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Indaial – 2021 GESTÃO EM MANUTENÇÃO MECÂNICA Profª. Mikelly Chaves Cruz 1 a Edição

Gestão em manutenção mecânica

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Page 1: Gestão em manutenção mecânica

Indaial – 2021

Gestão em manutenção mecânica

Profª. Mikelly Chaves Cruz

1a Edição

Page 2: Gestão em manutenção mecânica

Copyright © UNIASSELVI 2021

Elaboração:

Profª. Mikelly Chaves Cruz

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri

UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

C957g

Cruz, Mikelly Chaves Gestão em manutenção mecânica. / Mikelly Chaves Cruz. – Indaial: UNIASSELVI, 2021. 178 p.; il.

ISBN 978-65-5663-511-8 ISBN Digital 978-65-5663-512-5 1. Manutenção mecânica. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci. CDD 620

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apresentação

A elaboração deste livro busca levar em consideração as distintas técnicas de manutenção, não esquecendo do gerenciamento de negócios disponíveis, com inúmeras alternativas, facilidades e complexidades. Tratando-se do gerenciamento e da manutenção, dividem-se em apenas dois caminhos: os que veem a manutenção como parte de um negócio lucrativo e os que vêem como um gasto desnecessário.

Os objetivos deste livro didático não são só a preparação e a qualificação dos futuros profissionais de Engenharia Mecânica, mas, também, proporcionar dinamismo e criatividade, de forma a instigar o constante avanço profissional e da indústria. Dessa forma, o profissional de Engenharia Mecânica deverá ser capaz de:

• desenvolver características preponderantes, senso crítico, autonomia intelectual e sociabilidade;

• desenvolver espírito empreendedor; • contribuir com a iniciativa do gerenciamento do próprio percurso no

mercado de trabalho de modo flexível, interdisciplinar e contextualizado; • ter sólidas bases de conhecimentos tecnológicos e científicos; • ter boas comunicações oral e escrita;• desempenhar atividades, buscando qualidade, controle de custo e

segurança;• ter posturas profissional e ética.

Neste livro, o aluno perceberá que a gestão da Manutenção Mecânica é ditada pela competitividade, estabelecida pelo mercado mundial. Assim como o avanço tecnológico dos equipamentos, a manutenção é apontada como uma estratégia para alcançar os objetivos da organização. Para tanto, soluções eficientes e eficazes nos equipamentos devem ser utilizadas para garantir o aumento da confiabilidade e da disponibilidade.

Observa-se que os processos produtivos das empresas estão fortemente dependentes das máquinas e dos equipamentos, para conceber e assegurar vantagem competitiva sobre os concorrentes. Assim nota-se que, gradativamente, os equipamentos dependem de uma manutenção cada vez mais eficiente e apropriada e, por causa do desenvolvimento tecnológico, tornam-se mais complexos e com um padrão de qualidade ainda mais elevado, ressaltando que a manutenção deve ser o suporte para qualquer atividade industrial.

Para que o aluno fique mais familiarizado com o conteúdo deste livro, será descrito um breve resumo das Unidades 1, 2 e 3.

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Na Unidade 1, será abordado o histórico da manutenção, levando em consideração a importância para os dias atuais, mostrando como a visão moderna influencia nos negócios dentro das pequenas e das grandes empresas, permitindo uma visualização mais objetiva das atribuições das áreas, do controle de custos e da operação.

Em seguida, na Unidade 2, estudaremos os meios de criar

competitividade dentro de uma indústria, por meio da aplicação da gestão da manutenção, evitando determinados prejuízos e garantindo segurança aos equipamentos.

Na Unidade 3, aprenderemos a respeito do que influencia,

diretamente, na qualidade da manutenção, levando em consideração a importância estratégica da manutenção como ferramenta de competitividade, sendo possível antecipar, além de evitar falhas, que, certamente, causariam interrupção do equipamento, ocasionando prejuízo para a empresa. Nesta unidade, mostraremos, também, que, através da gestão da manutenção, é possível um planejamento com mais confiabilidade, pois a disponibilidade dos equipamentos tem uma importância crucial nos resultados das empresas.

Por fim, esperamos que este material auxilie de maneira esclarecedora,

e mais completa possível, na formação de novos profissionais da Engenharia Mecânica, aprimorando o conhecimento a respeito de Gestão em Manutenção Mecânica através das aulas teóricas e práticas, realizando atividades de aprendizado por meio da resolução de questões.

Bons estudos!

Profª. Mikelly Chaves Cruz

Page 5: Gestão em manutenção mecânica

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-dades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida-de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun-to em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos!

NOTA

Page 6: Gestão em manutenção mecânica
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Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen-tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

LEMBRETE

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sumário

UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO ................................................................................................. 1

TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO ........................................................ 31 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 32 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO .................................................................................................. 4

2.1 TIPOS OU MÉTODOS DE MANUTENÇÃO ............................................................................. 62.1.1 Manutenção corretiva............................................................................................................ 62.1.2 Manutenção preventiva ....................................................................................................... 72.1.3 Manutenção preditiva ........................................................................................................... 72.1.4 Manutenção detectiva .......................................................................................................... 82.1.5 Engenharia de manutenção ................................................................................................. 9

RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 11AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 12

TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA ............................................ 151 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 152 GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO ................................................................................................... 16

2.1 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO ........................................................ 182.2 A MANUTENÇÃO E AS POLÍTICAS ....................................................................................... 202.3 ATIVOS CRÍTICOS ....................................................................................................................... 212.4 REQUERIMENTOS LEGAIS ....................................................................................................... 222.5 PLANEJAMENTO DE TRABALHO .......................................................................................... 222.6 FREQUÊNCIA ............................................................................................................................... 232.7 INVESTIMENTO .......................................................................................................................... 232.8 ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS VOLTADAS PARA A MANUTENÇÃO ............................. 23

RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 27AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 28

TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE ......................................... 311 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 312 MÉTODO GERENCIAL DE CONTROLE DE PROCESSOS (PDCA) ..................................... 323 PRÁTICAS DA MANUTENÇÃO MODERNA .......................................................................... 34

3.1 PROGRAMA 5S ............................................................................................................................ 343.2 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM) ...................................................................... 383.3 POLIVALÊNCIA OU MULTIESPECIALIZAÇÃO .................................................................. 41

4 AUDITORIA NA MANUTENÇÃO .............................................................................................. 425 SISTEMAS DE CONTROLE DE MANUTENÇÃO ................................................................... 446 CUSTOS DE MANUTENÇÃO ........................................................................................................ 467 INDICADORES DE MANUTENÇÃO ......................................................................................... 48

7.1 TEMPO MÉDIO ENTRE FALHAS - MTBF ............................................................................. 497.2 TEMPO MÉDIO PARA REPAROS - MTTR ............................................................................. 497.3 DISPONIBILIDADE – DISP ........................................................................................................ 50

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LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 51RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 58

UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL ................................. 61

TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO ....................................................................................................... 631 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 632 TERCEIRIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO ...................................................... 64

2.1 TIPOS DE TERCEIRIZAÇÃO .................................................................................................... 662.2 TERCEIRIZAÇÃO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA INDÚSTRIA ................ 672.3 O SERVIÇO DE MANUTENÇÃO COMO FORMA DE NEGÓCIO ..................................... 68

2.3.1 Gestão e controle da manutenção em prestadoras de serviços ..................................... 692.3.2 A informatização das rotinas de manutenção em prestadores de serviços ................ 692.3.3 Terceirização e parceiro fornecedor ................................................................................. 692.3.4 Vantagens da implementação de um software de gestão .............................................. 70

2.4 CUSTOS DA TERCEIRIZAÇÃO ................................................................................................ 712.4.1 Outros pontos garantem a redução de custos ................................................................. 72

RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 73AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 74

TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS .................................................... 771 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 772 QUALIDADE NA MANUTENÇÃO .............................................................................................. 77

2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA QUALIDADE QUE SE APLICAM À TQM E À MANUTENÇÃO .................................................................................................................. 782.2 QUEBRA DE PARADIGMA NA MANUTENÇÃO ............................................................... 79

3 ANÁLISE DE FALHAS NA MANUTENÇÃO ............................................................................. 813.1 FINALIDADE DA REALIZAÇÃO DE ANÁLISE DE FALHA .............................................. 833.2 ANÁLISE DA CAUSA-RAIZ DA FALHA (RCFA) ................................................................. 83

3.2.1 Sistemática de funcionamento da Análise De Falha (RCFA) ........................................ 84RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 92AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93

