Uma pessoa altamente comprometida
com o desenvolvimento social e agrícola. Nascido
na cidade de São Gabriel, esse baiano forte do
semiárido se formou técnico agrícola há quase
40 anos, em 1972. Hoje, quando perguntam no
escritório da EBDA, em Bom Jesus da Lapa, qual
o técnico que conhece o Território da Cidadania
Velho Chico, em suas peculiaridades, áreas com
potencial produtivo e suas histórias com maestria,
a resposta é objetiva: Guarim Ferreira da Rocha.
Com 35 anos de dedicação plena ao serviço público e 61 anos de vida, casado, pai de três filhos, Guarim,
como é conhecido na região, começou sua carreira em 22 de janeiro de 1976, quando a atual EBDA ainda se chamava
Emater-BA, trabalhando nas cidades de Santa Maria da Vitória (onde conheceu sua amada esposa Vera Lúcia). De lá,
em 1978, foi para o escritório da Empresa, em Ribeira do Pombal, e desde 1980 trabalha, com afinco, na Gerência
Regional em Bom Jesus da Lapa.
“O meu marido é muito dedicado ao trabalho, sempre responsável e pontual. É um exemplo de pai e
marido. É tão admirado por todos que o nosso segundo filho, Pablo Alves da Rocha, também se formou técnico
agrícola, apesar de nunca ter sido induzido pelo pai,” conta emocionada a esposa Vera Lúcia.
Além de muito preocupado com a agroecologia e a situação social do homem do campo, envolvendo com isso
Um profissional consciente do papel do
homem do campo na sociedade
Guarim Ferreira
19
o associativismo e cooperativismo, Guarim viu que
a pedagogia seria uma ótima oportunidade para
desenvolver sua didática de ensino e multiplicar seu
conhecimento técnico como extensionista rural. Assim
que se formou pedagogo, como reconhecimento
por seus serviços prestados à sociedade lapense, foi
convidado a trabalhar como professor de sociologia,
filosofia e técnico agrícola numa escola particular de
Bom Jesus da Lapa.
Com isso, de 1992 a 2009, Guarim cumpria
suas atribuições na EBDA durante o dia, e, após
o expediente, ia lecionar. Com a experiência de
professor pôde ampliar, na EBDA, a difusão dos seus
conhecimentos profissionais, sendo multiplicador na
formação de outros técnicos na região.
“Muito antes de se falar em cuidado com o
meio ambiente, ele já levantava essa bandeira,” afirma
seu colega de EBDA e coordenador do Pacto Federativo
no Território Velho Chico, Luis Geraldo Leão Guimarães.
Durante esses 35 anos de trabalho, a EBDA foi
crescendo e, como sempre, Guarim, muito à frente do
seu tempo, ao ouvir falar em trabalhos territoriais, foi o
primeiro a abraçar a causa, adicionando às suas atribuições
a função de coordenador do Território da Cidadania
Velho Chico, promovendo o desenvolvimento econômico
e viabilizando universalização dos programas básicos de
cidadania por meio de uma estratégia de desenvolvimento
territorial sustentável.
Sendo um exímio mobilizador social, consegue,
com sua fala inteligente e simples, a participação da
sociedade local, juntando esforços mútuos e fazendo com
que as ações entre Governo Federal, estados e municípios
cheguem a quem mais necessita.
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“O extensionista é um facilitador do
processo de desenvolvimento das comunidades
agrícolas. Além das orientações técnicas sobre
cultivos e criações, também tem os lados organizativo
e sociocultural, que são o cimento do trabalho da
extensão rural”. Com este pensamento, o técnico
agrícola da EBDA, José Milton da Silva (53), se
dedica, há 28 anos, ao nobre trabalho de Extensão
Rural.
A experiência com a agricultura familiar vem das origens. Filho, neto e bisneto de agricultores, José Milton
nasceu na Fazenda Casa Vermelha, área de reserva indígena Kiriri, no município de Ribeira do Pombal. Criado na
roça, desde cedo ele e os irmãos ajudavam ao pai nos tratos da lavoura.
Na zona rural, ainda criança, via um técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Emater-
BA) conhecido por José Pereira fazer as demonstrações de práticas agrícolas e achava aquilo fascinante. “Pensava
comigo: quero fazer isso, também quero ser um técnico agrícola”, revela. Em 1981, formou-se técnico em agropecuária
na Escola Média de Agropecuária Regional da Ceplac (EMARC), município de Uruçuca-BA.
Ingressou, em agosto de 1983, na antiga Emater-BA, para trabalhar no Projeto Especial de Colonização (PEC)
de Serra do Ramalho, um convênio entre Emater-BA e Incra para assentar as pessoas que tinham sido desalojadas
de suas terras devido à construção da barragem de Sobradinho. Morou por três anos, junto com os colonos do
Extensão Ruralcomo missão de vida
José Milton
21
projeto, na agrovila localizada à margem esquerda
do Rio São Francisco. Lá, viveu com agricultores e
aprendeu a extensão rural na prática; “adquiri as bases, o
conhecimento e a experiência para ser um extensionista
de fato”, relembra José Milton.
Extensão e Comunicação Em 1986, partiu de Serra do Ramalho para
o município de Antas e, meses depois, foi transferido
para a região de Serrinha, onde permaneceu por 13
anos. Nesse período, aproximou-se de outra paixão da
infância: o rádio. José Milton conta que o rádio foi a
sua janela para o mundo. “Sentava, ouvia aos programas
e ficava imaginando aquelas cenas”. Com incentivo da
EBDA, ele e os colegas produziram por cerca de um ano
o programa Prosa Sertaneja, que era veiculado pela Rádio
Sisal de Conceição do Coité.
“Ajudar a difundir conhecimento é parte do trabalho do
extensionista e do comunicador. Gosto de socializar a
informação, de provocar o intercâmbio de saberes entre
agricultor e técnico, entre pessoas de lugares diferentes e
de diversas formações” afirma José Milton.
Essa característica, somada à experiência
adquirida em 28 anos de atuação na elaboração de projetos
e aplicação de metodologias participativas, habilitou José
Milton a participar das equipes de formação, onde pode
compartilhar os conhecimentos adquiridos com os colegas
da empresa. De volta à Ribeira do Pombal, desde 2000,
continua a atuar como extensionista, cumprindo sua
missão de semear conhecimento.
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Primeira e única. Assim é a EBDA na
vida de Arnou da Silva Dourado. Técnico Agrícola,
lotado em Irecê, 52 anos, há 34 trabalha na empresa
com paixão, dedicação, respeito e doação - elementos
fundamentais que fazem qualquer caminhada
profissional ter sucesso. O técnico, que iniciou a
carreira aos 19 anos, conta que a extinta Empresa
de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Epaba) foi o seu
primeiro emprego, e que, durante todo esse tempo
de trabalho, a melhoria de vida dos agricultores familiares sempre foi a sua força motriz.
Com a fala simples, curta e objetiva, Arnou relembra a trajetória na EBDA, desde quando ingressou, em 4 de
abril de 1978, até os dias atuais no Centro de Formação de Agricultores Familiares de Irecê (Centrefértil), onde exerce
a função de Chefe da Seção de Campo. “Entrei na empresa lotado em Utinga, onde fiquei dois anos. Depois voltei
para Irecê, minha terra natal”, contou o técnico. Dedicado à pesquisa de campo, essa sempre foi a linha de trabalho
que seguiu. “Acho que é através da pesquisa que conseguimos oferecer ao produtor os melhores meios e tecnologias
para o desenvolvimento da agricultura e do social”, afirmou Arnou.
Foi através das pesquisas que o técnico se tornou uma referência no estado sobre o cultivo de oleaginosas
para produção de biodiesel, como a mamona e o pinhão-manso. “Quando cheguei a Irecê, a mamona estava em alta.
Hoje a gente acha que produz muito, mas eu trabalho para ver essa região produzindo como antigamente”, explicou
uma vidadedicada à agricultura
familiar baiana
Arnou da Silva
23
o técnico. O casamento de Arnou com a EBDA, com
dedicação ao estudo da mamona, já rendeu bons filhos
para a agricultura. O técnico, além de contribuir com
publicações de trabalhos em eventos científicos, também
participou do desenvolvimento de algumas espécies
de mamona, como a EBDA MPA 34, que está sendo
lançada pela EBDA e oferece uma maior produtividade
para a agricultura familiar.
Atualmente, o técnico vem se dedicando
também ao estudo do fruto do Umbu. “Há dois anos
participei de um curso na Embrapa, onde assisti a uma
palestra de duas horas. Me interessei sobre o tema e
comecei a aprofundar minhas pesquisas”, ressaltou o
técnico. Somente entre os anos de 2009 e 2011, Arnou já
ministrou cerca de 50 cursos sobre o aproveitamento do
fruto do Umbu, beneficiando mais de 700 agricultores
e técnicos. “O umbu é fruto abundante no sertão, não
precisa de muita água e é totalmente agroecológico”,
disse o técnico.
Para os colegas de trabalho, Arnou é um
exemplo de profissional honesto e que veste a camisa
da empresa. “Ele não mede esforços para desempenhar
um bom trabalho, a dedicação dele é reconhecida por
todos”, afirma o chefe do Centrefértil, Raimundo Rocha.
“Eu não tomo decisões sem consultá-lo; Arnou é mais que
um amigo e parceiro, é um irmão legítimo, uma parte da
minha família”, completou Rocha.
A chefe da seção de economato do Centrefértil,
Sandra Amim, relembra que, quando conheceu Arnou,
não teve oportunidade de aproximar-se, pois devido a sua
competência e responsabilidade todos os pesquisadores
queriam tê-lo em sua equipe. “No primeiro ano que
trabalhamos juntos, quando ele saiu de férias, despediu-se
de nós numa sexta, e para nossa surpresa quando fomos
à área onde estavam os experimentos, na segunda, quem
estava lá? Arnou, que passou o mês todo visitando as
pesquisas que conduzia”, afirmou Amim.
Casado, avô de duas netas, Arnou teve dois
filhos, Débora e Diego. Na vida pessoal, o técnico toca
projetos de agroecologia em sua roça, e passa o tempo livre
com as netas. “Meu trabalho sempre será para ver minha
região crescer e prosperar. Os agricultores são o sentido do
meu ofício; é por causa deles que a gente tem ânimo para
sempre fazer um trabalho melhor”, conclui o técnico.
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Ela acorda religiosamente às 4h da
manhã, toma banho, faz o café, e prepara o almoço.
Corre para o ponto de ônibus - ainda está escuro, mas
ela não se importa -, supera tudo, tem que trabalhar,
pois não pode perder esta oportunidade. Aliás, é a
chance de trabalhar em uma grande empresa, de ser
reconhecida e ter sua liberdade financeira.
Pega a condução às 5h10 da manhã, e
o sol ainda não apareceu. O cobrador é seu amigo
e eles conversam durante toda a viagem, que dura 40 minutos entre o bairro de Castelo Branco, onde mora, e
Itapuã. Eles riem e se divertem com as situações da vida. Chega na Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
S.A (EBDA), local onde trabalha, às 5h50, anda mais uns 500 metros até o Centro de Treinamento da empresa, e vai
direto para a copa.
O sorriso e a alegria tomam conta de Rita de Cássia Carvalho dos Santos quando entra na EBDA. Sua
função: manter as instalações da empresa em perfeito estado de limpeza e conservação. Isso ela faz, e faz muito bem.
Rita trabalha sorridente, alegre e contagiante. Começa pela limpeza da área externa e depois parte para as salas de
reuniões, vidraças, mesas, e computadores. Entra e sai de cada sala falando alegremente com os funcionários. Não tem
quem não receba seu “bom-dia” alegre e não se contagie com o seu entusiasmo.
Rita é proativa. Mesmo com todas as suas atribuições, arruma tempo para fazer o café mais famoso da EBDA. Não
A determinaçãoe garra de Rita de Cássia
Rita de Cássia
25
é sua esta obrigação, mas, faz com prazer. Ela sabe que
as pessoas gostam do seu cafezinho e prepara com
carinho. “O segredo do meu café é fazer de bom grado,
com amor. Não faço por obrigação, mas, sim, para ver
as pessoas mais satisfeitas no ambiente de trabalho. Isso
não toma quase nada do meu tempo,” diz Rita, que
chega a fazer 20 garrafas de café, por dia.
Ao final do experiente, corre novamente para
o ponto de ônibus, pois precisa pegar a condução para
ir para a escola. Está lutando para mudar os rumos
da própria vida, cursando o 2º ano do ensino médio,
esperando concluir o 2º grau, em 2012. Sabe que a
educação é importante e quer dar exemplo para o seu
único filho, Ubiraci, de 22 anos.
Nos finais de semana, Rita se distrai indo
à casa dos irmãos e visitando os amigos, aos sábados,
enquanto o domingo é reservado para ir à Igreja. Ela crê
que precisa de Deus na sua caminhada para vencer na
vida, por isso frequenta a Igreja Assembléia de Deus, onde
se sente bem.
Rita de Cássia faz parte do quadro de
colaboradores da EBDA, através de uma empresa
terceirizada, e tem papel fundamental na manutenção
e ordem da Empresa. Como ela mesma afirma, é
uma vencedora, não por ter dinheiro, casa, roupa ou
jóias, mas sim, por ter superado todas as dificuldades
impostas pela vida.
Não sabemos até quando teremos Rita conosco,
mas sabemos, com certeza, que a sua permanência na
EBDA é um exemplo a ser seguido de determinação, boa
vontade, solidariedade, simpatia e o mais importante, de
amor ao próximo.
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É impossível conviver com Rogério
Figueiredo de Oliveira (49), e ficar indiferente.
Bacharel em contabilidade, funcionário da EBDA
desde 1982, de sorriso largo, com muita simpatia,
garra e disposição, é o tipo de gente que encanta e
com quem se passa horas conversando. Casado com
Maria Isabel Lopes de Oliveira, há 20 anos, é pai
de 16 filhos, sendo que apenas dois são biológicos.
Um exemplo de solidariedade, boa vontade,
desprendimento e, sobretudo, amor.
Talvez a experiência de criar tantas crianças, tenha contribuído para que Rogério ampliasse a sua sensibilidade
para com o seu semelhante e também para com a natureza. Tanto que, há três anos, após apresentar um projeto de
estande para a Gerência Regional de Feira de Santana, tornou-se peça fundamental na engrenagem da participação da
EBDA em eventos como a Fenagro e a ExpoFeira. Hoje, quando se fala em montar espaços com mais interatividade
e que se aproxime do gosto do público, Rogério é logo convidado a discutir as inovações para cada feira ou exposição.
Mas, nem por isso ele quer para si os louros, e a todo o momento lembra colegas e amigos que caminham ao seu lado,
e fazem parte da sua história.
Homem com muita humildade, apaixonado pela vida no campo, que mantém os pés no chão e, algumas
vezes, literalmente, na estrada, construindo sua história. Há quase 30 anos ingressou na EBDA como auxiliar de
fazer o bemé uma filosofia
de vida
Rogério Figueredo
27
escritório, em Santo Estêvão. Em 1984, passou a
técnico administrativo, em Cruz das Almas, em 1990
foi convocado a ser subgerente, em Itabuna; em 1994,
exerceu o mesmo cargo em Feira de Santana, até 2006,
quando retornou para Santo Estêvão.
Mas as promoções não pararam de chegar.
Em 2007, foi convidado, pela diretoria da Empresa,
para atuar como assessor, junto ao Departamento de
Orçamento Financeiro (DOF), e, em 2008, assumiu a
parte orçamentária e financeira da Gerência de Feira de
Santana, onde permanece até hoje.
Rogério Figueiredo de Oliveira é Gente Nossa
porque constrói a EBDA com o coração e sabe que
nunca é tarde para mudar de atitude, para se interessar,
verdadeiramente, pelo seu semelhante.
Fazer o bem não é um dom; é um exercício, uma atitude.
Rogério é um homem de bem, é um homem de atitude.
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Era o dia 1° de setembro de 1975. No
mês em que inicia a primavera, chegou para seu
primeiro dia de trabalho, no primeiro emprego da
sua vida, Edméia Correia Neves. “Lembro-me como
se fosse hoje! Eu chegando e me apresentando, com
uma cartinha na mão e cheia de energia”, recordou
a assistente administrativa, lotada na Gerência
Regional de Ribeira de Pombal.
Natural de Cícero Dantas, Edméia (65)
chegou à Ribeira do Pombal muito jovem, para completar os estudos em magistério. Prestou concurso público e foi
aprovada para trabalhar na Empresa de Crédito e Extensão Rural da Bahia (Emcerba), que depois se transformou na
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Ematerba) e, finalmente, EBDA. Durante seus 36 anos
no serviço público, testemunhou todas essas mudanças, sempre como funcionária exemplar.
“Gosto do trabalho, das pessoas que conheço aqui, e nem vejo o tempo passar”, assegura Edméia, através do
sorriso franco e cativante que possui. Foi na EBDA que amadureceu em sua carreira. “Tudo que sei, aprendi aqui, e
pretendo continuar trabalhando ainda por muito tempo, enquanto Deus permitir”, garante Ediméia.
É difícil encontrar alguém da EBDA que já tenha passado pela região de Ribeira do Pombal e não conheça
Méia, como é chamada carinhosamente pelos colegas. “Quando cheguei para trabalhar na região, em 1981, foi Edméia
que me recebeu, com muita alegria. No período em que fui gerente da Regional, entre 87 e 89, ela era meus braços e
Profissionalde valor inestimável
Edméia Correia Neves
29
minhas mãos”, afirmou o agrônomo Antônio Mendes,
que atualmente é chefe da Estação Experimental de
Nova Soure.
Seu trabalho requer muita responsabilidade
e organização; por Edméia passam os documentos
dos 10 Escritórios Locais, 3 Postos Avançados e da
Estação Experimental, presentes nos 15 municípios
compreendidos pela atuação da Gerência de Ribeira
do Pombal, além das subgerências de Pesquisa e de
Extensão e do Centro de Treinamento, que funcionam
na própria gerência. Também é Méia que atende aos
telefones e resolve muitos problemas administrativos.
“Sempre estive nessa posição de elo, entre o gerente
regional, os funcionários e o público externo. É preciso
atenção, paciência e jogo de cintura para lidar com as
situações do dia a dia”, conta Edméia.
É relevante sua capacidade em se relacionar com
as pessoas, aliás, é destacada como uma das principais
qualidades da assistente administrativa. Todos os
funcionários, dos mais antigos aos novatos, reconhecem
a importância e competência desta profissional. Por esse
motivo, recebeu da Gerência Regional a justa homenagem
de Funcionária do Ano, em 2011, e a EBDA tem orgulho
em dizer que Méia é “Gente Nossa”.
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30
A dedicação à assistência técnica e a
pesquisa já renderam a Humberto Carvalho muitas
homenagens. Carvalho é natural do município de
Urandi, no sudoeste da Bahia, mas, foi adotado por
Boninal, ganhando o título de cidadão da cidade,
devido a pedido dos agricultores familiares do local.
O trabalho desenvolvido com afinco à cultura do
alho rendeu ao profissional alguns prêmios da
Embrapa. A ação foi divulgada em jornais como
Estado de São Paulo, A Tarde e Diário Oficial.
Humberto é um dos técnicos da EBDA que inspira os colegas através do que faz. “Eu admiro todo o trabalho
deste colega que só trouxe resultados positivos para nossa região. Espero, com o tempo, conquistar o mesmo prestígio”,
afirma o engenheiro agrônomo da EBDA de Boninal, Janderson Almeida. “Um dos melhores conhecedores da
cultura do alho do Nordeste, merece nossa credibilidade por fazer um excelente trabalho, em parceria conosco”,
destaca Francisco Vilela, pesquisador da Embrapa.
