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economia social - economia solidária - terceir o setor - cultura - educação economia social - economia solidária - terceir o seto cultura - educação Ano 15 - nº 56 - Julho / Agosto 2012 www.gestaocooperativa.com.br - R$ 7,60 9º CONCRED - Especial Ano Internacional das Cooperativas Paulo Storani explica como se formar uma equipe de sucesso Cooperativas da agricultura familiar buscam o mercado Para isso, contam com o trabalho da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), que desenvolve uma série de ações para fortalecer as cooperativas filiadas e ajudá-las a ampliarem sua participação no mercado e contribuírem para a construção de um mundo melhor

Gestão Cooperativa #56

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Direção de Arte Tiago Oliveira

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Page 1: Gestão Cooperativa #56

economia soc ia l - economia so l idár ia - terce i r o seto r - cu l tura - educaçãoeconomia soc ia l - economia so l idár ia - terce i r o seto cu l tura - educaçãoAno 15 - nº 56 - Julho / Agosto 2012

www.gestaocooperativa.com.br - R$ 7,60

9º CONCRED - Especial Ano Internacional das Cooperativas

Paulo Storani explica como se formar uma equipe de sucesso

Cooperativas da agricultura familiar buscam o mercado Para isso, contam com o trabalho da União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), que desenvolve uma série de ações para fortalecer as cooperativas filiadas e ajudá-las a ampliarem sua participação no mercado e contribuírem para a construção de um mundo melhor

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Expediente Editorial

Gestão Cooperativa Editorial julho/agosto 2012 11

Lydia Costa

Ao ler a matéria de Maiana Neves sobre o livro

“Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para

Sustentabilidade”, escrito pelo pesquisador Júlio

Aurélio Vianna Lopes, vivi momentos de encanto e

de frustração. Encanto porque sempre acreditei no

cooperativismo como a melhor forma de organização

da sociedade – e as pesquisas mostraram isso. Nos

países onde o cooperativismo domina a economia e

o número de pessoas ligadas ao movimento é maior,

são melhores os índices de desenvolvimento social e

menor a desigualdade.

A frustação sentida foi porque o Brasil, segundo o pesquisador, possui os piores resul-

tados, estando em último lugar entre os países emergentes no que diz respeito à coope-

ratividade – pouco mais de 5% da população participa de uma cooperativa. Isso se deve à

falta de políticas públicas e de uma lei geral atualizada para o segmento. Vale a pena ler a

matéria e o livro. Frustração também por acompanharmos, ao longo de mais de 20 anos,

tantos exemplos de cooperativas e cooperativistas que, incansavelmente, buscam difundir

a doutrina e buscar marcos legais que garantam a sua evolução. Houve muitos avanços?

Houve. Mas ainda é pouco, considerando o potencial de crescimento e a contribuição que

o cooperativismo pode dar para o desenvolvimento econômico e social do País.

Será que cooperativistas e cooperativas precisam se organizar melhor, com mais foco,

como ocorre em uma tropa de elite do Bope? E é sobre a forma de organização de equipes,

de tropas de elite, que o entrevistado desta edição, Paulo Storani, faz uma abordagem. Ele

explica o que é preciso para formar uma tropa de elite, como as do Batalhão de Operações

Especiais nas organizações empresariais. E uma das dicas que Storani dá para a formação

de equipe, no cooperativismo, a gente tem bastante - “...pessoas mobilizáveis que têm

sentimentos, que podem ser mobilizadas para alcançar algo...”.

Na matéria de capa, mostramos como as cooperativas da agricultura familiar e economia

solidária estão agindo como verdadeiras tropas de elite, promovendo mudanças no campo e

na cidade ao proporcionar ao pequeno agricultor acesso ao mercado, crédito e casa digna

para morar. O cenário começou a mudar para este segmento com a criação da Unicafes,

que desenvolve uma série de ações para fortalecer as cooperativas filiadas, dando a elas

condições para a construção de um mundo melhor.

Estamos no Ano Internacional das Cooperativas. É o momento de mostrar para os

governos, legisladores, juízes e para a sociedade em geral como o movimento cooperativo

pode contribuir para um mundo melhor e mais justo. A Feira Agrobrasília 2012 foi um

grande palco, ao reunir, com a iniciativa do Ministério de Agricultura e Pecuária, cooperati-

vas de diversos estados brasileiros e de países do Mercosul para discutir temas ligados à

integração e ao desenvolvimento. Na Conferência Rio+20, o cooperativismo também teve

lugar de destaque, com vários debates e homenagens, entre elas o lançamento do Selo

Postal Comemorativo.

É preciso preparar e renovar para acompanhar e seguir a longa estrada que o

cooperativismo brasileiro tem que percorrer para promover o desenvolvimento sus-

tentável que o país precisa. E foi a renovação que nos fez criar um novo visual para

a revista Gestão Cooperativa. Em seu 15º ano, ela ganha projeto gráfico novo, que

prima pela leveza, aproveitamento de espaço e maior visibilidade para as editorias.

Precisamos acompanhar a evolução sempre.

Boa Leitura!

Expediente

Conselho editorialCristina Rocha - Jornalista - SPDiva Benevides Pinho - USP SP

Eduardo Fontenla - CGCyM - ArgentinaLydia Costa - Editora - DF

Marcos Bedin - Jornalista - SCRemy Gorga Neto - Cooperativista - DF

Ronise de Magalhães Figueiredo - Educadora - MGSigismundo Bialoskorski Neto - USP/Fearp - SP

Diretora executivaLydia Costa

EditoraLydia Costa

SubeditoraMaiana Neves

RedaçãoLuiz Carlos Cenci

Maiana NevesMarcos Acypreste

Ramon Paiva

Correspondente internacionalJosiane Cotrim

Jornalista responsávelGuida Gorga - MTB 8.000/36/79

Projeto gráficoTiago Oliveira

DiagramaçãoTiago Oliveira

CapaCriação: Tiago Oliveira

RevisãoLuiz Alberto Guimarães

Maiana Neves

ComercialMauricio Sousa

Taine Côrte(61) 3039-1258

Distribuiçã[email protected]

Tiragem10.000 exemplares

ImpressãoIdeal Gráfica

Editada porVincere Consultoria e Editora Ltda

Revista Gestão CooperativaSCLN 406 Bl. E - Salas 212/213 - 2º Andar - Asa

Norte Brasília - DF - Cep: 70.847-550Tel: (61) 3039-1258 - Telefax: (61) 3447-1998

E-mail: [email protected]: www.gestaocooperativa.com.br

Registro INPI: 820.864.803Autorização de uso da marca do Ano Internacional

das Cooperativas: Application Approval 20111202008

É permitida a reprodução parcial ou total das maté-rias desde que citada a fonte. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

Uma longa estrada pela frente

Page 4: Gestão Cooperativa #56

Nesta edição

Gestão Cooperativa Nesta Edição julho/agosto 20122

Destaque

Entrevista Especial Concred

Especial

A União das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes) representa as cooperativas de agricultores

familiares de diversas regiões do Brasil perante o poder público e a sociedade em geral nas demandas por

investimentos, melhorias, mercado e capacitação. A Unicafes realiza uma série de programas com foco no fortalecimento

das cooperativas filiadas.

A Gestão Cooperativa traz entrevista com Paulo Storani, inspirador do personagem Capitão Nascimento do filme Tropa de Elite e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (Bope). Storani explica o que é preciso para se formar uma equipe de sucesso dentro das empresas a partir de técnicas aplicadas no Bope.

A Agrobrasília 2012, realizada no mês de maio, alcançou recordes quanto ao volume de negócios e de visitantes. Cerca de 50 cooperativas brasileiras participaram do evento que contou ainda com a presença de cooperativas do Paraguai, Uruguai e Argentina. As cooperativas compartilharam experiências durante a Feira.

De 21 a 23 de agosto, será realizado o 9º CONCRED, em Nova Petrópolis (RS). Nesta edição do evento, a programação contará com renomados palestrantes e líderes do cooperativismo de crédito mundial, como Charles Gould, diretor-geral da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), além de líderes cooperativistas brasileiros.

04 AconteceDurante sessão solene no Senado Federal, o Dia Internacional do Cooperativismo foi celebrado por senadores, deputados e representantes do setor.

08 ArtigoÊnio Meinen fala da chamada “síndrome da não-culpa” dentro das organizações.

16 CréditoCooperativas de crédito lançam cartões de crédito próprios que oferecem inúmeras vantagens aos associados.

18 CooperativismoPesquisador Júlio Aurélio Vianna Lopes lança livro sobre cooperativismo contemporâneo.

25 Espaço AscesaA Ascesa realizou festa julina, com comidas típicas e atrações musicais, em que reuniu cerca de 400 convidados.

26 Meio Ambiente Cooperativismo teve participação importante na Rio+20, realizada no Rio de Janeiro.

27 Ação GovernamentalGoverno lança Plano Safra 2012/2013 que destina recursos financeiros para o fomento da agricultura e pecuária no Brasil.

28 OpiniãoOsmar Dias fala sobre a relação sólida entre o Banco do Brasil e as cooperativas.

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06 20 24

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Acontece

Gestão Cooperativa Acontece julho/agosto 20124

POR maiana neves e maRcOs acyPReste FOtOs DivULGaÇÃO, PRisciLa Leite e RamOn Paiva

Senado Federal celebra o Dia Internacional do Cooperativismo

O Senado Federal realizou sessão solene, no dia

6 de julho, para comemorar o Dia Internacional

do Cooperativismo. Senadores, deputados e repre-

sentantes do movimento ressaltaram a importância

das cooperativas para a economia nacional. A

sessão foi presidida pelo senador Waldemir Moka,

do Mato Grosso.

Presente na sessão, a senadora Ana Amélia, do

Rio Grande do Sul, destacou o valor do cooperati-

vismo diante da crise mundial. A senadora ressaltou

ainda a importância dos bancos cooperativos que

hoje são alternativas muito sólidas para a falta

de crédito e problemas de endividamento. “Isso

nada mais é do que a afirmação das cooperativas,

que nasceram originalmente na Inglaterra como

alternativa às regras do que se poderia chamar de

capitalismo selvagem”, afirmou a senadora.

O evento também contou com a presença do

Banco Central, representado pelo diretor de assun-

tos especiais, Luiz Edson Feltrim. O representante

destacou o trabalho que o banco tem feito junto às

cooperativas. O Banco Central lançou, no dia 29 de

julho, a moeda comemorativa do Ano Internacional

das Cooperativas.

Além dos senadores e deputados, a sessão

contou com a presença de representantes do coo-

perativismo, como Daniel Hech, da União Nacional

de Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia

Solidária (Unicafes), Niro Barrios, da Central de Co-

operativas e Empreendimentos Solidários (Unisol),

e Márcio de Freitas, presidente da Organização das

Cooperativas Brasileiras (OCB). O ministro da Agri-

cultura, Mendes Ribeiro Filho, também participou do

evento e entregou aos componentes da mesa o selo

comemorativo ao Ano Internacional das Cooperativas,

lançado durante a Rio+20, no Rio de Janeiro.

Senadores, deputados e representantes do movimento ressaltaram a importância do cooperativismo

O Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (Mapa) lançou, no dia

21 de junho, durante a Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), um

selo comemorativo ao Ano Internacional das

Cooperativas.

O selo foi produzido pela Empresa Brasi-

leira de Correios e Telégrafos e faz parte das

ações do Mapa em homenagem ao Ano Inter-

nacional das Cooperativas – 2012, decretado

pela Organização das Nações Unidas (ONU).

No total, serão produzidas 40 mil unidades.

Durante a cerimônia de lançamento do

selo, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro

Filho, ressaltou a importância do cooperativis-

mo e defendeu o aumento de investimentos

ao setor. “Precisamos e vamos investir cada

vez mais. Não apenas por este ser um ano

dedicado pela ONU ao segmento, mas pela

importância econômica e social que represen-

ta”, afirmou o ministro.

A programação do evento contou ainda

com uma palestra do embaixador especial

para o cooperativismo na Organização das

Nações Unidas para Agricultura e Alimentação

(FAO), Roberto Rodrigues. Para o presidente

do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, o

lançamento é um reconhecimento do governo

brasileiro à importância do setor cooperati-

vista para o país. “Esse será, com certeza,

um marco entre as comemorações do Ano

2012 e reforça a relevante contribuição das

cooperativas para a geração de trabalho,

renda e redução das desigualdades sociais. E,

neste momento, ninguém melhor que Roberto

Rodrigues, um cooperativista convicto, para

falar sobre o tema”, afirmou.

Selo comemorativo ao Ano Internacional das Cooperativas

No dia 19 de maio Sicredi Noroeste RS realizou

em Três de Maio – RS um evento de integração

e comemoração pelo seu aniversário de 66 anos

(completado no dia 5 de maio) e ao Ano Internacional

das Cooperativas. Estiveram presentes o Conselho

de Administração, Fiscal e todos os colaboradores,

somando um time de 250 pessoas.