TÓPICO 3 — SEGURANÇA DE SERVIÇOS E DE TRANSPORTES ........................................ 951 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 952 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS .................. 95

2.1 MANUTENÇÃO EM CORREIAS E POLIAS .......................................................................... 962.1.1 Manutenção e uso correto de correias e polias ............................................................... 96

2.2 MANUTENÇÃO EM ROLAMENTOS ................................................................................... 1022.3 MANUTENÇÃO EM ENGRENAGENS ................................................................................ 1032.4 MANUTENÇÃO EM CABOS DE AÇO ................................................................................. 1042.5 MANUTENÇÃO EM CORRENTES ....................................................................................... 1092.6 MANUTENÇÃO EM BOMBAS ............................................................................................... 111

LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 113RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 117AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 120

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES............................................... 123

TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO .................................................................... 1251 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1252 PROPÓSITO DA LUBRIFICAÇÃO ............................................................................................. 125

2.1 PLANO DE LUBRIFICAÇÃO .................................................................................................. 1262.1.1 Elaboração da árvore estrutural de ativos em oito níveis ............................................ 1282.1.2 Mapear os pontos de lubrificação.................................................................................... 1302.1.3 Selecionar os lubrificantes ................................................................................................ 1312.1.4 Como calcular a quantidade de lubrificante que deve ser aplicada........................... 1332.1.5 Como calcular a frequência de lubrificação e troca de lubrificante ........................... 133

RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 136AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO ............................................................................. 1391 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1392 ANÁLISE VIBRATÓRIA E MANUTENÇÃO PREDITIVA ................................................... 139

2.1 PARÂMETROS DE MEDIÇÃO NA MANUTENÇÃO PREDITIVA ................................... 1402.2 ANÁLISE DE VIBRAÇÃO ......................................................................................................... 141

2.2.1 Frequência da vibração .................................................................................................... 1432.2.2 Determinação da variável a ser medida ........................................................................ 1432.2.3 Transdutores de vibração ................................................................................................. 144

2.3 DIAGNÓSTICO DE FALHAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE VIBRAÇÕES ....................... 151RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 160AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 161

TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA ............................................... 1631 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1632 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DO RISCO ........................................................................................ 1633 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA (NR-12) ................................................................................ 166

3.1 NR 12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EM EQUIPAMENTOS .......... 166LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 169RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 175AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 178

Page 11: Gestão em manutenção mecânica

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UNIDADE 1 —

CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA

MANUTENÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• elaborar os planos de manutenção;

• fazer orçamentos de materiais, de serviços e de equipamentos;

• fiscalizar,acompanharecontrolarserviçosdemanutençãoindustrial;

• conhecereaplicar,adequadamente,procedimentos,normasetécnicasdemanutenção;

• planejar,programare executar amanutenção industrial rotineira e emparadas;

• avaliar,qualificarequantificarequipesparaarealizaçãodeserviçosdemanutenção industrial.

Estaunidadeestádivididaemtrêstópicos.Nodecorrerdaunidade,você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdoapresentado.

TÓPICO1–CONCEITOSBÁSICOSDEMANUTENÇÃO

TÓPICO2–ORGANIZAÇÃO,PLANEJAMENTOEPOLÍTICA

TÓPICO3–ORGANIZAÇÃO,PLANEJAMENTOECONTROLE

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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TÓPICO 1 — UNIDADE 1

CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO

1 INTRODUÇÃO

KardeceNascif(2009)definemoatodemanterouamanutençãoindustrialcomogarantiradisponibilidadedafunçãodosequipamentosedasinstalações,demodoaatenderaumprocessodeproduçãoeàpreservaçãodomeioambiente,comconfiabilidade,segurançaecustosadequados.

Éoconjuntodetodasasaçõesnecessáriasparaqueumitemsejaconservado

ourestaurado,podendopermanecerdeacordocomumacondiçãodesejada. Háuma revisãodo termo, como sendoa combinaçãode todas as ações

técnicaseadministrativas,incluindoasdesupervisão,destinadasamanteroure-colocarumitememumestadonoqualpossadesempenharumafunçãorequerida.

Deformageral,existeumagamadedefiniçõesedeconceitosapresentadosparaamanutenção,amaioria,comenfoquenosaspectospreventivos,conservativosecorretivosdaatividade,porém,éinteressanteobservaramudançamaisrecente,queincluiu,nasdefinições,osaspectoshumanos,decustosedeconfiabilidadeda funçãomanutenção, como consequênciado aumentoda importância edasresponsabilidadesdosetordentrodasorganizações.

Nosdiasatuais,osindicativosdedesenvolvimentodaeconomiamundiallevam em consideração conceitos de sustentabilidade e de responsabilidadesocialnasempresas.Noentanto,essesfatoresaceleramaconcorrênciaentreasorganizações,eestassãoobrigadasaresponderaomercado,inovandoeefetuandomelhorias contínuas.Assim, a atividade de manutenção eficaz é essencial aoprocessoprodutivoparaqueaempresacaminherumoàexcelência.

Sabe-se que o setor da manutenção deve estar diretamente ligadocom o setor da produção, pois influenciam na qualidade e na produtividade,estabelecendomelhoriasdosresultadosoperacionaisefinanceirosdosnegócios.

A grande interseção do setor de manutenção com o de produção,influenciando, diretamente, a qualidade e a produtividade, faz com que sejadesempenhadoumpapelestratégicofundamentalparaamelhoriadosresultadosoperacionaisefinanceirosdosnegócios.Paraisso,agestãodaempresadeveser

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

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sustentadaporumavisãode futuro eosprocessosgerenciaisdevem focarnasatisfaçãoplenadosclientes,atravésdaqualidadeintrínsecadosprodutosedosserviços, tendo, como balizadora, a qualidade total dos processos produtivos(KARDEC;NASCIF,2009).

Gestãoestratégicadamanutençãoenvolveoconhecimentointegradoda

empresa,decadasetoredecadaequipamento,decidindoonde,quandoeporqueaplicarcadatipodemanutenção.Oaumentodacomplexidadeeadiversidadedeativosfísicos,dentrodeumaorganização,aumentam,aindamais,ademandaporsistemasdemanutençãoeficienteseeconomicamenteviáveis.

Acadêmico,noTópico1,vocêestudaráohistóricodamanutençãoeosprincipaistiposdemanutenção.

No Tópico 2, falaremos da gerência de manutenção e das estratégias

políticaseeconômicasdamanutenção. OTópico3tratarádaorganização,doplanejamentoedocontrole,levando

emconsideraçãoo cicloPDCA,osprogramas5S, amanutençãoprodutiva,oscustos,asauditoriasetc.

2 HISTÓRICO DA MANUTENÇÃO

De forma geral, define-se a manutenção como sendo um conjunto deatividadesedeaçõesquevisapreservaregarantirofuncionamentonormaldeumativo,equipamentoouferramenta,dentrodoslimitesdeeficiênciaparaosquais foi projetado.

Para compreender a importância da manutenção nos dias atuais, éinteressantedesvendaraevolução,astipologiaseasfilosofiasdogerenciamento.DeacordocomWyrebski(1997),aconservaçãodeinstrumentosedeferramentaséumapráticaobservadadesdeosprimórdiosdacivilização,mas,efetivamente,deu-se com o surgimento das primeirasmáquinas têxteis, a vapor, no séculoXVI.Naquelaépoca,aquelequeprojetavaasmáquinastreinavaaspessoasparaoperaremeparaconsertarem,intervindoapenasemcasosmaiscomplexos.Atéentão,ooperadoreraomantenedor,ouseja,omecânico.Quandoasmáquinaspassarama sermovidaspormotoreselétricos, surgiuafiguradomantenedoreletricista.

No fim do século XVIII e início do século XIX, durante a evoluçãoindustrial, surge a primeira geração demanutenção chamada demanutençãocorretiva.Nessemomento,iniciouotrabalhodereparodemáquinas,implantandoconceitosdecustosedecompetitividade,alémdaspreocupaçõescomasfalhasou paradas de equipamentos, gerando perdas para a produção.

Page 15: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO

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Durante a Segunda Guerra Mundial, surge um novo conceito demanutenção, a chamada manutenção preventiva, assim, neste momento, amanutençãoteveumdesenvolvimentoimportante,devidoàsaplicaçõesmilitares.Ofocoprincipaleramanteravidaútildoequipamento,evitandofalhasprecoceseminimizandoimpactosecustos.

