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 GESTÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PRIVADO RESUMO O objetivo principal deste estudo é apresentar uma reflexão sobre técnicas e  práticas de gestão que proporc ionam aumento nos padrões de qualidade e na  produtividade das instituições de ensino superior privadas. A classificação deste artigo, do ponto de vista de seus objetivos, classifica-se como pesquisa exploratória e, quanto aos procedimentos, classifica-se como pesquisa bibliográfica. A gestão traz inúmeras possibilidades para a instituição, dentre elas: possibilita acompanhar o mercado e o setor de forma prospectiva; permite reconhecer ameaças e oportunidades; e traz inteligência competitiva para a instituição, transformando inúmeros dados e informações em conhecimento com valor agregado ao negócio. Palavras-chave: Gestão, Instituições de Ensino Superior, Qualidade.  Fabio Fernando Kobs 1  Dr . Dálcio Roberto dos Reis 2 1 Bacharel em Ciências da Computação pela Associação Catarin ense de Ensino. Mestrando em T ecnologia  pela Universida de T ecnológica F ederal do Paraná, Curitiba. fa [email protected] om.br 2 Doutor em Gestão Industrial pela Universidade de Ave iro. Professor ti tular da Universidade Tecnológic a Federal do Paraná e Pesquisador d a Fundação de Apoio Ao Desenvolvimento Cientí fico e T ecnológico da UTFPR. [email protected] m.br 

Gestão Nas Instituições de Ensino Superior

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  • 7GESTO Revista Cientfica de Administrao, v. 10, n. 10, jan./jun. 2008

    GESTO NAS INSTITUIES DEENSINO SUPERIOR PRIVADO

    RESUMO

    O objetivo principal deste estudo apresentar uma reflexo sobre tcnicas eprticas de gesto que proporcionam aumento nos padres de qualidade e naprodutividade das instituies de ensino superior privadas. A classificao desteartigo, do ponto de vista de seus objetivos, classifica-se como pesquisa exploratriae, quanto aos procedimentos, classifica-se como pesquisa bibliogrfica. A gestotraz inmeras possibilidades para a instituio, dentre elas: possibilita acompanharo mercado e o setor de forma prospectiva; permite reconhecer ameaas eoportunidades; e traz inteligncia competitiva para a instituio, transformandoinmeros dados e informaes em conhecimento com valor agregado ao negcio.

    Palavras-chave: Gesto, Instituies de Ensino Superior, Qualidade.

    Fabio Fernando Kobs1Dr. Dlcio Roberto dos Reis2

    1 Bacharel em Cincias da Computao pela Associao Catarinense de Ensino. Mestrando em Tecnologiapela Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Curitiba. [email protected]

    2 Doutor em Gesto Industrial pela Universidade de Aveiro. Professor titular da Universidade TecnolgicaFederal do Paran e Pesquisador da Fundao de Apoio Ao Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgicoda UTFPR. [email protected]

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    ABSTRACT

    The main objective of this study is to present a reflection about technical andmanagement practices that provide increase in standards quality and productivityof private higher education institutions. The classification from this article, in viewof their goals, classifies itself as exploratory research, and for procedures, classifiesitself as literature search. The management brings many possibilities for theinstitution, among them: enables monitor the market and the sector of prospectiveform; allows recognize threats and opportunities, and brings competitive intelligencefor the institution, transforming many data and information in knowledge withadded value business.

    Key words: Management, Institutions of Higher Education, Quality.

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    1. INTRODUO

    Observa-se nos ltimos anos, segundo o Instituto Nacional de PesquisasEducacionais - Ansio Teixeira (INEP), o aumento de credenciamentos de novasInstituies de Ensino Superior Privadas (IES) e do nmero de vagas ofertadas. OINEP aponta que, em 1997, o censo registrou, no Brasil, a oferta de 505 377 vagasnas IES privadas (22,4% no preenchido); em 2002 o nmero de vagas ofertadassubiu para 1 477 733 (37,4% no preenchido); e em 2005 para 2 122 619 vagasofertadas (36,5% no preenchido).

    Para que uma universidade privada se torne competitiva no mercado de efetivocrescimento e de maior oferta que a demanda, como demonstrado anteriormente,deve procurar aperfeioar continuamente seus produtos, servios e processos, etambm adaptar sua estrutura organizacional realidade de constantes incertezas,que podem representar ameaas ou oportunidades.

