Gestão Da Qualidade e Segurança No Trabalho

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  • 7/26/2019 Gesto Da Qualidade e Segurana No Trabalho

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    GESTO DA QUALIDADE E DA SEGURANA DO TRABALHO EMEMPRESAS SUBEMPREITEIRAS

    Alberto Casado Lordsleem Jr.(1); Carolina Mendona de Moraes Duarte (2); ElianaCristina Barreto Monteiro (3); Bda Barkokbas Jr. (4)

    (1) Escola Politcnica de Pernambuco UPE, Brasil e-mail: [email protected]; (2) EscolaPolitcnica de Pernambuco UPE, Brasil e-mail: [email protected]; (3) Escola Politcnica de

    Pernambuco UPE, Brasil, e-mail: [email protected]; (4) Escola Politcnica de Pernambuco UPE, Brasil, e-mail: [email protected]

    RESUMO

    Diante do crescente nvel de competio, as empresas construtoras vm buscando novas formas deorganizao, visando obteno de uma maior eficcia na gesto da produo, a reduo dos custos eao aumento da produtividade. Dentro desse contexto e cada vez mais, as construtoras procuram adotara subcontratao de servios de execuo como estratgia empresarial. No entanto, os objetivos que

    justificam o emprego da subempreitada, no esto sendo alcanados, devido em grande parte, sdificuldades que as empresas subempreiteiras enfrentam para atender adequadamente s exigncias demercado e da legislao vigente. Este artigo tem como objetivo apresentar os resultados de umapesquisa realizada com 06 empresas subempreiteiras de serralharia, esquadria de alumnio e pintura, apartir da qual foi possvel fazer uma investigao no que diz respeito ao atendimento dos requisitosnormativos relacionados norma NBR ISO 9001:2000 e norma OHSAS 18001:1999. Tambm foirealizada a verificao das condies favorveis (premissas) para a introduo de mudanasnecessrias melhoria da gesto das empresas participantes da pesquisa. Os resultados obtidos

    demonstraram que a maior parte das subempreiteiras no cumpre os requisitos estabelecidos para oatendimento das referidas normas, assim como no dispe ainda das condies necessrias para aintroduo de melhorias em seus sistemas de produo. O artigo conclui pela proposio de diretrizescom vistas criao das condies para a implantao de aes de organizao que conduzam melhoria da prestao de servio.

    Palavras-chave: subcontratao, subempreiteira, qualidade, segurana, gesto da construo.

    ABSTRACT

    Ahead of the increasing level of competition, main contractors are looking for new ways of

    organization, aiming at the attainment of a bigger effectiveness in the management of the production,the reduction of the costs and the increase of the productivity. In this context, and increasingly, theconstruction seeks to adopt the subcontrators of services such as business strategy implementation.However, the objectives which justify the use of subcontracting are not being achieved, due in largepart to the difficulty that subcontractors have in granting adequately the requirements of market andthe current law. This paper aims to present the results of a research carried through 06 subcontractors,from which it was possible to conduct an investigation regarding the care of the regulatoryrequirements related to ISO 9001:2000 and OHSAS 18001:1999. Also the verification of favorableconditions for the introduction changes had been carried through. The results show that most of thesubcontractors does not fulfill the requirements established for the attendance of the related norms, aswell as still do not make use of the necessary conditions for the introduction of improvements in itssystems of production. The paper concludes by proposing guidelines with sights to the creation ofconditions for the implantation of actions of organization.

    Keywords:subcontracting, subcontractor, quality, security, construction management.

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    1 INTRODUO

    O ritmo acelerado de crescimento da atividade construtiva no ano de 2007 apontado por diversosindicadores setoriais (VALOR ECONMICO, 2008; AGNCIA, 2008): aumento de 7,9% do PIB daconstruo estimulado pelo crescimento de 25% das atividades do mercado imobilirio, elevao em12% da produo da indstria de materiais, aumento de 70% do crdito imobilirio, captao pelasconstrutoras de mais de R$ 20 bi na bolsa de valores, criao de bandeiras para construo demoradias para a baixa renda, aumento do prazo do financiamento bancrio imobilirio em at 30 anos.