Amanutençãopreditivaseiniciounosanos60doséculoXX,econsistia

emcoletardadosparaadeterminaçãodavidaútilrestantedosequipamentos,doscomponentescríticos,alémde fazerprevisõesantesquea falhaocorresse.Hoje,ocenáriomudarapidamente,comaimplementaçãodaInternetdasCoi-sas(IoT).Ocustodesensoresededispositivosécadavezmenor,emedidorespodemrealizartodaacapturadedadosemtemporeal.Dessaforma,tem-seamanutençãoprodutiva,cujarazãoé,fundamentalmente,baseadanaação,antesqueapareçaafalha,e,consequentemente,evitandootempodeinatividadenãoplanejado.EsseconceitosurgiunosEstadosUnidos,efazreferêncianãoapenasamanteroequipamento,masamelhoraraqualidade,aconfiabilidadeeamanu-tenção dos ativos.

Nasdécadasde1960e1970,comafilosofiaouatécnicaorganizacional

paraaplicaramanutençãoemelhorar,significativamente,osresultados,surgeamanutençãocentradanaconfiabilidade(RCM),comsiglaeminglês,Realiability Centered Maintenance. Esse tipo de manutenção surgiu para ajudar as empresas adeterminarempolíticas,melhoraremas funçõesdos ativos e gerenciaremasconsequênciasdasfalhas.

Emresumo,paraKardeceNascif(2009),apartirde1930,aevoluçãodamanutençãopodeserdivididaemquatrogerações:

FIGURA 1 – EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

FONTE: Adaptada de Kardec e Nascif (2009)

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

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Por fim, tem-se a Manutenção Produtiva Total (TPM), sistema degerenciamento de manutenção baseado na implementação da manutençãoautônoma, que é realizada pelos próprios operadores de produção. Essafilosofia surgiu no Japão comoum sistemade controle de equipamentos comumimportanteníveldeautomação.Foiimplementadaparaenfrentararecessãoeconômicadosanos70.

2.1 TIPOS OU MÉTODOS DE MANUTENÇÃO

Ostiposoumétodosdemanutençãosãodeterminadospelaformacomoérealizadooprocedimentonosistema.Asprincipaispráticasdemanutenção,paraKardeceNascif(2009),são:

• Manutençãocorretivanãoplanejada• Manutençãocorretivaplanejada• Manutençãopreventiva• Manutençãopreditiva• Manutençãodetectiva• Engenhariademanutenção

2.1.1 Manutenção corretiva

Como foi visto na evolução histórica da manutenção, a manutençãocorretiva é a forma mais simples e primitiva de manutenção. Para Slack,ChamberseJohnston(2002),significadeixarasinstalaçõescontinuaremaoperaratéquequebrem.Otrabalhodemanutençãoérealizadosomenteapósaquebrado equipamento ter ocorrido. Mesmo que essa definição aponte para umamanutençãoentregueaoacaso,essaabordagempodesersubdivididaemduascategorias:planejadaenãoplanejada.

Manutenção corretiva não planejada: Conhecida, também, comomanutençãocorretivanãoprogramadaouemergencial,amanutençãocorretivanãoplanejada é a correçãoda falhademaneira aleatória (KARDEC;NASCIF,2009).Issoacontecequandoofatojáocorreu,sejaporfalhaoupordesempenhomenordoqueoesperado.Nãohátempoparapreparaçãodoserviço,eessetipodemanutençãoaindaémuitopraticado.

Essetipodemanutençãocorretivanãoplanejadageraaltoscustos,uma

vez que uma quebra inesperada pode causar pouca confiabilidade e perdasdeproduçãoedaqualidadedoproduto,gerandoociosidadeegrandesdanosaos equipamentos, muitas vezes, irreversíveis, e elevados custos indiretos demanutenção(KARDEC;NASCIF,2009).

Page 17: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO

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Manutençãocorretivaplanejada:DeacordocomKardeceNascif(2009),aManutençãoCorretivaPlanejadaéacorreçãododesempenhomenordoqueoesperadoouacorreçãodafalhapordecisãogerencial.Frequentemente,adecisãogerencialsebaseianamodificaçãodosparâmetrosdecondiçãoobservadospelamanutençãopreditiva.Paraosautores,amanutençãocorretivaplanejada tem,comocaracterísticaprincipal,serfunçãodaqualidadedainformaçãofornecidapeloacompanhamentodoequipamento.Sabe-sequeumtrabalhoplanejadoé,comefeito,maisacessível,maisrápidoemaissegurodoqueumtrabalhonãoplanejado,eserá,invariavelmente,demelhorqualidade.

2.1.2 Manutenção preventiva

De1960atéofimdosanos80,amanutençãopreventiva(MP)foiamaisavançadatécnicautilizadapelosdepartamentosdemanutençãodasorganizações.AMPébaseadaemdoisprincípios:odequeexisteumafortecorrelaçãoentreidadeetaxadefalhasdosequipamentos,eodequeavidaútildocomponenteeaproba-bilidadedefalhadoequipamentopodemserdeterminadasestatisticamente,e,porconseguinte,aspeçaspodemsersubstituídasoureconstruídasantesdofracasso.

Utilizadaparaevitarqueafalhaocorra,essamanutençãoédefinidaemintervalosdetempo,visandoeliminaroureduzirasprobabilidadesdefalhasdasinstalações.

Namanutenção preventiva, os programas de gerência demanutençãoassumemqueasmáquinasdegradarão comumquadro típicode classificaçãoem particular, ou seja, os reparos e os recondicionamentos de maquinarias,namaioriadasempresas,sãoplanejadosapartirdeestatísticas,sendo,amaislargamenteusada,acurvadotempomédioparafalha(CTMF)(ALMEIDA,2000).

Oproblemaparataltipodeabordagemésebasearemestatísticaspara

a programaçãode paradas, sem avaliar as variáveis específicas da planta queafetamdiretamenteavidaoperacionalnormaldamáquina.Essasgeneralizaçõessãoasprincipaisresponsáveispelosdoisproblemasmaiscomunsaoseadotara manutenção preventiva: reparos desnecessários ou antecipados e falhasinesperadas(ALMEIDA,2000).Noprimeirocaso,adota-seumhorizontetemporalconservador,sendo,oreparo,realizadomuitoantesdonecessário,desperdiçandopeças e trabalho. Já no segundo caso, omais crítico, apesardos esforçosparapreveniremafalha,estaacabaacontecendo,associandogastospreventivosaoscorretivosque,conformemostradoanteriormente,sãobemmaiores.

2.1.3 Manutenção preditiva

Amanutençãopreditiva consisteno acompanhamentodaperformanceda máquina através da avaliação de alguns indicadores para a definição domomentocorretodaintervençãodamanutenção.

Page 18: Gestão em manutenção mecânica

UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

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A manutenção preditiva prega uma filosofia que evita a tendência àsupermanutenção(porexemplo,amanutençãoeosreparosexcessivos)aqueestãopropensososenfoquesconvencionaisdemanutençãopreditiva.TambéméumafilosofiadepromoçãodeatividadeseconômicasdeMP,combase,principalmente,emumapesquisadeengenhariadosciclosdemanutençãootimizados.

A seguir, serão listadas algumas metas definidas para a manutençãopreditiva:

• Determinaromelhorperíodoparaamanutenção.• Reduzirovolumedotrabalhodamanutençãopreventiva.• Evitaravariasabruptasereduzirotrabalhodemanutençãonãoplanejado.• Aumentaravidaútildasmáquinas,daspeçasedoscomponentes.• Melhorarataxadeoperaçãoeficazdoequipamento.• Reduziroscustosdemanutenção.• Melhoraraqualidadedoproduto.• Melhoraroníveldeprecisãodamanutençãodoequipamento.

Nessa manutenção, é realizado o acompanhamento de variáveis e deparâmetrosdedesempenhodemáquinasedeequipamentos,visandodefiniroinstantecorretodaintervençãocomomáximodeaproveitamentodoativo.

SegundoAlmeida(2000),amanutençãopreditivaéummeiodemelhorara produtividade, a qualidade do produto, o lucro e a efetividade global dasplantas industriais de manufatura e de produção, isso porque utiliza ferramentas adequadasparagarantiracondiçãooperativarealdossistemasprodutivos,ouseja, fornece dados da condiçãomecânica de cadamáquina, determinando otempomédiorealparaafalha.Portanto,todasasatividadesdemanutençãosãoprogramadas,conformenecessário.