    Desta forma, este artigo apresenta como principal problema o desconhecimentode prticas de gesto que resultem em benefcios no que tange melhoria daqualidade dos servios e da produtividade das IES privadas.

    O objetivo principal deste estudo apresentar uma reflexo sobre tcnicas eprticas de gesto que proporcionem aumentar os padres de qualidade eprodutividade das IES privadas.

    Atravs deste, as prticas de gesto podero ser usadas pelas empresas (IES)para avaliar polticas atuais em relao s tcnicas e prticas apresentadas.

    Esta pesquisa classifica-se, de acordo com os seus objetivos, como pesquisaexploratria, pois para Moreira e Caleffe (2006), tem como principal finalidadedesenvolver e esclarecer conceitos e ideias. No que tange classificao da pesquisaquanto aos procedimentos usados no presente artigo, de pesquisa bibliogrfica,pois, ainda segundo Moreira e Caleffe (2006), a pesquisa desenvolvida a partirde material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos.

    Este artigo est estruturado da seguinte forma: breve apresentao dascaractersticas de uma IES; conceitos de gesto e gesto estratgica de uma IES;indicadores de gesto; processos de recursos humanos; gesto da qualidade; gestoambiental e responsabilidade social; consideraes finais; e referncias.

    2. CARACTERIZAO DE UMA INSTITUIO DE ENSINO SUPERIOR

    O artigo 1o do Decreto 3860 classifica as IES em pblicas e privadas. Soinstituies pblicas quando criadas ou incorporadas, mantidas e administradaspelo Poder Pblico; e instituies privadas quando mantidas e administradas porpessoas fsicas ou jurdicas de direito privado.

    Conforme o artigo 3o do Decreto 3860, as pessoas jurdicas de direito privado,mantenedoras de IES, podero assumir qualquer das formas admitidas em direitode natureza civil ou comercial, e, quando constitudas como fundao, sero regidaspelo disposto no artigo 24 do Cdigo Civil Brasileiro. As entidades mantenedorasde IES sem finalidade lucrativa publicaro, para cada ano civil, suas demonstraes

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    financeiras certificadas por auditores independentes e com parecer do respectivoconselho fiscal, conforme disposto no artigo 5o do Decreto 3860. E as entidadesmantenedoras de IES com finalidade lucrativa, ainda que de natureza civil, deveroelaborar, em cada exerccio social, demonstraes financeiras atestadas porprofissionais competentes, segundo artigo 6o do mesmo decreto.

    As IES pblicas podem ser:1 - Federais - mantidas e administradas pelo Governo Federal;2 - Estaduais - mantidas e administradas pelos governos dos estados;3 - Municipais - mantidas e administradas pelo poder pblico municipal (http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/tipos_de_instituicao.stm Acesso em: 19/07/2007).

    As IES privadas podem se organizar como:1 - Instituies privadas com fins lucrativos ou particulares em sentido estrito- institudas e mantidas por uma ou mais pessoas fsicas ou jurdicas de direitoprivado;

    3. INSTITUIES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS, QUE PODEM SER:

    a) Comunitrias - institudas por grupos de pessoas fsicas ou por uma ou maispessoas jurdicas, inclusive cooperativas de professores e alunos que incluam,na sua entidade mantenedora, representantes da comunidade;

    b) Confessionais - institudas por grupos de pessoas fsicas ou por uma ou maispessoas jurdicas que atendam orientao confessional e ideolgicaespecficas;

    c) Filantrpicas - so as instituies de educao ou de assistncia social queprestam os servios para os quais foram institudas e os coloquem disposioda populao em geral, em carter complementar s atividades do Estado, semqualquer remunerao.

    (http://www.educacaosuperior.inep.gov.br/tipos_de_instituicao.stm Acesso em: 19/07/2007).

