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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA ANDRÉ BARBOSA RIBEIRO FERREIRA GEOTECNOLOGIA NO ESTUDO DO AVANÇO DA AGRICULTURA NO OESTE DA BAHIA E SUA INFLUÊNCIA NA EROSÃO DOS SOLOS SÃO JOÃO DEL-REI MINAS GERAIS - BRASIL JULHO DE 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA

ANDRÉ BARBOSA RIBEIRO FERREIRA

GEOTECNOLOGIA NO ESTUDO DO AVANÇO DA

AGRICULTURA NO OESTE DA BAHIA E SUA

INFLUÊNCIA NA EROSÃO DOS SOLOS

SÃO JOÃO DEL-REI

MINAS GERAIS - BRASIL

JULHO DE 2018

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ANDRÉ BARBOSA RIBEIRO FERREIRA

GEOTECNOLOGIA NO ESTUDO DO AVANÇO DA

AGRICULTURA NO OESTE DA BAHIA E SUA

INFLUÊNCIA NA EROSÃO DOS SOLOS

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Geografia, Universidade Federal

de São João del-Rei, como parte dos requisitos

necessários para obtenção do título de “Magister

Scientiae”(MS).

Área de Concentração: Geografia

Linha de pesquisa: Dinâmica das Paisagens

Tropicais

Orientador: Prof. Dr. Gabriel Pereira

Coorientador: Prof. Dr. Bráulio Magalhães

Fonseca

SÃO JOÃO DEL-REI

2018

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AGRADECIMENTOS

À minha avó Zezé, que mais do que ninguém me apoiou, participou, acreditou e

me ensinou tudo. A minha mãe Andréia e irmã Júlia, que sempre me serviram de

inspiração para que mesmo nas dificuldades não perdesse a capacidade de sorrir.

Agradeço ao meu orientador, Gabriel Pereira, pelo acolhimento, os ensinamentos e a

paciência. Ao coorientador, Bráulio Magalhães Fonseca, pelos ensinamentos e

disponibilidade em colaborar. Ao professores Márcio Roberto Toledo e Francielle da

Silva Cardozo pela amizade, conselhos e apoio, assim como à professora Ana Clara

Mourão pelas considerações e sugestões apontadas na banca de defesa. Um

agradecimento especial à minha amiga Fernanda Resende, que durante os dois anos da

pesquisa esteve diariamente presente, acompanhando cada resultado e cada dificuldade.

Aos “Jacus”, sobretudo ao Júlio, Paula, Raquel e Vivi, pela amizade, convivência e

pelas opiniões sempre oportunas. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em

Geografia da Universidade Federal de São João del-Rei e Departamento de Geociências,

assim como à Mônica Jaques e Wânia Longatt, sempre solícitas e dispostas a colaborar.

Agradeço aos meus amigos de vida, sobretudo a Júlia Castro e Arthur Neves. Aos

familiares e amigos da graduação, que sempre se mantiveram presentes e

acompanharam meu desenvolvimento. Além disso, agradeço também àqueles que

mesmo presentes por um curto período puderam acrescentar e confortar. Um

agradecimento a CAPES pela concessão da bolsa de estudos.

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“Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”

(Guimarães Rosa em O grande Sertão Veredas)

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RESUMO

O uso intensivo do solo e as mudanças no uso e cobertura da terra para inserção de

novas culturas resultam no esgotamento de recursos e alterações diretas na composição

do habitat, biodiversidade e funcionamento do ecossistema, intensificando processos

que ocorreriam de forma natural, como os processos erosivos. Esse processo ocasiona

grandes perdas econômicas e ambientais, podendo atingir e inutilizar extensas áreas.

Relacionando estes fatores, essa pesquisa tem como objetivo principal efetuar uma

comparação do Uso e Cobertura da Terra (UCT) para os anos de 1985 e 2015 e aplicar a

Equação Universal de Perda de Solos (EUPS) para a região do extremo oeste baiano.

Desta forma, utilizaram-se imagens dos satélites Landsat 5 e 8 para o mapeamento de

UCT, dados altimétricos do Aster Gdem para as análises morfométricas e de

precipitação do Tropical Rainfall Measuring Mission para calcular e analisar a

erosividade. A avaliação dos resultados ocorreu a partir de uma comparação entre os

mapas temáticos e cada uma das classes mapeadas, sobretudo a vegetação nativa e

agropecuária. Observa-se que no decorrer de trinta anos houve uma supressão de 28%

da vegetação nativa e um aumento de 367% das áreas agrícolas, assim como da mancha

urbana e dos pivôs de irrigação. A quantificação da perda de solo foi estabelecida para

a região a partir da aplicação da EUPS, e apontou que no ano de 1985 as perdas foram

29% maiores do que em 2015. O resultado não indica que as áreas agrícolas oferecem

maior proteção ao solo, e pode ser explicado pelo contexto histórico de abertura das

fronteiras agrícolas, que teve seu auge a partir da década de 1960 e utilizava fortemente

o fogo, deixando o solo exposto por mais tempo e mais susceptível às intempéries.

Além dos fatores componentes da EUPS, a utilização de parâmetros morfométricos

como o Índice Global de Dissecação do Relevo (IGDR), indicou que as características

topográficas da região também se apresentam favoráveis à dissecação do relevo pelo

escoamento e incisão dos canais de drenagem, sendo controlados principalmente pela

declividade do terreno.

Palavras chave: Uso e cobertura da terra; EUPS; Geoprocessamento

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ABSTRACT

Intensive land use and land cover changes (LULCC) for new crop insertion result in

environmental resource depletion and direct changes in habitat composition, in

biodiversity and in ecosystem behavior, intensifying processes that would occur

naturally, such as erosion processes. The erosion process originates significant losses in

economic and environmental sector, which can affect large areas. Relating to these

factors, this research has as main objective to make an analysis of the land use and land

cover (LULC) for the years 1985 and 2015, as well as, to apply the Universal Soil Loss

Equation (USLE) for the extreme west region of Bahia State. Thus, we used satellite

images Landsat 5 e 8 for LULC classification, Aster Gdem altimetric product to

morphometric analysis and precipitation data of the Tropical Rainfall Measuring

Mission to estimate and determinate the erosivity process. The evaluation of the results

was based on the comparison between the thematic maps and each one of the classes

mapped, mainly the native and agricultural vegetation. It is observed that in thirty years

there was a suppression of 28% of the native vegetation and an increase of 367% of the

agricultural, as well as the urban sprawl and irrigation pivots. The quantification of soil

loss indicates that in 1985 losses were 29% higher than in 2015. The result does not

indicate that the agricultural areas offer better protection to the soil, the difference can

be explained by the historical context of the opening of the agricultural frontiers, which

had its peak in 1960s and used fire as a LULCC tool, leaving the soil exposed and more

susceptible to weathering. In addition to the USLE component factors, the

morphometric parameters such as the Global Relief Dissection Index (GRDI), indicated

that the topographic characteristics of the region are also favorable for relief dissection

by runoff and incision of the drainage channels, being controlled mainly by the declivity

of the terrain.

Keywords: Land use and land cover; EUPS; Geoprocessing

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS 11

LISTA DE TABELAS 12

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 13

1. INTRODUÇÃO 10

2. OBJETIVOS 14

2.1 Objetivos gerais 14

2.2 Objetivos específicos 14

3. REFERENCIAL TEÓRICO 15

3.1 A expansão agrícola no Brasil 15

3.2 A modernização agrícola no Brasil e a influência do Estado 18

3.3 A perda de solos 23

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 30

4.1 Aspectos físicos 30

4.1.1 Clima 30

4.1.2 Geologia 31

4.1.3 Relevo 32

4.1.4 Solos 33

4.1.5 Vegetação 34

4.2 Aspectos históricos e socioeconômicos 35

5. MATERIAIS E MÉTODOS 5.1 Materiais utilizados 38

5.1.1 Landsat 5 (L5) – Sensor TM 38

5.1.2 Landsat 8 (L8)– Sensor OLI 38

5.1.3 Aster Global DEM (Aster Gdem) 39

5.1.4 Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM) 40

5.1.5 Dados complementares 40

5.2 Procedimentos Metodológicos 41

5.2.1 Equação Universal de Perda de Solos 41

5.2.2 Índice Global de Dissecação do Relevo (IGDR) 48

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6. RESULTADOS 53

6.1 Uso e Cobertura da Terra 53

6.1.1 Agropecuária 55

6.1.2 Pivôs de irrigação 59

6.1.3 Queimadas 65

6.1.4 Mancha urbana 69

6.1.5 Vegetação nativa 72

6.1.7 Cicatrizes erosivas 79

6.2 Estimativa de perda de solos 82

6.3 Análises morfométricas 86

6.3.1 Hipsometria 86

6.2.3 Índice de Concentração de Rugosidade (ICR) 87

6.2.4 Índice de Hack (IH) ou Relação Declividade Extensão (RDE) 89

6.2.4 Densidade de Drenagem 91

6.2.5 Índice Global de Dissecação do Relevo – IGDR 93

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS 95

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 97

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Gráfico do histórico de concessão de créditos rurais. 21

Figura 2: Localização da área de estudo. 30

Figura 3: Mapa pedológico do oeste da bahia. 34

Figura 4: Índice de Hack. Fonte: lima, 2013, p. 150. 50

Figura 5: Mapa de UCT – 1985 e 2015. 54

Figura 6: Áreas agrícolas. 56

Figura 7: Pivôs de irrigação 2015 61

Figura 8: Relação entre pivôs de irrigação e declividade. 62

Figura 9: Pivôs de irrigação e hidrografia. 64

Figura 10: Queimadas. 67

Figura 11: Sobreposição entre áreas agrícolas em 1985, 2015 e queimadas. 68

Figura 12: Maiores crescimentos de mancha urbana entre 1985 e 2015. 71

Figura 13: Vegetação nativa. 74

Figura 14: Mata Ciliar/várzea. 76

Figura 15: Vegetação arbusto arbóreo. 78

Figura 16: Relação entre as cicatrizes erosivas e a declividade do terreno – 2015. 81

Figura 17: Estimativa de perda de solo. 84

Figura 18: Mapa hipsométrico. 87

Figura 19: Mapa do Índice de Concentração de Rugosidade (ICR). 88

Figura 20: mapa de Índice de Hack (IH) ou Relação Declividade Extensão (RDE). 90

Figura 21: Mapa de Densidade de Drenagem 92

Figura 22: Mapa do Índice Global de Dissecação do relevo - IGDR. 94

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: População dos municípios que compõem a área de estudo. 36

Tabela 2: Imagens TM/l5 selecionadas. 38

Tabela 3: Imagens OLI/l8 selecionadas. 39

Tabela 4: Fator K. 44

Tabela 5: Valor CP das classes de uct. 48

Tabela 6: Análise comparativa do percentual (%) de área plantada por município nos

anos de 1985 e 2015. 57

Tabela 7: População residente por município nos anos de 1980 e 2010. 69

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CERES Clouds and the Earth’s Radiant Energy System

CODEVASF Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco

DEM Digital Elevation Model

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ERSDAC Japan Earth Remote Sensing Data Analysis Center

ETM+ Enhanced Thematic Mapper Plus

EUPS

FTP

GrADS

Equação Universal de Perda de Solos

File Transfer Protocol

Grid Analysis and Display System

JAXA Japan Aerospace Exploration Agency

MNT Modelo Numérico de Terreno

MSS Multispectral Scanner System

NASA National Aeronautics and Space Administration

OLI Operational Land Imager

PIB Produto Interno Bruto

RBV Return Beam Vidicom

RPAs Regiões Produtivas Agrícolas

SNCR Sistema Nacional de Crédito Rural

SPRING Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas

SUPRA Superintendência da Política Agrária

SWIR Infravermelho de onda curta

TIR Infravermelho termal

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TIRS Thermal Infrared Sensor

TM Tematic Mapper

TMI TRMM Microwave Imager

TRMM Tropical Rainfall Measuring Mission

UCT Uso e Cobertura da Terra

USGS United States Geological Survey

USLE Universal Soil Loss Equation

VNIR Visível e infravermelho próximo

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1. INTRODUÇÃO

As mudanças na cobertura da terra ocorrem desde os tempos remotos, onde o

clima e a instabilidade da crosta terrestre eram os fatores causadores de alterações no

sistema. Com o surgimento do homem e a evolução de seu conhecimento, diversas

alterações e processos foram sendo intensificados, principalmente com o fim do

nomadismo, quando as relações entre o homem e o solo se tornaram mais estreitas a

partir da agricultura. Segundo Lepsh (2002, p.6), até então o homem via o solo apenas

como uma superfície na qual se movimentavam, confeccionavam objetos e encontravam

alimentos para as necessidades básicas.

As mudanças no uso e cobertura da terra (UCT) são um dos principais

componentes da dinâmica mundial, estas resultam em alterações diretas na composição

do habitat, da biodiversidade e funcionamento do ecossistema. Esses impactos têm

como consequência mudanças que afetam diretamente alguns processos, como os de

degradação do solo e da biodiversidade, modificando as condições ambientais

(GARCÍA-MOZO et al., 2016, p.222). O desmatamento é o principal responsável pelas

mudanças de cobertura da terra, levantando uma série de preocupações e tem sido

extensivamente estudado em escalas regionais e globais (HANSEN et al., 2001, p.765).

O crescimento populacional contínuo aumenta a necessidade de mais alimentos, abrigos

e biocombustíveis, resultando em mudanças de padrões, principalmente alimentícios,

que para suprirem a demanda fazem uso intensivo do solo e de seus nutrientes

(ALEXANDER et al., 2015, p.138).

Neste contexto, a necessidade da expansão agrícola para suprir as demandas do

mercado nacional e mundial ocasiona o avanço da agricultura sobre áreas de vegetação

nativa e resultam em alterações nas componentes ambientais como, por exemplo, na

qualidade da água, do ar, do solo e de outros recursos naturais, que interferem

diretamente nos recursos hídricos e no clima de determinada região. O uso e cobertura

da terra são condicionados pelas atividades econômicas vigentes na sociedade,

constituindo-se no reflexo do modo de produção existente (PEREIRA et al., 2009,

p.325).

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Segundo Martini et al., (2015, p.35), as terras disponíveis para expansão da

fronteira agrícola tornaram-se um recurso cada vez mais escasso em todo o mundo.

Estas localizam-se principalmente nas regiões tropicais, alterando-se em localização e

produção de acordo com a oferta e aumento do comércio internacional de commodities

agrícolas (ALEXANDER et al., 2015, p.138).

Atualmente, áreas específicas no Brasil são lugares da produção e das trocas

globalizadas de commodities agrícolas. Estas áreas selecionadas passam por inúmeras

metamorfoses, uma vez que são extremamente susceptíveis à incorporação de

tecnologias modernas. Desta forma, configuram-se em verdadeiras regiões

especializadas e competitivas, a partir da reunião, em um mesmo lugar, de sistemas

produtivos especializados em alguma atividade econômica ou algum produto de

importância mundial (CASTILLO, 2004).

A vertiginosa expansão dos sistemas de atividades de produção de soja nas

décadas de 1980, 1990, 2000 e 2010 são um demonstrativo deste tipo de especialização.

Novas regiões agrícolas são configuradas no Brasil; são vastas porções do território,

especializadas em produzir poucos produtos em grandes quantidades, alternando safra e

entressafra, com predominância e prioridade para a cultura da soja. Consolida-se então,

no período recente, uma grande região produtiva especializada que abrange áreas do

oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do Piauí e algumas áreas da região Norte

(GIORDANO, 2000, p. 38; TOLEDO, 2005, p.8).

O Oeste Baiano destaca-se como foco desta pesquisa tendo se tornado a

principal fronteira agrícola do estado a partir de 1980. A região conheceu uma expansão

agropecuária sem precedentes, e em razão do acréscimo significativo nas áreas

ocupadas por grãos, cultivos perenes e agricultura irrigada, ocorreram diversas

transformações na paisagem, principalmente em relação ao uso e ocupação do solo.

Essas transformações e a ocupação sem planejamento geraram uma grande quantidade

de desequilíbrios ambientais locais e regionais, como alterações do regime hídrico,

supressão excessiva da vegetação e aumento exacerbado da erosão dos solos

(BATISTELLA et al, 2002, p.9).

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Nesse sentido, os solos, além de outros recursos, merecem uma atenção especial,

principalmente pela intensa exploração agrícola que ao longo dos anos esgota os seus

nutrientes e gera ou intensifica processos como a erosão. Este fenômeno vem

despertando interesse de muitos pesquisadores no que se refere às causas de suas

origens, evolução e controle, em razão atingir e inutilizar extensas áreas de terras

(PEDRO; LORANDI, 2004, p.29).

Para Vallebona et al., (2016, p.119), a erosão do solo é um fator determinante

para a degradação da terra, gerando perdas econômicas e ambientais. O processo

provoca perda do material que recobre a superfície devido às mudanças de

características físicas, químicas e/ou biológicas, sendo acelerado pelas chuvas

(OLIVARES et al., 2015, p.4). Akbari et al., (2015, p.5827) cita que do ponto de vista

hidrológico, a erosão é o processo no qual as partículas do solo são desagregadas e

transportadas por escoamento superficial e depositados em outro local distinto. As

forças motrizes no transporte desses sedimentos são predominantemente o vento, a água

ou, em determinadas regiões, o gelo.

Uma das formas de se analisar e mapear a dinâmica dos processos relacionados

ao solo é a utilização de técnicas de Sensoriamento Remoto, que possibilita a avaliação

de diversos alvos da superfície terrestre, como os solos, água, plantas e atmosfera por

meio da radiância distribuída por eles (DEMATTÊ, 2002, p.1447). Desta forma, torna

possível examinar o uso e cobertura da terra e, a partir de modelos matemáticos, prever

e estudar os processos erosivos (BORGES, 2009b, p.3).

Dentre os modelos matemáticos utilizados destaca-se a Universal Soil Loss

Equation (USLE), ou Equação Universal de Perda de Solos (EUPS), um modelo criado

por pesquisadores americanos na década de 1970 com o objetivo de calcular as perdas

de solo na região americana denominada Corn Belt, área de intenso cultivo de grãos. A

partir disso, com adaptações e melhorias de acordo com as demandas, o protótipo foi

difundido e é utilizado em diversos países, inclusive no Brasil, tendo como precursores

os agrônomos Francisco Lombardi Neto e José Bertoni, na década de 1970.