Adiferençaentreasmanutençõesreativaepreditivaéacapacidadedeprogramaroreparoquandoeletiveromenorimpactosobreaprodução.Otempodeproduçãoperdido,comoresultadodamanutençãoreativa,é substancial,e,raramente, pode ser recuperado. A maioria das plantas industriais, duranteperíodosdeproduçãodepico,opera24horaspordia.Portanto,otempoperdidodeproduçãonãopodeserrecuperado.

2.1.4 Manutenção detectiva

Começouaserreferenciadanaliteraturaapartirdosanos90.Adesigna-çãodetectivaéoriundadapalavra“detectar”,tendo,comofinalidade,investigarascausasdasfalhasocultas,falhasnãoevidentesparaasequipesdemanutençãoemcondiçõesnormaisdeoperação.Aatuaçãoéefetuadaporsistemasdeprote-ção,decomandoedecontrole,afimdegarantiraconfiabilidade.Emsistemas

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TÓPICO 1 — CONCEITOS BÁSICOS DE MANUTENÇÃO

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complexos,essasaçõesdevemserexecutadaspelopessoalespecializadodosetordemanutenção.Nessetipodemanutenção,especialistasfazeminvestigaçõesnosistema,semtirá-lodeoperação,sendocapazesdedetectarfalhasocultas,e,pre-ferencialmente,podemcorrigirasituação,mantendoosistemaoperando.

Ferreira (2009)citaumexemplodeaplicaçãodamanutençãodetectiva,demaneiraaaumentaraconfiabilidadedoprocesso,porexemplo,ocircuitoquecomandaaentradadeumgeradoremumhospital:sehouverfaltadeenergiaeocircuitotiverumafalha,ogeradornãoentra.Porisso,essecircuitoétestado/acionadodetemposemtempos,paraverificarafuncionalidade.

Amanutençãodetectivaéespecialmente importantequandoonívelde

automação,dentrodasindústrias,aumenta,ouoprocessoécríticoenãosuportafalhas.

2.1.5 Engenharia de manutenção

Comaevoluçãodas tecnologiaseoadventodamanutençãopreditiva,apráticadaEngenhariadeManutençãopode ser consideradaumaquebradeparadigma,principalmente,emvirtudedasmudançasnarotinadaatividadeenaconsolidaçãodeumapolíticademelhoriacontínuaparaaáreademanutenção.

AEngenhariadeManutençãosurgeaplicandotécnicasmodernas,para

aumentaraconfiabilidade,adisponibilidade,asegurançaeamanutenibilidade,eliminandoproblemascrônicosesolucionandoproblemastecnológicos,melho-randoagestãodepessoal,materiaisesobressalentes,participandodenovospro-jetosedandosuporteàexecução,analisandofalhaseestudos,paraaelaboraçãodeplanosdemanutenção,nosquaisvisafazeranálisecríticaeacompanharindi-cadores,zelandopeladocumentaçãotécnica(KARDEC;NASCIF,2009).

A empresa que pratica a Engenharia deManutenção não está apenas

realizandoacompanhamentopreditivodosequipamentosedasmáquinas,estáalimentando, também,aestruturadedadosede informaçõesdamanutenção,permitindoanáliseseestudosparaaproposiçãodemelhoriasnofuturo.Aseguir,ilustraremos as diferenças entre os diversos tipos de manutenção e a posição da EngenhariadeManutençãonessecenário.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

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FIGURA 2 – TIPOS DE MANUTENÇÃO

FONTE: Adaptada de Kardec e Nascif (2009)

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Aevoluçãodamanutençãosedeucomosprocessosdasrevoluçõesindustriais.Viu-sequeaindustrializaçãoconstitui,historicamente,ofatormaispoderosonoprocessodeaceleraçãodo crescimentoeconômico, fornecendomáquinaseequipamentosquetransformamascondiçõesdeproduçãodaagriculturaedaindústria.Alémdisso,essaindústriaéimportanteparaodesenvolvimentoeconômicoporque incorporanovosconhecimentos tecnológicosaoprocessoprodutivo, pormeio da introdução de novos bens de capital que elevam aprodutividadeeaeficiênciadosistemaeconômico.

• Por muitos anos, houve a deterioração dos equipamentos que compõem oparquefabril,poisaúnicamanutençãopraticadanaempresaeraadecarátercorretivo, não existindo nenhum tipo de controle sobre esse processo. Asmanutenções ocorrem, do mesmo modo, na medida em que as máquinasquebram,porisso,aimportânciadamanutençãoestratégica.

• Uma boa prática de manutenção envolve o conhecimento integrado daempresa,decadasetoredecadaequipamento,decidindoonde,quandoeporqueaplicarcadatipodemanutenção.

• Oaumentodacomplexidadeeadiversidadedeativosfísicos,dentrodeumaorganização, aumentam ainda mais a demanda por sistemas de manutenção eficienteseeconomicamenteviáveis.

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1 Estimuladas por um mercado cada vez mais exigente e competitivo,as indústrias buscam, constantemente, adaptar-se a novas tendências,trazendo inovação, melhoria da qualidade e redução dos custos. Parapossibilitar isso, torna-se essencial a redução dos custos de produção,e umapolítica demanutenção bemdefinida acaba sendo extremamenteimportante nessa busca por qualidade emenores custos.Com relação àmanutenção,éCORRETOafirmar:

a)() A manutenção corretiva é mais eficiente do que a manutençãopreventivanareduçãodeparadasporfalhadoequipamento.

b)() A manutenção preventiva exige a implantação de um sistema deinspeção permanente nos equipamentos.

c)() Amanutençãopreditivapermiteanteciparaocorrênciadefalhasemcomponentes.

d)() Aconfiabilidadedavidaútildecomponentesnãopodesersuperiora3s,ouseja,99,95%.

e)() Os sistemas de gestão da qualidade não admitem a manutençãocorretiva.

2 AssinaleVparaasafirmaçõesverdadeiraseFparaasafirmaçõesfalsas:

() Conservação,restauraçãoesubstituiçãodeelementosdemáquinassãooperaçõesdesnecessáriasnosprogramasdemanutençãodasempresas.

() Garantiraproduçãonormaleaqualidadedosprodutosfabricadossãoobjetivos da manutenção efetuada pelas empresas.

() Atrocadeóleoéumserviçoderotinanamanutençãodemáquinas.() Aresponsabilidadepelosserviçosderotina,namanutençãodemáquinas,

éexclusividadedosoperadores.() Odesmontecompletodeumamáquinasóocorreememergências.() Achecagemdeajusteséumserviçoderotinanamanutençãodemáquinas.() Oregistrodoestadodeumamáquinaedosreparosnelaefetuadosfaz

parte dos programas de manutenção das empresas.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() V–F–F-V–F–F-Vb)() F–V–V–F–F–V-V.c)() F–V–F-V–V–F-Vd)() F–F–F-V–F–F–V

AUTOATIVIDADE

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3 Sobreofatodeamanutençãocorretivaseraplicável,independentementedaevoluçãoocorridanastécnicasenostiposdemanutenção,éCORRETOafirmarque:

a)() Avançosnaautomaçãoindustrial;empregodosistema“just-in-time”;consciênciadepreservaçãoambiental;econservaçãodeenergia.

b)() Amanutençãocorretivapermiteanteciparaocorrênciadefalhasemcomponentes.

c)() Apesar do elevado custo, a manutenção corretiva é a forma maisóbviaemaisprimáriademanutenção.Éumciclo“quebra-repara”,ouseja,oreparodosequipamentosapósaavaria.Éimpossíveleliminarcompletamenteessetipodemanutenção,poisnãosepodeprever,emmuitoscasos,omomentoexatoemqueseverificaráumdefeitoqueobrigaráumamanutençãocorretivadeemergência.

d)() Asmelhorespráticas,umavezestabelecidas,devemserseguidassemqualqueratitudededúvidapelaequipedemanutenção,oquegeradesagrado no time.

4 Definaamanutençãocorretivaplanejadaeanãoplanejada.Exemplifique-as.

5 Amanutenção,comoatividadedegestãoeapoioaosprocessosprodutivosempresariais, sofre o efeito do fator econômico, como outras atividadesindustriais.Enumereedescreva,sucintamente,essesfatoresnaescolhadasopçõesdeestratégiademanutenção.

