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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” GESTÃO DO RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: GESSO ACARTONADO Micheli Tavares Gargalhone orientadora: Ana Paula Ribeiro 15 de outubro de 2009.

GESTÃO DO RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: GESSO … · Micheli Tavares Gargalhone . 3 AGRADECIMENTOS Ao meu marido que foi a primeira pessoa que me incentivou a dar um novo rumo

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

GESTÃO DO RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: GESSO ACARTONADO

Micheli Tavares Gargalhone

orientadora: Ana Paula Ribeiro

15 de outubro de 2009.

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2UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

GESTÃO DO RESÍDUO DA CONSTRUÇÃO CIVIL: GESSO ACARTONADO

OBJETIVOS:

Este estudo tem como principal objetivo

enfatizar o crescimento do uso do gesso

acartonado no Brasil, e em

conseqüência o aumento do resíduo,

sendo então de suma importância a

criação de Área de Transbordo e

Triagem (ATT´s) e indústrias de

reciclagem do produto.

GESTÃO AMBIENTAL

Micheli Tavares Gargalhone

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido que foi a primeira pessoa que me incentivou a dar

um novo rumo a minha vida. Aos meus pais que diante de todos

os desafios que enfrento estão sempre dispostos a me ajudar e

apoiar. Minha mãe que cuida do meu filho com um amor

incondicional e meu pai que diante das dificuldades tem sempre

uma palavra de apoio para que eu nunca desista.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus por ter me mantido de pé e ter me

mostrado o rumo que eu devo tomar diante de cada gigante que

vem me afrontar, diante de cada pedra que tenta me fazer

tropeçar, diante de cada lágrima que tenta me entristecer. Ele é

fiel e me dá a cada dia a Sua força para persistir.

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RESUMO

O trabalho consiste na preocupação com o resíduo de construção civil:

gesso acartonado. É um produto que está em grande ascensão visto seu

potencial inovador, rápido, limpo e dinâmico, podendo ser substituído por vários

produtos já utilizados na construção civil.

Trata-se de um produto limpo que pode ser reciclado, mas devido estar

iniciando no Brasil ainda não temos tecnologia para que o mesmo seja

reciclado.

Hoje, os resíduos do gesso acartonado estão sendo colocados em aterros

sanitários, bota-foras, .... sem qualquer preocupação. É um produto que

quando direcionado para o local errado, libera gases tóxicos aumentando o

aquecimento global, prejudicando cada vez mais o nosso ambiente e utilizando

jazidas que têm sua vida útil.

O trabalho quer chamar a atenção para a criação de novas Áreas de

Transbordo e Triagem (ATT´s) que recolham este resíduo. A resolução

CONAMA 307 que fala dos resíduos de construção civil já classifica como

classe C e determina alguns cuidados.

A tecnologia para reciclá-lo já existe na Europa, está indo para os EUA e

precisamos trazê-la para o Brasil.

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METODOLOGIA

A metodologia utilizada baseia-se em estudos já existentes sobre

resíduos da construção civil, com ênfase no gesso acartonado. Foram feitas

pesquisas via códigos de legislação ambiental, normas brasileiras, trabalhos de

colegas que também se preocupam com a questão e experiência prática diante

do trabalho que desenvolvo.

O objetivo do trabalho é divulgar um produto que está crescendo em

grande escala e que gerará cada vez mais resíduos, visto o aumento de sua

utilização.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

GESSO: SUSTENTÁVEL OU MAIS UM PRODUTO QUE ESTÁ SE

TORNANDO UM PROBLEMA NO SETOR CONSTRUÇÃO CIVIL? 9

CAPÍTULO II

COMPOSIÇÃO, PRODUÇÃO E RESÍDUO 16

CAPÍTULO III

O QUE TEM ACONTECIDO NA PRÁTICA COM O G.A. 22

CAPÍTULO IV

PROBLEMAS 29

CAPÍTULO V

RECICLAGEM DE G.A.: ELA EXISTE 34

CONCLUSÃO 38

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INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é discutir o modo como os resíduos de gesso

acartonado vem tomando grande proporção no Brasil, visto o seu crescente

aumento. Em uma linha ascendente de crescimento, o produto que pode ser

tratado/reciclado está sendo descartado de forma incorreta trazendo grandes

preocupações a nível de produto sustentável, aquecimento global e

degradação da qualidade ambiental, pois libera gases tóxicos quando não é

armazenado em local próprio.

De acordo com a resolução CONAMA 307 o gesso faz parte da classe C

que são resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou

aplicações economicamente viáveis, que permitam a sua

reciclagem/recuperação, tais como os produtos oriundos do gesso. (art. 3º).

Mesmo diante desta resolução é necessário que o setor

faça/crie/estabeleça política de gerenciamento adequados para o resíduo

gesso. Estudos para que o gesso seja reciclado, visto se tratar de uma

produção limpa e assim reter a liberação de gases tóxicos como o CO2.

Ao final veremos que a reciclagem do gesso e do gesso acartonado é

possível; é uma realidade que já ocorre fora do país, onde o mercado de gesso

acartonado tem mais de um século de utilização. Fica a pergunta:

Precisaremos ter um mercado brasileiro de 100 anos para viabilizar esta

reciclagem no Brasil?

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CAPÍTULO I

GESSO: SUSTENTÁVEL OU MAIS UM PRODUTO QUE

ESTÁ SE TORNANDO UM PROBLEMA NO SETOR

CONSTRUÇÃO CIVIL?

Em um século em que estamos ouvindo a todo instante as palavras

desenvolvimento sustentável e sustentabilidade é importante sabermos a

diferença existente entre elas: Entende-se como desenvolvimento a forma de

crescer, aprimorar, progredir, aumentar. E com base neste significado que

fazemos a seguinte pergunta: COMO PODE O DESENVOLVIMENTO SER

SUSTENTÁVEL, JÁ QUE O PROGRESSO FAZ COM QUE OS RECURSOS

SEJAM UTILIZADOS CADA VEZ MAIS EM UMA LINHA ASCENDENTE? O

que seria sustentável, ou seja, estável e constante perde a essência já que o

progresso não é estável, passa por mutações a todo instante.

