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GERENCIAMENTO E GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS EM OBRA DE EDIFICAÇÕES: ESTUDO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS Camila Ribeiro Gomes Sotomayor Projeto de Graduação apresentado ao curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Fevereiro de 2017

GERENCIAMENTO E GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA ...monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10019387.pdf · implantaÇÃo e manutenÇÃo de uma central de prÉ-moldados

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GERENCIAMENTO E GESTÃO DA

IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA

CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS EM OBRA DE

EDIFICAÇÕES: ESTUDO DAS VANTAGENS E

DESVANTAGENS

Camila Ribeiro Gomes Sotomayor

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

ii

GERENCIAMENTO E GESTÃO DA

IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE UMA

CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS EM OBRA DE

EDIFICAÇÕES: ESTUDO DAS VANTAGENS E

DESVANTAGENS

Camila Ribeiro Gomes Sotomayor

Projeto de Graduação apresentado ao curso

de Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro,

como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2017

iii

GERENCIAMENTO E GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE

UMA CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS EM OBRA DE EDIFICAÇÕES:

ESTUDO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS

Camila Ribeiro Gomes Sotomayor

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_________________________________

Prof. Jorge dos Santos, Orientador

_________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva

_________________________________

Prof. Willy Weisshuhn

_________________________________

Prof.ª. Isabeth da Silva Mello

iv

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

Sotomayor, Camila Ribeiro Gomes

Gerenciamento e gestão da implantação e manutenção de uma

central de pré-moldados em obra de edificações: estudo das

vantagens e desvantagens/ Camila Ribeiro Gomes Sotomayor. –

Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,2016.

xvi, 78 p.: 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /

Curso de Engenharia Civil, 2017.

Referências Bibliográficas: p. 79-82

1. Aspectos históricos 2. Vigas pré-moldadas / Lajes pré-

moldadas 3. Método de construção/Etapas executivas/Controle

de qualidade 4. Novas tecnologias 5. Vantagens/ Desvantagens

6. Estudo de caso 7. Conclusões

I. Jorge dos Santos; II. Universidade Federal do Rio de

Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III.

Engenheira Civil

v

.

“A vida é como o oceano, é preciso

mergulhar de cabeça para sentir a

sua profundidade. ”

George Jung

vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a meus pais.

Sem eles, essa conquista não seria possível. Apesar de parecer uma vitória pessoal,

saibam que foi imprescindível contar com o apoio incondicional de vocês. Agradeço por

fazerem de mim o que eu sou agora.

À minha irmã gêmea, minha metade morena, por compartilhar simplesmente tudo

comigo. Obrigada pela paciência e companheirismo.

Ao meu irmão, que me mostra o quão importante é ir atrás dos seus sonhos. Muito

orgulho por seu “seu passado”.

À Vovó Maria, por todos os ensinamentos passados. Você sempre será fonte de

inspiração para toda a família.

Aos meus avós, Vovó Gabi e Vovô Pio, por todas os lanchinhos maravilhosos.

Saibam que a alegria de vocês é a minha.

À Dinda Portuga, por todos os mimos ao longo da vida e por toda atenção e carinho

dado a toda à família.

Aos meus primos e primas, tão amigos e confidentes que podem ser considerados

irmãos e irmãs.

Às minhas amigas de engenharia civil da UFRJ, com as quais pude contar

diariamente por todos esses anos. Obrigada por estarem sempre disponíveis. O final da

faculdade é apenas uma etapa concluída, espero que vocês estejam presentes em todas as

outras da minha vida.

Às minhas amigas do futebol, as futcats do fundão, espero que continuemos sempre

unidas, tanto dentro como fora de quadra.

Aos meus amigos e amigas, pelos inúmeros momentos de descontração, que nos dão

forças para prosseguir em busca dos nossos sonhos.

Agradeço ao meu orientador, a quem admiro muito, Jorge dos Santos, pelos conselhos

acadêmicos e profissionais, pela paciência, auxílio e importância que atribuiu ao meu

trabalho.

Enfim, a todos vocês, deixo aqui meus sinceros agradecimentos, a alegria de poder

contar com cada um diariamente, faz qualquer batalha valer a pena.

vii

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica - UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

GERENCIAMENTO E GESTÃO DA IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE

UMA CENTRAL DE PRÉ-MOLDADOS EM OBRA DE EDIFICAÇÕES:

ESTUDO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS.

Camila Ribeiro Gomes Sotomayor

Fevereiro de 2017

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

O ramo da construção civil busca cada vez mais processos e tecnologias visando a

racionalização e a produtividade. Nesse contexto, os sistemas construtivos em concreto

pré-moldado têm sido muito utilizados. O trabalho tem como principal objetivo estudar o

gerenciamento e a gestão da implantação de uma central de pré-moldados em obra de

edificações, expondo seus aspectos positivos e negativos. Dessa forma, é apresentado um

breve histórico do pré-moldado de concreto e o processo de produção dos elementos

estruturais. O procedimento executivo aborda desde a montagem das fôrmas até a

montagem no seu local definitivo. Para o entendimento dos assuntos abordados é

apresentado, também, um estudo comparativo de vigas e lajes pré-moldadas em uma

edificação com dois tipos de execução: no próprio canteiro ou por uma empresa

especializada.

Palavras-chave: Pré-moldados, Vigas pré-moldadas, Lajes pré-moldadas

viii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer

MANAGEMENT OF THE IMPLANTATION AND MAINTENANCE OF A

CENTER OF PRE-MOLDED BUILDINGS: ADVANTAGES AND

DISADVANTAGES STUDY

Camila Ribeiro Gomes Sotomayor

February/2017

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The construction industry is increasingly looking for processes and technologies aimed

at rationalization and productivity. In this context, constructional systems in precast

concrete have been widely used. The main objective is to study the management of the

implantation of a precast center in construction works, exposing its positive and negative

aspects. For that, the work presents a brief history of the precast concrete and the process

of production of the structural elements. The executive procedure covers everything from

assembling the formwork to assembling in its final location. For the understanding of the

subjects discussed, a comparative study of precast beams and slabs in a building with two

types of execution is also presented: at the construction site or by a specialized company.

Keywords: Precast elements, Precast beams, Precast slabs.

ix

SUMÁRIO

1. Introdução.................................................................................................................. 1

1.1. Importância do tema .......................................................................................... 1

1.2. Objetivos ............................................................................................................ 2

1.3. Justificativa da escolha do tema ......................................................................... 2

1.4. Metodologia ....................................................................................................... 3

1.5. Estruturação do trabalho .................................................................................... 3

2. Contextualização: pré-moldados na construção de edificações ................................ 5

2.1. Definições .......................................................................................................... 5

2.2. Aspectos históricos ............................................................................................ 6

2.3. Pré-moldados no Brasil ...................................................................................... 7

2.4. Elementos dos pré-moldados ............................................................................. 9

2.4.1. Vigas pré-moldadas .................................................................................... 9

2.4.2. Lajes pré-moldadas ................................................................................... 12

3. ASPECTOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS DO MÉTODO DE

UTILIZAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS EM EDIFICAÇÕES ....................................... 15

3.1. Sistema de produção ........................................................................................ 15

3.1.1 Fôrmas ............................................................................................................ 17

3.1.2 Montagem das Armaduras ............................................................................. 18

3.1.3 Produção, transporte e lançamento do concreto ............................................. 19

3.1.3 Adensamento .................................................................................................. 21

3.1.4 Aceleração do endurecimento e cura ............................................................. 23

3.1.5 Desforma ........................................................................................................ 25

3.1.6 Análise da peça concretada ............................................................................ 26

3.1.7 Içamento e manuseio ...................................................................................... 27

x

3.1.8 Acabamento .................................................................................................... 28

3.2 Procedimento executivo ................................................................................... 29

4. TENDÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS EM EDIFICAÇÕES

PRODUZIDOS NO CANTEIRO DE OBRAS .............................................................. 32

4.1 Materiais Alternativos ........................................................................................... 33

4.1.1 Fibras de Polipropileno .................................................................................. 33

4.1.2 Concreto Leve ................................................................................................ 34

4.1.3 Concreto Reciclado ........................................................................................ 35

4.1.4 Concreto de Alto Desempenho ou Alta Resistência (CAD) .......................... 36

4.1.5 Concreto auto-adensável (CAA) .................................................................... 38

4.2 Novas técnicas adotadas na produção de pré-moldados ....................................... 39

4.2.1 Insertos metálicos ........................................................................................... 39

4.2.2 Fôrmas hidráulicas ......................................................................................... 40

5. ESTUDO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DE

PRÉ-MOLDADOS EM EDIFICAÇÕES PRODUZIDOS NO CANTEIRO DE OBRAS

41

5.1. Aspectos Gerais ................................................................................................... 41

5.2. Vantagens e desvantagens ao longo do ciclo produtivo ...................................... 41

5.3 Vantagens .............................................................................................................. 46

5.4 Desvantagens ........................................................................................................ 48

6. ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 50

6.1 Apresentação da empresa ...................................................................................... 51

6.2 Apresentação do empreendimento ........................................................................ 52

6.3 Considerações gerais ............................................................................................. 53

6.4 Estudo de viabilidade ............................................................................................ 54

xi

6.4.1 Resultados obtidos com execução de pré-fabricados ..................................... 54

6.4.2 Resultados obtidos com execução de pré-moldados ...................................... 55

6.5 Implantação da central de pré-moldados .............................................................. 56

6.5.1 Área de armazenamento de materiais............................................................. 58

6.5.2 Área de estocagem de pré-moldados .............................................................. 59

6.6 Sistema de produção ............................................................................................. 60

6.6.1 Fôrmas ............................................................................................................ 60

6.6.2 Armação ......................................................................................................... 61

6.6.3 Concreto ......................................................................................................... 63

6.6.4 Concretagem................................................................................................... 65

6.6.5 Cura das peças e desforma ............................................................................. 66

6.6.6 Análise da peça concretada ............................................................................ 67

6.6.7 Içamento e manuseio ...................................................................................... 68

6.6.8 Acabamento .................................................................................................... 69

6.7 Pontos relevantes no procedimento executivo ...................................................... 70

6.7.1 Posição da treliça em relação à tela ................................................................ 70

6.7.2 Posição do espaçador no fio inferior da tela .................................................. 71

6.7.3 Rugosidade das pré-vigas ............................................................................... 72

6.7.4 Detalhe para execução de arranques laterais em função da fôrma metálica .. 73

6.7.5 Geometria das peças X vãos........................................................................... 73

6.7.6 Recuperação de peças pré-moldadas .............................................................. 74

6.7.7 Tratamento dos ganchos cortados .................................................................. 75

6.7.8 “Cama” de argamassa para assentamento dos elementos pré-moldados ....... 75

6.7.9 Parede de vedação .......................................................................................... 75

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 77

xii

7.1 Considerações Finais ............................................................................................ 77

7.2 Sugestões para trabalhos futuros ........................................................................... 78

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 79

xiii

Lista de Figuras

Figura 1: Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro ........................................................... 8

Figura 2: Tipos de vigas ................................................................................................. 10

Figura 3: Pré-lajes treliçadas .......................................................................................... 13

Figura 4: Pré-lajes treliçadas com EPS .......................................................................... 13

Figura 5: Pré-lajes protendidas ....................................................................................... 14

Figura 6: Lajes Pré-moldadas Alveolares ....................................................................... 14

Figura 7: Lajes Pré-moldadas Lisas e Maciças .............................................................. 15

Figura 8: Desenho esquemático de mesa vibradora ....................................................... 21

Figura 9: Esquema básico de um vibrador de imersão ................................................... 22

Figura 10: Vibrador externo fixado à fôrma ................................................................... 23

Figura 11: Esquemas de armazenamento dos elementos................................................ 28

Figura 12: Concretagem da capa .................................................................................... 29

Figura 13: Procedimento executivo de serviço - PES .................................................... 30

Figura 14: Detalhes insertos metálicos para fixação da estrutura .................................. 39

Figura 15: Implantação da Obra (Imagem Masterplan) ................................................. 52

Figura 16: Fachada do Empreendimento (Foto Imagem Ilustrativa) ............................. 53

Figura 17: Planta Baixa do Pavimento Tipo ................................................................... 53

Figura 18: Área ocupada pela central de pré-moldados ................................................. 58

Figura 19: Central de pré-moldados pronta .................................................................... 58

Figura 20: Armazenamento dos materiais ...................................................................... 59

Figura 21: Estocagem das pré-vigas ............................................................................... 60

Figura 22: Estocagem das pré-lajes ................................................................................ 60

Figura 23: Fôrmas metálicas para pré-lajes e pré-vigas ................................................. 61

Figura 24: Aplicação de desmoldante em fôrma ............................................................ 61

xiv

Figura 25: Montagem de armadura de pré-viga ............................................................. 62

Figura 26: Armação posicionada na fôrma..................................................................... 63

Figura 27: Brita 0 utilizada para produção de concreto.................................................. 64

Figura 28: Areia utilizada para produção de concreto .................................................... 65

Figura 29: Caçamba utilizada na concretagem ............................................................... 65

Figura 30: Vibração do concreto .................................................................................... 66

Figura 31: Viga sendo desformada ................................................................................. 66

Figura 32: Peça curada e desformada ............................................................................. 68

Figura 33: Área de içamento isolada .............................................................................. 68

Figura 34: Guindaste içando peça pré-moldada ............................................................. 69

Figura 35: Escoramento e reescoramento temporários................................................... 69

Figura 36: Correto posicionamento da treliça......... ....................................................... 71

Figura 37: Incorreto posicionamento da treliça .............................................................. 71

Figura 38: Correto posicionamento do espaçador...... .................................................... 71

Figura 39: Incorreto posicionamento do espaçador ........................................................ 71

Figura 40: Detalhe do projeto onde são indicadas as faces lisas e as faces rugosas ...... 72

Figura 41: Pré-viga já montada com testada que terá continuidade “in loco” totalmente

lisa ................................................................................................................................... 72

Figura 42: Exemplo de arranque lateral em pré-viga PM08 .......................................... 73

Figura 43: Dente Gerber danificado em viga já montada ............................................... 74

Figura 44: “Cama” de argamassa para assentamento dos pré-moldados ....................... 75

Figura 45: Parede de vedação disvinculada de viga pré-moldada .................................. 76

xv

Lista de Tabelas

Tabela 1: Método para Verificação de Elementos pré-moldados................................... 31

Tabela 2: Propriedades do concreto leve estrutural ........................................................ 35

Tabela 3: Execução de pré-fabricados por uma empresa especializada ......................... 54

Tabela 4: Execução de pré-moldados em canteiro de obra ............................................ 55

xvi

Lista de Gráficos

Gráfico 1: Comparativo de Produção no Canteiro x Empresa Especializada ................ 56

1

1. Introdução

1.1. Importância do tema

A construção civil, assim como os demais segmentos produtivos, busca tecnologias

alternativas que permitam racionalizar e otimizar sua linha produtiva. Nesse contexto são

introduzidas novas tecnologias e também resgatadas tecnologias antigas, mas pouco utilizadas.

A utilização de peças pré-moldadas em substituição a convencional tecnologia de

construção in loco, vem sendo resgatada pelas empresas construtoras objetivando otimizar a

execução de obras de edificações. Essa tecnologia, longe de ser uma inovação, vinha sendo

muito aplicada na construção de obras de arte especiais tais como viadutos e pontes, entretanto,

no caso de edificações há ainda velhos paradigmas por parte de engenheiros civis e arquitetos

que fazem com que esta alternativa não seja nem considerada por ocasião do orçamento e

planejamento de uma obra.