    Por outro lado, as empresas construtoras esto buscando atender aos desafios e oportunidades domercado atravs da adoo de estratgias que permitam o desenvolvimento da capacidade de competirde forma duradoura (capacidade competitiva), sob pena de no atender aos interesses dos diversosagentes envolvidos.

    Dentre as estratgias adotadas, a subcontratao de etapas construtivas tem sido uma tendncia cadavez mais caracterstica da construo brasileira (BRANDLI, 1998; SERRA, 2001; LORDSLEEM JR.,2002; CHOMA, 2005), empregada pelas construtoras com o objetivo de equacionar a alternncia deequipes ao longo da obra; como forma de reduzir os custos e para a melhoria do controle do trabalho edos prazos de execuo.

    A subcontratao de etapas construtivas parece ser uma prtica irreversvel nos dias de hoje, conformedestaca Pastore (2002), inclusive acompanhando uma tendncia mundial em imprimir flexibilidade produo, atravs da terceirizao e da subcontratao de servios.

    Particularmente, a expanso do mercado imobilirio na regio metropolitana da cidade de Recife/PEno ano de 2007, indicada pelo aumento superior a 6% do ndice de Velocidade de Vendas - IVV(FIEPE, 2008) e as diversas obras estruturadoras que orbitam o complexo porturio de Suape estocriando a expectativa de aumento do emprego da subcontratao, mudando o perfil at entopredominante de contratao de mo-de-obra prpria pelas empresas construtoras.

    Nesse contexto, o principal estmulo para a consecuo desta pesquisa sobre as empresas prestadoras

    de servios ou subempreiteiras, denominao consagrada pelo uso, consiste na constatao deinvestigaes semelhantes realizadas em outras cidades brasileiras por Villacreses (1994), Brandli(1998), Trindade et al. (2001) e Lordsleem Jr. (2002), as quais apontam diversas dificuldades dessasempresas em responder adequadamente s exigncias de mercado e da legislao vigente.

    Sobre esse assunto, Ohnuma (2000) e Serra (2001) advertem que as empresas subempreiteirasnecessitam melhorar a prestao de servio procurando atender, entre outras, as seguintes exigncias:

    o cumprimento das Normas Regulamentadoras NRs do Ministrio do Trabalho e Emprego -MTb, quanto implementao de medidas de controle e sistemas preventivos de segurana;

    o cumprimento das leis trabalhistas quanto ao registro dos funcionrios;

    o cumprimento das condies comerciais estabelecidas no contrato, inclusive com osprocedimentos adotados pelas construtoras;

    o comprometimento com a qualidade dos servios prestados na obra atravs do emprego demo-de-obra qualificada e treinada, controle da qualidade de execuo, terminalidade doservio e o cumprimento dos prazos;

    o bom atendimento equipe do cliente, na obra e no escritrio, inclusive na prestao deservio de assistncia tcnica aps a entrega do servio.

    O presente artigo busca apresentar uma pesquisa de estudo de caso, atravs da qual se buscou realizaruma investigao exploratria sobre a organizao de algumas empresas subempreiteiras atuantes nomercado imobilirio de Recife/PE.

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    2 OBJETIVO

    Este artigo tem por objetivo apresentar os resultados da pesquisa realizada com 06 empresas subempreiteirasde serralharia, esquadria de alumnio e pintura da cidade de Recife/PE, a partir da qual foi possvel realizaruma investigao quanto ao atendimento dos requisitos normativos relacionados norma NBR ISO9001:2000 e norma OHSAS 18001:1999. Tambm foi realizada a verificao das condies favorveis(premissas) para a introduo de mudanas necessrias melhoria da gesto das empresas participantes da

    pesquisa.

    A pesquisa foi realizada durante o perodo de janeiro/2007 a junho/2007, na qual participaram 02 empresassubempreiteiras de cada um dos servios mencionados anteriormente.

