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GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

GESTÃO DE MARKETING E NEGÓCIOS Web viewO conceito de gestão é considerado mais abrangente e sistêmico do que o conceito de administração, mostrando-se mais adequado para referir-se

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GESTÃO E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR

PROGRAMA DA DISCIPLINA

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EmentaGestão educacional: conceitos, funções e princípios básicos. A função administrativa da unidade escolar e do gestor: contextualização teórica e tendências atuais. A dimensão pedagógica do cotidiano da escola e o papel do administrador escolar. Levantamento e análise da realidade escolar: o projeto político pedagógico, o regimento escolar, o plano de direção, planejamento participativo e órgãos colegiados da escola.

Objetivos Analisar as políticas educacionais e a gestão escolar, reconhecendo seus princípios básicos,

elementos constitutivos, desafios, dilemas, funções e paradigmas, no contexto de escola e sala de aula.

Possibilitar a aquisição de referenciais teóricos e práticos indispensáveis ao exercício de gestor escolar no sentido de construir um referencial para uma escola cidadã.

Conteúdo Programático1. GESTÃO ESCOLAR

Gestão Democrática da Escola Desafios da Gestão Escolar Função da Gestão Escolar

2. GESTÃO DEMOCRÁTICA Elementos Constitutivos

3. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA Gestão Participativa

BibliografiaFERREIRA, Naura S. Capareto (org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2003.HENGEMÜHLE, Adelar. Gestão de ensino e práticas pedagógicas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.LIBÂNEO, José Carlos. Organização e Gestão da escola: teoria e prática. 5. ed. Goiânia: Alternativa, 2004.OLIVEIRA, Maria Auxiliadora Monteiro (org.). Gestão Educacional: novos olhares, novas abordagens. Petrópolis: Vozes, 2005.PARO, Vitor Henrique. Administração escolar: introdução crítica. 14. ed. São Paulo: Cortez, 2006.

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SUMÁRIO

1. GESTÃO ESCOLAR..................................................................................................................................31.1. Conceito de Gestão Escolar....................................................................................................................51.2. Gestão Democrática da Escola...............................................................................................................51.3 Os Desafios da Gestão Escolar...............................................................................................................61.4 O Educador Gestor na Atualidade...........................................................................................................71.5. A Função do Técnico-Administrativo.....................................................................................................10

2. A ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR..........................................................................................112.1. Função Sociopolítica.............................................................................................................................112.2. Função Pedagógica..............................................................................................................................112.3. A Atuação do Gestor Escolar: Dimensões Política e Pedagógica.......................................................122.3.1. O “Gerencialismo” na Educação: Do que Estamos Falando?...........................................................122.3.2. Da Perspectiva Gerencial à Perspectiva Política e Pedagógica do Trabalho do Diretor Escolar......15

3. GESTÃO DEMOCRÁTICA......................................................................................................................173.1. Elementos Constitutivos do Sistema de Organização e Gestão Democrática.....................................193.1.1. Eleição de Diretores...........................................................................................................................203.1.2. Órgãos Colegiados.............................................................................................................................203.1.3. Projeto Político Pedagógico...............................................................................................................213.1.4. Planejamento Participativo.................................................................................................................21

4.GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA................................................................................224.1. É Preciso Educar Para Não Excluir!......................................................................................................224.2. Construindo o Sonho de uma Escola Participativa...............................................................................28

1. GESTÃO ESCOLARQuando se fala em gestão escolar ou educacional, em geral nos vem à lembrança os modelos

administrativos. Quase que de imediato nos lembramos de expressões ou conceitos como: gestão participativa, autonomia escolar, flexibilização da gestão. E tudo isso nos leva à algumas indagações

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como: Por que nosso sistema escolar ainda enfrenta problemas tanto gestionários como didático-pedagógicos? A causa do baixo rendimento escolar de nossos alunos se explica a partir dos modelos administrativos? Planejando, avaliando e recebendo apoio financeiro as escolas conseguirão resolver seus problemas? Ou direcionar dinheiro às escolas é só mais uma forma de mascarar o verdadeiro problema? Qual seria, então esse problema?

Olhando para a história constatamos que, principalmente a partir da década de 1970, começou-se a refletir sobre a administração escolar e sobre o papel do diretor. "Ao observar que não é possível para o diretor solucionar sozinho todos os problemas e questões relativos à sua escola, adotaram a abordagem participativa fundada no princípio de que, para a organização ter sucesso, é necessário que os diretores busquem o conhecimento específico e a experiência dos seus companheiros de trabalho". (LÜCK, 2000, p.19). E a autora afirma em seguida que as teorias da gestão escolar podem ser divididas a partir de duas bases: uma psicológica e outra social. As de base psicológica podem ser consideradas como de "modelo cognitivo" e "modelo afetivo"; as teorias de base social partem do "modelo de democracia" e do "modelo da consciência política".

Também é verdade que já houve tempo em que as escolas podiam ser consideradas reflexos do sistema autoritário de governo. Isso mudou, principalmente a partir da atual legislação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) que menciona a preferência pelo modelo democrático e participativo da administração escolar. O artigo terceiro, inciso VIII da LDB, sobre os princípios do ensino no Brasil fala na: "gestão democrática do ensino público". Essa gestão democrática, como prevê o artigo 14, deve ter por base a participação tanto dos profissionais da educação, como da comunidade. E a LDB diz mais. No artigo 15 podemos ler: "Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira"

Do ponto de vista legal, portanto, estão completamente superados eventuais vestígios de autoritarismo.

Nossa questão, portanto é: como se efetivará a gestão democrática? Qual sua relação com o planejamento, o financiamento e a avaliação?

Começamos dizendo que deste ponto de vista a gestão escolar ou educacional pode ser entendida como o caminho, o modelo e as posturas envolvidas e desenvolvidas para gerir o sistema escolar ou as escolas. Para essa gestão é que a lei prevê a necessidade de ser democrática com crescente autonomia. Trata-se portanto, de um movimento de alteração das relações de poder, do papel do Estado e dos atores sociais. Embora esteja falando a partir do modelo português, o que diz João Barroso, aplica-se à nossa realidade: "essa alteração vai no sentido de transferir poderes e funções do nível nacional e regional para o nível local, reconhecendo a escola como um lugar central de gestão e a comunidade local (em particular os pais e alunos) como um parceiro essencial na tomada de decisões" (BARROSO, 2003, p. 13)

Isso nos leva a mais uma indagação: em que consiste essa autonomia? O sistema de ensino público, mesmo concedendo autonomia às instituições escolares, ainda

mantém a supremacia legislativa e normativa: é o poder público que contrata e mantém os professores e demais funcionários das escolas; o dinheiro aplicado nas escolas vem do poder público. Mesmo no ensino superior, em instituições que mantêm fundações ou outras instituições para captação de recursos, o poder público mantém a normatização de funcionamento, além do quadro funcional. Na iniciativa privada não é diferente: o poder publico mantém constante e severa vigilância. Portanto a autonomia não é absoluta, pois acima das instituições de ensino permanecem as instituições do Estado. Neste caso para que aconteça a autonomia ela precisa ser construída mediante sintonia de interesses e pela crescente possibilidade de diálogo entre o poder público, a sociedade civil e a comunidade escolar. A gestão democrática e participativa se constrói, portanto, pela sintonia desses três vértices do triângulo dos interessados.

Neste caso nem a gestão democrática é algo pronto, nem a autonomia um ponto de chegada e definitivo. Mas se trata de um processo construído no cotidiano das ações.

Mas existe um outro lado da autonomia que pode soar um pouco mais problemático. Por que o poder público, ou o Estado, alimenta a gestão democrática? Por que quem detém o poder estaria abrindo mão dele?

É o mesmo João Barroso quem nos responde a partir de uma breve análise do conceito de "territorialização" e da autonomia consentida. A territorialização consiste numa diversidade de processos que "vão no sentido de valorizar os poderes periféricos, a mobilização dos atores e a contextualização da ação política". (2003, p. 14). E o autor continua, dizendo que: esse processo "tem por pano de fundo um conflito de legitimidade entre o Estado e a sociedade, entre o público e o privado, entre o interesse comum e os interesses individuais, entre o central e o local" (2003, p. 14).

Dentro desse processo, diz esse autor, podem existir mecanismos promovendo uma espécie de privatização da escola pública; ou uma forma do poder central transferir para as periferias os

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problemas aos quais não sabe ou não pode resolver; pode manifestar-se, também, como mecanismo de controle indireto. São efetivamente riscos que se corre, e que são previsíveis dentro da ideologia ou do modelo de um Estado que se assente no neoliberalismo. Mas, ao mesmo tempo, pode-se ver nesse processo o resultado de mobilizações de atores sociais locais, apropriando-se de espaços antes controlados exclusivamente pelo poder central. Em outras palavras, o que se percebe é a permanência dos conflitos, mas agora não de forma explosiva e sim dialogada, democratizada... não se pode dizer que as novas tendências de gestão superam os conflitos e contradições da sociedade capitalista, mas que abre espaço para o diálogo, acenando para uma perspectiva democrática do universo educacional. E com isso voltamos à afirmação da democratização do ambiente educacional.

Agora se pode perguntar: esse processo de democratização e de ampliação da autonomia educativa é positivo ou problemático para a sociedade? A reposta vai depender da análise do fenômeno, respondendo a estas indagações: trata-se de uma forma de transferir problemas insolúveis para a comunidade? Ou trata-se de um avanço da mobilização dos atores sociais?

O que podemos observar, concretamente é que, a partir de um processo de gestão democrática, a comunidade escolar particularmente os gestores é levada a melhor planejar o cotidiano escolar. Planejamento não só das ações pedagógicas, mas também dos processos financeiros e das relações com os pais e alunos. Dentro desse processo a escola tem condições de ultrapassar seus próprios muros.

Também se pode dizer que a partir dessa perspectiva o Estado, por meio de vários programas, direciona dinheiro para as escolas e aqui estamos pensando, especificamente,nas escolas públicas estaduais. Esse dinheiro é administrado não somente pelo diretor e demais funcionários das escolas, mas por uma equipe gestora da qual também participam pais e alunos essa equipe, recebe diferentes denominações: APP, APM, Caixa Escolar.... O processo participativo ocorre, não só pela recepção e distribuição do dinheiro, mas num processo anterior, quando pais, alunos e membros da escola opinam sobre como e onde deve ser aplicado o dinheiro que virá. Portanto, a previsão, o planejamento, é anterior à remessa. O dinheiro chega às escola, sim, mas a partir de planejamento.

Estamos, pois, diante de um novo modelo gestionário da ação escolar. Um modelo que democratiza a participação, que demanda planejamento, que, a partir do planejamento, consegue gerir e aplicar a verba destinada à escola. Podemos, inclusive, admitir que haja menor risco de desvio de verbas, o que seria assunto para outra discussão, evidentemente. Também podemos admitir que esse modelo pode ser um mecanismo que esteja ocultando a incapacidade ou a má vontade do centro do poder; pode ser uma manifestação da manipulação exercida sobre os atores sociais. Mas também pode ser mais uma conquista da mobilização social. E, talvez, havendo mais mobilização, haja mais conquistas...

A gestão escolar, antes chamada de administração, tem mostrado na prática no decorrer da história um avanço na teoria da Administração. Há uma compreensão de que ela não deve relacionar-se com aquela, visto que enquanto trata da educação a outra está voltada para a economia e busca de riqueza capitalista. Isto não é raro, porém, trata-se de uma desculpa, pois enquanto a administração empresarial teve um avanço considerável, a escolar ainda que de forma geral está burocratizada e emperrada.

As exigências contemporâneas e globalizadas exigem resultados, em educação são as mudanças, que as pessoas e a sociedade buscam para a sustentabilidade do processo vital e, por isso, a gestão escolar democrática é tão discutida nos dias atuais, visto que, busca soluções face às transformações no sistema atual de ensino. È neste ponto que ver-se aspectos importantes como a descentralização do poder, a necessidade do trabalho ser desenvolvido com ampla participação de todos os seguimentos da escola e da comunidade para envolver a sociedade como um todo.

A escola é responsável pela transmissão do conhecimento, no entanto no mundo globalizado, é de suma importância que essa nova concepção, ou seja, uma constante renovação na sua postura, para enfim transmitir um conhecimento de nível elevado que prepara o aluno a ser criativo e pensante. Baseado neste princípio, é que aparece a figura do professor gestor, que disseminaram ideias objetivando uma transformação, é aquele que irá articular essas ideias junto à comunidade escolar, pois trata-se de:

repensar a escola como um espaço democrático de troca e produção de conhecimento que é o grande desafio que os profissionais de educação, especificamente o gestor escolar, deverão enfrentar nesse novo contexto educacional, pois o gestor escolar é o maior articulador deste processo e possui um papel fundamental na organização do processo de democratização escolar.(ALONSO, 1998. p. 11).

Essa é a proposta de uma gestão mais aberta e democrática, uma gestão compartilhada, na qual tal profissional não deve centralizar as decisões na sua pessoa. Ele é o articulador, ele coordena, organiza e gerencia as atividades da escola, auxiliado pelos demais componentes do corpo de

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especialistas e técnicos administrativos. Cumpre, e faz cumprir, as leis, os regulamentos, as determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e as decisões no âmbito da escola e da comunidade.

1.1. Conceito de Gestão EscolarO sentido etimológico do termo gestão vem de “gentio”, que por sua vez vem de “gerere”

(trazer em, produzir). Gestão é o ato de administrar um bem fora-de-sí (alheio),” mas também é algo que traz em si porque nele está contido. E o conteúdo deste é a própria capacidade de participação, sinal maior da democracia.” (CURY, 1997, p.27). Em uma gestão democrática todos devem está envolvidos, pois é tarefa de todos, família, governo, sociedade, entretanto, para tal sintonia é necessária a participação de todos os seguimentos que compõem o processo educacional, de um trabalho coletivo que busque ações concretas.

