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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Mecânica
FLÁVIO ROBERTO DE CARVALHO MATHIAS
Gestão da energia, água e emissões em segmentos energo-intensivos da
indústria brasileira
CAMPINAS 2019
FLÁVIO ROBERTO DE CARVALHO MATHIAS
Gestão da energia, água e emissões em segmentos energo-intensivos da
indústria brasileira
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Valdir Bajay
CAMPINAS 2019
Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutor em Planejamento de Sistemas Energéticos.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO FLÁVIO ROBERTO DE CARVALHO MATHIAS, E ORIENTADA PELO PROF. DR SÉRGIO VALDIR BAJAY.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
MECÂNICA
PLANEJAMENTO DE SISTEMAS ENERGÉTICOS
TESE DE DOUTORADO
Gestão da energia, água e emissões em segmentos energo-intensivos da
indústria brasileira
Autor: Flávio Roberto de Carvalho Mathias
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Valdir Bajay A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Tese: Prof. Dr. Sérgio Valdir Bajay, Presidente NIPE/UNICAMP
Profa. Dra. Carla Kazue Nakao Cavaliero PSE/FEM/UNICAMP
Profa. Dra. Elizabeth Ferreira Cartaxo FT/ UFAM
Prof. Dr. Carlos Alberto Mariottoni FEC/UNICAMP
Prof. Dr. Ivo Leandro Dorileo NIEPE / UFMT A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.
Campinas, 30 de agosto de 2019.
Dedicatória
À minha esposa Andrea, que acreditou em meus ideais e me apoiou neste desafio, agradeço a compreensão e o incentivo para que eu pudesse dar sequência aos meus estudos. É com gratidão que compartilho com ela esta conquista.
Aos meus pais Mathias e Neverita, por nos instruírem segundo a Palavra de Deus e pelo exemplo de vida, incansável apoio e dedicação, a valorização, o incentivo e o investimento na educação proporcionado a todos os filhos. Aos meus irmãos Carlos e Cláudia pela presença constante e o apoio incondicional em todos os períodos da minha vida.
São para essas pessoas especiais que dedico esta tese, pois transmitiram a fé e a coragem necessárias para sempre renovar em Deus a minha confiança, e a seguir em frente na expectativa do melhor que Ele prepara para as nossas vidas.
Por fim, qualquer sucesso associado a este trabalho deve ser atribuído a Deus, que guiou os meus passos desde muito antes do início deste período “sabático” dedicado à vida acadêmica, viabilizando a conclusão deste projeto e o desenvolvimento de novas competências profissionais.
Agradecimentos
A realização e conclusão deste trabalho não teria sido possível sem o auxílio de diversas pessoas às quais presto minha homenagem:
Agradeço especialmente ao prof. Dr. Sérgio Valdir Bajay por aceitar me orientar durante o curso e a confiança depositada em mim, a sua dedicação ao compartilhar conhecimentos acumulados em mais de quatro décadas como professor, pesquisador e consultor, incentivando o meu avanço acadêmico desde o curso de mestrado.
Aos professores que fizeram parte da banca examinadora nos exames de qualificação (Profa. Dra. Carla Kazue Nakao Cavaliero e o Prof. Dr. Mauro Donizete Berni) e de defesa pela avaliação objetiva e acurada, como foram às contribuições propostas para o aperfeiçoamento deste trabalho.
Outros profissionais e instituições: - Aos coordenadores, pesquisadores e funcionários do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) nos projetos e nas rotinas de pesquisa desenvolvidas, e ao colega de curso Rafael Rodrigues da Silva pela parceria, cooperação e o incentivo em todas as fases do curso; - Ao engenheiro Marcelo Cremer do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) pela orientação sobre a metodologia para a obtenção dos indicadores das emissões disponibilizadas na plataforma do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG); - A bibliotecária Andreza A. G. Milham do Departamento de Acervo e Informação Tecnológica – DAIT do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) pela intermediação na doação dos manuais de Conservação de Energia na Indústria para os segmentos industriais analisados neste trabalho; - À Unicamp, em especial aos coordenadores, professores e funcionários da pós-graduação do curso de Planejamento de Sistemas Energéticos (PSE) da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) e da Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura (BAE); - O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – Brasil (Nº do Proc.: 140795/2015-4).
“Ser grato pelas coisas boas que nos acontecem na vida é fácil, mas ser grato por tudo que
temos na vida – o bom e o ruim, os momentos de alegria e os momentos de tristeza, os
sucessos e os fracassos, as recompensas e as rejeições – exige um árduo trabalho espiritual.
Somos pessoas gratas somente quando podemos dizer obrigado por tudo que nos trouxe ao
momento presente. Enquanto ficamos dividindo nossa vida entre pessoas e fatos que
gostaríamos de lembrar e pessoas e fatos que gostaríamos de esquecer, não podemos alegar
que a plenitude do nosso ser é uma dádiva de Deus pela qual devemos ser gratos. Não
tenhamos medo de olhar para todas as coisas que nos trouxeram até onde estamos hoje e
confiar que em breve veremos nelas a mão de um Deus que ama e orienta”
Henri Nouwen
Romanos 8:2; Salmos 37:5; Isaías 48:1; Provérbios 3:13
Resumo
A disponibilidade e o acesso às fontes de energia e água ocupam um papel vital na
agenda de desenvolvimento e prosperidade de um país, principalmente para o setor industrial.
O impacto do aquecimento global e as mudanças climáticas estão transformando o meio
ambiente do planeta, e provocam o aumento na frequência e na intensidade de eventos
climáticos extremos. O setor industrial é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa
(GEE) do mundo. O presente trabalho analisa o potencial de melhoria na eficiência
energética, consumo de água e redução nas emissões de CO2 para este setor no Brasil.
Considera uma visão integrada da importância da gestão da energia e uma operação e
manutenção (O & M) otimizadas para algumas das principais indústrias brasileiras energo-
intensivas – ferro-gusa e aço, papel e celulose, petroquímica e cimento, visando obter
melhorias na sua produtividade e confiabilidade e economias nos seus consumos de energia e
água. Na tese também se avaliam políticas energéticas para reduzir as emissões de CO2 e o
consumo de energia na indústria. Com base nas melhores tecnologias disponíveis (BATs) e
em séries históricas de consumo energético de 2009 a 2017, foram estimados os seguintes
potenciais técnicos médios de conservação de energia: 19,6% na indústria de ferro-gusa e aço,
43,5% na indústria de papel e celulose, 20,1% a 46 % na produção de eteno e 11,8% na
indústria cimenteira. Por último, mas não menos importantes, são discutidos o desempenho
energético e o consumo de água e são apresentadas oportunidades para ganhos de eficiência
energética nestes segmentos industriais, pelos seus usos finais da energia.
Palavras Chave: Indústrias energo-intensivas; Análise energética; Eficiência energética;
Consumo de energia e água; Emissões de GEE.
Abstract
Availability and access to energy and water sources play a vital role in a country's
development and prosperity agenda, especially for the industrial sector. The impact of global
warming and climate change are transforming the world environment, increasing the
frequency and intensity of extreme weather events. The industrial sector is one of the biggest
greenhouse gas (GHG) emitters in the world. The present work analyses the potential for
improvement in the energy efficiency, water consumption and the CO2 emissions reduction
for this sector in Brazil. It considers an integrated vision of the importance of energy
management and an optimized operation and maintenance (O&M) for some of the main
Brazilian's energy-intensive industries - iron and steel, pulp and paper, petrochemical and
cement, to obtain improvements in their productivity and reliability and savings in their
energy and water consumption. The thesis also evaluates energy policies to reduce the
emissions of CO2 and energy consumption in industry. Based on the best available
technologies (BATs) and on historical series of energy consumption from 2009 to 2017, the
following average technical energy conservation potentials were estimated: 19.6% for the iron
and steel industry, 43.5% for the pulp and paper industry, 20.1% to 46% for the production of
ethylene and 11.8% for cement industry. Last but not least, the energy performance and water
consumption are discussed and opportunities for energy efficiency gains in these industry
sectors are presented for their energy end-uses.
Key Word: Energy-intensive industries; Energy analysis, Energy efficiency; Energy and water consumption; GHG emission.
Lista de Figuras
Figura 2. 1 - Estrutura das fases da pesquisa ............................................................................ 35
Figura 2. 2 - Estrutura das fontes de dados analisados ............................................................. 35
Figura 3. 1 - Classificação global dos 20 maiores economias em 2017 ................................... 41
Figura 3. 2 - Evolução do PIB brasileiro no período de 1970 a 2017 ...................................... 42
Figura 3. 3 - Evolução do VA da Indústria de transformação brasileira (1971 a 2017)........... 42
Figura 3. 4 - Comércio internacional: 20 principais países exportadores em 2017.................. 43
Figura 3. 5 - Comércio internacional: 20 principais países importadores em 2017 ................. 43
Figura 3. 6 - Distribuição percentual dos produtos industriais no comércio internacional em
2017 .......................................................................................................................................... 44
Figura 3. 7 - Evolução da balança comercial do Brasil no período de 1999 a 2017 ................ 44
Figura 3. 8 - Evolução da participação percentual da indústria no PIB brasileiro (1970 a 2017)
.................................................................................................................................................. 46
Figura 3. 9 - Participação percentual da estrutura dos custos e despesas nas indústrias de
transformação do setor industrial brasileiro em 2016 .............................................................. 47
Figura 3. 10 - Evolução do preço do barril de petróleo, em US$ de 2017, no período de 1861 a
2018 .......................................................................................................................................... 50
Figura 3. 11 - Evolução dos preços das fontes de energia no Brasil (1973 a 2017) ................. 50
Figura 3. 12 - a) Distribuição do consumo final de energia em 2016 e b) Distribuição das
emissões diretas de GEE em 2010 por setor da economia global ............................................ 51
Figura 3. 13 - Distribuição percentual do uso final da energia por segmentos industriais na
indústria mundial em 2014 ....................................................................................................... 52
Figura 3. 14 - Níveis de consumo de energia e potenciais de conservação de energia ............ 53
Figura 3. 15 - Distribuição dos recursos hídricos do planeta ................................................... 56
Figura 4. 1 - Ilustração das variáveis que podem influenciar a elaboração de políticas públicas
associadas com a gestão da energia, água e emissões .............................................................. 67
Figura 4. 2 - Reservação de água doce em percentual da capacidade dos reservatórios, de 2012
a 2016 ....................................................................................................................................... 74
Figura 4. 3 - Energia armazenada nos reservatórios da região SE/CO de 2001 a 2018 ........... 74
Figura 4. 4 - Projeções das emissões de CO2 associadas com energia nos cenários NPS e SDS
da Agência Internacional de Energia (2015 – 2040) ................................................................ 75
Figura 4. 5 - Evolução percentual dos investimentos públicos em energia associados com
tecnologias de baixo carbono, de 1974 a 2017 ......................................................................... 76
Figura 4. 6 - Perspectivas e visões sobre as políticas associadas com a gestão da energia, água
e emissões na indústria ............................................................................................................. 80
Figura 5. 1 - Ilustração de uma visão de desenvolvimento empresarial sustentável, através de
um sistema integrado de gestão ................................................................................................ 82
Figura 5. 2 - Ilustração de uma visão de gestão integrada de uma empresa industrial............. 84
Figura 5. 3 - Distribuição percentual das métricas adotadas pela ACEEE para avaliação do
desempenho energético do setor industrial dos países selecionados em 2018 ......................... 87
Figura 5. 4 - Ranking de eficiência energética da indústria, elaborado pela ACEEE em 2018,
em países selecionados ............................................................................................................. 87
Figura 5. 5 - Evolução do consumo de energia na indústria brasileira e da utilização de sua
capacidade instalada no período de 2003 a 2017 ..................................................................... 89
Figura 5. 6 - Classificação dos 20 países com maior número de SGEn certificados pela norma
ISO 50.001 no período de 2011 a 2017 .................................................................................... 93
Figura 5. 7 - Número de certificações de SGEn industriais pela norma ISO 50.001 no mundo
até 2017 .................................................................................................................................... 94
Figura 5. 8 - Distribuição das certificações de SGEn de indústrias brasileiras pela norma ISO
50.001 até 2015 ........................................................................................................................ 95
Figura 5. 9 - Normas complementares à ISO 50.001 ............................................................... 95
Figura 5. 10 - Ilustração dos ganhos na curva de aprendizado em projetos com integração
energética .................................................................................................................................. 98
Figura 5. 11 - Ilustração de uma aplicação de integração energética (processo químico) ....... 99
Figura 5. 12 - Ilustração de uma estrutura de gestão com o apoio da automação .................. 100
Figura 5. 13 - Ilustração da evolução das revoluções industriais ........................................... 102
Figura 5. 14 - Barreiras que dificultam a realização de projetos de EE na indústria ............. 103
Figura 5. 15 - Objetivos dos investimentos planejados pela indústria no Brasil em 2015 ..... 105
Figura 5. 16 - Exemplo de um processo de desenvolvimento de uma tecnologia .................. 108
Figura 5. 17 - Exemplo de um sistema convencional de fornecimento e consumo de água,
reuso de água e efluentes, e descarga de efluentes em instalações industriais ....................... 112
Figura 5. 18 - Representação de um processo industrial com variação na concentração da água
devido à absorção de um contaminante .................................................................................. 113
Figura 5. 19 - Ilustração de uma aplicação de integração do consumo de água e efluentes com
três sistemas operacionais ....................................................................................................... 114
Figura 5. 20 - Evolução, de 1990 a 2015, da distribuição percentual das emissões de CO2 por
setor da economia brasileira ................................................................................................... 119
Figura 5. 21 - Distribuição percentual das emissões de CO2 pela queima de combustíveis no
Brasil em 2015 ........................................................................................................................ 120
Figura 5. 22 - Distribuição da participação percentual dos segmentos industriais nas emissões
de CO2e da indústria brasileira nos anos de 1990 e 2016 ....................................................... 121
Figura 5. 23 - Evolução das emissões dos processos industriais no Brasil, de 1970 a 2017 .. 121
Figura 5. 24 - Evolução da proporção de material reciclado de produtos industriais
selecionadas no período 1993-2011 ....................................................................................... 122
Figura 5. 25 - Distribuição percentual da coleta de resíduos em 2017 ................................... 123
Figura 5. 26 - Distribuição dos materiais recolhidos na coleta seletiva ................................. 123
Figura 5. 27 - Ilustração do desempenho de equipamentos e instalações industriais ao longo
do tempo ................................................................................................................................. 127
Figura 5. 28 - Exemplo de uma estrutura organizacional industrial ....................................... 128
Figura 5. 29 - Exemplo da estrutura de um sistema de utilidades industrial .......................... 129
Figura 5. 30 - Oportunidades de melhorias e redução de perdas ............................................ 130
Figura 5. 31 - Árvore lógica – manutenção centrada em confiabilidade (análise para
equipamentos) ......................................................................................................................... 135
Figura 6. 1 - Evolução da utilização da capacidade instalada dos segmentos industriais
selecionados no Brasil no período de 2008 a 2017 ................................................................ 140
Figura 6. 2 - Evolução da evolução da rentabilidade do patrimônio de segmentos da indústria
brasileira no período de 2008 a 2017...................................................................................... 140
Figura 6. 3 - Evolução do preço internacional das commodities de 2002 até 2019 .............. 141
Figura 6. 4 - Evolução, de 2007 a 2016, da participação percentual das compras de energia,
água e esgoto no custo total da indústria de transformação no Brasil .................................... 142
Figura 6. 5 - Evolução do consumo final de energia dos segmentos industriais selecionados no
Brasil no período de 1970 a 2017 ........................................................................................... 142
Figura 6. 6 - Distribuição da participação no consumo final de energia na indústria brasileira
em 2017 e identificação dos segmentos industriais energo-intensivos .................................. 143
Figura 6. 7 - Evolução da participação no consumo de energia elétrica no Brasil no período de
1995 a 2017 ............................................................................................................................ 143
Figura 6. 8 - Parcela percentual do consumo de energia elétrica de segmentos industriais
atendida por autoprodução no Brasil em 2017 ....................................................................... 144
Figura 6. 9 - Estimativa da distribuição percentual das utilidades existentes no setor industrial
brasileiro ................................................................................................................................. 146
Figura 6. 10 - Estimativas de valores médios anuais, em m3/s, de retirada, consumo e retorno
de água no Brasil em 2017, por tipo de atividade .................................................................. 149
Figura 6. 11 - Fluxo de materiais, energia, água, resíduos e emissões decorrentes de processos
de produção............................................................................................................................. 150
Figura 6. 12 - Evolução do preço internacional e da produção mundial do minério de ferro de
1960 a 2018 ............................................................................................................................ 156
Figura 6. 13 - Evolução da produção brasileira de ferro gusa entre 2008 e 2018 .................. 157
Figura 6. 14 - Ranking dos 10 maiores países produtores de aço bruto em 2017 .................. 158
Figura 6. 15 - Evolução da produção dos maiores produtores de aço bruto, exceto a China, em
106t, de 2004 a 2017 .............................................................................................................. 158
Figura 6. 16 - Comércio dos 10 maiores países exportadores e importadores mundiais de aço,
mais o Brasil, em 2017 ........................................................................................................... 159
Figura 6. 17 - Evolução da capacidade instalada, produção de aço bruto e UCI das usinas
siderúrgicas brasileiras de 2004 a 2017 .................................................................................. 160
Figura 6. 18 - Evolução da produção de aço bruto pelas principais empresas no Brasil, de
2004 a 2017 ............................................................................................................................ 161
Figura 6. 19 - Evolução dos investimentos da indústria siderúrgica no Brasil de 2000 a 2017
................................................................................................................................................ 162
Figura 6. 20 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo final de energia, em 103 tep, por
segmento da metalurgia brasileira no período de 1970 a 2017 .............................................. 163
Figura 6. 21 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo específico de energia e do consumo
específico de energia elétrica, em GJ/t, da siderurgia brasileira no período de 1970 a 2017 . 163
Figura 6. 22 - Evolução percentual, da participação da energia elétrica e dos combustíveis no
custo das operações industriais na siderurgia brasileira no período de 2007 a 2016 ............. 164
Figura 6. 23 - Evolução do consumo e da autoprodução de energia elétrica na siderurgia
brasileira, em 103 MWh, no período de 2008 a 2017 ............................................................ 164
Figura 6. 24 - Evolução do consumo das principais fontes de energia da indústria brasileira de
ferro gusa e aço no período de 1970 a 2017 ........................................................................... 165
Figura 6. 25 - Distribuição percentual das fontes de energia utilizadas na indústria brasileira
de ferro gusa e aço em 2017 ................................................................................................... 166
Figura 6. 26 - Iniciativas e participação percentual na produção de unidades siderúrgicas no
Brasil que realizaram ações para reduzir seu consumo de energia ......................................... 167
Figura 6. 27 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia
entre as atividades da indústria siderúrgica dos EUA ............................................................ 167
Figura 6. 28 - Evolução, de 2000 a 2017, das emissões de CO2e da produção de ferro gusa e
aço no Brasil (2000 a 2017) .................................................................................................... 172
Figura 6. 29 - Evolução do consumo específico de energia e das emissões específicas de CO2
da indústria siderúrgica mundial no período de 2003-2017 ................................................... 173
Figura 6. 30 - Evolução da produção de aço, em 103 t, e da geração específica de coprodutos e
resíduos, em kg/t aço bruto, na indústria siderúrgica brasileira no período de 2014 a 2017 .. 173
Figura 6. 31 - Fluxograma simplificado do processo de produção em uma indústria
siderúrgica integrada a coque, com as participações dos consumos de energia e água, e das
emissões, por etapa do processo ............................................................................................. 178
Figura 6. 32 - Distribuição dos segmentos de árvores plantadas no Brasil ............................ 180
Figura 6. 33 - Evolução da produção e UCI da indústria brasileiras de papel e celulose no
período de 2003 a 2018 .......................................................................................................... 182
Figura 6. 34 - Distribuição percentual dos tipos de papel produzidos no Brasil em 2018 ..... 183
Figura 6. 35 - Evolução do consumo dos principais energéticos utilizados na indústria de
papel e celulose no período de 1970 a 2017 ........................................................................... 184
Figura 6. 36 - Distribuição do consumo final de energia, em %, entre os energéticos utilizados
na indústria de papel e celulose brasileira em 2017 ............................................................... 184
Figura 6. 37 - Evolução do consumo energético específico e do consumo específico de
eletricidade na indústria de papel e celulose brasileira no período de 1988 a 2018 ............... 185
Figura 6. 38 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia
entre as atividades da indústria de produtos florestais dos EUA ............................................ 186
Figura 6. 39 - Evolução das emissões de CO2e oriundas da produção de papel e celulose no
Brasil, entre 2000 e 2017 ........................................................................................................ 194
Figura 6. 40 - Fluxograma simplificado do processo de produção em uma indústria de papel e
celulose integrada, com as participações dos consumos de energia e água, e das emissões, por
etapa do processo .................................................................................................................... 196
Figura 6. 41 - Evolução da UCI e dos investimentos em grande parte da indústria química
brasileira, de 2003 a 2018 ....................................................................................................... 198
Figura 6. 42 - Evolução da UCI em segmentos energo-intensivos da fabricação de produtos
químicos de uso industrial no Brasil, de 2003 a 2017 ............................................................ 199
Figura 6. 43 - Evolução do faturamento líquido, exportação e importação da indústria química
brasileira, de 1990 a 2018 ....................................................................................................... 200
Figura 6. 44 - Evolução do consumo total de energia e do consumo de energia elétrica na
indústria química brasileira no período de 1970 a 2017 ......................................................... 201
Figura 6. 45 - Evolução do consumo das principais das fontes de energia da indústria química
brasileira no período de 1970 a 2017...................................................................................... 201
Figura 6. 46 - Distribuição percentual das diversas fontes no consumo final de energia da
indústria química brasileira em 2017...................................................................................... 201
Figura 6. 47 - Evolução, de 2006 a 2017, do consumo específico e da geração interna
específica de energia elétrica das empresas associadas à Abiquim que participam do Programa
Atuação Responsável .............................................................................................................. 202
Figura 6. 48 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia
entre os processos da indústria química dos EUA .................................................................. 203
Figura 6. 49 - Evolução da captação de água, e dos efluentes lançados pela indústria química
brasileira, de 2006 a 2017 ....................................................................................................... 207
Figura 6. 50 - Evolução do consumo específico de água e do lançamento de efluentes pela
Braskem em 2002 e no período de 2014 a 2018..................................................................... 207
Figura 6. 51 - Evolução, de 2000 a 2017, das emissões de CO2e dos processos industriais e do
consumo de energia da indústria química no Brasil ............................................................... 208
Figura 6. 52 - Emissões específicas de GEE da Braskem em 2008 e no período de 2014 a
2018 ........................................................................................................................................ 209
Figura 6. 53 - Ranking da participação dos processos e produtos químicos nas emissões de
CO2e das indústrias químicas no mundo em 2017 ................................................................. 209
Figura 6. 54 - Evolução da geração de resíduos na indústria química brasileira, de 2006 a
2017 ........................................................................................................................................ 210
Figura 6. 55 - Principais rotas de reciclagem de plásticos...................................................... 210
Figura 6. 56 - Evolução das produções de clinquer e de cimento no Brasil, entre 2003 e 2017
................................................................................................................................................ 215
Figura 6. 57 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo dos principais energéticos utilizados na
indústria de cimento no Brasil ................................................................................................ 216
Figura 6. 58 - Distribuição percentual das diversas fontes no consumo final de energia da
indústria de cimento no Brasil em 2017 ................................................................................. 216
Figura 6. 59 - Evolução do consumo energético específico total e do consumo específico de
energia elétrica da indústria de cimento brasileira no período de 1970 a 2017 ...................... 217
Figura 6. 60 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia
entre os processos da indústria de cimento dos EUA ............................................................. 217
Figura 6. 61 - Emissões de CO2e nos processos industriais e no consumo de energia na
produção de cimento no Brasil, de 2000 a 2017 .................................................................... 219
Figura 6. 62 - Fluxograma simplificado do processo de produção de cimento Portland, via
seca, com as participações dos consumos de energia e das emissões, por etapa do processo 221
Lista de Tabelas Tabela 2. 1 - Critérios adotados no levantamento de dados e sua análise na tese .................... 36
Tabela 2. 2 - Objetivos e limitações dos indicadores técnicos e econômicos utilizados na tese
.................................................................................................................................................. 37
Tabela 3. 1 - Distribuição dos produtos na receita do comércio mundial em 2017 ................. 43
Tabela 3. 2 - Distribuição dos tipos de produtos não agrícolas exportados pelo Brasil em 2017
.................................................................................................................................................. 44
Tabela 3. 3 - Distribuição percentual dos grupos de mercadorias exportadas e importadas pelo
Brasil em 2016 .......................................................................................................................... 45
Tabela 3. 4 - Influências internas e externas sobre a produtividade das empresas .................. 45
Tabela 3. 5 - Valor adicionado, em 103 R$ e em participação percentual, dos segmentos
industriais analisados neste trabalho no VA da indústria de transformação brasileira em 2016
.................................................................................................................................................. 46
Tabela 3. 6 - Território, população, PIB e participação da indústria no PIB em alguns países
industrializados e nos BRICS ................................................................................................... 48
Tabela 3. 7 - Participação de países selecionados (industrializados e BRICS) no comércio
mundial em 2017 ...................................................................................................................... 48
Tabela 3. 8 - Consumo final de energia, participação da indústria e taxa média de crescimento
do consumo energético industrial no período de 1971 a 2017 ................................................. 54
Tabela 3. 9 - Projeções do crescimento do PIB, Brasil e BRICS, em % .................................. 55
Tabela 3. 10 - Previsão de crescimento anual médio, em %, da atividade econômica por região
para os países selecionados e por segmento da indústria no período de 2012 a 2040 .............. 55
Tabela 3. 11 - Distribuição percentual do consumo de água por setores no mundo em 1999,
2003 e 2010 .............................................................................................................................. 57
Tabela 3. 12 - Indicadores de consumo de energia de países selecionados (industrializados e
BRICS) e participação na emissão global de CO2 em 2016 ..................................................... 59
Tabela 3. 13 - Barreiras encontradas na realização de programas de eficiência energética nos
países em desenvolvimento ...................................................................................................... 62
Tabela 3. 14 - Propostas para reduzir as emissões e melhorar a eficiência energética no setor
industrial ................................................................................................................................... 63
Tabela 3. 15 - Benefícios da gestão da energia na indústria com base na eficiência energética
.................................................................................................................................................. 64
Tabela 4. 1 - Metas do Plansab para melhorias no abastecimento de água e tratamento do
esgoto no Brasil ........................................................................................................................ 73
Tabela 5. 1 - Benefícios associados com o aumento da eficiência energética na indústria ...... 83
Tabela 5. 2 - Exemplos de indicadores de desempenho empresarial e de desempenho
energético.................................................................................................................................. 85
Tabela 5. 3 - Intensidade energética da indústria dos países selecionados (industrializados e
BRICS) no período de 2012 a 2018.......................................................................................... 88
Tabela 5. 4 - Indicadores de desempenho energético e de existência de políticas de fomento à
eficiência energética na indústria nos países selecionados, em 2018 ....................................... 89
Tabela 5. 5 - Exemplos de sistemas operacionais em uma unidade de utilidades na indústria 90
Tabela 5. 6 - Áreas de atuação das empresas associadas à ABESCO ...................................... 97
Tabela 5. 7 - Estimativa da utilização e perdas de energia na indústria ................................... 98
Tabela 5. 8 - Exemplo de critérios adotados na avaliação de investimentos em eficiência
energética na indústria ............................................................................................................ 107
Tabela 5. 9 - Aplicações e usos da água na indústria ............................................................. 111
Tabela 5. 10 - Consumo de água nos segmentos industriais selecionados neste trabalho ..... 115
Tabela 5. 11 - Distribuição percentual do consumo de água por atividade nos segmentos
industriais selecionados neste trabalho ................................................................................... 116
Tabela 5. 12 - Exemplos de indicadores de desempenho e de programas de melhorias na
utilização da água em empresas e segmentos industriais no Brasil ........................................ 117
Tabela 5. 13 - Exemplos de indicadores de desempenho e programas de gestão de resíduos
nos segmentos industriais analisados neste trabalho .............................................................. 125
Tabela 5. 14 - Distribuição percentual dos homens-hora entre os serviços de manutenção
executados no Brasil ............................................................................................................... 131
Tabela 5. 15 - Indicadores de desempenho da manutenção para segmentos industriais
selecionados no Brasil em 2017 ............................................................................................. 132
Tabela 5. 16 - Distribuição percentual dos serviços de manutenção e participação do custo
total de manutenção no faturamento bruto de segmentos industriais selecionados no Brasil em
2017 ........................................................................................................................................ 132
Tabela 5. 17 - Indicadores de desempenho de manutenção industrial e benchmarks
correspondentes ...................................................................................................................... 133
Tabela 5. 18 - Potencial de melhorias na manutenção para os segmentos industriais
selecionados no Brasil ............................................................................................................ 134
Tabela 5. 19 - Políticas de manutenção: vantagens e desvantagens ....................................... 136
Tabela 6. 1 - Preços médios da geração de energia elétrica contratada nos leilões de novos
empreendimentos (2014-2017) ............................................................................................... 145
Tabela 6. 2 - Distribuição percentual da energia elétrica utilizada em força motriz por tipo de
equipamento/processo na indústria como um todo e em alguns de seus segmentos .............. 145
Tabela 6. 3 - Estimativas das distribuições percentuais, por usos finais, dos consumos de
energia elétrica nos segmentos industriais analisados neste trabalho..................................... 146
Tabela 6. 4 - Projeções do consumo energético específico, em GJ/t, dos segmentos industriais
analisados neste trabalho ........................................................................................................ 147
Tabela 6. 5 - Exemplos de recomendações de melhorias propostas pelo IACs nos diagnósticos
energéticos realizados em indústrias nos EUA com as correspondentes economias, custos e
paybacks médios ..................................................................................................................... 152
Tabela 6. 6 - Evolução, de 2015 a 2017, da produção brasileira de minério de ferro bruto e
comercializado, seu teor médio de ferro e valor unitário de comercialização ....................... 155
Tabela 6. 7 - Produção e exportação dos maiores produtores mundiais de minério de ferro em
2017 ........................................................................................................................................ 157
Tabela 6. 8 - Participação, em %, dos tipos de fornos de refino na produção de aço bruto nos
anos de 2016 e 2017 ............................................................................................................... 161
Tabela 6. 9 - Distribuição percentual do consumo de energia e percentual de perdas de energia
dos vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria siderúrgica americana 168
Tabela 6. 10 - Consumos energéticos específicos, em GJ/t aço, por rota tecnológica e por
etapa do processo produtivo da indústria siderúrgica, utilizando as melhores tecnologias
disponíveis no mercado .......................................................................................................... 169
Tabela 6. 11 - Composição química, PCS e PCI do gás de coqueria e do gás de alto-forno . 174
Tabela 6. 12 - Seleção de tecnologias de uso comercial na indústria siderúrgica com potencial
de economia no consumo de energia e redução nas emissões ................................................ 175
Tabela 6. 13 - Estimativas de reduções no consumo de energia e na emissão de CO2 por
tonelada correspondente de produto adotando algumas tecnologias inovadoras comerciais na
indústria siderúrgica ............................................................................................................... 177
Tabela 6. 14 - Tecnologias inovadoras aplicadas em algumas usinas siderúrgicas para
diminuir emissões e melhor aproveitar resíduos .................................................................... 179
Tabela 6. 15 - Distribuição percentual do consumo e percentual de perdas de energia dos
vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria de produtos florestais
americana ................................................................................................................................ 186
Tabela 6. 16 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt , por tipo de matéria prima e
por processo de fabricação, utilizando as melhores tecnologias disponíveis comercialmente
para produtores de celulose de mercado ................................................................................. 188
Tabela 6. 17 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt, por tipo de produto, utilizando
as melhores tecnologias disponíveis comercialmente para fabricantes de papel a partir de
celulose de mercado................................................................................................................ 188
Tabela 6. 18 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt, por tipo de produto e processo,
utilizando as melhores tecnologias disponíveis comercialmente para fábricas integradas de
papel e celulose que utilizam madeira como matéria prima ................................................... 189
Tabela 6. 19 - Consumos específicos de água e balanço hídrico na indústria de celulose ..... 192
Tabela 6. 20 - Algumas medidas adotadas por empresas de papel e celulose no Brasil para
melhorar sua gestão hídrica .................................................................................................... 193
Tabela 6. 21 - Seleção de tecnologias de uso comercial na indústria de papel e celulose com
potencial de economia no consumo de energia e redução nas emissões ................................ 195
Tabela 6. 22 - Informações gerais sobre a indústria química brasileira ................................. 197
Tabela 6. 23 - Distribuição percentual do consumo e percentual de perdas de energia dos
vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria química americana ........... 204
Tabela 6. 24 - Consumos energéticos específicos de BATs para a produção de eteno e de
amônia a partir de diversas matérias primas ........................................................................... 205
Tabela 6. 25 - Consumos energéticos específicos na produção de amônia e de produtos
químicos de alto valor agregado (HVCs) em países industrializados, em países em
desenvolvimento, de BATs e de BPTs ................................................................................... 205
Tabela 6. 26 - Consumos energéticos específicos de BATs para a produção de amônia a partir
de diversas matérias primas, em GJ/ t NH3 ............................................................................ 205
Tabela 6. 27 - Estimativa do potencial técnico de conservação de energia de alguns produtos
da indústria química brasileira ................................................................................................ 206
Tabela 6. 28 - Inovações tecnológicas nas novas plantas produtoras de eteno no mundo ..... 211
Tabela 6. 29 - Inovações tecnológicas e potenciais técnicos de melhorias nas plantas de eteno,
conforme as licenciadoras de tecnologia selecionadas ........................................................... 212
Tabela 6. 30 – Ações transversais que visam minimizar a geração de resíduos em processos
químicos ................................................................................................................................. 213
Tabela 6. 31 - Estimativa da distribuição do consumo de energia nas máquinas e
equipamentos nos processos de produção na indústria de cimento ........................................ 218
Tabela 7. 1 - Síntese dos valores dos indicadores utilizados para avaliar o desempenho dos
segmentos industriais brasileiros analisados neste trabalho ................................................... 225
Tabela 7. 2 - Estimativas qualitativas dos benefícios transversais que podem ser obtidos no
setor industrial com a implantação de ações visando reduzir o consumo de energia, água e
emissões .................................................................................................................................. 226
Tabela A. 1 - Balanço de água em uma usina siderúrgica integrada a coque ........................ 256
Tabela A. 2 - Volume específico de água consumida por rota de produção do segmento
siderúrgico em 2012 ............................................................................................................... 256
Tabela A. 3 - Volume específico de água captada pelo segmento siderúrgico de 2009 a 2011
................................................................................................................................................ 256
Tabela A. 4 - Volume específico de água doce captada por rota de produção do segmento
siderúrgico de 2009 a 2011 ..................................................................................................... 257
Tabela A. 5 - Volume específico de efluente água doce descartado pelo segmento siderúrgico
de 2010 a 2013 ........................................................................................................................ 257
Tabela A. 6 - Volume específico de efluente água doce descartado pelo segmento siderúrgico
de 2010 a 2013 ........................................................................................................................ 257
Lista de Abreviaturas e Siglas
ABESCO - Associação Brasileira das Empresas de Conservação de Energia
ABIQUIM - Associação Brasileira da Indústria Química
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRAMAN - Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de Ativos
ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
BAE - Biblioteca de Engenharia da Unicamp
BATs - Best Available Technologies
BCB - Banco Central do Brasil
BEN - Balanço Energético Nacional
BRACELPA - Associação Brasileira de Celulose e Papel
BRICS - Grupo formado pelo Brasil, China, Rússia e África do Sul
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CE - Consumo específico
CICE - Comissão Interna de Conservação de Energia
CHP - Combined Heat and Power
CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CNI - Confederação Nacional das Indústrias
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
EE - Eficiência Energética
EIA - U.S. Energy Information Administration
EnMS - Energy Management Systems
ENAIQ - Encontro Anual da Indústria Química
EPA - U.S. Environmental Protection Agency
EPE - Empresa de Pesquisa Energética
ESCO - Energy Service Companies
ETA - Estação de Tratamento de Água
ETE - Estação de Tratamento de Efluentes
EU - European Union
FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations
FEM - Faculdade de Engenharia Mecânica
GAF - Gás de Alto Forno
GEE - Gases de Efeito Estufa
GHG - Greenhouse-gas
GWP - Global Warming Potential
HVAC - Heating, Ventilation and Air Conditioning
IAC - Industrial Assessment Centers
IAF - International Accreditation Forum
IAM - Integrated Assessment Models
IBA - Indústria Brasileira de Árvores
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICCA - International Council of Chemical Associations
IEA - International Energy Agency
INDC - Intended Nationally Determined Contribution
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change
IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
ISO - International Organization for Standardization
KPI - Key Performance Indicators
MCTIC - Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações
MMA - Ministério do Meio Ambiente
MME - Ministério de Minas e Energia
M&V - Medição e Verificação
NPS - New Policies Scenario
NR-10 - Norma regulamentadora Nº 10 - Segurança em instalações e serviços em
eletricidade
NR-13 - Norma regulamentadora Nº 13 - Caldeiras, Vasos de Pressão,
Tubulações e Tanques Metálicos de Armazenamento
SDS - Sustainable Development Scenario
NIPE - Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético
OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
OECD - Organization for Economic Co-operation and Development
OEE - Eficiência Global do Equipamento
OMC - Organização Mundial do Comércio
O&M - Operação e Manutenção
ONU - Organização das Nações Unidas
PAR - Plano de Aplicação de Recursos (PROCEL)
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
PDE - Plano Decenal de Energia
PIA - Pesquisa Industrial Anual
PIB - Produto Interno Bruto
PMEs - Pequenas e Médias Empresas
PNE - Plano Nacional de Energia
PNEf - Plano Nacional de Eficiência Energética
PNSB - Pesquisa Nacional Saneamento Básico
PROCEL - Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
RCM - Reliability-centred Maintenance
PNRS - Política Nacional de Resíduos Sólidos
ROI - Receita Operacional Líquida
RP - Rentabilidade do patrimônio
SDS - Sustainable Development Scenario
SEEG - Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito
Estufa
SGEn - Sistemas de Gestão da Energia
SNIC - Sindicato Nacional das Indústrias de Cimento
SIRENE - Sistema de Registro Nacional de Emissões
TCAC - Taxa de Crescimento Anual Composta
tep - Tonelada equivalente de petróleo
toe - Tons of oil equivalent
TPM - Total Productive Maintenance
UCI - Utilização da Capacidade Instalada
UN - United Nations
UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change
UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNIDO - United Nations Industrial Development Organization
DOE - U.S. Department of Energy
VA - Valor Adicionado
VAs - Voluntary Agreements
WB - World Bank
WEF - World Economic Forum
WTO - World Trade Organization
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 29
1.1 Justificativa e objetivos ................................................................................. 31
1.2 Escopo do trabalho ........................................................................................ 32
2 METODOLOGIA ............................................................................................ 34
3 COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO DA INDÚSTRIA NACIONAL .. 38
4 POLÍTICAS E PROGRAMAS INTEGRADOS ............................................. 66
4.1 Energia........................................................................................................... 68
4.2 Água .............................................................................................................. 71
4.3 Emissões de GEE e reciclagem ..................................................................... 75
4.3 Operação e Manutenção (O&M) ................................................................... 78
4.4 Conclusões parciais ....................................................................................... 79
5 SISTEMAS DE GESTÃO NA INDÚSTRIA .................................................. 81
5.1 Gestão da energia .......................................................................................... 83
5.1.1 Ranking de eficiência energética da indústria em países selecionados ..... 86
5.1.2 Gestão da energia na área de utilidades de uma empresa industrial .......... 90
5.1.3 Edificações industriais ............................................................................... 91
5.1.4 A norma ISO 50.001 de sistemas de gestão da energia ............................. 92
5.1.5 As empresas de serviços energéticos ......................................................... 96
5.1.6 Integração Energética ................................................................................. 97
5.1.7 Geração distribuída de energia elétrica ...................................................... 99
5.1.8 Instrumentação, automação e softwares para diagnósticos energéticos .. 100
5.1.9 Indústria 4.0 e a gestão da energia ........................................................... 101
5.1.10 Investimentos em ganhos de eficiência energética ................................ 103
5.1.11 Inovações tecnológicas ........................................................................... 107
5.2 Gestão da Água na indústria ....................................................................... 110
5.3 Gestão das emissões e da reciclagem na indústria ...................................... 119
5.4 Gestão da operação e manutenção .............................................................. 126
5.5 Conclusões parciais ..................................................................................... 137
6 SEGMENTOS ENERGO-INTENSIVOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA 139
6.1 Competitividade .......................................................................................... 139
6.2 Energia......................................................................................................... 142
6.3 Água ............................................................................................................ 148
6.4 Emissões e resíduos ..................................................................................... 150
6.5 Cálculo do potencial técnico de conservação de energia e do payback de
projetos .............................................................................................................. 151
6.6 Ferro gusa e aço ........................................................................................... 154
6.6.1 Energia...................................................................................................... 162
6.6.2 Água ......................................................................................................... 170
6.6.3 Emissões e resíduos .................................................................................. 171
6.6.4 Inovações tecnológicas que propiciam economia de energia, redução de
emissões e aproveitamento de resíduos............................................................. 174
6.7 Papel e celulose ........................................................................................... 180
6.7.1 Energia...................................................................................................... 183
6.7.2 Água ......................................................................................................... 192
6.7.3 Emissões e resíduos .................................................................................. 193
6.7.4 Inovações tecnológicas ............................................................................. 195
6.8 Indústria química ......................................................................................... 197
6.8.1 Energia...................................................................................................... 200
6.8.2 Água ......................................................................................................... 207
6.8.3 Emissões e resíduos .................................................................................. 208
6.8.4 Inovações tecnológicas ............................................................................. 211
6.9 Cimento ....................................................................................................... 214
6.9.1 Energia...................................................................................................... 215
6.9.2 Água e emissões ....................................................................................... 218
6.9.3 Tecnologias que possibilitam economias de energia e redução de emissões
de gases que causam o efeito estufa .................................................................. 219
6.10 Conclusões parciais ................................................................................... 221
7 RESULTADOS FINAIS ................................................................................ 223
8 CONCLUSÕES .............................................................................................. 227
8.1 Sugestões para trabalhos futuros ................................................................. 230
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 231
ANEXO A – Consumo específico de água no segmento siderúrgico brasileiro256
29 1 INTRODUÇÃO
As características do nível de industrialização e produtividade, a qualidade de vida e o
padrão de consumo de energia são indicadores do desenvolvimento econômico e social de um
país. Entre os setores da economia que mais consomem energia destaca-se a indústria.
Segundo o Banco Mundial (World Bank, 2018), o Brasil ficou em 2017 na oitava
posição no ranking global das duzentas economias avaliadas. Neste mesmo ano, o setor
industrial brasileiro foi responsável por 17% do produto interno bruto (PIB) nacional e por
aproximadamente 33,3% da energia primária consumida no país, conforme publicado no
Balanço Energético Nacional (BEN) de 2018 pela Empresa de Pesquisa Energética do
Ministério de Minas e Energia (EPE/MME, 2018a).
A participação do Brasil no comércio internacional em 2017 correspondeu a
aproximadamente 1,2% das exportações e 0,9% das importações globais. Os produtos
exportados, normalmente formados por commodities agrícolas e minerais que possuem os
preços estabelecidos internacionalmente, corresponderam em 2016 a 59,2% da balança
comercial do Brasil. Neste mesmo ano, as exportações e importações do grupo dos produtos
manufaturados corresponderam a 37,9 % e 77,1%, respectivamente. No período de 2015 a
2017 o comércio exterior brasileiro contribuiu com aproximadamente 12% do PIB nacional
(World Trade Organization, 2018a; ibid, 2018b).
O Brasil está posicionado na 80a posição no ranking de competitividade entre as 137
economias dos países avaliados pelo World Economic Forum (WEF) no período 2017-2018
(WEF, 2017).
O desempenho econômico da indústria de transformação brasileira nos últimos anos
apresentou um quadro de adversidades em virtude da recessão que o país está enfrentando.
A disponibilidade e o uso final eficiente das fontes de energia e água nos segmentos
industriais são fundamentais para a competitividade e contribuem para o aumento do valor
agregado do setor industrial no PIB brasileiro. O crescimento da produtividade industrial
demanda, entre outros aspectos, políticas públicas que influenciem o uso eficiente das
matérias primas, energia e água nos processos de produção, bem como uma visão empresarial
estratégica que contemple os investimentos na sustentabilidade e que promova a redução nas
emissões de poluentes e de gases que produzem o efeito estufa.
30
Nos períodos de crise energética e hídrica as deficiências sistêmicas na infraestrutura
dos sistemas de geração e transmissão de energia, juntamente com a redução do volume dos
reservatórios e as perdas de água nas redes de distribuição são percebidas pela sociedade.
Normalmente, as ações dos governos no curto prazo envolvem a formação de um comitê para
gestão da crise, o racionamento, elevação das tarifas e aplicação de multas, e a promessa da
realização de investimentos para corrigir as deficiências. Do outro lado, os empresários
também formam um grupo de trabalho multidisciplinar para gerir e implantar medidas
visando corrigir as perdas e eliminar os desperdícios de energia e água, como também
solicitam a redução do preço das tarifas de energia e a manutenção das outorgas para a
captação de água (rios, poços, ente outros), somados à criação de subsídios e linhas de crédito
para investimentos em melhorias tecnológicas.
Portanto, os ganhos na produtividade industrial poderão ser decorrentes da capacidade
de uma organização para implantar melhores práticas e inovações tecnológicas na produção
de bens e serviços, visando produzir com menor custo, reduzir o consumo específico de
materiais, energia e água, emissões e a geração de resíduos, e elevar os padrões de
desempenho da produção com menor impacto e maior preservação ambiental.
Diante do exposto, esta tese recorre a conhecimentos e ferramentas utilizadas pelas
áreas de engenharia, ciências naturais (ambientais) e economia empregada nas análises do
planejamento energético.
Embora as metodologias desenvolvidas nesta tese tenham tido uma influência direta da
formação multidisciplinar, capacitação e o desenvolvimento de novas competências
adquiridas no curso de pós-graduação em planejamento de sistemas energéticos da
FEM/Unicamp, também tiveram um peso significativo neste trabalho de pesquisa as
experiências pessoais obtidas na participação no Projeto Eficind (Estudo de prospecção de
potencial para a eficiência energética) 1 e os conhecimentos profissionais acumulados em uma
longa carreira do autor como engenheiro na indústria. A conjunção destes três fatores foi
muito importante para que as conclusões e as recomendações apresentadas possam contribuir
para o avanço do conhecimento nesta área, e também serem viáveis para aplicação na
indústria. Este trabalho é uma ampla extensão da pesquisa realizada pelo autor em sua
1 Financiado pela FINEP e executado no período de 2012 a 2015. O projeto foi coordenado pelo Núcleo
Interdisciplinar de Planejamento Energético (NIPE) da Unicamp, em conjunto com outras cinco universidades (PUCRS, UNIFEI, UNB, UFPE e UFAM), representando cada região do país. No projeto se avaliou o desempenho energético de alguns segmentos industriais energo-intensivos e de alguns segmentos do setor de serviços no país.
31 dissertação de mestrado em planejamento de sistemas energéticos na FEM/Unicamp, na qual
analisou o segmento industrial dos insumos básicos petroquímicos.
1.1 Justificativa e objetivos
A utilização final dos recursos energéticos e hídricos de forma eficiente na indústria,
além de trazer benefícios econômicos e financeiros para o país, contribui também para reduzir
as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e a geração de resíduos pela indústria brasileira,
bem como pode ajudar a melhorar a competitividade na exportação dos produtos
manufaturados.
Neste contexto, a pesquisa desenvolvida analisou a gestão da energia, água e emissões
do setor industrial brasileiro. O referencial escolhido para refletir o desempenho atual foi
delimitado para quatro importantes segmentos industriais energo-intensivos.
Assim, o objetivo central desta tese é apresentar de forma integrada oportunidades para
melhorar a competitividade da indústria brasileira através da gestão e uso final mais eficiente
das fontes de energia e água. Para tanto, considera-se o potencial técnico; as melhores
tecnologias disponíveis e boas práticas na operação e manutenção que viabilizem reduzir o
consumo específico de energia e água; e as emissões de GEE nos quatro segmentos industriais
energo-intensivos selecionados - siderúrgico, químico, papel & celulose e cimento. Além
disso, busca-se identificar e propor soluções para o aproveitamento energético dos resíduos
descartados por estes segmentos industriais.
As análises e os resultados do trabalho de pesquisa apresentados nesta tese permitem
atualizar, ampliar e aprimorar o entendimento, e indicam oportunidades de melhorias nos
processos de produção em cada segmento analisado da indústria brasileira. Para atingir o
objetivo central desta tese os objetivos específicos são:
i. Quantificar potenciais técnicos de redução no consumo de energia, água e emissões de
GEEs que podem ser obtidos através de boas práticas de gestão na operação e
manutenção (O&M) e aplicações das melhores tecnologias disponíveis, designadas na
literatura técnica como “Best Available Technologies” (BATs);
ii. Apresentar indicadores internacionais de desempenho nos processos de produção que
foram obtidos através de programas de melhoria na eficiência energética (EE), uso e
32
consumo de energia, água e emissões para os segmentos energo-intensivos analisados, e
comparar com os indicadores nacionais dos mesmos segmentos;
iii. Apresentar uma visão integrada da gestão no setor industrial com o sistema de gestão da
energia (SGEn), tendo como referência a norma ISO 50.001, que possa contribuir para a
redução no consumo de energia, água e emissões, incluindo o aproveitamento energético
dos resíduos;
iv. Apresentar propostas de políticas públicas que podem ser adotadas no Brasil para os
segmentos industriais energo-intensivos selecionados visando incentivar investimentos
em eficiência energética, melhorias na gestão e consumo de água, e o aproveitamento
energético dos resíduos industriais.
1.2 Escopo do trabalho
Para alcançar os objetivos propostos, este trabalho contém, além deste capítulo, mais
seis capítulos cujo conteúdo é resumido a seguir.
O Capítulo 2 descreve os métodos que foram adotados para obter as informações que
viabilizaram atingir os objetivos propostos e as limitações encontradas para formar uma base
de dados que embasou as análises e possibilitou gerar as conclusões apresentadas neste
trabalho.
No Capítulo 3 se discorre sobre a competitividade dos produtos manufaturados no
mercado internacional, tendo como referência as crises econômicas, energéticas e/ou hídricas
enfrentadas pelo país e o desempenho da indústria nacional. Destaca-se a necessidade do uso
eficiente da energia e água para o aumento da produtividade, e a redução das emissões para
uma produção mais limpa.
O Capítulo 4 relaciona políticas e programas integrados que visam melhorar a eficiência
energética (EE) e o desempenho na gestão da água e emissões na indústria. São destacadas
boas práticas que foram implantadas em alguns países industrializados que possibilitaram a
melhoria na eficiência energética e a redução nas emissões de GEEs. Com base nessas
experiências internacionais, o capítulo apresenta propostas de políticas públicas e
empresariais que visam melhorias na gestão da energia e água, tratamento de resíduos e
33 controle de emissões no setor industrial brasileiro, sob a perspectiva de uma produção mais
limpa, com baixa intensidade de carbono e menor impacto ambiental.
O Capítulo 5 discorre sobre os sistemas de gestão da energia, água e emissões na
indústria e destaca a importância da O&M industrial para a obtenção de ganhos na eficiência
energética e hídrica como sendo indissociável da melhoria na confiabilidade dos
equipamentos e instalações industriais. Neste capítulo se tecem considerações a respeito: (i)
dos investimentos, benefícios, barreiras e oportunidades de melhorias na eficiência energética
que podem ser obtidas com a certificação das organizações pela norma ISO 50.001; (ii) dos
softwares disponíveis para diagnósticos energéticos; (iii) dos benefícios para a gestão da
produção que podem ser obtidos com as tecnologias associadas com a “Indústria 4.0”; (iv) das
oportunidades de ganhos de eficiência energética via cogeração e geração distribuída de
energia; e (v) do financiamento de projetos de EE.