De forma geral a utilização de pré-moldados para a construção de estruturas de concreto

armado está predominantemente apoiada em fábricas especializadas de pré-moldados que

fornecem as vigas, pilares e lajes para as obras. A modalidade de produzir as peças pré-

moldadas no próprio canteiro de obras, via de regra é desencorajada em virtude do receio das

empresas construtoras temerem que a falta de experiência e da mão de obra especializada

promoverem ao processo mais dificuldades do que vantagens.

O estudo e a apresentação de experiência da implantação e operação de central de pré-

moldados no canteiro de obras para a construção de obra de edificações apresentam

significativa importância como tecnologia alternativa para a otimização da construção.

2

Naturalmente, para a adoção de qualquer tecnologia ainda não praticada é necessário que as

vantagens e desvantagens sejam detalhadamente avaliadas.

1.2. Objetivos

O objetivo principal desse estudo de monografia é apresentar as vantagens e desvantagens

da implantação e operação de uma central de pré-moldados no canteiro de obras de edificações.

Demonstrando o conceito e os aspectos históricos dos pré-moldados, ressaltando as etapas

de construção utilizando esse método construtivo, comparando com obras que utilizam o

modelo de construção convencional e utilizando aspectos relativos a custos, qualidade, prazo e

produtividade é possível alcançar o objetivo principal.

1.3. Justificativa da escolha do tema

A escolha do tema apresentado surgiu do conhecimento adquirido durante o estágio

realizado em uma obra de edificações cujos pré-moldados de concreto armado são executados

no canteiro da mesma.

Por falta de domínio e conhecimento de profissionais, alguns elementos pré-moldados ainda

são pouco utilizados no mercado brasileiro. Como o ramo da construção civil vem cada vez

mais buscando processos que racionalizem materiais e tornem o processo construtivo mais

produtivo é de extrema importância demonstrar as vantagens e desvantagens da utilização de

uma central de pré-moldados no canteiro de uma obra.

As vigas e pré-lajes, elementos pré-moldados que serão estudados, oferecem uma

significativa velocidade de execução da obra, reduzindo o retrabalho e eliminando qualquer

improviso que poderia contribuir para atrasos e erros nas previsões orçamentárias.

De modo a avaliar tais parâmetros, será apresentado um estudo comparativo dos elementos

pré-moldados executados no canteiro de obra ou numa empresa especializada, de forma a obter

melhores resultados.

3

1.4. Metodologia

Para alcançar os objetivos propostos, a implantação e o acompanhamento do funcionamento

de uma central de pré-moldados dentro do canteiro foi realizada pesquisa de campo, coletando

dados que permitem descrever tanto as atividades, assim como a produção dos elementos.

Essa pesquisa relaciona elementos pré-moldados de concreto armado executados em

canteiro de obra e por uma empresa especializada, buscando esclarecer as características que

os tornam viáveis no aspecto construtivo, tais como: facilidade de produção, de transporte e de

manuseio.

Para contextualizar e embasar os dados apurados na pesquisa de campo, foram feitas

pesquisas bibliográficas sobre estruturas pré-moldadas em concreto em livros, monografias,

dissertações, teses, artigos sobre a construção civil e sites de empresas especializadas na

produção, montagem e içamento das peças pré-moldadas.

1.5. Estruturação do trabalho

O presente trabalho é composto por sete capítulos.

O primeiro capítulo introduz o tema, apresentando a importância do mesmo, o objetivo do

trabalho, a justificativa da escolha do assunto, a metodologia utilizada no desenvolvimento da

monografia e sua estruturação.

O segundo capítulo apresenta a contextualização do tema, dissertando sobre o método de

construção de edificações mediante o emprego dos pré-moldados, conceituando o que é um

elemento pré-moldado, além das suas vantagens e desvantagens em obras no canteiro de obras

ou não.

O terceiro capítulo trata dos aspectos técnicos e metodológicos do método de utilização de

pré-moldados em edificações, detalhando como é feita a verificação da viabilidade de realizar

obras com a utilização em construção convencional e utilizando os pré-moldados. Apresenta

4

também aspectos relativos ao planejamento e controle da produção da obra, materiais e produtos

aplicados, além do controle de qualidade e dificuldades executivas.

O quarto capítulo faz um levantamento bibliográfico, dissertando sobre as novas

tecnologias aplicáveis a essa tecnologia construtiva.

O quinto capítulo realiza um estudo das vantagens e desvantagens da utilização de pré-

moldados em edificações produzidos no canteiro de obras.

O sexto capitulo apresenta os estudos da obra selecionada que utiliza lajes e vigas pré-

moldadas com produção no canteiro de obra, descrevendo as características do empreendimento

e do projeto, além das práticas utilizadas e resultados alcançados. O capítulo descreve como foi

implantada a central e como a mesma é gerenciada, além dos recursos necessários, como

pessoal, equipamentos e materiais.

O sétimo capítulo apresenta as considerações finais da monografia, abordando os benefícios

de uma construção em concreto pré-moldado, com críticas e sugestões.

5

2. Contextualização: pré-moldados na construção de edificações

2.1. Definições

É evidente que as estruturas pré-moldadas e pré-fabricadas em concreto estrutural têm

garantido seu espaço no ramo da construção civil. Para uma melhor compreensão desses

conceitos, seguem as definições dadas pela NBR 9062 - Projeto e Execução de Estruturas de

Concreto Pré-Moldado (ABNT, 2006):

a) Elemento pré-moldado é aquele moldado previamente e fora do local de

utilização definitiva da estrutura, com controle de qualidade e para o qual se

dispensa a existência de laboratório e demais instalações congêneres próprias.

b) Elemento pré-fabricado é aquele executado industrialmente, em instalações

permanentes de empresa destinada para este fim, sob condições rigorosas de

controle de qualidade. É necessário atender aos requisitos mínimos de mão de

obra especializada e realização de ensaios e testes no recebimento da matéria-

prima dos elementos pela empresa.

Dessa forma, os pré-moldados podem se classificar como de fábrica ou de canteiro, de

acordo com seu local de produção.

El Debs (2000), classifica o concreto pré-moldado de diferentes formas, sendo as principais

em relação ao peso e também, em relação ao local de produção desses elementos. Quanto ao

seu local de produção:

a) Pré-moldado de fábrica: Executado em instalações permanentes distantes

da obra, dessa forma, deve ser considerado o transporte do elemento da

fábrica ao local de montagem.

b) Pré-moldado de canteiro: Executado em instalações temporárias nas

proximidades da obra. Existe a tendência de possuir baixa capacidade de

produção. Não possui tantos problemas com transporte e impostos

referentes à produção industrial, no entanto, está sujeito a ter menor

qualidade.

Em relação a carga, o autor divide esses elementos pré-moldados em dois tipos:

a) Pré-moldado pesado: Necessita de equipamentos especiais para

montagem e transporte.

6

b) Pré-moldado leve: Não necessita de equipamentos especiais para

montagem e transporte, podendo esta tarefa ser manual ou pode haver o

improviso dos equipamentos.

De modo a não confundir o leitor, será utilizada apenas a denominação pré-moldado nos

próximos capítulos, quando se referir a elementos fabricados fora do seu local de utilização.

Nesse contexto, os pré-moldados têm ganhado espaço em edificações, que está relacionado

com o ramo da construção civil, significando as técnicas usadas para a construção de edifícios,

sejam eles direcionados para habitação ou comércio.

2.2. Aspectos históricos

De acordo com Vasconcellos (2002), não existe uma data exata do início da pré-moldagem.

Pode-se afirmar, no entanto, que a pré-moldagem começou com a invenção do concreto armado,

uma vez que os seus elementos eram moldados fora do seu local final ou definitivo, ou seja,

eram pré-moldados.

Dessa maneira, para compreender o progresso da pré-moldagem em concreto armado é

necessário analisar o surgimento, a história e a evolução da industrialização, uma vez que a

mesma está essencialmente ligada aos conceitos de organização e de produção em série.

A evolução industrial da construção civil ocorreu em diversas fases, sendo essas

caracterizadas pela sua diversidade de métodos, tecnologias e arquiteturas próprias. Isso

permitiu produzir um material de qualidade em menos tempo e por um custo menor, tornando

as obras mais seguras e organizadas.

Salas (1988) considera uma divisão da utilização do pré-fabricado de concreto em três

etapas:

a) De 1950 a 1970 – nesse período, os pré-fabricados tiveram um importante papel na

reconstrução das cidades devastadas devido à guerra. Essa época ficou conhecida como

ciclo fechado de produção, uma vez que um mesmo fornecedor provia elementos pré-

7

fabricados para comporem a reconstrução tanto hospitais, quanto escolas e, também,

indústrias. Isso fez com que associassem esse tipo de construção à uniformidade e

rigidez na arquitetura, ou seja, sem flexibilidade.

b) De 1970 a 1980 – As construções massivas não permitiram que os edifícios

apresentassem desempenhos mínimos, o que fez com que ocorressem alguns acidentes

com grandes painéis pré-fabricados. Isso provocou um declínio dos sistemas pré-

fabricados de ciclo fechado de produção e uma grande revisão na caracterização de

utilização nos processos construtivo em grandes elementos pré-fabricados.

c) Pós 1980 – Esta etapa foi marcada pela demolição edifícios pelo fato de terem sido

rejeitados socialmente e por não terem funcionalidade. Além disso, foi caracterizada

pela adoção de elementos pré-fabricados de ciclo aberto, à base de componentes

compatíveis e de diferentes origens.

2.3. Pré-moldados no Brasil

A pré-moldagem no Brasil chegou no final da década de 50, reflexo do tamanho avanço

desse sistema na Europa, após devastação na Segunda Guerra Mundial. Segundo Vasconcellos

(2002), o hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, foi a primeira grande obra no Brasil onde

foram utilizados os pré-fabricados. As estacas nas fundações e as cercas no perímetro da área

reservada ao hipódromo são exemplos dos diferentes elementos utilizados pela empresa

construtora dinamarquesa Christiani-Nielsen, com sucursal no Brasil para executar a obra do

hipódromo em 1926. A Figura 1 ilustra as obras realizadas no hipódromo Gávea.

8

Figura 1: Hipódromo da Gávea no Rio de Janeiro

Fonte: Decourt (2004).

No fim da década de 50, a Construtora Mauá executou, no seu canteiro de obras, diversos

galpões pré-moldados, uma vez que a preocupação com a racionalização e a industrialização de

sistemas construtivos teve início. A fábrica do Cortume Franco Brasileiro de aproximadamente

35.000 m² foi onde a construtora começou a pré-moldagem. Sua estrutura, leve e original, tinha

tesouras em forma de viga Vierendeel1 curva.

A primeira experiência com edifícios de vários pavimentos, com estrutura reticulada, foi

com o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo – CRUSP, cidade universitária

Armando Salles de Oliveira em São Paulo. Em 1964, conforme Vasconcellos (2002), esse

conjunto de doze torres com doze pavimentos foi construído, de modo a residir os estudantes

da Universidade de São Paulo (USP).

Apesar dos problemas, como a inexperiência dos trabalhadores devido a execução de um

processo construtivo diferente do convencional, a empresa realizou um excelente trabalho. O

espaço no canteiro de obras era propício para produzir e armazenar as peças, o que difere da

realidade atual, uma vez que a maioria das obras está localizada em centros altamente

populosos.

1 Viga Vierendeel: é um sistema estrutural formado por barras que se encontram em pontos denominados

nós, assim como as treliças.

9

O Banco Nacional da Habitação – BNH foi criado pelo governo em 1966, de modo a reduzir

o déficit habitacional, mas fez com que o sistema de pré-moldagem praticamente deixasse de

existir. Isso porque as situações das moradias executadas de pré-moldados eram precárias e pela

expectativa de incentivar o emprego maciço de mão de obra não qualificada no canteiro.

Dessa maneira, apenas na década de 90, devido ao crescimento da cidade de São Paulo, esse

processo construtivo teve seu retorno passou a receber grandes investimentos, propiciando um

aumento na construção de shoppings e hotéis, por exemplo.

2.4. Elementos dos pré-moldados

No presente trabalho são analisados os elementos de concreto armado pré-moldado,

produzidos tanto em fábricas especializadas, como no próprio canteiro de obras. Os elementos

estudados nessa monografia são as vigas e lajes, cujas definições são dadas a seguir.

2.4.1. Vigas pré-moldadas

As vigas são elementos estruturais horizontais, que tem suas funções diferenciadas devido

a sua classificação. São elementos que necessitam de um estudo mais detalhado dentro do

cálculo de estruturas.

Geralmente, a fabricação das pré-vigas tem uma tendência a repetição de modo a facilitar a

produção das mesmas. Fato é que esse sistema produtivo gera uma redução nas perdas de

concreto, minimizam a utilização de fôrmas de madeira na obra, além de adequar inúmeros

outros benefícios, como a racionalização da armadura, melhor compatibilização dos projetos e

sistema de adensamento das peças, rapidez de montagem, redução do ciclo produtivo de cada

pavimento, maior segurança no canteiro e redução do pessoal na obra.

As pré-vigas podem ser de concreto armado ou protendido, são apoiadas em consoles, e

podem ser trapezoidais ou em dentes. Isso faz com que possibilitem exercer diversas funções,

tais como: dar suporte a alvenaria, lajes, cobertura, painéis de fechamento, entre outras.

10

As estruturas podem ser fechadas de diversas maneiras, com elementos pré-fabricados de

concreto ou alvenaria. Caso o fechamento seja de um elemento pré-fabricado, ou seja, em

placas, a estrutura já vem dimensionada e seu sistema de fixação estudado.

Na Figura 2 estão descritos os principais tipos de vigas utilizados como pré-moldados de

concreto armado.

Figura 2: Tipos de vigas

Fonte: Adaptado de Teixeira (1986)

Para a realização dos projetos de estruturas pré-moldadas é necessário considerar fases

transitórias de montagem. É de extrema importância ressaltar essa questão, uma vez que o

manuseio, transporte, o içamento e montagem desses elementos podem afetar a resistência dos

mesmos, devido à relação da estabilidade lateral. Dessa forma, deve-se analisar sempre todas

as circunstâncias desde a produção até a conclusão do elemento pré-moldado na estrutura.

11

As vigas pré-moldadas utilizadas em construção de pontes, por exemplo, por serem longas,

delgadas e protendidas, estão sujeitas a uma instabilidade elástica, uma vez que seus elementos

perdem sua estabilidade sem que o material tenha atingido sua tensão de escoamento2.

Segundo Stratford & Burgoyne (2000), o problema da estabilidade lateral destas vigas

tornou-se potencial uma vez que a indústria da construção pré-moldada tem aliado melhor

comportamento mecânico com menor peso-próprio e máximo vão.

As vigas são estruturas ordenadas basicamente na horizontal, que se classificam por suas

diferentes funções, observa-se que:

a) vigas em concreto protendido: geralmente são empregadas como apoio de caminho de

pontes rolantes, apoio de lajes, apoio de paredes de alvenaria ou pré-fabricadas e como

vigas de fechamento para grandes vãos.

b) vigas-baldrame: servem de apoio para paredes de alvenaria ou pré-fabricadas. As vigas-

baldrame podem ser moldadas "in loco" ou pré-fabricadas. A solidarização com a

fundação é feita através de barras de aço.

c) vigas em concreto protendido, seção "U": são utilizadas como apoio das vigas-telha W

ou outros tipos de cobertura.

d) as abas das vigas: são utilizadas como acabamento na cobertura.

e) as vigas de apoio: em concreto armado ou protendido, utilizadas como apoio de paredes,

lajes, vigas-telha W, caminho de pontes rolantes e como vigas de fechamento para

pequenos vãos. As vigas se apoiam nos consolos sobre neoprenes3 dimensionados em

função das cargas atuantes e são solidarizadas aos pilares.