    De acordo com Tachizawa (2004), o setor educacional composto pelas IES equando analisados apenas os estabelecimentos de ensino de nvel superior de carterprivado, caracteriza-se por:1 Diferenciao das instituies de ensino em funo de sua localizao

    geogrfica, tanto em termos qualitativos (porte, tipos de cursos oferecidos,qualificao do corpo docente), como em termos quantitativos, em face dodiferente grau de concentrao geogrfica de IES, por regio do pas;

    2 Baixa concentrao de IES em suas reas geogrficas de atuao;3 Interdependncia entre as IES da mesma regio, onde comportamento e

    desempenho de uma instituio tm reflexo direto sobre as demais;4 No-existncia de grande diversidade entre as tecnologias educacionais e as

    de processos utilizadas pelas instituies;

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    5 Existncia de barreiras legais e governamentais entrada de novas instituies;6 Elevada regulamentao estatal/governamental;7 Competio bsica via lanamento de novos cursos, em busca de novos clientes;8 Significativo volume de investimentos e de capital para entrada no setor;9 Produto gerado alunos detentor de alto contedo tecnolgico e de

    conhecimento;10 Pouca diferenciao de produtos por parte das instituies, em que a

    diferenciao d-se no nvel da qualidade e das especificaes didtico-pedaggicas;

    11 Instituies de ensino j instaladas detm significativo controle sobre o setorem sua rea de atuao, com domnio dos fornecedores/docentes da regio.

    Desta forma, j identificadas as caractersticas principais das IES, aborda-se aseguir a gesto em IES.

    4. CONCEITOS DE GESTO E GESTO ESTRATGICA DE UMAINSTITUIO DE ENSINO SUPERIOR

    A gesto, segundo Nobrega (2004 apud BRAGA; MONTEIRO, 2005, p. 150), um processo pragmtico, no qual o que interessa o resultado e no o esforo. Acincia da gesto tem tudo a ver com o aprendizado, ou seja, uma cincia deaprender as circunstncias e agir de acordo com elas. Ainda para este autor, gesto a busca de critrios para a tomada de deciso com base em evidncia emprica eno seu valor preditivo. Em gesto, a evidncia emprica vem do nosso aprendizadocom a observao dos acontecimentos e seus resultados.

    Assim, como a gesto est relacionada com a tomada de decises, convmobservar o conceito de gesto estratgica, que, para Braga e Monteiro (2005, p.150), um processo administrativo que visa dotar a instituio da capacidade deantecipar novas mudanas e ajustar as estratgias vigentes com a necessriavelocidade e efetividade sempre que for necessrio.

    Para Sabia e Rossinholi (2001) as IES apresentam uma gesto tradicional, quepossuem:

    uma estrutura organizacional verticalizada, com formato piramidal, na qual cadafuno hierarquicamente inferior est sob controle e superviso da mais alta, querdizer, daquela que lhe imediatamente superior, assegurando unidade de controle.A organizao do trabalho estabelecida por meio da departamentalizao por fun-o. O processo decisrio centralizado, ou seja, as decises so tomadas peloproprietrio ou pelos scios, de tal maneira que a figura do dono muito forte. elequem detm o poder, os nveis hierrquicos mais baixos praticamente no possuempoder de deciso. O planejamento rudimentar, existindo apenas em algumas reasespecficas e estas desvinculadas umas das outras. Por outro lado, no existem ins-trumentos efetivos de controle.

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    A configurao organizacional essencial para um melhor desempenho noprocesso de gesto. Normalmente prevalece numa instituio de ensino a estruturatradicional, do tipo verticalizada e funcional (TACHIZAWA, 2006).

    Como prope o Decreto no 2026, qualquer que seja a alternativa organizacionaladotada, deve-se observar os seguintes aspectos:

    Administrao geral: efetividade do funcionamento dos rgos colegiadoscom eficincia das atividade-meio em relao aos objetivos finalsticos;

    Administrao acadmica: adequao dos currculos dos cursos degraduao e da gesto da sua execuo, e dos critrios e procedimentosde avaliao do rendimento escolar;

    Integrao social: avaliao do grau de insero da instituio nacomunidade, por meio de programas de extenso e de prestao deservios;

    Produo cientfica, cultural e tecnolgica: avaliao da produtividadeem relao disponibilidade de docentes, qualificados considerando-seo seu regime de trabalho na instituio.

    Conforme modelo de gesto proposto por Tachizawa (2006), procura-seestabelecer uma compreenso dos processos sistmicos como um todo, atravs doinstrumento analtico fluxo bsico da instituio (instrumento analtico criado coma aplicao do enfoque sistmico e destinado soluo de problemasorganizacionais), com base na configurao organizacional estabelecida. Processossistmicos um conjunto de tarefas partes em que se desdobram o processosistmico, ou seja, o conjunto de atividades que produzem um resultado/produto/servio com um ou mais itens de controle, realizado por vrias pessoas. Devehaver um gestor de processo, podendo ser o responsvel por um determinado rgo.Um chefe de departamento de ensino pode ser o coordenador do curso, ou o gestordo processo ensino-aprendizagem de um determinado curso.