O desenvolvimento sustentável foi criado para tentar solucionar o

problema que o próprio indivíduo criou: A DEGRADAÇÃO DOS RECURSOS

NATURAIS; a exploração de pessoas tornando-as mais pobres, a destruição

da natureza já que não é feito nenhum processo de sustentá-la / mantê-la.

Nossos esforços precisam ser cada vez maiores, buscando nossa própria

mudança em busca da verdadeira SUSTENTABILIDADE, que nos dias de hoje

é totalmente baseada no poder econômico e recebe o nome de

desenvolvimento sustentável. A SUSTENTABILIDADE HOJE NADA MAIS É

DO QUE UMA UTOPIA, onde o empoderamento dos indivíduos é fator

primordial para darmos início a ela. O desenvolvimento sustentável é um modo

de desacelerar toda esta degradação, podemos dizer que é um primeiro passo

visto ser uma forma de melhorar as condições de vida respeitando as gerações

futuras para que também possam atender suas necessidades.

O fato de hoje falarmos em DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, já

pode ser considerado uma vitória, pois as classes dominantes como o

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10empresariado, setor público e o privado estão conscientes desta necessidade,

pois já começa a afetá-los economicamente.

Surge o PRINCÍPIO DA PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) que trata-se de

uma aplicação contínua de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica

onde o uso de matéria-prima, água e energia sejam usados de forma regular,

minimizada e reciclada.

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A construção civil hoje é um dos setores que mais geram resíduos e com

o princípio da (P + L) que trata justamente de um processo de redução de

emissão de resíduos no meio ambiente, vemos a gipsita, popularmente

conhecida como gesso, um material que utiliza baixa quantidade de energia em

sua produção e seus resíduos podem ser reciclados.

O desenvolvimento e a aplicação de qualquer tecnologia resulta no uso

e na degradação de recursos naturais, com a conseqüente geração de

resíduos, consumo de uma certa quantidade de energia e de outros insumos. O

avanço da civilização industrial levou a uma demanda crescente por recursos

naturais. Neste contexto, o gesso é um dos materiais que, com a tecnologia,

apresenta grande importância para a sociedade por se enquadrar neste

processo de desenvolvimento sustentável.

Cerca de 70% dos resíduos são originados pela construção civil. O

mercado de gesso acartonado está em uma linha ascendente e sendo

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12responsável por 8% dos resíduos de gesso acartonado dos 88% gerado por

revestimento de gesso (SINDUSGESSO E ABRAGESSO).

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13O gesso não é só bonito e barato: as peças confeccionadas com este

material apresentam bom isolamento térmico e acústico. Sua plasticidade

permite produzir formas especiais e elementos diferenciados, que dependem

da criatividade de quem trabalha com ele. Além de manter equilibrada a

umidade do ar em áreas fechadas (especialmente naqueles onde há sistemas

de condicionamento de ar), devido à sua facilidade em absorver água.

Contudo, não é possível abusar de suas características; molhadas, as peças

têm diminuída a resistência mecânica, limitando assim o seu uso a ambientes

internos. Em suas infinitas aplicações, o gesso se destina principalmente a dois

tipos de segmento: construtivo, como em revestimentos, divisórias e forros, e

decorativo, na arquitetura de interiores.

O produto se chama gipsita e não gera resíduos tóxicos, dando a

oportunidade do equilíbrio nas áreas mineradas gerando condições de

reconstituição da flora e da fauna ou reaproveitamento agrícola, já que pode

atuar como agente corretivo de solos ácidos, fertilizante em culturas

específicas como amendoim, batata, legumes e algodão, e como condicionador

de solos, aumentando a penetração e retenção de água.

As fábricas de placas de gesso e derivados são instalações limpas que liberam

na atmosfera, vapor d’ água. O maquinário é totalmente elétrico e

computadorizado, sendo considerado produção a seco e não vemos sujeira na

fábrica. Ao contrário das indústrias cimenteiras que lançam uma grande

quantidade de gás carbônico; principal causador do efeito estufa.

O gesso, além de possuir baixa densidade, não é inflamável, é inodoro e livre

de gases tóxicos, não possui efeito cumulativo no organismo pois é eliminado

na urina.

No setor de construção civil uma das condições básicas para o

desenvolvimento sustentável é a reciclagem dos resíduos. O gesso pode ser

uma alternativa em relação a outros materiais como a madeira, cal, cimento.

Sendo totalmente reciclado, mas precisa ser devidamente separado, pois

existem contaminantes do gesso como a pintura, metais, adesivos, plásticos

entre outros. É necessário que haja uma política de gestão adequada para os

resíduos de gesso gerados na fabricação, construção e demolição. A criação

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14de parcerias das empresas com seus clientes para recolhimento dos resíduos

já pode ser o início do aproveitamento.

Estas condições justificam que estudos sejam realizados, propondo

mudanças dos processos de uso atuais para outros que apresentem maior

eficiência e eficácia, capazes de reduzir os riscos para a população humana e

o meio ambiente. A reciclagem produz geração de empregos e ganhos de

competitividade quer pela redução de desperdícios, quer pelo atendimento à

legislação ambiental. Esta ainda é uma tarefa árdua frente ao grande número

de recursos naturais existentes no Brasil e a cultura extrativista existente.

Precisamos enfrentar este desafio.

46%

2%6%5%

15%

26%

MADEIRA

ALVENARIA

METAIS

PAPELÃO

RESÍDUOSMISTURADOSGESSO/DRYWALL

Composição percentual dos resíduos de construção/demolição nos EUA.

Fonte: World Taste (1994).

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% Utilização

27%

1%

1%

11%

9%

1%2%

10%

20%

1%

2%15%

CERÂMICA

VIDRO

MADEIRA

PEDRA

ARGAMASSA

GESSO

FIBROCIMENTO

AREIA/ROLO

CONCRETO

PLÁSTICO

FERRO

CERÂMICA POLIDA

Composição percentual dos resíduos de construção/demolição no município de São Carlos/SP.

Fonte: Neto (2005).

