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1 GEOGRAFIA AULA 01: NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA (1ª PARTE) 1. O QUE É GEOGRAFIA? A Geografia é uma ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço geográfico, que corresponde ao palco das realizações humanas. O homem sempre teve uma curiosidade aguçada acerca dos lugares onde desenvolvem as relações humanas e as do homem com a natureza, principalmente com o intuito de alcançar seus interesses. A Geografia recebe diversos significados: de uma forma genérica, dizemos que “geo” significa Terra e “grafia”, descrição. Ou seja, Geografia é a descrição da Terra. Essa descreve todos os elementos contidos na superfície do planeta como atmosfera, hidrosfera e litosfera que compõe a biosfera ou esfera da vida (onde se desenvolve a vida), além da interação desses com os seres vivos. O estudo da Geografia em sua fase inicial focaliza somente os elementos naturais, mais tarde, pesquisas unindo aspectos físicos com sociais foram estabelecidas, referentes à ação do homem sobre o espaço natural. A partir desse momento teve início também o estudo sistemático das sociedades, tais como a forma de organização econômica e social, a distribuição da população no mundo e nos países, as culturas, os problemas ambientais decorrentes da produção humana, além de conhecer os recursos dispostos na natureza que são úteis para as atividades produtivas (indústria e agropecuária). Assim, o estudo geográfico conduz ao levantamento de dados sobre os elementos naturais que atingem diretamente a vida humana como clima, relevo, vegetação, hidrografia entre outros. A Geografia moderna tem como precursor o naturalista alemão Alexander von Humbold, que se baseava no empirismo (ou seja, a experiência sensível); posteriormente surgiram diversos outros pensadores que agregaram conhecimentos e conceitos distintos que serviram para o enriquecimento da ciência. Algumas especialidades da ciência geográfica são: Geografia Física: foca-se no estudo das características naturais, como clima, vegetação, hidrografia, relevo e os impactos decorrentes da exploração humana; Geografia Humana: tem como objetivo o estudo da dinâmica populacional e suas particularidades; Geografia Econômica: estudo de todas as relações econômicas realizadas no mundo e seus fluxos; Geografia Cultural: foca a atenção para a identidade cultural das pessoas e dos lugares; Geografia Política: estudo das relações do poder político e seus resultados; Geografia Médica: realiza mapeamento de focos de doenças e sua distribuição no espaço geográfico. 2. LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO Localizar-se e orientar-se no espaço geográfico foi uma das primeiras preocupações do ser humano, devido a várias necessidades: traçar rotas comerciais, planejar estratégias de batalha, encontrar recursos naturais para garantir a sobrevivência, etc. Essa necessidade de localização do espaço explica a crescente importância da cartografia, que pode ser resumidamente definida como o conjunto dos conhecimentos científicos, artísticos e técnicos (desenho geométrico, projeções, fotos aéreas, imagens de satélite, etc.) voltados para a elaboração de mapas e plantas.

GEOGRAFIA – AULA 01: NOÇÕES BÁSICASpvprestinga.weebly.com/uploads/6/9/8/9/6989204/aula_1_de... · 1 GEOGRAFIA – AULA 01: NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA (1ª PARTE) 1. O QUE

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GEOGRAFIA – AULA 01: NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA (1ª PARTE)

1. O QUE É GEOGRAFIA?

A Geografia é uma ciência que tem como objeto principal de estudo o espaço geográfico, que corresponde ao palco das realizações humanas. O homem sempre teve uma curiosidade aguçada acerca dos lugares onde desenvolvem as relações humanas e as do homem com a natureza, principalmente com o intuito de alcançar seus interesses.

A Geografia recebe diversos significados: de uma forma genérica, dizemos que “geo” significa Terra e “grafia”, descrição. Ou seja, Geografia é a descrição da Terra. Essa descreve todos os elementos contidos na superfície do planeta como atmosfera, hidrosfera e litosfera que compõe a biosfera ou esfera da vida (onde se desenvolve a vida), além da interação desses com os seres vivos.