Mesmo com todo reconhecimento Humberto não se acomodou. Em março deste ano, ele inicia o curso
superior de gestão ambiental, na Unopar de Seabra. “Acredito que para dar maior credibilidade as minhas ações, é
preciso que eu tenha uma graduação. Desta forma posso melhorar meu desempenho profissional e, possivelmente,
terei mais espaço na minha atuação”, declarou.
Dedicação e conhecimento a serviço
da agricultura
Humberto Carvalho
31
Um exemplo de profissional para os colegas, Humberto
é casado, pai de três filhos e avô de um neto. Após
concluir o Curso Técnico em Agropecuária, pelo
Instituto de Educação Anísio Teixeira, em Caetité, em
1978, foi trabalhar em uma empresa de reflorestamento,
em Minas Gerais. Em 1982, foi aprovado no concurso
da então Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural da Bahia (Emater-BA), que deu origem a EBDA.
No ano seguinte, foi transferido para o
município de Boninal, onde iniciou o trabalho com
o cultivo de alho, pimentão e do tomate. Por todo
este conhecimento sobre estas produções, o técnico
recebeu um convite para trabalhar em parceria com a
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa
– Hortaliças), período em que começou a se especializar na
cultura do alho.
Neste período, Carvalho inovou os trabalhos
com o alho vernalizado (processo pela qual a semente do
alho passa em uma câmara fria, a uma temperatura 3°C a
4°C, durante 50 dias, com o objetivo de encurtar seu ciclo)
e livre de vírus, elevando a produção e produtividade da
cultura, além de colaborar com o aumento de produção e
competitividade da hortaliça.
Hoje, com 29 anos de EBDA, Humberto é Gente Nossa
e faria tudo de novo. “É muito gratificante olhar para
trás e ver o quanto eu colaborei para o desenvolvimento
sustentável, da minha região e do Estado” analisa.
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Defensora do serviço público, Maria
Joana da Silva, 61 anos, nome de santa e
guerreira, reconhece que alguns de seus colegas
a chamam de “Cri Cri e Operação Pente Fino”,
mas nenhum deles tem do que reclamar de sua
atuação como funcionária e colega na EBDA.
Justa e trabalhadora, essa baiana de fibra nasceu
na cidade de Macaúbas, e aos 6 anos de idade foi
morar no povoado de Porto Novo, município de
Santana, onde cursou o primário.
Foi morar em Bom Jesus da Lapa, em 1966, onde cursou o ensino fundamental e médio, no Colégio São
Vicente de Paulo, e, em 03 de janeiro de 1978, foi efetivada como auxiliar de escritório, atuando na cidade de Santa
Maria da Vitória, na então Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Emater-BA). De lá para cá,
atuou como escriturária, até 1982, na Gerência Regional, e em 83, ainda em Santa Maria da Vitória, tornou-se auxiliar
de administração. “Não imaginava que iria trabalhar no setor financeiro da empresa; aprendi a função na base do
esforço e, agora, adoro o que faço,” conta Maria Joana.
A partir de 87, pediu transferência para trabalhar na mesma função, em Bom Jesus da Lapa. Em 09 de
janeiro de 1990 foi para Oliveira dos Brejinhos, retornando para a “capital baiana da fé”, em 94. Sempre disposta,
Maria Joana aceitou mais um teste em sua vida profissional, e em 2000, foi trabalhar em Paratinga, até retornar para
“aprendi minha funçãona raça, e hoje adoro
o que faço”
Maria Joana da Silva
33
Bom Jesus da Lapa, em 2008, onde está até hoje.
“Sou muito grata aos meus colegas de trabalho,
principalmente a Maria do Carmo Vilas Boas Mendes,
Maria José, Jaciara e tantos outros que me orientam e
confiam no meu trabalho. Muita gente contribuiu para
a formação da profissional que sou. A Ailton Gomes
Evangelistas (in memorian), meu muito obrigada!”,
conta emocionada Maria Joana.
Ela colaborou com os colegas da sede, auxiliando na
análise de prestação de contas, de outras gerências,
entre os anos de 1985 a 2008. “Isto sempre ocorria no
final de ano, para encerramento do exercício, o que me
proporcionou um grande aprendizado”, disse Joana.
Também já assumiu, por diversas vezes, a subgerência
da EBDA de Bom Jesus da Lapa, quando os titulares
encontravam-se em gozo de férias.
Seu reconhecimento entre os colegas vem
da dedicação e afinco com que trabalha. Entre muitas
mudanças na vida, Maria Joana casou, teve três filhos: Yuri
(37), hoje pedagogo, Ivna Herbênia (32), administradora, e
o caçula, Ielson José (29), que estuda engenharia ambiental
e sanitária, em Salvador.
Hoje, divorciada, e estabilizada no emprego, ela
buscou realizar um sonho antigo: aproveitou a implantação
de um Núcleo Universitário, em Bom Jesus da Lapa, e
cursou Filosofia, formando-se em 2007.
“Maria Joana é a pessoa que mais veste a camisa da EBDA,
na região, coerente e com sua postura ética e profissional
invejáveis; ela conhece a realidade da empresa, é corajosa,
fala a verdade, doa a quem doer, e se preocupa com os
colegas como uma mãe”, conta a gerente regional, Ivani
Pereira Santos.
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É assim que os colegas da Gerência
Regional de Itabuna definem o técnico em
agropecuária, Nelson Fernandes Moura (57), um
modelo de extensionista a ser seguido pelos jovens
que ingressam na empresa. E acrescentam: “ele
é humano, solidário e, acima de tudo, amigo”.
O comprometimento de quase 32 anos com
o trabalho faz desse cidadão mais um “Gente
Nossa”.
A história traçada por esse extensionista
tem razão de ser. Durante toda a sua infância e parte da adolescência, ele morou na roça, no município de Igaporã, no
sudoeste da Bahia, onde ajudava o pai na lida, e com isso adquiriu uma percepção sobre as questões relacionadas ao
homem do campo, à produção rural e à natureza. Essa experiência norteou toda a sua vida. Primeiro, na opção pelo
curso técnico em agropecuária, prestado no Instituto de Educação Anísio Teixeira (IAT), no município de Caetité.
Na profissão, sua primeira experiência foi em uma agência financeira da região, quando, por indicação
da diretora da Escola, assumiu a Carteira Agrícola. Em 1980, ingressou na extinta Emater-Ba, como extensionista
rural, através de concurso público. Designado para trabalhar no município de Conceição do Almeida, logo no início
pôde demonstrar a sua principal característica de trabalho: a ousadia em inovar para melhorar as condições sócio-
econômicas dos agricultores assistidos.
Um profissional grandioso, ético, e fiel
ao trabalho
Nelson Fernandes Moura
35
“Fizemos um trabalho de arrepiar em 32
comunidades, em Conceição do Almeida. Todas foram
cuidadosamente diagnosticadas, após um levantamento
fantástico que desenvolvemos”, conta o entusiasmado
Nelson, com a humildade de quem sempre conjuga
o verbo na primeira pessoa do plural. Ele lembra
que, mesmo antes de o governo criar programas para
construção de casas populares na zona rural, apresentou
projetos ao banco, para financiar moradia. “As casinhas
foram construídas, com banheiro dentro de casa, e com
saneamento. Era uma felicidade ver aquele povo todo
satisfeito”, diz Nelson.
Com uma impressionante memória para
datas, Nelson relata que em 1996 apoiou a abertura
do Escritório Local de Camamu, na época, ligado à
Gerência de Cruz das Almas. “Viajava com frequência
a Camamu, para auxiliar a chefe, Ana Cristina, na
elaboração de projetos e outros serviços”, relembra.
Em 1997, o estudo do filho Karlyle, em Caetité, fez o
técnico optar pela transferência para o Escritório de
Ibicaraí, ligado à Gerência Regional de Itabuna. “Ele
não aguentava mais ficar longe da família. Então resolvi
mudar para Ibicaraí, porque ficava próximo dele”, conta
Nelson, pai também de Gissele (34) e Chiara (31), e avô
de Tauã (16).
Em Ibicaraí, uma história de extensão rural
emociona Nelson. “Devolvemos a dignidade a uma família
que havia abandonado a roça para tentar vida melhor na
cidade, sem sucesso. Fizemos uma horta, com uma grande
variedade de legumes, e mostramos que era possível extrair
renda daquele local. Em pouco tempo é dedicada ao
campo; a vida daquela família mudou”, diz Nelson.
Surgiu, então, a oportunidade de nova transferência,
desta vez, para a Gerência de Itabuna, onde ainda é
lotado. É difícil encontrá-lo, pois a maior parte do tempo
está no campo, trabalhando com pecuária de leite, em
45 propriedades de agricultores familiares. A confiança
adquirida por Moura junto aos agricultores familiares
é o sonho de todo extensionista. “Aqui, quem comanda
a gente é Nelson”, diz o agricultor José Pereira de Souza,
demonstrando a tranquilidade e segurança em aplicar os
ensinamentos do técnico e amigo, que conseguiu dobrar a
produção de leite da sua propriedade.
“Quando eu olho para trás e vejo todo o trabalho
que a empresa me permitiu desenvolver, eu tenho a plena
convicção que conseguimos ajudar muita gente. E ainda
vou fazer muito mais”, concluiu Nelson que, ainda este
ano, completa 35 anos de contribuição previdenciária,
porém longe de parar suas atividades.
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No ano de 1985, após concluir o curso
de Engenharia Agrícola, o paraibano de Cajazeiras,
José Linz Maciel, decidiu prestar concurso para a
vaga de pesquisador que era oferecida pela Empresa
de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Epaba), atual
Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola
S.A. (EBDA). Os trabalhos eram realizados no, até
então desconhecido município de Sobradinho.
O jovem, recém-formado, foi aprovado no teste e
mudou-se, imediatamente, para a Bahia, e começou a atuar em pesquisa na área de fruticultura, adotando o trabalho
no seu coração, e a “Boa Terra”, como sua casa.
Hoje, aos 58 anos de idade, casado com Elane Maria e pai de Camila Tássia e Carina Helena, Maciel lembra
o início de sua carreira como pesquisador. “A unidade de pesquisa de Sobradinho estava sendo implantada, então
pensei! Eis aí uma excelente oportunidade para o meu crescimento profissional; não hesitei, vim para a Bahia cheio de
sonhos e muita energia”, lembra. A aposta do pesquisador deu certo: “agradeço a Deus, todos os dias, por trabalhar
fazendo o que mais gosto, que é com pesquisa na agricultura; sou muito feliz e se tivesse que escolher, faria tudo de
novo”, lembra o pesquisador, emocionado.
Conhecido pelos colegas da EBDA como um grande apreciador dos livros e um verdadeiro disseminador de
conhecimentos, Zé Lins jamais deixou de estar antenado com as novidades técnicas que surgiam sobre a agricultura
Um paraibano que adotou a pesquisa agrícola baiana
como sentido de vida profissional
José Lins Maciel
37
irrigada. Prova disso foi a conclusão nos cursos de
mestrado e doutorado em Irrigação e Drenagem,
realizados nas Universidades Federais do Ceará (UFC),
e da Paraíba (UFPB), respectivamente.
Da Epaba, até os dias atuais, já se passaram
26 anos, todos destinados à pesquisa agrícola, e Zé
Linz reconhece ter adquirido, nesse período, vastas
experiências teóricas e práticas. “Aprendi muito com os
trabalhos de campo da EBDA; aqui também conquistei
bons amigos; tenho a empresa como uma extensão da
minha casa”, comentou Linz.
O pesquisador realiza, atualmente, na estação
Experimental da EBDA em Pilar, pesquisas com as
culturas do café, banana e cacau. Já na Unidade de
Pesquisa de Juazeiro, os trabalhos são com pinha,
atemóia, melão e cebola, utilizando a irrigação como
tecnologia primordial.
“Sinto-me bem quando chego à EBDA, todas
as manhãs, revejo os amigos de trabalho, que conquistei
durante todo esse tempo; mas, o que me realiza mesmo,
e me deixa extremamente feliz, é estar no campo, junto
com as plantas”, explica Zé Lins, concluindo: “nasci
para o mundo rural; não sei o que eu seria se não fosse um
homem voltado para o campo. Quanto à EBDA, sempre
esteve comigo nesse momento ímpar da minha vida”.
Sempre inovando em suas pesquisas, o que o torna uma
pessoa diferenciada, José Linz está atualmente empenhado
em produzir variedades de café, em pleno semiárido
baiano. De início, foi muito questionado, já que o clima
mais adequado para a cultura do café nada se assemelha
com a realidade da região. Porém, em suas pesquisas, ele
vem provando que isto é possível, sim.
“Os trabalhos estão sendo realizados com
variedades dos tipos Arábica e Conilon. Essa última, em
altitudes de 400 metros acima do nível do mar, e com um
bom sistema de irrigação, já é possível produzir mudas. Já a
variedade Arábica, só a partir de 600 metros acima do nível
do mar, é possível o mesmo resultado. Tudo isso ainda
está em fase de experimentos, mas, são essas descobertas,
através de testes de campo, que tornam a pesquisa, para
mim, tão apaixonante”, exemplificou Linz.
Por tamanhos serviços prestados, realizados com
total dedicação e empenho, a EBDA tem o prazer em
ratificar que Zé Linz é “Gente Nossa”.
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Atender, defender e apoiar os
agricultores familiares. Esta é a pauta de trabalho
de Gerval Teófilo Brito das Neves, técnico
agrícola e extensionista da EBDA, que há 29 anos
dedica sua vida ao progresso e desenvolvimento
da agricultura familiar e, em particular, do
guaraná, no estado da Bahia.
Nascido no município de Amélia
Rodrigues, casado com Maria José Pereira
Nascimento e pai de Maeva (16) e Gerval
Júnior (07), este profissional tem por sua família
verdadeiro amor e zelo. Há 14 anos, Téofilo abraçou o município de Taperoá, no Território de Cidadania Baixo Sul
do Estado, como sua segunda casa, cultivando ali amigos e parceiros no seu dia-a-dia.
Gerval possui um currículo invejável. Formou-se Técnico em Agropecuária, na Escola Agrotécnica Federal
de Catu, em 1983, tornou-se bacharel em Pedagogia Empresarial, pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), e
possui especialização em Metodologia do Ensino Superior.
Sempre pronto a ajudar, é bravo lutador das causas do guaraná, na Bahia, comprometido com a cultura
em Taperoá, e atualmente é membro da Câmara Setorial do Guaraná da Bahia, onde luta para o desenvolvimento
e expansão da cultura. Conhecido por ter uma personalidade calma e serena, e ser um profissional eficiente em suas
atividades, Gerval conquistou, ao longo dos anos, o coração dos pescadores artesanais, comunidades quilombolas
“Escudeiro valente”em defesa do guaraná
da Bahia
José Teófilo Brito das Neves
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e agricultores familiares da região.
Depoimentos espontâneos surgem para falar deste
profissional, a exemplo de sua equipe técnica, que diz: “o
sentimento que nós temos por este líder é de profunda
admiração e respeito. Gerval é nosso companheiro de
lutas, sensível as nossas causas, e responsável por nosso
crescimento profissional e pessoal”, declarou a equipe
técnica da Casa da Agricultura Familiar de Taperoá.
“Conferir uma homenagem a essa pessoa,
que é excelente filho, marido, pai, amigo, colega e
profissional, é reconhecer em Gerval valores que só
são encontrados em pessoas de espírito elevado, que
vive a vida a ajudar os que mais precisam,” comentou
o agricultor familiar Norival Vieira da Silva, assistido
pelo técnico, em Taperoá.
Conhecido como o maior produtor de
guaraná do Brasil, Taperoá possui 1.700 hectares de
área plantada, produção anual de, aproximadamente,
800 toneladas, e produtividade de 430 kg de grãos,
por hectare. Esses números são fruto de um trabalho
permanente da equipe de Assistência Técnica e Extensão
Rural (Ater), liderada por Gerval Teófilo.
Preocupado com a qualidade do guaraná
produzido em sua região, Gerval também é responsável
por trabalhos de pesquisa, que buscam obter os resultados
dos teores de umidade e de cafeína do guaraná produzido
pelos agricultores familiares de Taperoá, assistidos pela
EBDA.
É essa fibra, caráter sólido, humildade, boa
vontade e dedicação profissional que fazem deste forte
escudeiro do guaraná da Bahia mais um Gente Nossa, na
EBDA.
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A sabedoria de mulheres como Nágila
Maria Leite Caldas Pereira não está apenas ligada
ao conhecimento, mas também em sentir que sua
fonte de inspiração e trabalho são as mulheres
rurais, que lutam pelo sustento de suas família.
Com a cabeça sempre fervilhando com ideias,
busca levar à mulher do campo informações
com o propósito incessante de resgatar a sua
dignidade e cidadania.
Como articuladora estadual da Rede
Temática de Assistência Técnica e Extensão
Rural para Mulheres Rurais, há cinco anos atua na Assessoria de Assuntos Estratégicos (AAE), na sede da EBDA,
em Salvador, com o objetivo de inserir, nas ações da empresa, atividades voltadas para o desenvolvimento das
agricultoras familiares baianas.
Nascida em Vassouras e criada em Paraíba do Sul, cidades do interior do Rio de Janeiro, sua história
mostra que novas experiências não lhe provocam medo. Com respeito e ponderação, ela busca conquistar o seu
sucesso pessoal e profissional. Sempre disposta a ajudar também não se intimida em pedir ajuda, quando preciso.
Com estes princípios, ingressou no curso de Economia Doméstica, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), em
Minas Gerais. No dia 27 de julho de 1983, três dias após a sua formatura, Nágila chegou à Bahia, onde assumiu
a vaga de economista doméstica, na então Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado da Bahia
Uma história real de dedicação e amor à
extensão rural
Nágila Maria Leite Caldas Pereira
41
(Emater-BA), atual EBDA, conquistada em processo
seletivo, realizado na própria universidade.
Designada para trabalhar no Escritório
Local de Heliópolis, localizado na região de Ribeira
do Pombal, no semiárido baiano, Nágila diz que este
foi um dos melhores períodos da sua vida, quando
viveu em contato direto com as famílias rurais, mas,
também, onde conheceu o seu marido.
Durante quatro anos, nas tantas idas e vindas
para Heliópolis, sempre que passava por Alagoinhas
desejava, intensamente, trabalhar nessa localidade,
sonho este, concretizado, onde viveu durante 19 anos.
Aí, atuou como assessora da Gerência e depois tornou-
se subgerente de Administração e Finanças. Após 10
anos na subgerência, voltou a exercer atividades como
técnica em desenvolvimento rural, ocupando também
a instrutoria em associativismo e cooperativismo, no
Centro de Formação de Agricultores Familiares de
Aramari (Centreleite), no próprio município.
Alagoinhas também foi palco de suas maiores
realizações pessoais. Em 1986, de tão apaixonada pela
extensão rural, casou-se com o engenheiro agrônomo
e extensionista, também da EBDA, Nilton Caldas,
com quem teve duas filhas, Tamara (22) e Manuela
(19), atualmente estudantes de direito e de medicina,
respectivamente. Segundo elas, Nágila é uma incansável
batalhadora pela vida e pelos seus sonhos, além de
exemplo de mulher, pois sempre soube conciliar sua vida
familiar com a profissional.