Considerando a funcionalidade das técnicas de Sensoriamento Remoto e as

mudanças no UCT decorrentes do uso agrícola intensivo, surge a necessidade de se

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mensurar e analisar a expansão da fronteira agrícola no Oeste baiano e estimar a

consequente perda de solo na região a partir da modernização e expansão agrícola.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivos gerais

O objetivo principal deste trabalho é analisar as mudanças de UCT a partir do

avanço da fronteira agrícola na porção Oeste do Estado da Bahia e estimar a perda de

solos a partir da erosão hídrica.

2.2 Objetivos específicos

1- Entender a dinâmica das alterações no UCT para os anos de 1985 e 2015 e

estimar a expansão das áreas agrícolas, assim como a supressão da vegetação

nativa no espaço de trinta anos;

2- Analisar a dinâmica populacional e crescimento da mancha urbana para as datas

analisadas

3- Estimar a perda anual de solos a partir da EUPS para os anos de 1985 e 2015,

visando fornecer bases para um planejamento ambiental regional;

4- Compreender os aspectos morfométricos do relevo de modo a auxiliar na

interpretação dos resultados da EUPS.

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3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A expansão agrícola no Brasil

A agricultura faz parte do processo da evolução técnica e cultural das

experiências acumuladas pelo homem ao longo do tempo. Os primeiros sistemas de

cultivo ocorreram no período neolítico, há menos de 10 mil anos, em algumas regiões

do planeta, expandindo-se pelo mundo de duas formas: a partir dos sistemas pastorais e

a partir do cultivo de derrubada e/ou queima, que cederam lugar a diversos sistemas

agrários pós-florestais que evoluíram de acordo com as características de cada região,

clima e relevo, aperfeiçoando técnicas, equipamentos e aumentando cada vez mais a

colheita (MAZOYER e ROUDART, 2010, p.45).

Assim, com múltiplos processos relacionados à revolução agrícola, chegou-se ao

sistema de produção agrícola atual: mecanizado, fertilizado com auxílio de insumos e

especializado (MAZOYER e ROUDART, 2010, p.45), deixando de ser apenas fonte de

sobrevivência para ter outra organização, visando lucro (BRAIDWOOD, 1995, p.155).

A agricultura brasileira até a segunda revolução agrícola, em meados do século

XX, era bastante diferente do que se vê no cenário atual. Naquela época, apesar de já

existirem monoculturas como café e cana de açúcar, também eram cultivados produtos

para o abastecimento local. Eram atividades de plantio diversificado e baseadas em

gêneros de primeiras necessidades, como arroz, feijão, milho, legumes e outros.

Também nas propriedades rurais eram produzidos e adaptados veículos de transporte

básico e insumos como adubos orgânicos e sementes (GIORDANO, 2000, p.2). De

acordo com Giordano (2000, p.3), foi no período pós-Segunda Guerra Mundial (1945)

que o rumo da agricultura mudou, foi a chamada “Revolução Verde” que, no Brasil e

em outros países menos desenvolvidos, só se consolidou após a década de 1960. Como

mencionado em Toledo e Castillo (2009):

A modernização agrícola da segunda metade do século XX foi um fenômeno

de proporções planetárias. Conhecida genericamente como paradigma da

Revolução Verde, suas principais características podem ser resumidas na

renovação da base técnica produtiva através do uso de insumos químicos

(fertilizantes e agrotóxicos), maquinário agrícola e sementes híbridas de alto

rendimento (pacotes tecnológicos aplicados a diversas partes do mundo).

Dentre as implicações da adoção e difusão espacial dessa prática, podemos

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destacar o aumento da produtividade e dos custos de produção, o avanço de

monoculturas sobre a pequena agricultura familiar, financeirização das

atividades agrícolas, agravamento de danos ambientais (erosão,

contaminação do solo e da água) e maior participação de grandes corporações

em diversas etapas da cadeia produtiva (TOLEDO e CASTILLO, 2009, p.46-

47).

O projeto estatal de modernização do território brasileiro introduziu sistemas

técnicos de produção inovadores que utilizam maquinários importados, produtos

químicos e novos tipos de sementes, modificando o espaço e o tempo da produção

agrícola, assim como, a divisão e organização do trabalho no meio agrícola. Tais

inovações técnicas e organizacionais criam um novo uso do tempo e um novo uso da

terra (SANTOS e SILVEIRA, 2001, p.245) em porções específicas do território

nacional, privilegiando algumas regiões e culturas (ELIAS, 2006, p. 10).

Após a segunda metade do século XX ocorreu também o processo de

industrialização no país, favorecendo o crescimento de centros urbanos e o aumento do

êxodo rural. As transações entre produtores e compradores passaram a se realizar nas

cidades, assim como, o fornecimento de máquinas, insumos e implementos, que

passaram a ser feitos por empresas que estavam a montante da produção rural

(GIORDANO, 2000, p.3).

Conforme Oliveira (2004, p.144), os avanços da Revolução Verde no setor

agrícola-industrial e das pesquisas nas áreas da química, mecânica e genética, iniciados

nos anos 1960 e intensificados na década seguinte, culminaram com um dos períodos de

maiores transformações na história recente da agricultura e da agronomia, participando

decisivamente para a modernização agrícola.

O processo de modernização, no entanto, não representou de fato qualquer

mudança substancial na estrutura agrária brasileira e nas relações de produção e de

trabalho no campo. Este apenas proporcionou a oportunidade de produzir em grande

escala, em curto período de tempo e com reduzida mão de obra, abastecendo mercados

externos que atualmente comandam as produções agrícolas. Alguns estudiosos

brasileiros, como Delgado (1985) e Furtado (1989) chamam este processo de

modernização conservadora do campo.

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Ao novo modo de produção agrícola dá-se o nome de “agronegócio”, um termo

originado na década de 1990 para caracterizar a agricultura capitalista. O conceito, na

língua portuguesa, deriva da palavra agribusiness, foi cunhado no final da década de

1950 por Davis e Goldberg (1957, p.1042) e compreende a um complexo de sistemas

que integra todas as dimensões da economia capitalista: agricultura – indústria –

comércio - finanças (CAMACHO, 2012, p.5).

Para Fernandes e Welch (2004, p.1), o agronegócio corresponde a um modelo de

desenvolvimento econômico da agropecuária capitalista, uma construção ideológica que

tenta ocultar o caráter concentrador, predador, expropriatório e excludente do sistema,

dando relevância somente ao caráter produtivista, o aumento da produção, da riqueza e

das novas tecnologias.

Canuto (2004, p.2) descreve que os meios de comunicação quase diariamente

apresentam à opinião pública nacional os grandes avanços e as grandes conquistas do

agronegócio, colocando-o como o setor de melhor desempenho na economia brasileira,

que tem garantido os constantes superávits na balança comercial. Contudo, o

agronegócio representa um grande processo de modernização conservadora que, por trás

do avanço tecnológico e do aumento da produção, esconde uma estrutura fundiária

concentradora e injusta e relações precarizadas de trabalho. O agronegócio é visto por

Camacho (2012, p.2) como a “Barbárie Moderna”, sendo predador da

sociobiodiversidade. Segundo o autor, além da destruição ambiental, o agronegócio

interrompe o processo humano de produção da cultura popular, pois

„des(re)territorializa‟ os sujeitos produtores desta cultura no campo. Ou seja, nos

territórios do agronegócio, a cultura popular deixa de existir.

Para Stedile (2006, p.17), o agronegócio é neoliberalismo na agricultura, uma

aliança subordinada entre os grandes fazendeiros, os capitalistas que se dedicam à

exportação, com as empresas transnacionais que controlam o comércio agrícola

internacional, as sementes, a produção de agrotóxicos e a agroindústria. “O filhote desse

matrimônio chamou-se agronegócio” (STEDILE, 2006, p.17).

Matos e Pessoa (2011, p.4) caracterizam o agronegócio como uma versão

recente do capitalismo no campo, um modelo no qual a produção é organizada a partir

de aparatos técnico-científicos, grandes latifúndios, pouca mão de obra, predomínio da

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18

monocultura, dependência do mercado e empresas rurais, entre outros. Para o Estado

essa é a receita para o desenvolvimento e prosperidade do campo brasileiro, porque

contribui para com o Produto Interno Bruto (PIB), responsável pelo crescimento da

economia, empregos e produção de alimentos.

3.2 A modernização agrícola no Brasil e a influência do Estado

De acordo com Fernandes (1993, p.155), a modernização é um processo de

transformação nas esferas social, econômica e política, que se desenvolve por feixes de

relações. A política é um feixe que pode ampliar ou estreitar essas relações, fazendo

com que prevaleça uma esfera sobre a outra.

O processo de modernização agrícola brasileiro se iniciou através do predomínio

de uma esfera econômica durante o regime militar, quando foram implantadas políticas

agrárias extremamente conservadoras que viabilizaram a internacionalização e

aceleração do processo de industrialização do país, refletindo diretamente no campo,

desenvolvendo um sistema de agricultura capitalista (FERNANDES, 1993, p.155).

Segundo Oliveira (2010, p.7), o período foi marcado por reivindicações e

organizações dos camponeses, sobretudo os nordestinos, que lutavam contra a

exploração do trabalho no campo. Os pequenos avanços, como a criação da

Superintendência da Política Agrária (SUPRA) criada durante o Governo de João

Goulart, que pretendia implementar as medidas da reforma agrária, foi por água a baixo

com a ascensão dos militares ao poder, que abortou o projeto de reforma agrária e caçou

as lideranças militantes nas Ligas Camponesas. Assim, durante os 20 anos de governo

militar o tema “reforma agrária” foi desprezado. Foram criadas leis que se referiam a

Reforma Agrária, como a Lei 4.504 (Estatuto da Terra), mas nunca colocadas em

prática.

Conforme Fernandes (1993, p.156), o grande momento histórico da realização

da Reforma Agrária e diminuição das desigualdades sociais foi sabotado por um pacto

de elites, bancadas ruralistas e burguesias industriais que decidiram mudar o rumo do

país, optando em manter a desigual estrutura fundiária e realizar uma modernização

tecnológica na grande propriedade através de subsídios.

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Para Oliveira (2004, p.144) o início dessa modernização se deu já nas décadas de

1930 e 1940, durante a chamada “Era Vargas”, com a criação de colônias agrícolas

nacionais e a interiorização do país na chamada “Marcha para o Oeste”, que buscava

novas frentes fornecedoras de produtos para os emergentes centros urbanos. Segundo

Belik e Paulillo (2001, p.97) e Miralha (2006, p.33), essa modernização se concretizou

com a constituição do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR) em 1964, integrando

a atividade rural à dinâmica industrial, proporcionando às médias e grandes

propriedades a adoção de técnicas, maquinários e insumos que compuseram o complexo

agroindustrial.

Durante o Governo Costa e Silva foi elaborado um Plano Estratégico de

Desenvolvimento que objetivava a intensificação da modernização do sistema de

abastecimento. Dessa forma, o Estado facilitou a obtenção de crédito através do

SNCR/1965, o que fez com que os contratos de financiamentos dobrassem entre 1968 e

1970, criando condições favoráveis para o estabelecimento da agricultura capitalista

(FERNANDES, 1993, p.157).

O Estado subsidiava o desenvolvimento agrícola através de financiamentos mais

acessíveis aos grandes produtores e latifundiários, já que quanto maior a propriedade de

terra, maior era a disponibilidade de recursos e garantias de pagamento da dívida. O fato

intensificou as grilagens e as aquisições de novas propriedades, além da supressão do

pequeno produtor, que não conseguia o mesmo crédito e acabava por vender suas terras

aos maiores produtores (FERNANDES, 1993, p.157).

Nesse período, segundo Fernandes (1993, p.158), o Estado favoreceu vários

grupos empresariais nacionais e internacionais, que se apropriaram de grandes

extensões de terras, sobretudo nas regiões Centro-Oeste e Norte do território brasileiro.

O fato culminou em uma Comissão Parlamentar de Inquérito que deu origem ao

chamado Relatório Velloso, que nada mais foi do que uma intervenção de fachada para

esconder uma estratégia geopolítica de apropriação de terras para investimento

estrangeiro (FERNANDES, 1993).

O governo seguinte, de Emilio Garrastazu Médici, utilizando do lema “Brasil

Grande” pretendia transformar o país em um grande celeiro que alimentasse o mundo.

Assim, Médici criou o “I Plano Nacional de Desenvolvimento” (PND), concedendo

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incentivos fiscais e incentivando a produção e intensificação tecnológica. O governo

também impulsionou o projeto de colonização das terras ao Norte e Centro-Oeste do

país como uma pseudo reforma agrária que, na verdade, objetivava maior controle e

administração dos militares perante os ascendentes conflitos sociais no campo

(FERNANDES, 1993, p.158).

Em 1974, no Governo de Geisel, em meio à crise do petróleo1 e mudanças na

economia mundial, foi lançado o “II Plano Nacional de Desenvolvimento”. Os objetivos

do Plano para o setor agropecuário eram a manutenção do crescimento econômico e

contribuições mais significativas à expansão do PIB, que seria uma forma de enfrentar a

crise. Efetiva-se assim o papel do Brasil como provedor de alimentos, matérias primas e

produtos industrializados (FERNANDES, 1993, p.159). Ressalta-se que nesse período

foi criada a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) (GONZALEZ;

COSTA, 1998, p.21).

Entre o final da década de 1970 e início de 1980, os financiamentos entram

definitivamente em crise. Inicia-se então, segundo Bresser e Nakano (1983, p.3), uma

pressão sobre os preços agrícolas em função da expansão inadequada na área plantada e

quebra de safra. Esse fenômeno ocorreu, dentre outros motivos, como o Segundo

Choque do Petróleo2 que fez com que os preços duplicassem, pela insuficiente oferta de

produtos para o abastecimento interno, sendo que o estímulo era a expansão dos

produtos agrícolas voltados para o mercado externo (BRESSER e NAKANO, 1983,

p.5). Desta forma, o projeto de modernização e a economia do país se tornaram ainda

mais susceptíveis, mais dependente das oscilações e demandas internacionais, já que era

com estes as maiores operações comerciais.

De acordo com Novaes (2008, p.6),

o preço a ser pago pelo Brasil para a consolidação de sua política

desenvolvimentista foi o endividamento externo, que extrapolou as

1 A Crise do Petróleo eclodiu com Guerra do Yom Kippur, ou Árabe-Israelense, onde o preço do barril do produto

quadriplicou por meio da ação coletiva dos membros da Organização dos países Exportadores de Petróleo (Opep)

(SANTANA, 2006, p.159).

2 O Segundo choque do Petróleo originou a partir do conflito entre Iraque e Irã, gerando um novo foco de

instabilidade no Oriente Médio e nova crise mundial oriunda do aumento da cotação internacional do barril de

petróleo. A crise gerou repercussão imediata no Brasil, onde as reservas de petróleo estavam decaídas (SANTANA,

2006, p.172).

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possibilidades da balança de pagamentos, acarretando o

estrangulamento do seu crescimento econômico. E isso acontece,

justamente, no momento em que a economia brasileira foi submetida a

quatro choques econômicos no final dos anos 1970 e início da década

seguinte (NOVAES, 2008).

Com o recrudescimento da crise econômica, em 1981, no governo de João

Figueiredo, é publicado o “III Plano Nacional de Desenvolvimento”. Este, diferente dos

PNDs I e II, para o setor agrícola, dava ênfase à produção de alimentos básicos e

produtos de exportação com primazia às pequenas e médias propriedades nas políticas

de financiamentos agrícolas (FERNANDES, 1993, p.160).

Conforme com Gonzalez e Costa (1998),

foi no contexto de agravamento das contas públicas, principalmente

em função da crise externa, que o modelo de desenvolvimento do

setor agrícola baseado no crédito rural farto e barato começou a dar

sinais de esgotamento. Os incentivos via crédito, principal pilar de

sustentação da modernização do setor, teriam que ser cortados já que o

país não mais poderia depender de poupança externa (GONZALEZ e COSTA, 1998, p.25).

Após atingir seu mais alto valor, em 1980, e recuar até 1984 a um valor inferior

ao de toda uma década, o crédito agrícola retoma crescente em 1985 e 1986 (Figura 1),

no governo de José Sarney (GONZALEZ e COSTA, 1998, p.15).

Figura 1: Gráfico do histórico de Concessão de créditos Rurais.

Fonte: ANFEVA – Anuário Estatístico, 1996.

Em 1985, o então presidente da república, José Sarney, lançou o “Plano

Nacional de Reforma Agrária” que tinha como meta proposta beneficiar 1.400.000

6,9 8,5

9,8

12,2

16,8

21,4

30,8 31,653 30,8 29,5

36,5

39,0

35,6 34,4

26,3

16,5

24,3

31,4

27,3

22

19

-

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

40,0

45,0

Mil

es (U

$$)

Anos

Concessão de Créditos Rurais entre 1969 e 1989

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famílias (Artigo 1º do Decreto nº 91.766/85). Porém, de acordo com Fernandes (1993,

p.160), apenas 10% foi realizado, já que o plano foi fortemente contido pela mesma

elite conservadora que em 1988 excluiu a Reforma Agrária da reforma Constitucional.

Entre o final da década de 1980 e início de 1990, com o aumento da adesão às

políticas de cunho neoliberal por Fernando Collor, o governo criou e reestruturou

normas para abertura dos mercados agrícolas. Segundo Batista (1994, p.27), foi com

Collor alinhado aos Estados Unidos que o Brasil aderiu intensamente aos postulados

neoliberais do Consenso de Washington, abrindo o mercado e “enxugando” o Estado.

Tais ações culminaram em maiores investimentos externos no país o que o tornou ainda

mais dependente do mercado internacionalizado.