Gestão escolar democrática há de promover redistribuição de responsabilidades, ideia de participação e trabalho em equipe é a descentralização dos processos de gestão escolar e a democratização na escola.

Conforme o pensamento de Luck,

a literatura sobre a gestão participativa reconhece que a vida organizacional contemporânea é altamente complexa, assim como seus problemas. No final da década de 1970, os educadores e pesquisadores de todo o mundo começaram prestar mais atenção ao impacto da gestão participativa na eficácia das escolas como organizações. Ao observar que não é possível para o diretor solucionar sozinho todos os problemas e questões relativas à sua escola, adotaram a abordagem participativa fundada no princípio de que, para a organização ter sucesso, é necessário que os diretores busquem o conhecimento específico e a experiência dos seus companheiros de trabalho. Os diretores participativos baseiam-se no conceito de autoridade compartilhada, por meio da qual o poder é delegado a representantes da comunidade escolar e a responsabilidade é assumida em conjunto. (LÜCK, 1998, p. 19).

Todavia, entendendo o diretor, como o líder da comunidade, ele é um instrumento fundamental, para o processo de mudança na escola, chave principal para ser o primeiro a efetuar mudanças no seu estilo de gestão e, com isso, torna-se modelo para a comunidade escolar, estimulando a todos participarem de uma gestão democrática e participativa, onde cada componente envolvido, assume responsabilidade e compromisso com o sucesso da escola com qualidade e eficácia.

1.2. Gestão Democrática da Escola

Compreendendo a concepção peculiar de qualidade e de produtividade da escola, é importante considerar as implicações de ordem administrativa dela decorrentes. No dia-a-dia gestão costuma ser associada com chefia ou controle das ações dos outros. Isso decorre do fato da convivência diária com o arbítrio e a dominação, o que é quase imperceptível. É de fácil compreensão, que gerir, administrar, seja confundido com mandar, chefiar.

No entanto, se sairmos das concepções cotidianas e analisarmos com profundidade o real, perceberemos que o que a gestão tem de “essencial” é o fato de ser mediação na busca de objetivos. É o que diz (PARO, 1986, p.15 ),” a utilização racional de recursos para a realização de determinados fins.”

Os princípios da gestão democrática consistem em planejar os trabalhos, racionalizar os recursos, coordenar e avaliar o trabalho desenvolvido. A organização necessária para este trabalho resultará da decisão conjunta de todos os setores da escola, orientados e incentivados pelo gestor democrático,para promover a transformação.

Para Libâneo,

a concepção democrático-participativa é aquela em que o gestor e os demais integrantes da equipe têm objetivos comuns, tomam coletivamente as decisões e, cada um assume sua parte na execução do acordo. É nesse aspecto que é valorizado o desenvolvimento pessoal, a qualificação e o compromisso técnico e a qualificação profissional. LIBÂNEO (2004, p. 16)

Na atualidade, existe uma necessidade de se preparar o profissional de educação para a gestão democrática e, tal necessidade se faz presente nas Diretrizes Curriculares para as licenciaturas, ou seja, nas áreas da educação para as quais estão previstos conhecimentos pedagógicos.

De acordo com Ferreira,

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A gestão da educação, como tomada de decisão, organização, direção e participação, acontece e desenvolve-se em todos os âmbitos da escola,mas fundamentalmente, na sala de aula, onde concretamente se objetiva o projeto político-pedagógico não só como desenvolvimento do planejado, mas como fonte privilegiada de novos subsídios para novas tomadas de decisões para o estabelecimento de novas políticas. (FERREIRA, 2008 p. 08).

A formação profissional na educação destaca-se como um dos aspectos que merece atenção do gestor democrático: é necessário que ele acompanhe, atenda e incentive o professor em suas necessidades e também em suas ações desenvolvidas, pois o grande diferencial do professor gestor é a capacidade de lidar com os relacionamentos interpessoais reconhecendo os valores humanos.

1.3 Os Desafios da Gestão EscolarAs diversas mudanças sociais, econômicas e políticas ocorridas no mundo requerem que a

escola atenda as exigências impostas pelo novo modelo de sociedade, onde as organizações escolares estão passando por vários desafios e mudanças. Justamente esta nova sociedade, a que está necessitada de novos conhecimentos instiga essas transformações, tornando importantes aspectos como a inovação, competitividade e produtividade, pois de acordo com Penin & Vieira (2002, In Vieira, 2002, pag. 13), [...] “Sempre que a sociedade defronta-se com mudanças significativas em suas bases sociais e tecnológicas, novas atribuições são exigidas à escola,” [...]

Observando por este prisma, é obrigatório o papel da escola estar de acordo com os interesses da sociedade atual, não obstante é necessário também adaptar-se a essas novas atribuições e envolver todos que atuam na escola para que o resultado seja positivo. Assim, a gestão da escola deve empenhar-se para reestruturar a escola, pois neste contexto de mudança e transformação a escola e todos os seus profissionais precisam cada vez mais investir em conhecimento e aplicá-lo para que a escola aumente sua capacidade de criar e inovar, no entanto vale lembrar que qualquer mudança gera medo, conflitos, resistência... E a participação dos pais torna-se indispensável para o sucesso desta mudança. Na sociedade contemporânea há a necessidade das escolas investirem em práticas de gestão participativa, em técnicas motivacionais e reestruturação da instituição e dos conteúdos trabalhados como parâmetro eficaz para a concretização da educação afim de que, a função da escola sobressaia e torne alunos cidadãos da nossa comunidade, pois o produto da educação é o ser humano, e, prepará-lo com dignidade para a vida em sociedade é primordial. É necessário e fundamental a escola está voltada à humanização, ao convívio em grupo, à atuação, à participação, entre outros aspectos que interaja o individuo socialmente.

Promover este ideal educativo induz e motiva a equipe a este trabalho. Assim, o educador precisa ter motivos e vontade de trabalhar sob a ótica da habilidade social, pois como argumenta LIBÂNEO (2007, p.289-290): ”Os professores têm várias responsabilidades profissionais, conhecer bem a matéria, saber ensiná-la, ligar o ensino à realidade do aluno e a seu contexto social.” A esse respeito, Alarcão ( 2007 p. 18 e P. 18) diz que o professor gestor precisa criar condições para desenvolver o social, o que pressupõe que este profissional deva ter mais conhecimento e faça uso dele para exercer a democracia.

Dando continuidade ao seu pensamento Alarcão preceitua que:

A competência de ser professor é algo que dificilmente se ensina, mas que facilmente se aprende, quando a representação que criamos de professor, corresponde a de um profissional, do humano, que aceitou desempenhar na sociedade a função de educar, por via de ensino, ou seja, que se comprometeu a criar condições para que os outros aprendam e se eduquem. (ALARCÃO, 2007 p. 18).

A escola é na atualidade um espaço de livre articulação de ideias. Segundo HORA:

A Escola como uma instituição que deve procurar a socialização do saber,da ciência, da técnica e das artes produzidas socialmente, deve estar comprometida politicamente e ser capaz de interpretar as carências reveladas pela sociedade, direcionando essas necessidades em função de princípios educativos capazes de responder as demandas sociais. HORA (1994, p.34):

Para acontecer essa socialização, necessita-se uma gestão democrática e participativa, onde aconteça uma participação efetiva, tanto nas soluções de problemas como na tomada de decisões que vão influenciar diretamente a escola.

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Segundo Paro,

cabe aos profissionais da educação fazerem valer o seu papel de educador, dando ênfase a um ensino mais democrático, com diálogos abertos, com informações que provoquem reflexões a respeito dos fatos sociais existentes. É importante que se trabalhe sempre com o concreto, assim o educando se sentirá estimulado a criar situações como todo o processo democrático, que é um caminho que se faz ao caminhar, o que não elimina a necessidade de refletir previamente a respeito dos obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para a ação.” (PARO, 1997, p.17)

Trabalhar o concreto é encarar as ações de ensinar e de aprender como uma unidade indissociável, indicando os diferentes pontos de vista para análise fenomenológica feita pelo educando.

1.4 O Educador Gestor na AtualidadeA complexidade das inter-relações sociais, além das que já foram apresentadas anteriormente,

imprime à escola uma nova maneira de trabalhar com os conhecimentos. É imprescindível que o educador gestor busque alternativas concretas de superação contextualizando sua formação a partir da sociedade atual e suas características como gestor. Vivemos em um mundo globalizado e de transformações, um mundo acelerado, com características diferentes da sociedade ou época em que uma grande maioria dos professores atuais, foi formada. E a consequência disso é que este professor trabalha com um aluno com valores, características e ações bem diferentes daqueles para qual ele foi preparado para trabalhar. Em muitas rodas de professores o discurso comum é sobre a falta de interesse, que não querem nada com os estudos, que não respeitam mais a escola.

É refletindo sobre esse questionamento que o professor gestor na atualidade enfrenta o grande desafio: revalidar o seu diploma, a sua formação, para acompanhar as transformações deste aluno e consequentemente, da sociedade. Vivenciamos uma sociedade do consumo e do hedonismo, onde a individualidade é maior e é diminuído espaços de convivência familiar (troca-se a sala pelo quarto), o certo e o errado se confundem. Onde as crianças e jovens aprendem principalmente a partir da TV, dominam e utilizam com facilidade as tecnologias,são egocêntricas, possuem pouco contato com a frustração e apresentam uma adolescência precoce. Lidar com tudo isto exige habilidades e competências.

O Professor é também um sujeito histórico, pode não ser simplesmente um executor de tarefas e sim alguém que pensa o processo de ensino, de acordo com suas possibilidades e limitações pessoais, profissionais e do contexto em que atua (Pimenta, 2007, p. 44).

Quando o conhecimento que o professor detém restringe-se aos velhos paradigmas educacionais, seu trabalho não corresponde ao profissional necessário à sala de aula e sua concepção pedagógica e escolha ideológica não dão conta do novo papel do professor. Neste caso, a formação contínua não proporciona a reflexão sobre sua prática e não o leva a rever seu trabalho e promover transformações, a partir de si mesmo, como afirma Alarcão:

O exercício do profissional docente, por sua natureza altamente complexa, situada e interativa, (...), desenvolve-se fundamentalmente em contexto de trabalho. (...) O que quero salientar é a riqueza formativa das situações de trabalho e chamar a atenção para três eixos que me parecem fundamentais, nesse potencial de formação: a interação com as tarefas educativas, a interação com os outros e a interação de cada um consigo próprio. (ALARCÃO, 2007, p.18).

Os alunos, fazem parte do contexto escolar, porém a grande maioria, não compreende com clareza o papel da escola além de não serem orientados pelos familiares sobre a importância da educação na promoção de transformações nos indivíduos. Sem a orientação familiar e a construção dos hábitos de valorização do estudo e respeito para com os profissionais e o trabalho que ali se desenvolve, não veem esse espaço como local de produção e apropriação do conhecimento científico e cultural produzido pela humanidade, e que lhe garantiria a formação para o enfrentamento das adversidades do mundo capitalista. Em consequência, fazem da sala de aula uma extensão dos ambientes que vivenciam, impossibilitando a execução do trabalho pedagógico.

Quando observamos e analisamos situações atuais da educação ou conversamos com professores gestores sobre os problemas que normalmente se apresentam a questão da indisciplina e da violência vem à tona. Muitos são os desafios que os profissionais da escola têm vivenciado no enfrentamento cotidiano de situações inesperadas que interferem nas ações planejadas, para alcaçar os objetivos educacionais propostos, tanto da sala de aula quanto da própria instituição como um todo. Um dos enfoques necessários para a compreensão da relação entre disciplina e indisciplina é a questão do

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desenvolvimento moral. Esse desenvolvimento é construído pela criança desde pequena, a partir de sua interação com outras pessoas na família, na escola nos grupos de convívio social, nos contatos que a mídia transmite. A compreensão da construção das regras de convivência dos grupos sociais encontra sustentação teórica em vários autores da psicologia, entre os quais pode-se destacar Piaget ( 1977 ) e Vygotsky ( 2000 ).

Piaget (1997, p.17) explica que os estágios do desenvolvimento moral compreendem a anomia, a heteronomia e a autonomia, Sua teoria apresenta uma relação de dependência entre o desenvolvimento moral e a capacidade cognitiva, e associa o desenvolvimento moral à flexibilidade das crianças em realizar operações de descentração e coordenações cognitivas entre seu ponto de vista e o de outras pessoas.

Apesar das diferenças que existem entre as ideias de Piaget (1997) e as de outros psicólogos da mesma corrente teórica em relação ao desenvolvimento moral, quando tomadas em seus pressupostos mais amplos, estas perspectivas consideram o processo de desenvolvimento como etapas ou processos de mudança que se orientam a um padrão determinado como ideal a ser alcançado, revelando um caráter teleológico que defini estruturalmente aonde o indivíduo deverá chegar. Piaget (1977 apud MARTINS; BRANCO, 2001 p.170).

Essa ótica de análise sobre a maneira como as pessoas desenvolvem sua moralidade e sobre os problemas da violência e da indisciplina enfrentadas pelo professor gestor na escola atualmente, trazem implicitamente, uma visão ideológica determinista e dominante em relação aos comportamentos socialmente esperados e aceitos, desconsiderando a individualidade das pessoas e a diversidade cultural dos grupos com os quais convivemos.

Para ampliar um pouco mais a compreensão nessa perspectiva, encontramos em Vygotsky (2000, p. 28) um entendimento ampliado sobre o desenvolvimento humano como um todo, que envolve também o aspecto moral.

Martins e Branco afirmam que:

o referencial sociocultural construtivista permite analisar o desenvolvimento moral na complexidade com que este tema se apresenta, ou seja, como fenômeno que envolve a inter-relação de aspectos culturais, cognitivos, afetivos e sociais da subjetividade humana (MARTINS; BRANCO, 2001, p.173).