Entre as várias atividades esportivas e de integra-

ção, o time foi desafiado a demonstrar a importância da

união para cooperar. O grande destaque foi a expressão

através do próprio corpo para a formação da frase

“Desde 1946 Coopera e Cresce” e da palavra “Sicre-

di”, que significam os 66 anos de trabalho da Sicredi

Noroeste RS na comunidade e a contribuição singela

dos colaboradores para a campanha de comemoração

ao Ano Internacional das Cooperativas.

66 anos e Ano Internacional das Cooperativas

Dentro do princípio da intercooperação, o evento

foi realizado junto ao centro de lazer da Cooperativa

Cotrimaio e as imagens foram realizadas com o apoio

do caminhão guindaste da Cooperativa Certhil a uma

altura de 29 metros, coirmãs que cooperam com o

Sicredi em uma grande parceria.

Estiveram presentes 250 pessoas no evento

Page 7: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Acontece julho/agosto 2012 5

Cooperjogos integram cooperativas do DFAs cooperativas de Minas Gerais já estão

se mobilizando para o Dia de Cooperar

(Dia C) 2012. Até o momento, já são 214

cooperativas inscritas, gerando uma expectativa

de mobilização de mais de 20 mil voluntários

nas ações deste ano, que serão realizadas em

todas as regiões do Estado.

As cooperativas que confirmam antecipa-

damente participação na iniciativa recebem um

kit de divulgação gratuito enviado pelo Sistema,

que contém flyer, cartilha, camiseta, mãozinha,

cartaz, balão, chaveiro e selo de correspondên-

cia. Todo o material de divulgação da campanha

também está disponível no blog do Dia C (www.

minasgerais.coop.br/diac), na seção Downloads.

Com o objetivo de promover e estimular

a integração das ações voluntárias de todas

as cooperativas, cooperados, colaboradores

e familiares em um grande movimento de

solidariedade cooperativista, o Sistema Ocemg

criou o projeto em 2009. Ano a ano, o Dia C

conta com o apoio e a participação efetiva das

cooperativas de Minas Gerais.

De acordo com o presidente do Sistema

Ocemg, Ronaldo Scucato, o Ano Internacional

das Cooperativas, é uma excelente oportunidade

para que as cooperativas mineiras confirmem,

na prática, como ajudam a construir um mundo

melhor por meio de seus projetos sociais. Acima

de tudo, é uma excelente oportunidade para

colocar em prática os valores do cooperativismo

em prol de uma sociedade melhor.

Este ano, o Dia C será realizado em 1º de

setembro, quando as cooperativas participantes

vão desenvolver, em cada localidade, diversas

ações sociais, na forma de projetos, atividades

e iniciativas locais, priorizando o trabalho vo-

luntário. O trabalho conjunto das cooperativas

demonstrará, mais uma vez, a capacidade e o

empenho do setor para atuar socialmente.

Cooperativas mineiras se mobilizam para o Dia C 2012

A partir de uma série de produtos e serviços

voltados à representação política, a Gerência de

Relações Institucionais da OCB (Gerin/OCB), em

parceria com as demais gerências do Sistema OCB,

já obteve alguns resultados importantes em 2012,

como uma atuação proativa voltada à aprovação e

sanção do novo Código Florestal e a participação

na Conferência das Nações Unidas sobre Desen-

volvimento Sustentável (Rio+20).

Elaborado desde 2007 pelo Sistema OCB,

o relatório mensal é divulgado às organizações

estaduais (OCEs) e cooperativas, parlamentares

e entidades parceiras, a partir da compilação das

ações mais importantes do cooperativismo junto

aos Poderes da República e aos órgãos internacio-

nais. Segundo a gerente de relações institucionais

da OCB, Tânia Zanella, o relatório mensal agrega

aos produtos desenvolvidos pela área por ser um

mecanismo de transparência fundamental para dar

credibilidade ao cooperativismo com praticamente

todos os atores políticos.

Fonte: Sescoop/MS

OCB divulga relatórios de atuação institucional e de representação política

A 12ª edição do Cooperjogos - Jogos de

Integração Cooperativista teve como tema

“Cooperativas Constroem um Mundo Melhor”.

O evento, promovido anualmente pelo Sistema

OCDF/Sescoop-DF, foi um momento de integração

do sistema cooperativista do Distrito Federal que

celebrou o Dia Internacional do Cooperativismo,

comemorado no primeiro sábado do mês de julho.

“Esse é um ano atípico. Todo ano se come-

mora o Dia do Cooperativismo, mas esse ano

é especial porque a ONU colocou como o Ano

Internacional das Cooperativas e isso é muito grati-

ficante, pois deu um sabor especial ao Cooperjogos

e às ações cooperativistas”, afirmou o presidente

do Sistema OCDF/Sescoop-DF, Roberto Marazi.

A programação do Cooperjogos foi dividida

em três etapas. No dia 30 de junho, foi realizada

a Caminhada Cooperativista que reuniu cerca de

800 pessoas. No dia 14 de julho, no Sesi de

Taguatinga Norte, foram realizadas 36 provas

esportivas, entre elas futebol society, futsal, vôlei,

atletismo, natação, cabo de guerra, xadrez, jogo

de dama, dominó, truco, sinuca, entre outras.

O jantar de premiação das competições e

encerramento do Cooperjogos foi realizado no

dia 21 de julho no Garden Hall. Pela oitava vez,

a Equipe Agropecuário ficou em 1º lugar; em 2º

ficou a Equipe Saúde Cento-Oeste e em 3º a

Equipe Educação. As vencedoras receberam me-

dalhas e troféus. Durante o encerramento, houve

mais uma edição da eleição da Miss e do Mister

Cooperativismo. Em 1º lugar ficaram Ana Karolina

Tech, representante da Equipe Educação, e Yago

Werner da equipe Bancoob Crédito.

Mais de 30 provas esportivas foram realizadas no Cooperjogos

O Cooperjogos encerrou com o jantar de premiação das competições e eleição da Miss e do Mister Cooperativismo

Page 8: Gestão Cooperativa #56

Entrevista

Gestão Cooperativa Entrevista julho/agosto 2012 Gestão Cooperativa Entrevista julho/agosto 20126 7

POR maiana neves cOLabORaÇÃO RamOn Paiva FOtOs RamOn Paiva

Paulo Storani explica como se formar uma equipe de sucessoInspirador do personagem Capitão Nascimento

do filme Tropa de Elite e ex-capitão do Batalhão

de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio

de Janeiro (Bope), Paulo Storani desenvolve um

trabalho a partir da análise comparativa entre a

realidade do Bope e das empresas da iniciativa

privada. Mestre em Antropologia e pós-graduado

em Administração Pública e em Gestão de Recursos

Humanos, Storani explica o que é preciso para se

formar uma equipe de sucesso dentro das empre-

sas por meio de técnicas de seleção, treinamento e

controle de desempenho aplicadas no Bope. Confira

estes e outros assuntos na entrevista que Storani

concedeu à Revista Gestão Cooperativa.

O que você atribui o sucesso de uma em-

presa a partir do seu entendimento de uma

“equipe tropa de elite”?

O primeiro sucesso é você conseguir atingir

o objetivo que determinou. Este é o conceito de

“Tropa de Elite”, uma equipe de resultado, de alto

rendimento e desempenho. Grandes desafios e

objetivos alcançados: é assim que a gente encara

e define equipe tropa de elite no Bope.

Quais seriam as diferenças e semelhanças

entre treinar uma tropa do Bope e uma

equipe empresarial?

Se nós encararmos como um negócio, um tipo

de atividade destinado a fazer algo, é a mesma

coisa treinar uma tropa do Bope e uma equipe

empresarial. A questão está na forma como você

seleciona, como você prepara essas pessoas, como

o desempenho dessas pessoas é acompanhado,

se elas vão evoluindo, superando seus limites e

alcançando seus resultados. O sentimento e a

forma de pensar e agir são os mesmos.

Qual seria o perfil de um bom profissional

para o mercado atual?

Existem quatro princípios que regem o pen-

samento das Operações Especiais. O princípio

da relevância é a consciência de valor que você

tem daquilo que você faz; quanto maior valor

você dá, maior será sua dedicação. Se você

estiver trabalhando e pensando apenas no

dinheiro, você irá se limitar; se você pensar

no melhor, logo o dinheiro e o sucesso serão

consequência.

Saber o quanto você está disposto a alcançar

o objetivo, o quanto você se adapta a essas mu-

danças de cenários, principalmente de cobranças

por grandes resultados, trata-se do princípio do

desconforto. Outro princípio é o desidratativo, que

se refere ao suor por trabalho duro. Não conheci

ninguém que não tenha que ter trabalhado muito

para alcançar grandes resultados. E quem trabalha

em equipe precisa pensar ainda no princípio coope-

rativo, quando você associa essas vontades e esses

motivos comuns por um objetivo único.

Como se prepara uma equipe tropa de elite?

Primeiramente, é preciso determinar o que

você pretende fazer e saber que valor isso tem,

selecionando pessoas que chamamos de pessoas

mobilizáveis que têm sentimentos que podem ser

mobilizados para alcançar algo. Pessoas que são

capazes de se convencerem a fazer

determinada coisa, caso

elas já não venham

convencidas disso.

Com esse perfil de

pessoas mobilizá-

veis, as empresas

conseguem atingir

os resultados pre-

tendidos.

O que as empresas

podem fazer para

motivar os seus

profissionais?

Participação nos lucros seria uma opção?

O mundo coorporativo oferece para as pessoas

um ambiente extremamente desafiador, fazendo

com que as pessoas façam melhor aquilo que estão

destinadas a fazer. Assim, as empresas têm que

oferecer este ambiente atrativo e estimulante, no

sentido de que aquilo irá trazer resultado para o

funcionário. É uma estrutura de carreira em cima

do seu resultado e, da mesma forma, remuneração

proporcional a isso. Isso distingue as pessoas

dentro da empresa.

Dentro de uma empresa, a falta de disciplina

na execução dos planos é considerada um

obstáculo?

Isso é um grande obstáculo. As empresas

brasileiras são excelentes em planejar, mas quando

começam a cumprir o plano, a reunir pessoas, pegar

investimentos, treinar essas pessoas, começa a

questão de negociação para fazer por menos.

Não se tem disciplina com o plano que

foi elaborado. Temos uma tendência de

pensar que tudo na hora sai, que não

há necessidade de planos, pois eu sei

fazer e, por isso, não é preciso empe-

nho e preparação. Isso é um grande

erro. Excelência é fazer melhor aquilo

que você se propôs a fazer. Dessa

forma, é importante planejar, executar

com disciplina e excelência e ainda

avaliar os resultados alcançados, pois

se você fez certo, aquilo passa

a ser repetitivo, mas se

fez errado, é ne-

cessár io

Page 9: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Entrevista julho/agosto 2012 Gestão Cooperativa Entrevista julho/agosto 20126 7

corrigir para que não

volte a acontecer.

O que é a lideran-

ça dentro de uma

empresa?

Este é um gran-

de desafio no país,

pois temos uma es-

trutura de ensino,

desde a pré-escola,

que não fomenta

essa ideia de tra-

balhar em grupo e

que as pessoas se

reúnem em torno de

um objetivo comum.

Então, não se tem

essa visão de lideran-

ça. As pessoas acabam vendo esses modelos de

lideranças na família ou modelos no grupo em que

ele habita, mas o modelo que realmente fomenta

essa questão da liderança é aquele que leva as

pessoas a formarem grupos. O grande desafio hoje

é a identificação, pelas empresas, deste potencial

que não foi estruturado em nossa educação formal

e o aproveitamento deste potencial, porque as em-

presas precisam disso. O país precisa de lideranças

legítimas, que não fiquem apenas no discurso, mas

que partam para a prática.

Qual a diferença entre líderes e liderados?

Líder é aquele que tem capacidade de convergir

os motivos coletivos em um motivo comum. Já o

liderado é aquele que se vê mobilizado por uma

outra pessoa. Muitas vezes, nós somos líderes e

liderados. Existem momentos específicos para isso

e este é o modelo de liderança que eu acredito.

Como foi a experiência de treinar os atores

do filme Tropa de Elite?

A grande significância foi saber como aqueles

princípios utilizados no Bope, aplicados aos atores,

produziram os resultados que nós vimos. Apliquei

todos os princípios do Bope junto aos atores. Fui

consultor do filme e a minha proposta junto à

Conheço o sistema cooperativista que é a grande essência do trabalho em equipe, porque todo mundo é responsável e co-responsável por um objetivo comum. É uma forma de você reunir os motivos diversos e transformar em um motivo único. Esse é um grande modelo a ser seguido.”

produção foi formamos a equipe do filme como se

fosse formar uma tropa de elite. Isso aconteceu com

as pessoas da produção e com os atores. Com esta

estratégia, conseguimos alcançar o sucesso que

todos nós vimos.