Segundo Massuquetti et al., (2010, p.12), nos anos 1990 houve uma diminuição

da participação do governo federal no financiamento para agricultura deixando grandes

empresas ligadas ao agronegócio reorganizarem o espaço da produção agrícola de

acordo com seus interesses. O crédito rural, no entanto, manteve-se basicamente na

mesma sistemática anterior, passando a ser corrigido pela inflação e com limites fixados

de recursos emprestados em função do tamanho do produtor. Segundo Guimarães

(1997), as médias anuais dos financiamentos concedidos pelo SNCR entre 1975/79 e

1980/89 foram, respectivamente, R$ 29,95 bilhões e R$ 21,88 bilhões. Já nos períodos

1990/99 e 2000/05, as médias anuais foram, respectivamente, R$ 13,38 bilhões e R$

16,43 bilhões, bastante inferiores às dos períodos anteriores (GRYZAGORIDIS e

FERREIRA, 2008).

Em 1993, no governo Itamar Franco, o Estado diminuiu ainda mais o crédito

subsidiado e a garantia de preços mínimos, o que gerou consequências no setor agrícola

e uma seletividade produtiva, concentrando a produção em produtos que recebiam mais

apoio tecnológico (BAER, 2002, p.408). Quanto à reforma agrária, o então presidente

proporcionou uma lenta retomada das ações de assentamentos, mais promissoras do que

seu antecessor.

O mandato seguinte, com Fernando Henrique Cardoso (1995/2002), foi marcado

pelas consequências da implantação do Plano Real, como as altas taxas de juros, a

valorização da taxa de câmbio e a liberalização da importação, que atingiram o setor

agrícola. Houve assim redução dos gastos na denominada “Função Agricultura” até

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1997 (SONAGLIO e RODRIGUES, 2012, p.12). De acordo com Novaes (2008, p.10),

coube ao governo FHC à continuidade das “políticas modernizadoras” e abandonando

em definitivo o modelo nacional-desenvolvimentista, abrindo ainda mais o mercado ao

capital internacional. Um exemplo dessa abertura foi a Lei Kandir, uma lei

complementar de 13 de setembro de 1996 que dava isenção de ICMS às exportações

agrícolas a partir de 1997.

Segundo Delgado (2010, p.60), no governo seguinte, de Luiz Inácio Lula da

Silva (2003-2010), a importância do agronegócio continuou intocada na economia e na

política brasileira, já que exercia um papel estratégico para o ajustamento de contas e

economia do país. Assim, com apoio do governo, houve crescimento da produção de

produtos transgênicos, proximidade e consolidação das relações entre o Estado e

grandes empresas ligadas ao agronegócio, como a Monsanto, a Cargill, a Bunge, entre

outras.

Quanto às políticas para Reforma Agrária, estas ficaram aquém do esperado,

reduzindo o número de assentamentos de 101 mil em 2005 para 21,5 mil em 2008.

Todavia, o governo ofertou uma série de programas sociais que melhoraram as

condições de vida de parcelas mais desprotegidas da população e que propiciou a

revitalização de pequenas cidades e comunidades rurais no interior do Brasil

(DELGADO, 2010, p.64).

3.3 A perda de solos

O termo erosão foi utilizado pela primeira vez por Penk, em 1894 e vem do

latim, derivado do verbo erodere, que significa escavar (FERREIRA, 2004, p.4). O

fenômeno ocorre por processos naturais/geológicos ou antrópicos. O primeiro, e mais

antigo, sempre ocorreu na superfície terrestre, é o responsável pela denudação,

modelagem lenta do relevo e pela própria formação e desagregação dos solos. A erosão

decorrente de processos antrópicos pode ser entendida como um processo rápido, que

ocorre pela alteração dos processos naturais, sobretudo a partir da retirada da cobertura

vegetal natural (BORGES, 2009b, p.14).

Os agentes desencadeadores dos processos erosivos são vários, no entanto, a

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erosão hídrica é a que possui mais abrangência em quase todo planeta, principalmente

nas áreas de clima tropical, pois apresentam índices pluviométricos mais elevados e

chuvas concentradas em determinadas estações do ano (GUERRA et al., 2010, p.17).

Segundo Pruski (2010, p.25), a erosão hídrica começa com o efeito das

precipitações, que do volume total, parte é interceptada pela vegetação e parte atinge o

solo, provocando o umedecimento dos agregados e redução da coesão. Além disso, o

impacto das gotas pode ocasionar a liberação de partículas e a compactação do material,

que perde a capacidade de infiltração, aumenta a capacidade de retenção superficial e

origina um escoamento superficial que transporta partículas do solo até que sua energia

não seja mais suficiente para mantê-las em suspensão.

De acordo com Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.75), as gotas de chuva podem

ser consideradas bombas em miniatura, que golpeiam a superfície do solo, rompem e

reduzem os grânulos e torrões a partículas menores, o que torna menor a sua capacidade

de infiltração. O impacto de uma gota de chuva sobre um solo úmido forma uma

“cratera”, compactando a área imediatamente sob o centro da gota e movimentando

partículas a aproximadamente 1 metro (m) de altura, num raio de 1,5m. Uma chuva de

aproximadamente 50 milímetros (mm) em um período de 30 minutos, tem um peso de

560 toneladas em uma área de um hectare, e considerando um diâmetro médio de 3mm,

as gotas cairiam a uma velocidade de 8 metros por segundo (BERTONI e LOMBARDI

NETO, 2008, p.76). Lepsh (2002, p.155) afirma que as gotas de chuva atingem a

superfície com velocidade entre 5 e 15 km/h e a velocidade das enxurradas são

inferiores a 1km/h.

Essa energia exercida pela precipitação sobre o solo é denominada energia

cinética, esta determina a intensidade do agente erosivo (erosividade) sobre o solo. O

impacto, conforme as características do solo, sua erodibilidade, ocasionam a ruptura dos

agregados em maior ou menor proporção. O processo recebe o nome de efeito splash ou

erosão por salpicamento. A partir da ruptura ocorre a formação de crostas que selam o

solo e diminuem a infiltração, originando poças e, consequentemente, o escoamento

superficial que acarretará na formação de sulcos e ravinas (GUERRA et al., 2010, p.19).

Os sulcos e ravinas são diferenciados pela profundidade da linha de erosão em

forma de canal. Após o aprofundamento desses sulcos e a intercepção do lençol freático

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a feição recebe o nome de voçoroca ou boçoroca (GUERRA et al., 2010, p. 230).

Segundo Coelho Netto (1997, p.2) as voçorocas são formas de canais incisos resultantes

de mecanismos erosivos característicos dos domínios de encosta. Estas multiplicam-se e

podem ser reconhecidas como indicadoras dos desajustes nos geoecossistemas. Os

voçorocamentos ocasionam grandes vales que não permitem o desenvolvimento da

vegetação devido a rápida remoção de material. Essas voçorocas iniciam-se a partir de

qualquer depressão no terreno, por onde a água drene em forma de enxurrada. A

distinção entre voçorocas, ravinas e sulcos é dada pelo tamanho, sendo que a voçoroca é

um sulco de tamanho tão expressivo que impede o cultivo ou elimina qualquer

finalidade do solo, a não ser por meio de práticas de manejo (FERREIRA, 2004, p.6).

Dentre essas feições erosivas, a laminar possui destaque, pois é menos notada e

mais perigosa, ela arrasta as menores partículas do solo, que são as de maior valor e

intrinsicamente ligadas a fertilidade (BERTONI e LOMBARDI NETO, 2008 p.76).

Esse tipo de erosão hídrica, segundo Lepsh (2002, p.155), é uma lavagem superficial do

solo, uma remoção uniforme de uma fina camada arrastada pela força das enxurradas

mesmo em terrenos de baixa inclinação. Apesar de ser quase imperceptível, a erosão

laminar pode ser notada em áreas de cultivo perene, onde após alguns anos as raízes

começam a ficar expostas, indicando a profundidade de solo que foi arrastada

(BERTONI e LOMBARDI NETO, 2008, p.76). De acordo com Galet (1984, p.40), o

critério utilizado para avaliação da erosão laminar é a espessura do horizonte superficial

ou atingimento de horizontes mais profundos.

Troeh e Thompson (2007, p.588) consideram que a erosão do tipo laminar é a

mais frequente dentre as erosões hídricas e a que causa maior perda de solo e maior

perda econômica do que qualquer outro tipo de erosão. Seu dano está relacionado às

partículas que transporta, as menores e superiores, em que nas áreas agrícolas estão

concentrados fertilizantes fosfatados, considerados poluentes hídricos estimuladores do

crescimento de algas e plantas que podem consumir o oxigênio e causar a morte de

diversas espécies animais e vegetais (KLEIN e AGNE, 2013, p.1713).

Além disso, de acordo com Fageria e Stone (2006, p.26), os processos erosivos

ocasionam o assoreamento dos canais e reservatórios hídricos, aumentando os riscos de

inundação e gerando danos econômicos e sociais. Essa gama de impactos negativos

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causados pelos processos erosivos inicia-se localmente, estende-se e torna-se mais

abrangente até atingir uma escala regional como, por exemplo, o excesso de sedimentos

depositados em uma bacia hidrográfica, que pode causar o assoreamento de rios e

reservatórios, gerando uma cadeia de impactos ambientais e sociais (KOZCIAK, 2000,

p.1).

Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.17) consideram que, assim como a

agricultura, diversos processos erosivos têm suas raízes baseadas no passado, pois

foram estabelecidos a partir da introdução de novas culturas, novos métodos de cultivo

e mau uso do solo. Tal fato é recorrente desde os pretéritos sistemas agrícolas da

Mesopotâmia, se repetindo em vários outros lugares do planeta e causando o declínio de

civilizações e impérios, como o Império Romano e Persa. No entanto, a partir do século

XIV, com o aumento da população urbana e a consequente necessidade de alimentos,

foi profetizado que a população do mundo estaria limitada pela capacidade produtiva do

solo, o que foi base da Teoria de Maltus3.

No Brasil, regiões que há algumas décadas possuíam uma agricultura de

vitalidade e prosperidade, hoje são cenários de incontestável decadência produtiva,

tendo suas terras revestidas com pastagens ralas e capoeiras (BERTONI e LOMBARDI

NETO, 2008, p.22). Para Galet (1984, p.11), o solo, quando colocado sob cultivo, passa

a sofrer alterações na sua constituição química, física e biológica, pois a destruição da

cobertura vegetal natural, a degradação superficial oriunda de aração e dragagem, além

das queimadas, exposição das partículas e escoamento superficial, empobrecem o solo,

rebaixam seu perfil, alteram sua estrutura e destroem a matéria orgânica presente.

Segundo Lepsh (2002, p.149), o homem se empenha em acelerar esses processos de

degradação do solo utilizando-o indevidamente.

Conforme Galet (1984, p.13), a erosão dos solos está estreitamente relacionada à

textura e disposição dos horizontes do solo e a forma e a intensidade como ele é

utilizado. Os solos arenosos, principalmente sobre horizonte B mais argilosos, são mais

3 A população cresce em progressão geométrica (2, 4, 8, 16...) e a produção de alimentos (meios de subsistência) em

progressão aritmética (1, 2, 3, 4...), um pressuposto de escassez, a fome (VIANA, 2006, p.91).

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erodíveis. Para Christofoletti (1980, p.30), esses solos são mais susceptíveis ao

transporte pelo efeito splash, podendo ser lançadas a 1,50 m de distância para todas as

direções. Guerra et al., (2010, p.45) aponta que pesquisas efetuadas na Inglaterra

concluíram que a erosão em solos arenosos ocorre de forma generalizada pelas encostas

e em volume maior que em solos argilosos, onde os processos erosivos ocorrem

principalmente nos fundos de vale.

Segundo Galet, (1984 p.13), a forma e intensidade do uso do solo referem-se às

operações ou atividades que acontecem na sua superfície e favorecem a erosão, dentre

estas destacam-se o plantio morro abaixo, as queimadas, o plantio de culturas pouco

densas e a compactação pelo movimento de máquinas e implementos, ou seja,

atividades que ocorrem em áreas cultivadas, onde não existe vegetação permanente.

Galet (1984, p.15) afirma que quanto mais “vestido” ou coberto o solo, menor a erosão,

pois a vegetação amortece as gotas de chuva já na copada, depois na serapilheira e ainda

“amarram” com suas raízes o solo, dificultando seu arrastamento e favorecendo a

infiltração da água. Desse modo, segundo Lepsh (2002, p.159), a maneira com que os

cultivos são estabelecidos influi muito nos processos erosivos, e em qualquer tipo de

agricultura e pecuária existe uma série de precauções e práticas conservacionistas, que

devem ser tomadas e observadas para proteger o solo.

Essas técnicas, de acordo com Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.94), podem

aumentar a resistência do solo ou diminuir as forças do processo erosivo, quebrando

assim um aparente conflito ecológico existente entre o homem, a agricultura e o

equilíbrio do meio ambiente (LEPSH, 2002, p.160).

Guerra et al., (2010, p.258) afirmam que os processos erosivos em áreas de

cultivo podem ser minimizados ou controlados com a aplicação de práticas

conservacionistas, que têm por concepção fundamental garantir a máxima infiltração e

menor escoamento superficial das águas pluviais. Essas técnicas são divididas em três

grupos: vegetativas, edáficas e mecânicas.

Conforme Lepsh (2002, p.165), as técnicas de caráter vegetativo visam controlar

a erosão pelo aumento da cobertura vegetal do solo, protegendo tanto do contato direto

com as gotas de chuva quanto da velocidade do escoamento superficial. Dentre essas

técnicas pode-se citar: reflorestamento, formação e manejo adequado de pastagens,

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cultivo em faixas, controle de capinas, faixas de árvore quebra-ventos e cobertura do

solo com palhas ou acolchoamento.

As técnicas de caráter edáfico consistem na modificação do sistema de cultivo

mantendo ou melhorando a fertilidade do solo por meio do controle de queimadas,

adubação verde, química orgânica, calagem do solo e rotação de cultura (BERTONI e

LOMBARDI NETO, 2008, p.113). Essas técnicas condicionam fertilidade ao solo e

indiretamente controlam a erosão (GUERRA et al., 2010, p.259).

Conforme Pruski (2010, p.132), nem sempre as práticas conservacionistas

vegetativas e edáficas são suficientes para o controle da erosão, tornando-se necessário

a adoção de procedimentos complementares por meio de barreiras artificiais, que

reduzem a velocidade do escoamento superficial, impedindo que atinja energia

suficiente para ocasionar perdas de solo acima do limite tolerável. Essas práticas são

denominadas práticas mecânicas, que para a erosão em sistemas agrícolas, as mais

utilizadas são: plantio em curvas de nível e terraceamentos e canais escoadouros, que

interceptam as águas de enxurradas e a conduzem a um canal adequado (GUERRA et

al., 2010, p. 261).

Os estudos sobre a erosão dos solos começaram a ser efetuados por volta de

1917, quando Duley desenvolveu um conjunto de sete parcelas de erosão localizada no

campus da Universidade de Missouri. Tais estudos, dentre outros, deram início ao

desenvolvimento de tecnologias e análises de perda de solo (LAFLEN e FLANAGAN,

2013, p.11). No decorrer do tempo surgiram avanços e adaptações às técnicas, até que

em 1946 uma comissão nacional se reuniu em Ohio com a finalidade de adaptar a

equação até então utilizada. A fórmula resultante ficou conhecida como a equação de

Musgrave (WISCHMEIER e SMITH, 1965 p.1), a primeira equação completa para

predição da perda de solo por erosão, expressa em polegadas ao ano (PINHEIRO, 2012,

p.25).

Posteriormente, algumas alterações foram feitas com intuito de adaptar a

fórmula para a área de estudo. Devido à grande utilidade das equações de perda de solo,

em 1954 foi criado um Centro de Dados visando o desenvolvimento de uma equação

nacional. Dessa forma, em 1965 Wischmeier e Smith, usando as informações desse

Centro de Dados, dentre outras conclusões, desenvolveram a Universal Soil Loss

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29

Equation (Equação Universal de Perda de Solos – EUPS) (PINHEIRO, 2012, p.26).

Conforme Schultz (2012, p.13), esse método consiste em uma equação que

estima a quantidade média de solo perdido em função do processo de erosão hídrica

considerando seis fatores: clima, solo, relevo, uso da cobertura do solo, práticas

conservacionistas e topografia. O cálculo da EUPS envolve fatores naturais e antrópicos

expressos na seguinte Equação 1:

A = R.K.LS.C.P 1

em que A representa a perda de solos; R a precipitação; K a erodibilidade do solo;

LS a topografia; C o uso e cobertura da terra e P as práticas conservacionistas.

Segundo Uddin et al., (2016, p.4), a EUPS é amplamente utilizada para estimar a

erosão a partir da combinação de fatores geofísicos e cobertura da terra para estimar a

perda de solo anual. Olivares et al., (2015, p.4) considera que o modelo contempla a

ação dos fatores precipitação, solo, topografia, cobertura da terra e práticas conservação.

A EUPS é considerada como o modelo matemático mais simples para estimar a

perda anual de solos, proporcionando informações rápidas e eficazes a respeito dessa

perda (PATIL et al., 2014, p. 6968). No Brasil, os trabalhos iniciais sobre a EUPS foram

desenvolvidos por Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.249) na região de São Paulo,

sendo posteriormente bases para diversos outros autores nas demais regiões.

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30

4. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área de estudo (Figura 2) está inserida na Região Oeste do estado da Bahia,

entre as coordenadas 46,9°/43,8° de longitude oeste e 10,13°/15,32° de latitude sul.

Com 82.654 km2, a área abrange 19 dos 24 municípios que compõe a Mesorregião

Extremo Oeste Baiano e as bacias do Rio Grande, Rio Corrente e Carinhanha, afluentes

do Rio São Francisco.

Figura 2: Localização da área de estudo.

4.1 Aspectos físicos

4.1.1 Clima

O clima regional típico é semiárido, com variações de úmido a subúmido, seco a

subúmido, classificado segundo Köppen como Aw (Tropical de Savanas), com duas

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estações bem definidas, apresentando clima quente e úmido entre os meses de outubro a

abril e clima frio e seco de maio a setembro. As temperaturas médias na região variam

entre 20ºC e 26ºC, sendo mais amenas nas áreas mais elevadas. As chuvas se

concentram entre os meses de novembro a março, com variações de leste para oeste e

uma média de 800 a 1.600mm por ano. A umidade relativa média do ar é de 70%, sendo

o valor médio mínimo de 50% em agosto e o valor médio máximo de 80% em

dezembro (BATISTELLA et al, 2002, p.12).