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TÓPICO 2 — UNIDADE 1

ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

1 INTRODUÇÃO

Osdesafiosdosgestoresdasempresas,dianteda intensaexigênciaporresultadospelosinvestidores,pareceminfinitos.Elesbuscamsoluçõesportodasasáreas e pelas mais diversas ferramentas que possam fazer diferença nos resultados. Atravésdasdefiniçõesdas visões, dasmissões edos objetivos estratégicos, asformasdedifusão,nosmaisdiversosníveis,tornam-semaisoumenosplausíveis,tantonoâmbitoexternocomonointerno.Oscenáriossãovariadoseincertos,easgrandescertezassãoasmudanças.Paraacompanhá-laseperpetuaraempresa,serãopesquisadasas técnicas,alémdouso, inclusive,possíveiscombinaçõeseresultados,sejamdeorigemocidentalouoriental.Asempresasdaclassemundialbuscamessaperpetuaçãoatravésdaobtençãodedisponibilidadeededesempenhodasplantas,atingindoeelevandoasexpectativas,seguidasdaqualidade,cadavezmaisexigidapelosclientes.Osobjetivosdessapesquisasãooxigenarotemamanutenção;apontartécnicasdesoluçõespossíveisepragmáticas,quelevemasempresasàEfetividade,àEficiênciaGlobaldosEquipamentos(Overall Equipment Effectiveness–OEE)ouàPlantadeClasseMundiale,porconsequência,aoelevadovalordemercadoouàagregaçãoderiquezaaopatrimôniodossócios.

Muitasempresasestãoconscientesdosdesafiosdafunçãodamanutenção,

eimplementampolíticasouestratégiasparafazerdelaumafunçãocomamesmaimportânciadeoutrasfunçõesdaorganização,ouseja,afunçãomanutençãoéparte integral das estratégias que a organização deve implementar para ser amelhor.Consideraramanutençãosomentecomofunçõestáticaeoperacionaléterumavisãomíope.Tambémháumadimensãoestratégica,visandoaspectos,comodefiniçãodaconcepçãodamanutenção,gestãodosrecursosàdisposiçãodafunção,elaboraçãodeprogramasdemanutenção,melhoramentodascapacidadesdos colaboradores, aumentododesempenhodosequipamentoseobtençãodatecnologianecessáriaparamanterosbensduranteavidaútil.

Essetópicobuscadiscutiramanutençãocomoestratégiaempresarial,asabordagens,asestruturas,asferramentaseosbenefíciossobredecisõesquantoa investimentosemequipamentoseempolíticasdeconservação.Oacadêmicoperceberá que o retorno almejadopelosproprietários varia em funçãodousodoinvestimentonaplanta,alémdoplanejamento,dapesquisaedaescolhadoequipamento.Percebe-se,também,comoaspolíticasdeproduçãoedemanutençãoinfluenciarãonaanálisedocustodociclodevidadoequipamentooudaplanta.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

2 GERÊNCIA DE MANUTENÇÃO

Comasmudançasocorridasnossetorestecnológicoedeproduçãonosúltimosanos,comacomplexidadedosequipamentose,aomesmotempo,comagrandeexigênciadeprodutividadeedequalidade,afunçãomanutençãotemassumido grandes responsabilidades, no sentido de garantir confiabilidade edisponibilidade,fatoresquerefletemdiretamentenodesempenhooperacionaldaorganização.ParaNuneseValladares(2008),afunçãomanutençãodevegarantiratendimentoatrêsclientes:

1)Osproprietáriosdosativosfísicos,ouseja,osempresários,queesperamqueestesgeremoretornofinanceirodoinvestimento.

2)Osusuáriosdosativos,queesperamqueelesmantenhamumpadrãoesperadodedesempenho.

3)Asociedade,queesperaporpadrõesdequalidadedosprodutos,aomesmotempoemqueesperaqueosativosnãofalhem,garantindosegurançaeumcenárioderiscosreduzidosparaomeioambiente.

De forma geral, pode-se afirmar que toda evolução tecnológica dosequipamentos, dos processos e das técnicas de manutenção, a necessidadede controles cada vezmais eficientes e dos programas de apoio à decisão, osestudosrelacionadosaodesgasteeaocontroledasfalhasedasconsequências,adependênciadeequipestreinadasemotivadasparaenfrentaressesdesafios,odesenvolvimentodenovastécnicas,e,consequentemente,oscustosdemanutençãoemtermosabsolutoseproporcionalmenteàsdespesasglobaistransformaramagestãodamanutençãoemumsegmentoestratégicoparaosucessoempresarial.

Percebe-sequeaconcepção,oumodelo,revelacomoaempresapretende

queafunçãomanutençãoalcanceasmetasdenegócios.Aseguir,ilustraremosumexemplodemetodologiaparaajudarogestoradecidirqualaconcepçãodemanutençãomaisadequada,deacordocomascaracterísticasdaempresa.

FIGURA 3 – ORGANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA DEFINIÇÃO DO MELHOR SISTEMA DE GESTÃO DA MANUTENÇÃO

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TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

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FONTE: Adaptada de Fuentes (2006)

Ébomdeixarclaroquenenhumamodalidadedemanutençãosubstituia outra,mas quedevem estar associadaspara trazermelhorias em termosdedesempenhodegestão.Nessesentido,diversaspráticasatuaisestãovoltadasparaaEngenhariadeManutenção,quebuscaaumentaraconfiabilidadeaomesmotempoemquegaranteadisponibilidade.Para isso, concentra-senabuscadascausas,namelhoriadospadrõesedassistemáticas,namodificaçãodesituaçõespermanentesdemaudesempenho,nodesenvolvimentodamanutenibilidadeenaintervençãodascomprasedosprojetos.Maisimportantedoquerestringirapolíticademanutençãoaumaabordagemouaoutra,éutilizarumametodologiaadequada de gestão do sistema demanutenção.Assim, a funçãomanutençãodeixarádeserumgastoadicionalparaaempresa,epoderáserencaradacomofatorestratégicoparaareduçãodoscustostotaisdeprodução.

Amanutenção,paraserestratégica,precisaestarvoltadaparaosresultadosempresariaisdaorganização.Comagestãoestratégicadamanutenção,pode-sedefinironde,quandoeporqueaplicarcadatipo de manutenção.Deveterumpapelessencialpara:

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

• estabelecer diretrizes para a formulaçãode estratégias demanutençãoparacadamodelodeequipamentoinstaladonaempresa;

• sistematizar, como resultado, a manutenção das máquinas, conforme aimportância,dentrodoprocessoprodutivo,alémdosriscosqueafalhatrariaaonegócio.

Todasasdecisõesdevemestarvinculadasàsáreasquesofrerãooimpacto,comoprodução, estoque, compras,RHe logística,porém,para issoacontecer,deve existir uma série de etapas a ser vencida no percurso do planejamento.Desafios que os profissionais de manutenção enfrentam: mesmo tendo umagrande importância no processode produção, o trabalhodos profissionais demanutençãonemsempreévalorizado.Grandepartedosgestoresfazinvestimentosem inovaçãonos controles,nos tiposdemanutenção,na intervençãoenousode tecnologiasdegerenciamentodedados,deixandode ladoaqualidadedosequipamentos e o investimento emmãodeobraqualificada comprometida.Éclaroquenovas tecnologias emetodologias sãobem-vindas,porém, issodeveestar alinhado à empresa e aos funcionários, para que o conjunto traga osresultadosesperados.Alémdisso,osprofissionaisdemanutenção,namaioriadasvezes,sósãolembradosquandoocorremfalhasnosequipamentos,emcontraste,perdendoopotencialestratégicodeprevenirproblemasedeotimizarprocessos,oquereduziriaotempoeoscustosdedicadosàprodução.

Uma manutenção estratégica é capaz de vencer a maior parte dessesdesafios,comoveremosaseguir.

2.1 IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DA MANUTENÇÃO

Ao analisar a importância da manutenção, verifica-se que esta éfundamentalparaossistemasdeproduçãodequalquerorganização.Assim,ogestorquebuscaaumentarosganhoscomprodutividade,semsepreocuparcomaadequadamanutençãodosequipamentos,encontrar-se-áfadadoàfrustração,pois,conformevistonoTópico1,compete,aoprocessodemanutenção,cuidardaconservaçãoedaoperacionalidadedosequipamentosdeprodução,objetivandoa antecipação dos defeitos através da observação técnica e criteriosa da vidaútil dos equipamentos, realizando as intervenções necessárias para garantir acontinuidadeeaqualidadedaprodução.

Comaeconomiaglobalizadaealtamentecompetitivadosdiasdehoje,as

mudançasvêmocorrendocomumarapidezqueimpressiona,eamanutenção,como uma das atividades essenciais para o processo produtivo, não poderiaficarsemocorreremmudanças.Comtaismudanças,asorganizações,deformaincansável, buscamnovas ferramentasqueauxiliemnogerenciamento,queastornemmaiscompetitivasatravésdaqualidadeedaprodutividadedosprodutos,dosprocessosedosserviços(KARDEC;NASCIF,2009).