No Capítulo 6 se analisam, a guisa de estudos de caso, os seguintes segmentos
industriais energo-intensivos: siderúrgico, químico, papel & celulose e cimento. O capítulo
discorre sobre os custos e consumos específicos de energia, água e as emissões destas
indústrias, identifica oportunidades de melhoria que podem ser obtidas com a implantação das
melhores tecnologias e práticas industriais (BATs) e apresenta cálculos de potenciais técnicos
de conservação de energia para estes segmentos.
O Capítulo 7 sintetiza os principais resultados decorrentes deste trabalho, enquanto que
o Capítulo 8 apresenta as suas conclusões e propõe sugestões para futuros trabalhos de
pesquisa a serem desenvolvidos como desdobramentos das questões tratadas nessa tese.
34
2 METODOLOGIA
Durante o desenvolvimento da pesquisa foram consultadas várias fontes para obter as
informações, formar uma base de dados e consolidar as conclusões apresentadas nesta tese.
Inicialmente foi conduzida uma revisão na literatura para avaliar as publicações em livros e
artigos recentes sobre a gestão da energia na indústria com foco na eficiência energética,
água, emissões, geração e aproveitamento de resíduos nos segmentos energo-intensivos
selecionados, com particular atenção para uma visão integrada do uso final desses recursos.
Este trabalho coletou dados sobre volumes de produção física, consumo final de
energia, emissões, custos de insumos energéticos, desempenho e confiabilidade na O&M em
artigos acadêmicos e publicações de domínio público tais como balanços energéticos,
estatísticas setoriais e relatórios públicos de estudos nacionais e internacionais. O objetivo foi
construir uma base de dados que tornasse possível avaliar e comparar o desempenho dos
segmentos industriais selecionados, permitindo fazer uma análise crítica dos seus consumos
de energia, água e emissões, conforme indicado na Figura 2.1 e Figura 2.2.
Em seguida foram consolidados indicadores de produção industrial associados com a
utilização da capacidade instalada, consumo de energia, água e emissões e calculados os
consumos específicos de energia, água e emissões para cada segmento industrial analisado.
Em paralelo, foram identificadas inovações tecnológicas e as melhores práticas de gestão da
energia e de O&M.
Constituiu, também, objeto do levantamento de informações da pesquisa as políticas
públicas adotadas por países industrializados que priorizaram incentivos e investimentos em
eficiência energética para reduzir o custo com energia, aumentar a
produtividade/competitividade nos processos produtivos e mitigar os efeitos das mudanças
climáticas.
No levantamento de dados e informações técnicas e sua análise na tese foram adotados
os critérios indicados na Tabela 2.1. Os objetivos e as limitações dos indicadores técnicos
selecionados para este trabalho são apresentados na Tabela 2.2.
35
Fonte: Elaboração própria
Figura 2. 1 - Estrutura das fases da pesquisa
Fonte: Elaboração própria
Figura 2. 2 - Estrutura das fontes de dados analisados
36
Tabela 2. 1 - Critérios adotados no levantamento de dados e sua análise na tese
CRITÉRIOS
INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS NO LEVANTAMENTO DE DADOS
Instituições públicas e privadas, nacionais, estrangeiras e internacionais, que atuam nas áreas de energia, meio ambiente, economia, indústria e tecnologia (MME/EPE, MME/DNPM, MMA/ANA, MDIC, MCTIC, CNI, ABDI, IBGE-PIA/SCN, BCB, BNDES, OMC, IEA, EIA, EU/UNECE, WBCSD, BM e FMI, US DOE, US EPA, ACEEE, ONU/UNIDO, ISO, entre outras) e associações dos segmentos industriais analisados (IAB, IBA, ABTCP, ABIQUIM, SNIC, WSA, EU/CEPI, EU/CEFIC, ICCA, CSI, entre outras).
PAISES ANALISADOS
Brasil e países selecionados (grupo da OCDE e BRICS) que se destacam na economia, produção industrial, comércio internacional de produtos manufaturados, gestão da energia (eficiência energética) e emissões (GEE).
TIPOS DE DOCUMENTOS CONSULTADOS
Livros, artigos publicados em periódicos classificados pela CAPES, preferencialmente A1 e A2 (Energy / Oxford, Journal of Cleaner Production, Energy Policy, Renewable & Sustainable Energy Reviews, entre outros), estudos e/ou relatórios técnicos / gerenciais, anuários com abordagens qualitativas e quantitativas, patentes e trabalhos apresentados em congressos.
ANO DE PUBLICAÇÃO
Documentos publicados nos últimos cinco anos, ou publicados em qualquer ano em função da relevância da abordagem para os objetivos da pesquisa.
ALCANCE
Nacional ou global
OBJETIVOS DA ANÁLISE
Avaliação do desempenho energético e ambiental (emissões de GEEs e gestão dos resíduos produzidos) dos segmentos industriais energo-intensivos selecionados e proposição de melhorias.
ABORDAGEM UTILIZADA
Gestão da energia (eficiência energética), gestão da água, controle das emissões de GEEs, aproveitamento energético de resíduos industriais, gestão dos ativos (BAT na O&M), inovações tecnológicas, políticas públicas de fomento, e programas integrados de eficiência energética.
CÁLCULOS EFETUADOS
(i) Escolha de indicadores de desempenho compatíveis com os dados coletados; (ii) cálculo dos consumos específicos de energia, água e emissões; (iii) seleção das melhores tecnologias e rotinas operacionais (BATs) nos segmentos industriais analisados; e (iv) estimativas de potenciais técnicos passíveis de obtenção com a aplicação das BATs nestes segmentos industriais no Brasil.
Fonte: Elaboração própria
37
Tabela 2. 2 - Objetivos e limitações dos indicadores técnicos e econômicos utilizados na tese
INDICADORES DESCRIÇÃO OBJETIVO NA
TESE LIMITAÇÕES
CONSUMO ESPECÍFICO DE
ENERGIA
Energia consumida por produção física
(GJ/t)
Avaliar a evolução do consumo de
energia nos segmentos
selecionados e permitir o cálculo do seu potencial
técnico de conservação de
energia
Os dados disponíveis são normalmente disponibilizados em relatórios anuais das associações de produtores. Os relatórios de sustentabilidade das empresas apresentam dados agregados, sem identificar processos e/ou unidades de negócio. Os valores dependem das fronteiras dos volumes de controle adotados, ou seja, dos processos envolvidos.
CONSUMO ESPECÍFICO DE
ÁGUA
Água consumida por Produção física
(m³/t)
Avaliar a evolução do consumo de
água Idem ao item anterior.
EMISSÃO ESPECÍFICA DE
CO2e
Emissão de CO2e por
produção física (t CO2/t)
Avaliar a evolução das emissões de
GEEs
Idem ao item anterior. Para alguns dados não há a indicação da metodologia de cálculo adotada.
BEST
AVAILABLE
TECHNOLOGIES (BATs)
Melhores tecnologias disponíveis
comercialmente e boas práticas adotadas nas
indústrias
Avaliar o potencial técnico de
conservação de energia para os
segmentos selecionados
A comparação de desempenhos é possível para os segmentos industriais para os quais se dispõe de dados de consumo energético específico. No entanto, a tecnologia específica utilizada, a idade das instalações e dos equipamentos, o modelo de gestão, a confiabilidade e a taxa de utilização da capacidade instalada, por exemplo, são diferentes em cada instalação de um segmento industrial.
PAYBACK DOS PROJETOS DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA
Retorno dos investimentos em projetos de
eficiência energética
(anos)
Estimar os prazos de retorno de investimentos
visando ganhos de eficiência energética
Os dados disponíveis em geral envolvem equipamentos da área de Utilidades das empresas.
UTILIZAÇÃO DA
CAPACIDADE INSTALADA
(UCI)
Porcentagem da capacidade
instalada sendo utilizada em um dado momento
por um segmento industrial
Avaliar a evolução da UCI
Estatísticas disponibilizadas pela CNI por grupos de produtos para os segmentos industriais selecionados
Fonte: Elaboração própria
38
3 COMPETITIVIDADE E DESEMPENHO DA INDÚSTRIA NACIONAL
3.1 Competitividade
A pesquisa desenvolvida por Porter (1993) para entender a vantagem competitiva das
nações constatou que a produtividade com que o trabalho e o capital atuam é o principal
determinante no longo prazo para a prosperidade de um país. O comércio internacional e o
investimento estrangeiro podem contribuir para aumentar o nível da produtividade nacional ao
evitar a necessidade de produzir todos os bens e serviços dentro de um país, direcionando os
recursos para desenvolver os segmentos mais competitivos. No entanto, também pode
ameaçar a sobrevivência de outros segmentos industriais que não possam concorrer com os
produtos importados. Assim, a capacidade de exportar produtos manufaturados com maior
produtividade, e importar matérias primas e produtos com menor tecnologia, estimula o
comércio, a rentabilidade e a produtividade de um país industrializado.
A competitividade de um país depende da capacidade de sua indústria de inovar e
melhorar, tendo por base o desenvolvimento de novas tecnologias nos processos de produção
e melhores formas de fazer os produtos. A busca de uma maior competitividade
frequentemente demanda investimentos em habilidades e conhecimentos, assim como em
ativos físicos. Os ganhos de competitividade normalmente são incrementais, ou seja,
dependem mais da acumulação e do aperfeiçoamento de pequenas melhorias ao longo do
tempo do que de um grande avanço tecnológico revolucionário (PORTER, 1999).
Há políticas industriais que provêm incentivos ao desenvolvimento tecnológico pelo
lado da demanda, e políticas de ciência e tecnologia que visam desenvolver a capacitação
tecnológica pelo lado da oferta. Na ausência de um mercado competitivo, os investimentos em
inovação pelas empresas são menores, pois geralmente envolvem incertezas e riscos. As
políticas governamentais de fomento ao desenvolvimento tecnológico devem considerar o
fluxo tecnológico, ou seja, a transferência de tecnologia (investimentos em instalações,
equipamentos, licenciamento de patentes e serviços técnicos especializados), incentivos à
difusão da tecnologia importada em um ou mais segmentos industriais para maximizar a sua
39 aplicação, e as atividades de P&D nacionais que permitam assimilar e melhorar uma
tecnologia e/ou gerar uma tecnologia nacional (KIM, 2005).
Segundo Vazques (1999), o comércio exterior proporciona a abertura do país para o
comércio global e a elevação da produtividade. As exportações também permitem obter
divisas que viabilizam o pagamento das importações necessárias à vida econômica de um
país. O incentivo à exportação de produtos de maior valor agregado é uma das políticas que
viabilizam a melhoria na posição de um país no ranking dos países exportadores. Vazques
destaca as seguintes razões para se exportar:
� Formar reservas via superávit na balança comercial e ampliar a integração comercial
com outros mercados consumidores é um imperativo da política econômica de um
governo;
� Exportar reduz os riscos do negócio porque minimiza as sazonalidades nas vendas
internas;
� Trata-se de uma estratégia de defesa contra alterações imprevistas no mercado interno;
� Permite ganhar prestígio junto aos consumidores, pela capacidade de oferecer
produtos com qualidade e competitividade.
A globalização é uma realidade. A força motriz em um sistema capitalista no longo
prazo é o crescimento econômico e, como resultado, há um aumento na movimentação de
capital, bens e serviços através das fronteiras entre os países. Uma sociedade econômica e
tecnologicamente superior influencia os negócios internacionais. No entanto, com o aumento
da competição e das diferenças nas margens de lucro entre os países industrializados e os em
desenvolvimento, há a formação de alianças ou blocos comerciais visando equilibrar as
negociações entre os governos e minimizar, entre outros aspectos, os conflitos associados com
as regulamentações que envolvem as restrições aos fluxos cambiais, e os valores das tarifas de
importação e exportação (DIXON, 2004).
De acordo com o WEF (2012), a globalização, com a expansão da produção industrial e
dos mercados consumidores, aumentou a importância das pesquisas e do desenvolvimento de
inovações tecnológicas. Assim, entre outras tendências, há necessidade de: investimentos em
automação e tecnologias digitais para aperfeiçoar os sistemas de gestão e controle da
produção; desenvolvimento de novos produtos e processos de produção mais limpos;
estabelecimento de políticas visando reduzir o consumo de energia e as emissões de carbono,
para uma produção com menos impacto ambiental; e capacitação de recursos humanos para
40 atender as novas habilidades e competências técnicas e gerenciais requeridas nos processos de
produção.
Segundo Fleury e Fleury et al.(2004) uma das formas de avaliar a eficiência de uma
política industrial é a sua capacidade de induzir ações que promovam o dinamismo setorial
sem a aplicação de dispendiosos recursos. Assim, promover a internacionalização de forma
focalizada pode ser menos oneroso e poderá trazer mais benefícios para o país.
Aumentar a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros no mercado
internacional é um desafio e os avanços têm sido menores do que o potencial do país, em
virtude do tamanho do mercado interno, do sucesso conquistado com a exportação de
commodities e das políticas públicas (tributária, trabalhista e previdenciária) vigentes. Assim,
nas últimas décadas a indústria de transformação nacional perdeu importância no PIB e tem
sido afetada pela pressão competitiva dos produtos importados (VELLOSO et al. , 2013).
Para Bacha e Bolle (2013a), após a década de 1970 os impactos decorrentes dos
períodos de recessão na economia nacional (1981-1983 e 1987-1992) e da crise na economia
mundial como a que ocorreu a partir de 2008 afetaram o desempenho da indústria nacional.
No entanto, também há no mundo uma tendência de redução do peso do setor industrial como
resultado de mudanças nos padrões de consumo, e da elevação da participação do setor de
serviços como decorrência do crescimento econômico. Portanto, a questão relevante para o
país não é a perda de participação do setor industrial no PIB, mas a criação de uma nova
política industrial que permita a integração do país à economia mundial.
Nos períodos das crises globais, como consequência da redução na demanda, há uma
maior oferta de produtos manufaturados no mercado internacional, o que impacta a indústria
nacional. Assim, quando os recursos são limitados é preciso avaliar o que preservar e
estimular na estrutura industrial existente e, devido às incertezas do cenário econômico,
priorizar a execução de políticas que possam dinamizar os segmentos onde o custo para
mantê-los é menor do que os benefícios gerados para a economia como um todo. Além disso,
o Estado brasileiro deve ter capacidade para acompanhar e cobrar o desempenho das empresas
beneficiadas por políticas públicas (BACHA e BOLLE, 2013b).
Em períodos de crise e cenários de crescimento desfavoráveis, a implantação de
melhorias no uso da energia e da água, e de ações para reduzir as emissões e resíduos, torna-
se um diferencial que se soma a outras medidas para reduzir os custos na produção e podem
contribuir para ganhos na competitividade.
41
Segundo o World Bank, o PIB global em 2017 foi de US$ 80.684 bilhões. Naquele
ano, as vinte maiores economias representaram 80% do PIB global. O PIB do Brasil foi de
US$ 2.056 bilhões e correspondeu a aproximadamente 2,5% do PIB mundial, conforme está
indicado na Figura 3.1 (WB, 2018).
Fonte: Elaboração própria com base em WB (2018)
Figura 3. 1 - Classificação global dos 20 maiores economias em 2017
A evolução do valor adicionado (VA) das indústrias na formação do PIB e as taxas de
consumo de energia são importantes indicadores do desenvolvimento econômico e
tecnológico do setor industrial.
Em virtude da intensidade e da duração da recessão interna enfrentada pelo país nos
últimos anos, que afetou principalmente o setor industrial, o PIB apresentou, no período de
2011 a 2017, uma taxa média de crescimento negativa de 0,1% ao ano (vide Figura 3.2); neste
mesmo período, o VA da indústria de transformação2 diminuiu 2,19% ao ano, em média (vide
Figura 3.3). Com a retomada da economia a partir do ano de 2017 as expectativas de mercado
preveem crescimento do PIB e da produção industrial (BCB, 2018b). Portanto, confirmado
esse cenário, o aumento na utilização da capacidade instalada, somado aos investimentos para
ganhos de produtividade e eficiência na indústria poderiam contribuir para manter ou
melhorar a competitividade do país, principalmente no grupo dos países que formam o BRICS
(Brasil, China, Rússia e África do Sul) e outras economias emergentes.
2 Valor adicionado (VA) é o valor que a atividade agregou aos bens e serviços consumidos no seu processo produtivo. É a contribuição ao PIB pelas diversas atividades econômicas. O VA da indústria de transformação é obtido pela diferença entre o valor bruto de produção e o consumo intermediário (insumos) absorvido pelas diversas atividades desta indústria.
19.391
12.238
4.872 3.677 2.622 2.597 2.583 2.056 1.935 1.653 1.578 1.531 1.323 1.311 1.150 1.016 851 826 684 679
24,0%
15,2%
6,0%4,6%
3,3% 3,2% 3,2% 2,5% 2,4% 2,0% 2,0% 1,9% 1,6% 1,6% 1,4% 1,3% 1,1% 1,0% 0,8% 0,8%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
-
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
Par
tici
paç
ão n
o P
IB M
un
dia
l
PIB
201
7 (b
ilhõ
es U
S$)
42
Fonte: Elaboração própria com base em BCB (2018a) e BEN (2018c)
Figura 3. 2 - Evolução do PIB brasileiro no período de 1970 a 2017
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 3. 3 - Evolução do VA da Indústria de transformação brasileira (1971 a 2017)
No ranking da Organização Mundial do Comércio (WTO), em 2017 o Brasil ficou na 19a
posição em exportações e 20a posição em importações entre os vinte principais países líderes
no comércio internacional (Figura 3.4, Figura 3.5).
Naquele ano, 70% da receita das exportações globais foram de produtos manufaturados
(Tabela 3.1), tendo sido de 17% e 3% a participação dos produtos químicos e ferro-gusa / aço,
respectivamente (Figura 3.6).
A Figura 3.7 mostra que o Brasil teve superávit na balança comercial na maior parte dos
anos nas duas últimas décadas. O país destaca-se pela exportação majoritária de commodities
e importação principalmente de produtos manufaturados. A Tabela 3.2 e a Tabela 3.3
apresentam a distribuição dos tipos de mercadorias exportadas em 2017 e importadas e
exportadas em 2016, respectivamente (WTO, 2018a; ibid, 2018b).
567.272
1.297.673
2.610.638
2.915.0703.075.772
2.863.98411,3%
14,0%
5,2%
10,3%9,2%
-4,3%
0,8%
-2,9%
7,9%
-0,1%
3,2%
-4,3%
1,0%
-0,5%
5,3%
2,2%
3,4%
0,3%
4,4%
1,4% 1,1%
5,8%
3,2%
6,1%
-0,1%
7,5%
1,9%
3,0%
-3,5%
1,0%
-10%
-5%
0%
5%
10%
15%
0
500.000
1.000.000
1.500.000
2.000.000
2.500.000
3.000.000
3.500.000
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
Var
iaçã
o d
o P
IB (
%)
PIB
Bra
sil [
106
US$
pp
c (2
010)
]
2011-2017: -0,1% aa
162.037
251.452
391.076
355.010
451.836
449.341 446.675430.260
390.652
487.907
529.328
540.393
450.418
14,3%
18,4%
6,5%
10,8%
2,4%
10,4%
-6,1%
-4,3%
-5,1%
7,1%
8,2%
-1,2%
0,6%
-9,8%
9,6%
-3,9%
3,6%
-4,6%
-1,1%
-1,4%
3,1%
-0,8%
9,9%
1,1%
6,8%
-5,6%
10,2%
-0,8%
2,9%
-8,3%
-0,7%
-15%
-10%
-5%
0%
5%
10%
15%
20%
0
100.000
200.000
300.000
400.000
500.000
600.000
1970 1972 1974 1976 1978 1980 1982 1984 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008 2010 2012 2014 2016
Var
iaçã
o d
o V
A (
%)
VA
Ind
. Tra
nsf
orm
ação
[106
US$
pp
c (2
010)
]
Coques no preço petróleo: 1973 e 1979 Crises na economia (2008: mundial e 2013-2016:
20011-2017: -2,2%
43
Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018a)
Figura 3. 4 - Comércio internacional: 20 principais países exportadores em 2017
Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018a)
Figura 3. 5 - Comércio internacional: 20 principais países importadores em 2017
Tabela 3. 1 - Distribuição dos produtos na receita do comércio mundial em 2017
Exportação de mercadorias por grupo de produtos
US$ bilhões %
Produtos Agrícolas 1733 10%
Combustíveis e produtos de mineração 2630 15%
Manufaturados 12011 70%
Outros 824 5%
Total 17198 100% Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018a)
2409
1842
1167
672 644 625 590 574478 453 447 432
328 268 259 234 223 212 195 157
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
Imp
ort
ação
(b
ilhõ
es
US$
)
44
Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018a)
Figura 3. 6 - Distribuição percentual dos produtos industriais no comércio internacional em 2017
Fonte: Elaboração própria com base em MICES (2018)
Figura 3. 7 - Evolução da balança comercial do Brasil no período de 1999 a 2017
Tabela 3. 2 - Distribuição dos tipos de produtos não agrícolas exportados pelo Brasil em 2017
Principais produtos não agrícolas exportados pelo Brasil (2017)
Exportação (milhões US$)
Participação nas Exportações
Minérios de ferro e concentrados 19.199 8,8%
Petróleo 16.625 7,6%
Automóveis 6.670 3,1%
Polpa celulósica, soda / sulfato 5.924 2,7%
Aeronaves 3.635 1,7%
Total 52.053 23,9% Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018b)
1,811,4
22,030,1
40,9 41,4 36,4
22,4 22,914,7
25,916,7 13,3
43,2
62,0
43,3
184,0
233,8
169,3
200,1
44,7
126,1138,2
-50
0
50
100
150
200
250
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Co
mé
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S$ F
OB
SALDO NA BALANÇACOMERCIAL
EXPORTAÇÃO
IMPORTAÇÃO
45
Tabela 3. 3 - Distribuição percentual dos grupos de mercadorias exportadas e importadas pelo Brasil em 2016
Comércio mundial do Brasil por grupo de mercadorias
Participação nas exportações
Participação nas importações
Produtos agrícolas 41,5% 8,7% Manufaturados 37,9% 77,1% Combustíveis e minerais 17,7% 14,1% Outros 2,9% 0,1% Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018b)
O Brasil no período 2012 a 2017 apresentou uma queda de 32 posições no ranking de
competitividade 3 entre os países avaliados pelo Fórum Econômico Mundial (WEF). Entre as
causas que provocaram esta deterioração e o pior desempenho do país neste ranking nos
últimos anos, destacam-se a crise interna na economia e na política, assim como as
deficiências na infraestrutura, entre outros fatores estruturais que afetam a competitividade do
país (FDC, 2016a; ibid, 2016b; WEF, 2017).
Segundo Buckley et al .(2012) a avaliação da competitividade das empresas pode ser
feita considerando os fatores endógenos, como a produtividade e, por outro lado, também os
fatores exógenos à empresa, como a existência de um ambiente propício à realização de
negócios. As condições básicas envolvem, entre outros aspectos, o ambiente
macroeconômico, político, jurídico e social do país. No entanto, há outras influências que
podem afetar a produtividade, como as indicadas na Tabela 3.4.
Tabela 3. 4 - Influências internas e externas sobre a produtividade das empresas
CONDIÇÕES INTERNAS CONDIÇÕES EXTERNAS
Capacidade de gestão do negócio Políticas macroeconômicas e comerciais
Relacionamento e a qualidade do ambiente de trabalho
Capacidade de diálogo eficaz com os representantes setoriais e entidades de classe
Tecnologia e equipamentos Qualidade das cadeias de valor: infraestrutura, desenvolvimento tecnológico, serviços, logística, etc.
Qualificação dos profissionais Ambiente regulatório e jurídico
Acesso a crédito favorável e sua boa utilização Mercado em crescimento
Recursos físicos e naturais: energia, terreno, etc.
Condições ambientais
Fonte: Elaboração própria com base em Buckley et al.(2012)
3 O Fórum Econômico Mundial define competitividade como o conjunto de instituições, políticas e
fatores que determinam o nível de produtividade de um país. A avaliação dos países leva em consideração alguns aspectos, tais como: educação e qualificação, serviços e infraestrutura, corrupção (ética nos negócios), tamanho do mercado e o ambiente econômico, inovação e empreendedorismo, mercado de trabalho, transferências fiscais (regulações, impostos e taxas).
46
A participação do VA da indústria no PIB brasileiro em 2017 foi de 17%. A queda na
participação da indústria foi mais acentuada a partir da década de 1990 com uma taxa média
de 1,72% ao ano, conforme está representado na Figura 3.8. Como consequência, houve uma
menor participação dos produtos manufaturados brasileiro no cenário mundial.
Entre os fatores que contribuíram para a redução no VA da indústria nacional nas
últimas décadas destaca-se: (i) a política cambial que favoreceu a importação de produtos
manufaturados; (ii) as crises na economia mundial; (iii) as deficiências na infraestrutura e o
“custo Brasil” que tornam os produtos nacionais menos competitivos para exportação.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 3. 8 - Evolução da participação percentual da indústria no PIB brasileiro (1970 a 2017)
A Tabela 3.5 mostra que, em 2016, a participação dos segmentos selecionados neste
trabalho no VA da indústria de transformação foi de 16,9%.
Tabela 3. 5 - Valor adicionado, em 103 R$ e em participação percentual, dos segmentos industriais analisados neste trabalho no VA da indústria de transformação brasileira em 2016
INDÚSTRIAS DE TRANSFORMAÇÃO Valor adicionado
VA (10³ R$) Participação
(%)
Fabricação de produtos químicos 61.212.489 9,5%
Fabricação de celulose, papel e produtos de papel 28.610.934 4,4%
Produção de ferro-gusa e siderurgia 15.914.905 2,5%
Fabricação de cimento 3.352.831 0,5%
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2018a).
29%
33% 33%
29% 30%
26%27%
23%20% 21% 20% 19%
17%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Par
tici
paç
ão d
a in
dú
stri
a n
o P
IB
47
Os custos na indústria de transformação brasileira associados com a compra de energia
elétrica mais combustível e com água / esgoto em 2016 foram de R$ 69,8 bilhões (US$ 20.2
bilhões) e R$ 5,5 bilhões (US$ 1.6 bilhões), respectivamente, correspondendo a 2,3% do total
das despesas para energia e 0,2% para água (Figura 3.9). No período de 2007 a 2016, em
valores correntes, a taxa média de evolução anual dos custos com as fontes de energia
(eletricidade e combustíveis) e água / esgoto foi de 6,7% e 17,7%, respectivamente.
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2018b)
Figura 3. 9 - Participação percentual da estrutura dos custos e despesas nas indústrias de transformação do setor industrial brasileiro em 2016
Conforme indicado na Tabela 3.6, em 2017 o bloco dos países que formam o BRICS
representava 23,2% do PIB mundial e 41,7% da população do planeta. No entanto, a
participação relativa da indústria no PIB no Brasil é a menor entre as economias deste bloco
de países em desenvolvimento.
A participação relativa do comércio exterior no PIB do Brasil também é a menor entre
os países indicados na Tabela 3.7. Entre as causas prováveis há o tamanho da economia
nacional com a produção industrial voltada para o consumo interno e, em função da
disponibilidade de recursos naturais (minerais e agrícolas), a priorização e as vantagens
competitivas na exportação de commodities.
40,0%
15,2%
14,0%
9,8%
6,8%
2,9%
2,6%
2,5%
2,3%
2,1%
0,9%
0,6%
0,2%
0,1%
Consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e componentes
Depreciação
Gastos de pessoal
Demais custos e despesas operacionais
Custo das mercadorias adquiridas para revenda
Serviços industriais prestados por terceiros e de manutenção
Despesas não-operacionais
Aluguéis e arrendamentos
Compras de energia elétrica e consumo de combustíveis
Despesas com vendas, inclusive comissões
Consumo de peças, acessórios e pequenas ferramentas
Impostos e taxas
Água e esgoto
Despesas com arrendamento mercantil
48
Tabela 3. 6 - Território, população, PIB e participação da indústria no PIB em alguns países industrializados e nos BRICS
País Território Área (km²)
População em 2018*
PIB (2017) * US$ trilhões
Indústria (%PIB)
África do Sul 1.219.090 55.380.210 0,35 29,7
Alemanha 357.022 80.457.737 3,70 30,7
Brasil 8.515.770 208.846.892 2,06 20,7
Canadá 9.984.670 35.881.659 1,65 28,2
China 9.596.960 1.384.688.986 12,01 40,5
Coreia do Sul 99.720 51.418.097 1,54 39,3
EUA 9.833.517 329.256.465 19,49 19,1
Índia 3.287.263 1.296.834.042 2,60 41
Japão 377.915 126.168.156 4,87 30,1
Rússia 17.098.242 142.122.776 1,58 32,4
Mundo 7.405.107.650 80,27 30
Fonte: Fonte: Elaboração própria com base em CIA (2019)
*Estimativa
Tabela 3. 7 - Participação de países selecionados (industrializados e BRICS) no comércio mundial em 2017
Países
Participação das exportações no
comércio mundial, em %
Participação das importações no
comércio mundial, em %
Participação do comércio exterior no PIB nacional
(2015-2017), em %
EUA 8,7% 13,4% 13,4% União Europeia 15,2% 14,7% 17,1% China 12,8% 10,2% 19,1% Japão 3,9% 3,7% 17,1% Alemanha 8,2% 6,5% 42,7% Índia 1,7% 2,5% 20,5% Brasil 1,2% 0,9% 12,0% Canada 2,4% 2,5% 32,3% Coréia do Sul 3,2% 2,7% 40,7% Rússia 2,0% 1,3% 24,0% África do Sul 0,5% 0,6% 30,0% Fonte: Fonte: Elaboração própria com base em WTO (2018c)
49 3.2 Energia
Segundo Pinto Junior et al.(2007) a importância da oferta e da demanda de energia para o
desempenho do sistema econômico é resultado da interação entre as dimensões indicadas a
seguir:
� Macroeconômica (relação entre energia e PIB para as projeções de oferta e da
demanda de energia no médio e longo prazo, a comercialização do petróleo e o preço
das fontes de energia) e microeconômica (mercado consumidor e custo dos
energéticos, flutuação dos preços internacionais do petróleo e derivados, eletricidade e
gás natural);
� Tecnológica: capacitação tecnológica e industrial, processo de inovações tecnológicas
e o aproveitamento econômico da energia, técnicas e equipamentos de produção, e
programas de eficiência energética;
� Política internacional: relação comercial entre os países produtores e exportadores dos
recursos energéticos, principalmente o controle das reservas de petróleo e gás natural;
� Ambiental: desenvolvimento sustentável e os impactos ambientais decorrentes da
exploração e do uso das fontes de energia.
Aumentos no preço internacional do petróleo e as crises (políticas, financeiras e
conflitos armados), conforme ilustrado na Figura 3.10, influenciaram os países e favoreceram
os investimentos em P&D (equipamentos e processos industriais mais eficientes), programas
de eficiência energética e o desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Portanto, para
minimizar os impactos decorrentes da elevação dos preços do petróleo e seus derivados, o
planejamento energético pode contribuir para orientar as decisões estratégicas associadas à
gestão da energia pelo governo e no setor industrial, principalmente para os segmentos
industriais energo-intensivos.
A redução das perdas e a eliminação dos desperdícios no uso final das fontes de energia
e água nas indústrias podem ser controladas internamente. Portanto, com a elevação dos
custos desses recursos, conforme ilustrado para as fontes de energia, no Brasil, na Figura 3.11,
o investimento em gestão da energia no setor industrial brasileiro com foco em eficiência na
utilização final da energia e água criará oportunidades para reduzir custos e aumentar a
lucratividade na produção.
50
Fonte: Elaboração própria com base em BP (2018) e OPEC (2018)
Figura 3. 10 - Evolução do preço do barril de petróleo, em US$ de 2017, no período de 1861 a 2018
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 3. 11 - Evolução dos preços das fontes de energia no Brasil (1973 a 2017)
Outra consequência da elevação dos preços dos combustíveis é o aumento nos preços do
transporte das mercadorias, que concorre com as pressões dos governos para reduzir as
emissões de CO2 no setor de transporte. Assim, atualmente há uma tendência na economia
chamada de continentização, que privilegia as relações de comércio e segurança energética
entre os países de um mesmo continente (bloco), visando assegurar seus interesses
econômicos, como ocorre com os países que fazem parte da União Europeia (RIFKIN, 2012).
Os incentivos para os programas de racionalização no consumo de energia e a troca de
equipamentos por outros mais eficientes evoluem em tempos de crise, normalmente devido às
422,8
516,8
170,2
0
100
200
300
400
500
600
700
1973
1975
1977
1979
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
2009
2011
2013
2015
2017
Pre
ços
méd
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corr
ente
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as f
on
tes
de
ener
gia
no
B
rasi
l (U
S$/u
nid
ade
físi
ca)
ÓLEO COMBUSTÍVEL(US$/t)
GÁS NATURALCOMBUSTÍVEL (US$/10³m³)ELETRICIDADE INDUSTRIAL(US$/MWh)
CARVÃO VAPOR (US$/t)
CARVÃO VEGETAL (US$/m³)
Evolução dos preços (2006-2017):- Óleo combustível (US$/t) : 3,43% aa- Gás natural combustível (US$/10³ m³) : 8,72% aa
51 restrições ao acesso. Nas últimas décadas os países que fazem parte da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziram não apenas o consumo de
energia, mais também as emissões de poluentes produzidos pelas indústrias em decorrência da
implantação de melhores práticas e tecnologias, voluntárias e compulsórias, ou pela
transferência de indústrias mais poluentes para outros países, bem como pelo aumento da
participação do setor de serviços na economia. As atividades industriais também contribuem
indiretamente para danos ambientais, por exemplo, na extração de recursos minerais e
produção siderúrgica; armazenamento e geração de produtos potencialmente perigosos, como
os utilizados na indústria química e petroquímica; e após acidentes com grandes impactos
ambientais, como os vazamentos, explosões e contaminações de recursos hídricos
(GOLDEMBERG e LUCON, 2008).
O setor industrial foi responsável por 28,8% do consumo final global de energia em
2016 (IEA, 2018a), e por 21% das emissões diretas (Escopo 1) 4 de GEE em 2010 (IPCC,
2014). A Figura 3.12 apresenta a distribuição global do consumo final de energia e as
emissões de GEE por setor da economia global.
Fonte: Elaboração própria com base em IEA (2018a) e IPCC (2014)
Figura 3. 12 - a) Distribuição do consumo final de energia em 2016 e b) Distribuição das emissões diretas de GEE em 2010 por setor da economia global
As indústrias de metais ferrosos, produtos químicos e petroquímicos, e papel foram
responsáveis por aproximadamente 55% do consumo global de energia do setor. A Figura
4 As emissões diretas de GEEs, também denominadas Escopo 1, são provenientes de fontes que
pertencem ou são controladas pela organização, como, por exemplo, as emissões da combustão em caldeiras e fornos, e veículos da empresa ou por ela controlados.
52 3.13 apresenta a distribuição da participação dos principais segmentos industriais no consumo
final de energia do setor industrial em 2014 (IEA, 2017a).
Fonte: Elaboração própria com base em IEA (2017a)
Figura 3. 13 - Distribuição percentual do uso final da energia por segmentos industriais na indústria mundial em 2014
Existem quatro balizadores de consumos específicos de energia para uma determinada
instalação industrial: o consumo específico médio atual da instalação; o consumo específico
da melhor tecnologia e sistema operacional disponível comercialmente (BAT) para aquele
tipo de instalação; o consumo específico da melhor tecnologia ainda em fase de pesquisa e
desenvolvimento (P&D) para aquele tipo de instalação; e o consumo específico mínimo,
teórico, necessário para aquela instalação industrial satisfazer as leis da Termodinâmica
(Figura 3.14). Este último valor é a meta teórica, inatingível, da qual pretendem se aproximar
os resultados de projetos de P&D. A diferença entre o consumo específico médio atual e o
consumo específico da melhor tecnologia ainda em fase de P&D é o potencial técnico que se
almeja atingir no longo prazo. Já a diferença entre o consumo específico médio atual e o
consumo específico da melhor tecnologia disponível comercialmente é o potencial técnico
passível de se atingir no curto, ou médio prazo.
Define-se o potencial econômico de conservação de energia como a parcela do potencial
técnico de curto prazo, ou médio prazo que já se mostra economicamente viável para uma
determinada instalação.
A avaliação do potencial técnico de conservação de energia dos setores da economia,
preferencialmente, por usos finais, é útil para o planejamento da implantação de programas de
eficiência energética. O potencial técnico que pode ser obtido com a utilização das melhores
práticas disponíveis (BAT) normalmente é acompanhado por uma analise do custo versus o
benefício estimado com a sua implantação. As políticas públicas de fomento à eficiência
21%
20%
14%
14%
10%
9%
7%
5%
Metais ferrosos
Químicos e Petroquímicos
Papel e impressão
Outros subsegmentos
Alimentos
Minerais não metálicos
Máquinas e equipamentos
Metais não ferrosos
53 energética podem ampliar o potencial econômico e facilitar a adoção das melhorias
tecnológicas, conforme ilustrado na Figura 3.14 (BAJAY, 2011; GOLDEMBERG, 2010).
Fonte: Elaboração própria com base em EIA (2018), Bajay (2011) e Goldemberg (2010)
Figura 3. 14 - Níveis de consumo de energia e potenciais de conservação de energia
Usualmente as diretorias das empresas precisam selecionar para implantação uma
parcela dos projetos economicamente viáveis disponíveis, já que, em geral, não há recursos
disponíveis e nem o desejo de implantar todos estes projetos. Com frequência, também,
muitos projetos de conservação de energia economicamente viáveis não são priorizados nesta
seleção. A parcela dos projetos que compõem o potencial econômico de conservação de
energia que tem boas chances de ser selecionado para implantação forma o chamado potencial
de mercado
Avaliações dos potenciais técnicos de conservação de energia dos setores da economia
são úteis para o planejamento da implantação de programas de eficiência energética.
Bajay et al. (2009) calcularam em 2007 os seguintes potenciais técnicos de conservação
de energia para os segmentos industriais energo-intensivos analisados neste trabalho, em
relação ao seu consumo energético total: ferro-gusa e aço – 20%; papel e celulose – 9%;
indústria química – 21%; e cimento – 19%.
Políticas públicas de fomento à eficiência energética podem ampliar o potencial
econômico de conservação de energia e facilitar a adoção de melhorias tecnológicas (BAJAY,
2011; GOLDEMBERG, 2010).
54
Conforme indicado na Tabela 3.8, o consumo industrial de energia dos países
desenvolvidos que fazem parte da OCDE apresentou uma taxa média de redução de 0,42% ao
ano no consumo de energia no período de 1971 a 2017 (MME, 2018). Entre os fatores que
contribuíram para essa redução podem ser destacados os investimentos em inovação visando
o aumento na eficiência dos equipamentos, o aumento no uso de material reciclado nos
processos de transformação de materiais metálicos e uma menor expansão na construção civil
em comparação com os países em desenvolvimento. No Brasil, a partir a década de 1980
houve um aumento na produção e exportação de aço, ferroligas e alumínio, que são indústrias
energo-intensivas. No período analisado na Tabela 3.8, o país apresentou uma taxa média de
crescimento de 3,1% ao ano no consumo industrial de energia. Esse valor é 9,1% maior que a
taxa do grupo formado pelos “outros países”, que tem uma participação da indústria no
consumo total de energia equivalente ao Brasil.
Tabela 3. 8 - Consumo final de energia, participação da indústria e taxa média de crescimento do consumo energético industrial no período de 1971 a 2017
Consumo de energia no setor industrial
Brasil Países da OCDE Outros países Mundo
1973 2017 1973 2017 1973 2017 1973 2017
Consumo de Energia (GJ)
948 3.625 40.181 33.437 23.434 80.517 64.404 117.511
Participação da Indústria
29,8% 33,3% 31,2% 19,7% 33,1% 33,1% 30,6% 26,7%
Taxa média de crescimento
3,1 % ao ano -0,42 % ao ano 2,84 % ao ano 1,38 % ao ano
Fonte: Elaboração própria com base em MME (2018)
A intensidade do consumo de energia na indústria varia entre os continentes e países em
função de suas atividades econômicas, desenvolvimento tecnológico e dos hábitos de
consumo. Segundo a IEA (2016), o consumo de energia na indústria no mundo deve crescer
em média 1,2% por ano no período de 2012 a 2040. Neste mesmo período, o consumo de
energia dos países não membros da OCDE e da OCDE deverá crescer, respectivamente, a
uma média de 1,5% ao ano e 0,5% ao ano.
As projeções de crescimento da economia nacional pelo Banco Mundial indicadas na
Tabela 3.9 para o período de 2018 a 2021, quando comparadas aos países que fazem parte dos
BRICS, revelam uma defasagem crônica do Brasil em relação a China e a Índia. Somado aos
problemas internos, caso ocorra uma crise no comércio mundial causada pela disputa
comercial entre EUA e China, a retomada do crescimento da economia do país ficará
55 comprometida. Como resultado das incertezas, as pesquisas recentes que avaliam a percepção
do mercado interno5 publicadas pelo Banco Central do Brasil revelam para 2019 uma
deterioração maior nas previsões de crescimento do PIB (0,81%) e do aumento da produção
industrial (0,65%).
Tabela 3. 9 - Projeções do crescimento do PIB, Brasil e BRICS, em %
PIB 2018* 2019 2020 2021 Média
Rússia 1,6 1,5 1,8 1,8 1,7
China 6,5 6,2 6,2 6,0 6,2
Índia 7,3 7,5 7,5 7,5 7,5
África do Sul 0,9 1,3 1,7 1,8 1,4
Brasil 1,2 2,2 2,4 2,4 2,1 Fonte: Elaboração própria com base em WB (2019)
*Estimativa
A Tabela 3.10 indica, para a maioria dos países relacionados na Tabela, um crescimento
projetado da atividade econômica maior para as indústrias dos segmentos não intensivos de
energia, revelando, no longo prazo, uma tendência para uma economia menos dependente de
recursos naturais - agrícolas e minerais. O Brasil é uma das exceções a esta tendência.
Tabela 3. 10 - Previsão de crescimento anual médio, em %, da atividade econômica por região para os países selecionados e por segmento da indústria no período de 2012 a 2040
Regiões
Indústria
Segmentos energo-intensivos
Segmentos não energo-intensivos
EUA 2,0 3,5
Canadá 1,8 2,2
Japão 0 0,4
Coreia 2,2 2,2
Rússia 2,3 1,8
China 4,3 4,8
Índia 5,4 5,8
Brasil 2,4 1,8 Fonte: Fonte: Elaboração própria com base em EIA (2016)
5 (Relatório Focus - https://www.bcb.gov.br/content/focus/focus/R20190712.pdf).
56 3.3 Água
A água é um recurso finito, vulnerável, essencial e insubstituível, que deve ser gerido de
forma integrada, considerando os ciclos hidrológicos e a qualidade da água, sendo a sua
preservação um direito das futuras gerações. A água também deve ser reconhecida como bem
econômico, levando em consideração critérios de acessibilidade e equidade. Além de ser
considerada um bem público sob a responsabilidade dos governos, a água é importante para
muitas atividades econômicas, como a sua utilização nos setores agrícola e industrial (ZAAG
e SAVENIJE, 2006).
A água é um recurso natural essencial para a vida no planeta e o desenvolvimento das
sociedades. No entanto, os recursos referentes à agua doce são escassos, conforme ilustrado
na Figura 3.15. A sua disponibilidade é de aproximadamente 2,5% para todo o planeta. No
território brasileiro encontra-se aproximadamente 13% de toda a água doce do planeta
(MIERZWA e HESPANHOL, 2005).
Fonte: Elaboração própria com base em Mierzwa e Hespanhol (2005), Telles e Costa (2010)
Figura 3. 15 - Distribuição dos recursos hídricos do planeta
A demanda por água doce no planeta é crescente e as possibilidades de oferta limitadas,
portanto é necessária uma maior eficiência no uso da água, ou seja, produzir o mesmo volume
de bens e serviços com menos água. A irrigação é o maior consumidor de água entre os
setores da economia global e existem amplas oportunidades de melhoria nas regiões onde a
eficiência na sua utilização é baixa. Grande parte do comércio de commodities ocorre em
países em que há disponibilidade de água para a sua produção, que, em geral, é intensiva no
consumo deste recurso natural (HOEKSTRA, 2006).
96,5%
1%2,5%
Oceanos
Água Salobra
Água Doce
Água de Superfície:
0,3%
Água Subterrânea:
31%
Geleiras: 68,7%
57
Nas indústrias dos países desenvolvidos e em desenvolvimento o consumo de água
corresponde a 11% e 10%, respectivamente, do seu consumo total (TELLES e COSTA,
2010). A energia está intimamente ligada à água, principalmente na geração de eletricidade, e
nas transferências de calor com a utilização de água e vapor d’água. O setor agrícola é
responsável por aproximadamente 70% do consumo global de água. Portanto, a execução de
programas de eficiência energética nesses setores racionalizará o uso da água e será
determinante para aumentar a sua disponibilidade no futuro. No entanto, como a prioridade na
indústria é a de aumentar a produção, os ganhos obtidos com a redução nos custos com água
poderão ser reinvestidos para aumentar a produção; assim, embora o processo possa ficar
mais eficiente, o uso total de água pode não diminuir (UNESCO, 2015).
Nas últimas décadas a demanda global por água cresceu a uma taxa de 1% ao ano.
Embora o setor agrícola seja o maior usuário, conforme ilustrado na Tabela 3.11, há uma
tendência para o aumento na demanda nos setores industrial e urbano-doméstico. A partir da
década de 1990 a poluição hídrica e a deterioração da qualidade da água agravou o problema
nas regiões do planeta menos desenvolvidas (América Latina, Ásia e África), afetando quase a
metade da população mundial. Assim, torna-se prioritário o controle dos recursos hídricos e a
execução de políticas que promovam alterações significativas na demanda e nos padrões de
consumo de água. Os riscos de inundações e secas também aumentaram devido às mudanças
climáticas; o ciclo global da água se intensificou e poderá ser agravado nas regiões mais
úmidas tornando-se mais úmidas, como também as regiões mais secas tornando-se ainda mais
secas. Atualmente, 1,8 bilhões de pessoas no planeta são afetados pela desertificação e pelas
secas (UNESCO, 2018).
Tabela 3. 11 - Distribuição percentual do consumo de água por setores no mundo em 1999, 2003 e 2010
MUNDO 1999¹ 2003 (países
desenvolvidos)¹ 2003 (países
subdesenvolvidos)¹ 2010²
Doméstico 5% 11% 8% 10%
Industrial 7% 30% 10% 21%
Agrícola 88% 59% 82% 69%
Fonte: Elaboração própria com base em Telles e Costa (2010)¹ e Libânio (2010)²
58
No 8º Fórum Mundial da Água 6, realizado em 2018 no Brasil, foi informado que
aproximadamente 90% da população urbana tem acesso à água potável e 50% tem coleta de
esgoto. As perdas de água na distribuição são de cerca de 40% e há baixa integração na gestão
da água e do saneamento. Neste evento, foi destacada a necessidade de:
• Avançar na implantação, de forma coordenada, das políticas ambientais como a dos
recursos hídricos e de resíduos sólidos;
• Criar um programa nacional de proteção e recuperação de recursos hídricos, conservação
de áreas naturais em torno de mananciais e/ou bacias hidrográficas;
• Ampliar a avaliação da qualidade da água;
• Aprimorar os instrumentos econômicos para manter as florestas de forma
economicamente viável;
• Regulamentar o controle das perdas de água, pois as perdas nos sistemas de distribuição
são tarifadas e pagas pelos consumidores;
• Aprimorar a legislação visando incentivar o reuso da água; e
• Aproveitar a experiência internacional do monitoramento por indicadores para melhorar
as metodologias de avaliação das políticas públicas associadas com os recursos hídricos e
o lançamento de efluentes.
3.4 Emissões
Além de grandes consumidores de energia, os países listados na Tabela 3.12 também
são responsáveis por 65% das emissões globais de CO2, com destaque para a China e EUA
que juntos representam 43% dessas emissões.
À medida que os recursos naturais tornam-se escassos, os mesmos precisam ser
economizados. Igual raciocínio deve ser utilizado em relação à dispersão e assimilação
(reciclagem natural) dos resíduos gerados pelas atividades humanas. O dano causado pela
poluição é um dano social. Portanto, se as atividades de um agente econômico gerar um custo
pelo qual outro agente tem que pagar, a correção desta externalidade negativa pode ser feita
mediante a ação de representantes do Estado através, por exemplo, da imposição de um
6 (8º Fórum Mundial da Água: <http://8.worldwaterforum.org/pt-br/news>).
59 tributo. Para combater a degradação ambiental resultante da poluição, os governos
estabelecem legalmente limites que devem ser respeitados, conforme padrões de desempenho
considerados aceitáveis (MAY, 2010).
Tabela 3. 12 - Indicadores de consumo de energia de países selecionados (industrializados e BRICS) e participação na emissão global de CO2 em 2016
Países Energia
produzida (Mtoe)
Importação líquida de
energia (Mtoe)
TPES7 (Mtoe)
Consumo de eletricidade
(TWh)
Emissão de CO2
(Mt CO2)
Participação nas emissões globais
de CO2
Mundial 13.764 13.761 23.107 32.316 China 2.361 589 2.973 5.946 9.102 28% EUA 1.916 265 2.167 4.148 4.833 15% Índia 558 315 862 1.216 2.077 6% Rússia 1.374 -624 732 969 1.439 4% Japão 35 400 426 1.012 1.147 4% Alemanha 116 205 310 573 732 2% Coreia do Sul 51 247 282 544 589 2% Canada 476 -196 280 538 541 2% Brasil 283 8 285 520 417 1%
Fonte: Elaboração própria com base em IEA (2018a)
O princípio do poluidor-pagador foi adotado pelo sistema ambiental brasileiro. Portanto,
todos aqueles que obtêm lucro com a exploração de um recurso ambiental devem assumir e
internalizar os custos da poluição que possa ser resultante desta atividade econômica. Assim,
o objetivo desse princípio não é reparar a área atingida, mas evitar e reduzir a degradação do
meio ambiente, sem repassar os custos para a sociedade (RIBEIRO, 2010).
Segundo Veiga e Zatz (2008), há diversas visões sobre desenvolvimento sustentável.
Para alguns, depois que uma sociedade se tornar suficientemente rica em vez de continuar a
destruir o meio ambiente se comportará de outra forma, e tentará recuperar o que destruiu.
Para outros, a forma como aconteceu o desenvolvimento de um país não precisa acontecer da
mesma maneira em outros, pois se os padrões de consumo e descarte das sociedades mais
ricas forem adotados como um modelo em outras sociedades menos desenvolvidas, a biosfera
que já está comprometida não terá capacidade para se regenerar. Há outros que consideram
que as pesquisas científicas e tecnológicas viabilizarão a implantação de inovações
7 Total Primary Energy Supply (TPES): o fornecimento total de energia primária é composto por
produção + importações - exportações – abastecimento marítimo e aéreo internacional - mudanças no estoque de energia.
60 tecnológicas que serão capazes de substituir os recursos naturais, como, por exemplo, as
fontes não renováveis de energia, e evitarão ou contornarão os impactos decorrentes dos
atuais padrões de consumo e emissão. Alguns estudiosos consideram que o desenvolvimento
depende de como os recursos gerados pelo crescimento econômico são utilizados,
privilegiando alguns ou beneficiando o conjunto das sociedades.
Para Flannery (2007), o ceticismo tem um papel importante na ciência, pois uma teoria
só é válida enquanto não for desmentida. No entanto, este princípio pode ser desvantajoso
quando a sociedade reage com cautela às notícias sobre o impacto ambiental causado pelas
emissões atmosféricas, e a influência do aumento dos gases do efeito estufa (GEE) para o
aquecimento global e as mudanças climáticas em todo o planeta.