O clima regional é influenciado, no inverno, pela Massa Equatorial Atlântica

(mEa) e pela Massa Tropical Atlântica (mTa), que se deslocam para o continente a

partir do aquecimento da superfície marítima e proporcionam condições de clima

estável. Durante o verão o predomínio é da Massa Equatorial Continental (mEc), que se

expande devido às baixas pressões e o aquecimento da região central do Planalto

Brasileiro, proporcionando um clima quente e úmido (SANO et al., 2008, p.72;

JACOMINE et al., 1976, p.41)

4.1.2 Geologia

Geologicamente, a Região Oeste da Bahia está situada na Bacia Sanfranciscana,

atingindo também parte do domínio da Bahia Ocidental nas proximidades da depressão

Sanfranciscana. Ambos os domínios possuem como embasamento rochas do Grupo

Bambuí, que afloram nas regiões mais próximas à depressão e planície do São

Francisco. No planalto, região conhecida como Serra Geral ou Chapadão Urucuia, o

Grupo Bambuí encontra-se estratigraficamente sobreposto pelos arenitos do Grupo

Urucuia.

O Grupo Bambuí corresponde, em extensão, a unidade mais expressiva na Bacia

Sanfranciscana (GASPAR, 2006, p.24). De idade Proterozóica, a espessa sequência

pelítico-carbonática é composta basicamente de calcários, calcários dolomíticos,

dolomitos, margas, siltitos e argilitos (LIMA e SANTOS, 2011, p.725) que sustentam

na região as deposições fanerozóicas do Grupo Urucuia, constituído de arenitos finos a

médios, com diferentes concentrações de argila e concreções silicosas (LACERDA

FILHO, 1999, p.89).

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O Grupo Urucuia possui aproximadamente 120.000 km² de extensão e está

distribuído por seis estados brasileiros, tendo sua maior porção, 80%, na Região Oeste

da Bahia (BONFIM e GOMES, 2004, p.2). Segundo Gaspar (2006, p.33), as rochas

desse grupo destacam-se na Bacia Sanfranciscana por seu grande volume e representam

uma unidade homogênea, com pouca variedade de litotipos e abrigam um manancial

subterrâneo de dimensão regional.

4.1.3 Relevo

O Chapadão Central é predominante na região, corresponde a uma plataforma

aplainada formada sobre os arenitos Urucuia, (VERDÉSIO et al., 1987, p.6). Batistella

et al., (2002, p.14; 2008 p.165) afirma que o relevo regional é predominantemente

aplainado, com altitudes que variam entre 350 e 1200m, podendo ser dividido em cinco

domínios, sendo eles:

I. Terraços aluviais: localizados próximos às margens do Rio São Francisco, são

terrenos planos com variação atimétrica entre 350 e 400m.

II. Planalto Ocidental: predominante na região, o Planalto Ocidental é divido em

três categorias: Plataforma aplainada, com relevo predominantemente plano e

altitudes acima de 700m; Baixadas, com altitudes entre 450m e 700m; e as

Encostas de Planaltos, com altitudes que oscilam entre 500m e 700m, contendo

superfícies variáveis, desde escarpas íngremes até áreas suavemente onduladas.

III. Planície Oriental: grande superfície aplainada, com algumas partes suavemente

onduladas localizadas entre a frente oriental do Planalto Ocidental e o Rio São

Francisco. As cotas altimétricas nessa ária variam entre 400m a 600m.

IV. Planícies e Pediplanos Setentrionais: área localizada próxima aos limites da

Planície Oriental, corresponde a uma planície irregular intermontana e com

setores pediplanados.

V. Serras e Incelbergs: correspondem a maciços residuais elevados, variando entre

escarpados, ondulados e superfícies aplainadas com altitudes de 500m a 800m.

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33

4.1.4 Solos

Os solos dos cerrados baianos se diferenciam de outras regiões similares, são

solos profundos, latossólicos, arenosos, coloração vermelho-amarela e fácil

mecanização. Esses solos são predominantes, assentam sistemas agrícolas e apresentam

um horizonte B com menos de 20% de argila. Os solos com maior percentual de argila

são encontrados próximos às chapadas do norte da região, sendo deficientes em

nutrientes (VERDÉSIO et al., 1987, p.3).

Segundo Batistella et al., (2002, p.14) os solos da região são profundos, bem

drenados, ácidos e deficientes em nutrientes, tendo a ocorrência diretamente relacionada

ao relevo. No Planalto Ocidental ocorre a predominância dos Latossolos amarelos e

vermelhos, além dos Neossolos Quartzarênicos, também encontrados nas áreas de

planície. Nos vales e veredas são encontrados Gleissolos, enquanto nas Serras e

Incelbergs destacam-se solos litólicos. Conforme o Ministério do Meio Ambiente

podem ser encontrados, em menor quantidade, Cambissolos e Argissolos (Figura 3).

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34

Figura 3: Mapa pedológico do Oeste da Bahia.

4.1.5 Vegetação

A formação vegetacional da área associa-se às características físicas. No

Planalto Ocidental a fisionomia dominante é o Cerrado, correlacionado ao relevo plano

e solos do tipo Latossolo e Neossolo Quartzarênico. A mancha de Floresta Estacional

concentra-se na parte centro-oriental, em altitudes elevadas e áreas com substrato

calcário. Ao longo dos corpos hídricos ocorrem formações ciliares e na depressão do

vale do São Francisco áreas de transição ecológicas, relacionadas aos Latossolos

(BATISTELLA et al., 2002, p.15).

Sano (2008, p.248) classifica ecologicamente a região como Ecorregião

Chapadão do São Francisco, com aproximadamente 121.480,5 km², correspondendo a

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6,06% do bioma Cerrado. Segundo Dias (1992, p.17), esse bioma representa um

mosaico de paisagens dominado por diferentes fisionomias de savanas estacionais sobre

solos profundos e bem drenados. Sua cobertura vegetacional pode variar de local para

local, sendo determinada por dois fatores, a disponibilidade de água e nutrientes.

Os Cerrados constituem o segundo maior bioma/ domínio morfoclimático do

Brasil e da América do Sul, ocupando mais de 200 milhões de hectares e no decorrer

das últimas décadas, vem sofrendo enorme fragmentação, sendo substituído por

pastagens plantadas e culturas anuais para fins agrícolas em escala comercial, como

soja, milho e algodão (SANO, 2008, p.249).

4.2 Aspectos históricos e socioeconômicos

A ocupação inicial da Região Oeste da Bahia se dá a partir de expedições que

desbravavam o sertão do São Francisco e posteriormente pelas sesmarias que, entre os

séculos XVI e XVII, deram origem aos primeiros povoados, que serviam muitas vezes

de pontos comerciais entre as zonas de exploração mineral de Minas Gerais e Goiás,

mas as atividades econômicas eram baseadas na pecuária, cana de açúcar e a agricultura

de subsistência (QUEIROZ, 2012, p.19).

A partir do século XIX a região torna-se um importante entreposto comercial de

ligação entre Salvador e Goiás pelas vias fluviais, no entanto, até a década de 1950

mantinha-se com baixo dinamismo e desenvolvimento, sendo apenas centralizadora e

redistribuidora de excedentes agropecuários. Após a Segunda Guerra Mundial e o

advento da revolução verde, nos anos de 1950 o município de Barreiras recebe uma

série de equipamentos urbanos que proporcionam o desenvolvimento regional. Além

disso, a inauguração de Brasília e o projeto integração do território nacional, com a

construção das BRs 242 e 135 proporcionam a integração dos cerrados baianos e a

ocupação dos interiores brasileiros (QUEIROZ, 2012, p.19).

Segundo Santos Filho e Rios Filho (2008, p.3), já na década de 1940 algumas

mudanças técnicas aumentaram a valorização econômica da região que antes era

denominada “Além São Francisco”, nome proveniente da falta de expressão econômica

e isolamento da capital do Estado. A primeira ação governamental que impulsionou a

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valorização local foi a construção do aeroporto internacional de Barreiras (1942), em

seguida a instalação da primeira agencia regional do Banco do Brasil (1943),

implantação do Instituto de Fomento Econômico, pelo Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (1957), Fundação de Brasília e construção da Usina

Hidroelétrica de Correntina em 1960 e a instalação da Diretoria Regional da Companhia

de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF) no município de

Barreiras (1970). A CODEVASF foi responsável por grandes projetos de irrigação,

importante marco para transformação da base econômica primária da região (SANTOS

FILHO; RIOS FILHO, 2008, p.4).

A predominância do relevo aplainado e do solo de favorável mecanização faz da

área um polo do agronegócio, que até a primeira metade do século XX preservou as

mesmas formas de ocupação, a economia baseada na pecuária extensiva, agricultura

mercantil simples e extrativismo. Segundo Pimentel et al., (2011, p.8), a partir da

década de 1970 a região foi inserida em um novo ciclo de desenvolvimento marcado

pelo rápido processo de transformação e vigoroso movimento populacional intra-

regional e inter-regional, tornando-se uma das principais áreas de atuação agrícola do

país, cultivando soja, milho, sorgo, algodão, café, feijão, arroz, e mais recentemente,

frutas.

Atualmente, segundo o Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA,

2010), os doze municípios que compõe a área de estudo somam uma população de

355.934 habitantes (IBGE, 2010) e um Produto Interno Bruto (PIB-preços correntes) de

15,4 milhões de reais. A economia regional é basicamente voltada para a agroindústria

e serviços (Tabela 1).

Tabela 1: População dos municípios que compõem a área de estudo.

Município População

1980

População

2010

Relação

1980/2010

PIB 2015

Angical 11310 14073 2763 126413

Baianópolis 8698 13850 5151 117158

Barreiras 20864 137427 116563 3716479

Catolândia 1940 2612 672 63430

Cocos 13239 18153 4914 232365

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Coribe 18857 14307 -4914 111431

Correntina 30165 31229 1064 1295265

Formosa do Rio Preto 8979 22528 13549 1604949

Jaborandi* 8973 353892

Luís Eduardo Magalhães* 60105 4359783

Riachão das Neves 14693 21937 7244 731632

São Desiderio 12790 27659 9183 2716777

TOTAL 120738 355934 235196 15429574

Fonte: IBGE/SIDRA, 2010. * Emancipados após 1980.

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 Materiais utilizados

5.1.1 Landsat 5 (L5) – Sensor TM

O Landsat 5 foi lançado em 1º de março de 1984, operando até novembro de

2011, quando foi desativado. Em 2012, após falhas no Landsat 7, os sensores do

Landsat 5 foram religados e coletaram dados até junho de 2013, sendo novamente

desativado após o fracasso de um giroscópio redundante movido para uma órbita

inferior. O Landsat 5 entregou dados globais de alta qualidade da superfície terrestre da

Terra por 28 anos e 10 meses e é considerado o "Satélite de observação da Terra mais

utilizado" (NASA, 2017). O Landsat 5 possui uma resolução temporal de 16 dias, órbita

circular acerca de 705 km de altitude e cenas com tamanho aproximado de 170 km x

185 km (USGS, 2017).

A bordo do satélite encontram-se dois sensores, o MSS, desligado em 1995 e

herança das séries anteriores, e o TM, que em 2011 parou de adquirir informações

devido a problemas em um componente eletrônico. Com isso, dentro de alguns meses, o

MSS foi implementado e religado (NASA, 2017).

As imagens TM/L5 foram utilizadas para análise do UCT do ano de 1985, sendo

selecionadas entre os meses de junho e agosto, pela menor quantidade de nuvens

(Tabela 2).

Tabela 2: Imagens TM/L5 selecionadas.

ÓRBITA/PONTO 219/

68

219/

69

219/

70

220/

67

220/

68

220/

69

220/

70

221/

67

221/

68

DATA 16/07 16/07 25/07 10/08 10/08 09/07 02/07 16/07 17/08

5.1.2 Landsat 8 (L8)– Sensor OLI

O Landsat 8 lançado em 11 de fevereiro de 2013 e é o mais recente da série,

tendo a bordo dois sensores (OLI e TIRS) somando onze bandas, que com exceção da

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banda 8 (com 15m de resolução espacial), possuem 30m de resolução espacial.

A banda 1 é referente ao aerossol costeiro, as bandas 2, 3 e 4 atuam na faixa do

visível, a banda 5 na faixa do infravermelho próximo, as bandas 6 e 7 na faixa do

infravermelho médio, a banda 8 é pancromática e a banda 9 Cirrus. As bandas 10 e 11

são do sensor TIRS e atuam na faixa do infravermelho termal.

O Landsat 8 possui uma resolução e temporal de 16 dias, órbita circular acerca

de 705 km de altitude e cenas com tamanho aproximado 170 km por 183 km (USGS,

2015). Segundo a NASA (2017), o Landsat 8 vem adquirindo regularmente 550 cenas

por dia, cerca de 150 a mais do que o L7.

As imagens OLI/L8 possuem resolução espacial de 30m, estão disponibilizadas

gratuitamente e foram utilizadas para análise do UCT do ano de 2015, sendo

selecionadas entre os meses de junho e agosto, pela menor quantidade de nuvens

(Tabela 3).

Tabela 3: Imagens OLI/L8 selecionadas.

ÓRBITA/PONTO 219/

68

219/

69

219/

70

220/

67

220/

68

220/

69

220/

70

221/

67

221/

68

DATA 06/08 06/08 06/08 28/07 29/08 29/08 28/07 04/08 04/08

5.1.3 Aster Global DEM (Aster Gdem)

O Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer - Global

Digital Elevation Model (Aster Gdem) é resultado de uma parceria entre a NASA, o

Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão e do Japan Earth Remote

Sensing Data Analysis Center (ERSDAC). O principal objetivo dessa missão foi

favorecer as análises da dinâmica atmosférica global e suas interações com a superfície

terrestre e oceano (EMBRAPA, 2013, on-line). O sensor está a bordo da plataforma

orbital TERRA, lançada em 18 de dezembro de 1999 no veículo Atlas IIAS, cobrindo

99% do planeta, de 83° de latitude norte a 83° de latitude sul, com uma acurácia de 20m

para dados verticais e 30m para dados horizontais (USGS, 2014, on-line).

O sensor contém 14 bandas, sendo 3 no VNIR (visível e infravermelho

próximo), 6 no SWIR (infravermelho de onda curta) e 5 no TIR (Infravermelho termal),

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com respectivamente 15m, 30m e 90m de resolução espacial (BOLTEN; WALDHOFF,

2010) e cenas de 60 km² (USGS, 2014, on-line). As imagens do Aster Gdem foram

utilizadas para análises altimétricas da área de estudo e datam de 17/10/2011.

5.1.4 Tropical Rainfall Measuring Mission (TRMM)

O TRMM, em órbita desde 27 de novembro de 1997, é produto da parceria entre

a NASA e a Japan Aerospace Exploration Agency (JAXA) e tem como objetivo a

medição da precipitação nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Os principais

instrumentos do TRMM são o TRMM Microwave Imager (TMI), o radar de

precipitação (PR), sistema de radiômetro visível e infravermelho (VIRS), sensor de

energia radiante da superfície terrestre e das nuvens (CERES) e sensor para

imageamento de relâmpagos (LIS) (KUMMEROW et al., 1998, p.809).

O diferencial do TRMM é sua resolução temporal, oferecendo dados a cada 3

horas com resolução espacial de 0.25° e varredura entre as latitudes 50°S e 50°N. Esse

satélite possui órbita oblíqua não heliossíncrona e está acerca de 403 km de altitude,

com período de translação curto, 91 minutos. Tais características permitem uma alta

resolução temporal e espacial (COLLISCHONN et al., 2007, p.95). Além disso, o fato

do satélite ter a bordo um radar de 13,8 GHz possibilita a obtenção de dados de perfis

verticais de precipitação com resolução de 250 metros (HEIBLUM et al., 2011, p.1324).

Com o objetivo de extrair informações sobre o padrão sazonal de precipitação na

área de estudo e obtenção do fator R foram utilizados dados oriundos do produto

TRMM 3B43-Multisatellite Precipitation, que oferece dados de precipitação mensal

gerados a partir de uma média dos dados diários do produto TRMM 3B42.

5.1.5 Dados complementares

Foram utilizados bases de solos e geológicas que auxiliaram na interpretação das

análises, além de arquivos no formato shapefile de divisão política para a delimitação e

recorte da área de estudo. Estes produtos foram adquiridos no endereço eletrônico do

Ministério do Meio Ambiente (http://mapas.mma.gov.br/i3geo/datadownload.htm).

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41

5.2 Procedimentos Metodológicos

5.2.1 Equação Universal de Perda de Solos

A EUPS representa um modelo projetado para prever as perdas de solo por

erosão a médio e longo prazo, e baseia-se na fórmula (equação 1) “A=R.K.LS.C.P” ,

onde A representa a perda de solos, R a precipitação, K a erodibilidade do solo, LS a

topografia, C o uso e cobertura da terra e P as práticas conservacionistas.

Os fatores R, K, L e S são dependentes das condições naturais, e os fatores C e P

são fatores antrópicos, influenciados pelo uso e ocupação dos solos (BERTONI e

LOMBARDI NETO, 2008, p.262).

A aplicação da EUPS para a região oeste do estado da Bahia fundamentou-se no

método criado por Fujaco (2017, p.21) e denominado “USLE Paracatu Watershed”. A

técnica baseia-se na utilização de um script adicionado na interface gráfica do

ModelBuilder em ArcGis, e possibilita a inserção dos fatores que compõem a EUPS em

formato vetorial e matricial (Figura 4). Segundo Fujaco et al., (2016, p.420), essa

modelagem corresponde a um mecanismo de geoprocessamento que “envolve a entrada

de dados” (fatores: R, K, LS, CP), que são processados por operações matemáticas e

resultam em dados de saída (fator A) que permitem analisar quantitativamente a

distribuição espacial da erosão.

Figura 4: USLE Paracatu Watershed – ArcMap.

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42

O procedimento metodológico foi descrito separadamente, de acordo com cada

variável que compõe a EUPS, mostrada na equação 1.