Analisando a situações de indisciplina e violência vivenciadas pelo professor gestor na escola, é necessário considerar a inserção das pessoas na cultura e em seus processos de construção de significados pessoais no meio em que vivem. Não é possível fazer uma leitura descontextualizada, fragmentada superficial imediatista e socialmente padronizada, pois cada pessoa é diferente em virtude de sua história de vida.

Nesse sentido Vygotsky (2000, p. 27) não apresenta estágios de desenvolvimento moral, mas defende alguns princípios que orientam a compreensão das atitudes e dos comportamentos socialmente aceitos pelas pessoas nos diferentes contextos culturais. Uma primeira reflexão a apresentar é que não há um padrão de análise a ser seguido nesse processo de compreensão, pois o ponto de partida deve ser o conhecimento dos valores e das regras de convivência de cada grupo sociocultural. Além disso, essas regras e esses valores não podem ser vistos de forma estática, pois as pessoas reconstroem seus significados morais a partir das experiências cotidianas. Esses dois focos indicam a presença de tipos diferentes de cultura: a pessoal e a coletiva. Nesse processo,

As relações entre “cultura coletiva” e “cultura pessoal” se definem como aquelas presentes na articulação de componentes de um todo, que mantêm entre si uma dinâmica interativa de “separação inclusiva. ”O indivíduo, ao construir a sua “cultura pessoal”, se encontra em um permanente processo de internalização ativa de valores, crenças, hábitos e informações. Estes vão sendo em maior ou menor grau por ele externalizados, também de forma ativa,em diferentes contextos, isto é, sua “cultura pessoal” vai se transformando à medida que o sujeito se expõe por meio de suas ações e verbalizações em tais contextos. Ao agir dessa forma, vai introduzindo na “cultura coletiva” novos elementos. A emergência do novo,bem como o grau ou intensidade do caráter transformacional potencialmente presente nos processos de internalização/externalização, está, de certa forma, subordinado a aspectos históricos, institucionais, temporais, contextuais e subjetivos que sistematicamente atuam como mediadores da transformação cultural (VALSINER;CAIRNS apud MARTINS; BRANCO, 2001, p.172).

A compreensão de situações de indisciplina e violência na escola, sob a ótica da diversidade cultural pessoal e coletiva, indica-nos um caminho ideologicamente diferenciado. Percebe-se explicitamente a valorização das diferenças, da história de vida de cada pessoa, da análise do contexto

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social,econômico, político, cultural, ético e estético. Isso amplia as possibilidades de atuação para um trabalho diferenciado que supere a massificação de regras impostas e de tratamentos padronizados para todas as situações imprevistas do cotidiano.

Sendo a gestão um compromisso exigindo diretividade para se executar o planejado e alcançar as metas estabelecidas e como é na sala de aula que o professor dá continuidade aos anelos da comunidade escolar, realizando um trabalho que requer autonomia e capacidade de decisão, ele necessita ter conhecimentos sobre gestão escolar (FERREIRA, 2007, p. 14 ).

Atuando como gestor da sala de aula, ele deve desenvolver sua capacidade de liderança, e isto, implica ter conhecimentos a respeito de relações interpessoais. O professor gestor é um líder capaz de “ajudar os alunos a reestruturar seus modelos mentais e visões da realidade das pessoas” (URIBE, 2008, p. 17). Sendo líder, preocupa-se com as condições indispensáveis para o desenvolvimento do ensino e a realização da aprendizagem. Hunter (2004, p. 25) define liderança como “a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente, visando atingir os objetivos identificados como sendo para o bem comum”. Afirma também que esta é uma habilidade que pode ser aprendida e desenvolvida.

De acordo com Maia (2008, p 02), “o líder de visão é aquele capaz de se antecipar aos fatos, de ter ideias originais, oportunas, e até mesmo grandiosas, e que sabe reconhecer e estimular o potencial criativo de sua equipe, orientando-a na busca da solução para diferentes problemas”. Assim sendo o educador gestor no contexto atual deverá manter um relacionamento próximo interagindo e incentivando os alunos. É necessário que seja consciente, e que dê exemplo na realização de qualquer atividade na escola. A gestão democrática não se concretiza sem liderança, o gestor deve ser verdadeiramente um líder.

1.5. A Função do Técnico-AdministrativoA função administrativa está relacionada diretamente a todo o trabalho desenvolvido na escola,

propiciando um bom andamento e a melhoria das tarefas burocráticas imprescindíveis para a organização da instituição.

Destacamos a seguir, algumas competências referentes à função técnico-administrativa do gestor escolar na sua atuação como componente da administração escolar.

a) Conservação e preservação do patrimônio da escolaUma das ações do gestor escolar, levando em consideração a competência técnico-

administrativa, refere-se ao cuidado de conservação e preservação do patrimônio da escola. Fazem parte desse patrimônio os bens materiais e os imateriais pois ambos expressam o sentido social da escola.

b) Legislação escolarOutra competência do gestor diz respeito a legislação escolar, cujas especificações devem

esta registrado no Projeto Político Pedagógico e no Regimento Escolar da instituição. O gestor escolar necessita ter conhecimento dos instrumentos legais para poder usá-los com competências. O desconhecimento leva a alguns abusos no que se refere aos direitos dos segmentos da comunidade escolar que estão assegurados na Lei maior.

c) Normas escolaresA construção de normas escolares de convivência social é um processo que deve ser discutido

por toda comunidade escolar. As normas, quando colocadas de forma autoritária, baseadas no regimento da escola, sem reflexão e discussão, quase sempre não modificam a realidade. Por isso é de grande importância buscar a participação da comunidade escolar desde o inicio da discussões, considerando que o compromisso é maior quando a decisão é coletiva.

d) Recursos financeirosOutra competência de suma importância do gestor escolar, cada vez mais destacada no

processo de descentralização, é a gestão dos recursos financeiros, que deve acontecer de forma democrática, conforme os princípios e finalidades propostos no projeto político-Pedagógico, visando à aprendizagem dos alunos da unidade.

Gerir os recursos financeiros requer competência na organização, no conhecimento da mesma e no registro do orçamento das despesas realizadas pala escola.

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2. A ORGANIZAÇÃO DA GESTÃO ESCOLAR2.1. Função Sociopolítica

A gestão escolar numa perspectiva compartilhada, deve promover o comprometimento e a participação das pessoas envolvidas no processo educacional da escola (pais, alunos, profissionais da educação e segmentos da comunidade) na tomada de decisões.

De acordo com Paro (2008), não há formulas ou receitas para assegurar que a função sociopolítica se efetive. Porem, como todo processo, é um caminho que é feito ao caminhar, nada impedindo o administrador escolar de analisar e prever os obstáculos e potencialidades que a realidade apresenta para desempenhar esta função.

O desempenho da função sociopolítica do gestor escolar exige competência em dois aspectos: a intermediação da unidade escolar com as instancias superiores do sistema escolar e a intermediação das relações entre professores, funcionários, pais, alunos e comunidade.

A ação planejada em conjunto possibilita ao gestor escolar orientar o trabalho coletivo para poder desempenhar o que compete atuar como mediador entre o sistema de ensino e a unidade escolar, sistematizando ideias e sugestões para que as ações planejadas no coletivo, relacionadas ao Projeto Político Pedagógico da escola e integrantes da proposta do sistema de ensino da entidade mantenedora, no qual a unidade escolar está inserida, se concretizem.

A participação dos profissionais da educação, dos pais, dos alunos e da comunidade nas atividades da escola. Esta é uma das competências do gestor escolar: criar formas de participação nas decisões educacionais da escola e na promoção de ações que contribuam com a comunidade na qual a escola está inserida. Para tento, algumas ações estratégicas são fundamentais. Dentre elas, destacamos as seguintes:

Ouvir e considerar as opiniões dos participantes; Estar atento às solicitações da comunidade escolar; Delegar responsabilidades às pessoas; Valorizar a participação das pessoas.

Em face às ações estratégicas apresentadas, vale ressaltar a importância de refletir que toda a escola necessita de uma estrutura de organização interna. Sendo assim, cabe ao gestor escolar garantir que a gestão aconteça de forma participativa e compartilhada na sua organização.

2.2. Função PedagógicaA gestão coletiva acontece num ambiente democrático, em que parcerias são formadas num

clima de colaboração, corresponsabilidade e solidariedade no espaço de formação humana que é a escola. A colaboração, a responsabilidade, o respeito e a solidariedade são conceitos essenciais para que o patrimônio imaterial da comunidade escolar seja preservado. A participação efetiva dos alunos, dos pais e da comunidade nas decisões da escola, por meio da sua gestão, legitima a a administração escolar considerando a dimensão sociopolítica.

A competência pedagógica do gestor escolar, já como foi dito, é a essência de toda a ação desenvolvida na escola e garante a articulação com conhecimento relacionado ao saber escolar.

Cabe ao gestor escolar buscar a participação dos diversos segmentos que compõe a escola (profissionais da educação, alunos, pais e comunidade), desde o planejamento, na organização e execução do projeto político pedagógico, pois ele é um instrumento de organização do coletivo e de como é o funcionamento da escola. É a sua identidade o elemento norteador de todas as atividades que serão desenvolvidas.

O Projeto Político-Pedagógico, como instrumento de organização da escola, deve ser fruto de pesquisa sobre a realidade escolar e uma reflexão acerca das diferentes concepções de sociedade, educação e escola existentes entre os participantes (VEIGA,2001). Alem disso, o Projeto Político Pedagógico é o resultado das discussões para definir as ações e os caminhos a serem construídos com o envolvimento e a responsabilidade de todos que fazem parte de unidade escolar.

Quando a escola consegue, no coletivo, construir e realizar seu projeto Político Pedagógico exercita a democracia e a autonomia política e pedagógica, propiciando uma educação de qualidade.

O gestor escolar, em sua função pedagógica, também participa do planejamento e da organização do projeto curricular. È uma das suas competências acompanhar e monitorar todos os projetos e ações que constituem atividades de aprendizagem da escola.

É mais uma das competências do gestor escolar observar e analisar o desempenho dos docentes e funcionários nas suas funções didático-pedagógicas e identificar as necessidades para propor um plano de formação inserido na própria rotina da escola.

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2.3. A Atuação do Gestor Escolar: Dimensões Política e PedagógicaDiscutiremos, neste texto, o trabalho do gestor ou diretor na escola, apontando as diversas

dimensões que o constituem e, sobretudo, enfatizando o caráter pedagógico da gestão escolar. Com isso, queremos dizer que o diretor é primeiro um educador e que a gestão da escola é um espaço privilegiado de aprendizagem democrática.

Para bem discutir a perspectiva aqui adotada, ou seja, a da gestão democrática da escola, iniciaremos nossos estudos retomando e aprofundando alguns conceitos que também estão sendo trabalhados na Sala Ambiente de Política e Gestão da Educação, mais especificamente nos textos que tratam do Papel político-pedagógico do Diretor e Concepções teórico-metodológicas sobre administração educacional: teorias e tendências atuais.

Deste último texto, retomaremos as tendências atuais, oriundas do mundo empresarial, que é a transposição dos chamados métodos da “gestão flexível” para a gestão da escola.

Você deve estar se perguntando: qual a importância dessa discussão? Se escola não é empresa e, assim sendo, não há porque tomar as empresas como exemplos de modelos de gestão!! Ocorre, todavia, que a educação e, mais especificamente, o campo da gestão educacional vem sendo, cada vez mais, “colonizado” por conceitos e teorias, originados em diferentes campos de conhecimento (como administração, engenharia, psicologia, para citar alguns), produzindo uma “miscelânea” de termos que, ao fim e ao cabo, parecem torná-los todos iguais. As posições políticas que os ancoram, muitas vezes contraditórias ou diferentes, tendem a ser apresentadas como equivalentes. Assim, vemos, por exemplo, termos como “gestão participativa”, “participação da comunidade”, “gestão democrática”, entre outros, serem utilizados tanto nas empresas como nas escolas, porém, com sentidos muito diferentes daqueles que adotamos quando falamos em “gestão democrática da escola”, numa perspectiva crítica, emancipatória, posição que é balizada na compreensão da educação como direito e, assim sendo, por se tratar de coisa pública, sua gestão também deve ser pública.

2.3.1. O “Gerencialismo” na Educação: Do que Estamos Falando?Desde a década de 1990, a gestão da escola, e em especial o trabalho do gestor escolar, vem

sendo objeto de debates entre diferentes setores sociais (pesquisadores, governo, organismos internacionais). Esses debates, embora não partilhem da mesma perspectiva teórica e política, convergem, contudo, na importância atribuída à gestão da escola como instrumento para a promoção da qualidade na educação.

Relembramos que as análises sobre a crise educacional tendem a enfatizar a gestão da escola, os professores e as culturas locais dos alunos como responsáveis pelos fracassos educacionais: de acordo com o discurso liberal, a escola carece de eficácia para responder às novas necessidades do mercado de trabalho e do mundo das empresas, motivo pelo qual precisa ser inovada. Nessa análise, a escola pública, considerada ineficaz no que tange às necessidades do mercado, é comparada com as empresas estas são apresentadas como símbolos de eficiência, de inovação, capazes de responder a um mundo em permanente mutação. Esse é o discurso que ouvimos diariamente sobre a escola.

Não há dúvida também, entre os professores, estudiosos e pesquisadores da educação, que a escola precisa mudar. Contudo, vale ressaltar, se há convergências entre diferentes grupos sociais com relação à necessidade de mudanças na escola, há, todavia, muita divergência com relação à direção a ser dada a essa mudança.