2 Tensão de escoamento ou limite de escoamento: é a tensão máxima que o material suporta ainda no regime

elástico de deformação, ou seja, o limite máximo de resistência que o material pode sofrer na sua deformação

elástica. 3 Neopreno (ou neoprene) é o nome comercial de um elastômero sintético policloropreno, polímero do

cloropreno. Foi inventado pelos cientistas Elmer K. Bolton do laboratório de DuPont, que se baseou em

pesquisas de Julius Arthur Nieuwland, um professor de química na Universidade de Notre Dame. O neopreno

12

2.4.2. Lajes pré-moldadas

Conforme El Debs (2000) as lajes pré-moldadas podem ser de três tipos: vigotas pré-

moldadas, pré-lajes ou lajes completamente pré-moldadas.

As vigotas pré-moldadas e as pré-lajes são as que necessitam, após sua montagem no local

de utilização final, uma capa de solidarizarão de concreto, geralmente armado com tela metálica

soldada, realizada no local de utilização do elemento.

Já as lajes completamente pré-moldadas não necessitam de qualquer tipo de reforço no local

de montagem, pois são totalmente fabricadas fora do local de utilização, necessitando apenas

ser içadas e colocadas no local final.

A NBR 14859-1 (ABNT, 2002a, p.3) cita como material de enchimento das vigotas: “Os

materiais inertes diversos, sendo maciços ou vazados, intercalados entre as vigotas em geral,

com a função de reduzir o volume de concreto, o peso próprio da laje e servir como fôrma para

o concreto complementar.”. O restante da laje é composto pelo concreto complementar que tem

função de realizar a complementação das vigotas, formando a cada laje, as nervuras

longitudinais, e, para o caso das lajes treliçadas, formando as nervuras transversais.

De acordo com Nakamura (2009, p.149), os tipos mais comuns de pré-lajes encontradas no

Brasil são:

a) Treliçadas: esses elementos apresentam armadura inferior e possuem superfície rugosa,

de modo a garantir a aderência de concreto na parte superior. Geralmente são produzidas em

centrais dentro do próprio canteiro e, dependendo do projeto, podem ter nichos no interior de

modo a passar as tubulações e os dutos. Na Figura 3 é demonstrada uma forma de

armazenamento de pré-lajes treliçadas.

(originalmente chamado de Duprene) era o primeiro composto de borracha sintética a ser produzido em massa. É

usado em uma variedade larga dos ambientes, como em roupas de mergulho, da isolação elétrica, nas correias de

ventilador do carro e até em materiais promocionais.

13

Figura 3: Pré-lajes treliçadas

Fonte: Tijolaje (2015).

b) Treliçadas com EPS4 (Figura 4): apresentam as mesmas funções estruturais que os

painéis treliçados comuns, mas possuem como benefício o fato de serem mais leves, devido ao

uso de EPS, também chamado de isopor, como elemento de enchimento na superfície de

concretagem.

Figura 4: Pré-lajes treliçadas com EPS

Fonte: Arcol (2015).

c) Protendidas (Figura 5): são pré-lajes que necessitam ser produzidas em pistas de

protensão. Só podem ser produzidas com vãos de no máximo 7,0 metros. Da mesma forma que

as outras pré-lajes, possuem a superfície rugosa, garantindo aderência entre o concreto moldado

4 EPS é a sigla internacional do Poliestireno Expandido. Foi descoberto na Alemanha em 1949 pelos químicos

Fritz Stasny e Karl Buchholz. No Brasil é popularmente conhecido como IsoporⓇ, marca registrada da empresa

Knauf.

14

no local e o do pré-fabricado. Esses elementos possuem a face inferior acabada, o que permite

receber pintura sem acabamento. As lajes protendidas contém chanfros nos apoios, o que

garante ótima resistência ao cisalhamento.

Figura 5: Pré-lajes protendidas

Fonte: Arcol (2015).

As lajes completamente pré-moldadas possuem dois modelos habituais, segundo Brumatti

(2008, p.31):

a) Lajes alveolares (Figura 6): são produzidas com concreto protendido e possuem seção

transversal com altura constante e alvéolos longitudinais, responsáveis pela redução do

peso da peça. Por ser produzida em pistas metálicas, tem uma superfície inferior lisa, o

que elimina a necessidade de revestimento. Se for preciso, é especificado capeamento

com tela soldada na face superior para distribuir melhor as cargas.

Figura 6: Lajes Pré-moldadas Alveolares

Fonte: Santa Maria (2015).

15

b) Lajes lisas e maciças (Figura 7): esses elementos possuem vãos de no máximo 2,5

metros de largura e 8,0 metros de comprimento e sua espessura varia entre 10 cm e 12

cm. Dependendo do projeto, tem como objetivo vencer apenas vãos. Sendo assim, são

feitos para que suportem com apenas malhas de tela soldada e reforços pontuais nos

ganchos de içamento para movimentação e montagem das mesmas no seu destino final.

Figura 7: Lajes Pré-moldadas Lisas e Maciças

Fonte: Olmet Italy (2015)

3. ASPECTOS TÉCNICOS E METODOLÓGICOS DO

MÉTODO DE UTILIZAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS EM

EDIFICAÇÕES

3.1. Sistema de produção

Conforme El Debs (2000, p.22), as peças pré-moldadas podem ser fabricadas tanto fora

do canteiro de obra ou, inclusive, dentro do próprio canteiro. Fato é que sejam as peças

industrializadas ou produzidas no canteiro, é de extrema importância que haja um canteiro bem

definido e organizado.

16

No primeiro caso, a elaboração abrange as etapas de: produção dos elementos, manuseio

da fábrica até a obra, montagem e execução das ligações.

Nesse caso, deve haver espaço suficiente para área de estocagem de materiais e devem

ser definidos fluxos de transporte de modo a otimizar o manuseio dos elementos. É preciso que

haja um planejamento prévio de modo a ter uma melhor interação entre a área de armazenagem

e os equipamentos de içamento.

Já com relação à produção dentro do canteiro de obra acontecem duas situações.

Primeiro, a situação correspondente à fabricação dos elementos nos primeiros pavimentos da

edificação que está sendo construída, tendo, assim, as etapas de execução e montagem. A

segunda situação é aquela em que a produção é feita em local apropriado, como em uma central

de pré-moldados, comparável à fábrica, somente não incluindo a etapa de transporte da fábrica

a obra.

No caso da produção ocorrer dentro do canteiro, a logística é mais dificultada, uma vez

que, de forma geral, não há espaço nos canteiros ou condições de acesso adequadas destinadas

à montagem de uma central de pré-moldados. Fato é que seja a central montada dentro do

canteiro ou em áreas próximas ao mesmo, é necessário que esses locais detenham condições

adequadas que envolvem diversos aspectos, como a capacidade de suporte do solo do terreno,

a necessidade de terraplenagem, drenagem, espaço para manuseio e armazenamento dos pré-

moldados e dos materiais usados como matéria prima, central de concreto, disponibilidade de

água, entre outros.

Para Mamede (2001, p.16):

Tanto os elementos pré-moldados de canteiro quanto os de fábrica necessitam de um

canteiro organizado, com definições de espaço previamente destinados a estes

elementos, visando, assim, uma otimização do fluxo de suprimentos e pessoas e,

consequentemente, o fluxograma da produção.

17

A produção dos elementos pré-moldados se constitui de um conjunto de procedimentos,

que exigem um preparo cuidadoso.

3.1.1 Fôrmas

As fôrmas são estruturas provisórias e devem ser estruturadas de modo que possam

garantir sua integridade durante a concretagem, uma vez que suas principais funções são: dar

forma ao concreto, garantir a textura necessária à superfície do mesmo, assim como sustenta-

lo até que adquira a resistência adequada. Por determinarem a qualidade das peças e a

otimização do processo de produção dos elementos pré-moldados, assim como a rapidez na

montagem, as fôrmas têm grande importância.

Dessa maneira, deve-se confeccionar as fôrmas observando as dimensões determinadas,

passagens de tubulações, reentrâncias, esperas para emendas de armaduras e outros detalhes,

além de fazer uso de parafusos, pregos, sargentos, cunhas, taliscas e outros, para que os painéis

de fôrma não deformem ou desloquem, evitando assim, distorções de dimensões das peças ou

perda da pasta de argamassa.

Fato é que nenhuma superfície da peça concretada poderá ser melhor do que a fôrma que

lhe deu origem. Dessa maneira, a NBR 9062 (2006) especifica que “As fôrmas devem se

encaixar às formas e dimensões das peças pré-moldadas projetadas [...]”. Nesse contexto,

segundo El Debs (2000), a qualidade do produto e a produtividade do processo são

determinadas pelas fôrmas, por isso sua extrema acuidade na execução dos pré-moldados.

Para que consigam desempenhar suas funções, as fôrmas devem possuir certas

qualidades, entre elas, El Debs (2000) cita:

a) Estabilidade volumétrica, para que as dimensões dos elementos obedeçam às

tolerâncias especificadas;

b) Possiblidade de serem reutilizadas diversas vezes sem gastos excessivos de

manutenção;

c) Serem de fácil manejo e que facilitem tanto a colocação e fixação da armadura

em seu interior quanto dos elementos especiais, se for o caso;

d) Apresentar pouca aderência com o concreto e fácil limpeza;

18

e) Facilidade de desmoldagem, sem apresentar pontos de presa;

f) Estanqueidade, para que não ocorra fuga de nata de cimento, com prejuízo na

resistência e no aspecto do produto;

g) Versatilidade, de forma a possibilitar seu uso em várias seções transversais;

h) Transportabilidade, no caso de execução com fôrma móvel.

A última configuração da peça pré-moldada depende, também, do material usado na

confecção da fôrma. O material a ser utilizado está diretamente ligado com as necessidades a

serem atendidas, tais como: acabamento, tolerâncias, número de reutilizações, dentre outras.

A última configuração da peça pré-moldada depende, também, do material usado na

confecção da fôrma. O material a ser utilizado está diretamente ligado com as necessidades a

serem atendidas, tais como: acabamento, tolerâncias, número de reutilizações, dentre outras.

Conforme a NBR 9062 (ABNT, 2006, p.34), as fôrmas podem ser feitas de diversos materiais

como: aço, alumínio, concreto ou madeira (revestidos ou não de chapas metálicas), fibra,

plástico ou outros materiais.

Segundo Mamede (2001), os materiais mais utilizados nas fôrmas são a madeira e o aço. E,

como ressaltado anteriormente, atendem a diferentes requisitos. A madeira, é mais barata e

possui uma maior facilidade de adaptação para novos tipos de elementos, no entanto sua

durabilidade é menor do que a metálica, ou seja, tem um menor número de reutilizações.

3.1.2 Montagem das Armaduras

Os benefícios nessa etapa de execução dos pré-moldados surgem, uma vez que, a montagem

das armaduras é feita em local mais apropriado do que in loco e, quase sempre, em série,

resultando numa produção mais fácil e racionalizada. Dessa maneira, essa fase ocorre de forma

habitual, já que a montagem da armadura é executada junto à fôrma ou perto delas.

Para manter a integridade e o posicionamento adequado das armaduras dentro da fôrma,

deve-se ressaltar a importância do correto manuseio e transporte das armaduras. De modo a

facilitar o içamento e manuseamento das peças pré-moldadas, junto às armaduras antes da

concretagem devem ser colocados dispositivos auxiliares como: laços, chapas chumbadas,

19

argolas rosqueadas, entre outras. Todas essas ferramentas de auxílio devem ser dimensionadas

de forma a sustentar a movimentação dos elementos, levando em conta as resistências iniciais

do concreto.

Além disso, a NBR 9062 (ABNT, 2006, p. 31), no que se refere ao armazenamento, cita

“[...] que deve ser efetuado de forma a evitar a formatação de pilhas que prejudiquem a

conformação das armaduras pré-montadas”.

Por fim, devem-se posicionar as armaduras nas fôrmas utilizando espaçadores para garantir

o recobrimento do concreto conforme projeto, quando houver.

3.1.3 Produção, transporte e lançamento do concreto

Para a produção de pré-moldados de concreto armado deve-se proceder a determinação da

dosagem racional e experimental do concreto de forma que o traço seja o mais adequado às

peças a serem produzidas tanto do ponto de vista econômico quanto da qualidade. Efetuado o

cálculo da dosagem a mesma deverá ser validada mediante a realização de ensaios tecnológicos

em laboratório. Em função das características das peças a serem produzidas devem ser definidos

os ensaios a serem executados, podendo ser programados ensaios como determinação da

consistência, resistência à compressão axial, resistência a compressão diametral, módulo de

elasticidade, dentre outros.

Estudado o traço, deve-se proceder ao dimensionamento e instalação da central de produção

do concreto, se este for ser produzido no canteiro de obras, em função do volume diário

necessário a produção das peças pré-moldadas, bem como a logística necessária para o

manuseio do concreto até o local de produção das peças pré-moldadas.

De acordo com Melhado (1998), o concreto utilizado para a produção dos elementos pré-

moldados deve ser rigidamente controlado para que possa ser aplicado. Deve-se realizar

ensaios, dentre os mais comuns, o “slump test” e o controle de resistência a compressão “fck”

20

para garantir a qualidade do mesmo. Esse controle é de extrema importância,

independentemente se o concreto for produzido na obra ou comprado em uma central de

produção.

A utilização de aditivos químicos no concreto pode acelerar ou retardar a pega, assim como

facilitar ou dificultar o desenvolvimento da resistência do mesmo, diminuir a relação

agua/cimento, entre outras, devendo sempre estar de acordo com as especificações e Norma

Brasileira.

Vale ressaltar que a trabalhabilidade do concreto depende da sua consistência, e essa garante

o total preenchimento das fôrmas. Para conseguir essa consistência, o concreto deve possuir

uma plasticidade compatível com sua utilização, e deve-se ter cautela com a água acrescentada,

de maneira a não diminuir a resistência necessária.

O cimento mais utilizado nos pré-moldados é o Cimento Portland de Alta Resistência Inicial

– ARI (normalizado pela NBR 5733):

a) Designação: CPV-ARI;

b) Características: resistências iniciais (até 28 dias) mais altas que o de classe 40;

c) Teores permitidos de adições:

a. Materiais carbonáticos: 0 a 5%.

d) Tipos especiais de CPV-ARI:

a. ARI-PLUS – Resistências iniciais mais altas que o CPV-ARI;

b. ARI-RS – CPV-ARI resistente aos sulfatos, por conter adição de até cerca

de 25% de escória granulada de alto forno.

Depois que o concreto passa pelos ensaios e é liberado para ser utilizado, deve ser

transportado por meio de elevadores, gruas, caçambas ou, inclusive, deve ser bombeado para o

21

lugar onde se encontram as fôrmas. Se recomenda que o lançamento do concreto seja em

camadas, facilitando, assim, a vibração e o adensamento do mesmo dentro da fôrma.

3.1.3 Adensamento

Durante e imediatamente após a colocação do concreto ou argamassa na fôrma deverá ser

iniciado o adensamento. Essa etapa garante ao concreto preencher todos os vazios da fôrma

com a finalidade de expulsar bolsões de ar retidos. É um procedimento importante, uma vez

que feito de modo inadequado pode causar problemas como bolhas superficiais, formação de

nichos de concretagem e camada com cores diferentes, entre outros.