5.2.1.1 Fator R

O Fator R representa a erodibilidade da chuva e é adquirido a partir do cálculo

de intensidade máxima de precipitação no intervalo de três horas. De acordo com Pruski

(2010, p.81) esse é o único fator da fórmula calculado diretamente a partir de registros

pluviográficos, enquanto o restante é relativo à parcela-padrão. Segundo Wischmeier e

Smith (1965, p.3), quando esses outros fatores da fórmula são constantes, exceto a

chuva, as perdas de solos estão diretamente relacionadas ao valor da energia cinética

total da tempestade (EC) e a intensidade máxima em 30 minutos (EI30).

Para melhor acurácia das informações optou-se por não utilizar dados das

estações meteorológicas da região, considerando que a mesma possui apenas três

estações automáticas concentradas na região leste da área de estudo e uma na direção

centro-leste, o que pode causar uma generalização dos resultados.

Segundo Hongfen Teng et al., (2017, p.2), os medidores de chuva fornecem

informações valiosas sobre a quantidade e a frequência das chuvas, todavia a

distribuição espacial desigual e as incoerências espaciais limitam a estimativa

pluviométrica. Neste contexto, a utilização de dados de precipitação a partir de um

satélite fornece uma solução alternativa para este problema, pois proporcionam uma

estimativa de precipitação espacialmente distribuída em grandes áreas.

Optou-se assim por utilizar dados do produto diário (3B42) do TRMM, sensor

que oferece dados pluviométricos a cada 3 horas e possui resolução espacial de 0.25°

entre as latitudes 50°S e 50°N.

Os dados oriundos do TRMM podem ser adquiridos na plataforma TRMM da

NASA, onde estão disponíveis para download. Devido ao grande volume de dados,

considerando informações de três em três horas de 03 de janeiro de 2000 a 22 de

novembro de 2017, o download do arquivo foi efetuado por meio de uma transferência

de dados em rede por File Transfer Protocol (FTP).

Os dados históricos de precipitação a cada três horas de dezessete anos geraram

o total de 51.801 arquivos binários armazenados num método sequencial. Assim, para

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43

que a leitura dos arquivos pudesse ser feita separadamente, dia a dia, fez-se necessário a

conversão das linhas para uma sequência mensal/anual. Em seguida os dados foram

exportados para o software Grid Analysis and Display System (GrADS) onde foram

feitas as correções de ruídos e outras falhas.

A etapa seguinte consistiu em acoplar os dados dos dezessete anos e dez meses

de modo a calcular a média mensal máxima e energia cinética dos eventos de

precipitação na área de estudo durante esses anos. O cálculo foi efetuado no Software

ENVI a partir da importação da imagem em formato TIFF e utilização da seguinte

fórmula (Equação 2):

Ec = 11,87 + 8,73log10 I 2

onde EC corresponde a energia cinética MJ/ha-mm e I a intensidade da chuva em mm/h.

O resultado gerado foi importado para o aplicativo ArcMap e convertido para

pontos, contendo cada um deles informações como o EC e média de precipitação. Essa

malha de pontos, juntamente com os outros atributos apresentados abaixo, compôs a

fórmula da EUPS.

5.2.1.2 Fator K

O Fator K corresponde a erodibilidade do solo, que expressa à resistência do

solo à erosão hídrica, sendo dependente dos atributos mineralógicos, químicos,

morfológicos e outros (PRUSKI, 2010 p.82). No entanto, segundo Wischmeier e Smith

(1965, p.5), a erodibilidade pode ser mais influenciada pela inclinação do terreno,

chuva, cobertura vegetal e gerenciamento do que pelas propriedades do solo, pois um

mesmo solo com fator de erodibilidade relativamente baixo pode apresentar sinais de

erosão séria quando ocorre em declives longos e íngremes ou sob chuvas intensas. Da

mesma forma, um solo com um alto índice de erodibilidade natural pode mostrar poucas

evidências de erosão quando ocorre em declives curtos e suaves, ou sob práticas

conservacionistas.

Segundo Pruski (2010, p.83), o primeiro método para estimativa da erodibilidade

do solo foi proposto por Wischmeier no ano de 1971, e consistia em um nanograma

baseado na combinação das propriedades físicas do solo, como teor de silte, areia,

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matéria orgânica, estrutura e permeabilidade. Apesar de muito utilizada nos Estados

Unidos, nos solos tropicais o método não apresenta bons resultados devido às diferenças

texturais, principalmente dos latossolos. A partir disso, diversos outros autores vêm

propondo modelos específicos para estimativa de erodibilidade, como Chaves (1996,

p.6), que a partir de fórmulas empíricas relaciona o valor de K às propriedades físicas e

químicas do solo e propõe a utilização de variáveis independentes para análise de

regressão das propriedades mais ou menos presentes no solo, ou seja, textura, óxido de

ferro, silício e alumínio, matéria orgânica e combinações destas, conforme a Equação 3:

K= 2,47x10-3

SIL – 5,23x10-3

OAL + 8,89x10-3

(CO)2 +1,15x10

-2 (OFE)

-1 +1,42x10

-4

(OSI+OSI2) – 1,89x10-2

[OSI/(OFE+OAL)]2

3

onde K corresponde a erodibilidade do solo (t.ha.h/há.MJ.mm); SIL ao percentual (%)

de silte; OAL ao % de óxido de alumínio; CO ao % de carbono orgânico; OFE ao % de

óxido de ferro e OSI o % de óxido de silício.

Os valores estabelecidos para a variável K (Tabela 4) foram baseados em

referenciais bibliográficos, sobretudo na análise efetuada pela Codevasf (CHAVES,

1996, p.14), sobre o potencial de erosão no Vale do São Francisco, que atende a área de

estudo, favorecendo a precisão dos valores condizentes com as características regionais.

Tabela 4: Fator K.

Solo Fator K

Latossolo Amarelo 0,02

Argissolo 0,0029

Cambissolo 0,06

Neossolo Quartzarênico 0,078

Gleissolo 0,0081

Neossolo Litólico 0,035

Latossolo Vermelho 0,013

Fonte: Codevasf, 1996.

5.2.1.3 Fator L.S

O comprimento da encosta e a declividade compõem a EUPS, respectivamente, como

fator LS, ou fator topográfico. Ele representa a relação esperada de perda de solo por unidade

de área em um declive qualquer em relação às perdas de solo correspondentes em uma parcela

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unitária de 25 m de comprimento com 9% de declive (WISCHMEIER e SMITH, 1978, p.12).

O fator LS possui estreita relação com a perda de solo, pois a declividade exerce

influência direta na velocidade da enxurrada e, consequentemente, no transporte de materiais, e

quanto maior o comprimento de rampa, maior é a velocidade da enxurrada e seu poder erosivo

(CARVALHO JUNIOR et al., 2001, p.4). Para se estimar o fator LS, Wischmeier e Smith

(1978, p.12) propõe a Equação 4:

LS = (L/22,13)m

(65,41 sen2 α + 4,56 sen α + 0,065) 4

em que L represente o comprimento da encosta (m); A o ângulo de declive em graus; m

a variável de declividade da encosta, onde admite-se: 0,5 para declividade ≥ a 5%; 0,4

para declividade de 3,5% a 4,5%; 0,3 para declividade de 1% a 3%; 0,2 para declividade

< que 1%.

No Brasil, a partir de dados de perda de solo no estado de São Paulo, numa

média de dez anos de observações em talhões de diferentes comprimentos de rampa e

declive, Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.260) ajustaram uma equação para estimar o

fator LS, de modo que (Equação 5):

LS = 0.00984 C0,63

D1,18

5

onde C representa o comprimento de rampa (m) e D a declividade da encosta (%).

Para a aquisição desses valores foram utilizadas imagens Aster Gdem adquiridas

gratuitamente pelo USGS. Para a cobertura da área de estudo foram necessárias 25

cenas do Digital Elevation Model (DEM) no formato TIFF.

Essas imagens foram inseridas no software ENVI, onde foi efetuado o mosaico,

e em seguida exportadas para o SPRING como um Modelo Numérico de Terreno

(MNT) e recortadas de acordo com os limites da área de estudo.

No Spring, com uma análise exploratória obteve-se informações altimétricas

máximas e mínimas, que proporcionaram o fatiamento e associação de classes temáticas

para a confecção de mapas de declividade e hipsometria.

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5.2.1.4 Fator C e P

O Fator C estabelece a perda de solo de acordo com a sua cobertura e manejo.

Segundo e Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.262), as perdas de solo numa área mantida

descoberta podem ser estimadas pelos produtos R, K, L e S, no entanto, se a área for

cultivada, tais perdas são reduzidas, levando-se em conta o estágio de crescimento e o

período do ano (seco ou chuvoso).

Schiavetti e Camargo (2002, p.50) afirmam que quanto maior a densidade da

cobertura vegetal, maior é sua importância na redução do escoamento superficial e

remoção de sedimentos, já que ela pode reduzir a energia cinética da chuva. Nesse

sentido, de acordo com Brady e Weil (2008, p.757), as florestas e gramíneas densas

possuem grande eficácia na proteção do solo; as culturas de forragem, tanto as

leguminosas quanto as gramíneas também são efetivas, pois possuem um sistema

radicular extenso, que abre novos poros no solo e favorece o sistema de infiltração

(TROEH e THOMPSON, 2007, p.532).

A estimativa do valor de C é obtida a partir de parcelas experimentais e

representa o grau de proteção média à erosão, sendo determinado de acordo com o tipo

de cultivo e manejo da área, além do estado de desenvolvimento do plantio e suas

influências na perda de solos. Considerando tais características, são utilizados valores

de 0 e 1 para se classificar o fator C, de forma que os maiores valores representam

menor proteção, enquanto os menores representam os cultivos/áreas que proporcionam

maior proteção ao solo (PRUSKI, 2010, p.86).

O fator P que compõe a fórmula corresponde ao efeito das práticas

conservacionistas nas áreas de cultivo, e assim como o fator C, é representado por

números entre 0 e 1.

Para essa análise os fatores C e P foram analisados em conjunto, conforme já

citado, considera-se que os fatores P e C só devem ser trabalhados de forma separada

quando o objetivo do trabalho for definir configurações mais adequadas de plantio.

Quando o foco for a perda de solos por erosão, essas variáveis interagem juntas,

portanto devem ser analisadas conjuntamente como CP (BORGES., 2009a, p.49), onde

o Fator P é representado pelo número 1, não influenciando no resultado da análise ao

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multiplicar com as outras variáveis.

Para obter o fator CP, ou Uso e Cobertura da Terra, utilizou-se como referência

de mapeamento imagens do satélite Landsat 5-TM para 1985 e Landsat 8-OLI para

2015, disponibilizadas gratuitamente pelo United States Geological Survey (USGS),

priorizando períodos de baixas taxas pluviométricas.

Após a aquisição das imagens em formato TIFF, foi criado um banco de dados

no software Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas (SPRING),

no qual imagens foram importadas para a categoria imagem e de modo com que cada

cena ficasse alocada em um projeto diferente.

Para cada projeto foi importado um arquivo vetorial no formato shapefile com a

delimitação da área de estudo. Assim, cada uma das cenas foi recortada, eliminado as

áreas que extrapolavam o limite de análise.

Após o recorte deu-se início ao processo de segmentação automática das

imagens, utilizando área mínima, de acordo com o nível de detalhe que cada imagem

exigia. Concluído o processo de segmentação as linhas foram exportadas da categoria

imagem para a categoria temática.

Nessa categoria foram criadas as seguintes classes: agropecuária, herbáceo

arbustivo, arbusto-arbóreo, cicatriz erosiva, água, queimada, pivôs de irrigação; rocha;

mancha urbana, mata ciliar ou várzea. Para a elaboração do mapa temático foi atribuído

para cada uma das classes uma cor, e a classificação foi feita manualmente por meio do

agrupamento de cada classe aos seus respectivos polígonos gerados na segmentação.

Para o mapeamento do ano de 2015 usou-se como auxílio a ferramenta do

Google Earth para inspeção visual das classes de uso da terra, possibilitando maior

aproximação e clareza dos objetos em análise. Para o ano de 1985 utilizou-se como

referência as condições encontradas em 2015, além de um método dedutivo indireto e

analítico.

Depois da classificação as cenas foram exportadas para o aplicativo ArcMap,

onde foi efetuado o mosaico dos projetos que até então encontravam-se separados de

acordo com o número da órbita ponto. Com isso as informações quantitativas puderam

ser analisadas como um todo, proporcionando a comparação entre as áreas e os anos,

atribuindo para as mesmas o determinado “Factor CP” (Tabela 5), ou seja, um valor

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empírico entre 0 e 1 que indica o índice de proteção que determinada cobertura vegetal

oferece ao solo, de modo que quanto menor a proteção ou maior a erodibilidade, mais

próximo de 1.

Tabela 5: Valor CP das classes de UCT.

Classe CP

Queimada 1

Cicatriz erosiva 1

Pivôs de irrigação 0,09

Agropecuária 0,07

Herbáceo-arbustivo 0,05

Arbusto-arbóreo 0,01

Mata ciliar/Várzea 0,001

Água 0

Área urbana 0

Rocha 0

5.2.2 Índice Global de Dissecação do Relevo (IGDR)

O relevo e suas formas têm influência direta sobre os processos erosivos, já que

possuem o poder de convergir ou divergir os fluxos hídricos, reelaborando todo um

sistema. Segundo Devicari (2009, p.48), essa influência é resultado da morfologia, sua

forma, ou seja, são informações, análises que mesmo resultantes de observações

sistemáticas são apenas qualitativas e, conforme Sampaio e Augustin (2014, p.48),

dependem do conhecimento e experiência do pesquisador, o que a torna, muitas vezes,

subjetiva.

Desse modo, para eliminar tais subjetividades recorre-se a parâmetros

morfométricos, quantitativos das formas do relevo, que aliados a modelos digitais de

elevação possibilitam calcular uma gama de processos, dentre eles a dissecação do

relevo. Para a análise do processo de dissecação do relevo na Região Oeste do estado da

Bahia optou-se pelo método proposto por Souza et al., (2017, p.5513), o Índice Global

de Dissecação do Relevo (IGDR), baseado em três outras análises morfométricas: o

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Índice de Concentração da Rugosidade (ICR), o Índice de Hack e a Densidade de

Drenagem, descritos separadamente abaixo:

5.2.2.1 Índice de Concentração da Rugosidade (ICR)

Consiste em uma técnica metodológica proposta por Sampaio e Augustin (2014,

p.47) com o intuito de subsidiar o mapeamento e a quantificação de dissecação a partir

de informações cartográficas e geomorfológicas. De acordo com Souza et al., (2017,

p.5515), o ICR é basicamente uma delimitação das unidades de relevo que leva em

consideração padrões de rugosidade presentes numa região.

Sampaio e Augustin (2014, p.51) consideram que o índice se enquadra no grupo

das análises tridimensionais que possibilitam a aquisição de valores para representar

unidades homogêneas de relevo visando à incorporação destes quantitativos em

modelos matemáticos ou estatísticos. Para Pereira Neto e Fernandes (2012, p. 1396), o

índice vem sendo bastante empregado em diversas pesquisas, ele oferece, pois,

importantes bases para o entendimento e identificação de áreas potencialmente instáveis

expostas aos diferentes processos erosivos e de degradação, sendo um subsídio

essencial no controle e minimização dos mesmos.

O ICR foi aplicado para a Região Oeste do estado da Bahia a partir da utilização

de imagens do satélite Aster Gdem, que, após serem importadas para o aplicativo

ArcMap, foram convertidos em malha de pontos com valores correspondentes aos

pixels originais, permitindo a aplicação do estimulador de Densidade por Kernel, um

método estatístico de estimativa de curvas de densidades traçadas a partir de uma

vizinhança circular ao redor de cada ponto amostrado em função de um raio de

influência estipulado, na qual quanto maior o raio maior a generalização da informação

(SOUZA, 2014, p.19). O raio traçado para a análise foi de 1500m, o que abrange uma

área de aproximadamente 4,7 km².

O resultado do processamento foi agrupado em 5 classes de intervalos utilizando

o método de quebras naturais (Natural Breaks) e em seguida normalizados por operação

álgebra (Equação 6) entre 0 e 1 com objetivo de padronizar os valores obtidos e a

possibilitar comparações entre diferentes estudos, independente da resolução espacial do

Modelo Digital de Elevação de origem:

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𝑓(𝑥) = (𝑋−𝑀𝑖𝑛)*1 / (𝑀𝑎𝑥−𝑀𝑖𝑛.) 6

onde X corresponde ao raster resultante dividido pela diferença de seus valores máximo

e mínimo.

5.2.2.2 Índice de Hack ou Relação Declividade Extensão (RDE)

Proposto por Hack (1973), o índice estabelece uma relação entre a declividade e

a extensão das redes de drenagem. Cremon (2013, p.6) considera que o método é um

parâmetro quantitativo significante, pois está relacionado à potência do canal (stream

power) para transportar material de dada granulometria e às características do canal com

a resistência de fluxos, proporcionando comparações de diferentes cursos fluviais ou

trechos e verificando anomalias morfoestruturais.

Monteiro et al. (2010, p.534) considera que a proposta determina se um canal

encontra-se em equilíbrio geomorfológico baseado na relação entre a encosta do rio e a

extensão da área da bacia. A técnica permite detectar alterações nos cursos de água,

decorrente de mudanças no substrato geológico, aporte de carga ou tectonismo, ou

simplesmente a relação declive e extensão do canal (SOUZA et al., 2011, p. 241)

(Figura 4).

Figura 4: Índice de Hack.

Fonte: Lima, 2013, p. 150.

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Para essa pesquisa, o Índice de Hack foi utilizado com o intuito de indicar o

vigor energético dos canais de drenagem e relacionar essa variável ao processo de

dissecação e evolução do relevo (SOUZA, 2017, p. 5516). O índice pode ser calculado

conforme mostra a figura acima (Figura 5), onde L corresponde ao comprimento da

drenagem, Δh a diferença de altitude entre duas isoípsas e ΔI a projeção horizontal do

comprimento do segmento de drenagem entre duas isoípsas.