A Revista Gestão Cooperativa é um veículo

especializado que divulga notícias do mundo

cooperativo. Você conhece o sistema?

Conheço o sistema cooperativista que é a

grande essência do trabalho em equipe, porque

todo mundo é responsável e co-responsável por

um objetivo comum. É uma forma de você reunir

os motivos diversos e transformar em um motivo

único. Esse é um grande modelo a ser seguido.

Você tem algum trabalho voltado às coo-

perativas?

Já realizei trabalho com cooperativas que são

instituições capazes de mobilizar pessoas. Nós

só trabalhamos quando temos um motivo aliado

a outro e, quando conseguimos convergir a um

objetivo comum, nós somos mais fortes. O modelo

cooperativista é a única forma para superarmos

este tempo de crise. Se ficarmos esperando um

salvador da pátria que resolva todos os nossos

problemas, ele não irá surgir. Quando nós resol-

vermos a tomar posição e fizermos algo, teremos

a solução dos problemas.

Storani realiza palestras em

todo o país

Page 10: Gestão Cooperativa #56

Artigo

Gestão Cooperativa Artigo julho/agosto 20128

POR ÊniO meinen

“Síndrome da não-culpa”: a velha - nova pandemia nas organizações!

O ambiente profissional – ainda bem – revela

mais soluções do que problemas; menos

conflitos do que entendimentos; menos indiferenças

do que manifestações de solidariedade; menos

enfermidades do que boas condições de saúde.

Mas há uma adversidade que insiste em per-

mear as organizações. Falo de uma doença grave,

que se alastra de forma avassaladora, elevando-se,

por sua dimensão e efeitos, ao grau de pandemia. A

“síndrome da não-culpa”: eis o mal a que me refiro!

E como se revela o sintoma desse “distúrbio”?

A constatação não requer nenhum diagnóstico mais

aprofundado. Basta que se apresente um proble-

ma - operacional, legal, administrativo ou de outra

ordem -, ou ainda apareça uma dificuldade qualquer,

e o doente-portador, devidamente “armado”, sai

imediatamente na defensiva: “a culpa não é minha/

nossa”, “não tenho/temos nada a ver com isso”, “o

responsável é o fulano ou a área tais”, “não posso

fazer nada”, e por aí vai.

Num estágio ainda mais avançado da moléstia,

há os que já tratam de arranjar justificativas ou evasi-

vas antes mesmo de o problema concretizar-se! E o

pior é que isso pode sair do mundo da ficção e virar

realidade... A propósito desse grupo de enfermos

o escritor John Maxwell apresenta uma esclarece-

dora impressão. Diz ele: “as pessoas desperdiçam

energia fantasiando soluções para problemas que

temem aparecer em seu caminho. Ironicamente, o

que começou como um medo infundado pode se

transformar em um problema real, porque a pessoa

desperdiçou energia pensando em coisas que gosta-

ria que fossem realidade, em vez de pensar em uma

ação eficaz” (in 6 John Maxwell John C, Você faz a

diferença: como sua atitude pode revolucionar sua

vida / John C. Maxwell; tradução de Valéria Lamim

Delgado Fernandes. São Paulo: T. Nelson, 2006).

Assumir os próprios erros ou a responsabilidade

pela sua ocorrência enquanto gestor são atitudes

dignas e corajosas, virtude infelizmente ausente em

muitas pessoas. Quando os problemas aparecem, o

normal é o executivo (e os colaboradores que nele

se espelham) eximir-se da responsabilidade e procu-

rar “bodes expiató-

rios”, iniciando-se,

assim, o conhecido

“jogo de culpa” ou

“jogo de empurra”.

Em vez da busca

da solução, dando

curso à verdade, o

foco passa a ser

a identificação de

subterfúgios para a autopreservação, muitas vezes

transferindo ou tentando empurrar a reponsabilidade

para um terceiro, não raro colega de profissão.

O personagem bíblico Adão talvez tenha sido o

primeiro a padecer dessa doença. Quando Deus lhe

perguntou se o havia desobedecido, ele respondeu:

“Foi a mulher que me deste por companheira que

me deu o fruto da árvore, e eu comi” (Gênesis,

Capítulo 3, Versículo 12 – Bíblia Sagrada). As con-

sequências para ele próprio e para a humanidade

todos conhecemos...

Observador atento e combatente desse com-

portamento, o líder cooperativista José Salvino de

Menezes, muito acertadamente, costuma dizer:

“depois que inventaram a desculpa, ninguém mais

comete erros”.

E que implicações essa postura provoca, mais

especificamente na seara profissional? Muitas! A

principal delas é a não resolução do problema ou

não equacionamento da demanda, em flagrante

desrespeito àquele que está “do outro lado” aguar-

dando providências (que não quer saber de quem é

a culpa...!). Outra consequência é a desarmonia que

a (falta de) atitude ocasiona nas organizações ou

entre organizações, já que se instala um ambiente

de “queda de braços”, de desconfiança e de deses-

perança. Um terceiro efeito é o aumento de custos

nas empresas, já que na falta ou no retardamento

da solução, a saída é incrementar estruturas ou

fazer investimentos adicionais – em outras áreas

ou entidades - para resolver os problemas. Aliás, o

tempo que se perde discutindo de quem é a culpa

ou mesmo para tentar justificar o injustificável, é

por si só um fator de improdutividade, implicando

dispêndios sem necessidade.

A postura esperada dos verdadeiros profissio-

nais, ainda que determinada adversidade não lhes

possa ser atribuída imediatamente, é agir (“matar

no peito”) em sua área de domínio/responsabilidade

ou promover articulações em sua área de influência,

mobilizando pessoas e recursos para dar conta do

“recado”. Além de tudo, este gesto é uma demons-

tração de respeito.

Em relação aos líderes e principais executivos,

por servirem de referência aos demais, essa iniciativa

é ainda mais aguardada. Poder e responsabilidade

estão íntima e proporcionalmente atrelados.

Não se deve ter receio de admitir falhas ou

avocar responsabilidade, especialmente quando

se é gestor, pois falíveis todos são - pela simples

condição, primária, de seres humanos. Aliás, é

também meritório aprender com o erro, pois só

assim evita-se a reincidência em circunstâncias

semelhantes. Atribuir a responsabilidade a outrem

ou tentar justificar demasiadamente os erros redu-

zem o prestígio profissional, às vezes sem que se

o perceba. O certo é canalizar as energias para a

solução e a verdade, em vez de ficar procurando

desculpas e formas de desqualificar terceiros, muitas

vezes colegas de profissão.

Como ensina Augusto Cury, “Ser sábio não quer

dizer ser perfeito, não falhar, não chorar e nem ter

momentos de fragilidade. Ser sábio é aprender a

usar cada dor como uma oportunidade para apren-

der lições, cada erro como uma ocasião para corrigir

rotas, cada fracasso como uma chance para ter mais

coragem. Nas vitórias, os sábios são amantes da

O homem superior atribui a culpa a si próprio; o homem comum, aos outros.” (Confúcio).

Page 11: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Artigo julho/agosto 2012 9

Quase todas as nossas falhas são mais perdoáveis do que os métodos que concebemos para escondê-las” (François Poitou, o Duque La Rochefoucauld)

alegria; nas derrotas, são amigos da reflexão” (in

12 semanas para mudar uma vida. Augusto Cury

Colina, SP: editora Academia de Inteligência, 2004).

A prática do “mea culpa”, de maneira sincera e

construtiva, diferentemente do que alguns podem

imaginar, contribui para aumentar o apreço profissio-

nal e pessoal, e é indispensável para a evolução nos

dois planos. Além disso, o ambiente harmonioso daí

resultante, ao mesmo tempo em que repercute na

redução de falhas futuras, potencializa a capacidade

de entrega das organizações.

Abraham Lincoln já ensinava que “você não

consegue escapar da responsabilidade de amanhã

esquivando-se dela hoje”. Daí que assumir a culpa,

logo cedo, é bem melhor do que alguém descobrir

a verdade mais tarde. E isso fatalmente ocorrerá,

ainda que a aposta seja em contrário...!

Portanto, deve-se evitar o contágio pela molés-

tia da irresponsabilidade. Como medidas de preven-

ção há que se antecipar à imputação; admitir o erro

e tratar do problema imediatamente; evitar críticas

e desgastes desnecessários; dar o exemplo para

os colegas (pares e

liderados); ... dormir

tranquilo. Enfim, agir

como sábio!

Este tema, por

sinal, pelo seu grau

de importância e

impactos gerados

n a s e m p r e s a s ,

habil i ta-se como

pauta f requente

em treinamentos e

diálogos/feedbacks

dos líderes organi-

zacionais com/para

os seus executivos. Nessas abordagens, como

recurso de apoio, sugere-se apresentar o vídeo “O

problema não é meu”, distribuído pela Siamar, que

retrata, didaticamente e precisamente, o compor-

tamento dos atores comprometidos (adequado)

e descomprometidos (inadequado) diante de um

problema concreto.

O seu software vira outro tipo de sistema

quando você mais precisa? Auge das

vendas, equipes a todo vapor e na

hora H ele não funciona como deveria.

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* Advogado, pós-gradu-

ado em Gestão Estratégica

de Pessoas e Diretor Opera-

cional do Banco Cooperativo

do Brasil – Bancoob.

Page 12: Gestão Cooperativa #56

Destaque

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 201210

POR vanúsia DUaRte FOtOs DivULGaÇÃO

alicerça o caminho para a agricultura familiar no acesso ao mercadoUnicafesA agricultura familiar deixou para trás o posto de

atividade de subsistência para assumir o status

de importante fornecedora de alimentos para a

população. De acordo com o Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE), a agricultura familiar

responde, hoje, pelo fornecimento de cerca de 70%

dos produtos que compõem a cesta básica dos

brasileiros, importância que se acentua num cená-

rio onde o Brasil ocupa o posto de terceiro maior

exportador de alimentos do mundo. Além do seu

potencial para a produção de alimentos, a agricultura

familiar é reconhecida também como instrumento

de desenvolvimento local e consequente melhoria

da qualidade de vida dos pequenos agricultores,

por meio da geração de trabalho, renda e desen-

volvimento de estratégias para a sucessão familiar

na atividade.

A união de cooperativas da agricultura familiar

e economia solidária sempre demonstrou que a co-

operação solidária é o melhor caminho para ampliar

a organização econômica e facilitar a participação

no mercado. Desde 2005 as cooperativas solidárias

de diversas regiões do Brasil contam com a União

das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia

Solidária (Unicafes), como organização incumbida

de representá-las perante o poder público e a

sociedade em geral, nas demandas por investimen-

tos, melhorias, mercado e capacitação. “Qualquer

setor do governo hoje reconhece a importância

da agricultura familiar para o desenvolvimento das

comunidades e para o fornecimento de alimentos

com qualidade, produzidos de maneira diversificada

e sustentável, por meio de técnicas agroecológicas”,

argumenta o presidente da Unicafes, Luiz Possamai.

O dirigente explica que o diferencial das

cooperativas de agricultura familiar está no fato

de serem geridas pelos próprios produtores, com

abrangência local e articulação em rede. “Poucos

países no mundo vivenciam esta experiência de

ter agricultores na administração das cooperativas.

Com isso, nossa atuação não se restringe à lavoura

propriamente dita, mas ao negócio das cooperati-

Unicafes no Brasil• 1030 cooperativas associadas

• Cerca de 515 mil associados

• Presente em 17 estados: Unicafes estaduais

• Em constituição: três novas unidades estaduais

• Ramos de atuação: crédito, produção, comer-

cialização, trabalho e infraestrutura

vas”, diz. E completa que esta é uma “política de

inclusão das famílias”.

Ainda nova, com sete anos completados em

junho deste ano, a Unicafes já conseguiu chegar a

praticamente a todo o país. Luiz Possamai informa

que a entidade possui unidades representativas

estabelecidas em 17 estados e que está em an-

damento a implantação em outros três. “Mesmo

onde não temos uma unidade estadual da Unicafes,

existem cooperativas associadas. Com isso, nossa

abrangência é nacional”, diz.

O presidente da Unicafes defende o apoio

governamental a esse modelo de organização da

agricultura familiar, argumentando que estas orga-

nizações possuem interesse público. Isto porque a

maior parte da produção das cooperativas atende

a programas governamentais como o Programa

Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Pro-

grama de Aquisição de Alimentos (PAA). “Temos

capacidade para ampliar o percentual de forneci-

mento de alimentos para os programas sociais.

Entretanto, o cooperativismo solidário precisa ser

reconhecido como instrumento de inclusão social

e financeira de grande parte da população que, em

momentos anteriores, encontrava-se à margem do

desenvolvimento econômico”, argumenta Possamai.