    Para a gesto estratgica na IES, importante conhecer os processos, que,segundo Tachizawa (2006), compostos por um conjunto de tarefas executadas apartir de insumos e transformadas em produtos, devem ser caminhos lgicos efluentes para a concretizao dos objetivos e estratgias, desde que exista a finalidadepara o processo sistmico. Incorporando-se as entidades relevantes do processo(fornecedores e clientes) no contexto da IES como um todo, tem-se o fluxo bsicoda instituio, estruturado conforme Figura 1.

    O modelo da IES proposto por Tachizawa (2006) se d como um fluxo deprocessos ou fluxo bsico da instituio, o qual deve iniciar com a descrio dafinalidade, que o propsito maior da IES, devendo guardar estreita coernciacom a misso da IES. A finalidade diz respeito ao cliente externo (admisso,matrcula, ensino, avaliao e certificao). Posteriormente explicitao dafinalidade, devem ser inseridos, no fluxo bsico da instituio demonstrado naFigura 1 , os produtos e respectivos clientes extrados da prpria descrio dafinalidade do processo, associando cada produto s tarefas pertinentes, e a estas,os insumos e respectivos fornecedores.

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    A anlise do fluxo bsico da instituio deve abordar se o processo sob estudoconsiste em tarefas que permitem atender eficientemente sua finalidade bsica.Tachizawa (2006) ainda levanta as seguintes questes: se as finalidades do processoesto ligadas aos requisitos do cliente; se este o processo mais eficiente e efetivopara atingir a finalidade da IES; se foram estabelecidos os devidos objetivos; seso alocados recursos suficientes para o processo; e se as interfaces entre as etapasdo processo esto previstas e esto sendo gerenciadas. A anlise do fluxo bsicoest exemplificada atravs da Figura 2, e na IES pode ser averiguada se:

    Os produtos do processo esto relacionados de forma completa; Os clientes contemplam os internos e externos IES; No h redundncia nas tarefas que geram os produtos inerentes ao processo; Os insumos necessrios esto relacionados; Foi diagnosticada a situao da informatizao no processo, relativos

    aos sistemas e equipamentos.

    Figura 1 Fluxo bsico na IESFonte: Tachizawa (2006, p. 153)

    Figura 2 Exemplo de fluxo bsico de uma IES tpicaFonte: Tachizawa (2006, p. 157)

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    Uma vez conhecida a gesto numa IES, faz-se necessrio abordar algunsindicadores que podero ser utilizados para avaliar a instituio.

    5. INDICADORES DE GESTO

    Os indicadores de gesto podem ser classificados, conforme Tachizawa (2006),na forma de: indicadores de negcio, indicadores de desempenho global eindicadores de qualidade e de desempenho.

    De acordo com este autor (2006), os indicadores de gesto na instituio deensino podem levar em conta trs nveis de abrangncia: indicadores de negcio;indicadores de desempenho global; e indicadores de qualidade e de desempenho.Os indicadores de negcio destinam-se a avaliar a IES como uma instituioprestadora de servios aos seus clientes atuais e potenciais, sendo possvel identificarpontos fracos e fortes, bem como oportunidades e ameaas. Os indicadores dedesempenho global visam a avaliar o desempenho da IES como um todo, ou seja,destinam-se, basicamente, permanente anlise do corpo gerencial da instituiode ensino. E o ltimo nvel, indicadores de qualidade e de desempenho, destina-se avaliao da qualidade e de desempenho relativa a cada professor/tarefa.Indicadores de qualidade ou de resultados de um processo so aqueles ndicesnumricos estabelecidos sobre os efeitos de cada processo para medir a sua qualidadeou o seu grau de expectativa em relao a um produto ou servio.