A obtenção do ΔH dos segmentos hierarquizados da rede hidrográfica foi

realizada por um processamento MDE (imagem Aster Gdem) de estatística zonal

utilizando o aplicativo ArcMap com a extensão Knickpoint do Arc Toolbox em escala de

1:250.000 e equidistância de 100 metros. O processamento gerou um conjunto de

células de um raster com o mesmo valor. Os valores de ΔL foram calculados em metros

e, em seguida, normalizados por operação álgebra (Equação 6) entre 0 e 1 com objetivo

de padronizar os valores obtidos e a possibilitar comparações entre diferentes estudos.

5.2.2.3 Densidade de Drenagem

A Densidade de Drenagem indica a eficiência dos canais na bacia e é definida

pela relação entre o comprimento total dos cursos d‟água (L) e a área da drenagem (A),

de forma que: Dd= L/A. Segundo Porto et al., (1999, p.21), quanto maior a Densidade

de Drenagem da bacia, mais rapidamente a água do escoamento superficial chegará à

saída da bacia.

Hiruma e Ponçano (1994, p.49) afirmam que Densidade de Drenagem é

reconhecida como um dos mais importantes parâmetros da análise morfométrica de

bacias hidrográficas e foi definida inicialmente por Horton (1945) como o comprimento

médio de rios de uma bacia hidrográfica por unidade de área. Lima (2008, p.57)

considera que o índice é reflexo da geologia, topografia, do solo e da vegetação da bacia

hidrográfica, e está relacionado com o tempo gasto para a saída do escoamento

superficial da bacia. O clima atua tanto diretamente quanto indiretamente na densidade

de drenagem, considerando que está ligado à perenidade dos canais e vegetação. As

características físicas, a rocha e o solo também desempenham papel fundamental, pois

determinam a maior ou menor resistência à erosão.

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A análise da Densidade de Drenagens na área de estudo considerou o método

utilizado por Souza et al., (2017, p.5537), em que a densidade de drenagem representou

um indicador de zonas anisotrópicas do relevo, onde ocorrem processos erosivos mais

intensos e com estreita correlação espacial com a dissecação. A aquisição da densidade

de drenagem se deu a partir da utilização do aplicativo ArcMap e do Estimulador de

Densidade por Kernel em três atributos: a ordem dos canais, o comprimento e a

quantidade. O raio de busca e análise foi proporcional à área, aplicando-se um raio de

1500 metros após a observação de uma alta densidade de drenagens no local. Assim

como no ICR e Índice de Hack, a Densidade de Drenagem foi normalizada por operação

álgebra (Equação 6) entre 0 e 1 com objetivo de padronizar os valores obtidos.

O resultado dessas três análises proporcionaram a aplicação do IGDR a partir do

processo de álgebra de mapas com os rasters de ICR, Índice de Hack e Densidade de

Drenagem que, segundo Souza (2017, p.5520) correspondem à atuação dos processos

hidrogeomorfológicos e morfoesculturais nas formas existentes do relevo e funciona

como uma indicação do potencial dos processos erosivos na paisagem.

As normalizações entre 0 e 1 efetuadas nas etapas anteriores permitiram a

interação das variáveis na seguinte fórmula (equação 7):

IGDR = (ICR Global × 0,33) + (IH × 0,33) + (Den. Dre × 0,33) 7

Souza (2017, p. 5520) propõe a normalização de modo que os três índices

possuam o mesmo peso na expressão, não havendo uma influência maior de algum

índice na matriz resultante.

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6. RESULTADOS

6.1 Uso e Cobertura da Terra

As análises temporais de uso e cobertura da terra, sobretudo com as técnicas de

sensoriamento remoto, permitem a obtenção de dados sobre a dinâmica da mudança da

paisagem, auxiliando o entendimento da transformação ambiental, sobretudo quando se

tratam de mudanças de origem antrópica. A região do oeste baiano no decorrer das

últimas décadas passou por uma grande transformação, alterando não só o modo de vida

e economia da população, mas grande parte da paisagem natural, o que pode ser

observado a partir do mapeamento e análise comparativa temporal da área supracitada

num intervalo de trinta anos, entre os anos de 1985 e 2015 (Figura 5).

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Figura 5: Mapa de UCT – 1985 e 2015.

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Conforme o mapa de UCT foram utilizadas dez classes para o mapeamento,

sendo elas: agropecuária, pivôs de irrigação, vegetação herbácea arbustiva, arbusto

arbóreo, área urbana, queimadas, mata ciliar/várzea, água, cicatriz erosiva/solo exposto

e rocha. Os resultados e discussões sobre cada uma dessas classes serão apresentados

separadamente.

6.1.1 Agropecuária

As principais mudanças ocorridas na região são decorrentes da grande expansão

agropecuária, iniciada durante a década de 1970 por incentivos governamentais, com o

intuito de aumentar a balança comercial, o PIB e fazer do país um grande “celeiro

mundial”. Entre os anos de 1980 e 2015 a área destinada ao setor agropecuário quase

quadruplicou, passando de 8.585 km² para 31.519 km², um crescimento de 367% em um

intervalo de 30 anos. As principais culturas cultivadas na região são: algodão, feijão,

milho e soja, além de alguns cultivos frutíferos (SIDRA, 2006).

A área plantada em 1985 corresponde a 9,69% da região (Figura 6), enquanto

em 2015 equivale a 36,98% (Figura 6), contendo lavouras extensas e homogêneas, o

que caracteriza fielmente o monocultivo e o agronegócio. Segundo Haesbaert (2008,

p.369)

“a vertente baiana praticamente não existe ou, daquela altura, é impossível

distinguir. Apenas os valores de alguns rios desenham mais adiante outras

encostas – menos abruptas, mais sutis, no entremeado das cores da transição

entre o Sertão semiárido e o grande planalto ocidental baiano. O que

surpreende mesmo é a gigante figura geométrica que se desdobra logo adiante,

imensa mancha contínua que extrai a película de cerrado e implanta uma

vastidão de terra nua numa área que alimenta capitais estrangeiros”.

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Figura 6: Áreas agrícolas.

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57

O cultivo encontra-se concentrado principalmente na região oeste da área de

estudo, acompanhando a divisão política do estado da Bahia e as conformidades do

Planalto da Serra Geral, predominantemente composto pelos arenitos do Grupo

Urucuia, abrigando um imenso manancial hídrico devido a sua formação arenítica, que

favorece a absorção e armazenamento de água. Outro fator favorecedor da concentração

das áreas agrícolas nessa porção é a presença dos Latossolos amarelos, que apesar de

antigos, ácidos e depauperados de nutrientes, possuem elevadas concentrações de

alumínio. Esses solos, em conjunto com a baixa declividade da área, não constituem

obstáculo para a ocupação de grandes áreas agrícolas mecanizadas, tornando-se

produtivos com a ajuda de fertilizantes e calcários (KLINK e MACHADO, 2005,

p.148).

Os índices pluviométricos um pouco mais elevados na porção oeste da região

também favorecem a concentração agrícola. Segundo Frederico e Bühler (2015, p.208),

a área de maior produção de grãos está localizada numa faixa longitudinal de cerca de

100 km de largura a partir da divisa com os estados de Tocantins e Goiás, sendo essa

uma área propícia à produção de sequeiro4, onde o plantio começa a depender de

irrigação à medida que se direcionam ao leste, aproximando-se da região do semiárido,

onde o regime chuvoso é menor.

Dentre os doze municípios que integram a área analisada, Luís Eduardo

Magalhães (LEM) é o que se destaca na proporção de terras destinadas ao setor

agropecuário, com um acréscimo de 51,61% de áreas de plantio entre 1985 e 2015,

conforme mostra a tabela abaixo:

Tabela 6: Análise comparativa do percentual (%) de área plantada por município nos anos de 1985

e 2015.

Município 1985 2015

Angical 14,09 48,37

Baianópolis 4,12 29,53

Barreiras 7,56 46,04

Catolândia 4,61 29,77

Cocos 14,36 14,15

Coribe 3,38 17,50

Correntina 14,22 33,89

Formosa do Rio Preto 1,5 38,74

4 Lavoura implantada durante o período chuvoso, não dependente de irrigação.

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Jaborandi* 9,74 34,28

Luís Eduardo Magalhães* 14,65 66,26

Riachão das Neves 2,7 37,05

São Desiderio 16,37 44,36 *Distritos em 1985

Luís Eduardo Magalhães, emancipado no ano de 2001 era distrito de Barreiras,

mas desde a década de 1980 possuía, territorialmente, uma produção significativamente

maior que a do atual município de Barreiras e o que explica a independência econômica

e consequente emancipação do distrito. O município que apresenta menor área plantada

é Cocos, com aumento de apenas 0,21% da área, mas que teve parte do monocultivo

tradicional substituído por plantações com pivô central de irrigação.

Segundo Frederico e Bühler (2015. p.210), associado ao crescimento agrícola, a

região teve também um aumento significativo do número de propriedades com mais de

mil hectares, contabilizando 902 no ano de 2006 (SIDRA, 2006), o que continua sendo

parâmetro para a concessão de Créditos Rurais. Esses créditos oferecidos pelo Estado,

desde a década de 1970, são grandes condicionadores da expansão

agrícola/agropecuária, só em 2012 o Banco Central do Brasil concedeu para

proprietários desses doze municípios o total 2,6 bilhões de reais, e só o município de

São Desiderio contraiu 30% desse valor em empréstimos, segundo o Anuário Estatístico

de Crédito Rural (2012, s.n). Moreira (2013, p.8) considera que em meio a tantos

cálculos de área e créditos, não se levam em conta os custos desse crescimento

econômico gerado pela expansão agrícola para o meio ambiente, e as externalidades

oriundas dessa atividade que acabam por comprometer a dinâmica ecológica do

Cerrado, podendo ter, a médio e longo prazo, efeitos diversos no microclima, no regime

de chuvas e na biodiversidade como um todo. Nos últimos 35 anos mais da metade dos

2 milhões de km² do Cerrado foram cultivados com pastagens plantadas e culturas

anuais, as taxas de desmatamento no bioma têm sido historicamente superiores às da

floresta Amazônica e o esforço para sua conservação é muito inferior ao da Amazônia,

já que apenas 2,2% da área do Cerrado se encontra legalmente protegida (KLINK e

MACHADO, 2005, p. 147).

Em análise ao mapa de UCT pode-se afirmar que 28% da vegetação nativa

existente em 1985 foi suprimida no decorrer desses trinta anos, passando de 76.937 km²

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para 55.386 km², uma redução de 21.551 km² do bioma Cerrado, área correspondente a

metade do estado do Rio de Janeiro. De acordo com Klink e Machado (2005, p.148),

essas transformações ocorridas no Cerrado também trouxeram grandes danos

ambientais, como a fragmentação de hábitats, extinção da biodiversidade, invasão de

espécies exóticas, erosão dos solos, poluição de aquíferos e outros.

Batistella et al., (2002, p.35) acredita que a expansão agropecuária pode crescer

ainda mais, devido ao “sucesso” de setores do agronegócio brasileiro para a produção de

itens de exportação, em especial a soja. Além disso, o Estado e seus governos têm

favorecido amplamente a agropecuária empresarial, com tecnologia, território,

subsídios, capital, entre outros (CUNHA, 2017, p.303). Segundo a FAO (2015, p.64), o

Brasil é o segundo maior exportador agrícola mundial, o maior fornecedor de açúcar,

frutas cítricas e café, e em 2013 ultrapassou os Estados Unidos como o maior

fornecedor de soja. Perspectivas apontam que em 2024 o Brasil se manterá entre os

principais exportadores mundiais, fornecendo mais da metade do açúcar do mundo e se

converterá ao maior exportador mundial de carne bovina e aves (FAO, 2015, p.48).

6.1.2 Pivôs de irrigação

Junto com o uso intensivo do solo vem a sua degradação, a diminuição da

produtividade e a baixa resposta aos fertilizantes e defensivos, além da escassez de

água, o que se torna um obstáculo ao aumento da produção agrícola. Sobre essa égide,

para uma produção sempre crescente a alternativa está na produção agrícola irrigada,

que no decorrer do tempo tem possibilitado um número maior de safras anuais,

principalmente em países do hemisfério sul (PAZ et al., 2000, p. 465).

Segundo Testezlaf (sd, p.1) no passado a irrigação era sinônimo de trabalho

humano, pois desde a pré-história o homem vem desviando as águas dos rios,

construindo canais e diques para irrigar suas plantações. Com a evolução das técnicas

surgiram os sistemas de irrigação convencionais por sulcos e aspersão, até que na

década de 1950 o americano Frank Zybach inventou o primeiro sistema de pivô central,

que permitiu uma automação do processo.

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60

Na década de 1960 os sistemas com irrigação já se faziam presentes no Brasil,

mas os maiores incrementos foram verificados a partir da década de 1980 por

importantes programas governamentais (ANA, 2016, p. 12). No entanto, antes mesmo

desses grandes projetos, a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco –

CODEVASF foi a responsável pelo primeiro projeto de colonização e irrigação na

região do oeste baiano, em 1976, região – “Perímetro Irrigado Barreiras – São

Desiderio”. Segundo a CODEVASF:

“O assentamento teve início em 1976 e o manancial utilizado é o rio São

Desiderio, derivado por uma pequena barragem de concreto, que alimenta o

projeto por um canal de concreto. No início o objetivo era abastecer apenas o

projeto São Desiderio, no entanto, verificou-se que a vazão era suficiente para

atender o projeto Barreiras Sul, fundindo assim os projetos” (CODEVASF,

2017, online).

Para Vieira (2007, p. 50), este foi um importante marco para a transformação da

base econômica primária do oeste baiano favorecido pelo governo federal com objetivo

de expandir o setor agroindustrial a partir de uma estratégia de poder central para uma

modernização conservadora da política agrícola brasileira baseada em métodos

clientelistas e assistencialistas com subsídios e créditos rurais.

A instalação da CODEVASF e o desenvolvimento dos projetos de irrigação

foram peças chave para a expansão agrícola no oeste baiano. Segundo Flores et al.,

(2014, p.13), devido à diminuição dos índices pluviométricos em relação ao extremo

oeste, a agricultura interiorizou-se e desenvolveu-se a partir dessas técnicas de irrigação,

principalmente utilizando o pivô central, que cresceu de nove em 1988 para trezentos e

dois em 2008.

De acordo com o mapeamento de UCT, em 1985 já havia um total de nove

pivôs, sendo sete em Barreiras e dois em São Desiderio, correspondendo a apenas

0,13% da área agrícola. Trinta anos depois o número de pivôs centrais cresceu em 30%,

passando de uma área de 11,78 km² para 1278,0 km² (Figura 7), e considerando que

cada pivô, em média, possui uma área 1,3 km², no ano de 2015 a região continha

aproximadamente 983 pivôs, número três vezes maior que Flores et al., (2014, p.13)

apresenta em 2008.

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Figura 7: Pivôs de irrigação 2015

Os municípios que apresentam maior número de pivôs continuam sendo

Barreiras, com aproximadamente 278, e São Desiderio, com aproximadamente 228. A

informação vai de acordo com Moreira (2013, p.250), que afirma que 67,32% das áreas

irrigadas por pivôs centrais localizam-se nas bacias hidrográficas dos Rios Grande e

Corrente, em áreas planas e suavemente onduladas, com declividades de até 8%. A

informação pode ser confirmada a partir da sobreposição do mapa de declividade e UCT

(Figura 8). Conforme a análise, 77,11% dos pivôs estão em áreas com declividades

entre 3 e 20%.

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Figura 8: Relação entre Pivôs de irrigação e declividade.

Considerando-se que para cada hectare irrigado, dependendo da cultura, podem-

se consumir até 25 mil litros de água por dia (BRUNCKHORST e BIAS, 2014, p.229),

ou seja, a área irrigada por pivôs no oeste baiano, que soma 127.200,0 ha, pode

consumir até 3,1 trilhões de litros de água por dia. Para Haesbaert (2008, p.385) esse é

um processo indiscriminado e sem planejamento, pois os rios que nascem no Planalto

Ocidental baiano são os grandes abastecedores do médio São Francisco e o uso dos

recursos hídricos nessas áreas representa sérios problemas ecológicos para toda a bacia,

acarretando na diminuição do nível freático, poluição das águas e erosão. Além disso,

conforme Moreira (2013, p.38), o cultivo irrigado por pivôs nas bordas de planaltos

pode contribuir para a supressão da Área de Preservação Permanente - APP, para a

aceleração dos processos erosivos, assoreamento, diminuição da vazão e contaminação

dos rios.

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Batistella, Criscuolo e Bolfe (2008, p.184) preconizam que o manejo agrícola

com solo irrigado pode gerar problemas de salinização nas águas dos terraços aluviais e

planícies do oeste baiano, principalmente nas porções mais baixas do relevo e com

ocorrência de solos hidromórficos.

A análise comparativa indica que no decorrer dos últimos trinta anos houve o

crescimento de águas represadas e utilizadas na agricultura. Esses represamentos

ocorreram, sobretudo, nos rios Guará e Galho Grande, na Bacia do Rio Corrente (na

altura de São Desiderio e Correntina) e nos rios das Balsas e Cabeceira de Pedras, na

Bacia do Rio Grande (na altura de Luís Eduardo Magalhães). A relação intrínseca entre

as áreas represadas e a irrigação pode ser observada na figura abaixo (Figura 9).

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Figura 9: Pivôs de irrigação e hidrografia.

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Segundo Paz et al., (2000, p.467) o setor agrícola pode ser considerado o maior

consumidor de água e como este é o componente essencial e estratégico ao

desenvolvimento da agricultura, o controle e a administração adequados e confiáveis

são necessários para que haja um manejo sustentável.

Na Região Nordeste, devido às reduzidas taxas de precipitação, alta evaporação

e pouca disponibilidade de águas superficiais, as reservas hídricas subterrâneas passam

a ser a alternativa de abastecimento e produção agrícola irrigada (PAZ et al., 2000,

p.467). O desenvolvimento agrícola da região nordeste, no geral, tornou-se crescente

principalmente após a inserção da irrigação, que favoreceu o cultivo anual e em larga

escala, mas também trouxe como consequência e fator de risco o uso exacerbado dos

recursos hídricos e sua contaminação por insumos agrícolas.