A Unicafes tem a missão de defender os interesses do segmento no Congresso

Page 13: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 2012 11

Ações fortalecem o universo das cooperativas

A Unicafes realiza uma série de programas com

foco no fortalecimento das cooperativas filiadas.

Esse trabalho não se restringe a ações voltadas

unicamente para o mercado, representado direta-

mente pela produção e comercialização, mas busca

abranger todo o universo das cooperativas, o que

inclui a gestão contábil e administrativa, a educação

cooperativista, os aspectos jurídicos do cooperati-

vismo solidário, a formação e a participação efetiva

de jovens e mulheres rurais cooperativistas, entre

outros. “A Unicafes foca em ações organizativas, no

fortalecimento da sua base filiada, representada pelas

cooperativas e centrais dos diversos ramos coopera-

tivos, o que repercute diretamente na consolidação

da própria entidade”, explica Alcidir Mazutti Zanco,

assessor institucional da Unicafes.

Nesse contexto, Alcidir Mazutti ressalta que mui-

tas ações da Unicafes se concentram em processos

de representação e organização para superar o prin-

cipal gargalo das cooperativas de agricultura familiar,

o acesso ao mercado. Em busca de alternativas para

superar essa realidade, Mazutti cita como exemplo a

constituição, até o final deste ano, da Central Nacional

de Produção e Comercialização, já aprovada no III

Congresso e reafirmada na assembleia 2012. Com

sede a ser criada em Brasília e atuação em todo

o território nacional, esta Central terá a missão de

promover a articulação comercial das cooperativas,

fortalecendo as negociações com órgãos privados

e governamentais para a venda dos produtos da

agricultura familiar. “A Central focará suas ações

em processos representativos e na articulação da

comercialização de produtos de diferentes regiões

do país para cidades metropolitanas e de médio

porte”, informa.

No âmbito da gestão, a Unicafes já está disponi-

bilizando um software nacional para o aprimoramento

das áreas contábil, financeira e administrativa das

cooperativas. Esse software ajudará as lideranças,

diretorias e colaboradores na organização dos

sistemas permanentes de informação, facilitando

a autogestão, a tomada de decisões e o alcance

dos resultados necessários. “É importante frisar que

nesse processo estamos atentos ao caráter e às

especificidades do cooperativismo solidário”, explica

o assessor. O software já está sendo utilizado por

algumas das unidades estaduais da Unicafes e, tam-

bém, por diversas cooperativas filiadas à organização.

No campo da formação, a Unicafes busca

desenvolver metodologias para a inclusão perma-

nente de novas lideranças, fortalecendo processos

de formação cultural, social e econômica, priorizando

a participação e a inserção de jovens e mulheres

neste modelo de organização. Alcidir Mazutti destaca

ainda que “essa estratégia tem sido fundamental

para a manutenção dos diferenciais solidários e do

fortalecimento da sustentabilidade das cooperativas

locais, com gestão social e participação democrática”.

Outra iniciativa citada por Mazutti está rela-

cionada à área de produção. Por intermédio da

Unicafes, o cooperativismo solidário firmará parceria

com o BNDES para processos de investimento

agroindustrial de acesso ao mercado. Esta parceria

já tem prevista a liberação de recursos ainda no se-

gundo semestre deste ano - selecionados por meio

de edital - da ordem de R$ 20 milhões, destinados

à contratação de projetos de investimentos nas

áreas de armazenagem, logística e industrialização

de produtos da agricultura familiar. “Com este pro-

grama, a Unicafes pretende aprimorar e expandir a

produção e industrialização da agricultura familiar

cooperativada, principalmente em regiões menos

desenvolvidas ou com menor Índice de Desenvol-

vimento Humano (IDH)”, argumenta o assessor.

E completa que a previsão é que estes recursos

sejam ampliados nos próximos anos, “ fortalecen-

do processos de inclusão social e promovendo o

desenvolvimento sustentável”.

Decisões tomadas de forma colegiada e com foco no desenvolvimento das cooperativas filiadas marcam os eventos da Unicafes

Page 14: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 201212

Da casa própria aos produtos certificados para venda em todo o BrasilAs cooperativas filiadas à Unicafes não se restringem apenas à produção agrícola. Elas atuam em diferentes áreas reunindo agricultores e empreendimentos solidários em cooperativas de crédito, habitação, comercialização e assistência técnica. Em diferentes localidades do país, há uma cooperativa contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores.

Mangueirinha é uma cidade do Paraná, dis-

tante cerca de 400 quilômetros da capital

Curitiba. Com população de cerca de 17 mil

habitantes, é conhecida como a maior produtora

de soja do Sudoeste do Paraná e pela grande flo-

resta de araucárias na região da aldeia Kaingang.

Na cidade funciona há 14 anos a Cooperativa

de Crédito Cresol Mangueirinha, que conta hoje

com aproximadamente 620 cooperados. Filiada

à Unicafes, a cooperativa tem contribuído de

forma significativa para o desenvolvimento da

cidade, segundo conta seu presidente, Paulinho

do Patrocínio. “Com o crédito concedido pela co-

operativa os agricultores familiares podem investir

nas lavouras e, com a consequente melhoria da

produção e da renda, podem gastar mais no

comércio, movimentando a economia local”, diz.

Em Mangueirinha, os agricultores se dedicam

principalmente à produção de leite e ao cultivo

de soja, milho, feijão e trigo.

O assessor institucional da Unicafes, Alcidir

Mazutti, argumenta que “a cooperativa se for-

talece pela articulação em rede, fundamentada

por meio das diretrizes da Cresol Baser, com

ampliação de oportunidades e iniciativas”. A

Cresol Mangueirinha oferece aos associados um

leque de 18 produtos bancários, entre os quais

empréstimos, cartão de crédito e aplicações.

“Nossa carteira de empréstimos hoje está em R$

3 milhões e esperamos fechar 2012 com mais

R$ 4 milhões financiados para os agricultores,

recursos que são destinados ao custeio das

lavouras e ao investimento nas propriedades”,

informa Paulinho do Patrocínio.

O presidente da Cresol Mangueirinha é ele

próprio um exemplo de como a cooperativa ajuda

a impulsionar a vida dos agricultores. O primeiro

empréstimo que tomou foi de 500 reais para o

cultivo de meio alqueire de feijão e o último, neste

ano, foi de R$ 4.700,00. Hoje, possui 12 alquei-

res onde planta milho e feijão, além da produção

Crédito Sonhos reais

de leite. “O gerenciamento de uma cooperativa

pelo próprio agricultor dá certo porque ambos –

administrador e associado – vivenciam realidades

parecidas”. Como resultado do bom desempenho

da lavoura, Patrocínio comprou um carro e a irmã,

também agricultora familiar, uma moto, tornando

realidade sonhos antigos.

A cooperativa foca suas ações na interação per-

manente com o quadro social, realizando processos

de formação e reuniões nas comunidades. A cada

dois anos realiza a Copa Cresol, com atividades

esportivas e de confraternização, reunindo asso-

ciados e suas famílias em diversas atividades como

jogos de futebol e gincana. O objetivo é promover

o entretenimento e possibilitar maior interação entre

os associados.

Visita de associados a uma propriedade para troca de experiências entre agricultores familiares

Copa Cresol Futebol

Copa Cresol Gincana Premiações Copa Cresol

Page 15: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 2012 13

Produção e comercialização Mutirão Praficar

A Cooperativa da Agricultura Familiar de Itapu-

ranga (Cooperafi), em Goiás, é referência no

Estado em gestão de empreendimentos familiares,

atuando na produção e comercialização de diversos

produtos. Criada há 13 anos, a Cooperafi vende

por mês 280 mil litros de leite produzidos por 240

agricultores familiares. Um caminhão-tanque de

propriedade da cooperativa percorre diariamente

32 comunidades, onde recolhe o leite que é co-

mercializado para a indústria.

A cooperativa produz e comercializa frutas -

principalmente banana, mamão e maracujá - com

o suporte da equipe técnica do Projeto Fruticultura,

patrocinado pela Petrobras. Esta produção é

destinada principalmente à Ceasa de Goiânia e o

excedente é comercializado para os programas

Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e de

Aquisição de Alimentos (PAA). A cooperativa possui

também uma agroindústria onde beneficia as frutas

cultivadas pelos associados, em volume que chega

a 12 toneladas de polpa por mês. “Nossas polpas

de frutas têm a marca Praficar, com registro no

Ministério da Agricultura, o que nos permite vender

para todo o Brasil. Recentemente, recebemos

também do Ministério do Desenvolvimento Agrário,

autorização para utilizarmos o Selo da Agricultura

Familiar em nossos produtos”, informa o presidente

Mauro Pereira dos Santos. A comercialização de

produtos pela Cooperafi em 2011 registrou fatu-

ramento bruto de R$ 4,1 milhões.

Junto com a produção e comercialização dos

produtos, a cooperativa oferece aos associados um

variado leque de serviços, informa Mauro Santos.

O dirigente cita a assistência técnica própria, com

a elaboração de projetos para os agricultores e

presença in loco nas propriedades e o Projeto

Mulheres Rurais de Xixá, que prevê a capacitação

das agricultoras na produção de artesanato e

de alimentos a serem vendidos no mercado. E

ainda, o Projeto Mutirão Praficar, por meio do

qual associados se juntam para realizar melhorias

e benfeitorias na propriedade de um cooperado

que é sorteado mensalmente.

Com o patrocínio da Petrobras e em parceria

com 14 associações de produtores rurais e com

a Central de Associações, a Cooperafi realiza

também o projeto Renascer Ambiental, para a

recuperação de nascentes, córregos, matas ciliares

e áreas degradadas de 160 propriedades rurais

no município de Itapuranga.

Assistência técnica para a gestão integral da proprie-

dade rural. Este tem sido o trabalho da Cooperativa

de Consultoria, Projetos e Serviços em Desenvolvimento

Sustentável (Cedro), que atua junto aos agricultores

familiares, assentados de reforma agrária, quilombolas

e pescadores do Rio de Janeiro. A cooperativa traba-

lha com foco na agroecologia, com produção livre de

agrotóxicos e de adubos químicos. “Com o produtor que

ainda não aderiu à agroecologia realizamos um trabalho

de transição para que venha a optar por este modelo

de produção”, informa a presidente da Cedro, Generosa

de Oliveira Silva. A Cedro tem sede no Rio de Janeiro e

oito escritórios em municípios do Estado.

O trabalho da cooperativa consiste na elaboração

de projetos técnicos não só para a lavoura, mas para

todo o empreendimento do agricultor, incluindo a

organização e gestão financeira da propriedade. Para

isso, os profissionais da Cedro realizam visitas in loco

e acompanham de perto o desenvolvimento de cada

projeto. “Realizamos um trabalho que vai além da

assistência para o acompanhamento técnico. Não

oferecemos um pacote, mas um conjunto de ações

que respeita a vivência, a realidade e as especificidades

de cada agricultor”, argumenta. A cooperativa promove

também cursos e palestras sobre capacitação, incluindo

temas como a própria dinâmica do cooperativismo.

Para realizar este trabalho a Cedro conta com 92

profissionais associados, entre engenheiros agrônomos,

florestais e ambientais, zootecnistas, médicos veteriná-

rios, técnicos agrícolas e em cooperativa, advogados,

sociólogos, economistas domésticos e assistentes

sociais. Já são cerca de três mil famílias atendidas, entre

assentados do Incra, agricultores familiares, pescadores

artesanais e agricultores familiares que fornecem para

o PNAE e para o PAA. “O mais importante no nosso

trabalho é a relação de confiança construída entre os

profissionais da cooperativa e os agricultores familiares,

com soluções planejadas de forma conjunta”, diz.

A Cedro faz parte da Central das Cooperativas de

Acompanhamento Técnico e Extensão Rural (Cenater),

que representa o ramo Acompanhamento e Extensão

Rural (Ater), junto ao quadro social da Unicafes. O

acompanhamento técnico é uma ação fundamental para

a diversificação produtiva e sustentabilidade econômica

e social das unidades de produção da agricultura familiar.

Trabalho Gestão integral da propriedade

A Cedro realiza acompanhamento técnico integral junto aos agricultores familiares, com projetos que vão da lavoura à organização e gestão financeira da propriedade

A Cooperafi produz 12 toneladas de polpas de fruta por mês

Hortaliças de qualidade produzidas pelos agricultores associados da Cooperafi

Page 16: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 201214

A Cooperativa de Habitação Rural da Bahia

(Coopehabitar) ainda não completou dois

anos de funcionamento, o que acontecerá em

janeiro de 2013, mas já vem demonstrando na

prática sua importância para viabilizar moradias

para agricultores familiares. A cooperativa possui

200 associados, com previsão de chegar à casa

dos 500 ainda em agosto deste ano, tendo em

vista o volume de novas moradias para constru-

ção que está em análise para contratação junto

à Caixa Econômica Federal (CEF), informa seu

presidente, Rosival Leite .