    3 METODOLOGIA

    A metodologia adotada para a consecuo deste trabalho foi dividida em 03 etapas, quais sejam:

    etapa 01: desenvolvimento de elemento operacional para a realizao das entrevistas (questionrio),empregado para a avaliao do cumprimento dos requisitos normativos estabelecidos para a gestoda qualidade, conforme a NBR ISO 9001:2000, e para a gesto da segurana do trabalho, conforme a

    OHSAS 18001:1999. Coube tambm investigar o cumprimento das especificaes estabelecidaspelas normas regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego;

    etapa 02: realizao de entrevistas nos escritrios das empresas ou nas obras em que estavamprestando servio. Os entrevistados foram os diretores das empresas participantes da pesquisa;

    etapa 03: anlise dos dados coletados e identificao de aes de organizao, as quais podem seradotadas com vistas melhoria da prestao de servios das empresas subempreiteiras.

    A etapa 01 consistiu no desenvolvimento de um questionrio estruturado em 05 mdulos distintos:

    1) Caracterizao da empresa:dados de identificao, tipo de servio que executa, nmero de obrasem servio, nmero de funcionrios, porte, formao profissional dos proprietrios e, por fim,classificao da empresa segundo critrios de identificao do servio, competncia tcnica e

    processo construtivo.2) Gesto da qualidade:para este mdulo foram elencados 39 itens relativos ao atendimento norma

    NBR ISO 9001:2000. Visando ao estabelecimento do grau de implantao (%) da normasupracitada, foram estabelecidos critrios de pontos descritos a seguir:

    0 - O item no existe na empresa

    1 -O item existe, porm no est documentado

    2 -O item existe e est totalmente documentado

    A partir da pontuao de cada um dos itens contidos no elemento operacional (questionrio), obtm-se o grau de implantao da norma NBR ISO 9001:2000 com relao mxima pontuao

    alcanvel, o que corresponderia a 100% de implantao.3) Gesto da segurana do trabalho: para a obteno dos resultados relativos ao diagnstico das

    empresas subempreiteiras em relao ao atendimento aos requisitos da norma OHSAS 18001:1999,foram relacionados 52 itens de avaliao e estabelecidos os seguintes critrios de pontuao:

    1 - No atente

    2 - Atende parcialmente (necessita de adaptaes)

    3 - Atende

    A verificao qualitativa do cumprimento dos requisitos da norma OHSAS 18001:1999 feita a partirda mdia obtida atravs da pontuao dos itens estabelecidos no questionrio, associada aos critriosde pontuao, que avaliam a existncia dos elementos que compem um sistema de gesto da

    segurana do trabalho.

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    4) Requisitos legais mnimos: avaliao do cumprimento dos requisitos legais mnimos de seguranaestabelecidos das normas regulamentadoras (NR1, NR4, NR5, NR6, NR7, NR9, NR18, e NR 23);

    5)

    Premissas para implantao de melhorias: verificao da existncia ou condies dedesenvolvimento das premissas mnimas necessrias para a implantao de aes de organizao daempresa.

    4 APRESENTAO E ANLISE DE RESULTADOS

    4.1 Caracterizao das empresas

    Foram selecionadas aleatoriamente 06 subempreiteiras, sendo 02 empresas de cada um dos seguintesservios: esquadrias de alumnio, serralharia e pintura. As empresas participantes da pesquisa foramindicadas por um conjunto de 04 construtoras para as quais prestam ou prestaram servios em obras.

    A tabela 1 apresenta as principais caractersticas das empresas subempreiteiras participantes da pesquisa deestudo de casos.

    Tabela 1 Principais caractersticas das empresas participantes da pesquisa de estudo de casos

    Empresas subempreiteirasCaractersticas A B C D E F

    Tipo de servioEsquadrias de

    alumnioEsquadrias de

    alumnioSerralharia e

    mecnicaSerralharia em

    geralPintura (obras

    em geral)Pintura (obras

    em geral)Tempo deexistncia

    17 anos 24 anos 2 anos 19 anos 3 anos 2 anos

    Quantidade defuncionrios

    220(em obras:

    150)

    35(em obras: 15)

    0 (empresa);mdia/dia = 6

    8 3 4

    Quantidade de

    obras emexecuo

    70 20 4 8 6 4

    Quantidade descio(s); perfildo(s) scios(s)

