Gerenciamento Do Risco Não Clínico Contribui Para a Segurança Do Paciente

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  • 8/18/2019 Gerenciamento Do Risco Não Clínico Contribui Para a Segurança Do Paciente

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    Gerenciamento do risco não clínico contribui para aSegurança do Paciente

    Autor institucional:

    Proqualis

    Novas práticas e diretrizes que salvam vidas

    Por Isis Breves (Publicado em 03 de junho de 2015) 

    Em janeiro deste ano, médicos de um hospital de Osasco tiveram que fazer ventilaçãomanual para manter um recém-nascido de 25 dias respirando. Faltou luz na cidade pormais de 12 horas e o gerador do hospital funcionou por apenas 5 horas. Com a falha dogerador, a incubadora neonatal e o equipamento que mantinha a respiração do bebêpararam de funcionar. Casos como este que aconteceu em Osasco podem ser evitadosatravés de um plano de gerenciamento de risco que contemple a gestão do risco nãoclínico, que inclui cuidados específicos como a manutenção e o funcionamento de

    geradores.

    “No Brasil, os hospitais obrigatoriamente devem seguir as seguintes normativas: RDC2/2010 da ANVISA, que define que todos os estabelecimentos de saúde devem realizar ogerenciamento das tecnologias em saúde utilizadas na prestação de serviços, desde suaentrada no estabelecimento até seu destino final, incluindo o planejamento dos recursosfísicos, materiais e humanos; RDC 63/2011 da ANVISA, que regulamenta os requisitos deBoas Práticas de Funcionamento para os serviços de saúde e a NBR/15943 da ABNT, quedita as diretrizes para um programa de gerenciamento de equipamentos de infraestruturade serviços de saúde e de equipamentos para a saúde. A partir dessas resoluções, ohospital irá definir o seu plano de gestão de equipamentos e seus documentos deprocedimentos operacionais padrão para cada área, incluindo, principalmente, a

    manutenção da infraestrutura predial do hospital para garantir que danos desnecessáriosnão ocorram, o que contrinbuiria para a segurança do paciente”, explica o engenheiroRicardo Alcoforado Maranhão Sá, gerente da engenharia clínica da Secretaria de Estadode Saúde de Goiás.Segundo Maranhão, uma falha na infraestrutura pode influenciar diretamente o cuidadodo paciente. “Esse caso em que o gerador não funcionou adequadamente e colocou emrisco o bebê que dependia de aparelhos ligados à rede elétrica do hospital para respirar emanter a sua temperatura é um exemplo de que há a necessidade de se pensar na gestãodo risco não clínico para uma gestão de qualidade do hospital. Geradores sãofundamentais para o funcionamento de um hospital. É este equipamento que irá garantira continuidade do cuidado e reduzir os riscos para os pacientes que estão dependentesde equipamentos ligados à energia elétrica. Para que o gerador de emergência funcione

    adequadamente em um momento de falta de luz, é necessário que se façam testessemanais, manutenção periódica de bateria, óleo, água e demais peças que o compõem.Os testes preventivos irão dizer se há alguma necessidade de intervenção técnica e/oucorretiva. Devemos implantar um checklist para a realização desses testes e avaliarperiodicamente o funcionamento do aparelho, incluindo o monitoramento de combustívele o seu abastecimento junto ao almoxarifado. Ainda sim, mesmo com todo omonitoramento dos geradores, há de se implantar um plano de contingência que prevê afalha do gerador”, alerta. 

    No Hospital Alemão Oswaldo Cruz (HAOC), o setor de Engenharia de Manutenção Predial éresponsável pela elaboração e práticas do Plano de Gestão de Infraestrutura do HAOC.“Dois insumos primordiais para o funcionamento de um hospital, mas que requerem um

    novo olhar pensando na sustentabilidade, são água e energia elétrica. A normativa NBR13534, que dispõe de instalações elétricas de baixa tensão – requisitos específicos para

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    instalação em estabelecimentos assistenciais de saúde, classifica os ambientes dohospital em termos de prioridades no fornecimento da energia elétrica. Em outraspalavras, CTIs e centros cirúrgicos são ambientes de demandas altamente críticas, pois avida e a saúde do paciente estão sujeitas ao risco de uma pequena corrente elétrica. Osetor de diagnóstico laboratorial e os ambulatórios, por exemplo, são considerados nãotão críticos segundo essa classificação, pois a suspensão dos serviços ali prestados por

    falta dos referidos insumos não acarreta risco para a vida do paciente. Os setores nãocríticos seriam aqueles que não possuem nenhuma relação direta com o paciente, comoas lavandeiras, setores de administração, financeiro, entre outros. Seguimos todas asexigências desta norma e das demais para que o HAOC possa funcionar dentro das BoasPráticas de Funcionamento, sem que haja risco iminente à segurança do paciente”,relata Giovani Felipe Guastelli, engenheiro de infraestrutura do HAOC responsável pelasupervisão de estrutura hospitalar.

    Segundo Guastelli, está contemplado no Plano de Gestão da Infraestrutura do HAOC ogerenciamento de risco do funcionamento e manutenção dos geradores. “São realizadostestes semanais com o grupo de geradores de emergência dos setores críticos do hospital,ligados à entrada de energia principal. Realizamos avaliações do seu funcionamento,

    dimensionamos o uso do combustível e, a partir dessas ações preventivas, casonecessário, fazemos intervenções. É importante ressaltar que contamos também comcontratos com empresas especializadas em manutenção de grupos de geradores (algunscom o próprio fabricante), que avaliam mensalmente os equipamentos, apoiam nossaequipe de manutenção e realizam atendimentos emergenciais em caso de necessidade.Por exemplo, caso precise de reposição de alguma peça do gerador, o fabricanteprontamente a fará. Possuímos também geradores menores em cada um dos prédios docomplexo, que têm capacidade para suprir apenas áreas críticas específicas se houverfalha dos geradores principais. Neste caso, os testes e avaliações são mensais. Existemrotinas formalizadas para as manobras, inspeções e manutenções dos componentes dosistema elétrico. Cabe lembrar também que áreas críticas de suporte à vida (unidade deterapia intensiva e centro cirúrgico) e instalações críticas de tecnologia de informação

    também possuem redundância adicional por equipamento tipo no-break (UPS) com bancode baterias dimensionado para 15 minutos à plena carga”, detalha. 

    Um diferencial do HAOC é a parceria com a concessionária Eletropaulo, que disponibilizaum consultor responsável por contas de hospitais que fica disponível para consulta eeventuais demandas. “Ter uma pessoa responsável por atender às demandas do hospitalcom a concessionária de abastecimento de energia elétrica impacta no bomfuncionamento. Por exemplo, estamos em fase de expansão e desenvolvemos um Planode Melhorias em conjunto com o consultor da concessionária, que pode prever itens paraa segurança do hospital, riscos de queda da energia elétrica, itens que só podem serprevistos com acesso a informações da própria concessionária, que detém o mapa deabastecimento da cidade e os pontos críticos desse abastecimento. É uma maneira que o

    HAOC tem de conseguir melhores resultados, crescimento e melhoria do atendimento,olhando para o consumo de energia”, finaliza Guastelli.