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TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

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Osetordemanutençãosempretemmudançassignificativas,eessasmu-dançaspodemserobservadasemnúmeroseemvariedadesdasinstalaçõespro-dutivas, comprojetos cada vezmais elaborados, conhecimento cada vezmaiselevado,sendoobrigatóriaumaatualizaçãocontínuadosprofissionaisdosetorde manutenção.

Amanutenção,comoferramentaestratégicadasorganizações,édireta-

menteresponsávelpeladisponibilidadedosequipamentos,temimportânciacru-cialnoresultadodasempresas.Umoutroaspectoimportanteparaaestratégiademanutençãoéabuscapelaqualidadetotaldosprodutosedosserviços,alémdogerenciamentoambiental,focodetodasasorganizaçõesmundiais.

Aimportânciadeseestabelecerumprogramademanutençãoéparaque

sejapossívelevitardanos,comoequipamentosparados.Alémderepresentaremuma grave falha namanutenção, geram um grande prejuízo para a empresa,causando diminuição ou interrupção da produção, atrasos nas entregas,perdas financeiras, aumento dos custos e rolamentos, com a possibilidadede apresentação de defeitos de fabricação, alémda insatisfação dos clientes edaperdademercado.Até aqui, os quesitos analisados revelama importânciaquepossuiamanutenção,ecomoacompreensãovemevoluindoaolongodosanos,deixandodeserinterpretadacomoummalnecessárioparaservistacomouma ferramenta fundamental para o sucesso de qualquer organização.Nessesentido,somamforçasasnovastécnicasdeadministração,degerenciamentoedemanutenção,quepossibilitamareduçãodoscustos.

GRÁFICO 1 – PORCENTAGEM DE CUSTO COM MANUTENÇÃO EM RELAÇÃO AO FATURAMENTO BRUTO NO BRASIL

FONTE: Adaptado de Moro e Auras (2007)

NoBrasil,verifica-seumnovopassoevolutivodasquestõesrelacionadasà manutenção desde o surgimento da Engenharia de Manutenção, que foifortalecidapelacriaçãoepelaconsolidaçãodaABRAMAN(AssociaçãoBrasileiradeManutenção).

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

2.2 A MANUTENÇÃO E AS POLÍTICAS

Àmedidaqueadisponibilidadedosrecursosdaproduçãosetornafatorcrucialparaoatendimentodosobjetivosestratégicosdasempresas,éimpossívelpensarnamanutençãocomoumaáreaisoladadoplanejamentoestratégico.Noentanto, vale ressaltar que já houve tempo em que amanutenção era tratadacomo aquela função que deveria, simplesmente, ser mantida em condiçõessatisfatóriasdosativosdasempresas,pormeiodasinspeções,dosreparosedassubstituições.Emfunçãodessafasedahistória,atéhoje,emmuitasempresas,évistacomoumaáreaqueapenasgeragastosdentrodoprocessoprodutivo,alémdeatrapalharaprodução,quandodevemserfeitasintervençõesnasmáquinasenosequipamentos(MIRSHAWKA;OLMEDO,1994).

Seguem as estruturas organizacionais norte-americanas do passado,já considerando a área demanutenção como parte integrante damanufaturae trazendoparaosdiasatuais.Ficaevidentequeas formasparadeterminarograudecriticidadedecadamáquinaouequipamentodevemserestabelecidasconjuntamente,entreamanutençãoeaprodução.Asformascomotaisintervençõesocorremdeterminamapolíticademanutençãoaseradotada.Apesardasdiversasformasquepossamadvirdasnecessidadesdecadaempresaeemdeterminadaépoca,pode-seobservarque,na realidade, surgemapenasduaspolíticasmaisclaras:acorretivaeapreventiva.Todasasdemaisacabam,decertaforma,sendoum tipo de preventiva.

FIGURA 4 – TÍPICA ESTRUTURA ORGANIZACIONAL NORTE-AMERICANA (EUA)

FONTE: O autor

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TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

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Valesalientar,atualmente,queosbenefíciosdagestãoestratégica,aliadaàspolíticasdemanutenção, têm influênciadiretano setordaprodutividadeesobreoscolaboradores,contribuindoparaamelhoriadosresultadosoperacionaisedoaumentodalucratividade.Pormeiodessascaracterísticas,osgestorespodemacompanharaprodutividadedaequipeeidentificarfalhas,comosobrecargadeindivíduos, pouca eficiência e desmotivação. Com isso, poderão tratá-las emcomumacordocomosresponsáveis.

A gestão deve estar relacionada a todo conjunto de ações, de decisões e de definições a respeito de tudo o que se tem que realizar, utilizar, coordenar e controlar para gerir os recursos fornecidos para a função manutenção, fornecendo, assim, os serviços que são aguardados pela manutenção.

ATENCAO

Elaborar uma estratégia de manutenção é assegurar eficiência eprodutividadedo empreendimento.Conforme já visto, somente com a gestãodamanutençãoadequada,aempresaserácapazdeevitaravarias,deentreverosriscosedepromoverasegurançanecessária,garantindosucessoeconfiabilidadenomercado, buscando controlar os custos, otimizar os recursos e ampliar asoportunidades.

Para criar umplanodemanutenção efetivo combase nasmetas e nosrecursosdisponíveis,aempresa,deformageral,deveestarestruturadaemcincopilaresextremamenteimportantes:ativoscríticos,requerimentoslegais,planodetrabalho,frequênciaeinvestimento.

2.3 ATIVOS CRÍTICOS

Oprimeiropasso é fazer levantamentosdos bensda empresa, que,dealgumamaneira, geram retorno financeiro.Osmelhores oumais importantesativos, chamados de críticos, são aqueles que geram grande quantidade dedinheiro com omenor esforço possível. Podem ser gerados pormeio de umganhoúnico(venda)oudeumganhoperiódico(deinvestimento).

Afimdefazeragestãodeativos,ouseja,decoordenarociclodevidaedemelhorarodesempenhooperacional,éprecisoconsiderarquatropontoscruciais:

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

• Determinaracriticidadedosativos

Sãodeterminadososativoscríticosdaempresa,fazendoumcálculosimplesdeperformanceversusresultado,ponderando-seosriscosparaumadeterminadatomadadedecisão,ouseja,bastaavaliaraperformanceeoinvestimentodoativoemrelaçãoaoretornoqueelepromove.Resumindo,éprecisogerenciar,alémdeotimizar,comoobjetivodeextrairaomáximo,garantindoaconfiabilidadeeaqualidade.

• Priorizar para não estourar o orçamento

Nestaetapa,busca-seapriorizaçãodosrecursos,respeitandoaestratégiacriadaeaslimitaçõesdeorçamento.Émuitoimportanteteremmenteagestãodoscustos,paracalculareavaliarpossíveisriscos.

• Preveniravariasousituaçõesinesperadas

Omelhorjeitodecontornaressetipodesituaçãoéarealizaçãodetarefaspreventivas,alémdaaplicaçãodetécnicascorretivasdemanutenção,monitorandoeacompanhandoosativos,principalmente,oscríticos.Destaforma,épossívelprogramaroscustos,alémdeaumentarodesempenho.

• Otimizarasoperações

Porfim,aotimizaçãodosprocessos.Nãoadiantater tudoplanejadosenãoconseguirteracessoaosdadossemperdertemponaoperação.Paraessecaso,osprofissionaisprecisamteremmenteasvantagensdautilizaçãodosoftwarenagestão de manutenção.

2.4 REQUERIMENTOS LEGAIS

Paraessasquestões,devemserlevadosemconsideraçãoasinspeções,asauditorias,osmonitoramentoseascertificações,pontosimportantíssimosparaaestratégiademanutençãofuncionardeformahábil.

2.5 PLANEJAMENTO DE TRABALHO

Paraocasoemquestão,aestratégiademanutençãoexigetiposespecíficospara garantir o cumprimento dos cronogramas estabelecidos, assim como acapacidadedeprodução.Nesseaspecto,deve-secoordenarasnecessidades,comtodaaequipe,degestão,demanutençãoedeexecução.Dessaforma,garante-seareduçãodoscustos,alémdaminimizaçãodosriscosedepossíveisprejuízos.