O dirigente informa que a Coopehabitar já

entregou, neste ano, 134 moradias construídas

por meio do Programa Nacional de Habitação

Rural (PNHR), da Caixa Econômica. “Estas

moradias têm um subsídio de 96% do seu valor

total custeado pelo Programa. Como estas casas

tiveram um custo de cerca de R$ 15 mil, o agri-

cultor familiar pagará somente 4% do valor total,

o que corresponde, hoje, a R$ 600,00”, informa.

Estas unidades habitacionais têm 52 m² e cinco

cômodos. Paralelamente, está em andamento a

construção de 130 moradias em áreas de assen-

tamento da reforma agrária, contratadas por meio

do Incra, informa Leite.

O presidente da Coopehabitar informa tam-

bém que está em análise a construção de 1200

novas unidades habitacionais em diferentes muni-

cípios baianos. Cada uma destas novas moradias

tem o custo de R$ 25 mil e o agricultor familiar

também pagará 4% do valor total. “A realização

do sonho da casa própria resulta da união de uma

série de parceiros locais, além do suporte conce-

dido a nós pela Unicafes”, diz. Para o dirigente,

o trabalho das cooperativas do ramo habitação

é importante porque desburocratiza o processo

junto aos órgãos financiadores. “A cooperativa

se responsabiliza pela elaboração técnica dos

projetos, pela captação dos recursos e pela cons-

trução. Temos também a expertise de entender o

agricultor e sua realidade, principalmente porque

o cooperativismo atua em várias áreas junto aos

produtores familiares”, diz.

Habitação

Um lugar para morar

Moradias construídas por meio do Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR), junto à Caixa Econômica Federal, nos municípios baianos de Presidente Tancredo Neves e Araci

Page 17: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Destaque julho/agosto 2012 15

O desafio que se impõe para as cooperativas

de agricultura familiar não é diferente daquele que

se apresenta também para os diversos segmentos

produtivos da sociedade. É preciso ampliar e reciclar

os conhecimentos, capacitando dirigentes, funcio-

nários e o quadro social das cooperativas, de forma

a atuarem com autonomia e participação efetiva no

mercado. “As pessoas na agricultura familiar estão

se qualificando por meio da prática cotidiana nas

cooperativas e, também, por meio de cursos. Para

isso, temos parcerias com diversas entidades do

setor e, também, dos governos federal e estadual”

informa o presidente da Unicafes, Luiz Possamai.

O ramo do crédito conta desde 2006 com o

Instituto de Formação do Cooperativismo Solidário

(Infocos), criado pela Cooperativa Central de Cré-

dito Rural com Interação Solidária - Central Cresol

Baser. Da sua criação, até hoje, cerca de 5 mil

pessoas já participaram de diversos cursos promo-

vidos pelo Instituto, informa seu diretor-financeiro,

Alzimiro Thomé. O Infocos realiza cursos para

dirigentes, conselheiros fiscais e de administração,

colaboradores e formação de líderes, entre outros.

Em pauta, temas como gestão financeira, política

e cooperativismo solidário. Os cursos do Infocos

Conhecimento para crescer

Os cursos abrangem temas como gestão financeira, política e cooperativismo solidário

estão em sintonia também com as novidades do

mercado e as normas do Banco Central, instituição

que regulamenta o cooperativismo de crédito, res-

salta Thomé. “A liberação dos produtos do crédito

solidário, que são captados junto ao BNDES, devem

estar em acordo com a realidade e a identidade de

cada tomador”, diz.

Para os colaboradores que estão na linha de

frente da cooperativa, como caixas e analistas de

negócios, os cursos focam no atendimento. “Ofe-

recemos os mesmos serviços financeiros que as

demais instituições financeiras. Nosso diferencial

está em que oferecemos serviços e produtos do

crédito solidário, orientados para a qualidade, produ-

tividade e sustentabilidade da agricultura, de forma

que os resultados possam reverter na melhoria da

qualidade de vida dos agricultores familiares”, diz.

O Instituto vem investindo também na for-

mação de dirigentes e colaboradores com terceiro

grau. Para isso, realiza convênios com universida-

des, possibilitando a qualificação profissional nas

áreas específicas de atuação, com cursos de pós-

-graduação em cooperativismo solidário.

Vários programas são desenvolvidos pelo

Instituto. Entre eles, o programa “Um olhar para o

futuro”, que promove a interação entre escolas e

cooperativas, com subsídios diversificados para a

formação de crianças.

Juventude no campoMuitos jovens têm abandonado o campo em

busca de oportunidades de uma vida melhor nas

cidades. Esse êxodo poderá repercutir, no futuro,

na falta de pessoas para dar continuidade às la-

vouras da agricultura familiar. Ao mesmo tempo,

essa saída dos jovens das comunidades de origem

se configura, muitas vezes, como uma “ilusão”, na

medida em que, em muitos casos, não se obtém

o êxito desejado na realidade urbana. É preciso

ampliar a consciência de que o campo é um es-

paço que pode proporcionar as condições para o

desenvolvimento e realização pessoal.

Esse cenário precisa ser debatido com os

próprios jovens, no sentido de se buscar soluções e

alternativas para que permaneçam no campo. Para

isso, a Unicafes criou, no final de junho deste ano,

a Secretaria Nacional da Juventude. “Essa secretaria

funcionará na prática como um canal para a expres-

são da juventude, colocando em discussão a aborda-

gem de como o cooperativismo pode contribuir para

a permanência dos mais jovens no campo. E não falo

aqui somente dos aspectos financeiros. Essas discus-

sões vão abranger as questões culturais, de lazer e

entretenimento nas próprias comunidades”, explica o

secretário da nova entidade, Jacionor Ângelo Pertille.

O primeiro passo nesse trabalho, explica, será

a implantação de mecanismos de participação da

juventude nas cooperativas e organizações da

agricultura familiar, por meio de ações da nova

secretaria. Para Alcidir Mazutti, “a juventude re-

presenta as sementes que vão gerar frutos para o

fortalecimento da humanidade. Defender esse seg-

mento da sociedade e trabalhar pela sua inclusão

nos processos de governança social são desafios

mas, também, uma oportunidade magnífica para a

sociedade brasileira”, pondera.

O Infocos realiza cursos diversos para dirigentes, conselheiros e colaboradores das

cooperativas de crédito

Page 18: Gestão Cooperativa #56

Crédito

Gestão Cooperativa Crédito julho/agosto 201216

Cooperativas de crédito lançam cartões de crédito próprio para fidelizar associados

POR RamOn Paiva FOtOs DivULGaÇÃO

As cooperativas de crédito, no Brasil, cada vez mais

se estruturam para trabalhar de forma autônoma,

qualificada e profissionalizada. Entre as medidas para

atingir essas metas está a melhoria dos serviços

prestados, dentre eles, a oferta de cartões com crédito

próprio, ou seja, com bandeira própria.

Atentas à movimentação das cooperativas, em-

presas buscam trabalhar em parceria e disponibilizar

tecnologias que viabilizem e facilitem a oferta de

serviços pelas cooperativas de crédito. “A criação

de cartões com bandeira própria já é uma prática

que ganha força no mercado cooperativista”, diz

Daniel Chaves Rezek Ferreira, diretor-presidente

da Fácil Informática.

Sendo uma empresa de tecnologia especiali-

zada em soluções para instituições que atuam no

mercado de crédito, a Fácil Informática trabalha

desde 2008 no desenvolvimento de um sistema

integrado para dar robustez à gestão e processa-

mento do cartão de administradoras que utilizam

rede e bandeira própria. Utilizando esta solução,

a Cooperativa de Economia e Credito Mútuo dos

Funcionários da Associação Congregação de Santa

Catarina (Coopercredi ACSC) criou para os seus

cooperados em 2011 o Coopercredi ACSC Card.

Desde o início, este novo produto foi bem recebido

pelos associados. “Os associados gostaram, pois

era um benefício novo e não está vinculado à folha.

Nossos produtos, antes do cartão, eram sempre

descontados em folha”, relata Alberto Luis Alves,

contador da cooperativa.

O Coopercredi ACSC Card oferece inúmeras

vantagens, pois é ofertado sem consulta ao SPC

ou ao Serasa; possui limite maior do que em folha;

maior prazo de pagamento, juro mais baixo – sendo

o rotativo de 3%; não incidem juros nas compras

parceladas pelos lojistas; e oferece melhores

descontos ao associado. O lançamento do cartão

possibilitou à Coopercredi ACSC oferecer novos

serviços. “Firmamos convênios com farmácias e

restaurantes, entre outros”, revela Alves. A meta,

agora, é estender o serviço aos cooperados de

outros estados.

O sistema desenvolvido pela Fácil Informática

permite que a cooperativa preste um amplo servi-

ço, de forma profissional e confiável. Emissão de

cartões, captura e processamento de transações,

compensação e liquidação, além de convênios,

tudo isso pode ser efetuado diretamente pela

cooperativa. Em relação aos produtos, o referido

sistema pode, ainda, operar cartão de crédito dispo-

nibilizando serviços como saque e crédito rotativo,

cartão convênio, cartão benefício, cartões pré-pagos,

cartão combustível e private-label. O sistema utiliza

tecnologias modernas e usa o máximo possível dos

recursos da web para reduzir custos e ser eficiente

no atendimento aos portadores do cartão.

do projeto (Entrar em contato com a desenvol-

vedora do sistema).

•Definir o projeto: criação da bandeira, material

de publicidade e arte do cartão, estabelecer

convênios e realizar credenciamentos.

• Implantar um projeto piloto para teste e ajustes

de toda a estrutura prevista.

• Lançar o cartão com ações de publicidade e

promoções.

• Estimular o consumo, acompanhando a acei-

tação do projeto e do cartão e mantendo as

campanhas de marketing.

Para operar cartão de crédito com bandeira própria as cooperativas devem:

www.facilinformatica.com.br

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Telefax: + 55 (31) 3319-1900

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Serviço

Page 19: Gestão Cooperativa #56

Vincerea s s o c i a d o swww.vincereassociados.com.br

e constrói um mundo melhorQuem coopera cresce

CC CPERAÇÃO

Page 20: Gestão Cooperativa #56

Cooperativismo

Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 2012 Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 201218 19

Partindo do princípio de que o cooperativismo

é o melhor caminho para reunir meio ambien-

te, crescimento econômico e inclusão social, o

pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa,

Júlio Aurélio Vianna Lopes, lançou o livro “Coo-

perativismo Contemporâneo: Caminho para

Sustentabilidade”. O livro, que teve apoio da

Organização das Nações Unidas (ONU),

foi lançado no dia 30 de maio e a obra

em inglês foi distribuída gratuitamente

pelo Serviço de Aprendizagem do

Cooperativismo do Rio de Janeiro

(Sescoop/RJ) na Rio+20, Confe-

rência das Nações Unidas sobre

Desenvolvimento Sustentável,

realizada entre os dias 13 e 22

de junho, na capital

carioca. O

trabalho tem como objetivo divulgar e fortalecer o

cooperativismo no país e no mundo.

Segundo o pesquisador, para se alcançar o

desenvolvimento sustentável é necessário pro-

mover a cooperação. “O meu trabalho tinha foco

científico, mas me tornei cooperativista

durante a pesquisa. Fui dirigente ecoló-

gico, pesquisador na área ambiental

e cheguei ao cooperativismo pela

sustentabilidade. Insatisfeito com

as questões técnicas, me questio-

nava sobre a forma de se chegar

ao desenvolvimento sustentável

sem uma mudança do modo de

vida. O problema atual é o excesso

da competição no cenário mundial.

Não é que somos contra a competição,

mas sim contra o excesso. Não

adianta apenas controlar

a competição, mas

é necessário pro-

mover a cooperação

de interesses. Dessa

forma, cheguei ao co-

operativismo, pois é

um movimento que

propõe que o merca-

do seja cooperativo

e não apenas com-

petitivo”, explica o

pesquisador.

O primeiro

bloco do livro

traz pesquisas

teóricas base-

adas no livro

de Robert Owen (1771 – 1858), considerado

o pai do cooperativismo. Robert Owen e seus

seguidores elaboraram uma ideologia que apon-

tava, na cooperação, uma força de transformação

social. Para Owen, a racionalidade da cooperação

era a fórmula mais conveniente para a sociedade,

uma vez que cooperar acarreta menos custos que

competir. O livro traz ainda um estudo dos sete

princípios cooperativistas.

Na obra, o pesquisador Júlio Aurélio elabora o

índice de cooperatividade, trazendo um panorama

sobre o cooperativismo em 94 países. Esses países

foram escolhidos por terem se filiado a movimen-

tos cooperativistas mundiais. “Primeiramente,

questionei: o que acontece onde a cooperação

de interesses é dominante, onde as cooperativas

dominam a economia? Verifiquei que em apenas

13 países o cooperativismo é dominante. No

ranking dos países, a Finlândia lidera, seguida

de Holanda, Noruega, Suíça, Dinamarca, Suécia,

Singapura, Japão, Canadá, Coreia do Sul, Áustria,

Nova Zelândia e Austrália. Nesses países, é pos-

sível verificar os melhores índices sociais, menor

desigualdade, maior preservação ambiental, ou

seja, num conjunto, eles são os melhores países.