De acordo com Mamede (2001), as principais formas de adensamento em pré-moldados

são:

a) Mesa vibratória: consiste em uma mesa de aço com vibradores externos fixados em sua

estrutura e que se apoia sobre amortecedores de neoprene ou outro material que

amorteça as vibrações, conforme a Figura 8. O efeito do adensamento é determinado

pela aceleração da mesa, devido à força centrífuga. Se comparado a outros processos

possui, geralmente, resultados menos consistentes e mais difíceis de serem

interpretados.

Figura 8: Desenho esquemático de mesa vibradora

Fonte: Goulart (2005)

22

b) Vibradores internos: geralmente são chamados de vibradores de imersão ou vibradores

de agulhas. Costumam ser os mais utilizados, principalmente em pavimentos, vigas e

colunas. Esses vibradores são inseridos no concreto fresco, induzindo a plastificação e

adensamento por meio de oscilações. Uma vez que a agulha atua diretamente no

concreto e seu manuseio é mais fácil, a vibração atingida por esses equipamentos é a

mais eficiente. A Figura 9 mostra um esquema básico de um vibrador de imersão.

Figura 9: Esquema básico de um vibrador de imersão

Fonte: Goulart (2005)

c) Vibração da fôrma: esses vibradores transmitem as vibrações através das paredes das

fôrmas onde são fixados, conforme demonstra a Figura 10. Dessa maneira, diferente dos

internos, os vibradores externos agem indiretamente sobre o concreto fresco.

Geralmente, as fôrmas são montadas sobre apoios elásticos, de maneira a vibrar tanto a

fôrma quanto o concreto. Sendo assim, parte da energia de vibração é perdida na

vibração da fôrma.

23

Figura 10: Vibrador externo fixado à fôrma

Fonte: Goulart (2005)

Conforme El Debs (2000), na produção de elementos pré-moldados é comum usar concreto

com resistência maior do que o das estruturas de concreto moldadas in loco. Dessa forma, é

usual que se trabalhe com concretos com menor relação água/cimento e, assim, com melhores

índices de consistência. Sendo assim, é preciso acompanhar a colocação e adensamento do

concreto para que não ocorram deslocamentos das ferragens e abertura de fôrmas, garantindo a

qualidade do concreto.

3.1.4 Aceleração do endurecimento e cura

É necessária uma reutilização rápida das mesmas fôrmas, de modo que a produção de

elementos pré-moldados seja em grande escala e em um curto espaço de tempo.

Sendo assim, quanto mais rápido o concreto da peça pré-moldada ganhar resistência, mais

rápido pode ser retirado das fôrmas, o que assegura um maior aproveitamento das mesmas, o

que aumenta, evidentemente, a produtividade.

Há algumas maneiras, segundo El Debs (2000), de agilizar o endurecimento do concreto,

entre elas: usar cimento de Alta Resistência Inicial (cimento ARI), aumentar a temperatura e

utilizar aditivos.

24

Ao elevar a temperatura, a velocidade das reações químicas entre o cimento e a água acelera.

No entanto, existe o perigo da perda de água necessária para a hidratação do cimento, uma vez

que ocorre a vaporização. Os elevados gradientes térmicos podem provocar, também, a

microfissuração5 e, como resultado, a perda de resistência. Dessa forma, apesar de ser uma

maneira interessante de acelerar o endurecimento do concreto, devem ser tomadas cautelas.

Já a utilização de aditivos para agilizar o endurecimento não é tão comum. Isso está ligado

ao fato de que os primeiros aditivos aceleradores de endurecimento eram a base de cloreto de

cálcio, o que provoca a corrosão da armadura. Atualmente, alguns aditivos não possuem essa

substância, no entanto, ainda assim é uma solução de pouco uso na produção de concreto pré-

moldado.

Atualmente, os tipos de aditivos para concreto de cimento Portland regulados pela NBR

11768 (ABNT, 2011) são: plastificante, superplastificante, incorporador de ar, acelerador de

pega, acelerador de resistência e retardador de pega. De acordo com a NBR 6118 (ABNT,

2002b), é proibido a presença de íons de cloreto nas composições desses aditivos para que eles

sejam utilizados no concreto. Para isso, esses aditivos devem ter em sua composição teor de

cloreto solúveis em água ≤ 0,15% em massa ou menor que o valor fixado pelo fabricante no

caso de aditivos para uso de concreto simples.

A etapa de cura do concreto se destina a causar a hidratação do cimento, conforme El Debs

(2000) temos quatro diferentes tipos:

a) Cura por aspersão: superfícies expostas são permanentemente umedecidas;

b) Cura por imersão: os elementos são colocados em tanques de água;

c) Cura térmica: com o incremento térmico do concreto;

5 Microfissuração: são pequenas rachaduras.

25

d) Cura com película impermeabilizante: quando se aplicam pinturas que impedem a saída

da água pela superfície exposta.

3.1.5 Desforma

De acordo com El Debs (2000), a resistência do concreto para a desmoldagem depende das

solicitações as quais o elemento possa ser submetido em seguida. Sabe-se que apenas é

recomendado realizar a desforma se a resistência do concreto for superior a 10 MPa.

Sendo assim, a avaliação da resistência para desforma deve ser definida em projeto ou em

procedimento interno da empresa aprovado pelo projetista estrutural. Deve-se atentar para essa

etapa, pois se precoce, pode resultar em deformações não previstas, até mesmo em longo prazo,

como fissuras e consequente perda de resistência e quebras.

Segundo El Debs (2000), a desmoldagem pode ser das seguintes formas:

a) Direta: correspondente à retirada dos elementos por içamento, podendo ou não

retirar as partes laterais de fôrma;

b) Por separação dos elementos: corresponde às fôrmas tipo bateria utilizadas na

execução de painéis;

c) Por tombamento da fôrma: nesse caso o elemento é moldado com fôrma na posição

horizontal e é colocado na posição vertical para a desmoldagem mediante o uso de

mesa de tombamento;

Segundo a norma NBR 9062 (2001), o projeto e a execução das fôrmas deve atender todas

as condições para fácil desmoldagem, sem danificar os elementos concretados, como previsão

de ângulos de saída, livre remoção das laterais e cantos chanfrados ou arredondados.

26

De modo a facilitar o processo de desmoldagem dos elementos pré-moldados, recomenda-

se que sejam utilizados produtos desmoldantes6.

A limpeza das fôrmas deve ser feita logo após a desforma, uma vez que a retirada dos

resíduos fica mais fácil e, logo em seguida, recomenda-se que seja aplicado o desmoldante que

protege, no caso, as fôrmas metálicas contra corrosão.

3.1.6 Análise da peça concretada

Segundo Mamede (2001), antes que o elemento pré-moldado seja liberado para

estocagem ou uso, deve-se verificar:

a) Atendimento as condições especificadas para levantamento;

b) Dimensões das peças e suas respectivas tolerâncias;

c) Defeitos provenientes das fôrmas;

d) Falhas provocadas pelo concreto;

e) Presença de fissuras;

f) Cor homogênea, textura da superfície, cantos quebrados, bolhas;

Após a apuração, uma equipe dirá se as peças atendem as conformidades necessárias e, caso

as peças não sejam liberadas, por comprometerem seu desempenho estrutural, são condenadas

ou direcionadas para reparo.

Para a aceitação final do elemento pré-moldado, é fundamental realizar o controle

tecnológico da produção do concreto empregado nas peças. Esse controle é feito por meio de

ensaios no estado fresco e endurecido para verificação das propriedades estabelecidas no estudo

de dosagem.

6 Desmoldantes são substâncias químicas que deixam uma fina camada oleosa entre as fôrmas e o concreto, impedindo a aderência entre

ambos e facilitando a desenforma.

27

Os corpos de prova moldados são, portanto, de extrema importância de modo a verificar a

resistência à compressão do concreto para validação da peça pré-moldada, de acordo com o

especificado em projeto.

3.1.7 Içamento e manuseio

Conforme a NBR 9062 (2006), as peças pré-moldadas devem ser içadas e manuseadas

através de máquinas, equipamentos e acessórios adequados em pontos de suspensão localizados

nos elementos de concreto, que foram definidos de acordo com o projeto, de modo a evitar

choques e movimentos bruscos. Dessa forma, via de regra, são utilizados equipamentos de

apoio ao içamento e montagem tais como gruas, guindastes, caminhões munck, entre outros.

Devem ser obedecidas as especificações do projeto de içamento (ângulos e

posicionamento) para os cabos de aço e outros dispositivos. As alças e pinos de levantamento

funcionam como ligações temporárias com o equipamento de transporte e montagem das peças.

É necessário verificar as condições de estabilidade do elemento em virtude dos

equilíbrios de forças e aplicação de esforços na região das alças. A segurança é de extrema

importância, uma vez que essas máquinas movimentam peças pesadas e qualquer desatenção

nessa etapa pode gerar acidentes fatais.

Se as peças forem encaminhadas para montagem, a área de armazenagem não precisa

possuir grandes dimensões, caso contrário, essa área de estocagem vai depender da

produtividade da mão de obra da empresa. Como no armazenamento o concreto atinge a

resistência de projeto, sempre que possível as peças devem ser armazenadas na mesma posição

de utilização definitiva. A Figura 11 mostra alguns esquemas de armazenamento.

28

Figura 11: Esquemas de armazenamento dos elementos

Fonte: El Debs (2000)

Durante o transporte das peças até o local de montagem deve-se atentar para não

danificar os elementos, devido à movimentação dos mesmos. Dessa forma, recomenda-se que

as peças sejam fixadas e apoiadas. As limitações quanto ao transporte são decorrentes das

dimensões da rodovia e da capacidade dos veículos.

3.1.8 Acabamento

Os elementos pré-moldados, depois de içados em seus lugares definitivos, podem

possuir algumas diferenças entre as dimensões especificadas em projeto e as reais das peças.

Para as lajes completamente pré-moldadas, que não necessitam de reforço no local, cabe

aos engenheiros projetistas permitirem ou não a permanência das peças no local para aprovação

da mesma.

Conforme a NBR 9062 (2006), pode ser previsto escoramento temporário de modo a

auxiliar no posicionamento dos elementos e garantir estabilidade até que a ligação definitiva

seja efetuada. Esse escoramento deve ser projetado de forma a não sofrer, sob a ação de seu

peso, do peso dos elementos pré-moldados e das cargas acidentais que possam atuar durante a

execução da montagem.

Já as vigotas pré-moldadas e as pré-lajes necessitam, após sua montagem no local de

utilização final e liberação por parte da equipe de engenharia, de uma capa de solidarizarão de

29

concreto, geralmente armado com tela metálica soldada, realizada no local de utilização do

elemento, conforme a Figura 12.

Figura 12: Concretagem da capa

Fonte: O autor (2017)

3.2 Procedimento executivo

Com o aumento da demanda dos últimos anos, a qualidade dos serviços tem sido cada

vez mais exigida no mercado imobiliário e as empresas construtoras para demonstrar ao

mercado sua capacidade de produção com qualidade estabelecem sistemas de gestão da

qualidade e buscam a certificação seja na NBR ISO 9001:2015 seja no SiAC-PBQP-H.

Para uniformizar seus processos de trabalho e estabelecer critérios de controle da

qualidade para os aspectos críticos destes processos as empresas construtoras estabelecem os

procedimentos operacionais, comumente denominados de procedimentos executivos de

serviços - PES. Nestes procedimentos além do passo a passo para o desenvolvimento da

atividade, as empresas construtoras estabelecem critérios para o controle da qualidade do

serviço e critérios de aceitação e rejeição dos mesmos.

A título de ilustração, como exemplo, é descrito na Figura 13 um PES específico para o

processo de produção de pré-moldados (QUEIROZ GALVÃO, 2016).

30

Figura 13: Procedimento executivo de serviço - PES

PROCEDIMENTO EXECUTIVO DE SERVIÇO - PES

"PRODUÇÃO DE PRÉMOLDADOS DE CONCRETO ARMADO"

1. Condições para início

A central deve estar montada e equipada. Devem ser definidas previamente as

dimensões das peças as serem confeccionadas, bem como, passagens de

tubulações, reentrâncias7, esperas para emendas de armaduras e outros detalhes.

Os traços de concreto e argamassa devem estar definidos.

Assim como os equipamentos e ferramentas devem estar em perfeitas condições

de segurança e uso, os trabalhadores devem estar com os devidos EPI’s e com a

área de trabalho limpa e desimpedida.

2. Método executivo com qualidade e segurança

Primeiro deve-se confeccionar as fôrmas observando as dimensões

determinadas, passagens de tubulações, reentrâncias, esperas para emendas de

armaduras e outros detalhes.

As fôrmas devem ser estruturadas de modo que possam garantir sua integridade

durante a concretagem, ou seja, fazer uso de parafusos, pregos, sargentos,

cunhas, taliscas e outros, para que os painéis de fôrma não deformem ou

desloquem, evitando assim, distorções de dimensões das peças ou perda da pasta

de argamassa.

Algumas fôrmas precisam de elementos auxiliares para confecção das peças, tais

como: tubos para passagens de instalações elétricas ou hidráulicas (Ex.:

passagens de eletrodutos em vergas, alimentação de elétrica e drenos nos pré-

moldados para Split, etc.).

Algumas fôrmas precisam de elementos auxiliares para confecção das peças, tais

como:

a) tubos para passagens de instalações elétricas ou hidráulicas (Ex.:

passagens de eletrodutos em vergas ou tijolos elétricos, alimentação de

elétrica e drenos nos pré-moldados para Split, etc.).

b) elementos de moldagem para criar reentrâncias, cavidades, cortes e

outros, nas peças, ou até mesmo elementos que venham compor estas

peças (Ex.: Cavidade para colocar caixas elétricas nos tijolos elétricos

ou a própria caixa para compor a peça).

c) pequenas chapas para interromper o concreto e deixar esperas de

armaduras (Ex.: Espera de armadura em extremidades de vergas no caso

em que duas vergas serão emendadas “in loco”).

As peças que sejam passiveis de sofrer tração devem ser confeccionadas em

concreto armado. As armaduras podem ser em treliças soldadas (para vigas e

vergas) ou em varões. Deve-se destacar que deve proceder a limpeza da fôrma e

aplicação do desmoldante.

Devem-se posicionar as armaduras nas fôrmas utilizadas espaçadores para

garantir o recobrimento do concreto 1,5 cm ou conforme projeto, quando houver.

O concreto ou a argamassa utilizada para o pré-moldado deve seguir o traço, em

função do uso.

7 Ângulo ou curva para dentro; cavidade.

31

No processo de moldagem, deve-se molhar a fôrma antes de colocar o concreto

ou argamassa para evitar que os mesmos sofram perda d’água de composição.

Deve-se atentar para o tempo de utilização do concreto ou da argamassa e

observando sempre sua plasticidade. Em nenhuma hipótese se fará uso do

concreto ou argamassa após o início da pega.

Durante e imediatamente após a colocação do concreto ou argamassa na fôrma

deve ser iniciado o adensamento, onde se faz uso de soquete e no mesmo

momento pode-se golpear levemente os painéis da fôrma para acrescentar mais

eficácia ao processo. Caso a peça possua grandes dimensões transversais, deve-

se usar vibrador de imersão. O adensamento deve ser cuidadoso para que o

concreto preencha todos os recantos da forma e devem ser tomadas às precauções

necessárias para que não se formem ninhos ou haja segregação dos materiais.

É muito necessário o acompanhamento, a colocação e adensamento do concreto

ou argamassa, para que não ocorram deslocamentos das ferragens e abertura de

fôrmas.

Enquanto não se atinge o endurecimento satisfatório, as peças devem ser

protegidas contra agentes prejudiciais, tais como mudanças bruscas de

temperatura, secagem, chuva forte, água torrencial, agentes químicos e outros.

