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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES DANIELA GARCIA SGAI GERAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAMUNDONGO DUPLO NOCAUTE PARA OS GENES DA LEPTINA E RECEPTOR B1 DE CININAS Mogi das Cruzes, SP 2007

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

DANIELA GARCIA SGAI

GERAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAMUNDONGO

DUPLO NOCAUTE PARA OS GENES DA LEPTINA

E RECEPTOR B1 DE CININAS

Mogi das Cruzes, SP

2007

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES

DANIELA GARCIA SGAI

GERAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DO CAMUNDONGO

DUPLO NOCAUTE PARA OS GENES DA LEPTINA

E RECEPTOR B1 DE CININAS

Prof. Orientador: Dr. Ronaldo de Carvalho Araújo

Mogi das Cruzes, SP

2007

Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós-graduação da Universidade de Mogi das Cruzes como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Biotecnologia.

FINANCIAMENTO

CAPES, FAEP

FICHA CATALOGRÁFICA Universidade de Mogi das Cruzes - Biblioteca Central

Sgai, Daniela Garcia

Geração e caracterização do camundongo duplo nocaute para os genes da leptina e receptor B1 de cininas / Daniela Garcia Sgai. -- 2007.

77 f.

Dissertação (Mestrado em biotecnologia) Universidade de Mogi das Cruzes, 2007

Área de concentração: Ciências biológicas Orientador: Prof. Dr. Ronaldo de Carvalho Araújo

1. Obesidade 2. Diabetes 3. Leptina 4. Receptor B1 5. Medicina experimental I. Título II. Araújo, Ronaldo de Carvalho

CDD 619.93

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho primeiramente a Deus.

À minha família, e especialmente aos meus pais, Wagner e Ivete, por todo o amor,

estrutura emocional e esforços imensuráveis despendidos a mim desde a infância, na

realização dos meus sonhos.

Aos meus avós, Walter e Florentina, José e Conchietta, por toda afeição e carinho com

que participam de minha vida.

Ao novo integrante da família, meu marido e meu grande amor, Evandro, pela

dedicação incondicional, paciência e apoio emocional tão precioso durante todo o

desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus amigos que colaboraram direta ou indiretamente para a realização de mais

um sonho.

Meu amor e admiração por todos crescem a cada dia...

"Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha,

mas toda felicidade e crescimento ocorrem quando

você a está escalando.”

(William Shakespeare)

AGRADECIMENTOS

A todos que colaboraram e participaram da realização deste trabalho, seja pelo apoio

técnico, emocional e até mesmo financeiro. Sem isto, nada seria possível...

À minha família e amigos pela dedicação, paciência e apoio incondicionais.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Ronaldo de Carvalho Araújo, pelos ensinamentos e

amizade, me orientando da melhor forma possível.

A todos os professores doutores que participaram da minha formação e da realização

deste trabalho, compartilhando conhecimentos valiosos que contribuíram para a sua

conclusão. À Lúcia Garcez do Carmo, João Lúcio de Azevedo, Jorge Luiz Pesquero,

João Bosco Pesquero, Michael Bader, Regina Lúcia Batista da Costa de Oliveira,

Renata Guimarães Moreira, Suma Imura Shimuta, Rui Cury e Ubiratan Machado.

Ao prezado amigo e técnico João Daivison da Silva Ramalho, pela prestatividade,

amizade e suporte nos experimentos.

A todos os colegas do laboratório, minha segunda família durante todo esse período,

pela colaboração e apoio.

RESUMO

A obesidade atualmente é apontada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como epidemia mundial. Sabe-se que é fator de risco para o desenvolvimento de muitas patologias, como síndrome metabólica, distúrbios inflamatórios, doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II. A hiperglicemia crônica observada no diabetes é considerada importante no desenvolvimento de retinopatias, doenças cardiovasculares e complicações renais. O sistema calicreína-cininas está envolvido em muitos processos biológicos, como resposta inflamatória, controle da pressão arterial e contratilidade gastrintestinal. Atua na captação de glicose por células musculares e adipócitos, através da translocação do GLUT4. Os animais nocaute para o receptor B1 de cininas foram gerados e mostraram-se resistentes à obesidade induzida por dieta hiperlipídica e mais sensíveis à leptina exógena. Ressaltou-se o envolvimento do receptor B1 na homeostase de glicose e funcionalidade das ilhotas pancreáticas. A leptina é importante na gênese e manutenção da obesidade, atua no processo de estocagem e controle energético, sendo também um eficiente sinalizador nutricional. É anorexígena em nível central e induz lipólise. Para investigação do papel da leptina no organismo, o camundongo ob/ob se torna uma importante ferramenta, por produzir uma leptina truncada. Isto confere ao animal uma obesidade hereditária severa, diabetes mellitus tipo II, número e tamanho de adipócitos elevado, infertilidade, entre outros. Levando em consideração resultados glicêmicos e relacionados à inflamação nos B1 nocaute, além do papel da leptina no apetite e lipólise, o objetivo deste trabalho foi gerar um camundongo deficiente para a leptina e receptor B1 de cininas (ob/ob;B1KO), visando investigar o papel deste na gênese e manutenção da obesidade e do diabetes. Após sucessivos cruzamentos, este foi gerado e caracterizado através da análise do DNA genômico. Observou-se ausência de atividade contrátil do estômago nos camundongos ob/ob;B1KO em banho de contração com o agonista do receptor B1. Como alternativa na obtenção dos animais, foi realizado o transplante de tecido adiposo branco, e os camundongos ob/ob tiveram sua fertilidade restabelecida dois meses após a cirurgia. Aos quatro meses de vida, os animais ob/ob;B1KO apresentaram menor massa corporal, comparados aos ob/ob selvagens (ob/ob;WT). Não foram observadas diferenças entre a ingestão dos grupos. Após eutanásia, vários órgãos foram retirados. Foi observada maior massa relativa de tecido adiposo inguinal e menor massa dos rins, coração e ventrículo esquerdo. A análise histológica mostrou menor diâmetro das fibras musculares do ventrículo esquerdo, indicando uma proteção parcial contra a hipertrofia cardíaca comumente observada nos animais ob/ob. No teste de tolerância à glicose, exibiram maior captação de glicose, não havendo diferença no teste de sensibilidade à insulina. Mostraram-se também mais sensíveis à leptina exógena, provavelmente por mecanismo central. Apesar do receptor B1 de cininas não ter se mostrado relacionado à gênese da obesidade mórbida com deficiência de leptina, nossos resultados sugerem seu envolvimento na patogênese de doenças associadas, como o diabetes tipo II e distúrbios cardiovasculares, além de um papel na sensibilidade à leptina. Palavras-chave: Sistema calicreína-cininas, leptina, obesidade, diabetes.

ABSTRACT

Obesity is classified by World Health Organization (WHO) as a worldwide epidemic problem. It is known that is a risk factor to various pathologies, as metabolic syndrome, inflammatory dysfunction, cardiovascular diseases and type 2 diabetes mellitus. The cronic hyperglicemia observed in diabetes is considered important to development of retinopathies, cardiovascular diseases and renal complications. The kallikrein-kinin system is involved in many biological processes, as inflammatory response, blood pressure control and gastrintestinal motility. It works on glucose uptake in muscle cells and adipocytes by GLUT4 translocation. Knockout animals for kinin B1 receptor (B1KO) has been generated. They were resistants to hyperlipidic diet-induced obesity and showed more sensibility to exogenous leptin. It has been demonstrated that B1 receptor is involved in glucose homeostasis and pancreatic islets function. Leptin is important in genesis and manteinance of obesity, acts on storage process and energetic balance, being also an efficient nutritional signaller. It is anorexigenic centrally and induces lipolisis. In order to investigate the role of leptin in the organism, the ob/ob mouse becomes an important tool because it sintetizes a defective leptin. It conferes to the animal an hereditary morbid obesity, type 2 diabetes mellitus, elevated number and size of adipocytes, infertility, and another ones. Considering glycemic results and the ones related to inflammation in B1KO mice, and even the role of leptin in apetite and lipolisis, the objective of this study was to generate a leptin and B1 receptor deficient (ob/ob;B1KO) mouse, aiming to investigate the role of this receptor on the genesis and manteinance of obesity and diabetes. After successive crosses, the ob/ob;B1KO mouse has been generated and characterized by genomic DNA analyses. It was observed no contractile activity in stomach of the ob/ob;B1KO mice when incubated with B1 receptor agonist in contraction bath. It has been done a transplant of white adipose tissue as an alternative method of obtaining the animals and, after two months of surgery, the ob/ob animals have got their fertility restored. The ob/ob;B1KO animals presented lower body mass, compared to the the wild ob/ob (ob/ob;B1WT), four months after birth. It was not observed difference between the ingestion of the two groups. After euthanasia, many organs were extracted. It was observed higher relative mass of inguinal adipose tissue, and a lower mass of kidneys, heart and left ventricle. The hystologic analysis showed muscle fibers in left ventricle with lower diameter in the ob/ob;B1KO ones, indicating a parcial protection against the cardiac hypertrophy, which is normally observed in the ob/ob animals. In glucose tolerance test, the ob/ob;B1KO showed an improvement in glucose uptake, and there were no differences in insulin tolerance test. They also presented a higher sensibility to exogenous leptin, probably because of a central mechanism. Despite the kinin B1 receptor has not been shown to be related to the genesis of morbid obesity with leptin deficiency, our results suggest its envolvement with pathogenesis of associated diseases, as type 2 diabetes and cardiovascular dysfunctions, and also a role in the leptin sensibility.