Para Nordhaus 8 (2018), os modelos de avaliação integrados (Integrated Assessment
Models - IAM) são abordagens importantes nas análises sobre mudanças climáticas, pois
partindo de uma base nas ciências naturais, estes modelos envolvem também as ciências
sociais e políticas. Uma das maiores deficiências dos IAM é que há dificuldades e limitações
na utilização de técnicas econométricas9 padrão para avaliar a confiabilidade e a precisão dos
dados obtidos com as projeções. Nas simulações do modelo a partir dos dados históricos com
o modelo DICE (Dynamic Integrated Model of Climate and the Economy) desenvolvido por
Nordhaus em 1989 (última revisão em 2016), as projeções das principais variáveis ambientais
(emissões, concentrações e temperatura) foram relativamente estáveis e semelhantes às
projeções do IPCC para 2050 e 2100. Entretanto, outras variáveis, como as econômicas
associadas com aumento na produção global, as questões tecnológicas relacionadas com a
descarbonização e o crescimento da produtividade foram consideradas particularmente
difíceis de lidar no longo prazo, pois apresentaram maior imprecisão nas estimativas e
deverão ser os principais fatores a serem pesquisados futuramente nas previsões associadas
com as mudanças climáticas.
Um dos indicadores adotados na economia da mudança climática que influencia as
políticas regulatórias dos governos sobre este tema é o custo social do carbono (Social Cost of
8 Prêmio Nobel de Economia em 2018 por seus estudos macroeconômicos integrados à questão ambiental
(mudanças climáticas). 9 A Econometria enfoca problemas inerentes à coleta e a análise de dados econômicos não experimentais
(dados observacionais) com o objetivo de entender a relação entre variáveis econômicas através da aplicação de um modelo matemático.
61 Carbon – SCC) 10. Em 2015 a estimativa de Nordhaus foi que este valor é de
aproximadamente US$ 31 por tonelada de CO2, em US$ de 2010, com este valor aumentando
em 3% ao ano em termos reais até 2050 (Nordhaus, 2017).
As indústrias energo-intensivas 11 são responsáveis por aproximadamente 30% das
emissões globais de GEE. Para atender às metas de redução nas emissões é necessário
acelerar a descarbonização nesses segmentos. Nas últimas décadas, estas indústrias têm
investido em programas de eficiência energética. No entanto, para cumprir os objetivos
propostos para os países que fazem parte da União Europeia de reduzir as emissões até o ano
de 2050 em aproximadamente 80% a 95% das emissões em relação aos valores de 1990, é
necessário não só a adoção de mudanças tecnológicas, que podem ser obtidas através da
implantação de inovações, mas também mudanças no comportamento dos consumidores e nas
estratégias para o setor industrial (WESSELING et al. , 2017).
O Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC) tem apresentado relatórios sobre
a evolução das mudanças climáticas nas Conference of the Parties (COP), que são
promovidas periodicamente pela ONU (Organização das Nações Unidas - ONU / The United
Nations - UN). No acordo assinado em 1997 na UN COP3, conhecido como o Protocolo de
Kyoto e que entrou em vigor em 2005, os países desenvolvidos reconheceram que são os
principais responsáveis pelos altos níveis de emissões de GEE na atmosfera, como resultado
de mais de 150 anos de atividade industrial. Assim, com base neste protocolo, e nos
compromissos assumidos entre as partes em 2015 na COP21 em Paris através das INDC
(Intended Nationally Determined Contribution), as emissões de mais de uma centena de
países têm sido monitoradas e os registros mantidos atualizados. Estes inventários12 são
acompanhados com o objetivo de integrar os esforços, ajudando os países a se adaptarem para
mitigar os efeitos adversos das mudanças climáticas. O Acordo de Paris entrou em vigor em
2016 tendo como meta central o desenvolvimento de ações para manter o aumento da
temperatura global abaixo de 2º Celsius no longo prazo (UNFCCC 13, 2018).
10 O SCC é o valor associado aos danos causados por cada tonelada de CO2 ou seu equivalente que é
lançado na atmosfera. Quanto maior for este indicador, mais políticas são criadas pelos governos visando a redução nas emissões.
11 As indústrias energo-intensivas são responsáveis por converter o minério de ferro, bauxita, petróleo, calcário, dióxido de silício e biomassa em ferro e aço, alumínio, produtos químicos, cimento, vidro e papel.
12 Categorias e setores analisados: Energia (combustão e emissões fugitivas de combustíveis); Processos Industriais (produtos minerais, indústria química, produção de metais, entre outros); Solventes e outros usos do produto; Agricultura; e Resíduos.
13 UNFCCC (United Nations Framework Convention on Climate Change).
62
Segundo Sarkar e Singh (2010) nos países em desenvolvimento as principais barreiras
para a realização de investimentos em melhorias de eficiência energética, envolvem os
interesses de governos, fornecedores de equipamentos e serviços, usuários finais e agentes
financeiros, conforme estão indicadas na Tabela 3.13.
Tabela 3. 13 - Barreiras encontradas na realização de programas de eficiência energética nos países em desenvolvimento
INTERESSADOS BARREIRAS
GOVERNO
O preço da energia e impostos; falta de mecanismos que promovam incentivos e subsídios para programas de eficiência energética; o valor da tributação sobre a importação de equipamentos mais eficientes; deficiências nas diretrizes quanto à eficiência energética em normas, padrões e especificações técnicas.
FORNECEDORES
A baixa demanda e os custos para o desenvolvimento de equipamentos e instalações mais eficientes; deficiências técnicas e gerenciais nos processos de contratação de empresas especializadas (Energy Service Companies - ESCO) em projetos que visam ganhos de eficiência energética; capacidade de financiamento limitada para a implantação de projetos e instalações mais eficientes.
USUÁRIOS FINAIS
Falta de consciência quanto à importância da eficiência energética; falta de incentivos governamentais, disponibilidade de recursos financeiros, conhecimento e disposição para investir no desenvolvimento de tecnologia, velocidade na implantação de projetos e retrofit envolvendo ganhos de eficiência energética.
AGENTES FINANCEIROS
Percepção de risco no investimento em novas tecnologias associadas à eficiência energética; seleção de projetos com menor risco e maior retorno do investimento.
Fonte: Elaboração própria com base em Sarkar e Singh (2010)
A fim de superar as barreiras que dificultam o avanço da eficiência energética e reduzir
as emissões no setor industrial, o IPCC (2014) apresentou as propostas de ações indicadas na
Tabela 3.14.
Melhorar a eficiência energética dos segmentos industriais traz benefícios econômicos e
ambientais. A Tabela 3.15 mostra as oportunidades e benefícios de ações visando ganhos de
eficiência energética na indústria, segundo Rozite (2016).
A energia cumpre um papel indispensável em uma economia como a brasileira.
Recentes êxitos econômicos no país foram decorrentes da exploração de recursos energéticos
e investimentos na infraestrutura. No entanto, a corrupção no setor de energia precisa ser
combatida, pois é um dos principais males deste setor no Brasil. Apesar da forte presença de
fontes renováveis na matriz energética nacional, o recente aumento nas emissões de CO2
oriundas da produção e consumo de energia reforça a necessidade de políticas energéticas que
63 incentivem o uso de fontes renováveis de energia e avanços nos programas de eficiência
energética no país (LIN et al. , 2017).
Tabela 3. 14 - Propostas para reduzir as emissões e melhorar a eficiência energética no setor industrial
Propostas para a
indústria
Potenciais de redução na
intensidade energética da
indústria
Ações que podem ser
desenvolvidas na indústria
Aumentar as ações em eficiência energética
Modernização e implantação das BAT: 25%
Inovações tecnológicas: 20%
Melhorar as informações e o custo inicial dos investimentos: divulgar as oportunidades de melhorias; criar linhas de crédito para financiamento dos investimentos; regulamentação; incentivar ações voluntárias.
Melhorar a eficiência no uso dos materiais; reduzir a demanda de produtos e serviços
Consumo consciente: benefício econômico e ambiental
P&D: Desenvolver novas tecnologias de processos.
Reduzir as emissões de CO2 é a principal ação. Reduzir, também, as emissões de CH4, N2O e gases fluorados
Benefício ambiental - Projeções das emissões para 2050
no Cenário de Referência (Avaliados no AR5): aumento de
50% a 150%.
Redução nas emissões de hidrofluorcarbonetos via a otimização de processos e recuperação de gases refrigerantes.
Desenvolver programas de colaboração entre empresas visando reduzir o consumo de energia e materiais
Implantação de tecnologias mais eficientes, como a substituição de
motores elétricos por modelos mais eficientes, redução de vazamentos de vapor e ar
comprimido.
Integrar e/ou compartilhar os parques industriais: infraestrutura, informações, integração energética via a utilização de calor residual.
Melhorar a gestão de resíduos e reduzir a sua geração
Aumentar a parcela de material reciclado e reutilizado; implantar tecnologias para tratamento dos
resíduos, incluindo a recuperação de energia para reduzir a demanda
de combustíveis fósseis.
A parcela global de material reciclado e reutilizado é de cerca de 20% dos resíduos sólidos urbanos.
Fonte: Elaboração própria com base em IPCC (2014)
As pequenas e médias empresas representam grande parte da indústria mundial. Embora
o seu consumo individual de energia seja menor comparado com as indústrias energo-
intensivas, o consumo coletivo é significativo. Assim, os benefícios da eficiência energética
também podem contribuir para uma maior competitividade nessas indústrias. Entre os
64 benefícios que a eficiência energética pode desempenhar há a geração de empregos, serviços
de assessoria para melhorar a gestão da energia e água, os serviços de manutenção e
melhorias relacionados à correção de perdas de energia e redução na geração de resíduos,
entre outros (UNFCCC, 2017).
Tabela 3. 15 - Benefícios da gestão da energia na indústria com base na eficiência energética
OPORTUNIDADES BENEFÍCIOS
COMPETITIVIDADE E ECONOMIA
Promove ganhos e cria valor para o negócio ao reduzir os custos de produção e de energia (eletricidade e combustíveis) e, em alguns casos, ao destacar o compromisso com a eficiência energética ajuda no acesso a novos mercados; Aumenta a segurança energética e mitiga os riscos.
PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
Melhora o fator de utilização da capacidade instalada; Viabiliza a execução de diagnósticos energéticos, permite calcular os consumos específicos (intensidade energética dos processos), quantifica as perdas de energia e identifica oportunidades de melhorias (potenciais de conservação de energia: técnico, econômico e de mercado).
OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
Melhora a produção (disponibilidade operacional) e reduz as intervenções de manutenção (confiabilidade) dos equipamentos e instalações.
INSTALAÇÕES E AMBIENTE DE TRABALHO
Melhora as condições dos ambientes de trabalho, a saúde e a segurança; Desenvolver novas competências e criar novas oportunidades de trabalho.
MEIO AMBIENTE Reduz às emissões, a poluição do ar e das águas, a geração de resíduos; otimiza o consumo de materiais.
Fonte: Elaboração própria com base em Rozite (2016)
3.5 Conclusões parciais
A partir do exposto neste capítulo, destacam-se as seguintes conclusões parciais:
i. O setor industrial busca melhorar o seu nível de competitividade e os segmentos
industriais normalmente tem um objetivo em comum: fazer mais com menos para
aumentar a lucratividade. Assim, para alcançar novos níveis de qualidade e
eficiência nos processos industriais que viabilizem ganhos na produtividade, é
necessário melhorar a gestão dos recursos nos processos de produção, como a
65
utilização da energia e água na produção de bens e serviços, pois garantir a
segurança energética e hídrica, e reduzir o custo da produção impacta o
desempenho das unidades de negócio das empresas;
ii. O governo brasileiro precisa adotar políticas de incentivo às exportações de
produtos manufaturados nos segmentos industriais em que o país pode ser
competitivo no mercado internacional. Assim, investir e aplicar as melhores
tecnologias (BAT) nos processos de produção industrial contribuirá para o
desenvolvimento do setor.
iii. Para o país almejar o desenvolvimento do setor industrial possuindo abundância
de recursos naturais (materiais, energia e água), precisa saber usá-los com maior
eficiência e menor impacto ambiental. É necessário, então, viabilizar um ambiente
econômico que favoreça os investimentos e a implantação de inovações
tecnológicas, aumento na qualidade dos produtos e melhorias na produtividade
através de uma produção mais limpa.
iv. Tomando como referência o custo social das emissões de carbono calculado por
Nordhaus, as empresas podem avaliar o impacto financeiro de uma futura
precificação mandatória (tributação sobre as emissões) em seus negócios e
comparar com os custos associados às opções de investimento para minimizar as
suas emissões, e com os instrumentos de mercado como o comércio de emissões e
as compensações de emissões.
v. Nos últimos anos, as políticas públicas e programas internacionais que incentivam
a eficiência energética no uso final das fontes de energia tem o propósito de
mitigar os impactos causados pela elevação nas taxas das emissões de GEE no
período pós-revolução industrial que contribuem com as mudanças climáticas no
planeta.
66
4 POLÍTICAS E PROGRAMAS INTEGRADOS
O Brasil é o país mais populoso da América Latina, possui um PIB, população,
território, recursos minerais, agrícolas, energéticos e hídricos que se destacam entre os países
que fazem parte do BRICS, e está entre as maiores economias do mundo.
As políticas públicas são ações de governo que envolvem a execução de serviços pelo
próprio Estado ou em atividades de regulamentação que podem influenciar, por exemplo, a
economia e o bem estar social de um país. As políticas públicas variam em função da visão
dos governantes e da sociedade. A avaliação de uma necessidade (atual ou futura) e a sua
relevância para a sociedade precede a elaboração das políticas. Com essa lógica, as políticas
públicas devem fazer parte de um planejamento estratégico que contemple o estabelecimento
de indicadores, organização e alocação dos recursos, acompanhamento da implantação e
avaliação dos resultados. No entanto, normalmente uma política pública é o resultado de um
processo de pressões políticas que é exercido por grupos organizados da sociedade que
influenciam a opinião pública e os gestores públicos, para se beneficiar com a sua
implantação no nível federal, estadual ou municipal (SILVA e SOUZA-LIMA, 2010).
A Figura 4.1 ilustra um exemplo das variáveis que podem influenciar a elaboração de
políticas públicas, como as que envolvem a gestão da energia, água e emissões, tais como:
i. Segurança energética e hídrica (confiabilidade no fornecimento);
ii. Gestão da energia e água (eficiência energética e hídrica);
iii. Produção / geração, transmissão e distribuição de energia (infraestrutura,
fornecimento de eletricidade e combustíveis, e o preço para os consumidores);
iv. Proteção ambiental (captação de água e preservação das nascentes, sustentabilidade
e proteção ambiental, redução das emissões de GEE e mitigação dos impactos
causados pelas mudanças climáticas); e
v. Crescimento econômico (investimento e desenvolvimento, qualidade de vida).
No entanto, há uma variável – as crises, que faz com que todas as ações que foram
retardadas ou não priorizadas, e que poderiam ter sido planejadas e executadas com
antecedência sejam aceleradas. Como exemplo tem-se as crises que ocorreram quando o preço
internacional do petróleo aumentou na década de 1970 e foi incentivada a eficiência
67 energética e a exploração de fontes alternativas de energia como a biomassa, assim como a
realização de investimentos em P&D para desenvolver as energias eólica e solar. Como
respostas às mudanças no clima ocasionadas pela concentração de gases na atmosfera que
causam estas mudanças, foram negociados, nas últimas décadas, acordos internacionais e
ações para mitigar os efeitos destas mudanças, com incentivos para a redução das emissões
que as causam e uma produção industrial mais limpa. Outro exemplo da importância das
crises nas políticas públicas é dado pelo racionamento de água e de energia elétrica, e a
elevação de suas tarifas quando ocorrem períodos de seca prolongada, como as que
aconteceram no Brasil em 2001, 2014 e 2015, que comprometeram a disponibilidade de água
nas regiões metropolitanas da região SE e requereram a geração de energia elétrica via
termoelétricas de elevado custo operacional, devido ao baixo nível de água dos reservatórios
das usinas hidrelétricas.
Fonte: Elaboração própria
Figura 4. 1 - Ilustração das variáveis que podem influenciar a elaboração de políticas públicas associadas com a gestão da energia, água e emissões
68 4.1 Energia
O Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) 14 considera que os ganhos em
eficiência energética são provenientes de duas parcelas: o progresso autônomo decorrente da
iniciativa de mercado, sem a interferência de políticas públicas e executado de maneira
natural, sendo feito através da reposição de equipamentos velhos e ineficientes por novos e
mais eficientes ou a utilização de novas tecnologias e/ou procedimentos operacionais que
permitam a produção de bens e serviços de uma forma mais eficiente; e o progresso induzido
decorrente de estímulos que são promovidos através de políticas públicas.
Para viabilizar a implantação de iniciativas de eficiência energética, o Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) criou em 2015 uma linha de crédito de
apoio a projetos de eficiência energética, chamada BNDES Eficiência Energética em
substituição ao Proesco (Programa de Apoio a Projetos de Eficiência Energética), visando
financiar empreendimentos que contribuam para a economia de energia, aumentem a
eficiência global do sistema energético ou promovam a substituição de combustíveis de
origem fóssil por fontes renováveis. Os tipos de empreendimentos objeto desta linha de
crédito estão agrupados em quatro categorias: repotenciação de usinas; redes elétricas
inteligentes; edificações, com foco em ar condicionado, iluminação e geração distribuída
(incluindo cogeração) para unidades novas ou já existentes (retrofit); e processos produtivos,
com foco em cogeração, aproveitamento de gases de processo como fonte energética, entre
outras intervenções de melhoria (BNDES, 2015).
O programa de eficiência energética (PEE) das concessionárias em atendimento à
cláusula dos contratos de concessão de distribuição de energia elétrica e à Lei nº 9.991/0
determina que as concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de
energia elétrica devam aplicar 0,5% da sua receita operacional líquida (ROI) anual em
programas de eficiência energética no uso final, isto é, em projetos executados em instalações
de clientes e/ou que proporcionem benefícios para o cliente. Os critérios para aplicação dos
recursos e procedimentos necessários para apresentação do Programa à ANEEL estão
estabelecidos nos Procedimentos do Programa de Eficiência Energética - Propee, aprovado
pela Resolução Normativa Nº 556/2013. Segundo a Lei nº 13.280 de maio de 2016, as
14Em 2011, conforme a Portaria Nº 594, o Ministério de Minas e Energia publicou o Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf), tomando como referência, entre outros estudos de planejamento para o setor de energia elaborados pela EPE, o Plano Nacional de Energia (PNE) e os Planos Decenais de Energia (PDEs).
69 concessionárias e permissionárias de distribuição de energia elétrica poderão aplicar até 80%
(oitenta por cento) dos recursos de seus programas de eficiência energética em unidades
consumidoras beneficiadas pela Tarifa Social de Energia Elétrica, em comunidades de baixa
renda e em comunidades rurais, na forma do parágrafo único do art. 5º desta Lei; a lei não
prevê uma destinação mínima obrigatória para esta categoria de consumidores. Dos recursos
destinados para eficiência energética, previstos no art. 1º, 80% serão aplicados pelas próprias
concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica,
conforme regulamentos estabelecidos pela ANEEL, e 20% serão destinados ao Programa
Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), instituído pela Portaria Interministerial
nº 1.877, de 30 de dezembro de 1985, e ratificado pelo Decreto de 18 de julho de 1991
(ANEEL/MME, 2018).
Segundo Santana e Bajay (2016), desde os anos oitenta o governo brasileiro tem
promovido ações de eficiência no setor industrial, mas com retornos limitados. O progresso
observado até agora nos indicadores de eficiência energética no setor industrial do país
revelam potenciais técnicos significativos para conservação de energia, com destaque para os
segmentos das indústrias de ferro-gusa e aço, química, papel e celulose e cimento. Melhorias
podem ser capturadas no setor industrial brasileiro através de políticas que incentivem a
celebração de acordos voluntários para a realização de auditorias energéticas, programas de
Medição e Verificação (M&V), serviços de energia via as ESCOs, a criação de linhas de
crédito e o financiamento de melhorias associadas ao cumprimento de metas mínimas de
consumo específico de energia, entre outras iniciativas, visando além dos ganhos na eficiência
energética também a redução nas emissões de GEE.
Os países que fazem parte da União Europeia adotaram metas ambiciosas para melhorar
a eficiência energética em toda a sua economia. Entre as boas práticas e políticas adotadas
destaca-se a introdução de acordos voluntários (Voluntary Agreements – VAs), com o
objetivo de aumentar a eficiência energética em diferentes segmentos industriais. Há VAs
com ações específicas que os participantes devem realizar, e outras que estão associadas com
incentivos financeiros. Mesmo tendo apresentado algumas dificuldades na verificação do
cumprimento dos acordos e na comprovação da eficácia das ações implantadas, os VAs
tiveram um resultado melhor do que as regulamentações impostas, mas, segundo Abeelen et
al. (2016), não foram tão eficientes quanto os instrumentos baseados no mercado, como o
comércio das emissões.
70
No Brasil, o subprograma denominado Programa Nacional de Eficiência Energética
Industrial (Procel Indústria), que faz parte do Programa Nacional de Conservação de Energia
Elétrica (Procel), tem desenvolvido parcerias com algumas federações de indústrias e
instituições de ensino, capacitando multiplicadores e agentes industriais para implantar ações
de eficiência energética. Os benefícios, em termos de economias de energia elétrica auferidas
por conta destas parcerias, no entanto, não tem sido registrados na maior parte dos casos.
A Lei nº 13.280 de maio 2016, que destinou 20% dos recursos dos PEEs regulados pela
ANEEL para o Procel, estabeleceu a necessidade do Grupo Coordenador de Conservação de
Energia (GCCE) do Procel elaborar todo ano um Plano de Aplicação de Recursos (PAR), que
precisa ser aprovado pelo Comitê Gestor de Eficiência Energética (CGEE), ligado ao
Ministério de Minas e Energia.
Diversos projetos e programas podem ser selecionados, dentre as propostas enviadas ao
Procel, para receber recursos no PAR. O principal programa para o setor industrial, por
enquanto, é o Programa Aliança Estratégica para a Eficiência Energética, mais conhecido pela
designação “Programa Aliança”. Ele é executado pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI) tem como objetivo inserir a cultura de eficiência energética de forma estruturada na
indústria brasileira. O orçamento deste programa no PAR 2017 (Programa Aliança 1.0) foi de
R$ 8,8 milhões. No ano seguinte, no PAR 2018 (Programa Aliança 2.0), o orçamento subiu
para R$ 10 milhões.
O Programa Aliança, em sua primeira fase, aplicará em 12 plantas industriais energo-
intensivas uma metodologia do U.S. Department of Energy (US DOE) para identificar e
implantar ações de melhoria do desempenho energético (a atuação do Programa no sistema
produtivo das fábricas também envolve o consumo de combustíveis, além do consumo de
energia elétrica), e integrar a cultura organizacional com a inserção de ações técnicas voltadas
para a eficiência energética para reduzir custos operacionais, manter ganhos energéticos e
reduzir emissões. Na segunda fase o Programa deverá ser expandido para 24 plantas
industriais. A execução do programa se dá por meio de acordos voluntários, com parte dos
custos cobertos pelas próprias indústrias e o compromisso de manter as práticas de gestão
otimizada da energia nas instalações por um mínimo de 24 meses (GCCE/MME, 2017;
GCCE/MME, 2018).
71
Segundo Garcia (2019), como resultado parcial alcançado na execução do Programa
Aliança em doze grandes empresas industriais 15, foram identificadas oportunidades de
economias de energia correspondentes a R$ 161 milhões (7,4% do custo destas empresas com
energia). Deste total, R$ 104,5 milhões foram aprovados para implantação (5% do custo com
energia). O investimento necessário para a implantação dessas melhorias foi de R$ 23,3
milhões, com um payback médio de 4 meses.
As indústrias atuam cada vez mais em mercados globais. Para os países industrializados
e os em desenvolvimento é importante o acesso às fontes de energia. Assim, a adoção de
políticas para o uso final eficiente da energia e uma gestão sustentável dos recursos naturais,
além de viabilizar a segurança energética, contribui para ganhos na competitividade das
indústrias, adia investimentos na produção de energéticos e contribui para a redução de
impactos ambientais da cadeia energética.
4.2 Água
Os recursos hídricos no Brasil são abundantes, mas não estão distribuídos igualmente
em todas as regiões, principalmente nos grandes centros urbanos e nas regiões mais
industrializadas do país. As mudanças climáticas poderão agravar os regimes de chuva e,
consequentemente, haverá regiões sujeitas a variações acentuadas no ciclo hidrológico, com
períodos de seca prolongados e/ou enchentes de grandes proporções.
Portanto, para atenuar os impactos nos períodos de crise há a necessidade de
investimentos em obras de infraestrutura para garantir as reservas técnicas via o aumento do
armazenamento de água em reservatórios e barragens, preservação dos mananciais, redução
na contaminação e o controle na vazão de captação, uso consciente via a conservação e reuso
da água, redução das perdas na distribuição e os desperdícios no uso final. No futuro, além do
aumento no custo para captação em locais mais distantes dos centros de consumo e no
tratamento da água devido a contaminações, haverá a necessidade de programar e alongar os
períodos de racionamento, tornando-os cada vez mais frequente para garantir o fornecimento.
15
Anglo American, Clariant, GM, Nexa, Aperam, Vallourec, Oxiteno, Rima, CSN, ArcelorMittal, Gerdau e Suzano Papel e Celulose.
72 Portanto, as ações voltadas para a eficiência no uso da energia e água podem contribuir para
atenuar os impactos decorrentes de uma escassez futura dos recursos hídricos.
Segundo a Lei Nº 9433/1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos,
entre outros fundamentos, princípios e instrumentos, considera que:
� A água é um bem de domínio público;
� A água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
� Em situação de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é para o consumo
humano e a dessedentação de animais;
� A gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas;
� Deve haver uma utilização racional e integrada dos recursos hídricos com a gestão
ambiental;
� O acesso, regulamentado, é através da outorga dos direitos de uso dos recursos
hídricos;
� A cobrança é feita considerando que é uma remuneração pelo uso de um bem
público e visa a recuperação das bacias hidrográficas, estimular o investimento em
despoluição, incentivar o usuário a utilizar tecnologias limpas e poupadoras dos
recursos hídricos. Entre os parâmetros que podem ser utilizados para definir os
valores cobrados no âmbito dos Comitês de Bacia Hidrográfica (CBH), a Lei Nº
9433/1997 considera que quem usa e polui mais os corpos de água paga mais; quem
usa e polui menos, paga menos.
A água é um recurso natural de valor econômico, estratégico e social. No entanto, a sua
distribuição é variável no tempo (estações do ano). No território brasileiro dois terços da
população reside nas regiões SE e NE, que possuem, respectivamente, 6% e 3,3% dos
recursos hídricos disponíveis no país, e aproximadamente 75% da população do país reside
em áreas urbanas. Portanto, a alta concentração da população e a baixa disponibilidade hídrica
compromete a oferta de água, e, em períodos de secas prolongadas, esta condição é agravada
(TELLES e COSTA, 2010).
No Brasil, em 2008, a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo
IBGE (2018c), indicou que os serviços de distribuição de água e coleta de esgoto atendiam a
99,4% e 44,8%, respectivamente, dos 5.564 municípios brasileiros.
A Tabela 4.1 apresenta as metas do Plano Nacional de Saneamento Básico - Plansab
para os anos de 2023 e 2033 a partir da situação em 2010, para as perdas na rede de
73 distribuição16 e para o tratamento do esgoto. A taxa média prevista é de uma redução de
0,99% ao ano nas perdas da rede de distribuição e um aumento médio de 2,47% no tratamento
do esgoto.
As deficiências na gestão dos sistemas de saneamento também afetam as indústrias,
pois, em uma crise hídrica com racionamento no fornecimento de água nas cidades, os
contratos de outorga para captação de água poderão ser reavaliados e o fornecimento de água
reduzido para as indústrias. Portanto, para minimizar os impactos e não comprometer a
operação das indústrias é necessário melhorar a gestão interna da água, reduzindo as perdas de
água e investindo em instalações para o reuso de água e efluentes.
Tabela 4. 1 - Metas do Plansab para melhorias no abastecimento de água e tratamento do esgoto no Brasil
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO 2010 2023 2033
Índice de perdas na distribuição de água 39% 34% 31%
Tratamento de esgoto sanitário coletado 53% 77% 93%
Fonte: Elaboração própria com base em IPEA/ANA (2018)
A legislação ambiental referente à qualidade dos lançamentos de efluentes está
buscando minimizar os impactos nos recurso hídricos e, em casos extremos de contaminação,
podem suspender a licença de operação de algumas indústrias.
Nos últimos anos o Brasil tem enfrentado crises hídricas, conforme ilustrado na Figura
4.2. No período de 2012 a 2015 houve uma tendência de redução do armazenamento de água.
Em 2013 o volume armazenado ficou próximo das médias históricas, proporcionando um
aumento no volume armazenado para a geração de energia hidrelétrica do Sistema Interligado
Nacional (SIN). No entanto, entre os anos de 2014 e 2015 foram observadas as anomalias
negativas mais severas do histórico de chuvas no país (MMA/ONS, 2017). A energia
armazenada nos reservatórios da região SE/CO (Figura 4.3) indica que o sudeste brasileiro, a
região mais industrializada do país, a partir de maio de 2011 até maio de 2018 apresentou uma
taxa média de redução de 8,3% ao ano, indicando uma maior dependência da próxima estação
chuvosa para a recuperação e regularização do armazenamento (ONS, 2018).
16 As perdas podem ser devido a extravasamentos nos reservatórios, vazamentos nas redes de distribuição,
erros ou falhas no monitoramento e medições na rede, e consumo irregular nos pontos cadastrados ou não para faturamento (e. g. instalação de by pass em medidores para reduzir a conta de água).
74
Segundo Siegel (2017), o mundo está entrando em uma prolongada crise de falta d’água
em várias regiões do planeta. Esta crise já está sendo percebida, pois os padrões de chuva
estão mudando e com a elevação da temperatura média do planeta há mais evaporação.
Aproximadamente 600 milhões de pessoas já experimentam a escassez de água e, no longo
prazo, 20% da população mundial pode ser afetada pela falta d’água. Uma crise hídrica
provocará o aumento no preço dos alimentos e afetará a geração de energia. Não somente a
seca ameaça o futuro, mas também a poluição está limitando a utilização dos recursos
hídricos. No entanto, crises associadas com a falta de água e/ou deficiências nos sistemas de
saneamento podem ser controladas por meio de ações integradas envolvendo governo,
empresários e lideranças civis, pois este problema é resultado de más administrações.
Fonte: Elaboração própria com base em MMA/ONS (2017)
Figura 4. 2 - Reservação de água doce em percentual da capacidade dos reservatórios, de 2012 a 2016
Fonte: Elaboração com base em ONS (2018)
Figura 4. 3 - Energia armazenada nos reservatórios da região SE/CO de 2001 a 2018
57,6%63,2%
53,8% 54,5% 55,9%
0%
20%
40%
60%
80%
2012 2013 2014 2015 2016
Re
serv
ação
de
águ
a d
oce
no
Bra
sil
Crise Hídrica Crise Hídrica
75 4.3 Emissões de GEE e reciclagem
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, 2018c), a produção e o uso da
energia estão entre as maiores fontes de emissão de GEE. A Figura 4.4 ilustra projeções feitas
pela AIE sobre a evolução das emissões de CO2 associadas com energia durante o período de
2015 a 2040 considerando dois cenários de desenvolvimento: a New Policies Scenario - NPS
e um cenário de desenvolvimento sustentável, a Sustainable Development Scenario – SDS 17.
Conforme indicado nesta figura, ações associadas com ganhos de eficiência energética
permitiriam reduzir em 40,2% as emissões do cenário NPS em 2040, se forem mantidas as
políticas já existentes e implantadas as políticas anunciadas no Acordo de Paris em 2015.
Segundo o IPCC (2018), há evidências de que após o período pré-industrial a elevação
crescente na temperatura média do planeta ocorreu como decorrência das ações antrópicas e
as emissões líquidas de CO2e de forçantes radioativos 18 não-CO2 contribuíram para o
aquecimento global. Como consequência, há riscos relacionados aos sistemas naturais devido
à elevação da temperatura que pode provocar em algumas regiões do planeta variações na
frequência e na intensidade das precipitações, como também em outras regiões período de
seca intensa.
Fonte: Elaboração própria com base em IEA (2018c)
Figura 4. 4 - Projeções das emissões de CO2 associadas com energia nos cenários NPS e SDS da Agência Internacional de Energia (2015 – 2040)
17 O cenário SDS descreve uma abordagem integrada para atingir os objetivos acordados entre os países
sobre mudança climática, qualidade do ar e acesso universal à energia moderna. 18 O forçamento radioativo significa que um agente climático tende a aquecer o planeta, como os GEE
originários das atividades humanas ou antrópicas, ao passo que outros “forçantes” radioativos podem resfria-lo, como as nuvens.
76
Segundo a Agência Internacional de Energia, a participação, em 2017, dos projetos
envolvendo eficiência energética e fontes renováveis de energia nos investimentos públicos
em projetos de P&D na área de energia associados com tecnologias de baixo carbono
corresponderam a 23% e 18%, respectivamente, conforme indicado na Figura 4.5 (IEA,
2018b).
Fonte: Elaboração própria com base em IEA (2018b)
Figura 4. 5 - Evolução percentual dos investimentos públicos em energia associados com tecnologias de baixo carbono, de 1974 a 2017
A estimativa das emissões de GEE do Brasil em 2015 foi de 1.368 milhões de toneladas
de CO2e (GWP/SAR) 19. Naquele ano os processos industriais20 foram responsáveis por 7%
das emissões líquidas21 do país, com destaque para os segmentos siderúrgico e de cimento,
que contribuíram, respectivamente, com 3,7% e 1,7% das emissões totais do setor (MCTIC,
2017).
Conforme o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC),
órgão do governo federal brasileiro responsável pela publicação das estimativas e inventários
nacionais de emissões, em 2016 o Brasil ratificou o compromisso firmado em 2015 na COP
21 (21ª Conferência das Partes da UNFCC, em Paris) de adotar medidas para reduzir as
emissões de GEE. A Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira assumiu o
compromisso de reduzir as emissões em 37% em 2025 e 43% em 2030, tendo como
referência o ano de 2005 (MCTIC, 2018).
19 Para o GWP (Global Warming Potential) foram adotadas as referências do IPCC (Second Assessment
Report – SAR), 1995. 20 Emissões resultantes dos processos produtivos nas indústrias e que não são resultado da queima de
combustíveis. Os segmentos industriais considerados no cálculo destas emissões são os de produtos minerais, metalurgia e química, além da produção e consumo de HFCs e SF6.
21 Os resultados das emissões líquidas correspondem às remoções decorrentes do crescimento de florestas e campos naturais manejados.
77
De acordo com Goldemberg e Lucon (2008) a diferença da energia gasta na produção
utilizando material reciclado como o alumínio, plástico e aço em relação à requerida para
produzi-los a partir da matéria prima é de 75%, 57% e 57%, respectivamente, em cada
processo de produção destacado.
Além do gerenciamento dos respectivos resíduos gerados na produção, a legislação
pode aumentar a responsabilidade dos fabricantes em recolher, armazenar e dispor
adequadamente os seus produtos depois de comercializados respeitando o ciclo de vida, riscos
e os impactos ao meio ambiente.
Segundo Ribeiro e Morelli (2009), as indústrias podem buscar reduzir a geração de
resíduos nos processos de produção, e investir em alternativas economicamente viáveis para
reutilizar e/ou reciclar esses rejeitos dentro das empresas ou enviar para outros processos
produtivos. Ao reciclar alguns materiais os processos de produção podem reduzir o consumo
de energia em relação à energia requerida no processamento a partir da matéria prima como,
por exemplo, para o alumínio, vidro, papel, aço, plástico e borracha.
Em 2010: a Lei nº 12.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)
visando a prevenção e a redução na geração de resíduos. Esta política tem como proposta a
prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que tem valor
econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a destinação ambientalmente adequada
dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Os processos de logística reversa promovem o retorno de resíduos sólidos urbanos pós-
consumo para aplicação na produção industrial, e são desenvolvidos através da reciclagem,
tratamento e reutilização de produtos, assegurando a destinação adequada de parte desses
resíduos. Entre os princípios desse processo destacam-se os acordos setoriais com o Poder
Público para atender a legislação que envolve a implantação de procedimentos para a coleta,
triagem, armazenamento e compra de produtos usados (NASCIMENTO e BORGHETTI,
2018). Outra iniciativa que está sendo implantada (e.g. estado de São Paulo), devido às
dificuldades e o custo para as organizações coletarem os resíduos derivados dos produtos
industrializados para atender a legislação e manutenção das licenças ambientais, foi a criação
de um sistema de créditos de logística reversa 22 para auxiliar as empresas a cumprir as
22 Certificados emitidos por empresas independentes (certificadoras) que comprovam um serviço de
logística reversa e destinação adequada de certa quantidade de resíduos. Esses certificados são comprados pelos produtores para remunerar o serviço de coleta e reciclagem (https://www.nhecotech.com/).
78 responsabilidades legais, aumentar a coleta e o aproveitamento de resíduos sólidos (FIESP,
2019).
4.3 Operação e Manutenção (O&M)
A gestão da manutenção tem mudando ao longo das últimas décadas tanto quanto as
outras áreas da indústria. Essas mudanças abrangem melhorias na gestão dos ativos
(instalações, equipamentos e edificações), implantação de novas tecnologias, técnicas e
ferramentas de manutenção, como também na organização dos serviços e atribuições da
manutenção nas empresas. No entanto, como as falhas dos equipamentos podem afetar a
segurança e o meio ambiente, a qualidade dos produtos, aumentar a indisponibilidade das
plantas para produzir e os custos de produção, há a necessidade de melhorar a eficiência e a
eficácia dos serviços de manutenção. Em face do exposto, a manutenção centrada em
confiabilidade (Reliability-centred Maintenance – RCM) é uma estratégia de otimização das
atividades de manutenção que analisa as falhas funcionais dos equipamentos, os modos,
efeitos e as consequências das falhas, e programa ações visando: (i) reduzir o custo global das
atividades de manutenção preventiva; (ii) minimizar a frequência das manutenções corretivas;
e (iii) aumentar a disponibilidade dos equipamentos e instalações para produzir (MOUBRAY,
1997).
As atividades de manutenção baseadas na condição dos equipamentos a partir do
monitoramento de parâmetros técnicos como, por exemplo, a temperatura do óleo e a
vibração, têm sido introduzidas nos sistemas de gestão industriais como pilares para garantir a
confiabilidade, reduzir a deterioração dos equipamentos e melhorar o desempenho energético.
As questões relacionadas com o desempenho da sustentabilidade (redução do consumo de
materiais, resíduos, emissões, água e energia) são consideradas nos processos de tomada de
decisão. Indicadores como o consumo de energia e a eficiência energética têm sido analisados
considerando o custo no ciclo de vida (Life Cycle Cost - LCC) e associados com as atividades
de manutenção dos equipamentos. Desta forma, as decisões de manutenção são programadas
também com o objetivo de melhorar o consumo específico de energia nos processos
produtivos (HOANG et al. , 2016; HOANG et al. , 2017).
79 4.4 Conclusões parciais
Portanto, a partir do exposto neste capítulo, destacam-se as conclusões parciais deste
trabalho descritas a seguir.
A eficiência energética e hídrica nos processos industriais compreende o uso de menos
energia e água para fornecer o mesmo produto ou serviço (ou o uso da mesma quantidade de
energia e água para fornecer mais produtos ou serviços). Portanto, para responder a questão
"como melhorar a eficiência energética e hídrica no setor industrial", além do aumento na
utilização da capacidade instalada das indústrias, é necessário avançar para além da noção
simplificada "consumir menos energia e água para reduzir o custo na produção" para um novo
paradigma apoiado em políticas público-privadas com base em uma gestão empresarial
ambientalmente sustentável, tendo por objetivos:
� Aumentar a competitividade dos produtos nacionais e mitigar os impactos ambientais
causados pelo consumo de energia (combustão), água (contaminações) e emissões de GEE
na indústria que provocam mudanças climáticas;
� Implantar boas práticas na operação e manutenção das instalações e equipamentos
industriais para atender com confiabilidade a programação de produção, reduzir as perdas
e aumentar a vida útil dos ativos industriais.
Finalmente, ao procurar identificar fatores determinantes que podem melhorar o
desempenho da indústria nacional se estará criando as condições que permitirão aumentar as
vantagens competitivas do Brasil. O grande desafio é direcionar os esforços e implantar
políticas público-privadas com uma visão de médio e longo prazo, conforme ilustrado na
Figura 4.6, para aumentar a eficiência energética e hídrica, como também os impactos
ambientais causados pelos processos de produção da indústria nacional.
80
Fonte: Elaboração própria
Figura 4. 6 - Perspectivas e visões sobre as políticas associadas com a gestão da energia, água e emissões na indústria
81 5 SISTEMAS DE GESTÃO NA INDÚSTRIA
Os choques no preço do petróleo que ocorreram em 1973 e 1979, conforme ilustrado
na Figura 3.10, incentivaram os investimentos em programas de eficiência energética no setor
industrial através da adoção de ações voltadas ao uso eficiente dos derivados de petróleo e a
busca por outras fontes de energia para diversificar a matriz energética. Nas últimas décadas,
conforme ilustrado na Figura 3.4 e Figura 4.2, os investimentos públicos em eficiência
energética também aumentaram devido à preocupação com as questões ambientais causadas
pelas mudanças climáticas, como consequência do aumento global nas emissões de GEE.
A crise na economia nacional nos últimos anos, conforme ilustrado na Figura 3.2 e
Figura 3.3, contribuiu para a redução dos investimentos, incluindo projetos de ampliação da
capacidade produtiva e de modernização tecnológica da indústria brasileira. Os últimos anos
de recessão econômica no Brasil poderão comprometer ainda mais a competitividade dos
produtos industrializados.
Segundo Slack (1993), a importância estratégica da manufatura está em como é
percebido o seu desempenho pelos consumidores e na atuação dos concorrentes. Apresentar
um desempenho superior (qualidade, confiabilidade, preço) ao dos concorrentes no segmento
de negócio em que a empresa atua, pode demonstrar quanto uma empresa é competitiva.
Portanto, ainda que o mercado avalie o valor de um produto ou serviço, comparar o
desempenho operacional com os indicadores (benchmarking) das melhores empresas é uma
questão fundamental entre as estratégias que contribuem para melhorar a competitividade de
uma manufatura.
Investimentos em melhorias na eficiência energética e hídrica podem se transformar em
um diferencial competitivo para o setor industrial, pois, além de contribuírem para reduções
nos custos operacionais, estão alinhados com projetos e programas governamentais associados
com a mitigação das mudanças climáticas e sustentabilidade ambiental. A Figura 5.1 ilustra
uma visão de desenvolvimento empresarial sustentável, compreendendo uma estrutura
integrada dos vários sistemas de gestão da organização.
82
Fonte: Elaboração própria
Figura 5. 1 - Ilustração de uma visão de desenvolvimento empresarial sustentável, através de um sistema integrado de gestão
Os benefícios decorrentes das ações voltadas para a implantação de melhorias na gestão
na indústria vão além das tradicionais abordagens como a redução no custo da produção e o
aumento da produtividade. Por esta perspectiva, os ganhos ficariam limitados aos locais onde
há produção industrial. Entretanto, conforme indicado na Tabela 5.1 para ações visando
ganhos de eficiência energética, além dos benefícios econômicos, também há benefícios
ambientais e sociais. Portanto, políticas que incentivam a eficiência energética e hídrica
podem ser integradas com programas de desenvolvimento sustentável visando reduzir
emissões e reciclar resíduos.
A Figura 5.2 mostra os vários tipos de atividades desenvolvidas em uma empresa
industrial, suas interações e um sistema integrado de gestão da empresa.
83
Tabela 5. 1 - Benefícios associados com o aumento da eficiência energética na indústria
PRODUÇÃO EMISSÕES - Reduzir os custos na produção (energia) e aumentar os lucros
- Reduzir as emissões de pó e poeiras / particulados
- Aumentar a produção, produtividade e competitividade
- Reduzir as emissões de GEE (CO, CO2, NOx, SOx)
- Melhorar o desempenho dos equipamentos - Melhorar a qualidade do ar - Reduzir o ciclo dos processos na produção - Diminuir a poluição - Aumentar a confiabilidade da produção OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO RESÍDUOS
- Melhorar a operação e a gestão da manutenção - Aumentar o aproveitamento de combustíveis e gases residuais do processo
- Melhorar o controle dos processos de produção - Aumentar a recuperação do calor do processo produtivo
- Aumentar a confiabilidade dos equipamentos e instalações
- Reduzir as perdas e o desperdício de produtos, e o uso de materiais na produção
- Melhorar a gestão dos ativos - Redução de efluentes - Redução dos resíduos perigosos AMBIENTE DE TRABALHO OUTROS - Aumentar a empregabilidade profissional e a demanda por ESCOs (competência técnica em serviços de energia)
- Impactos macroeconômicos: reduzir e/ou adiar os investimentos públicos na geração de energia, e aumentar a segurança energética
- Melhorar a segurança - Reduzir as multas - Reduzir a quantidade de equipamentos de proteção individual (EPI)
- Reduzir as despesas e os custos de produção
- Melhorar a iluminação - Aumentar a satisfação dos empregados - Melhorar o controle da temperatura dos ambientes de trabalho
- Melhorar a imagem pública da empresa
Fonte: Elaboração própria com base em UNIDO (2011) e IEA (2014)
5.1 Gestão da energia
As grandes empresas normalmente possuem uma área corporativa responsável por
administrar as questões que envolvem a gestão da energia.
Quando uma grande organização possui várias unidades industriais, pode ser formada
uma unidade de negócios (diretoria, gerência ou até uma subsidiária) composta por
especialistas multidisciplinares que prestam serviços de consultoria para todas as plantas da
empresa. Nestes casos, a equipe tem domínio da tecnologia do processo de produção, faz
interface com a licenciadora da tecnologia (engenharia de projeto e fabricantes), resguarda a
confidencialidade dos dados da empresa e atua para melhorar o desempenho energético das
plantas.
84
Nas pequenas e médias empresas, no entanto, a gestão da energia normalmente se
resume à aquisição de energia elétrica e combustível. Estas empresas adotam como
indicadores de desempenho os respectivos custos para os processos de produção industrial.
Quando na empresa há uma CICE (Comissão Interna de Conservação de Energia), é
executado um programa de desenvolvimento das habilidades e competência técnicas do
pessoal de operação e manutenção (O&M) nas rotinas que envolvem o uso racional da energia
em equipamentos e o emprego de instrumentos de medição e verificação (M&V) das unidades
de utilidades e produção nas indústrias. Estes programas de treinamento podem integrar as
reciclagens dos técnicos de O&M associadas com as normas regulamentadoras NR-10
(instalações elétricas) e NR-13 (caldeiras, vasos de pressão, tubulações e tanques de
armazenamento).
Fonte: Elaboração própria
Figura 5. 2 - Ilustração de uma visão de gestão integrada de uma empresa industrial
A Tabela 5.2 mostra exemplos de objetivos, indicadores e ações associadas à gestão
empresarial, de uma forma geral, e à gestão da energia, em particular.
85
Tabela 5. 2 - Exemplos de indicadores de desempenho empresarial e de desempenho energético
Fonte: Elaboração própria com base em Sivill et al.(2009)
86
5.1.1 Ranking de eficiência energética da indústria em países selecionados
Os países selecionados e analisados nesta seção apresentam aspectos econômicos e
sociais distintos, como indicado no Capítulo 3, e maior ou menor dependência externa de
energia. Dentre as alternativas energéticas, o uso eficiente das fontes de energia possibilita
uma produção industrial menos onerosa e uma menor necessidade da importação de recursos
energéticos, minimizando os custos causados pela volatilidade dos preços internacionais para
atender aumentos na demanda interna de energia.
Entre os fatores que contribuem para um país adotar políticas de fomento à eficiência
energética há necessidades e visões específicas como, por exemplo, para os Estados Unidos
há a preocupação com a segurança energética para os países que fazem parte da União
Europeia os compromissos firmados para mitigar os efeitos das mudanças climáticas
decorrentes das emissões de GEEs e para o Japão a melhoraria da competitividade. Nos países
em desenvolvimento, os programas de melhoria na eficiência energética podem contribuir
para ganhos na produtividade e para o crescimento econômico (BUSTAMANTE, 2018).
No ranking internacional de eficiência energética publicado em 2018 pelo American
Council for an Energy-Efficient Economy (ACEEE), as métricas de avaliação adotadas para
avaliar o setor industrial dos países selecionados totalizam um score máximo de 25 pontos. A
distribuição destas métricas está ilustrada na Figura 5.3. A intensidade energética na indústria
e os acordos voluntários com metas e incentivos representam 36% dos pontos. Neste ranking,
o Japão foi o país com a melhor colocação e o Brasil o 21o colocado, atingindo,
respectivamente, 86% e 30% do score máximo.
A Figura 5.4 ilustra o desempenho da indústria do Brasil com a indústria de alguns dos
países selecionados pela ACEEE em 2018.
A Tabela 5.3 apresenta a evolução da intensidade energética da indústria dos países
selecionados nesta seção da tese durante o período de 2012 a 2018. Segundo Pinto Junior et
al. (2007), este indicador representa a eficiência da utilização de energia para a geração de
riqueza. Assim, quanto maior for esse indicador, mais energia é necessária para gerar cada
unidade do Valor Adicionado (VA) ao PIB por um segmento da economia. Em 2018, o Japão
apresentou a maior eficiência da indústria na utilização de energia para a geração de riqueza
entre os países selecionados. Observe-se, também, nesta tabela, o bom desempenho da
87 indústria alemã durante todo o período analisado e o aumento da intensidade energética da
indústria brasileira ao longo destes anos.
Fonte: Elaboração própria com base em ACEEE (2018)
Figura 5. 3 - Distribuição percentual das métricas adotadas pela ACEEE para avaliação do desempenho energético do setor industrial dos países selecionados em 2018
Fonte: Elaboração própria com base em ACEEE (2018)
Figura 5. 4 - Ranking de eficiência energética da indústria, elaborado pela ACEEE em 2018, em países selecionados
24%
12%
8%
8%8%
8%
8%
8%
8%
8%
Intensidade energética do setor industrial
Acordos voluntários de desempenho energético eincentivos (financeiros)
Política para incentivar o gerenciamento deenergia
Padrões mínimos de eficiência para motoreselétricos
Gestor da Energia na indústria
Auditorias energéticas obrigatórias
Investimento em pesquisa e desenvolvimentoindustrial (P & D)
Participação da produção de energia elétricaatravés de CHP
Políticas que incentivam a CHP
Intensidade energética da agricultura
1 2 7 13 14 17 18 19 21 25
21,5 20,5
16,514,5 13 12 10,5 10
7,5
1,5
0
5
10
15
20
25
30
Japão Alemanha Coreia doSul
India EUA China Canadá Rússia Brasil África doSul
Sco
re In
dú
stri
a -
20
18
POSIÇÃO NO RANKING INDÚSTRIA
88
Tabela 5. 3 - Intensidade energética da indústria dos países selecionados (industrializados e BRICS) no período de 2012 a 2018
Intensidade Energética da Indústria (joules/$ VA
industrial) 2012 2014 2016 2018
Japão 2,5 3,1 2,4 1,9
Alemanha 2,2 2,1 2,2 2,3
Coreia do Sul - 5,5 3,4 3,6
EUA 3,4 2,8 3,9 3,9
Canadá 5,3 2,6 3,3 5,5
Brasil 5,3 5,7 7,1 7,4
Índia - - 8,1 7,5
África do Sul - - 10,7 9,8
Rússia 9,6 7,1 7,9 10,7
China 10,2 9,8 10,7 11,8 Fonte: Elaboração própria com base em ACEEE (2018), ACEEE
(2016), ACEEE (2014) e ACEEE (2012).
