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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS GESTÃO EMPRESARIAL E ESCOLAR GESTÃO ESCOLAR: A BUSCA DE NOVOS SABERES ENVOLVENDO UMA PRÁTICA DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA CURITIBA 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

GESTÃO EMPRESARIAL E ESCOLAR

GESTÃO ESCOLAR: A BUSCA DE NOVOS SABERES ENVOLVENDO UMA

PRÁTICA DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA

CURITIBA

2012

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ANGELA SIMÃO BARBOSA QUARELLA

GESTÃO ESCOLAR: A BUSCA DE NOVOS SABERES ENVOLVENDO UMA

PRÁTICA DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA

Monografia apresentada ao curso de Pós Graduação Lato Sensu – em Gestão Empresarial e Escolar da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – da Universidade Tuiutí do Paraná.

Professora/Orientadora: Olga Maria Silva Mattos

CURITIBA

2012

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RESUMO

O presente trabalho de caráter bibliográfico é uma inquietação a respeito do trabalho do gestor escolar nos dias atuais com a mudança do contexto escolar. Para tanto, buscou-se analisar o verdadeiro papel do gestor escolar e os princípios necessários para uma escola democrática e participativa no mundo atual, visando uma relação sociopolítica, no sentido do compromisso com a formação do cidadão para um tipo de sociedade, essencial para que seu trabalho se efetive com sucesso, sabendo das necessidades existentes no campo escolar. Baseado em pesquisa e fundamentação teórica, que serviram de embasamento para uma pesquisa satisfatória, visando uma maior atualização do gestor escolar com o mundo globalizado e na comunidade em que está inserido. Assim, destaca-se a educação como uma ação intencional, com sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente e que está diretamente ligado aos interesses reais e coletivos da população. Palavras-chave: democracia, sociedade, participação, desenvolvimento

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................6

2. A PEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO ..................................................................8

2.1 A PEDAGOGIA...............................................................................................8

2.2 A EDUCAÇÃO..............................................................................................10

3. GESTÃO.........................................................................................................13

3.1 A GESTÃO ESCOLAR..................................................................................13

3.2 CONCEITO DE GESTÃO ESCOLAR...........................................................15

4. A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO INTERIOR DA ESCOLA...............19

5. ÉTICA E GESTÃO ESCOLAR.......................................................................23

5.1 ORGANIZAÇÃO PARTICIPATIVA DO TRABALHO EDUCATIVO..............25

6. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA.......................................29

7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS..............................................30

7.1 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS...............................................................31

CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................34

REFERÊNCIAS..................................................................................................36

APÊNDICE........................................................................................................38

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LISTA DE FIGURA

FIGURA 2.2 – Processo Educativo ....................................................................... 12

FIGURA 3.1- OS Quatros Pilares da Educação......................................................14

FIGURA 3.2 – Gestão Participativa ........................................................................16

FIGURA 4 – A Abordagem Prescritiva e Normativa da Teoria Clássica .............20

FIGURA 5 – Ética e Gestão Escolar .......................................................................24

FIGURA 5.1 – Participação Coletiva na Gestão Participativa .............................28

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1. INTRODUÇÃO

Sendo um dos papeis da escola, formar pessoas fortalecidas por seu

conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes de

autocrítica com o mundo exterior e capacitadas tecnicamente para enfrentar o

mundo do trabalho e da realização profissional, neste contexto, os desafios do

gestor escolar é muito grande e é preciso repensar no papel do pedagogo dentro do

novo quadro sociopolítico-cultural.

Gestão é todo o processo de organização e direção da escola, produto de

uma equipe, que se orienta por uma proposta a base no conhecimento e realidade, a

partir do qual são definidos propósitos e previstos os meios necessários para sua

realização, estabelecendo metas, definindo rumos e encaminhamentos necessários,

sem entretanto, configurá-los dentro de esquemas rígidos de ações, permitindo

alterações, sempre que necessário.

Uma proposta de mudança apresenta como necessária e oportuna, quando

coliga melhorar os resultados de aprendizagens dos alunos, por meio de um

trabalho conjunto, consistente e coerente com as demandas. Ao pensar o processo

de mudança a partir da escola, é preciso considerar o estágio do desenvolvimento

dos professores e da equipe escolar em termos de conhecimento e compreensão

das bases teórico-práticas em que se assenta. É preciso prepará-los, e ajudá-los a

compreender e analisar o próprio trabalho e sua prática a luz dos resultados

qualitativos e quantitativos. Infere-se daí a importância da formação dos educadores

no próprio local de trabalho, a partir da consciência crítica da sua prática. Hoje,

portanto existe uma necessidade de considerar a prática docente uma fonte de

conhecimento que trabalhada e refletida criticamente, pode contribuir para o

processo de formação continuada dos professores Assim, esta ideia produz

melhores resultados quando estimulada e conduzida por alguém reconhecidamente

experiente, capaz de transformar o processo de reflexão individual em um processo

coletivo, de tal sorte que a busca de novos caminhos se transforme numa ação

orientada para objetivos mais amplos assumidos coletivamente pelo grupo.

Partindo desse pressuposto, este trabalho foi desenvolvido com objetivo de

identificar o papel do gestor escolar nos dias atuais em uma ação democrática e

participativa que ajudem a definir os conceitos principais que aliem teoria à prática

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pois acredita-se que o gestor escolar é criativo e inovador e está preparado para

lidar com as transformações ocorridas nos dias atuais .Para entender estes e outros

questionamentos, realizou-se uma pesquisa qualitativa do tipo etnográfica, a qual

tem como ponto de partida um levantamento bibliográfico sobre os principais

fundamentos da gestão educacional em uma perspectiva histórico-social e a

produção da construção de conhecimentos sob este foco, a partir dos quais foi

traçados e elaborados entrevistas utilizando a fundamentação teórica como

referencial pesquisado.

.

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2. A PEDAGOGIA E A EDUCAÇÃO

2.1 A PEDAGOGIA

A Pedagogia teve sua origem na Grécia Clássica, quando as explicações

predominante religiosa são substituídas pelo uso da razão, suprindo a necessidade

da elaboração teórica da formação humana. Nesse contexto é criada a palavra

padéia, que significa criação dos meninos (pais, paidós, “criança”). Já a palavra

paidagogos, aquele que conduz a criança (agogôs,” que conduz “), função que cabia

aos escravos, pois a eles cabiam a função de tomar conta da criança e conduzi-la ao

local de aprendizagem. Depois passou a ser o próprio educador.