Os novos discursos com relação à escola e sua gestão também precisam ser compreendidos como condicionados pelas transformações do capitalismo, em nível mundial, e pelos processos de reestruturação dos estados nacionais. Com relação a esse último aspecto, relembramos que o Brasil nos anos de 1990, na implementação do chamado “ajuste fiscal”, levou a cortes drásticos no orçamento destinado à esfera social, incluído aqui aquele destinado à educação. Como não lembrar os intensos debates dessa época sobre o FMI, pagamento da dívida externa, corte de gastos na saúde, na educação? Então, nessa lógica de poucos recursos para a educação, os discursos de cunho liberal passam a enfatizar a centralidade da gestão das escolas, como meio para se obter mais eficácia em seus resultados: “fazer mais com menos”, otimizando recursos, parece que se tornaria o lema que marcaria o potencial das escolas para responder à crise, criando assim seus “diferenciais”.

O ideal de formação da escola passou a ser o “trabalhador flexível”, o “cidadão proativo”, a “formação por competências”, a “gestão da informação”; já o sistema educacional idealizado seria aquele que estabelecesse o ranking das escolas, dando visibilidade aos seus desempenhos, motivando os pais a escolherem aquelas mais bem posicionadas. Na ótica dos teóricos liberais da educação, esses mecanismos estabeleceriam a competitividade nos sistemas de ensino, levando as escolas a se tornarem mais eficazes. A partir dessa perspectiva, muitos são aqueles que desejam a implementação, no campo da educação, dos princípios do mercado e no campo da gestão educacional, dos princípios e métodos de gestão flexível, adotado pelas empresas consideradas competitivas.

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Segundo Casassus (2001), é em fins de 1980 que se passa, na América Latina, de uma concepção de administração para gestão. O conceito de gestão é considerado mais abrangente e sistêmico do que o conceito de administração, mostrando-se mais adequado para referir-se ao gerenciamento de sistemas descentralizados: “o princípio que orientou esse processo foi que a gestão se tornaria mais flexível se a unidade de gestão [estivesse] constituída por unidades menores do que o sistema mais amplo” (p.61).

Não podemos esquecer que esses discursos de elogio às “virtudes do mercado” procuram difundir a crença de que a eficiência da gestão reside em seu caráter técnico. Tal posicionamento contraria os princípios que orientam a perspectiva da gestão democrática da escola, posto que esta pressupõe que todo trabalho técnico tem uma dimensão política e pedagógica, não sendo, portanto, neutro.

Relembramos ainda que as reformas educacionais implementadas desde a década de 1990 em vários países do mundo pretenderam “modernizar” os sistemas educacionais: o objetivo visado era torná-los mais “flexíveis” e, assim, mais eficazes. Em especial, as escolas públicas foram consideradas burocráticas, rígidas, ineficientes, em contraste com as organizações do setor privado, consideradas mais produtivas. O discurso da modernização das escolas não colocava em questão apenas sua eficácia; questionava de fato os princípios e as finalidades da educação, em especial o seu caráter público e democrático. Como nos alerta Laval (2004), falar de modernização na educação é mais do que introduzir novas tecnologias:

O termo “modernização” não é tão neutro quanto os partidários da reforma queriam fazer acreditar. Lembremos primeiro para registro que, no vocabulário das ciências sociais conquistadoras dos anos 1960, “modernizar” significava converter as sociedades ou setores da sociedade ainda tradicionais à modernidade, rompendo os costumes, eliminando maneiras de ser e de fazer que repugnavam a primazia da eficácia e da racionalidade. Mas, o verbo “modernizar” significa, igualmente, em um sentido mais restrito, procurar um aumento de eficácia nas organizações e nas instituições para colocá-los no nível de produtividade – supondo que o termo tenha um sentido universal – das empresas privadas mais performantes”. (LAVAL, 2004, p. 190)

O pensamento liberal foi intensamente questionado por educadores críticos no Brasil e na América Latina: enfatizamos a função social da escola pública, reafirmando seu caráter democrático e a necessidade de essa se balizar pelas finalidades intrínsecas ao ato educativo – a formação de sujeitos humanos, desenvolvendo todas as suas potencialidades, ao mesmo tempo em que possibilita a apropriação do saber social e historicamente construído. Contudo, como o campo da política educacional não é homogêneo, mas é um campo de litígios no qual se confrontam diferentes posições, as posições críticas podem ser incorporadas de modo parcial ou mesmo ignoradas pela política educacional, dependendo esses movimentos das condições históricas de cada país.

Exemplificamos o que estamos dizendo com os movimentos de reformas educacionais. De acordo com Casassus (2002), a primeira geração de reformas na região da América Latina e do Caribe ocorreu nos anos de 1960 com a expansão quantitativa dos sistemas nacionais de educação. A segunda geração, já nos anos de 1990, teve como foco questões como a gestão e a qualidade da educação.

Tornar as escolas eficazes passa a ser, então, a principal meta das reformas, o que, por sua vez, implicaria adotar também uma outra visão de gestão escolar, que sinalizasse para a emergência de uma nova cultura na escola, ancorada em três eixos: a descentralização, a autonomia e a liderança escolar (FONSECA, 2004 et al., p. 53).

Nesse contexto, um novo “modelo” de gestão passou a ser recomendado, em especial pelos organismos internacionais, sustentando-se a ideia de que melhores indicadores de qualidade poderiam ser obtidos se a gestão das escolas fosse mais eficiente. Para isso, seria necessário, dentre outros aspectos, combinar avaliação externa e responsabilização pelos resultados, tanto pedagógicos como administrativo-financeiros. Observamos, desde então, que o discurso da gestão por resultados passou a ser “moeda corrente” no campo da gestão educacional.

A transposição de modelos de administração construídos nas empresas para a escola não é novidade. De acordo com Dourado (2003), encontramos no campo educacional distintas teorias de gestão/administração, quer se considere a escola e a empresa como diferentes ou assemelhadas. Como pressuposto comum a essas diferentes teorias, poderíamos assinalar duas ideias:

a) administração, com seus métodos e técnicas, pode ser aplicada a qualquer campo, quer seja esse escola ou empresa, pois os processos administrativos em ambas têm a mesma natureza e

b) os problemas encontrados nas escolas são decorrentes, sobretudo, de sua má administração.

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Essa última ideia que relaciona “problemas da escola” com sua “má administração” ganha fôlego nas últimas décadas, com os defensores da aplicação dos métodos e das técnicas da chamada gestão flexível no âmbito da escola. Esse movimento no interior da educação vem sendo designado por alguns estudiosos como gerencialismo.

Na concepção do gerencialismo a meta da gestão educacional é aumentar a eficiência e eficácia das escolas, fatores que se expressariam em indicadores de desempenho ou em resultados. Para a elevação desses indicadores o principal aspecto assinalado é a mudança na cultura da escola (tratada aqui como uma organização social e não como uma instituição social): difunde-se a ideia da escola como “organização que aprende”, sendo central que a atividade gestora se paute na inovação, na criatividade e na proatividade de todos os seus segmentos. Nessa perspectiva pouco se valoriza o processo e pouco se questiona “o que é um bom resultado”.

O diretor da escola é tratado como um “gerente”, em cuja liderança repousa a maior ou menor capacidade de agregar valores, criar sinergias no grupo de trabalho, harmonizar, estabelecer parcerias com a comunidade do entorno escolar, com vistas à obtenção de metas previamente definidas. Gerenciar, nesse caso, é potencializar recursos, é fazer da crise oportunidade, tal como se difunde nos discursos dos “gurus” da gestão moderna.

Opondo-se ao discurso da “administração”, o discurso da gestão flexível prega a passagem de uma concepção de “administradores” para “gerentes”. Segundo Clarke e Newman (apud SHIROMA e CAMPOS, 2006), os gerentes são ativos na tomada de decisão, enquanto os administradores implementam ou interpretam decisões tomadas por outrem.

A perspectiva gerencialista de gestão escolar compromete os diretores de escola com outros valores que não aqueles oriundos da perspectiva democrática. Diferentemente desta última, cabe aos diretores a principal responsabilidade pelos rumos da escola. Ainda que se fale de participação6 ou de gestão participativa o objetivo é a adesão do coletivo da escola aos planos e objetivos traçados ou apresentados nos planos de desenvolvimento estratégico. Todos esses instrumentos podem funcionar para, a exemplo do que ocorre nas gestões participativas nas empresas, mobilizar os diferentes segmentos da comunidade escolar para a resolução de problemas, para a colaboração na execução do planejamento, nas tarefas em prol de objetivos, metas etc. Nesse caso, podemos falar de uma participação ou colaboração que não implica a presença de partilhamento de poder por meio dos espaços constituídos e legitimados por todos, como conselhos escolares, grêmios estudantis.

O discurso gerencial institui uma nova linguagem para promover a mudança na cultura da escola. Embasado na ideologia técnico-bucrocrática, incorpora o léxico da reengenharia, o discurso participativo da transformação, do empreendedorismo, do cidadão pró-ativo. Fala da mudança orientada pelo planejamento estratégico, pela missão e pelas metas. Busca transformar o “servidor burocrático” num líder dinâmico, tenta provocar transformações na subjetividade dos educadores. Evoca imagens futuristas, tenta criar um gestor motivador, um visionário. O gerencialismo tende a modificar a natureza da linguagem que os profissionais utilizam para discutir a mudança. Esse discurso influencia não só a linguagem, mas, fundamentalmente, a prática. Afeta a forma de ser professor e diretor de escola (SHIROMA e CAMPOS, 2006).

Devemos estar atentos para as questões do gerencialismo, na medida em que sua difusão ocorre de forma significativa em espaços educacionais, em publicações dirigidas a educadores, em cursos para gestores escolares, em orientações produzidas pelos sistemas de ensino. Muitas vezes, fica difícil diferenciar as proposições de cunho democrático daquelas que orientam essa perspectiva gerencial, pois os termos e conceitos utilizados por esta última, muitas vezes, são também aqueles usados pelo campo crítico dos estudos sobre educação e gestão escolar. Porém, esses termos são re-significados, ou seja, ainda que em sua aparência pareçam “ser a mesma coisa”, de fato, passam a difundir outros significados e sentidos, bastante distintos daqueles que lhes deram origem. Por exemplo, termos como gestão participativa, participação, autonomia, projeto de escola, para citar alguns, tendem a ser apresentados como similares aos preceitos que baseiam a gestão democrática na escola. A gestão por resultados, ou gestão eficaz, ainda que conte com a participação da comunidade escolar na sua realização, tende a se sustentar na liderança do diretor e não na constituição de mecanismos institucionalizados de poder partilhado.

Na perspectiva gerencial, as práticas de gestão tendem a se conformar, cada vez mais, a uma perspectiva técnica de atuação, subestimando-se, por esse ato, a dimensão política implicada no trabalho de gestão escolar. Promove-se, nessa ótica, uma dissociação entre as finalidades e os objetivos da educação e os meios usados para alcançá-los: acredita-se que a utilização de ferramentas eficazes de gestão é condição necessária e suficiente para que se alcance a qualidade na educação. Supõe-se, nesse caso, que as técnicas são neutras, e seu potencial está relacionado ao modo como são usadas.

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Veremos, na seção a seguir, que essa dissociação entre fins e meios é uma falácia e seus resultados no campo da educação culminaram na perspectiva tecnicista que orientou a divisão de tarefas no interior da escola.

2.3.2. Da Perspectiva Gerencial à Perspectiva Política e Pedagógica do Trabalho do Diretor EscolarTomando como referência o que discutimos anteriormente, podemos indagar: qual é a

natureza da gestão escolar e do trabalho do diretor? Comecemos por discutir a natureza da gestão escolar. De acordo com Paro (2002), a especificidade da gestão escolar deriva de um duplo processo:

a) dos objetivos que se pretende alcançar com a escolab) da natureza do processo que envolve essa buscaAmbos são indissociáveis e assim, se a escola projeta e pretende a construção de sujeitos

críticos, os métodos que utiliza para concretizar esse objetivo devem estar estreitamente vinculados a eles. Compreende-se, então, que a transposição dos métodos de gerenciamento das empresas é contrária à implementação da democracia na escola. Com isso queremos dizer que não é possível fazer um discurso laudatório de a gestão democrática na escola adotar procedimentos, instrumentos ou “ferramentas” técnicas da gestão empresarial.

Não é possível separar as dimensões política e técnico-administrativa do trabalho do gestor escolar. Se considerarmos que a educação escolar é uma prática social de caráter político, considerando ser essa a tarefa que lhe dá origem, constituindo-se, também, em sua principal atividade, é possível afirmarmos que a dimensão política tem precedência sobre a dimensão técnica, quer no trabalho escolar, quer no trabalho do gestor escolar. Por isso é que, quando elaboramos o Projeto Político-Pedagógico da escola, iniciamos com a discussão e definição das finalidades da educação e da escola, ponto de partida para que se decidam e se elaborem os meios pelos quais serão alcançados os objetivos preconizados pelo coletivo escolar.

A atividade de gestão é considerada, nessa perspectiva, como uma atividade de mediação.Sendo assim, não se esgota em si mesma, não é um fim em si. Pelo contrário, é intrínseca ao

seu caráter mediador a possibilidade de múltiplas articulações com objetivos que rompam com práticas burocratizadas e conservadoras em termos de educação. Assim, na prática da gestão escolar encontramos tanto possibilidades de transformação e mudança quanto práticas que fortalecem o paternalismo ou as atitudes antidemocráticas.

Desse caráter mediador da gestão escolar, Paro (2002a) destaca duas consequências: a) possibilita identificar como não administrativas todas as atividades que perdem de vista a

finalidade a que se destinam, tornando-se um fim em si mesmas (é isso que dá origem às práticas burocratizadas, à “papelada”, às práticas consideradas como inúteis na escola) e

b) não sendo um fim em si mesma, a gestão da escola pode articular-se com uma diversidade de objetivos, incluindo aqueles que rompem com as práticas dominadoras e antidemocráticas vigentes. Por isso o autor destaca:

É importante antes de mais nada levar em conta os objetivos que se pretende com a educação. Então, na escola básica, esse caráter mediador da administração deve dar-se de forma a que todas as atividades-meio (direção, serviços de secretaria, assistência ao escolar e atividades complementares [...]), quanto a própria atividade fim, representada pela relação ensino-aprendizagem que se dá predominantemente (mas não só) em sala de aula, estejam permanentemente impregnadas dos fins da educação (PARO, 2002, p. 303).