Keywords: Kallikrein-kinin system, leptin, obesity, diabetes.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Vias de sinalização da insulina . ....................................................18 Figura 2 Representação esquemática da relação entre excesso de adiposidade visceral e desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II....................................20 Figura 3 Representação esquemática do sistema calicreína-cininas. ..........26 Figura 4 Eletroforese do fragmento do gene OB amplificado por PCR ........45 Figura 5 Representação dos sítios de reconhecimento da enzima de

restrição DdeI, com a presença ou ausência da mutação no fragmento do gene OB amplificado por PCR................................45

Figura 6 Eletroforese do fragmento do gene OB amplificado por PCR e submetido à digestão com a enzima de restrição DdeI ...............47 Figura 7 Eletroforese dos fragmentos do gene para o receptor B1 de cininas (A) e do cassete de neomicina (B), amplificados por PCR ..............................................................................................48 Figura 8 Registros de resposta contrátil de fundus de estômago de camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT (in vitro), frente aos agonistas dos receptores B1 e B2 de cininas..........................49 Figura 9 Gráfico de resposta contrátil de fundus de estômago de camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1KO (in vitro), frente aos agonistas dos receptores B1 e B2 de cininas..........................50 Figura 10 Foto de uma fêmea ob/ob;B1KO submetida ao transplante de tecido adiposo aos dois meses de vida. (A) Antes ; e (B) dois meses após a intervenção cirúrgica .................................51 Figura 11 Gráfico de acompanhamento da massa corporal de camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT, do primeiro ao quarto mês de vida........................................................................52 Figura 12 Gráfico de acompanhamento de ingestão relativa diária

média (g /g de peso vivo) dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT ..................................................................................52

Figura 13 Gráfico de glicemia em jejum dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT aos 2 meses de vida .........................53 Figura 14 Teste de tolerância à glicose nos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT aos 3 meses de vida .........................53 Figura 15 Teste de sensibilidade à insulina nos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT aos 3 meses e meio de vida .............54 Figura 16 Gráfico da concentração sérica de insulina basal dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT aos quatro meses e meio de vida....................................................................54 Figura 17 Teste de sensibilidade à leptina exógena. Gráfico de acompanhamento diário da ingestão alimentar média (A) e massa corporal média (B) dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT aos quatro meses de vida, durante cinco dias consecutivos à administração da leptina ................................55 Figura 18 Gráfico de massa relativa de órgãos extraídos dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT. (A) Tecido adiposo inguinal ; (B) rins ; (C) coração ; e (D) ventrículo esquerdo.......................................................................................56 Figura 19 Microscopia (400X) de lâminas histológicas de ventrículo esquerdo dos camundongos ob/ob;B1KO e ob/ob;B1WT............57

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

% Porcentagem

ηg/µL Nanograma(s) por microlitro

°C Graus centígrados

µg Micrograma(s)

µL Microlitro(s)

B1+/- Camundongo heterozigoto para o receptor B1 de cininas

B1KO Camundongo nocaute para o gene do receptor B1 de cininas

B1WT Camundongo selvagem para o gene do receptor B1 de cininas

BK Bradicinina

CO2 Dióxido de carbono

DBK Des-Arg9-bradicinina

DdeI Enzima de restrição isolada de Desulfovibrio desulfuricans

DMID Diabetes mellitus insulino-dependente ou diabetes mellitus tipo I

DMNID Diabetes mellitus não insulino-dependente ou diabetes mellitus tipo II

DNA Ácido desoxiribonucléico

HDL Lipoproteína de alta densidade

i.p. intra-peritoneal

IL-1β Interleucina - 1 beta

IL-6 Interleucina - 6

IMC Índice de massa corporal

IRS Substrato do receptor de insulina

Kg/m² Quilograma(s) por metro quadrado

LBK Calidina ou lisil-bradicinina

mg/dL Miligrama(s) por decilitro

mg/mL Miligrama(s) por mililitro

MgCl2 Cloreto de magnésio

min Minuto(s)

mL Mililitro(s)

mm Milímetro(s)

mM milimolar

n Número de camundongos utilizados por grupo

NaCl Cloreto de sódio

NO Óxido Nítrico

O2 Oxigênio gasoso

OB Gene da leptina

OB/OB Camundongo magro, selvagem para a mutação do gene da leptina

ob/ob Camundongo obeso, homozigoto para a mutação do gene da leptina

OB/ob Camundongo magro, heterozigoto para a mutação do gene da leptina

ob/ob;B1KO Camundongo duplo nocaute para os genes da leptina e receptor B1

de cininas

ob/ob;B1WT Camundongo nocaute para o gene da leptina e selvagem para o

gene do receptor B1 de cininas, utilizado como controle do animal

duplo nocaute

OMS Organização Mundial da Saúde

pb Pares de bases nitrogenadas

PCR Reação de polimerase em cadeia

pH Potencial hidrogeniônico

RNA Ácido ribonucléico

rpm Rotações por minuto

s Segundo(s)

SCC Sistema calicreína-cininas

TNF-α Fator de necrose tumoral - alfa

TTG Teste de tolerância à glicose

U/µL Unidade(s) arbitrária(s) por microlitro

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................. 15

1.1 Obesidade ..............................................................................................15

1.2 Diabetes Mellitus ...................................................................................17

1.2.1 Diabetes Mellitus Tipo I ...............................................................19

1.2.2 Diabetes Mellitus Tipo II ..............................................................19

1.3 Leptina ...................................................................................................22

1.3.1 Camundongo ob/ob.....................................................................23

1.4 Sistema Calicreína-cininas ...................................................................24

1.4.1 Camundongos Nocaute para o Receptor B2 de Cininas (B2KO).........................................................................................29

1.4.2 Camundongos Nocaute para os Receptores B1 e B2 de Cininas (B1B2KO) .......................................................................30

1.4.3 Camundongos Nocaute para o Receptor B1 de Cininas (B1KO)........................................................................................30

2 OBJETIVOS...................................................................................... 32

3 MÉTODO........................................................................................... 33

3.1 Geração do Camundongo ob/ob;B1KO................................................33

3.2 Genotipagem .........................................................................................34

3.2.1 Extração do DNA Genômico.......................................................34

3.2.2 Amplificação do Gene OB...........................................................35

3.2.3 Amplificação do Gene do Receptor B1 de Cininas e Cassete de Neomicina................................................................37

3.3 Análise Funcional do Receptor B1 de Cininas ....................................38

3.4 Transplante de Tecido Adiposo Branco...............................................39

3.5 Controle de Massa Corporal .................................................................39

3.6 Controle de Ingestão Alimentar............................................................40

3.7 Glicemia em Jejum ................................................................................40

3.8 Teste de Tolerância à Glicose...............................................................40

3.9 Teste de Sensibilidade à Insulina.........................................................41

3.10 Teste de Sensibilidade à Leptina..........................................................41

3.11 Testes Bioquímicos...............................................................................42

3.12 Eutanásia dos Animais .........................................................................42

3.12.1 Análise Histológica .....................................................................43

4 RESULTADOS.................................................................................. 44

5 DISCUSSÃO ..................................................................................... 58

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES....................................................... 64

REFERÊNCIAS..................................................................................... 65

ANEXO A .............................................................................................. 76

15

1 INTRODUÇÃO

1.1 Obesidade

Atualmente, a obesidade apresenta-se como um grave problema de saúde

pública, sendo inclusive apontada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como

uma epidemia mundial (YORK et al., 2004; POIRIER et al., 2006). Sua prevalência

na população vem crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos

países em desenvolvimento (ECKEL et al., 2004).

É uma doença multifatorial que já acomete quase um terço da população

mundial. Além do fator hereditário, seu desenvolvimento está intimamente ligado a

fatores comportamentais, como sedentarismo e hábitos alimentares desregrados

(NOBRE et al., 2006).

Basicamente, quando a ingestão calórica supera o gasto energético, ocorre

um desbalanço energético e ganho de peso, e conseqüentemente, todas as

complicações associadas à obesidade são desencadeadas (SCHUTZ, 1995;

WEYER et al., 2000).

Uma das metodologias mais difundidas na avaliação do grau de obesidade é

o cálculo do índice de massa corporal (IMC) do indivíduo, obtido pela fração do peso

(em quilogramas) pela altura (em metros) ao quadrado (MULLIS et al., 2004).

Considera-se ideal um IMC entre 20 e 24,9Kg/m². O sobrebeso é caracterizado entre

25 e 29,9Kg/m² e a obesidade mórbida, a partir de 40Kg/m² (WILSON et al., 2007).

Inúmeros estudos demonstram que a obesidade com acúmulo de tecido

adiposo visceral, caracterizada pela deposição predominante de tecido adiposo na

região do abdômen, é a que representa maior fator de risco para doenças

16

cardiovasculares, estando também envolvida no desenvolvimento da síndrome

metabólica (EMPANA et al., 2004; BERGMAN et al., 2007).

A síndrome metabólica é uma associação de fatores de risco importante na

predisposição do indivíduo à morbidade ou mortalidade de origem cardiovascular. As

principais alterações observadas são: intolerância à glicose, obesidade, aumento da

pressão arterial, elevação do triglicérides e baixos níveis séricos de HDL (DAY,

2007).

Dentre os distúrbios mais freqüentes observados na associação deste tipo de

obesidade e esta síndrome, estão as dislipidemias, aumento dos níveis plasmáticos

de ácidos graxos livres, hipertensão, resistência à insulina, hiperinsulinemia,

diabetes mellitus tipo II, inflamações e trombose (POIRIER et al., 2006; BAHIA et al.,

2006; BERGMAN et al., 2007; WASSINK et al., 2007).

O acúmulo de adiposidade visceral promove um aumento de ácidos graxos,

triglicérides e colesterol circulantes; e de citocinas inflamatórias, como interleucina -

1β (IL-1β), proteína C reativa e fator de necrose tumoral - α (TNF-α). Promove

também hiperglicemia, hiperinsulinemia e aumento de resistina plasmática. Além

disso, pode levar à diminuição de adiponectina, responsável pela proteção das

paredes arteriais, e do tipo de colesterol HDL, uma lipoproteína de alta densidade

envolvida na manutenção da luz vascular (WASSINK et al., 2007). Essa cascata

desencadeada pode levar ao desenvolvimento da aterosclerose e outras doenças

cardiovasculares, além da resistência à insulina e diabetes mellitus tipo II

(CATERSON et al., 2004; WASSINK et al., 2007).

17

1.2 Diabetes Mellitus

O diabetes é uma doença que acomete mais de 170 milhões de pessoas no

mundo (FOX et al., 2006).

A hiperglicemia, característica desta patologia, ocorre devido a uma

deficiência na produção de insulina ou resistência à mesma (WITHERS et al., 1998).

A insulina é secretada pelas células β-pancreáticas e desenvolve um papel

importante na homeostase de glicose, modulando o metabolismo de carboidratos,

lipídios e proteínas por intermédio de suas vias de sinalização intracelular.

O receptor de insulina pertence à família dos receptores de membrana com

atividade da tirosina quinase. Uma vez ativado pela sua ligação específica com a

molécula de insulina, desencadeia a fosforilação de proteínas intracelulares, como

os IRSs e Src, além de Shc ou ainda Gab-1.