As peças confeccionadas devem passar por um processo de cura de pelo menos

3 dias. Esse processo deve ser realizado molhando as peças de maneira tal que

as mesmas sempre estejam, ao menos, úmidas.

A desmoldagem das peças pode ser realizada no dia seguinte a moldagem,

evitando-se impacto na fôrma.

É de suma importância manter a central de pré-moldados constantemente limpa

e organizada, removendo as sobras de material (resto de concreto e argamassa,

serragem e pontas de madeira) e verificando o funcionamento e conservação de

ferramentas e equipamentos.

3. Método de verificação de serviço

As ocorrências de não conformidade e tratamentos deverão ser registradas na

Ficha de Verificação de Serviços (FVS).

Tabela 1: Método para Verificação de Elementos pré-moldados

Fonte: Queiroz Galvão (2016).

32

4. Segurança no trabalho

Além das recomendações de segurança contida na Ordem de Serviço (OS),

outras medidas específicas a esta atividade devem ser seguidas, sendo:

Os funcionários devem estar com fardamento completo.

Todas as ferramentas devem estar em perfeitas condições de segurança e uso.

Devem ser utilizados todos os EPI’s inerentes a execução desta atividade (Óculos

de segurança, máscara contra pó, respirador facial, botas, luvas impermeávies,

capacete e etc).

O cabo do vibrador deverá estar suspenso.

Observar o estado de conservação dos equipamentos e máquinas antes da

utilização.

Na descarga das peças e içamento das mesmas a área deve estar isolada e apenas

o operador do guindaste ou grua, e equipe de montagem devem ter acesso após

treinamento de segurança do trabalho na atividade específica;

No posicionamento das peças o cinto deverá ser fixado conforme orientações da

NR-18 para cada situação, porém nunca poderá estar preso com o mesmo cabo

de transporte da peça, nem na mesma;

Manter o local isolado e sinalizado;

Evitar o uso de celular no horário de trabalho.

4. TENDÊNCIAS DA UTILIZAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS

EM EDIFICAÇÕES PRODUZIDOS NO CANTEIRO DE

OBRAS

33

A Engenharia Civil busca, a cada dia que passa, a utilização de novos materiais, novos

processos, novas tecnologias. Além disso, a construção civil tem papel fundamental para a

realização dos objetivos globais do desenvolvimento sustentável.

No entanto, as novas tecnologias vêm sempre acompanhadas de uma certa falta de

conhecimento, tanto sobre seus benefícios, quanto seu retorno e até mesmo seu domínio. Desse

modo, sempre há resistência por parte dos empreendedores até a sua adoção.

Esse capítulo apresenta algumas possíveis alternativas para adoção de materiais que

aprimorem o comportamento das peças pré-moldadas apresentadas anteriormente.

4.1 Materiais Alternativos

4.1.1 Fibras de Polipropileno

O concreto empregado em peças pré-moldadas, segundo Scoaris (2005), poderá

receber a adição de fibras de polipropileno, uma vez que essas proporcionam: elevado controle

de fissuração, ductilidade, resistência ao impacto, além da substituição da armadura principal

que agiliza o processo de produção.

Segundo o autor, um elevado volume de fibras pode ser prejudicial, principalmente no

processo executivo e no adensamento mecânico, comprometendo a trabalhabilidade da mistura.

Por outro lado, um baixo volume aumenta o nível de tensão transferido da matriz para cada

fibra, podendo ocorrer o processo de arrancamento das fibras.

A utilização de fibras de polipropileno é bem apropriada, uma vez que ajudam no

controle de fissuração, o que gera um menor peso e, também, custo. Segundo Mamede (2001),

essas fibras podem substituir as telas metálicas, muito encontradas em peças de concreto de

pouca espessura, pois controlam a fissuração proveniente da retração hidráulica e das

solicitações mecânicas.

34

Essa substituição, da armadura em tela pelas fibras, segundo Bentes (1992), reduz os

custos de materiais em torno de 45% a 50% na execução de painéis divisórios.

Segundo o autor, a ótima atuação das fibras de polipropileno foi comprovada por meio

de ensaios feitos na Escola de Engenharia de São Carlos. No controle de fissuração da

argamassa, foi confirmado que o desempenho das placas armadas com fios de 4,2mm e fibras

submetidas à flexão é melhor do que as placas armadas com tela soldada.

4.1.2 Concreto Leve

Os concretos leves são conhecidos pelo seu reduzido peso específico e elevada

capacidade de isolamento térmico e acústico. O concreto leve possui diversas aplicações no

ramo da construção civil, sendo utilizado em obras de pequeno a grande porte. É capaz de

produzir uma peça pré-moldada mais leve, o que facilita seu transporte e reduz o peso da

estrutura.

Se comparados ao concreto de massa específica comum, apresentam propriedades que

estão descritas na Tabela 2:

35

Tabela 2: Propriedades do concreto leve estrutural

Fonte: Mehta&Monteiro (1994) e Agnesini&Gomes Neto (1998)

Conforme Mehta&Monteiro (1994), a execução de elementos pré-moldados de concreto

recebe a maior parte das aplicações de concreto leve no mundo, pois o mesmo influencia em

uma redução de custos, ligados a manuseio, transporte e construção.

4.1.3 Concreto Reciclado

“O desenvolvimento sustentável se tornou uma grande preocupação para a Indústria de

Construção Civil, uma vez que, o setor é responsável pelo consumo de uma grande quantidade

36

de recursos naturais e por grande parte dos impactos ambientas devido as suas atividades. ”

(SANTANA, 2011)

Uma das alternativas para redução dos impactos ambientais, da diminuição do grande

consumo de recursos naturais provenientes do ramo da Construção Civil e dos problemas

urbanos de atualmente gerados com demolições, é a utilização do concreto reciclado.

Segundo Mamede (2001), há viabilidade do aproveitamento do entulho reciclado em

diversos serviços nas edificações. A reciclagem pode ser feita em sistemas descentralizados,

como usinas de reciclagem ou inclusive, no canteiro de obra. O equipamento necessário para

tal, no canteiro de obra, é conhecido como moinho.

A redução dos custos com transporte e o possível controle sobre a qualidade dos resíduos

surgem como vantagens quando existe reciclagem no canteiro. Conforme Batista (2009), a

produção de agregados com base no entulho pode gerar economias de mais de 80% em relação

aos preços dos agregados convencionais. A partir deste material é possível fabricar

componentes com uma economia de até 70% em relação a similares com matéria-prima não

reciclada.

Fato é que a reciclagem é uma alternativa para execução de pré-moldados, de acordo

com o que foi analisado referente ao uso de concreto com agregado reciclado. Contudo, deve

haver um estudo detalhado, de modo a fazer uma avaliação das características do entulho

gerado, para verificar a sua adequação e o seu grau de interferência nas propriedades do

concreto a ser produzido.

4.1.4 Concreto de Alto Desempenho ou Alta Resistência (CAD)

Segundo Metha (1994), o Concreto de Alto Desempenho (CAD) é o tipo de concreto

que tem resistência à compressão maior que 40,0MPa, mesmo não havendo um consenso

técnico a respeito de tal fato. A característica da alta resistência é atingida com uma baixa

37

relação água/cimento. Na obtenção de concretos de alto desempenho, sempre são utilizados

aditivos e adições.

O emprego de aditivos como superplastificantes, somados às vantagens da sílica ativa

propiciam concretos cujas características vão além da elevada resistência. Na verdade, o CAD

pode agregar durabilidade, esbeltez e menor custo às obras, que são motivos suficientes para

que se descubram as vantagens técnicas do material, contribuindo na economia e racionalidade

das obras.

Conforme o autor, são claras as vantagens econômicas e estruturais do CAD com

relação ao concreto convencional. A opção pelo CAD leva a significativos ganhos econômicos,

visto que as estruturas de concreto produzidas com concreto convencional têm área em torno

de duas vezes maior que a das estruturas se executadas com CAD.

Ademais, atingem resistências mecânicas muito maiores, chegando até mesmo a superar

100 MPa; apresentam maior durabilidade/ melhor desempenho frente a meios potencialmente

agressivos; baixa porosidade; baixa permeabilidade; elevada resistência ao desgaste e, ainda,

menor tempo e custo de manutenção

Tais vantagens do CAD não diminuem o fato de que esse tipo de concreto precisa de

cuidados bastante precisos e requer projetos específicos para sua dosagem, já que o traço do

CAD varia em função das especificações, da resistência, do tipo de armaduras, da dimensão

dos agregados, entre outros detalhes. Exige, além do controle da qualidade do cimento, dos

agregados e da dosagem dos aditivos, acompanhamento da execução na obra em que será

utilizado. Isso porque, cada obra exige um traço específico que irá depender da sua

aplicabilidade.

Por conta do extenso rol de características já mencionadas, o CAD é muito utilizado em

estruturas com cargas ou tensões de compressão elevadas, obras emergenciais ou de

38

recuperação e em estruturas submetidas a ambientes agressivos ou que necessitem de alta

durabilidade. Nesse contexto, é comum sua aplicação em edifícios muito elevados, pontes ou

viadutos de extensão acentuada, estruturas marítimas, obras hidráulicas, entre outros.

4.1.5 Concreto auto-adensável (CAA)

Considerado como um concreto especial e inovador, o concreto autoadensável (CAA) é

uma evolução tecnológica dos concretos convencionais (CC) ou tradicionais. O CAA difere do

concreto convencional basicamente por incluir em sua composição um aditivo

superplastificante e, às vezes, um modificador de viscosidade, combinado com elevado teor de

finos, podendo ser reativos, que garantem alta fluidez e estabilidade durante a concretagem

(COLLEPARDI, 2001a).

Portanto, a facilidade na operação da concretagem acarreta uma significativa melhora

na qualidade e durabilidade das peças ou estruturas acabadas, minimizando a possibilidade de

ocorrerem nichos ou outras falhas (TUTIKIAN, 2005).

Como uma das grandes revoluções para a construção civil o CAA leva como suas

principais vantagens: diminuição da necessidade de desempenos e minimização de macro

defeitos, bolhas de ar e falhas de concretagem, em razão de sua propriedade autonivelante;

melhoria das condições de trabalho pela redução de ruído com a eliminação de vibradores;

redução de mão de obra; economia de energia elétrica; menor desgaste das fôrmas; aceleração

do ritmo de concretagem.

O CAA elimina a etapa de vibração do concreto reduzindo sensivelmente a necessidade

de acabamento das peças, proporcionando uma maior velocidade da produção. Permite a

concretagem em regiões com grande densidade de armadura e proporciona uma facilidade no

nivelamento do concreto nas peças.

39

4.2 Novas técnicas adotadas na produção de pré-moldados

4.2.1 Insertos metálicos

De acordo com Leonardi (2009), o assunto de ligações se estabelece como um dos

assuntos mais importantes com relação às estruturas pré-moldadas. O papel das ligações é fazer

uma interligação racional entre os elementos pré-moldados para compor um sistema estrutural

capaz de resistir a todas as forças atuantes, incluindo ações indiretas provenientes da retração,

fluência, movimentos térmicos, fogo, etc.

Um exemplo prático e que tem ganhado força é a utilização de ligações por solda,

quando necessárias, para conectarem diretamente os insertos e barras metálicas que estão

salientes nos elementos de concreto, como por exemplo às barras de armadura que estão

traspassando.

Os insertos, como mostra a Figura 14, são detalhes construtivos em aço necessários para

transporte e ligação das peças pré-moldadas na montagem, sendo embutidos e executados

durante a produção. Podem ser utilizadas também chapas metálicas, alças ou outros processos,

de modo a atenderem às especificações estabelecidas em projeto.

Caso seja necessária a utilização de solda para a execução das ligações, esta deve ser

realizada por profissional qualificado.

Figura 14: Detalhes insertos metálicos para fixação da estrutura

Fonte: WTORRE (2005)

40

4.2.2 Fôrmas hidráulicas

As formas de viga da Nuspl com acionamento hidráulico possuem uma configuração

básica variável, permitindo produzir diversos pré-moldados de concreto com alta qualidade.

Desta forma é possível produzir perfis padrões ou especiais com diferentes alturas, assim como

seções em I, T ou TT e que podem também ser convertidas para seções retangulares ou terça

em V. Cabeceiras especiais para cargas de até 1.000 toneladas permitem atingir vãos maiores.

A configuração pode ser ajustada para praticamente todas as dimensões, atendendo suas

especificações individuais. Com uma unidade de protensão adicional, elementos de concreto

protendido poderão ser produzidos. Para isso as cabeceiras deverão ser instaladas no piso da

fábrica, para suportar as forças de tensões e transferi-las ao solo. Até 1.000 t de tensão podem

ser aplicadas às cordoalhas por meio de cilindros hidráulicos. Unidades de vibração de alta-

frequência e válvulas de aquecimento revestidas para uma distribuição homogênea de calor

podem ser instaladas se requisitado.

As formas hidráulicas para vigas se destacam graças a seus processos simples de forma

e desforma dos elementos, pela ampla gama de perfis e coberturas intercambiável. Vigas com

alturas de até 1.600mm podem ser fabricadas, sem a necessidade de travamento superior da

forma.

Mais que isso, as formas hidráulicas podem ser fornecidas também na versão dupla, o

que eleva consideravelmente a produtividade da fábrica.

41

5. ESTUDO DAS VANTAGENS E DESVANTAGENS DA

UTILIZAÇÃO DE PRÉ-MOLDADOS EM EDIFICAÇÕES

PRODUZIDOS NO CANTEIRO DE OBRAS

5.1. Aspectos Gerais

A execução de estruturas de concreto armado para a construção de edifícios é baseada

em diversos fatores, sendo eles, técnicos e ambientais, econômicos e sociais.

Como qualquer outra tecnologia o uso de pré-moldados de concreto armado produzidos

no canteiro de obras para a construção de estruturas de edificações, tem vantagens e

desvantagens e podem ou não ser adotadas como alternativa para trazer benefícios a um

empreendimento. Desse modo, cada caso será necessariamente um caso e um estudo de

viabilidade prévio deverá ser realizado para analisar o custo benefício da opção por essa ou

qualquer outra tecnologia.

O estudo de viabilidade deverá ser abrangente aos seguintes aspectos: elaboração e

análise de projeto e planejamento, aspectos econômicos e mercadológicos, de maneira a

verificar quem são e onde estão os clientes, analisar o preço praticado pelo mercado, análise da

viabilidade técnica, envolvendo localização e logística, previsão de investimentos e

financiamentos, benefícios líquidos do projeto e viabilidade econômico-financeira.

5.2. Vantagens e desvantagens ao longo do ciclo produtivo

5.2.1. Vantagens e desvantagens na fase de projeto

Certamente, durante a fase de concepção do projeto, há uma maior facilidade

administrativa e logística com a centralização do mesmo. Todo o desenho arquitetônico, os

cálculos estruturais, assim como a fabricação das peças é centralizado no projeto.

42

Geralmente, só existe a necessidade de contato com um só fornecedor, o que diminui

bastante o trabalho de gerenciamento da construção. Desse modo, é possível a execução da obra

por etapas pré-definidas, dividindo a obra por setores, sendo possível fazer a montagem de cada

setor de forma independente.

No entanto, em geral, a utilização de pré-moldados é mais cara do que a construção

convencional e os custos ainda não se justificam para pequenas obras.

Ademais, como nessa técnica as paredes podem fazer parte da própria sustentação da

construção, aumenta a quantidade de restrições para as possibilidades de mudanças não

planejadas anteriormente. A presença de vãos e balanços no projeto também sofre limitações.