É no caráter educativo da gestão escolar democrática que encontramos as possibilidades de mudança. Ao se constituir como um espaço coletivo de partilhamento de poder, torna-se um espaço pedagógico rico em possibilidades de aprendizagem para o exercício da cidadania. A realização do caráter pedagógico da gestão escolar supõe ainda, como condição para sua efetivação, não apenas a partilha de poder com o coletivo da escola, mas também a co-responsabilização pela gestão da escola. Embora indissociáveis, a primeira é condição para que a segunda possa emergir, ou seja, a participação efetiva, plena, coletiva e democrática é condição para que a co-responsabilização possa ocorrer não como imposição, mas como engajamento e cooperação solidária.

É nesse sentido que a co-responsabilidade coletivamente construída pode se contrapor à idéia de accountability ou responsabilização individualizada pelos resultados da aprendizagem dos estudantes e do desempenho da escola, conforme ocorre na perspectiva gerencial. Na perspectiva gerencial, os resultados inscrevem-se na ótica da “prestação de serviços para clientes”, e publicizar resultados é disputar posições em rankings nacionais ou internacionais de desempenho.

Considerando, então, que a gestão escolar é uma atividade mediadora, orientada por um caráter pedagógico que lhe é intrínseco, como podemos definir o trabalho do gestor escolar na perspectiva democrática?

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De acordo com o que vimos anteriormente, podemos dizer que o trabalho do gestor inscreve-se na dialética individual/coletivo, já que seu principal papel é ser um mediador entre o projeto coletivo de escola e os sujeitos sociais que se constituem em seus principais destinatários.

Ao ancorar seu trabalho no coletivo da escola, o diretor pode prescindir de decisões centralizadas, muitas vezes desprovidas de sentido e de interesse para a comunidade escolar. Criar, fomentar, facilitar condições para a participação da comunidade escolar depende, em grande medida, do compromisso assumido pelo diretor com uma perspectiva democrática de educação. Trata-se assim de “des-privatizar a gestão da res publicae” (SPOSITO, 2005, p. 48).

Cabe assim aos diretores procurar mecanismos que possibilitem a superação dos obstáculos, muitos deles decorrentes da própria estrutura e organização dos sistemas de ensino e das unidades escolares. É preciso ainda articular e garantir a participação e não apenas a integração da comunidade escolar em instâncias colegiadas de decisão.

Conforme ressalta Dourado (2005):

[...] é fundamental garantir, no processo de democratização, a construção coletiva do projeto pedagógico, a consolidação dos conselhos escolares e grêmios estudantis, entre outros mecanismos. Nessa direção, é fundamental a compreensão de que a construção de uma gestão escolar democrática é sempre processual e, portanto, em se tratando de uma luta política de construção, é eminentemente pedagógica.

O diretor, na perspectiva democrática, não é o líder que conduz seus liderados numa relação sempre de concessão e de subordinação; mas, ao contrário, promove suas ações, exercita sua função na direção da construção de instâncias democráticas de deliberação (como conselhos escolares, grêmios estudantis e outras), garantindo assim que o exercício do partilhamento do poder não dependa da “sua pessoa”, mas da organização e mobilização da comunidade escolar.

Assumindo esse papel de articulador da democracia da/na escola, o diretor escolar contribui para a construção e efetivação de uma escola pública de fato democrática.

Relembramos que a gestão colegiada democrática realiza-se efetivamente quando se torna um compromisso de toda a comunidade escolar. Conforme nos lembra Sposito (2005):

A gestão democrática deve ser um instrumento de transformação das práticas escolares, não a sua reiteração. Este é o seu maior desafio, pois envolverá, necessariamente, a formulação de um novo projeto pedagógico. A abertura dos portões e muros escolares deve estar acompanhada da nova proposta pedagógica que a exija. Se as escolas não estiverem predispostas a essa mudança, a gestão e a melhoria da qualidade serão expressões esvaziadas de qualquer conteúdo substantivo. (p. 55)

3. GESTÃO DEMOCRÁTICAMuitos estudiosos da Gestão escolar defendem que a necessidade de se praticar a gestão

compartilhada surgiu devido às grandes mudanças que a sociedade vem passando nos últimos anos. Mudanças entre as quais se pode citar a globalização, os avanços tecnológicos, a rapidez e a quantidade de informação que tem sido gerada, enfim o momento histórico atual e todas as transformações que vêm ocorrendo ao longo dos tempos e em diversos aspectos.

Em termos de Brasil, como já afirmado, a luta pela gestão democrática ganha força na década de 90 através de vários movimentos realizados principalmente pelos trabalhadores da educação, inseridos num movimento mais amplo em prol da redemocratização do país.

Dessa forma a gestão compartilhada tem previsão legal na Constituição Federal (C.F 05/10/1988), na LDB de 20/12/1996 e no Plano Nacional de Educação (PNE? Lei nº 10.172 de 09/01/2001).

A Gestão democrático-participativa da escola e dos sistemas é um dos princípios constitucionais do ensino público segundo o artigo 206 da Constituição Federal de 1988, como se evidencia a seguir.

Art. 206. O Ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I igualdade de condições para o acesso e permanência na escolaII liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e

privadas de ensino; V valorização dos profissionais do ensino, garantidos, na forma da lei, planos de carreira para o

magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;

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VI gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII garantia de padrão de qualidade. (BRASIL, 2005, p. 134)Esses princípios podem ser considerados como fundamentos constitucionais da autonomia da

escola e da gestão democrática Cury (2005, p. 9) pondera:A conquista do princípio constitucional da gestão democrática, em 1988, em estabelecimentos

oficiais dos sistemas de ensino representou e continua representando um passo admirável para a vida democrática de nossos estabelecimentos e para os próprios sistemas de ensino. Ela implica a participação cidadã dos interessados e a necessidade de prestação de contas por parte dos dirigentes e dos próprios docentes quanto aos objetivos da educação escolar.

Alguns estudiosos entendem que já no Art. 1º da Carta Magna Brasileira ter-se-ia o fundamento legal para a Gestão Democrática das escolas públicas, onde se tem ressaltado no Caput e no Parágrafo único, respectivamente:

A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito [...].

Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes ou diretamente, nos termos desta Constituição. ((BRASIL, 2005, p. 4)

Ferreira (2006, p. 305) afirma:

[...] a gestão democrática da educação é hoje, um valor já consagrado no Brasil e no mundo, embora ainda não totalmente compreendido e incorporado à prática social global e à prática educacional brasileira e mundial. É indubitável sua importância como um recurso de participação humana e de formação para a cidadania. É indubitável sua necessidade para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. É indubitável sua importância como fonte de humanização.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação em vigor foi construída após um longo caminho permeado por manobras políticas. A mesma consolidou-se para garantir a autonomia da escola, contudo, observa-se que as normalizações elencadas pela mesma rumo a um ensino mais includente e igualitário, ainda esbarram em momentos de limitações humanas, políticas e financeiras. Assim, a LDB apresenta em seu teor implícita e explicitamente, em diversos artigos, também a temática gestão democrática ratificando o que em parte já tivera previsão na C.F de 1988.

Os artigos 3º, 12, 13, 14 e 15 da LDB destacam-se por salientarem as determinações que se seguem:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o

saber;III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;VII - valorização do profissional da educação escolar;VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legislação dos sistemas

de ensino;IX - garantia de padrão de qualidade;X - valorização da experiência extraescolar;XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (BRANDÃO, 2007,

p.21-22 grifos nossos).A partir destes princípios são fixadas as bases que orientam a organização e a estruturação do

sistema educacional brasileiro, pois estando estes expostos na Constituição Federal e posteriormente endossados na LDB 9.394/1996, expressam de modo significativo a nova forma de conceber a educação e suas modalidades de ensino e também de gestão.

Observa-se que o princípio contido no inciso VIII, do Artigo 3º da LDB, também está explicitado no VI do artigo 206 da C.F exposto anteriormente.

O Art. 12, composto por oito incisos trata das responsabilidades e funções das instituições de ensino, preconizando:Art. 12º Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:

I. - elaborar e executar sua proposta pedagógica;II ? administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;

[...]

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VI ? articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com escola; (BRANDÃO, 2007, p.51, grifos nossos).

Os incisos, acima destacados neste artigo, apontam para o exercício da autonomia pelas entidades públicas. É pertinente esclarecer, porém, que estando as escolas públicas inseridas num contexto maior? Os sistemas educacionais? Essa autonomia é uma autonomia relativa, e não absoluta.

Já o artigo 13 ressalta a participação dos docentes na elaboração da proposta pedagógica da escola, também denominada de Projeto Político Pedagógico.

Art. 13 - Os docentes incumbir-se-ão de:I ? participar da elaboração da Proposta Pedagógica do estabelecimento de ensino; III ? zelar pela aprendizagem do aluno; VI ? colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade

(BRANDÃO, 2007, p.54)A democracia é fruto do trabalho coletivo que se efetua na escola, por meio de seus múltiplos

espaços participativos. Dessa forma a participação dos profissionais da educação deve ser assegurada e incentivada na elaboração e efetivação do projeto pedagógico da escola, assim como de outros representantes da comunidade escolar e local, pais, alunos e dos órgãos de decisão colegiada. O artigo 14, transcrito abaixo, reflete essa premissa:

14? Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:

I ? participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II ? participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes

(BRANDÃO, 2007, p.56).Faz-se necessário ainda abordar o artigo 15, que trata da garantia pelos sistemas de ensino de

autonomia ás instituições públicas de ensino.Art. 15 ? Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação

básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (BRANDÃO, 2007, p.57).

Todo sistema de ensino tem autonomia para construção de regras próprias de gestão democrática e estabelece que os recursos da escola devam ser geridos de forma transparente, em respeito ao princípio da Publicidade previsto no artigo 37 da C.F.

Segundo Libâneo, (2001, p.80), uma gestão participativa deve ser baseada nos seguintes princípios:

1º - A equipe deve ter uma meta, propósito, causa ou objetivo que seja identificado, aceito, compreendido e desejado por todos os membros da equipe;

2º- A equipe deve ter espírito, moral e desejo de triunfar ainda que seja ao custo de consideráveis sacrifícios individuais;

3º- As linhas de autoridade e responsabilidade devem estar claramente definidas e compreendidas perfeitamente por todos;

4º- Devem ser estabelecidos os canais de comunicação;5º- O líder deve descobrir e utilizar ao máximo as capacidades criadoras de cada uma das

pessoas e uni-las numa equipe homogênea.Os princípios elencados por Libâneo expressam com muita clareza a necessidade da

organização escolar ter objetivos comuns e compartilhados, buscar o envolvimento da equipe de profissionais com estes objetivos, contar com uma estrutura organizacional em que as responsabilidades estejam muito bem definidas

Além disso, é necessário dispor de varias formas de comunicação entre organização e as pessoas e ter uma liderança que consiga motivar e mobilizar as pessoas para uma atuação conjunta em torno de objetivos comuns.

Porém, não bastam diretrizes e encaminhamentos legais, é preciso menos entraves políticos e que seja considerado e aprimorada a capacitação dos profissionais que atuam no meio educativo, bem como as melhorias no espaço e na estrutura que dá suporte à educação. Assim os princípios de qualidade e igualdade não serão meros ideais, mas tornarão uma prática constante que fortalecerá a participação e a gestão democrática da escola.

Na medida em que o funcionamento da organização escolar e a tomada de decisões acontecem de forma coletiva, através do envolvimento de toda a comunidade escolar, é possível obter maior clareza de resultados. Ou seja, a participação de todos os envolvidos no processo educativo, proporciona maior conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e das relações da escola com a comunidade. Para tal a gestão democrática não está ligada às ações de uma só pessoa, mas sim ao envolvimento de toda a comunidade pedagógica que interage e ensina.

Participar da gestão democrática da escola significa que todos se sentem e efetivamente são partícipes do sucesso ou do fracasso desta gestão, em todos os seus aspectos. Sendo assim o espaço

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escolar passa a ser utilizado como um recurso de educação para todos na expectativa do "aprender a viver juntos", respeitando-se os espaços públicos e particulares e agindo a favor da satisfação do grupo.

Se a verdadeira democracia caracteriza-se, dentre outras coisas, pela participação ativa dos cidadãos na vida pública, considerados não apenas como "titulares de direito", mas também como "criadores de novos direitos", é preciso que a educação se preocupe com dotar-lhes das capacidades culturais exigidas para exercerem essas atribuições, justificando-se, portanto, a necessidade de a escola pública cuidar, de forma planejada e não apenas difusa, de uma autêntica formação do democrata (PARO, 2000, p. 78).

3.1. Elementos Constitutivos do Sistema de Organização e Gestão DemocráticaHeloísa Luck aponta como mecanismos de construção da autonomia da gestão da escola "a

eleição de diretores, a formação dos órgãos colegiados e a descentralização de recursos financeiros." (BARROSO apud LUCK, 2006, p.65). Sabe-se que existem outros.