Em 2005, ainda em Alagoinhas, concluiu uma
especialização em Gestão de Pessoa. No ano seguinte foi
transferida para Salvador, servindo ao Departamento
de Orçamento e Finanças (DOF), e, posteriormente,
lotada na AAE, onde, além de operar com as mulheres
rurais, realiza e acompanha a execução de projetos para as
Chamadas Públicas, como parte das atividades no Plano
Brasil sem Miséria, do Governo Federal.
Trabalhar junto ao homem do campo só aumentou a
paixão dessa extensionista pelas ações de fortalecimento
da agricultura familiar e, em particular, da mulher rural,
suas lutas e ideais.
“Fazer diferente – Uma questão de gênero” é
a temática trabalhada por Nágila em apoio às mulheres,
e que também se aplica a ela, Gente Nossa, que faz a
diferença na EBDA.
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Desde a juventude, sempre interessada
pelos ideais socialistas, a engenheira agrônoma
Edilza dos Reis Silva tornou-se uma militante das
transformações sociais e, em especial, na busca
pelas conquistas femininas. Exemplo de mulher
que ganhou força dentro e fora do lar passou a
ser a chefe de família, conquistou o mercado de
trabalho, atuando há mais de 30 anos ao lado
do agricultor familiar. Nos últimos cinco anos,
Edilza Reis é a gestora da Gerência Regional da
EBDA, em Feira de Santana.
Em 1981, formou-se na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), e, após dois meses,
ingressou, aos 22 anos, através de um processo seletivo, na Ematerba, atual EBDA. Desde então, sua luta é em prol
dos agricultores familiares, associações e sindicatos rurais, em busca do desenvolvimento e fortalecimento do setor
agrícola.
Nascida em 1958, viveu por 18 anos na região sudoeste da Bahia. Em três deles, trabalhou no Escritório
Local de Anagé. Em seguida, foi transferida para a Gerência Regional de Vitória da Conquista, onde atuou durante
15 anos. Só em 1998, o destino de Edilza a levou para Feira de Santana, quando, por nove anos, assumiu, na
EBDA, a responsabilidade técnica do Laboratório Oficial de Análise de Sementes. Foi também em 98 que decidiu
retomar aos estudos e concluiu o mestrado em Ciências Agrárias, na UFRB, e, em 2006, se especializou em Gestão
marcante na luta pela cidadania no campo
Edilza Reis
43
Ambiental, pela Faculdade de Tecnologia e Ciências
(FTC), de Feira.
No decorrer deste tempo, também foi
instrutora nas áreas de agroecologia, mecanização
agrícola e em questões relacionadas ao meio ambiente.
Também colaborou com o Projeto de Horticultura
Irrigada da Bacia Sedimentada de Tucano, capacitando
os agricultores envolvidos.
Em meio a tantos profissionais do sexo
masculino, entre eles, engenheiros agrônomos,
veterinários e técnicos agrícolas, o seu perfil de
liderança e independência, somado à sua energia,
levou-a a se tornar a segunda mulher a ocupar o cargo
de gerente Regional, dentro da EBDA. Segundo Edilza,
este momento foi marcante na sua vida profissional.
As qualidades técnicas da gerente se somam a sua
doação à empresa e às suas funções. Ela acredita que,
através da Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater),
contínua, é possível mudar a realidade rural brasileira.
Sempre otimista, ela vem transformando as ações da
região e dando visibilidade à empresa com uma gestão
eficiente e inovadora, sempre disposta a assumir novos
compromissos.
A mais velha de quatro irmãos, tem dois filhos
e dois netos, e é uma mulher que não tem medo de
desafios e reconhece que tudo que construiu foi através
da sua dedicação à EBDA. Essa agrônoma encara as suas
atividades - mãe, avó, dona de casa, profissional e atuante
política -, sem esquecer a vaidade. Contemporânea e
inteligente é uma formadora de opinião, líder, e, ainda
assim, não deixa de ser vaidosa. Muitas vezes, sensível,
é acima de tudo uma guerreira que sabe o que quer, por
isso, é Gente Nossa na EBDA.
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Querido por todos os colegas e,
principalmente, pelo seu público, os agricultores
familiares, o técnico agrícola José Júlio Souza
Castro nasceu no distrito de Duas Serras,
município de Antas, no nordeste baiano. O filho
dos agricultores Júlio Oliveira Castro e Valdete
Souza Castro tem uma história que enche de
orgulho os seus colegas. “O modo que ele trata
os colegas e os agricultores é incrível. A gente
não encontra um homem digno, como ele, em
qualquer local de trabalho”, declarou o técnico agrícola da EBDA, Jason Calisto.
Júlio da EBDA, como é conhecido por todos, se formou na Escola Agrotécnica de Ribeira do Pombal,
em 1982, ano em que seu primeiro filho nasceu. Logo ele prestou concurso para a antiga Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural da Bahia (Ematerba), e foi convocado para trabalhar em 1985. Encantado com as
peculiaridades da Chapada Diamantina, ele escolheu como sua primeira lotação o município de Boninal.
Nos quatro anos que trabalhou, em Boninal, foi o suficiente para galgar um grande amadurecimento na esfera
agrícola. Júlio colocou em prática o que já possuía na teoria, o que levou a elaborar uma série de projetos
agropecuários em toda extensão do município, com o associativismo. Um dos projetos mais visado foi a 1ª Festa
do Alho.
Técnico da EBDA é admirado por ser
agraciado com dois títulos de cidadão
José Júlio Souza Castro
45
Em 1989, foi transferido para Seabra, cidade onde
conquistou uma maior integração com os agricultores
familiares, através do desenvolvimento de projetos,
participando ativamente do cotidiano destes. E foi
lá que ele implantou o Projeto Minhocário Prata,
na comunidade da Prata, onde também prestou
assistência para o cultivo da agricultura orgânica.
Em outras comunidades, Júlio incentivou
o associativismo e a implantação de campos das
culturas do tomate e do mamão. Por estes motivos,
os agricultores familiares do município fizeram um
abaixo-assinado, com 985 assinaturas, e enviado para a
Câmara Municipal de Seabra, para que o técnico fosse
agraciado com o título de cidadão seabrense, em 1997.
Pelo reconhecimento dos serviços prestados em
Seabra, solicitado pelo antigo prefeito de Palmeiras,
Carlos Lopes, Júlio foi transferido para sua terceira
cidade, através de um convênio de cooperação técnica
entre a EBDA e a prefeitura, em 2001.
Em Palmeiras, Júlio desenvolveu projetos e
trabalhou em prol dos agricultores familiares. Foram
criadas várias Associações de Desenvolvimento
Comunitário, sem deixar de prestar assistências às
associações existentes. Foi nesta cidade que ele fez o
levantamento e cadastramento das comunidades que
precisavam de energia elétrica, através do Programa
Luz Para Todos, do Governo Federal.
Por realizar tantas façanhas no meio rural, através de
incentivos e orientações aos agricultores familiares de
Palmeiras, Júlio recebeu seu segundo título de cidadão.
Desta vez, os agricultores conseguiram 395 assinaturas
para que fosse aprovado o título de cidadão palmeirense
ao nosso querido técnico.
Hoje, casado e com cinco filhos, Júlio continua
lotado em Palmeiras, mas, também, presta serviço ao
município de Souto Soares, através de um convênio
de cooperação técnica com a prefeitura, solicitado pelo
atual prefeito, Amarildo Neves. Neste município Júlio
continua desenvolvendo seus trabalhos, focando no
associativismo, na emissão da Declaração de Aptidão ao
Pronaf (DAP) e na elaboração de projetos do Programa
Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), do Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional
de Alimentação Escola (Pnae), gerando emprego e renda
para os agricultores do município.
De acordo com o Secretário de Agricultura de Souto
Soares, Apolonio Gaspar, Júlio tem grande chance de
receber seu terceiro título de cidadão. “Nunca existiu um
técnico tão dedicado como Júlio. Ele tem uma afinidade
muito grande com os agricultores familiares, daqui, além
de ser muito querido”, disse Gaspar.
Por esses e outros motivos, Júlio Castro não é só gente
nossa, ele é gente que faz, ele é gente do Povo!
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A vida profissional de Paulo José
Carilo de Oliveira (59) começou a ser traçada no
dia em que ele ingressou na extinta Emater-Ba
(hoje EBDA), um ano após concluir o curso de
engenharia agronômica, na Escola de Agronomia
da Universidade Federal da Bahia, em Cruz das
Almas. O ano era 1982, e ele estava com 29 anos
de idade. De lá para cá, já são quase 30 anos
no primeiro e único emprego de sua vida. Essa
trajetória profissional, desenhada com muito
comprometimento e dedicação à agricultura, faz
de Paulo Carilo mais um Gente Nossa.
Foi em Buerarema, cidade que o acolheu aos cinco anos de idade, que Carilo realizou um dos projetos de
maior destaque em sua carreira profissional. Ele colaborou, decisivamente, para o desenvolvimento da cadeia produtiva
da mandioca, no município, que hoje é conhecido nacionalmente pela qualidade da farinha produzida.
O grande defensor da farinha de Buerarema, como é conhecido entre os colegas de trabalho, elaborou e
acompanhou o projeto que contemplou a construção de duas casas de farinha, modernas e totalmente equipadas, uma
unidade de embalagem e armazenamento, um caminhão, um automóvel, uma moto e equipamentos de escritório.
A atividade agrícola melhorou a vida dos agricultores envolvidos no projeto e deu maior visibilidade ao produto. “A
farinha de Buerarema é a melhor do Brasil e quiçá do mundo”, frase que Carilo repete constantemente. Para motivar os
agricultores a utilizarem as tecnologias disponíveis, Paulo Carilo lançou até um concurso de melhor produtividade de
o homem que soube usar a régua e compasso que a
vida lhe ofereceu
Paulo José Carilo de Oliveira
47
mandioca, e, hoje, os produtores dominam as técnicas
de plantio e de produção.
Foi também em Buerarema que Paulo Carilo construiu
a sua família, e lá, vive até hoje com a esposa, Vera Lúcia
Kruschewsky, e os dois filhos, Phillipe, de 24 anos, e
Paulo Júnior, de 22 - que ganhou o mesmo nome do
pai por terem nascido na mesma data: 10 de maio -.
Muito unido à família, o primogênito dos seis filhos de
Aurino José de Oliveira e Dolores Carilo de Oliveira,
faz questão de manter também os irmãos por perto e
apenas um deles não mora mais em Buerarema.
Por reunir todas essas qualidades, o filho
Phillipe ainda o enxerga como o pai super-herói: “Ele
consegue resolver tudo. Eu ainda me surpreendo com
a bagagem de conhecimento dele. Como pai, com
certeza, não tem outro igual.”, diz, deixando transbordar
o orgulho por ser filho de quem é.
Esse perfil de coordenador foi identificado pela empresa,
e um ano após entrar na Emater-Ba, em 1983, foi
transferido de Coronel João Sá para Cícero Dantas, na
Gerência Regional de Ribeira do Pombal, onde assumiu
o cargo de chefe de Escritório. “Adquiri, no cargo, um
grande amadurecimento profissional”, comenta Carilo.
Ficou pouco em Cícero Dantas. Com a morte
do pai, Carilo precisou retornar para próximo da família,
sendo transferido para o escritório de Caatiba. Em 1987,
foi transferido para o Escritório Local de Itapetinga,
onde assumiu a Gerência local. Dois anos depois,
foi transferido para o escritório de Santo Antônio de
Jesus, de onde retornou para o convívio da família, ao
ser transferido para a Gerência de Itabuna, distante 20
quilômetros de Buerarema, residência da família.
Nessa Gerência, o técnico coordenou importantes
programas, como o “Feira Verde”, de incentivo à produção
de hortaliças, em oito municípios do Sul da Bahia; o
“Flores da Bahia”, criado com o objetivo de desenvolver a
cultura de flores tropicais, na região, e o Pater-Mandioca –
voltado para o desenvolvimento da mandiocultura.
Perto de completar 60 anos, Paulo Carilo
ainda desenvolve um trabalho admirável, agora como
coordenador regional da cadeia produtiva da apicultura,
para a qual ministra cursos para técnicos e agricultores
familiares interessados no assunto. Em 2005, Carilo
fundou, em Buerarema, a Associação Apis Mata Atântica,
que hoje reúne 25 apicultores. O projeto, de sua autoria,
viabiliza a construção da Unidade de Beneficiamento de
Mel (UBM), e que dentro de alguns meses começa a ser
construída.
Já no município de Canavieiras, pólo nacional de
produção de pólen, Carilo vem realizando, com a parceria
de outras entidades, uma série de estudos para melhorar a
qualidade do produto, além de fornecer treinamentos, com
o objetivo de nivelar os conhecimentos dos apicultores que
exploram a primeira Unidade de Beneficiamento de Pólen
do Brasil.
Quando o assunto é a EBDA, o técnico diz, sem titubear,
parafraseando Gilberto Gil: “foi ela quem me deu régua
e compasso para traçar a minha trajetória de vida. É uma
grande escola pra quem sabe aproveitar”, diz Carilo, ao ver
o longo caminho de conquistas já percorrido.
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Um extensionista educador. Esta
é a definição dada pelos colegas de trabalho
ao engenheiro agrônomo da EBDA, do
Escritório Local de Valença, Roberto D’Oliveira
Lins. Ao longo de seus 30 anos de carreira,
Roberto trabalhou nas Gerências Regionais de
Sobradinho, Ribeira do Pombal, Feira de Santana,
Cruz das Almas, e Itabuna, hoje, em Valença, vem
conquistando um legado de amigos e admiradores
de seu trabalho.
Dedicado e comprometido com suas
funções, Roberto é responsável pelo planejamento e elaboração de projetos de custeio e investimentos agrícolas -
seguimento que visa ampliar e modernizar a agricultura regional -, e também coordenador Estadual da Cadeia
Produtiva do Palmito e da Pupunha. Formado em engenharia agronômica pela Escola de Agronomia da Universidade
Federal da Bahia, em Cruz das Almas Bahia, Roberto possui mestrado em Administração Empresarial pelo Instituto
Tecnológico de Estudos Superiores de Monterrey (ITESM), no estado de Nuevo León, no México.
Para a chefe do Escritório Local de Valença, Sandra Marins, este profissional presta um serviço de excelência
para o desenvolvimento da agricultura familiar no município. “Roberto impulsiona o crescimento e a expansão da
fruticultura na região. Ao elaborar projetos, ele pensa em estratégias que permitam o produtor administrar e aplicar
Técnico comprometido com a extensão
revela veia de educador ensinando novos colegas
Roberto D’Oliveira Lins
49
corretamente os recursos, mas também ampliar seu
empreendimento”, comentou Marins.
Diariamente, dezenas de agricultores familiares
procuram este técnico, buscando orientações para novas
culturas, Emissões de Declaração de Aptidão ao Pronaf
(DAP), Sistemas Agroflorestais (SAF), entre outras. Para
a agricultora familiar Maria Joselita Santos, Lins é um
parceiro da agricultura familiar. “Ele nos ajuda em tudo;
é prestativo e atencioso, um homem digno de muito
respeito”, declarou.
Também admirado pelos colegas de
trabalho, Roberto Lins possui um perfil pedagógico,
já que passa cotidianamente seus conhecimentos
para os colegas mais novos, revelando a sua veia de
educador. Metodologia de abordagem da Assistência
Técnica e Extensão Rural (Ater), operacionalização
do microcrédito rural, organização produtiva, visitas
técnicas, cursos para capacitação de DAPs, e projetos
são alguns dos segmentos ensinados, pelo agrônomo,
aos demais técnicos.
A relação de trabalho deste profissional se
estende, não só aos colegas de trabalho e agricultores
familiares, mas também aos agentes financeiros, como
o Banco do Nordeste, que recebe diariamente propostas
de financiamentos agrícolas.
“Conheço Roberto desde a época de faculdade,
e sempre o admirei. Vejo nele um homem sério,
comprometido e responsável com suas atividades. Todos
os projetos assinados por ele são garantia de sucesso
absoluto”, comentou o gerente Geral do Banco do
Nordeste, agência Valença, Natan Souza Pires Filho.
Roberto é pai de Roberto Teixeira Lins, de
14 anos, por quem tem amor incondicional. Junto aos
colegas e amigos, sempre que tem oportunidade, fala em
“Robertinho” cheio de admiração e vaidade de pai. Já
Robertinho se refere ao pai como um homem carinhoso e
dedicado.
“Meu pai é meu herói; ele me ajuda nas tarefas
escolares, é carinhoso e atencioso comigo. Meu pai é
uma pessoa fundamental em minha vida; admiro muito
e tenho orgulho ser filho desse profissional”, declarou
Robertinho.
Amigo, companheiro, professor, profissional
competente, inovador e colega são atributos que levam
este técnico a fazer a diferença na EBDA, pois se dedica,
diariamente, em fazer da Empresa um exemplo de
funcionalismo público, de qualidade e referência. Por tudo
isso, Roberto de Oliveira Lins é Gente Nossa.
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O engenheiro agrônomo Valmir Pereira
Lima tem 56 anos e 30 deles dedicou a questões
ligadas à agricultura na Bahia. Mestre em Ciências
Agrárias, atualmente ele é chefe do Centro de
Formação de Agricultores Familiares do Território
do Recôncavo (Centrefruti), em Conceição do
Almeida, município localizado a 160 quilômetros
de Salvador.
Todos os dias, Valmir se desloca de Cruz
das Almas, cidade onde reside com a esposa - com
a qual convive há 29 anos -, para o Centrefruti. No
local, é o responsável por gerir os cursos técnicos de capacitação para produtores rurais, a exemplo de processamento
de frutas e vegetais e de outro que ensina a implantação e manejo das culturas de citros.
Valmir formou-se em 1980, na Universidade Federal da Bahia, e no ano seguinte ingressou na extinta
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Emater-BA). Foi chefe no Escritório Local de Tucano,
de 1989 a 1991, onde trabalhou em assentamentos. Após a criação da EBDA, com a fusão da Empresa de Pesquisa
Agropecuária da Bahia (Epaba) e Emater-BA, passou a atuar no Escritório Local de Nazaré até 1995.
Neste período, foi solicitado diversas vezes pela diretoria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
(Embrapa), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para trabalhar. Aceitando,
Pesquisador incentiva aprendizado usando
tripé da arte-educação “fazer, apreciar e refletir”
Valmir Pereira Lima
51
passou a colaborar com o Convênio de Cooperação
Técnica entre a EBDA e Embrapa. Atuou na área de
Difusão e Transferência de Tecnologia de Fruteiras, por
sete anos, embora tenha se dedicado mais às pesquisas
das culturas de citros, mamão, manga e abacaxi.
Foi também nesta época que o engenheiro
aproveitou para adquirir mais conhecimento e acabou
voltando aos bancos da Universidade, em 1998, para
fazer o curso de Mestrado. Quando finalizou a Pós-
Graduação, em 2002, retornou à EBDA para atuar
na Gerência Regional de Cruz das Almas. Em 2003,
o inquieto e comunicativo agrônomo encarou outro
desafio profissional, a chefia de divisão de campo do
Centrefruti. Em 2007, passou a gerir o Centro.
Realizado com a profissão que adotou,
Valmir é também um grande incentivador de pesquisas
no Centro, e também se preocupa em estimular
o aprendizado de agricultores familiares para um
melhor desempenho da produção. Inclusive, acredita
na proposta triangular da arte-educação, criada pela
educadora brasileira e discípula de Paulo Freire, Ana
Mae Barbosa: o “fazer, apreciar e refletir”, que ele chama
de “aprender a fazer, fazendo”.