Conseqüentemente, vários efetores protéicos intracelulares são recrutados e

promovem a ativação de vias de sinalização intracelular, como as vias de

fosfatidilinositol 3-quinase (PI3-K) e MAP quinase, levando a uma variedade de

efeitos biológicos. Dentre eles, estão o transporte de glicose para o meio intracelular

via recrutamento da proteína transportadora GLUT4, síntese de glicogênio,

lipogênese ou glicólise, síntese de proteínas, bem como atuação no crescimento

celular (CARVALHEIRA et al., 2002). (Figura 1).

A principal ação metabólica deste receptor ocorre em músculos, fígado e

tecido adiposo (BAUDRY et al., 2002; CARVALHEIRA et al., 2002; RHODES e

WHITE, 2002; BARROSO et al., 2003).

A hiperglicemia crônica é considerada o principal fator no desenvolvimento de

retinopatias, doenças cardiovasculares e complicações renais associadas (BAUDRY

18

et al., 2002). Estes dados contribuem para o diabetes ser uma das doenças mais

pesquisadas atualmente no mundo.

Vários estudos têm sido realizados no intuito de determinar suas bases

fisiopatológicas, almejando desvendar um tratamento mais eficaz e até mesmo uma

possível cura.

Figura 1: Vias de sinalização da insulina (CARVALHEIRA et al., 2002).

É classificada basicamente em dois subtipos: diabetes mellitus insulino-

dependente (DMID) ou tipo I, e diabetes mellitus não insulino-dependente (DMNID)

ou tipo II.

19

1.2.1 Diabetes Mellitus Tipo I

O DMID é responsável por aproximadamente 10% dos casos de diabetes,

sendo de manifestação precoce. Ocorre principalmente em crianças e jovens.

Fatores de risco determinantes nesses casos são mães com diabetes mellitus tipo I,

com idade mais avançada ou mesmo que desenvolveram pré-eclampsia durante a

gravidez (MCKINNEY et al., 1999). Pode decorrer também de ação medicamentosa

(VANTYGHEM e PRESS, 2006). É o tipo de diabetes mais agressivo, visto que a

disfunção na produção de insulina pelas células β-pancreáticas ocorre devido à sua

destruição pelo próprio sistema imune. Esta deficiência na produção da insulina

torna o indivíduo dependente de insulina exógena.

1.2.2 Diabetes Mellitus Tipo II

O DMNID é uma doença poligênica complexa, caracterizada principalmente

por resistência à insulina e disfunção das células β-pancreáticas (DE MEYTS, 1993;

KAHN, 1994; SACKS et al., 1996; BARROSO et al., 2003).

Observada em aproximadamente 90% dos pacientes com diabetes, está

ligada a padrões hereditários complexos, sendo manifestada tardiamente. Fatores

comportamentais, como sedentarismo e hábitos alimentares pouco saudáveis,

também podem contribuir com o seu desenvolvimento (BAUDRY et al., 2002). Na

maioria dos pacientes, vem acompanhada de obesidade com acúmulo de

adiposidade visceral, compartilhando os fatores de risco (CUEVAS-ALVAREZ et al.,

20

2006; WILSON et al., 2007). Associada à obesidade, sua incidência tem aumentado

progressivamente, a exemplo dos Estados Unidos da América (FOX et al., 2006).

A obesidade e a resistência à insulina estão associadas aos fatores de risco

de doenças cardiovasculares, assim como se relacionam com os níveis alterados de

marcadores inflamatórios e disfunção endotelial. (WEYER et al., 2002)

Muitos estudos sobre obesidade têm ressaltado o papel do tecido adiposo

como um órgão endócrino, responsável pela secreção de inúmeros mediadores de

complicações vasculares e metabólicas observadas (BAHIA et al., 2006). (Figura 2)

Figura 2: Representação esquemática da relação entre excesso de adiposidade visceral e desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes mellitus tipo II .

Dois hormônios secretados por adipócitos foram recentemente identificados:

adiponectina e resistina. Estão envolvidos na resistência à insulina e risco

cardiovascular ligados à obesidade (STEPPAN et al., 2001; WEYER et al., 2002;

SHETTY et al., 2004).

21

A adiponectina é encontrada em altas concentrações na circulação periférica

(TSAO et al., 2002), e seus níveis circulantes estão extremamente diminuídos na

obesidade, diabetes tipo II e resistência à insulina (ARITA et al., 1999; WEYER et al.,

2001). Está associada a marcadores inflamatórios, como a proteína C reativa e o

fator de necrose tumoral α (TNF-α) (KRAKOFF et al., 2003; OUCHI et al., 2003),

atuando na supressão de respostas inflamatórias (YOKOTA et al., 2000).

Correlaciona-se inversamente com inflamação e disfunção endotelial (KRAKOFF et

al., 2003).

Pode estar envolvida na proteção vascular, sendo que altos níveis séricos

estão relacionados a um menor risco coronariano em homens com ou sem diabetes

(PISCHON et al., 2004; SCHULZE et al., 2005)

Desempenha também importante papel na sensibilidade à insulina (KUBOTA

et al., 2002; LINDSAY et al., 2002), aterogênese (OUCHI et al., 1999; OUCHI et al.,

2001), metabolismo de lipídeos e hiperlipidemia (KUBOTA et al., 2002;

MATSUBARA et al., 2002).

Já a resistina foi recentemente apontada como atuante na resistência à

insulina associada à obesidade (STEPPAN et al., 2001). Possui estrutura similar às

citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-6 (IL-6) e TNF-α, ambas envolvidas

em eventos de disfunções cardiovasculares relacionadas à obesidade. No entanto, a

associação da resistina com os marcadores inflamatórios parece ser independente

do IMC, sugerindo que tenha um papel pró-inflamatório direto ou que module seus

efeitos por mecanismos ainda desconhecidos (VGONTZAS et al., 2000).

A leptina é um outro hormônio que parece ter envolvimento importante com a

síndrome metabólica observada no DMNID. Múltiplos efeitos periféricos deste

hormônio têm sido descritos, incluindo a modulação da secreção de insulina pelas

22

células β-pancreáticas, modulação da sua ação e controle do metabolismo

energético em células adiposas e musculares esqueléticas (HOUSEKNECHT et al.,

1998).

O estágio inicial da doença se caracteriza por hiperinsulinemia decorrente da

resistência apresentada, não havendo dependência de insulina exógena. Com sua

evolução, pode ocorrer uma deficiência da produção de insulina pelas células β-

pancreáticas, iniciando um processo de desenvolvimento do DMID (BAUDRY et al.,

2002).

1.3 Leptina

A leptina é um hormônio expresso principalmente em tecido adiposo e, em

níveis mais baixos, em epitélio gástrico e placenta (ZHANG et al., 1994; MASUZAKI

et al., 1997).

Juntamente ao seu receptor, é muito importante no processo de estocagem e

manutenção energética, sendo também um importante sinalizador nutricional para

muitos outros sistemas fisiológicos, modulando suas funções. Em nível central, é

anorexígena e induz aumento de lipólise.

Seus níveis circulantes estão ligados à quantidade de tecido adiposo presente

no organismo (FRIEDMAN et al., 1998), porém, podem estar relacionados também à

resistência à leptina (MAFFEI et al., 1995; HAMILTON et al., 1995). Normalmente, os

casos de obesidade mórbida observados em humanos são decorrentes dessa

resistência central à leptina, mais especificamente por uma dificuldade de passagem

pela barreira hematoencefálica (CONSIDINE et al., 1995; CARLSSON et al., 1997).

23

Considerada também uma citocina, é estimulada por processos inflamatórios

e tem importante função na hematopoiese (FAGGIONI et al., 2001).

Perifericamente, tem papel importante no metabolismo ósseo, inibindo o

crescimento desse tecido (DUCY et al., 2000). Esta propriedade tem sido

demonstrada por vários autores, como Elefteriou et al. (2004), que concluíram que

baixos níveis de leptina aumentam a densidade óssea e vice-versa; e Hamrick et al.

(2004), que utilizaram um modelo animal obeso e naturalmente nocaute para a

leptina, o camundongo ob/ob, verificando aumento da composição mineral óssea

normal nas vértebras e diminuição no fêmur.

1.3.1 Camundongo ob/ob

Para melhor investigação do papel da leptina no desenvolvimento de

obesidade e manutenção energética, o camundongo ob/ob se torna uma importante

ferramenta, visto que sintetiza uma leptina truncada, sem atividade biológica. Isso

decorre de uma mutação autossômica recessiva espontânea do gene OB,

cromossomo 6, na qual ocorre a substituição do códon para o aminoácido arginina

por um códon de parada, interrompendo a síntese da proteína (ZHANG et al., 1994).

A deficiência da leptina confere ao animal uma obesidade hereditária severa,

diabetes mellitus com resistência à insulina, número e tamanho de adipócitos

superior em relação aos camundongos selvagens (JOHNSON, 1972), e outras

anormalidades, como infertilidade, termorregulação alterada, hipercortisolemia

(COLEMAN et al., 1978), hiperglicemia e hiperinsulinemia, além de uma imaturidade

24

do eixo hipotalâmico-pituitário (SWERDLOFF et al., 1976) e de grande incidência de

hipertrofia cardíaca (BAROUCH et al., 2003).

Para a surpresa de vários pesquisadores o camundongo ob/ob apresentou

uma pressão arterial menor do que seus irmãos magros (MARK et al., 1999). Os

mecanismos envolvidos neste fenômeno, como o aumento de substâncias

vasodilatadoras ou mesmo a diminuição de peptídeos vasoconstritores, ainda não

foram investigados e podem abrir caminhos para o entendimento da hipertensão

associada à obesidade.

Abe et al. (2007) demonstraram também que os animais ob/ob apresentam

modificações de expressão do receptor B1 e B2 em vários tecidos relacionados com

a ingestão alimentar e gasto energético.

Em experimento recente, o transplante de tecido adiposo normal nesses

animais parece tê-los protegido contra a obesidade e restabelecido a sensibilidade à

insulina e sua fertilidade (KLEBANOV et al., 2005). Apesar de ser uma mutação rara

em humanos, os quais apresentam resistência à leptina na barreira

hematoencefálica (CONSIDINE et al., 1995; CARLSSON et al., 1997), este modelo é

muito utilizado nos estudos experimentais, visto que reproduz muitos distúrbios

observados em humanos com resistência à leptina (MAFFEI et al., 1995,

CONSIDINE et al., 1996).