3.1.1. Eleição de DiretoresEssa temática tem motivado muitas pesquisas no âmbito da gestão democrática da educação.

A importância de tal abordagem é compreensível pela vinculação do processo eleitoral com a democracia e pelo espaço que esse mecanismo ocupa enquanto bandeira de luta dos movimentos sociais. Dourado (2006, p.83) afirma que:

As formas e/ou propostas mais usuais de gestão das escolas públicas do sistema educacional brasileiro nos anos 80 compreendiam:

1) diretor livremente indicado pelos poderes públicos (estado e município); 2) diretor de carreira; 3) diretor aprovado em concurso público; 4) diretor indicado por listas tríplices ou sêxtuplas; e 5) eleição direta para diretor.O provimento por indicação é incoerente com as práticas de gestão participativa uma vez que é

fruto da nomeação por autoridade do Estado resultante de pressões político-partidárias. O concurso público é outra forma de provimento em que são aplicadas provas e títulos para

escolha e nomeação dos primeiros colocados. No provimento por eleição direta o nome do escolhido para ocupar o cargo de diretor escolar é

consequência da vontade dos segmentos da comunidade escolar manifestada pelo voto. A eleição de diretores desponta como a mais democrática das formas de escolha de dirigentes escolares.

Em síntese, a razão determinante de optar pela eleição como mecanismo de seleção de diretores é a crença de que, por um lado, pode-se escolher alguém que se articula com os interesses da escola e, por outro, o próprio método de escolha condiciona, em certa medida, sem compromisso, não com o Estado, como fazem as opções de concurso e da nomeação, mas com os servidores e usuários da escola. (PARO apud LÜCK, 2006, pág. 89).

3.1.2. Órgãos ColegiadosA interação entre os diversos segmentos que compõem a escola e a criação de espaços e

mecanismos de participação são fundamentais para o desenvolvimento do aprendizado democrático que possibilite a formação de indivíduos críticos, criativos e participativos.

Os mecanismos de participação colegiada na instituição educativa correspondem às maneiras ou formas que os segmentos sociais envolvidos na comunidade escolar e local encontram de participar ativamente da escola e do seu funcionamento por meio do envolvimento coletivo nas discussões, no planejamento e na definição de projetos para a instituição escolar.

Essa participação, como já afirmado anteriormente, pode ocorrer de várias formas: projeto político pedagógico (PPP), planejamento participativo, atuação dos órgãos colegiados, regimento interno da escola, entre outras. No tocante aos órgãos colegiados destacam-se o conselho escolar, a associação de pais e mestres e as agremiações de alunos.

O conselho escolar é um órgão de representação da comunidade educativa, é um dos mecanismos que deve contar com a participação de representantes dos diferentes segmentos da comunidade escolar e local, podendo construir um espaço de discussão de caráter consultivo, deliberativo, fiscalizador e mobilizador.

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A configuração do conselho escolar varia quanto à quantidade de representantes, que depende também do tamanho da instituição e do numero de alunos.

A Tarefa mais importante do conselho escolar é acompanhar o desenvolvimento da prática educativa e, especialmente o processo ensino aprendizagem. Assim, a função do conselho escolar é fundamentalmente político-pedagógica.

É política, na medida em que estabelece as transformações desejáveis na prática educativa escolar. E é pedagógica, quando indica os mecanismos necessários para que essa transformação realmente aconteça.

A Associação de Pais e Mestres (APM) é outro mecanismo importante de participação na gestão democrática. A APM tem um caráter indispensável nas escolas, nesse sentido, faz se necessário que os gestores, professores, pais e os demais envolvidos com a escola, discutam e ampliem o debate relacionado à construção coletiva.

3.1.3. Projeto Político PedagógicoUma forma eficaz de participação no âmbito escolar é a construção e a efetivação do Projeto

Político Pedagógico, pois este tem por finalidade nortear as ações educativas. Assim, a elaboração do PPP deve ser constituída em uma estratégia de trabalho que conduza o processo educativo, caracterizando-se pela integração e organização de todos os agentes educacionais em prol de melhorias e/ou resoluções de problemas comuns a todos.

Nesta perspectiva a construção do Projeto Político Pedagógico jamais poderá ser constituída em uma ação momentânea, fragmentada ou esparsa, mas deve ser pensada como propósito coletivo, desejo de mudança, de aperfeiçoamento; uma proposta flexível e em contínua construção visando atender às mudanças recorrentes.

É preciso considerar que a participação implica processos de organização e gestão, procedimentos administrativos, modos adequados de atuação, acompanhamento, avaliação das atividades, bem como cobrança de responsabilidades.

A elaboração e efetivação do projeto-político-pedagógico da escola, torna-se estratégia indispensável e insubstituível para a gestão democrática, pois o mesmo deve direcionar, de maneira participativa e democrática, os caminhos que a escola irá trilhar. Vale a pena citar Ilma Passos Veiga quando afirma que no contexto escolar, o projeto não se constitui na simples produção de um documento, mas na consolidação de um processo de ação-reflexão-ação, que exige o esforço conjunto e a vontade política do coletivo escolar [...] o Projeto-Político-Pedagógico significa um projetar de ações apoiado na totalidade, identidade, autonomia e participação de toda instituição, ações estas sugeridas por todos os participantes escolares, de maneira que a responsabilidade da escola se torne coletiva, com a intenção de efetivar o papel da escola na formação do cidadão. (VEIGA, 2004, p.56).

Isto significa que o projeto institui, estabelece, cria objetivos, procedimentos, instrumentos, modos de agir, estruturas, hábitos, valores, ou seja, forma uma cultura organizacional. Portanto, o Projeto-Político-Pedagógico é um documento orientador da ação da escola, onde se registram os alvos a atingir, as opções estratégicas a seguir em função do diagnóstico realizado, dos valores definidos e das concepções teóricas escolhidas. Uma etapa em direção a uma finalidade que permanece como horizonte da escola (VASCONCELOS, 1995, p.98).

3.1.4. Planejamento ParticipativoSabe-se que o planejamento é essencial em todos os setores da vida e de forma particular no

processo educativo. Assim no espaço escolar todas as ações devem ser criteriosamente planejadas, pois quanto mais forem planejadas as ações, melhor será o resultado obtido. Planejar, porém, não se trata de ação aleatória, é processo que sugere conhecimento da realidade, imaginação e criatividade na busca de soluções e respostas; e, também, participação e interesse. Implica levantamento das prioridades, com seriedade, na busca de soluções para os problemas.

A participação é fundamental por garantir a gestão democrática da escola, pois é assim que todos os envolvidos no processo educacional da instituição estarão presentes, tanto nas decisões e construções de propostas (planos, programas, projetos, ações, eventos) como no processo de implementação, acompanhamento e avaliação. (LIBÂNEO, 2001, p.97).

Fonseca; Nascimento; Silva (apud DUARTE, 2006, p. 35) assinalam que:

[...] Valorizar a participação é considerar importante o próprio processo de planejamento e não apenas o produto final que é o plano com suas propostas. A eficácia torna-se, portanto, mensurável a partir de critérios mais amplos do que apenas custo e tempo. Aceitar o planejamento participativo como um valor a ser buscado deve fazer com que uma possível incapacidade inicial dos envolvidos para

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participar não seja impeditivo intransponível, justificador do abandono do esforço inicial rumo a participação. Antes, deve ser vista tal dificuldade como um desafio a ser superado. Nesta perspectiva, viabilizar a participação de todos passa a ser também uma tarefa educativa [...]

O processo participativo, longe de ser estanque é dinâmico e dotado de tensões que precisam ser vividas e administradas

Compreende-se, assim, que o planejamento participativo possibilita à equipe gestora fortalecer-se internamente através da valorização dos profissionais da escola e da conscientização dos membros envolvidos de que compartilhar as ações é tarefa importante para garantir o êxito do processo educativo. O planejamento participativo é um processo que combina participação com divisão de tarefas, implica organizar todas as instâncias para tomada de decisões.

4. GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA4.1. É Preciso Educar Para Não Excluir!

Organizar o trabalho pedagógico em escola pública não é uma tarefa fácil é algo abrangente, requer uma formação de boa qualidade além de exigir do gestor um trabalho coletivo que busque incessantemente a autonomia, liberdade, emancipação e a participação na construção do projeto político-pedagógico. Numa gestão democrática, o gestor precisará saber como trabalhar os conflitos e desencontros, deverá ter competência para buscar novas alternativas e que as mesmas atendas aos interesses da comunidade escolar, deverá compreender que a qualidade da escola dependerá da participação ativa de todos membros, respeitando individualidade de cada um e buscando nos conhecimentos individuais novas fontes de enriquecer o trabalho coletivo.

A educação é o objeto de estudo da escola, ela é um instrumento primordial que viabiliza a prática da gestão democrática, pois seu papel é dirimir a filosofia, o pensamento, o comportamento e as relações humanas que os alunos necessitam para viver numa sociedade, pois dessa forma estarão aptos a construir uma visão sólida e crítica da realidade educativa, buscando alternativas coletivas para os problemas no âmbito social e escolar.

A organização do trabalho pedagógico é uma estratégia educacional para democratizar o processo ensino-aprendizagem, então é de suma relevância para um gestor implementar novas forma de administrar em que a comunicação e o diálogo estejam inseridos na prática pedagógica do docente. Cabe ao gestor assumir a liderança deste processo com competência técnica e política.

Ao assumir esse papel o gestor deve, necessariamente buscar a articulação dos diferentes atores em torno de uma educação de qualidade, o que implica uma liderança democrática, capaz de interagir com todos os segmentos da comunidade escolar. A liderança do gestor requer uma formação pedagógica crítica e autônoma dos ideais neoliberais. Nesse sentido, o objetivo é construir uma verdadeira educação com sensibilidade e também com destrezas para que se possa obter o máximo de contribuição e participação dos membros da comunidade. Conforme Libâneo (2001, p. 102)

A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. Além disso, proporcionar um melhor conhecimento dos objetivos e metas, da estrutura organizacional e de sua dinâmica das relações da escola com a comunidade, e favorece uma aproximação maior entre professores, alunos e pais.

De acordo com o autor, pode-se observar que a escola precisa ter liderança de um gestor comprometido com a qualidade da educação e com as transformações sociais que possibilite avançar o aluno nos mais variados aspectos: social, político, intelectual e humano. Organizar o trabalho pedagógico requer enfrentar contradições oriundas das diversas realidades que se encontram numa escola pública, daí a necessidade da escola educar para a democracia, e essa tendência pedagógica deverá ser observada ao longo dessa labuta.

Há pouco tempo, o modelo de gestão escolar se configurava num diretor autoritário e submisso aos órgãos centrais e sua função se restringia a de administrador de determinações estabelecidas pelas instâncias superiores. O processo de autonomia da escola se deu a partir da década de oitenta quando tomaram posse os primeiros governantes eleitos pelo voto direto. A parti daí a discursam por uma educação democrática ganhou amplitude e vários movimentos começaram a incentivar a luta por uma escola participativa, autônoma e de qualidade.

Nesse bojo, faremos uma pesquisa de campo numa escola pública de nível fundamental (Séries iniciais) localizada na periferia do município de Cametá no interior do Estado do Pará com a finalidade de observarmos alguns mecanismos que abarcam a gestão escolar. Iniciaremos com um questionário voltada ao diretor, professor, alunos e funcionários.

1: De que maneira a legislação e as políticas públicas auxiliam/dificultam o trabalho da instituição?

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Gestor: As escolas estão passando por um processo de mudança política e pedagógica, mas existe muitas resistências por parte de professores com formação nos anos 70 e 80 período do regime militar, e que não aceitam mudar a sua forma de ensinar, e isso vem dificultando a implementação das políticas educacionais. Se pudéssemos aposentar esses professores com antecedência as escolas com certeza melhorariam a qualidade de ensino.

Professora1 : Tenho só nível médio e pouco conhecimento das políticas educacionais, mas sei que elas tem o papel de nos orientar enquanto professore sobre nossos direitos e deveres. E em relação a sua implementação na nossa escola tem uma certa influência, anteriormente não se discutia legislação educacional, mas com a chegada do novo diretor sempre tocamos em alguns artigos para discutimos nas nossas reuniões.

Professor2: Como nós somos professores de formações tradicionais e modernas, as políticas educacionais de certa forma tem contribuído na ampliação de nosso conhecimento no que concerne os nossos direitos e deveres previsto na lei, mas na escola havia uma displicência visível da gestão em relação a esse assunto, com a chegada do novo diretor isso em 2006 conseguimos colocar em pauta algumas questões envolvendo as políticas educacionais como:Recursos financeiros, qualidade de ensino e gestão democrática e muitos outros assuntos.

2:Se existe a participação de funcionários, professores, alunos, comunidade nas ações e decisões da escola?

Gestor: Venho tentando administrar democraticamente para professores, alunos, pais, funcionários e comunidade, o que me interessa e o aprendizado dos alunos e a qualidade do ensino, mas não é fácil mudar o sistema, existe pessoas inclusive professores que tentam burlar, impediras mudanças por pertencerem a partidos políticos opostos. Acredito que a participação de todos tem fortalecido a minha gestão na tomada de iniciativas.

Professora 1:Na escola desde da primeira reunião com o diretor ele sempre afirmou que gostaria de administrar com a participação de todos, e essa descentralização das tomadas de decisões tem levado a uma melhoria nos relacionamento dos professores, pais, alunos e a comunidade.

Professor 2:Na minha opinião a participação tem contribuído para a qualidade do ensino dessa escola, o antigo diretor era mais fechado na verdade era um centralizador, não víamos pais e nem alunos nas decisões, pereciam ter medo da escola. Hoje, consigo ver pais e professores optando nas decisões, e isso para mim é democracia.

Funcionário: Apesar de trabalhar pouco tempo nessa escola é a primeira vez que participo de reuniões envolvendo todo mundo(diretor, professor, vigia, servente , aluno e a comunidade)no meu tempo como estudante não podíamos nem olhar para o diretor, para mim isso é um aprendizado, e que vai servi para melhoramos a visão de muitas pessoas que falam mal de escola pública.

Comunidade: Anteriormente só participava de entrega de boletim, hoje já consigo entrar na escola sem medo e participar de algumas decisões como:evento culturais e educativos.

3- Quais são os mecanismos e práticas de participação e comunicação que existem na instituição?