Não apenas porque, em muitos casos, ele passou a se encarregar do

próprio ensino das crianças, mas também porque de fato, sua função,

desde a origem, era o de estar junto às crianças, tomando conta delas,

isto é, vigiando, controlando, supervisionando, portanto todos os seus

atos. (SAVIANI, 2003, p. 17)

E assim preocupados com a comunidade, com o saber do cidadão, com a

elaboração da cultura, com o tempo se reflete sobre a educação, e os gregos que

“ao discutir os fins da pandeia, esboçam as primeiras linhas conscientes da ação

pedagógica e assim influenciam por séculos a cultura ocidental”. (ARANHA, 1996, p.

41)

O curso de Pedagogia foi criado em 1939, pelo Decreto Lei nº1190,

prevendo a formação do bacharel em Pedagogia, conhecido como técnico em

educação. No decorrer da história da formação de pedagogos foram várias as

discussões e legislação para reformular o curso passando suas habilitações por

bacharelado e licenciatura e formação de especialistas, mas sempre visando o ato

educativo.

A docência era vista como a base da identidade profissional, do pedagogo.

Porém as práticas educativas estendem-se as mais variadas instâncias da vida

social, não sendo uma prioridade da escola ou da docência. Sendo assim o campo

de atuação do profissional Pedagogo é vasto, pois em todos os lugares e meios

sociais estamos envolvidos com as práticas educativas, e se houve o caráter de

intencionalidade, há uma tenha apenas visão de sala de aula.

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Como estamos envolvidos diariamente com a educação, nas diversas

instituições e lugares estando diante de uma sociedade genuinamente pedagógica,

revelando amplos campos de atuação, assim pedagogia. Nessa perspectiva, o curso

de pedagogia deixa de formar um profissional que o pedagogo aparece como um

profissional qualificado capaz de

atuar em vários campos educativos para atender demandas sócio-

educativas de tipo formal e não-formal e informal, decorrentes de

novas realidades – novas tecnologias, novos atores sociais, ampliação

das formas de lazer, mudanças nos ritmos de vida, presença dos

meios de comunicação e informação, mudanças profissionais,

desenvolvimento sustentado, preservação ambiental – não apenas na

gestão, supervisão e coordenação pedagógica de escolas, como

também na pesquisa, na administração dos sistemas de ensino, no

planejamento educacional, na definição de políticas educacionais, nos

movimentos sociais, nas empresas, nas várias instâncias de educação

de adultos, nos serviços de psicopedagogia e orientação educacional,

nos programas sociais, nos serviços para a terceira idade, nos

serviços de lazer e animação cultural, na televisão, no rádio, na

produção de vídeos, filmes, brinquedos, nas editoras, na requalificação

profissional, etc. ( LIBÂNEO, 2002, p. 38, 39)

A Pedagogia é uma ciência da formação humana, que trabalha a realidade

social, levando em conta o individual e o coletivo, tendo como enfoque a educação,

nas mais diversas instâncias, e onde houver a prática educativa haverá a ação

pedagógica. E em seu campo de conhecimento a Pedagogia “se ocupa do estudo

sistemático da educação, isto é, do ato educativo, da prática educativa concreta que

se realiza na sociedade como um dos ingredientes básicos da configuração da

atividade humana”. (LIBÂNEO, 2002, p. 30) Assim ocupando-se da educação

intencional como atividade transformadora da realidade educativa social, a

pedagogia se utilizará da teoria e prática da educação.

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2.2 A EDUCAÇÃO

Todos nós temos acesso à educação, pois para viver dependemos dela,

mesmo quem nunca freqüentou a escola, convive com a educação, para Libâneo,

(2002, p.26) “... a escola não é o único lugar que ela acontece...”, pois podem ser

consideradas os ensinamentos de pais para filhos e as aprendizagens adquiridas

no meio social onde estamos inseridos.

Para Libâneo, 2002, p.97

A educação é um fenômeno social inerente à constituição do homem e

da sociedade,... Trata-se, pois de um processo global estranhado na

prática social, compreendendo processos formativos que ocorrem

numa variedade de instituições e atividades.

Esta educação vem ampliando, pois envolve práticas de conversa de acordo

com as situações do cotidiano e ambiente onde as pessoas estão inseridas (família,

escola, igreja.) Para Libâneo 2002, p.142 “A educação consiste de uma prática

social que envolve o desenvolvimento dos indivíduos no processo de sua relação

ativa com o meio natural e social...” Piletti, 1988, p.16, coloca que “a educação

também se dá onde não há escolas. Em todo lugar existem redes e estruturas

sociais de transferências de saber de uma geração para outra”.

Então a educação ocorre em todos os ambientes não escolares, desde que

se tenha uma interação e socialização entre os envolvidos, todavia vários fatores

podem influenciar na educação das pessoas de acordo com a cultura, com o meio

social, como fatores naturais, o ambiente social, político, e aquela passada de

geração para geração na família.

E quanto mais à sociedade se desenvolve alguns processos educativos se

modificam como os valores, os costumes, as idéias, a religião, a organização social,

as leis, o sistema de governo, os movimentos sociais, as práticas de criação de

filhos, os meios de comunicação social.

Existem diferentes tipos de educação, a intencional e não-intencional, todavia

boa parte ocorre de modo não-intencional, ou seja, a educação informal.

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Com as transformações da sociedade surge à educação intencional, com a

modernização das instituições, do progresso técnico cientifico da necessidade cada

vez mais pessoas participarem das decisões que envolvam a coletividade.

“A educação abrange o conjunto das influencias do meio natural e social que

afetam o desenvolvimento do homem na sua relação ativa com o meio social”.

(LIBÂNEO, 2002, p. 87).

A educação intencional distingue se em não-formal e formal. A educação

formal seria aquela estruturada, organizada, planejada, pois são aquelas com

intenção educativa. Como por exemplo, a educação escolar. A educação não-formal

são aquelas que ocorrem nas instituições, mas não precisa ter uma seqüência a

seguir, elas podem estar presentes nas escolas com atividades extra-escolares que

como passeios, oficinas e outros que possibilitem aquisição do conhecimento e

venha a complementar a educação formal.