5.2.2. Vantagens e desvantagens na fase de Serviços preliminares

Para a execução de uma central de pré-moldados em um canteiro de obras, é necessário

um espaço amplo destinado à estrutura. Para que tal tarefa seja concluída, é necessário um

trabalho de retirada de vegetação e terraplenagem que demandam mão-de-obra e tempo.

Após a limpeza do terreno, faz-se necessário analisar o espaço para que se verifique qual

melhor posicionamento da central. Isso porque, com a escolha do local adequado para abriga-

la, o ciclo de produção planejado não será em nenhum momento obstado e o fluxo dos

elementos até as proximidades dos locais de montagem será facilitado. Quanto às considerações

sobre o layout, Santos et al. (2002) aborda que a definição do mesmo, a localização adequada

e o dimensionamento correto do pátio de concretagem das peças de uma fábrica de concreto

pré-moldado são de extrema importância para o desenvolvimento dos trabalhos.

5.2.3. Vantagens e desvantagens na fase de Planejamento

Na opinião de Souza (2000), “não há sentido em se falar em qualidade na obra ou

produtividade no processo construtivo quando não se tem planejado o local onde os serviços da

construção acontecem”.

43

Portanto, o canteiro de obra deve ser organizado de forma a otimizar, com segurança, o

fluxo de suprimentos e de pessoas e, consequentemente, o fluxograma da produção. O

investimento no planejamento e elaboração de um canteiro de obra trará resultados positivos

para a empresa, tanto no sentido quantitativo, como qualitativo.

Com um melhor planejamento das etapas da obra é possível tem um maior controle do

que vai ser gasto em cada fase evitando desperdícios, além de ter um maior controle de prazos.

A fabricação e montagem dos pré-moldados traz maior segurança e organização para a obra.

Isso também faz com que seja mais fácil a empresa seguir as regulamentações impostas pelo

Ministério do Trabalho.

Apesar das vantagens acima expostas, faz-se necessário um detalhamento do projeto e

planejamento antecipado do empreendimento, ou seja, é preciso haver um estudo logístico que

analise todos os fatores e justifique a escolha do pré-moldado.

5.2.4. Vantagens e desvantagens na fase de suprimentos de materiais

Como os elementos pré-moldados são produzidos no canteiro, tais materiais já ficam à

disposição para uso, sem que haja dificuldades de transporte de fornecedores longínquos até o

local da obra. Com esses elementos prontos para uso a existe menos erros de execução evitando

retrabalho.

Ademais, há um controle de qualidade maior do material empregado, até por conta da

necessidade de mão de obra que desenvolve a atividade sem interrupção, padronizando as

tarefas do processo com controle rígido por parte da empresa responsável pelo terceirizado e a

fiscalização ocasional pelo construtor.

5.5. Vantagens e desvantagens na fase de suprimentos de equipamentos

O peso dos elementos pré-moldados, na maioria das vezes, impossibilita-os de serem

transportados manualmente, impondo o uso de equipamentos especiais de içamento. Esses

44

equipamentos geram altos custos e, caso não sejam operados com segurança, provocam grande

risco de acidentes.

As máquinas tendem a ser de grande porte, o que exige uma área adequada para que

possam ser utilizadas devidamente.

No entanto, o emprego de equipamentos na montagem das construções dispensa grande

parte da mão de obra. O processo de montagem é simples, não necessitando de mão de obra

especializada.

5.6. Vantagens e desvantagens na fase de montagem das armaduras

Uma das grandes vantagens é o melhor dimensionamento da armadura, que tem que

atender aos esforços de içamento e montagem dos elementos.

Há também uma economia de mão de obra, com menos funcionários na obra como

armadores, reduzindo a folha de pagamento e o risco de acidentes.

Entretanto, por ser necessário considerar situações desfavoráveis durante o transporte

ou na montagem, é preciso superdimensionar certos elementos. Isso porque são levadas em

consideração no cálculo das armaduras os esforços estruturais de cargas de transporte e

içamento, aumentando a sua armadura, de maneira a garantir um elemento de qualidade.

5.7. Vantagens e desvantagens na fase de montagem das fôrmas

Com a utilização de fôrmas metálicas há uma maior precisão geométrica e maior

qualidade de acabamento das peças. Como as peças são fabricadas na própria obra, isso requer

menos mão de obra e, portanto, menos carpinteiros, reduzindo os gastos com pessoal. Além

disso, essa tarefa não depende das condições do tempo, podendo ser realizada em locais

cobertos e fechados.

Uma vantagem evidente é que os pré-moldados respeitam e ajudam a preservar o meio

ambiente, já que se utilizam de materiais de baixo impacto ambiental, reciclável. Outro ponto

45

que gera economia é a redução de materiais desperdiçados, motivados pelo perfeito encaixe das

peças pré-moldadas, reduzindo consideravelmente a produção de resíduos nas obras. Sendo,

portanto, a responsabilidade ambiental um ponto favorável.

5.8. Vantagens e desvantagens na fase de produção de concreto

A vantagem é a obtenção de um concreto com melhor qualidade, uma vez que o mesmo

passa por processo rigoroso de controle de qualidade para produção dos elementos.

Além disso, durante a produção, são controladas a umidade, cura, temperatura, adições

ou tensão das cordoalhas, o que resulta em peças sem deformações e com textura e coloração

uniformes.

Para concluir, o concreto pré-moldado é estável por toda sua vida útil. Isso quer dizer

que ele precisa de muito menos cuidados e manutenção, bem como dispensa tratamentos

químicos para evitar o apodrecimento. Isso torna o ambiente construído muito mais seguro e

ecologicamente correto.

5.9. Vantagens e desvantagens na fase de lançamento, adensamento do concreto

Durante essa fase, quando o lançamento e adensamento ocorre “in loco”, existe a

possibilidade da concretagem ser interrompida. Isso pode prejudicar a qualidade da peça.

Além disso, reduz as perdas de concreto, uma vez que o volume de concreto necessário

já é conhecido, uma vez que a produção é padronizada.

5.10. Vantagens e desvantagens na fase de cura do concreto

Deve-se atentar a ocorrência de possíveis patologias nas peças concretadas. As

patologias apresentam-se sob formas variadas, dentre elas destacam-se: manchas, fissuras,

quebras, bolhas superficiais, adensamento inadequado (nichos de concretagem), acabamento

inadequado.

46

5.11. Vantagens e desvantagens na fase de manuseio, armazenamento e transporte

de pré-moldados

É fundamental o manuseio das peças de pré-moldadas pela obra, sendo direcionadas ao

local em que serão utilizadas ou para área de armazenamento. A escolha dos equipamentos para

manuseio das mesmas deve ser feita de modo estratégico, para que a movimentação, carga e

descarga seja eficiente e ao mesmo tempo não atrapalhe os outros setores.

É importante ressaltar que será necessário um espaço para esses equipamentos no

canteiro, bem como uma logística alinhada para a movimentação das peças. Deve-se atentar

também para o fato de que as peças têm limitações de tamanho de acordo com o tipo de

transporte que será utilizado, ou seja, devem ser respeitados os gabaritos de transporte.

5.12. Vantagens e desvantagens na fase de montagem de pré-moldados

Como as peças são fabricadas diretamente na obra, a montagem da construção é mais

rápida, e com isso consegue uma grande vantagem econômica. A rapidez de execução da obra

libera espaço no canteiro, pois muitas vezes ocorre a dispensa da estocagem de material, elimina

desperdícios e oferece boa produtividade.

A principal desvantagem é a de que podem ocorrer dificuldades na montagem,

dependendo da topografia e dos tipos de terrenos. Ademais, após a colocação das peças em seu

local definitivo, têm-se a necessidade de prover a ligação entre os vários elementos que

compõem a estrutura, o que requer trabalho preciso e técnico.

5.3 Vantagens

Os pré-moldados de concreto armado produzidos no canteiro de obras têm como uma

de suas maiores vantagens a velocidade com que permite que a obra seja finalizada, de modo a

atender rigorosamente a prazos. Havendo projetos detalhados, um planejamento eficiente e um

47

estudo de viabilidade é possível criar soluções, muitas vezes, inovadoras. A automatização na

produção dos elementos construtivos assegura a qualidade, durabilidade e o desempenho.

“Considerando o caso atípico do emprego da pré-moldagem [...] em que a construção é

feita com um único elemento pré-moldado, as vantagens seriam a redução do cimbramento, [...]

e as facilidades da execução da fôrma, da armação e da moldagem, no nível do solo. ” (EL

DEBS, 2000, p. 27)

Van Acker (2002, p. 2-5) cita como vantagens:

a) Produtos feitos na fábrica: a forma mais efetiva de industrializar o setor

da construção civil é transferir o trabalho realizado nos canteiros para

as fábricas permanentes e modernas. A produção numa fábrica

possibilita de processos mais eficientes e racionais, trabalhadores

especializados, repetição de tarefas, controle de qualidade [...];

b) Uso otimizado de materiais: a pré-fabricação possui um maior potencial

econômico, desempenho estrutural e durabilidade do que as

construções moldadas no local, por causa do uso altamente

potencializado e otimizado de materiais [...];

c) Menor tempo de construção: menos da metade do tempo necessário

para a construção convencional moldada no local;

d) Qualidade: [...] o sistema de controle de produção da fábrica consiste

em procedimentos, instruções, inspeções regulares, testes e utilização

dos resultados dos equipamentos de controle, matéria-prima, outros

insumos, processos de produção e produtos. Os resultados da inspeção

são registrados e ficam disponíveis aos clientes;

e) Adaptabilidade: futuramente, haverá muito menos, demolição de

edificações inteiras e mais demandas para adaptar as construções

existentes para as novas exigências do mercado;

Além disso, a construção civil brasileira é uma intensiva geradora de resíduos. Nesse

contexto, Chastre e Lúcio (2012, p. 13-16) ainda citam a sustentabilidade do sistema como

vantagens da pré-moldagem. Isso ocorre por causa de dois fatores: a racionalização que se pode

alcançar mais facilmente no seu sistema de execução e a contribuição para eficiência energética

que se tem com as edificações em pré-moldado.

A racionalização é proporcionada por diversos fatores, dentre eles:

a) A possibilidade de reutilização e reciclagem dos elementos pré-

moldados;

48

b) A minimização de fôrmas e andaimes, de interferência e lixo no

ambiente, maximizando o controle de qualidade;

c) A otimização e muitas vezes a minimização das dimensões de seções

e dos materiais utilizados com o emprego do concreto protendido;

d) As melhorias no conforto térmico e na eficiência energética

maximizando a reflexão solar e a inércia térmica da edificação;

e) A possibilidade de melhoria de qualidade de ar interno, reduzido ou

eliminando os compostos orgânicos voláteis;

f) O controle da planta de produção que pode aumentar

significativamente a vida útil da estrutura em até 100 anos;

g) A possibilidade de minimizar a infiltração de ar e umidade por meio

do emprego de painéis pré-fabricados de concreto e de controlar as

ações de resfriamento e aquecimento na estrutura pela inércia térmica

dos elementos de concreto;

h) A resiliência ou poder de recuperação da estrutura, particularmente

contra-ataques terroristas e desastres naturais, tais como incêndios,

furacões, tornados e enchentes (SCHOKKER, apud Chastre; Lúcio,

2012,0 p. 15).

5.4 Desvantagens

As principais desvantagens dos elementos pré-moldados estão relacionadas com o fato

de que precisam ser transportados e içados. Além disso, muitas vezes, as condições de acesso

dos equipamentos não são adequadas e por serem transportes especiais, acabam tendo um alto

custo.

Revel (1973, p. 12) cita como desvantagens:

a) Pesos e dimensões dos elementos pré-moldados são limitados devido à

necessidade de transporte e içamento;

b) Planejamento das atividades para montagem dos elementos estruturais

pré-moldados. Esse planejamento é mais importante que a logística das

atividades para concretagem dos elementos in loco, pois há a

necessidade de se prever com precisão o tempo de montagem;

c) Restrição à liberdade de concepção dos projetos pelos projetistas,

principalmente no que se refere às fôrmas das peças;

Ademais, existem restrições quanto à movimentação no canteiro de obras, relacionadas

principalmente com o fato de serem necessários equipamentos especiais para o içamento das

49

peças. Isso dificulta o acesso a obra caso, por exemplo, essa se situe em grandes centros.

50

6. ESTUDO DE CASO

A pesquisa desse trabalho teve como objetivo levantar questões referentes ao

gerenciamento e gestão da implantação de uma central de pré-moldados em uma obra de

edificações, estudando, assim, suas vantagens e desvantagens.

Para isso, o estudo de caso, mostra primeiramente, as pesquisas de custo referentes à

utilização de dois diferentes processos construtivos, pré-fabricados e pré-moldados, dos

elementos estruturais, lajes e vigas, necessários às edificações em alvenaria estrutural

estudadas.

O trabalho levantou todas as etapas e custos, da compra até a montagem na edificação,

que o processo de utilização de lajes e vigas adquiridas de uma fábrica fixa ocasiona à empresa

construtora. E, para comparação, também foram levantadas as etapas realizadas pela empresa

construtora, para implantação de uma fábrica móvel no próprio canteiro de obras, e posterior

produção e utilização destes elementos pré-moldados nos seus edifícios.

Através desses levantamentos, a empresa pode optar pela implantação da central de pré-

moldados, uma vez que era mais vantajoso para construção de empreendimentos.

Dessa forma, uma vez concluído o estudo de viabilidade, o trabalho apresenta o processo

executivo dos pré-moldados produzidos no canteiro de obras, desde a pista de preparo para a

central até a montagem no seu local final.

Por meio da pesquisa de campo, foi possível acompanhar todo o procedimento executivo

que será demonstrado.

A análise da produção das peças pré-moldadas desse trabalho se refere apenas aos

pavimentos térreo, segundo, terceiro e quarto (dependência), não foi incluso nos levantamentos

nenhum dado referente a área comum (área de lazer).

51

6.1 Apresentação da empresa

O empreendimento escolhido para realização da etapa prática dessa pesquisa pertence à

construtora Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário, que atua em diversas áreas e

segmentos. A construtora é subsidiária do Grupo Queiroz Galvão S.A., um conglomerado

industrial brasileiro.

Há 60 anos a empresa, de origem brasileira e criada em Pernambuco, vem se expandindo

por todos os estados do Brasil e, também, por diversos países da América Latina, África, Caribe,

América do Norte e Europa, empregando cerca de 40 mil trabalhadores.

Sua área de atuação envolve desenvolvimento imobiliário, construção naval, de

ferrovias, portos e aeroportos, projetos de hidrelétricas, saneamento, infraestrutura urbana,

linhas de transmissão, plataformas para exploração de petróleo e gás, siderurgia, concessões de

serviços públicos, engenharia ambiental, produção e exportação de alimentos.

Na área de desenvolvimento imobiliário, a realização do empreendimento passa por

várias etapas: da escolha, negociação e legalização do terreno, passando pelo projeto,

lançamento e pela execução da obra, até a entrega das chaves – e também no relacionamento

com o cliente, seja no pós-venda ou na assistência técnica.

A Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário S.A. possui as certificações abaixo:

a) ISO 9001:2008 - Sistema da Gestão da Qualidade Inmetro (Brasil), concedido

pela BRTÜV.

b) SiAC (Base ISO 9001:2000) PBQP - H (Programa Brasileiro de Qualidade e

Produtividade na Habitação) no nível A, concedido pela BRTÜV.

c) LEED Gold - Liderança em Energia e Design Ambiental, referente à construção

da nova sede administrativa de Suape

52

No Rio de Janeiro, a única obra da Queiroz Galvão utilizando pré-moldados no canteiro

de obras é o empreendimento em estudo nesse trabalho, o que torna um desafio para a

construtora, que está sempre disposta a executar projetos inovadores e sustentáveis, tanto do

ponto de vista econômico quanto do socioambiental.