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TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

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2.6 FREQUÊNCIA

Todasasinformaçõesanteriorespermitemqueosprofissionaisdelineiemestratégiasdemanutençãode formaplanejada,porém,aindaexisteoseguintequestionamento:qual a frequênciade realizaçãodaspesquisas,das inspeções,dasmelhoriasedostestesquegarantemaprodutividadeeasegurança?

As respostas consideram não apenas os ativos críticos, as respectivasmanutenções e os requisitos legais,mas, também, a experiênciado cliente e aconfiabilidade, quesitos fundamentais para o desenvolvimento do negócio.Nessesentindo,faz-senecessáriolevaremconsideraçãoadeterminaçãodotipodemanutençãoescolhida,alémdaprocurademãodeobra,dadefiniçãoseháounãocritériosdesazonalidade(maioroumenorprodução),daverificaçãoseosferiadoseosfinsdesemananãoprejudicaramaexecuçãodasações,ouseja,aqui,deve-seenvolvertodaaequipe,paraquehajasincronizaçãonahoradeexecutaras tarefas.

2.7 INVESTIMENTO

Outro ponto importante é o planejamento financeiro, sem isso, nadaadianta ter uma estratégiademanutençãodefinida.Umamaneira que facilitaavidadogestoréterumSistemadeGestãodeManutençãoComputadorizada(CMMS).Essaimplementaçãoajudaaotimizarasaçõesdemanutenção,assimcomoaprodutividadedaequipe.Calcula-searelaçãoentreocustodemãodeobraeonúmerodeativos,para,então,determinarocustodemanutençãoporestratégia (valor/hora).Dessaforma,épossível justificaro investimentoparaamanutenção produtiva total da equipe.

2.8 ESTRATÉGIAS E TÉCNICAS VOLTADAS PARA A MANUTENÇÃO

As estratégias para o gerenciamento na manutenção passam poretapas e por ferramentas específicas para o retorno, a disponibilidade e odesempenhodoequipamento, chegandoàanálisedociclodevidadosativos.Aseguir,observaremosoitofaseseferramentasqueapresentamumasequênciade evolução de técnicas com focos específicos, como efetividade, eficiência,avaliação emelhoria,umaespéciedePDCA (Planejar, Fazer,Verificar eAgir)damanutenção,contribuindoparaoconhecimentodeestratégiasedetécnicasvoltadasparaamanutençãodeclassemundial.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

QUADRO 1 – MODELO DE GERENCIAMENTO E TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO

FONTE: Adaptado de Márquez (2007)

1ªFase–Estratégiadedefiniçãodeindicadores-chave

Para esta fase, Márquez et al. (2009) propõem o uso dos IndicadoresBalanceadosdeDesempenho(Balanced Scorecard – BSC)edosIndicadores-ChavedeDesempenho(Key Performance Indicators – KPI).OBSCéumaferramentausadaparadifundirestratégias,objetivos,medidas,metaseiniciativasaosmaisvariadosníveisdaempresa:dimensõesfinanceiras,cliente,aprendizadoecrescimentoeprocessosinternos(KAPLAN;NORTON,1997).Quantoàmanutenção,Márquez(2007) enfatiza a definição de indicadores-chave de desempenho e aponta oscustosdemanutenção(%)emrelaçãoàprodução.

2ªFase–Estratégiadedefiniçãodeativosprioritáriosemanutenção

Márquez(2007),naestratégiadedefiniçãodeatuaçãoprioritária,sugereautilizaçãodaMatrizdeCriticidade(Criticality Matrix – CM).Oriscoémensuradoepriorizadonarelaçãode frequênciaoudeprobabilidade (de1a4)versus de consequência(de10a50).Primeiramente,énecessáriaadefiniçãodopropósito,além do escopo da análise; em seguida, estabelecem-se os fatores de risco, arelativa importância e se decide o númerode nível de riscode criticidadedoativo. Finalmente, estabelecem-se todos os procedimentos para identificação eparapriorizaçãodosativoscríticos.Nota-sequeestimaracriticidadevariaparacadasistema,plantaounegócio.

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TÓPICO 2 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E POLÍTICA

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FIGURA 5 – MATRIZ DE CRITICIDADE

FONTE: Adaptada de Márquez (2007)

3ªFase-Estratégiadeintervençãoimediatanospontosfracosdemaiorimpacto

Nesta fase, Márquez (2007) propõe que, através da metodologia deAnáliseCausa-RaizdeFalhas(Root Cause Failure Analysis – RCFA), seja traçada aestratégiadeintervençãoimediatanospontosfracosdemaiorimpacto.Aqui,realiza-se uma análise investigativa em torno do problema (falha ou evento)discutidoe,consequentemente,damelhoralternativaderesolução.

4ª Fase - Estratégia de planejamento de planos e recursos da manutençãopreventiva

Na categoriade ativosAda análisede criticidade, buscandomelhorasdosníveisdeconfiabilidade,demanutenibilidadeededisponibilidade,Márquez(2007) aponta, como alternativas, a aplicação da Análise do Modo, Efeito eCriticidadedeFalhas (Failure Mode, Effect, and Criticality Analysis – FMECA), a ManutençãoCentradaemConfiabilidade(Reliability-Centred Maintenance – RCM) para a otimização das tarefas de manutenção, a padronização de tarefas de manutenção,aanálisededeficiênciadeprojetoearevisãocontínuadeFMECAedeRCM.JáparaacategoriadeativosC,osautoressugeremaplicaraAnáliseCausa-RaizdeFalhas(Root-Cause Failure Analysis – RCFA)eapadronizaçãodetarefas de manutenção.

5ªFase-Estratégiadedefiniçãodeplanopreventivo,otimizaçãodaprogramaçãoerecursos

Busca-se efetividade, além da eficiência das políticas de manutenção,viaplanosdemanutençãooudeprojeto.Na fase,é levadoemconsideraçãoohorizontedotempo.Paraaaplicaçãodepolíticasdelongoprazo,deve-secolocarferramentas de capacitação demanutenção, políticas de estoques de peças dereparosedeterminaçãodeintervalosdemanutençãoedesubstituição.Nomédioprazo,direcionam-seouplanejam-seescalasdemanutençãoportodoopisodaplanta.Acurtoprazo,érecomendadodisporderecursos,alémdetodoocontrole.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

6ªFase-FocoAvaliação:Estratégiadeavaliaçãoecontroledamanutenção

Márquez (2007) comenta que, através de técnicas ou de modelos deprevisão,comoAnálisedaConfiabilidade(Reliability Analysis – RA)eMétododoCaminhoCrítico (Critical Path Mehtod – CPM),épossíveldiscutirosbenefíciosdasdiferentespolíticasdemanutençãopassíveisdeutilizaçãoemtodaaplanta.Épossívelquantificarníveisdedesempenho,alémdesimularresultadosatravésdemodelosestatísticoscomrazoávelgraudeconfiança.Atravésdoplanoedameta,atividadesetiposdemanutençãopoderãoterprevistosecontroladososdesvios,buscandoatingirbonsindicadoresdedesempenho.

7ªFase-Estratégiadaanálisedociclodevidadosativos,otimizaçãoesubstituição

Calculam-se os custos dos ativos em toda a vida, incluindo custos,montante e a jusante (custos de investigação no decorrer de todo o ciclo devida),ouseja,custosdepesquisasededesenvolvimentodoprojeto,custosdeinvestimentos(aquisiçãoeconstrução)ecustosdeoperaçãoedemanutenção,atéchegaraoscustosderemoção.NatomadadedecisãocomaAnálisedoCustodoCiclodeVida(Life Cycle Cost Analysis – LCCA),épossívelcompararalternativasdeinvestimentos,políticasdemanutenção,estoquesdepeçasdereparos,temposdeoperação,temposdereparos,custosdecomponentesedecisõesdemanteroequipamento ou de substituir.

8ªFase-Estratégiademelhoriacontínuaeutilizaçãodenovastécnicas.

Paraessaestratégia,utilizam-senovastécnicasetecnologias.Comrelaçãoà manutenção, os níveis de conhecimento, as experiências e os treinamentossão importantíssimos.No caso, surgem técnicas que envolvemos operadores,focandonaManutençãoProdutivaTotal(Total Productive Maintenance – TPM).

Existem outras estratégias estudadas por diversos pesquisadores, porém, não entraremos em detalhes específicos. No entanto, o acadêmico que tiver interesse em se aprofundar um pouco mais no assunto, pode ler o artigo encontrado na seguinte referência:OLIVEIRA, F. P. Estratégia de manutenção: estrutura, ferramentas, benefícios/custos e melhoria contínua. 2020. Disponível em: https://www.pucpcaldas.br/graduacao/administracao/revista/artigos/v6n1/v6n1a3.pdf. Acesso em: 21 maio 2020.