Nassif (1980 apud, Libâneo 2002, p.90) define que a educação informal “é o

processo continuo de aquisição de conhecimentos e competências que não se

localizam em nenhum quadro institucional.” Esta educação são as de influencia do

meio social que acontece na relação com diferentes grupos sociais, culturais onde

se adquire conhecimentos e aprendizado. O campo de ação deste profissional é

muito amplo, podendo envolver atividades tais como:

O cuidar e o educar dessas crianças, contribuindo para o

desenvolvimento de todas as suas dimensões física, psicológica, intelectual, social;

Fortalecer e enriquecer o aprendizado dessas crianças, com aulas de

reforço escolar;

Ensinar de forma interdisciplinar;

Desenvolver trabalho em equipe, estabelecendo diálogo entre a área

educacional e as demais áreas do conhecimento;

Participar da gestão planejando e executando diversos projetos;

O Pedagogo neste espaço tem de estar pronto para elaborar projetos

educativos, planejar ações da organização e prestar apoio pedagógico.

Em síntese na figura2.2 abaixo percebe-se a educação como:

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Figura 2.2 – Processo educativo

EDUCAÇÃO NÃO - FORMAL

EDUCAÇÃO INTENCIONAL

EDUCAÇÃO FORMAL

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO NÃO – INTENCIONAL EDUCAÇÃO INFORMAL

Execução própria

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3. GESTÃO

3.1 A GESTÃO ESCOLAR

As tendências verificadas no campo da educação de propiciar uma formação

voltada a construção do conhecimento e desenvolvimento das competências, requer

novos processos pedagógicos que por sua vez pressupõe uma série de rupturas.

Tais rupturas implicam em uma mudança de visão do real e as instaurações de

novas práticas condizentes com esta nova visão. As respostas para tais mudanças,

no entanto estão relacionadas a uma complexa rede de relações associadas ao tipo

de gestão e envolvem os agentes sociais que ocupam as posições estratégicas nas

instituições. Implicam em capacidade de gestão no interior da dinâmica institucional

como também na relação de tais agentes estabelecem com os representantes dos

demais campos do espaço social. Estes processos correspondem novos modelos de

gestão institucional, baseados na gestão estratégicas e de macro competências e

das micro competências individuais, que possam favorecer a construção do perfil do

profissional cidadão que se almeja. Dadas as crescentes condições de desigualdade

social entende-se que à escola cabe uma função compensatória que ajude a reduzir

essa distância abrindo possibilidades de atendimento para as diferenças existentes

o que requer deixar sua função homogeneizadora tornando-se mais pluralista e

diferenciada, e isto implica a abertura de novos espaços, flexibilidade e autonomia. A

outra função de formar cidadão supõe o desenvolvimento do homem critico que

forma juízos, não repetidor, mas que sabe avaliar as diferentes possibilidades e

consegue discernir o que mais lhe convém bem como ao social. Implica ainda a

formação de atitudes, valores e não apenas capacidades cognitivas.

Segundo (DELORS, 2006) a educação deve organizar-se em torno de quatro

aprendizagens fundamentais que, ao longo da vida, serão de algum modo para cada

individuo os pilares do conhecimento: aprender a conhecer, isto é adquirir os

instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio

envolvente; aprender a viver junto, a fim de participar e cooperar com os outros em

todas as atividades humanas. Finalmente aprender a ser, via essencial que integra

os três precedentes. Considerando a sociedade atual, o conhecimento assume a

posição central, sobretudo na produção e pode ser obtido em inúmeras fontes e

situações, dado que as informações estão acessíveis em toda a parte sociedade do

conhecimento e não mais à escola como transmissora deixa de ser exclusiva e

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peculiar, a qual impõe-se redefinir o seu papel. Assim o trabalho educativo assume

um sentido amplo com o envolvimento de vários atores e é constituído em torno de

quem aprende. Conforme a figura 3.1 verifica-se os quatros pilares da educação.

Figura 3.1 Os quatros pilares da educação

APRENDER A FAZER

APRENDER A CONHECER

APRENDER A VIVER JUNTOS

APRENDER A SER

Execução própria

Segundo (LIBÂNEO, 2001), as instituições escolares vêm sendo

pressionadas a repensar seu papel diante das transformações que caracterizam o

acelerado processo de interação e reestruturação capitalista mundial. De fato, o

novo paradigma econômico, os avanços científicos e tecnológicos, a reestruturação

do sistema de produção e as mudanças do mundo do conhecimento afetam a

organização do trabalho e o perfil dos trabalhadores, repercutindo na qualificação

profissional e por conseqüência, nos sistemas de ensino e na escola. Sendo assim a

proposta de mudança apresentada como necessidade é oportuna, quando se cogita

melhorar os resultados da aprendizagem dos alunos por meio de um trabalho

conjunto, consistente e coerente com as demandas. Ocorre que ao pensar neste

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processo de mudança a partir da escola sobre o ponto de partida da gestão, é

preciso considerar o estágio de desenvolvimento dos professores e da equipe

escolar em termos de conhecimento e compreensão das bases teóricas-práticas em

que se assenta. Implica dizer que é preciso prepará-los, para e ajudá-los a

compreender e analisar o próprio trabalho e sua prática à luz dos resultados

quantitativos e qualitativos. Infere-se daí a importância da formação dos educadores

no próprio local de trabalho a partir da consciência critica da sua prática.

3.2 CONCEITO DE GESTÃO ESCOLAR

As primeiras formas de gestão e organização do trabalho remontam a tempos

bastante antigos da humanidade, com destaques para grandes construções

históricas. A partir da do modo de produção capitalista, assim como a superação

desse sistema social pela organização da sociedade baseada no socialismo, a forma

de trabalho deixou de se basear em relações do servilismo ou escravismo. Antes do

século XVIII, as grandes construções humanas tinham como base a organização

social o uso do trabalho escravo ou do servo. Apenas a partir da decadência do

sistema feudal e da ascensão do sistema capitalista é que o trabalho empregado

rompeu com os laços da escravidão. Mas no Brasil, ainda permaneceu vigente

fortalecendo o início do desenvolvimento empresarial, usando alguns resquícios do

trabalho escravo.

Historicamente a educação escolar tem sido compreendida como o processo

de transmissão dos saberes acumulados pela humanidade às gerações mais novas,

seja como fim de produzir a adaptação pura e simples à sociedade, seja com o fim

de se apropriar desses saberes tendo como horizonte a emancipação dos

indivíduos, essa finalidade, ainda que definidora da função social da escola, tem se

sobreposto uma relação a outras dimensões humanas.