% Utilização

88%

1%

3% 8%

REVESTIMENTO

PRÉ MOLDADO

FÁBRICA PRÉ

ACARTONADO

Utilização de gesso acartonado na grande São Paulo. Resíduos de gesso ~ 120.000

toneladas/ano. Custo ~ 2,6 milhões/ano.

“Uma das condições básicas para se atingir o

desenvolvimento sustentável no setor da construção civil

é a reciclagem dos resíduos de construção,

principalmente porque é o maior gerador de resíduos

finais entre os macrosetores da economia.” (John &

Cincotto - apud Aguiar, 2004)

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16De acordo com as ações que foram geradas pela aprovação da resolução do

CONAMA nº 307/2002, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos

para a gestão dos resíduos da construção civil - RCD, é necessário que o setor

gesseiro estabeleça uma política de gestão adequada para seus resíduos

gerados na fabricação, construção e demolição.

CAPÍTULO II

COMPOSIÇÃO, PRODUÇÃO E RESÍDUO

A indústria de gesso acartonado já recicla seus próprios resíduos

industriais, cerca de 3 a 5% (Campbell, 2003; CIWMB, 2003), posto que

possuem composição controlada e perfeitamente conhecida.

No entanto, no Brasil as pequenas fábricas de componentes de gesso não

possuem fornos e não realizam a reciclagem. A indústria de moldagem de

cerâmica de decoração e sanitária também geram uma quantidade significativa

de moldes descartados. Esta fração esta legalmente fora da resolução do

Conama 307. Porém, é provável que os resíduos gerados nas pequenas

fábricas de placas representem uma massa significativa que pode ser decisiva

na viabilização de operações de reciclagem em escala industrial.

As perdas na construção são significativas, devido às atividades de corte. Elas

dependem muito da modulação da obra. Estima-se que entre 10 a 12 % do

gesso acartonado é transformado em resíduos durante a construção nos EUA

(Campbell, 2002). No Brasil a estimativa da indústria é de perdas de 5%1.

O gesso aplicado como revestimento diretamente sobre alvenaria gera grande

quantidade de resíduos, especialmente devido à grande velocidade de

endurecimento do gesso de construção brasileiro, associada à aplicação

manual por mão de obra freqüentemente com baixa qualificação.

Estima-se que a perda típica medida pelo projeto FINEP HABITARE que

estimou o desperdício na construção civil é de 45% (Agopyan, 1998), enquanto

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17os fabricantes do gesso em pó estimam perdas em torno de 30% da massa de

gesso Na região da grande São Paulo estima-se um consumo de gesso para

revestimento de aproximadamente 20.000 toneladas/mês2. Parte das perdas

permanecem na parede como excesso de espessura e será incorporado aos

resíduos de construção quando da demolição do edifício. Outra parte se torna

resíduo de construção.

A redução deste desperdício deve ser prioridade da indústria, pois o

custo do material perdido somado ao da gestão dos resíduos pode afetar a

competitividade da solução. Ela depende de alterações da formulação do

gesso visando ampliar seu tempo útil, conforme proposto por ANTUNES (1999)

e em treinamento de mão de obra. A ampliação do tempo útil também

apresenta grandes vantagens em termos de produtividade da mão de obra

(ANTUNES, 1999). O grau de contaminação deste resíduo é decidido pela

gestão dos resíduos no canteiro.

A demolição de obras contendo gesso fornece um resíduo

potencialmente mais contaminado que os anteriores. Não existe, no momento,

parâmetro para estimar esta geração.

O gesso natural brasileiro é bastante puro. A Tabela 1 apresenta alguns

resultados típicos.

Tabela 1 Composição típica do gesso natural brasileiro (Hincapie Hanao, 1997) Propriedade Amostra 1 2 3 Água livre NBR 12130 1,76 0,93 1,35 Água combinada

NBR 12130 5,52 5,35 5,47

Trióxido de enxofre(SO3)

NBR 12130 52,9 53,0 53,9

Óxido de Cálcio (CaO)

NBR 12130 37,7 38,0 38,0

Gás carbônico (CO2)

NBR 9166 0,58 0,51 0,13

Óxido de Magnésio(MgO)

RILEM 0,33 0,31 0,25

Al2O3+Fe2O3 RILEM 0,64 0,54 0,54 RI RILEM 0,79 1,03 0,81 pH 6,87 6,64 6,92

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18A composição típica do gesso acartonado é mais complexa. A parcela

predominante é de gesso natural hidratado (gipsita), papel (referencias

mencionam entre 4 a 12%), fibras de vidro, vermiculita, argilas (até 8 %),

amido, potassa (KOH), agentes espumantes (sabões), dispersantes, hidro-

repelentes nas placas resistentes à água. Não existem dados disponíveis sobre

a composição dos produtos nacionais. A bibliografia reporta que algumas

jazidas de vermiculita podem conter amianto (Addison,1995). A bibliografia

também registra a presença de metais pesados, conforme exemplo da Tabela

2. Aparentemente a presença de boro é a que mais preocupa, particularmente

em placas com maior resistência ao fogo.

Tabela 2 Composição química incluindo a presença de metais pesados em gesso acartonado norte-americano (Carr & Munn, 1997) Caracterização Química

Quantidade(%) Caracterização Química

Quantidade (ppm)

Material seco 96.19 Sódio 161.2 Cinzas 82.89 Manganês 114.4 Nitrogênio 0.15 Fósforo 85.5 Enxofre 17.6 Boro 48.1 Cálcio 23.0 Zinco 40.2 Magnésio 7.4 Cromo 21.7 Potássio 0.1 Cobre 10.3 Chumbo 3.6 Mercúrio 1.2 * Os valores são a média de quatro réplicas de amostras de gesso acartonado.

Além das matérias primas, os resíduos tipicamente incluem

contaminantes diversos, oriundos do processo de construção, gestão dos

resíduos em canteiro e de uso. Os resíduos de gesso acartonado podem estar

contaminados com metais (pregos, perfis), madeira, tinta. Os resíduos de

outros componentes de gesso (placas de forro, blocos, etc) apresentam

potencialmente os mesmos contaminantes, adicionalmente a fibras vegetais,

como o sisal. O gesso utilizado como revestimento apresenta-se parcialmente

aderido a base de alvenaria e não pode ser segregado no canteiro.