    Ainda segundo Tachizawa, os indicadores de desempenho ou de produtividadeso estabelecidos sobre os pontos de verificao do processo, ou seja, so os itensde controle. Numa IES o indicador de desempenho do gestor o item de qualidadedo subordinado, quanto ao relacionamento entre processos em que o indicador dedesempenho pode ser o item de qualidade de um processo anterior. A definio doque medir na instituio deve estar relacionada aos fatores crticos que afetam ocomportamento e a prpria sobrevivncia da IES. As mtricas so estabelecidas naforma de macroindicadores, que correspondem ao nvel estratgico e queefetivamente mensuram os resultados globais da instituio de ensino, possibilitandoobter como resultados: monitorao da IES em todos os seus nveis e a visualizaopelos executores, ao longo da cadeia, de seu impacto de trabalho. Desta forma,com as mtricas estabelecidas na forma de indicadores de desempenho, pode-se:

    Assegurar que o desempenho na instituio est sendo gerenciado; Identificar adequadamente os problemas e o ordenamento de prioridades; Estabelecer uma compreenso clara para os funcionrios do que a IES

    espera deles; Garantir uma base objetiva e equitativa para recompensas e programas

    de incentivos.Cada instituio deve ter seu prprio conjunto de indicadores, no qual podem

    ser considerados alguns fatores bsicos, ou reas de abrangncia das mtricas, taiscomo: gesto global (podem ser aferidos indicadores voltados para o grau de

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    liderana da alta direo, responsabilidade comunitria e resultados econmicos);satisfao do cliente (podem ser mensurados os requisitos e as expectativas dosclientes, reclamaes e resultados inerentes ao grau de satisfao, por exemplo);qualidade dos produtos, bens ou servios (podem ser considerados lanamentos deprodutos/servios no mercado, qualidade do processo do negcio e dos servios deapoio e melhoria contnua); e recursos humanos (podem ser mensurados itens comogesto de recursos humanos, envolvimento dos funcionrios, reconhecimento edesempenho, e bem-estar e motivao do pessoal da IES).

    6. PROCESSOS DE RECURSOS HUMANOS

    Para Drucker (1996, p.279), a credibilidade de um lder se baseia em seiscritrios, sendo: convico, carter, cuidado, coragem, compostura e competncia.

    Nas IES os gestores so fundamentais, sendo os principais envolvidos nadefinio da misso, dos objetivos e das metas da IES, bem como na eficincia daimplementao das estratgias institucionais, garantindo uma gesto de qualidade(TACHIZAWA, 2006).

    De tal modo, como os gestores, os coordenadores proporcionam um papelfundamental para a efetivao dos objetivos da IES.

    De acordo com Tachizawa (2006), o processo ensino-aprendizagem de umaIES composto dos cursos de graduao. Cada um desses cursos, portanto, podeconstituir um processo sistmico, com um respectivo coordenador. Este deve tirarproveito das oportunidades internas e externas com o intuito de torn-los maiscompetitivos, quesito fundamental para os cursos alcanarem seus objetivos, sobpena de no sobreviverem.

    Algumas caractersticas devem fazer parte do coordenador, sendo: levar a srioo aperfeioamento contnuo, por meio do fortalecimento da crtica e da criatividadede todos os agentes envolvidos no processo; integrao do saber e do fazer; ideiase atividades sugeridas para assegurar a eficincia, eficcia e a efetividade do curso;gerenciamento das mudanas; interaes com processos produtivos; atuar comogestor de oportunidades; possuir uma conscincia crtica altamente desenvolvidadas premissas de valor presentes no dia a dia; abandonar os modelos pragmticosde conhecimento; desenvolver atividades que venham incrementar a qualidade,legitimidade e competitividade dos cursos.

    7. GESTO DA QUALIDADE

    Segundo Juran (1995), define-se qualidade como o desempenho do produto(bens ou servios) que proporciona satisfao e leva os clientes a compr-lo. Tambmse pode utilizar outro significado para qualidade, que a ausncia de deficincias.As deficincias criam a insatisfao com o produto, e isso leva os clientes areclamarem. Outra definio simples da qualidade adequao ao uso.

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    Gesto da qualidade o conjunto de prticas para institucionalizar eoperacionalizar qualidade, frequentemente dimensionada via indicadores dequalidade. Qualidade na gesto a sistemtica de administrao do nvel daqualidade alcanada, normalmente visualizada via variao das mtricas dosindicadores apurados (GIL, 1997).

    Em instituies de ensino, segundo Tachizawa (2006), a qualidade deve serentendida como um processo de gesto em estreita interao com a gesto estratgicada IES. O ponto fundamental de qualquer programa de qualidade nas instituiesde ensino obter o comprometimento da alta direo, que responsvel pela criaoda viso organizacional centrada na qualidade e em fixar um padro de atendimentoadequado s necessidades dos clientes, bem como melhor-lo com eficiente e eficazaplicao dos insumos para garantir a qualidade do atendimento.