Para ele, a educação é o pilar do
desenvolvimento social, e sem a capacitação dos
agricultores o serviço de extensão rural fica vulnerável.
Ele afirma, inclusive, que a adoção de tecnologias, tanto
a científica, como a oriunda do conhecimento popular,
depende, também, do aprendizado dos produtores,
para que estes coloquem em prática e desenvolvam suas
propriedades. Por isso há uma preocupação dele em
deslocar os cursos para as comunidades rurais e adequá-los
às datas do calendário escolar.
Outra vertente do agrônomo Valmir é a veia
literária. Escreveu o livro ‘Recomendações Técnicas para
a Cultura do Abacaxi no Recôncavo e no Recôncavo Sul,
publicado pela EBDA. Também é autor de um capítulo
do livro ‘Quinhentas perguntas e Quinhentas Respostas
sobre a Cultura do Abacaxi, editado pela Embrapa, e de
outro texto na publicação “Produção de Mudas Frutíferas
de Citros e Mangas”, que foi organizado pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
O entendimento desse profissional, que também
já lecionou, e que dedicou sua carreira ao desenvolvimento
de comunidades rurais, é o de que o segmento da
capacitação é importantíssimo para o desenvolvimento
da agricultura familiar no Estado, auxiliado por atividades
culturais, pedagógicas e sócio-educativas, formadas por
equipes multidisciplinares.
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Ao entrar nas instalações da Central
de Laboratórios da EBDA - local de trabalho do
pesquisador Frederico Rodrigues – logo, nota-se
o afinco e harmonia de toda a equipe envolvida
nos processos de pesquisa. Fred, como é conhecido
por todos os colegas, valoriza muito seu “habitat
natural” e tudo o que o compõe. Para ele, cada
tubo de ensaio ou instrumento de pesquisa, por
mais simples que seja, tem sua função fundamental
na execução de suas atividades científicas.
Dedicado aos estudos desde a infância,
Fred afirma que estudar lhe traz grandes alegrias.
“Sempre tive vontade de buscar e conhecer o novo.
Quando fiz vestibular, pensei em fazer um curso
que me proporcionasse estudar incessantemente e, de alguma forma, que eu pudesse dar retorno à sociedade”, esclarece.
Com tanta vontade em adquirir conhecimento, seria incompatível com sua personalidade não gostar de ler.
“Meu hobby mesmo é leitura. Gosto de ler todo tipo de romance”, revela o amante de escritores como Agatha Christie
e Bernard Cornwell. Por apreciar tanto a “arte” de ler, o pesquisador passou de leitor a escritor - tem um livro sobre
agrotóxicos pronto para ser publicado – faz referência a ele, com o mesmo entusiasmo como quem fala de um filho.
Nascido em Salvador, ele relembra com devoção o fato de seu pai ter sido fuzileiro naval na época da II Guerra Mundial,
em Natal. Conta que Nehemias Rodrigues conheceu sua mãe, Sebastiana Rodrigues, no Rio Grande do Norte e, logo
em seguida, foi para a Itália lutar. Quando seu pai voltou, eles se casaram e foram morar na capital baiana. “Costumo
dizer que sou um filho da guerra”, ri. “Estou acostumado com as lutas e desafios”, reforça.
Esses desafios não foram poucos. Em 76, Frederico iniciou sua carreira em Cruz das Almas como pesquisador
“filho da guerra”
Frederico Rodrigues
53
na antiga EPABA, que deu origem a EBDA, juntamente
com a Ematerba. Neste mesmo ano, graduou-se em
medicina veterinária pela UFBA. Também executou
atividades em Rui Barbosa, Ipirá e Itaberaba. Ao longo do
percurso com pesquisas, em 1985, iniciou seu mestrado
em zootecnia na UFMG. Ele recorda que nesta época,
no Brasil, se acreditava que a produção de leite precisava
acontecer a qualquer custo. No entanto, observou que
isso comprometia o meio ambiente, devido ao uso
abusivo de agrotóxicos nas vacas.
Paralelo a isso, chegou a ficar um ano
desenvolvendo sua tese de mestrado em Coronel
Pacheco (MG). Por não ser possível acomodar uma
família no local, sua mulher e filha ficavam em Belo
Horizonte. “Quase não vi nascer um dos meus filhos”,
brinca. Após esse período, trabalhou seis anos como
chefe do departamento animal, na sede da Empresa.
Ao perceber que a sustentabilidade estava a desejar,
em 2007, enfrentou outro desafio - um doutorado em
química na UFBA. “Sofri muito porque tive que estudar
muito”, diz frisando a palavra ‘muito’ pausadamente.
Com o doutorado finalizado, foi trabalhar na Central de
Laboratórios num momento em que os projetos estavam
estacionados.
Determinado, o doutor logo se mobilizou
para formar uma equipe, dar continuidade às atividades
e implantar novos trabalhos. Modesto, diz, “fui
aquela semente que cai num solo fértil. Havia pessoas
competentes e só faltava um catalisador das ações de
pesquisa. Eu apenas impulsionei”.
Além de montar equipes qualificadas para cada tipo de
projeto, Fred - empolgado com as pesquisas e no avanço das
mesmas -, também ajudou a reestruturar todo o complexo
de laboratórios. “um profissional altamente envolvido,
exigente e com grande capacidade agregadora. Vibra com
cada etapa de trabalho cumprida”, comenta seu subchefe,
Marilio Jacobina Filho.
Já para o seu orientando, Paulo Mesquita - que
já trabalha com Fred há seis anos -, afirma que ele apóia
toda a equipe a buscar novas ideias e os motiva a crescer.
“Faltam orientadores desse tipo no ambiente acadêmico.
Todo o conhecimento que eu tenho devo ao esforço dele
em me orientar e me fazer absorver esses valores”, desabafa
Paulo.
Pai de três filhos, um advogado, uma estudante de
engenharia elétrica e, a mais velha administradora e
psicolóloga. Como todo pai orgulhoso, segura a tese de
doutorado de sua filha, revestida de capa dura marrom,
como se fosse um troféu. “Triste do filho que não suplanta
seus pais ou mestres. Se você não conseguir ser melhor do
que eles, alguma coisa deu errada”, diz emocionado por ter
uma filha doutora aos 27 anos, enquanto que ele obteve o
título somente com 54 anos.
Relacionando um conceito da tese de sua filha, ele esclarece
que não é “entrincheirado” (trabalhador que faz o que não
gosta). Atualmente, pesquisa sobre resíduos de agrotóxicos
em alimentos e óleos essenciais de plantas. Comprometido
com o meio ambiente, pai presente, questionador e um
constante curioso é gente que só a EBDA tem. Gente
Nossa.
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54
A paixão pelo meio ambiente e trabalho
com a terra fez com que George Ricardo Libório
Bandeira ingressasse no curso de Agronomia,
da Universidade Estadual do Estado da Bahia
(UNEB), em 1987. Hoje, 25 anos depois, o
jovem que sonhava com o que a vida oferecia
de mais simples e belo, tornou-se especialista
em Engenharia de Irrigação e um conceituado
mestre em Horticultura Irrigada, que acredita
que o conhecimento pode ser sinceramente
compartilhado, por isso dedica-se para melhorar a
qualidade de vida do agricultor familiar que vive na região de Juazeiro.
Querido e respeitado pelos colegas de trabalho, George iniciou sua carreira na antiga Emater-BA, no ano de
1988. “Sempre desejei trabalhar com agricultura irrigada e naquela época a Emater-BA já tinha um direcionamento de
seus trabalhos para essa área; foi um verdadeiro casamento; hoje me sinto muito realizado, pois faço o que gosto e não
há satisfação melhor na vida do que isso”, comentou o agrônomo, que há duas décadas se dedica à pesquisa.
Libório já atuou na EBDA, em Juazeiro, como coordenador do Núcleo de Crédito, subgerente de Pesquisa, chefe de
Escritório Local e Gerente Regional. Este ano está coordenando os trabalhos de pesquisa em horticulturas irrigadas com
ênfase em cebola, melão e tomate, e atua como professor do Centro Territorial de Educação (CETEP - São Francisco).
O pesquisador realiza também atividades na Estação Experimental da EBDA em Pilar, distrito de Jaguarari. Lá desenvolve
mestre em horticultura irrigada e apaixonado
por esportes
George Ricardo Libório Bandeira
55
trabalhos com as culturas do café, banana e cacau, além
de realizar estudos sobre pinha, atemóia, melão e cebola,
todas utilizando a irrigação como tecnologia de base.
“Tudo que aprendi na vida sobre agronomia
pude colocar, verdadeiramente, em prática, na EBDA.
Participei da equipe técnica do Governo da Bahia em
1996, que foi à Índia; a missão tinha como objetivo
adquirir experiência em sistemas de produção irrigada.
Naquela época, o país já era referência mundial e possuía
aproximadamente 20 milhões de hectares irrigados.
Foi fundamental trazer para a Bahia essa experiência”,
lembrou o aniversariante.
Quando não está na EBDA, George Libório
divide seu tempo com outras duas paixões: o esporte e
o ensino. Ainda na juventude foi jogador de vôlei de
quadra e de praia, onde conquistou inúmeros títulos na
modalidade, e eleito quatro vezes consecutivas o melhor
jogador do Vale do São Francisco. Com o passar dos anos
se encantou pelo tênis, e hoje pratica o esporte, três vezes
por semana.
O “pesquisador/atleta” também é conhecido por
ser um multiplicador de conhecimentos, e tem uma forte
preocupação com o social; semanalmente, ministra aulas
gratuitas para adolescentes que se interessam pela atividade
agropecuária e vivem em comunidades do Vale do São
Francisco. “Se todo mundo transmitir um pouquinho
do seu conhecimento, a vida da meninada pode mudar.
Quando apresento as técnicas de manejo e os resultados
obtidos, os jovens ficam impressionados e estimulados a
dar continuidade às atividades que eles mesmos ajudaram
a criar; é nesse momento que sinto que a agricultura os
contagiou”, contou Libório.
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A personalidade forte e contestadora
é a primeira coisa que se nota ao conhecer o
técnico agrícola José Alberto Caldas (59), também
conhecido como Calango da EBDA. Defensor
da cultura popular e da agroecologia, atua no
município de Heliópolis desde 2004.
A história de Alberto começou como a
de muitos nordestinos. Grávida, sua mãe partiu
de Cedro de São João, no semiárido sergipano,
fugindo da seca. Nasceu em Santos, litoral de São
Paulo, mas sua sina era transformar a realidade do
povo do Nordeste. Voltou a Cedro meses depois, onde cresceu convivendo com todas as dificuldades e belezas do sertão.
Formou-se técnico agrícola em Alagoas e, em 1978, ingressou na Emater-BA para trabalhar em Bom Conselho, atual
município de Cícero Dantas, como assessor de cooperativismo. “Fui capacitado no Projeto Alvorada e trabalhei com
planejamento e gestão social; foi quando me tornei, de fato, um extensionista”, relembra Calango.
No ano seguinte, mudou para Barra da Estiva, na Chapada Diamantina. Apaixonado pela extensão, Alberto
nunca foi um técnico convencional. “Com dedicação e respeito, Beto conquistou a confiança das comunidades. Não
faltou espaço para realizar suas atividades, pois com ele, até a sombra de uma árvore se transformava num auditório”,
contou o agrônomo Antônio Mendes, colega e contemporâneo de Alberto na empresa.
Com apoio da comunidade, em 1981, Beto e Mendes promoveram o primeiro São João de rua de Barra da
O extensionistae poeta da EBDA
José Alberto
57
Estiva. “A festa virou tradição! Calango tem facilidade
de valorizar as manifestações da cultura popular porque
participa da vida da comunidade”, assegura Mendes.
Pouco tempo depois, Alberto voltou a
Ribeira do Pombal. Foi um dos primeiros técnicos da
empresa a trabalhar com o Pronaf, defendendo que o
acesso ao crédito rural deveria ser sempre precedido de
capacitações, para garantir a aplicação correta do recurso
e evitar o endividamento dos produtores.
Passou ainda por Ribeira do Amparo e Fátima
antes de voltar a Cícero Dantas, onde encontrou a
segunda paixão de sua vida. Com Carmem, viveu sua
história de amor e tiveram seus três bens mais preciosos:
Júnior, Carolina e Kelly Helena.
Com o lema “extensão também é educação”,
prosseguiu capacitando produtores, principalmente
sobre as tecnologias de convivência com o semiárido.
Fenação, ensilagem, manejo e conservação dos solos e
associativismo são apenas alguns dos temas de cursos que
Alberto viabilizou para os agricultores da região.
Em alguns cursos foi instrutor; em outros, o
facilitador, que traduzia a informação técnica-científica
para uma linguagem de fácil entendimento pelo produtor.
“Enquanto ensino, eu também aprendo, porque o
conhecimento do povo é construído na experiência, é
sabedoria”, defende Calango.
Com extrema sensibilidade, Alberto percebeu como a
degradação da caatinga prejudicava a natureza e o homem.
Filho de cordelista, herdou do pai o talento para compor
versos e, na literatura de cordel, encontrou a linguagem
para traduzir informações técnicas e conscientizar os
agricultores.
Técnico, extensionista, poeta, promotor cultural.
Tantas qualidades fizeram de Calango um profissional
querido pelos agricultores, admirado pelos colegas, gente
nossa.
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A dedicação de homens como Marcelo
Pereira Silva à profissão de técnico em agropecuária
não se restringe ao desenvolvimento agrário por si
só; está ligada ao crescimento pessoal e ao de uma
grande quantidade de agricultores familiares que
ele, como técnico da EBDA, atendeu em seus anos
de trabalho.
“Sou inspirado pela empresa a auxiliar
os agricultores e agricultoras familiares do
Território da Cidadania Velho Chico na luta pelo
sustento de suas famílias,” conta Marcelo. Cheio
de entusiasmo, todos os dias se vê, nos olhos desse
técnico, que há um brilho especial, como se fosse
seu primeiro dia de trabalho. Ele tem a consciência de que ainda há muito por fazer para que a população rural da região
possa enfrentar, com dignidade, as desventuras de um clima seco e árido.
Como coordenador do Programa Semeando, nos 17 municípios do território, entre 2008 e 2011, atuou para
o sucesso dessa ação, do Governo do Estado, na Gerência Regional da EBDA, em Bom Jesus da Lapa, com o objetivo de
garantir uma reserva de sementes de milho, feijão e sorgo, nas unidades familiares, para que os agricultores não tivessem
custo com a compra de sementes, contribuindo para o desenvolvimento da agricultura familiar regional.
Nascido de forma inusitada, no aeroporto de Bom Jesus da Lapa, em uma lanchonete onde seu pai trabalhava, sua
história está muito ligada à paixão que ele preserva pela capital baiana da fé. Casado com a assistente social e técnica
em enfermagem da primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA), da Bahia, Maria de Fátima Pardim Campos, e
Técnico encontra sua missão de vida na EBDA
Marcelo Pereira Silva
59
pai de Marcelo Júnior (17), e Marcelle (22), fruto de seu
primeiro casamento, Marcelo orgulha-se de ter uma filha
formada em pedagogia e tem o anseio de que seu caçula
opte pelo mesmo ramo de atividade do pai.
Zeloso pela conservação dos valores familiares,
ele vê nos anos de trabalho de assistência a agricultura
familiar, milhares de histórias de pequenos produtores
que conseguem desenvolver a sua produção e, como
ele, orgulhar-se por ter filhos igualmente dedicados a
melhoria da qualidade de vida no campo.
Marcelo formou-se técnico em agropecuária na
Escola Média de Agropecuária Regional da Comissão
Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira
(Ceplac) - Emarc -, em 1985. A sua primeira passagem
pela EBDA foi em 1986, quando ingressou na Fundação
de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Fapex), através de
pré-contrato para prestação de serviços a então Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado da
Bahia (Emater-BA), no município de Serra do Ramalho.
Participou de concurso público, em 1987, sendo
aprovado para trabalhar na Empresa, em sua profissão.
Apesar de aprovado, o concurso foi revogado pelo
Governo da época, e Marcelo foi, então, prestar serviço
na construção da ponte Gercino Coelho – sobre o rio
São Francisco.
Retornou à EBDA em 2000, onde foi lotado
no escritório de Condeúba, Gerência de Caetité, e
posteriormente foi transferido para Bom Jesus da Lapa,
onde permaneceu de 2001 a 2003.
Nomeado chefe do Instituto de Terras da Bahia
(Interba), atuando na regularização fundiária, na região,
em 2008 retornou à Gerência Regional da EBDA de Bom
Jesus da Lapa, para prestar Assistência Técnica e Extensão
Rural (Ater) nos escritórios de Bom Jesus da Lapa e Sítio
do Mato. Entre idas e vindas, Marcelo sempre desejou
retornar à EBDA, mas este sonho tem tempo determinado:
seu contrato vence em junho deste ano.
Na atual função, e contabilizando toda a sua
história na EBDA, Marcelo já atendeu cerca de 15.800
famílias, com ações como: doação de sementes, elaboração
de projetos e prestação de Ater, de qualidade.
Para este técnico, o Programa Semeando é um
dos melhores trabalhos desenvolvido, pois oportuniza, ao
agricultor, maiores e melhores safras, contribuindo para
a promoção do desenvolvimento sustentável, centrado na
expansão e fortalecimento da agricultura familiar. “Esta
ação continua, hoje, viabilizando as condições necessárias
para o pleno exercício da cidadania e a melhoria da
qualidade de vida no campo”, assegurou o técnico.
Ele acredita que o mais importante nesse programa
não é apenas a doação de sementes, mas também os valores
sociais que o programa traz. “A melhoria da qualidade e
da produtividade do agricultor familiar que participa desse
projeto é notória, já que as sementes disponibilizadas têm
genética superior e passam por um processo de seleção
antes de ir ao campo”, garantiu Marcelo.
Nesse contexto, esse extensionista se motiva,
vendo os resultados alcançados junto ao homem do
campo, no fortalecimento da agricultura familiar e no
apoio ao desenvolvimento social das pessoas. Ele acredita
que esta é a sua missão de vida. Nele, vemos refletido mais
uma pessoa digna de ser gente nossa.
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Abnair Dourado é aquela que anseia
sempre por descobertas. Não tem medo de
mudanças. Nasceu em Irecê, “mas é filha
do mundo”, como se autodenomina. “Sou
apaixonada pela natureza e pelo meu País. Já visitei
12 estados brasileiros e as belezas naturais do Rio
de Janeiro e do Pantanal me encantaram. Minha
próxima parada é no Amazonas”, revela.
Essa ireceense, perseverante, está sempre
de bem com a vida. Abnair Nunes Dourado, 60
anos, dedica a sua vida ao social, à educação e aos
direitos da mulher. Professora do Estado, concluiu o magistério em 1974, e, em 1978, concluiu o curso Técnico em
Contabilidade. Na EBDA, atua como técnica social há 31 anos. Em novembro do ano passado deixou a sala de aula
com o sentimento de missão cumprida. “Ensinava matemática a jovens e adultos. Agora, estou aposentada e o meu
momento é de dar espaço a outras pessoas”, declara.
Abnair ingressou na Emater-BA, atual EBDA, por meio de concurso público, em 1981. Durante todo o
período trabalhado, exerceu ações voltadas para o desenvolvimento comunitário, com destaque para a melhoria das
condições de vida dos agricultores familiares, e, em particular, da mulher rural. Iniciou suas atividades no município de
Utinga, por dois anos, e logo depois seguiu para Canarana, onde permaneceu pelo mesmo período.
