gestão escolar1

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Associao Juinense de Ensino Superior do Vale do Juruena IES Instituto Superior de Educao do Vale do Juruena Ps-Graduao Lato Sensu

Prof. MS. Joo Luiz Derkoski

CURSO: APOSTILA:

GESTO ESCOLAR PROCESSOS DA ADMINISTRAO ESCOLAR NA PERSPECTIVA DAS EXIGNCIAS CONTEMPORNEAS

PROFESSOR: MS. JOO LUIZ DERKOSKI

1Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Apresentao A administrao, agora gesto escolar, tem mostrado na prtica durante o decorrer de sua histria um descolamento da evoluo histrica da Teoria da Administrao. No rara a desculpa de que a ela no pode vir a se relacionar com aquela, uma vez que uma trata da educao e a outra de economia e da busca da riqueza capitalista. Recordo-me ao assistir uma disciplina de mestrado, uma professora contestar veementemente quando foi apresentada de forma sistmica uma sugesto para a administrao escolar. Hoje o que vejo: a administrao empresarial com um avano considervel e a escolar de uma forma geral burocratizada e emperrada. No que pese a negao de alguns tericos da educao os fatores, terra, trabalho, capital, conhecimento e organizao so indispensveis qualquer organizao, mesmo educacional, seja ela pblica ou privada. As exigncias contemporneas cobram resultados, em educao so as mudanas, que as pessoas e a sociedade buscam para a sustentabilidade do processo vital. Estamos evoluindo do processo burocrtico em que a prestao de contas por formulrios de papel e a contbil (mais importante) passa valorizar o resultado. Na expresso empresarial a satisfao do cliente. Com o evento da administrao sistmica e a abordagem da gesto de processos ser possvel transferir para administrao escolar as idias de insumo-processo-resultado que melhor se adqem a educao. Nessa disciplina procuraremos fazer esta ponte de forma conceitual e com exemplos, como ponto inicial da caminhada em direo as mudanas nova administrao escolar. Textos so apresentados de renomados autores e completa esta apostila a apresentao em Power point sobre o assunto. Espero poder contribuir com a capacitao profissional de todos. Professor Ms. Joo Luiz Derkoski

2Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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A GESTO DA EDUCAO ANTE AS EXIGNCIAS DE QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DA ESCOLA PBLICA* Vitor Henrique Paro** Resumo O carter mediador da administrao manifesta-se de forma peculiar na gesto educacional, porque a os fins a serem realizados relacionam-se emancipao cultural de sujeitos histricos, para os quais a apreenso do saber se apresenta como elemento decisivo na construo de sua cidadania. Por esse motivo, tanto o conceito de qualidade da educao quanto o de democratizao de sua gesto ganham novas configuraes. O primeiro tem a ver com uma concepo de produto educacional que transcende a mera exposio de contedos de conhecimento, para erigir-se em resultado de uma prtica social que atualiza cultural e historicamente o educando. O segundo, ultrapassando os limites da democracia poltica, articula-se com a noo de controle democrtico do Estado pela populao como condio necessria para a construo de uma verdadeira democracia social que, no mbito da unidade escolar, assume a participao da populao nas decises, no duplo sentido de direito dos usurios e de necessidade da escola para o bom desempenho de suas funes. Qualidade e produtividade Muito se tem falado, nos ltimos anos, sobre qualidade do ensino e produtividade da escola pblica. O discurso oficial, sustentado inclusive por argumentos de intelectuais que at pouco tempo atrs faziam srias crticas ao pssimo atendimento do estado em matria de ensino, assegura que j atingimos a quantidade, restando, agora, apenas buscar a qualidade, como se fosse possvel a primeira sem a ocorrncia da segunda. Quando se referem quantidade, ressaltam que no h carncia de escolas, visto j estar sendo atendida quase toda a populao em idade escolar. Mesmo deixando de lado o fato relevante de que, no limiar do Sculo XXI, esse quase deixa, a cada ano, sem qualquer tipo de contacto com o ensino escolarizado, milhes de crianas, filhas de cidados (?) brasileiros completamente margem dos benefcios da civilizao que eles ajudam a construir, preciso questionar seriamente se a precariedade das condies de funcionamento a que o Estado relegou os servios pblicos de ensino permite chamar de escola isso que se diz oferecer quase totalidade de crianas e jovens escolarizveis. preciso perguntar se escola no seria mais do que um local para onde afluem crianas e jovens carentes de saber,*

Trabalho apresentado no V Seminrio Internacional Sobre Reestruturao Curricular, realizado de 6 a 11/7/1998, em Porto Alegre, RS. Publicado em: SILVA, Luiz Heron da; org. A escola cidad no contexto da globalizao. Petrpolis, Vozes, 1998. p. 300-307. ** Professor Titular da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo.

3Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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que so acomodados em edifcios com condies precrias de funcionamento (com falta de material de toda ordem, com salas numerosas, que agridem um mnimo de bom senso pedaggico) e so atendidos por funcionrios e professores com salrios cada vez mais aviltados (que mal lhes permitem sobreviver, quanto mais exercer com competncia suas funes). Em outras palavras, para entender o que h por trs do discurso oficial, preciso indagar a respeito do que que o Estado est oferecendo na quantidade da qual ele tanto se vangloria. Mas, se estamos interessados em solues para nosso atraso educacional, preciso, antes de qualquer coisa, perguntarmos a respeito do que entendemos por educao de qualidade. A educao, entendida como a apropriao do saber historicamente produzido prtica social que consiste na prpria atualizao cultural e histrica do homem. Este, na produo material de sua existncia, na construo de sua histria, produz conhecimentos, tcnicas, valores, comportamentos, atitudes, tudo enfim que configura o saber historicamente produzido. Para que isso no se perca, para que a humanidade no tenha que reinventar tudo a cada nova gerao, fato que a condenaria a permanecer na mais primitiva situao, preciso que o saber esteja sendo permanentemente passado para as geraes subseqentes. Essa mediao realizada pela educao, do que decorre sua centralidade enquanto condio imprescindvel da prpria realizao histrica do homem. (PARO, 1997b) Esta concepo de educao integrante de uma viso do homem histrico, criador de sua prpria humanidade pelo trabalho. Mas o trabalho, em seu papel mediador, embora categoria central, no fim em si, mas o meio pelo qual o homem transcende a mera necessidade natural. Para o homem, somente o suprfluo necessrio (Ortega Y Gasset, 1963), visto que ele no se contenta com a satisfao das necessidades naturais. Estas independem de sua vontade e sua satisfao permite a ele apenas estar no mundo como os outros seres da natureza. Mas o homem no almeja apenas estar no mundo; o homem almeja estar bem. Para ele, no importa viver, mas viver bem: navegar preciso, viver no preciso. Por isso, enquanto nico ser para quem o mundo no indiferente (Ortega Y Gasset, 1963) o ser humano coloca-se sempre novos objetivos que transcendem a necessidade natural, os quais ele busca realizar por meio do trabalho. O trabalho no , pois, o fim do homem, mas sua mediao para o viver bem. Isso tudo tem implicaes mais do que importantes para uma educao escolar que tenha por finalidade a formao humana. Em primeiro lugar, preciso ter presente que no basta formar para o trabalho,4Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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ou para a sobrevivncia, como parece entender os que vem na escola apenas um instrumento para preparar para o mercado de trabalho ou para entrar na universidade (que tambm tem como horizonte o mercado de trabalho). Se a escola deve preparar para alguma coisa, deve ser para a prpria vida, mas esta entendida como o viver bem, no desfrute de todos os bens criados socialmente pela humanidade. E aqui j h um segundo aspecto, corolrio do primeiro, a ser considerado: no basta a escola preparar para o bem viver, preciso que, ao fazer isso, ela estimule e propicie esse bem viver, ou seja, preciso que a escola seja prazerosa para seus alunos desde j. A primeira condio para propiciar isso que a educao se apresente enquanto relao humana dialgica, que garanta a condio de sujeito tanto do educador quanto do educando. No obstante a importncia da educao para a constituio do indivduo histrico, mormente na sociedade atual, a escola uma das nicas instituies para cujo produto no existem padres definidos de qualidade. Isso talvez se deva extrema complexidade que envolve a avaliao de sua qualidade. Diferentemente de outros bens e servios cujo consumo se d de forma mais ou menos definida no tempo e no espao, podendo-se aferir imediatamente sua qualidade, os efeitos da educao sobre o indivduo se estendem, s vezes, por toda sua vida, acarretando a extenso de sua avaliao por todo esse perodo. por isso que, na escola, a garantia de um bom produto s se pode dar garantindo-se o bom processo. Isto relativiza enormemente as aferies de produtividade da escola baseadas apenas nos ndices de aprovao e reprovao ou nas tais avaliaes externas que se apiam exclusivamente no desempenho dos alunos em testes e provas realizados pontualmente. Mas, o que o produto da escola? A resposta a esta pergunta pode contribuir para uma crtica ao costume de se culpar o aluno pelo fracasso escolar. Enquanto atividade adequada a um fim (Marx, s.d.) o processo pedaggico constitui verdadeiro trabalho humano, que supe a existncia de um objeto de trabalho que, no caso, o prprio educando. este que, de fato, constitui o objeto da ao educativa e que, no processo, se transforma (em sua personalidade viva) no novo produto que se visa realizar. O produto do trabalho , pois, o aluno educado, ou o aluno com a poro de educao que se objetivou alcanar no processo. No tem sentido, portanto, identificar a aula ou o processo pedaggico escolar como o produto da escola. A aula uma atividade o processo de trabalho no o seu produto. No pode haver boa aula se no houve aprendizado por parte do educando. A produtividade da escola mede-se, portanto, pela realizao de seu produto, ou seja, pela proporo de seus alunos que ela consegue levar5Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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a se apropriar do saber produzido historicamente. Isto supe dizer que a boa escola envolve ensino e aprendizagem ou, melhor ainda, supe considerar que s h ensino quando h aprendizagem. Alm disso, h que se atentar para a peculiaridade do processo pedaggico: diferentemente do que ocorre em outros processos de trabalho (na produo material, por exemplo), o objeto de trabalho tambm sujeito, posto tratar-se do ser humano que, como tal, preciso querer aprender para que o processo se realize com xito. No tem sentido, pois, pr a culpa no educando pelo fracasso da aprendizagem, com o argumento de que esta no se deu porque o aluno no quis aprender. Ser detentor de vontade (enquanto sujeito humano que ) faz parte das especificaes do prprio objeto de trabalho, que devem ser levadas em conta na confeco do produto. Levar o aluno a querer aprender a tarefa primeira da escola da qual dependem todas as demais. Gesto Democrtica da Escola Assumida uma concepo peculiar de qualidade e de produtividade da escola, importante considerar as implicaes de ordem administrativa da decorrentes. Em nosso dia-a-dia, administrao (ou gesto, que ser aqui tomada como sinnimo) costuma ser associada com chefia ou controle das aes de outros. Isso decorre do fato de que, diuturnamente, convivemos com o arbtrio e a dominao e quase no nos damos conta disso. compreensvel, portanto, que gerir, administrar, seja confundido com mandar, chefiar. Todavia, se sairmos das concepes cotidianas e nos aprofundarmos na anlise do real, perceberemos que o que a administrao tem de essencial o fato de ser mediao na busca de objetivos. Administrao ser, assim, como j defini anteriormente (PARO, 1986), a utilizao racional de recursos para a realizao de determinados fins. Esta concepo da administrao enquanto mediao traz, inicialmente, duas conseqncias importantes. Em primeiro lugar, ela nos possibilita identificar como no-administrativas todas aquelas medidas ou atividades que, perdendo de vista o fim a que deveriam servir, erigem-se em fins em si mesmas, degradando-se naquilo que Snchez Vasquez (1977) chamaria de prticas burocratizadas. De passagem, pode-se ressaltar que o que h de odioso, comumente, nas atividades assim chamadas de burocrticas no a papelada que costuma acompanh-las, mas sim o fato de que so prticas inteis aos fins, pois que se tornam fins em si. Em poltica educacional, essa burocratizao dos meios tem prestado, muitas vezes intencionalmente, para se evitar que se alcancem os fins declarados.6Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Uma segunda decorrncia do carter de mediao da gesto ou administrao que, no sendo fim em si, ela pode articular-se com uma variedade infinita de objetivos, no precisando estar necessariamente articulada com a dominao que vige em nossa sociedade. Mas isto no deve servir a qualquer pretexto de imputar-lhe uma neutralidade que no existe. Embora toda administrao tenha a caracterstica bsica de mediao, no significa que toda administrao seja idntica. Precisamente por ser mediao a determinado fim, a administrao tem que adequar-se (nos mtodos e nos contedos de seus meios) ao objetivo que pretende alcanar, diferenciando-se, portanto, medida que se diferenciam os objetivos. Se est envolvida a educao, importante, antes de mais nada, levar em conta os objetivos que se pretende com ela. Ento, na escola bsica, esse carter mediador da administrao deve dar-se de forma a que tanto as atividades-meio (direo, servios de secretaria, assistncia ao escolar e atividades complementares, como zeladoria, vigilncia, atendimento de alunos e pais), quanto a prpria atividade-fim, representada pela relao ensino-aprendizagem que se d predominantemente (mas no s) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da educao. Se isto no se d, burocratiza-se por inteiro a atividade escolar, fenmeno que consiste na elevao dos meios categoria de fins e na completa perda dos objetivos visados com a educao escolar. Como participante da diviso social do trabalho, a escola responsvel pela produo de um bem ou servio que se supe necessrio, desejvel e til sociedade. Seu produto, como qualquer outro (ou mais do que qualquer outro), precisa ter especificaes bastante rigorosas quanto qualidade que dele se deve exigir. Todavia, muito escasso o conhecimento a esse respeito, quer entre os que lidam com a educao em nossas escolas (que pouca reflexo tm desenvolvido a respeito da verdadeira utilidade do servio que tm prestado s famlias e sociedade), quer entre os prprios usurios e contribuintes (que tm demonstrado pouca ou nenhuma conscincia a respeito daquilo que devem exigir da escola). Como permanncia dos ideais da escola tradicional de dcadas atrs, quando a populao usuria da escola pblica se restringia aos filhos das camadas mais ricas da sociedade, a escola de hoje continua a ter como propsito apenas preparar o aluno para o mercado de trabalho ou para o ingresso na universidade. Alm disso, na falta de objetivos socialmente relevantes e humanamente defensveis a dirigir a ao escolar, a competncia desta continua a ser pautada pela capacidade de aprovar os alunos em exames, como se as crianas e os jovens devessem freqentar a7Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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instituio educativa no para apreenderem a cultura acumulada historicamente, de modo a formarem suas personalidades enquanto cidados conscientes e autnomos e enquanto pessoas aptas a aproveitarem a rica herana cultural da histria, mas apenas para tirarem nota e se treinarem para responder aos testes que compem os estpidos vestibulares, proves e assemelhados. Se se pretende, com a educao escolar, concorrer para a emancipao do indivduo enquanto cidado partcipe de uma sociedade democrtica e, ao mesmo tempo, dar-lhe meios, no apenas para sobreviver, mas para viver bem e melhor no usufruto de bens culturais que hoje so privilgio de poucos, ento a gesto escolar deve fazer-se de modo a estar em plena coerncia com esses objetivos. Por isso, preciso refutar, de modo veemente, a tendncia atualmente presente no mbito do estado e de setores do ensino que consiste em reduzir a gesto escolar a solues estritamente tecnicistas importadas da administrao empresarial capitalista. Segundo essa concepo, basta a introduo de tcnicas sofisticadas de gerncia prprias da empresa comercial, aliada a treinamentos intensivos dos diretores e demais servidores das escolas para se resolverem todos os problemas da educao escolar. Por um lado, preciso considerar que os problemas que afligem a educao nacional tm sua origem, fundamentalmente, no na falta de esforos ou na incompetncia administrativa de nossos trabalhadores da educao de todos os nveis, mas no descaso do Estado no provimento de recursos de toda ordem que possam viabilizar um ensino escolar com um mnimo de qualidade. No possvel administrao competente de recursos se faltam recursos para serem administrados. Por outro lado, necessrio desmistificar o enorme equvoco que consiste em pretender aplicar, na escola, mtodos e tcnicas da empresa capitalista como se eles fossem neutros em si. O princpio bsico da administrao a coerncia entre meios e fins. Como os fins da empresa capitalista, por seu carter de dominao, so, no apenas diversos, mas antagnicos aos fins de uma educao emancipadora, no possvel que os meios utilizados no primeiro caso possam ser transpostos acriticamente para a escola, sem comprometer irremediavelmente os fins humanos que a se buscam. Se os fins humanos (sociais) da educao se relacionam com a liberdade, ento necessrio que se providenciem as condies para que aqueles cujos interesses a escola deve atender participem democraticamente da tomada de decises que dizem respeito aos destinos8Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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da escola e a sua administrao. Entendida a democracia como mediao para a realizao da liberdade em sociedade, a participao dos usurios na gesto da escola inscreve-se, inicialmente, como um instrumento a que a populao deve ter acesso para exercer seu direito de cidadania. Isto porque, medida que a sociedade se democratiza, e como condio dessa democratizao, preciso que se democratizem as instituies que compem a prpria sociedade, ultrapassando os limites da chamada democracia poltica e construindo aquilo que Norberto Bobbio chama de democracia social. A fragilidade da democracia fundamentada na participao poltica da populao apenas no momento de eleger seus governantes e representantes legislativos em mbito municipal, estadual e federal est em que, assim, a populao fica privada de processos que, durante os perodos de mandatos parlamentares ou governamentais, permitiriam controlar as aes dos eleitos para tais mandatos no sentido de atender aos interesses das camadas populares. Por isso, o caminho para a real "democratizao da sociedade", de que fala Norberto Bobbio, precisa passar pela ocupao "de novos espaos, isto , de espaos at agora dominados por organizao de tipo hierrquico ou burocrtico." (BOBBIO, 1989, p. 55) Dessa forma, a democratizao da gesto da escola bsica no pode restringir-se ao limites do prprio estado, promovendo a participao coletiva apenas dos que atuam em seu interior mas envolver principalmente os usurios e a comunidade em geral, de modo que se possa produzir, por parte da populao, uma real possibilidade de controle democrtico do Estado no provimento de educao escolar em quantidade e qualidade compatveis com as obrigaes do poder pblico e de acordo com os interesses da sociedade. Paralelamente participao dos usurios enquanto direito, sobressai cada vez mais a importncia de seu envolvimento com os assuntos da escola enquanto necessidade desta para o desempenho de suas funes. Enquanto relao dialgica, a educao escolar pressupe a condio de sujeito do educando, o que j envolve sua participao ativa no processo. Ao mesmo tempo, enquanto fenmeno social mais abrangente, o processo educativo no pode estar desvinculado de tudo o que ocorre fora da escola, em especial no ambiente familiar. At para que a escola possa bem desempenhar sua funo de levar o aluno a aprender, ela precisa ter presente a continuidade entre a educao familiar e a escolar, buscando formas de conseguir a adeso da famlia para sua tarefa de levar os educandos a desenvolverem atitudes positivas e duradouras com relao ao aprender e ao estudar.9Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Grande parte do trabalho do professor facilitado quando o estudante j vem para a escola predisposto para o estudo e quando, em casa, ele dispe da companhia de quem, convencido da importncia da escolaridade, o estimule a esforar-se ao mximo para aprender. A participao da populao na escola ganha sentido, assim, na forma de uma postura positiva da instituio com relao aos usurios, em especial aos pais e responsveis pelos estudantes, oferecendo ocasies de dilogo, de convivncia verdadeiramente humana, em suma, de participao na vida da escola. Levar o aluno a querer aprender implica um acordo tanto com educandos, fazendo-os sujeitos, quando com seus pais, trazendo-os para o convvio da escola, mostrando-lhes quo importante sua participao e fazendo uma escola pblica de acordo com seus interesses de cidados. (PARO, 1997a) Concluso De tudo o que foi visto pode-se concluir que h sim necessidade de melhor qualidade do ensino bsico, mas no porque se tenha conseguido a quantidade e se precise alcanar com maior eficincia os ideais de preparar pessoas para o mercado (agora, tendo em mira o emprego imediato; ou no futuro, tendo em mira o vestibular). A m qualidade do ensino pblico atual expressa, por um lado, a falta de escolas de verdade, com condies adequadas de funcionamento; por outro, a ausncia, em nosso sistema de ensino, de uma filosofia de educao comprometida explicitamente com uma formao do homem histrico que, ultrapassando os propsitos da mera sobrevivncia, se articule com o objetivo de viver bem, realizando um ensino que capacite o educando tanto a usufruir da herana cultural acumulada quanto a contribuir na construo da realidade social. Com relao baixa produtividade do ensino, o que se constata certa renncia da escola pblica a responsabilizar-se por um produto pelo qual ela deve prestar conta ao estado e sociedade. Mas, pela dificuldade de medida de sua qualidade apenas por meio de exames ou testes pontuais, faz-se mister um acompanhamento constante do trabalho escolar, garantindo um bom produto pela garantia de um bom processo. Para responder s exigncias de qualidade e produtividade da escola pblica, a gesto da educao dever realizar-se plenamente em seu carter mediador. Ao mesmo tempo, consentnea com as caractersticas dialgicas da relao pedaggica, dever assumir a forma democrtica para atender tanto ao direito da populao ao controle democrtico do estado quanto necessidade que a prpria escola tem da participao dos usurios para bem desempenhar suas funes.10Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Referncias Bibliogrficas BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia: uma defesa das regras do jogo. 4.ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1989. MARX, Karl. O Capital. Rio de Janeiro, Civil. Brasileira, s.d., v. 1. ORTEGA Y GASSET, Jos. Meditao da tcnica. Rio de Janeiro, Livro Ibero-Americano, 1963. PARO, Vitor Henrique. Administrao escolar e qualidade do ensino: o que os pais ou responsveis tm a ver com isso? In: SIMPSIO BRASILEIRO DE POLTICA E ADMINISTRAO DA EDUCAO, 18, 1997, Porto Alegre. Anais: Sistemas e instituies: repensando a teoria na prtica. Porto Alegre, ANPAE, 1997a, p. 303-314 PARO, Vitor Henrique. Administrao escolar: introduo crtica. So Paulo, Cortez : Autores Associados, 1986. PARO, Vitor Henrique. Gesto democrtica da escola pblica. So Paulo, tica, 1997b. SNCHEZ VZQUEZ, Adolfo. Filosofia da prxis. 2. ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1977.

11Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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ADMINISTRAO ESCOLAR O global e o local. Os desafios para o educador gestor do sculo XXI Rivo Gianini Recife, 2000. Palestra - I Congresso da APEAEPE-PE (Associao de Profissionais e Especialistas em Administrao Escolar e Planejamento Educacional do Estado de Pernambuco). UFPE, Recife, 1 a 3 de dezembro de 2000. Nos ltimos anos, a base da economia dos pases desenvolvidos transferiu-se do trabalho manual para o trabalho baseado no conhecimento, e o centro de gravidade das esferas sociais passou dos bens para o conhecimento. No limiar do prximo sculo ainda no sabemos administrar trabalhadores com conhecimento, at porque podemos considerar ainda recente a transferncia para o trabalho baseado no conhecimento. A rigor, faz quase cem anos que comeamos a nos preocupar com a administrao do trabalhador em todos os nveis. verdade que Robert Owen, em 1820, administrara trabalhadores manuais em uma fbrica de tecidos em Lanarkshire, na Esccia. Neste sculo que, est terminando, que surgiram as escolas de administrao: o Taylorismo, o Fayolismo, o Fordismo, o Toyotismo e outras. Podemos considerar o enfoque administrativo neste sculo que finda sob quatro aspectos: - o Enfoque Jurdico: at 1930. Tradio do direito administrativo romano. Incorporao da infra-estrutura legal para a incorporao da cultura e dos princpios da administrao europia. Legalismo x Experimentalismo. - o Enfoque Organizacional: at 1960. Manifesto de 1932. Tecnocracia como sistema de organizao. Pragmatismo. Administrao Clssica - Henry Fayol, Max Weber, Gulick, Taylor. No Brasil, Benedito Silva. O enfoque foi tambm essencialmente normativo. Crena moral na diviso dos poderes executivo, legislativo e judicirio. Ansio Teixeira (William James - John Dewey) Jos Querino Ribeiro (Fayol) Antnio Carneiro Leo (ecltico) Loureno Filho (1a obra) Princpios da administrao clssica (planejamento, organizao, assistncia execuo ou gerncia, avaliao, relatrio). - o Enfoque Comportamental: Aps a 2a Guerra Mundial Comportamentalismo - identifica-se com o movimento psicosocial das relaes humanas (Hawthome, 1927), E.U.A. Mary Parker Follet, Elton12Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Mayo, Chester Bernard, Herbert Ilmon. Baseia-se nas cincias do comportamento (Psicologia e Sociologia). Dinmica de grupo, comportamento organizacional, sensibilidade, treinamento de liderana. Na administrao da educao - vinculao da psicologia com a pedagogia. Remonta ao psicologismo pedaggico do sculo XVIII (Pestalozzi e Froebel). Deve tomar em conta a realidade psicolgica do educando com todas as exigncias do seu mundo subjetivo. - o Enfoque Sociolgico: Emile Durkhein - Katz e Kahn, Jacob Cetzels, Talcot Parsons, Robert Merton, Guerreiro Ramos sociolgicoantropolgica; Celso Furtado essencialmente poltica - o Enfoque Interdisciplinar: Teoria de sistemas. Estamos agora na era do conhecimento, e podemos perspectivar um novo enfoque, o informacional. O surgimento do conhecimento como centro da sociedade e como fundamento da economia e da ao social muda drasticamente a posio, o significado e a estrutura do conhecimento. Os meios de conhecimento esto em constante mutao. No campo do ensino, as faculdades, departamentos e disciplinas existentes no so apropriados por muito tempo. Logicamente, poucas so antigas, para comear. No havia, h cem anos, a bioqumica, a gentica e at mesmo a biologia era incipiente. Havia a geologia e a botnica. No deve admirar, portanto, que a distino entre qumica orgnica e qumica inorgnica no seja mais significativa. J se projetam polmeros inorgnicos em que o conhecimento do qumico orgnico aplicado nas substncias inorgnicas, como os silicnios. Inversamente j se est projetando "cristais orgnicos" em que tanto a qumica inorgnica quanto a fsica est produzindo substncias orgnicas. A antiga distino entre qumica orgnica e inorgnica est se tomando, por isso, rapidamente, em obstculo ao conhecimento e ao desempenho. Por analogia, as antigas linhas entre a fisiologia e a psicologia tm cada vez menos sentido, bem como as que separam o processo da economia, a sociologia das cincias do comportamento, a lgica matemtica e estatstica da lingstica, e assim por diante. A hiptese mais provvel que cada uma das antigas demarcaes, disciplinas e faculdades tomar-se-o obsoletas e uma barreira para o aprendizado e para o entendimento. Em realidade est se abandonando rapidamente uma viso cartesiana do universo, segundo a qual a nfase tem recado nas partes e nos elementos, dentro de uma viso global destacando13Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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o todo e os padres, desafiando toda a linha divisria entre as reas de estudo e o conhecimento. As instituies precisam ter condies de descartar-se do passado. A universidade no exceo. Ela precisa de liberdade para introduzir novas disciplinas e combinar disciplinas tradicionais de novas maneiras. No momento, a ttulo de exemplo, no plano do ensino superior, os sistemas universitrios americano, ingls e japons, com uma grande flexibilidade, tiveram uma vantagem indubitvel. Ou ento, a ausncia de flexibilidade uma fraqueza dos sistemas universitrios da Europa Continental, com suas ctedras estabelecidas, seus professores titulares, concursos e assim por diante. Acima de tudo, o controle europeu tradicional da organizao acadmica por um Ministrio da Educao representa um passivo. Esse controle tende a proibir a experincia e a determinar a regra segundo a qual nenhuma matria nova pode ser ensinada em parte alguma, a menos que todas as universidades do pas a adotem regra aplicada tanto na Frana quanto na Itlia. Isso equivale ordem burocrtica - o que a universidade precisa menos hoje em dia, sobretudo no Brasil. O processo de introduo de disciplinas novas e o abandono das antigas no so, atualmente, comuns para o sistema de ensino, mas ter que ser posto rapidamente em prtica agora, mais do que antes. Em 1996, a UNESCO empreendeu um grande esforo de repensar a educao, no contexto da mundializao das atividades humanas, atravs da Comisso Mundial para o sculo XXI que resultou no amplo relatrio de Jacque Delors, que prope quatro pilares que devero basear a educao do prximo milnio: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser. Edgard Morin, com sua excepcional viso integradora da totalidade pensou os valores na perspectiva da complexidade contempornea, abordando novos ngulos, muitos dos quais ignorados pela pedagogia atual, para servirem de eixos norteadores para a educao do prximo milnio. Morin identifica sete valores fundamentais com os quais toda a cultura e toda a sociedade deveriam trabalhar segundo suas especificidades. Esses valores so respectivamente as Cegueiras Paradigmticas, o Conhecimento Pertinente, o Ensino da Condio Humana, o Ensino das Incertezas, a Identidade Terrena, o Ensino da Compreenso Humana e a tica do Gnero Humano. Para Morin, o destino planetrio do gnero humano ignorado pela educao. A educao precisa ao mesmo tempo trabalhar a unidade da espcie humana de forma integrada com a idia de diversidade. O princpio14Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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da unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas. necessrio educar para os obstculos compreenso humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posio subalterna questes relevantes para a vida das pessoas e da sociedade. Calvino, escritor talo-cubano, elaborou em vida, uma proposta para o prximo milnio, em conferncias que havia preparado para a Universidade de Harvard e que nunca foram proferidas, pela sua morte sbita em 1985. As seis propostas que vo de Virgilio a Queneau, de Dante a Joyce, em cima de uma concepo de literatura como transparncia e lucidez, e como respeito aos prprios instrumentos e aos prprios objetos. A leveza, rapidez, exatido, visibilidade, multiplicidade e consistncia, virtudes a nortear no somente a atividade dos escritores, mas cada um dos gestos de nossa existncia em todos os setores da atividade humana. A partir da, vamos tentar estabelecer as perspectivas do educador gestor e o aspecto paradoxal entre a globalizao e o localismo, fenmenos do nosso tempo nessa transio de sculo que estamos vivendo. No momento, encontramos uma nova viso na construo das conexes que ligam modificaes do capitalismo contemporneo e seus reflexos excludentes nas formas de trabalho e nos eixos fundamentais que organizam as culturas. De um lado, a globalizao da economia estabelece regras comuns, pois difunde uma mesma matriz produtiva, baseada nas novas tecnologias que eliminam a distncia, mas, por outro lado, criam reaes locais que surgem marcadas pela ampliao dos meios de comunicao e pelas novas prticas sociais. As transformaes das bases materiais da vida deixam marcas locais no visveis (porque virtuais), mas que mudam as formas de ao e as orientaes bsicas das culturas. Coloca-se dessa forma a questo da identidade, ou das identidades, como um ncleo resistente homogeneizao e que pode ser a semente das mudanas scio-culturais. Elas esto marcadas pela histria de cada grupo, assim como pelas instituies existentes, pelos aparatos de poder e pelas crenas religiosas. Nem todas desenvolvem uma prtica inovadora. Muitas se traduzem em resistncia mudana e outras, em projetos de futuro. Exatamente porque a construo das identidades se desenvolve em contextos vincados por relaes de poder, onde necessrio distinguir entre essas formas e as diferentes origens que esto na base do processo de sua criao. Segundo Castells, pode-se distinguir: -"Identidade legitimadora, cuja origem est ligada s instituies dominantes;15Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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- Identidade de resistncia, gerada por atores sociais que esto em posies desvalorizadas ou discriminadoras. So trincheiras de resistncia; e - Identidade de projeto, produzida por atores sociais que partem dos materiais culturais a que tem acesso, para redefinir sua posio na sociedade". Como vemos, essa tipologia expe a diversidade de manifestaes que podem se enquadrar na categoria de movimentos sociais. Alguns poderiam ser chamados de novos movimentos e outros de tradicionalistas. A globalizao no apagou a presena de atores polticos. Criou para eles novos espaos pelos quais se inicia um processo histrico que no tem direo prevista. A criatividade, a negociao e a capacidade de mobilizao sero os mais importantes instrumentos para conquistar um lugar na nova sociedade que est se constituindo em rede. Uma das caractersticas distintivas da modernidade uma interconexo crescente entre os dois extremos da "extencionalidade" e da "intencionalidade": de um lado influncias globalizantes e, do outro, disposies pessoais. Quanto mais a tradio perde terreno, e quanto mais reconstitui-se a vida cotidiana em termos da interao dialtica entre o local e o global, mais os indivduos vem-se forados a negociar opes por estilos devida em meio a uma srie de possibilidades. O planejamento da vida organizada reflexivamente torna-se caracterstica fundamental da estruturao da auto-identidade. A era da globalizao pode ser considerada tambm a era do ressurgimento do nacionalismo, manifestado tanto pelo desafio que impe a Estados-Nao estabelecidos, como pela (re)construo da identidade com base na nacionalidade invariavelmente definida por oposio ao estrangeiro. Sem dvida, essa tendncia histrica tem surpreendido alguns observadores, aps a morte do nacionalismo ter sido anunciada por uma causa tripla: a globalizao da economia e a intercionalizao das instituies polticas; universalismo de uma cultura compartilhada, difundida pela mdia eletrnica, educao, alfabetizao, urbanizao modernizao; e os ataques desfechados por acadmicos contra o conceito de naes consideradas comunidades imaginadas" numa verso menos agressiva da teoria antinacionalista, ou "criaes histricas arbitrrias", advindas de movimentos nacionalistas controlados pela elite em seu projeto de estabelecimento do Estado-Nao moderno. Segundo Kosaco Yoshino, do Japo, "o nacionalismo cultural procura regenerar a comunidade nacional por meio da criao, preservao ou fortalecimento da identidade cultural de um povo, quando se sente uma16Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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falta ou uma ameaa a essa identidade. Tal nacionalismo v a nao como fruto de uma histria e cultura nicas, bem como uma solidariedade coletiva dotada de atributos singulares. Em suma, o nacionalismo cultural preocupa-se com os elementos distintos da comunidade cultural como essncia de uma nao. Em realidade, o nacionalismo constitudo a partir de aes e reaes sociais, tanto por parte das elites quanto das massas". A questo da educao entre o global e o local em alguns pases da Europa, como por exemplo, na Alemanha, estas duas direes aparentemente opostas, parecem complementar-se uma outra estabelecendo experincias interessantes tanto para as escolas como para seus alunos. Ocorre sempre a possibilidade de um currculo condensado o que submete os alunos a um tratamento superficial das matrias, uma vez que tero que cumprir e assegurar a parte obrigatria das matrias curriculares. Porm, h muitos aspectos positivos a serem extrados destas novas extenses da aprendizagem. A parte central da aprendizagem ainda feita dentro da escola, mas envolta dela aglutinam-se as atividades significativas dentro da comunidade em que a escola est inserida com a aquisio de conhecimentos relevantes sobre o mundo em geral. Dessa forma, ser possvel preparar melhor as novas geraes para suas vidas como seres individuais e atores sociais responsveis, permitindo encontrarem o seu lugar no mundo do trabalho e tornando-os cidados de pleno direito nas comunidades a que pertencem, nos seus pases e num mundo do futuro. Georg Knauss, conselheiro da fundao Bertelsmann e antigo dirigente do Ministrio da Educao da Bavria, sugere as seguintes teses inovadoras para a concepo da educao no prximo milnio. 1. "Para agir de forma responsvel na sociedade de hoje e de amanh, as crianas e os jovens tm de adquirir as necessrias aptides profissionais, metodolgicas, sociais e de comunicao. As escolas s podem ser inovadoras se definirem e, de forma constante, desenvolverem os seus objetivos, os seus mtodos pedaggicos e contedos curriculares de acordo com as normas adequadas, baseados nas necessidades e potencialidades dos seus "clientes", as crianas e os jovens. 2. Para responderem aos desafios do presente e do futuro, de uma forma positiva, as escolas individualmente, enquanto organizaes capazes de aprender (Learning Institutions), devem gozar de um certo grau de liberdade no campo da organizao e17Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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da administrao, devendo fazer uso dessa liberdade no sentido do melhoramento dos seus resultados. O mais importante pr-requisito das boas escolas so os professores criativos, motivados e bem preparados. Os papis que desempenham e as responsabilidades, que lhes so prprias, requerem um processo de aprendizagem permanente, ao longo da vida (life-long learning). Cabe liderana de uma escola inovadora promover as iniciativas e o sentido de responsabilidade dentro da escola. Todos, dentro da escola, devero ser encorajados a exercer o seu direito de liberdade e responsabilidade. Cada escola reflete-se nos seus membros que so, no seu conjunto, responsveis pela imagem que dela do perante a sociedade. A responsabilidade global recai no corpo de gestores da escola. As escolas desempenham os seus deveres educacionais em paralelo e em complemento da ao da famlia. Por um lado, as escolas tm de perseguir fins bem definidos, por outro tm de ser flexveis, ajustando-se s exigncias de mudana. Por isso, as escolas devem promover ativamente e liderar o intercmbio com uma gama variada de relevantes atores sociais. Os rgos de gesto escolar, as autoridades respectivas e os dirigentes polticos partilham da responsabilidade de estruturar as atividades escolares e, em colaborao, assegurarem o contnuo melhoramento do trabalho nas escolas. Todos aqueles que esto envolvidos no sistema educacional contribuem de forma consistente, para o melhoramento da sua qualidade. Os procedimentos para essa avaliao formal e fivel so uma pr-condio para a delegao de responsabilidade para o nvel da escola. As escolas inovadoras precisam, para florescer, de um clima favorvel. tarefa das entidades nacionais e locais estabelecerem o equilbrio entre a autonomia da escola e a necessidade de garantir oportunidades educativas para todas as crianas e jovens.