O estudo da Geografia em sua fase inicial focaliza somente os elementos naturais, mais tarde, pesquisas unindo aspectos físicos com sociais foram estabelecidas, referentes à ação do homem sobre o espaço natural. A partir desse momento teve início também o estudo sistemático das sociedades, tais como a forma de organização econômica e social, a distribuição da população no mundo e nos países, as culturas, os problemas ambientais decorrentes da produção humana, além de conhecer os recursos dispostos na natureza que são úteis para as atividades produtivas (indústria e agropecuária). Assim, o estudo geográfico conduz ao levantamento de dados sobre os elementos naturais que atingem diretamente a vida humana como clima, relevo, vegetação, hidrografia entre outros.

A Geografia moderna tem como precursor o naturalista alemão Alexander von Humbold, que se baseava no empirismo (ou seja, a experiência sensível); posteriormente surgiram diversos outros pensadores que agregaram conhecimentos e conceitos distintos que serviram para o enriquecimento da ciência. Algumas especialidades da ciência geográfica são:

Geografia Física: foca-se no estudo das características naturais, como clima,

vegetação, hidrografia, relevo e os impactos decorrentes da exploração humana;

Geografia Humana: tem como objetivo o estudo da dinâmica populacional e suas

particularidades;

Geografia Econômica: estudo de todas as relações econômicas realizadas no mundo e seus fluxos;

Geografia Cultural: foca a atenção para a identidade cultural das pessoas e dos lugares;

Geografia Política: estudo das relações do poder político e seus resultados;

Geografia Médica: realiza mapeamento de focos de doenças e sua distribuição no

espaço geográfico.

2. LOCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO

Localizar-se e orientar-se no espaço geográfico foi uma das primeiras preocupações do ser humano, devido a várias necessidades: traçar rotas comerciais, planejar estratégias de batalha, encontrar recursos naturais para garantir a sobrevivência, etc. Essa necessidade de localização do espaço explica a crescente importância da cartografia, que pode ser resumidamente definida como o conjunto dos conhecimentos científicos, artísticos e técnicos (desenho geométrico, projeções, fotos aéreas, imagens de satélite, etc.) voltados para a elaboração de mapas e plantas.

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Rosa dos Ventos:

Pontos cardeais: N = Norte E = Leste S = Sul W = Oeste Pontos colaterais: NE = Nordeste SE = Sudeste SW = Sudoeste NW = Noroeste

Pontos subcolaterais: NNE = Norte-nordeste ENE = Leste-nordeste ESE = Leste-sudeste SSE = Sul-sudeste SSW = Sul-sudoeste WSW = Oeste-sudoeste WNW = Oeste-noroeste NNW = Norte-noroeste

3. COORDENADAS GEOGRÁFICAS

Para que fosse possível a localização em um mapa, convencionou-se dividir o globo terrestre por meio de um sistema de linhas imaginárias, chamado sistema de coordenadas geográficas, que permitem localizar qualquer ponto na superfície. Essas linhas determinam dois tipos de medidas: a latitude e a longitude. As coordenadas geográficas funcionam como um plano cartesiano, onde a localização de um ponto é determinada pelo cruzamento das coordenadas x e y. Como a Terra é esférica, as coordenadas são medidas em graus.

A linha do Equador corresponde ao círculo máximo da esfera terrestre, o que determina a divisão do globo em dois hemisférios: norte (ou setentrional) e sul (ou meridional). A partir do Equador, traçamos círculos paralelos que diminuem de diâmetro à medida que se afastam para o norte ou para o sul. Esses círculos, chamados paralelos, são identificados por sua distância ao Equador, medida em graus. Essa distância é a latitude, que pode variar de 0º a 90º tanto para norte quanto para sul. A área limitada por dois paralelos é uma zona geográfica.