1.4 Sistema Calicreína-cininas

O sistema calicreína-cininas (SCC) está envolvido em muitos processos

biológicos, dentre os quais os mecanismos de resposta inflamatória (BHOOLA et al.,

25

1992), nocicepção e transmissão de dor (DRAY e PERKINS, 1993), controle da

pressão arterial (SCHÖLKENS, 1996), hipertrofia cardíaca, fluxo local de sangue,

transporte de eletrólitos e glicose, e proliferação celular (BHOOLA et al., 1992),

atuando também no trato gastrintestinal (ALLOGHO et al., 1998). Além disso, está

presente no processo de captação de glicose por células musculares e adipócitos,

por meio da translocação do seu principal carreador de glicose (GLUT4), para a

membrana citoplasmática, o que seria facilitado pela ação da bradicinina sobre os

receptores B2 de cininas (KISHI et al., 1998).

De um modo geral, esse sistema é composto por: a) substratos glicoprotéicos

precursores (cininogênios), envolvidos na cascata de coagulação e inflamação; b)

enzimas proteolíticas da família das serino-proteases (calicreínas tecidual e

plasmática), presentes em células glandulares, neutrófilos e fluidos biológicos; c)

peptídeos vasoativos (cininas), provenientes da hidrólise dos cininogênios pelas

calicreínas; d) dois receptores transmembrânicos específicos (B1 e B2), acoplados à

proteína G (REGOLI, 1990; BHOOLA et al., 1992); e) enzimas que promovem

rapidamente o catabolismo das cininas (cininases), de 10 a 50 segundos após sua

formação, liberando os agonistas do receptor B1 ou peptídeos inativos. Este sistema

está representado de forma esquemática na figura 3.

A ação das calicreínas tecidual e plasmática em humanos libera os peptídeos

vasoativos calidina (LBK) e bradicinina (BK), respectivamente. O primeiro, gerado

pela ação sobre o cininogênio de baixo peso molecular; e o segundo, sobre o

cininogênio de alto peso molecular (BHOOLA et al, 1992).

As carboxipeptidases N e M, em especial, têm grande importância no SCC

por clivarem a arginina C-terminal da LBK e BK (agonistas do receptor B2) e

gerarem os agonistas do receptor B1, des-Arg10-calidina e des-Arg9-BK,

26

respectivamente. O metabolismo destas cininas geradas é diferente das primeiras

nos seguintes aspectos: as des-Arg-cininas não sofrem a ação das arginino-

carboxipeptidases, a ECA tem afinidade muito menor por elas, e a posição Phe8 na

porção C-terminal parece protegê-las da degradação por neprilisina (MARCEAU et

al., 1998).

Figura 3: Representação esquemática do sistema calicreína-cininas.

As cininas agem basicamente por ativação dos receptores B1 e B2.

O subtipo B2 é constitutivamente expresso, sendo predominante em células

endoteliais, e mostrando-se envolvido principalmente no controle da pressão arterial,

Cininogênio

Calicreína

Bradicinina Receptor B2

Cininases

ECA Arginino-carboxipeptidases

Des-Arg-Cininas Peptídeos

Inativos

Peptídeos

Inativos

Receptor B1

27

mediando resposta vasodilatadora perifericamente, e vasoconstritora em ventrículos

cerebrais (LINDSEY et al., 1988), também regulando a excreção de sais e água do

organismo (MUKAI et al., 1996). Destaca-se também na captação de glicose

independente de insulina (KISHI et al., 1998).

Recentemente, Christopher et al. (2001), demonstraram o aumento da

expressão do receptor B2 de bradicinina nas células musculares lisas vasculares em

hiperglicemia diabética. A glicose induz a ativação de proteína quinase C, que seria

mediadora da regulação positiva desses receptores, talvez podendo explicar as

alterações vasculares típicas em diabetes.

O receptor B1, descrito em musculatura lisa e fibroblastos de várias espécies,

apresenta-se pouco expresso em condições normais, porém sua expressão é

ativada em respostas inflamatórias (BHOOLA et al., 1992). É expresso

constitutivamente apenas em alguns poucos vasos sangüíneos (BURCH e KYLE,

1992).

Os mecanismos de segundos mensageiros envolvidos na ativação dos

receptores B1 e B2 de cininas vêm sendo também amplamente estudados, devido a

sua possível ligação com muitos dos efeitos metabólicos mediados por eles.

Sabe-se que ambos os receptores têm a capacidade de induzir aumento de

cálcio intracelular em músculo liso (MATHIS et al., 1996), podendo estar envolvidos

na liberação de óxido nítrico (NO) a partir do aminoácido L-arginina via cálcio-

dependente (MARCEAU, 1995). Destaca-se o papel do NO em muitos processos,

como no controle da contratilidade vascular (THIEMERMANN, 1997), hipertensão e

contratilidade cardíaca (MONCADA et al., 1991), reações imunológicas e agregação

de plaquetas (THIEMERMANN, 1997), processos infecciosos, e regulação da

28

ingestão alimentar e esvaziamento gástrico em modelo animal de obesidade

(MORLEY e FLOOD, 1991).

A recente clonagem do receptor B1 de cininas de coelho (MACNEIL et al.,

1995) e de camundongo (PESQUERO et al., 1996) permitiu a realização de uma

série de estudos acerca do papel deste receptor no metabolismo. Experimentos

executados no laboratório do Dr. João Bosco Pesquero, UNIFESP, utilizando-se

cultura de pré-adipócitos (linhagem de células 3T3L1) tratados com agonistas do

receptor B1, mostram que as cininas devem ter papel primordial na diferenciação

das células adiposas. Estas células se diferenciaram mais rapidamente do que

aquelas não tratadas.

Tanto Pesquero et al. (2000) como Araújo et al. (2001) demonstraram o

envolvimento do receptor B1 de cininas em respostas inflamatórias.

Além disso, em 2006, Araújo et al. observaram a participação deste na

homeostase de glicose e funcionalidade das ilhotas pancreáticas, assim como uma

maior sensibilidade à leptina exógena pelos animais nocaute para este receptor.

Tendo-se em vista a grande abrangência do SCC quanto aos processos

fisiológicos já descritos em que está envolvido, animais nocaute para os receptores

de cininas têm sido gerados no intuito de investigar e estabelecer sua participação

no metabolismo e em variados processos patológicos. Esta nova metodologia

desenvolvida permitiu a avaliação do papel dos receptores de cininas sem a

necessidade de intervenção farmacológica para supressão dos seus genes

(PESQUERO e BADER, 2006).

29

1.4.1 Camundongos Nocaute para o Receptor B2 de Cininas (B2KO)

O camundongo deficiente para o receptor B2 de cininas foi gerado por

Borkowski et al., em 1995. Este animal não apresentou comprometimento da

fertilidade.

O camundongo deficiente para o receptor B2 de cininas é hiperglicêmico e

apresenta resistência à insulina, comparado aos animais selvagens (DUKA et al.,

2001). Esses dados condizem com Bhoola et al. (1992), que demonstraram a

capacidade do receptor B2 de induzir a captação de glicose.

Madeddu et al. (1997) indicaram um quadro hipertensivo nesses animais.

Entretanto, Milia et al. (2001) mostraram que não há diferença significante na

pressão arterial. Todavia, os animais B2KO apresentaram um aumento da pressão

arterial quando submetidos à alta ingestão de sal (ALFIE et al., 1997).

Apresenta hipertrofia cardíaca, especialmente do ventrículo esquerdo,

sugerindo o envolvimento do receptor B2 de cininas no crescimento e remodelação

cardíaca (EMANUELI et al., 1999).

Resultados do nosso grupo mostram que estes animais são resistentes à

dieta hiperlipídica, e utilizam preferencialmente gorduras. Ainda foi observado um

quadro hiperglicêmico, além de uma menor captação de glicose. Apresentaram

maior teor de proteína e menor quantidade de tecido adiposo. Esse fato deve-se,

provavelmente, à maior massa muscular e à hipertrofia muscular observadas.

Sabe-se que o receptor B2 está envolvido no controle da pressão arterial,

homeostase da glicose, crescimento, remodelação cardíaca, além de ser importante

na excreção de sal (BHOOLA et al, 1992). Contudo, o seu papel na patogenia da

obesidade mórbida e na síndrome metabólica ainda não foi descrito.

30

1.4.2 Camundongos Nocaute para os Receptores B1 e B2 de

Cininas (B1B2KO)

Em 2006, o grupo do Dr. Michael Bader, do MDC da Alemanha, gerou o

camundongo duplo nocaute para os genes dos receptores B1 e B2 de cininas. Os

animais não apresentaram anomalias óbvias, hipertensão ou infertilidade.

Entretanto, assim como os animais B1KO, são resistentes à hipotensão induzida

pelo LPS. (Artigo submetido ao Journal of Biological Chemistry)

1.4.3 Camundongos Nocaute para o Receptor B1 de Cininas (B1KO)

Em 2000, Pesquero et al. geraram o camundongo transgênico nocaute para o

receptor B1 de cininas (B1KO). Esses animais não apresentaram nenhuma

disfunção reprodutiva, sendo sadios e férteis. Não foram observadas disfunções

cardiovasculares, sendo os animais normotensos e sem lesões cardíacas.

Mostraram-se ainda resistentes à hipotensão mediada pelo lipopolissacarídeo de

bactérias gram-negativas (LPS).

Visando verificar o papel desse receptor em processos inflamatórios, um outro

estudo foi realizado com estes camundongos. Para tanto, uma peritonite foi induzida,

sendo observada nesses animais menor migração de neutrófilos para os focos de

inflamação e menor índice de apoptose espontânea dos neutrófilos (ARAÚJO et al.,

2001).

Foi demonstrado também que a deficiência do receptor B1 de cininas nos

vasos pancreáticos pode ser responsável pela menor produção de insulina

31

observada no pâncreas, e conseqüentemente, pela hiperglicemia constatada

(ARAÚJO et al., 2006).

Em nosso laboratório, resultados anteriores mostraram que esses animais

apresentam valores muito baixos de leptina circulante, bem como uma maior

sensibilidade à leptina exógena (dados não publicados).

Além disso, foi realizado um tratamento crônico com dieta hiperlipídica nos

animais B1KO e B1 selvagens (B1WT). Comparando-se camundongos B1KO com

B1WT, tanto no controle quanto no tratamento hiperlipídico, a dosagem de insulina

mostrou-se inalterada, apesar de ambos os modelos tratados apresentarem níveis

mais elevados em relação aos modelos com ração controle. Os animais B1KO

também apresentaram menor elevação dos níveis séricos de leptina e maior

tolerância à glicose após o tratamento.