A Tabela 5.4 mostra os resultados dos indicadores da indústria e políticas de gestão da
energia para os países selecionados. Destacam-se, entre as políticas analisadas, as auditorias
energéticas obrigatórias e os acordos voluntários que propiciam incentivos financeiros para o
cumprimento de metas pré-estabelecidas de redução no consumo específico de energia. Para
as indústrias energo-intensivas, melhorias no sistema de gestão da energia no curto prazo e
investimentos em P&D no longo prazo podem reduzir sua intensidade energética e contribuir
para aumentar a rentabilidade do negócio.
Comparações do desempenho do Brasil em relação aos países mais industrializados e
desenvolvidos economicamente (G7) e dos que fazem parte do bloco do grupo BRICS que
foram selecionados neste ranking possibilitam a identificação de oportunidades de melhorias e
aperfeiçoamentos nas políticas e boas práticas na gestão da energia que podem ser
implantadas no setor industrial brasileiro.
Conforme ilustrado na Figura 3.3 e Figura 5.5, de 2013 a 2016 o Brasil passou por uma
recessão na economia, que acarretou em reduções na utilização da capacidade instalada das
indústrias. Neste período, os programas de eficiência energética poderiam ter contribuído para
minimizar o consumo de energia, reduzindo a necessidade da utilização de mais energia para
gerar cada unidade do VA industrial.
89
Tabela 5. 4 - Indicadores de desempenho energético e de existência de políticas de fomento à eficiência energética na indústria nos países selecionados, em 2018
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ISO
50.
001
Japão 86% 1,9 3,1 9,1 Sim Sim Sim Sim
Alemanha 82% 2,3 14,2 6,2 Sim Não Sim Sim
Coreia do Sul
66% 3,6 9,8 9,3 Sim Não Sim Sim
Índia 58% 7,5 9,6 0,9 Sim Sim Sim Sim
EUA 52% 3,9 6,5 10,2 Acordo Não Não Sim
China 48% 11,8 13,0 4,0 Não Sim Sim Sim
Canadá 42% 5,5 6,7 4,5 Sim Não Sim Sim
Rússia 40% 10,7 57,8 1,4 Sim Não Sim Sim
Brasil 30% 7,4 6,7 0,6 Acordo Não Não Sim
África do Sul 6% 9,8 < 1 1,2 Não Não Não Não
Fonte: Elaboração própria com base em ACEEE (2018)
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c) e CNI (2018)
Figura 5. 5 - Evolução do consumo de energia na indústria brasileira e da utilização de sua capacidade instalada no período de 2003 a 2017
17.198
28.718
37.49134.209
35.75638.996
79,7%
80,6%
82,5%81,2%
77,0% 77,4%
70%
75%
80%
85%
90%
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
40.000
45.000
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
UC
I
10
³ te
p
CONSUMO ENERGIA INDÚSTRIA UTILIZAÇÃO CAPACIDADE INSTALADA
90 5.1.2 Gestão da energia na área de utilidades de uma empresa industrial
Para atender a demanda de energia dos processos industriais a unidade de Utilidades
planeja a operação dos equipamentos e sistemas operacionais conforme a demanda requerida
pelas áreas de Produção.
Na maioria das organizações a unidade de Utilidades é centralizada. Em grandes
complexos industriais pode ser necessária a implantação e o fornecimento das utilidades de
forma descentralizada para melhorar a eficiência no atendimento à demanda de produção.
A implantação de um sistema de gerenciamento de energia nas unidades de Utilidades
das indústrias, no molde proposto pela norma ISO 50.001, pode contribuir para um melhor
desempenho das fontes de energia, água e emissões, bem como servir de modelo para ampliar
os processos de gestão da energia em outras áreas administrativas e operacionais. A Tabela
5.5 apresenta os sistemas operacionais básicos de uma unidade de utilidades na indústria.
Tabela 5. 5 - Exemplos de sistemas operacionais em uma unidade de utilidades na indústria
Fonte: Elaboração própria
91 5.1.3 Edificações industriais
As edificações industriais, normalmente, não são incluídas nos diagnósticos energéticos
efetuados na indústria e não recebem destaque nas avaliações energéticas que são feitas nas
unidades e equipamentos da produção. Portanto, ao desenvolver uma cultura de gestão da
energia, água e emissões nas áreas de apoio à produção industrial, como as dependências
administrativas, salas de controle, oficinas de manutenção, laboratórios, cozinha / restaurante,
entre outras edificações, é possível conquistar o apoio e o envolvimento necessários para
melhorar os indicadores de consumo total de energia, água e emissões de uma forma integral
em todas as instalações de uma organização.
Segundo o Zhou et al.(2009) cerca de 70% do consumo de energia nas edificações
industriais estão associados com sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado
(HVAC - Heating, Ventilation and Air Conditioning), 20% com iluminação e 10% com as
utilidades. Estima-se que os potenciais de ganhos energéticos com melhorias nos sistemas de
HVAC e iluminação possam variar de 11% a 15%. Se forem considerados os volumes de
água potável consumidos e os resíduos gerados, as oportunidades de economias podem ser
ainda mais significativas.
Para Colleto (2018) a implantação de sistemas de gestão com foco em sustentabilidade
na O&M das edificações possibilita a identificação de oportunidades de economia de energia,
água e emissões, e o aumento do ciclo de vida das edificações. Nesse contexto, foram
desenvolvidas metodologias com requisitos e guias padronizados para a execução de
diagnósticos em edificações, tais como o sistema de classificação LEED (Leadership in
Energy and Environmental Design) 23 e os procedimentos definidos pela ASHRAE (American
Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers) 24. Estes regramentos
possibilitam avaliar, classificar, certificar (opcional) e gerenciar o desempenho energético de
instalações prediais, considerando, entre outros aspectos, a redução dos custos operacionais, o
conforto térmico, o nível de iluminação, a qualidade do ar dos ambientes, o consumo de água,
a limpeza e a geração de resíduos nestas instalações
23
LEED: <https://new.usgbc.org/leed> e < https://www.gbcbrasil.org.br/>. 24
ASHRAE: < https://www.ashrae.org/> e < https://www.ashraebrasil.org/sobre>.
92 5.1.4 A norma ISO 50.001 de sistemas de gestão da energia
Quando a International Organization for Standardization publicou, na década de 1990,
a norma ISO 14.001 (Sistema de Gestão Ambiental), começou o interesse pela integração
desse sistema de gestão com as normas implantadas anteriormente que tiveram ampla adoção,
como as normas da série ISO 9.001 (Sistemas de Gestão da Qualidade) e a norma britânica
OHSAS 18.001 (Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) 25. Considerando
que as normas da série ISO possuem uma estrutura semelhante, a expectativa era de que o
processo de integração seria facilitado e aumentaria a eficiência dos processos, pois, ao
trabalhar com as normas separadamente, a manutenção das certificações aumentaria os custos,
a possibilidade de duplicação de esforços e uma desnecessária burocracia com o volume de
documentos. Isso não significa que, necessariamente, as organizações que trabalham com
normas de diferentes sistemas de gestão devem fazer a integração, pois, assim procedendo,
este processo pode aumentar a complexidade em vez de melhorar a eficiência na gestão.
Portanto, como a natureza de cada norma é diferente, as decisões podem ser: não fazer a
integração, realizar uma integração parcial ou partir para uma integração completa (DAHLIN
e ISAKSSON, 2017).
Assim, a conveniência da implantação integrada, em uma instalação industrial, de um
sistema de gerenciamento da energia certificado segundo a norma ISO 50.001, com outras
boas práticas de gestão e certificação como, por exemplo, qualidade, meio ambiente (ISO
14.001) e gestão de ativos (ISO 55.000), deve ser cuidadosamente avaliada.
A adoção pelas organizações de sistemas de gerenciamento de energia (SGEn)
possibilita acompanhar o desempenho e identificar oportunidades de melhoria na eficiência
energética.
A partir do lançamento da norma ISO 50.001, em 2011, até 2017, foram certificados26
22.870 SGEn. As organizações, incluindo as indústrias, que fazem parte da União Europeia
lideraram o processo de certificação dos seus sistemas de gestão da energia por esta norma,
correspondendo a 83,2% das certificações emitidas (ISO, 2018).
25 A norma ISO 45001 (Sistemas de Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional) substituiu, a partir de
março de 2018, a OHSAS 18.001. 26
A ISO faz uma pesquisa anual e os organismos credenciados para certificação informam o número de certificados emitidos em cada continente.
93
A Figura 5.6 apresenta a classificação dos vinte países com maior número de SGEn
certificados no período de 2011 a 2017, com destaque para a Alemanha que apresentou 8.314
certificações (36,3% do total das certificações emitidas).
Entre os cinco países com maior PIB, conforme indicado na Figura 3.1, os EUA e o
Japão só possuíam, respectivamente, 77 e 35 SGEn certificados em 2017. Entretanto, caso o
mercado demande a certificação de suas organizações pela norma ISO 50.001, como
aconteceu com a norma ISO 14.001 (Gestão Ambiental), os modelos de gestão da energia
adotados nestes países estão em condições de atender as adequações requeridas para a
certificação.
Em 2017 o Brasil possuía 49 SGEn certificados pela norma ISO 50.001 (0,2% do total).
Neste ano, o país ficou na 36ª colocação na classificação entre os 94 países avaliados pela ISO
por esta norma. Em relação ao grupo dos BRICS, a Figura 5.6 mostra que até 2017 a China,
Índia e Rússia possuíam, respectivamente, 32, 12 e 5 vezes mais SGEn certificados do que o
Brasil. Países europeus com economias semelhantes ou menores do que a do Brasil, como a
França e a Itália, também se destacaram em relação ao número de certificação dos SGEn pela
norma ISO 50.001 no período de 2011 a 2017.
Fonte: Elaboração própria com base em ISO (2018)
Figura 5. 6 - Classificação dos 20 países com maior número de SGEn certificados pela norma ISO 50.001 no período de 2011 a 2017
8314
3078
2307
1567
857
610
608
568
522
292
250
228
224
216
200
189
178
178
173
Alemanha
Reino Unido
França
China
Itália
Hungria
Índia
Espanha
República Checa
Taiwan
Rússia
Áustria
Bélgica
Tailândia
Irã
Ucrânia
Irlanda
Suécia
Polônia
94
Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, 2017b), as empresas e organizações
que adotaram a norma ISO 50.001 ou padrões semelhantes de gestão da energia podem obter
economias anuais de energia e financeiras de aproximadamente 10%.
No setor industrial, 10.376 SGEn foram certificados pela norma ISO 50.001 no período
de 2011 a 2017, ou seja, 45,4% do total mundial. A Figura 5.7 e a Figura 5.8 apresentam,
respectivamente, o total de SGEn certificados em segmentos industriais selecionados no
mundo até 2017 e no Brasil até 2015. Em 2015 o Brasil possuía 22 SGEn certificados na
indústria, ou seja 67% do total nacional. Adotando uma proporção equivalente em 2017, o
país deve ter aproximadamente 33 SGEn certificados na indústria nacional. Para uma
economia que está entre as dez maiores do planeta, estes valores indicam uma oportunidade
para se mudar a forma como o governo e os empresários estão conduzindo a execução das
políticas associadas com a gestão da energia no país.
Fonte: Elaboração própria com base em ISO (2018)
Figura 5. 7 - Número de certificações de SGEn industriais pela norma ISO 50.001 no mundo até 2017
1302
923
888
826
307
275
232
197
175
133
117
99
0 200 400 600 800 1000 1200 1400
Metal básico e produtos fabricados de metal
Alimentos, bebidas e tabaco
Produtos químicos e fibras
Produtos de borracha e plástico
Mineração e pedreiras
Celulose, papel e produtos de papel
Concreto, cimento, cal, gesso, etc.
Produtos minerais não metálicos
Farmacêutica
Têxteis e produtos têxteis
Empresas de impressão
Fabricação de coque e produtos petrolíferos refinados
95
Fonte: Elaboração própria com base em ISO (2018)
Figura 5. 8 - Distribuição das certificações de SGEn de indústrias brasileiras pela norma ISO 50.001 até 2015
A Figura 5.9 lista as normas publicadas pela ISO e pela ABNT (Associação Brasileira
de Normas Técnicas) que complementam a norma ISO 50.001.
Fonte: Elaboração própria com base em ISO (2018) e ABNT (2019)
Figura 5. 9 - Normas complementares à ISO 50.001
Segundo Rozite (2016), através do planejamento e da execução de diagnósticos
energéticos, que são componentes-chave dos SGEn, é possível: (i) entender as tecnologias dos
processos e as necessidades energéticas específicas de cada segmento industrial; (ii)
7
4
3
3
2
1
1
1
Máquinas e Equipamentos
Metalurgia
Combustível Nuclear
Equipamentos Elétricos
Transporte e Armazenamento
Produtos de Couro
Produtos Químicos
Construção
96 identificar as perdas de energia e estimar os respectivos custos; (iii) avaliar as prioridades e a
disponibilidade de recursos (financeiros e de pessoal) para o sistema de gestão da energia; (iv)
avaliar os impactos ambientais decorrentes da produção; (v) identificar as políticas existentes,
bem como as barreiras para a implantação das melhorias e como reduzi-las ou eliminá-las.
A certificação acreditada por uma norma internacional é obtida após auditorias por um
órgão certificador independente e reconhecido pela International Accreditation Forum (IAF),
que verifica se os requisitos propostos para um determinado sistema de gestão estão aderentes
às especificações da norma, se a gestão dos processos é controlada e se a implantação de
melhorias é contínua.
Segundo Lazarte (2016), a adoção da norma ISO 50.001 pode gerar uma economia de
energia estimada em US$ 600 bilhões até 2030.
A introdução de melhorias na eficiência energética tem sido identificada como uma
opção de menor custo para reduzir as emissões e melhorar a produtividade. A adoção de
padrões de gestão da energia conforme a norma ISO 50.001 apresenta um potencial de
economia de energia na faixa de 10% a 40%. A adoção da norma ISO 50.001 até 2030 nos
setores da economia industrial e serviços pode gerar uma economia de energia estimada em
US$ 700 bilhões, em US$ de 2016, e reduzir as emissões em 6.500 milhões de toneladas de
CO2 (MCKANE et al. , 2017).
5.1.5 As empresas de serviços energéticos
As empresas de serviços energéticos, mais conhecidas pela sigla ESCOs (Energy
Service Companies), desenvolvem atividades especializadas na área de energia e fornecem,
entre outras atividades, assistência técnica em contratos e projetos de fornecimento de
energia, gestão e implantação de projetos visando melhorar a eficiência energética de uma
instalação predial e/ou industrial, medição e verificação (M&V) e execução de diagnósticos
para identificar oportunidades para reduzir as perdas e evitar os desperdícios de energia.
Algumas concessionárias de energia criaram ESCOs, como empresas subsidiárias, para
atuar no mercado assessorando os clientes a mapear oportunidades de melhoria no
desempenho energético, executar estudos de viabilidade técnica e financeira, como a
implantação de sistemas de cogeração, e substituição de equipamentos por outros
97 tecnologicamente mais modernos e eficientes. Normalmente estas empresas possuem
condições financeiras para investir e executar projetos de melhorias associados a contratos de
ganhos compartilhados (contratos de desempenho).
As áreas de atuação no Brasil das empresas vinculadas à Associação Brasileira das
Empresas de Conservação de Energia (Abesco) envolvem, conforme indicado na Tabela 5.6,
principalmente a execução de serviços de eficiência energética, geração de energia e gestão
do consumo final de energia elétrica.
Tabela 5. 6 - Áreas de atuação das empresas associadas à ABESCO
Áreas de Atuação Fornecimento de equipamentos, produtos e serviços
Meio ambiente Saneamento, biogás, aterro sanitário e energia renovável
Mecânica Sistemas de aquecimento, ventilação, ar condicionado e ar comprimido
Cogeração Biomassa e diesel
Elétrica Diagnóstico energético, gestão da energia, implantação de projetos, sistemas elétricos e geradores
Automação Predial e industrial Fonte: Elaboração própria com base em ABESCO27
5.1.6 Integração Energética
Nos processos de transformação dos combustíveis e na conversão da eletricidade em
outras formas de energia há perdas consideráveis. Estima-se que 63% do total das fontes
primárias de energia consumidas no mundo sejam perdidas nos processos de combustão e
transferência de calor. Forman et al. (2016) estimaram que as perdas de energia no setor
industrial correspondem a 51% da energia utilizada, conforme está indicado na Tabela 5.7. O
percentual e as faixas da temperatura associadas às perdas de energia na exaustão e efluentes
correspondem a aproximadamente 42% (T<100°C), 38% (T≥ 300°C) e 20% (100°C <T<
299°C). Portanto, investimentos direcionados para a integração energética, como a
recuperação e o aproveitamento do calor rejeitado em alguns processos industriais,
apresentam oportunidades para melhorar a eficiência energética e reduzir as emissões de GEE
(FORMAN et al. , 2016).
27
Áreas de atuação e empresas associadas da Abesco: <http://www.abesco.com.br/pt/associados/#sf-{%224%22:%22Brasil%22,%22search-id%22:%22associados%22}>.
98
Tabela 5. 7 - Estimativa da utilização e perdas de energia na indústria
Participação
Aplicação da energia (exemplos: acionamento e movimentação, aquecimento, refrigeração, iluminação) 49%
- Perdas de energia: exaustão (exemplos: gás de combustão, vapor) e efluentes (exemplos: fluidos refrigerantes, como água e ar) 30%
- Outras perdas de energia (exemplos: radiação, convecção, condução, resistência elétrica, transmissões) 21%
Fonte: Elaboração própria com base em Forman et al.(2016)
O desempenho energético de equipamentos e instalações industriais pode ser otimizado
através de sua integração energética utilizando como ferramenta, por exemplo, a metodologia
de análise Pinch.
Para Kemp (2007), o primeiro conceito chave em uma análise Pinch é o estabelecimento
de metas para a redução de energia. Em uma instalação industrial ineficiente há várias
oportunidades para economizar energia. No entanto, quando bem projetadas e mantidas, as
oportunidades para melhorar o desempenho energético são mais difíceis. Na análise Pinch as
metas são “alvos termodinâmicos” que indicam de forma objetiva o potencial que o processo
pode alcançar se a recuperação de calor dos sistemas de aquecimento e resfriamento de uma
instalação for projetada adequadamente. A Figura 5.10 ilustra os ganhos de tempo e de
economia de energia que se pode obter com a integração energética vis-à-vis a otimização
tradicional dos projetos e a Figura 5.11 ilustra uma aplicação da integração energética em uma
instalação de uma indústria química.
Fonte: Elaboração adaptada com base em Kemp (2007)
Figura 5. 10 - Ilustração dos ganhos na curva de aprendizado em projetos com integração energética
99
Fonte: Elaboração adaptada com base em Kemp (2007)
Figura 5. 11 - Ilustração de uma aplicação de integração energética (processo químico)
A análise Pinch faz uso de conceitos termodinâmicos e de transferência de calor ao
avaliar as correntes frias e quentes de um processo, permitindo identificar o consumo mínimo
de energia requerido por um processo. Segundo Zemp (2016), ao avaliar o potencial de
aumento de recuperação de energia, a análise Pinch considera o impacto de incluir (ou não)
determinadas correntes no sistema de recuperação de energia, e identifica o impacto ambiental
e econômico relacionado ao consumo de combustível e/ou água em processos existentes ou
em novos projetos.
5.1.7 Geração distribuída de energia elétrica
Além de reduzir o consumo de eletricidade via os sistemas de gestão de energia, as
indústrias podem investir na geração própria de energia elétrica para reduzir o valor da
compra para atender a demanda dos processos internos, como também se integrar ao sistema
elétrico para comercializar o excedente e gerar renda extra para a organização.
Através de sistemas de cogeração é possível desenvolver simultaneamente a geração de
energia elétrica ou mecânica ou energia térmica, a partir da queima de um combustível.
Devido às vantagens deste sistema, em vários países os governos têm incentivado a sua
aplicação (LORA e HADDAD; 2006). A cogeração é amplamente praticada nos segmentos
100 industriais energo-intensivos e a sua participação no atendimento da demanda de energia
elétrica tem crescido nos últimos anos no Brasil devido ao aumento do preço da energia
elétrica (BAJAY et al., 2018).
Dentre os combustíveis mais utilizados nas instalações de cogeração industrial no país,
destacam-se os resíduos industriais e o gás natural. Nas usinas siderúrgicas, por exemplo, as
unidades de cogeração queimam gases de coqueria, alto forno e aciaria, além do gás natural
em menor escala. O bagaço da cana e, mais recentemente, a palha da cana colhida
mecanicamente são os combustíveis consumidos nas plantas de cogeração das usinas de
açúcar e álcool.
Os programas de eficiência energética são fundamentais para o desenvolvimento
sustentável. Segundo Bajay et al. (2018) a oferta local de energéticos, renováveis sempre que
possível, deve ser promovida, ao mesmo tempo em que o uso racional de todos os energéticos
consumidos nas instalações.
5.1.8 Instrumentação, automação e softwares para diagnósticos energéticos
A automação e a melhoria dos sistemas de controle da produção contribuem, entre
outros objetivos, para o monitoramento do consumo de energia, água e as emissões em um
processo industrial. A Figura 5.12 ilustra uma estrutura de automação na indústria que pode
contribuir para melhorar o desempenho do negócio.
Fonte: Elaboração própria com base em Bonavita (2013)
Figura 5. 12 - Ilustração de uma estrutura de gestão com o apoio da automação
101
Os modelos de simulação disponibilizados gratuitamente nos portais do Procel INFO e do
DOE na Internet são ferramentas que podem ser utilizadas nos diagnósticos energéticos para
as análises e quantificação dos potenciais de economia no consumo de energia na indústria.
Após a análise de vários destes modelos, Silva (2013) recomendou, para os principais
sistemas consumidores de energia usualmente encontrados na indústria, a utilização dos
seguintes simuladores:
a) Calor de processo: CRC (Procel) e SSAT (DOE);
b) Aquecimento direto: Mark IV (Procel) e PHAST (DOE);
c) Força motriz (motores elétricos): BDMotor (Procel);
d) Ar comprimido: E3AC (Procel) e AirMaster+ (DOE);
e) Bombeamento: PSAT (DOE) e VSD Calculator (DOE);
f) Refrigeração e resfriamento: Mark IV (Procel); e
g) Ventilação: FSAT (DOE) e VSD Calculator (DOE).
5.1.9 Indústria 4.0 e a gestão da energia
O setor industrial passa por mais uma “onda” com a introdução de novas tecnologias na
gestão da produção que estão sendo implantadas via a automação e a integração dos sistemas
de controle dos processos de produção.
Sistemas informatizados para a medição, controle e gestão da energia visando obter
ganhos na eficiência energética também estão sendo desenvolvidos para a indústria, nesta
“onda” que está sendo considerada como a Quarta Revolução Industrial (4IR) 28, chamada de
Indústria 4.0.
A transformação da automação industrial que ocorreu nas últimas décadas com a
informatização, digitalização, medição e controle, evoluiu para a implantação da internet das
coisas, armazenamento de dados na nuvem, inteligência artificial e realidade aumentada, big
data (análise de grande volume de dados), entre outras inovações digitais que estão afetando
em graus diferentes todos os setores da economia. O impacto nas empresas dependerá da
sofisticação das ferramentas que forem implantadas nos processos produtivos (OECD, 2017).
28 Fourth Industrial Revolution (4IR)
102
A Figura 5.13 ilustra, de forma simplificada, o processo de evolução das revoluções
industriais desde a mecanização da energia até a atualidade, com as transformações digitais
trazidas pela Indústria 4.0.
Fonte: Elaboração adaptada com base em Padilha Júnior (2018)
Figura 5. 13 - Ilustração da evolução das revoluções industriais
A instalação de instrumentos de medição do consumo e o controle integrado do fluxo da
energia em uma instalação industrial é um processo complexo. No entanto, a redução nos
custos com a introdução de melhorias na gestão e no uso final eficiente da energia nos
processos de produção industrial, ao longo da vida útil dos equipamentos e instalações, poderá
ser significativa.
A introdução dos avanços tecnológicos da Indústria 4.0 nos processos de produção com
a utilização das melhores tecnologias de automação e digitalização disponíveis no mercado é
um processo desafiador. As oportunidades de melhoria de produtividade decorrentes do
armazenamento e análise on line de indicadores de desempenho energético, tais como o fluxo
de massa e energia, pressão, temperatura, nível, combustão e emissões, entre outros,
possibilitam a formação de históricos da O&M dos equipamentos, agilizam a avaliação do
desempenho dos equipamentos e o monitoramento dos custos da produção, detectam a
103 tendência do consumo de energia e, quando necessário, permitem a correção de desvios para
reduzir as perdas de energia.
5.1.10 Investimentos em ganhos de eficiência energética
Melhorar a eficiência energética nas indústrias através da gestão da energia é importante
devido ao potencial de benefícios econômicos que podem ser identificados e implantados nos
processos de produção. No entanto, para apoiar a implantação de medidas de EE é necessário
entender as barreiras que impedem e afetam as decisões nos diferentes segmentos industriais.
O potencial técnico das medidas que podem melhorar a eficiência energética é limitado por
políticas (públicas e empresariais) que incentivam a sua implantação, tecnologias dos
processos disponíveis para aplicação, rotinas internas e o fluxo de informações nos processos
de tomada de decisão, como também as limitações financeiras e as definições de prioridades
que restringem os investimentos em EE.
A Figura 5.14 apresenta um ranking de barreiras que afetam as decisões de
investimentos em projetos de eficiência energética, conforme a perspectiva de 263 empresas
da Alemanha e de especialistas em energia consultados por Wohlfarth et al.(2018).
Fonte: Elaboração própria com base em Wohlfarth et al.(2018)
Figura 5. 14 - Barreiras que dificultam a realização de projetos de EE na indústria
0 1 2 3 4 5
Priorização de outros investimentos
Indisponibilidade e falta de tempo
Restrições financeiras
Medidas consideradas não lucrativas
Dificuldades para implantar
Dificuldades para motivar
O custo com energia é pequeno no total da produção
Não há gerenciamento de energia (SGEn)
Dificuldades para convencer (departamentos)
Dificuldades para convencer (gestores)
Falta de informação ou visão geral do mercado
Fornecimento da tecnologia requerida
Score (1 a 5)
104
Segundo Wohlfarth et al.(2018), as questões financeiras se destacam entre as principais
barreiras para a implantação de melhorias na eficiência energética. Esse aspecto envolve,
normalmente, a falta de priorização de recursos para os investimentos em projetos de EE,
limites baixos para os prazos de payback dos projetos, dificuldades burocráticas para obter
financiamentos para estes projetos, ou a falta de autonomia para tomar decisões sobre a
priorização dos investimentos nestes projetos. No entanto, uma análise mais detalhada pode
identificar oportunidades de melhorias na eficiência energética dos processos produtivos, ou
da área de Utilidades da empresa que proporcionam aumentos na rentabilidade e lucratividade
para o negócio. Para atenuar as barreiras que dificultam a implantação de melhorias na
eficiência energética sugerem-se as seguintes ações:
i. Obter informações com empresas pioneiras na implantação de SGEn e divulgar os
resultados obtidos;
ii. Implantar medidas de eficiência energética de fácil execução com o pessoal próprio e, com
os resultados obtidos, incentivar os investimentos em outras melhorias que possam trazer
mais rentabilidade para o negócio;
iii. Promover auditorias na gestão da energia (manutenção da certificação) e diagnósticos
energéticos adequados ao segmento industrial em que a indústria atua, e implantar
ferramentas de auto avaliação do consumo de energia; e
iv. Incentivar os gestores da produção a mudar os critérios de decisão quanto às prioridades e
a viabilidade dos investimentos em eficiência, considerando tanto os benefícios tangíveis
como os intangíveis para melhorar a produtividade e competitividade.
Conforme indicado na Figura 5.15, elaborada com base em levantamento da CNI
(2015), investimentos visando melhorias no processo produtivo atual e no aumento da
capacidade produtiva atual representaram 61% do total de investimentos planejados pela
indústria brasileira em 2015.
105
Fonte: Elaboração própria com base em CNI (2015)
Figura 5. 15 - Objetivos dos investimentos planejados pela indústria no Brasil em 2015
Investimentos focados diretamente em ganhos de eficiência energética estão diluídos no
pequeno grupo denominado “Outros” na Figura 5.15. Evidentemente, investimentos em
melhorias no processo produtivo atual e na introdução de novos processos produtivos devem
produzir melhorias na eficiência energética das empresas envolvidas, mas estas melhorias
frequentemente nem são estimadas quando as empresas não possuem algum sistema de gestão
de energia.
Ainda segundo a CNI, os recursos necessários para o financiamento e a execução dos
investimentos em 2014 tiveram como fontes recursos próprios e financiamentos disponíveis
na rede bancária, com uma participação de 62,2% e 35,8%, respectivamente. Em anos de crise
na economia, com redução da utilização da capacidade instalada das indústrias, ocorre uma
redução nos investimentos com recursos próprios. Concomitantemente, devido às incertezas
na condução da recuperação na economia, o mercado financeiro também reduz a
disponibilidade de capital para investimentos. Esta diminuição nas duas fontes de
investimentos pode comprometer a competitividade dos produtos manufaturados.
A análise da viabilidade econômica dos projetos que propiciam ganhos de eficiência
energética deve ser feita com base no ciclo que vida dos equipamentos e instalações
envolvidos. O custo total de um projeto deste tipo pode ser calculado pela Equação 5.1.
����� = �� +� + � + �� + �� +�� + �� + �� (5.1)
onde:
36,1%
25,1%
17,8%
15,7%
4,2% 1,0%Melhoria no processoprodutivo atual
Aumento da capacidade dalinha atual
Introdução de novosprodutos
Manutenção da capacidadeprodutiva
Introdução de novosprocessos produtivos
Outros
106
- CTLCC = custo total considerando o ciclo de vida dos equipamentos e instalações;
- CI = custo inicial (preço de compra dos equipamentos e acessórios);
- CM = custo da montagem e comissionamento;
- CE = custo com energia;
- CO = custo com a operação (operadores);
- CMAN = custo com a manutenção (peças de reposição e mantenedores);
- CP = custo com as perdas programadas na operação (down time);
- CA = custo com aspectos ambientais;
- CD = custo com o descomissionamento do equipamento.
Sá (2010) observa que o componente do custo com energia, na Equação (5.1), pode
representar de 70% a 80% do custo total ao longo da vida útil.
Um dos dilemas associados com investimentos em eficiência energética diz respeito à
demonstração das oportunidades e os ganhos financeiros correspondentes. Para identificar os
ganhos, é necessário executar um diagnóstico energético, seguido de uma campanha de M&V
do desempenho energético que ateste os ganhos obtidos. Para diminuir as incertezas e o custo
do diagnóstico, inicialmente podem ser selecionados alguns sistemas consumidores de energia
e programada a execução do diagnóstico em “equipamentos piloto”. Após a consolidação dos
resultados com a aplicação da metodologia em alguns sistemas operacionais, o diagnóstico
pode ser estendido para outras unidades operacionais da instalação.
Segundo Fleiter et al. (2013), os critérios adotados nas análises da atratividade dos
projetos podem afetar as decisões dos investimentos em medidas e tecnologias para melhorar
a eficiência energética na indústria. A Tabela 5.8 apresenta exemplos destes critérios.
107
Tabela 5. 8 - Exemplo de critérios adotados na avaliação de investimentos em eficiência energética na indústria
Fonte: Elaboração própria com base em Fleiter et al.(2013)
5.1.11 Inovações tecnológicas
Segundo Slack (1993), a tecnologia dos processos define a natureza da operação29 de
uma manufatura30. A exploração das opções tecnológicas pode ser feita levando em
consideração a escala da capacidade produtiva, o grau de automação e o grau de integração do
processo produtivo. A automação dos processos produtivos permite reduzir a variabilidade no
sistema de produção, pois, ao regular, sincronizar e padronizar os fluxos torna previsível uma
produção. No entanto, além dos investimentos em bens de capital, há oportunidades para
ganhos ao se repensar a forma como é gerenciada a operação como um todo, considerando a
sua eficácia, eficiência e confiabilidade.
Nos últimos anos, muitas políticas públicas e programas que incentivam a eficiência
energética no uso final das fontes de energia têm o propósito de mitigar os impactos causados
pelas elevadas taxas das emissões de GEE no período pós-revolução industrial que
29 Operação: grupo de todos os processos empresariais relacionados com a produção de bens e serviços. 30 Manufatura: transformação de matérias-primas.
108 contribuem com as mudanças climáticas no planeta. Assim, a implantação de inovações
tecnológicas e as boas práticas na gestão da energia tornaram-se estratégicas para o negócio.
Os investimentos em novas tecnologias como as melhores tecnologias disponíveis
comercialmente (BATs - Best Available Technologies), modernização dos equipamentos e
processos produtivos, juntamente com a implantação de inovações via projetos de P&D são
fundamentais para melhorar a gestão da energia.
Os recursos ambientais ainda são suficientes para atender a demanda, mas os impactos
ambientais decorrentes da exploração e o processamento dos materiais pela indústria,
particularmente aqueles relacionados com a geração e o uso da energia, indicam a necessidade
da implantação de melhorias, desde o projeto até a produção, passando pela mudança nos
hábitos de consumo e descarte dos resíduos de produtos manufaturados pela sociedade.
Assim, destaca-se o estímulo para a eficiência no uso dos materiais, eficiência no uso da
energia e redução nas emissões de CO2 nos processos de produção industriais (Allwood et al.,
2011).
A Figura 5.16 ilustra os estágios do processo de desenvolvimento de uma nova
tecnologia.
Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2009)
Figura 5. 16 - Exemplo de um processo de desenvolvimento de uma tecnologia
109
Segundo Wesseling et al.(2017), as principais barreiras à inovação nos segmentos
industriais energo-intensivos são:
i. Os longos ciclos de investimento fornecem poucas “janelas” de oportunidade para uma
mudança de tecnologia;
ii. As margens de lucro menores e cíclicas desses segmentos reduzem a disponibilidade de
capital para os investimentos, como também não favorecem prazos maiores para o retorno
dos investimentos;
iii. Os altos custos e uma potencial perda de participação de mercado caso ocorram falhas no
processo produtivo, aumentam a percepção de risco que as inovações podem trazer para o
negócio;
iv. Poucas oportunidades para testar e melhorar as inovações;
v. As melhorias incrementais já obtidas e o desempenho das tecnologias dos processos já
existentes dificultam a implantação de inovações radicais;
vi. O foco na reforma de instalações industriais de grande porte já construídas (investimento
brownfield) 31, inibe ainda mais as inovações radicais.
Na última década aumentaram as pesquisas sobre a aplicação de nanotecnologia em
processos e produtos manufaturados. Segundo a ABDI (2010), o tema nanoenergia
compreende o estudo de dispositivos em nanoescala, ou processos que agem sobre a energia
em suas várias formas (e. g. térmica, química, elétrica, radiante, nuclear) para geração de
energia, transmissão, uso e armazenamento em aplicações baseadas em energia elétrica,
hidrogênio, energia solar ou biocombustíveis. Aplicações como nanofibras e nanotubos de
carbono podem ser usadas como suporte na geração e armazenamento de energia, e os
nanocatalizadores são exemplos de inovações que já estão sendo comercializadas.
Melhorias no projeto de trocadores de calor muitas vezes são limitadas pela
condutividade térmica dos fluidos de transferência de calor. Os nanofluidos são considerados
uma nova geração de fluidos de transferência de calor que podem ser usados em várias
indústrias para melhorar as propriedades térmicas, especialmente a condutividade térmica.
Aplicações específicas incluem a transferência de calor em processos industriais, como a
recuperação de energia de gases combustíveis, resfriamento e aquecimento, armazenamento
térmico e lubrificação em partes móveis de máquinas e equipamentos (JAMA et al. , 2016).
31
É um termo que designa os investimentos em instalações abandonadas, ociosas ou subutilizadas cuja expansão ou revitalização é complicada por contaminações ambientais reais ou percebidas.
110
Muitas pesquisas foram desenvolvidas desde a década passada focadas em nanofluidos
para melhorar a eficiência de sistemas térmicos. Melhorias nos nanomateriais têm permitido a
produção de nanopartículas híbridas (nanocompósitos). A tendência das pesquisas de
nanofluidos está se movendo em direção a tipos híbridos de nanofluidos (LEONG et al. ,
2017).
Muitas pesquisas experimentais relacionadas aos nanofluidos focam na síntese,
caracterização, propriedades termofísicas e métodos de produção dos fluidos de transferência
de calor, mas pesquisas e artigos relacionados às suas aplicações industriais e impactos
ambientais são relativamente escassos (RANGA BABU et al. , 2017).
5.2 Gestão da Água na indústria
A gestão da água na indústria começa pela gestão da demanda, visando o uso racional
da água. Após estabelecer as características do consumo, como a quantidade e a qualidade
requerida pelo processo industrial, é necessário fazer a gestão da oferta, com a identificação
das opções que sejam técnica e economicamente mais adequadas para o negócio,
considerando, entre as opções, a utilização da água de reuso dos próprios efluentes e a
reavaliação dos contratos de fornecimento junto à concessionária de água (CNI/ FIESP,
2013).
Na gestão da demanda, entre outros aspectos, é importante a designação de um gestor
para acompanhar e coordenar as atividades envolvendo os recursos hídricos utilizados nas
instalações industriais, tais como:
i. Elaboração de um fluxograma dos processos do sistema de água e efluentes;
ii. Compilação do consumo de água por setores da empresa;
iii. Identificação dos principais poluentes que interferem na qualidade da água utilizada
nos processos de produção e escolha dos métodos mais adequados para o tratamento
da água e efluentes;
iv. Elaboração de um manual técnico com as informações do sistema de água e efluentes,
especificando os equipamentos, tubulações e acessórios da rede, e indicando o volume
e o nível dos reservatórios, assim como as vazões e as pressões requerida para a
operação de cada sistema operacional;
111
v. Redução das perdas físicas e desperdícios; e
vi. Estabelecimento de rotinas de inspeção e manutenção da rede de água e efluentes.
Em 2015 as regiões Sudeste, Sul e Nordeste foram responsáveis por 85% da demanda
de água no país. As maiores demandas estão localizadas na região Sudeste. As indústrias de
produtos alimentícios, fabricação de bebidas, celulose, papel e produtos de papel, produtos
derivados de petróleo e biocombustíveis, produtos químicos e metalurgia são os segmentos
industriais que mais consomem água no Brasil (ANA, 2017).
Segundo Mierzwa e Hespanhol (2005), o ramo de atividade e a capacidade de produção
de uma indústria determinam as características de qualidade (físicas, químicas e biológicas) e
a quantidade de água (vazão e pressão) requerida para uso no processo de produção.
O consumo de água nos processos industriais, conforme indicado na Tabela 5.9, é
importante para os processos produtivos. Portanto, é necessário garantir a sua disponibilidade,
qualidade e confiabilidade no fornecimento. O descarte dos efluentes precisa ser controlado
para minimizar os riscos de contaminação ambiental, pois além da possibilidade de multas,
como a água é um bem público a contaminação dos mananciais impactará na imagem da
organização e poderá provocar ameaças à licença de operação das unidades poluidoras.
Tabela 5. 9 - Aplicações e usos da água na indústria
APLICAÇÕES USOS DA ÁGUA
Matéria prima Incorporada ao produto final (ex. bebidas, produtos de higiene), ou utilizado para gerar outros produtos (ex. hidrogênio na eletrólise)
Fluido auxiliar Preparação de suspensões, soluções químicas e reagentes químicos
Geração de vapor Conversão da água em vapor e acionamento de turbinas
Fluido de aquecimento e/ou resfriamento
Trocas térmicas
Transporte e assimilação de contaminantes
Lavagem de equipamentos e instalações
Consumo humano Instalações sanitárias e refeitórios
Segurança Combate a incêndio
Outros usos Consumo em usos gerais, com recuperação, ou sem recuperação
Fonte: Elaboração própria com base em Mierzwa e Hespanhol (2005) e Telles e Costa (2010)
Para melhorar a gestão da água, a CNI (2013) recomenda que as empresas: (a)
conheçam as características dos mananciais que fornecem a água que captam; (b) calculem os
112 fluxos e os balanços hídricos dos seus processos de produção; (c) identifiquem e avaliem os
riscos associados à confiabilidade no seu suprimento de água; (d) implantem boas práticas
voltadas ao uso racional e à conservação dos recursos hídricos; (e) estabeleçam indicadores de
desempenho e monitorem o cumprimento de metas de redução na captação e consumo de
água, assim como na descarga de efluentes via o aumento no reuso / reaproveitamento das
águas; e (f) estabeleçam e implantem um plano de ação, e avaliem e divulguem o desempenho
resultante.
A Figura 5.17 indica um exemplo dos fluxos de água e efluentes em um sistema
convencional de fornecimento e consumo de água na indústria. A água ao entrar em contato
com os materiais processados na produção é contaminada. A qualidade requerida, a
concentração inicial aceitável de contaminantes e a taxa de aumento da contaminação da água
em um processo industrial são decorrentes da transferência de massa. A máxima concentração
aceitável para o reuso da água em um processo industrial leva em consideração, entre outros
fatores, a máxima solubilidade, limitações da taxa de incrustação (troca térmica e corrosão
dos materiais), o fluxo mínimo requerido pelo processo e as concentrações admissíveis para o
tratamento da água e efluentes (SMITH, 2005).
.
Fonte: Elaboração própria com base em Mathias (2014)
Figura 5. 17 - Exemplo de um sistema convencional de fornecimento e consumo de água, reuso de água e efluentes, e descarga de efluentes em instalações industriais
113
Segundo Mierzwa e Hespanhol (2005), os estudos da viabilidade do reuso da água e
efluentes devem considerar as limitações técnicas (qualidade da água requerida para uma
determinada aplicação), operacionais e econômicas existentes. O nível de reuso dos efluentes
na indústria depende das técnicas de tratamento adotadas, das características dos efluentes
tratados e dos requisitos ambientais para o descarte nos recursos hídricos.
Uma técnica que avalia de uma maneira integrada o consumo de água, a troca de massa
no processo e o potencial máximo do reuso da água / efluentes nas operações industriais é a
metodologia do ponto mínimo de consumo de água (Water Pinch). Nesta metodologia,
inicialmente identifica-se os consumos mínimos requeridos de água e o volume dos efluentes
gerados. Para aumentar a eficiência do uso da água no processo e a concepção do sistema de
distribuição de água e efluentes, verificam-se os fluxos mínimos requeridos e a viabilidade de
reuso de água e efluentes. Finalmente, são propostas melhorias com o objetivo de minimizar o
consumo de água, maximizar o reuso e minimizar a geração de efluentes (MIERZWA E
HESPANHOL, 2005).
A Figura 5.18 representa esquematicamente um processo industrial que requer a
utilização de água, que concentra um contaminante ao longo de sua passagem pelo processo.
A carga de contaminante transferida para a água pode ser calculada através de um balanço de
massa, conforme indicado na Equação 5.2:
Fonte: Elaboração adaptada com base em Mierzwa e Hespanhol (2005) e Smith (2005)
Figura 5. 18 - Representação de um processo industrial com variação na concentração da água devido à absorção de um contaminante
114
∆�� =�á���. ∆� = �á���[�á������í��� − �á������ !����] (5.2)
Onde:
∆mC: variação da carga do contaminante;
mágua: massa de água;
∆C: variação da concentração (C) da massa de água.
A Figura 5.19 apresenta um exemplo de concepção de três sistemas operacionais que
requerem o consumo de água. Inicialmente, na parte (a) da Figura, se utiliza apenas água
limpa no fornecimento de cada sistema. Após análise da integração do consumo de água e
liberação de efluentes (vazões requeridas e concentrações de contaminantes admissíveis na
entrada de cada sistema), seguido ou não de tratamento, constatou-se ser possível reduzir o
consumo de água limpa através do reuso de efluentes de um sistema para os outros sistemas.
Fonte: Elaboração própria
Figura 5. 19 - Ilustração de uma aplicação de integração do consumo de água e efluentes com três sistemas operacionais
115
Fernandez e Garrido (2002) argumentam que, caso o fornecimento de água para as
indústrias, hipoteticamente, fosse interrompido, o custo de oportunidade da água seria
considerado como um gasto adicional que as empresas teriam que fazer para encontrar
soluções alternativas como, por exemplo, a obtenção de outorga para a captação em uma
bacia hidrográfica e a reciclagem de suas águas. Neste caso, a opção interna, através dos
investimentos em instalações próprias para o tratamento e reuso da água é uma alternativa que
além de reduzir os custos da compra de água potável, permite manter a produção e garantir
uma segurança hídrica para a empresa.
A Tabela 5.10 apresenta faixas de consumos específicos de água para os segmentos
industriais analisados neste trabalho, segundo Mierzwa e Hespanhol (2005) e Telles e Costa
(2010), enquanto que a Tabela 5.11 mostra a distribuição percentual do consumo de água
nestes segmentos por tipo de atividade: resfriamento sem contato, processo e atividades afim,
e usos sanitários e outros usos.
Tabela 5. 10 - Consumo de água nos segmentos industriais selecionados neste trabalho
SEGMENTO INDUSTRIAL Unidades Segundo Mierzwa e
Hespanhol (m³/unidade)
Segundo Telles e Costa
(m³/unidade) Papel & celulose
- Polpa mecânica t 30-40 15-200
- Polpa obtida pelo processo sulfato t 170-500 Branqueamento da celulose: 80-200 - Polpa obtida pelo processo sulfito t 300-700
- Polpa e papel integrados t 200-250
- Fabricação de papel t 30-250
- Papel jornal t 165-200
- Papel fino t 900-1000
- Papel para impressão t 500
Indústria química
- Amônia sintética t líquida 129
- Soda cáustica t 60,5-200
- Borracha sintética t 100-150
Siderurgia
- Alto forno t 50-73
- Aço acabado / semi acabado t 22-27
- Laminação t 8-50
- Deposição eletrolítica de metais m³ de
solução 1-25
Cimento Portland t 0,55-2,5 Fonte: Elaboração própria com base em Mierzwa e Hespanhol (2005) e Telles e Costa (2010)
116
1 t = 10³ kg (tonelada métrica)
Tabela 5. 11 - Distribuição percentual do consumo de água por atividade nos segmentos industriais selecionados neste trabalho
SEGMENTO INDUSTRIAL Resfriamento sem contato
Processo e atividades afins
Uso sanitário e outros
Aço 56 43 1
Papel & celulose
- Fábricas de celulose e papel 18 80 1
- Fibras celulósicas sintéticas 69 30 1
- Fibras orgânicas celulósicas 94 6 < 0,5
Produtos químicos
- Borracha sintética 83 17 < 0,5
- Cloro e álcalis 85 14 1
- Fertilizantes fosfatados 71 28 1
- Fertilizantes nitrogenados 92 8 < 0,5
- Materiais plásticos e resinas 93 7 < 0,5
- Produtos químicos inorgânicos 83 16 1
- Produtos químicos orgânicos 91 9 1
Cimento 82 17 1 Fonte: Elaboração própria com base em CNI/ FIESP (2017)
O Projeto Aquapolo 32 desenvolvido no Polo Petroquímico do ABC, em São Paulo, é
um bom exemplo da produção de água de reuso de esgoto industrial tratado pela Companhia
de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp). O projeto foi criado através de uma parceria
entre a Braskem Ambiental e a Sabesp e é o 5º maior empreendimento do tipo no mundo. O
fornecimento mantém a qualidade requerida pela indústria e é regular mesmo em períodos de
crise hídrica (IPEA/ANA, 2018). A economia de água potável é de 2,58 bilhões de litros por
mês.
As ações direcionadas para economizar água, segundo o Sistema de auto avaliação de
Eficiência Hídrica (SAVEH) 33 desenvolvido pela AMBEV34 (Companhia de Bebidas das
Américas) possibilitou à empresa reduzir 40% no consumo de água nos últimos 13 anos.
Nesta plataforma, o preenchimento de um autodiagnostico gera um plano de ação que visa
diminuir as perdas e aumentar a eficiência no uso da água nas unidades da empresa.
32
Mais informações sobre o Projeto Aquapolo estão disponíveis em <http://www.aquapolo.com.br/>. 33 Disponível em: < https://saveh.com.br/conheca/>. 34 Metas e compromissos da empresa com a sustentabilidade e a conservação da água:
<https://www.ambev.com.br/sustentabilidade/agua>.
117
Segundo Fernandez e Garrido (2002) caso o fornecimento de água para as indústrias,
hipoteticamente, fosse interrompido o custo de oportunidade da água seria considerado como
um gasto adicional que as empresas teriam que fazer para encontrar soluções alternativas
como, por exemplo, a obtenção de outorga para a captação em uma bacia hidrográfica e a
reciclagem de suas águas. Neste caso, a opção interna através dos investimentos em
instalações próprias para o tratamento e reuso da água é uma alternativa que além de reduzir
os custos da compra de água potável, permite manter a produção e garantir uma segurança
hídrica para a empresa.
A Tabela 5.12 apresenta exemplos de desempenhos e de programas de conservação de
água em diversas empresas e segmentos industriais no país.
Tabela 5. 12 - Exemplos de indicadores de desempenho e de programas de melhorias na utilização da água em empresas e segmentos industriais no Brasil
Empresas e associações
Segmento industrial
Exemplos e indicadores de desempenho
ArcelorMittal / ES
Siderurgia
Para manter a sua produção em razão da crise hídrica no estado do ES em 2016, a empresa adotou medidas para a redução da demanda de água doce através de diminuição de perdas hídricas, modernização da estação de tratamento de água e intensificação dos processos de reuso (400 m³/h para fins industriais) e recirculação interna (97%), e a utilização da água do mar em processos de resfriamento (95,5% da água usada atualmente nas instalações). Há estudos em andamento para projetos de dessalinização.
Cabot Indústria química
Aproveitamento de 100% dos efluentes industriais.
Basf Indústria química
Em 2012 a empresa assumiu o compromisso do uso sustentável da água. Como meta corporativa global planejou reduzir o consumo de água potável em seus processos produtivos em 50% até 2020 a partir dos indicadores de 2010.
Rhodia Indústria química
Implantação de tecnologia para tratar o lodo gerado na ETA. Com esta iniciativa, a empresa reduziu a captação de água em 75m³/h e zerou o volume de sólidos despejados no Rio Atibaia.
Elekeiroz Indústria química
Projetos de reuso da água, captação de água de chuva e campanhas de conscientização de funcionários visando reduzir a captação de água do Rio Jundiaí. Estes projetos permitiram a redução na captação de 18.600m³/ano para 16.800m³/ano.
Lanxess Indústria química
Projetos de retrolavagem ou reutilização de água implantada reduziram o consumo de água em aproximadamente 50% em relação a 2004, bem como a quantidade de resíduos caiu 40%.
118
Empresas e Associações
Segmento Industrial
Uso racional de Água: exemplos e indicadores de desempenho (continuação Tabela 5.12)
Braskem Braskem
Indústria química
O consumo específico médio de água em 2016 foi de 4 m³/t, enquanto que o índice de efluentes líquidos foi de 1,11 m³/t. A empresa investiu no período de 2002 a 2016 em projetos de melhoria hídrica R$ 280 milhões e obteve uma economia de R$ 175 milhões com a redução de custos com tratamento de efluentes líquidos e custos operacionais com o consumo de água. Iniciativas: - UNIB SP: reuso de água via o Projeto Aquapolo que foi implantado em 2012 com capacidade para produzir 1.000 litros/s de água de reuso a partir de esgoto tratado das empresas do Polo Petroquímico do ABC de SP. - UNIB BA: Projeto “Água Viva” em parceria com Cetrel para reaproveitamento de águas pluviais e efluentes tratados. Na primeira fase a meta foi fornecer de 500m³/h a 800m³/h de água tratada para as indústrias petroquímicas do Polo Petroquímico de Camaçari. A economia de energia foi de 1 kWh/m³ de água de reuso em relação aos processos tradicionais. - Aproveitamento da água de chuva no estacionamento da UNIB BA.