Uma segunda coordenada é a longitude, que consiste em linhas que cruzam os paralelos perpendicularmente. Essas linhas semicirculares, que também cruzam o Equador, são denominadas meridianos. Todos os meridianos têm o mesmo tamanho, e se encontram nos pólos. Cada meridiano possui o seu antimeridiano, isto é, um meridiano oposto que, junto com ele, forma uma circunferência. Como referência, adotou-se como meridiano 0º o que passa pela cidade de Greenwich, perto de Londres (Inglaterra). Este meridiano também divide a Terra em dois hemisférios: Ocidental (a oeste) e Oriental (a leste). Assim, os demais meridianos são identificados por sua distância, em graus, ao meridiano de Greenwich. Esta distância é a longitude e varia de 0º a 180º tanto para leste quanto para oeste. A área limitada por dois meridianos é um fuso geográfico.

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4. MAPAS

Os mapas (ou cartas) são as representações da superfície curva da Terra sobre uma superfície plana, no papel. Oferecem assim uma visão vertical do espaço geográfico. O objetivo fundamental de um mapa é o de permitir o registro e a localização dos elementos da paisagem e nossa orientação no espaço geográfico. Um mapa pode representar uma parte da superfície terrestre, ou mesmo toda ela. O avanço tecnológico permitiu um grande progresso e muita precisão na elaboração dos mapas. Eles devem conter elementos tais como: título, legenda, escala, orientação, sistema de projeção, convenções, símbolos, cores e linhas. Mapas políticos, históricos, econômicos, geomorfológicos, hidrográficos, paisagens, relevo e clima são alguns exemplos de informações que podem ser analisadas.

Há, no entando, uma diferença quando se fala em mapa e carta. Mapa é a representação no plano, normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos naturais, culturais e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária. Carta é a

Mapa Carta

Características 1. Representação plana; 2. Escala pequena; 3. Destinado para assuntos

como desastres naturais, político-adminitrativo;

4. Fins temáticos, culturais ou ilustrativos.

1. Representação plana; 2. Escala media ou grande; 3. Destinada à avaliação

precisa de direções e distância, localização de pontos, áreas e detalhes.

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representação no plano em escala media ou grande, dos aspectos artificiais e naturais de uma área tomada de uma superfície planetária subdividida em folhas delimitadas por linhas convencionais - paralelos e meridianos - com finalidade de possibilitar a avaliação em pormenores, com um grau de precisão compatível com a escala. Diante da complexidade do espaço geográfico, algumas informações são sempre priorizadas em detrimentos de outras. Seria impossível representar todos os elementos físicos, econômicos, humanos e políticos em um único mapa. Por isso, um mapa é sempre uma simplificação da realidade, feita para atender ao interesse do usuário.

Os mapas podem ser de dois tipos. Os mapas topográficos procuram representar o espaço geográfico mais próximo possível da realidade. As variáveis da superfície da Terra são representadas com detalhes e localização precisa, o que torna possível identificar a posição planimétrica e a altimétrica de qualquer elemento do espaço geográfico. Já os mapas temáticos contêm informações selecionadas sobre determinado fenômeno ou tema do espaço geográfico: aspectos naturais (geologia, relevo, vegetação, clima, etc.) ou sociais (população, agricultura, indústrias, urbanização, etc.). Nesses mapas a representação quantitativa e qualitativa dos temas selecionados é mais relevante.

Exemplo de mapa topográfico

Exemplo de mapa temático

5. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS

São técnicas que se destinam a representar um objeto esférico e com três dimensões – o globo terrestre – numa folha de papel plana e com duas dimensões. As projeções foram desenvolvidas para permitir a representação da esfericidade da Terra num plano, cada uma priorizando determinado aspecto da representação. Podem ser: equivalentes (que valorizam o tamanho, mas prejudicam o formado das áreas) e conformais (que sacrificam as proporções). Quanto à superfície da projeção podem ser: planas, cônicas ou cilíndricas.