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19A ausência de procedimentos adequados de gestão dos resíduos de

gesso no canteiro ou durante a fase de demolição podem introduzir outros

contaminantes.

2.1 Gesso e a reciclagem de resíduos de construção. Sulfato como contaminante de agregados para produtos cimentícios

No caso da reciclagem como agregados para a produção de

componentes de concreto de cimento Portland, a presença de gesso é um

limitante importante, posto que a reação entre os aluminatos do cimento e o

sulfato do gesso em presença de umidade gera a etringita, composto que

ocupa volume muito maior que os reagentes originais, criando tensões

expansivas que levam à desagregação das peças de concreto. A maioria das

normas limita o teor de sulfatos nos agregados a um valor máximo de 1%. Uma

das características da geração de resíduos de construção é sua

heterogeneidade: cada caçamba tem composição diferente de outra.

Caçambas de resíduo geradas na construção, durante a etapa de aplicação de

revestimentos de gesso, ou montagem de paredes ou forros de placas vão

conter teores de sulfato muito mais elevados que a média. Assim, embora a

participação do gesso nos resíduos de construção seja ainda pequena (está

em franco crescimento), se não forem tomadas medidas adequadas, poderão

ocorrer problemas eventuais, que afetarão a confiabilidade dos agregados

reciclados, impendido o desenvolvimento do mercado de reciclados. A proposta

de diluir o gesso na fração mineral complicaria o processo industrial de

reciclagem, encarecendo todo processo e, possivelmente, tornando-o

economicamente inviável. Na prática, um crescimento do teor de gesso vai

exigir a criação de controles do teor de sulfato nos agregados como parte da

rotina de produção.

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2.2 Contaminação do gesso em agregados para pavimentação

e aterro

Como o gesso também é solúvel em água, a presença em um aterro ou

base de pavimentação de pontos com grande concentração de gesso vai trazer

problemas no longo prazo devido à formação de vazios pela lixiviação do

gesso. Pode também afetar a composição e pHs da água do solo de forma

mais rápida que a fração à base de cimento Portland afeta. Este aspecto não é

relevante em regiões onde o solo já é rico em sulfatos.

2.3 Reciclagem do resíduo de gesso como aglomerante

O processo de hidratação do gesso de construção puro resulta em

produto com composição exatamente igual a que o originou, a gipsita

(CaSO4.2H2O). A reciclagem de resíduos de gesso aglomerante demanda

além da moagem, remoção de impurezas, como o papel, uma calcinação a

baixa temperatura. As reações são as seguintes: CaSO4.2H2O + E =>

CaSO4.1,5H2O + 0,5H2O

Segundo a experiência internacional atual é possível reciclar inclusive

gesso acartonado que contem outros compostos, produzindo aglomerantes,

desde que sejam removidos contaminantes incorporados no processo de

geração de resíduos (Campbell, 2003, Marvin 2000, Hummel, 1997). Existem

várias tecnologias. Com o progressivo banimento dos resíduos dos aterros

sanitários, a reciclagem de gesso vem se tornando progressivamente viável.

Um caso de sucesso é o da empresa canadense New West Gypsum Recycling

que desde 1986 recicla placas de gesso acartonado, fornecendo matéria prima

para a indústria de gesso acartonado e fibra de papel para a reciclagem. A

empresa dispõe inclusive de equipamento móvel que pode ser transportado

para diferentes localizações. A tecnologia no entanto requer limpeza manual do

resíduo. Um dos clientes é a BPB do Canadá, que afirma utilizar até 22% de

gesso reciclado sem qualquer prejuízo no desempenho (Campbell, 2003). A

Knauf possui central de reciclagem em Iphofen (Alemanha), com capacidade

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21de 20 ton/h (Hummel, 1997). A empresa dinamarquesa Gipsrecycling também

opera neste mercado e desenvolveu containers especiais onde o resíduo fica

protegido da chuva. Nos Estados Unidos, por exemplo, GP-Gypsum opera em

Newington, New Hampshire, fabricante de gesso acartonado, opera uma

central de reciclagem que aceita somente resíduo limpo e cobra pelos serviços

(Marvin, 2000).

2.4 Reciclagem na produção de cimento

A gipsita é adicionada ao cimento Portland na etapa de moagem do clínquer

para controlar a pega. No entanto esta atividade exige elevada pureza do

produto e dificilmente será importante na reciclagem do gesso reciclado,

particularmente porque existem em muitas regiões outras fontes de sulfato de

cálcio, como o fosfogesso e o resíduo de gesso industrial, de elevada pureza.

Além da utilização na produção de cimento Portland, existe um processo de

produção de calcinação de gesso misturado com SiO2, Al2O3, Fe2O3 e C a

aproximadamente 1500oC, gerando cimento e H2SO4 (Hummel, 1997). Mas,

no momento não existem notícia de exista alguma planta operando

industrialmente.

2.5 Outras aplicações potenciais

Da revisão bibliográfica realizada, podem ser destacadas outras

aplicações para os resíduos de gesso:

a) Correção de solos (Marvin, 2000; CWMB, 2003, Carr & Munn, 1997))

Com emprego na agricultura, recreação, marcação de campos de atletismo,

plantação de cogumelos. A Gypsum Association USA propõe uma alternativa

de moagem do gesso no canteiro com aplicação do produto diretamente no

solo, em até 22ton/acre (Gypsum Association, 2003). Alguns estados norte-

americanos não permitem o lançamento de gesso no solo (NAHB, 2003).

b) Aditivo para compostagem (Marvin, 2000; CWMB, 2003)

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22c) Forração para animais (Marvin, 2000; CWMB, 2003)

d) Absorvente de óleo (Marvin, 2000; CWMB, 2003)

e) Controle de odores em estábulos (CIWMB, 2003)

f) Secagem de lodo de esgoto (CWMB, 2003)

CAPÍTULO III

O QUE TEM ACONTECIDO NA PRÁTICA COM O GESSO

ACARTONADO

A tecnologia drywall = GESSO ACARTONADO, que rapidamente vem

conquistando a preferência de arquitetos, incorporadores e construtores

brasileiros, causa baixíssimo impacto no meio ambiente, em comparação com

os sistemas construtivos tradicionais, notadamente a alvenaria. Em primeiro

lugar, gera uma quantidade de entulho muito menor, de cerca de 5% de seu

peso (contra 30% da alvenaria convencional), o que facilita sua coleta e seu

transporte. Além disso, seus resíduos, notadamente os restos de chapas e de

perfis estruturais de aço, podem ser totalmente reciclados.