Instituto Aço Brasil
Indústrias siderúrgicas
Desenvolve iniciativas associadas com a gestão dos recursos hídricos visando: reduzir vazamentos; diminuir a captação nos mananciais hídricos; reformar, aumentar a capacidade e ampliar a recirculação de água (média de 96%); utilizar água de reuso; e monitorar a qualidade da água e o tratamento de efluentes.
Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel)
Papel & celulose
A referência internacional de captação de água para o processo industrial é de 30m³/t a 50m³/t de celulose produzida. - A Fibria desenvolve programas para circular a água 4,2 vezes antes de ser tratada e devolvida ao rio, e opera com uma captação de 30,6m³/t. No período de 1997 a 2012 o consumo de água caiu de 92m³/t de adt (celulose seca ao ar, com 10% de umidade) para 31m³/t de adt. Neste período, a média de reciclagem da água foi de 85%. - A Cenibra no período de 1977 até 2012 reduziu o consumo de água de 690 m³/tsa para 42,43 m³/tsa, neste período a redução média foi de -7,7 % ao ano.
Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química)
Indústrias químicas
No período de 2006 a 2011 o volume médio de água captado caiu de 7,41m³/t para 5,48m³/t de produto e a água consumida caiu de 4,42m³/t para 3,16m³/t de produto. Em relação aos efluentes lançados, o valor caiu de 2,4m³/t para 1,81m³/t de produto. A reciclagem de efluentes neste período aumentou de 19,8% para 22,2%.
ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland)
Indústrias de cimento
Calcula o consumo de água, eficiência e intensidades métricas, e apresenta relatórios de dados com os indicadores de desempenho e informa as partes interessadas (internas e externas). Aproximadamente 99% do parque brasileiro usa o processo via “seca”. A água é utilizada nas torres de resfriamento e na injeção nos moinhos, representando um consumo de 100 litros/t de clinquer.
Fonte: Elaboração própria com base em CNI (2013) e Lima (2018)
119 5.3 Gestão das emissões e da reciclagem na indústria
A Figura 5.20 mostra, utilizando estimativas do Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovação e Comunicações - MCTIC35, como a distribuição das emissões de CO2 entre os
setores da economia brasileira evoluiu entre 1990 e 2015. Em 2015, o setor de energia foi
responsável por 33% das emissões, seguido pela agropecuária com 31%, uso da terra,
mudança do uso da terra e florestas com 24%, processos industriais com 7% e tratamento de
resíduos com 5% (MCTIC, 2017).
Fonte: Elaboração própria com base em MCTIC (2017)
Figura 5. 20 - Evolução, de 1990 a 2015, da distribuição percentual das emissões de CO2 por setor da economia brasileira
A Figura 5.21 apresenta a distribuição das emissões associadas à queima de
combustíveis fósseis em 2015. As maiores participações são do setor de transporte,
responsável por 44% das emissões, seguido pela indústria com 21%.
35
O Decreto Nº 9.172/2017 oficializou o Sistema de Registro Nacional de Emissões (Sirene) que está sob a responsabilidade do MCTIC, como instrumento oficial para disponibilizar os resultados de emissões de GEE, que incluem as estimativas anuais do país.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
Tratamento de Resíduos
Processos Industriais
Energia
Agropecuária
Uso da terra, Mudança doUso da Terra e Florestas
120
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2018)
Figura 5. 21 - Distribuição percentual das emissões de CO2 pela queima de combustíveis no Brasil em 2015
Em 2014 e 2015, com a crise hídrica e o menor nível dos reservatórios das usinas
hidrelétricas, a geração de eletricidade através de usinas termelétricas contribuiu para o
aumento da participação das emissões do setor de energia no total das emissões.
Segundo o SEEG/IEMA36 (2018), as atividades industriais podem gerar emissões
atmosféricas através da queima de combustíveis (geração de calor ou energia elétrica),
disposição de resíduos (tratamento de efluentes e incineração) e nos processos industriais
(transformação química ou física dos materiais). Conforme pode ser observado na Figura
5.22, o segmento das indústrias de ferro gusa e aço e os fabricantes de cimento responderam,
respectivamente, em 2016 por 27% e 21% das emissões de CO2e do setor industrial brasileiro.
O segmento das indústrias químicas ocupa a terceira posição com uma participação de 10%.
As emissões do segmento de papel e celulose, em função das características do processo de
produção com matéria prima de base florestal, é a menor entre os segmentos selecionados
para análise neste trabalho (3%).
36 O Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) é uma iniciativa do Observatório do Clima. O Terceiro Inventário Nacional de emissões de gases de efeito estufa usa as diretrizes publicadas pelo IPCC em seu Segundo Relatório de Avaliação (AR2), de 1995. No entanto, a NDC brasileira, apresentada no Acordo de Paris em 2015, foi elaborada usando os fatores de emissão do relatório mais recente do IPCC, o AR5, de 2013. Assim, o SEEG converteu toda a série de dados para os fatores de emissão da AR5. As emissões por atividade econômica estão disponíveis em: <http://plataforma.seeg.eco.br/economic_activity>.
44%
21%
20%
6%
9%
Transporte
Industrial
Geração de eletricidade
Produção de combustíveis
Outros
121
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2018)
Figura 5. 22 - Distribuição da participação percentual dos segmentos industriais nas emissões de CO2e da indústria brasileira nos anos de 1990 e 2016
A Figura 5.23 apresenta a evolução das emissões dos processos industriais brasileiros
no período de 1970 a 2017. Os segmentos formados pelas indústrias de produtos minerais e
produção de metais foram responsáveis em 2017 por aproximadamente 78% das emissões dos
processos industriais
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2019)
Figura 5. 23 - Evolução das emissões dos processos industriais no Brasil, de 1970 a 2017
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35%
Ferro gusa e aço
Cimento
Outras indústrias
Química
Não ferrosos e outros da Metalurgia
Alimentos e Bebidas
Cerâmica
Papel & celulose
Mineração e Pelotização
Ferro ligas
Têxtil
1990 2016
0
10
20
30
40
50
60
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Emis
sõe
s C
O2
e (
Mt)
GW
P-A
R5
Indústria Química Produtos Minerais Produção de Metais
122
A lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) prevê a prevenção e
a redução na geração de resíduos e apresenta diretrizes visando o aumento da reciclagem e a
reutilização dos resíduos sólidos. Esta lei também determina que aquilo que não tem valor
econômico e nem pode ser reciclado e/ou reaproveitado deve ter uma destinação adequada.
No entanto, aproximadamente 50,5% da destinação dos resíduos no Brasil em 2008 eram
feitas em vazadouros a céu aberto, ou seja, em lixões sem nenhum tratamento (IBGE, 2018c).
Só 11,6% dos municípios que possuem serviços de manejo de resíduos sólidos possuem
unidades de triagem de resíduos recicláveis. Portanto, na grande maioria dos municípios
brasileiros a coleta de materiais que possam ter valor econômico, como alumínio e papel, é
feita por catadores e cooperativas de catadores de materiais recicláveis.
A Figura 5.24 apresenta a evolução da proporção de material reciclado no Brasil no
período de 1993 a 2011. Como destaque entre os materiais reciclados está o alumínio, que
apresentou em 2011 um índice de 98,3%, pois apresenta facilidade no acondicionamento,
transporte e maior valor na revenda.
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2018d)
Figura 5. 24 - Evolução da proporção de material reciclado de produtos industriais selecionadas no período 1993-2011
98,3
57,1
47
27,1
0
20
40
60
80
100
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
Pro
po
rção
de
mat
eri
al r
eci
clad
o (
%)
Latas dealumínio
Papel
Vidro
Embalagens PET
Latas de aço
Embalagenslonga vida
123
Visando aplicar a lei de resíduos sólidos, diversas empresas firmaram com o governo
federal o Compromisso Empresarial para Reciclagem (CEMPRE, 2018) 37. O objetivo deste
acordo é a recuperação e retorno de embalagens como matéria prima para as indústrias. O
acordo para o período 2015-2017 envolveu 732 municípios, onde estão 63% da população
brasileira (130.719.535 habitantes). Foram estabelecidas, como metas, aumentar a
recuperação em 20% da fração seca do lixo urbano e reduzir em 22% a quantidade de
embalagens dispostas em aterros, em comparação a 2012.
A Figura 5.25 apresenta o resultado da distribuição da coleta de resíduos em 2017. Nos
locais em que há coleta seletiva a distribuição de resíduos apresenta a composição apresentada
na Figura 5.26. No Brasil, 1.227 municípios possuíam coleta seletiva em 2018 e apenas 17%
da população era atendida com este serviço.
Fonte: Elaboração própria com base em Cempre (2018)
Figura 5. 25 - Distribuição percentual da coleta de resíduos em 2017
Fonte: Elaboração própria com base em Cempre (2018)
Figura 5. 26 - Distribuição dos materiais recolhidos na coleta seletiva
37 Empresas associadas ao CEMPRE (http://cempre.org.br/sobre/id/1/institucional): AJINOMOTO, AMBEV, ARCOR, BRASKEM, BRF, CARGIL, COCA-COLA, COLGATE-PALMOLIVE, DANONE, FEMSA, HEINEKEN, HERSHEY´S, KLABIN, MCDONALDS, MONDELEZ, NESTLÉ, NESTLÉ WATERS, OWENS ILLINOIS, PÃO DE AÇUCAR, PEPSICO, SC JOHNSON, SIG COMBILOC, TETRA PAK, UNILEVER, VERALLIA e VIGOR.
51,4%
16,7%
13,5%
13,1%
2,9%
2,4%
Fração molhada
Outros
Plástico
Papel e papelão
Metais
Vidro
26%
22%
13%
12%
10%
9%
3%
3%
2%
Rejeitos
Papel e papelão
Plástico
Alumínio
Metais ferrosos
Vidro
Eletrônicos
Outros
Embalagem longa vida
124
A hierarquia de gestão dos resíduos, conforme recomenda a OCDE, envolve (CNI,
2014):
� Prevenir a produção de resíduos, ou reduzir a quantidade gerada;
� Reduzir a toxidade ou os impactos negativos do resíduo que é gerado;
� Reutilizar os materiais recuperados;
� Reciclar, compostar ou recuperar materiais para uso como matérias primas e insumos de
novos produtos;
� Recuperar a energia por incineração, biodigestão, ou processos similares;
� Reduzir o volume dos resíduos antes da disposição final; e
� Dispor dos resíduos sólidos de maneira ambientalmente adequada, geralmente em aterros
sanitários.
A recuperação energética visa aproveitar o potencial energético que um resíduo possa
ter, sendo considerada também como uma forma de aplicação econômica para alguns
resíduos. O aproveitamento energético dos resíduos gerados na indústria normalmente
envolve a sua queima em substituição a outras fontes de energia, como o carvão ou o gás
natural. A Lei nº 12.305 (PNRS) estabelece que “Poderão ser utilizadas tecnologias visando à
recuperação energética dos resíduos sólidos urbanos, desde que tenha sido comprovada sua
viabilidade técnica e ambiental e com a implantação de programa de monitoramento de
emissão de gases tóxicos aprovado pelo órgão ambiental”.
A Tabela 5.13 apresenta exemplos de desempenho e gestão dos resíduos nas indústrias.
125
Tabela 5. 13 - Exemplos de indicadores de desempenho e programas de gestão de resíduos nos segmentos industriais analisados neste trabalho
Empresas Segmento Industrial
Gestão de Resíduos: exemplos e indicadores de desempenho
ABCP (Associação Brasileira de
Cimento Portland)
Fabricantes de cimento
Para cada tonelada de clinquer produzido são necessárias 1,5 a 1,7 toneladas de matéria prima e para cada tonelada de cimento, 60 a 130 kg de óleo combustível ou seu equivalente. Os resíduos passíveis de serem coprocessados nos fornos de clinquer são provenientes de diversas indústrias, principalmente dos setores químico, petroquímico, metalúrgico, alumínio, automobilístico, papel e celulose, além de resíduos sólidos urbanos (RSU) tratados. Entre os resíduos mais comuns encontram-se as borrachas, solventes, tintas e óleos usados, borras de petróleo e de alumínio, além de solos contaminados e lodos das estações de tratamento. Destacam-se, ainda, os pneus inservíveis. Em 2013 os resíduos coprocessados apresentaram a seguinte distribuição: resíduos com potencial energético (31%), matéria prima alternativa (30%), pneus (23%) e biomassa (16%).
Abiquim (Associação Brasileira da
Indústria Química)
Indústria química
“Os indicadores estabelecidos para avaliar a gestão dos resíduos sólidos são aqueles relativos à intensidade de geração de resíduos perigosos e não perigosos. Ambos os indicadores mostram uma redução, desde 2006 até 2012 de 12,8% e 20,7%, respectivamente. Como resultado da gestão de resíduos houve um aumento dos resíduos sólidos reciclados, tanto não perigosos como perigosos, desde 2006 até 2012, em 19,2% e 18,8%, respectivamente, em relação ao ano base 2006”.
IAB (Instituto
Aço Brasil) Siderurgia
“Em 2013 houve uma geração específica de 594 kg de coprodutos e resíduos para cada tonelada de aço produzido. Neste mesmo ano, os principais coprodutos gerados pela indústria do aço foram escórias de alto-forno (37%) e escórias de aciaria (29%), seguidos de finos e pós (14%), lamas (5%), carboquímicos (2%) e outros (13%). 88% dos resíduos gerados foram reaproveitados, caracterizando-se como coprodutos, 6% foram destinados ao estoque e os outros 6% enviados à disposição final em aterros”. “As escórias de alto forno geradas são destinadas à indústria cimenteira”. “As escórias de aciaria, após resfriamento, passam pela etapa de beneficiamento. Em 2013, estes coprodutos foram aplicados, principalmente, em sub-bases, bases e capas asfálticas de pavimentos rodoviários (62%), nivelamento de terrenos (20%), corretivos e fertilizantes de solos (8%), produção de cimento (5%), lastros ferroviários (1%) e outros, como estradas vicinais, gabiões e rip-raps (5%)”. “Em sua maioria, os finos, pós e lamas gerados durante o processo de fabricação de aço retornam ao processo produtivo, assim como os gases gerados na coqueria, alto-forno e aciaria são utilizados internamente para produção de energia elétrica, reaquecimento de placas, entre outros fins, evitando o consumo de insumos sucedâneos, como óleo combustível e gás natural”. “A carepa de aço passou a ser reutilizada para enchimento enclausurado de contrapesos de alta densidade. Esse tipo de material é destinado, por exemplo, às máquinas de terraplenagem e construção pesada, e ainda aos rebocadores de portos”.
Fonte: Elaboração própria com base em CNI (2014)
126 5.4 Gestão da operação e manutenção
A busca de ganhos de eficiência energética ganhou força como algo inerente à
implantação de inovações tecnológicas e melhorias na gestão da operação dos equipamentos e
instalações. A identificação e correção das fontes de perdas e desperdícios de energia fazem
parte dos programas de eficiência energética, mas não, necessariamente, destacam a
necessidade de aperfeiçoar o desempenho da confiabilidade da manutenção dos
equipamentos. A gestão dos ativos e o desempenho das atividades de manutenção contribuem
para a confiabilidade dos equipamentos e, consequentemente, a disponibilidade das plantas
para produzir. Portanto, para uma gestão dos ativos industriais no padrão “World Class” é
necessário desenvolver programas de melhoria nos processos de O&M visando aumentar a
confiabilidade e o desempenho técnico durante a vida útil dos equipamentos.
Nas avaliações energéticas e na análise de desempenho de uma instalação industrial
normalmente são identificados desvios em alguns requisitos originais de projeto, operação
e/ou manutenção, inclusive requisitos legais como as emissões decorrentes dos processos de
combustão, gestão adequada dos resíduos, captação de água e lançamento de efluentes. Após
corrigir, ou minimizar esses desvios, as instalações e equipamentos podem funcionar
conforme os requisitos técnicos de projeto. Podem ser identificadas algumas oportunidades de
melhoria no projeto para aumentar o desempenho energético de um equipamento como, por
exemplo, modificações nos sistemas de monitoramento e controle ou, quando requerido em
função da elevação nas taxas de falha ou obsolescência tecnológica, a programação de
investimentos para a substituição por um equipamento novo e tecnologicamente mais
eficiente. No entanto, para melhorar o desempenho energético associado com as falhas dos
equipamentos que afetam os programas de produção devido a uma menor confiabilidade,
disponibilidade, produtividade, qualidade ou utilização da capacidade instalada (UCI) de uma
planta, é necessário introduzir melhorias na gestão da operação e manutenção (O&M) dos
ativos da instalação industrial.
Uma análise integrada da gestão da O&M com a gestão da energia nas áreas de
produção e no uso das utilidades industriais permite avaliar, além do desempenho de uma
instalação, equipamento ou sistema operacional, o impacto do custo da energia consumida
durante a vida útil e as oportunidades de melhoria energética para a sua utilização de forma
eficiente.
127
A energia é um dos recursos mais importantes para a produção de bens e serviços nas
indústrias. Portanto, os desvios que afetam o desempenho energético precisam ser
identificados, quantificados, qualificados e corrigidos visando eliminar os desperdícios e
minimizar as perdas de energia e água, diminuir as emissões e os impactos ambientais ao
longo do ciclo de vida dos equipamentos e instalações industriais.
Segundo Sullivan et al. (2010), entre outras responsabilidades, a operação e a
manutenção (O&M) devem fazer o controle do desempenho e a programação de manutenção
dos equipamentos. A eficiência operacional e econômica das instalações ao longo do ciclo de
vida dos equipamentos envolve a combinação de técnicas de manutenção preventiva,
preditiva e centradas em confiabilidade que tem, entre outros objetivos, prevenir ou diminuir
as falhas dos equipamentos e visam aumentar a eficiência, confiabilidade e segurança das
instalações, conforme ilustrado na Figura 5.27. A execução de rotinas padronizadas de O&M
com medição e verificação (M&V) e a coleta de dados em tempo real, com a emissão de
relatórios técnicos e gerenciais, permitem identificar oportunidades de melhorias de baixo
custo ou sem custos da eficiência energética das instalações, que podem ser executadas pela
equipe de O&M. Muitas dessas ações não dependem da contratação de serviços ou da
execução de projetos; sua implantação pode ser fácil e os ganhos podem ser rápidos.
Fonte: Elaboração adaptada com base em Sullivan et al.(2010)
Figura 5. 27 - Ilustração do desempenho de equipamentos e instalações industriais ao longo do tempo
128
Segundo Hoang et al. (2016), a introdução, nos sistemas de gestão industrial, das
intervenções de manutenção preventiva com base nos resultados do monitoramento da
condição dos equipamentos a partir da avaliação de indicadores técnicos tais como as
características do óleo lubrificante e os níveis de vibração das máquinas, otimizou a
programação dos serviços, os custos da manutenção e a disponibilidade operacional dos
equipamentos. No entanto, além do acompanhamento de desempenho via indicadores técnicos
e o custo da manutenção, é necessário introduzir nas estratégias de gestão das atividades de
O&M os impactos das atividades de manutenção sobre o consumo de energia e a eficiência
energética dos equipamentos.
5.4.1 Operação
As organizações industriais necessitam de vários departamentos para executar as
funções que permitem a produção de bens e serviços. Com o desenvolvimento tecnológico e a
organização dos processos de produção, conforme exemplificado no organograma da Figura
5.28, foram criados departamentos especializados para fazer a gestão da operação e a gestão
da manutenção dos equipamentos. Em todas as instalações há uma área chamada de
Utilidades que gerencia, entre outras atribuições, o fornecimento das fontes de energia
elétrica, combustíveis, gases e água que são utilizadas nas unidades de produção. A Figura
5.29 ilustra um exemplo da estrutura dos sistemas de uma área de Utilidades industrial.
Fonte: Elaboração própria
Figura 5. 28 - Exemplo de uma estrutura organizacional industrial
129
Fonte: Elaboração própria
Figura 5. 29 - Exemplo da estrutura de um sistema de utilidades industrial
Segundo Ribeiro (2014), a manutenção produtiva total (Total Productive Maintenance –
TPM) significa a falha zero e quebra zero dos equipamentos, conjuntamente com defeito zero
nos produtos e perda zero no processo. Trata-se de uma filosofia de manutenção preventiva
que evoluiu no Japão a partir dos anos 1970 visando maximizar a eficiência dos
equipamentos. No entanto, a sua aplicação não é restrita às atribuições do departamento de
manutenção industrial. Neste modelo de gestão os profissionais que trabalham na operação
podem executar atividades simples de manutenção como, por exemplo, trabalhos de inspeção
usando os sentidos, limpeza, reaperto e lubrificação. O pessoal de manutenção é responsável
pelas atividades mais complexas visando manter e melhorar a confiabilidade dos
equipamentos. As sugestões de melhorias são encaminhadas para o departamento de
engenharia, que analisa as oportunidades para aumentar o desempenho dos equipamentos e
das instalações. Para maximizar o desempenho operacional dos equipamentos e da produção
em processos contínuos é necessário minimizar ou eliminar as perdas, como as indicadas na
Figura 5.30, que afetam a disponibilidade, a eficiência operacional dos equipamentos e a
qualidade dos produtos.
130
Fonte: Elaboração própria com base em Ribeiro (2014)
Figura 5. 30 - Oportunidades de melhorias e redução de perdas
5.4.2 Manutenção
As inovações tecnológicas e gerenciais introduzidas na indústria nas últimas décadas
revolucionaram os processos de produção. A automação dos processos industriais permitiu
aumentar a produção e melhorar a produtividade. Os sistemas de monitoramento e controle
dos equipamentos aumentaram a possibilidade de identificar e prevenir avarias visando
aumentar a confiabilidade dos equipamentos durante a vida útil38. Com o tempo, conforme
ilustrado na Figura 5.27, o desempenho dos equipamentos deteriora. Após a identificação de
38 A vida útil refere-se ao período da vida de em equipamento ou componente que se estende desde a
“juventude”, quando começa a operação, até o período do “envelhecimento”, quando normalmente as taxas de falha podem aumentar. Uma nova tecnologia pode tornar um equipamento “obsoleto”, ou menos produtivo durante a sua vida útil (mesmo que esteja bem conservado). Nestes casos, ele poderá ser substituído para melhorar o desempenho requerido para o processo produtivo e aumento da produtividade.
131 defeitos, é necessário programar intervenções planejadas de manutenção para evitar falhas,
conservar o desempenho previsto no projeto e atender as demandas da produção.
A Tabela 5.14, utilizando dados da Associação Brasileira de Manutenção e Gestão de
Ativos (Abraman), indica a distribuição dos homens-hora entre os diversos tipos de
manutenção no Brasil: corretiva, preventiva, preditiva e outros.
Tabela 5. 14 - Distribuição percentual dos homens-hora entre os serviços de manutenção executados no Brasil
Tipos de manutenção
Média do período 1995-2013
2017
Corretiva (28,7±2,5) % 38%
Preventiva (36,3±3,0) % 41%
Preditiva (18,0±0,8) % 14%
Outros (17,1±4,0) % 8%
Fonte: Elaboração própria com base em Abraman (2017, 2013, 2011)
A manutenção industrial é uma das áreas que contribui para ganhos na produtividade
durante a vida útil dos equipamentos. Assim, melhorar a gestão dos ativos e as técnicas de
manutenção possibilita reduzir os custos de produção, pois a perda de produção por paradas
não programadas afeta toda a cadeia produtiva, ou seja, desde o fornecedor de matéria prima,
o processo de produção até a entrega do produto ao cliente final (TAVARES et al. , 2005).
O desempenho da manutenção brasileira segundo a Abraman (2017) apresentou, em
2017, um valor médio para a disponibilidade dos equipamentos e a indisponibilidade por
manutenção de 87% e 8%, respectivamente. Para os segmentos industriais analisados neste
trabalho, os resultados de suas manutenções em 2017 estão indicados na Tabela 5.15 e Tabela
5.16.
Segundo Filho (1996), falha é uma perda da capacidade de um item para realizar sua
função específica, defeito é o desvio de uma característica de um item em relação aos seus
requisitos e a quebra é uma falha que provoca a indisponibilidade ou incapacidade de um item
para desempenhar sua função requerida.
132
Tabela 5. 15 - Indicadores de desempenho da manutenção para segmentos industriais selecionados no Brasil em 2017
Segmentos industriais selecionados
Disponibilidade dos equipamentos
Indisponibilidade por manutenção
Idade média dos equipamentos
(anos)
Químico e Saneamento 88% 13% 28
Mineração e Siderúrgico 88% 8% 20
Petróleo e Petroquímico 88% 2% 18
Papel & Celulose e Plástico 92% 3% 24
Fonte: Elaboração própria com base em Abraman (2017)
Tabela 5. 16 - Distribuição percentual dos serviços de manutenção e participação do custo total de manutenção no faturamento bruto de segmentos industriais selecionados no Brasil em 2017
Tipos de manutenção
(2017)
Manutenção corretiva
Manutenção preventiva
(baseada no tempo)
Manutenção preditiva
(baseada na condição)
Outras atividades de manutenção
Razão do custo total da
manutenção pelo faturamento
bruto das empresas
Químico e Saneamento
25% 50% 20% 5% 5%
Mineração e Siderúrgico
60% 23% 13% 5% 5%
Petróleo e Petroquímico
47% 39% 14% 0% 4%
Papel & Celulose e Plástico
24% 31% 31% 14% 3%
Fonte: Elaboração própria com base em ABRAMAN (2017)
A Tabela 5.17 apresenta uma amostra de indicadores com os benchmarks de
manutenção indicados pela NASA (2008) a partir de dados atualizados em 2008 pela Society
of Maintenance and Reliability Professionals 39, e por Kelly (2006) a partir de estudos da
empresa Fluor Daniel 40.
39
SMRP: https://smrp.org/ 40
Fluor Daniel: empresa multinacional de engenharia, construção, manutenção e serviços (https://www.fluor.com/).
133
Tabela 5. 17 - Indicadores de desempenho de manutenção industrial e benchmarks correspondentes
Indicador Método de cálculo Benchmark¹ Benchmark²
Disponibilidade dos Equipamentos (Manutenção) #$ �%��&$!���'�($�í)�%(�!�$(�!�!��*�(�*'����
#$ �%��&$!��(%���+����(�!�$(�!�! > 95%
Média > 93%
Manutenção (Preditiva + Preventiva) #$ �%��,& !�-�%&�����(!��' ')�.(!�)�� ')��
#$ �%��,& !�-�%&�����(!��' ')�.(!�)�� ')�.*$!!� ')�� 70%
Manutenção (Corretiva) #$ �%��,& !�-�%&�����*$!!� ')��
#$ �%��,& !�-�%&�����(!��' ')�.(!�)�� ')�.*$!!� ')�� 30%
Cumprimento da Programação de Manutenção Preventiva #$ �%��&$!���/�*� �����00��� ��çã$(!�)�� ')�
#$ �%��&$!��(!$�!�0����(�!�0��� ��çã$(!�)�� ')� > 90%
Manutenção Preventiva / Custo �!ç�0�� $��0��� ��çã$(!�)�� ')�
��� $#$ �%����� ��çã$ 15% - 18%
Manutenção Preditiva / Custo �!ç�0�� $��0��� ��çã$(!��' ')�
��� $#$ �%����� ��çã$ 10% - 12%
Planejamento dos trabalhos de manutenção #$ �%��&$!��(%���+������0��� ��çã$
#$ �%��&$!�� !�-�%&�����00��� ��çã$ > 95%
Cumprimento da Programação (Manutenção) #$ �%��&$!��(!$�!�0����(�!�0��� ��çã$
#$ �%��&$!�� !�-�%&�����00��� ��çã$ > 90%
Horas Extras de Manutenção #$ �%��&$!���/ !�� !�-�%&�����00��� ��çã$
#$ �%��&$!�� !�-�%&�����00��� ��çã$ ≤ 5%
Manutenção Corretiva (emergência) #$ �%��&$!�� !�-�%&����(�%�0��� ��çã$�0�0�!�ê�*'�
#$ �%��&$!�� !�-�%&����(�%�0��� ��çã$ ≤ 10%
Manutenção Corretiva (emergência) / Manutenção (Preditiva + Preventiva)
#$ �%��&$!�� !�-�%&����(�%�0��� ��çã$�0�0�!�ê�*'�
#$ �%��&$!�� !�-�%&�����(!��' ')�.(!�)�� ')�� ≤ 20%
Falhas encontradas nas inspeções dos purgadores ú0�!$��(�!���$!��*$05�%&��
#$ �%��(�!��$!��'��(�*'$���$� ≤ 10%
Falhas encontradas nas inspeções termográficas ú0�!$��5�%&����*$� !����
#$ �%��'��(�çõ�� �!0$�!á5'*���/�*� ���� ≤ 3%
Plano de manutenção executado pelos Operadores #$ �%��,& !�-�%&����(�%$�$(�!��$!���00��� ��çã$
#$ �%��,& !�-�%&����(%��$���0��� ��çã$ > 25%
Custo da manutenção / Vendas ��� $#$ �%����� ��çã$
#$ �%��7������5� �!�0�� $� < 3%
Número de sugestões por profissional de manutenção / Ano > 4 Fonte: Elaboração própria com base em NASA (2008)¹ e Kelly (2006)²
134
Ao comparar os valores indicados na Tabela 5.15 e Tabela 5.16 com os valores de
benchmarks indicados na Tabela 5.17, destaca-se o potencial de melhoria nos indicadores de
desempenho da manutenção do setor industrial brasileiro, conforme apresentado na Tabela
5.18.
Tabela 5. 18 - Potencial de melhorias na manutenção para os segmentos industriais selecionados no Brasil
Segmentos industriais selecionados
Disponibilidade dos equipamentos
Manutenção (Preventiva +
Preditiva)
Químico e Saneamento 5,7% a 7,9% 0
Mineração e Siderúrgico 5,7% a 7,9% 94%
Petróleo e Petroquímico 5,7% a 7,9% 32,1%
Papel & Celulose e Plástico 1,1% a 3,3% 12,9% Fonte: Elaboração própria
Em uma manutenção centrada na confiabilidade (RCM), é necessário fazer o cadastro
dos equipamentos e instrumentos, definir os modos de falha (periódica ou aleatória, e as
técnicas de detecção), executar uma classificação de criticidade para os equipamentos e
definir a política de manutenção mais indicada que deve ser aplicada para prevenir essas
falhas, conforme ilustrado na Figura 5.31. As estratégias de RCM são úteis para o
planejamento e a programação dos serviços de manutenção e inspeção. Ao analisar a função
do equipamento e os padrões de desempenho (requisitos de projeto versos operacionais) e as
causas que podem provocar falhas funcionais, bem como a probabilidade e as consequências
das falhas funcionais, é possível agir pro ativamente para aumentar a confiabilidade e a
disponibilidade dos equipamentos para a operação (NASA, 2008).
135
Fonte: Elaboração própria com base em NASA (2008)
Figura 5. 31 - Árvore lógica – manutenção centrada em confiabilidade (análise para equipamentos)
Segundo Sullivan et al.(2010) na execução das atividades de manutenção em instalações
de alto desempenho, menos de 10% envolvem serviços de manutenção corretiva, 25% a 35%
são intervenções programadas de manutenção preventiva, e 45% a 55% das atividades
envolvem serviços de preditiva visando aumentar a confiabilidade da manutenção. Bem
como, há vantagens e desvantagens nos tipos de manutenção normalmente executados como
parte das políticas adotadas pelas empresas na gestão dos ativos, como as indicadas na Tabela
5.19.
136
Tabela 5. 19 - Políticas de manutenção: vantagens e desvantagens
POLÍTICAS DE MANUTENÇÃO
VANTAGENS DESVANTAGENS
CORRETIVA Equipamentos não críticos e pequenos ou os componentes
são simples; Apresentam
pequena possibilidade de
falha; e fazem parte de sistemas
redundantes.
- Menor custo no curto prazo (garantia do fabricante e/ou montador para equipamentos novos em operação);
- Reduz os custos nas previsões das despesas no orçamento de manutenção (ex. reduzir a contratação de serviços de inspeção e/ou preventivas, aumentar o intervalo entre preventivas, postergar as paradas para manutenção);
- Menos staff (pessoal de engenharia de manutenção, inspeção e projeto).
- Aumento nos custos de O&M no médio
prazo (Realidade versus Orçado); - Aumento no tempo decorrente de
paradas não planejadas e no custo da produção por indisponibilidade do equipamento (não há reserva);
- Uso ineficiente dos recursos (serviço fora de programação) e aumento nos custos se for necessário à execução dos serviços em horas extras;
- Decorrente da falha há possibilidade de danos secundários em outros componentes (custo materiais) ou no processo de produção (perdas);
- Redução da vida útil e necessidade de substituição de peças ou uma recuperação mais onerosa;
- Aumento no custo com os estoques de peças sobressalentes críticas.
PREVENTIVA Equipamentos
sujeitos a desgaste e com padrões de falhas conhecidos.
Precisam atender as recomendações do
manual do fabricante e/ou
Legislação (NR-10 e NR-13).
- Melhor gestão do custo efetivo. Economia estimada de 12% a 18% em relação à execução após a falha (corretiva);
- Permite flexibilidade na periodicidade de manutenção;
- Aumento da expectativa de vida útil e da confiabilidade (minimizar o número de falhas), ao executar as intervenções e controlar a degradação de um componente até um nível aceitável antes de programar a substituição por um novo; - Economizar de energia (consumo específico).
- Falhas catastróficas podem acontecer,
como por exemplo, em função de mecanismos de danos nos materiais (ex. fluência, corrosão sob tensão) que não são avaliados pelos métodos tradicionais de inspeção nas manutenções preventivas (ex. folgas, nível, vazamento, desgaste, corrosão);
- Há o risco de uma intervenção desnecessária introduzir algum defeito que não existia antes da execução da preventiva e que pode levar a uma falha (ex. um erro na folga deixada na montagem de componentes).
PREDITIVA Equipamentos
críticos que apresentam falhas
aleatórias e não são sujeitos a desgaste
com o tempo, e podem apresentar
falhas induzidas em preventivas.
- Maior disponibilidade operacional para
os equipamentos; - Permite programar intervenções
preventivas antes de uma falha provocar a parada de um equipamento;
- Economia estimada de 8% a 12% em relação à execução a intervalos determinados (preventiva);
- Economia de energia (consumo específico).
- Maior investimento em atividades de inspeção (pessoal qualificado e equipamentos para os diagnósticos e o monitoramento dos equipamentos);
- O potencial de economia com as inspeções não é facilmente quantificado e percebido pela gerência da O&M.
Fonte: Elaboração própria com base em Sullivan et al.(2010)
137
5.5 Conclusões parciais
A partir do exposto neste capítulo, destacam-se as seguintes conclusões parciais:
i. O estímulo à implantação de programas de gestão da energia com foco na melhoria da
eficiência energética para o setor industrial ainda é um desafio estratégico no Brasil. A
realização de diagnósticos energéticos regulares, o estabelecimento de metas de redução
no consumo de energia para os segmentos industriais energo-intensivos, a celebração de
acordos voluntários com entidades e/ou empresas desses segmentos para a formação de
um banco de dados e a criação de indicadores de desempenho no uso final dos
energéticos ainda são raros;
ii. Os programas de gestão da energia nacionais e os órgãos governamentais responsáveis
pela área de energia e emissões deveriam criar incentivos para que as indústrias
implantassem sistemas de gestão da energia. Além do benefício com a redução do
consumo de energia e emissão de GEE, caso o mercado internacional demande a
certificação das organizações pela norma ISO 50.001, como aconteceu com a norma ISO
14.001 (Gestão Ambiental) e a norma ISO 9.001 (Gestão da Qualidade), os modelos de
gestão da energia adotados no país estariam em condições de atender as adequações
requeridas para a obtenção da certificação;
iii. Durante o período de transição para uma matriz energética mais limpa, é necessária a
execução de políticas e programas energéticos por parte dos governos dos países, como a
implantação das melhores práticas de gestão da energia, água e a redução nas emissões,
associadas com a execução de investimentos para o desenvolvimento e a implantação de
tecnologias inovadoras e mais limpas nos processos de produção industrial,
principalmente nos segmentos energo-intensivos, visando à obtenção de ganhos na
eficiência energética no uso final da energia e a redução dos impactos que contribuem
com as mudanças climáticas.
iv. Tendo em vista a importância da inovação tecnológica para se aumentar a produtividade
no setor industrial, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social de um país,
o estímulo às atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e à formação de
competências técnicas e gerenciais é um tema que precisa estar sempre presente nas
diretrizes e na execução da política industrial no Brasil.
138 v. A gestão dos recursos hídricos na indústria reduz o consumo, aumenta o reuso, reduz os
custos com a compra e captação, e minimiza as multas com efluentes lançados fora das
especificações previstas na legislação ambiental;
vi. Medidas que buscam reduzir as emissões e os impactos ambientais causados pela
produção industrial, como as mudanças no padrão de consumo de matérias primas e no
descarte de materiais (logística reversa), são fundamentais para um desenvolvimento
empresarial sustentável.
vii. A eliminação do passivo ambiental associado à disposição adequada dos resíduos
coletados, em especial os resíduos sólidos via coleta seletiva para o seu aproveitamento
através de reuso e reciclagem, exige a criação de linhas de crédito para investimentos que
viabilizem o tratamento adequado por parte dos gestores públicos e empresariais;
viii. As perdas nos processos de produção afetam a produtividade das empresas. A gestão da
O&M tem uma responsabilidade direta na preservação dos ativos ao longo da vida útil. A
escolha da estratégia de manutenção com foco em confiabilidade para os equipamentos
contribui para ganhos na produtividade e a redução do custo efetivo na produção.
ix. A partir das análises dos resultados do monitoramento do desempenho dos equipamentos
e instalações, é possível planejar as manutenções preventivas, minimizar as manutenções
corretivas e aumentar a disponibilidade dos equipamentos para a produção.
x. Para mitigar os impactos das falhas dos equipamentos ou interrupções no fornecimento
de utilidades, tais como energia elétrica, combustíveis e água para a produção industrial,
é necessária à existência de um sistema de gestão da manutenção com foco em
manutenção centrada em confiabilidade (RCM), integrado com o sistema de gestão da
energia (SGE).
139
6 SEGMENTOS ENERGO-INTENSIVOS DA INDÚSTRIA BRASILEIRA
6.1 Competitividade
O setor industrial brasileiro executou nas últimas décadas investimentos para aumentar
a capacidade de produção, modernizar os equipamentos e instrumentos de medição,
informatizar e automatizar os sistemas de medição e controle de processo, principalmente nos
segmentos energo-intensivos, visando obter ganhos de produtividade, reduzir os custos de
produção e melhorar a competitividade dos produtos comercializados no mercado
internacional.
O impacto na indústria de transformação brasileira associado à crise da economia
nacional no período de 2013 a 2018 provocou uma queda de 9% na utilização da capacidade
instalada (UCI) da indústria de transformação, que apresentou uma UCI média de 75% neste
período (CNI, 2018). Assim, os investimentos que poderiam ter sido implantados neste
período para a expansão da produção e melhoria na produtividade das indústrias foram
adiados e/ou cancelados.
A UCI e a rentabilidade do patrimônio (RP) 41 dos principais segmentos industriais
energo-intensivos do Brasil caíram após as crises na economia mundial em 2008 e no período
de recessão interna após o ano de 2013 (FOLEGO, 2018), conforme está ilustrado na Figura
6.1 e Figura 6.2.
Os dados das Figuras 6.1 e 6.2 revelam que:
i. No período de 2008 a 2014, a RP do segmento químico e petroquímico apresentou
uma taxa média de crescimento de 19,5% ao ano, oscilou nos anos seguintes e em
2017 foi de 6,9%. A UCI dos produtos químicos (exceto perfumaria, sabões,
detergentes e produtos de limpeza e de higiene pessoal) no período de 2011 até 2017
apresentou uma taxa média de queda de 1,68% ao ano;
41
A rentabilidade do patrimônio mede o retorno do investimento para os acionistas. Ela resulta da divisão do lucro líquido ajustado após o Imposto de Renda (IR) sobre o patrimônio líquido ajustado.
140
ii. O segmento de papel e celulose apresentou a mais alta RP em 2009 (18,6%), mas, de
2009 até 2017 a taxa média de queda da RP foi de 9,2%% ao ano. A média da UCI no
período de 2008 a 2017 foi de 88,7%;
iii. O segmento de construção apresentou uma RP de 16% em 2009, mas, daquele ano até
2016, a taxa média de queda da sua RP foi de 17,9%% ao ano, com a RP em 2017
chegando a -3,3%; e
iv. No período analisado, a RP Segmento de siderurgia e metalurgia apresentou uma taxa
média de queda de 18,25% ao ano, a maior entre os segmentos analisados. A sua UCI
no mesmo período apresentou uma taxa média de queda de 1,6% ao ano.
Fonte: Elaboração própria com base CNI (2018)
Figura 6. 1 - Evolução da utilização da capacidade instalada dos segmentos industriais selecionados no Brasil no período de 2008 a 2017
Fonte: Elaboração própria com base em Folego (2018), Martins (2015) e Exame (2012).
Figura 6. 2 - Evolução da evolução da rentabilidade do patrimônio de segmentos da indústria brasileira no período de 2008 a 2017
87,9
76,5
74,6
75,9
60
65
70
75
80
85
90
95
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
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Celulose, papel e produtosde papel
Químicos
Produtos de minerais nãometálicos
Metalurgia
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7,86,9
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12
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17
Re
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mô
nio
(%
)
Indústria deConstrução
Papel eCelulose
Química ePetroquímica
Siderurgia eMetalurgia
141
A queda na rentabilidade e a redução dos investimentos em inovações tecnológicas nos
processos e em melhorias nas instalações industriais poderão refletir na perda de
competitividade dos produtos manufaturados destes segmentos no mercado internacional.
Conforme ilustrado na Figura 6.3, os preços das commodities no mercado internacional
diminuíram na última década, com alguma recuperação dos preços dos metais e da energia
nos últimos anos. Somando este efeito ao adiamento dos investimentos na modernização e
ampliação da capacidade produtiva na indústria, caso o baixo crescimento da economia
brasileira perdure a competitividade dos produtos manufaturados brasileiros será afetada.
Fonte: Elaboração própria com base em ITAU (2019) 42
Figura 6. 3 - Evolução do preço internacional das commodities de 2002 até 2019
Entretanto, conforme apresentado no Capítulo 5 deste trabalho, há boas oportunidades
para se melhorar a gestão dos ativos industriais, através da implantação de boas práticas na
gestão da O&M, energia, água e emissões. Nesse contexto, o acesso a fontes de matéria prima
e energia, a segurança no fornecimento e o uso eficiente desses recursos, a redução dos custos
com eletricidade e combustíveis nos processos de produção, somado com a redução das
emissões e o aproveitamento energético dos resíduos podem afetar diretamente o desempenho
da indústria brasileira.
42
Obs.: ICI - Índice Commodities Internacional (preço médio internacional das principais commodities) , que leva em conta os seguintes produtos:
� Agrícolas: trigo, milho, soja, açúcar, algodão, café e cacau; � Metais: minério de ferro, cobre, alumínio, níquel, zinco, chumbo e estanho; � Energia: petróleo e gás natural.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
mar
-02
mar
-03
mar
-04
mar
-05
mar
-06
mar
-07
mar
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mar
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-11
mar
-12
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mar
-16
mar
-17
mar
-18
mar
-19
Pre
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mo
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(US$
)
ICI Agrícolas
ICI Metais
ICI Energia
142 6.2 Energia
Conforme indicado na Figura 6.4, em 2016 as participações dos custos da energia
(eletricidade e combustíveis), água e esgoto no custo total da indústria de transformação
corresponderam, respectivamente, a 2,3% (US$ 20,1 bilhões) e 0,2% (US$ 1,6 bilhões).
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2018b)
Figura 6. 4 - Evolução, de 2007 a 2016, da participação percentual das compras de energia, água e esgoto no custo total da indústria de transformação no Brasil
A Figura 6.5 ilustra a evolução, desde 1970, do consumo final de energia nos segmentos
industriais energo-intensivos analisados neste capítulo. O setor industrial brasileiro consumiu
86.487 mil tep em 2017 e foi responsável por 35,3% do consumo final de energia brasileiro
EPE/MME (2018c). Neste mesmo ano, conforme ilustrado na Figura 6.6, os segmentos
industriais energo-intensivos selecionados neste trabalho foram responsáveis por 47,6% do
consumo final da indústria.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 5 - Evolução do consumo final de energia dos segmentos industriais selecionados no Brasil no período de 1970 a 2017
2,6% 2,6% 2,5%2,7% 2,6% 2,5%
2,3% 2,2%2,5%
2,3%
0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,1% 0,2%
0%
1%
2%
3%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016Par
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paç
ão (
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no
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Compras de energia (eletricidade e combustíveis) Água e esgoto
0
5.000
10.000
15.000
20.000
19
70
19
72
19
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19
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88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
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10
20
12
20
14
20
16
Co
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ne
rgia
(10
³ t
ep
)
CIMENTO FERRO GUSA E AÇO
QUÍMICA PAPEL E CELULOSE
143
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 6 - Distribuição da participação no consumo final de energia na indústria brasileira em 2017 e identificação dos segmentos industriais energo-intensivos
A participação relativa da indústria no consumo de energia elétrica no Brasil em 2017
correspondeu a aproximadamente 36% do consumo nacional, conforme está indicado na
Figura 6.7 (EPE/MME, 2018d). No período de 2013 a 2016, quando a recessão na economia
nacional foi maior, a participação relativa da indústria apresentou uma taxa de queda no
consumo de aproximadamente -2,51% ao ano.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018d)
Figura 6. 7 - Evolução da participação no consumo de energia elétrica no Brasil no período de 1995 a 2017
Segundo o MME (2018), a geração total de autoprodutores de eletricidade em 2017 foi
estimada em 96,8 TWh, representando 18,4% do consumo final brasileiro de energia elétrica.
29%
19%15%
8%
7%
5%
5%
2%1%
9%
ALIMENTOS E BEBIDAS
FERRO GUSA E AÇO
PAPEL E CELULOSE
QUÍMICA
NÃO-FERROSOS E OUTROS METALÚRGICOS
CIMENTO
CERÂMICA
FERRO LIGAS
TÊXTIL
OUTRAS INDÚSTRIAS
26% 27% 27% 28% 28% 27%26%
25% 25%24% 24% 24% 24% 24%
26% 26% 26% 26% 27% 28% 28% 29% 29%
46% 46% 45%43% 42% 43% 43%
45% 44%
47% 46% 46% 46%45%
42%43% 42%
41%40%
38%36% 36% 36%
13% 13% 14% 15% 15% 15% 16% 15% 15% 15% 15% 16% 16% 16%17% 17% 17% 18% 18% 19% 20% 19% 19%
15% 14% 14% 15% 15% 15% 15% 15% 15%14% 15% 15% 14% 14% 15% 14% 15% 15% 15% 15% 16% 16% 16%
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10%
20%
30%
40%
50%
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
Par
tici
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sum
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e en
ergi
a el
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ca RESIDENCIAL
INDUSTRIAL
COMERCIAL
OUTROS
144 Naquele ano, 57,6% do total da energia gerada por autoprodutores de eletricidade foram
destinados ao consumo próprio (sem uso da rede pública), 13,8% corresponderam à
participação acionária em hidrelétricas distantes dos locais de consumo, e 28,6% foram
vendidos no mercado (energia elétrica excedente). Conforme indicado na Figura 6.8, os
segmentos de papel & celulose e o de siderurgia, analisados nesse trabalho, geraram,
respectivamente, 60,1% e 51,1% do seu consumo de eletricidade em 2017.
Fonte: Elaboração própria com base em MME (2018)
Figura 6. 8 - Parcela percentual do consumo de energia elétrica de segmentos industriais atendida por autoprodução no Brasil em 2017
Conforme indicado na Figura 3.11, a tarifa média da energia elétrica industrial em 2017
foi de US$ 170,2 por MWh. Ao se comparar este valor com os preços médios contratados nos
leilões de diversos tipos de novas usinas entre 2014 e 2017 (Tabela 6.1), encontra-se
diferenças de mais de US$ 100 por MWh. Portanto, a migração para o mercado livre dos
consumidores industriais elegíveis e/ou a utilização de sistemas de cogeração, sobretudo com
resíduos industriais, pode reduzir os custos com a compra de energia elétrica e, quando se
dispõe de montantes elevados de resíduos para alimentar as unidades de cogeração, gerar
receita extra com a comercialização do excedente de energia.
Segundo o MME (2011), a força motriz é o principal uso final da energia elétrica na
indústria, correspondendo a 68% do consumo total deste energético. A Tabela 6.2 apresenta
estimativas da distribuição da energia elétrica utilizada como força motriz por tipo de
equipamento/processo nos segmentos industriais analisados neste trabalho. Os sistemas de
bombeamento, ventilação e compressão, e os processos de fabricação respondem por mais de
50% deste uso final.
133
77,7
60,151,1
38,123
10,5 8,11,1
0
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60
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100
120
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145
Tabela 6. 1 - Preços médios da geração de energia elétrica contratada nos leilões de novos empreendimentos (2014-2017)
Preço Médio Contratado 2014 2015 2016 2017
R$/MWh US$/MWh R$/MWh US$/MWh R$/MWh US$/MWh R$/MWh US$/MWh
BIO 202 80 235 75 218 63 219 66
Gás 206 80 247 77 258 75 213 65
UHE¹ 121 54 182 61 150 43
PCH² e CGH³ 162² 63² 205² 64² 213 65 196 60
Eólica 134 56 191 53 99 30
Solar 216 88 299 81 146 44
Carvão 202 79 146 44 Legenda: Biomassa (BIO), Usinas Hidrelétricas¹, Pequenas Centrais Hidrelétricas², Central Geradora Hidrelétrica³
Obs.: R$ em valores correntes e o US$ da cotação do dia do leilão.
Fonte: Elaboração própria com base em MME (2018)
Tabela 6. 2 - Distribuição percentual da energia elétrica utilizada em força motriz por tipo de equipamento/processo na indústria como um todo e em alguns de seus segmentos
Segmentos Bombas Ventiladores Compressores
de ar Refrigeração Manuseio
Processos de fabricação
Outros
Siderurgia 8,7% 15,3% 14,3% - 47,1% 12,6% 1,9%
Cimento 20,4% 14,5% 16,1% 0,2% 11,1% 33,3% 4,4%
Papel & Celulose 32,9% 20,6% 4,8% 0,6% 7,7% 22,3% 11,1%
Química 27,5% 12,5% 29,3% 2,5% 1,5% 24,9% 1,9%
Setor Industrial1 18% 12% 7% 2% 45% 15% Fonte: Elaboração própria com base em MME (2007) e Procel/Eletrobras (2008)1
146
A Figura 6.9 apresenta uma estimativa da distribuição das utilidades existentes no
setor industrial brasileiro e a Tabela 6.3 indica estimativas da distribuição por usos finais
do consumo de energia elétrica nos segmentos analisados neste trabalho, segundo uma
pesquisa efetuada em 2005 pelo Procel/Eletrobras (2008) em 478 instalações industriais.
Os sistemas com maior participação na indústria envolvem o uso de ar comprimido, vapor
e água em processos de troca térmica.
Fonte: Elaboração própria com base em Procel/Eletrobras (2008)
Figura 6. 9 - Estimativa da distribuição percentual das utilidades existentes no setor industrial brasileiro
Tabela 6. 3 - Estimativas das distribuições percentuais, por usos finais, dos consumos de energia elétrica nos segmentos industriais analisados neste trabalho
Segmento Industrial Força motriz
Eletrotermia Iluminação
Metalurgia Básica 53% 37% 10%
Químico 99% 0,5% 0,5%
Cimento 97% - 3% Fonte: Elaboração própria com base em Procel/Eletrobras (2008)
O Plano Decenal de Energia 2027 (PDE 2027), publicado pelo MME/EPE (2018),
compreendendo o período de 2018 a 2027, assume economias de energia na indústria de
1%, 3% e 6%, respectivamente, em relação às demandas de energia final projetadas por
este plano para 2018, 2022 e 2027. Para o consumo industrial de energia elétrica, o Plano
assume economias de 0,8%, 2,4% e 5,6% %, respectivamente, em relação às demandas
deste energético projetadas para 2018, 2022 e 2027. A Tabela 6.4 apresenta projeções do
PDE 2017 referentes à evolução futura (reduções) do consumo energético específico dos
segmentos industriais analisados neste trabalho.