Observando-se que esses e outros experimentos realizados em nosso

laboratório obtiveram resultados que sugeriram importante ligação dos receptores de

cininas ao controle do metabolismo energético, pretendemos estabelecer a relação

do receptor B1 de cininas e outros fatores associados com o desenvolvimento da

obesidade.

Levando em consideração os resultados glicêmicos e os relacionados à

inflamação nos camundongos nocaute para o receptor B1, além do papel da leptina

no apetite e lipólise, um animal duplo nocaute para os genes da leptina e receptor

B1 de cininas foi gerado para evidenciar o papel do receptor B1 na obesidade e

doenças correlacionadas, como o diabetes tipo II.

32

2 OBJETIVOS

A partir do conhecimento prévio das características fenotípicas e de alguns

parâmetros bioquímicos e hormonais dos camundongos nocaute para o receptor B1

de cininas e dos nocautes naturais para a leptina (ob/ob), objetivamos gerar um

camundongo ob/ob;B1KO, nocaute tanto para o receptor B1 de cininas quanto para

a leptina, visando investigar e estabelecer a correlação funcional entre a sinalização

metabólica do receptor B1, mediadores, segundos mensageiros e a leptina; e assim,

os possíveis mecanismos envolvidos no processo de metabolismo energético e

desenvolvimento de obesidade e diabetes.

33

3 MÉTODO

3.1 Geração do Camundongo ob/ob;B1KO

Os camundongos nocaute machos para o receptor B1 de cininas (B1KO) e as

fêmeas heterozigotas OB/ob foram obtidos no CEDEME, UNIFESP/EPM, com a

colaboração do Dr. João Bosco Pesquero.

O processo de geração do camundongo B1KO foi realizado baseando-se na

recombinação homóloga, na qual o éxon codificador do receptor B1 de cininas foi

substituído por uma seqüência denominada “cassete de neomicina”. Este cassete

consistia da seqüência do gene da aminoglicosídeo fosfotransferase, flanqueada pela

porção 3’ e 5’ terminais do gene do receptor B1 de cininas. Foram utilizadas células

totipotentes transformadas por eletroporação, sendo estas injetadas em infundíbulo de

fêmeas receptoras após seleção positiva (PESQUERO et al., 2000).

O primeiro cruzamento foi realizado entre três fêmeas OB/ob;B1WT e três

machos OB/OB;B1KO, em três gaiolas diferentes.

Os filhotes obtidos eram desmamados aos 21 dias de vida e então uma pequena

biópsia de extremidade de cauda (~7mm) era realizada, prosseguindo-se com os

passos de genotipagem para o gene OB, cassete de neomicina e para o gene do

receptor B1 de cininas.

Após seleção genética, os animais de interesse eram submetidos ao

cruzamento, e sua ninhada era avaliada da mesma maneira.

Foram realizados sucessivos cruzamentos e genotipagens, até que fosse

possível estabelecer parentais de genótipos OB/ob;B1KO e OB/ob;B1WT em

34

quantidade suficiente para gerar um número satisfatório dos animais de interesse

ob/ob;B1KO e ob/ob;B1KO.

A partir de um heredograma pudemos analisar as probabilidades de obtermos

nosso animal a cada cruzamento.

3.2 Genotipagem

3.2.1 Extração do DNA Genômico

Os animais da primeira ninhada (F1) foram genotipados somente para a

presença do gene mutado ob, diferentemente dos posteriores (a partir de F2), que

também foram genotipados para o receptor B1 e o cassete de neomicina.

Primeiramente, para a extração do DNA genômico, realizava-se uma pequena

biópsia de extremidade de cauda (~7mm). Para a digestão das amostras, adicionavam-

se 700µL de tail buffer e 35µL de proteinase K (10mg/mL) a cada uma, submetendo a

preparação à agitação constante de 850 rpm e temperatura de 55°C no agitador

térmico Thermomixer, por aproximadamente 15 horas. A extração do DNA genômico

iniciava-se da amostra totalmente digerida. Ao ser retirada do Thermomixer, esta

permanecia no gelo por 10 minutos. Adicionavam-se 300µL de solução de NaCl

saturado e homogeneizava-se manualmente, seguindo-se a centrifugação a 4°C,

14000 rpm, por 20min. O precipitado era desprezado, e o sobrenadante, transferido

para um tubo de 2mL e incubado com 5µL de RNase (4mg/mL) a 37°C, por 15 minutos.

35

Adicionava-se 1mL de isopropanol 100% e homogeneizava-se lentamente por

inversão, submetendo a amostra à centrifugação a 4°C, 14000 rpm, por 30min. O

sobrenadante era rejeitado e ao precipitado adicionavam-se 500µL de etanol 70%,

homogeneizando-se a amostra lentamente por inversão. Novamente o material era

submetido à centrifugação a 4°C, 14000 rpm, por 5min, o sobrenadante era rejeitado e

o tubo permanecia invertido e aberto sobre um papel absorvente por aproximadamente

1 hora, até secagem completa. O precipitado era ressuspendido em 30µL de solução

Tris/EDTA, pH 8,0 (T.E).

As amostras tinham sua concentração dosada em espectrofotômetro, e eram

acondicionadas a uma temperatura de –20°C.

Seguiram-se os passos de genotipagem para o gene mutado ob, receptor B1 e

cassete de neomicina.

3.2.2 Amplificação do Gene OB

Para identificação do gene ob, inicialmente foi realizada uma reação de

polimerase em cadeia (PCR), com primers específicos para o gene OB (OBS e OBAS),

mutado ou não, no intuito de amplificá-lo para os próximos procedimentos. A seqüência

do primer OBS (sense) é: 5’ CCC TGC TCC AGC AGC TGC 3’ ; e a do OBAS

(antisense) é: 5’ CAT GAT TCT TGG GAG CCT GG 3’. O protocolo utilizado foi o

seguinte:

36

PCR

1 µg do DNA extraído

5,0 µL de Tampão de PCR (10x)

2,5 µL de MgCl2 (50 mM)

2,0 µL de dNTPs (10 mM)

1,0 µL de primer OBS (50 ηg/µL)

1,0 µL de primer OBAS (50 ηg/µL)

0,5 µL de Taq DNA polimerase (5 U/µL)

X µL de H2O milli-Q autoclavada

50 µL total

O fragmento amplificado pela reação era analisado por eletroforese em gel de

agarose 3% contendo brometo de etídeo (0,5µg/mL), e a banda esperada era de 355

pares de bases nitrogenadas.

Após a verificação da integridade do DNA e amplificação do gene por PCR, as

amostras eram submetidas à diálise sobre pequenas membranas próprias de DNA

posicionadas sobre água milli-Q autoclavada, visando eliminar parte dos reagentes

utilizados na reação.

Após a diálise, promovia-se uma digestão pela enzima de restrição DdeI, a 37°C

por 12 horas, sendo utilizados ~3,5µg da amostra dialisada, 2,0µL de tampão REACT 3

(10X), 1,0µL de DdeI (3,5U/µL) e água milli-Q autoclavada, para um volume final de

20µL.

Novamente, o resultado era analisado por eletroforese, nas mesmas condições

anteriores.

Programa para OB

1. 94°C por 4 min 2. 80°C por 5 s 3. 94°C por 50 s 4. 56°C por 50 s 5. 72°C por 1min e 20 s 6. Voltar ao passo 3 - 40 vezes 7. 72°C por 7 min

37

Cassete de Neomicina

3.2.3 Amplificação do Gene do Receptor B1 de Cininas e Cassete de

Neomicina

A genotipagem para o receptor B1 e cassete de neomicina, realizou-se por

reação de polimerase em cadeia (PCR) com primers específicos para cada um, sendo

eles:

Oligonucleotídeos Utilizados para Genotipagem

Primer1:BKES2 (sense): 5’GGA AGC CAT CAC TCA ACA TCC 3’

Primer2:NEO1L (antisense): 5’CCT GCG TGC AAT CCA TCT TGT TCA ATG 3’

Primer1:BK135(7) (sense): 5´CGG AAG CCT GGG ATC TGC TG 3´

Primer2:BK135(3) (antisense): 5´CCA GCA ACC TGT AGC GGT CC 3´

PCR

0,5 µg do DNA extraído

2,5 µL de Tampão de PCR (10x)

1,25 µL de MgCl2 (50 mM)

1,25 µL de dNTPs (10 mM)

0,5 µL de primer 1 (50 ηg/µL)

0,5 µL de primer 2 (50 ηg/µL)

0,5 µL de Taq DNA polimerase (5 U/µL)

X µL de H2O milli-Q autoclavada

25 µL total

Receptor B1

38

Os fragmentos amplificados pela reação eram analisados por eletroforese em

gel de agarose 1,5% contendo brometo de etídeo (0,5µg/mL). A banda esperada para o

receptor B1 era de aproximadamente 320 pb, e para o cassete de neomicina contendo

uma seqüência da região 5’ do receptor B1 e da região codificadora, de

aproximadamente 1300 pb.

3.3 Análise Funcional do Receptor B1 de Cininas

Para confirmação funcional dos animais B1KO, foi realizada análise funcional do

receptor B1 nos animais obesos (ob/ob) de genótipos B1KO (n=2) e B1WT como

controle positivo (n=2), e nos animais magros (OB/OB) também de genótipos B1KO

(n=2) e B1WT como controle positivo (n=2). Para tanto, os animais foram sacrificados

por deslocamento cervical após jejum de 12 horas. O estômago foi retirado e lavado

com uma solução de Krebs, pH 7,4. O fundus do estômago foi isolado e montado em

tiras longitudinais ligadas a um transdutor e um fisiógrafo. O preparado ficou imerso em

banho com 5mL de solução de Krebs a 37ºC, com 95% de O2 e 5% de CO2. Foi

aplicada tensão de 0,5g ao preparado, equilibrando-se em aproximadamente 2 horas.

Programa para receptor B1 de cininas

1. 94°C por 4 min 2. 80°C por 5 s 3. 94°C por 50 s 4. 56°C por 50 s 5. 72°C por 1min e 20 s 6. Voltar ao passo 3 - 40 vezes 7. 72°C por 7 min

Programa para cassete de Neomicina

1. 94°C por 5 min 2. 94°C por 45 s 3. 56°C por 45 s 4. 72°C por 1 min e 20 s 5. Voltar ao passo 2 - 35 vezes 6. 72°C por 7 min

39

O registro da força contrátil foi obtido administrando-se os agonistas carbacol,

bradicinina e des-Arg9-bradicinina.