Os restos de perfis de aço galvanizado já têm soluções de reciclagem

consagradas no mercado, a exemplo do que ocorre com a maioria dos metais,

que podem ser facilmente reaproveitados pela indústria metalúrgica. Por outro

lado, no caso específico das chapas para drywall, que são produzidas à base

de gesso, testes efetuados em indústrias de cimento comprovaram que são

100% aproveitáveis no processo de produção do cimento, pois este requer uma

certa quantidade de gesso, que, quando originário das chapas para drywall,

apresenta um grau de pureza superior ao de outros componentes desse

material utilizados no mercado, em razão do apuro tecnológico que cerca sua

produção industrial.

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A Associação Drywall reconhece a importância da prática responsável em

relação à comunidade e ao meio ambiente. Incentiva continuamente, entre as

empresas associadas, a troca e o desenvolvimento das melhores ações de

políticas ambientais que minimizem os efeitos da extração de matérias-primas,

bem como das operações de industrialização, distribuição e aplicação de seus

produtos no meio ambiente e em conformidade com as leis e regulamentações

do país.

Reconhece ainda que, individualmente, cada empresa tem em sua filosofia de

trabalho o compromisso de operar como membro responsável pelas

comunidades local, nacional e global das quais fazem parte.

O gesso é um material ecológico em todas as suas fases de aproveitamento,

desde a mineração da gipsita, sua matéria-prima, até a aplicação final dos

sistemas de construção a seco baseados em chapas de gesso . Nestes, em

particular, tem a capacidade de tornar os ambientes em que é utilizado mais

agradáveis e confortáveis, em razão de suas propriedades físicas e biológicas:

• Atua como regulador do clima, mantendo o grau de umidade do

ambiente em equilíbrio;

• É um isolante térmico e acústico natural;

• Não é inflamável, proporcionando proteção contra o fogo;

• É inodoro, livre de gases tóxicos;

• Não é agressivo à pele, daí ser aprovado para uso biológico;

• Tem baixa densidade e alta consistência;

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24• É eletricamente neutro;

• Não forma fibras nem poeira;

• Não tem efeito cumulativo no organismo pois é eliminado na urina;

• Sua extração, diversamente da de outras matérias-primas, não gera

resíduos tóxicos e requer pouca interferência na superfície, em geral de

duração relativamente curta.

Na Europa, onde a densidade populacional mais elevada requer um cuidado

especial com a preservação dos solos aráveis ou por reservas florestais, os

especialistas em meio ambiente das empresas de mineração têm tido pleno

êxito na recuperação do equilíbrio das áreas mineradas, dando-lhes condições

de reconstituição da flora e da fauna ou de reaproveitamento agrícola.

A reciclagem do gesso é um fator fundamental para o desenvolvimento

sustentável, por ser uma forma importante de tratamento dos resíduos ao

preservar os recursos minerais e energéticos, permitindo também o aumento

da vida útil dos aterros sanitários.

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O emprego deste material, tanto na sua forma virgem como após ser reciclado,

estabelecendo também uma política de gestão adequada para os resíduos de

gesso e possibilitando, entre outros benefícios, geração de emprego e renda.

3.1 Etapas

A primeira delas é a extração da matéria-prima, o mineral gipso,

comercialmente conhecido como “gesso natural” ou simplesmente gipsita É

constituído principalmente do mineral gipsita e que pode conter anidrita de

fórmula CaSO4 e minerais acessórios como calcita, dolomita e cloreto de

sódio. No Brasil, as principais jazidas se encontram no Pólo do Araripe, que se

localiza no Estado de Pernambuco, no nordeste do país. O mineral gipsita é um

sulfato de cálcio dihidratado (CaSO4.2H2O), e tem a composição

estequiométrica média de 32,5% de óxido de cálcio (CaO), 46,6% de trióxido

de enxofre (SO3) e 20,9% de água (H2O).

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Este documento é emitido em quatro vias:

1ª via - LIMPURB

2ª via - GERADOR

3ª via - UNIDADE DE DESTINAÇÃO

4ª via - FIXA/TRANSPORTADOR

A disposição de gesso em aterros sanitários não é pratica recomendada,

exceto quando enclausurado e sem contato com a matéria orgânica e água.

Isso porque o gesso em contato com umidade e condições anaeróbicas, com

baixo pH, e sob ação de bactérias redutoras de sulfatos, condições presentes

em muitos aterros sanitários e lixões, pode formar gás sulfídrico (H2S), que

possui odor característico de ovo podre, tóxico e inflamável. Segundo CIWMB

(apud John & Cincotto 2003), esta é a razão que o produto tem sido banido de

vários aterros sanitários nos Estados Unidos, principalmente quando se trata

de gesso acartonado, material que tem uma composição bem mais complexa

do que o gesso comum. Para o gesso acartonado, a parcela predominante é de

gesso natural hidratado (gipsita), papel (em torno de 4 a 12%), fibras de vidro,

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27vermiculita, argilas (até 8%), amido, potassa (KOH), agentes espumantes

(sabões), dispersantes e hidro-repelentes nas placas resistentes à água. É

sabido que algumas jazidas de vermiculita podem conter amianto (ADDILSON,

1995). Este autor também registra a presença de metais pesados. A presença

de boro é a que mais preocupa, por se tratar de um elemento tóxico.

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Já estão em operação em vários municípios brasileiros Áreas de Transbordo e

Triagem licenciadas pelas respectivas prefeituras para receber resíduos de

gesso, entre outros.

Existem empresas que respondem pela coleta dos resíduos nas obras,

mediante o pagamento de uma determinada taxa por metro cúbico, e

depois de triá-los e homogeneizá-los, os vendem para os setores que farão

a sua reciclagem.