Quanto questo da gesto educacional, j desde a dcada de 80 tm ocorrido, em vrios pases, significativas alteraes do papel do Estado nos processos de deciso poltica e administrao da educao. Pode-se dizer que essa alterao vai no sentido de transferir poderes e funes do nvel nacional e regional para o nvel local, reconhecendo a escola como um locus central da gesto e a comunidade local (em particular os pais de18Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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alunos) como um parceiro essencial na tomada de deciso. Esta alterao afeta pases com sistemas polticos e administrativos bastante distintos e tem no reforo da autonomia da escola uma das expresses mais significativas. Diante dessas indicaes to relevantes dos autores mencionados, devemos lembrar que toda ao da gesto, no campo da educao, alm das propostas referidas, deve levar em conta, sobretudo a sensibilidade, atributo fundamental da razo humana. Referncias: BARROSO, Joo (org.). A escola entre o local e o global, perspectivas para o sculo XXI. Lisboa: Frum Portugus de Administrao Educacional, EDUCA, 1999. CALVINO, talo. Seis propostas para o prximo milnio. So Paulo: Cia. das Letras, 1999. CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. So Paulo: Paz e Terra, 1999. DRUCKER, Peter. Uma era de descontinuidade. So Paulo: Atlas, 1969. IMBERNONI (org.). A educao no sculo XXI: os desafios do futuro imediato. Porto Alegre: Artred, 2000. MORIN, Edgard. Os sete saberes necessrios educao do futuro. So Paulo: Cortez, 1999.

19Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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I.SUBSISTEMAS DO SISTEMA ESCOLAR II.Gesto Escolar

III. A forma de administrao adotada pelo Estabelecimento a gestodemocrtica e colegiada tida como o processo que rege seu funcionamento, compreendendo tomada de deciso conjunta na execuo, acompanhamento e avaliao das questes administrativas e pedaggicas, envolvendo a participao de toda a comunidade escolar. IV.Conselho Escolar

V. O Conselho Escolar um rgo colegiado de natureza consultiva,deliberativa e fiscal, com o objetivo de estabelecer, critrios relativos sua ao, organizao, funcionamento e relacionamento com a comunidade, nos limites da legislao em vigor e compatveis com as diretrizes e polticas educacionais traadas pelo mantenedor. VI.Direo VII.A Equipe de Direo o rgo que preside o funcionamento dos servios escolares no sentido de garantir o alcance dos objetivos educacionais deste Estabelecimento de Ensino, definidos na Proposta Pedaggica. VIII.Equipe Administrativa IX.A Equipe Administrativa o setor que serve de suporte ao funcionamento de todos os setores deste Estabelecimento de Ensino, proporcionando condies para que o mesmo cumpra suas reais funes. X.Salas Ambientes de Ensino-Pesquisa XI.As salas ambientes de Ensino-Pesquisa se constituem em espaos pedaggicos dotados de equipamento especfico da cada rea do conhecimento, funcionando como alternativa para realizao de projetos ou atividades diferenciadas, sempre coordenados pelos respectivos professores e pela equipe pedaggica. XII.Laboratrio de Informtica

20Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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XIII. O Laboratrio de Informtica constitui-se em espao de apoio pedaggico ao corpo docente, podendo ser utilizado por alunos, professores e funcionrios do estabelecimento. XIV.Biblioteca Escolar XV. A Biblioteca constitui-se em espao pedaggico, cujo acervo estar disposio de toda comunidade escolar, durante o horrio de funcionamento deste Estabelecimento de Ensino, contribuindo para o desenvolvimento da cidadania. XVI.Acervo de cinema, vdeo, DVD e projees. XVII.Espao importante para completar e ilustrar contedos oferecidos nas diversas disciplinas. XVIII.Centro de criatividade

XIX.O centro de criatividade o ambiente onde alunos, professores e paispodem dar vaso a sua criatividade, fazendo oficinas, criando e expondo suas obras. XX.Cantina Escolar XXI.A Cantina Escolar um setor responsvel pela merenda que ser comercializada neste estabelecimento, segundo critrios da legislao vigente. Est vinculada a Associao de Pais e Mestres do estabelecimento.

XXII. Grmio Estudantil XXIII. O Grmio Estudantil um rgo cooperador, que tem por finalidadecongregar o corpo discente desse estabelecimento de ensino conforme legislao vigente. XXIV.Cooperativa escolar XXV. pela prtica de projetos cooperativos que os alunos vivenciam desde sedo a importncia da cooperao para o desenvolvimento igualitrio da sociedade. XXVI.Servios Gerais

21Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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XXVII. Os Servios Gerais tm a seu encargo o servio de manuteno, preservao, segurana e merenda escolar deste Estabelecimento de Ensino, sendo coordenados e supervisionados pela Direo, ficando a ela subordinado. Equipe Pedaggica A Equipe Pedaggica o subsistema responsvel pela coordenao, implantao e implementao, no estabelecimento de ensino, das Diretrizes Pedaggicas emanadas do Plano atravs dos Projetos Pedaggico. XXVIII.Conselho de Classe XXIX.O Conselho de Classe um rgo colegiado de natureza consultiva e deliberativa em assuntos didtico-pedaggicos, com atuao restrita a cada classe, tendo por objetivo avaliar o processo ensino-aprendizagem na relao professor-aluno e os procedimentos adequados a cada caso. XXX. Superviso de Ensino e da Orientao Educacional - A superviso de Ensino e Orientao Educacional tem por objetivo articular o desenvolvimento do Projeto Pedaggico em todo o mbito deste estabelecimento de ensino. XXXI Secretaria - A Secretaria o setor que tem a seu cargo todo o servio de escriturao escolar e correspondncia deste Estabelecimento. O PLANEJAMENTO EM EDUCAO: REVISANDO CONCEITOS PARA MUDAR CONCEPES E PRTICAS Maria Adelia Teixeira Baffi Petrpolis, 2002. Pedagoga - PUC-RJ. Mestre em Educao - UFRJ Doutoranda em Pedagogia Social NED Prof. Titular - FE/UCP O ato de planejar faz parte da histria do ser humano, pois o desejo de transformar sonhos em realidade objetiva uma preocupao marcante de toda pessoa. Em nosso dia-a-dia, sempre estamos enfrentando situaes que necessitam de planejamento, mas nem sempre as nossas atividades dirias so delineadas em etapas concretas da ao, uma vez que j pertencem ao contexto de nossa rotina. Entretanto, para a realizao de atividades que no esto inseridas em nosso cotidiano, usamos os processos racionais para alcanar o que desejamos.22Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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As idias que envolvem o planejamento so amplamente discutidas nos dias atuais, mas um dos complicadores para o exerccio da prtica de planejar parece ser a compreenso de conceitos e o uso adequado dos mesmos. Assim sendo, o objetivo deste texto procurar explicitar o significado bsico de termos, tais como planejamento, plano, programa, projeto, plano estratgico plano operacional, e outros, visando a dar espao para que o leitor possa estabelecer as relaes entre eles, a partir de experincias pessoais e profissionais. Cabe ressaltar que, neste breve texto, no se pretende abordar todos os nveis de planejamento, mesmo porque, como aponta Gandin (2001, p. 83), impossvel enumerar todos tipos e nveis de planejamento necessrios atividade humana. Sobretudo porque, sendo a pessoa humana condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de planejamento, est sempre ensaiando processos de transformar suas idias em realidade. Embora no o faa de maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma estrutura bsica que a leva a divisar o futuro, a analisar a realidade a propor aes e atitudes para transform-la. Planejamento 1. Planejamento processo de busca de equilbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituies, setores de trabalho, organizaes grupais e outras atividades humanas. O ato de planejar sempre processo de reflexo, de tomada de deciso sobre a ao; processo de previso de necessidades e racionalizao de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos) disponveis, visando concretizao de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliaes (PADILHA, 2001, p. 30). 2. Planejar, em sentido amplo, um processo que "visa a dar respostas a um problema, estabelecendo fins e meios que apontem para sua superao, de modo a atingir objetivos antes previstos, pensando e prevendo necessariamente o futuro", mas considerando as condies do presente, as experincias do passado, os aspectos contextuais e os pressupostos filosfico, cultural, econmico e poltico de quem planeja e com quem se planeja. (idem, 2001, p. 63). Planejar uma atividade que est dentro da educao, visto que esta tem como caractersticas bsicas: evitar a improvisao, prever o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execuo da ao educativa, prever o acompanhamento e a avaliao da prpria ao. Planejar e avaliar andam de mos dadas.23Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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3. Planejamento Educacional "processo contnuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas para chegar l', tendo em vista a situao presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educao atenda tanto as necessidades da sociedade, quanto as do indivduo" (PARRA apud SANT'ANNA et al, 1995, p. 14). Para Vasconcellos (1995, p. 53), "o planejamento do Sistema de Educao o de maior abrangncia (entre os nveis do planejamento na educao escolar), correspondendo ao planejamento que feito em nvel nacional, estadual e municipal", incorporando as polticas educacionais. 4. Planejamento Curricular o "processo de tomada de decises sobre a dinmica da ao escolar. previso sistemtica e ordenada de toda a vida escolar do aluno". Portanto, essa modalidade de planejar constitui um instrumento que orienta a ao educativa na escola, pois a preocupao com a proposta geral das experincias de aprendizagem que a escola deve oferecer ao estudante, atravs dos diversos componentes curriculares (VASCONCELLOS, 1995, p. 56). 5. Planejamento de Ensino o processo de deciso sobre atuao concreta dos professores, no cotidiano de seu trabalho pedaggico, envolvendo as aes e situaes, em constante interaes entre professor e alunos e entre os prprios alunos (PADILHA, 2001, p. 33). Na opinio de Sant'Anna et al (1995, p. 19), esse nvel de planejamento trata do "processo de tomada de decises bem informadas que visem racionalizao das atividades do professor e do aluno, na situao de ensino-aprendizagem". 6. Planejamento Escolar o planejamento global da escola, envolvendo o processo de reflexo, de decises sobre a organizao, o funcionamento e a proposta pedaggica da instituio. " um processo de racionalizao, organizao e coordenao da ao docente, articulando a atividade escolar e a problemtica do contexto social" (LIBNEO, 1992, p. 221). 7. Planejamento Poltico-Social tem como preocupao fundamental responder as questes "para qu", "para quem" e tambm com "o qu". A preocupao central definir fins, buscar conceber vises globalizantes e de eficcia; serve para situaes de crise e em que a proposta de transformao, em mdio prazo e/ou longo prazo. "Tem o plano e o programa como expresso maior" (GANDIN, 1994, p. 55).24Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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8. No Planejamento Operacional, a preocupao responder as perguntas "o qu", "como" e "com qu", tratando prioritariamente dos meios. Abarca cada aspecto isoladamente e enfatiza a tcnica, os instrumentos, centralizando-se na eficincia e na busca da manuteno do funcionamento. Tem sua expresso nos programas e, mais especificamente, nos projetos, sendo, sobretudo tarefa de administradores, onde a nfase o presente, momento de execuo para solucionar problemas (idem.). Plano 1. Plano um documento utilizado para o registro de decises do tipo: o que se pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer com quem fazer. Para existir plano necessria a discusso sobre fins e objetivos, culminando com a definio dos mesmos, pois somente desse modo que se pode responder as questes indicadas acima. 2. O plano a "apresentao sistematizada e justificada das decises tomadas relativas ao a realizar" (FERREIRA apud PADILHA, 2001, p. 36). Plano tem a conotao de produto do planejamento. 3. Plano um guia e tem a funo de orientar a prtica, partindo da prpria prtica e, portanto, no pode ser um documento rgido e absoluto. Ele a formalizao dos diferentes momentos do processo de planejar que, por sua vez, envolve desafios e contradies (FUSARI, op. cit.). 4. Plano Nacional de Educao "onde se reflete toda a poltica educacional de um povo, inserido no contexto histrico, que desenvolvida a longo, mdio ou curto prazo" (MEEGOLLA; SANT'ANNA, 1993, p. 48). 5. Plano Escolar onde so registrados os resultados do planejamento da educao escolar. " o documento mais global; expressa orientaes gerais que sintetizam, de um lado, as ligaes do projeto pedaggico da escola com os planos de ensino propriamente ditos" (LIBNEO, 1993, p. 225). 6. Plano de Curso a organizao de um conjunto de matrias que vo ser ensinadas e desenvolvidas em uma instituio educacional, durante o perodo de durao de um curso. Segundo Vasconcellos (1995, p. 117), esse tipo de plano a "sistematizao da proposta geral de trabalho do professor naquela determinada disciplina ou rea de estudo, numa dada realidade".25Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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7. Plano de Ensino " o plano de disciplinas, de unidades e experincias propostas pela escola, professores, alunos ou pela comunidade". Situa-se no nvel bem mais especfico e concreto em relao aos outros planos, pois define e operacionaliza toda a ao escolar existente no plano curricular da escola. (SANT'ANNA, 1993, p. 49). Projeto 1. Projeto tambm um documento produto do planejamento porque nele so registradas as decises mais concretas de propostas futuristas. Trata-se de uma tendncia natural e intencional do ser humano. Como o prprio nome indica, projetar lanar para frente, dando sempre a idia de mudana, de movimento. Projeto representa o lao entre o presente e o futuro, sendo ele a marca da passagem do presente para o futuro. Na opinio de Gadotti (apud Veiga, 2001, p. 18), Todo projeto supe ruptura com o presente e promessas para o futuro. Projetar significa tentar quebrar um estado confortvel para arriscarse, atravessar um perodo de instabilidade e buscar uma estabilidade em funo de promessa que cada projeto contm de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente determinadas rupturas. As promessas tornam visveis os campos de ao possvel, comprometendo seus atores e autores. 2. Projeto Pedaggico, segundo Vasconcellos (1995). um instrumento terico-metodolgico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, s que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgnica e, o que essencial, participativa. uma metodologia de trabalho que possibilita re-significar a ao de todos os agentes da instituio (p.143). Para Veiga (2001, p. 11) o projeto pedaggico deve apresentar as seguintes caractersticas: a) ser processo participativo de decises; b) preocupar-se em instaurar uma forma de organizao de trabalho pedaggico que desvele os conflitos e as contradies; c) explicitar princpios baseados na autonomia da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estmulo participao de todos no projeto comum e coletivo; d) conter opes explcitas na direo de superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade especfica; e) explicitar o compromisso com a formao do cidado. f) nascer da prpria realidade, tendo como suporte a explicitao das causas dos problemas e das situaes nas quais tais problemas aparecem;26Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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g) ser exeqvel e prever as condies necessrias ao desenvolvimento e avaliao; h) ser uma ao articulada de todos os envolvidos com a realidade da escola; i) ser construdo continuamente, pois como produto, tambm processo". 3. Projeto Poltico-Pedaggico da escola precisa ser entendido como uma maneira de situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas tais como: "que educao se quer, que tipo de cidado se deseja e para que projeto de sociedade?" (GADOTTI, 1994, P. 42). Dissociar a tarefa pedaggica do aspecto poltico difcil, visto que o "educador poltico enquanto educador, e o poltico educador pelo prprio fato de ser poltico" (GADOTTI, FREIRE, GUIMARES, 2000, pp. 25-26). Falar da construo do projeto pedaggico falar de planejamento no contexto de um processo participativo, onde o passo inicial a elaborao do marco referencial, sendo este a luz que dever iluminar o fazer das demais etapas. Alguns autores que tratam do planejamento, como por exemplo Moacir Gadotti, falam simplesmente em referencial, mas outros, como Danilo Gandin, distinguem nele trs marcos: situacional, doutrinal e operativo. Programa Padilha (2001), citando Bierrenbach, explica que um programa "constitudo de um ou mais projetos de determinados rgos ou setores, num perodo de tempo definido" (p. 42). Gandin (1995) complementa dizendo que o programa, dentro de um plano, o espao onde so registradas as propostas de ao do planejador, visando a aproximar a realidade existente da realidade desejada. Desse modo, na elaborao de um programa necessrio considerar quatro dimenses: "a das aes concretas a realizar, a das orientaes para toda a ao (atitudes, comportamentos), a das determinaes gerais e a das atividades permanentes" (GANDIN, 1993, p. 36 e 1995, p. 104). Construindo um conceito de participao A preocupao com a melhoria da qualidade da Educao levantou a necessidade de descentralizao e democratizao da gesto escolar e, consequentemente, participao tornou-se um conceito nuclear. Como aponta Lck et al. (1998), "o entendimento do conceito de gesto j pressupe, em si, a idia de participao, isto , do trabalho associado de27Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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pessoas analisando situaes, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto" (p.15). De acordo com a etimologia da palavra, participao origina-se do latim "participatio" (pars + in + actio) que significa ter parte na ao. Para ter parte na ao necessrio ter acesso ao agir e s decises que orientam o agir. "Executar uma ao no significa ter parte, ou seja, responsabilidade sobre a ao. E s ser sujeito da ao quem puder decidir sobre ela" (BENINC, 1995, p. 14). Para Lck et al. (1998) a participao tem como caracterstica fundamental a fora de atuao consciente, pela qual os membros de uma unidade social (de um grupo, de uma equipe) reconhecem e assumem seu poder de exercer influncia na determinao da dinmica, da cultura da unidade social, a partir da competncia e vontade de compreender, decidir e agir em conjunto. Trabalhar em conjunto, no sentido de formao de grupo, requer compreenso dos processos grupais para desenvolver competncias que permitam realmente aprender com o outro e construir de forma participativa. Para Pichin-Rivire (1991) grupo um "conjunto restrito de pessoas ligadas entre si por constantes de espao e tempo, articuladas por sua mtua representao interna interatuando atravs de complexos mecanismos de assuno e atribuio de papis, que se prope de forma explcita ou implcita uma tarefa que constitui sua finalidade" (pp. 65-66). O que se diz explcito justamente o observvel, o concreto, mas abaixo dele est o que implcito. Este constitudo de medos bsicos (diante de mudanas, ora alternativas transformadoras ora resistncia mudana). Pichon-Rivire (ibdem) diz que a resistncia mudana conseqncia dos medos bsicos que so o "medo perda" das estruturas existentes e "medo do ataque" frente s novas situaes, nas quais a pessoa se sente insegura por falta de instrumentao. A partir desses breves comentrios, pode-se compreender a importncia do to divulgado "momento de sensibilizao" na implementao de planos, programas e projetos. Sensibilidade "qualidade de ser sensvel, faculdade de sentir, propriedade do organismo vivo de perceber as modificaes do meio externo e interno e de reagir a elas de maneira adequada" (FERREIRA, s/d). Sensibilizar, portanto, provocar e tornar a pessoa sensvel; fazer com que ela participe de alguma coisa de forma inteira. Por outro lado, lembra Pichon-Rivire (1991) que "um grupo obtm uma adaptao ativa realidade quando adquire insight, quando se torna consciente de certos aspectos de sua estrutura dinmica. Em um grupo operativo, cada sujeito conhece e desempenha seu papel especfico, de28Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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acordo com as leis da complementaridade" (p. 53). Com diz Libneo (2001), a participao fundamental por garantir a gesto democrtica da escola, pois assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituio estaro presentes, tanto nas decises e construes de propostas (planos, programas, projetos, aes, eventos) como no processo de implementao, acompanhamento e avaliao. Finalizando, cabe perguntar: como estamos trabalhando, no sentido do desenvolvimento de grupos operativos, onde cada sujeito, com sua subjetividade, possa contribuir na reconstruo de uma escola de que precisamos? REFERNCIAS BENINC, E. As origens do planejamento participativo no Brasil. Revista Educao - AEC, n. 26, jul./set. 1995. GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARES, S. Pedagogia: dilogo e conflito. 5. ed. So Paulo: Cortez, 2000. GANDIN, D. A prtica do planejamento participativo. 2.ed. Petrpolis: Vozes, 1994. _________ . Planejamento como prtica educativa. 7.ed. So Paulo: Loyola, 1994. _________ . Posio do planejamento participativo entre as ferramentas de interveno na realidade. Currculo sem Fronteira, v.1, n. 1, jan./jun., 2001, pp. 81-95. LIBNEO, J. C. Organizao e gesto escolar: teoria e prtica. 4. ed. Goinia: Editora alternativa, 2001 LCK, H. Planejamento em orientao educacional. 10. ed. Petrpolis: Vozes, 1991. PADILHA, R. P. Planejamento dialgico: como construir o projeto poltico-pedaggico da escola. So Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. PICHON-RIVIRE, E. O processo grupal. Trad. Marco Aurlio Fernandes. 4. ed. So Paulo: Martins Fontes, 1991. SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDR, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliao. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995. VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. So Paulo: Libertad, 1995. VEIGA, I. P. (Org.). Projeto poltico-pedaggico da escola: uma construo possvel. 13. ed. Campinas: Papirus, 2001.29Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Exemplo de proposta pedaggica de 1998 Escola Estadual Dona Luiza Macuco Santos, So Paulo Introduo A equipe desta escola acredita no que diz a escritora Ruth Rocha no artigo de introduo do livro Gramtica da Fantasia, de Gianni Rodari, que transcrevemos abaixo: Imaginao, Criatividade, Escola. Para mud-la (a sociedade) so necessrios homens criativos que saibam usar sua imaginao. (...) desenvolvamos (...) a criatividade de todos para mudar o mundo. (...) a criatividade uma caracterstica do homem e no um dom concedido a poucos. A diviso injusta do trabalho, a educao concedida apenas aos privilegiados, a falta de estmulos adequados no ambiente em que cresce a maioria das crianas que faz com que a criatividade parea manifestar-se apenas em poucas pessoas. Em educao, como de resto em muitas atividades humanas, o grande erro, a grande armadilha, que freqentemente, na preocupao de fazer-se um belo trabalho, perde-se de vista nossos verdadeiros objetivos. E o objetivo do verdadeiro educador deve ser um s: educar pessoas que possam mudar esse mundo to voltado para coisas sem nenhuma importncia, to esquecido da felicidade de todos, to cheio de injustias! Devemos ter f em que isso possa ser feito. Gianni Rodari confia e nos diz isso de maneira bem-humorada: Se, a despeito de tudo no acreditssemos num futuro melhor, de que adiantaria freqentar o dentista? Ns, direo, coordenao pedaggica, professores e funcionrios desta escola fazemos do texto acima o nosso compromisso pedaggico. 2. Diagnstico 2.1. Scio Cultural Acreditamos que nossa escola no seja apenas uma mera fonte de informaes, mas sim aquele caminho em que a informao caminha lado a lado com a formao do ser intelectual e do ser emocional, da criatividade, da afetividade e da vivncia, por um mundo melhor.

30Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Na elaborao da Proposta Pedaggica essencial conhecer a realidade da comunidade da qual fazem parte nossos alunos: suas foras scio-econmicas, as tendncias dominantes e os meios de comunicao. Considerada uma das escolas mais antigas de Santos, a E.E. Dona Luiza Macuco localiza-se num bairro central (rea nobre) da cidade e atende, em trs perodos, alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Mdio. A clientela predominante de classe mdia baixa em busca de uma situao financeira melhor. Face a isso, encontramos pais com uma jornada intensa de trabalho e, em conseqncia, filhos administrando sozinhos a prpria vida, sem nenhum acompanhamento em casa. Por essas e algumas outras razes adiante enumeradas, os alunos vm apresentado os seguintes problemas: Ausncia de limites; Falta de sentido de famlia (desagregao familiar); Descrena em uma justia social e convico de que ela s possvel de ser obtida pelas prprias mos; Forte tendncia formao de gangs; Srios problemas relacionados a drogas; Crescente aumento de agressividade. Toda essa situao gera muitos conflitos dentro da sala de aula, o que no ocorria anos atrs, quando o ritmo de vida e a estrutura familiar era outra. O nvel cultural predominante na comunidade o de Ensino Fundamental completo. A maioria possui casa prpria e os mais diversos aparelhos eletro-eletrnicos, como se constatou em pesquisa realizada na escola. A valorizao de bens de consumo, especialmente roupas e calados de grife, marcante entre os alunos. Os alunos do perodo diurno so jovens com bom poder aquisitivo, 40% no trabalham e o restante trabalha meio perodo. Os alunos do noturno trabalham perodo integral em escritrios, comrcio, bancos, na rea porturia e em outros locais. O lazer se resume a freqentar a praia, bares e discotecas. Gostam tambm de jogos, como pebolim, sinuca, eletrnicos, e esportes, especialmente o futebol de praia. Com relao ao corpo docente, a escola conta com poucos professores efetivos, o que ocasiona alta rotatividade de professores. Os recursos financeiros so utilizados conforme designao do rgo competente de forma a atender s necessidades pedaggicas da escola. A31Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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APM e o Conselho de Escola, trabalhando em conjunto, decidem sobre o destino das verbas. Pais, professores e alunos so parceiros nas solues de problemas da escola. A escola conta com laboratrio, sala de informtica, sala de vdeo e biblioteca. 2.2 Pedaggica Tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Mdio, diagnosticou-se: Dificuldades de leitura, interpretao e produo de texto; Problemas em relacionar o contedo estudado com a vida prtica; Srios problemas relacionados resoluo de problemas e a atividades que envolvam raciocnio lgico; Problemas relacionados a ensino de valores e atitudes (tolerncia, solidariedade); Apatia e desinteresse resultantes da falta de estmulo pela famlia, pela escola e em funo da forma como o contedo ensinado; Falta de vnculo e identidade com a escola. Os meios de comunicao de massa, de certa forma, hipnotizam e no estimulam um pensamento crtico. Tudo est pronto para ser consumido, no se faz necessria a participao ativa do cidado. Como conseqncia, podemos observar a disperso, a irritabilidade, a falta de raciocnio lgico, a resistncia a contedos que visam levar a pensar, a refletir, a argumentar, a raciocinar, a debater e a posicionar-se. Modificar esse quadro um desafio para a equipe escolar. A maior dificuldade a reposio do contedo para sanar dificuldades de aprendizagem provocadas por freqncia irregular s aulas, principalmente no perodo noturno. Para isso foi criado o projeto Planto de Dvidas que funciona antes do incio das aulas. 3. Princpios Filosficos Temos como princpios filosficos: A insero do indivduo no mundo do trabalho, no qual so construdas as bases materiais de uma existncia digna e autnoma; A insero do indivduo no mundo das relaes sociais regidas pelo princpio da igualdade; A insero do indivduo no mundo das relaes simblicas (cincia, arte, religio etc.) de forma que ele possa produzir e usufruir conhecimentos, bens e valores culturais e morais.32Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Segundo texto elaborado pela CENP (Coordenadoria Estadual de Normas Pedaggicas, de So Paulo) em Proposta Educacional Currculo e Avaliao - Srie Argumento, os autores afirmam: A escola contribuir para que as relaes sociais sejam de igualdade, estimulando o aprendizado do dilogo, do construir com, do trabalhar com, do entender-se com. Atenta ao processo de desenvolvimento fsico, afetivo e emocional, prprio de cada um. A comunidade escolar dever se mobilizar para reconhecer, respeitar e conviver com as diferenas individuais, de turmas, de idades, de papis, de funes, de idias etc. Isso requer novas posturas de todos os que participam do processo educativo, que realiza-se dentro ou fora da sala de aula. Internamente, aulas participativas que valorizam a iniciativa, os avanos individuais e o crescimento coletivo so oportunidades inigualveis de construo de novas formas de convivncia. Externamente, nos intervalos, nas horas de lazer e em todas as situaes de convvio, a permanente postura de respeito mtuo deve ser uma preocupao constante de todos. A escola concorrer para a insero crtica e criativa do Homem no universo das relaes simblicas, favorecendo a produo/utilizao das mltiplas linguagens das expresses e dos conhecimentos histricosociais, cientficos e tecnolgicos.. Fazemos dos pressupostos acima nossos princpios para a construo de uma nova realidade possvel e desejvel pela comunidade escolar. Dessa forma, tornamos o aluno capaz de descobrir em si sua capacidade de dar sentido vida e escola. Daremos a ele um meio de perceber, de conhecer e de desvendar um mundo novo, no pleno exerccio de sua cidadania.

33Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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4.Diretrizes Gerais Para que possamos formar esse cidado crtico, participativo, com princpios ticos, sociais e culturais, precisamos desenvolver no aluno a capacidade de: se conhecer; se perceber; ter adequado comportamento social na escola, na famlia e na sociedade; ser coerente com seus valores. Para isso nossa proposta pedaggica tem por objetivo desenvolver no aluno as seguintes habilidades: ter boa comunicao oral e escrita; ser capaz de debater, argumentar, sugerir, interpretar, criticar e relacionar; ser socivel na escola e na comunidade; ser capaz de inserir-se no mundo do trabalho; tornar-se um leitor do mundo. 5. Funo Social da Escola No mundo moderno, a desestruturao da famlia, a falta de valores morais e espirituais, a crise econmica que o pas atravessa, as diferenas sociais e a falta de perspectiva para o futuro causam nos jovens um grande impacto, traduzido em um descontentamento que eles mesmos no conseguem definir e compreender. Uma das metas da escola pesquisar a fonte geradora de graves problemas disciplinares e identificar as causas para que possamos pensar coletivamente em solues adequadas. Geralmente, ataca-se o efeito que a indisciplina produz: o aluno indisciplinado. Tem-se uma soluo temporria e imediata, mas nem sempre a mais adequada, e verdadeira causa, geradora de conflitos, no sanada. Dessa forma, em continuidade ao trabalho desenvolvido em 1997, neste ano de 1998, estudaremos caso a caso, tentando identificar: a origem dos problemas psicolgicos; das adversidades enfrentadas dentro ou fora da escola; da desestruturao familiar; do consumo de drogas; de gravidez precoce entre as adolescentes.

34Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Para isso, ser necessria a reflexo coletiva sobre o papel da escola e o do professor na sala de aula. Devemos procurar respostas para as seguintes questes: Por que a escola se transformou em fonte geradora de insatisfao e vandalismo? Em que momento o professor tem passado do papel de conciliador a gerador de conflitos? Nosso objetivo primordial formar seres humanos conscientes de seu papel, de seus direitos, limites e deveres, integrando-os na sociedade de forma salutar. Portanto, a escola em todos os seus segmentos estar atenta para ajud-los com: Orientao psicolgica; Atendimento mdico; Apoio do corpo docente e da direo. Queremos que o papel fundamental da escola seja o de educar e, principalmente, reeducar. Como vamos viabilizar isso? Com as criaes de grupos de apoio a jovens e a pais. Vamos estabelecer parceria com o hospital pblico Guilherme lvaro para atendimento mdico e psicolgico e Encaminhar alunos para orientao no grupo Cactus, da Igreja Nossa Senhora Aparecida, no bairro Ponta da Praia. 6. Aes norteadoras da Direo, Coordenao e Professores. 6.1 Com relao aos alunos Propiciar ao aluno condies para que se desenvolva intelectual, psicolgica, social e fisicamente, para que cresa de forma sadia e participe como elemento ativo e produtivo da sociedade. Para isso, ser desenvolvido um trabalho conjunto entre pais, direo, professores e funcionrios, assegurando ao aluno: Contedo condizente com seu nvel pedaggico; Avaliao condizente com seu desempenho global; Acesso informao atualizada sempre relacionando o contedo realidade de sua comunidade, cidade, estado e pas; Acesso a livros para leitura e pesquisa; Ambiente agradvel na escola; Participao de forma produtiva das atividades de classe e extraclasse; Participao em comemoraes cvicas, no grmio estudantil, em debates de interesse geral para despertar seu sentido de cidadania;35Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Participao nas atividades dos projetos especiais da escola: teatro, rdio no recreio etc. Encaminhamento mdico ou psicolgico, quando necessrio. 6.2. Com relao aos pais Estabelecer um trabalho conjunto entre a escola e as famlias para que estas readquiram a funo primordial de participar ativamente na vida de seus filhos, que se perdeu no decorrer das ltimas dcadas. Para que possamos atingir esses objetivos, mesmo que a longo prazo, a escola solicitar a participao dos pais em: Atividades extra-classe (previstas no calendrio escolar); Palestras de interesse pblico (drogas, alimentao, orientao sexual, a influncia da televiso, violncia etc.) Reunies de pais, solicitando aos mesmos sugestes para serem levadas ao Conselho de Escola; Alm disso, sempre que se detectar a necessidade de encaminhamento de alunos para atendimento mdico ou psicolgico, os pais devero ser consultados antes de qualquer ao; Faremos a prestao constante de informaes e esclarecimentos que se refiram aos alunos e escola; A escola estar sempre aberta ao dilogo com a comunidade. 7. Objetivos e Metas da Direo e da Coordenao Trabalhar com os professores os possveis motivos dos atos indisciplinares dos alunos; Conscientizao, acompanhamento e chamada dos responsveis pelos menores que apresentarem problemas disciplinares; Ampliar a viso da cidadania, orientando os alunos quanto postura em relao a colegas, a professores e a funcionrios. Valorizao da Escola; Traar, em conjunto, normas de conduta e posturas uniformes e coerentes em sala de aula; Criar mecanismos que tornem o ambiente cordial e produtivo; Atrair os pais para a comunidade escolar atravs de reunies. Haver pronta acolhida aos que recorrerem escola para obter informaes sobre rendimento e desempenho do aluno; Abrir espao para alunos e pais procurarem a Coordenao para dirimir dvidas sobre as relaes professores/alunos, alunos/ensino/aprendizagem;36Av. Integrao Jaime Campos n 145 Modulo 01 Juina MT CEP 78320-000 www.ajes.edu.br [email protected] Todos os direitos reservados aos autores dos artigos contidos neste material didtico. De acordo com a Lei dos Direitos Autorais 9610/98.

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Dar clareza e transparncia aos critrios de avaliao. Elaborar o regimento interno em conjunto com pais, professores e alunos. Criar condies para o trabalho interdisciplinar. Garantir aos docentes plena participao nas atividades da escola. Estimular os professores a conhecer as leis que se referem ao magistrio e propiciar o fortalecimento das entidades de classe; Propor atividades coletivas sobre assuntos que visem a cidadania e o desenvolvimento