    8. GESTO AMBIENTAL E RESPONSABILIDADE SOCIAL

    Tachizawa (2004) contextualiza que a gesto ambiental e a responsabilidadesocial tornam-se importantes instrumentos gerenciais para capacitao e criaode condies de competitividade para as organizaes, qualquer que seja seusegmento econmico. Algumas questes que poderiam ser associadas gestoambiental: aumentar a qualidade dos produtos; aumentar a competitividade dasexportaes; atender ao consumidor com preocupaes ambientais; atender reivindicao da comunidade; atender presso de organizao no governamentalambientalista; estar em conformidade com a poltica social da empresa; e melhorara imagem perante a sociedade.

    A gesto ambiental envolve a passagem do pensamento mecanicista para opensamento sistmico, segundo Tachizawa (2004), no qual um aspecto essencialdessa mudana que a percepo do mundo como mquina cede lugar percepodo mundo como sistema vivo. Essa mudana diz respeito concepo da natureza,do organismo humano, da sociedade e, portanto, tambm de percepo de umaorganizao de negcios. Esse novo estilo de administrao induz gesto ambientalassociada ideia de resolver os problemas ecolgicos e ambientais da empresa, aqual demanda uma dimenso tica, cujas motivaes so a observncia das leis e amelhoria da imagem da organizao.

    O modelo de gesto ambiental e de responsabilidade social, conforme Tachizawa(2004) pode ser aplicado de forma completa ou de maneira parcial para:

    Implementar estratgias ambientais e sociais, quando ento feita umaabordagem global dos elementos do modelo de gesto proposto;

    Fazer diagnstico geral da organizao; Subsidiar o processo de planejamento estratgico; Criar mtricas e indicadores para monitoramento das decises estratgicas

    e operacionais; Estabelecer um processo de medio de desempenho e comparao com

    o mercado (benchmarking);

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    Auxiliar na formulao do planejamento dos recursos de tecnologias dainformao a serem implementados, como por exemplo, plano diretor deinformtica;

    Implementar os sistemas (sries das normas ABNT Associao Brasileirade Normas Tcnicas) ISO 9000 e ISO 14000;

    Criar referencial para implantao de um sistema de avaliao dedesempenho e de mrito para fins de remunerao estratgica do pessoalda organizao.

    As instituies do setor educacional, segundo Tachizawa (2004), podem delinearestratgias de gesto ambiental e de responsabilidade social, de carter genrico,normalmente aplicvel s organizaes desse setor, de baixo impacto ambiental, que so:

    Projetos sociais em meio ambiente; Projetos sociais em educao; Projetos sociais em sade; Projetos sociais em cultura; Projetos sociais em apoio criana e ao adolescente; Projetos sociais em voluntariado; Imagem ambiental da empresa para fins de marketing.

    9. CONSIDERAES FINAIS

    A contextualizao utilizada neste artigo permitiu responder, mesmo queparcialmente, o problema formulado no incio deste artigo. Nele constava odesconhecimento de prticas de gesto que resultem em benefcios no que tange melhoria da qualidade dos servios e da produtividade das IES privadas.

    As IES devem dispor de informaes para a avaliao da qualidade e da melhoriacontinuada, mediante instrumentos relacionados com o aluno, com o desempenhodos servios, e preferencialmente, comparando, sempre que possvel, a IES com aconcorrncia, com referenciais de excelncia e aspectos financeiros.

    A realizao da atividade de gesto ambiental e social na IES permite que osalunos conheam o grau de preocupao com a questo ambiental na regio, e seh uma conscincia de que o Sistema de Gesto Ambiental pode ser consideradocomo fator estratgico a ser utilizado pelo marketing e, at mesmo, comopossibilidade de abertura de novos negcios.

    A correta utilizao da gesto traz inmeras possibilidades para a instituio,segundo Braga e Monteiro (2005), dentre elas: possibilita acompanhar o mercadoe o setor de forma prospectiva; permite reconhecer ameaas e oportunidades; e trazinteligncia competitiva para a instituio, transformando inmeros dados einformaes em conhecimento com valor agregado ao negcio.

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