3.4 Transplante de Tecido Adiposo Branco

Visando desenvolver uma metodologia alternativa na obtenção dos animais

duplo nocaute (e seu controle) em maior número, foi realizado transplante de tecido

adiposo branco inguinal. Utilizaram-se doadores normais para fêmeas (n=10) e

machos (n=10) obesos (ob/ob), de genótipos B1KO e B1WT, com três meses de idade

e com um mês e meio de idade. Os doadores eram irmãos de mesma ninhada e do

mesmo sexo dos obesos receptores, sendo sacrificados por deslocamento cervical.

Aos receptores foi administrada anestesia geral dissociativa por via intra-peritoneal.

Foram implantados 160mg de tecido, distribuídos em quatro micro-incisões dorsais.

Após cirurgia, foram administrados antibiótico e anti-inflamatório via intra-peritoneal,

para evitar infecção pós-cirúrgica. Os animais foram monitorados diariamente e o

acompanhamento quanto à massa corporal foi realizado semanalmente. Após dois

meses de acompanhamento, os animais foram utilizados para cruzamento.

3.5 Controle de Massa Corporal

O desmame dos animais era realizado aos 30 dias de idade, quando ocorria a

primeira pesagem em todos da ninhada. As pesagens subseqüentes eram realizadas

aos dois meses de idade em todos, e aos três, três e meio, e quatro meses somente

40

nos animais que seriam submetidos a todos os testes subseqüentes, os obesos (ob/ob)

de genótipos B1KO (n=10) e B1WT (n=10).

3.6 Controle de Ingestão Alimentar

Foi realizado o controle de ingestão alimentar utilizando-se ração padrão para

roedores. Os animais foram separados em gaiolas individuais e monitorados a partir

dos três meses de idade. No primeiro mês de acompanhamento, o controle foi

realizado diariamente, passando a ser semanal após esse período.

3.7 Glicemia em Jejum

Aos dois meses de idade, todos os animais foram submetidos à dosagem de

glicemia após jejum de 6 horas, com água ad libitum. As amostras de sangue foram

obtidas de extremidade de cauda, e a dosagem realizada com auxílio do glicosímetro

comercial Accu-Chek Advantage.

3.8 Teste de Tolerância à Glicose

Aos três meses de idade, foi realizado o teste de tolerância à glicose nos

animais. Após jejum de 20 horas, com água ad libitum, foi administrada glicose (1mg/g

41

de peso vivo, i.p.). As dosagens de glicemia foram realizadas utilizando-se sangue de

extremidade de cauda, nos tempos zero, 15, 30, 60, 120 e 180 minutos, com auxílio do

glicosímetro comercial Accu-Chek Advantage.

3.9 Teste de Sensibilidade à Insulina

Aos três meses e meio de idade, foi realizado o teste de sensibilidade à insulina.

Após jejum de 20 horas, com água ad libitum, foi administrada insulina humana

recombinante monocomponente de curta duração (1U/Kg de peso vivo, i.p.- Biohulin

N/Biobrás).

As dosagens de glicemia foram realizadas utilizando-se sangue de extremidade

de cauda, nos tempos zero, 15, 30, 60, 120 e 180 minutos, com auxílio do glicosímetro

comercial Accu-Chek Advantage.

3.10 Teste de Sensibilidade à Leptina

Aos quatro meses de idade, foi realizado o teste de sensibilidade à leptina.

Administrou-se leptina recombinante de camundongo (1,8µg/g de peso vivo, i.p.)

durante cinco dias consecutivos. Neste período, a massa corporal e a ingestão

alimentar de ração padrão para roedores foram monitoradas diariamente.

A ingestão alimentar diária média durante os quinze dias anteriores ao teste foi

considerada como consumo basal.

42

3.11 Testes Bioquímicos

Aos quatro meses e meio de idade, os animais foram anestesiados para

possibilitar punção retrorbital com auxílio de pipetas Pasteur. Foram coletadas

amostras de sangue para posterior análise bioquímica de insulina pelo método de

imunoensaio enzimático (ELISA).

As amostras foram centrifugadas a 1200 rpm durante 10 minutos, e o soro foi

coletado e armazenado a -80ºC para realização dos testes com os respectivos kits

diagnósticos.

3.12 Eutanásia dos Animais

Após a punção, os animais foram sacrificados por deslocamento cervical.

Imediatamente o coração foi retirado, limpo em solução fisiológica (NaCl a 0,9%) e sua

massa foi mensurada. As câmaras foram separadas em átrios, ventrículo direito e

ventrículo esquerdo, sendo suas massas mensuradas separadamente.

Foram retirados e tiveram sua massa mensurada também o tecido adiposo

inguinal e perirenal, fígado, pâncreas, baço e rins.

Todos os órgãos e câmaras do coração foram dissecados, sendo metade

imediatamente congelada em gelo seco e armazenada a -80ºC, para posterior extração

de RNA.

A outra metade foi imersa em solução de formol a 10%, para conservação dos

tecidos e posterior análise histológica.

43

3.12.1 Análise Histológica

Amostras de tecido conservadas a uma temperatura de 4°C em solução de

formol a 10% foram submetidas isoladamente a um banho de parafina. Após

resfriamento do preparado, os órgãos se localizaram inseridos em blocos de parafina.

Um micrótomo foi utilizado para realizar cortes laminares de espessura

micrométrica, possibilitando a obtenção de amostras de tecido em vários níveis do

órgão.

As amostras laminares eram afixadas em lâminas de vidro, coradas pelo método

hematoxilina-eosina (HE), e recobertas por uma lamínula de vidro.

As lâminas de ventículo esquerdo dos dois grupos foram preparadas por corte

sagital para permitir melhor análise das fibras, e avaliadas por comparação em

microscopia de aumento 400X.

44

4 RESULTADOS

Nos primeiros cruzamentos, o genótipo de interesse nas ninhadas era OB/ob,

visto que somente animais OB/OB e OB/ob poderiam ser obtidos. Obtivemos somente

fêmeas do genótipo-alvo. Estas foram cruzadas com seus pais e as ninhadas

resultantes foram submetidas à genotipagem para o gene OB, até que se

conseguissem heterozigotos OB/ob de ambos os sexos.

Em um segundo momento, os casais iniciais deram origem a três ninhadas,

dentre as quais obtivemos machos e fêmeas OB/ob;B1+/-, possibilitando o cruzamento

entre eles. A cada ninhada subseqüente, os animais eram genotipados e selecionados

para posterior cruzamento, sendo os heterozigotos OB/ob separados em B1KO e

B1WT.

Todos os resultados dos testes foram expressos por comparação entre os

camundongos obesos (ob/ob) dos genótipos B1KO (nocautes para o receptor B1 de

cininas) e B1WT (selvagens para este receptor, utilizados como controle). Ambos os

grupos foram gerados após sucessivos cruzamentos e genotipagens.

Os animais ob/ob, nos genótipos B1KO e B1WT, apresentavam cerca do dobro

da massa corporal dos animais selvagens OB, já aos 3 meses de idade.

A seleção genética foi realizada durante todo o trabalho (figuras 4 a 7) e nos

permitiu analisar a viabilidade de cada cruzamento para a obtenção desses animais.

A digestão do fragmento amplificado do gene OB pela enzima de restrição DdeI

nos permitiu a identificação da presença da mutação no gene. Trata-se de uma

mutação pontual no códon 105, na qual a base nitrogenada citosina é substituída pela

base nitrogenada timina.

45

603 pb 310 pb

Figura 4: Eletroforese do fragmento do gene OB, de aproximadamente 355 pares de bases, amplificado pela reação de polimerase em cadeia (PCR) em gel de agarose 3%. Marcadores de massa molecular: Φλ (esquerda) e 100 pb (direita).

Em animais portadores da mutação no gene OB, gera-se um novo sítio de

reconhecimento para esta enzima, além dos sítios convencionais. Observa-se, nesses

casos, um padrão de fragmentação diferente do animal selvagem para OB, com

fragmentos adicionais. (Figura 5)

Figura 5: Gene OB, de 355 pb, e os possíveis sítios de ligação da enzima DdeI: convencionais (azul) e no sítio mutado (vermelho).

46

As bandas esperadas, em pares de bases nitrogenadas, para cada genótipo

eram:

OB/OB - animal selvagem, magro

OB/ob - animal heterozigoto, magro

ob/ob - animal homozigoto, obeso

Para identificação da presença do gene mutado em um ou em ambos os alelos,

em gel de agarose, a banda de 103pb é ideal, visto que a de 48pb (que também

poderia ser usada) não permite identificação positiva confiável, por ser próxima ao

tamanho da banda de 59pb. (Figura 6)

Já para diferenciação entre os animais heterozigotos e ob/ob, utilizamos o

fenótipo dos mesmos, visto que o animal homozigoto apresenta obesidade severa

(cerca do dobro da massa corporal do selvagem), e o heterozigoto apresenta o mesmo

fenótipo do animal sem a mutação (magro).

Os resultados da genotipagem para o gene do receptor B1 de cininas e para o

cassete de neomicina foram avaliados em conjunto na determinação dos genótipos

B1KO e B1WT. Os animais selvagens (B1WT) apresentavam somente a banda

específica do receptor B1; os nocautes (B1KO), somente a banda do cassete de

neomicina; e os heterozigotos (B1+/-), apresentavam ambas as bandas. (Figura 7)

OB/OB OB/ob ob/ob

59 59 59

145 145 145

151 151 /

/ 103 103

/ 48 48

47

+ + +

Figura 6: Eletroforese das amostras provenientes da digestão do fragmento do gene OB pela enzima DdeI em gel de agarose 3%. Nota-se a primeira banda, mais forte, de 145 pb ou 151 pb, e a última banda de 48 pb ou 59 pb em todos os animais. Os animais indicados com “+” possuem uma banda adicional de 103 pb, indicando a presença da mutação em um ou nos dois alelos (OB/ob ou ob/ob, respectivamente). O marcador de massa molecular utilizado foi o 100 pb.

Além da confirmação genotípica, os animais nocautes (B1KO) foram submetidos

à confirmação funcional no teste de verificação de força contrátil em músculo liso.