Neles, há cooperativas até para produção de ener-

gia, sobretudo as renováveis”, salienta.

O pesquisador mostrou que os bons resul-

tados nos 13 países se dão a partir de políticas

de governo e uma bem estruturada lei geral, que

traz os princípios do movimento cooperativista.

Segundo Júlio Aurélio, os governos dão apoio e

subsídios na formação de cooperativas e também

no funcionamento delas. Outro fato observado é

que esses países têm situações adversas, como

invernos rigorosos e, talvez, esses fatores levam

é o caminho para a sustentabilidadePesquisador publica livro sobre a cooperação como meio de transformação da sociedade

POR maiana neves FOtOs aRQUivO PessOaL

Júlio Aurélio Vianna Lopes, pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa

Cooperativismo

Page 21: Gestão Cooperativa #56

Cooperativismo

Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 2012 Gestão Cooperativa Cooperativismo julho/agosto 201218 19

População Mercados

1-Finlândia 65% 75%

2-Holanda 60% 65%

3-Austrália 58% 60%

4-Suíça 52% 57%

5-Singapura 50% 54%

6- Noruega 47% 52%

7- Japão 46% 48%

8-Áustria 46% 48%

9-Suécia 43% 45%

10-Coreia do Sul 43% 45%

11-Dinamarca 40% 50%

12-Canadá 40% 42%

13-Nova Zelândia 40% 40%

Fonte: Livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabi-lidade”, pg 83 e 85 a 88

as comunidades a serem mais unidas e priorizarem

ações cooperativistas.

O livro faz parte das ações do Ano Internacio-

nal das Cooperativas, instituído pela ONU, e tem

como objetivo relançar o movimento cooperativista,

levando a nação em geral a fazer uma reflexão do

cooperativismo, uma vez que ele pode se ampliar

muito mais no Brasil e no mundo. O trabalho do Júlio

Aurélio traz ainda dois dados importantes: em 70%

dos países que participaram da pesquisa, as coope-

rativas já são vitais para a produção de alimentos.

Além disso, em 35% desses países a produção de

energia já é dependente das cooperativas.

Para o pesquisador, o Brasil está na contra-

mão dos 13 países que lideram o ranking onde o

cooperativismo deu certo. Comparado aos países

industrializados da América Latina, o Brasil foi o que

apresentou os piores resultados. Além disso, dentro

de uma lista de países emergentes, o Brasil ficou

em último lugar. “Infelizmente, o Brasil se situou

como o de menor cooperatividade (menos de 5%

da população), superado pela Argentina. A razão se

deve à falta de políticas públicas de desenvolvimento

sustentável”, ressalta o pesquisador.

Segundo a pesquisa, o Brasil é o único país

entre as 20 maiores economias mundiais que não

substituiu a lei de cooperativas. A lei brasileira, criada

em 1971, tem caráter essencialmente burocráti-

PAÍSES DE ALTA COOPERATIVIDADE

(COOPERADOS E NEGÓCIOS)

COOPERADOS 1ºLEI ATUAL

EUA 25% 1978 2008

China 14% 1979 2007

Japão 46% 1900 1950

Alemanha 25% 1889 2003

França 38% 1901 2002

Itália 37% 1882 2003

Grã-Bretanha 23% 1852 2010

Brasil 5% 1971 1971

Índia 26% 1904 2002

Rússia 40% 1988 2006

Indonésia 38% 1958 1999

Coreia do Sul 43% 1980 2006

Turquia 12% 1969 2001

Canadá 40% 1970 1998

África do Sul 10% 2004 2005

México 10% 1938 1990

Arábia Saudita 1% 1961 1961

Argentina 23,5% 1973 1986

Austrália 59% 1910 1982

Fonte: Livro “Cooperativismo Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”, pg 101 a 107

COOPERATIVISMO E MARCOS LEGAIS

(MAIORES PIBs MUNDIAIS)

A receita para o Brasil e para o mundo é ter uma lei geral das cooperativas bem estruturada. Isso porque o cooperativismo irá superar o capitalismo. Este processo será inevitável, pois só as práticas cooperativistas trazem a sustentabilidade”

co. “Para virar

este jogo, são

necessá r i as

uma boa lei

geral e focali-

zação de ver-

bas públicas

na formação

das coopera-

tivas”, analisa

o pesquisador.

Apesar do atu-

al cenário, Júlio Aurélio ainda acredita nas coope-

rativas brasileiras, uma vez que elas dobraram a

partir do ano de 2000, sendo a maioria nos ramos

de consumo e de crédito. A maior concentração

das cooperativas está nas regiões Sul e Sudeste,

mas a tendência é aumentar cada vez mais. As

cooperativas de reciclagem, por exemplo, existem

em praticamente todo o território nacional e as

cooperativas sociais podem ser a solução para

indivíduos em desvantagem social.

O pesquisador vê a ne-

cessidade de mudanças no

Brasil, pois o governo, ao

invés de incentivar a formação

de cooperativas, acaba buro-

cratizando a formação delas.

“A receita para o Brasil e para o mundo é ter uma

lei geral das cooperativas bem estruturada. Isso

porque o cooperativismo irá superar o capitalismo.

Este processo será inevitável, pois só as práticas

cooperativistas trazem a sustentabilidade”, finaliza

Júlio Aurélio Vianna Lopes. O livro “Cooperativismo

Contemporâneo: Caminho para Sustentabilidade”

pode ser adquirido gratuitamente pelo telefone do

Sescoop/RJ: (21) 2232-0133.

Page 22: Gestão Cooperativa #56

Especial

Gestão Cooperativa Especial julho/agosto 201220

Com foco na sustentabilidade da produção agro-

pecuária e na importância do cooperativismo,

a Agrobrasília 2012, realizada entre os dias 15 e

19 de maio, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci,

instalado no Programa de Assentamento Dirigido

do Distrito Federal (PAD-DF), alcançou recordes

quanto ao volume de negócios e de visitantes. Isso

porque foram fechados, nesta quinta edição, R$ 400

milhões em negócios, volume 88% superior ao de

2011. O evento recebeu 77 mil pessoas durante os

cinco dias da feira e o total de expositores chegou

a 370. Além dos números impressionantes, a feira

demonstrou o amplo potencial e a credibilidade

que tem com a presença maciça de instituições

governamentais, organizações sociais, cooperativas,

autoridades e representantes do setor agrícola.

O presidente da Cooperativa Agropecuária da

Região do Distrito Federal (Coopa-DF), Leomar

Cenci, comemorou o sucesso da feira. “Os exposi-

tores vieram mais motivados, com estandes mais

robustos, com mais novidades pra mostrar. Os

bancos atingiram suas expectativas já no segundo

ou terceiro dia da feira. Além do volume de negócios,

a parte política foi um item importante. Essa era a

credibilidade de que precisávamos”, destacou o

presidente da Coopa-DF.

Para o coordenador-geral da Agrobrasília,

Ronaldo Triacca, a feira não cresceu apenas em

negócios, mas também em diversidades tecnoló-

gicas. “É muito importante ressaltar que, apesar

de todo esse volume de negócios, a feira cresceu

muito também em diversidade de tecnologias.

Destaco algumas como as 13 rotas tecnológicas

implantadas pela Emater-DF no Espaço de Va-

lorização da Agricultura Familiar (EVAF), a área

demonstrativa do sistema de produção integração

Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e a presença

do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), com

diversas tecnologias de máquinas de Plantio Direto

para a agricultura familiar”, ressaltou.

Várias comitivas estrangeiras visitaram a Agro-

brasília 2012, como representantes da Embaixada

da China no Brasil, além de 20 embaixadas afri-

canas que visitaram a feira para conhecer o êxito

da experiência agropecuária no cerrado brasileiro.

Além disso, a presença de cooperativas do Paraguai,

Uruguai e Argentina para encontros de integração

produtiva com entidades brasileiras demonstrou

a força internacional da feira e a capacidade de

exportação do sucesso agrícola do Brasil. “Cres-

cemos em diversidade de tecnologias, crescemos

Superando expectativas, Agrobrasília mostra o potencial agrícola do DF para o mundo

POR ReDaÇÃO FOtOs tiaGO OLiveiRa

Agrobrasília 2012, realizada entre os dias 15 e 19 de maio, movimentou R$ 400 milhões em negócios

Page 23: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Especial julho/agosto 2012 21

politicamente e também socialmente. Chegamos

a um nível em que podemos receber muito mais

estrangeiros. Vamos buscar apoio para que isso

aconteça”, acrescentou Ronaldo Triacca.

O governador Agnelo Queiroz, que participou

da abertura da feira, ressaltou a importância da Agro-

brasília na viabilização do conhecimento das novas

tecnologias agrícolas e do acesso ao crédito rural.

Para ele, a feira cumpre papel fundamental para o

desenvolvimento da atividade agropecuária do DF

e Entorno de forma sustentável, pois possibilita aos

produtores aplicarem nas propriedades as novidades

apresentadas durante os cinco dias do evento. “A

Agrobrasília é um coroamento do nosso desenvolvi-

mento rural. É o momento de apresentar um outro

lado do Distrito Federal pouco conhecido no Brasil.

É muito conhecido por ser a capital administrativa,

mas é mais do que isso. É centro produtor, com alta

produtividade, com alta tecnologia, e que tem na

sua área rural o sustentáculo da qualidade de vida

para as cidades”, destacou.

Estandes vigorosos, crédito abundante e mo-

vimento intenso de clientes. A combinação desses

fatores demonstra o grande investimento e a con-

fiança das instituições financeiras na Agrobrasília

2012 e o retorno satisfatório que todas tiveram no

evento. Os resultados superaram todas as expec-

tativas dos diretores bancários. Juntos, Banco do

Brasil (com R$ 240,9 milhões), BRB (com R$ 110

milhões), Sicoob (com R$ 24 milhões) e Sicredi

(com R$ 8 milhões) movimentaram quase R$ 400

milhões na feira.

O bom momento da agricultura no Planalto

Central contribuiu para o salto no número de

financiamentos. Junto aos resultados da safra e a

excelente organização da feira, os juros menores e

a ajuda do Governo Federal (como a prorrogação

das condições especiais das linhas do BNDES

PSI) garantiram as negociações extraordinárias

alcançadas pelos bancos que avalizaram contratos

para custeio, investimento e também compras para

a agricultura familiar.

Instituições bancárias alavancam negócios na Agrobrasília

Mais de 15 mil pessoas passaram pelo Espa-

ço de Valorização da Agricultura Familiar (EVAF)

durante os cinco dias da Agrobrasília 2012. Foram

registrados na recepção do EVAF mais de 5,8 mil

agricultores familiares de vários estados, como

Goiás, Minas Gerais, Alagoas, Bahia, Maranhão,

Pará, Paraíba, Piauí, Sergipe e Tocantins, além do

Distrito Federal.

Os agricultores familiares puderam conhecer

diversas tecnologias de baixo custo apresentadas

em cada uma das 13 rotas do EVAF. As rotas das

Hortaliças, Flores, Leite e Agroecologia, onde foi

lançado o Projeto SABIA - Sistemas Agroflorestais

Biodiversos para Inclusão de Agricultores - ficaram

entre as mais visitadas. Essas duas buscaram

demonstrar tecnologias aplicáveis desde o mo-

mento da produção a campo, passando pelas Boas

Práticas Agrícolas na colheita e pós-colheita, com

a participação da Embrapa, até o processamento

dos produtos e chegando ao consumidor final em

feiras e mercados.

Todas as rotas buscaram o foco na geração de

renda ao agricultor familiar e mostrar o processo de

produção de forma abrangente. Na rota do Peixe,

por exemplo, um caminhão refrigerado do Mercado

do Peixe possuía espaço para comercialização

dos pescados.

No total, considerando que o mesmo produtor

foi atendido em diferentes rotas, o EVAF registrou

cerca de 80 mil atendimentos a agricultores fami-

liares, o que demonstra o alcance do espaço em

difusão de tecnologias.

O produtor Antônio de Pádua da Silva Cortes,

do núcleo rural Taquara (região administrativa

de Planaltina-DF), gostou da Agrobrasília pela

diversidade de temas. “Tivemos a oportunidade de

Espaço de Valorização da Agricultura Familiar

ver e aprender sobre vários tipos de produção: grãos,

hortaliças e piscicultura, além das novidades em má-

quinas e implementos”, afirmou. Segundo Cortes, que

planta tomate, pimentão, pepino e abóbora-menina, há

a possibilidade de criar peixes em sua propriedade, como

complemento de renda. “Conversei com a instrutora da

Emater-DF sobre o assunto e estou pensando em usar

um dos meus três reservatórios de irrigação para co-

meçar a atividade. Se der dinheiro, vou adotar”, planeja.