A Associação Drywall mantém em seu site na internet

(www.drywall.org.br ) a relação atualizada de ATTs capacitadas a receber

resíduos de gesso em operação nas principais capitais brasileiras.

Um primeiro passo seria a redução na geração dos resíduos de gesso. A

grande parte desses resíduos vem principalmente da execução de

revestimentos com gesso, chegando até a 88% do volume total destes

resíduos, seguido da perda no uso de gesso acartonado, 8% e por fim na perda

na fabricação de pré-moldados, 4%. Para reduzir a geração no processo de

revestimento, seria necessário aumentar o tempo útil das pastas de gesso,

propiciar um treinamento melhor à mão-de-obra e também melhorar a

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29quantidade da alvenaria que será revestida. Em relação às perdas no uso de

gesso acartonado e na fabricação de pré-moldados, o mais importante é

melhorar a tecnologia do produto, além também de melhorar a qualidade da

mão-de-obra.

CAPÍTULO IV

PROBLEMAS

Resíduos de Construção e Demolição = combinação perversa de

desperdício e descompromisso no manejo e disposição final dos resíduos.

Fazendo parte da classificação C, o gesso acartonado possue

destinação a um único fabricante que recebe aparas para reciclagem,

substituindo parcialmente o gesso in natura por resíduos de gesso acartonado

tanto provenientes da própria produção de placas na fábrica como de obras; há

restrição de resíduos de outros fabricantes, gerando assim um problema, visto

termos 3 fábricas no país. Necessidade de triagem cuidadosa evitando a

contaminação por outros resíduos sob pena de danificar o moinho; restrição a

destinação às ATT´s.

4.1 Custo do processamento

O processo de reciclagem é mais complexo que o de produção a partir

de matéria virgem, e consome mais energia e requer mais mão-de-obra. A

necessidade de sistemas complexos de coleta e diferentes processamentos

visando a remoção de contaminantes não estão presentes quando se usa

matéria prima natural (Marvin, 2000, Campbell, 2003). O consumo de mão-de-

obra e o investimento em equipamentos certamente tornam o processamento

industrial da reciclagem do gesso mais caro que o processamento da matéria

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30prima natural. Assim o custo do processo de reciclagem é potencialmente

superior, para gerar um produto que, devido à presença produtos embebidos

na matriz (aditivos, fibras, etc) e ineficiência da separação, o gesso de

construção produzido possui variabilidade de desempenho certamente superior

ao do gesso obtido da matéria prima natural.

4.2 Quantidade de resíduos de gesso

Em muitas regiões a massa de resíduos de gesso gerada não deverá

ser suficiente para permitir a estruturação de um negócio de reciclagem de

gesso auto-sustentável, mesmo que a utilização do gesso continue crescendo

na velocidade dos últimos anos.

4.3 Gestão dos resíduos em canteiro

A segregação do resíduo de gesso no momento da geração e o controle

de sua contaminação nas etapas de estoque e transporte são condição para

tornar a reciclagem possível. Este tipo de medida depende da conscientização

das empresas especializadas em gesso, construtores, engenheiros e operários,

papel que cabe às organizações setoriais.

4.4 Preço de tratamento do resíduo

Cobrar dos geradores uma taxa é uma das formas existentes para tornar

a reciclagem do gesso viável nos EUA (Marvin, 2000, CIWMB, 2003). O

pagamento pelo transporte de resíduos de construção é hoje prática comum

nas construtoras dos grandes centros. O preço cobrado pelos transportadores

inclui muitas vezes o preço do aterro de resíduos de construção privado. O

aterro privado tem preço competitivo ao custo de transporte até os aterros

públicos, normalmente gratuitos. Em São Paulo, onde existe apenas um aterro

municipal gratuito e as distâncias de transporte são muito grandes, o preço do

aterro privado varia de acordo com a localização, podendo chegar a cerca de

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31R$10 por container de 4m³. É certo que o preço de processamento deverá ser

mais alto quanto mais próximo se estiver da região produtora de matéria prima.

Como o preço cobrado pela gestão do resíduo afeta a atratividade dos

produtos de gesso pelas construtoras, é provável que seja necessário aos

fabricantes subsidiar fortemente a gestão dos resíduos em regiões próximas à

região produtora.

4.5 Gestão

A gestão dos resíduos se baseia principalmente na segregação do resíduo no

canteiro de obra, na demolição seletiva e na proteção dos resíduos contra

umidade. A reciclagem dos resíduos fica impossibilitada se não houver esta

primeira etapa bem executada. Já a coleta dos resíduos só pode ser feita se

houver uma parceria com transportadores capacitados para remoção destes

resíduos do canteiro de obra e posterior transporte a uma empresa de

reciclagem. A separação dos contaminantes é uma fase que ainda requer

muitos estudos. São muitos os contaminantes do gesso, como pintura, metais,

madeiras, adesivos, plásticos entre outros. Deve-se ter cautela na escolha do

processo de descontaminação, pois uma separação manual dos contaminantes

pode acarretar prejuízos à saúde dos trabalhadores. A ausência de

procedimentos adequados na gestão dos resíduos no canteiro ou na fase de

demolição pode aumentar significativamente a quantidade de contaminantes,

dificultando ainda mais o processo de separação. Assim, é iniciado então o

processamento dos resíduos que varia de acordo com a capacidade da

empresa recicladora. Nesta fase, é de grande importância o controle da

qualidade, como uma forma de garantir ao consumidor que a qualidade do

produto reciclado seja compatível com a do produto virgem, e também facilitar

a comercialização do produto reciclado. A reciclagem possui diversas

vantagens, tais como, a preservação dos recursos naturais, a redução do

volume nos aterros, sendo que os RCD’s representam mais que 50% da massa

dos resíduos sólidos urbanos e a geração de emprego e renda. Por estes

motivos, deve-se dar atenção especial ao uso do gesso pela indústria da

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32construção civil no Brasil, principalmente porque a demanda deste material

está crescendo e não estão sendo desenvolvidas tecnologias suficientes nem

para o uso mais racionalizado nem para a reciclagem deste produto, fatos que

já ocorrem em muitos lugares no exterior.