Projeção Plana Polar

Projeção Cônica de Albers

Projeção Cilíndrica de Mercator

a) Projeções cilíndricas: usadas para representar planisférios, os paralelos e meridianos são projetados sobre um cilindro que é planificado. Os paralelos retos e horizontais e os meridianos retos e verticais formam ângulos retos. Neste tipo de projeção, as formas terrestres (ilhas e continentes) são representadas sem distorção, porém com a alteração de suas áreas. O principal problema é apresentar deformações nas áreas de altas latitudes.

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Porém conservam as proporções das superfícies próximas do Equador. Destacam-se as projeções de:

• Mercator (conforme) – não deforma os ângulos, e as áreas do hemisfério norte ficam muito ampliadas. Essa representação foi elaborada na época em que os europeus comandavam a expansão marítima, conquistando assim novos territórios. No mapa-mundi de Mercator, a Europa está numa posição central, superior e, por se situar em altas latitudes, proporcionalmente maior do que era na verdade. Esta representação acabou expressando cartograficamente a visão eurocêntrica do mundo.

Projeção de Mercator

• Peters (equivalente) – distorce as formas, mas mantém a proporção das áreas. A projeção de Peters trata-se de uma projeção cilíndrica equivalente que acabou dando destaque aos países de baixa latitude, cujas áreas eram visualmente diminuídas na projeção de Mercator. Esta representação expressou cartograficamente as aspirações dos países subdesenvolvidos (após a 2ª Guerra Mundial) de receberem o mesmo tratamento dado aos Estados desenvolvidos.

Projeção de Peters

• Mollweide (equivalente elíptico) – Nesta projeção os paralelos são linhas retas e os meridianos, linhas curvas. Sua área é proporcional à da esfera terrestre, tendo a forma elíptica. A distorção das formas é menor do que Peters.

Projeção de Mollweide

b) Projeções planas (azimutais): a área mapeada restringe-se ao centro da projeção. São elaboradas a partir de um plano tangente sobre a esfera terrestre. Meridianos e paralelos são projetados sobre um plano apoiado em um ponto que geralmente está no Equador ou nos

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pólos, mas pode aparecer em qualquer ponto da superfície terrestre. Pode ser: oblíqua, polar ou azimutal.

Projeção Azimutal Oblíqua

Projeção Azimutal Polar

b) Projeções cônicas: o globo terrestre á projetado em um cone tangente, que depois é planificado. São usadas principalmente para representar zonas temperadas, isto é, latitudes médias do globo terrestre.

Projeção Cônica

FONTES: BRASIL ESCOLA. Conceitos de Geografia. Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/conceitos-geografia.htm BRASIL ESCOLA. Coordenadas geográficas.

Disponível em: http://www.brasilescola.com/geografia/coordenadas-geograficas.htm CORRÊA, Iran Carlos Stalliviere. Coordenadas geográficas. Museu de Topografia Prof. Laureano Ibrahim Chaffe. Departamento de Geodésia, IG/UFRGS. Porto Alegre, maio de 2009. Disponível em: http://www.ufrgs.br/museudetopografia/Artigos/Coordenadas_geográficas.pdf MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia geral e do Brasil: Espaço geográfico e globalização. Scipione. São Paulo, 2004. MAIS INFORMAÇÕES: GEOMUNDO. Noções de Cartografia. Disponível em: http://www.geomundo.com.br/geografia-30156.htm GD 4 CAMINHOS. Noções de Cartografia. Disponível em: http://www.gd4caminhos.com/orientacao/cartografia/cartografia.html IBGE. Noções Básicas de Cartografia. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartografia/manual_nocoes/indice.htm

DICAS DE SITE: Geografia para Todos: http://www.geografiaparatodos.com.br Coordenadas Geográficas: http://coordenadas-geograficas.blogspot.com