Gestor: Acho que o dialogo é um dos mecanismos mais eficiente que utilizo para buscar a participação de todos no processo educativo, pois essa abertura interativa da escola na minha opinião facilita o desenvolvimento democrático e as relações professor-aluno, servente-professor, diretor-vigia , diretor-aluno.

Professora 1: A gestão da escola e bastante democrática, o planejamento, as reuniões pedagógicas os eventos educativos e culturais sempre envolvem a participação de todos inclusive a comunidade, e uma outra realidade que a escola vive, os diretores anteriores articulavam quase que isoladamente as tomadas de decisões e isso não melhorava a qualidade de ensino.

Professor 2:O dialogo talvez seja o mecanismo mais importante da gestão da escola, as pessoas estão participando mais nas decisões e isso está influenciando no sucesso e na qualidade do ensino.

Aluno: Sim, o diretor tenta nos envolver nos trabalhos da escola pelo menos eu participo mas tem alguns colegas que não gostam de fazer nada.

Funcionário: Hoje nessa escola já converso com diretor, professor, alunos dou a minha parcela de contribuição para o desenvolvimento da escola. Acho que a participação do relacionamento vem fazendo diferença na escola.

4- Quais são as maiores dificuldades que os professores e funcionários enxergam e descrevem?

Professora1:Mudar uma realidade escolar é difícil, exige competência e motivação da gestão, essa escola está avançando, mas ainda apresenta algumas dificuldades como:A má qualificação dos professores, material didático insuficiente, pouca merenda escolar, salas super- lotadas e uma clientela com altos níveis de deficiência de aprendizado devido ao seu padrão econômico. Para vocês terem uma

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ideia existem alunos que só frequentam a escola quando há merenda o que acaba contribuindo para a repetência dos mesmos.

Professor2: As dificuldades encontradas na escola são bem comum a qualquer outra como:a lotação das salas de aula, a falta de sala da leitura para alunos com problemas de aprendizado, pouca merenda escolar e recursos didáticos e professores sem qualificação, mas acho que uma das maiores dificuldades que tínhamos anteriormente, era a falta de relacionamento, aqui anos atrás ninguém se falava e nem se comunicava e os alunos eram os mais prejudicados.

Aluno: Existe muito colega mal em minha escola bate na gente e ninguém faz nada, isso pra mim é uma dificuldade.

Funcionária:Sou servente á mais de seis anos nessa escola posso dizer que ainda temos dificuldades em relação a merenda escolar que não é suficiente, professores que faltam por que querem, alunos violentos, poucas salas de aulas para uma demanda enorme, mas com a chegada da nova gestão estamos resolvendo nossos próprios problemas caminhando com nossas próprias pernas.

Procurei articular as perguntas da melhor maneira possível para não intimidar os entrevistados e fiquei surpreendido com as respostas. Apesar do rótulo que as escolas públicas são um lugar de violência e contradições, pude observar nessa escola um modelo de gestão escolar influente, onde todos participam do processo educativo e essa realidade é muito difícil encontramos em escolas públicas onde nas maiorias das vezes a gestão é autoritária.

Como a entrevista não se voltou só as perguntas do roteiro pré-estabelecidas, fui tentando obter mais informações a respeito da organização do trabalho pedagógico, e professores e funcionários colocaram que o atual gestor vem trabalhando numa dimensão pedagógica e interdisciplinar envolvendo e evocando todos a participarem das tomadas de decisões isso vem garantido a qualidade do ensino e harmonia na escola.

Segundo as mesmas na gestão anterior havia uma centralização das decisões, o planejamento era construindo com a ausência de quase a maioria dos professores as formas de avaliação não avaliavam a aprendizagem do aluno mas a nota, o currículo fugia da realidade educacional não existia uma discursam sobre os assuntos para serem trabalhados, ele era excessivamente autoritário, mas agora estamos progredindo com o atual gestão eu posso afirmar que um bom gestor pode mudar uma escola.

Baseado nas narrativas de todos os envolvidos na escola percebe-se que a atual gestão vem fazendo diferença, Apesar de ser um jovem possui uma postura dinâmica e interativa buscando dialogar com professores, alunos e funcionários e ainda consegue atrair interesse da comunidade no desenvolvimento da aprendizagem. A escola não tem grandes recursos para dá condições de trabalho a professores e alunos, mas tem pessoas incentivadas lutando por um único ideal fazer com que os alunos aprendam.

È notório que essa escola estar crescendo em todos os aspectos:pedagógico, metodológico, ético e profissional devido a uma direção motivada e competente norteada por objetivos claros e compartilhados com professores, pais, alunos e funcionários. O fato de muitos diretores sem qualificação serem nomeados por políticos tem levado ao malogro de muitas escolas que não conseguem desenvolver um bom trabalho.

A qualidade de ensino dessa escola tem feito a diferença na aprendizagem e influenciado professores, estudantes e a comunidade a participar das tomadas de decisões, é importante ressaltar a participação de cada um no processo pedagógico na escola que vem investindo em uma nova organização pedagógica, buscando estabelecer uma relação interativa com o "fazer" escolar e preocupada em ofertar à comunidade, em geral, e aos alunos em particular, uma trabalho pedagógico que venha a formar cidadãos participativos e conscientes de seu papel na sociedade. Como afirma Veiga(2007, p. 7)

A democratização da educação básica e superior como direito de todos os cidadãos é uma meta não somente de governo ou do Estado, mas é também na aspiração, relativamente manifesta tanto social como individualmente --- ainda que de maneira mais ou menos latente --, porém muitas vezes negada pelo exercício da restrição aberta ou velada á efetiva democratização da sociedade brasileira.

Com base na autora podemos compreender que a sociedade possui um papel de grande relevância e influência na luta pela escola democrática e na preparação do cidadão com potencial de trabalho, porém passa ser incumbência dela exigir mais competência, mais flexibilidade e agilidade do sistema de ensino, de modo que a escola possa acompanhar suas solicitações e perceber que o exercício da autonomia pode ser um aliado na busca da qualidade da educação.

Completando as analises sobre gestão democrática, prática pedagógica e legislação produziremos um texto reflexivo sobre os conhecimentos abordados afim de ampliarmos nossa compreensão.

As atitudes os conhecimentos o desenvolvimento de habilidades na formação do gestor da educação são elementos cruciais para o funcionamento da educação escolar. O estudo realizado ressalta a importância e necessidade de um maior aprofundamento e conhecimento por parte da comunidade

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escolar no que se refere à organização da gestão do trabalho pedagógico na escola pública frente aos princípios de gestão democrática. A construção de um projeto educativo coletivo constitui a identidade de cada Escola e é, sem dúvida, o instrumento primordial que permite uma gestão democrática. Como afirma Libâneo(2001, p. 145)

A organização e a gestão do trabalho escolar requerem o constante aperfeiçoamento profissional-político, científico, pedagógico - de toda a equipe escolar. Dirigir uma escola implica conhecer bem seu estado real, observar e avaliar constantemente o desenvolvimento do processo de ensino, analisar com objetividade os resultados, e fazer compartilhar as experiências docentes bem-sucedidas.

Nessas condições fica evidente que a organização pedagógica necessita de uma gestão qualificada que garanta a eficiência do ensino, no entanto o trabalho em conjunto torna-se indispensável para desenvolver competências que permitam realmente aprender com o outro e construir de forma participativa a democratização da escola pública.

A organização do trabalho pedagógico é uma forma da educação se desenvolver com mais qualidade, por isso deve ser construído e reconstruindo continuamente para que cada escola tenha autonomia para refletir, indicar e atuar nos problemas e soluções.

A participação fortalece a gestão democrática, contudo há uma necessidade de descentralização e democratização da educação para que venha provocar mudanças pedagógicas no processo ensino-aprendizagem como afirma Lück(1998, p. 15), "o entendimento do conceito de gestão já pressupõe, em si, a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas analisando situações, decidindo sobre seu encaminhamento e agir sobre elas em conjunto".

Conforme a autora ressalta a gestão participativa é uma necessidade de qualquer gestor que pretende priorizar a qualidade do trabalho pedagógico, nenhuma escola avança sem unidade do grupo, portanto a participação plena promovida pela gestão escolar pode dá sustentabilidade própria ao processo educacional fortalecendo o desenvolvimento de uma consciência social crítica direcionada a formação humana.

Uma gestão de qualidade requer liderança abalizada e dedicação, visando valores que inspirem a todos á trabalharem em prol de uma escola produtiva. Daí aos responsáveis pela Gestão de criarem um ambiente estimulador para o aprendizado e para a participação de todos no processo educativo.

A qualidade da educação não depende apenas de uma gestão democrática, mas de um planejamento participativo e de um projeto pedagógico eficiente e contextualizado com a realidade da escola. Afirma Veiga(2001, p34)

A escola é uma organização viva e dinâmica, que compartilha de uma totalidade social, e o seu projeto político-pedagógico deve ser também vivo e dinâmico, norteador de todo movimento escolar-seu plano global, seu plano de ensino, seu plano em torno das disciplinas e, inclusive seu plano de aula. Em fidelidade ao conceito de formação, os sujeitos envolvidos-gestores, pais, professores e alunos- traduzem o projeto político-pedagógico concretamente, visando á construção da formação humana. E a finalidade das mediações de ordem escolar tem como parâmetro, ou deveria ter, a própria formação.

Dessa maneira, a autora propõe o projeto político- pedagógico numa dimensão humana construído para auxiliar o trabalho educativo de professores, alunos, coordenadores e diretores, estabelecendo uma comunicação dialógica, para propiciar a criação de estruturas metodológicas mais flexíveis para reinventar sempre que for preciso. A confirmação desse contexto só poderá ser dada numa escola autônoma, onde as relações pedagógicas se completam com as relações humanas.

Nesse âmbito, faz mister romper com as tendências fragmentadas e desarticuladas do modo de conceber o projeto para re-significar as suas práticas, para criar a identidade de cada escola particularmente. Tendo como ponto de partida, o planejamento.

Partindo desse princípio, a escola precisa da participação da comunidade como usuária consciente deste serviço, não apenas para servir como instrumento de controle em suas dependências físicas. Trata-se de romper com os muros da escola.

A partir da visão interdisciplinar os professores devem reconhecer a importância de romper com as posições pedagógicas autoritárias para fazerem dialeticamente a relação necessária entre as disciplinas que compõem o currículo escolar e a realidade concreta da vivência do aluno. O desafio de um novo projeto pedagógico não deve levar em conta o consenso como ponto de partida, mas o conflito que favorece a diversidade numa trajetória construída coletivamente na tomada de decisões.

Mudar as relações de trabalho esse é o principal objetivo de uma gestão democrática, para que essa meta seja atingida precisamos redefinir o conceito de educação através de um planejamento pedagógico consistente voltado ao aprendizado do aluno. Várias escolas não consegue planejar por despreparo da equipe técnica e no fim acabam perdendo a qualidade do ensino. Conforme Padilha(2001, p. 30)

Planejamento é processo de busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, visando ao melhor funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais e

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outras atividades humanas. O ato de planejar é sempre processo de reflexão, de tomada de decisão sobre a ação;processo de previsão de necessidades e racionalização de emprego de meios(matérias)e recursos(humanos)disponíveis, visando a concretização de objetivos, em prazos determinados e etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações.

Além disso, o planejamento é um suporte pedagógico que norteia todas as pretensões da escola, é ele que dinamiza a ação educativa buscando a racionalização, a problemática do contexto social e a organização escolar, portanto é uma atividade que está dentro da gestão democrática, com o propósito de evitar impasses e estabelecer caminhos que possam viabilizar a melhoria da educação.

Gestores educacionais no sistema e nas escolas precisam reformular o conceito de planejamento para que identifique os problemas e resoluções de modo mais participativo em questões que envolvam gestão financeira, liderança democrática, grade curricular e as relações interpessoais. As escolas públicas devem planejar, a partir de sua realidade, integrando questões administrativas e financeiras com currículo e demais preocupações político-pedagógicas.

A escola e sua equipe devem estar preparadas para ocupar esse espaço com compromisso, competência humana, teórica, técnica e política. A consolidação de uma gestão escolar de cunho democrático-participativo requer competência cognitiva e afetiva, respaldada na contextualização de valores, hábitos, atitudes e conhecimentos, para o desenvolvimento de atitudes coletivas, é importante cultivar o espírito de coesão, a partir da formação da equipe escolar, em torno de objetivos comuns.

Os percalços da gestão democrática são evidentes em qualquer escola pública exatamente por não possuir uma política educacional que trate a escola como espaço democrático não como uma prisão cercada por grades para evitar conflitos. Segundo Libâneo(2001, p. 137)

A educação escolar tem a tarefa de promover a apropriação de saberes, procedimentos, atitudes e valores por parte dos alunos, pela ação mediadora dos professores e pela organização e gestão da escola. A principal função social e pedagógica da escolas é a de assegurar o desenvolvimento das capacidades cognitivas, operativas, sociais e morais pelo seu empenho na dinamização do currículo, no desenvolvimento dos processos de pensar, na formação da cidadania participativa a na formação ética.

Partindo desse ponto de vista fica evidente que a educação no contexto escolar exige esforços e maior organização do trabalho educacional, assim como participação da comunidade na realização desse empreendimento, a fim de que possa ser efetiva, já que não basta ao estabelecimento de ensino apenas preparar o aluno para níveis de escolarização mais elevados, uma vez que o que ele precisa é de aprender para compreender a vida, a si mesmo e a sociedade, como condições para ações competentes na prática da cidadania, e o ambiente escolar como um todo deve oferecer-lhe esta experiência.

A escola pública produz e reproduz diferenças sociais e cabe a organização pedagógica reconhecer essa problemática e tentar tomar medidas que possam superar esses entraves, construindo uma gestão escolar que ofereça reciprocidade, mudança de mentalidade e atitude, sem a qual essa organização não poderia ser efetiva em seu papel social. A gestão democrática, pressupõe a idéia de participação, isto é, do trabalho associado de pessoas, analisando situações, decidindo sobre o seu encaminhamento e agindo sobre elas em conjunto.