90,7%
35,6%
31,5%
25,1%
16,2%
12,5%
6,5%
3,2%
Ar comprimido
Vapor
Água de resfriamento
Água gelada
Fluido refrigerante
Água quente
Fluido térmico
Ar quente
147
Tabela 6. 4 - Projeções do consumo energético específico, em GJ/t, dos segmentos industriais analisados neste trabalho
Segmentos industriais
2018 2022 2027
Ferro gusa e aço 19,6 19,0 18,3
Papel e celulose 18,2 17,5 17,0
Cimento 3,1 3,0 2,9
Químico * 5,9 5,7 5,5 *Estimativa do autor43
Fonte: Elaboração própria com base em MME/EPE (2018), EPE/MME
(2018c), Abiquim (2018b) e CNI (2012)
Segundo o MME (2011), entre outros aspectos que dificultam a implantação de um
sistema de gestão da energia na indústria contemplando ações regulares visando ganhos de
eficiência energética, destacam-se: (i) há a necessidade da formação e capacitação de
equipes multidisciplinares para tratar das questões que envolvem a gestão da energia com
foco em eficiência energética; (ii) os investimentos em eficiência energética competem
com investimentos na produção (para aumento da capacidade, melhorias na qualidade do
produto e segurança das instalações); (iii) os projetos que envolvem a otimização do
consumo de combustíveis são reduzidos, quando comparados com projetos buscando
ganhos no consumo de energia elétrica; (iv) os investimentos em eficiência energética têm
dificuldades de acesso às linhas de financiamento; (v) não há, no Brasil, incentivos fiscais
para os investimentos em eficiência energética; e (vi) há a necessidade de se construir uma
base de dados com indicadores do desempenho energético por setor industrial e processo
de produção e o estabelecimento de rotinas periódicas de avaliação do desempenho
energético nas indústrias.
Segundo Mejia (2015), a execução de diagnósticos energéticos não é uma prática
rotineira nos setores industriais energo-intensivos no Brasil. Há várias boas práticas e
inovações tecnológicas que podem ser avaliadas durante um diagnóstico energético em
uma instalação industrial. Planilhas eletrônicas e softwares disponíveis gratuitamente na
Internet podem facilitar muito avaliações energéticas na indústria.
O portal EU-MERCI (2019), aponta as seguintes boas práticas transversais que
podem ser adotadas para a melhoria do desempenho energético do setor industrial:
a) Execução de diagnósticos energéticos em sistemas de vapor;
43 Obtidas através de uma regressão exponencial ajustada sobre dados de consumo energético específico divulgados pela Abiquim (2018b) e CNI (2012).
148
b) Execução de diagnósticos energéticos em sistemas de aquecimento;
c) Avaliação do desempenho energético das caldeiras e fornos;
d) Avaliação do desempenho dos queimadores;
e) Avaliação do isolamento térmico das linhas de vapor, funcionamento dos purgadores e
oportunidades de melhoria com a recuperação do condensado, recuperação do vapor de
flash e do calor residual (integração energética);
f) Avaliação do desempenho dos motores elétricos (viabilidade para aumentar a
eficiência), manutenções das subestações (transformadores);
g) Adoção de variadores de velocidade (VSD) para o acionamento de bombas e
ventiladores (onde há viabilidade para melhorar a eficiência);
h) Execução de diagnósticos energéticos nos sistemas de refrigeração;
i) Avaliação dos dados de projeto e o desempenho operacional das bombas,
compressores, ventiladores e exautores;
j) Avaliação do desempenho dos equipamentos rotativos (preditiva);
k) Execução de manutenção preventiva (cumprimento dos planos);
l) Avaliação da necessidade de retrofit nas turbinas (vapor e/ou gás);
m) Avaliação da necessidade de retrofit no sistema de iluminação;
n) Avaliação e otimização dos sistemas de ar comprimido e ventilação;
o) Identificação de oportunidades para implantação de cogeração;
p) Avaliação de combustíveis alternativos;
q) Implantação de melhorias no sistema de controle e gestão da energia.
6.3 Água
Conforme ilustrado na Figura 6.10, elaborado com dados da ANA (2018), em 2017 a
indústria brasileira foi responsável por 9,1% da vazão de retirada de água, 8,8% do
consumo e 9,5% do retorno de água para os corpos hídricos no país.
149
Fonte: Elaboração própria com base em ANA (2018c)
Figura 6. 10 - Estimativas de valores médios anuais, em m3/s, de retirada, consumo e retorno de água no Brasil em 2017, por tipo de atividade
Nas duas últimas décadas houve um aumento na retirada de água (captação para uso)
de aproximadamente 80% e, em função do histórico da evolução dos usos no país, está
previsto até o ano de 2030 um aumento de 24% na retirada de água. Portanto, quando o
balanço hídrico for desfavorável (redução nas precipitações e aumento na temperatura),
haverá vulnerabilidades para atender as demandas dos segmentos industriais. Além disso,
em períodos de crise hídrica há a possibilidade de reduções maiores do que a média nos
níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, com a consequente elevação no preço da
eletricidade.
Entre as iniciativas que podem ser adotadas para reduzir a captação e o consumo de
água doce em instalações industriais, destacam-se: (i) melhorias na gestão e no
monitoramento dos recursos hídricos; (ii) conscientização para reduzir as perdas físicas e o
desperdício de água nas instalações; (iii) elaboração e execução de plano de manutenção
nos componentes hidráulicos; (iv) ampliação do número de sistemas operacionais com
recirculação de água; (v) controle da pressão e redução dos vazamentos de água; (vi)
captação e utilização de água salgada / salobra, quando há disponibilidade e viabilidade
para uso nos processos; (vii) captação de água da chuva e a construção de reservatórios
para o seu armazenamento; (viii) setorização e monitoramento da qualidade da água e de
seus efluentes; (ix) elaboração de indicadores de consumo (quantidade de água por unidade
de produto); (x) tratamento de efluentes industriais antes de serem descartados, para
0 500 1000 1500 2000 2500
Irrigação
Abastecimento urbano
Indústria
Uso animal
Termelétrica
Abastecimento rural
Mineração
(m³/s)
RETIRADA
CONSUMO
RETORNO
150
minimizar os impactos em corpos hídricos; e (xi) outras ações para o reuso da água e
efluentes (CNI, 2013; IAB, 2012).
6.4 Emissões e resíduos
as emissões decorrentes das atividades industriais são causadas pelas transformações
químicas ou físicas de materiais nos processos industriais, pela produção e consumo de
energia na indústria e pelo tratamento de efluentes industriais e incineração de resíduos nas
fábricas. Entre as iniciativas que podem contribuir para reduzir as emissões, destacam-se: o
aumento na eficiência energética e da participação de fontes renováveis de energia na
matriz elétrica, a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis, e mudanças no
modal de transporte de carga com a expansão da malha ferroviária.
Conforme ilustrado na Figura 6.11, a produção de bens envolve fluxos de materiais,
energia, água, resíduos e emissões. A área destacada nesta figura é a fronteira adotada nas
avaliações deste trabalho.
Fonte: Elaboração própria com base em ICCA (2016)
Figura 6. 11 - Fluxo de materiais, energia, água, resíduos e emissões decorrentes de processos de produção
151
6.5 Cálculo do potencial técnico de conservação de energia e do payback de projetos
Segundo Saygin et al.(2011a), é importante se comparar o desempenho energético
médio de segmentos industriais ou fábricas com o desempenho energético de instalações
similares produzindo os mesmos bens com as melhores tecnologias e práticas operacionais
disponíveis no mercado. Este processo de comparação é denominado benchmarking e as
melhores tecnologias e práticas são usualmente designadas pela expressão inglesa “Best
Available Technology” (BAT) 44. A diferença percentual entre o consumo específico médio
de um segmento industrial ou fábrica e tal consumo em um segmento industrial ou fábrica
utilizando BAT é denominado potencial técnico de conservação de energia. A Equação 6.1
ilustra o cálculo deste potencial para um segmento industrial i:
8��$���!)�çã$����!�'�' =�9:�;<=9
�9 · 100 (6.1)
onde:
PT Conservação de Energia i: potencial técnico de conservação de energia no segmento industrial i
(%);
CE i: consumo específico médio de energia do segmento industrial i; e
CEBAT i: consumo específico de energia do segmento industrial i com a utilização das BAT.
A Equação 6.2 permite calcular o período de retorno simples 45, mais conhecido pelo
nome em inglês “payback”, de um projeto envolvendo ganhos de eficiência energética
(EE):
8ABCADE�!$+� $ =��)�� '0�� $�$(!$+� $���$�
*$�$0'�����%�$*�� $�����!�'�,(!$('*'���(�%$(!$+� $�$� (6.2)
Em 1976, como consequência dos embargos e do aumento no preço do petróleo, o
Departamento de Comércio americano criou os Energy Analysis and Diagnostic Centers
com o objetivo de ajudar as instalações industriais das pequenas e médias empresas
44
As estimativas do BAT e estatísticas publicadas sobre as melhores tecnologias variam em função do critério de análise e do volume de controle adotado em um determinado processo para um segmento industrial.
45 O payback simples não leva em conta os juros do investimento ao longo do tempo.
152
(PMEs) a reduzir os custos com energia e melhorar seu desempenho energético.
Atualmente, este programa é administrado pelo US DOE e chama-se Industrial Assessment
Centers (IAC) 46. Neste programa já foram executadas mais de 18.800 avaliações
energéticas pelo IACs, que geraram 142.450 recomendações (a economia média anual
decorrente da recomendação para as empresas é de US$ 136.909). Os IACs fornecem
avaliações técnicas gratuitas que são realizadas por equipes de estudantes e professores de
engenharia de vinte e oito universidades de todo o país (University of Dayton, Lehight
University e University of Miami, entre outas). A cada ano mais de 500 estudantes de
engenharia recebem treinamento prático capacitando, assim, as próximas gerações de
engenheiros especializados em energia para atuar na indústria nesta área.
A Tabela 6.5 lista diversas recomendações resultantes de diagnósticos energéticos
realizados pelos IACs, junto com as economias, custos e paybacks associados a cada uma
destas recomendações.
Tabela 6. 5 - Exemplos de recomendações de melhorias propostas pelo IACs nos diagnósticos energéticos realizados em indústrias nos EUA com as correspondentes economias, custos e paybacks
médios
Recomendações transversais de
melhorias nas instalações industriais
Número de recomendações
Economia média (US$)
Custo médio (US$)
Payback médio (anos)
Estabelecer programa de manutenção preditiva
203 8,524 2,064 0,5
Executar reparos de motores em oficinas certificadas
22 3,109 4,055 1,3
Manter o equipamento limpo 36 26,593 20,016 0,4
Usar filtro nos compressores de ar 70 3,627 2,169 0,5 Desligar o sistema de aquecimento com vapor “steam tracing” quando não for necessário
11 8,030 296 0,5
Efetuar o pagamento das contas em dia
61 2,967 72 0,1
Indústrias de metal primário Executar limpeza dos condensadores e torres de resfriamento
7 2,029 891 0,4
Eliminar fuga de gases inertes, e vazamentos de ar comprimido 325 9,656 2,370 0,4
Otimizar o fluxo do ar de combustão 22 56,985 18,541 0,5
Indústrias de papel Executar manutenção ou substituir purgadores de vapor
21 24,090 3,129 0,4
46
<https://iac.university/>
153
Continuação Tabela 6.5 Número de
recomendações
Economia média (US$)
Custo médio (US$)
Payback
médio (anos)
Corrigir vazamentos de vapor 30 31,123 2,788 0,2 Executar manutenção e instalação de isolamento nas linhas de vapor / água quente
57 8,853 4,007 0,7
Eliminar fuga de gases inertes, e vazamentos de ar comprimido
214 8,573 2,105 0,5
Analisar a relação ar/combustível 36 22,644 7,872 0,8 Upgrade nos sistemas de compressores
21 12,238 9,930 1,1
Indústrias químicas Adotar válvulas de controle de fluxo no sistema de água (otimização)
7 12,134 2,721 1
Estabelecer programação de manutenção nos queimadores das caldeiras
5 673,742 12,430 0,1
Corrigir vazamentos em linhas e válvulas
28 32,017 13,034 0,6
Executar manutenção ou substituir purgadores de vapor
49 71,376 12,908 0,3
Corrigir vazamentos de vapor 37 603,533 15,721 0,3 Executar manutenção e instalação de isolamento nas linhas de vapor / água quente
68 11,536 7,938 1,3
Operar com motores elétricos mais eficientes
66 18,588 34,210 3,6
Indústrias de produtos minerais não metálicos Eliminar fuga de gases inertes, e vazamentos de ar comprimido
186 9,006 4,848 0,5
Instalar temporizadores e termostatos 16 3,020 1,372 0,7 Ajustar os queimadores para uma operação mais eficiente
6 82,933 27,523 1,4
Analisar a relação ar/combustível 21 64,035 24,287 0,6 Operar com um sistema fechado de água para reduzir as perdas
6 11,161 10,227 1
Operar com motores elétricos mais eficientes
35 3,728 9,172 3,1
Melhorar os sistemas e mecanismos dos transportadores de correia
74 4,478 2,491 0,8
Fonte: Elaboração própria com base em IAC (2019)
154
6.6 Ferro gusa e aço
A indústria siderúrgica brasileira é composta por um conjunto de unidades formadas
por: (i) usinas integradas, que executam os processos de redução do minério de ferro,
refino e conformação do aço; (ii) usinas semi-integradas, que recebem ferro-gusa e ferro
esponja produzidos por outras usinas, ou utilizam aço reciclado no processo de refino; e
(iii) produtores independentes, que produzem exclusivamente ferro-gusa (BAJAY et al. ,
2015).
A rota tecnológica mais utilizada no mundo e no Brasil para a produção de aço nas
usinas integradas envolve altos-fornos – AF (Blast Furnaces – BF) na redução de minério
de ferro processado em unidades de pelotização, ou de sinterização, com o auxílio de
coque de carvão, e fornos com injeção de oxigênio (Basic Oxygen Furnace – BOF) na
etapa de refino. Esta rota é energo-intensiva.
No Brasil, algumas usinas integradas utilizam carvão vegetal oriundo de florestas
plantadas ao invés de coque de carvão nos altos fornos.
Uma rota pouco utilizada no Brasil em usinas integradas envolve a produção de ferro
esponja em fornos de redução direta (Direct Reduced Iron – DRI), ao invés de ferro-gusa,
e a alimentação do ferro esponja, eventualmente junto com sucata de aço, em fornos
elétricos a arco (Electric Arc Furnaces – EAF) para a produção de aço. A intensidade da
energia consumida pode ser menor que a rota BF/BOF, dependendo do porte da planta e
das características do combustível e do minério de ferro.
As usinas semi-integradas utilizam fornos elétricos a arco no refino do aço. Esta rota
apresenta menor consumo de energia devido à ausência da etapa de redução do minério de
ferro e de unidades de coqueamento e sinterização, ou pelotização.
O Brasil ocupa uma posição de destaque na produção siderúrgica mundial, tendo
como vantagens competitivas a quantidade das reservas de minério de ferro e a boa
qualidade do teor de ferro da produção mineral nacional.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM/MME, 2019), em 2017 80% do
valor total da produção mineral brasileira correspondeu à classe das substâncias metálicas
(ferrosos e não ferrosos) e representou R$ 88,5 bilhões, com destaque para o minério de
ferro ROM47, que correspondeu a 71,1% da produção mineral comercializada. A empresa
47 A produção bruta de minério (ROM) é a quantidade de minério bruto produzido no ano, obtido diretamente da mina, sem sofrer qualquer tipo de beneficiamento.
155
Vale S.A. é a principal empresa produtora, que respondeu por 79,2% da produção nacional
de minério de ferro naquele ano.
A Tabela 6.6 apresenta a evolução da produção bruta e do beneficiamento do minério
de ferro nacional no período de 2015 a 2017. Neste período, a produção nacional bruta de
minério de ferro apresentou uma taxa média de redução de 0,87% ao ano. A Tabela ilustra
a elevação substancial do teor médio de ferro que o beneficiamento propicia. Nas
transações comerciais, os valores da produção beneficiada, em US$/t, foram de 4 a 6 vezes
maiores do que as obtidas na comercialização do minério bruto.
Tabela 6. 6 - Evolução, de 2015 a 2017, da produção brasileira de minério de ferro bruto e comercializado, seu teor médio de ferro e valor unitário de comercialização
Unidades 2015 2016 2017
Produção bruta de minério de ferro 10³ t 595.606 595.606 585.337
Teor médio de Fe % 54,6 54,6 54,4
Produção beneficiada de minério de ferro 10³ t 430.836 430.836 453.704
Teor médio de Fe % 64,0 64,0 63,7
Produção bruta comercializada de minério de ferro 10³ t 16.218 4.647 3.518
- Valor / tonelada US$/t 6,6 8,3 7,5
Produção beneficiada comercializada de minério de ferro 10³ t 418.619 424.034 450.109
- Valor / tonelada US$/t 30,0 31,2 43,9
Dólar/venda (média do ano) R$/US$ 3,34 3,48 3,19
Fonte: Elaboração própria com base em ANM/MME (2019a, 2019b, 2019c) e EPE/MME (2018c)
A elevação do preço do minério de ferro no período de 2004 a 2011 no exterior
favoreceu os investimentos na expansão da produção siderúrgica mundial e brasileira. No
entanto, o cenário adverso da queda no valor do minério de ferro a partir de 2011, ilustrado
na Figura 6.12, associado ao excesso de oferta de produtos siderúrgicos no mercado
internacional, provocou uma forte queda na rentabilidade do segmento siderúrgico
nacional.
156
Obs.: Preço do minério de ferro em dólares americanos constantes por tonelada de minério seco
Fonte: Elaboração própria com base em WB (2019) e WSA (2018a, 2016 e 2009)
Figura 6. 12 - Evolução do preço internacional e da produção mundial do minério de ferro de 1960 a 2018
Segundo a World Steel Association 48 (WSA, 2018a), o maior produtor mundial de
minério de ferro é a Austrália, seguido pelo Brasil. Em 2017 a produção desses países
correspondeu, respectivamente, a 53,2% e 23,4% das exportações mundiais, conforme
indicado na Tabela 6.7. Neste mesmo ano, a China foi responsável pela importação de
68,2% do total de minério de ferro comercializado no mundo, seguido pelo Japão com 8%
e Coréia do Sul com 4,6%. O continente asiático responde por aproximadamente 16,6% da
produção e 85,1% das importações globais de minério de ferro.
Segundo o Sindifer (2019), em 2018 a produção de ferro gusa no Brasil foi de 32.522
mil toneladas. Conforme indicado na Figura 6.13, houve uma queda, entre 2008 e 2018, na
produção de ferro gusa por parte dos produtores independentes, que foi mais que
compensada por aumentos na produção das usinas siderúrgicas integradas, tanto as
baseadas em coque de carvão mineral como as que utilizam carvão vegetal.
48 A World Steel Association (WSA) é uma associação industrial, cujos membros representam
aproximadamente 85% da produção mundial de aço, incluindo mais de 160 produtores de aço, inclusive 9 das 10 maiores siderúrgicas, associações nacionais e regionais da indústria do aço, e institutos de pesquisa do aço.
151
123
57
62
72
884
2.163
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
0
20
40
60
80
100
120
140
160
19
60
19
63
19
66
19
69
19
72
19
75
19
78
19
81
19
84
19
87
19
90
19
93
19
96
19
99
20
02
20
05
20
08
20
11
20
14
20
17
Pro
du
ção
Mu
nd
ial (
10
6t)
Pre
ço d
o m
iné
rio
de
fe
rro
(re
al
US$
/t)
Produção (Milhões t)
157
Tabela 6. 7 - Produção e exportação dos maiores produtores mundiais de minério de ferro em 2017
Unidade Produção Exportação
Austrália 10³ t 883.357 872.751
Brasil 10³ t 435.532 383.537
Índia 10³ t 201.815 28.057
China 10³ t 115.000 0
Rússia 10³ t 106.508 21.040
África do Sul 10³ t 62.258 66.432
Ucrânia 10³ t 60.498 37.409
Iran 10³ t 55.087 21.783
Canadá 10³ t 49.009 41.174
EUA 10³ t 47.642 10.609
Total dos 10 maiores produtores 10³ t 2.016.706 1.482.792
Participação dos 10 maiores produtores na produção e exportação mundial de minério de ferro % 93,3 90,4
Total mundial 10³ t 2.162.524 1.639.523 Fonte: Elaboração própria com base em WSA (2018a)
Fonte: Elaboração própria com base em SINDIFER (2019)
Figura 6. 13 - Evolução da produção brasileira de ferro gusa entre 2008 e 2018
Segundo o IAB (2018a; ibid, 2018b), a indústria siderúrgica nacional possui 30
usinas, sendo 15 integradas e 15 semi-integradas, que responderam em 2017 por,
respectivamente, 86% e 14% da produção nacional de aço. A produção brasileira em 2017
correspondeu a 2,1% da produção mundial (1.673,9 milhões de toneladas) e a 53,5% da
produção da América Latina (64,2 milhões de toneladas), ocupando a 9º posição entre os
dez maiores produtores no mundo, conforme indicado na Figura 6.14.
24.38125.960
2.148
2.453
8.342
4.109
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Ferr
o G
usa
(1
0³
t)
Usinas Integradas (Coque de Carvão Mineral)
Usinas Integradas (Carvão Vegetal)
Produtores Independentes (Carvão Vegetal)
158
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2018b)
Figura 6. 14 - Ranking dos 10 maiores países produtores de aço bruto em 2017
A China apresentou no período de 2004 a 2017 uma taxa média de aumento na
produção de 8,65% ao ano, tendo atingido em 2017 uma produção de 831,7 milhões de
toneladas, que correspondeu a 49,7% da produção mundial. Neste mesmo período,
conforme ilustrado na Figura 6.15, a taxa média anual de aumento na produção dos demais
países que fazem parte do grupo dos BRICS – Brasil, Rússia e Índia foram de,
respectivamente, 0,34%, 0,64% e 9,12%. Entre todos os países avaliados, na última década
a Índia apresentou a maior taxa de crescimento na produção de aço e ocupa a 3ª posição no
ranking dos maiores produtores.
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2018b, 2015, 2010)
Figura 6. 15 - Evolução da produção dos maiores produtores de aço bruto, exceto a China, em 106t, de 2004 a 2017
49,7%6,3%6,1%
4,9%4,3%4,2%
2,6%2,2%2,1%
1,4%
ChinaJapãoIndiaEUA
RússiaCoréia do Sul
AlemanhaTurquia
BrasilItália
0
20
40
60
80
100
120
140
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Pro
du
ção
de
aço
bru
to (
10
6t)
Japão
India
EUA
Rússia
Coréia do Sul
Alemanha
Turquia
Brasil
Itália
159
A Figura 6.16 destaca os países que mais comercializaram aço no mundo em 2017. O
Brasil ocupou a 11ª posição entre os maiores exportadores. Naquele ano, entre os países
exportadores, a China destacou-se com um volume comercializado de 74,8 Mt de aço,
seguido pelo Japão e Coreia do Sul com, respectivamente, 37,5Mt e 31,4 Mt, evidenciando
a força do continente asiático neste segmento industrial no comércio mundial.
Fonte: Elaboração própria com base em WSA (2018b)
Figura 6. 16 - Comércio dos 10 maiores países exportadores e importadores mundiais de aço, mais o Brasil, em 2017
A Figura 6.17 ilustra a evolução da capacidade instalada e da produção de aço bruto
das usinas siderúrgicas brasileiras, que apresentaram, no período de 2004 a 2017, taxas
médias de crescimento de 3,1% ao ano e 0,33% ao ano, respectivamente. Segundo o
Instituto Aço Brasil (IAB, 2018), em 2018 a produção nacional de aço bruto foi de 34.735
mil toneladas, valor 1,1% maior que o obtido em 2017, quando a produção foi de 34.350
mil toneladas e a UCI foi 68%. Nos últimos anos os níveis de produção estão sendo
equivalentes aos do período 2007-2008, que antecedeu a crise na economia mundial. A
produção e utilização da capacidade instalada no período 2016-2018 indicam uma
retomada, mas este segmento ainda sofre o impacto da crise na economia nacional.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Co
mé
rcio
Mu
nd
ial (
Mt)
Exportação Importação
160
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2018a, 2018b, 2017, 2015 e 2010)
Figura 6. 17 - Evolução da capacidade instalada, produção de aço bruto e UCI das usinas siderúrgicas brasileiras de 2004 a 2017
As vendas internas de aço representaram em 2018 52,6% do total de aço produzido.
Neste mesmo ano foram importados 2.400 mil toneladas e o saldo na balança comercial foi
de 11.692 mil toneladas. No período de 2008 a 2018 as vendas internas diminuíram em
média 2% ao ano e as exportações aumentaram em média 4,1% ao ano. Nesse contexto,
uma maior oferta de aço no mercado internacional aumenta a concorrência, e pode
comprometer ainda mais a recuperação das siderúrgicas brasileiras (IAB, 2018b).
O somatório da produção das empresas indicadas na Figura 6.18 correspondeu em
2017 a 91,5% da produção de aço bruto no Brasil. Naquele ano, os estados do Rio de
Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo responderam por 83,3% da produção nacional.
Nesta última década, a instalação de novas usinas contribuiu para aumentar a capacidade
da produção brasileira de aços semiacabados (placas): a Ternium Brasil (antiga Companhia
Siderúrgica do Atlântico - CSA) entrou em operação em 2010 e a Companhia Siderúrgica
do Pecém (CSP) em 2016, com capacidades instaladas para produzir, respectivamente, 5
milhões e 3 milhões de placas de aço por ano.
34.35034.022
50.35097%
63% 62%
68%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
60.000
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
UC
I
Aço
Bru
to (
10
³ t)
Produção de Aço Bruto Capacidade Instalada (Aço Bruto/Ano)
Utilização da capacidade Instalada (UCI)
161
Fonte: Elaboração própria com base em SGM/MME (2018) e IAB (2018a, 2018b, 2017, 2015 e 2010)
Figura 6. 18 - Evolução da produção de aço bruto pelas principais empresas no Brasil, de 2004 a 2017
Conforme indicado na Tabela 6.8, em 2016 e 2017 mais de 70% dos processos de
produção de aço bruto do segmento siderúrgico nacional e mundial utilizaram na aciaria
fornos do tipo LD (Conversor a Oxigênio ou Processo Linz-Donawitz) / BOF (Basic
Oxygen Furnace). Os fornos do tipo EAF (Electric Arc Furnace) e EOF (Energy
Optimizing Furnace) foram responsáveis pelo restante da produção.
Tabela 6. 8 - Participação, em %, dos tipos de fornos de refino na produção de aço bruto nos anos de 2016 e 2017
Tipos de fornos no refino
2017 2016
Brasil Mundo Brasil Mundo
LD/BOF 77,6% 73% 77,3% 77,3%
EAF 21% 26,5% 21,1% 21,1%
EOF 1,4% 0,5% 1,6% 1,6% Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2018b)
Os segmentos da construção civil, bens de capital e automotivo foram responsáveis
em 2016 por 38,1%, 31,4% e 19,6%, respectivamente, do consumo total dos produtos
siderúrgicos no país (IAB, 2018a).
A crise na economia nacional afetou, nos últimos anos, os investimentos em obras de
infraestrutura e em projetos habitacionais, diminuindo o consumo de aços longos. Quedas
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
10.000
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Pro
du
ção
de
aço
bru
to p
or
em
pre
sa (
10
³ t)
ArcelorMittal Tubarão
Gerdau
Ternium Brasil
Companhia SiderúrgicaNacional (CSN)
Usiminas
ArcelorMittal Aços Longos
Companhia Siderúrgica doPecém (CSP)
ArcelorMittal SulFluminense
162
nas vendas internas, nestes anos, forçaram os fabricantes de máquinas e equipamentos e a
indústria automotiva a reduzir o seu consumo de aço, composto, sobretudo, por aços
planos. Portanto, para compensar a queda nas vendas internas a partir de 2013, houve um
aumento das exportações brasileiras.
Os investimentos efetuados pela indústria siderúrgica nacional no período de 2004 a
2009 aumentaram em média 36,6% ao ano. No entanto, conforme ilustrado na Figura 6.19,
a crise na economia mundial e a recessão na economia brasileira nos últimos anos fizeram
com que os investimentos no segmento diminuíssem, em média, 20,7% ao ano a partir de
2009.
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2018a, 2018b e 2014a)
Figura 6. 19 - Evolução dos investimentos da indústria siderúrgica no Brasil de 2000 a 2017
6.6.1 Energia
A indústria metalúrgica brasileira em 2017 foi responsável pelo consumo final de
22.906 mil tep. Este valor correspondeu a 29,6% do consumo final do setor industrial
naquele ano (EPE/MME, 2018c). A Figura 6.20 ilustra a evolução do consumo de energia
a partir de 1970 por segmento da metalurgia. No ano de 2017 as indústrias de ferro gusa e
aço, não ferrosos e outros da metalurgia, mineração e pelotização, e ferro-ligas foram
responsáveis por, respectivamente, 18,4%, 6,5%, 3,1% e 1,5% deste consumo final. O
consumo energético final das indústrias de ferro gusa e aço decresceu, em média, 1,4% ao
ano durante o período de 2011 a 2017, refletindo o aumento da oferta de aço de outros
1.234
1.335
857
824
946
1.894
3.055
2.550
3.597
4.507
3.709
3.092
3.185
2.127
2.379
1.291
1.250
706
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Inve
stim
en
tos
(10
6 U
S$)
163
países no mercado mundial, a crise econômica nacional e os efeitos destes dois fatores
sobre o desempenho deste setor neste período.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 20 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo final de energia, em 103 tep, por segmento da metalurgia brasileira no período de 1970 a 2017
A Figura 6.21 mostra a evolução do consumo específico de energia e do consumo
específico de energia elétrica na produção siderúrgica no Brasil no período de 1970 a 2017.
Neste período, a taxa média de redução do consumo específico de energia foi de 0,58% ao
ano, frente a uma taxa média de crescimento da produção de aço de 4% ao ano.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 21 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo específico de energia e do consumo específico de energia elétrica, em GJ/t, da siderurgia brasileira no período de 1970 a 2017
0
5.000
10.000
15.000
20.000
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16Co
nsu
mo
fin
al d
e e
ne
rgia
(1
0³
tep
)
FERRO GUSA E AÇO FERRO-LIGAS
MINERAÇÃO E PELOTIZAÇÃO NÃO-FERROSOS E OUTROS DA METALURGIA
25,5
29,5
23,724,9
22,420,9
19,4
1,3 2,1 2,2 1,9 2,1 2,0
0
5
10
15
20
25
30
35
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
2014
2016
Co
nsu
mo
Ee
spe
cífi
co d
e E
ne
rgia
-C
E (G
J/t)
CE total de energia (GJ/t) CE Eletricidade (GJ/t)
164
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA – Empresa) realizada pelo IBGE em 2016,
os custos com energia elétrica e consumo de combustíveis na produção de ferro-gusa e de
ferro-ligas foram de US$ 355,2 milhões, correspondendo a 22,2% dos custos operacionais
(Figura 6.22). No período em que a recessão neste segmento foi mais severa (2014 a 2016),
a taxa média da participação desses custos aumentou 38,9% ao ano.
Fonte: Elaboração própria com base em IBGE (2018e)
Figura 6. 22 - Evolução percentual, da participação da energia elétrica e dos combustíveis no custo das operações industriais na siderurgia brasileira no período de 2007 a 2016
Em 2017 o consumo de energia elétrica do segmento siderúrgico foi de 18.652 GWh
(67.177 GJ). A Figura 6.23 ilustra a evolução do consumo e da autoprodução de energia
elétrica na siderurgia brasileira. Em 2017 a autoprodução atendeu a 57% do consumo de
eletricidade deste segmento industrial, sendo 49% suprido por centrais termelétricas e 8%
por usinas hidrelétricas (IAB, 2018a).
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c) e IAB (2018b, 2017, 2015 e 2014a)
Figura 6. 23 - Evolução do consumo e da autoprodução de energia elétrica na siderurgia brasileira, em 103 MWh, no período de 2008 a 2017
14,3%15,9%
14,7%17,0%
13,1%15,9%
12,0% 11,5%
16,0%
22,2%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
Par
tici
paç
ão %
da
en
erg
ia
no
s cu
sto
s o
pe
raci
on
ais
18.652
10.947
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
10
³ M
Wh
Consumo de energia elétrica Geração Própria de Energia Elétrica
165
Segundo o DTTM/MME (2018), a autoprodução de energia elétrica nos segmentos
industriais de mineração e de não ferrosos em 2017 foi de 40% e 31%, respectivamente.
Em função do preço de mercado da energia elétrica e das demandas das unidades de
produção, parte da energia elétrica excedente que foi gerada pelas usinas pode ser
comercializada. Segundo Bajay et al. (2015), esta condição é comum nas usinas integradas
que produzem placas, devido à ausência de unidades de laminação; assim, há excedentes
de energia elétrica que podem ser vendidos, propiciando receita extra para as usinas. Nas
usinas semi-integradas, por outro lado, que possuem fornos elétricos na aciaria,
normalmente é necessário a aquisição de energia elétrica para suprir a demanda destes
fornos.
Conforme ilustrado na Figura 6.24, a utilização de gás natural na indústria de ferro
gusa e aço brasileira apresentou um crescimento médio de 4,7% ao ano a partir dos anos
1990 até 2017. O carvão vegetal cresceu em média 8,9% ao ano neste segmento industrial
nas décadas de 1970 e 1980, mas, a partir dos anos 1990 até 2017, apresentou uma redução
média no consumo de 2,3% ao ano. Neste mesmo período, o carvão mineral apresentou um
crescimento médio de 18% ao ano, compensando a diminuição da participação do carvão
vegetal na matriz deste segmento. A matriz energética deste segmento é a mais intensiva,
na indústria brasileira, na utilização de carbono.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 24 - Evolução do consumo das principais fontes de energia da indústria brasileira de ferro gusa e aço no período de 1970 a 2017
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
10
³ te
p)
GÁS NATURAL CARVÃO MINERAL
GÁS DE COQUERIA COQUE DE CARVÃO MINERAL
ELETRICIDADE CARVÃO VEGETAL
166
Em 2017 o consumo final de energia nas usinas siderúrgicas brasileiras foi de 15.948
mil tep. A Figura 6.25 ilustra a distribuição das fontes de energia consumidas por estas
usinas naquele ano. Observe-se, nesta figura, a predominância dos consumos de coque de
carvão mineral, carvão vegetal, carvão mineral e eletricidade, nesta sequência.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 25 - Distribuição percentual das fontes de energia utilizadas na indústria brasileira de ferro gusa e aço em 2017
Quando é necessário racionar o consumo de energia, como ocorreu no país com a
energia elétrica em 2001, normalmente as indústrias estabelecem metas de redução do
consumo e implementam melhorias em motores elétricos e sistemas de bombeamento,
reduzem vazamentos de ar comprimido, melhoram trocas térmicas e aumentam a geração
própria de energia elétrica, entre outras ações. A Figura 6.26 mostra iniciativas adotadas
por usinas siderúrgicas no Brasil para reduzir seu consumo de energia, destacando o
percentual de adesão das iniciativas (IAB, 2012).
A Figura 6.27 apresenta a distribuição do fornecimento, geração, consumo e perdas
de energia entre as atividades da indústria siderúrgica dos EUA. Nesta ilustração destacam-
se no consumo e nas perdas os processos de aquecimento, e máquinas e equipamentos que
fazem parte dos processos de produção. O consumo de energia nos processos fora da
produção corresponde a 9,1%.
7,3%
13,3%
7,4%
46,1%
10,1%
14,6%
1,3% GÁS NATURAL
CARVÃO MINERAL
GÁS DE COQUERIA
COQUE DE CARVÃO MINERAL
ELETRICIDADE
CARVÃO VEGETAL
OUTRAS
167
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2012)
Figura 6. 26 - Iniciativas e participação percentual na produção de unidades siderúrgicas no Brasil que realizaram ações para reduzir seu consumo de energia
Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018a)
Figura 6. 27 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia entre as atividades da indústria siderúrgica dos EUA
A Tabela 6.9 reproduz resultados de um levantamento feito pelo Department of
Energy (DOE, 2018a) sobre a distribuição do consumo e das perdas de energia nas
máquinas e equipamentos utilizados na indústria siderúrgica nos EUA. Destacam-se no
consumo de energia os equipamentos de manipulação e processamento de materiais que
correspondem a quase 60% do consumo total. Em relação às perdas de energia, destacam-
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%
Treinamento (sensibilização)
Otimização nos controles de processo(automação)
Reaproveitamento de gases do processo deprodução
Redesenho do processo
Substituição de combustíveis
Reforma ou substituição de equipamentos (+eficientes)
168
se os compressores de ar e os equipamentos de processamento de materiais com perdas de
mais de 80% do seu consumo de energia.
Tabela 6. 9 - Distribuição percentual do consumo de energia e percentual de perdas de energia dos vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria siderúrgica americana
Máquinas e equipamentos Distribuição do consumo de energia Perdas
Bombas 8,6% 44,4%
Ventiladores 15,2% 50%
Compressores de ar 14,3% 86,7%
Manipulação de materiais 46,7% 22,4%
Processamento de materiais 12,4% 84,6%
Outros sistemas 1,9% 50%
Total 100,0% - Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018a)
Os consumos energéticos específicos das etapas de produção de ferro-gusa e aço das
diversas rotas tecnológicas atualmente utilizadas no mundo, empregando as melhores
tecnologias disponíveis no mercado (BATs) estão listados na Tabela 6.10.
169
Tabela 6. 10 - Consumos energéticos específicos, em GJ/t aço, por rota tecnológica e por etapa do processo produtivo da indústria siderúrgica, utilizando as melhores tecnologias disponíveis no
mercado
Etapas do processo produtivo
Rotas
AF/BOF Smelting reduction
/ BOF DRI/EAF
EAF com sucata
Preparação de material
Sinterização 1,9 1,9
Peletização 0,6 0,6
Coqueamento 0,8
Produção de ferro-gusa
Alto forno (AF) 12,2
Gaseificação do carvão integrada com a redução do minério de ferro (Smelting reduction)
17,3
Forno de redução direta (DRI) 11,7
Produção de aço
Conversor a oxigênio (BOF) -0,4 -0,4
Forno elétrico a arco (EAF) 2,5 2,4
Refino 0,1 0,1
Lingotamento e laminação
Lingotamento contínuo 0,1 0,1 0,1 0,1
Laminação a quente 1,8 1,8 1,8 1,8
SUBTOTAL 16,5 19,5 18,6 4,3
Laminação a frio e acabamento
Laminação a frio 0,4 0,4
Acabamento 1,1 1,1
TOTAL 18 21 18,6 4,3
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019a)
Em 2017, 86% da produção de aço bruto no Brasil foram manufaturados em usinas
integradas e os restantes 14% em usinas semi-integradas (IAB, 2018b). Utilizando estas
parcelas da distribuição da produção brasileira de aço entre os tipos de usinas como pesos e
adotando 17,5 GJ/t aço como o consumo energético específico da BAT de usina integrada
representativa da produção destas usinas no país 49 e 4,3 GJ/t aço como o consumo
energético específico da BAT de usina semi-integrada, obtém-se a média ponderada de
15,6 GJ/t aço como o consumo energético específico de BATs que representam o mix
brasileiro de produção de aço oriundo de usinas integradas e semi-integradas em 2017.
49
Parte da produção brasileira de aço em 2017, como as placas de aço exportadas pela Ternium Brasil e a Companhia Siderúrgica do Pecém, não envolveu as operações de laminação a frio e acabamento.
170
Conforme indicado na Figura 6.21, o consumo energético específico médio da
produção de aço no Brasil em 2017 foi de 19,4 GJ/t aço. Este dado contempla tanto a
produção de aço oriunda de usinas integradas, como a produção de usinas semi-integradas.
Substituindo estes dois valores de consumos energéticos específicos - 19,4 GJ/t aço e 15,6
GJ/t aço – na equação (6.1), obtém-se um potencial técnico médio de 19,6% de economia
de energia no parque produtor de aço no país naquele ano.
Este resultado está aderente com os potenciais técnicos de conservação de energia
estimados por Bajay et al. (2015) para três segmentos da indústria siderúrgica brasileira:
usinas siderúrgicas integradas – 28,4%; usinas siderúrgicas semi-integradas – 23,1%; e
produtores independentes de ferro-gusa – 34,6%. O valor menor do potencial técnico
estimado nesta tese reflete o impacto, no consumo energético específico médio do setor, da
implantação, nos últimos anos, de duas novas usinas integradas, de consumo energético
específico menor, por não contemplarem as operações de laminação e acabamento, além
das melhorias tecnológicas e operacionais implantadas nas demais usinas recentemente.
6.6.2 Água
Segundo a CNI (2013), nos processos siderúrgicos 75% da água é utilizada em
processos de transferência de calor (resfriamento), 13% para o controle de emissões
atmosféricas (remoção de particulados e absorção de gases nas operações de acabamento) e
12% para o condicionamento de materiais (e. g. remoção de carepas, serviços de
decapagem, operações de acabamento). Estima-se que as perdas por evaporação da água
nos processos siderúrgicos sejam da ordem de 5%.
A recirculação da água é uma prática adotada nos processos de produção das usinas
siderúrgicas nacionais. Segundo o IAB (2018a), em 2017 as empresas siderúrgicas
recircularam 5.837 Mm³ de água, através de sistemas de água em circuitos fechados,
correspondendo a 96% de toda a água doce requerida nos processos de produção.
No ANEXO A estão indicados, como referência para consulta, os consumos
específicos de água nas indústrias siderúrgicas no período de 2009 a 2013. Estas
estatísticas não foram mais divulgadas nos relatórios de sustentabilidade mais recentes das
empresas.
171
6.6.3 Emissões e resíduos
A indústria siderúrgica tem um papel importante no combate às mudanças climáticas,
pois a desaceleração do aquecimento global implicará na necessidade de redução das
emissões de CO2e neste segmento industrial. Conforme foi indicado na Figura 5.22, em
1990 e 2016 as participações da indústria de ferro gusa e aço nas emissões de GEE do setor
industrial brasileiro foram de 33% e 27%, respectivamente.
A produção do ferro gusa, seguido da produção de aço bruto e aço liga, envolvem
reações complexas, com sucessivos processos de aquecimento, combustão, trocas térmica,
aproveitamento de gases (coqueria, alto-forno e aciaria), geração de subprodutos e
aproveitamento de resíduos de processo, entre outras fases da produção.
Segundo o SEEG/IEMA (2018), a utilização de carvão vegetal 50 com origem em
reflorestamento no processo de redução do minério de ferro, como também o aumento da
reciclagem do aço em fornos elétricos contribuem para a redução das emissões de GEE nas
unidades de aciaria. Na produção de ferro gusa e aço, em 2016, as emissões associadas
com o consumo de combustíveis redutores e de carboidratos fundentes, e a queima de
combustíveis representaram, respectivamente, 85%, 4% e 11% das emissões totais desta
indústria.
A Figura 6.28 ilustra a evolução, de 2000 a 2017, das emissões de CO2e do processo
industrial e da energia na produção de ferro gusa e aço no Brasil.
50
Uma importante diferença entre a rota associadas ao uso do carvão vegetal em relação à rota com o uso do carvão mineral está na friabilidade do carvão vegetal, ou seja, sua menor resistência física ao peso de coluna da carga de minério de ferro e outros produtos utilizados no carregamento de um alto-forno. Por este motivo, há uma redução na produtividade devido a menor altura e volume de carregamento no forno a carvão vegetal.
172
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2019)
Figura 6. 28 - Evolução, de 2000 a 2017, das emissões de CO2e da produção de ferro gusa e aço no Brasil (2000 a 2017)
Os indicadores apresentados na Figura 6.29 foram calculados pela World Steel
Association (WSA, 2018c) usando o consumo energético específico das rotas de produção
de aço e as intensidades de CO2 para o forno básico a oxigênio e o forno elétrico a arco. Os
indicadores também foram ponderados com base na participação de cada rota na produção
total de aço. O indicador emissão específica inclui apenas as emissões de CO2, porque
estas representam 93% de todas as emissões de gases de efeito estufa da indústria
siderúrgica mundial (WSA, 2018c).
Adotando a mesma metodologia da WSA, as emissões específicas brasileiras no
período de 2015 a 2017 foram de 1,9 toneladas de CO2 por tonelada de aço bruto (IAB,
2018a). No entanto, ao se adotar a metodologia do IPCC, as emissões específicas da
indústria do aço no país, calculadas pelo IAB para o mesmo período, foram de 1,8
toneladas de CO2 por tonelada de aço bruto.
36,640,1
32,1
43,6
39,4
43,0
5,17,0
5,3 6,2 5,8 7,3
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
Emis
sõe
s C
O2e
(M
t) G
WP
-AR
5
Processo Industrial Energia
173
Fonte: Elaboração própria com base em (WSA, 2018c)
Figura 6. 29 - Evolução do consumo específico de energia e das emissões específicas de CO2 da indústria siderúrgica mundial no período de 2003-2017
Segundo o IAB (2016, 2018a), os coprodutos e resíduos gerados nos processos
siderúrgicos, quando há tecnologias que permitem a sua utilização de forma
ambientalmente adequada, podem ser utilizados como matéria-prima ou fonte de energia
no processo da usina ou em outros processos industriais. Conforme ilustrado na Figura
6.30, no período de 2014 a 2017 a geração específica de coprodutos e resíduos pela
siderurgia apresentou um valor médio de 596,5 kg por tonelada de aço bruto, sendo 42%
deste total composto por escórias de alto-forno e 19% por escórias de aciaria.
Aproximadamente 98% da escória de alto-forno são vendidas para a indústria de cimento,
e em torno de 25% da escória de aciaria é reutilizada na própria usina.
Fonte: Elaboração própria com base em o IAB (2016, 2018a)
Figura 6. 30 - Evolução da produção de aço, em 103 t, e da geração específica de coprodutos e resíduos, em kg/t aço bruto, na indústria siderúrgica brasileira no período de 2014 a 2017
19
201,6
1,83
1,4
1,5
1,6
1,7
1,8
1,9
18
18,5
19
19,5
20
20,5
21
EE (
t C
O2/
t aç
o b
ruto
)
CE
Ene
rgia
(G
J/t
aço
bru
to)
Consumo específico de energia Emissão Específica de CO2
599594
585
607
550
570
590
610
630
650
30.000
32.000
34.000
36.000
38.000
40.000
2014 2015 2016 2017
Kg/
t aç
o b
ruto
10
³t
Produção de aço Geração específica de Coprodutos e Resíduos
174
No Brasil a geração de escória de aciaria LD (conversor a Oxigênio ou processo
Linz-Donawitz) varia de 94,4 kg/t a 148,7 kg/t de aço líquido, com um volume médio de
109,5 kg/t de aço. Este valor médio é superior aos valores mencionados em referências
internacionais (100 kg/t e 105 kg/t de aço), provavelmente devido a um menor pré-
tratamento do ferro gusa nos processos de desfosforação e dessiliciação, exigindo um
maior consumo de cal. A geração das sucatas de aciaria LD / MLC (Máquina de
Lingotamento Contınuo) varia de 22,4 kg/t a 61,8 kg/t de aço líquido, com um volume
médio de 36 kg/t de aço. Este valor médio é inferior ao indicado em referências
internacionais (49,3 kg/t de aço); entretanto, há um potencial técnico de melhoria para
algumas usinas no país de 20% (D´ABREU, 2009).
Em função do poder calorífico do gás de coqueria, a indústria siderúrgica tem
aproveitado este gás como combustível nas caldeiras para a geração de vapor. O gás de
alto-forno também tem sido coletado para acionar turbinas a gás e turbinas de topo para
gerar energia elétrica em algumas usinas. Segundo D´Abreu (2009), a recuperação do gás
de aciaria 51 pode ter um aproveitamento de até 93,7%. A Tabela 6.11 apresenta a
composição química e os poderes calorífico superior (PCS) e inferior (PCI) do gás de
coqueria e do gás de alto-forno.
Tabela 6. 11 - Composição química, PCS e PCI do gás de coqueria e do gás de alto-forno
Gás de coqueria Gás de alto-forno Composição (% em volume)
Hidrogênio (61,4) e Metano (24,74) e outros gases
Nitrogênio e Argônio (55) e CO (30) e outros gases
PCS (kcal/m³) 5.020 996 PCI (kcal/m³) 4.460 982
Fonte: Elaboração própria com base em Garcia (2013)
6.6.4 Inovações tecnológicas que propiciam economia de energia, redução de emissões e aproveitamento de resíduos
As inovações tecnológicas de uso comercial apresentadas nas Tabelas 6.12 e 6.13,
compiladas pelo IETD/IIP (2019a), propiciam economias no consumo específico de
51
Nos balanços energéticos publicados pela Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM) o poder calorífico dos gases de aciaria das usinas varia entre 7,2 GJ/Ndam³ a 8,4 GJ/Ndam³.
175
energia e reduções nas emissões de CO2 por tonelada de aço. Estimativas destes ganhos
estão indicadas nestas tabelas.
Tabela 6. 12 - Seleção de tecnologias de uso comercial na indústria siderúrgica com potencial de economia no consumo de energia e redução nas emissões
Etapas do processo de produção / Tecnologias
Coqueria
O coque é utilizado como um agente redutor e fonte de energia na rota AF/BOF. Em fornos mais
modernos são necessários de 460 a 480 kg/ t de metal quente (a media global é de 500 kg/t metal quente). Nos AF com injeção de combustível complementar o consumo de coque pode ser inferior a 300 kg/t de metal quente.
Para cada tonelada de coque são utilizadas de 3,5 a 5 GJ de energia e 1,6 toneladas de carvão metalúrgico. Um teor de 1% de cinzas no coque pode aumentar a demanda de coque em 2%. Portanto, quanto menor for o teor de cinzas melhor é o carvão.
Os processos que utilizam coque seco (Coke Dry Quenching - CDC) podem reduzir em até 40% o consumo de energia (1,5 GJ/t de coque e 0,55 GJ de eletricidade podem ser recuperados)
Estima-se uma redução de CO2 superior a 50.000 t/ano convertendo um sistema de coque com capacidade de 25t/h de coque úmido para seco.
A automação e sistemas de controle de processos podem levar a uma economia de combustíveis de até 10%. Estima-se esta economia em 0,17 GJ/t de coque.
Melhorias nos controles de processo podem reduzir as emissões em até 3,8 kg de CO2/t de coque. A instalação de variadores de velocidade nos compressores de GCO pode economizar de 6 a 8 MJ/t
de coque e contribuir para reduzir as emissões em 0,12 kg CO2/t de coque. De 25 a 30% do volume em peso do carvão carregado no AF é eliminado com gases, chamados de
gás de coqueria (GCO). Este gás tem uma quantidade calor que varia entre 17 e 20 MJ/Nm³, sendo normalmente empregado para aquecimento em fornos de coque, outros fornos e na geração de energia.
Aproximadamente 70% do GCO é usado nos processos de fabricação de ferro (AF) e aço, 15% para aquecimento de fornos de coque e 15% para a produção de eletricidade.
O GCO tem uma quantidade de energia de 6 a 8 GJ que pode ser recuperada para cada tonelada de coque produzido. Sinterização
Na sinterização são processadas e aglomeradas as partículas de minério de ferro para o carregamento no AF. O produto resultante desse processo melhora a permeabilidade da carga e facilita a redução no AF.
A otimização do processo de sinterização (Environmentally Process Optimized Sintering - EPOSINT), reduz o volume de gases poluentes gerados em até 40% (o potencial para reduzir as emissões específicas de NOx é de 25 a 30%), economiza energia e coque, aumenta a produtividade e reduz as emissões dos gases que causam o efeito estufa.