De acordo com a The Nature Conservancy (2016, p.25), na Região Oeste da

Bahia já se constata a ocorrência de conflitos pelo uso dos recursos hídricos em razão da

crescente demanda por irrigação e geração de energia. No local já se projetam possíveis

cenários críticos para o futuro, uma vez que não é assegurada a existência de uma

irrigação sustentável, devido à dependência do regime de chuvas para a disponibilidade

de água e da manutenção do aquífero Urucuia, a principal reserva subterrânea da região,

que além de sustentar a irrigação abastece as bacias dos rios Grande e Corrente.

Estudos ainda não conclusivos apresentam indícios de diminuição da vazão desses rios,

o que pode estar relacionado a um possível rebaixamento do aquífero que tem suas áreas

de recarga nos mesmos chapadões onde as grandes modificações do uso e cobertura da

terra comprometem a entrada de água no sistema (THE NATURE CONSERVANCY,

2016, p.26).

6.1.3 Queimadas

De acordo com Borges e Sano (2014, p.27) o fogo se faz presente de forma

recorrente durante a estação seca em grande parte da região do Oeste da Bahia e tem

sido utilizado na supressão da vegetação nativa de Cerrado para abrir novas áreas para

expansão do agronegócio. Para Klink e Machado (2005, p.148), embora o bioma seja

adaptado ao fogo, às queimadas utilizadas para estimular a rebrota das pastagens e para

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abrir novas áreas agrícolas causam uma série de danos, compactação e erosão dos solos,

degradação da biota nativa e prejuízos gerais à fauna e flora.

Oliveira et al., (2012, p.5) apontam que o fogo, quando inserido em formações

vegetais, pode ser caracterizado em três tipos: 1) fogo de superfície, que se propaga

consumindo principalmente a vegetação do estrato rasteiro; 2) fogo de copa, que é o

fogo de superfície onde, dependendo da distribuição e quantidade, pode se desenvolver

e atingir a copa das árvores; e 3) fogo subterrâneo, que se propaga na camada de matéria

orgânica e é altamente destrutivo, provocando alta mortalidade na vegetação. De

maneira geral, dependendo da frequência e intensidade, o fogo pode causar grandes

modificações na comunidade vegetal, dentre elas a alteração da estrutura vegetacional, a

diminuição de sua altura média e a redução da biodiversidade.

Em uma análise comparativa, no decorrer das últimas três décadas a utilização

do fogo na área de estudo pode ser considerada diminutiva, observa-se que o total

queimado entre julho e agosto de 1985 é significativamente maior do que o mesmo

período em 2015. Em números, no ano de 2015 foram queimados 298,75 km² de

cerrado, enquanto que em 1985, 3044 km² do bioma foram destruídos pelo fogo (Figura

10).

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Figura 10: Queimadas.

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Nota-se que grande parte das áreas queimadas de 1985 deu abertura às áreas

agrícolas existentes em 2015 (Figura 11), desse modo acredita-se que a diminuição do

número de queimadas deve-se a estabilização da expansão da fronteira agrícola e da

própria modernização do campo, onde os maquinários executam a “limpeza” que antes

era feita pelo fogo, tornando-o desnecessário. Fora isso, a partir da década de 1990

houve um aumento da preocupação ambiental, rigidez das leis e consequente

valorização de práticas conservacionistas, como por exemplo, o plantio direto, onde os

resquícios da colheita anterior ficam retidos no terreno, preservando o solo da exposição

total, se transformando em matéria orgânica e não exigindo a “limpeza” para o plantio

seguinte.

Figura 11: Sobreposição entre áreas agrícolas em 1985, 2015 e queimadas.

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6.1.4 Mancha urbana

Entre o século XVI e XVII surgem os primeiros povoamentos ao longo dos rios,

aonde a pecuária e a exploração mineral vinda de Goiás e Minas Gerais começavam a

configurar a área, que até 1950 apresentava baixo dinamismo. A partir dos anos 50, com

a construção de Brasília e os incentivos estatais, a região passa a ter uma nova

configuração no cenário nacional, o que foi um atrativo populacional e econômico.

Segundo Ilario (2013, p.127) o crescimento demográfico no oeste baiano decorre

dos movimentos migratórios relacionados à agricultura, dando destaque aos gaúchos,

paranaenses, paulistas e mineiros, impulsionados pela desconcentração espacial das

atividades agrícolas e agroindustriais no sul e sudeste do Brasil (QUEIROZ, 2012,

p.18). Para Alves (2006, p.71), aproveitando das ações governamentais e baixos preços

das terras, os sulistas migraram para o cerrado baiano e tornaram-se os principais

responsáveis pela produção de grãos. Os primeiros grupos chegaram ao final da década

de 1970, mas o processo migratório se consolidou mesmo nos anos de 1980 (ALVES,

2006, p.71).

De acordo com o IBGE, entre a década de 1980 e 2010, períodos censitários, a

população mais que dobrou no extremo oeste baiano. A análise mostra que, somando os

doze municípios que compõem a área de estudo, a população passou de 120.738 para

355.934 habitantes, ou seja, um crescimento de mais de 100%. Conforme a tabela

abaixo os municípios com maiores taxas de crescimento foram Barreiras, Formosa do

Rio Preto e São Desiderio, respectivamente.

Tabela 7: População residente por município nos anos de 1980 e 2010.

MUNICÍPIO POPULAÇÃO 1980 POPULAÇÃO 2010

Coribe 18.857 14.307

Catolândia 1.940 2.612

Correntina 30.165 31.229

Angical 11.310 14.073

Cocos 13.239 18.153

Baianópolis 8.698 13.850

Riachão das Neves 14.693 21.937

São Desiderio 12.790 27.659

Formosa do Rio Preto 8.979 22.528

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O crescimento demográfico regional está intimamente ligado às atividades

agrícolas, nota-se que estes municípios estão entre os que destinam maior área do

território a essas culturas e tiveram maior crescimento de áreas agrícolas no decorrer

dos últimos trinta anos.

Essa alteração demográfica reflete de maneira significativa nos fluxos, fixos e,

sobretudo, espacialmente. Para Elias (2007, p.25) as transformações ocorridas na

atividade agropecuária no Brasil exercem profundos impactos sobre a (re)organização

do território brasileiro, resultando em novos arranjos territoriais. A exemplo disso está o

crescimento da mancha urbana no oeste baiano, que passa de 15,75 km² em 1985 para

93,31 km² em 2015.

Nessa análise comparativa foram considerados os ainda distritos Luís Eduardo

Magalhães e Jaborandi. O primeiro, juntamente com Barreiras e São Desiderio

apresentaram o maior aumento de mancha urbana (Figura 12), o que pode estar

relacionado com as migrações sulistas, como afirma Ilário (2013, p.127). O êxodo rural

não pode ser considerado como responsável por esse aumento, pois nesse intervalo de

trinta anos a população rural de Barreiras e São Desiderio aumentou ao invés de

diminuir, fato inverso ao que ocorreu na região sul de sudeste. Os outros municípios em

análise apresentaram diminuição de aproximadamente 50% da população rural, no

entanto ela ainda é predominante.

Barreiras 20.864 137.427

Jaborandi Distrito 8.973

Luís Eduardo Magalhães Distrito 60.105

TOTAL 120.738 355.934

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Figura 12: Maiores crescimentos de mancha urbana entre 1985 e 2015.

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Dentre os doze municípios que contemplam a área de estudo apenas Formosa do

Rio Preto e LEM apresentam população urbana maior que a rural. No restante dos

municípios a população rural predomina sobre a urbana, como Jaborandi, que chega a

ser aproximadamente duas vezes maior, todavia o crescimento da malha e população

urbana foi significativo.

Segundo Elias (2011, p.160), a difusão do agronegócio ocasiona um crescimento

de áreas urbanizadas, pois dentre outras coisas, a gestão da agropecuária moderna

necessita da sociabilidade e dos espaços urbanos. Essa narrativa se conecta a realidade

da região oeste da Bahia e a Santos (1993, p.77), quando diz que a partir da década de

1970 o Brasil passou por uma revolução urbana em que o crescimento também atinge as

cidades médias e pequenas.

6.1.5 Vegetação nativa

O processo de expansão agrícola acarreta numa série de prejuízos ambientais e

sociais, causados sobretudo pelo desmatamento. De acordo com Alves (2006, p.49),

essa expansão ocorreu mediante a conversão de mais áreas naturais, principalmente de

cerrado, em espaços de produção agrícola moderna, impulsionando o desmatamento e

tornando-se um grande problema social, além de ambiental, pois gera transformações na

vida camponesa e elimina uma série de recursos naturais necessários para

sobrevivência, como a água.

Ainda para Alves (2006, p.71),

“[...] as matas nativas possuidoras de variados tipos de frutos, plantas

medicinais e de mel desaparecem numa velocidade alucinante diante do

desmatamento provocado pelas lavouras modernas, as quais não deixam

quaisquer vestígios de vegetação original”.

Cunha et al., (2008, p.294) afirma que as principais ameaças à biodiversidade no

Cerrado estão centradas na expansão da agricultura e da pecuária a partir da conversão

do cerrado em áreas agrícolas, com perda de vegetação originária, utilização de

agrotóxicos, fertilizantes e corretivos, irrigação, pisoteio de animais, monocultivos e

outros.

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Segundo Menke et al., (2009, p.316) desde a década de 70 o Cerrado tornou-se o

foco das novas expansões agropecuárias e passou a ser considerado a última grande

fronteira a ser explorada no globo. Desde então aproximadamente 40% dos 204 milhões

de hectares de Cerrado já foram convertidos em pastagens cultivadas, áreas agrícolas e

outros tipos de uso.

Na região oeste do estado da Bahia, entre 1985 e 2015 o cerrado sofreu uma

supressão de 21.551 km², o que representa 28% do total existente em 1985,

considerando áreas de vegetação herbácea arbustiva, arbusto arbóreo e mata

ciliar/várzea (Figura 13).

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Figura 13: Vegetação nativa.

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A supressão deu lugar a pastagens e áreas produtoras de commodities agrícolas.

Dentre os municípios analisados, Formosa do Rio Preto, São Desiderio e Barreiras,

respectivamente, foram os que apresentaram maior perda da vegetação nativa entre

1985 e 2015, 57% do total supracitado.

O município de Cocos foi o único que em um comparativo apresentou aumento

da vegetação nativa no decorrer do período, 535 km², no entanto o valor corresponde,

aproximadamente, a área que em 1985 foi classificada como queimada, 549 km², ou

seja, pode-se considerar que não se trata de um aumento da vegetação, mas sim da

regeneração do processo de queimada e ainda possível conversão em área agrícola.

Para o mapeamento as áreas de Mata Ciliar e Várzea foram inseridas em uma

única classe, alegando-se que ambas estão no entorno de corpos hídricos e que a

utilização de imagens com resolução de 30m não oferece tamanha precisão e nível de

detalhe para separação das duas variáveis.

Nesse sentido, analisando-se as áreas de Mata Ciliar e Várzea nota-se que a

supressão das mesmas entre 1985 e 2015 (Figura 14) soma 220 km² e 80% dessa

supressão ocorreu nos municípios de São Desiderio, Correntina e Barreiras.

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Figura 14: Mata Ciliar/Várzea.

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Observa-se que em alguns outros municípios, como Formosa do Rio Preto,

Baianópolis, Riachão das Neves, Angical, Coribe e Catolândia tiveram um pequeno

aumento de área de Mata Ciliar/Várzea, no entanto este não chega a 50 km² e pode ser,

no caso das Várzeas, apenas causado por índices pluviométricos e retenções maiores em

relação ao ano de 1985. Outra causa do suposto aumento pode ser em função das

próprias Leis Ambientais, que principalmente a partir de 1986 visavam maiores

perímetros de preservação no entorno dos rios.

Batistella, Criscuolo e Bolfe (2008, p.185) afirmam que as áreas ripárias

merecem uma atenção especial, pois possuem um formato alongado de alta fragilidade e

relevância na manutenção do equilíbrio hidrológico, dificultando o assoreamento e

favorecendo a conservação dos mananciais. Para Monteiro et al., (2016, p. 1290) única

presença de vegetação ripícola já diminui a velocidade do escoamento superficial e em

combinação com as estruturas radiculares, estabiliza o solo das margens dos rios,

preserva a qualidade da água e contribui para a proteção do solo, pois retira os

nutrientes exportados das plantações circundantes, reduzindo a poluição difusa

onipresente nos campos agrícolas, de modo a ser uma barreira para que essas

substâncias atinjam os corpos hídricos e lençol freático.

As áreas com vegetação de porte arbusto-arbustivo também sofreram decréscimo

de aproximadamente 604 km² em 2015, um percentual de perda de 17% em relação a

1985 (Figura 15). Os municípios com perdas mais significativas desse tipo de vegetação

foram Baianópolis e Coribe, somando 558 km², ou seja, 92% da perda de vegetação de

porte arbusto-aubustivo ocorreram nesses dois municípios.

Conforme o SOS Mata Atlântica (s.d), em uma análise do desmatamento no

estado da Bahia, Baianópolis é visto como o município que mais devastou os resquícios

de Mata Atlântica entre 2014 e 2015. O Ministério do Meio Ambiente (2011, p.10)

considera que o oeste da Bahia é a região que mais vem evoluindo na devastação do

Bioma Cerrado e é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material

lenhoso para produção de carvão.

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Figura 15: Vegetação arbusto arbóreo.

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A retirada da vegetação e mudança no uso e cobertura da terra ocasiona uma

série de desequilíbrios ao meio ambiente, diminui a biodiversidade, destrói ecossistemas

e habitats, desnuda o solo, nascentes, favorece o assoreamento dos corpos hídricos e

consequentemente afeta a população local e a jusante, ou seja, uma série de

desequilíbrios e prejuízos em cadeia.

Segundo Pamplona (2017, p.12), a ocupação do Cerrado Baiano ocorreu em

diferentes momentos e velocidades, tendo como o principal motivo a abertura de áreas

para commodities agrícolas. Essa expansão e supressão da vegetação nativa tende a

aumentar nos próximos anos, tornando-se uma ameaça ainda maior à biodiversidade do

cerrado e para a recarga dos rios e aquíferos, pois a retirada da vegetação interfere na

capacidade do solo de infiltração, aumenta o escoamento superficial, o assoreamento

dos corpos hídricos, afeta a vida aquática e altera as condições climáticas numa escala

regional(PAMPLONA, 2017, p.33).

6.1.7 Cicatrizes erosivas

Facilitada e acelerada pelo homem, a erosão é o processo de degradação que

mais tem afetado a capacidade produtiva dos solos, podendo ser considerada um dos

mais importantes problemas ambientais nos dias atuais, resultante de práticas

inadequadas de manejo agrícola (PANACHUKI et al., 2006, p.262).

De acordo com Amorim et al., (2010, p.1047), a erosão do solo tem sido assunto

de grande preocupação no Brasil e no mundo, em virtude da rapidez com que se

processa e por ocasionar grandes prejuízos econômicos e ambientais. A aceleração do

processo origina-se da combinação da intensificação agrícola com eventos de chuvas

intensas, a qual é responsável por aproximadamente 85% da degradação dos solos.

A erosão laminar é a que ocorre de forma mais frequente nas áreas agrícolas,

sendo iniciada a partir do impacto direto das gotas de chuva sobre o solo,

principalmente durante o período de preparo para o plantio e queimadas, quando o solo

encontra-se, geralmente, desprovido de cobertura vegetal, o que favorece a

desagregação das partículas e seu transporte.

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80

Haja viso, segundo Bertoni e Lombardi Neto (2008, p.76) que a erosão laminar

pode ser considerada a mais perigosa, pois é a menos notada. Quando percebida, esse

tipo de erosão já possui a característica de cicatriz erosiva, também chamada de

cicatrizes de fluxo superficial, originadas a partir do contato direto das gotas de chuva

com o solo e do fluxo difuso da água.

O tema erosão será mais bem discutido no próximo tópico, o objetivo do estudo

nesse momento é apenas efetuar uma análise comparativa da frequência de cicatrizes

erosivas existentes na área de estudo nos anos de 1985 e 2015.

Tratando-se de uma escala que envolve maior nível de detalhe acrescenta-se que

a utilização de imagens de resolução espacial de 30m, como a do Landsat, não se torna

favorecedora e assídua para essa variável, no entanto, com ajuda do Google Earth pode-

se identificar melhor as cicatrizes erosivas para o ano de 2015, sobrepondo-as nas

imagens de 1985 e aferindo sua área ou existência.

Desse modo conclui-se que no intervalo de trinta anos houve um aumento de

14,81 km² de cicatrizes erosivas na região, passando de 3,12 km² em 1985 para 17,93

km² em 2015. Acredita-se que esse crescimento é oriundo, além dos próprios fatores

naturais, do abandono de terras agrícolas já não mais produtivas, característica inerente

à agricultura e pecuária, principalmente antes do surgimento das novas tecnologias e

insumos que favorecem a utilização da terra dada como improdutiva.

A maioria das cicatrizes erosivas concentram-se ao leste da área de estudo,

sobretudo nas áreas de transição de material geológico (Arenito, Metasiltito e Xisto) e

pedológico (Neossolos Litólicos, na transição entre Neossolos Quartzarênicos e

Cambissolos), além disso possuem uma relação direta com a declividade do terreno,

acompanhando linearmente as declividades acima de 20% (Figura 16). Segundo

Wischmeier e Smith (1965, p.5), a erodibilidade pode ser mais influenciada pela

inclinação do terreno, chuva, cobertura vegetal e gerenciamento do que pelas

propriedades do solo.

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Figura 16: Relação entre as cicatrizes erosivas e a declividade do terreno – 2015.

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Ao sul da área de estudo, no município de Cocos, nota-se também o aumento da

frequência das cicatrizes erosivas ao efetuar a comparação, essas ocorrem

principalmente próximas ao Ribeirão Mato Grande, afluente do Rio Carinhanha, na

divisa entre o estado da Bahia e Minas Gerais. Diferente da região leste, essa área

possui declividades menos acentuadas e é composta predominantemente por Latossolos

e Neossolos, sendo na transição desses a maioria das cicatrizes erosivas.