Uma mulher apaixonada pela natureza
e defensora dos direitos da mulher
Abnair Nunes Dourado
61
Um capítulo à parte na vida profissional de
Abnair merece destaque. O Dourado que ela carrega
no coração não está apenas no sobrenome. Foi no
município de João Dourado que Abnair permaneceu
por quase 20 anos, elaborando projetos para agricultores
assentados da Reforma Agrária, e colecionou amigos.
Nessa época, a positiva Abnair começou a
defender uma bandeira, a do direito das mulheres.
Neste âmbito, fez parte da coordenação da equipe que
ministrava cursos para estimular a valorização deste
público. “Lembro-me que as capacitações de pintura em
tecido, confecção de flores, corte e costura, produtos de
higiene e limpeza transformaram a vida de muitas donas
de casas, que passaram a ser independentes”, conta.
Com entusiasmo, Abnair divulga como
as capacitações oferecidas às mulheres da Chapada
Diamantina a emocionaram. “Através da pintura em
tecido elas formaram uma cooperativa, beneficiando
outras mulheres da região, na busca do sustento. Isto é
gratificante, pois é o resultado do nosso trabalho”, expõe
com alegria.
Atualmente, Abnair integra a equipe
do Programa Brasil Sem Miséria, no Território de
Cidadania de Irecê. Ela presta assistência técnica, elabora
e executa projetos destinados aos agricultores familiares,
com a finalidade de apoiar o aumento da produção e a
comercialização excedente dos alimentos.
Para os companheiros de trabalho, Abnair é um exemplo de
profissional, íntegra e que veste a camisa da empresa. “Ela
é a alma deste lugar. Mesmo com tantos anos de EBDA,
acompanha com o mesmo ritmo dos funcionários mais
novos, buscando a integração”, enaltece o técnico rural da
EBDA, em João Dourado, Paulo Queiroz. Compartilha da
mesma opinião a técnica agrícola Maria Fleide, da mesma
localidade.
“Tenho a EBDA como a minha família. No meu
computador particular, tem mais arquivos da empresa do
que meus. Quando sou solicitada, pode ser final de semana
ou feriado, a EBDA tem a minha atenção”, diz Abnair.
Para a técnica social, o amor pelas atividades desenvolvidas
na empresa é o combustível para continuar nessa jornada.
“A minha missão ainda não acabou. A cada história que
conheço me emociono, e me sinto na obrigação de fazer
sempre mais e o melhor”.
É por está dedicação ao trabalho e às mulheres do
semiárido, que a guerreira Abnair Dourado é Gente Nossa.
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A história registra que Deus criou
primeiro o homem, e disse que todas as plantas e
animais da terra lhe pertenciam e que ele poderia
usá-los, mas, também, deveria cuidar e protegê-los.
E a profecia foi concretizada. Nasceu Adão Oliveira
Machado, que, além de admirador, é defensor
da natureza, o que para ele “é uma promessa”.
Também conta “Na casa de uma tia, só nasciam
filhas, oito ao todo, e a família acreditava que o
nascimento de um menino evitaria mais mulheres.
Uma superstição que deu certo com o meu nascimento,” conta Adão, com um sorriso sereno e sincero, e complementa:
“mas o tempo não para; vivo para evoluir!”.
É dessa forma que Adão Oliveira, técnico em agricultura da EBDA, dissemina os conhecimentos aos
agricultores e cuida da família, sempre alegre e responsável. Em 1967, iniciou sua vida profissional na extinta Empresa
de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Emater-BA), como auxiliar de escritório. Na EBDA ingressou como
técnico em agricultura, em 1969, por meio de processo seletivo. Nessa época trabalhou com milho, feijão e mamona,
culturas predominantes na região de Irecê.
Mas não ficou por aí: Adão afirma que a EBDA lhe oportunizou desenvolver atividades com o que mais
gosta: pesquisas com fruticultura, área importante da agricultura para os que visam produzir mais e melhor, de maneira
De auxiliar de escritório a pesquisador da
fruticultura
Adão Oliveira Machado
63
econômica, visando à comercialização. “É uma satisfação
repassar conhecimentos para os agricultores familiares,
partilhando as nossas experiências”, destaca o técnico.
Com orgulho, Adão conta que nasceu em
Presidente Dutra, capital mundial da pinha, fruto
em que o técnico buscou se especializar, em razão da
influência do avô. “Lembro que, aos sete anos, meu
avô comia uma pinha e entregava as sementes para eu
plantar”, expõe em risos. Mesmo aposentado, Adão
continua trabalhando com o mesmo entusiasmo de
quando começou. “Trabalhar é o que me mantém
vivo”, diz.
O técnico aprofunda suas pesquisas com as
culturas da pinha e da mandioca, com uma missão maior:
colaborar com o desenvolvimento sócio-econômico dos
agricultores familiares de Irecê. “Após um curso que
participei em Cruz das Almas, por meio da EBDA,
aprendi como o subproduto da mandioca é um excelente
adubo para a produção de pinha”, constata, assegurando
a continuidade de experimentos junto aos agricultores da
região.
Pai de sete filhos, Adão é apaixonado por
futebol, infelizmente torcedor do Flamengo e do Vitória.
Uma pessoa desprendida, por onde passa constrói fortes
amizades, mas “vira a cara” para a arrogância e para a
falsidade. É praticante das boas ações. Além do amor, da
dedicação e do fascínio pelo trabalho que desenvolve com
os agricultores familiares, Oliveira exerce uma função que
exige ainda mais energia: a de avô de João Pedro, com
quase dois anos de idade. “Todo dia é uma surpresa. Meu
netinho é a alegria da família”, ressalta.
Aos 68 anos, Adão Oliveira tem a maturidade de quem
já viveu uma vida inteira e no coração a bondade de uma
criança. É um homem sonhador, vencedor e Gente Nossa,
que tem ainda por meta cursar engenharia. “Quando todos
os meus filhos se formarem será a minha vez de realizar
mais um projeto de vida, o de ser também engenheiro”,
enfatiza.
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Elegante, extrovertido e otimista.
Essas palavras definem o extensionista rural e
advogado por formação, Alair Lacerda de Oliveira,
profissional que contribui, há 35 anos, com o
desenvolvimento e fortalecimento da agricultura
familiar no Estado da Bahia. Mineiro, por
naturalidade, ele abraçou a Bahia como sua terra
querida e criou aqui laços inseparáveis. Casou-se
com a baiana Tharcília Assunção Souza, a quem
dedica amor, comprometimento e atenção, e teve
seus filhos.
Aprovado no concurso da antiga Emater- BA (atual EBDA), em 1976, o técnico, que dedicou parte de sua vida
aos trabalhos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), conhece diversas regiões do Estado. Alair trabalhou, por
21 anos, no Escritório Local de Castro Alves, onde intensificou a produção de milho e feijão, e nos municípios de Rafael
Jambeiro, Catu, Itamaraju, Camamu e, hoje, está em Valença, no Baixo Sul, onde responde pelos projetos de custeio e
investimentos agrícolas.
Técnico agrícola, por formação, na Escola Técnica Agrícola de Januário, em Minas Gerais, em 2010 Alair
conquistou sua formação acadêmica: bacharel em Direito. Lacerda brindou, com 57 anos, o título que o consagrava
em uma profissão, que de certa forma, ele sempre exerceu, ao lutar pelas causas da agricultura familiar. “Minha maior
advogado dos agricultores baianos,
há 35 anos luta por dias melhores na zona rural
Alair Lacerda de Oliveira
65
realização foi receber esse diploma. Estudei arduamente,
conciliava o trabalho técnico com o acadêmico, com
muito esforço, pois nas madrugadas tinha que cumprir
todas as tarefas da faculdade”, recorda Alair.
O potencial observado e comentado pelos seus
colegas de trabalho é a relação amistosa que Alair mantém
com os agricultores familiares. “Seu Alair tem uma
relação de amizade com os agricultores, parece até entes
familiares, diante o amor, carinho e o comprometimento
doado; é verdadeiramente admirável”, comenta Valquíria
de Jesus, colega de trabalho.
Preocupado com o desenvolvimento da
agricultura familiar, em Valença, Alair participa de cursos
de criação e manejo de galinha caipira, horticultura,
compostagem, associativismo, entre outros. Impulsionar
a produção do abacaxi no município, hoje, é sua principal
meta de trabalho. O técnico vem realizando palestras e
reuniões e, recentemente, promoveu um intercâmbio
técnico dos agricultores à Unidade Experimental de
Itaberaba, para apresentá-los a cadeia produtiva do fruto.
Além de ser responsável pelos projetos,
Lacerda também é coordenador da cadeia produtiva da
mandiocultura, em Valença, desenvolvendo ações que
provocam o crescimento e expansão da produção de
alimentos, através de seus derivados.
A chefe do escritório local de Valença, Sandra
Marins, comenta que Alair é mais que um colega de
trabalho, e sim, um verdadeiro amigo. “Sou admiradora
deste profissional, que está sempre pronto a nos ajudar em
cursos, ministrando palestras, apoiando no trabalho da
comunicação territorial, e sempre otimista e bem disposto”,
declarou Marins.
Apaixonado pela vida, determinado, lutador das causas
justas, prestativo, companheiro e solidário com todos que
estão a sua volta. Assim se resume o perfil desse técnico,
grande colaborador da agricultura familiar. Todos esses
atributos fazem de Alair Lacerda mais um Gente Nossa na
família EBDA.
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Se as palavras, trabalho, competência e
compromisso por um mundo melhor pudessem
ser materializadas para caracterizar uma só pessoa,
não resta dúvida, na EBDA, a pessoa escolhida
seria o manso e competente Antônio Carneiro
do Rosário, carinhosamente conhecido por todos
como “Carneirinho”.
Na simplicidade que lhe é peculiar, sempre
irradiando simpatia e alegria por onde passa, ele
vai conquistando a todos com a sua inesgotável
disposição para colaborar, solucionar problemas e
realizar o que mais gosta de fazer, ajudar as pessoas.
Trabalhar com ele é desfrutar de momentos especiais, de aprendizado e de doação. Humilde, sabe se impor
quando necessário; alegre, sofre com a tristeza de um colega; sábio, divide conhecimentos com quantos desejem; íntegro,
não aceita falta de compromisso com a empresa; justo, não permite desigualdades. Se buscássemos definições para
correção, certamente uma delas seria: Carneirinho.
Engenheiro agrônomo, ele é extensionista nato - com mestrado em Extensão Rural -, comunicador, professor
e educador, com significativas contribuições à Ater baiana, notadamente nos municípios de Formoso do Rio Preto e
Inhambupe, onde trabalhou por muitos anos.
“Carneirinho” é Gente Nossa, com orgulho
Antônio Carneiro do Rosário
67
No Departamento de Comunicação e
Marketing, onde trabalha há muito tempo, Carneirinho
vem realizando um excelente trabalho e com toda a sua
experiência de bom mestre e comunicador, é “peça-
chave” para o sucesso das atividades desenvolvidas pelo
departamento. “Essa pessoa esbanja atributos”, dizem os
colegas do DCM, emocionados.
Nascido “orgulhosamente” em Cachoeira,
Carneirinho é casado com Maricélia do Rosário e pai
de Mateus e Marcos, preciosidades da sua vida familiar.
Como diz Mateus, “meu pai é um exemplo de superação
e dedicação em todos os sentidos. A situação que meu
irmão e eu encontramos foi fácil comparada a dele: eu,
de me tornar médico, e meu irmão, de se tornar dentista,
nem de longe se equiparam ao mérito de ele conseguir se
graduar mais e mais. Com relação à família, não poderia
ser diferente: rigor usual, responsabilidade extrema e a
capacidade de prover, da melhor maneira possível, as
condições mais adequadas para todos nós. Em resumo
,professor Antonio Carneiro, você é nosso maior e
melhor exemplo de superação e dedicação”.
Apesar de mestre, ele não se deixa envaidecer
pela merecedora condição de intelectual e professor
universitário. Como cachoeirano de ‘’boa cepa” que é, vai
levando a vida no ritmo da simplicidade, da alegria e do
amor, realizando trabalhos que muitas vezes ultrapassam
os limites das suas obrigações profissionais e ganham o
ponto alto das dimensões humanitárias sócio-educativas, a
exemplo dos seus trabalhos de horticultura desenvolvidas
em escolas da rede pública e especialmente com os
portadores de necessidades especiais do Hospital Irmã
Dulce e de unidades de saúde do Estado.
Honrando suas tradições religiosas, musicais e
culturais, realiza, todos os anos, uma caminhada, Abaeté ao
Bonfim, arrastando colegas da EBDA e grande contingente
de outras pessoas. Em todos os contextos, um ponto é
comum, para todos os que, envaidecidos, têm a honra de
conhecer e conviver com Carneirinho: ele é uma pessoa
agraciada por Deus.
As atividades desenvolvidas por esse mestre da
alegria têm promovido, projetado e divulgado o nosso
trabalho e a empresa. Por tudo isso, é que a família EBDA,
reunida, tira o chapéu e considera: “Carneirinho, é Gente
Nossa”.
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Todo recém-nascido sabe, de maneira
instintiva, que depende e pode contar com a sua
mãe, ser único, que torna possível a vida daquele
que inicia uma jornada desconhecida. Com essa
compreensão, a gerente Regional da EBDA, em
Bom Jesus da Lapa, Ivani Pereira Santos, gestante
de sua primogênita, orgulha-se da maternidade
ao tempo em que se destaca como profissional
competente, solidária e amiga.
Nascida e criada até os cinco anos de
idade, em Salvador, Ivani passou a morar em
Sobradinho, dos 05 aos 10 anos, e posteriormente, em Cruz das Almas, onde sua família reside até hoje, e onde
concluiu o curso de Engenharia Agronômica, pela UFBA. Uma oportunidade de trabalho em Assistência Técnica,
Social e Ambiental à Reforma Agrária, junto a um movimento social da região, levou Ivani Santos a Bom Jesus da Lapa.
Nesse local, reencontrou seu antigo colega de faculdade, Ivo Souza, que por muitas afinidades passou a namorar, vindo
a casar e constituir família. Ivani ainda se surpreende com o fato de, após terem estudado apenas duas disciplinas juntos
e nenhum romance ter acontecido, só na “capital baiana da fé”, ter descoberto o amor, que a levou até a pequena Ana
Clara, aguardada para o próximo mês de junho, com ansiedade.
Voltando a sua caminhada, ao final de seu contrato com o movimento social, foi trabalhar como responsável
Missão: ser boa profissional, esposa e mãe
Ivani Pereira Santos
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técnica da Cooperativa de Trabalhadores Rurais de Bom
Jesus da Lapa, até o ano de 2009. Reconhecida pelo seu
trabalho e competência, Ivani foi convidada a exercer
o cargo de Gerente Regional da EBDA, em agosto de
2009, onde permanece até hoje, admirada e considerada
pelos colegas.
Como tantos outros profissionais que a EBDA
tem em seu quadro funcional, Ivani é daquelas que todo
dia impulsiona seus colegas de trabalho, demonstrando
coragem e força, e procurando sempre alcançar, com
a garra e determinação de toda mulher guerreira, os
objetivos profissionais e metas traçadas pela empresa.
Como mulher, gestante, é notória a felicidade de Ivani.
Aguardada com alegria por familiares e amigos, a
pequena Ana Clara chega para completar o sentido da
vida do casal. Como ela mesma fala que “gravidez não é
doença”, continua obstinada nos objetivos da Empresa,
conduzindo a Gerência, com o apoio de toda a equipe.
Como gerente Regional, Ivani muitas vezes precisa ser
firme para manter o controle de tantas ações que o
desenvolvimento da agricultura familiar requer, e mesmo
assim, não perde a ternura em suas palavras. Sendo
necessário, ela apresenta até programa de rádio, como fez
nos últimos dias 21 e 28 de abril, numa rádio local, falando,
por duas vezes, sobre as ações da EBDA.
O mês de maio prevê o seu segundo domingo
como dia de comemoração às mulheres mães, que além de
suas atribuições pessoais são profissionais, amigas, esposas
e demais qualidades que as mulheres sabem tão bem
administrar. Ser mãe e profissional é opção da mulher. Ser
amiga é atributo pessoal. Ivani consegue unir qualidades
que a distinguem como uma mulher especial.
Com este perfil, Ivani foi eleita a representante de todas
as mães da empresa, para ser a “Gente Nossa” da semana.
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É em comemoração ao mês dos namorados que o Gente Nossa conta a história do casal de técnicos em agropecuária, da EBDA, Gilvan Oliveira (50) e Valdete de Fátima de Oliveira (52). A história deste casal dedicado e comprometido com os agricultores familiares do semiárido nasceu na EBDA e se desenrola de acordo com o desenvolvimento da empresa. Ele, nascido em Bom Jesus da Lapa, estudou na Escola Agrotécnica Federal de Urutaí, em Goiás, para depois vir à sua terra natal participar de um concurso para a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
da Bahia (Emater-BA). Ela, nascida em Palotina, no Paraná, vindo morar na Bahia, durante a adolescência, por insistência de seu pai, que tem familiares na região de Senhor do Bonfim. Aqui, ela estudou na Escola Agrotécnica de Santa Maria. Ainda sem se conhecerem, Gilvan e Valdete fizeram juntos a prova do concurso para trabalhar na Emater-BA, sendo efetivados em novembro de 1986. De início, eles foram trabalhar em Serra do Ramalho, onde Gilvan se apaixonou, à primeira vista, por Valdete, que, inicialmente, não acreditou muito nas “investidas” de Gilvan. Insistente, Gilvan persistiu até que o namoro se consolidou. Entre namoro e noivado foi um ano, até o casamento, em 1988.Transferidos para Coribe e depois para Bom Jesus da Lapa, retornaram à Serra do Ramalho, onde estão até hoje. O casal menciona o orgulho por duas coisas: a família que construíram, com seus três filhos, e o amor pelo desenvolvimento da agricultura familiar, área que colaboram profissionalmente na EBDA. O primeiro orgulho, os filhos: Hitalo Gil, que estuda engenharia ambiental e sanitária, na Ufba; Iuri,
Um casal que persiste e encontra resultados no
semiárido
Gilvan Oliveira e Valdete de Fátima de Oliveira
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que faz biologia também na Ufba; e o caçula, Igo, que cursa agronomia na Uneb. “A família que construímos é o nosso maior bem,” disse Valdete. Em Serra do Ramalho, desenvolvendo atividades no campo, está o segundo grande orgulho do casal, que é trabalhar com a agricultura familiar. Na área social, orientam os agricultores e suas famílias em assuntos relacionados com a previdência, como aposentadoria e licença-maternidade, e ainda auxiliam nos programas sociais oferecidos pelo Estado. Outra área de atuação é junto aos projetos de investimento e de custeio, junto aos agentes financeiros. “Amo tanto o que faço que moro em uma pequena propriedade rural. Apesar das dificuldades, me criei aqui e gosto da convivência com os amigos do campo, da troca de experiências e, principalmente, de ver a evolução e a conquista de cada agricultor familiar,” relata Gilvan. Amplamente envolvidos com o programa de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF), desenvolvido pela EBDA, Gilvan e Valdete têm muitas histórias para contar. Fatos marcantes, como o do senhor Florisvaldo de Jesus Oliveira, que tem uma pequena propriedade próxima à EBDA, onde plantava cana e vendia garapa. De tanto Gilvan e Valdete insistirem, o agricultor se convenceu em participar do Programa Mais Alimento, recebendo um financiamento de R$19 mil. Com muito trabalho, hoje possui 17 cabeças de gado leiteiro, trabalhando exclusivamente com inseminação para melhoramento genético do rebanho. “Com os resultados obtidos, Florisvaldo já pensa em participar do próximo torneio leiteiro, que acontecerá na agrovila 18, ainda este ano”, comentou o técnico.