    2:administrador,

    nvel mdio

    2: economista,pedagoga

    1: nvel mdioincompleto

    2: engenheirocivil e

    mecnico

    1: engenheirocivil

    4: engenheiroscivis

    Os resultados obtidos da tabela 1 demonstram diferenas expressivas entre as empresas participantes dapesquisa, dentre as quais se destacam: maior quantidade de funcionrios e obras das empresas A e B;formao tcnica dos scios apenas nas empresas D, E e F; as empresas E e F no realizam apenas o serviode pintura, sendo um dos elementos que fazem parte do seu escopo de prestao de servio.

    A tabela 2 apresenta os resultados da classificao relativa ao porte das empresas subempreiteiras, de acordo

    com os dois critrios seguintes: a classificao espontnea realizada pelas empresas e a classificao segundoos critrios estabelecidos pelo SEBRAE (micro e pequena empresas) e pela FIESP (mdia e grandeempresas).

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    Tabela 2 Classificao do porte da empresa de acordo com a quantidade de funcionrios

    Empresas subempreiteirasPorte A B C D E F

    ClassificaoEspontnea

    Mdio Pequeno Pequeno Mdio Pequeno Micro

    Classificao

    SEBRAE e FIESPMdio Pequeno Micro Micro Micro Micro

    Classificao SEBRAEMicroempresa:I) na indstria e construo: at 19 pessoasocupadas;II) no comrcio e servios, at 09 pessoasocupadas.Pequena empresa:I) na indstria e construo: de 20 a 99 pessoasocupadas;II) no comrcio e servios, de 10 a 49 pessoasocupadas.

    Classificao FIESPMicro Empresa: 0 a 9 empregados;Pequena Empresa: 10 a 99 empregados;Mdia Empresa: 100 a 499 empregados;Grande Empresa: 500 e mais empregados.

    Com exceo da empresa A, os resultados obtidos da tabela 2 demonstram que todas as demais empresasesto includas no foco de atuao do SEBRAE, qual seja no apoio s micros e pequenas empresas.

    4.2 Atendimento norma NBR ISO 9001:2000

    A partir dos critrios de pontos estabelecidos para o segundo mdulo do questionrio, foi possvel obter osresultados relativos ao grau (%) de implantao dos requisitos da norma NBR ISO 9001:2000, como formade avaliao da existncia dos elementos que compem um sistema de gesto da qualidade. Cabe destacarque as empresas A e B so certificadas pela norma ISO 9001:2000.

    Tabela 3 Grau de implantao (%) da norma ISO 9001:2000

    Empresas Subempreiteiras

    Atendimento ISO 9001:2000 A B C D E F

    Grau de implantao 100% 95% 12% 6% 12% 12%

    Os resultados obtidos da tabela 3 demonstram que as empresas C, D, E e F no atendem aos requisitosestabelecidos pela norma ISO 9001:2000. Pde-se perceber que muitos dos processos de trabalho ocorrem demaneira informal ou simplesmente no existem em cada uma das empresas C, D, E e F.

    4.3 Atendimento norma OHSAS 18001:1999

    A tabela 4 apresenta os resultados relativos ao diagnstico das empresas subempreiteiras em relao aosrequisitos da norma OHSAS 18001:1999, como forma de avaliao da existncia dos elementos quecompem um sistema de gesto da segurana do trabalho.

    Tabela 4 Cumprimento dos requisitos da norma OHSAS 18001:1999

    Empresas Subempreiteiras

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    Diagnstico da empresa em relaoaos requisitos da OHSAS 18001:1999

    Poucoatende

    Poucoatende

    Noatende

    Poucoatende

    Poucoatende

    Noatende

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    Os resultados obtidos da tabela 4 demonstram que as empresas subempreiteiras A, B, D e E pouco atendemou no atendem aos requisitos estabelecidos pela norma OHSAS 18001:1999.

    De um modo geral, no h elementos que caracterizem a existncia de um sistema de gesto da segurana dotrabalho nas empresas participantes da pesquisa. As empresas que pouco atendem aos requisitos da normasupracitada buscam cumprir a obrigatoriedade da legislao nacional pertinente segurana do trabalho.