Contudo, é fundamental elaborar propostas de inclusão de atividades que elucidem maior contato com a realidade de nossas escolas estimulando o pensamento crítico na direção de um relacionamento social mais cooperativo e democrático, sem uma práxis não há sociedade que se transforme como um todo. Redin(1999, p. 07)

"Uma grande escola exigirá docentes competentes, abertos para o mundo e para o saber, sempre de novo redefinidos. Docentes e estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro que não seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie mas seja sua ultrapassagem. Uma grande escola exigirá tempo. Tempo de encontro, de encanto, de canto, de poesia, de arte, de cultura, de lazer, de discussão, de gratuidade, de ética e de estética, de bem-estar e de bem-querer e de beleza. Porque escola grande se faz com grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes horizontes. "

Diante da colocação supracitada, não existe educação sem participação, a escola é um sistema que deve formar, capacitar e humanizar as pessoas que à frequentam dentro dos padrões requeridos por uma sociedade mais evoluída e humanitária, quando se promove a interatividade entre os alunos, entre as disciplinas curriculares, entre a escola e seu entorno, entre as famílias e o projeto escolar a aprendizagem é sem dúvida se torna mais significativa para a vida do que para o mercado de trabalho.

É verdade que as escolas públicas se diferenciam pela qualidade de ensino e qualidade quem faz é quem organiza o trabalho pedagógico, ou seja é importante que a gestão esteja embasada numa concepção democrática e participativa, pois os novos tempos exigiram um padrão educacional voltado para o desenvolvimento de um conjunto de competências e de habilidades essenciais, a fim de que os

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alunos possam fundamentalmente compreender e refletir sobre a realidade, participando e agindo no contexto de uma sociedade comprometida com o futuro.

Na minha concepção o primeiro trabalho do gestor no sentido de provocar mudanças no âmbito escolar é motivar professores, funcionários e alunos, valorizando-os escutando-os e depois traçando um plano de ação focando o que é prioritário. A partir daí envolver as lideranças do bairro, os meios de comunicação locais e o trabalho voluntário da comunidade. Se escolas públicas perderem o estereótipo de condenadas e recuperarem a autoestima qualquer escola poderá ser competente, atuante e inovadora.

É notório que as renovações das práticas pedagógicas e da cultura escolar só se concretizaram por meio da democratização do ensino, tendo em vista que os docentes que trabalham numa dimensão democrática, interativa e interdisciplinar conseguem melhorar o rendimento da aprendizagem dos alunos que apresentam mais dificuldades. Por isso, o gestor deve valorizar as potencialidades dos professores. Até os professores com pouca formação pedagógica tem características positivas que podem suscitar o recebimento de elogios se melhorarem a sua autoestima. O docente deve ser considerado um profissional integral com metas educacionais e não apenas como professor preocupado com sua sala de aula.

A escola deve preparar os professores para um ensino focado na aprendizagem viva, criativa, experimentadora, presencial-virtual, com professores menos "falantes", mais orientadores, ajudando a aprender fazendo; com menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, experimentação, projetos; com professores que desenvolvem situações instigantes, desafios, solução de problemas, jogos.

O gestor deve utilizar os meios burocráticos para facilitar, não para atrapalhar o processo ensino aprendizagem, o que precisa ficar claro é a perspectiva de uma gestão voltada para as pessoas. Uma escola de sucesso usará todo o potencial crítico e volitivo dos seus recursos humanos e procurará rentabilizar as possibilidades de cada um, pois as escolas tendem a ter os professores que merecem.

È fundamental que nesse processo de mudança a escola busque a unidade entre a família, gestor, comunidade, professores, alunos, funcionários onde cada um sinta-se responsável em transformar a educação. Se realmente desejamos formar crianças que no futuro sejam indivíduos autônomos, criativos e participativos, precisamos hoje trabalhar a autonomia do próprio professor, levando-o a estabelecer relações democráticas em sala de aula, excluindo o autoritarismo com seus alunos, pois só podemos auxiliar as crianças a tornarem-se autônomas e com caráter democrático, por meio de atitudes e posturas das pessoas com quais elas convivem.

As mudanças nas escolas só irão acontecer de fato se houver uma organização do trabalho pedagógico manada por um corpo técnico alçado diretor e coordenador pedagógico trabalhando em conjunto com o corpo docente, funcionários e demais membros da equipe escolar avaliando e reconstruindo seus projetos, planejamentos e planos.

4.2. Construindo o Sonho de uma Escola ParticipativaNa busca desta realidade diferente, da teimosia do sonho da sociedade verdadeiramente

democrática, a escola e seus profissionais desempenham tarefa fundamental.Sem se restringir ao papel subserviente de uma escola “mentirosamente” redentora, cada

unidade escolar deve construir seu espaço como ambiente de luta para que o ser humano possa ser em plenitude, assumindo o compromisso de conscientizar a respeito de sua verdadeiro missão, que vai muito além da simples transmissão de conhecimento.

Deve ser uma escola redimensionada para ajudar na construção de cidadãos reais, capazes não só de explicar o mundo, como transformá–lo, em benefício da humanização de todos.

Este sonho de cidadania, que não pode ser artificial ou utilizado como mero discurso político partidário, da situação ou oposição, deve caracterizar–se como cidadania, enquanto estado e prática que se emociona com o outro e o ajuda a crescer, a entende–se como ser de direito, também qualificado para usufruir desses mesmos direitos, agora ampliados porque desejo coletivo que, também e apenas, coletivamente, tornar-se- á realidade.

E, para este sentido coletivo, deve ser orientado o processo de conscientização dos cidadãos, especialmente os excluídos de uma vida social plena de dignidade, do direito à verdade, ao belo, à bondade, à esperança rebelde, à dignidade, à certeza temporária, provisória, nunca completa, de uma sociedade que constrói, no seu cotidiano, de forma permanente e progressiva, uma rede de proteção social para todos.

E esta transformação não se faz apenas com palavras, muitas vezes destituídas de significado real, repetidas aleatoriamente, fora de contextos significativos, especialmente para os excluídos sociais, mas pela educação continuada da comunidade.

Neste sentido a escola precisa transformar–se em “espaço de educação inclusiva, de formação permanente humanização das relações sociais” ( PMSP, 2003, p.6)

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Mas esta escola politizadora e que deve contribuir para politizar, para construir cidadania efetiva precisa ter uma prática com características também diferenciadas.

Deve ser uma prática participativa, democrática, sustentável, capaz de gerar a sensação de pertencimento, de compartilhamento, da possibilidade de ser igual na diferença, na capacidade de amar, ser feliz e fazer outras pessoas felizes.

Uma prática que ultrapasse os próprios limites e abra-se à comunidade do seu entorno, próximo ou distante, por processos presenciais ou virtuais. Uma prática capaz de solidarizar–se com os iguais na busca da humanização de todos e pelo seu acesso ao direito à beleza, ao bem, à verdade, aos equipamentos e serviços necessários a uma vida com qualidade, em todos os aspectos que a caracterizam.

Um fazer político pedagógico que precisa caracterizar–se como educacional, integral, significando envolver cada ser humano em sua plenitude, ajudando–o na conquista de sua autonomia pessoal, política e ética, com respeito e dignidade, do sentir–se bem, pleno, realizado, pertencente.

Enquanto construção de cidadania esta prática precisa ser coletiva e organizada, pensada, passo a passo na sua multiplicidade, sem determinismos ou exclusões, mas construída junto, solidariamente.

Neste sentido deve constituir–se como processo de planejamento das ações formadoras de cidadãos, caracterizadas como participativas e organizadas, envolvendo solicitações e exigências, responsabilidades e o viver bem, com camaradagem e respeito, amorosamente.

É o processo de Planejamento Participativo das ações, dos equipamentos e da dinâmica educacional que forma atitudes e constrói o caráter.

Das suas decisões devem participar, efetivamente, representantes de todos os segmentos internos e externos ao seu contexto e entorno, que precisam construir a força da “representatividade política”, capaz de ensejar e exigir mudanças, orientar todos em busca do sonho do impossível que se torna possível exatamente porque coletivo, compartilhado, organizado: a construção de uma escola e de uma sociedade mais justas e humanizadas, que pensam e sentem democracia, nas quais todos se sintam bem e prazerosos, realizados como seres humanos, incluídos de forma sustentável .

Sonhada e desejada por alguns, relegada e excluída por muitos a Gestão Democrática e Participativa configura–se como um grande desafio para todos que, direta ou indiretamente, possam contribuir para que o Projeto Pedagógico – Administrativo – Ético da escola se construa com competência, efetividade, respeito e amor.

A Gestão Democrática e Participativa não se identifica com decisões a respeito de aspectos e ações secundárias, fragmentadas e isoladas da unidade escolar. Deve envolver o diagnóstico de suas dificuldades e sucessos, a busca de soluções coletivas e organizadas para aspectos prioritários ou seja, para o que é essencial e justifica sua existência: o processo de formação de cidadãos responsáveis, comprometidos com a construção de melhor qualidade de vida para todos, de humanização solidária e prazerosa, com o resgate do compromisso e do respeito quer devem caracterizar as relações democráticas no seu interior e no seu entorno.

A Gestão Democrática e Participativa não se resume apenas a um conjunto de ações organizadas e compartilhadas em benefício da escola, mas é uma filosofia, que exige a construção interativa de uma postura que, por sua vez, também pressupõe revisão de atitudes em relação à vida, à educação, à escola.

É a própria humanidade de cada ser humano exercitando sua essência na participação que fundamenta–se no diálogo, no compartilhamento, no sentido crescente de pertencimento e de ações coletivas que garantem melhor qualidade de vida para todos.

A Gestão Democrática e Participativa, envolvendo ações coletivas e organizadas, precisa ser contínua, permanente, e não pontual em suas ações e propostas, devendo constituir – se em processo solidário e amoroso que possibilita o crescimento coletivo.

Nesta ação amorosa e solidária reside seu maior desafio pois exige das pessoas envolvidas qualidades e ações diferenciadas.

Ações solidárias existem apenas entre as pessoas que conseguem colocar nos seus corações o embrião do amor, do respeito, da amorosidade que eleva sem humilhar, que serve sem ser subserviente, que permite diagnosticar e mediar a solução de problemas sociais como partilha e responsabilidade de todos.

A partir desta ótica a Gestão Democrática e Participativa é sentida como uma realidade impossível, utópica porque poucas são as pessoas que trazem dentro de si a amorosidade e o respeito, especialmente pelos seus irmãos excluídos dos direitos básicos de cidadania, do sentimento de pertencer a uma comunidade que sinta sua e que ajuda a construir, impedidos de ser.

Exige conciliações, escolhas, concessões em nome do bem maior que é uma vida mais saudável e justa para todos, especialmente os mais desfavorecidos em direitos e condições de vida digna.

No entanto, pode ser sentido como o possível, desejado e construído, que necessita estar fundamentado em um princípio desafiador: “o possível todo mundo faz e bom e de valor é fazer o que todos consideram impossível”

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E assim, na dialética da vida o impossível, o sonho, busca transformar–se em possível pelo concurso coletivo e amoroso de todos, por um processo democrático, por excelência preocupado em fazer felizes as pessoas, consideradas individualmente ou em seu coletivo ético, político.

4.3. Conselhos de Gestão Recursos para a Escola Democrática e Participativa Enquanto conquista coletiva e organizada a GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA traz

desafios que envolvem a compreensão do seu verdadeiro significado e a sua efetivação prática no cotidiano das organizações. Geralmente a GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA remete a uma prática complexa, difícil de ser concretizada porque essencialmente coletiva e organizada, não podendo figurar como “vitrine política”, instrumento para fazer da comunidade um veículo de falsa “utilidade pública”, entre outros instrumentos de mediação de poder sobre os excluídos sociais.

No entanto, esta prática deve transformar – se em veículo para a construção de uma sociedade na qual, entre outros aspectos sejam possíveis e palpáveis a democratização do acesso e garantia da permanência, democratização da gestão e qualidade social da educação para todos, revertendo o quadro da exclusão social, cultural, tecnológica e educacional de grande parcela da população brasileira.

É importante lembrar também que nenhuma prática de GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA se sustentará por muito tempo sem os pressupostos e os insumos, de uma teoria significativa e bem estruturada que deve primar pela perspectiva da “ educação libertadora” que valoriza o diálogo, a participação, a conquista da autonomia e da democracia, o compromisso político, ético e estético com a construção de uma sociedade mais justa e sustentável, com a concepção de ser humano histórico, incompleto, inacabado, capaz de lutar pela transformação social, por uma sociedade mais justa e sustentável para todos. ( FREIRE, 1997).

O entendimento do processo de gerir participativamente uma instituição tem que estar bem claro, em seus três aspectos fundamentais para aqueles que querem efetivá–lo:

epistemológico, enquanto fundamentação teórica que possa sustentar uma prática coletiva e organizada de luta para que todos os brasileiros possam ler, interpretar e transformar a sociedade em sua múltiplas facetas;

o prático ou a disposição para efetivá–lo, apesar das dificuldades decorrentes da estrutura arcaica e vertical que tem caracterizado a sociedade brasileira, das dificuldades para trabalho coletivo e organizado;

o atitudinal no sentido de que as ações de seus agentes devam ser fortes, corajosas, decisivas e emancipadoras. Devem ser ações de educadores que trabalhem para que seus alunos sejam capazes de criar conhecimentos com “ consciência e sensibilidade”, que construam a certeza e a esperança de um mundo melhor. Estas ações educadoras precisam ser construídas dentro do coração e traduzir sentimentos de esperança e atitudes como a solidariedade, o respeito, a tolerância, cooperação e o compromisso com a luta coletiva e organizada por uma melhor qualidade de vida e uma sociedade sustentável para todos.

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