Esses experimentos foram delineados para a confirmação da ausência de resposta

mediada por agonista do receptor B1. A análise foi realizada em relação à resposta

obtida pela aplicação do agonista carbacol no banho. Em relação à bradicinina (BK),

ambos os grupos responderam de maneira semelhante. Já na aplicação de des-Arg9-

bradicinina (DBK), agonista do receptor B1, somente o grupo dos animais selvagens

respondeu, sendo essa reposta significativamente maior em relação aos animais

nocautes (p<0,01). (Figuras 8 e 9)

145/151 pb

103 pb 48/59 pb

48

A +/- -/- +/+ +/+ +/-

B

Figura 7: Eletroforese dos fragmentos do gene do receptor B1 de cininas (A) e do cassete de neomicina (B) obtidos por reação de polimerase em cadeia (PCR), em gel de agarose 1,5%. As colunas identificadas com o símbolo +/+ representam animais B1WT, -/- representa o B1KO, e +/- representa os camundongos heterozigotos para B1. Marcador de massa molecular: Φλ

Os transplantes realizados de tecido adiposo normal, apesar de serem pilotos,

apresentaram interessantes resultados fenotípicos. Em seis semanas, houve uma

redução de aproximadamente 40% da massa corporal dos ob/ob transplantados aos

três meses de idade (de 40,1g ± 0,55 para 24,2g ± 0,37), tanto nos machos quanto nas

603 pb 310 pb

1.353pb

49

fêmeas, os quais passaram a apresentar um fenótipo magro característico dos

camundongos normais (OB/OB). A fertilidade desses animais foi restabelecida

parcialmente dois meses após a cirurgia, permitindo cruzamentos bem sucedidos entre

eles, com a obtenção de 100% da ninhada composta de obesos (ob/ob). Isso facilitou

muito todos os experimentos finais devido a uma probabilidade maior de obtenção dos

animais específicos de cada grupo. (Figura 10)

Figura 8: Registros de fisiógrafo para força contrátil de fundus de estômago dos camundongos obesos (ob/ob), de genótipos B1KO e B1WT, em resposta a diferentes drogas. A força de contração registrada em resposta ao agonista carbacol (10-6M) foi utilizada como referência para os outros registros. Ao aplicar-se bradicinina (10-6M), os tecidos dos B1KO e dos B1WT apresentaram força contrátil semelhante. A resposta à des-Arg9-bradicinina (10-6M) foi nula nos animais B1KO e significativamente maior nos B1WT.

Bradicinina (BK)

(10-6M)

Des-Arg9-Bradicinina (DBK)

(10-6M)

Carbacol

(10-6M)

ob/ob;B1WT

ob/ob;B1KO

50

O desenvolvimento corporal dos camundongos não se apresentou

significativamente diferente entre os grupos até os três meses e meio de idade. Aos

quatro meses de idade, os animais B1KO já apresentavam menor massa corporal em

relação aos animais controle B1WT (p<0,05). (Figura 11)

A ingestão alimentar não apresentou diferença entre os grupos de obesos

durante os quatro meses de acompanhamento. Não foi constatada alteração na

ingestão relativa diária média entre os camundongos B1KO e B1WT (Figura 12)

Em relação à glicemia em jejum, não houve diferença entre os animais (figura

13). Posteriormente, no teste de tolerância à glicose (TTG), os animais ob/ob;B1KO

apresentaram uma maior captação de glicose durante sua realização. Foi observada

diferença significativa a partir de 60 minutos de teste (p<0,01). (Figura 14)

Figura 9: Força contrátil de fundus de estômago na presença de bradicinina (BK) e des-Arg9-bradicinina (DBK) em relação à contração promovida pelo carbacol (%). Na presença de BK, os camundongos obesos (ob/ob) B1KO apresentaram uma tendência de menor força contrátil em relação aos ob/ob B1WT. Na presença da DBK (agonista do receptor B1) os B1KO não apresentaram resposta, enquanto os controles B1WT apresentaram resposta de 70%. ANOVA (** p<0,01)

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Drogas Aplicadas

Res

po

sta

Co

ntr

átil

(%)

B1WT

B1KO

**

BK DBK

51

A

B

Figura 10: Foto da fêmea obesa (ob/ob) B1KO submetida ao transplante de tecido adiposo branco proveniente de irmã normal (OB/OB) da mesma ninhada. Notam-se os sinais de obesidade severa e acúmulo de tecido adiposo antes do transplante (A). Após 40 dias da intervenção cirúrgica, a mesma fêmea apresenta uma reversão da obesidade (B), exibindo um fenótipo semelhante ao das irmãs normais da mesma ninhada.

52

Figura 11: Acompanhamento de massa corporal (g) dos camundongos obesos (ob/ob), de genótipos B1KO e B1WT. Nota-se um menor ganho de massa dos animais ob/ob;B1KO aos quatro meses de vida. ANOVA (*p<0,01)

Figura 12: Acompanhamento de ingestão relativa diária média (g /g de peso vivo) dos camundongos obesos (ob/ob), de genótipos B1KO e B1WT.

53

Figura 13: Glicemia em jejum nos camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT e B1KO.

Figura 14: Teste de tolerância à glicose em camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT e B1KO. A área abaixo da curva dos animais B1KO se apresenta menor, em relação aos B1WT. Observam-se níveis glicêmicos significativamente menores nos animais nocautes a partir de 60 minutos após administração de glicose, indicando maior captação de glicose. ANOVA (*p<0,01)

0

50

100

150

200

250

Glic

emia

em

Jej

um

(m

g/d

L)

0

54

No teste de sensibilidade à insulina, não houve diferença significativa nos níveis

glicêmicos obtidos (figura 15), revelando que a melhor captação de glicose observada

no teste de tolerância à glicose não foi proveniente de maior sensibilidade à insulina.

Figura 15: Teste de sensibilidade à insulina em camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT e B1KO.

A dosagem bioquímica de insulina nesses animais sugeriu maior concentração

sérica deste hormônio nos animais ob/ob;B1KO, condizendo com a hipótese da sua

ligação com a melhor captação de glicose apresentada. (Figura 16)

Figura 16: Insulina sérica (ηg/mL) em camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT e B1KO (direita). Os camundongos indicados como OB/OB são utilizados como referência na reação. ANOVA (*p<0,05)

55

Quanto ao teste de sensibilidade à leptina, os resultados sugerem maior

sensibilidade dos animais ob/ob;B1KO à leptina exógena, apresentando maior inibição

na ingestão diária, e diminuição na massa corporal mais acentuada (figura 17). Foi

observada uma diferença significativa maior entre os grupos no segundo dia, tendendo

a desaparecer a partir do quinto e sexto dias de experimento. Considerou-se inibição

de ingestão a diminuição significativa do consumo basal diário médio de cada grupo.

Figura 17: Teste de sensibilidade à leptina. Os animais ob/ob;B1KO apresentaram maior inibição da

ingestão alimentar (A) e maior perda de massa corporal (B) em relação ao controle. ANOVA (*p<0,05)

B

A

0 1 2 3 4 5

0 1 2 3 4 5

56

Na extração dos órgãos dos animais, uma observação macroscópica inicial

permitiu constatar grande acúmulo de gordura envolta no pericárdio de ambos os

grupos, além de uma esteatose hepática mais acentuada nos animais B1KO. Quanto à

relação da massa dos tecidos com a massa corporal, esta se apresentou

significativamente elevada em tecido adiposo inguinal (p<0,001), e significativamente

mais baixa em rins (p<0,01), coração (p<0,05) e ventrículo esquerdo isolado (p<0,05)

dos B1KO em relação ao controle. (Figura 18)

Figura 18: Massa relativa dos órgãos (mg/g de peso vivo) em camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT (controle) e B1KO. Os animais B1KO apresentaram maior quantidade de tecido adiposo branco inguinal em relação aos B1WT (A), e menor massa nos rins (B), coração (C), e ventrículo esquerdo (D). ANOVA (* p<0,05; ** p<0,01; *** p<0,001)

C

0

10

20

30

40

50

60

70

Rel

ação

Tec

ido

Ad

ipo

so B

ran

co

Ing

uin

al /

Mas

sa C

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) ob/ob; B1WT

ob/ob; B1KO

***

A

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0R

elaç

ão R

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ral (

mg

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ob/ob; B1WT

ob/ob; B1KO **

B

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0,5

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1,5

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2,5

Rel

ação

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Co

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ral (

mg

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ob/ob; B1WT

ob/ob; B1KO

*

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0,5

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3,5

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ação

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Mas

sa

Co

rpo

ral (

mg

/g)

ob/ob; B1WT

ob/ob; B1KO

*

57

Para investigar se a menor massa observada em coração e ventrículo esquerdo

isolado dos camundongos ob/ob;B1KO estava relacionada com uma menor hipertrofia

cardíaca nesses animais, foi realizada a análise histológica do ventrículo esquerdo.

Uma análise inicial permitiu verificar que os nossos animais apresentavam

cardiomiócitos de menor diâmetro. (Figura 19)

Figura 19: Análise histológica de ventrículo esquerdo de camundongos obesos (ob/ob), genótipos B1WT e B1KO (400X). Os animais B1WT (A) apresentaram cardiomiócitos de maior diâmetro em relação aos B1KO (B), como indicado pelas setas amarelas, caracterizando uma hipertrofia de maior grau.

A B

58

5 DISCUSSÃO

Inicialmente, este trabalho apresentou certa dificuldade de desenvolvimento

em relação à geração do animal obeso (ob/ob) e nocaute para o receptor B1 de

cininas. Devido à infertilidade característica dos camundongos ob/ob, foi necessário

selecionar por genotipagem apenas os heterozigotos OB/ob para os cruzamentos.

Estes heterozigotos eram selvagens para o receptor B1 de cininas. Em

contrapartida, os animais nocautes para o receptor B1 eram selvagens para ob

(OB/OB).

A partir de um heredograma pudemos analisar as probabilidades de obtermos

nosso animal a cada cruzamento. No caso da primeira ninhada, todos poderiam

apresentar somente o genótipo B1+/-. Quanto ao gene da leptina, as probabilidades

eram de 50% para OB/OB e 50% para OB/ob, mas obtivemos uma média de 37% de

OB/ob.

Na terceira geração, proveniente do cruzamento das fêmeas de duas

ninhadas (OB/ob;B1+/-) com seus pais (OB/OB;B1KO), esperávamos 50% de

genótipo B1+/- e 50% de genótipo B1KO. Em relação à leptina, esperava-se 50% de

animais OB/OB e 50% de animais OB/ob, mas não obtivemos o genótipo de

interesse. O genótipo de escolha seria OB/ob;B1KO, porém, foi necessária a

utilização dos animais OB/ob;B1+/-, para aumentarmos nosso número de

cruzamentos, já que a probabilidade de obtermos machos e fêmeas OB/ob;B1KO a

cada ninhada era muito baixa.