O priveligiamento da dimensão cognitiva tem secundarizado outras

dimensões da formação física, social e afetiva. Desse modo, pensar em educação,

uma educação escolar capaz de realizar a educação em sua plenitude, implica em

refletir sobre as práticas pedagógicas já consolidadas e problematizá-las no sentido

de produzir a incorporação das múltiplas dimensões da realização do humano como

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uma das grandes finalidades da escolarização básica. Desta forma, Educação se

qualifica e precisa ser repensada como um todo, valorizando o meio em que se

está inserido e adequando as novas culturas e o modelo de cidadão capaz de refletir

sobre suas condutas e interferir de maneira positiva no meio social.

Para tanto, escola a partir de um conhecimento anterior. A escola pública tem

uma intensa relação com a comunidade, administrativamente e também lida com a

diferença cultural intensa; com a miséria, pobreza do país. Então, a gestão

participativa implica no trabalho da comunidade escolar, como vemos na figura 3.2,

quem faz parte da escola participativa.

Figura 3.2 Gestão participativa

Fonte (Adaptado de CHIAVENATO, 1993)

Uma educação de qualidade envolve uma gestão escolar participativa que

busca a possibilidade de acesso dos alunos às oportunidades da vida em sociedade,

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em que uma boa ou má equipe diretiva pode ajudar o jovem a estabelecer uma

relação diferenciada com os obstáculos que a vida real impõe a cada momento.

Libaneo apud Fortunati (2007, p.51) elenca uma série de atribuições do

gestor.

Supervisionar e responder por todas as atividades administrativas e pedagógicas da escola, bem como as atividades com os pais e a comunidade e com outras estâncias da sociedade civil;

Assegurar as condições e os meios de manutenção de um ambiente de trabalho favorável e de condições materiais necessárias à consecução dos objetivos da escola, incluindo a responsabilidade pelo patrimônio e sua adequada utilização;

Promover a integração e a articulação entre a escola e a comunidade próxima, com o apoio e a iniciativa do Conselho Escolar da escola, mediante atividades de cunho pedagógico, científico, social, esportivo e cultural;

Organizar e coordenar as atividades de planejamento e de projeto padagógico-curricular, juntamente com a coordenação pedagógica, bem como fazer o acompanhamento, a avaliação e o controle de sua execução;

Conhecer a legislação educacional e do ensino, as normas emitidas pelos órgãos competentes e regimento escolar, assegurando o seu comprimento;

Garantir a aplicação das diretrizes de funcionamento da instituição e das normas disciplinares, apurando ou fazendo apurar irregularidades de qualquer natureza, de forma transparente e explicita, mantendo a comunidade escolar sistematicamente informada das medidas;

Conferir e assinar documentos escolares, encaminhar processos ou correspondências e expedientes da escola, de comum acordo com a secretaria escolar;

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Supervisionar a avaliação da produtividade da escola em seu conjunto, incluindo a avaliação do projeto pedagógico, da organização escolar, do currículo e dos professores;

Buscar todos os meios e condições que favoreçam a atividade profissional dos pedagogos especialistas, dos professores, dos funcionários, visando à boa qualidade do ensino;

Supervisionar e responsabilizar-se pela organização financeira e controle de despesas da escola, em comum acordo com o Conselho da Escola, os pedagogos, os especialistas e os professores.

Dessa maneira percebe-se que o trabalho do gestor implica no trabalho

coletivo, compreendida como no contexto da gestão democrática, cabendo a equipe

dirigente organizar o trabalho do conjunto de profissionais.

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4. A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NO INTERIOR DA ESCOLA

Na sociedade de modo geral, o trabalho se orienta pela especialização que

converge na separação de quem planeja e quem executa. Ainda que haja intenso

debate sobre as metamorfoses do trabalho na contemporaneidade, o principio da

separação entre quem pensa e quem executa permanece válido, mesmo que tenha

adquiridos novos contornos.

A escola que se firmou com a modernidade guardou, no processo histórico

de sua consolidação e nesse sentido, o pressuposto básico da divisão do trabalho

capitalista a separação entre planejamento e execução foi incorporado. Desse modo

resultou uma lógica burocrática de organização do trabalho pedagógica escolar.

Em relação às diferentes funções da educação Frigotto (2003, p. 26)

salienta:

Na perspectiva das classes dominantes, historicamente, a educação dos diferentes grupos sociais de trabalhadores deve dar-se a fim de habilitá-los técnica, social e ideologicamente para o trabalho. Trata-se de subordinar a função social da educação de forma controlada para responder às demandas do capital.

A organização do trabalho de forma burocrática é uma característica das

sociedades modernas. Se nas sociedades antigas a burocracia emerge da

necessidade de planejar a produção, nas sociedades ocidentais do presente ela

adquire funções que vão além do planejamento. Neste sentido a burocracia acaba

por assumir ainda as funções de poder e dominação.

Weber (1982) entende por burocracia um sistema social e formal, no que se

faz presente o exercício da autoridade, e que, nas organizações burocráticas, se

torna legitima através das normas. Estas normas são escritas e tem como

fundamento o principio racional – legal, sendo este ainda o principio legitimador da

autoridade. A hierarquia voltada para o controle e a vigilância, é outra forma pela

qual podemos caracterizar a burocracia enquanto sistema social formal.

Decorrente do principio racional que rege e orienta a burocracia tem-se

outro que por si justifica o principio da eficiência. A crescente preocupação com a

eficiência pode explicar a burocratização das sociedades modernas e com ela a

crescente racionalização das organizações.

A organização do trabalho de forma burocrática se instituiu como dominação

à medida que delega a poucos o poder de exercer o controle sobre muitos.

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Com relação ao sistema escolar a função ideológica resulta no controle que

se exerce por meio da criação dos órgãos e mecanismos encarregados do

planejamento, execução e acompanhamento das políticas educacionais. Porém não

é apenas no modo como se organiza o sistema escolar, isto é no modo como são

articuladas as unidades escolares como dinâmica interna de trabalho das escolas

que se instituem mediações burocráticas que de diversas maneiras, interferem na

execução do trabalho pedagógico aí desenvolvido. A designação de um responsável

pelo aspecto administrativo da unidade escolar é decorrente da necessidade de se

ter alguém responsável quase que exclusivamente pelo trabalho administrativo –

burocrático, constituindo-se esta a função clássica que se definiu para administração

escolar.