    4.4

    Atendimento aos requisitos legais mnimos de segurana estabelecidos nas normasregulamentadoras

    A tabela 5 apresenta os resultados relativos ao atendimento aos requisitos legais mnimos relativos sexigncias de segurana do trabalho estabelecidos nas Normas Regulamentadoras NR do Ministrio doTrabalho e Emprego MTb do governo brasileiro, quais sejam:

    NR 01 sobre disposies gerais e das demais disposies legais de segurana e sade no trabalho

    NR 04 sobre Servios Especializados em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho -SESMT;

    NR 05 sobre Comisso Interna de Preveno de Acidentes - CIPA;

    NR 06 sobre Equipamentos de Proteo Individual - EPI;

    NR 07 sobre Programa de Controle Mdico e Sade Ocupacional - PCMSO;

    NR 09 sobre Programa de Preveno de Riscos Ambientais - PPRA;

    NR 18 sobre as condies e meio ambiente de trabalho na indstria da construo;

    NR 23 sobre proteo contra incndios.

    Tabela 5 Atendimento das exigncias das Normas Regulamentadoras (NR) do Ministrio do Trabalho e Emprego

    Onde: NA = No Aplicvel

    Os resultados obtidos da tabela 5 apontam que as empresas A e B dispem de elementos que conduzem aocumprimento das exigncias legais mnimas de segurana. De maneira geral, pde-se perceber que h umdesconhecimento sobre as Normas Regulamentadoras e as suas exigncias e, mesmo naquelas empresas quecumprem as exigncias mnimas, no se tem o entendimento adequado sobre gesto da segurana dotrabalho.

    4.5 Existncia das condies (premissas) na empresa para implantao de melhorias

    As premissas constituem-se um conjunto de princpios bsicos que devem existir ou serem estimulados naempresa e, conseqentemente, nas pessoas que a constituem, de modo a tornar possvel a implementao dasaes de organizao.

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    Segundo Lordsleem Jr. (2002), presume-se uma maior probabilidade de sucesso do trabalho a serdesenvolvido para a implantao de melhorias a partir da existncia ou criao do ambiente favorvel para aexistncia de algumas premissas nas empresas subempreiteiras.

    Espera-se, assim, ter ou criar um ambiente de trabalho com condies favorveis participao das pessoas;enfim, uma postura de envolvimento com as medidas de melhoria a serem adotadas por todos oscolaboradores envolvidos.

    De acordo com Lordsleem Jr. (2002), as premissas bsicas que devem estar presentes na empresasubempreiteira para a aplicao de medidas que visem melhoria organizacional so as seguintes:

    o comprometimento da direo: compreende a existncia de disposio, participao e empenho dadireo na implementao de aes de organizao, priorizando-as em detrimento de quaisqueroutras atividades em andamento. O comprometimento deve ser traduzido em uma poltica detrabalho, coerente com a estratgia e as metas (indicadores) da empresa;

    a disponibilidade de recursos: compreende a identificao da necessidade e a disponibilidade derecursos por parte da direo da empresa a fim de implementar as aes de organizao, tanto noescritrio/fbrica/oficina, como tambm nas obras em que presta servio. Os seguintes recursos soimprescindveis para se conseguir implementar essas aes: a disponibilidade de tempo, a existnciade pessoal para a conduo das atividades (lder e equipe) e investimentos em infra-estrutura (porexemplo, pode-se citar a existncia de um local (escritrio) que permita realizar as atividadesrelativas ao contato com os clientes, ao pessoal, ao financeiro, entre outras; microcomputador(es)para a elaborao e edio de propostas tcnico-comerciais, contratos, programaes de servio,fichas ou planilhas de controle e a disponibilidade de veculos para o transporte de equipamentos efuncionrios para as obras); alm, dos recursos financeiros que viabilizem todos os demais;