Segundo Batistella, Criscuolo e Bolfe (2008, p.184) a região ocidental da Bahia

é composta por arenitos com alta susceptibilidade à erosão e que dão formação a

Latossolos Amarelos de textura fina, quase arenosa, com baixo grau de estruturação,

que quando sujeito à erradicação e degradação da vegetação nativa e intensa atividade

agropecuária, pode desencadear processos erosivos laminares, em sulcos e voçorocas.

Infere-se assim que o aumento desses processos erosivos, principalmente no sul de

Cocos, seja oriundo ou acelerado por atividades agrícolas, queimadas ou mesmo o

abandono do cultivo, deixando o solo exposto e susceptível às intempéries.

6.2 Estimativa de perda de solos

A rápida e intensa mudança no UCT tem produzido impactos ambientais antes

inexistentes na região, nas terras utilizadas para fins agrícolas não existe só o problema

da eliminação da vegetação, podem ocorrer também alterações nas propriedades físicas

e químicas do solo, o que compromete sua fertilidade, condiciona a perda da

produtividade e simultaneamente a perda da resistência à erosão (SILVA et al., 2007,

p.57).

Para Silva et al., (2007, p.68) a distribuição do fenômeno da erosão sobre

grandes áreas e as medidas de controle são objetos de intensos estudos que visam

determinar as relações existentes entre erosão, condições naturais e econômicas, além

de avaliar a evolução dessas condições no tempo e no espaço. O avanço da tecnologia,

principalmente aquela relacionada à informatização, permitiu novas abordagens para a

análise de processos erosivos, utilizando modelos matemáticos como ferramentas de

previsão, planejamento e controle.

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Essas tecnologias e modelos matemáticos permitiram gerar uma estimativa de

perda de solo para a área de estudo, levando-se em conta a classificação do uso e

cobertura da terra, tipo de solo, relevo e precipitação, fatores no qual o único que possui

influência antrópica direta é o uso do solo. Para esse foram classificadas dez variáveis,

conforme mostra o mapa de UCT (Figuras 5) e, para cada uma delas, estabelecido um

valor empírico que representasse seu grau de proteção, de modo que os maiores valores

fossem associados às classes que apresentassem pouca ou nenhuma cobertura de solo,

como por exemplo, o solo exposto e as queimadas (Tabela 6).

Os resultados obtidos indicam que a perda de solo no ano de 1985 foi 29%

superior a 2015 (Figura 17).

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Figura 17: Estimativa de perda de solo.

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As altas taxas obtidas na análise referente a 1985 provêm da grande quantidade

de áreas queimadas nesse período. Era o auge da expansão e conversão da vegetação

nativa em áreas de cultivo, e o fogo era o principal método para efetuar o processo,

deixando, mesmo que temporariamente, grandes parcelas de solo desnudado, o que

proporcionou aumento das taxas de erosão. Segundo Pereira e Vieira (2001, s.n) pode-

se pressupor que o plantio mecanizado de grãos contribui na redução de uso do fogo

para o preparo de área. Pedroso Júnior et al., (2008, p.162) cita que em Lampung, na

Indonésia até 1930 a agricultura de corte e queima era dominante, houve uma

substituição gradual por uma agricultura mais intensiva, até que, no início da década de

1970, não havia mais áreas florestadas e as queimadas deixaram de ser praticadas.

No oeste baiano, apesar do processo de expansão se manter crescente, assim

como as taxas de desmatamento, 2015 também já não era o pico de conversão,

considerando que grande parte das terras agricultáveis, sobretudo no leste da área de

estudo, já haviam sido convertidas e cultivadas, não se utilizando do fogo com a mesma

frequência e oferecendo maior proteção ao solo do que quando desprovida de cobertura

vegetal.

Observa-se também que nos locais onde as declividades são maiores que 20% as

perdas de solo se intensificam, crescendo de maneira proporcional ao aumento da

declividade. O mapa de perda de solos (Figura 17) aponta aumento das perdas nessas

áreas declivosas no que se compara a análise de 1985 e 2015.

Pode-se considerar que, apesar do processo erosivo natural nessas áreas ser mais

acelerado, a retirada da vegetação contribui para esse aumento, já que a ausência da

mesma favorece o fluxo difuso da precipitação e consequentemente um maior arraste de

partículas. Além disso, Segundo Troeh e Thompson (2007, p.182) a topografia modifica

o microclima e a vegetação, produzindo efeito na quantidade de matéria orgânica e

marcante movimento de água e solo. Os solos de áreas declivosas apresentam maior

escoamento superficial, o que gera menor disponibilidade de água para as plantas e

consequentemente um crescimento vegetal deficiente que é logo perdido pela erosão.

Outro fato a ser observado é que as maiores perdas de solo ocorrem nas áreas em

que há predominância de Neossolos Litólicos e Quartizarênicos. Esses solos são pouco

desenvolvidos, não hidromórficos e de textura normalmente arenosa, apresentando alta

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erodibilidade principalmente em declives mais acentuados (EMBRAPA, 2013, p.224),

além de conterem baixos teores de carbono orgânico total, fósforo e baixa capacidade de

troca catiônica (SANTOS et al., 2012, p.685). Troeh e Thompson (2007, p.183)

acreditam que nesses solos ocorre dificuldade na fixação da vegetação, pois são

arenosos, mornos e bem arejados, o que favorece rápida decomposição e não acúmulo

de matéria orgânica, menor retenção de água e menor fertilidade. Isso confere menor

crescimento de plantas do que nos solos argilosos, que tendem a estabilizar os

componentes orgânicos contra a decomposição.

Para Chistofoletti (1980, p.30) as areias, principalmente as finas, são as

partículas mais susceptíveis ao transporte pelo efeito splash. Guerra et al., (2010, p.45)

apontam que pesquisas efetuadas na Inglaterra concluíram que a erosão em solos

arenosos ocorre de forma generalizada pelas encostas e em volume maior que em solos

argilosos, onde os processos erosivos ocorrem principalmente nos fundos de vale.

6.3 Análises morfométricas

6.3.1 Hipsometria

A análise hipsométrica constitui uma importante ferramenta de observação para

o entendimento da topografia e das dinâmicas geomorfológicas, no entanto, segundo

Souza (2014, p.26) o mapa hipsométrico pode omitir algumas formas e compartimentos

topográficos, escondendo as variações existentes no interior de estruturas geológicas.

O mapa (Figura 18), portanto, demonstra que as cotas altimétricas mais elevadas

estão situadas na porção oeste da área de estudo, margeando a encosta do denominado

Planalto Geral, com altitudes entre 826m e 1079m que tendem a diminuir à medida que

se aproxima da região central e leste, às margens da Depressão São Franciscana. São

nas faixas central e leste, onde as altitudes variam entre 630 e 730m, que identificam-se

as áreas mais declivosas e escavadas por canais de drenagem.

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Figura 18: Mapa Hipsométrico.

6.2.3 Índice de Concentração de Rugosidade (ICR)

O ICR permite, a partir da espacialização da densidade dos valores de

declividade, discriminar o relevo de acordo com o grau de dissecação. Segundo Souza

(2014, p.27) a técnica auxilia nas pesquisas geomorfológicas tomando o relevo como

uma variável numérica e menos subjetiva, permitindo uma leitura tridimensional dos

fatos geomorfológicos a partir da classificação morfométrica.

A aplicação do índice para a região oeste da Bahia resultou basicamente em duas

áreas homogêneas e uma de transição, onde os baixos valores de rugosidade são

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representados pela cor verde, enquanto os altos coeficientes estão representados pela cor

vermelha e as faixas de transição, ou seja, médias rugosidades, em amarelo (Figura 20).

Figura 19: Mapa do Índice de Concentração de Rugosidade (ICR).

Os maiores valores de rugosidade concentram-se, sobretudo, nas áreas mais

declivosas, nas altitudes mais elevadas e nas transições entre as médias e baixas

altitudes, coincidindo em diversos pontos com a própria geometria do mapa

hipsométrico e de declividade, acompanhando linhas e feições resultantes do processo

de incisão de drenagens em densidades significativas e rupturas de relevo. Como afirma

Pereira Neto e Fernandes (2012, p.1406), “pode-se observar que o índice de rugosidade

topográfica encontra-se intimamente atrelada à concentração dos diferentes índices de

declividade e amplitude altimétrica.”.

Segundo Gonçalves (2016, p.3) a avaliação do coeficiente de rugosidade

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significa estimar a resistência ao escoamento, ou seja, a fragilidade natural do ambiente

(ROSS, 1994, p.66). Assim, considerando-se que a erosão está intrinsecamente ligada à

topografia do terreno, dentre outros fatores, as áreas com maiores concentrações de

rugosidade estão mais susceptíveis ao processo de dissecação, como aponta o mapa de

ICR (Figura 19) e que vai em conformidade também com os resultados da EUPS

(Figura 17) e o mapa de os solos da área (Figura 4), onde nas maiores rugosidades

destacam-se os Neossolos Quartzarênicos e Neossolos Litólicos, ou seja, solos com

baixa agregação e susceptíveis a erosão.

6.2.4 Índice de Hack (IH) ou Relação Declividade Extensão (RDE)

Dentro das inúmeras abordagens de análise de perfis longitudinais, uma das mais

utilizadas foi desenvolvida por Hack (CREMON, 2013, p.12) e é um indicador preciso

de mudanças na declividade do canal fluvial e de onde ele possui maior energia,

podendo estar associado às desembocaduras de tributários, às diferentes resistências à

erosão hidráulica do substrato rochoso e/ou à neotectônica (BARBOSA, 2013, p.23).

A representação dos valores resultantes da aplicação do Índice de Hack para o

oeste da Bahia (Figura 20) mantém o mesmo padrão do Índice de Rugosidade

apresentado acima (Figura 19). A cor vermelha representa pontos de maior energia,

amarelo alaranjado áreas de transição e a cor verde menor energia.

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Figura 20: Mapa de Índice de Hack (IH) ou Relação Declividade Extensão (RDE).

.

O processamento resultou em um alinhamento de áreas de maior vigor

energético, ou anomalias, na região centro leste, em altitudes baixas e médias, entre

400m e 800m. As declividades nessas áreas podem ser classificadas como altas e

médias, contendo altos índices de rugosidade.

Nota-se que a partir desse alinhamento de áreas com maior vigor energético

ocorre uma pequena alteração na direção de alguns canais de leste para nordeste. Além

disso, no “hot spot” central ocorre uma anomalia em cotovelo no padrão do canal, o

que pode ser um indício de uma neotectônica (JANONI et al., 2016, p.27),

principalmente quando se observa também a mudança dos padrões de drenagem de

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retilíneos e paralelos para subparalelos e dendríticos a partir dessas alterações na direção

dos canais.

6.2.4 Densidade de Drenagem

Por representar a quantidade de canais em uma determinada área e o grau de

dissecação dos mesmos, a análise da densidade de drenagem pode ser uma importante

ferramenta para os estudos morfométricos, sobretudo em nível de bacia hidrográfica.

Segundo Ramos et al., (2014, p.251), a densidade de drenagem reflete o comportamento

do escoamento nos canais, permitindo avaliar os níveis de equilíbrio da paisagem

através do fluxo atual e também identificar fluxos passados.

O mapa de Densidade de Drenagem da região oeste da Bahia (Figura 21),

seguindo o mesmo padrão de representação do IDR e RDE, possui um potencial de

dissecação significativo, especialmente nos canais de ordem mais elevada que cortam a

região no sentido W/E e SW/NE.

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Figura 21: Mapa de Densidade de Drenagem

Infere-se que a concentração dos maiores potenciais de dissecação nesses canais

de ordem mais elevada possua relação direta com o aumento do fluxo de energia a partir

de canais tributários, principalmente quando se observa os pontos onde os canais

afluentes desembocam no rio principal, provavelmente tendo seu vigor energético

aumentado diante de possíveis rupturas que constituem o nível de base local.

De modo geral, apesar das diferenças altimétricas e de declividade, pode se

considerar que a densidade de drenagem na área de estudo não apresenta hots-spots, ou

seja, apesar da existência de diversos pontos mais susceptíveis a dissecação, estes estão

distribuídos de forma equilibrada, não havendo concentrações. Pode-se atribuir isso à

homogeneidade do embasamento rochoso, composto basicamente de arenitos do Grupo

Urucuia, exceto nas áreas mais rebaixadas do extremo leste, na qual afloram sedimentos

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de areia e silte, já nas proximidades da Depressão São Franciscana.

6.2.5 Índice Global de Dissecação do Relevo – IGDR

O Índice Global de Dissecação do Relevo corresponde a uma junção dos índices

de Hack, Rugosidade e de Densidade de Drenagem. Segundo Souza (2014, p.32), o

IGDR não considera apenas as formas do relevo, mas também sua dinâmica

hidrogeomorfológica e potencial de modelagem das feições, permitindo avaliar a

influência dos agentes modeladores e determinar as áreas de maior instabilidade, ou

seja, áreas mais susceptíveis à dissecação.

Conforme mostra o mapa acima (Figura 22), as áreas de maior instabilidade

geomorfológica, em vermelho, encontram-se em parte da faixa centro-oriental do

planalto, entre as baixas e médias altitudes, sobretudo próximas às faixas de maior

potencial energético, segundo o Índice de Hack. Além disso, ocorre também no extremo

leste-nordeste da imagem, faixas com altitudes menos significativas, transicionais e de

declividade mais acentuada, grande concentração desses pontos de susceptibilidade,

correspondendo geometricamente às áreas de maior concentração de rugosidade, onde,

provavelmente, o escoamento também adquire maior energia, modelando a paisagem.

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Figura 22: Mapa do Índice Global de Dissecação do Relevo - IGDR.

As áreas com menor susceptibilidade à dissecação estão entre os limites de

canais de drenagem, correspondendo ao interflúvio dessas sub-bacias, apresentando

maior estabilidade a partir do momento em que direciona os fluxos para um canal em

sua proximidade, tornando-o mais energético em relação ao potencial de dissecação e

transporte.

De modo geral pode-se afirmar que as principais áreas de instabilidade natural

correspondem também a áreas de grande interferência antrópica, como por exemplo,

nos municípios de Formosa do Rio Preto e São Desiderio. Essa união entre a

interferência antrópica e a instabilidade natural pode intensificar a ação dos agentes

modeladores da paisagem e consequentemente o processo de dissecação.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O sensoriamento remoto e as técnicas de geoprocessamento tornaram-se uma

importante fonte de informação e ferramenta principalmente no que diz respeito ao

monitoramento das mudanças ocorridas na paisagem, sejam elas naturais ou antrópicas.

O mapeamento de UCT apontou uma significativa supressão da vegetação nativa

em função do aumento de 367% das áreas agrícolas. Essa expansão pode ser explicada

historicamente a partir das políticas de investimento que favoreceram, sobretudo, os

grandes latifundiários. Juntamente com a expansão agrícola teve-se o crescimento das

áreas irrigadas e da mancha urbana, principalmente dos municípios de Barreiras, São

Desiderio e Luís Eduardo Magalhães, resultando até mesmo na emancipação deste

último, que até o final do século XX era distrito de Barreiras.

Apesar da grande supressão da vegetação, fator que intensifica os processos

erosivos, a análise das perdas de solo utilizando a Equação Universal de Perda de Solos

indica que o ano de 1985 apresenta valores 29% maiores que 2015. A explicação para o

fato é dada considerando que as áreas de vegetação nativa estavam sendo convertidas e

em áreas agrícolas por meio das queimadas, o que deixava o solo temporariamente

exposto.

Ressalta-se que o resultado não deve ser avaliado sem os devidos critérios, pois

aparentemente pode advertir que o avanço das culturas agrícolas sobre a vegetação

nativa exerce mais proteção ao solo, o que não é verdade. O fato é que o intervalo de

tempo estudado, trinta anos, corresponde a dois extremos do histórico

“desenvolvimentista” do cenário agrícola brasileiro. Na década de 1980, a grande

disponibilidade de terras e o projeto de transformar o Brasil em “Celeiro Mundial” fazia

com que a expansão das culturas agrícolas ocorresse numa velocidade maior e com

técnicas rudimentares de supressão da vegetação nativa, como o fogo.

A utilização dessa técnica agride o solo e o deixa temporariamente exposto às

intempéries, o que favorece a aceleração dos processos erosivos. Desse modo, na

classificação de vulnerabilidade das classes que compuseram o fator CP da EUPS, a

classe “queimada” recebeu o valor 1, ou seja, baixa proteção ao solo, e como o ano de

1985 o número de queimadas classificadas foi altamente significativo, acentuou-se a

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frequência de solos expostos.

Para a suposta redução da perda se solo no ano de 2015 dois fatores podem ser

apontados:

1º- leis que controlam a utilização do fogo como forma de “limpeza” do cultivo, o que

consequentemente favorece a não exposição total do solo;

2º- as áreas que foram consideradas como de alta vulnerabilidade de perda de solos em

1985, devido às queimadas, encontram-se, em sua maioria, cultivadas em 2015, o que

oferece uma pequena proteção a mais do que se estivessem expostas como estavam logo

após a abertura do front.

Os resultados finais indicam a necessidade de se realizar novos mapeamentos de

uso e cobertura da terra, sobretudo nos períodos pós anos 2000, uma vez que a maior

conversão para áreas agrícolas diminui o emprego do fogo. Tal conclusão gera

pressupostos para a continuidade da pesquisa.

A utilização da EUPS, que aponta a interferência antrópica como fator

determinante para o resultado, e as análises topográficas, como o IGDR, permitiram

concluir que além da erosão intensificada pelo homem, a área de estudo possui uma

susceptibilidade natural à dissecação, sobretudo nas áreas mais declivosas, com maiores

índices de rugosidade e vigor energético. O conjunto declividade e gradiente hídrico

modelam mais intensamente a paisagem, intensificando a dissecação e a perda de solos.

Os resultados obtidos a partir da análise topográfica possibilitam e sugerem um

maior planejamento ambiental para a área de estudo, considerando principalmente que

as áreas destacadas como de maior potencial de dissecação são coincidentemente as que

possuem intensa intervenção antrópica e um modelo intensivo de cultivo agrícola.

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