Os autores clássicos partiam do pressuposto de que a adoção dos princípios

gerais de administração – como divisão do trabalho, a especialização, a unidade de

comando e a amplitude de controle, conforme figura 4, permite uma organização

formal da empresa capaz de proporcionar-lhe a máxima eficiência possível

(CHIAVENATO, 1993).

Figura 4- A abordagem prescritiva e normativa da Teoria Clássica

Fonte: (Adaptado de CHIAVENATO, 1993).

Esta forma de organização do trabalho escolar pode ser chamada de

burocracia à medida que privilegia critérios como o da obediência às normas

escritas, a hierarquia com base no saber e a autoridade firmada na técnica e

legitimada por relações do poder consolidadas por critérios jurídicos- legais.

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A organização burocrática do trabalho não se sustenta apenas nesses

critérios. Há ainda outro cuja adoção pela escola assume características peculiares:

o critério da impessoalidade. A organização burocrática do trabalho manifesta-se

não apenas no âmbito da equipe pedagógico – administrativa, composta por

diferentes especialistas como também no trabalho docente, por meio do

compartilhamento do saber, à medida que o currículo é composto por um conjunto

de disciplinas que respondem cada uma delas, pelo processo de socialização e

apropriação de uma parcela do conhecimento humano acumulado.

Essa organização do trabalho escolar marcou, desde o inicio, a estrutura do

planejamento escolar como um requisito que visava ao atendimento de

necessidades mais burocráticas do que propriamente pedagógicos.

Por outro lado o clima organizacional de uma escola é um dos fatores

decisivos para o bom funcionamento da escola. O gestor e sua equipe diretiva tem

papel determinante na sua definição e implementação. “Um bom clima de trabalho

favorece a motivação da equipe e aumenta o compromisso da comunidade

educativa com a qualidade do ensino.” (FORTUNATI, 2007, p.53) Cada vez mais

ganha importância a participação da comunidade escolar na vida da escola, em que

o diretor dinâmico e democrático busca a participação ativa da comunidade, pais,

professores, servidores, alunos. Com essa troca de experiências e vivencias, todos

ganham nas mudanças físicas e até no desempenho dos alunos que ficam

motivados para realizarem as atividades educacionais, com a participação dos pais.

O gestor desempenha uma função decisiva na organização escolar,

dedicando-se o tempo todo a escola, determinando o clima emocional e intelectual

na instituição. Nesta perspectiva Fortunati (2007, p.54) salienta que

Sem dúvida, pode-se, de forma figurada, considerar a imagem do diretor como o coração e a alma da escola, pois por meio de sua presença, positiva ou negativa, termos uma unidade de ensino mais atuante, mais motivada, com maior participação da comunidade escolar, com uma preocupação maior em construir, de forma permanente, um ensino de melhor qualidade para seus estudantes.

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O diretor coordena o trabalho geral da escola, lidando com os conflitos

decorrentes especialmente das relações de poder, encaminhando e solucionando os

problemas do cotidiano escolar, garantindo o bom funcionamento da escola.

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5. ÉTICA E GESTÃO ESCOLAR

O trabalho da gestão está diretamente relacionado à questão da ética, na

medida em que se compromete com a questão dos valores, sendo a pessoa

humana o seu valor primordial, fonte da qual emana e finalidade dos seus

procedimentos.

A vida humana está fundamentada em valores; estes não são absolutos, nem

são qualidades objetivas das coisas em si. Os valores surgem das atividades sociais

dos indivíduos na medida em que agem vivenciando diferentes situações. Assim

todos os indivíduos e instituições possuem valores.

Portanto, a escola sendo também uma instituição possui determinados

valores que são descritos em seus regulamentos ou regimentos, convive e interfere

nos valores dos seus alunos, de diferentes contextos sociais. Deve-se ter em mente

que os valores acompanham a história, o tempo em que foram criados e escolhidos,

e portanto podem mudar com o tempo. A ciência busca compreender a realidade de

maneira racional, descobrindo as relações universais e necessárias entre os

fenômenos, tornando-se assim indispensável a todas as pessoas e também a

gestão educacional. Os indivíduos devem ter esta ciência, na medida em que ela

utiliza métodos rigorosos para atingir o conhecimento sistemático, preciso e objetivo.

A gestão educacional busca ajudar o aluno no seu processo de auto-realização e a

investigação da natureza contribui para este processo.

Na dialética para a liberdade e necessidade nascem os valores que guiaram a

conduta do ser humano: o encontro das possibilidades e necessidades individuais

com as oportunidades em realidades sociais constitui a base da inserção do homem

ao seu meio.

[...] o processo amplo, complexo e lento de mudanças que ocorrem, por inúmeras razões – mas principalmente pelo surgimento de novas necessidades dos homens – de práticas, valores, princípios e características pertinentes a determinando tipo de sociedade. Consideramos, por isso mesmo, a análise da transformação social extremamente importante, pois as necessidades humanas, em constante transformação, precisam ser examinadas para uma maior autoconsciência do que somos ou fizemos. (NETO e NAGEL, 2007)

A gestão educacional trabalha com categorias pedagógicas no que diz

respeito as suas finalidades e objetivos gerais. Portanto, as especificidades da

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GESTÃO ESCOLAR

gestão educacional estão voltadas para o aluno em seus processos pedagógico. A

ética enquanto campo da filosofia está diretamente relacionada a todas as áreas do

conhecimento, na medida em que há uma dificuldade em precisar os objetos de

estudo de determinadas ciências do campo educacional. Dessa forma, a dimensão

ética da gestão educacional enquanto ato educativo decorre da sua própria

essência, o ato de educar pressupõe um comportamento ético com base em uma

responsabilidade moral e precisa. A cultura resultante do domínio do homem sobre a

natureza, e que tem raiz na liberdade, remetem a questão dos valores, pois toda

ação humana é realizada tendo em vista um determinado fim, estando sempre

ligada a alguma forma de valor quando age, quando escolhe, o indivíduo está

continuamente aceitando ou contrariando algo que possui valor. Ao se analisarem os

valores na história, vemos que a objetividade desses valores implica um dever, na

medida em que na essência obedece-se a si mesmo, no significado universal do ser

humano, assim torna-se evidente a relação entre cultura e ética. A cultura determina

os valores que a sociedade elegem para seus processos de desenvolvimento e

mudança, fazendo e vivendo a cultura de sua época.