4.5.1 Proposta de ação

A disposição de gesso em aterros sanitários não é pratica recomendada,

exceto quando enclausurado e sem contato com matéria orgânica e água.

Também não é viável a diluição da fração gesso, a não ser aquela incorporada

como revestimento de alvenarias, nos agregados minerais. Assim é necessário

o desenvolvimento de um Plano Nacional para a Gestão de Resíduos de esso

sob a liderança dos fabricantes de gesso de construção e produtos de gesso,

com a participação dos demais integrantes da cadeia do gesso, incluindo

empresas especializadas em instalação de produtos de gesso, construtores e

representantes do poder público. Este plano pode incluir:

Programa de redução da geração dos resíduos

Este programa visa aumentar a competitividade dos produtos de gesso, posto

que a gestão dos resíduos possui custo elevado. Deverá incluir técnicas de

projeto de edifícios empregando modulação dimensional, fundamental para

reduzir o resíduo de gesso acartonado e blocos de gesso até alterações na

formulação de produtos como o gesso de revestimento (ampliação do tempo

útil) e plaquetas. Naturalmente este tipo de atividade afeta somente os resíduos

gerados na produção e não os de pós-uso.

Programa de gestão dos resíduos de gesso

Este programa tem por objetivo melhorar a qualidade do resíduo ofertado,

facilitando a reciclagem. Esta baseado na coleta seletiva/segregada dos

resíduos de gesso, particularmente em canteiros e demolição. Portanto o

treinamento de equipes de aplicação de produtos de gesso é fundamental. É

também fundamental a participação dos construtores, através das entidades

representativas. Mais difícil, mas também importante é desenvolver ações para

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33motivar as empresas de demolição. Também é importante incluir no programa

as pequenas indústrias de plaquetas que ao aumentarem a oferta de resíduos

convenientemente tratados, tornam mais facilmente viável a operação das

centrais de reciclagem. Uma parte essencial do programa é o desenvolvimento

de parcerias com empresas de transporte dos resíduos. Particularmente pode

ser desejável o desenho de containers especiais para maximizar a

reciclabilidade dos resíduos.

Desenvolvimento de mercado de reciclagem de gesso

A transformação de um resíduo em um produto viável no mercado é tarefa

complexa que demanda conhecimentos técnicos, de mercado e até aspectos

legais (JOHN, 2002). Neste caso específico deverá envolver as atividades de

(a) identificação precisa do resíduo gerado e seus contaminantes em diferentes

cenários; (b) determinação das quantidades de cada tipo de resíduo; (c)

investigação de oportunidades de reciclagem tecnicamente viáveis e

competitivas em diferentes mercados (incluindo escala de produção e tipos de

contaminantes); (d) estabelecimento modelos de negócio, incluindo a

participação dos geradores dos resíduos e dos produtores no custo do sistema

em diferentes cenários; (e) busca de parceiros interessados em estabelecerem

o negócio; (f) parcerias com transportadores; (g) sistemas de licenciamento

ambiental e desenvolvimento de mercado para o produto. Trata-se portanto de

atividade complexa e que vai requerer substancial esforço dos envolvidos e

inclusive atividades de pesquisa e desenvolvimento. Para tornar o sistema

viável economicamente é provável que venha a ser necessário estudar

alternativas de deposição segura de gesso para ser aplicada em pequenas

cidades e em áreas próximas da matéria prima. Este aspecto vai exigir do

setor, em seu devido tempo, uma estratégia de negociação complexa com

junto ao CONAMA.

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CAPÍTULO V

RECICLAGEM DE GESSO ACARTONADO: ELA EXISTE

Os benefícios do uso de placas de gesso acartonado podem parecer

sutis, mas na realidade têm um grande impacto no meio ambiente. O desejo de

substituir aterros sanitários por reciclagem é crescente nos EUA. A US Gypsum

e a National Gypsum agora garantem a reciclagem dos resíduos deste produto.

Usando o gesso acartonado da Gypsum Recycling International. Você pode

desviar os resíduos dos aterros e permitir o seu reaproveitamento na

transformação de novas placas de gesso acartonado. Uma outra vantagem é

que as fábricas de gesso acartonado estarão usando menos recursos naturais,

uma vez que os resíduos reaproveitados substituem matérias primas naturais

na produção. Conseqüentemente, de acordo com a Gypsum Recycling

International, o custo das placas de gesso reciclado será reduzido para os

consumidores, assim, todas as partes saem ganhando. Nós, da Tweraser

Group assumimos um compromisso em longo prazo de incentivar a

consciência ecológica em todas as nossas ações. Há anos que 100% de nosso

gesso Sheetrock® é reciclado e cerca de um terço do gesso utilizado hoje é

sintético. Sheetrock® já é um produto ecologicamente correto e, através do

sistema de reciclagem, estamos fornecendo aos nossos clientes um produto

amigo da natureza e 100% reciclável. Além disso, nossos clientes podem ser

beneficiados com os baixos custos da reciclagem dos resíduos, uma vez que

os restos podem ser transformado em novas placas de gesso do tipo”.

Com o progressivo banimento dos resíduos dos aterros sanitários fora do País,

a reciclagem de gesso vem se tornando viável e várias empresas no exterior já

se beneficiam da reciclagem do material. No Brasil, pelo menos a filial paulista

de uma produtora de gesso pernambucana, a Gessonatura, saiu na frente das

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35outras e está para finalizar a primeira Área de Tratamento e Triagem (ATT)

especializada em gesso, em São Paulo.

"Quando saiu a resolução do Conama, com esta decisão traumática para o

setor, partimos para encontrar uma solução para os resíduos de meu produto.

Nos organizamos e já temos cliente para repassar o resíduo de gesso

selecionado para uma empresa que fabrica placas de gesso acartonado",

informou o gerente administrativo da Gessonatura, Luiz Rodrigues.

Ele ainda não sabe informar sobre a rentabilidade do novo negócio, pois a ATT

ainda depende de aprovação do município de São Paulo, mas acredita na

saída comercial para o problema do lixo do gesso. A iniciativa tanto serve para

oferecer um diferencial aos clientes da Gessonatura, que terão à disposição um

serviço de reciclagem, quanto para outras empresas geradoras de resíduos de

gesso. "Como eu vendo, eu posso negociar o transporte do gesso até a área.