O consumo de coque e gás de combustão no processo EPOSINT é reduzido em 2 a 5 kg/t de sínter e 10 MJ/t de sínter, respectivamente, mas há aumento no consumo de eletricidade.
A recuperação de gás residual no processo de sinterização pode trazer uma economia de combustível de até 0,55 GJ/t de sínter e um aumento na geração de eletricidade de 1,4 kWh/t de sínter.
A automação e sistemas de controle dos processos podem levar a uma economia de energia de 2 a 5%. Estima-se esta economia em 0,05 GJ/t de sínter.
Estima-se que melhorias nos controles de processo podem reduzir as emissões em até 5 kg de CO2/t de sínter.
176
BOF - Forno básico a oxigênio
Estima-se que a recuperação de calor e gás do BOF propicie os seguintes benefícios: • Economia de 0,125 GJ/t de aço na combustão; • A recuperação dos gases do forno BOF pode reduzir o consumo de energia em 3%; e • As emissões de GEE podem ser reduzidas em até 50 kg/t de aço.
BOF e EAF (Forno elétrico a arco)
A oxidação do CO em CO2 e a transferência da energia liberada por esta reação para o metal durante o processo de combustão no forno BOF pode reduzir em 30% o consumo de energia no forno BOF e de 50 a 100 kWh/t de aço o consumo de eletricidade no forno EAF.
Forno EAF
Os fornos EAF são utilizados para produção de aço carbono e aços ligas utilizando, principalmente, sucata ferrosa (80% da matéria prima).
A quantidade de energia teórica requerida para fundir a sucata e as demais cargas no forno é de 350 a 370 kWh/t de aço. Essa energia é fornecida pelo arco elétrico, injeção de combustível fóssil, ou pela oxidação da matéria prima.
O consumo usual de eletricidade nos fornos EAF é de 300 a 550 kWh/t de aço. A utilização de redes neurais artificiais no controle de fornos EAF pode propiciar uma economia no
consumo de energia elétrica de 30 kWh/t aço e um potencial de redução nas emissões de 17,6 kg de CO2/t de aço.
O emprego de sistemas avançados de controle e automação, de uma forma geral, podem reduzir em até 14% o consumo de energia elétrica e até 6% o consumo de gás natural.
O monitoramento e controle dos gases de combustão do forno podem resultar em uma economia de 0,05 GJ/t de aço e um potencial de redução nas emissões de 8,8 kgCO2/t de aço.
Economias de 0,016 a 0,2 GJ/t de aço podem ser geradas com o pré-aquecimento da sucata. A substituição de fornos EAF a corrente alternada (CA) por modernos fornos EAF de corrente
contínua (CC) pode trazer economias de energia de até 0,072 GJ/t de aço e redução nas emissões de até 5,9 kg de CO2/t de aço.
A adoção de um forno EAF hermético propicia uma economia de energia estimada em até 110 kWh/t de aço.
O consumo específico de energia em fornos EAF pode ser reduzido em 0,06 GJ por tonelada de aço com a instalação de variadores de velocidade nos ventiladores dos fornos.
Uma economia de eletricidade de 1,1 kWh/t de aço e redução nas emissões de 10 kg CO2/t de aço podem ser obtidas nos fornos EAF com a instalação de transformadores UHP (Ultra High Power).
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019a)
177
Tabela 6. 13 - Estimativas de reduções no consumo de energia e na emissão de CO2 por tonelada correspondente de produto adotando algumas tecnologias inovadoras comerciais na indústria
siderúrgica
Redução no consumo
específico de energia (GJ/t)
Redução na emissão
específica de CO2 (tCO2/t)
Instalação de usinas de última geração para produção de eletricidade
-2,83 -0,44
Resfriamento do coque a seco -1,46 -0,01
Recuperação de calor e gás de resíduos do BOF -0,91 -0,04
Lingotamento contínuo -1,73 -0,85
Pré-aquecimento da sucata -0,29 -0,04 Recuperação de calor residual da planta de sinterização
-0,39 -0,01
Otimização da mistura pellet de sinterização/minério de ferro
-0,36 -0,03
Emprego de queimadores Oxyfuel nos fornos EAF 0,01 -0,01
Injeção de carvão pulverizado no alto-forno (BF) 0,01 0,00
Turbina de recuperação de gás -0,11 0,00
Recuperação do calor residual dos gases -0,16 -0,02 Fonte: Elaboração própria com base em Pardo et al. (2012)
Segundo o IAB (2018a), a indústria siderúrgica nacional realizou, no biênio 2016-
2017, investimentos de R$ 2 bilhões em ações de proteção ambiental. Estes recursos foram
direcionados a melhorias dos processos de produção, com foco em programas de eficiência
energética e hídrica.
A destinação adequada dos resíduos siderúrgicos é fundamental para minimizar os
impactos ambientais, reduzir os custos de produção e gerar receita extra para o negócio.
Segundo Araújo (2005), para cada tonelada de ferro gusa produzida em alto-forno, entre
outros produtos, são consumidos 1.560 kg de minério de ferro (65% Fe) e 800 kg de coque 52, são gerados 273 kg de escória e emitidos 43,5 kg de poeira e lama. Cada tonelada de
aço líquido produzido em forno elétrico gera de 120 kg a 220 kg de escória (Silva, 2015).
A Tabela 6.14 apresenta exemplos de tecnologias inovadoras que estão sendo aplicadas em
algumas usinas siderúrgicas para minimizar as emissões e aproveitar os resíduos gerados
nestas plantas.
52 O coque é um combustível derivado da aglomeração de carvão mineral. Ele consiste de matéria mineral e carbono, fundidos juntos. O coque é cinza, duro e poroso, e como combustível é praticamente isento de fumaça. Ocorre na natureza, mas a maioria é produzida industrialmente.
178
Segundo o IAB (2013), a rota de produção integrada é responsável por cerca de 70%
da produção mundial de aço. Assim, há a necessidade da utilização de carvão mineral ou
vegetal na etapa de redução. Como as reações químicas no alto-forno são necessárias na
produção do ferro-gusa, para reduzir as emissões de CO2 os esforços têm sido direcionados
para o aumento da eficiência energética incluindo, por exemplo, o aproveitamento de gases
de processo e a injeção de finos de carvão.
A Figura 6.31 apresenta um fluxograma simplificado do processo de produção de
uma usina siderúrgica integrada que utiliza coque, com estimativas da participação dos
consumos de energia, água e nas emissões de CO2e em cada etapa do processo produtivo.
Fonte: Elaboração própria com base em Pardo et al. (2012) e Brown et al. (1996)
Figura 6. 31 - Fluxograma simplificado do processo de produção em uma indústria siderúrgica integrada a coque, com as participações dos consumos de energia e água, e das emissões, por etapa do
processo
179
Tabela 6. 14 - Tecnologias inovadoras aplicadas em algumas usinas siderúrgicas para diminuir emissões e melhor aproveitar resíduos
Fornecedores Sustentabilidade / Produtividade Referência Adotada nas siderúrgicas: Posco 5a maior siderúrgica no mundo em 2017 (http://www.posco.com/homepage/docs/eng6/jsp/s91a0000001i.jsp) e Companhia Siderúrgica do Pecém - CSP (https://www.cspecem.com/pt-br/), que entrou em operação no Brasil em 2016.
A escória líquida da aciaria é basculada em um tambor rotativo. Com a injeção de água no tambor para o resfriamento, há a granulação (cura) da escória, em seguida ocorre a separação magnética. Neste processo, a transformação da escória em insumo pronto é acelerada para destiná-lo as indústrias de cimento. Bem como, esta escória é de qualidade superior à que poderia ser obtida de forma tradicional (tempo para cura é de no mínimo um mês).
IAB (2018a)
Fornecedor: Tenova (https://www.tenova.com/products-technologies/)
Extração do ferro contido nos pós, escórias e carepas do forno elétrico a arco (EAF) para evitar a poluição do solo e do ar. Recupera os óxidos de Zn, Cd e Pb.
Silva (2015)
Fornecedor: Danieli (https://www.danieli.com/#)
Forno Waelz (faz a recuperação do pó de óxido de zinco do EAF) e um sistema hidrometalúrgico para transformar ZnO em zinco eletrolítico. Bem como permite extrair o ferro gusa desse material para retornar ao refino no forno EAF, economizando sucata e ferro esponja DRI.
Silva (2015) Sistema integrado de monitoramento a laser e análise
de gases (CO, CO2), água na carcaça no forno EAF, e da temperatura dos gases na saída do forno EAF. Como resultado reduz o consumo de energia elétrica em 15 KWh/t de aço líquido, monitora os vazamentos de água na carcaça do forno, e possibilita diminuir em 1,5 minuto o tempo do forno ligado.
SMS Sigmag (https://www.sms-group.com/)
DSG (Dry Slag Granulation): neste processo de granulação a seco da escória é possível recuperar a energia contida na escória quente do alto-forno e do forno elétrico; e reduz a emissão de gases sulfurosos. Parte desse resíduo siderúrgico torna-se um insumo e reduzir o clinquer utilizado nas indústrias de cimento. Silva
(2015) Sistema de despoeiramento na Redução: coifas e capuzes que captam os finos e poeiras dos silos intermediários, impedindo que esse material particulado seja misturado e dificulte o fluxo adequado de gás no carregamento dos altos-fornos.
Primetals Technologies (https://www.primetals.com/pt/) e Baosteel Engineering & Technology Group Co (http://www.baosteel.com/group_en/)
Granulação da escória de aciaria do conversor LD e do forno EAF, e recuperação de gases siderúrgicos.
Silva (2015) Processo contínuo de laminação de tiras ESP (endless
strip production) e de recirculação seletiva de gás em sinterizações.
Fonte: Elaboração própria conforme as referências indicadas
180
6.7 Papel e celulose
As indústrias de papel e celulose atuam cada vez mais em mercados globais.
Segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBA) e a Food and Agriculture Organization of
the United Nations (FAO), o Brasil em 2017 foi o segundo maior produtor e o maior
exportador mundial de celulose, com uma participação de 10% e 20% dos respectivos
totais. Naquele ano, o segmento de árvores plantadas teve uma receita bruta de R$ 73,8
bilhões; este valor correspondeu a uma participação de 6,1% no valor adicionado pelo setor
industrial e 1,1% no PIB brasileiro. A indústria de base florestal nacional apresentou um
superávit de US$ 9 bilhões, com as exportações deste segmento representando 3,9% do
total exportado pelo país. Os projetos de investimento até 2020 são de aproximadamente
R$ 14 bilhões, com a destinação de R$ 3,2 bilhões para o plantio de árvores e de R$ 3,5
bilhões para a ampliação da capacidade de produção (IBA, 2019a; IBA, 2018; FAO, 2019).
A área de florestas plantadas no país corresponde a 7,84 milhões de hectares,
formada principalmente por eucalipto e pinus. Estima-se que este total de árvores absorve
1,7 bilhões de toneladas de CO2e da atmosfera. Destas florestas, 5,8 milhões de hectares de
árvores plantadas possuem certificado de manejo florestal. Para cada hectare de florestas
plantadas é conservado 0,7 hectare de área natural, contribuindo para aumentar a captação
de CO2 da atmosfera. Conforme ilustrado na Figura 6.32, as indústrias de celulose e papel
respondem por 35% do consumo de madeira no país, seguidos pelos produtores
independentes, siderurgia e carvão vegetal, que juntos representam 43% do total. O Brasil
é líder mundial na produção de aço a partir de carvão vegetal, e também é um dos dez
maiores produtores mundiais de painéis de madeira (IBA, 2019a; 2018).
Fonte: Elaboração própria com base em IBA (2019a)
Figura 6. 32 - Distribuição dos segmentos de árvores plantadas no Brasil
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Celulose e Papel
Produtores independentes
Siderurgia e carvão vegetal
Investimentos financeiros - Timos
Painéis de madeira e pisos laminados
Produtos sólidos de madeira
Outros
181
No Brasil, mais de 98% da celulose produzida provém de dois tipos de madeira: o
eucalipto, que é a principal fonte de celulose utilizada no país, e o pinus. O eucalipto
fornece celulose de fibra curta, adequada para alguns tipos de papéis, como os de imprimir
e escrever; estas fibras conferem opacidade ao papel, mas sua resistência mecânica não é
elevada. O país tem uma elevada produtividade florestal nas suas plantações de eucalipto,
o que lhe assegura uma elevada competitividade no mercado mundial da celulose. O pinus,
por seu turno, fornece celulose de fibra longa, que é mais resistente e adequada para alguns
tipos de papel, como o papel para embalagens.
O processo de fabricação de celulose mais utilizado no Brasil e no mundo é o Kraft,
que produz fibras de alta qualidade para vários tipos de papel. Este processo requer
grandes quantidades de energia térmica e apresenta menor rendimento de fibra (converte
45% da madeira em celulose). Ele permite a recuperação dos reagentes químicos utilizados
na polpação e possibilita uma elevada geração de vapor com a queima dos componentes
orgânicos da lixívia em caldeiras de recuperação; este vapor é utilizado na geração de
energia elétrica em unidades de cogeração das fábricas de celulose que utilizam este
processo.
O processo de polpação a sulfito é empregado na produção de papéis especiais. Este
processo requer elevadas quantidades de energia. As empresas que utilizam este processo
são capazes de gerar a maior parte de suas necessidades de energia elétrica utilizando os
resíduos da produção.
As fibras produzidas no processo de polpação mecânica são mais fracas, mas
apresentam um elevado rendimento de fibra. Este processo possibilita a recuperação de
calor e, por conseguinte, possui uma demanda específica de energia menor do que os
processos Kraft e sulfito. A polpação mecânica utilizando fibras longas é empregada para
produzir papel jornal.
A produção de pastas com fibras recuperadas requer bem menos energia do que com
fibras virgens e também emite bem menos CO2.
A casca da madeira, além de possuir pequena quantidade de fibras utilizáveis,
prejudica o processo de polpação. A sua remoção é importante para reduzir o teor de
sujeira na polpa, o consumo de reagentes na polpação e no branqueamento, aumentar o
rendimento de celulose, e melhorar a lavagem e a depuração da polpa.
Na indústria, na etapa de preparação do material, as cascas que são removidas das
toras são utilizadas como combustível nas caldeiras de biomassa.
182
Parte da celulose produzida no Brasil é convertida em papel em fábricas integradas,
que produzem celulose e a transformam em papel no mesmo local, enquanto que outra
parte é secada e enfardada para ser comercializada internamente no país, ou exportada.
Esta segunda parcela é denominada celulose de mercado. A celulose destinada a produzir
papeis de cor branca passa, em sua fabricação, por um processo de branqueamento.
Fábricas que só produzem papel utilizam celulose de mercado, papel reciclado, ou
uma mistura de ambas as matérias primas.
Em uma fábrica integrada, as etapas do processo de produção são: preparação de
materiais; polpação; lavagem e branqueamento (quando aplicável); fabricação de papel;
revestimento do papel (quando aplicável); e acabamento.
A Figura 6.33 ilustra a evolução da produção e utilização da capacidade instalada
(UCI) da indústria de papel e celulose brasileira no período de 2003 a 2018. Neste período,
a taxa média de crescimento da produção foi de 4,2% ao ano e da UCI foi de 0,39% ao
ano. Segundo a IBA (2019a), em 2018 a produção nacional de celulose foi de 21.085 mil
toneladas e a produção de papel foi de 10.451 toneladas. Na última década, apesar da crise
na economia brasileira que afetou o setor industrial nacional, os níveis de UCI e da
produção neste segmento foram crescentes na maior parte dos anos.
Fonte: Elaboração própria com base em IBA (2019a), CNI (2019) e EPE/MME (2018c)
Figura 6. 33 - Evolução da produção e UCI da indústria brasileiras de papel e celulose no período de 2003 a 2018
Já as exportações de papel são menos importantes no mercado do papel produzido no
país. A produção de papel brasileira cresceu no período de 2009 a 2018 a uma taxa média
anual de 1,15%, enquanto que o crescimento das exportações se deu a uma taxa média
16.985
31.536
83,6%
87,3%
90,5%
87,3%
88,6%
80%
85%
90%
95%
100%
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
20
18
UC
I (m
éd
ia a
nu
al)
10
³ t
PRODUÇÃO (10³ t) Utilização da Capacidade Instalada
183
anual de somente 0,05%. As exportações de papel em 2018 representaram 19,3% da
produção e o principal mercado importador foi a América Latina, que respondeu por
66,3% da receita auferida com o total das exportações de papel. Conforme ilustrado na
Figura 6.34, os principais tipos de papel produzidos no Brasil em 2018 foram papel para
embalagens e papel para imprimir e escrever, que respondem por 52% e 23%,
respectivamente, do total produzido (IBA, 2019a; 2019b).
Fonte: Elaboração própria com base em IBA (2019a)
Figura 6. 34 - Distribuição percentual dos tipos de papel produzidos no Brasil em 2018
6.7.1 Energia
Segundo o balanço energético publicado pela EPE/MME (2018c), em 2017 o
consumo final de energia do segmento das indústrias de papel e celulose foi de 12.677
ktep.
A Figura 6.35 ilustra a evolução do consumo dos principais energéticos utilizados na
indústria de papel e celulose brasileira no período de 1970 a 2017. O consumo de gás
natural cresceu, em média, 11% ao ano a partir dos anos 1990. No mesmo período, o
consumo de óleo combustível diminuiu, em média, 7% ao ano. A partir dos anos 1980, o
consumo de lixívia aumentou, em média, 6% ao ano e, conforme ilustrado na Figura 6.36,
teve uma participação de 51% na matriz energética desta indústria em 2017, seguido pelos
consumos de eletricidade e lenha, que responderam, cada um, por 16% do consumo total.
Como a lixívia é um resíduo do processo de produção da celulose pelo processo Kraft, que
é queimada, após concentração de seu teor de sólidos, em caldeiras de recuperação
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Embalagens
Imprimir e escrever
Fins sanitários
Papelão
Outros
Imprensa
184
química, sua produção é proporcional à produção de celulose por este processo, majoritário
no Brasil.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 35 - Evolução do consumo dos principais energéticos utilizados na indústria de papel e celulose no período de 1970 a 2017
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 36 - Distribuição do consumo final de energia, em %, entre os energéticos utilizados na indústria de papel e celulose brasileira em 2017
A Figura 6.37 indica a evolução do consumo energético específico total e do
consumo específico de energia elétrica na produção de papel e celulose no Brasil no
período de 1988 a 2018. A produção física utilizada no denominador destes dois consumos
específicos foi a produção de papel mais as exportações de celulose, já que a produção de
celulose comercializada no país é matéria prima utilizada na produção de papel, que é o
produto final desta indústria. Pode-se observar, na Figura 6.37, a tendência de queda do
consumo energético específico total até 2012 e sua estabilização nos anos subsequentes e
uma tendência de queda gradual do consumo específico de eletricidade a partir de 1992.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
10
³ te
p)
GÁS NATURAL LENHA LIXÍVIA
OUTRAS RENOVÁVEIS ÓLEO COMBUSTÍVEL ELETRICIDADE
51%
16%
16%
6%6%
3% 2% LIXÍVIA
ELETRICIDADE
LENHA
GÁS NATURAL
OUTRASRENOVÁVEISOUTRAS FONTES
ÓLEOCOMBUSTÍVEL
185
No período de 1988 a 2018, o consumo energético específico total e de eletricidade
diminuíram, em média, 0,53% ao ano e 0,93% ao ano, respectivamente. Em 2018, os
valores do consumo energético específico total e do consumo específico de eletricidade
foram 22,25 GJ/t e 3,42 GJ/t, respectivamente.
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2019)
Figura 6. 37 - Evolução do consumo energético específico e do consumo específico de eletricidade na indústria de papel e celulose brasileira no período de 1988 a 2018
A Figura 6.38 apresenta a distribuição do fornecimento, geração, consumo e perdas
de energia entre as atividades da indústria de produtos florestais dos EUA 53. Nesta
ilustração destacam-se no consumo e nas perdas os processos de aquecimento, e máquinas
e equipamentos que fazem parte dos processos de produção. O consumo de energia nos
processos fora da produção corresponde a 11,3%.
53
Segundo o US DOE, os produtores florestais são divididos em duas categorias: fabricantes de produtos de madeira e fabricação de papel. Destaque-se que, naquele país, há empresas que produzem papel e celulose e, também, produtos de madeira em processos integrados.
26,0
22,4
22,2
4,53,5 3,4
0
5
10
15
20
25
30
19
88
19
89
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
20
18
Co
nsu
mo
s e
ne
rgé
tico
s e
spe
cífi
cos
(GJ/
t)
Anos
Consumo energético específico total Consumo específico de eletricidade
186
Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018b)
Figura 6. 38 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia entre as atividades da indústria de produtos florestais dos EUA
A Tabela 6.15 apresenta os resultados de um levantamento feito pelo Department of
Energy (DOE, 2018b) sobre a distribuição do consumo e das perdas de energia nas
máquinas e equipamentos utilizados na indústria de produtos florestais nos EUA.
Destacam-se no consumo de energia a participação das bombas e ventiladores, que
respondem por 53,7% do consumo total. Em relação às perdas de energia, destacam-se os
compressores de ar e os equipamentos de processamento de materiais com perdas de mais
de 80% do seu consumo de energia.
Tabela 6. 15 - Distribuição percentual do consumo e percentual de perdas de energia dos vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria de produtos florestais americana
Máquinas e equipamentos Distribuição do consumo de energia Perdas
Bombas 32,9% 52,1% Ventiladores 20,8% 51% Compressores de ar 4,9% 85,7% Manipulação de materiais 7,9% 29,4% Processamento de materiais 22,5% 83,5% Outros sistemas 11,0% 60% Total 100% - Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018b)
187
Durante a década de 1980 e parte da década de 1990 a Associação Nacional de
Fabricantes de Papel e Celulose (ANFPC) realizava levantamentos anuais do consumo
energético e da produção de cada empresa membro da Associação. Isto possibilitava a
realização de estudos detalhados do consumo energético setorial e de estimativas de
potenciais técnicos de conservação de energia, como o realizado por Bajay, Carvalho e
Ferreira (1998). Utilizando estes levantamentos de dados da ANFPC, estes pesquisadores
encontraram os seguintes potenciais técnicos de conservação de combustíveis, por tipo de
fábrica: 12,3% nas plantas que fabricam celulose de mercado; 52,6% nas plantas que
fabricam papel, exceto papel sanitário; 51,4% nos produtores de papéis sanitários; e 82,6%
nas plantas integradas. A base de dados da ANFPC também permitiu estimar os seguintes
potenciais técnicos de conservação de eletricidade, pelos mesmos tipos de fábricas: 33%
nos produtores de celulose de mercado; 47% nos fabricantes de papéis, exceto sanitários;
40% nos fabricantes de papéis sanitários; e 36% nas plantas integradas. Estas estimativas
foram obtidas comparando os consumos energéticos médios com os mínimos, por tipo de
fábrica, encontrados na base de dados da ANFPC, ou seja, as BATs escolhidas neste
estudo foram as das fábricas mais eficientes, em termos de consumos energéticos
específicos, em cada categoria de fábrica.
Na segunda metade dos anos 1990 a ANFPC passou a ser designada como
Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) e parou de realizar o levantamento
anual dos consumos energéticos das empresas associadas, o que dificultou sobremaneira a
realização de estudos de consumo e autoprodução de energia por tipo de fábrica, como
mencionado no parágrafo anterior. Os relatórios estatísticos anuais da Bracelpa, no entanto,
eram bem detalhados em relação à produção, vendas, faturamento, investimentos, etc. das
empresas associadas.
Os consumos energéticos específicos envolvidos na fabricação de celulose e papel
através de diversos processos e tipos de fábricas, empregando as melhores tecnologias
disponíveis no mercado (BATs) estão listados nas Tabelas 6.16 a 6.18. A Tabela 6.16 se
aplica a produtores de celulose de mercado, a Tabela 6.17 a fabricantes de papel a partir de
celulose de mercado e a Tabela 6.18 a fábricas integradas de papel e celulose.
188
Tabela 6. 16 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt 54 , por tipo de matéria prima e por processo de fabricação, utilizando as melhores tecnologias disponíveis comercialmente para produtores
de celulose de mercado
Matéria prima
Produto Processo Consumo
específico de combustível
Vapor exportado específico
Consumo específico de eletricidade
Eletricidade produzida específica
Consumo energético específico
total
Madeira Polpa de mercado
Kraft 11,2 2,3 -2,36 11,1
Sulfito 16 2,5 18,5
Termo mecânico
-1,3 7,9 6,6
Papel Polpa
recuperada 0,3 1,2 1,5
Outras Polpa de mercado
Polpação 10,5 -4,2 1,4 - 7,7
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019b)
Tabela 6. 17 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt, por tipo de produto, utilizando as melhores tecnologias disponíveis comercialmente para fabricantes de papel a partir de celulose de
mercado
Produto Processo
Consumo específico de combustível para gerar
vapor
Consumo específico de eletricidade
Consumo energético específico
total
Papel de imprimir e escrever Máquina de papel 6,7 2,3 9,0
Papel com revestimento Máquina de papel 7,5 2,9 10,4
Papel jornal Máquina de papel 5,1 2,1 7,2
Papel cartão Máquina de papel 6,7 2,9 9,6
Papel para embalagens Máquina de papel 5,9 1,9 7,8
Papel para fins sanitários Máquina de papel 6,9 3,6 10,5
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019b)
54 Air dried metric ton.
189
Tabela 6. 18 - Consumos energéticos específicos, em GJ/ADt, por tipo de produto e processo, utilizando as melhores tecnologias disponíveis comercialmente para fábricas integradas de papel e
celulose que utilizam madeira como matéria prima
Produto Processo Consumo
específico de combustível
Consumo específico de eletricidade
Consumo energético específico
total
Papel de imprimir e escrever, sem revestimento, branqueado
Kraft 14 4,3 18,3
Papel para embalagens, sem branqueamento
Kraft 14 3,6 17,6
Papel de imprimir e escrever revestido e branqueado
Sulfito 17 5,4 22,4
Papel de imprimir e escrever, sem revestimento, branqueado
Sulfito 18 4,3 22,3
Papel jornal Termo
mecânico -1,3 7,9 6,6
Papel para revista Termo
mecânico -0,3 7,6 7,3
Papel cartão 50% Termo mecânico
3,5 8,3 11,8
Papel cartão, sem destintamento Termo
mecânico 8 3,2 11,2
Papel jornal, com destintamento Termo
mecânico 4 3,6 7,6
Papel para fins sanitários, com destintamento
Termo mecânico
7 4,3 11,3
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019b)
Em meados de 2014 houve uma fusão entre a Bracelpa e algumas outras associações
que tem florestas plantadas como principal matéria prima, formando a Indústria Brasileira
de Árvores (Ibá). Um aspecto negativo desta fusão foi a descontinuidade da publicação de
estatísticas detalhadas da indústria de papel e celulose, como as contempladas nos
relatórios estatísticos anuais da Bracelpa, o que dificultou ainda mais a realização de
estudos detalhados sobre consumo e autoprodução de energia nesta indústria. Hoje, por
exemplo, não há mais estatísticas disponíveis sobre a produção de celulose e papel por tipo
de fábrica, informação esta que é essencial nas análises energéticas desta indústria.
Apesar desta grande dificuldade, nesta seção se apresenta uma estimativa
aproximada do potencial técnico total de conservação de energia nesta indústria em 2018,
cujo cálculo requer uma estimativa do consumo energético específico de BATs que
representam o mix brasileiro de produção de celulose e papel em 2018. Para se obter esta
grandeza é necessário, primeiro, se obter a distribuição dos componentes da produção
190
física desta indústria naquele ano e se estimar com que tipos de fábricas estes componentes
foram produzidos.
Do portal da Ibá na Internet se pode compilar que a produção física, ou produtos
finais, desta indústria em 2018, no valor de 25.165 . 103 t, foi composta por 14.722 . 103 t
de exportações de celulose, 5.368 . 103 t de papéis para embalagens, 2.517 . 103 t de papéis
de imprimir e escrever, 1.231 . 103 t de papéis para fins sanitários, 741 . 103 t de papel
cartão, 480 . 103 t de outros tipos de papéis e 104 . 103 t de papel imprensa. As
participações relativas destes componentes da produção física setorial são os pesos da
média ponderada no cálculo do consumo energético específico das BATs que representam
o atual mix de produção de celulose e papel no país.
A estimativa dos tipos de fábricas que produzem cada um dos componentes da
produção física de papel e celulose requer a adoção de várias hipóteses, já que não existem
dados publicados a respeito. Como as exportações brasileiras de celulose são quase todas
de celulose de eucalipto branqueada e o processo Kraft é o mais utilizado no país para
produzir este tipo de celulose, assume-se aqui que toda a celulose de mercado exportada é
fabricada com este processo e que o consumo energético específico de sua BAT é 11,1
GJ/t, conforme indicado na Tabela 6.16. Segundo a Associação Nacional dos Aparistas de
Papel (ANAP), em 2016 foram recicladas as seguintes porcentagens de tipos de papel:
aparas de papel de embalagem – 81,7% do consumo aparente, ou 72,2% da produção;
aparas de papel branco – 35,7% do consumo aparente, ou 29,7% da produção; e aparas de
papel cartão – 25,6% do consumo aparente, ou 18,6% da produção (ANAP, 2016). Um
índice de perdas de massa de 10% é comum na conversão destas aparas em papel
reciclado; este valor foi adotado aqui para todos estes tipos de aparas. Assumiu-se, então,
que 65% (72,2% . 0,9) da produção de papel para embalagens ocorreu em fábricas de papel
reciclado, com um consumo energético específico de sua BAT de 9,3 GJ/t [7,8 GJ/t
(Tabela 6.17) mais 1,5 GJ/t (Tabela 6.16)], e o restante foi produzido em fábricas
integradas, com uma BAT de consumo energético específico de 17,6 GJ/t (Tabela 6.18).
Analogamente, se assumiu que 26,7% (29,7% . 0,9) da produção de papéis de imprimir e
escrever e 16,7% (18,6% . 0,9) da produção de papel cartão ocorreram em fábricas de
papéis reciclados, cujos consumos energéticos específicos das BATs são, respectivamente,
11,2 GJ/t [9,7 GJ/t (Tabela 6.17) 55 mais 1,5 GJ/t (Tabela 6.16)] e 11,1 GJ/t [9,6 GJ/t
55 Média entre os consumos energéticos específicos para se produzir papel de imprimir e escrever e papel com revestimento.
191
(Tabela 6.17) mais 1,5 GJ/t (Tabela 6.16)]. O restante da produção de papéis de imprimir e
escrever e de papel cartão em 2018 teria sido proveniente de fábricas integradas, cujos
consumos energéticos específicos das BATs, segundo a Tabela 6.18, são de 18,3 GJ/t e
11,8 GJ/t, respectivamente. Assumiu-se que toda a produção de papéis para fins sanitários
e de outros tipos de papéis, entre os quais se destacam os chamados papéis especiais,
ocorrem em fábricas de papel que utilizam celulose de mercado e cujos consumos
energéticos específicos de suas BATs são, respectivamente, 21,6 GJ/t [10,5 GJ/t (Tabela
6.17) mais 11,1 GJ/t (Tabela 6.16)] e 21,5 GJ/t [10,4 GJ/t (Tabela 6.17) mais 11,1 GJ/t
(Tabela 6.16)]. Finalmente, assumiu-se que todo o papel jornal é produzido em fábricas
integradas, com um consumo energético específico de 6,6 GJ/t (Tabela 6.18) na BAT
correspondente.
A utilização de todos estes valores permitiu calcular o consumo energético
específico da BAT equivalente que representa o atual mix de produção de celulose e papel
no país como sendo de 12,57 GJ/t. Confrontando este valor com o consumo energético
específico da indústria de papel e celulose brasileira em 2018, que foi de 22,25 GJ/t, se
chega (Equação 6.1) a um potencial técnico de conservação de energia de 43,5%.
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA – Empresa) do IBGE, em 2016 os custos
com energia elétrica e consumo de combustíveis na produção de celulose e na produção de
papel foram de US$ 299,1 milhões e US$ 587,1 milhões, respectivamente. Esses valores
corresponderam, naquele ano, a 10,1% do custo operacional total na produção de celulose
e 16,3% na produção de papel (IBGE, 2018e). Portanto, medidas que buscam obter ganhos
na eficiência energética são importantes para aumentar a produtividade neste segmento no
Brasil.
Segundo a IBA (2019a), em 2016 o segmento produziu 67,5 milhões de GJ de
energia a partir de fontes renováveis. Naquele ano, esta geração representou 69% do
consumo energético do segmento. Em 2017 o consumo total de energia elétrica do
segmento de papel e celulose foi de 23.243 GWh (83.674.800 GJ). Conforme indicado na
Figura 6.8, a contribuição da autoprodução no atendimento deste consumo foi de 60,1%.
192
6.7.2 Água
A Tabela 6.19 mostra a evolução do consumo específico de água captado na
indústria de celulose brasileira. Este valor foi reduzido, em média, 4% ao ano no período
de 1970 a 2015. O processo de armazenamento permite o reuso da água por cinco ciclos e,
após o tratamento de efluentes, pode ser lançado de volta aos recursos hídricos. No
entanto, no processo de produção 19,7% da água captada é evaporada e 0,3% permanecem
contidos na celulose (IBA, 2017).
Tabela 6. 19 - Consumos específicos de água e balanço hídrico na indústria de celulose
Captação de água Unidade 1970
(m³/t celulose)
180 a 200
2000 25 a 50
2015 22 a 40
Balanço hídrico Unidades
Captação (m³/t celulose) 30
Armazenamento m³ 150
Água evaporada (m³/t celulose) 5,9
Água na celulose (m³/t celulose) 0,1
Lançamento de efluentes tratados (m³/t celulose) 24 Fonte: Elaboração própria com base em IBA (2017)
Algumas iniciativas para melhorar a gestão hídrica em empresas de papel e celulose
estão indicadas na Tabela 6.20. Segundo Santi (2015), estas medidas foram reações para
mitigar os impactos causados pela crise hídrica do período de 2014 a 2015, como, também,
levaram em conta a importância da eficiência no uso da água na produção (segurança
hídrica) e a gestão sustentável dos processos de produção (tratamento da água e efluentes).
193
Tabela 6. 20 - Algumas medidas adotadas por empresas de papel e celulose no Brasil para melhorar sua gestão hídrica
Empresa Iniciativas na gestão hídrica
Fíbria – Unidade de
Jacareí
A recuperação da água branca dos extratores permitiu uma redução de 1.500 m³/h (80% de reaproveitamento). Aproveitamento de 65% da água evaporada (700 m3/h) no processo de concentração do licor negro.
Suzano
Na crise hídrica de 2014/15, como plano de prevenção para o agravamento da crise, foram avaliadas as situações de redução na produção e projetos de redução no consumo de água. Sem investimentos, a empresa reduziu o consumo em 160 m³/h em relação ao ano de 2014. Em janeiro de 2015 o consumo estava em 2.930 m³/h. Ações planejadas: reduzir mais 410 m³/h a partir do fechamento dos circuitos da secadora e da máquina de papel 56 MP2, e do reaproveitamento da água da produção de celulose e do setor de utilidades.
Bignardi Papéis
Com capacidade para produzir 60 mil t/ano de papel, a racionalização do consumo de água está entre os principais objetivos da empresa devido à baixa disponibilidade hídrica, o custo da emissão do efluente e a necessidade de melhorias nos indicadores de sustentabilidade. Entre as melhorias destacam-se: o fechamento de circuitos; a utilização de tecnologias a seco; e a reutilização de efluentes. A empresa realizou em 2003 investimentos em um novo flotador e filtros de areia contínuos na linha da MP1. Em 2008 reformou a MP2 com a instalação de uma nova linha de tratamento de água. Em 2009 e 2010 investiu na substituição do sistema de selagem de bombas centrífugas e na compra de peneiras rotativas e flotador, além de decantadores centrífugos para o lodo primário; efetuou, também, melhorias no sistema de automação do processo e nos sistemas de aeração das lagoas de estabilização. As melhorias implantadas em 15 anos fizeram com que o consumo específico de água fresca, que era de 76,8 m³/t, fosse reduzido para 16,7 m³/t em 2010. A reutilização do efluente está em 6,3 m³/t, e o reuso de água do efluente passou para 73%. Simultaneamente com a redução do consumo específico de água, melhorou-se o tratamento químico requerido para evitar obstruções no circuito de água.
Fonte: Elaboração própria com base em Santi (2015)
6.7.3 Emissões e resíduos
Segundo o IBA (2019), nas atividades florestais 99,7% dos resíduos sólidos (e. g.
cascas, galhos e folhas) são mantidos no campo para proteção e adubação do solo. Nas
atividades industriais 66% dos resíduos são destinados para geração de energia como
combustível nas caldeiras, e 25% dos resíduos da produção de serrados (e. g. cavacos e
serragem) e as aparas de papel são reutilizados no mesmo segmento. Os resíduos oriundos
56
MP: Máquina de Papel.
194
das caldeiras, tais como a lama de cal e as cinzas representam 5% do total de resíduos
sólidos industriais; eles são reutilizados na indústria de cimento. A taxa de reciclagem de
papel no Brasil em 2016 foi de 64,5% do consumo aparente de papel naquele ano (ANAP,
2016). Mesmo com um limite técnico para a quantidade de vezes que os diferentes tipos de
papel podem ser reciclados, a adição de fibra virgem no processo de aproveitamento desse
material permite o reuso e a obtenção de um papel com padrão aceitável de qualidade para
comercialização. Portanto, o aproveitamento dos resíduos sólidos, além de atender a
legislação, aumenta a produtividade e a lucratividade deste segmento.
A Figura 6.39 ilustra a evolução, entre 2000 e 2017, das emissões de CO2e
decorrentes da geração e consumo de energia e da geração de resíduos (efluentes sólidos e
líquidos) na produção de papel e celulose no Brasil. Observe-se, nesta figura, o forte
crescimento, neste período, das emissões associadas à geração de resíduos.
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2019)
Figura 6. 39 - Evolução das emissões de CO2e oriundas da produção de papel e celulose no Brasil, entre 2000 e 2017
Conforme indicado na Figura 5.22, em 2016 a participação da indústria de papel e
celulose nas emissões de CO2e do setor industrial brasileiro foi de 3%.
Considerando a emissão indicada na Figura 6.39 e a produção física desta indústria
em 2017, de 23.670.000 toneladas, tem-se uma emissão específica, naquele ano, de 0,51
tCO2e/t de produto 57.
57
Não foi considerado neste cálculo o abatimento nas emissões decorrente do reflorestamento.
5,0
4,25,12,1
4,7
7,0
0
2
4
6
8
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Emis
sõe
s C
O2e
(M
t)G
WP
-AR
5
Energia produção Papel e Celulose Resíduos produção Celulose
195
6.7.4 Inovações tecnológicas
As inovações tecnológicas de uso comercial apresentadas na Tabela 6.21, compiladas
pelo IETD/IIP (2019b), propiciam economias no consumo específico de energia e reduções
nas emissões de CO2 por tonelada de produto. Estimativas destes ganhos estão indicadas
nesta tabela.
Tabela 6. 21 - Seleção de tecnologias de uso comercial na indústria de papel e celulose com potencial de economia no consumo de energia e redução nas emissões
Etapas do processo de produção / tecnologias
Preparação do material
A substituição de transportadores pneumáticos por transportadores de correia pode propiciar uma redução no consumo de energia em 17,2 kWh/t no transporte de cavacos e aparas.
O descascador tipo berço consome menos energia do que os outros métodos de descasque. Estima-se uma redução no consumo energético em 0,025 GJ/t de toras descascadas. Apresenta um potencial de redução nas emissões de 2,93 kg CO2/t de madeira. Polpação
A implantação de um sistema de controle contínuo do digestor possui um potencial de economia de energia de 1%.
A utilização do aditivo auxiliar de polpa denominado ChemStone OEA-11 aumenta a eficácia do licor de cozimento, previne o cozimento excessivo e melhora a uniformidade e o rendimento do produto. Estima-se uma economia de energia de 0,131 GJ/t de madeira processada.
Foram relatadas economias de energia de 8 a 10% com o emprego de fosfato como aditivo na polpação. Fabricação de papel
A utilização de unidades de cogeração pode melhorar a eficiência energética das fábricas de papel e gerar uma economia com combustíveis de 10 a 20%.
A otimização do sistema de vácuo para desaguamento pode gerar economias de energia entre 20 e 40%.
A adoção da tecnologia Evaporador Thermodyne reduz o consumo de energia na secagem em até 50%.
O uso do software Dryer Management System no controle do secador pode reduzir o consumo de vapor em 2 t/h.
A otimização dos requisitos de ar da máquina de papel pode gerar uma redução do consumo energético específico de até 0,76 GJ/t de papel e uma redução de até 6,3 kWh/t de papel, no consumo específico de eletricidade.
A substituição dos secadores por sifões estacionários economizou 0,89 GJ/t de papel devido à maior eficiência na secagem.
Estima-se uma economia de até 1,1 GJ/t de papel com o emprego de cilindro de secagem direta. Estima-se uma redução no consumo de vapor de 1,6 GJ/t de papel com a utilização do sistema
Condebelt na secagem do papel. O emprego da radiação infravermelha para controle do perfil de umidade da folha de papel
propicia uma economia de 0,7 GJ/t de papel. Estima-se uma economia de 5 GJ/t de papel com a utilização da tecnologia de conformação a
seco da folha de papel. O pré-tratamento da polpa antes da secagem possibilita uma economia de 1,7 GJ/t de papel.
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019b)
196
A Figura 6.40 apresenta um fluxograma simplificado do processo de produção em
uma indústria de celulose e papel integrada, com estimativas da participação dos consumos
de energia (primária), água e das emissões de CO2 em cada etapa do processo produtivo.
Fonte: Elaboração própria com base em CEPI (2013) e Brown et al. (1996)
Figura 6. 40 - Fluxograma simplificado do processo de produção em uma indústria de papel e celulose integrada, com as participações dos consumos de energia e água, e das emissões, por etapa do
processo
197
6.8 Indústria química
A indústria química atua cada vez mais em mercados globais. Medidas que buscam
obter ganhos na eficiência energética são muito importantes para a produtividade neste
segmento no Brasil.
Classificações dos setores da economia em estatísticas econômicas em geral incluem
as refinarias de petróleo dentro da indústria química. Os balanços energéticos, inclusive o
Balanço Energético Nacional (BEN), no entanto, classificam as refinarias no setor
energético e contabilizam suas conversões de petróleo em derivados no bloco dos Centros
de Transformação.
A Tabela 6.22 apresenta informações gerais sobre a indústria química nacional que
possui quatro polos petroquímicos em operação e um polo em construção – Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) 58, e 961 fábricas de produtos químicos de uso
industrial (ABIQUIM, 2018a).
Tabela 6. 22 - Informações gerais sobre a indústria química brasileira
Refinarias
17 refinarias de petróleo com capacidade para processar 2,4 milhões barris/dia.
Produção em 2017: 956.928 mil barris de petróleo.
Craqueadores
4 unidades de insumos básicos petroquímicos. Capacidade anual de produção em 2017: - Eteno: 3.952 mil ton. - Propeno: 1.585 mil ton.
Polos petroquímicos
4 polos petroquímicos, responsáveis por 65% do faturamento líquido da indústria química em 2018.
Indústrias de produtos químicos de uso industrial
O faturamento líquido estimado em 2018 foi de US$ 127,9 bilhões, correspondendo a 12% do VA industrial e 2,4% do PIB brasileiro (base 2016).
Os investimentos programados para o período 2017-2022 são de aproximadamente US$ 3,3 bilhões.
Fonte: Elaboração própria com base em ANP (2018), ABIQUIM (2018c)
Segundo a Abiquim (2018b), no período de 1994 a 2017 a produção da indústria
química brasileira aumentou em média 1,82% ao ano, tendo como referência o ano 1994.
58 O Comperj está com as obras suspensas, e quando entrar em operação aumentará a capacidade de produção nacional dos petroquímicos básicos de 1ª e 2ª geração.
198
A Figura 6.41 ilustra a utilização da capacidade instalada (UCI) e dos investimentos
na fabricação de produtos químicos exceto os de perfumaria, sabões, detergentes e
produtos de limpeza e higiene pessoal no período de 2011 a 2018. Neste período, a taxa de
redução na UCI foi de 1,15% ao ano. Como pode ser observada nesta figura, durante vários
anos a redução da UCI coincidiu com redução nos investimentos.
Entre os produtos químicos de uso industrial, os que pertencem às categorias de
produtos petroquímicos básicos (benzeno; butadieno; eteno; metanol; propeno g.p. (grau
polímero); propeno g.q. (grau químico); tolueno; o-xileno; p-xileno e xilenos mistos),
resinas termoplásticas (EVA; PEAD; PEBD; PEBDL; PS; PP; PVC e PET), cloro e álcalis
(ácido clorídrico; cloro; hidróxido de sódio (líquido) e hipoclorito de sódio), e produtos
químicos intermediários para fertilizantes (ácido fosfórico; ácido nítrico; ácido sulfúrico;
ácido sulfúrico fumegante; amônia; fosfato de diamônio; fosfato de monoamônio; nitrato
de amônio e uréia) são produtos energo-intensivos de consumo elevado. A Figura 6.42
mostra a evolução da UCI destas categorias entre 2003 e 2017. Podem-se observar, nesta
figura, tendências de redução na UCI destas categorias, exceto na de resinas
termoplásticas.
Fonte: Elaboração própria com base em CNI (2019)
Figura 6. 41 - Evolução da UCI e dos investimentos em grande parte da indústria química brasileira, de 2003 a 2018
0
1
2
3
4
5
6
70
75
80
85
90
20
03
20
04
20
05
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06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
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12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
20
18
Inve
stim
en
tos
(US$
bilh
õe
s)
UC
I (%
)
UCI Investimentos
199
Fonte: Elaboração própria com base em ABIQUIM (2017)
Figura 6. 42 - Evolução da UCI em segmentos energo-intensivos da fabricação de produtos químicos de uso industrial no Brasil, de 2003 a 2017
Segundo a Abiquim (2018c), o faturamento líquido do grupo de produtos químicos
de uso industrial em 2018 correspondeu a 50,1% (US$ 64,1 bilhões) do total do
faturamento da indústria química. Fazem parte deste grupo os petroquímicos básicos, as
resinas termoplásticas, cloro e álcalis, e os intermediários para fertilizantes, com uma
participação correspondente a US$ 10,5 bilhões, US$ 10,3 bilhões, US$ 1,8 bilhões e US$
4,2 bilhões, respectivamente.
A Figura 6.43 ilustra a evolução do faturamento líquido, exportação e importação da
indústria química brasileira no período de 1990 a 2018. No período de 2008 a 2018, o
déficit médio na balança comercial foi de aproximadamente US$ 25,2 bilhões por ano.
60
70
80
90
100
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
UC
I (%
)
Produtos petroquímicos básicos Resinas termoplásticas
Cloro e Álcalis Intermediários para fertilizantes
200
Fonte: Elaboração própria com base em ABIQUIM (2018a, 2018c, 2015a, 2014)
Figura 6. 43 - Evolução do faturamento líquido, exportação e importação da indústria química brasileira, de 1990 a 2018
6.8.1 Energia
A Figura 6.44 ilustra a evolução do consumo total de energia e do consumo de
energia elétrica da indústria química brasileira de 1970 a 2017. As reduções tanto do
consumo total de energia como do consumo de eletricidade de 2008 a 2017 refletem as
diminuições do faturamento líquido, dos investimentos e, sobretudo, da UCI na maioria
dos anos neste período.
O consumo das principais das fontes de energia da indústria química durante o
período de 1970 a 2017 está indicado na Figura 6.45. O consumo de gás natural a partir
dos anos 1980 cresceu, em média, 7,35% ao ano. No mesmo período, o consumo de óleo
combustível diminuiu, em média, 7,45% ao ano. O consumo de eletricidade cresceu, em
média, 4,6% ao ano. Conforme ilustrado na Figura 6.45 e Figura 6.46, as outras fontes
secundárias do petróleo foram a fonte de energia mais consumida em 2017, representando
33% do consumo total.
-1,2 -1,5 -1,3 -2 -2,9 -4,6 -5,4 -5,9 -6,5 -6,4 -6,7 -7,3 -6,3 -6,2 -8,6 -7,9 -8,5 -13,2-23,2
-15,7-20,7
-26,5-28,2-31,9-31,2-25,5-22,1-23,5
-29
31,8 28,6 29,9 31,4 35,641,4 42,8 46,2 43,8
36,343,6
38,8 37,345,5
60,3
72,382,5
104,3
124,6
101,9
128,8
150144,3147,7146,9
111,9
107,3
121,4127,9
19
90
19
91
19
92
19
93
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
19
99
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
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06
20
07
20
08
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20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
20
18*
Fatu
ram
en
to e
bal
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co
me
rcia
l (U
S$ B
ilhõ
es)
Déficit Balança Comercial
Faturamento Líquido
Exportação
Importação
201
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 44 - Evolução do consumo total de energia e do consumo de energia elétrica na indústria química brasileira no período de 1970 a 2017
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 45 - Evolução do consumo das principais das fontes de energia da indústria química brasileira no período de 1970 a 2017
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 46 - Distribuição percentual das diversas fontes no consumo final de energia da indústria química brasileira em 2017
1.166
7.7156.969
227
1.985 1.856
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
8.000
9.000
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
10
³ te
p)
INDÚSTRIA QUÍMICA (TOTAL) ELETRICIDADE
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
10
³ te
p)
GÁS NATURAL ÓLEO COMBUSTÍVEL
GÁS LIQUEFEITO DE PETRÓLEO ELETRICIDADE
OUTRAS SECUNDÁRIAS DE PETRÓLEO
33%
31%
27%
9%
OUTRAS SECUNDÁRIAS DE PETRÓLEO
GÁS NATURAL
ELETRICIDADE
OUTRAS FONTES
202
Em 2017 o consumo de energia elétrica da indústria química foi de 1.856 mil tep,
representando 27% do seu consumo energético total (Figura 6.46). Conforme indicado na
Figura 6.8, a contribuição da autoprodução neste ano correspondeu a 10,5%. Processos de
integração energética com sistemas de cogeração podem representar uma boa oportunidade
para reduzir os custos com a compra de eletricidade. Investimentos na utilização de
motores de alto rendimento e a instalação de variadores de velocidade também podem
contribuir significativamente para reduzir os custos operacionais associados com o
consumo de eletricidade.
A Abiquim, utilizando dados fornecidos pelas empresas associadas, encontrou que o
consumo energético específico da indústria química brasileira diminuiu de 10 GJ/t em
2001 para 6,3 GJ/t em 2010; durante este mesmo período o consumo específico de
eletricidade decresceu de 1,5 GJ/t para 1,3GJ/t (CNI, 2012).
Segundo a Abiquim (2018b), em 2017 o consumo específico de energia elétrica das
empresas associadas que participam do Programa Atuação Responsável foi de 348 kWh/t
de produto, e 94% deste consumo foram adquiridos da rede pública. A Figura 6.47 ilustra a
evolução do consumo específico e da geração interna específica de energia elétrica destas
empresas no período de 2006 a 2017. Durante este período, a taxa média de redução do
consumo específico foi de 1,6% ao ano e a geração interna para atender a produção ou ser
vendida foi reduzida em 50%. Em 2017, 48% da energia gerada internamente por estas
empresas foi comercializada.
Fonte: Elaboração própria com base em ABIQUIM (2018b)
Figura 6. 47 - Evolução, de 2006 a 2017, do consumo específico e da geração interna específica de energia elétrica das empresas associadas à Abiquim que participam do Programa Atuação
Responsável
416348
42 32 33 22
0
100
200
300
400
500
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017kWh
/t d
e p
rod
uto
Consumo de energia elétrica Gerada internamente
203
A Figura 6.48 apresenta a distribuição do fornecimento, geração, consumo e perdas
de energia entre os processos da indústria química dos EUA. Nesta ilustração destacam-se
no consumo e nas perdas os processos de aquecimento, e as máquinas e equipamentos que
fazem parte dos processos de produção. O consumo de energia nos processos fora da
produção corresponde a 9%.
Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018c)
Figura 6. 48 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia entre os processos da indústria química dos EUA
A Tabela 6.23 apresenta os resultados de um levantamento feito pelo Department of
Energy (DOE, 2018c) sobre a distribuição do consumo e das perdas de energia nas
máquinas e equipamentos utilizados na indústria química nos EUA. Destacam-se no
consumo de energia a participação das bombas e compressores de ar, que respondem por
58% do consumo total. Em relação às perdas de energia, destacam-se os compressores de
ar e os equipamentos de processamento de materiais com perdas de mais de 80% do seu
consumo de energia.
204
Tabela 6. 23 - Distribuição percentual do consumo e percentual de perdas de energia dos vários tipos de máquinas e equipamentos utilizados na indústria química americana
Máquinas e equipamentos Distribuição do consumo de energia Perdas
Bombas 28,2% 55,6%
Ventiladores 12,9% 56%
Compressores de ar 29,9% 88,2%
Manipulação de materiais 1,6% 33,3%
Processamento de materiais 25,5% 85,5%
Outros sistemas 1,9% 64%
Total 100,0% Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018c)
As Tabelas 6.24 a 6.26 apresentam os consumos energéticos específicos das
melhores tecnologias disponíveis no mercado (BATs) em alguns processos energo-
intensivos da indústria química, segundo algumas fontes da literatura técnica consultada. A
Tabela 6.24 contém consumos energéticos específicos de BATs compilados por Worrell et
al. (2008) para a produção de eteno a partir do craqueamento da nafta e do etano, e para a
produção de amônia a partir do gás natural, ou utilizando o carvão como matéria prima.
Saygin et al.(2011a) compilaram, na Tabela 6.25, não só os consumos energéticos
específicos de BATs, como também os de BPTs (melhores práticas) na produção de
amônia e de produtos químicos de alto valor agregado (HVCs), além de faixas de
consumos específicos encontradas em países desenvolvidos e países em desenvolvimento.
É comum se levar em conta, no cálculo do consumo energético específico requerido na
produção de produtos químicos, o conteúdo energético de matérias primas utilizadas no
processo de produção. Isto está indicado na Tabela 6.26, na compilação feita pelo
IETD/IIP (2019d) de consumos energéticos específicos de BATs para a produção de
amônia a partir de várias matérias primas.
205
Tabela 6. 24 - Consumos energéticos específicos de BATs para a produção de eteno e de amônia a partir de diversas matérias primas
Segmentos industriais Unidade BAT Eteno - Craqueamento da nafta GJ/t 11 - Craqueamento do etano GJ/t 12,5 Amônia - Amônia de gás natural GJ/t NH3 28 - Amônia de carvão GJ/t NH3 34,8
Fonte: Elaboração própria com base em Worrell et al.(2008)
Tabela 6. 25 - Consumos energéticos específicos na produção de amônia e de produtos químicos de alto valor agregado (HVCs) em países industrializados, em países em desenvolvimento, de BATs e
de BPTs
Segmentos Industriais Unidade
Países Industrializados
Países em desenvolvimento BAT BPT
- HVCs GJ/t HVCs 12,6 - 18,3 17,1 – 18,3 10,6 12,5 - Amônia GJ/t NH3 33,2 – 36,2 35,9 – 46,5 23,5 31,5
Fonte: Elaboração própria com base em Saygin et al.(2011a)
Legenda: HVCs (High-Value Chemicals)59
Tabela 6. 26 - Consumos energéticos específicos de BATs para a produção de amônia a partir de diversas matérias primas, em GJ/ t NH3
Matérias primas para a produção de amônia
Eletricidade MP Combustível Vapor Total
- Amônia de gás natural 0,29 20,67 10,93 -3,87 28 - Amônia de carvão 3,7 20,67 17,33 -1,3 40 - Amônia de óleo 0,7 20,67 16,13 -1,5 36
Fonte: Elaboração própria com base em IETD/IIP (2019d)
Segundo Saygin et al.(2009), no mundo, os processos de craqueamento a vapor a
partir da nafta, etano e óleo diesel correspondem, respectivamente, a 47%, 48% e 5%. Para
a produção de amônia, o processo que utiliza gás natural como matéria prima representa
71% da produção total. Na produção de cloro, os processos via diafragma, mercúrio e
membrana correspondem, respectivamente, a 33%, 20% e 47%.
Uma razão para o consumo mais elevado de energia no craqueamento a vapor do
etano é que, neste processo, há menos integração energética e temperaturas mais altas dos
gases de combustão do que no craqueamento a vapor da nafta (SAYGIN et al., 2009).
59
Olefinas leves (eteno e propeno) e aromáticos [benzeno, tolueno e xilenos (BTX)] são chamados “produtos químicos de alto valor agregado” (HVCs).
206
A Tabela 6.27 apresenta valores observados de consumos energéticos específicos de
alguns produtos da indústria química brasileira. Com base nos consumos específicos dos
BATs e BPTs indicados na tabela, foram calculados os potenciais técnicos de conservação
de energia destes produtos e os resultados obtidos compõem a última coluna da tabela.
Tabela 6. 27 - Estimativa do potencial técnico de conservação de energia de alguns produtos da indústria química brasileira
Produtos Capacidade de produção
(k t)
CE de energia (GJ/t)60
BAT (GJ/t)
BPT (GJ/t)
Potencial técnico de
conservação de energia (%)
Eteno (2009-2012)61
- Craqueamento da nafta 3.232 13,4 – 20,3 11 12,5 20,1 – 46
- Craqueamento do etano 520 19,9 – 22,5 12,5 37,2 – 44,4
Polietileno (2009-2017) 3.055 2,8 – 8,1 1,0 – 1,6 64,3 – 80
Polipropileno (2009-2017) 1.850 1,4 – 2,6 0,1 93 – 96
Cloro soda (2003-2012) 3.911 3,8 – 4,5
- Cloro 1.384 4,43 1,9 57
PVC (2003-2012) 1.010 9,9 – 12,6 1,7 82,8 – 86,5
Amônia (2012 – 2017)
- Amônia (Gás Natural) 1.588 25,3 23,5 - 28 31,5 7
Fonte: Elaboração própria com base em Moraes (2015), Mathias (2014), Saygin et al.(2011a, 2011b),
Abiquim (2015b) , Braskem62 e Petrobras61
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA – Empresa) realizada pelo IBGE (2018e)
em 2016, os custos com energia elétrica e o consumo de combustíveis na produção da
indústria química foram de US$ 2.337 milhões. Em 2016 este valor correspondeu a 4,8%
dos custos operacionais. Portanto, medidas que buscam obter ganhos na eficiência
energética e o aumento na geração interna de eletricidade são importantes para aumentar a
produtividade neste segmento no Brasil.
60 A amplitude dos valores é devido à idade das plantas, estado de conservação, tecnologia de processo e a taxa de utilização da capacidade instalada. 61
A Braskem possui uma planta que produz 200 kt de eteno a partir de álcool, que é transformado em polietileno. Portanto, a capacidade total para a produção de eteno da empresa é de 3.952 mil toneladas. 62 Informação pessoal.
207
6.8.2 Água Segundo a Abiquim (2018b), em 2017 o volume específico de água captada pela
indústria química brasileira foi de 6,5 m³/t de produto. Neste ano, a emissão específica de
efluentes correspondeu a 2,2 m³/t de produto. O reaproveitamento de água em 2017 foi de
1,55 m³/t de produto. A Figura 6.49 ilustra a evolução da captação de água, e dos efluentes
lançados em cursos d’água ou enviados a estações de tratamento externas no período de
2006 a 2017. Neste período, a taxa média de redução na captação de água e nos efluentes
lançados foi de 1,2% e 2,8% ao ano, respectivamente. No entanto, a trajetória decrescente
na captação de água se inverteu e aumentou a partir de 2015.
Fonte: Elaboração própria com base em ABIQUIM (2018b)
Figura 6. 49 - Evolução da captação de água, e dos efluentes lançados pela indústria química brasileira, de 2006 a 2017
A Figura 6.50 mostra a evolução do consumo específico de água e da geração de
efluentes da Braskem, maior petroquímica nacional, em 2002 e no período de 2014 a 2018.
Desde 2001 o consumo específico de água aumentou, em média, 0,21% ao ano, e o
lançamento de efluentes diminuiu, em média, 3% ao ano.
Fonte: Elaboração própria com base em BRASKEM (2018)
Figura 6. 50 - Evolução do consumo específico de água e do lançamento de efluentes pela Braskem em 2002 e no período de 2014 a 2018
7,46,5
3,02,2
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
m³/
t d
e p
rod
uto
Água Captada Efluentes lançados
4,1 4,2 4,1 4,0 4,0 4,3
1,91,3 1,2 1,1 1,1 1,2
0
2
4
6
2002 2014 2015 2016 2017 2018
(m³/
t)
Consumo de Água Geração de Efluentes Líquidos
208
6.8.3 Emissões e resíduos
Conforme indicado na Figura 5.22, em 1990 e 2016 as participações da indústria
química nas emissões de CO2e do setor industrial brasileiro foram de 16% e 10%,
respectivamente.
Segundo a Abiquim (2018b), em 2017 as emissões de GEE do Escopo 1 e do Escopo
2, segundo a metodologia GHG Protocol 63, foram de 323 kgCO2e/t de produto e 30
kgCO2e/t de produto, respectivamente.
A Figura 6.51 ilustra a evolução das emissões de CO2e dos processos industriais e do
consumo de energia das indústrias químicas brasileiras no período de 2000 a 2017.
Segundo o SEEG/IEMA (2019), em 2017 as emissões destas duas fontes somaram 19,2
milhões de toneladas de CO2e 64.
Fonte: Elaboração própria com base em IEEE (2019)
Figura 6. 51 - Evolução, de 2000 a 2017, das emissões de CO2e dos processos industriais e do consumo de energia da indústria química no Brasil
As emissões específicas de GEE da Braskem em 2008 e durante o período de 2014 a
2018 estão indicadas na Figura 6.52. Desde 2008 as emissões específicas de GEE da
empresa, conforme o escopo 1 do GHG Protocol, diminuíram, em média, 1,53% ao ano.
63 GHG Protocol: Escopo 1 (emissões provenientes de operações próprias ou controladas pela organização) e Escopo 2 (emissões indiretas provenientes da aquisição de energia elétrica consumida pela organização). 64 Metodologia do IPCC: referência emissões GWP-AR5
0
5
10
15
20
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Emis
sõe
s C
O2
e (
Mt)
GW
P-
AR
5
Processos Industriais Energia
209
Fonte: Elaboração própria com base em BRASKEM (2018)
Figura 6. 52 - Emissões específicas de GEE da Braskem em 2008 e no período de 2014 a 2018
Segundo o ranking de participação de processos e produtos nas emissões de CO2e da
indústria química no mundo, elaborado por Boulamanti e Moya (2017) e ilustrado na
Figura 6.53, as unidades de insumos petroquímicos básicos, incluindo a produção de
aromáticos, mais as produções de amônia e cloro responderam por 60,5% das emissões de
GEE em 2017.
Fonte: Elaboração própria com base em IEEE (2019)
Figura 6. 53 - Ranking da participação dos processos e produtos químicos nas emissões de CO2e das indústrias químicas no mundo em 2017
O volume total de resíduos gerados pela indústria química brasileira em 2017 foi de
6,14 kg/t de produto. Deste total, 51% foram de resíduos não perigosos e 49% de resíduos
perigosos. Naquele ano, 33,1% dos resíduos não perigosos foram reciclados, reutilizados
e/ou reaproveitados, e 69,2% dos resíduos perigosos foram reaproveitados (ABIQUIM,
2018b). A Figura 6.54 ilustra a evolução da geração de resíduos no período de 2006 a
0,659
0,564 0,540,585
0,5190,565
0,72
0,63 0,63 0,640,57
0,61
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
2008 2014 2015 2016 2017 2018Emis
sõe
s (
tCO
2e
/t)
Intensidade de Emissões de GEE (Escopo 1) Intensidade de Emissões de GEE (Escopo 1+2)
25,5
19,6
10,69,2
4,8 3,8 3,4 2,9 2,6 2,6 1,5 0,4
13,2
0
5
10
15
20
25
30
Par
tici
paç
ão n
as E
mis
sõe
s G
EE (
%)
210
2017, neste período a taxa média de redução foi de 2,9% ao ano. No entanto, a trajetória
decrescente na geração de resíduos se inverteu e aumentou a partir de 2016.
Fonte: Elaboração própria com base em ABIQUIM (2018b)
Figura 6. 54 - Evolução da geração de resíduos na indústria química brasileira, de 2006 a 2017
A economia circular associada ao uso consciente do plástico e o descarte responsável
desses resíduos sólidos pelos consumidores, o gerenciamento da coleta, armazenamento,
classificação e beneficiamento, e a reciclagem do plástico constituem um dos maiores
desafios da atualidade, devido, entre outros aspectos, ao volume crescente, complexidade e
o impacto dos resíduos (ciclo de vida), e as consequências para a saúde e o meio ambiente.
A Figura 6.55 ilustra as principais rotas que podem ser adotadas para a reciclagem dos
plásticos.
Fonte: Elaboração própria com base em Piva e Wiebeck (2004) e FIESP (2018)
Figura 6. 55 - Principais rotas de reciclagem de plásticos
8,526,14
02468
10
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017
(kg/
t d
e p
rod
uto
)
GERAÇÃO DE RESÍDUOS
211
6.8.4 Inovações tecnológicas
O desenvolvimento de novas tecnologias de processo para a fabricação dos produtos
químicos envolve incertezas e riscos. Segundo Wongtschowski (2002), essas
vulnerabilidades estão associadas com a demanda, as margens para o negócio e a
introdução de novas tecnologias.
A Tabela 6.28 apresenta as principais inovações tecnológicas que foram implantadas
nas plantas de eteno nas últimas décadas.
Tabela 6. 28 - Inovações tecnológicas nas novas plantas produtoras de eteno no mundo
Etapa do processo Inovações tecnológicas
Craqueamento Avanços no projeto das serpentinas dos fornos de pirólise; Melhorias nas caldeiras de recuperação de calor; e Aumento da eficiência de combustão nos fornos de pirólise.
Resfriamento do gás e compressão
Melhor utilização de calor disponível na água de resfriamento; Pressão mais baixa no sistema inter-estágio de compressão; e Temperatura da gasolina mais alta na coluna de fracionamento primário.
Área fria (Fracionamento)
Expansão do gás para otimizar a alimentação do sistema da coluna desmetamizadora; e Uso de trocadores com superfície estendida para melhorar a eficiência na transferência de calor.
Utilidades Cogeração: Instalação de turbina a gás para gerar energia elétrica; Balanço de energia: otimização no uso do vapor; Maior eficiência dos sistemas de acionamento / compressão.
Fonte: Elaboração própria a partir de Neelis et al.(2008)
Os dois processos tradicionais de produção de eteno e propeno são o
craqueamento a vapor (steam cracker) e o craqueamento catalítico fluido (FCC - Fluid
Catalytic Cracking). Segundo Leite (2013), os principais licenciadores de tecnologia para
uma unidade de pirólise são a KBR (Kellogg Brown & Root), Linde AG, ABB - Lummus,
Stone & Webster (SSW) e a Technip. As licenciadoras, conforme indicado na Tabela 6.29,
vêm, ao longo do tempo, incorporando desenvolvimentos tecnológicos com o objetivo de
reduzir custos de produção.
212
Tabela 6. 29 - Inovações tecnológicas e potenciais técnicos de melhorias nas plantas de eteno, conforme as licenciadoras de tecnologia selecionadas
Empresas
Licenciadoras Inovações tecnológicas Benefícios
Technip / SSW
SMK e USC M-Coil: carga a gás GK6 e USC U-Coil: carga líquida TLE tipo duplo tubo SFT (Swirl Flow Tube): tubos helicoidais para melhorar as trocas térmicas.
Melhora o desempenho das plantas, em termos de seletividade, capacidade e duração da campanha.
ABB - Lummus OCT: tecnologia de conversão de olefinas Integração de turbinas a gás com os fornos de pirólise
Reduz em 25% o consumo de energia e na emissão de gases de efeito estufa
KBR ACO (Advanced Catalytic Olefins)
Produz propileno e etileno em uma razão de 1/1; Rendimento de 10-25% maior do que o do craqueamento a vapor.
UOP/Hydro, Lurgi e ExxonMobil
Methanol to Olefins (MTO): é uma tecnologia que utiliza a conversão do gás natural em olefinas, também conhecida como Gas to Olefins (GTO).
Technip, Lummus, Ondeo Nalco, Chevron / Philips, GE Betz
Tecnologias anti coque nos tubos dos fornos de pirólise
Aumenta a campanha dos fornos de pirólise (intervalo para descoqueamento) e reduz a temperatura da parede dos tubos e o consumo de combustíveis
Sandvik Tubos aletados de aço austenítico com elevados valores de Cr e Ni
Resistência às temperaturas do forno e apresenta maior área interna para troca térmica
Raschig-Jaeger Technologies CoFlo: Processo de destilação
Economia de energia de 10% e redução no custo da destilação de 33%
Fonte: Elaboração própria com base em Mathias et al.(2014)
Os biocombustíveis e bioprodutos podem ser uma alternativa para a redução de
emissões de gases de efeito estufa e uma garantia de segurança energética durante fortes
elevações do preço do petróleo e/ou risco no seu fornecimento devido a problemas
geopolíticos. A substituição do petróleo por matérias primas de origem renovável, como a
biomassa e seus derivados, já começou a ser praticada. A transição para uma economia
menos dependente do petróleo e mais “verde”, está promovendo o desenvolvimento de
olefinas leves, principalmente eteno e propeno, a partir da biomassa. Há, também,
213
pesquisas em andamento, pela Gevo Inc. e pela LyondellBasell, para o desenvolvimento de
novas rotas tecnológicas para a produção de olefinas C4 a partir de fontes renováveis. Com
o isobuteno é possível produzir éter etil-terbutílico (ETBE), metil metacrilato, poli-
isobuteno, iso-octeno, biodiesel e outros produtos químicos (LEITE, 2013).
A LyondellBasell desenvolveu a tecnologia Lupotech T e é líder de mercado nas
tecnologias de resinas termoplásticas PEBD (Polietileno de baixa densidade), obtido
através da polimerização do eteno, e EVA (Acetato de Vinila), obtido através do
copolímero de etileno e acetato de vinila. As principais características da tecnologia
Lupotech incluem custos menores no investimento e produção de plantas com capacidade
para produzir até 450 kt/ano, partidas e mudanças de grau mais rápidas, incluindo maior
confiabilidade.
As questões relacionadas com a segurança e o meio ambiente na operação devem
ser consideradas no início dos projetos para evitar problemas ambientas e a necessidade da
implantação de soluções mais complexas e onerosas, como as decorrentes da poluição
causadas pelos resíduos gerados nos processos químicos, conforme indicado na Tabela
6.30..
Tabela 6. 30 – Ações transversais que visam minimizar a geração de resíduos em processos químicos
Processos Ações Benefícios
- Reações químicas
- Processos de separação e sistemas de reciclo
• Realização de análises do ciclo de vida (materiais e energia) e análises dos impactos ambientais na fase de projeto;
• Otimização de reações químicas para reduzir ou eliminar a formação de produtos indesejados em operação, ou quando a separação e/ou a reciclagem do material da alimentação que não reagiu for difícil;
• Redução do desperdício de catalizadores, protegendo-os de contaminação e condições extremas que possam reduzir a vida útil dos mesmos;
• Melhorias nos processos de separação, para reduzir as perdas nas reações químicas e na reciclagem de insumos;
• Melhorias nos processos produtivos e equipamentos, para reduzir a necessidade de paradas;
• Redução das perdas por emissões fugitivas e vazamentos para a atmosfera.
Redução das perdas de produtos e subprodutos;
Redução da geração de materiais fora de especificação e de resíduos de difícil reciclagem; e
Redução da necessidade de limpezas frequentes nas atividades de O&M dos equipamentos.
- Processos operacionais
- Utilidades
• Melhorias na eficiência energética e no aproveitamento do calor residual;
• Aumento do aproveitamento do condensado dos sistemas de vapor, e redução da geração de efluentes associados com os sistemas de resfriamento de água.
Redução da geração de resíduos e emissões dos processos de combustão em fornos, caldeiras, sistemas de cogeração, etc.
Fonte: Elaboração própria com base em Smith (2005)
214
6.9 Cimento
Os fabricantes de cimento atuam em mercados regionais. Medidas que buscam obter
ganhos na eficiência energética são importantes para a produtividade e a lucratividade
desta indústria no Brasil.
Segundo o Sindicato Nacional das Indústrias de Cimento – SNIC, em 2016 o país
possuía uma capacidade de produção anual de 100 milhões de toneladas de cimento.
Naquele ano, a UCI desta indústria foi de 57% e em 2017 foi de 54% (SNIC, 2019; EPE,
2018c).
Os processos secos, semi-secos, semiúmidos e úmidos são as quatro principais rotas
tecnológicas utilizadas na produção de cimento.
Os processos a seco são energeticamente mais eficientes. Portanto, no projeto de
novas fábricas ou nas atualizações tecnológicas das plantas o processo a seco tem sido
preferencialmente adotado.
A maior parte do uso de energia e as emissões de CO2 ocorrem na produção de
clinquer, que é o principal componente do cimento, produzido pela sinterização de calcário
e argila. A eletricidade é utilizada no esmagamento e moagem das matérias primas,
enquanto que a utilização de combustíveis é feita na queima desses materiais no forno de
clinquer.
Os diversos tipos de cimento são misturas de clinquer com outros materiais, misturas
estas que conferem diferentes propriedades a estes produtos, visando atender a diferentes
aplicações em obras civis. A eletricidade é o principal energético consumido na mistura e
moagem dos vários tipos de cimentos.
A Figura 6.56 ilustra a evolução, de 2003 a 2018, da produção brasileira de clinquer
e de cimento. Neste período, as taxas médias de crescimento das produções de clinquer e
de cimento foram de 3,1 % ao ano e de 3,2% ao ano, respectivamente.
215
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 56 - Evolução das produções de clinquer e de cimento no Brasil, entre 2003 e 2017
Na última década os níveis da produção de cimento foram crescentes, exceto após o
ano de 2014, período em que a crise na economia brasileira afetou o setor de construção
civil e os investimentos em grandes obras de infraestrutura no país.
6.9.1 Energia
Segundo o balanço energético nacional, publicado pela EPE/MME (2018c), em 2017
o consumo final de energia da indústria de cimento no Brasil foi de 4.744 ktep. A Figura
6.57 ilustra a evolução, de 1970 a 2017, do consumo dos principais energéticos utilizados
nesta indústria. O consumo de coque de petróleo cresceu, em média, 18% ao ano a partir
do final dos anos 1990. No mesmo período, o consumo de óleo combustível diminuiu, em
média, -25,4% ao ano, enquanto o consumo de eletricidade aumentou, em média, 1,7% ao
ano. A Figura 6.58 ilustra a participação dos energéticos consumidos nesta indústria em
2017, com destaque para o coque de petróleo, que atende 71% do consumo total, seguido
pela eletricidade, que é responsável por 13% do total.
35,1
71,0
54,0
23,7
47,0
36,5
67,4% 67,6%
60%
62%
64%
66%
68%
70%
0
20
40
60
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100
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Cim
en
to /
Clin
qu
er
Pro
du
ção
(M
t)
PRODUÇÃO CIMENTO PRODUÇÃO CLINQUER RELAÇÃO CLINQUER/CIMENTO
216
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 57 - Evolução, de 1970 a 2017, do consumo dos principais energéticos utilizados na indústria de cimento no Brasil
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 58 - Distribuição percentual das diversas fontes no consumo final de energia da indústria de cimento no Brasil em 2017
A Figura 6.59 indica a evolução do consumo energético específico total e do
consumo específico de energia elétrica na produção de cimento no Brasil no período de
1970 a 2017. Neste período, as taxas médias anuais de redução foram de 1,1 % a.a. no
consumo energético específico total e de 0,1 % a.a. no consumo específico de eletricidade.
0
500
1.000
1.500
2.000
2.500
3.000
3.500
4.000
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
80
19
82
19
84
19
86
19
88
19
90
19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
Co
nsu
mo
de
en
erg
ia (
10
³ te
p)
CARVÃO MINERAL ÓLEO COMBUSTÍVEL ELETRICIDADE
CARVÃO VEGETAL COQUE DE PETRÓLEO
71%
13%
16%COQUE DE PETRÓLEO
ELETRICIDADE
OUTRAS FONTES
217
Fonte: Elaboração própria com base em EPE/MME (2018c)
Figura 6. 59 - Evolução do consumo energético específico total e do consumo específico de energia elétrica da indústria de cimento brasileira no período de 1970 a 2017
A Figura 6.60 apresenta a distribuição do fornecimento, geração, consumo e perdas
de energia, e as perdas de energia entre os processos da indústria de cimento dos EUA.
Nesta ilustração destacam-se no consumo e nas perdas os processos de aquecimento. O
consumo de energia nos processos fora da produção corresponde a 2%.
Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018d)
Figura 6. 60 - Distribuição percentual do fornecimento, geração, consumo e perdas de energia entre os processos da indústria de cimento dos EUA
5,46
4,25
3,67 3,56
3,023,31
0,42 0,43 0,41 0,42 0,39 0,40
0
1
2
3
4
5
6
19
70
19
72
19
74
19
76
19
78
19
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19
82
19
84
19
86
19
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19
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19
92
19
94
19
96
19
98
20
00
20
02
20
04
20
06
20
08
20
10
20
12
20
14
20
16
GJ
/ t
CE total de energia CE Eletricidade
218
A Tabela 6.31 apresenta os resultados de um levantamento feito pelo Department of
Energy (DOE, 2018d) sobre a distribuição do consumo de energia nas máquinas e
equipamentos utilizados na indústria de cimento nos EUA. Destacam-se no consumo de
energia a participação do processamento de materiais e os ventiladores, que respondem por
75% do consumo total.
Tabela 6. 31 - Estimativa da distribuição do consumo de energia nas máquinas e equipamentos nos processos de produção na indústria de cimento
Máquinas e equipamentos Distribuição do consumo de energia
Bombas 7,1%
Ventiladores 10,7%
Compressores de ar 7,1%
Manipulação de materiais 7,1%
Processamento de materiais 64,3%
Outros equipamentos 3,7%
Total 100,0% Fonte: Elaboração própria com base em DOE (2018d)
O IETD/IIP (2019c) apresenta um consumo energético específico da melhor
tecnologia disponível no mercado (BAT) para produzir cimento como sendo de 2,92 GJ/t
de cimento. Esta tecnologia utiliza o processo via seca com pré-calcinador e pré-
aquecedores multiestágios. Como o consumo energético específico total da indústria de
cimento no Brasil em 2017 foi de 3,31 GJ/t de cimento, aplicando a equação 6.1 obtém-se
um potencial técnico de conservação de energia, para aquele ano, de 11,8%.
6.9.2 Água e emissões
Conforme indicado na Tabela 5.10 e Tabela 5.12, o consumo específico de água no
processo de produção de cimento Portland varia de 0,55 a 2,5 m³/t de cimento, enquanto
que o consumo específico de água é de 0,1m³/t na produção de clinquer.
A Figura 5.22, mostra que, em 1990 e 2016, as participações da indústria de cimento
nas emissões de CO2e do setor industrial brasileiro foram de 19% e 21%, respectivamente.
219
Segundo o SEEG/IEMA (2019) em 2017 o processo industrial de produção de
cimento emitiu 32,3 milhões de toneladas de CO2e 65. Neste mesmo ano, para uma
produção de 54 milhões de toneladas de cimento (EPE/MME, 2018c), a emissão específica
deste segmento industrial foi de 0,6 toneladas de CO2e por tonelada de cimento.
A Figura 6.61 ilustra a evolução das emissões de CO2e do processo industrial e do
consumo de energia na produção de cimento no Brasil.
Fonte: Elaboração própria com base em SEEG/IEMA (2019)
Figura 6. 61 - Emissões de CO2e nos processos industriais e no consumo de energia na produção de cimento no Brasil, de 2000 a 2017
6.9.3 Tecnologias que possibilitam economias de energia e redução de emissões de gases que causam o efeito estufa
A indústria de cimento já vem utilizando há bastante tempo a queima de resíduos nos
fornos de clinquer, de uma forma complementar à queima de combustíveis fósseis, como
uma maneira de reduzir os custos de aquisição destes combustíveis, reduzir as emissões de
GEEs e prover um aproveitamento energético dos resíduos consumidos.
Como a produção do clinquer é o processo energo-intensivo desta indústria, a
redução da participação do clinquer nas misturas que compõem os cimentos
comercializados economiza energia. Há, no entanto, limites técnicos para esta redução,
ditados pelos requisitos desejados dos vários tipos de cimentos em suas aplicações típicas.
65
Metodologia do IPCC: referência emissões GWP-AR5
0
5
10
15
20
25
30
20
00
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
06
20
07
20
08
20
09
20
10
20
11
20
12
20
13
20
14
20
15
20
16
20
17
Emis
sõe
s C
O2
e (
Mt)
GW
P-A
R5
Processos Industriais Energia
220
A instalação de mais estágios de pré-aquecimento no forno de clinquer, utilizando
um processo de via seca, pode economizar de 2,9 a 4,6 GJ/t de clinquer, dependendo do
número de estágios adicionais adotados (IETD/IIP, 2019c).
Segundo o IETD/IIP (2019c), a substituição de um motor de corrente contínua por
um motor de corrente alternada pode reduzir de 0,5 a 1% o consumo de energia elétrica no
acionamento do forno rotativo do clinquer. Motores de alta eficiência também podem
reduzir o custo da energia elétrica de 2 a 8%; estima-se uma economia de eletricidade de 2
a 14 GJ/t de clinquer.
A utilização da tecnologia Gyro-Therm no sistema de combustão do forno de
clinquer reduz as emissões de NOx entre 30 e 70% e contribui para aumentar a
produtividade em mais de 5%. Estima-se uma redução no consumo específico de
combustível de até 8% (IETD/HP, 2019c).
Melhorias no controle do excesso de ar e na alimentação do combustível nos
queimadores do forno de clinquer pode propiciar economias de energia de 2,5 a 5%
(IETD/IIP, 2019c).
Segundo a Pesquisa Industrial Anual (PIA – Empresa) realizada pelo IBGE (2018e)
em 2016, os custos com energia elétrica e o consumo de combustíveis na produção de
cimento foram de US$ 923 milhões. Em 2016 esse valor correspondeu a 38,9% dos custos
operacionais.
A Figura 6.62 apresenta um fluxograma simplificado do processo de produção de
cimento, com estimativas das participações dos consumos de energia e das emissões de
CO2 em cada etapa do processo produtivo.
221
Fonte: Elaboração própria com base em Visedo e Pecchio (2019) e EPE/MME (2016)
Figura 6. 62 - Fluxograma simplificado do processo de produção de cimento Portland, via seca, com as participações dos consumos de energia e das emissões, por etapa do processo
6.10 Conclusões parciais
A partir do exposto neste capítulo, destacam-se as seguintes conclusões parciais:
i. É importante que os representantes do governo e os órgãos que representam o
setor industrial consolidem uma política industrial que favoreça os ganhos de
competitividade na produção, assegurando um crescimento equilibrado.
Porém, não menos importante, é que as políticas públicas e empresariais
incentivem uma atitude ambientalmente sustentável na condução dos
negócios;
ii. As fontes de energia tem uma participação importante em toda instalação
industrial. Em suas diversas formas, interage nos fluxos dos processos
operacionais, resultando em um dos principais insumos que viabilizam a
produção de bens e serviços. No entanto, as estreitas relações do uso eficiente
da energia e água, somado à redução das emissões de GEEs e dos resíduos
222
gerados pela indústria, representam um desafio que as indústrias brasileiras
enfrentam na atualidade;
iii. A execução de uma atividade industrial com a utilização eficiente dos
recursos (materiais, energia e água), obtidas através da redução das perdas e a
eliminação dos desperdícios durante os processos de produção, associados à
minimização das emissões, além de contribuir de forma integrada para a
redução dos custos de produção, deve garantir um desempenho igual ou
superior ao requerido pelo processo sem comprometer a qualidade do
produto, e contribui para aumentar a competitividade do negócio;
iv. O consumo específico de energia varia nos segmentos industriais, entre
outros aspectos, como resultado da tecnologia dos processos adotados para a
produção, capacidade e idade das plantas, estado de conservação dos
equipamentos e instalações, forma de gestão da O&M, conjuntura da
economia, o nível da concorrência nos mercados consumidores que afetam as
vendas e a taxa de utilização da capacidade instalada;
v. Os segmentos industriais analisados neste trabalho possuem potenciais
técnicos de conservação de energia bastante significativos. No entanto, o que
se tem observado no Brasil é que os investimentos na melhoria da gestão da
energia, eficiência energética e o uso de fontes alternativas de energia
normalmente ocorrem quando há uma crise devido à não disponibilidade de
um recurso energético, ou quando aumentam os preços das principais fontes
de energia - petróleo, gás natural e eletricidade; e
vi. A legislação e as políticas públicas devem estabelecer requisitos técnicos e
incentivar uma produção industrial mais limpa, visando, por exemplo,
reduções nas emissões de gases que provocam mudanças climáticas.
223
7 RESULTADOS FINAIS
O crescimento econômico de um país envolve a utilização de tecnologias e modelos
de gestão da O&M que possibilitem aumentar a produtividade dos processos de produção
na indústria de transformação. Uma produção industrial direcionada para atender o
mercado interno brasileiro pode não alcançar os níveis de produtividade e competitividade
que permitam, principalmente em tempos de crise na economia nacional, exportar o
excedente da produção industrial, maximizar a utilização da capacidade instalada e a
rentabilidade do negócio.
Para entender a importância da gestão da energia, água, emissões e geração de
resíduos na indústria é preciso analisar as dimensões técnica, econômica e socioambiental
das atuais práticas. Estimular a implantação de tecnologias na produção industrial que
sejam menos intensivas em carbono (mais limpas), com menor consumo de materiais,
energia e água é um desafio global.
As análises e resultados apresentados neste trabalho permitem avaliar os benefícios
da gestão da energia com foco na eficiência energética no curto e médio prazo, mas
também as consequências da falta dela para a competitividade das indústrias e para o meio
ambiente no longo prazo. Portanto, a gestão da energia é uma estratégia empresarial
sustentável que as indústrias podem utilizar para aumentar a produtividade, crescer e se
desenvolver.
As políticas e os programas integrados voltados para a gestão da energia, água e
emissões de GEEs foram sendo desenvolvidas no Brasil nas últimas décadas, mas o
processo de implantação das melhorias necessárias é lento e, muitas vezes, acelerado em
períodos de crise, motivo pelo qual as crises se tornam cíclicas, pois as ações que poderiam
prevenir ou atenuar os impactos não são priorizadas em tempos favoráveis.
Em 2017 a economia brasileira ficou entre as dez maiores do planeta, ocupando a
oitava posição no ranking global. No entanto, neste mesmo ano, a participação do valor
adicionado da indústria no PIB brasileiro foi de apenas 17%.
As participações dos custos associados com a compra de energia elétrica e
combustíveis e com água / esgoto na despesa total da indústria de transformação brasileira
em 2017 corresponderam a 2,3% no caso da energia e 0,2% no caso da água/esgoto.
224
No ano de 2017 o setor industrial brasileiro foi responsável por 35,3% do consumo
final de energia e por 36% do consumo de energia elétrica nacional. Neste mesmo ano, os
segmentos industriais analisados nesse trabalho responderam por 47,6% do consumo final
de energia no setor industrial.
O setor industrial foi responsável por 9,1% da vazão de retirada de água, 8,8% do
consumo e 9,5% do retorno de água para os corpos hídricos no país em 2017. Naquele ano,
os processos de produção industriais responderam por 7% das emissões de CO2e
brasileiras.
A Tabela 7.1 apresenta uma síntese dos valores dos indicadores utilizados neste
trabalho para analisar o desempenho dos segmentos industriais de ferro gusa e aço, papel e
celulose, químico e cimento no Brasil, enquanto a Tabela 7.2 apresenta uma visão
transversal das principais abordagens e ações que os segmentos industriais podem
implantar para reduzir o consumo de energia e água e as emissões e resíduos.
Com base no exposto nesta tese, pode-se afirmar que, sem uma visão macro e
integrada da importância das gestões da energia, água e emissões no país, em particular no
setor industrial, não haverá políticas públicas e empresariais (governança corporativa) que
incentivem ações para promover a melhoria da eficiência energética e hídrica nas
indústrias, como também a redução de sua geração de resíduos e das suas emissões de
GEEs. Estas políticas são essenciais para minimizar impactos ambientais, aumentar a
segurança energética e hídrica, elevar a produtividade nos processos produtivos e estimular
a exportação, além das commodities, de produtos industrializados com maior valor
agregado.
Para alcançar estes objetivos, o planejamento energético das empresas deve ser
integrado com seus sistemas de gestão ambiental (materiais, água e emissões).
225
Tabela 7. 1 - Síntese dos valores dos indicadores utilizados para avaliar o desempenho dos segmentos industriais brasileiros analisados neste trabalho
Indicadores Ferro gusa
e aço Papel e celulose
Químico Cimento Referências
Participação, em %, no VA da indústria de
transformação em 2016 2,5 4,4 9,5 0,5 Tabela 3.5
Utilização, em %, da capacidade instalada
(UCI) em 2017 68 87,9 76,5 54
Figura 6.1 Figura 6.17 Figura 6.41 Seção 6.9
Participação, em %, da energia (eletricidade e combustíveis) no custo operacional em 2016
22,2
10,1 (celulose)
16,3 (papel)
4,8 (sem
considerar as
matérias primas)
38,9
Figura 6.22 Seção 6.7.1 Seção 6.8.1 Seção 6.9.3
Participação, em %, no consumo final de energia do setor
industrial em 2017
19 15 8 5 Figura 6.6
Participação, em %, da geração própria no
consumo de eletricidade em 2017
51,1 - 57 60,1 10,5 - Figura 6.8 Figura 6.23 Figura 6.47
Consumo específico de energia / Consumo
específico de eletricidade, em GJ/t
19,4 / 2,0 22,2 / 3,4 6,0 / 1,3 3,2 / 0,4
Figura 6.21 Figura 6.37 Seção 6.8.1 Seção 6.9.1
Potencial técnico de conservação de energia
(%) 19,6 43,5
20,1 a 46 (Eteno) 11,8
Seção 6.6.1 Seção 6.7.1 Tabela 6.27 Seção 6.9.1
Consumo específico de água (m³/t)
4 a 13 (integrada a
coque)
30 (captação)
6,5 (captação)
0,55 a 2,5
Tabela 5.10 Tabela 5.12 Seção 6.6.2 (Tabela A.2) Tabela 6.19 Seção 6.8.2 Seção 6.9.2
Participação, em %, nas emissões de GEEs pela indústria em 2016
27 3 10 21 Figura 5.22
Emissão específica de CO2e (t CO2/t)
1,8 0,51 (produção)1
0,32 (escopo 1
GHG Protocol)
0,6
Seção 6.6.3 Figura 6.29 1 Sem considerar o reflorestamento Seção 6.8.3 Seção 6.9.2
Fonte: Elaboração própria
226
Tabela 7. 2 - Estimativas qualitativas dos benefícios transversais que podem ser obtidos no setor industrial com a implantação de ações visando reduzir o consumo de energia, água e emissões
Abordagem Ações que podem ser adotadas visando melhorias
Benefícios Observações
Energia Água Emissões / resíduos
Eficiência energética
- Redução do consumo específico de energia com a implantação das BAT nos sistemas de vapor, fornos, motores elétricos, bombas, compressores de ar e unidades de cogeração; - Integração energética; e - Avaliação do custo da energia no ciclo de vida dos equipamentos.
+++ + +
Requer conhecimento técnico especializado para implantação.
Eficiência hídrica
- Realização de balanços hídricos; Otimização da rede de água (integração hídrica); - Redução das perdas de água; - Reuso da água e de efluentes; e - Tratamento da água e efluentes.
++ +++ +
Requer conhecimento técnico especializado para implantação.
Eficiência na utilização de materiais e prática de reciclagem
- Desenvolvimento de projetos que reduzam a intensidade da extração (primária) e aplicação de materiais; - Reutilização e reciclagem de rejeitos na própria indústria que as produz, ou em outras atividades produtivas da economia.
++ ++ +++
- Requer pessoal especializado para desenvolver os processos; - É necessário promover a integração dos processos de gestão da empresa.
Melhorias no sistema de combustão
- Automação do sistema de monitoramento e controle dos queimadores e do processo de queima / gases emitidos; - Recuperação de calor residual; e - Integração energética.
+++ + +
Filtragem dos gases emitidos e separação do material particulado.
RCM
- Implantação da manutenção centrada em confiabilidade (RCM); - Otimização das atividades e recursos da manutenção; - Melhorias na disponibilidade dos equipamentos; e - Aumento da utilização da capacidade instalada (UCI).
++ + +
Requer: - Política de RCM para os equipamentos críticos; - Pessoal especializado; - Formação de histórico técnico de manutenção; - Aquisição de software para as análises de RCM.
Fonte: Elaboração própria com base em Wesseling et al.(2017)
Legenda: +: impacto reduzido; ++: impacto médio; e +++: impacto elevado
227
8 CONCLUSÕES
A energia é essencial para todas as atividades industriais e garantir a sua utilização a
um custo que viabilize a obtenção de ganhos na produtividade é uma estratégia que
contribuirá para aumentar a competitividade da indústria nacional. O setor industrial não
tem condições de controlar os preços das fontes de energia e as políticas energéticas, mas
pode aperfeiçoar os processos internos nas instalações industriais para uma produção mais
eficiente, limpa, segura e sustentável.
Os choques decorrentes da elevação no preço do petróleo na década de 1970
impulsionaram investimentos dos países em eficiência energética e na utilização de fontes
renováveis de energia nas décadas seguintes. Mais recentemente, os programas associados
a uma produção industrial mais limpa, visando minimizar emissões e mitigar os impactos
globais decorrentes das mudanças climáticas, voltaram a valorizar programas de eficiência
energética e o desenvolvimento sustentável. Neste sentido, além dos ganhos econômicos e
na competitividade, as políticas e programas de eficiência energética propiciam benefícios
socioambientais.
A crise econômica provocada pela crise financeira global nos anos 2007-2008 teve
um impacto no Produto Interno Bruto (PIB), no consumo de energia e nas emissões de
dióxido de carbono (CO2) de diversos países, inclusive o Brasil. A crise na economia
nacional após o ano de 2013 estendeu as dificuldades que o setor industrial brasileiro tem
enfrentado na última década. Como reflexo, há perda da competitividade dos produtos
industrializados brasileiros, queda na utilização da capacidade instalada e redução dos
investimentos nas indústrias.
Para melhorar a competitividade do país, é necessário aperfeiçoar as políticas que
incentivem a inserção de produtos industrializados brasileiros no mercado internacional,
via investimentos em boas práticas de gestão da O&M e a implantação de inovações
tecnológicas nos equipamentos e processos produtivos, com o objetivo de reduzir os custos
de produção e minimizar os impactos ambientais. Assim, melhorar a produtividade nas
indústrias será um dos principais indutores de crescimento econômico no longo prazo,
somado aos ganhos já proporcionados pelo agronegócio e pela exploração de minérios.
Na medida em que oportunidades de melhoria na gestão da energia e água nos
processos industriais são implantadas, os resultados esperados poderão ir além do
228
crescimento e desenvolvimento econômico, pois também contribuem para a preservação
ambiental ao reduzir as perdas de materiais, água e energia, e mitigar as emissões de GEEs
que contribuem para as mudanças climáticas.
Para melhorar a gestão da energia nas instalações industriais, principalmente nos
segmentos energo-intensivos, além do controle dos custos, é necessária a implantação de
ações estruturadas para melhorar o desempenho energético, como as propostas pela norma
ISO 50.001, que requer o comprometimento e a participação da alta direção das
organizações. Estas ações devem aperfeiçoar a forma como a energia é utilizada, implantar
as melhores práticas para aumentar a eficiência energética, como também reduzir as
emissões de GEE nas unidades produtivas.
Melhorar a gestão dos recursos hídricos e a infraestrutura de água e esgoto no país,
principalmente nos centros urbanos, poderá minimizar os impactos causados por eventos
de escassez hídrica que ocorreram nos últimos anos em várias regiões. Tais melhorias
exigem uma reavaliação constante da forma como a água é usada nas indústrias.
Os investimentos necessários para reduzir perdas, o aumento no reuso da água /
efluentes, a redução na contaminação das fontes hídricas e melhorias na qualidade do
tratamento dos efluentes lançados serão desafios que irão requerer a implantação de novas
tecnologias.
A realidade atual da economia nacional e as incertezas para os próximos anos, caso o
crescimento da economia do país fique aquém do esperado, poderão criar condições
propícias para fazer com que o governo e empresários aperfeiçoem as políticas e
incentivem ações para eliminar os desperdícios e diminuir as perdas de energia e água nos
processos industriais, como as que podem ser obtidas através dos programas de eficiência
energética. Além disso, espera-se que avancem nos próximos anos os esforços e incentivos
para o Brasil cumprir os compromissos internacionais indicados nas propostas contidas nas
INDC, como a implantação de ações sustentáveis no setor industrial visando minimizar as
emissões de GEE e os impactos ambientais causados pela poluição, como também reparar
as áreas danificadas e preservar os recursos naturais.
Os ganhos ao longo do tempo com os programas de eficiência energética na indústria
normalmente são graduais. Por outro lado, os investimentos em novas tecnologias de
processo na indústria frequentemente demandam recursos substanciais e, normalmente, são
direcionados para aumentar a capacidade produtiva. Apesar desta falta de priorização,
observada atualmente em boa parte do setor industrial no Brasil, as reduções de custo e as
229
melhorias obtidas via a formação de uma cultura de eficiência e a implantação de um
sistema de gestão da energia integrado aos outros processos de gestão (água, qualidade,
meio ambiente, emissões de GEE, resíduos, ativos e segurança), devem criar condições
propícias para identificar oportunidades, consolidar a implantação de “pequenas” boas
práticas a um custo adequado e prazo de retorno menor, incentivar e contribuir para
melhorias nos indicadores de desempenho energético e hídrico, e reduzir as emissões que
provocam mudanças climáticas.
Uma das contribuições originais desta tese, na realidade atual da indústria brasileira,
é a de propor um grande número de medidas que podem propiciar ganhos na eficiência
energética e hídrica, com indicações das economias de energia e água, e reduções nas
emissões de GEE que podem ser obtidas nos segmentos energo-intensivos analisados.
Destacam-se, nestas propostas, inovações tecnológicas e o aproveitamento de resíduos para
uma produção industrial mais limpa e competitiva.
Sistemas integrados de gestão da energia, água e emissões constituem um importante
tema tratado na tese. Uma última contribuição original deste trabalho é a realização de uma
análise crítica da gestão de O&M, visando melhorias na confiabilidade dos ativos
industriais e, consequentemente, ganhos de eficiência.
O país possui as principais matérias primas que são requeridas nos processos de
produção industrial, há diversidade de fontes de energia e água, existem instituições para a
formação de mão de obra qualificada e se dispõe, atualmente, capacidade instalada para se
aumentar a produção industrial sem a necessidade de grandes investimentos. Conforme
discutido na tese, há condições de se tornar os segmentos analisados neste trabalho mais
competitivos no mercado internacional, pois, além deles atenderem um grande mercado
interno, é possível se negociar acordos comerciais para aumentar a exportação e trazer
receitas extras para o país.
O desafio será viabilizar investimentos em infraestrutura, tecnologias e modelos de
gestão empresarial que possibilitem aumentos da produtividade com crescimento
sustentável, financeira e ambientalmente, dos negócios tanto das indústrias de base
analisadas nesta tese, como do restante da indústria, que utiliza os produtos destas
indústrias. Desta forma, os produtos manufaturados da indústria nacional poderão melhorar
sua competitividade e contribuir para o crescimento do país.
230
8.1 Sugestões para trabalhos futuros
Os seguintes temas poderiam ser pesquisados em trabalhos futuros, como desdobramentos
das questões tratadas nesta tese:
i. Avaliação do impacto decorrente de uma possível futura obrigatoriedade da
execução de diagnósticos energéticos periódicos em determinados ramos da
indústria, em termos de: financiamento da implantação de melhorias; prazos de
payback dos investimentos; benefícios financeiros e energéticos auferidos, entre os
diagnósticos, com a implantação das recomendações de melhorias; redução das
emissões de GEE; e aproveitamento energético dos resíduos;
ii. Avaliação das oportunidades para se otimizar o consumo de energia em empresas
de médio porte que fazem uso intensivo de energia, e os benefícios econômicos,
energéticos e ambientais decorrentes da implantação de sistemas de gestão da
energia nessas organizações;
iii. Análise, junto a organizações no Brasil que obtiveram a certificação do SGE pela
norma ISO 50.001, dos objetivos e dos ganhos obtidos com a certificação, tais
como: melhorias nos processos de produção; atendimento às metas estratégicas da
organização; vantagens competitivas decorrentes da redução dos custos na
produção; prazos para implantar os requisitos indicados na norma e obter a
certificação; reduções nos consumos energéticos específicos e nas emissões
específicas de GEE.
iv. Análise do desempenho energético e ambiental das empresas que implantaram
processos de gestão da qualidade, ambiental e de energia certificados pelas normas
ISO 9.001, ISO 14.001 e ISO 50.001 no Brasil;
v. Avaliação dos processos e das oportunidades da reciclagem de resíduos sólidos
formados por materiais plásticos no Brasil, uso energético dos plásticos e os
impactos decorrentes da incineração desses materiais.
231
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256
ANEXO A – Consumo específico de água no segmento siderúrgico brasileiro
Os valores indicados a seguir correspondem aos publicados pelo IAB nos relatórios
de sustentabilidade sobre o segmento siderúrgico.
Tabela A. 1 - Balanço de água em uma usina siderúrgica integrada a coque
Uso da água Captação Recirculação
Resfriamento indireto 71,1% 36,6%
Resfriamento direto 27,9% 30,7%
Operações na produção 0,8% 25,2%
Consumo humano 0,2% 7,4% Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2013)
Tabela A. 2 - Volume específico de água consumida por rota de produção do segmento siderúrgico em 2012
Consumo específico de água por rota (m³/t aço bruto) Min. Máx.
Integrada a coque 4 13
Integrada a carvão vegetal 2 21
Semi-integrada 1 3 Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2013)
Tabela A. 3 - Volume específico de água captada pelo segmento siderúrgico de 2009 a 2011
Volume específico de água captada (m³/t aço bruto)
2009 2010 2011
Água doce 6,7 5,7 5,9 Recirculação 96,7% 96,7% 96,3%
Água salobra / salgada 64,3 55,2 91,7 Recirculação 1% 33,8% 19,9%
Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2012)
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Tabela A. 4 - Volume específico de água doce captada por rota de produção do segmento siderúrgico de 2009 a 2011
Volume específico de água doce captada por rota (m³/t aço bruto)
2009 2010 2011
Integrada a coque 8,1 6,9 7,0 Integrada a carvão vegetal 9,6 7,4 8,4
Semi-integrada 3,1 2,5 2,5 Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2012)
Tabela A. 5 - Volume específico de efluente água doce descartado pelo segmento siderúrgico de 2010 a 2013
Efluente de água doce (m³/t aço bruto) 2010 2011 2012 2013
Descarte específico efluente 2,6 2,5 2,5 2,9 Fonte: Elaboração própria com base em IAB (2014, 2013, 2012)
Tabela A. 6 - Volume específico de efluente água doce descartado pelo segmento siderúrgico de 2010 a 2013
Consumo de água (m³/t de produto) 2009
Aciaria e Lingotamento 14,7
Laminação a frio* 3,8 a 15 Fonte: Elaboração própria com base em D’Abreu (2009) Nota: a amplitude decorre das diferenças de integração da produção, tecnologias de produção e mix de produtos das usinas pesquisadas.