Em síntese na figura 5, abaixo que a gestão escolar assim como a vida

humana implica em ética e valores para se viver em sociedade.

Figura 5 - Ética e Gestão Escolar

Execução própria

VIDA

HUMANA

ÉTICA VALORES

ALUNOS

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O cotidiano escolar por sua organização e processo tem um significado

O compromisso da educação, revestido de seus objetivos e finalidades está

relacionado diretamente com o meio social e cultural. O desenvolvimento

pedagógico está relacionado ao desenvolvimento socioeconômico do contexto.

Pensar e agir sobre educação vai além dos limites de sala de aula maior do que

aquele que envolve as questões meramente metodológicas. Portanto a

formação do aluno não se restringe a estas questões, pois traz uma questão

ampla da formação do cidadão. A ideia de um cotidiano escolar planejado vai

dando lugar a ideia de um espaço amplo de cotidiano reflexo de um mundo

complexo pelas diversidades que marca um contexto atual.

5.1 ORGANIZAÇÃO PARTICIPATIVA DO TRABALHO EDUCATIVO

A origem etimológica da participação encontra-se em “participativo”, do latim,

que significa ter parte na ação, o que torna necessário ter acesso ao agir, bem como

as decisões que orientam o agir ( BENINCA,1995).

Um dos pressupostos básicos para que o planejamento educacional ocorra de

forma participativa é o da unidade entre pensamento e ação. Para que as ações de

forma participativa sejam consolidadas de modo a produzir carência entre as ações

e as finalidades propostas coletivamente, torna-se imperativo que se instaure um

processo de estudo permanente que produza, entre os envolvidos além de uma

direção comum em termos de suas práticas, também uma convergência teórica.

Sem fugir à responsabilidade de intervir, de dirigir, de coordenar, de estabelecer limites, o diretor não só, porém, na prática realmente democrática, o proprietário da vontade dos demais. Sozinho, ele não é a escola. Sua palavra não deve ser a única a ser ouvida (FREIRE, 2001b, p. 105).

A constituição do planejamento participativo implica, na atuação permanente

e organizada de todos os segmentos envolvidos com o trabalho educativo,

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possibilitando um processo de revisão e transformação das relações do poder

instituídas.

A participação dos diversos segmentos, não significa que todos passem a

exercer o mesmo papel, mostra-se como um avanço no sentido da superação da

organização burocrática do trabalho pedagógico escolar assentado na separação

entre a teoria e a prática.

É, portanto, mais coerente com a complexidade do trabalho educativo que

não se resume a uma atividade meramente técnica, mas defini-se enquanto

portadora de racionalidade política e ideológica.

Assim, a escola é chamada a desempenhar intensivamente um conjunto de

funções, e para além da função instruir e avaliar orientando pedagógico, nacional e

socialmente. Deste modo vem sendo chamada a desempenhar funções

diferenciadas em consequência da interação que estabelece com a comunidade e

sociedade em permanente evolução. Esta é a visão estratégica que envolve o

pedagogo na sua globalidade, na interação consigo e com os outros, com o passado

e o futuro colocando-se entre a realidade e a utopia que implica num processo

inteligente sensato e criativo de conceber a ação de desenrolar no futuro com base

numa reflexão sobre a realidade presente compreendida à luz do passado. O

desenvolvimento institucional ocorre na interação das relações entre as

organizações e o meio envolventes, mas também das interações entre seus

membros. É preciso reconhecer que a vida de uma instituição desenvolve culturas,

regulamentos, rotinas. E o equilíbrio está numa atuação interativa entre membros

com diferentes funções e diferentes perspectivas, que deverá resultar a

concretização de ações contextualizadas de um pensamento estratégico interativo e

construídas. O gestor escolar hoje se encontra diretamente envolvido neste

processo, para tanto, é preciso entender o verdadeiro papel que ele desempenha na

escola, bem como a inovação de seu trabalho, propostas diferenciadas que visem a

integração social e democrática que envolve a comunidade e escola. Fortunati

(2007, p.52) salienta que “as tarefas a serem assumidas pelos diretores das escolas

públicas, em pleno terceiro milênio, certamente são muito mais complexas do que as

exercidas pelos diretores das mesmas escolas alguns anos atrás.”

A sociedade modificou-se, a estrutura social já não é a mesma, cabendo à

escola responsabilizar-se pela aprendizagem dos alunos, especialmente em face

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dos problemas sociais, culturais e econômicos que afetam atualmente os

estabelecimentos de ensino.

No entanto, elas precisam ser bem organizadas, e bem administradas pra

melhorar a qualidade de aprendizagem de seus alunos. Uma escola bem organizada

é aquela que cria e assegura condições pedagógicas que permitem o bom

desempenho dos professores em sala de aula, de modo que os seus alunos sejam

bem-sucedidos em suas aprendizagens.

Para que isto ocorra é preciso que tenha professores preparados, que tenham

clareza de seus objetivos e conteúdos, que façam planos de aula, que consigam

cativar os alunos, que utilizam metodologia e procedimentos adequados à matéria e

às condições de aprendizagens dos alunos, que façam avaliação contínua,

prestando muita atenção nas dificuldades de cada aluno.

Um bom clima de trabalho, em que a direção contribua para conseguir o

empenho de todos, em que os professores aceitem aprender com a experiência dos

colegas, trocando as qualidades entre si, de modo que tenham uma opinião comum

sobre critérios de ensino de qualidade na escola. A estrutura organizacional e boa

organização do processo de ensino aprendizagem, que consigam motivar a maioria

dos alunos a aprender. Em síntese na figura 5.1 percebe-se que o ensino de

qualidade faz parte da gestão participativa.

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Figura 5.1 Participação coletiva na gestão participativa

Execução própria

O papel significativo da direção e de coordenação pedagógica é articular o

trabalho sendo conjunto de todos os professores e os ajudem a ter bom

desempenho em suas aulas.

Disponibilidade da equipe para aceitar inovações, observando o critério de

mudar sem perder a identidade. Considerar também que elas não podem ser

instauradas de modo rígido, imposto, mas, os professores devem captá-las de forma

crítico-reflexivo. É preciso que eles discutam as inovações com base nos

conhecimentos e nas experiências que já carregam consigo para compreenderem os

objetivos daquelas que possam afetar seu trabalho.