O evento recebeu a visita de várias comitivas estrangeiras A feira reuniu 77 mil pessoas no Parque Ivaldo Cenci

Mais de 15 mil pessoas passaram pelo EVAF

Page 24: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Especial julho/agosto 201222

Cerca de 50 cooperativas brasileiras parti-

ciparam da Agrobrasília 2012. O evento

contou ainda com a presença de cooperativas do

Paraguai, Uruguai e Argentina que, juntamente

com as brasileiras, estavam distribuídas entre

os pavilhões do Cooperativismo e do Projeto

Rota da Cooperação (Rotacoop). A agenda

cooperativista da feira foi marcada por diversas

ações de intercooperação e debates, a fim de

celebrar o Ano Internacional das Cooperativas.

Durante a Agrobrasíl ia, foi realizado o

Fórum de Intercooperação de Negócios das

Cooperativas do Mercosul, onde as cooperativas

de todas as regiões do país e as estrangeiras

mostraram seus trabalhos e experiências. O fó-

rum foi realizado no Pavilhão do Cooperativismo,

espaço coordenado pelo Departamento de Coo-

perativismo e Associativismo Rural(Denacoop)

do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-

tecimento (Mapa). O pavilhão contou com a

participação de 32 cooperativas, sendo seis de

países sul-americanos: Argentina (2), Uruguai

(2) e Paraguai (2).

Além disso, representantes de cooperati-

vas, governos e de entidades de representação

privada do cooperativismo do Mercado Comum

do Sul (Mercosul) participaram da Reunião Espe-

cializada de Cooperativas do Mercosul (RECM),

durante a Agrobrasília. O encontro versou sobre

integração produtiva e intercooperação. Durante

a reunião, os participantes conheceram parcerias

de êxito, como a cadeia de garrafas pet, com

a participação de cooperativas do Brasil e do

Uruguai. “Queremos motivar a replicação de

casos como esse. As garrafas são recicladas e

POR maiana neves FOtOs RamOn Paiva e tiaGO OLiveiRa

Cooperativas estreitam relações na Agrobrasília 2012

transformadas em polietileno e, posteriormente,

em tecido”, explicou Evandro Scheidt Ninaut,

coordenador executivo da Oficina de Negócios

do Mercosul.

Outro evento realizado na Agrobrasília foi

o Encontro das Cooperativas do Mercosul que

reuniu representantes do cooperativismo do

Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. O encontro

teve como objetivo ampliar as discussões sobre

o crescimento do cooperativismo nos países e fa-

zer um intercâmbio de experiências. Participaram

do encontro os representantes cooperativistas:

Roberto Marazi (Brasil), Santiago Lazzarini

(Argentina), Eduardo Velenzuela (Paraguai) e

Gastón Rico (Uruguai).

Segundo Roberto Marazi, presidente do

Sistema OCDF-Sescoop/DF, a Agrobrasíl ia

vem destacar a importância das cooperativas

brasileiras. “Já existe uma ação do Ministério da

Agricultura e da Organização das Cooperativas

Brasileiras (OCB) para que haja essa troca de

experiência. As reuniões das cooperativas do

Mercosul vêm acontecendo e há uma sinergia

como política de governo para esta intercoo-

peração entre as cooperativas do Mercosul.

Este encontro é uma oportunidade de conhecer

a realidade deles e podermos mostrar o que

produzimos aqui no Brasil”, destacou Marazi.

Para Eduardo Velenzuela, representante do

Paraguai, o país está muito inserido no coope-

rativismo. “Temos no país 650 cooperativas e

os cooperados estão na prática dos princípios

cooperativistas. Este encontro é muito positivo,

pois prova que estamos dando passos reais

para a prática do cooperativismo”, afirmou

Velenzuela. Ao final do encontro, foi realizado

um debate onde foram feitas propostas para o

fortalecimento das cooperativas do Mercosul.

Pavilhão do Cooperativismo reuniu cooperativas brasileiras e estrangeiras

O Projeto Rota da Cooperação (Rotacoop)

tem como objetivo criar uma central nacional de

cooperativas e profissionalizar a gestão das enti-

dades para atender aos beneficiários do Programa

Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

(Pronaf), Brasil sem Miséria e integrar a produção

brasileira. Na Agrobrasília, o pavilhão Rotacoop

recebeu as 15 cooperativas integrantes do projeto

que debateram, com os ministérios da Integração

Nacional, Desenvolvimento Agrário e Agricultura,

ações para fortalecer o cooperativismo por meio de

acordos de cooperação, e apresentaram o Rotacoop

às outras cooperativas e ao país. “A Agrobrasília é

o melhor espaço das feiras nacionais para mostrar

o que você é e prospectar o que você quer comer-

cializar”, avaliou Luciano Monteiro, presidente da

Cooperativa Agropecuária Regional de Palmeira dos

Índios (Carpil). O Espaço da Agricultura Familiar

(EVAF) teve doze rotas produtivas, todas ligadas

ao cooperativismo.

Projeto Rota da Cooperação

O pavilhão Rotacoop recebeu as 15 cooperativas integrantes do projeto

Page 25: Gestão Cooperativa #56

Gestão Cooperativa Especial julho/agosto 2012 23

Agrobrasília reuniu cooperativas de todo país

Estande da Agrofrut da Amazônia na Agrobrasília

A Cooperativa Agrofrutífera dos Produ-

tores de Urucará (Agrofrut), formada há 12

anos, participou da Agrobrasília 2012 e contou

com um estande no Pavilhão do Cooperativis-

mo. A Agrofrut atende, atualmente, o mercado

local, estadual e da Europa (Itália e França).

“Nosso produto de escala comercial é o

guaraná em pó e em grão. Aqui na Agrobrasília,

procuramos mostrar o trabalho da cooperativa,

já que no Norte do país o cooperativismo

ainda não é tão forte, mas compreendemos

que a nossa cooperativa já se consolidou.

Começamos com 29 cooperados, hoje somos

50”, afirmou o presidente da cooperativa,

Antônio Carlos.

Segundo o presidente da Agrofrut, o mer-

cado maior é o local, pois na região existem

duas fábricas de refrigerante que detêm 85%

da produção da cooperativa. “Também expor-

Agrofrut: uma história de sucesso

A Cooperativa de Artesãos do Pará Ama-

zônia (Cooarpam) participou pela primeira

vez da Agrobrasília. A cooperativa, que possui

24 artesãos de várias regiões do estado, co-

mercializa o trabalho dos cooperados, dentre

bolsas, brincos, balaios, enfeites, entre outros.

“A nossa participação na Agrobrasília foi

muito importante, pois mostramos o nosso

trabalho para as pessoas de várias partes do

país. O convite foi feito pela Organização das

Cooperativas Brasileiras (OCB) para repre-

sentarmos o estado do Pará”, afirmou Galileu

Alves, diretor administrativo da Cooarpam,

ressaltando que a cooperativa realiza exposi-

ção mensal em um shopping de Belém para

divulgar o trabalho dos cooperados.

Cooarpam apresenta o artesanato do Pará

A Cooperativa Agropecuária Regional de Pal-

meira dos Índios (Carpil), formada há 33 anos, conta

com mais de 1.600 cooperados que atendem a 46

cidades de Alagoas e produzem hortaliças, frutas,

mel, castanha de caju, derivados do leite, codorna

e algumas especiarias, como a carne de sol, o

sarapatel e a buchada, feitas com galinha caipira. A

Carpil participou pela primeira vez da Agrobrasília.

“Há 15 anos, participamos de eventos no

Paraná, mas aqui no Distrito Federal é a primeira

vez. Ficamos muito satisfeitos com a aceitação

dos nossos produtos na feira. Nos próximos

anos, estaremos aqui novamente”, afirmou Flávia

Ferreira, cooperada da Carpil.

Carpil representa Alagoas na Agrobrasília

Estande diversificado da Carpil - Alagoas

tamos nosso produto. A exportação começou a

crescer depois que conseguimos a certificação.

Exportamos guaraná para a Europa”, explicou

Antônio Carlos, ressaltando que a Agrofrut abriu

as portas para a criação de cooperativas de ou-

tros ramos e vem contribuindo para a melhoria

de vida da comunidade. “Conseguimos resgatar

o preço do guaraná, um preço mais justo e ago-

ra as pessoas têm uma melhor condição de vida

a partir do trabalho da cooperativa”, finalizou.

Artesanato do Pará é apresentado durante a feira

Page 26: Gestão Cooperativa #56

Eventos

Gestão Cooperativa Eventos julho/agosto 201224

O melhor acontecimento de 2012 está perto de começarPOR ReDaÇÃO FOtO DivULGaÇÃO

As atividades cooperativistas estão aquecidas em

âmbito global e a cada dia é nítida a certeza

que as cooperativas de crédito contribuem, em

larga escala, para construir um mundo melhor.

Essa realidade vem sendo reforçada ao longo das

8 edições do CONCRED – Congresso Brasileiro do

Cooperativismo de Crédito, o qual sempre levanta te-

mas discursivos que remetem ao constante e árduo

progresso das organizações cooperativas de crédito.

A última edição tratou da sustentabilidade nos ne-

gócios do cooperativismo de crédito. Debates foram

desenvolvidos, problemas identificados, soluções

acertadas e já praticadas. Agora nesta 9ª edição

do evento, novos assuntos serão abordados, mas

também temas já conhecidos e que necessitam ser

mais explorados com discussões bem produtivas.

Na programação do CONCRED deste ano,

estão confirmados renomados palestrantes, dentre

líderes do cooperativismo de crédito mundial, tais

como Charles Gould, diretor geral da Aliança Coo-

perativa Internacional – ACI, que falará sobre “O Ano

Internacional do Cooperativismo - Como as Coope-

rativas de Crédito Constroem um Mundo Melhor”.

Também terá a participação do palestrante Ramón

Imperial Zúñiga, presidente da Aliança Cooperativa

Internacional para as Américas, ACI Américas, e

diretor-geral da Caixa Popular Mexicana, ele expli-

cará a forma de atuação desta, que é a segunda

maior cooperativa de crédito da América Latina.

Além das atrações internacionais, o 9º CON-

CRED contará com a participação de renomados

líderes cooperativistas brasileiros que palestrarão

sobre importantes e atuais assuntos, tais como as

novas questões da sustentabilidade para os negócios

cooperativistas de crédito, tema que daqui pra frente

toda cooperativa de crédito precisará estar atenta.

Atualmente, segundo a nova resolução do BACEN

– Banco Central do Brasil, todas as instituições

financeiras, nisso inclui as cooperativas de crédito,

têm a obrigação de gerir seus negócios de maneira

sustentável, ao passo que pratiquem políticas de

responsabilidade socioambiental nas atividades

corporativas do dia a dia. Esse tema ainda é muito

repercutido, isso porque não é simples realizar e fixar

ações sustentáveis dentro da rotina das cooperativas

de crédito, nem de qualquer outra organização.

O 9º CONCRED vem em 2012 levantar a

bandeira do Ano Internacional das Cooperativas,

como sistema socioeconômico construtor de

um mundo melhor. Será realizado na Capital

Nacional do Cooperativismo. Sua programação

está imperdível, com 3 dias (21, 22 e 23

de agosto) de ricos debates, novas barreiras

identificadas, e a descoberta de soluções que

deverão ser praticadas. Os passaportes para o

evento serão mantidos nos valores do 3º lote,

em R$ 1.120,00 para as filiadas à Confebras e

de R$ 1.400,00 para não filiadas, esse é mais

um incentivo para quem ainda não adquiriu o

seu lugar no maior evento do cooperativismo

de crédito brasileiro.

Garantir a participação no 9º CONCRED é mais

do que ter acesso a uma preciosa programação

de tamanha relevância e pertinência, é vivenciar o

clímax das celebrações do Ano Internacional das

Cooperativas no Brasil em sintonia com o mundo.

Essa é a edição do CONCRED que ficará marcada

na vida dos participantes como o melhor aconteci-

mento do ano.

9º CONCRED - Edição especial do Ano Internacional das Cooperativas

Page 27: Gestão Cooperativa #56

Espaço Ascesa

Gestão Cooperativa Espaço Ascesa julho/agosto 2012 25

POR LUiz caRLOs cenci FOtO DivULGaÇÃO

A Associação dos Colaboradores das Entidades

do Sicoob e Afins (Ascesa) realizou, no dia

20 de julho, seu 1º Arraiá. O evento, que teve a

presença de cerca de 400 convidados, contou com

comidas típicas e com a banda Sideral na animação

da festa. “Esse é o primeiro arraiá que nós estamos

realizando. A nossa expectativa é dobrar o número

de pessoas no ano que vem”, afirmou o presidente

da Ascesa, Neilton dos Santos Barbosa.