    o estabelecimento de um sistema de decises e de informaes: o sistema de informaes alimentador do processo decisrio, servindo de suporte s pessoas que decidem pelas mudanas, bemcomo quelas que devem execut-las, indicando as alternativas e os riscos associados. O principalmecanismo que pode servir de fonte de informaes o conjunto da documentao da empresa,sendo fundamental a sua existncia ou criao, considerando ainda a padronizao como orientaobsica de organizao das informaes;

    capacitao tcnica mnima: a subempreiteira deve possuir uma representao com formao tcnica(engenheiro, tecnlogo ou tcnico) capaz de aproveitar integralmente as aes de organizao. Casoisso no ocorra, dificilmente ser alcanado o objetivo pretendido, conforme demonstram osresultados obtidos com a pesquisa bibliogrfica realizada. Em sua maioria, aquelas empresas cujaatividade se restringe apenas ao fornecimento de mo-de-obra, sem muita qualificao, no atendema essa exigncia, tendo em vista o baixo nvel de escolaridade dos seus representantes e funcionrios.As bibliografias consultadas (CTE, 1999; LORDSLEEM JR., 2002; FILIPI, 2003; CHOMA, 2005;entre outros) so um bom exemplo das dificuldades enfrentadas na implementao das aes deorganizao, limitando a possibilidade de xito pela falta de capacitao dos proprietrios, inclusivena conduo dos negcios da empresa.

    A tabela 6 apresenta os resultados obtidos atravs dos questionamentos efetuados sobre as premissasexistentes para uma potencial implantao de melhorias nas empresas participantes da pesquisa.

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    Tabela 6 Premissas existentes nas empresas para implantao de melhorias

    EmpresaPremissas ElementosA B C D E F

    Disposio, participao eempenho

    No No No No No SimComprometimento

    da direo Objetivos e indicadores Sim No No No No NoTempoPessoal

    Disponibilidade derecursos

    Recursos financeirosSim No No No No Sim

    ResponsabilidadesDocumentos

    Sistema dedecises e deinformaes Registros

    Sim Sim No No No No

    Capacidadetcnica mnima

    Nvel mdio, superior ououtros (consultoria)

    Superior Superior Mdio Superior Superior Superior

    Os resultados obtidos da tabela 6 permitem perceber a inexistncia plena das condies favorveis

    (premissas) nas empresas para a realizao de intervenes voltadas melhoria. Como conseqncia,qualquer trabalho nesse sentido, deve obrigatoriamente contemplar a criao dessas condies, de modo aviabilizar a implementao das aes de organizao que conduzam melhoria da prestao de servio.

    5 DIRETRIZES PARA A CRIAO DAS CONDIES PARA A IMPLANTAO DEAES DE ORGANIZAO

    A implantao de mudanas que objetivem a melhoria organizacional das subempreiteiras deve serfundamentada em diretrizes especficas que tenham por funo direcionar o encaminhamento das aes deorganizao dos processos de maneira que o resultado final tenha maiores possibilidades de sucesso numa

    implantao de sistemas de gesto da qualidade e segurana.Alm do lder, de acordo com Lordsleem Jr. (2002), responsvel geral pela conduo da implantao dasaes de organizao, fundamental a participao das pessoas da empresa, como forma de promover oenvolvimento e assegurar o comprometimento com a aplicao das decises tomadas.

    Essa participao estimulada atravs da constituio dos grupos de trabalho, os quais ficam responsveispelo desenvolvimento e pela implementao das aes de organizao no mbito de cada processo. Umgrupo de trabalho deve ser composto por colaboradores que estejam envolvidos com o processo em anlise, oqual ir trabalhar com o lder, tendo em vista a sua viso sistmica da empresa.

    Cabe a eles identificar, analisar e propor solues ou melhorias em um determinado processo. importantedestacar que o grupo de trabalho pode ser representado apenas pelo principal responsvel do processo.

    As atividades desenvolvidas, tanto pelo lder quanto pelos grupos de trabalho ou pelo principal responsveldo processo, na conduo das aes de organizao, devem considerar a padronizao como orientao geraldos trabalhos; a qual deve se fazer presente no desenvolvimento dos procedimentos pertinentes a cadaprocesso da empresa subempreiteira.