Inovações

Troca de

experiências

Alunos

Gestão

Participativa

Professores

Planejamento Ensino de

qualidade

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6. CARACTERIZAÇÃO DO CAMPO DE PESQUISA

Foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo etnográfica, a qual teve como

ponto de partida um levantamento bibliográfico sobre os principais fundamentos da

gestão educacional em uma perspectiva histórico-social e a produção da construção

de conhecimentos sob este foco, a partir dos quais foram traçados e elaborados

entrevistas.

A próxima etapa foi a pesquisa de campo em três escolas da rede municipal

de ensino. Com objetivo de compreender as ações desenvolvidas por três

pedagogas (Apêndice A) e suas visões a respeito da escolha da profissão, da

maneira de se trabalhar e a relação com a comunidade, bem como a preocupação

com a formação dos alunos dentro da nova concepção de escola.

Assim os dados coletados foram analisados à luz do referencial teórico com o

objetivo de compreender e refletir sobre as concepções e contradições no trabalho

cotidiano do Gestor escolar em uma prática democrática e participativa.

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7. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

PEDAGOGAS 1 2 3

1. Qual a sua idade? 32 anos 47 anos 38 anos

2. Como você desenvolve trabalho com os professores?

“O trabalho que eu desenvolvo com os professores é amplo, uma vez que propomos trabalhar com projetos e uma proposta diferenciada que valoriza o aluno e o professor como um todo”.

“Eu tento fazer o melhor possível, mas as vezes encontro dificuldades em trabalhar e manter uma boa conduta com alguns professores.Minha ideia nem sempre é aceita,e eu preciso impor o que penso e muitas vezes decidir por muitos”.

“É preciso entender o trabalho como um todo, por isso mesmo com a correria do dia a dia tento fazer o melhor”

3. Para você, qual o verdadeiro papel do gestor escolar atualmente?

“Bom, eu acho que o gestor escolar deve manter acesa nos professores a vontade de ensinar, propondo uma integração, numa relação afetiva e em conjunto. Acabar com essa ideia de que se o gestor entrar na sala, ele vai brigar, ou está analisando algo o tempo todo contra o professor. Ou seja, aquela ideia de autoritarismo já passou, eu sou humana, posso errar como qualquer um e acima de tudo sou professora também”

“Muitas vezes as o professor tem medo do gestor, de que se ele falar algo ou dizer uma ideia pode atrapalhar ou ser inconveniente. A visão do gestor é manter a ordem sim, mas também aceito opiniões, mesmo que muitas vezes precise ser mais cautelosa. As maiores cobranças são para direção e supervisão dentro de uma escola.”

A gente acaba fazendo um pouco de tudo, por isso acho que o nosso papel é zelar pelos alunos e acompanhá-los em toda trajetória escolar instigando-os a serem participativos na sociedade atual.

4- Como você conduz o trabalho junto à comunidade?

“Eu juntamente com os professores e membros da escola, procuramos promover momentos de descontração. Fazemos alguns encontros bimestrais, e existe a semana de literatura, passeios com os pais e alunos. De acordo com o que temos sempre procuramos fazer o melhor para aproximá-los, e deixamos bem claro

Na verdade, às vezes temos algumas dificuldades de chegar ate os pais. Hoje em dia eles precisam lutar muito para colocar comida em casa, por isso alegam não ter tempo, quando chamamos para uma reunião no sábado dizem que é o único dia para fazer seus afazeres domésticos.

Os pais de hoje em dia são muito ocupados e não conseguem estar sempre na escola, quando chamamos para as reuniões a maioria nem aparece e

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que a escola é para a comunidade e precisamos andar juntos para a melhoria da educação de nossos alunos”.

sempre da uma desculpa.

5- Em sua opinião, o que está faltando para que os pais sejam mais participativos na escola?

Eles reclamam muito do tempo, pois dizem que por ter que trabalhar muito não podem participar dos eventos da escola.

Falta comprometimento por parte desses pais, pois não é falta de tempo. Muitas vezes eles não tem interesse na realidade escolar ou delegam a responsabilidade de educar toda para a escola.

Acho que a população precisa entender o verdadeiro papel da escola como um todo, e acima de tudo valorizar todos que trabalham pra que seus filhos tenham uma boa educação!

7.1 ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Referente à pergunta número dois percebe-se que na fala das pedagogas 2 e

3 há alguma insegurança no que diz respeito a conduta do profissional, pois sendo

que para trabalhar com os professores o pedagogo escolar deve manter uma

postura de liderança mas, com união e companheirismo, visando o trabalho como

um todo. Nessa perspectiva para Fortunati (2007, p.51) “para que possamos ter

uma escola pública de qualidade e eficácia, torna-se necessário que ela seja gerida

com competência, agilidade, criatividade e entusiasmo.”

Na questão três foi possível perceber que a realidade muitas vezes não condiz

com a teoria, mas para tanto o papel do gestor escolar muitas vezes é confundido.

Pois para ser pedagoga em primeiro lugar deve gostar da profissão, amar o que faz,

e na fala da pedagoga 2 ela não mantém uma postura coerente demonstrando uma

conduta autoritária. Para Nóvoa (2002):

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[...] a escola terá de se definir como um espaço público, democrático e participativo que funciona em ligação com redes de comunicação e de cultura, de arte e de ciência. Numa curiosa ironia do destino, o seu futuro passa pela capacidade de “recuperar” práticas antigas (familiares, sociais, comunitárias) enunciando-as no contexto de novas modalidades de cultura e de educação.

De acordo com Fortunati (2007, p.52)

Não basta que o diretor tenha o poder de coordenar a sua escola. Torna-se necessário que ele tenha a liderança adequada para que a gestão do seu conhecimento seja a melhor possível, incorporando habilidades e competências que permitam dar direção e coerência ao projeto pedagógico. Liderança não é algo que se impõe, mas um processo de conquista com capacidade de trabalho, diálogo e repartição de responsabilidades.

Percebendo na fala das pedagogas sobre a questão 4 todas parecem ter

dificuldades na aproximação com os pais no ambiente escolar porém, percebe-se

um certo desanimo, faltando motivação enquanto profissional possa promover a

interação entre comunidade e escola de forma intensa e verdadeira e que influencie

intensamente no processo de ensino aprendizagem e nas relações sociais.

necessitam da atuação desse profissional. Segundo Libâneo:

“O aspecto educativo diz respeito à atividade de educar propriamente dita, à relação educativa entre agentes, envolvendo objetivos e meios de educação e instrução, em várias modalidades e instâncias.” (LIBÂNEO, 2001).