A Ascesa é uma associação que defende os

interesses dos funcionários, sócios e colaboradores

das entidades do Sicoob. A Associação mantém

convênios com a Fundação Getúlio Vargas (FGV),

Universidade Católica, Pousada do Rio Quente, TAM,

entre outras. “A Associação nasceu com o propósito

de trazer benefícios para todos os funcionários das

cooperativas do Sicoob e empresas parceiras que

prestam serviços“, explicou Barbosa.

Ascesa realiza arraiá para associados

Os convidados se divertiram ao som da banda Sideral que animou a festa com muito forró

Page 28: Gestão Cooperativa #56

Meio Ambiente

Gestão Cooperativa Meio Ambiente julho/agosto 201226

O Rio de Janeiro, dos dias 13 a 22 de junho, foi

palco da Conferência Para o Desenvolvimento

Sustentável, Rio+20. O evento, uma iniciativa da

Organização das Nações Unidas (ONU), reuniu

líderes e representantes de mais de cem países

para discutir temas relacionados ao meio ambien-

te, sustentabilidade e erradicação da pobreza. A

Rio+20 marca duas décadas da Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvol-

vimento (Rio 92).

No evento, foram tratados assuntos relaciona-

dos ao meio ambiente e desenvolvimento sustentá-

vel. Os principais temas discutidos no encontro pelos

líderes dos países participantes foram: a Economia

Verde no Contexto do Desenvolvimento Sustentável

e da Erradicação da Pobreza e a Estrutura Institucio-

nal para o Desenvolvimento Sustentável.

O Sistema OCB e sua organização estadual no

Rio de Janeiro (Sistema OCB/RJ) promoveram, no

dia 16, durante a conferência, o Dia do Cooperati-

vismo. O evento, realizado no Espaço AgroBrasil,

coordenado pela Confederação da Agricultura e

Pecuária do Brasil (CNA), destacou a importância

do cooperativismo como caminho para o desen-

volvimento sustentável. “Nada mais justo, afinal,

o setor ter como alicerce a viabilidade econômica,

com a geração de trabalho, renda e inclusão social.

E isso se complementa com o respeito e a defesa

ao meio ambiente”, ressaltou o presidente do

Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas.

Também foram debatidos temas como: po-

lítica de fomento ao cooperativismo, sociedade

e agricultura, práticas agrícolas e tecnologias

sustentáveis, entre outras. A importância de 2012

Cooperativismo teve participação importante na Rio+20

POR LUiz caRLOs cenci FOtO aGÊncia bRasiL

Presidente Dilma discursa na Rio+20

Durante o evento, foi realizado o Dia do Cooperativismo, no espaço AgroBrasil

ser escolhido o Ano Internacional das Cooperativas

também foi tema de debate entre os presentes

no evento. “Nosso movimento realmente tem

atuado para construir um mundo melhor e isso

não ocorre apenas no campo, mas também nas

cidades. A declaração feita pela ONU vem confirmar

a relevante participação do segmento na geração

de trabalho e renda e redução das desigualdades

sociais”, afirmou Freitas.

O cooperativismo teve papel importante na

Rio+20, inclusive, fazendo parte do documento

final assinado entre os chefes de estado que

participaram da conferência. O coordenador do

Departamento de Cooperativismo e Associativismo

Rural (Denacoop), do Ministério da Agricultura

Pecuária e Abastecimento (Mapa), Cleber Santos,

afirmou que o documento final da Rio+20 destaca

a necessidade do fomento às cooperativas e o

fortalecimento de cadeias produtivas enquanto

meio de promoção agrícola sustentável, além do

papel das cooperativas na geração de empregos

dignos, principalmente para os jovens no contexto

do desenvolvimento sustentável. “O cooperativis-

mo entrou no documento final da Rio+20 nos

parágrafos 110 e 154. Durante a conferência, foi

reconhecido o papel das cooperativas na questão

da inclusão social e no desenvolvimento susten-

tável como um todo”, afirmou Santos.

Segundo ele, o Mapa promoveu uma série de

painéis onde foram discutidas políticas agrícolas em

geral e temas como o cooperativismo e a agricultura

de baixo carbono e cooperativismo e sustentabili-

dade. Esses painéis foram realizados no dia 21 de

junho com a presença do ministro da Agricultura,

Mendes Ribeiro, e a participação do embaixador da

Organização das Nações Unidas para Agricultura

e Alimentação (FAO), Roberto Rodrigues, além

de outras autoridades. “Ficou bem evidente que o

cooperativismo tem tudo a ver com sustentabilidade

e inclusão social”, explicou Santos.

Page 29: Gestão Cooperativa #56

Ação Governamental

Gestão Cooperativa Ação Governamental julho/agosto 2012 27

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abasteci-

mento (Mapa) e o Ministério do Desenvolvi-

mento Agrário (MDA) lançaram, respectivamente,

nos dias 28 de junho e 4 de julho, o Plano Agrícola e

Pecuário 2012/2013. O Plano Safra, como também

é conhecido, destina recursos financeiros para o fo-

mento da agricultura e pecuária no Brasil, ajudando

a desenvolver e impulsionar o setor.

O Mapa vai disponibilizar R$ 115 bilhões de

reais para financiamentos de crédito rural, recupera-

ção de áreas degradadas, plantar, colher, armazenar

e comercializar a safra, garantir renda e facilitar o

acesso do produtor ao seguro rural. O Plano Agrícola

e Pecuário também irá oferecer condições especiais

para quem investe na produção sustentável.

Os principais objetivos do Plano são: garantir

a segurança alimentar; regionalizar as políticas de

apoio ao produtor com foco nas realidades locais,

beneficiando todos os setores; aumentar o volume

de crédito ao produtor e reduzir os custos financei-

ros com taxas de juros atrativas principalmente com

o Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor

Rural (Pronamp); ampliar a cobertura do seguro

rural e do Proagro; apoiar o cooperativismo e incen-

tivar o Programa ABC, agricultura de baixo carbono.

Já o Plano Safra da Agricultura Familiar, lançado

pelo MDA, vai disponibilizar R$ 22,3 bilhões com o

objetivo de aumentar a capacidade de investimento,

dar mais proteção e melhoria para a renda, mais

sustentabilidade e maior apoio e organização econô-

mica para o setor. Também serão realizadas ações

de ampliação dos serviços de assistência técnica

e extensão rural, cobertura de renda no seguro e

garantia de preços.

O ministro do Desenvolvimento Agrário,

Pepe Vargas, disse, durante o lançamento do

Plano Safra, que mais de 80% das propriedades

rurais são de agricultores familiares e que eles

produzem 70% do que é consumido no Brasil.

Ele disse ainda que 8 milhões de agricultores

familiares vivem abaixo da linha da pobreza, por

isso, a importância dessas medidas por parte do

Governo Federal. “Esse é o maior Plano Safra já

lançado para o setor”, afirmou o ministro.

POR LUiz caRLOs cenci FOtO LUiz caRLOs cenci

Mapa e MDA lançam Plano Safra 2012/2013

Plano Safra é o maior já lançado no Brasil

O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro,

ressaltou a importância do setor cooperativista no

Brasil. As cooperativas também serão beneficiadas

com o Plano Agrícola e Pecuário e poderão contar

com maior disponibilidade de recursos e limites de

financiamentos. Para o segmento, serão reservados

cerca de R$ 5 bilhões para investimentos. “Esse

foi o Plano Agrícola mais democrático de todos”,

afirmou o ministro.

O analista de Ramos de Mercado da Or-

ganização das Cooperativas Brasileiras (OCB),

Paulo Cesar Dias Junior, disse que, especialmente

nesse Plano Agrícola e Pecuário, o Mapa e o

MDA tiveram uma atenção especial em relação

ao cooperativismo. “O sistema cooperativista foi

chamado inúmeras vezes para discutir com o

governo as propostas e políticas que seriam de

interesse do setor”, afirmou.

Uma das questões mais reivindicadas pelo

setor é em relação às taxas de juros aos produtores

rurais. Segundo Paulo Cesar, as taxas em relação

ao último Plano caíram de 6,75% para 5,5% ao

ano. “Foi uma redução forte. Nós trabalhamos

muito em relação a essa redução, inclusive parti-

cipando de audiências públicas”, explicou.

O Plano Agrícola e Pecuário trouxe um avan-

ço muito positivo para o sistema cooperativista

com o aumento de recursos para o Programa

de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias

(Procap Agro) e o Programa de Desenvolvimento

Cooperativo (Prodecoop). O Procap Agro é um

programa de saneamento financeiro e os recursos

são usados para capital de giro, reestruturação

patrimonial, entre outros. Já o Prodecoop é um

programa que visa à modernização dos parques

industriais das cooperativas.

Para as cooperativas de agricultores familiares,

também houve um avanço com o aumento de

recursos para o Pronaf Agroindústria que tem os

recursos destinados para investimentos, inclusive

em infraestrutura, que visam ao beneficiamento,

processamento e comercialização da produção.

“Dentre as maiores conquistas, houve o aumento

do limite de crédito do Pronaf Agroindústria para

as cooperativas de agricultores familiares de R$

10 para R$ 30 milhões”, explicou Paulo Cesar.

Cooperativas também serão beneficiadas com o Plano Agrícola e Pecuário

Page 30: Gestão Cooperativa #56

Opinião

Gestão Cooperativa Opinião julho/agosto 201228

O modelo cooperativista tem sido visto,

cada vez mais, como alternativa para o cres-

cimento econômico sustentável e alicerce

estrutural para muitos mercados. Também

é crescente o reconhecimento de que as

cooperativas são tão bem sucedidas como

qualquer outro negócio e que contribuem

significativamente para o desenvolvimento

econômico e social do país. Acreditando na

força das cooperativas na economia e na so-

ciedade brasileiras, o Banco do Brasil sempre

buscou a parceria com o setor.

As cooperativas também possuem signi-

ficativa importância na economia global. Em

economias mais maduras o cooperativismo

está consolidado como instrumento impulsio-

nador de setores econômicos estratégicos. Os

principais exemplos podem ser encontrados

na Europa, especialmente Alemanha, França,

Holanda, Espanha e Itália. Em todo o mundo,

estima-se que um bilhão de pessoas sejam

associadas às cooperativas.

Não por acaso a Organização das Nações

Unidas (ONU) definiu 2012 como o Ano Inter-

nacional das Cooperativas e a comemoração

tem o slogan “Cooperativas constroem um

mundo melhor.” Dentre os seus objetivos está

contribuir para a conscientização sobre o pa-

pel das cooperativas e suas contribuições para

o desenvolvimento socioeconômico e para a

realização dos Objetivos de Desenvolvimen-

to do Milênio. O evento também tem como

metas promover a formação e o crescimento

das cooperativas e incentivar os governos

a estabelecer políticas, leis e regulamentos

propícios para a formação, crescimento e

estabilidade das Cooperativas.

Alinhado a esse movimento, o Banco do

Brasil ratifica seu apoio ao cooperativismo bra-

sileiro, consolidando sua tradição de oferecer

produtos e serviços financeiros diferenciados

e adequados às necessidades do segmento,

para que as cooperativas tenham mais com-

petitividade no mercado interno e externo.

O conhecimento aprofundado do Banco

sobre esses clientes, de suas necessidades

específicas e as características que os tornam

singulares em comparação com as demais

pessoas jurídicas, têm sido fundamentais para

o estabelecimento de relacionamento rentável

e duradouro. As cooperativas esperam dos

bancos uma parceria pautada pela ética,

respeito aos princípios cooperativistas, espe-

cialização, complementaridade e reciprocidade

nas interações negociais.

O relacionamento de parceria estabele-

cido com as cooperativas proporciona que

o Banco do Brasil desempenhe seu papel

histórico de contribuir efetivamente para o

desenvolvimento do econômico e social do

País. Além disso, amplia as oportunidades de

negócios e proporciona elevada sinergia co-

mercial. O volume de recursos movimentados

pelo BB com as cooperativas agropecuárias e

de crédito rural chegou a R$ 5,5 bilhões em

2011, aumento de 72% em relação ao ano

anterior e no 1T 2012 o volume de negócios

rurais de acordo com a RI foi de R$ 782 mi-

lhões, o que representou 56% de incremento

em relação ao mesmo período de 2011.

Nesse sentido, o objetivo do BB é ex-

pandir e fortalecer o relacionamento com o

segmento cooperativista, considerando todos

os seus ramos, posicionando-se como “o

principal apoiador das cooperativas brasileiras

no país e no exterior”.

POR OsmaR Dias

O BB e as cooperativas, um relacionamento duradouro

Osmar Dias

Vice-presidente de Agro-

negócios e Micro e Pequenas

Empresas do Banco do Brasil

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Page 31: Gestão Cooperativa #56

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