    A tabela 7 adiante relaciona as aes de organizao de cada um dos principais processos que constituemuma empresa subempreiteira e que so responsveis pelo incremento da qualidade e segurana na prestaode servio. As aes foram indicadas comparando a situao investigada na pesquisa de estudo de casos comaquelas listadas no trabalho de Lordsleem Jr. (2002).

    Essas aes so necessrias para ajustar a condio da empresa implantao de quaisquer medidas voltadas gesto da qualidade e da segurana; porm no so suficientes para a certificao nas normas ISO9001:2000 e OHSAS 18001:1999.

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    Tabela 7 Aes de organizao propostas para empresas subempreiteiras - adaptada de LORDSLEEM JR.(2002)

    Processo Aes de organizao

    Comercial Busca por oportunidades de servio atravs da definio da estratgia de prospeco denovos negcios.

    Anlise crtica da oportunidade de servio sob os aspectos comercial, financeiro, tcnico ejurdico, incluindo solicitao de informaes ao cliente; visita obra e anlise de projetos.

    Definio dos parmetros que devem existir na proposta e no contrato: elaborao do preo,elaborao de proposta; apresentao da proposta para dissociar a concorrncia por preo,anlise se os requisitos do contrato correspondem aos que foram definidos na proposta ouem negociaes; definio da sistemtica de alteraes durante a execuo.

    Projeto Definio do desenvolvimento do processo de projeto e do projeto para produo, anlisetcnica do projeto, controle de recebimento e de distribuio de projeto.

    Planejamento Definio do leiaute da rea a ser destinada empresa subempreiteira no canteiro de obrasda empresa construtora.

    Dimensionamento e programao dos insumos (equipes, materiais e equipamentos). Elaborao e implementao do Plano da Qualidade do Servio PQS.

    Recursos humanos Definio da sistemtica de recrutamento e de seleo de mo-de-obra. Estabelecimento de aes para a integrao de pessoal. Estabelecimento de aes que estimulem a motivao. Definio da sistemtica de treinamento.

    Segurana Definio das NRs a serem cumpridas e das orientaes para a implementao das mesmas. Definio dos responsveis pelas atividades de solicitao e controle de entrega dos

    equipamentos de proteo individual, de controle dos atestados de sade e do registro derealizao de treinamentos.

    Realizao dos treinamentos admissional, peridico, de uso de ferramentas e de operadoresde equipamentos.

    Definio da sistemtica de atuao que deve ser seguida em situaes de emergncia.Suprimentos Definio da sistemtica de aquisio de materiais e equipamentos. Definio da sistemtica de controle de materiais e equipamentos.

    Produo Definio da tcnica de execuo e da sistemtica de controle da qualidade do servio. Orientao quanto proteo do servio j concludo. Definio da entrega do servio (parciais e final).

    Medio Definio da sistemtica de medio, tanto para a realizao do faturamento junto ao clientecomo tambm para a apropriao da produo de cada funcionrio.

    Assistncia tcnica Definio da sistemtica de recebimento, encaminhamento, execuo e entrega dos serviosde assistncia tcnica.

    Definio deindicadores de

    monitoramento

    Definio dos indicadores para o monitoramento do progresso dos objetivos de cadaprocesso do sistema de produo, de forma a retroalimentar as aes de organizao.

    importante destacar que a implantao de quaisquer aes de organizao deve ser conduzida poruma adequada metodologia, como a desenvolvida por Lordsleem Jr. (2002) ou por algum outromodelo que considere o problema de forma sistmica.

    6 REFERNCIAS

    AGNCIA BRASIL. Secretaria:PAC traz novo desenvolvimento para habitao. So Paulo, 2008.

    ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR ISO 9001: Sistemas de gesto daqualidade:requisitos. Rio de Janeiro, 2000.

    BRANDLI, L.L. A estratgia de subcontratao e as relaes organizacionais na construo civil

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    7 AGRADECIMENTOS

    Os autores gostariam de agradecer ao Instituto de Apoio a Universidade de Pernambuco IAUPE, aEscola Politcnica de Pernambuco - POLI, ao Laboratrio de Segurana e Higiene do Trabalho LSHT e as empresas participantes da pesquisa.