Durante a fala das pedagogas sobre a questão 5 não foi respondida de

maneira direta pois, em nenhum momento foi citado alguma sugestão sobre a

maneira de agir para que os pais estejam presentes da escola. Houve algumas

expressões não condizentes com a realidade que estamos inseridos, nós devemos

como profissionais procurar agir de forma à criar estratégias de condutas que

propiciem a interação escola – comunidade, numa ação conjunta, buscando

excelência e eficácia. Conforme Libâneo apud Fortunati (2007,p.51) o gestor deve

“promover a integração e a articulação entre a escola e a comunidade, com o apoio

e a iniciativa do Conselho Escolar da escola, mediante atividades de cunho

pedagógico, cientifico, social, esportivo e cultural.”

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Esta pesquisa corrobora com a análise dos dados obtidos, nos princípios da

gestão escolar.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de grandes diferenças nos costumes e dos povos ao longo da história

a educação está condicionada a atender interesses das classes dominantes, se

subdividindo entre a educação dos que pensa e a educação dos que executam. Em

uma concepção que assim como o processo de produção é fragmentada a

educação em sua compreensão finalista tem como objetivo primeiro o trabalho, ou

seja, como se ambos que até então eram incompletos ao fim de um processo se

completassem. Não referindo a uma desvinculação entre o trabalho e a educação,

mas a necessidade da compreensão de que ambos são condições da existência

humana e por estes motivos são práticas sociais.

Durante o período de realização deste trabalho, foi possível analisar com

estudos e fundamentação teórica do papel do gestor escolar diante os desafios

encontrados na realidade atual. A escola de qualidade deve garantir profissionais

capacitados para a atuação em diferentes situações. O gestor e sua equipe devem

ter um bom diálogo onde cada um possa de maneira democrática expressar o que

pensa e a sua forma de agir, com humildade, pois cada um traz sua verdade, sendo

que, buscar esta compreensão é um ponto em comum para todos. Para que isso se

efetive na prática, o gestor tem que estar em constante aprendizado e

principalmente integrado as realizações existentes na comunidade escolar, para que

seu trabalho não seja apenas limitado à escola, e sim aos possíveis problemas

coletivos existentes a sua volta permitindo a participação dos pais dentro do âmbito

escolar. É preciso desenvolver atividades diferenciadas, envolvendo a comunidade,

que por sua vez precisa estar ciente de tudo que acontece com seus filhos

participando de projetos sócio-educativos feitos para que todos possam interagir e

aprender a respeitar a si próprio e aos outros na construção de valores tão

essenciais para a vida em sociedade.

Enfim, vivemos em um momento repleto de complexidade, mas do que nunca

é preciso pensar nos alunos como uma geração capaz de absorver uma razão

crítica pautada em conhecimentos. Essa formação não visa apenas propiciar ao

aluno os conhecimentos básicos e indispensáveis no processo de ensino e

aprendizagem, mas também formar um cidadão crítico, consciente e participativo do

seu tempo e de sua história. Assim a escola deve ser voltada a assumir uma

responsabilidade com seu povo e seu país. Deve haver um equilíbrio entre a

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afetividade dos conhecimentos a serem transmitidos, e as competências sociais

necessárias à formação do cidadão para participar e interferir na sociedade em que

vive e acompanhar e estar verdadeiramente preparado nas decisões que se façam

necessárias no contexto atual.

Para desenvolver um bom trabalho o gestor precisa ser um constante

pesquisador, é necessário que ele antecipe conhecimentos para o grupo de

professores e toda equipe pedagógica, não só sobre conteúdos específicos, mas

também livros e diferentes jornais e revistas para estar sempre atualizado e

informado do que está acontecendo no mundo e ao seu redor. O gestor faz a

transposição da teoria e da prática escolar, devendo refletir sobre o trabalho dos

professores em sala de aula, estudar e usar suas teorias para fundamentar o

trabalho do corpo docente, apresentando em seu perfil o que considerei através de

minha pesquisa as principais característica de um bom gestor: auxiliador, eficiente,

capaz ,dinâmico, inovador, acessível, produtivo, seguro, colaborador e amigo. Com

estas características, o gestor passa a ser ferramenta de atuação tendo como

objetivo em principio o fazer, agir e movimentar-se e para que isto ocorra é

necessário que esteja firmado em uma essência.

Enfim, há desafios para o profissional de gestão escolar; ele terá muitas

vezes de ser um visionário, já que o reflexo de seu trabalho poderá acontecer no

futuro e a construção dos conhecimentos dos educandos só terá sentido no decorrer

dos anos, já que o trabalho dos gestores é feito coletivamente. Existem muitas

negatividades dentro da escola e como pedagoga, em minha prática docente

sempre me encontro com algumas situações complicadas do cotidiano escolar. Mas

percebi, na pesquisa, que contribuindo para com bases sólidas de conhecimento,

nos relacionando de maneira correta poderemos ajudar na mudança educacional

que é tão necessária no sistema educacional brasileiro. Cabe ao gestor criar

condições próprias para este grande processo de vida que será sua base durante

sua vida profissional, tendo a certeza que é possível construir novos valores no

espaço da escola criando uma onda de relacionamento com as famílias e a

comunidade, bem como envolve-los numa grande parceria que atenderá os

pressupostos básicos para uma educação com qualidade.

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REFERÊNCIAS

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Moderna, 1996.

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DELORS, J. Ota. Educação: um Tesouro a descobrir. Relatório para Unesco da comissão Internacional sobre Educação do Século XXI.10 Ed. São Paulo:Ed.Cortez; UNESCO/MEC, 2000.

FORTUNATI, José. Gestão da Educação Pública: Caminhos e desafios. Porto Alegre: Artimed, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra. 7 ° Ed. 165 p, 1998.

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LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. 5.Ed.Goiania, 2001.

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NÓVOA, Antônio. Formação de professores e profissão docente. Lisboa: Publicações Dom Quixote, Instituto de Inovação Educacional, 1995.

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WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 1982.

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APÊNDICE

ENTREVISTA ESTRUTURADA COM AS GESTORAS

1- Qual sua idade?

2- Como você desenvolve o trabalho com os professores?

3- Para você, qual o verdadeiro papel do gestor escolar atualmente?

4- Como você conduz o trabalho junto à comunidade?

5- Em sua opinião, o que está faltando para que os pais sejam mais participativos na

escola?