Florisvaldo Oliveira, que antes tinha uma pequena máquina para retirar a garapa da cana, hoje possui uma ordenhadeira mecânica, um botijão para inseminação e tanque de resfriamento para conservação do leite produzido por seu rebanho. Outro exemplo é o do casal Valdivino da Silva de Jesus e Maria Elza Pereira, ele presidente da Associação de Produtores da Agrovila 18. Com ajuda da esposa e de dois filhos, e com a assistência técnica prestada pela EBDA, através do casal de técnicos, a família de agricultores que tinha 10 cabeças de gado, passou a ter 50 cabeças de gado leiteiro. “É muito importante o trabalho deste casal; se não fossem eles, não sei o que seria da gente, pois meu marido já pensou muitas vezes em sair dessa terra pelas dificuldades em função da falta de chuvas. Eles nos deram um sentido de vida,” contou Maria Elza. “Gilvan faz o trabalho na roça funcionar; considero ele um herói. Sem a persistência dele em dizer que essa terra tem jeito, nós não estaríamos onde estamos. Só pra ter uma ideia, de sete cabeças de gado que eu tinha, hoje possuo uma média de 60 cabeças. Entrei no ramo de compra e venda, além da criação de gado de leite, com as orientações desse técnico”, comentou o agricultor familiar, Jailton Lima dos Santos, que fez questão de se manifestar ao saber do reconhecimento aos serviços do casal, com o Gente Nossa. A história de amor e trabalho de Gilvan e Valdete é marcante porque puderam se apoiar e construir um futuro para si e para agricultores familiares que, em muitos momentos, perderam a perspectiva de vida no campo. Casos como este fazem a diferença e mostram que juntos, um casal pode ajudar a construir e ser Gente Nossa.
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Nascido no município de Coaraci, no Sul da Bahia, em 01 de novembro de 1959, Joel Benigno Pimenta se formou em técnico agrícola, pela Escola Agrotécnica Federal de Catú, com 20 anos de idade, e aos 42 anos em engenheiro agrônomo, pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Pimenta, como é chamado pelos colegas de trabalho, é um modelo de extensionista que há 32 anos trabalha pela agricultura familiar com amor e dedicação. Desde o ano de 1991 ele está no Escritório Local da EBDA em sua cidade natal, vinculado à Gerência Regional de Itabuna.
Em 2007 assumiu o cargo de chefia. O Escritório que coordena atende cerca de 1.400 agricultores familiares, nos municípios de Coaraci, Almadina, Itapitanga, Itajuípe, e nos distritos ilheenses, Inema e Pimenteira. Joel garante que conhece todos os agricultores por nome e de ir na casa tomar cafezinho. “Nunca trabalhei com grande produtor. Na época que comecei na EBDA os outros órgãos não queriam saber desses pequenos e eu abracei a causa e consegui colaborar para a organização de mais de 20 associações agrícolas. Todas que foram criadas aqui, no município, têm a colaboração da EBDA”, conta Pimenta. O respeito que conquistou no município já fez ser chamado diversas vezes para participar da política da cidade, mas ele diz que não tem interesse. “Acho que o que eu já faço ajuda a formar uma sociedade mais justa e igualitária”, diz Pimenta. A história de vida do agricultor Gilson Pereira dos Santos é um exemplo da colaboração de Joel Pimenta até para a questão da mobilidade social. Gilson relata que a EBDA, através do técnico Joel Pimenta, fez dele agricultor familiar no momento em que lhe deu a DAP – Declaração de Aptidão ao Pronaf -, e o incentivou e orientou a pegar R$ 1.500 emprestados no Banco do Nordeste para comprar uns bezerros. “Isso mudou a minha vida. Desde a infância, eu fui trabalhador rural. Lembro como se fosse hoje, aquele carro branquinho da EBDA parando na cerca da fazenda que eu trabalhava e Joel
mais de 30 anos de trabalho árduo em prol da agricultura familiar
joel pimenta
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perguntando por que eu não trabalhava pra mim mesmo. Hoje até crédito para comprar uma terrinha, o maior sonho da minha vida, Joel me ajudou a conseguir. Já aconteceu de eu não ter dinheiro para comprar a farofa para os meus sete filhos comerem e hoje eu tenho tudo”, conta o agricultor. Uma outra história de sucesso chega a emocionar Joel Pimenta, quando relembrada. É sobre a Associação dos Parceleiros Rurais da Cruzinha, formada por 10 trabalhadores rurais. Hoje eles fazem e comercializam uma cachaça de qualidade produzida no próprio alambique. Na época que nasceu a Associação, esses agricultores estavam desempregados e a maioria já tinha até ido para São Paulo em busca de uma vida melhor e retornado sem sucesso. “Organizamos a Associação, fizemos um contrato de parceria com um fazendeiro da região e elaboramos quatro projetos de Pronaf . Além do cacau, eles plantaram cana-de-açúcar, montaram o alambique e começaram a fazer cachaça. Hoje eles pagam 10% da parceria, a dívida ao banco e ainda sobra dinheiro para o sustento da família”, comenta Pimenta. Ele diz ainda que é gratificante visitar a casa desses agricultores, que não tinham sequer um colchão decente para dormir, e encontrar a casa toda mobiliada. “Tudo vale a pena quando se trabalha para construir o bem”, diz.Trajetória O primeiro Escritório Local em que Joel Pimenta trabalhou, após ser aprovado no concurso público, foi o de Serra do Ramalho, na Gerência de Bom Jesus da Lapa, onde permaneceu por três anos até ser transferido para o município de Ipecaetá, na Regional de Cruz das Almas. Entre os anos de 1988/89, Pimenta trabalhou em Caatiba,
da Gerência de Itapetinga. Depois passou pelos Escritórios de Sento Sé, da Regional de Juazeiro, e por Senhor do Bonfim, até chegar ao Escritório Local de Coaraci, onde permanece. “Nessa caminhada toda aprendi que não tem nada difícil. O fato de ter trabalhado com várias culturas me deu um olhar diferenciado para a diversificação. Sou polivante e entendo que se combatemos a monocultura, enquanto técnico não podemos ficar apenas em uma cultura”, diz Pimenta, que é visto por alguns colegas de trabalho como uma pessoa polêmica e até autoritária, enquanto chefe. E ele se defende: “quando você conhece as metas da empresa, você se dedica e cobra mesmo de todos. Quando se tem objetivos claros, independente dos colegas gostarem ou não, temos que alcançá-los”, dispara Pimenta. Nesses 32 anos de Empresa, Joel Pimenta contabiliza que já elaborou mais 10 mil projetos voltados para a agricultura familiar, sendo que, desses, pelo menos dez foram de crédito fundiário, que concede recursos para os agricultores adquirirem propriedades rurais. “Eu trabalho de domingo a domingo. Como moro em uma cidade relativamente pequena, todos sabem onde moro e quando o Escritório está fechado me procuram em casa. Até para fazer feira é difícil, porque sou o tempo todo parado por um agricultor. A esposa tem que ir comigo”, fala, entre gargalhadas. A importância do trabalho que a EBDA desenvolve no município de Coaraci está refletida na sinalização da cidade. É uma das poucas cidades da Gerência, que tem o nome da EBDA nas placas que orientam os motoristas a transitar pelo município. Esse reconhecimento, sem dúvida, está ligado também à excelência do trabalho realizado por Joel Pimenta durante os últimos 20 anos, em Coaraci.
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“Meu compromisso é para que todas
as ações da EBDA, direcionadas aos agricultores
familiares, façam a diferença e melhorem a vida
destas pessoas. O nosso papel, como extensionistas,
é facilitar o processo de desenvolvimento das
comunidades agrícolas”, afirma Vinícius Lunna
(40), engenheiro agrônomo da EBDA, que por essa
compreensão é Gente Nossa por se dedicar, há seis
anos, à missão de trabalhar com a Extensão Rural,
na empresa.
A experiência com a agricultura
familiar vem das suas origens. Filho de uma dona de casa, ex-vaqueira, neto de um sanfoneiro, o técnico mantém
as raízes de um autêntico sertanejo. Natural de Seabra, adotou o município de Solto Soares como o seu lugar,
principalmente a região da Chapada Diamantina. De hábitos simples, o nordestino, extensionista, é apreciador da
festa junina tradicional. Para ele, Luís Gonzaga é uma referência dessa festa.
Como primeira formação, Vinícius escolheu ser técnico agrícola e concluiu o curso na Escola de Agropecuária
da Região de Irecê (Esagri). Posteriormente cursou Engenharia Agronômica, na Universidade Federal da Bahia (Ufba),
onde foi o único estudante que publicou trabalhos específicos para a Extensão Rural, nos últimos 20 anos daquele
período. Na EBDA, iniciou suas atividades, como extensionista, em 2005, assumindo a responsabilidade de conduzir
Um extensionistapor vocação
Vinícius Lunna
75
as ações em um Posto Avançado, em Solto Soares.
Nessa época, Lunna retomou os projetos de
mandiocultura, foi percursor da inserção do Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA), que serviu como
exemplo para outras regiões, e formou o primeiro
treinando do Programa Semeando, que tem como
finalidade assegurar sementes e mudas de boa qualidade,
no tempo certo, para os agricultores familiares da
Bahia. “Conseguimos colocar Solto Soares entre os três
municípios de destaque em produção de sementes, da
Chapada”, frisa o extensionista.
Desafios de uma vida Em 2011, Vinícius Lunna encarou mais um
desafio, o de coordenar o Plano Brasil Sem Miséria
(PBSM), que atende aos municípios de Cafarnaum,
Mulungu do Morro e Canarana. Para ele, o PBSM é
um plano diferenciado, que tem como intuito buscar
atender aos desejos dos agricultores familiares, com
ênfase para a multidisciplinaridade de ideias. “A seca fez
com que os agricultores mudassem os seus projetos, mas
não perdessem o foco, que é o de permanecer no seu local
de origem”, pontua.
Para Lunna, que agradece a confiança da EBDA, o
seu lema é respeitar os companheiros, defendendo a missão
da empresa. “Sem doação não é possível exercer a função
de extensionista”. É dessa maneira que Vinícius conduz os
seus trabalhos. O compromisso com a agricultura familiar
faz deste extensionista um exemplo de profissional.
“Ele é bom pai e também bom filho; dedicado a tudo o
que se propõe fazer. É um homem que tem amor a sua
profissão, além de estar à frente do seu tempo, inovando
sempre”, enaltece Sócrates Lúcio, técnico agrícola da EBDA
e primo de Vinícius.
Mas o maior desafio de Vinícius Lunna é educar
João Pedro, de dois anos de idade, seu único filho. “Só
peço a Deus que ele cresça sendo honesto consigo e com
as pessoas”, afirma. Com o “charmoso”, como chama
carinhosamente o filho, Lunna disse que aprende todo dia
uma lição. “Hoje sou mais paciente, graças a ele”. Poeta,
Vinícius acredita que na vida não existe tempo perdido, e,
sim, momentos não aproveitáveis.
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O dia 26 de julho é dedicado aos avós,
pessoas carregadas de experiências, que repassam
às gerações posteriores conhecimento de vida,
ajudando filhos e netos a enxergar melhor o futuro.
Avós são eternas figuras guardadas na memória,
muitas vezes, junto a lembranças de infância, às
quais se homenageia com carinho, respeito e amor.
Neste mês especial, a EBDA abraça e aplaude com
ternura os avós, e para representa-los, o Gente
Nossa, desta semana, evidencia a técnica social,
Maria José de Oliveira, uma “vovó” especial, com
passos enérgicos, fala mansa e ritmada, que dedica seus dias à agricultura familiar.
Com mais de 33 anos na EBDA, Maria José, lotada na Gerência Regional de Irecê, não desanima um único
dia na sua jornada. Aos 66 anos, ela construiu mais do que uma carreira de sucesso na Empresa, cultivou também uma
família formada por pessoas que lhe querem bem e admiram, pela sua dedicação a tudo que faz.
Admitida através de concurso, na extinta Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia (Epaba), a soteropolitana Maria
José deixou de lado a família, em Salvador, e o desejo de seguir a carreira odontológica, para se dedicar à extensão
rural, hoje, uma paixão na sua vida. Referência em todo Estado, por ministrar cursos na área de produção artesanal
associada, a técnica contabiliza mais de 100 capacitações para agricultores familiares de todo o Território Irecê.
avó com garrae fôlego incansáveis
Maria José
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Quando entrei na empresa, logo percebi a
importância de qualificar a mão-de-obra da agricultura
familiar. Então, comecei a me preparar; tomava todos
os cursos, por conta própria mesmo, principalmente
sobre artesanato”, conta a técnica. Ao longo das três
décadas de trabalho, Maria José se especializou em dar
cursos sobre alimentação alternativa, processamento
de vegetais, micro-indústrias domésticas, e materiais de
higiene e limpeza. “Até hoje, quando vou a Salvador, nas
minhas férias, fico procurando cursos para fazer. Penso
sempre no agricultor, o que mais vai interessar a ele e a
sua família”, explica Oliveira.
A determinação e a dedicação que Maria José
tem com o seu trabalho é referência também para os
colegas. A técnica da EBDA, Edenildes Diniz, diz que
a colega é, acima de tudo, uma mulher de garra. “A
disposição que ela tem nos estimula. Eu sou mais jovem
e não tenho a mesma garra e a mesma fibra de Maria
José; ela nos impulsiona”, conta Diniz. A técnica Marta
Mendes, que desenvolve os trabalhos em parceria com
Maria José, afirma que a companheira é um exemplo
para os que estão entrando agora e que sempre será
motivo de orgulho desempenhar o trabalho ao lado dela.
O segredo de ser uma boa profissional, segundo Oliveira,
é ter amor pelo que faz. “Tudo que eu planejo é pensando
na melhoria de vida do agricultor. Eu, graças a Deus,
tenho minha vida arrumada, e posso ajudá-los a progredir na
deles”, declara a técnica. “Sinto-me completamente realizada,
porque cada vez que dou um curso, é como se deixasse um
pedacinho de mim com o agricultor. Ver as comunidades,
que antes não tinham nenhuma estrutura, organizadas,
produzindo e melhorando é o que me faz feliz”, completa.
Casada, com cinco filhos e cinco netos, Maria
José Oliveira diz que sempre existiram dois sonhos na sua
vida: ver os filhos independentes e ver a melhoria concreta
na vida dos agricultores que atende. “Já estou bem perto de
realizar os dois sonhos. Dediquei-me e ainda me dedico para
alcançar isso; já consigo até ver os bons resultados da minha
jornada”, afirma a técnica.
Aposentada há cinco anos, Maria José diz que ainda não
pensa em parar de trabalhar. Cada novo dia é como se fosse
o primeiro, como se eu estivesse começando. Só vou parar no
dia em que não tiver mais fôlego, mas acho que ainda assim,
vou continuar o trabalho”, explica. O gerente regional de
Irecê, Joelson Matos, diz que a funcionária merece todas as
homenagens da empresa e o reconhecimento da sociedade.
“Pessoas como Maria José nos fazem acreditar no nosso
trabalho, ver que uma carreira construída com dedicação é
o que vale à pena”, afirma Matos.
Mas que uma técnica, Maria José é um exemplo a
ser seguido. É profissional competente, mãe dedicada e avó
extrema.
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Com uma única visita à Gerência
Regional da EBDA de Alagoinhas ou ao Escritório
Local de Inhambupe, fica fácil detectar, dentre
todos os profissionais presentes, quem é o
engenheiro agrônomo Nereu Pereira do Monte.
Basta ver qual deles permanece mais tempo com o
sorriso estampado no rosto.
Filho de pai pecuarista e mãe
professora, Nereu do Monte nasceu em 1957, na
Fazenda Papagaio, localizada no município de
Aporá. Seus avós paternos eram muito religiosos,
e, por conta disso, seu pai queria que ele se tornasse padre. Depois de morar três anos em Salvador, ao completar 12
anos, João Bispo do Monte percebeu que o filho já estava na idade certa para entrar no seminário. E foi isso o que
aconteceu: ficou dois anos como seminarista em Aracajú. Saiu porque não tinha vocação.
Após morar três anos em Inhambupe, voltou para a capital baiana para concluir o segundo grau. Não
conformado, seu pai voltou com outra ideia fixa: queria que ele cursasse a faculdade de direito. Já Josefa do Monte
sonhava com um filho médico. Em 1979, passou em direito na Universidade Católica do Salvador (UCSAL) e em
agronomia na UFBA. Finalmente, encontrando sua vocação, desistiu de cursar direito, após um ano, se dedicou
exclusivamente à engenharia agronômica. Dos dez irmãos, foi o único a fazer faculdade.
mais queum agrônomo, um
verdadeiroextensionista
Nereu do Monte
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A colocação em 10º lugar no concurso da
extinta Emater-BA, hoje EBDA, lhe possibilitou realizar
seu sonho de trabalhar com irrigação em Abaré, região
de Juazeiro. Ao se instalar no município, percebeu que
era preciso diversificar as culturas na região, pois não
existia muita opção, somente o tradicional cultivo de
cebola. A partir disso, incentivou o cultivo do melão.
Quando o escritório fechou, em 1989, Nereu
voltou para Inhambupe onde iniciou trabalhos com
culturas de sequeiro e com pecuária. Por volta de 1994,
começou a se dedicar a pesquisas sobre mandioca e,
daí, não parou mais. Implantou campos de estudos
em Crisópolis, Aporá, Sátiro Dias e em comunidades
tradicionais, levando variedades de mandioca resistentes
a pragas e doenças. Durante cinco anos participou de
um projeto de pesquisa em parceria com a Embrapa e
o Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT),
empresa da Colômbia, o que o fez se interessar ainda
mais pela cultura.
Numa visita ao Maranhão, conheceu o
processo de fabricação da cachaça tiquira. Em Sergipe,
se encantou com o trabalho desenvolvido com a
manipueira (líquido extraído da mandioca), usado
na alimentação de bovinos. O agrônomo trouxe as
técnicas para a Bahia, se aperfeiçoando nas aplicações da
manipueira na produção de biogás, etanol, aguardente,
fertilizantes, tijolos, sabão e conserva de alimentos. Ele
também tem ministrado cursos para estudantes, através
do projeto Família Agrícola e Treinamentos de Mão-de-
Obra (TMO), para agricultores.
O técnico tem vasta experiência com citricultura
e agroecologia. De 1999 a 2001, se envolveu num projeto
de horta comunitária na comunidade de Volta de Cima,
em Inhambupe, capacitando agricultores familiares que
só conheciam o sistema convencional. Hoje, 11 famílias
se mantêm com os alimentos produzidos na horta. “Este
é o trabalho que tenho o maior orgulho em ter realizado,
pois depois de 11 anos continua dando certo e de forma
sustentável”, falou emocionado.
Nos momentos de lazer, costuma aproveitar a
tranquilidade de sua propriedade em Abaré. Além disso,
gosta de dançar forró, sair em blocos no carnaval, ir à praia
e viajar. No entanto, ele contou que quando fica mais de
três dias de folga, sente falta do trabalho, querendo voltar
rapidamente às atividades.