As outras empresas terão de dispor de caçambas específicas para o produto,

já que ele não pode ser misturado com outros materiais."

Ele informa que em São Paulo, que sofre com o preço do frete do produto

vindo de Pernambuco (R$ 160 a tonelada), é vantajoso para as empresas - que

usam o gesso como matéria-prima - ter o produto reciclado. O frete, apesar de

mais barato para Pernambuco (R$ 55), também é um serviço caro e, portanto,

a reciclagem também pode ser viável para o Estado.

Fonte: Jornal do Commercio - Recife - PE

5.1 A empresa que recicla

A empresa que faz a reciclagem dos resíduos do gesso, mostra que este

processo de reciclagem tem se transformado em uma solução viável: Gypsum

Recycling International foi iniciado em 2001 na Dinamarca, onde mais de 60

por cento de todos os resíduos de gesso e estuque está sendo reciclado. GRI,

Estados Unidos e National Gypsum se comprometeram a iniciar as operações

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36de reciclagem de placas de gesso nos Estados Unidos a partir de

Massachusetts. "Como resultado de nossa tecnologia inovadora, gesso é

100% reciclável", disse Jack Walsh Empresa criada para abrir Gypsum

Recycling Plant em Massachusetts; Gypsum Recycling International, uma

empresa europeia, está tentando fazer crescer o seu negócio de reciclagem de

gesso, abrindo e expandindo suas operações nos Estados Unidos. Para

conseguir isso, a empresa iniciou as suas operações baseadas E.U., chamado

Gypsum Recycling America LLC, que recentemente recebeu autorização e

aprovação do estado de Massachusetts, bem como a cidade de Cambridge,

Massachussets, para abrir uma unidade de reciclagem que está preparada

para lidar com gesso sucata. Jack Walsh, director-geral da GRA, disse que o

projeto é o primeiro de seu tipo nos Estados Unidos. Enquanto o projeto é,

inicialmente, tendo em gesso limpo, o plano é que, dentro de um ano a

empresa irá tomar em gesso sucata de construtoras, estações de transferência

e retalhistas de gesso. O processo GRA irá remover o papel do revestimento

protetor de gesso, e usar o poder de gesso puro para fazer letreiro novo. E.U.

National Gypsum gesso e serão ambos aceitam o material produzido pela

Gypsum Recycling América.

De acordo com as informações obtidas no website desta empresa, o seu

sistema de reciclagem é capaz de utilizar todos os tipos de blocos de gesso e

resíduos de gesso acartonado, e não somente resíduos de novas construções.

São aceitáveis os resíduos provenientes de reformas, demolições, novas

construções e sobras de produção nas fábricas. Pode-se utilizar chapas de

gesso acartonado de paredes ou forros, chapas de gesso com partes

quebradas, ou pedaços de chapas; chapas com pregos, parafusos ou mesmo

com papel de parede.

O sistema de reciclagem da “Gypsum Recycling International”, contém

todos os componentes necessários para assegurar um bom rendimento no

sistema de reciclagem:

Sistema Coletor: onde os resíduos do gesso são depositados e coletados em

containers especialmente desenvolvidos para esta atividade;

Sistema de Logística: os materiais são coletados e levados para os armazéns

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37centrais.

Unidade de Reciclagem: nesta etapa os materiais são transformados em pó de

gesso;

Clientes: os fabricantes de gesso em pó e gesso acartonado podem utilizar

este pó de gesso ao invés de gipsita.

A unidade de reciclagem é móvel, compacta e fechada, protegendo

assim os resíduos do gesso da chuva. Para os fabricantes de gesso, vários

benefícios foram encontrados com a reciclagem, principalmente diante da

concepção do desenvolvimento sustentável. Além disso, elesencontraram uma

fonte adicional estável de gesso de boa qualidade, e com um preço muitas

vezes abaixo do material virgem. No Brasil, se tem conhecimento que uma das

empresas fabricantes de gesso acartonado já trabalha com a reciclagem dos

resíduos de drywall. A empresa recolhe dos seus clientes as sobras de placas

de gesso acartonado e juntamente com os resíduos da produção, fazem a

reciclagem. O primeiro passo é a trituração destes resíduos, que contém além

do gesso, o papel cartão (outro componente das placas acartonadas). Este

material triturado é levado para calcinação, onde o cartão é totalmente

calcinado. Por fim, o gesso reciclado utilizado como matéria-prima reciclada na

produção de novas placas de gesso acartonado.

Utiliza-se a proporção de 5% de matéria-prima reciclada para 95% de

matéria-prima natural. Deve-se notar, entretanto, que ainda não são recicladas

as placas provenientes de reformas ou demolições, que possuam

contaminantes.

Utiliza-se a proporção de 5% de matéria-prima reciclada para 95% de

matéria-prima natural. Deve-se notar, entretanto, que ainda não são recicladas

as placas provenientes de reformas ou demolições, que possuam

contaminantes.

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CONCLUSÃO

O resíduo: gesso acartonado é um produto que está em grande

crescimento na linha dos produtos da construção civil. Em sua composição

existem produtos que podem tornar-se muito perigosos se depositados em

aterros sanitários, liberando então gases tóxicos e contribuindo para o

crescente aquecimento global.

O produto deve ser depositado em aterros industriais e principalmente:

desenvolver uma tecnologia para que o mesmo seja reciclado. Tecnologia já

existente na Europa – país: Dinamarca desde 2001 onde uma empresa

desenvolve a reciclagem do gesso acartonado e estão iniciando levando esta

tecnologia para os EUA, Massachusetts.

A idéia e a grande preocupação é para que esta tecnologia seja

desenvolvida rápido no Brasil. Hoje, o gesso acartonado corresponde a cerca

de 8% de resíduo, mas o seu crescimento gira em torno de 20% a 30% ao ano.

Isto significa que em 5 anos, está porcentagem terá aumentado em cerca de

100%. Ressalto ainda que as nossas jazidas, apesar de imensas, não são

renováveis. A cada km explorado quer dizer menos m2 a ser transformado em

chapas de gesso.

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