6.2 Apresentação do empreendimento

O empreendimento, cujo terreno pode ser visto na Figura 15, consiste em um

condomínio residencial, com alta qualidade que é padrão da grife Barra Village, com

apartamentos de 2, 3 e 4 quartos. O empreendimento possui 3 espelhos d´água que percorrem

toda a parte interna do condomínio, como se pode observar na Figura 16.

O Barra Village Lakes consiste em torres construídas em alvenaria estrutural de blocos

de concreto, sendo as lajes e vigas em elementos pré-moldados.

O condomínio residencial é composto por 324 unidades, sendo 9 blocos com 4

pavimentos cada (térreo, dois pavimentos tipos e dependência) com 12 apartamentos por andar,

conforme a Figura 17.

Figura 15: Implantação da Obra (Imagem Masterplan)

Fonte: Queiroz Galvão (2015).

53

Figura 16: Fachada do Empreendimento (Foto Imagem Ilustrativa)

Fonte: Queiroz Galvão (2015).

Figura 17: Planta Baixa do Pavimento Tipo

Fonte: Queiroz Galvão (2015).

6.3 Considerações gerais

A obra estudada iniciou-se em julho de 2015, tendo como prazo para conclusão março

de 2018, prazo que foi estendido para dezembro de 2018. O empreendimento é de alvenaria

estrutural em blocos de concreto vazado, com suas lajes e vigas pré-moldadas.

Vale ressaltar as seguintes considerações:

a) Execução de 3 (três) blocos simultaneamente;

b) O ciclo de alvenaria estrutural para ½ (metade) do pavimento tem duração de 8

(oito) dias úteis;

c) O ciclo de produção dos elementos pré-moldados ou de entrega dos mesmos

para ½ (metade) do pavimento tem duração de 8 (oito) dias úteis;

54

d) O empreendimento tem um total de 8 metades (½) por prédio – pois são 4

pavimentos – e um total de 72 metades em todo o empreendimento;

e) São 476,85 m³ em vigas, 1.253,40 m³ em lajes, o que totalizam 1.730,25 m³;

f) O Barra Village Lakes tem um total de 133.875,00 em aço CA 50 e CA 60.

6.4 Estudo de viabilidade

6.4.1 Resultados obtidos com execução de pré-fabricados

Para execução de lajes e vigas pré-fabricadas por uma empresa especializada com

içamento por Guindaste foram considerados os seguintes itens e valores de orçamento contidos

na Tabela 3:

Tabela 3: Execução de pré-fabricados por uma empresa especializada

ITEM DESCRIÇÃO DO SERVIÇO QUANT. UN. PREÇO UNIT. CUSTO

1 Fornecimento de Pré-laje 1.253,40 m³ 1.687,50R$ 2.115.112,50R$

2Fornecimento de Vigas Pré-

fabricadas476,85 m³ 2.162,00R$ 1.030.949,70R$

3Material - Aço CA 50 / 60 (corte e

dobra industrializado, sem perda) 133.875,00 kg 2,40R$ 321.170,14R$

4

Mão de Obra - Aço CA 50 / 60

(corte e dobra industrializado,

sem perda)

133.875,00 kg 1,63R$ 218.216,25R$

5Material - Concreto estrutural (fck

≥ 25 Mpa, perda 6%)2.583,42 m³ 309,05R$ 798.406,38R$

6

Mão de Obra - Concreto

estrutural (fck ≥ 25 Mpa, perda

6%)

2.583,42 m³ 26,00R$ 67.168,96R$

7Guindaste 70ton. (Considerado 2

dias de locação)1.440,00 h 200,00R$ 288.000,00R$

8 Escoramento 18.324,00 m² 15,86R$ 290.618,64R$

9 Mão de Obra Montagem 12,00 mês 23.549,76R$ 282.597,12R$

10 Caminhão Munck 12,00 mês 18.000,00R$ 216.000,00R$

5.628.239,69R$ TOTAL:

Fonte: O Autor (2015).

55

6.4.2 Resultados obtidos com execução de pré-moldados

Já para execução de lajes e vigas pré-moldados no canteiro de obras com içamento por

Guindaste, foram considerados os itens, presentes na Tabela 4.

Tabela 4: Execução de pré-moldados em canteiro de obra

ITEM DESCRIÇÃO DO SERVIÇO QUANT. UN. PREÇO UNIT. CUSTO

1Concreto para fabricação das

pistas 50,00 m³ 309,05R$ 15.452,50R$

2 Aço para fabricação das pistas 4.500,00 kg 2,40R$ 10.800,00R$

3Lançamento do concreto das

pistas50,00 m³ 26,00R$ 1.300,00R$

4Acabamento do Piso das pistas

(Nível zero)500,00 m² 3,20R$ 1.600,00R$

5

Fornecimento das formas

metálicas e fabricação das

peças

39.004,24 m² 24,00R$ 936.101,76R$

6Material - Concreto estrutural (fck

≥ 25 Mpa, fcj 7MPa)1.730,25 m³ 320,00R$ 553.680,00R$

7Fornecimento de insumos

(Desmoldante, Espaçador, Cura)39.004,24 m² 8,60R$ 335.436,46R$

8 Caminhão Munck 12,00 mês 18.000,00R$ 216.000,00R$

9Material - Aço CA 50 / 60 (corte

e dobra industrializado)219.341,56 kg 2,40R$ 526.206,98R$

10Mão de Obra - Aço CA 50 / 60

(corte e dobra industrializado)219.341,56 kg 1,63R$ 357.526,74R$

11Material - Concreto estrutural

(fck≥ 25 Mpa, perda 6%)2.583,42 m³ 309,05R$ 798.405,95R$

12

Mão de Obra - Concreto

estrutural (fck≥ 25 Mpa, perda

6%)

2.583,42 m³ 26,00R$ 67.168,92R$

13Aço CA 50 /60 (corte e dobra

industrializado = 100%) (mat)133.875,00 kg 2,40R$ 321.170,14R$

14Aço CA 50 /60 (corte e dobra

industrializado = 100%) (mo)133.875,00 kg 1,63R$ 218.216,25R$

15 Guindaste 70 até toneladas 1.440,00 h 200,00R$ 288.000,00R$

16 Escoramento 18.324,00 m² 15,86R$ 290.618,64R$

17Mão de Obra Montagem

(3 carpinteiros e 2 ajudantes)12,00 mês 23.549,76R$ 282.597,12R$

18 Caminhão Munck 12,00 mês 18.000,00R$ 216.000,00R$

5.436.281,47R$ TOTAL:

Fonte: O Autor (2015).

56

Conforme pode ser observado na tabela 8, a produção de pré-vigas e pré-lajes no

canteiro demanda uma série de elementos que devem compor o custo tanto da central, quanto

da produção. Pode ser visto que é necessária a utilização de concreto e aço para fabricação das

pistas, o fornecimento de fôrmas metálicas e insumos (desmoldante, espaçador, mangueira..),

o custo de produção das peças. Comparando as tabelas é possível constatar que a produção no

canteiro de obras é mais viável do que em empresa especializada.

No Gráfico 1, pode-se verificar que o menor custo para execução de elementos pré-

moldados em lajes e vigas da obra em questão seria com a produção dos elementos no canteiro

de obra, o que foi adotado pela empresa Queiroz Galvão Desenvolvimento Imobiliário.

Gráfico 1: Comparativo de Produção no Canteiro x Empresa Especializada

6.5 Implantação da central de pré-moldados

Uma vez que foi comprovado que seria viável, a central de pré-moldados foi implantada

no canteiro da obra do Barra Village Lakes. Dessa maneira, para a produção de lajes e vigas

pré-moldadas, a empresa construtora teve que contratar uma empresa terceirizada,

especializada na execução desses elementos.

Canteiro

Empresa Especializada

R$5.300.000,00

R$5.400.000,00

R$5.500.000,00

R$5.600.000,00

R$5.700.000,00

R$5.436.281,47

R$5.628.239,69

Canteiro Empresa Especializada

57

A central de pré-moldados começou a ser construída no início de setembro de 2016 e

ocupou aproximadamente 500 m² do canteiro de obras. A área ocupada é próxima as edificações

e faz parte de um terreno vizinho, que está ciente e emprestou para o uso.

Para a construção da central foi feito, primeiramente, a retirada da vegetação do terreno

e, posteriormente, um trabalho de terraplenagem para que o terreno fosse regularizado.

Depois disso, foram espalhadas lonas para posicionar as malhas (telas soldadas do

modelo Q92), com espaçadores plásticos para execução da laje de piso.

Para a composição da mesma, foram utilizadas fôrmas metálicas, de modo a concretar

assim o local para a implantação da central de pré-moldados, conforme a Figura 18.

Em seguida, a equipe da empresa terceirizada ingressou na obra e a central foi

implantada em aproximadamente 1 mês, como mostra a Figura 19.

A central é composta por um galpão, alugado pela empresa terceirizada, que abrange

uma área de 400 metros quadrados. O galpão de lona duas águas possui estrutura modular

metálica galvanizada a fogo, revestimento em lona vinílica, dispensa fundação e sua montagem

foi extremamente rápida. O vão central é livre, o que forma uma área útil muito maior para

trabalho.

Dentro do galpão estão as fôrmas metálicas para fabricação das vigas e lajes pré-

moldadas, assim como a usina para fabricação do concreto. Ainda dispõe de uma área para

estocar materiais, tais como brita, areia e cimento. A central contém um pórtico que possui um

motor acoplado, que desliza por trilhos de ambos os lados. Isso faz com que um gancho

amarrado a um cabo de aço possa movimentar a caçamba de modo a fazer a concretagem, além

de permitir o içamento para desforma das peças.

58

Figura 18: Área ocupada pela central de pré-moldados

Fonte: O autor (2016)

Figura 19: Central de pré-moldados pronta

Fonte: O autor (2016)

6.5.1 Área de armazenamento de materiais

A área de armazenamento contém a matéria prima bruta necessária para execução dos

pré-moldados. Para a criação da mesma, foi necessária a retirada da vegetação do terreno e,

posteriormente, um trabalho de terraplenagem para regularização do mesmo, para posterior

concretagem, utilizando concreto magro de fck 15 MPa. Esse local possui aproximadamente

100 metros quadrados e fica ao lado da central de pré-moldados conforme mostra a Figura 20.

Essa área contém as diversas telas soldadas que são utilizadas para a produção das pré-

lajes. Cada laje é composta por uma malha diferente, sendo assim, as armaduras são

armazenadas separadas por modelos de lajes. As telas ficam apoiadas sobre paletes de madeira,

59

nunca entrando em contato com o chão e ficam a céu aberto, uma vez que à medida que chegam

na obra vão sendo utilizadas.

Esse local guarda também as barras de aço e estribos das vigas pré-moldadas, separados

por bitola, em uma baia de aço feita de madeira, nunca em contato com o chão, também. Além

disso, possui um espaço onde os armadores podem realizar a montagem das mesmas.

Pelo fato dos armadores estarem próximos a central, assim que montadas, as vigas são

levadas para as fôrmas por trabalho braçal por 3 ajudantes da equipe que fabrica as peças pré-

moldadas.

Os materiais como espaçadores, mangueiras, caixas de elétrica, arame galvanizado,

entre outros ficam no almoxarifado. Dessa forma, facilita o controle das quantidades em

estoque, uma vez que o pedido é de responsabilidade do almoxarife da obra.

Figura 20: Armazenamento dos materiais

Fonte: O autor (2016)

6.5.2 Área de estocagem de pré-moldados

Uma vez que atingiram a resistência necessária, as peças pré-moldadas, com auxílio do

caminhão munck, são içadas e levadas para a área de estocagem, destinada a armazenar as peças

até que essas sejam levadas para os seus locais finais. A área está demonstrada nas Figuras 21

e 22, que fica a aproximadamente 40 metros da central de pré-moldados.

60

Esse local tem aproximadamente 150 metros quadrados. As vigas são armazenadas lado

a lado, já as lajes podem ser empilhadas, de acordo com recomendações da projetista estrutural.

Os elementos nunca devem estar em contato com o solo, dessa maneira ficam apoiadas sobre

proteções de madeira, conservando os mesmos.

Essa área é de fácil acesso, de modo a promover uma melhor movimentação interna,

facilitando o trabalho para a retirada das peças para montagem final.

Figura 21: Estocagem das pré-vigas

Fonte: O autor (2017)

Figura 22: Estocagem das pré-lajes

Fonte: O autor (2017)

6.6 Sistema de produção

6.6.1 Fôrmas

61

Como mostra a Figura 23, a central de pré-moldados é equipada com fôrmas metálicas

para fabricação de vigas e lajes pré-moldadas, uma vez que possuem uma maior capacidade de

reutilização.

Com as fôrmas disponíveis, são produzidas, em média, 8 pré-vigas e 32 pré-lajes por

dia, o vem atendendo ao cronograma da obra.

A Figura 24 mostra a aplicação do desmoldante, que deve ocorrer após a limpeza e

preparação das fôrmas.

Figura 23: Fôrmas metálicas para pré-lajes e pré-vigas

Fonte: O autor (2016)

Figura 24: Aplicação de desmoldante em fôrma

Fonte: O autor (2016)

6.6.2 Armação

62

As armações das vigas são feitas com aço CA-50 com diâmetros conforme as

solicitações de carga, variando de uma peça a outra. A construtora contratou uma empresa

especializada para realizar os cortes e dobras dos materiais, de modo a agilizar e facilitar o

trabalho dos armadores. Compreendem as armações os aços longitudinais e transversais, sendo

unidos por arame recozido.

A Figura 25 mostra os armadores executando a montagem de uma viga pré-moldada. É

necessária uma equipe de pelo menos 6 armadores para que sejam montadas as 8 vigas

necessárias de modo a não atrasar o cronograma de execução da obra.

Já em relação a produção de lajes são utilizadas telas soldadas de diferentes tamanhos,

de acordo com o modelo de laje. Na Figura 26, as malhas estão sendo posicionadas nas fôrmas,

utilizando espaçadores, de modo a garantir o recobrimento do concreto, além de mangueiras e

caixas de elétrica.

Figura 25: Montagem de armadura de pré-viga

Fonte: O autor (2017)

63

Figura 26: Armação posicionada na fôrma

Fonte: O autor (2016)

6.6.3 Concreto

O concreto é fabricado na usina dentro da central de pré-moldados pela equipe da

empresa terceirizada, que recebe de fornecedores o cimento, a areia, o pedrisco e o aditivo para

confecção do mesmo.

A produção de concreto é feita da seguinte forma: a usina contém uma célula de carga

dentro do misturador e por meio de um painel eletrônico, o operador consegue visualizar a

quantidade que está sendo colocada no misturador. Como esse operador possui a receita do

traço do concreto, ele controla as quantidades de pedrisco, água, areia, cimento e aditivo para

fabricação do concreto com qualidade. O misturador atua por volta de 2 minutos e abre uma

comporta onde o concreto é despejado.

A capacidade de produção da usina é em torno de 10 m³ de concreto por hora, mas na

obra são fabricados, aproximadamente, 20 m³ de concreto por dia, de modo a atender o

cronograma.

A resistência do concreto deve sempre atingir 25 MPa, de acordo com a projetista

estrutural. Para controle de qualidade, corpos de prova são moldados todos os dias pela equipe

da central e enviados a um laboratótio contratado pela própria empresa terceira.