“A Empresa representa a minha segunda casa.
Minha maior meta é levar o conhecimento ao agricultor
familiar e visualizar, junto com ele, as transformações no
campo”, declarou Nereu.
Seu chefe, José Osório, não mede palavras para elogiá-lo: “é
bom trabalhar com pessoas com um ótimo humor e que
trazem fluidos positivos. Defino Nereu como um verdadeiro
extensionista, aquele que realmente entende a importância
desse trabalho e missão”.
O agrônomo, que futuramente pensa em fazer
mestrado e ser professor universitário, completa, em agosto,
29 anos de atuação na EBDA. Preocupado com o meio
ambiente, com vasta experiência de campo e que trabalha
sempre de bem com a vida, Nereu Pereira do Monte é um
profissional que só a EBDA tem, ele é Gente Nossa.
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O mesmo pedaço de mar, no Porto
de Salvador, que os pais de Samuel Feldman
avistaram quando chegaram à Bahia, ao fugir da
Romênia durante a Segunda Guerra Mundial, era
o local preferido dele para praticar mergulho, desde
a juventude. Mas a atividade de lazer preferida foi
interrompida a partir de 2002, após um acidente
de carro, no qual fraturou uma das pernas e como
consequência perdeu a agilidade necessária para
mergulhar.
Com este empecilho, Feldman
substituiu o esporte pelas viagens nos momentos de folga. A última foi para Canoa Quebrada, em Fortaleza, sempre
em companhia da esposa, a simpática Morena - apelido de Jovenilce Feldman - com quem é casado há 32 anos e
teve um casal de filhos. Também relata que em casa prefere ficar um pouco sozinho, lendo, leitura essa que avança a
madrugada. Gosta ainda de brincar com os bichos que cria em casa: as cadelas Suzy e Linda e os gatos que apanharam
na rua, Lalá e Lili.
Formada em Letras, Jovenilce também divide com Samuel o mesmo objetivo de trabalhar em prol do
desenvolvimento da agricultura familiar. Ambos atuam na Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola S.A.
(EBDA), ela, especificamente, com a Rede Mulher e Chamadas Públicas, e ele como chefe do Departamento de
um mergulho em trabalhos com a
agricultura
Samuel Feldman
81
Desenvolvimento da Agricultura (DDA), desde fevereiro
de 2011.
Atuando na EBDA desde 2007, o agrônomo,
formado em 1978, na Escola de Agronomia da
Universidade Federal da Bahia, em Cruz das Almas, já foi
assessor da presidência e atuou com assistência ao crédito
rural. No momento, também é coordenador do Plano
Brasil Sem Miséria, cujos trabalhos são desempenhados
por equipes de técnicos, que estão em campo prestando
assistência técnica aos produtores rurais em dez lotes que
a empresa ganhou. O chefe do DDA desenvolve outras
ações e projetos nas áreas de fruticultura e sementes.
Em sua trajetória, Feldman também foi bancário. Na
instituição financeira, trabalhou com prestações de
serviços voltados para a agricultura, durante 20 anos.
Isto, porque fez concurso para uma vaga de engenheiro
agrônomo e ficou lotado no Departamento Rural do
órgão, até 1997, onde fazia assistência de crédito rural
e de financiamento. Daí a familiaridade com assuntos
como o Garantia Safra e com mutirões para emissão
de DAPs (Declaração de Aptidão ao Pronaf), atividades
desenvolvidas pela Empresa, coordenadas por esse
técnico.
Este inquieto soteropolitano, que afirma que
ama ser baiano, mas que detesta comida baiana, preferindo
feijão com verdura no almoço de cada dia, passou por
outras experiências profissionais. Ao sair do banco, montou
um negócio próprio: uma empresa de transporte de água.
“Após quatro anos de atuação, resolvi partir para outra
atividade. Sentia falta de trabalhar com pessoas, em equipe,
contribuindo socialmente”, disse.
A opção encontrada foi voltar ao serviço público e
atuar no Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF),
do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), no qual,
por dois anos, trabalhou junto com técnicos, na compra de
terras para a Reforma Agrária. Mas Samuel queria fazer mais.
É neste passo, de contribuir para o desenvolvimento
sócio-econômico do Estado, que Feldman deixa a porta do
DDA, que coordena, aberta e receptiva à colaborações e
ideias. Na EBDA, as parcerias profissionais já renderam a
conquista de 19 chamadas públicas, entre 2011 e 2012.
Aos 58 anos, com muita experiência de vida e de
trabalho, Feldman afirma: “se soubesse o quanto é bom
trabalhar na EBDA, já tinha vindo prá cá há muito tempo”.
É por isso que Samuel Feldman é gente nossa.
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Profissional dinâmica, criativa e
companheira. Essa é a definição dada pelos colegas
de trabalho, a chefe de Escritório Local de Valença,
Sandra Lúcia de Magalhães Marins. Coordenadora
do Projeto Pacto Federativo, no Baixo Sul, Marins
atualmente lidera uma equipe de 54 profissionais a
quem dedica atenção e comprometimento.
Sandra é uma extensionista rural,
nata, que trabalha na atividade social há 32 anos,
colocando o desenvolvimento da agricultura
familiar em primeiro plano, em seus compromissos
profissionais. Graduada em Serviço Social, pela Universidade Católica de Salvador, em 1981, Sandra logo foi aprovada,
em 1982, no concurso da antiga Emater-BA, atual EBDA, ficando à disposição da Cooperativa Agrícola Mista de
Batéa, em Jaguaquara, por três anos. Após esse período, Marins assumiu o cargo de assistente social da EBDA, no
mesmo município, de onde traz boas lembranças.
“Em Jaguaquara, atuei exclusivamente com Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), trabalhando com
agricultores, jovens, mulheres e grupos de produção, e pude contribuir com a organização e planejamento de atividades
agrícolas, de associativismo e cooperativismo”, recordou Sandra.
Há 18 anos a técnica veio para o município de Valença, onde percebeu a necessidade de estimular a
uma colaboradorada Ater pública
Sandra Marins
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produção de alimentos e de culturas de ciclo curto, como
forma de capitalizar e fortalecer as famílias rurais. Chefe
de Escritório Local, Marins tem o carinho e o respeito de
todos que trabalham com ela. Para a veterinária Maiana
Machado, Sandra representa a força e o dinamismo da
mulher no cenário agropecuário baiano. “Todos nós
somos aprendizes da experiência profissional de Sandra.
A forma, como ela gerencia, nos contagia”, comentou
Machado.
Apaixonada pelo trabalho rural, Sandra
procura participar de diversas capacitações profissionais
no setor agrícola, com o objetivo de se atualizar nas
novas tendências do negócio agrícola. “É necessário
aprimorar o conhecimento técnico, afinal o mundo está
em constante mudança; por isso quero estar capacitada,
e repassar o que aprendo para a minha equipe, que tem
um excelente potencial de aprendizagem”, comentou
Marins.
A simplicidade e humildade que Sandra tem
no tratamento com os agricultores familiares fazem
a técnica ganhar o carinho e o prestígio entre eles,
buscando, cotidianamente, seu atendimento. Maria Joselita
Santos, agricultora familiar, descreve Sandra como o braço
forte da agricultura, na região. “Conheço dona Sandra, tem
oito anos sempre com carinho e boa vontade de resolver
as dificuldades da minha comunidade, apoiando muito os
nossos eventos”, declarou a agricultora.
Mãe amorosa e zelosa com seus três filhos: Leo,
Raniere e Sandrinha, a técnica dedica parte de seu tempo
ao seu compromisso familiar, buscando estar presente nos
momentos importantes da vida dos filhos. Casada com o
médico cirurgião, Osvaldo Cruz, que não poupa elogios à
esposa. Dr. Osvaldo afirma ser um admirador revelado do
ofício e o do caráter da esposa. “Sandra é uma pessoa corajosa,
não tem medo de trabalho; admiro o amor que ela tem pelos
agricultores familiares e o seu envolvimento com a equipe. É
uma colaboradora nata da Ater pública, trabalhando sempre
com amor. Minha definição para Sandra é de uma pessoa
maravilhosa”, declarou.
É por todos esses anos de trabalho, dedicação
e comprometimento com a agricultura familiar, que a
profissional Sandra Marins é gente nossa.
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Compromisso, respeito e seriedade.
Esses são os pilares para o sucesso dos trabalhos
da agricultura familiar, na opinião do engenheiro
agrônomo da EBDA, em Nazaré das Farinhas,
Francisco Alves Vieira Filho (62), conhecido
popularmente como “Chico”. Extensionista há
38 anos, este técnico é referência nos trabalhos
pedagógicos desenvolvidos no campo, onde
estimular o desenvolvimento social e econômico
das famílias rurais é uma das suas ações como
pedagogo “por vocação”.
Formado em engenharia agronômica, pela Universidade Federal da Bahia, em Cruz das Almas, Francisco
Alves também buscou especializar-se em Irrigação e Drenagem, no Instituto Interamericano de Ciências Agrícolas,
em Petrolina PE. Apostando na tecnologia, ele também fez especialização em Georreferenciamento, na Faculdade de
Agrimensura, em Minas Gerais.
Francisco ingressou na carreira profissional em 1974, no município de Livramento, Sudoeste do Estado,
quando foi aprovado no concurso do Instituto Baiano de Crédito Rural (IBCR), posteriormente Empresa de Crédito
e Extensão Rural (Encerba), seguido da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Bahia (Ematerba), atual
EBDA.
um homemcomprometido com a
educação no campo
Francisco Alves Vieira Filho
85
Apesar de agrônomo, por formação, a
pedagogia está na veia desse educador nato que
compreende a educação como forma de construção de
um futuro digno. Em sua história de vida profissional,
ele conta que em feiras livres, exposições, dias-de-campo
e atividades que concentravam grande público, realizava
uma atividade que ele nominou de “Ater em Feiras
Livres”, que consistia na ação de levar conhecimento
técnico ao agricultor familiar, de forma rápida e prática,
sobre as culturas agrícolas, plantio, adubação, prevenção
de pragas, entre outras informações.
Segundo colegas, com o megafone na mão,
Chico saudava os agricultores e convidava a todos a
participarem do momento Ater, e logo o público estava
adquirindo novos conhecimentos, esclarecendo dúvidas
e trocando experiências. O encontro com os produtores
acontecia todos os sábados, na feira do município de
Nazaré das Farinhas, onde permanece até hoje. O
trabalho deu certo e foi apresentado no Congresso
Internacional de Comunicação Rural, em Recife/1984.
Palestras sobre associativismo e cooperativismo são
realizadas, periodicamente, por Francisco, bem como
diagnóstico local, emissão da Declaração de Aptidão
ao Pronaf (DAP), orientações técnicas sobre criação
de animais, plantio, adubação e comercialização, nas
comunidades que ele trabalha, no município de Nazaré.
Atualmente, Francisco se dedica à implantação de
uma Unidade Experimental Demonstrativa (UED), de
mandioca. “Estou ansioso para ver o comportamento de
novas variedades de mandioca aqui, na região; isso pode
trazer bons resultados para o agricultor familiar”, comentou
o técnico.
Fotografia como hobby Pai de quatro filhos, casado com Marília da
Conceição Teixeira, Francisco dedica parte do seu tempo
livre à família e também à fotografia, uma de suas paixões. De
acordo com ele, a fotografia é a arte de expressar sentimentos,
pensamentos e emoções. “Eu gosto de fotografar, pois com as
imagens é possível relembrar tudo de bom que já foi vivido”,
comenta o também fotógrafo Chico.
A simplicidade e humildade de Francisco atraem
muitos amigos, um deles, o chefe de Escritório Local de
Nazaré, Manoel Brito, que não economiza elogios: “Chico
é um técnico exemplar, companheiro, profissional e ético.
Todos que trabalham com ele o admiram pela forma simples
que leva a vida, buscando sempre ajudar ao próximo. É um
prazer estar próximo de uma pessoa como ele”, declarou
Brito.
Por amor à extensão rural, por acreditar que o futuro
da agricultura familiar pode ser mais próspero, e por dedicar
38 anos de sua vida ao fortalecimento e desenvolvimento
das atividades agropecuárias, é que Francisco Vieira Filho é
Gente Nossa.
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A assistente social Ildete Dreger de
Souza, filha do pecuarista Epaminondas Manoel
de Souza e da professora Rosália Dreger de Souza,
é a nona de onze filhos. É citada pelos colegas de
trabalho como exemplo de uma pessoa dinâmica e
amiga, mulher guerreira, carinhosa, determinada e
competente, que não teme desafios. Descendente
de alemãs e italianos, sempre foi considerada pela
família como uma pessoa meiga e estudiosa.
Nasceu em 14 de março de 1963, em
Seabra, região da Chapada Diamantina. Perdeu
a mãe cedo, aos treze anos de idade. Admiradora
eterna do pai, sempre teve todo o seu apoio durante a sua caminhada de vida. “Ele tinha todas as qualidades possíveis;
era pai, amigo e confidente. Tive uma convivência muito forte com ele”, diz Ildete, com um enorme sorriso, ao
lembrar.
Sempre inquieta, a determinada jovem mudou-se para São Paulo assim que terminou o ensino médio, aos
dezoito anos, e por lá permaneceu quase um ano. Foi com o objetivo de estudar, já que em Seabra não tinha como
cursar uma faculdade, um de seus sonhos. Porém não encontrou oportunidade de trabalho, na época, e retornou
para sua cidade natal.
Mulher de Fibra
Ildete Dreger de Souza
87
Na busca por emprego, prestou o concurso
para atuar na Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural da Bahia (Emater/BA), e quando retornou da
capital paulista, teve a grata surpresa, foi aprovada e
ingressou na empresa em 1982, atuando como assistente
administrativa, em Seabra. Trabalhou em Macaúbas,
Boquira e Andaraí, e em 1997 foi transferida para a
capital baiana. Antes de vir para Salvador, a assistente
social foi capacitada na área de informática da sua região.
Na sede, iniciou no setor de pessoal, onde era
responsável pelo remanejamento de funcionários nos
diversos departamentos da empresa; foi secretária do
projeto Pró Renda - um convênio de cooperação técnica
entre o Brasil e a Alemanha -, que consistia em trazer a
metodologia aplicada na zona rural alemã para o Brasil.
Desenvolveu um importante trabalho na EBDA, ao
fazer o perfil dos empregados de 13 gerências regionais.
Em maio de 2006, assumiu a coordenação do Centro
de Treinamento (CTN), onde está até hoje. No setor,
ela trabalhou para a melhoria da estrutura física do
Centro, na reforma do auditório e implantou novos recursos
didáticos para atender ao público do CTN.
Ildete passou por grandes dificuldades para
conciliar a vida de mãe e funcionária. Por conta de suas
ocupações, passou um bom tempo longe do filho. Sempre
muito focada, realizou seu maior desejo aos 38 anos: cursar
a Faculdade de Serviço Social da Universidade Católica de
Salvador (Ucsal). Fez pós-graduação em psicopedagogia, para
aperfeiçoar-se, e orgulha-se de ter comprado um carro e um
apartamento, sozinha, e ter formado seu filho, Clodoaldo,
em Direito.
“Fui estudante, estagiária, funcionária, esposa e
mãe, o que requereu um grande esforço, mas valeu a pena”,
diz Ildete, que, nas horas de lazer, gosta de cinema, teatro
e sempre volta à fazenda deixada pelo pai para renovar as
energias.
A assistente social ainda pretende colocar um
projeto em prática: montar um consultório de psicopedagogia
clínica. “Só tenho a agradecer a EBDA por tudo que já
conquistei, entretanto, ainda tenho muito a realizar”.
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Quem vê aquele homem sério, sempre
com seu chapéu a postos e de pouca conversa, não
imagina o quanto sábio, humilde e simpático ele é.
Basta puxar um “dedo de prosa” para identificar
essas e muitas outras qualidades que o engenheiro
agrônomo da EBDA, João Cerqueira Barros, tem.
Filho de pai comerciante e mãe dona de casa,
nasceu em Feira de Santana, em 1956. Desde
criança sempre foi estudioso e aplicado. “Cumpria
todas as minhas obrigações e meus pais nunca
precisaram pegar no meu pé”, revela João Barros,
que, após terminar as tarefas escolares, ia para o
estabelecimento de seu pai para ajudá-lo.
Em 1981, graduou-se em agronomia pela UFBA e, neste mesmo ano, passou entre os 10 primeiros colocados
no concurso da antiga Ematerba, hoje EBDA. Começou sua carreira na empresa atuando como chefe do Escritório
Local de Seabra. O agrônomo conta que, naquela época, sentiu dificuldade para se adaptar à região, pois tudo era
novo para ele, que acabara de se formar. No entanto, rapidamente se acostumou com o ritmo do trabalho.
Após passar quatro anos em Seabra, foi transferido para o Escritório Local de Santo Estêvão, ocupando o
mesmo cargo. Em 2006, voltou para a sua cidade de origem, para assumir a chefia da Estação Experimental de Rio
Seco, onde trabalhou por dez anos. Atualmente, João Barros é o chefe do Centro de Profissionalização de Agricultores
Familiares da Estação de Rio Seco (Centreapis).
“seu nome é trabalhoe o apelido é labuta”
João Cerqueira Barros
89
A área vegetal é a que mais se identifica, e
domina, visto que trabalhou durante muito tempo com
a produção de mudas e não parou mais. Somam-se
a isso projetos como a “fazendinha” – uma espécie de
unidade demonstrativa com várias tecnologias para a
pequena produção, cultivo de flores tropicais e criação
de aves caipira. “Sempre tive interesse pelas atividades
do homem do campo. Por frequentar fazendas desde
criança, despertei a curiosidade, e o prazer virou
profissão”, afirma Barros.
Sobre perspectivas no trabalho, conta que
pretende ampliar ainda mais os trabalhos já desenvolvidos
e implantar novos projetos voltados para a agricultura,
e entre eles, transformar a Estação em uma Fazenda
Modelo para a agricultura familiar. Não pensa em seguir
a carreira acadêmica, pois acha que não tem perfil para
ser professor e prefere dedicar-se aos trabalhos práticos de
campo.
No Centro de Profissionalização, recebe
regularmente a visita de estudantes do ensino
fundamental das escolas da região. Volta e meia,
também ministra cursos de enxertia e de produção de
mudas. Além disso, participa ativamente da organização
de eventos como a Expofeira e a Fenagro. Coordena todo o
processo de montagem dos estandes e auxilia na elaboração
da programação das atividades apresentadas.
Nas horas vagas, gosta de bater papo com os
amigos, caminhar, viajar, andar de bicicleta, curtir uma praia
e jogar xadrez. É festeiro, mas não gosta muito de dançar,
só o básico. “Sou muito tranquilo, fico mais na minha”,
confessa.
O assistente técnico administrativo, Rogério
Oliveira, diz que João Barros é um técnico muito responsável,
trata todas as pessoas da mesma forma, sem distinção, e que
gosta muito de trabalhar em equipe. “Eu sempre brinco
com ele que seu nome é trabalho e o apelido é labuta. É
um homem que não tem preconceitos: pega na enxada, cava
buraco e leva o serviço até o fim”, afirma o seu colega de
trabalho.
Ao falar sobre o que a EBDA representa em sua vida, deixa
claro que todos os anos de dedicação constante o levaram a
adquirir muita experiência e se apaixonar ainda mais pela
engenharia agronômica. “Não sou perfeccionista, porém
procuro fazer tudo sempre bem feito, pois levo muito a sério
o meu trabalho e, por consequência, a EBDA”, explica João
Barros.