Na quarta geração, obtida pelo cruzamento entre irmãos OB/ob;B1+/-, as

probabilidades seriam melhores: 25% de B1WT e de B1KO, e 50% de B1+/-; 25% de

OB/OB e de ob/ob, e 50% de OB/ob. Os animais mais adequados para cruzamentos

59

posteriores seriam os de genótipo OB/ob;B1KO (já que os ob/ob têm problemas de

fertilidade), e a probabilidade de os obtermos seria de 12%, sendo que deveriam ser

machos e fêmeas desse genótipo; os de interesse para os experimentos eram os

ob/ob;B1KO, porém a probabilidade era muito baixa (6%).

Foram necessárias várias gerações até conseguirmos separar parentais de

heterozigotos para o gene da leptina OB (OB/ob), dos genótipos B1KO e B1WT, e

para obtermos animais obesos B1KO (ob/ob;B1KO) e seus controles (ob/ob;B1WT)

em número suficiente para os experimentos. Sendo assim, o processo de geração

dos animais foi constante durante todo o decurso dos experimentos com os animais.

Além da confirmação genotípica dos animais gerados, a análise funcional do

receptor B1 permitiu a confirmação funcional. Os animais obesos B1KO e B1WT

responderam ao agonista do receptor B2 (bradicinina), havendo maior força contrátil

nos ob/ob;B1WT. Pode ter ocorrido uma metabolização de parte da bradicinina em

des-Arg9-bradicinina, que também estaria atuando, no receptor B1 dos animais

B1WT (ALLOGHO et al., 1998). A resposta ao agonista do receptor B1 (des-Arg9-

bradicinina) foi nula nos animais ob/ob;B1KO, e significativamente maior nos

controles (ob/ob;B1WT).

Os transplantes de tecido adiposo foram realizados, e propiciaram o

restabelecimento do fenótipo normal dos animais. O tecido adiposo implantado

parece ter atuado no metabolismo por meio da secreção de leptina e outros

hormônios endócrinos (KLEBANOV et al., 2005).

Pode ser que estes animais transplantados tenham maior sensibilidade à

leptina, visto sua deficiência nesse hormônio. Foi possível restabelecer também a

fertilidade dos camundongos ob/ob, sendo constatada por cruzamentos bem

sucedidos entre eles. Esse fato foi muito importante para a finalização do nosso

60

trabalho, pois começamos a obter 100% de filhotes obesos (ob/ob), provenientes

dos parentais magros, férteis e de genótipo ob/ob.

Essa metodologia foi utilizada como alternativa na obtenção do animal em

maior quantidade, visto que a metodologia de seleção de heterozigotos OB/ob por

genotipagem era mais lenta e produzia um número limitado de animais obesos por

ninhada.

Após a geração e determinação dos grupos, seguiram-se os testes nos

animais.

A hipótese da ingestão alimentar estar contribuindo para que os animais

ob/ob;B1WT apresentassem maior massa corporal foi testada. Porém, não houve

diferença entre os dois grupos, indicando que o receptor B1 de cininas não está

relacionado com a hiperfagia dos camundongos ob/ob.

A glicemia dos animais duplo nocaute não apresentou diferença significativa

dos animais controle. O teste de tolerância à glicose indicou maior tolerância à

sobrecarga glicídica nesses camundongos, observada por uma menor área abaixo

da curva glicêmica. Já a resistência à insulina não parece ter sido atenuada nesses

animais, como esperado. A maior captação de glicose deve estar ligada a outros

fatores endócrinos, como uma maior liberação de insulina durante o teste. O

resultado das dosagens séricas de insulina basal sugerem que os animais

ob/ob;B1KO tenham maior concentração basal deste hormônio. No entanto, ainda é

necessária a realização de testes com maior número de animais.

A bradicinina, agonista do receptor B2 de cininas, é capaz de induzir a

translocação do GLUT4 e promover a captação de glicose via insulino-independente,

principalmente por células musculares (KISHI et al., 1998). Além disso, a deficiência

de leptina pode alterar a expressão dos receptores de cininas (ABE et al., 2007).

61

Observando esses dados, uma outra possibilidade para justificar nosso resultado é a

superexpressão do receptor B2 de cininas, inclusive como mecanismo

compensatório à ausência do receptor B1 de cininas, promovendo uma melhor

captação da glicose via insulino-independente.

Sabe-se que a insulina atua na modulação da produção e secreção de leptina

pelos adipócitos (LEVY et al., 2001). Em nosso laboratório, resultados anteriores

mostraram que a deficiência do receptor B1 em animais magros induz um aumento

de sensibilidade à leptina exógena (dados não publicados). Assim como nos animais

ob/ob selvagens (COLEMAN, 1973), nossos animais obesos B1KO e B1WT

mostraram-se sensíveis à leptina exógena, apesar de possuírem deficiência na

produção deste hormônio, revelando que não havia comprometimento de seus

receptores. Além disso, os camundongos obesos do grupo ob/ob;B1KO também

apresentaram uma resposta central mais acentuada em relação ao grupo controle,

sugerindo maior sensibilidade desses animais à leptina. Sabe-se que o cortisol e a

insulina são potentes estimuladores da expressão e secreção da leptina

(HOUSEKNECHT et al., 1998). A hiperinsulinemia observada no grupo pode estar

contribuindo para uma maior sensibilidade dos receptores de leptina, já que a

produção e secreção deste hormônio estão prejudicadas nesses animais. Ainda em

1998, Houseknecht et al. atribuíram a potencialização dos efeitos obtidos pela

administração de leptina a uma taxa metabólica elevada nos animais tratados.

Nossos animais poderiam estar apresentando uma taxa metabólica mais elevada em

relação ao controle, indicando resultados mais expressivos quanto à sensibilidade à

leptina exógena. A falta do receptor B1 também pode estar relacionada a este

fenômeno a nível central, por meio de mecanismos ainda não determinados e que

demandam uma investigação mais complexa. Entretanto, demonstrou-se que o

62

peptídeo opióide endógeno dinorfina A induz o influxo de cálcio por canais de cálcio

voltagem-dependentes em neurônios sensoriais, via ativação dos receptores de

cininas pela atuação como agonista sobre eles (LAI et al., 2006). Portanto, outra

hipótese plausível seria a superexpressão do receptor B2 de cininas, facilitando a

atuação deste opióide na potencialização dos efeitos observados pelo tratamento

com leptina exógena.

Com relação à massa relativa dos rins, esta foi menor nos animais

ob/ob;B1KO. A ausência do receptor B1 parece ter atenuado os efeitos do diabetes

sobre eles, os quais normalmente apresentam insuficiência, necrose e até falência

renal (TSUCHIDA et al., 1999). Entretanto, nossos dados não suportam ainda que a

ausência do receptor B1 possa proteger de afecções renais. Outros experimentos

são necessários para testar esta hipótese.

Avaliando-se o coração, visto que a hipertrofia cardíaca é freqüentemente

observada nos animais ob/ob (BAROUCH et al., 2003), o ventrículo esquerdo

apresentou menor massa relativa e cardiomiócitos de menor diâmetro nos

camundongos duplo nocaute, caracterizando uma menor hipertrofia cardíaca nesses

animais. Os mesmos obtiveram uma proteção parcial ou total do órgão, levando-nos

a pensar em uma possível superexpressão do receptor B2 de cininas como

mecanismo compensatório à falta do receptor B1 de cininas (XU et al., 2005;

LAGNEUX et al., 2002). Para melhor julgamento desses dados, devemos verificar os

níveis de expressão dos receptores B1 e B2 em todos os tecidos desse modelo de

obesidade mórbida.

Uma recente publicação mostra que a expressão dos receptores B1 e B2 de

cininas está modificada em vários tecidos importantes para o metabolismo

energético dos camundongos ob/ob, os quais apresentaram baixa expressão de

63

RNA mensageiro para o receptor B2 de cininas em importantes sítios de modulação

neuroendócrina (ABE et al, 2007). Esses resultados sugeriram a ligação do SCC e

obesidade, salientando o possível envolvimento desse sistema na etiopatogênese

da síndrome metabólica, freqüentemente ligada ao diabetes tipo II e obesidade.

64

6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES

De acordo com os nossos resultados obtidos com o camundongo duplo nocaute

para os genes da leptina e receptor B1 de cininas, gerado ao início do trabalho,

pudemos concluir que o receptor B1 de cininas está relacionado a este modelo de

obesidade severa, sugerindo seu envolvimento na patogênese do diabetes e

doenças associadas.

No decorrer do trabalho, a partir da obtenção de parentais fixos, aumentamos

nosso número de camundongos, possibilitando a realização de testes

complementares conclusivos que serão realizados em estudos posteriores.

Realizaremos uma análise histológica mais detalhada de ventrículo esquerdo,

rins, pâncreas e fígado, os quais estão ligados à obesidade e diabetes.

Será verificada também a expressão do receptor B2 de cininas no ventrículo

esquerdo, e de citocinas no tecido adiposo branco, bem como na musculatura

esquelética desses camundongos.

Além disso, avaliaremos o consumo de oxigênio, visando estabelecer a

relevância do gasto energético em nossos resultados, e a liberação de insulina

durante o teste de tolerância à glicose, almejando determinar seu papel na maior

tolerância à sobrecarga glicídica observada nos animais duplo nocaute gerados.

Posteriormente, pretendemos aplicar também aos ob/ob transplantados todos

os testes apresentados neste trabalho, visando verificar o restabelecimento da

sensibilidade à insulina e do perfil metabólico considerado normal.

65

REFERÊNCIAS

ABE, K.C.; DA SILVA MORI, M.A.; PESQUERO, J.B. Leptin deficiency leads to the regulation of kinin receptors expression in mice. Regul Pept., 138(2-3): 56-8, 2007.

ALFIE, M.E.; SIGMON, D.H.; POMPOSIELLO, S.I.; CARRETERO, O.A. Effect of high salt intake in mutant mice lacking bradykinin-B2 receptors. Hypertension, 29(1-Pt 2): 483-7, 1997.

ALLOGHO, S.; GOBEIL, F.; PERRON, S.I.; HESS, J.F.; REGOLI, D. Effects of kinins on isolated stomachs of control and transgenic knockout B2 receptor mice. Naunyn Schmiedebergs Arch Pharmacol., 357(3): 191-196, 1998.

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ANEXO A - PARECER DA COMISSÃO DE ÉTICA EM

MANIPULAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL

(CEMEA/UMC)

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