64

Os laudos de concreto dos ensaios de resistência à compressão tanto para rompimento

com 7 dias, tanto com 28 dias, são enviados pela empresa terceirizada à Queiroz Galvão e

anexados às fichas de verificação de serviços.

Além disso, a construtora contratou uma empresa que faz uma visita mensal, recolhendo

corpos de prova, de modo a ter a comprovação de que o concreto utilizado para fabricação das

peças está mesmo dentro dos padrões de qualidade.

A carta de traço para as peças pré-moldadas inclui:

a) Cimento CPV – 350 kg/m³

b) Areia Fina Quartzo-Rosa (peso seco) – 754 kg/m³

c) Pedrisco - 1143 kg/m³

d) Fator A/C – 0,66

e) Aditivo Powerflow (hiperplastificante) – 1818 ml

f) Slump pós - 16+-3 cm

A presença de aditivo é de extrema importância, uma vez que agilizam o endurecimento

do concreto. As Figuras 27 e 28 mostram, respectivamente, brita 0 e areia utilizadas na produção

de concreto que é feita na própria central de pré-moldados.

Figura 27: Brita 0 utilizada para produção de concreto

Fonte: O autor (2017)

65

Figura 28: Areia utilizada para produção de concreto

Fonte: O autor (2017)

6.6.4 Concretagem

Depois que o concreto está pronto, ele é transportado por meio de uma caçamba,

movimentada por um motor acoplado ao pórtico, conforme mostra a Figura 29. As peças são

vibradas com vibrador de agulha (de mangote), de acordo com a Figura 30, sempre atento ao

posicionamento das armaduras.

Figura 29: Caçamba utilizada na concretagem

Fonte: O autor (2017)

66

Figura 30: Vibração do concreto

Fonte: O autor (2017)

6.6.5 Cura das peças e desforma

Segundo a projetista estrutural, a desmoldagem das peças pode ser realizada no dia

seguinte a moldagem, evitando-se impacto na fôrma. O fck que deve ser atingido para desforma

é de 7 MPa. A desmoldagem é feita de forma direta, com isso, a retirada da peça pré-moldada

da fôrma acontece por meio do içamento, sem a necessidade de retirada das partes laterais da

mesma. A Figura 31 mostra uma pré-viga sendo desmoldada.

Figura 31: Viga sendo desformada

Fonte: O autor (2017)

67

6.6.6 Análise da peça concretada

As peças devem ser liberadas, seja para uso ou para área de estocagem, por algum

responsável da equipe de engenharia da obra e, se não forem aprovadas, podem ir para reparo

ou inclusive, são proibidas de serem utilizadas, de acordo com resposta da projetista estrutural.

Cada elemento pré-moldado recebe sua devida identificação, como consta no projeto,

assim como sua data de fabricação, como demonstra a Figura 32, para garantir a rastreabilidade

do concreto. Dessa forma, caso alguma peça não atinja o fck necessário, o que é conferido após

o envio do laudo de concreto à construtora, consegue ser identificada.

Caso a peça venha a ser descartada, a obra possui um Plano de Gerenciamento de

Resíduos da Construção Civil, que define as condições para o gerenciamento dos resíduos

sólidos gerados durante a execução da mesma, em conformidade com a Resolução CONAMA

307/2002.

Os critérios estabelecidos são que os resíduos oriundos do processo de fabricação e/ou

demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc) produzidos no

canteiro de obras são de Classe A, ou seja, são resíduos reutilizáveis ou recicláveis como

agregados.

A Resolução Conama 307/2002 determina que os resíduos da construção civil deverão

ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de

resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem

futura.

Dessa maneira, o transporte dos elementos descartados é feito por transportadores

credenciados da COMLURB, de modo a dar um destino final para os mesmos.

68

Figura 32: Peça curada e desformada

Fonte: O autor (2017)

6.6.7 Içamento e manuseio

Após a análise dos laudos de concreto, as peças que são liberadas para uso são içadas

através do guindaste, que auxilia na montagem.

A área de içamento deve estar sempre isolada, como mostra a Figura 33, tendo acesso

apenas o operador do equipamento e a equipe de montagem, de modo a prevenir acidentes.

A Figura 34 mostra o guindaste, com capacidade de carga de 70 toneladas, içando uma peça

pré-moldada.

Figura 33: Área de içamento isolada

Fonte: Foto do autor (2017)

69

Figura 34: Guindaste içando peça pré-moldada

Fonte: Foto do autor (2017)

6.6.8 Acabamento

Na obra é utilizado um plano de escoramento e reescoramento, conforme a Figura 35,

de modo a garantir estabilidade até que seja feita a ligação definitiva.

Uma vez içados em seus locais finais, cabe a equipe de engenharia permitir a

permanência dos elementos pré-moldados no local, analisando a terminalidade dos mesmos.

Figura 35: Escoramento e reescoramento temporários

Fonte: Foto do autor (2017)

Após a montagem das pré-vigas e pré-lajes, a equipe da obra deve se atentar aos projetos

de armação específica do capeamento moldado “in loco”, armações complementares e

negativas das lajes. Essa etapa é de extrema importância para o bom funcionamento da

70

estrutura. As armações devem estar posicionadas de maneira correta para o bom funcionamento

da ligação.

Assim, para finalizar a laje, deve haver um trabalho em harmonia das equipes de

instalações, elétricas e hidráulicas, com a de armação e de fôrma, de modo a liberar a

concretagem da capa.

6.7 Pontos relevantes no procedimento executivo

A obra possui projetos bem detalhados a respeito dos pré-moldados, mas apesar disso,

o emprego dos mesmos é um desafio, uma vez que é algo novo e não tão comum no mercado

de construção civil.

Sendo assim, durante a “laje de aprendizado”, ou seja, a primeira montagem feita na

obra, a projetista estrutural levantou e discutiu alguns pontos que deviam ser melhorados e

corrigidos, os quais serão relatados abaixo.

6.7.1 Posição da treliça em relação à tela

Em função da reduzida espessura da pré-laje, de 4cm, deve-se tomar maior cuidado com

o posicionamento da treliça. A treliça deve estar posicionada na mesma camada da armação

longitudinal da tela, preservando o maior cobrimento também sobre a peça.

A Figura 36 mostra exemplo correto do posicionamento da treliça, no entanto,

inicialmente foram encontrados algumas treliças posicionadas de modo incorreto, como na

Figura 37.

71

Figura 36: Correto posicionamento da treliça Figura 37: Incorreto posicionamento da treliça

Fonte: Pedreira (2016) Fonte: Pedreira (2016)

6.7.2 Posição do espaçador no fio inferior da tela

Foi verificado incorreto posicionamento de espaçadores em armações preparadas para

a execução de peças. Visando atendimento do cobrimento especificado em projeto, o espaçador

deve ser posicionado junto ao fio inferior da treliça, garantindo o correto distanciamento da face

da peça.

A Figura 38 mostra exemplo correto do posicionamento do espaçador, contudo,

inicialmente foram encontrados alguns espaçadores posicionados de maneira incorreto, como

na Figura 39.

Figura 38: Correto posicionamento do espaçador Figura 39: Incorreto posicionamento do espaçador

Fonte: Pedreira (2016) Fonte: Pedreira (2016)

72

Já com relação às pré-vigas, foi decidido utilizar maior concentração de espaçadores, de

forma a garantia o cobrimento, uma vez que em execução foi verificada pré-viga com

cobrimento menor que o especificado em projeto.

6.7.3 Rugosidade das pré-vigas

Todas as faces, tanto de pré-vigas, como de pré-lajes, que terão continuidade com

concreto moldado “in loco” deverão ter suas superfícies rugosas, como mostra o detalhe do

projeto na Figura 40, melhorando a aderência entre o concreto novo e o velho.

Na Figura 41 mostra que foram verificadas, inicialmente, na obra, pré-vigas já montadas

com a testada que teria continuidade “in loco” totalmente lisas.

Figura 40: Detalhe do projeto onde são indicadas as faces lisas e as faces rugosas

Fonte: Queiroz Galvão (2016)

Figura 41: Pré-viga já montada com testada que terá continuidade “in loco” totalmente lisa

Fonte: Pedreira (2016)

73

6.7.4 Detalhe para execução de arranques laterais em função da fôrma metálica

São previstos em algumas pré-vigas, arranques laterais, como mostra a Figura 42, para

solidarização com outras pré-vigas da varanda. Em função de dificuldade executiva, condição

das fôrmas metálicas, não foram previstos esses arranques laterais. Durante execução em obra,

esses arranques foram adaptados para armaduras coladas posteriormente na lateral dessas peças.

No entanto, o chumbamento posterior da armação lateral não era a melhor opção. De

acordo com o calculista, esses arranques devem ser previstos na peça conforme indicado em

projeto. Sendo assim, de maneira a solucionar o problema executivo existente na fôrma

metálica, foi definido que a concretagem desses arranques seria na vertical, faceando a peça, de

modo que a serem dobrados para a sua posição final após o saque da peça.

Figura 42: Exemplo de arranque lateral em pré-viga PM08

Fonte: Queiroz Galvão (2016)

6.7.5 Geometria das peças X vãos

Deve se atentar para o apoio das pré-lajes em alvenarias e vigas de suporte. Quando é

verificado um erro, esse pode ocorrer tanto por divergências na locação das paredes, quanto da

geometria incorreta das peças ou problemas de montagens. Pode ser também, devido à soma de

74

todos esses fatores. Nesse caso, devem ser verificadas as medidas das alvenarias e das peças de

maneira a achar o descuido.

6.7.6 Recuperação de peças pré-moldadas

A recuperação de algum elemento pré-moldado danificado deve ocorrer antes da

execução do capeamento e, se possível, antes da montagem do mesmo.

Existe um documento enviado pelo projetista estrutural, contendo critérios de aceitação

das peças e possíveis tratamentos em função de anomalias apresentadas, como por exemplo, na

Figura 43, durante o manuseio da peça, o dente gerber foi danificado, sendo assim, foi

necessário, segundo o documento enviado pelo calculista:

1. Escarificação até que fosse encontrada camada de concreto íntegro;

2. Posicionamento de fôrma de madeira na geometria originalmente prevista para

a peça;

3. Grauteamento do trecho, devolvendo a peça às condições de projeto, com

Sikagrout 250 ou produto de propriedades similares.

4. Aguardar 24 horas para uso/montagem da peça.

Figura 43: Dente Gerber danificado em viga já montada

Fonte: Pedreira (2016)

75

6.7.7 Tratamento dos ganchos cortados

Após a montagem das vigas pré-moldadas, os ganchos de içamento devem ser cortados

e tratados.

Deve ser adotado o mesmo tratamento para as armaduras expostas, com pintura com

produto anticorrosivo.

6.7.8 “Cama” de argamassa para assentamento dos elementos pré-moldados

Para melhor assentamento dos elementos pré-moldados sobre as alvenarias é de extrema

importância essa “cama” de argamassa, como mostra a Figura 44.

Essa “cama” tem por função principal a uniformização das tensões transmitidas entre as

peças pré-moldadas e a alvenaria de suporte, além de ajudar na vedação do capeamento

moldado “in loco” desta região e garantia de correto nível das peças.

Figura 44: “Cama” de argamassa para assentamento dos pré-moldados

Fonte: O autor (2016)

6.7.9 Parede de vedação

A alvenaria de vedação precisa estar desvinculada da viga e posteriormente encunhada

para que não ocorra a transferência de carga pela parede de vedação.

A Figura 45 mostra a parede de vedação da varanda desvinculada da viga.

76

Figura 45: Parede de vedação disvinculada de viga pré-moldada

Fonte: O autor (2016)

77

7. CONCLUSÕES

7.1 Considerações Finais

O sistema construtivo em concreto pré-moldado ao longo dos anos vem sendo

atualizado e cada vez mais tem atendido as expectativas da construção, no entanto ainda existe

resistência no mercado quanto a sua utilização.

A opção pelo uso dos elementos pré-moldados em obras de alvenaria estrutural gera

diversas vantagens na fase de execução da estrutura, como visto durante o trabalho, mas

também requer alguns cuidados usualmente não existentes na execução convencional.

Entre as vantagens, pode-se citar a eliminação praticamente total do uso de fôrmas de

madeira, a maior precisão dimensional da estrutura, a redução de mão de obra necessária,

limpeza e organização do canteiro, entre outras.

Em termos de custo, como pesquisado e demonstrado no estudo de caso, os sistemas

construtivos pré-moldado, em geral, são muito parecidos com o sistema convencional.

Os cuidados para essa aplicação ficam mais evidentes na fase de montagem, com

diversos controles como: níveis, condições de apoio e detalhes construtivos. Mas na verdade

esses cuidados devem ser tomados desde a fase de execução desses elementos pré-moldados.

Quando essa fase é terceirizada, ou seja, os pré-moldados são fornecidos por empresa

terceira, esses cuidados se iniciam no recebimento das peças e são te extrema importância, uma

vez que é responsabilidade da construtora qualquer eventual peça quebrada ou até mesmo um

acidente, pois a empresa terceira trabalha dentro do canteiro de obras.

Dessa maneira, a escolha do uso dos pré-moldados é certamente um desafio a ser

enfrentado por parte da construtora, juntamente com a empresa terceirizada, que fornece e faz

a montagem das peças e com a equipe de projetos.

78

Como é um aprendizado para a maioria da equipe de obra envolvida no processo

executivo foi relevante o acompanhamento da primeira montagem, chamada “laje de

aprendizado”, de modo a identificar os pontos que precisam de maior atenção, os que

necessitam ser corrigidos e melhorados. Isso evita a ocorrência de futuras patologias.

Os pontos aqui ressaltados foram todos corrigidos e, atualmente, se verificam na obra

todas as condições para o sucesso na implantação do sistema, além do comprometimento de

todos os envolvidos no processo.

De qualquer forma, antes de definir os métodos construtivos a serem utilizados em

qualquer obra, deve-se analisar o objetivo do empreendimento e o valor disponível em

orçamento, de maneira a atender todas as necessidades da obra.

Fato é que o estudo de caso tem como base dados empíricos, apoiados em experiências

de obra e observação durante o estágio. Ademais, esses dados estão de acordo com a literatura

abordada ao longo do trabalho. No entanto, faltam dados analíticos que comprovem as

vantagens e desvantagens abordadas.

7.2 Sugestões para trabalhos futuros

Esse trabalho apresenta uma análise preliminar das vantagens e desvantagens sobre a

implantação de uma central de um sistema estrutural que não é muito usado atualmente no

Brasil, os pré-moldados.

Com o objetivo de aperfeiçoar e dar continuidade ao presente trabalho de pesquisa, seria

interessante procurar mais detalhes sobre os custos de implantação de uma central de pré-

moldados para fazer melhor análise de como deixar o produto mais barato e competitivo,

compreender melhor como está o mercado consumidor para estudar futuras melhorias.

Além disso, é de extrema importância fazer uma análise com dados analíticos de modo a

comprovar o que a vivência de obra e a literatura abordam.

79

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fundações. Volume III. Studio Nobel. São Paulo, 2002.

83

TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO E REPRODUÇÃO

OBRA BARRA VILLAGE LAKES LIFESTYLE RESIDENCE

Autorizo, Camila Ribeiro Gomes Sotomayor, funcionária desta empresa, utilizar em

seu trabalho de conclusão de curso de Engenharia Civil do período 2016.2, da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, os dados e fotos referentes à essa obra, contidos no trabalho

supracitado.

_______________________________

Obra Barra Village Lakes Lifestyle Residence