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“O legado da agroecologia na EBDA”.
Este foi o elogio dito, com muito entusiasmo, por um
dos colegas de Daniel Rebouças Dourado, agrônomo
da EBDA, participante de uma videoconferência sobre
quintais agroflorestais. Quando se fala em agroecologia na
empresa, o nome Daniel Dourado surge instantaneamente
como num sistema de busca do Google. E isso não é um
exagero: todos o procuram por ser uma referência, devido
ao importante trabalho desenvolvido por ele, na área.
Daniel Dourado nasceu em Feira de
Santana, em 1957. Filho de fazendeiro e mãe dona-de-
casa formou-se em agronomia pela UFBA, em 1980. No
entanto, queria estudar medicina por achar que já havia sido
médico em outra encarnação. Gostou tanto da engenharia
agronômica, que logo desistiu de seguir a área médica.
Assim que saiu da universidade, passou no concurso da Emater-Ba, empresa que deu origem a EBDA. Apesar de
aprovado, não foi chamado porque não tinha carteira de motorista. Com a habilitação em mãos foi trabalhar em Canarana,
como técnico de campo, por um ano e meio. Depois disso, foi para Irecê, onde trabalhou no escritório local executando
atividades ligadas à agricultura alternativa, como se chamava na época.
Ainda em Irecê, foi convidado para ser assessor local da empresa, para auxiliar a equipe técnica do Programa Especial
para a Agricultura Familiar (Papi). Logo em seguida, passou de assessor a gerente. Realizou experiências de produção orgânica,
com um grupo de agricultores de Gameleiros do Açoruá, na serra de Gentil do Ouro e com produtores de Xique-Xique. Na
mesma época, participou de um trabalho de capacitação junto com a assessoria do Projeto de Tecnologia Alternativa (PTA),
da Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (Fase).
Anos depois, criou o Grupo de Apoio de Resistência Rural e Ambiental (Gara), uma ONG criada através de
um dos pioneiros da agroecologia na Bahia
Daniel Dourado
91
encontros e seminários sobre agricultura alternativa. A
partir disso, começou a ficar conhecido em toda a Bahia
ao divulgar seu vasto conhecimento na área, nas diversas
palestras apresentadas.
Após trabalhar por doze anos em Irecê, realizando
capacitações para técnicos e agricultores da região, Daniel
retornou à sua cidade natal, em 1993. Chefiou o escritório
de Santa Bárbara, por dez anos, promovendo atividades
de convivência com a seca, ligadas à agroecologia. Atuou
também como instrutor no centro de profissionalização da
Fazenda Mocó, ministrando cursos de manejo ecológico do
solo, em todas as regiões do Estado.
Fez consultoria em agroecologia, para agricultores,
em Serra Preta, Ipirá e Amargosa. “Com esse trabalho as
pessoas começaram a produzir organicamente e vender para
a alimentação escolar”, conta orgulhoso. Atualmente, Daniel
Dourado está coordenando um projeto sobre fertilidade
do solo, em Feira de Santana. “Implantamos campos
experimentais para mostrar, na prática, como resolver
problemas como pragas e doenças, e que está servindo de
referência para difundir as práticas agroecológicas”, explica
Dourado.
Além da agroecologia, o também especialista em
homeopatia, pelo Instituto Homeopático Soares da Cunha,
em Salvador, vem realizando muitos trabalhos nesta área. O
controle da mosca-das-frutas em mangueiras, do ataque do
escargot, às plantações, da queda dos frutos dos coqueiros, e
da antracnose e fusariose, em feijão, são alguns dos avanços
já obtidos com a chamada agrohomeopatia.
Através do Programa Quintais Produtivos, Daniel
Dourado vem implantando campos no sistema de agloflorestas,
onde são plantadas, numa mesma área, diversos tipos de
culturas. “A gente vai garantindo trabalho e renda para as
famílias, sinalizando para uma melhoria da qualidade de vida e
incorporando a preservação ambiental”, explica o técnico.
Um dos seus objetivos é fazer com que a agroecologia
seja institucionalizada dentro da empresa e difundida por
todos os programas e projetos. “Minha meta é trabalhar pela
sustentabilidade do planeta, pensando numa sociedade mais
justa, onde as pessoas tenham direito de usufruir dos bens
produzidos, pensando na conservação dos recursos naturais”,
revela.
A preocupação com o meio ambiente não vem só
da agronomia. Daniel é presidente de um centro espírita e, por
isso, faz um “link” perfeito entre o material e o espiritual. “Essa
interrelação do plano físico com o espiritual contribui muito
para a agroecologia, apesar de não ser considerada uma área de
atuação neste campo, mas incluo por minha conta”, ri.
Sobre sua personalidade, diz que tem um
temperamento forte, apesar de aparentemente calmo e tranquilo.
Casado, pai de onze filhos, apenas um escolheu a sua profissão.
Ama o que faz e gosta de trabalhar mais no campo. Esclarece que
atividades burocráticas de escritório não o estimulam muito.
Em meio a tantos elogios à EBDA, ele deseja vê-la
“mais oxigenada com a agroecologia, quebrando paradigmas
para ter uma extensão rural renovada”. Este é Daniel Dourado,
que assim como seu sobrenome, transluz uma boa energia na
empresa. Valendo o trocadinho, um engenheiro que vale ouro.
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Uma pessoa com expressões fortes,
marcadas pelo trabalho duro na terra, calado, durão,
organizado e perfeccionista. Quando tem uma
questão para resolver não se inibe, só sossega quando
encontra uma solução. Considerado pelos colegas de
trabalho como um funcionário “pau para toda obra”,
o técnico agrícola da EBDA, Lisvaldo Alves de Jesus é
citado como um homem dinâmico, que trabalha com
mecânica, na lida com os animais e conhece a estação
experimental de Aramari como a palma da própria
mão.
Nascido em 16 de Abril de 1955, no
povoado de Santa Hilária, zona rural do município de
Pimenta, em Minas Gerais, o filho de agricultores familiar, teve o povoado onde vivia coberto pelas águas, depois que
a represa situada às margens do Rio Grande rompeu, e inundou uma grande parte da comunidade, o que obrigou os
pais de Lisvaldo a mudarem para a parte alta da cidade.
Sem muitas alternativas de estudo em Pimenta, Lisvaldo mudou-se para Franca, localizada em São Paulo, lá
concluiu o curso técnico agrícola em 1977. Prestou concursos nos Estados de Mato Grosso, Rondônia e São Paulo e
não obteve resultado positivo. Resolveu então fazer o concurso da Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia, antiga
(EPABA), foi aprovado, e no dia 18 de agosto de 1978, começou a se dedicar à agricultura familiar.
O primeiro município que o técnico agrícola atuou foi Monte Gordo, onde prestava assistência com a cultura
do coco; lá permaneceu por um ano. Em seguida, foi transferido para Nova Soure; trabalhou com irrigação, plantio
um homem que não tem medo de trabalho
Lisvaldo Alves
93
de milho e hortaliças. Em Dezembro de 1979, foi para
Juazeiro, auxiliar o trabalho com plantio de feijão irrigado,
e, em 1982, mudou-se para Aramari onde permanece até
hoje.
Na estação Experimental de Aramari, o técnico
agrícola cuida dos bovinos e bubalinos, faz a conservação
de pastagens, a parte zootécnica, controle de vermifugação e
nascimento dos animais, tatua os bezerros após o nascimento,
recupera as cercas danificadas e auxilia os vaqueiros. “É um
verdadeiro trator para trabalhar, me ajuda do conserto
de automóveis ao trabalho com tubulação e eletricidade,
quando necessário” relata a chefe da Estação Experimental
de Aramari, Carolina Mello.
Muito organizado, mantém controle de todo
rebanho da estação através da planilha Excel, onde aprendeu
a mexer sozinho. “É um técnico que está sempre disponível,
por diversas vezes, leva trabalho para casa; é responsável
e correto”, disse o veterinário Vicente Dias, que, além de
colega de trabalho do técnico, tornou-se um amigo presente.
Por falta de condições financeiras não fez um curso
superior, se tivesse tido oportunidade teria feito agronomia.
No momento gostaria de se especializar em mecânica, por
causa da paixão pelo conserto de automóveis.
Embora tenha um enorme carinho pelos animais,
diz que não optaria pelo curso de medicina veterinária,
justamente por não gostar de ver o sofrimento dos animais.
No período de seca, Lisvaldo por muitas vezes trabalhou
dia e noite arando a terra para plantar capim e manter a
conservação de pastagens. Ficava agoniado quando não via a
fartura de capim para os bichos.
“Amo o que eu faço. Aprendi muita coisa com EBDA,que é
minha segunda família”, declarou. Pai de três filhos, Juliana,
Silvio e Marcos, o técnico orgulha-se da filha mais nova.
Juliana, que cursa Administração. Nos momentos de lazer,
costuma pescar, paparicar a netinha Alicia, de um ano e cinco
meses, e gosta de ficar em casa com a esposa Fátima, com
quem é casado há 28 anos.
Por trás dessa aparência rude e firme se esconde
um homem emotivo, que chora quando fala de dona Luiza
Cândida de Oliveira. “Sinto muitas saudades de minha mãe,
lembro dela sempre. Depois que ela faleceu, perdi a alegria
de voltar a minha terra natal, que visitava todos os anos”,
recorda Lisvaldo com os olhos marejados. O técnico, que
atua na EBDA há 34 anos é um exemplo de bom caráter,
comprometimento e amor pela vida no campo. Um homem
que sonha em ter um sítio próximo à praia e orgulha
imensamente a EBDA.
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É nas terras secas do oeste, onde o
sol racha os pés do sertanejo, que o técnico em
agropecuária da EBDA, Paulo Araújo (48), cativa
agricultores familiares com música, arte e amor.
Natural do município de Bom Jesus da Lapa,
no Vale do São Francisco, ele se encantou pela
música aos 14 anos, ao ganhar de sua mãe, Maria
Araújo, um violão, e aos 16 anos, descobriu sua
vocação agrícola, na Escola Agrotécnica Federal
de Urutaí, em Goiás.
Na terra que faz brotar a resistente
palma, também nascem homens e mulheres valentes e fortes, que lutam para sustentar suas famílias e têm
fé e esperança de que um dia a vida no sertão seja melhor. Foi na tentativa de contribuir com a melhoria
da qualidade de vida dos seus conterrâneos que Paulo decidiu nunca deixar sua cidade natal, e é difícil
encontrar na região alguém que não conheça o artista Paulão Araújo, da banda “Morão di Privintina”.
Após concluir o Curso Técnico em Agropecuária, Paulo foi para o Espírito Santo estudar a
Metodologia da Escola Família Agrícola, em 1984; depois trabalhou em várias empresas de assessoria técnica
agrícola, realizando muitos projetos, entre eles, de irrigação no semiárido. O técnico chegou à EBDA em
2009, por meio do Regime Especial de Direito Administrativo (Reda); trabalha assistindo 11 comunidades
A sintonia entrea Assistência Técnica
e a música regional
Paulo Araújo
95
do Projeto de Assentamento Agroextrativista São
Francisco, em Serra do Ramalho. E ajudou a criar
pontos de leitura, desenvolveu encontros territoriais
com mulheres, trabalhos de revitalização da Bacia
do São Francisco e cadastramento e elaboração de
projetos do Pronaf.
Paulão é admirado pelos colegas pelo que
faz na assistência técnica e no meio cultural de Bom
Jesus da Lapa. “Altamente prestativo, não há tempo
ruim para ele, nunca vi de mal com a vida”, conta o
engenheiro agrônomo da EBDA de Serra do Ramalho,
Pedro Fernandes Alves.
Atualmente, Paulo e a banda Morão de
Privintina trabalham com projetos culturais voltados
para comunidades rurais, mas já se apresentaram em
Salvador, nos bairros do Rio Vermelho e Praças Tereza
Batista e Quincas Berros D’água, no Pelourinho, com
show do primeiro cd “Cama de Quiabento”.
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Bacharel em química pela UFBA, da
turma de 1974, Ariomar de Castro Aguiar foi
coordenador do Laboratório de Química e
Física do Solo da Universidade Federal da Bahia
e começou sua carreira trabalhando no Instituto
de Geociência, no Projeto de Geoquímica. Em
1980, deixou o projeto para trabalhar na antiga
Empresa de Pesquisa Agropecuária da Bahia
(Epaba), hoje, EBDA, a convite do coordenador
do Programa de Solos da Bahia, na instalação do
Laboratório de Solos.
Referência na área, logo estruturou todo o
laboratório da empresa que funcionou até 1990,
e em 1991, houve a junção da Epaba com a Emater-Ba, quando foi constituída a EBDA. Nesta época, com o
avanço da soja em Barreiras, o laboratório foi transferido de Salvador para o município. Após alguns anos de
atuação, retornou para a capital baiana para novamente implantar o Laboratório de Solos, e, paralelamente,
o laboratório da EBDA em Teixeira de Freitas.
No transcurso de sua vida profissional, Ariomar esteve na França, em 1978, onde passou um ano,
fazendo uma especialização e aperfeiçoamento técnico e científico, no Office de la Recherche Scientifique et
Technique d’Outre-Mer (ORSTOM), como bolsista deste centro de pesquisa internacional.
dedicação extrema à pesquisa do solo na Bahia
Ariomar Aguiar
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Nascido em Salvador, em 1950, Ariomar
é filho de um telegrafista e de uma assistente
administrativo. Com relação aos estudos, sempre foi
um dos melhores alunos. Mesmo sendo muito bom
em química, não pensava em cursar a faculdade nesta
área. No entanto, por incentivo de seus professores
do segundo grau, optou pela profissão, o que afirma
ter feito a escolha certa. Segundo os colegas de
trabalho, isto é claro em função da sua dedicação
extrema ao trabalho diário no laboratório.
“Não sou perfeccionista, mas gosta das coisas bem
feitas”, afirma discreto Ariomar. É pontual - segue à
risca seus horários -, e quem o conhece, sabe que é
introvertido e reservado. No trabalho, só fala sobre
assuntos referentes ao laboratório e nada mais.
Nas horas vagas, gosta de ouvir música,
preferencialmente, Bossa Nova e MPB. Toquinho,
Vinicius de Morais e Seu Jorge são seus cantores
preferidos. Aos 62 anos, confessa que deixou um
pouco de lado as leituras sobre assuntos técnicos.
Hoje, prefere livros mais leves, relacionados à saúde e
bem-estar.
O técnico da EBDA também é amante da
sétima arte. Filmes de guerras históricas e de faroeste são
os seus prediletos. Como todo fã do gênero, John Wayne
é o seu ator número um. Ele chega a gravar vários filmes
para assistir nos finais de semana. Influenciado pelos
filmes da época, recorda que, quando criança, seu sonho
era ser piloto de avião.
Sobre metas, afirma que uma parte já cumpriu
ao educar seu casal de filhos, todos pós-graduados, a
segunda, fica por conta de viver melhor e com saúde.
“Quero viajar mais, relaxar e ter qualidade de vida”,
revela o químico que pretende trabalhar até aos 70 anos.
Ainda este ano, espera ter o seu primeiro netinho.
Ao falar sobre seu trabalho, explica que se
sente gratificado pelo fato de poder prestar assistência
ao agricultor familiar e conscientizá-lo sobre o melhor
aproveitamento do solo e da água. Chefe, pai e colega
atencioso, Ariomar é uma pessoa simples, dedicada e
culta. Um fundador perseverante e comprometido com
a ciência, o que a EBDA reconhece.
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Simples, bem disposto e
solidário. Essas qualidades definem um pouco
o profissional Raimundo Vasconcelos Silva, o
famoso “Bobó”, da EBDA. Responsável por
levar e trazer as correspondências geradas pelo
Gabinete da Presidência (GPR) e das diretorias
da empresa, o contínuo da Diretoria Executiva
traz na bagagem profissional 35 anos de
experiência nas rotinas administrativas.
Casado com Iris Vieira Santos,
Bobó se diz um homem feliz, realizado com seu
grande amor. Pai de Renan Vieira (28), e avô do pequeno Rian, de 5 anos, o chefe de família reserva seus
momentos vagos para dedicar-se às brincadeiras com seu neto.
O apelido “Bobó”, bastante popular entre os colegas, amigos e familiares, segundo conta, surgiu das
brincadeiras de criança, quando os companheiros passaram a chamá-lo por esse codinome, justificando que
Raimundo só pescava ‘pequenos peixes conhecidos como bobós’, às margens do riacho que ficava próximo
à sua casa, no bairro da Caixa D’Água, em Salvador.
Conhecido e admirado por todos os colegas, Bobó revela que a EBDA é sua segunda casa, e
seus colegas são extensão da sua família. “Tenho um carinho enorme por todos que trabalham comigo;
um homemque tem prazer
em servir
Raimundo Vasconcelos Silva
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gosto muito de estar na companhia dessas pessoas
trabalhadoras e honestas. É um prazer fazer parte da
equipe da EBDA”, declara Bobó.
Raimundo Vasconcelos foi admitido
na EBDA, em 1977, na extinta Emater-BA, e,
hoje, passados 35 anos, o servidor público ainda
trabalha com a mesma garra e vitalidade, tendo a
disponibilidade como sua principal característica.
Muitos são os depoimentos dos colegas de trabalho.
A equipe do Gabinete, por exemplo, expressa
seu carinho definindo Bobó como uma pessoa
extremamente solidária, simples, alegre, formidável,
presente e, acima tudo, de bom caráter e de coração
puro. Ele é simplesmente ‘um profissional nota 10’,
declaram todos os colegas.
Trabalhos de cunho social fazem parte das
atribuições de Bobó, como secretário do Conselho
de Moradores de Canabrava, bairro onde mora.
Organizar festas de Natal, fazer a distribuição de
cestas básicas, realizar atividades de recreação em
comemoração ao Dia das Crianças, festejos de
Páscoa, homenagens ao Dia das Mães, entre outras
ações, são atividades rotineiras de Bobó, voltadas para
a sua comunidade. “Estou sempre envolvido com as
coisas sociais; é preciso ser solidário e oferecer um pouco
de si para os que mais precisam. O ideal é proporcionar
esperança de dias melhores para os que vivem no bairro,
que têm uma triste história. Gosto muito de trabalhar
como voluntario”, afirma Bobó.
Nas horas vagas, nos finais de semana,
Raimundo reúne os amigos para jogar uma clássica
partida de dominó. Ele comenta que este é o momento
para rever os velhos amigos e colocar a conversa em dia.
“O dominó é um passatempo tranquilo e divertido;
gosto de desfrutar desses momentos”, comenta.
Outra grande paixão desse cidadão é a
fruticultura: em uma área, no quintal de sua casa, Bobó
cultiva árvores frutíferas como graviola, jambo, coco,
acerola e pitanga, e os tratos culturais são realizados por
ele mesmo, que dedica as manhãs de sábado e domingo
para cuidar de sua plantação. Perguntado sobre o que
faz com os frutos, ele responde compenetrado: “uso na
alimentação familiar, já que as frutas possuem um rico
teor de vitaminas”.
Com sorriso simples, a disponibilidade
estampada no semblante e o caráter de um homem
digno, pai, amigo, colega e profissional, Raimundo
Vasconcelos da Silva, o Bobó, faz a diferença na EBDA.
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Secretaria da Agricultura, Pecuária,Irrigação, Reforma Agrária,
Pesca e Aquicultura
www.ebda.ba.gov.br