DICAS

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Amanutençãopodeserencaradacomoumaestratégiaparaosucessoquandoévoltadapararesultadosempresariaisdaorganização;mantémafunçãodosequipamentosdisponíveisparaaoperação;reduzaprobabilidadedefalhase/ouparadas inesperadasdeprodução;deixadesersomenteeficienteparasetornareficaz.

• Nãobastaapenasfazerreparosnosequipamentosounasinstalaçõesomaisrápidopossível,épreciso,principalmente,manterafunçãodoequipamento,reduzindo a probabilidade de uma parada não planejada na produção.

• Existemdoisgrandesparadigmasnacronologiadotempo:noparadigmadopassado,ohomemdamanutenção se sentebemquando consegueexecutarumbomreparo.Jáohomemmodernodamanutençãosesentebemquandoconsegueevitarfalhas.

• A falha corresponde à perda da função de um equipamento. A condiçãode funcionamento de um equipamento pode ter critérios diferenciados,por exemplo, atualmente, a agressão ao meio ambiente pode impedir o funcionamentodoequipamento,tornando-seumacondiçãodefalha.

• Amanutençãoestratégicavoltadaparadisponibilidadeeconfiabilidadegeraaumentodadisponibilidade;aumentodofaturamentoedolucro;aumentodasegurançapessoaledasinstalações;reduçãodademandadeserviços;reduçãodoscustos;reduçãodelucroscessantes;eapreservaçãoambiental.

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1 AssinaleaalternativaINCORRETA:Adiversificaçãopodeserumaboaestratégia de desenvolvimento das empresas. As empresas procuramoportunidadesnomercadoparaimplementarumprocessodediversificaçãoquando:

a)() Ossegmentosdemercadoficamsaturadoscomosprodutos.b)() Nãoháoportunidadeparafazercrescerosnichosdemercado.c)() Têmdificuldadesematingirosobjetivoseasmetas.d)() Têmfacilidadeematingirosobjetivoseasmetas.

2 AssinaleVparaasafirmaçõesverdadeiraseFparaasafirmaçõesfalsas:

() Conservação,restauraçãoesubstituiçãodeelementosdemáquinassãooperaçõesdesnecessáriasnosprogramasdemanutençãodasempresas.

() Garantiraproduçãonormaleaqualidadedosprodutosfabricadossãoobjetivos da manutenção efetuada pelas empresas.

() Atrocadeóleoéumserviçoderotinanamanutençãodemáquinas.() Aresponsabilidadepelosserviçosderotina,namanutençãodemáquinas,

éexclusividadedosoperadores.() O desmonte completo de uma máquina só ocorre em situações de

emergência.() A checagem de ajustes é um serviço de rotina na manutenção de

máquinas.() Oregistrodoestadodeumamáquinaedosreparosnelaefetuadosfaz

parte dos programas de manutenção das empresas.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() F–V–V–F–F–V-V.b)() F–V–F-V–V–F–Vc)() F–F–F-V–F–F–Vd)() V–F–F-V–F–F-V

3 Uma boa estratégia de manutenção e de confiabilidade garante odesempenho da empresa e dos investimentos. Nessa perspectiva, aalternativaquemelhordefineconfiabilidadeé:

AUTOATIVIDADE

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a)() Realizaçãodeinspeçõesderotinaeconservaçãodeequipamentosembom estado.

b)() Correçãodosproblemaslogoqueelesaconteçam,paraevitarparadaslongas na produção.

c)() Adoção de técnicas de manutenção preventiva para evitar que asfalhasaconteçam.

d)() Probabilidadedequeumcomponente,máquinaouprodutofuncioneadequadamenteporumcertotempoesobascondiçõesestabelecidas.

4 Comorealizarumdiagnósticodefalhaemequipamentos?

5 Definaoqueémanutenibilidadeedisponibilidade.

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TÓPICO 3 — UNIDADE 1

ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

1 INTRODUÇÃO

Os novos tempos pelos quais passam as organizações empresariaisexigem, delas, a perseguição pela qualidade total nos processos executados enos produtos e nos serviços oferecidos. Números favoráveis em indicadores,comozerodefeito,lucratividade,produtividade,disponibilidadedemáquinaeaumentodacompetitividade,têm,comoconsequências,asatisfaçãoeafidelizaçãodosclientes.

Nos dias atuais, os objetivos da empresa são sempre relacionados aos

lucros,enãoseconseguemlucroscommáquinasquerealizamfunçõesvitaisquefalhameinterrompemtodoumprocessoprodutivo.Ummercadocomcrescentesexigênciasecompetiçãoacirradafazcomqueosgestoresdamanutençãodeixemdepercebê-lacomosomenteumcustoadicionalaoprocesso,epassemabuscaraevoluçãodaspráticasparaqueaproduçãonãosejaafetadaporparadas,porfalhaseporperdasnãoprevistas.

Agestãodamanutençãosofreu,aolongodosanos,grandestransformaçõesnonúmeroenadiversidadedeitensfísicosnasplantas,alémdousodeprojetoscadavezmaiscomplexos.Àmedidaqueasempresasaumentamabuscapelanecessidadedeumbomdesempenhodaprodução,quegerao surgimentodenovaspráticas,processoseferramentasemrelaçãoàmanutenção,oscrescentesbonsresultadosdeumamanutençãobemestruturadaemumgrandenúmerodeorganizaçõessãoamotivaçãoparaoutrasempresasseguiremomesmocaminho,tornandoacorretagestãodamanutençãoumobjetivoasealcançar.

Neste tópico, demonstraremos a utilização de algumas técnicas e de

ferramentasquefacilitamasmudançasconstanteseaaplicaçãodetecnologiasnãoapenasnaáreaoperacional,mas,também,nosprocessosgerenciais,paragarantiraltaprodutividade,buscandomelhoriacontínuanosprocessosdeanáliseedeelaboraçãodeestratégias.Portanto,neste tópico,seráestudadooCicloPDCA,alémdaspráticasdamanutençãomodernaedosassuntosenvolvendoauditoriadamanutenção, sistemasde controledamanutenção, custosdemanutençãoeíndicesdemanutenção.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

2 MÉTODO GERENCIAL DE CONTROLE DE PROCESSOS (PDCA)

OPDCA,conhecidocomo“Ciclo de Shewhart”,ou“Ciclo Deming”,surgiunoJapão,em1950.Éummétodogerencialdetomadadedecisãoutilizadoparagarantir o alcancedasmetas necessárias à sobrevivência deumaorganização,principalmente,emrelaçãoàquelasrelacionadasàsmelhorias,possibilitandoapadronizaçãodasinformaçõesdecontroledequalidadeeabaixaprobabilidadedeerrosnasanálises.Ocontroledosprocessoséexercidopormeiodociclo,ecorresponde ao seguinte: Plan (Planejamento),Do (Fazer), Check (Verificar) eAction (Atuar).

FIGURA 6 – CICLO PDCA

FONTE: Adaptada de Werkema (1995)

OCicloPDCA(Plan, Do, Check, Action)écompostopelasseguintesetapas:

• Planejamento (P): consiste em estabelecer os objetivos e as metas paraalcançarosresultados,deacordocomosrequisitosdoclienteeaspolíticasdasorganizações.

• Execução (D): diz respeito aprogramarosprocessos, ou seja, a executar astarefasexatamentecomofoiprevistonasetapasdeplanejamentoedecoletadedados.Sãoessenciaisaeducaçãoeotreinamentonotrabalho.

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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• Verificação (C): apartirdosdadoscoletadosnafasedeexecução,compara-seoresultadoalcançadocomametaplanejada.

• Atuação Corretiva (A): estaetapaconsisteematuarnoprocessoemfunçãodosresultados obtidos.

Conformeexplanadoanteriormente,oCicloPDCAconsisteemsolucionarproblemascomoobjetivodeatingirasmetasestabelecidas.Essametodologiadegestãoutilizaferramentas,deacordocomanaturezadecadaproblema.Emoutraspalavras, isso quer dizer as oito etapas do ciclo: identificação dos problemas,observaçãodoproblema, análiseda causaprincipal, planejamentoda açãodobloqueio,açãodebloqueio,verificaçãodaação,padronizaçãoeconclusão.Diantedisso,deve-serepetirocicloPDCA,objetivandocorrigirasfalhas,ocomintuitodemelhorar,deformacontínua,osistemaeametodologiadetrabalho.

FIGURA 7 – ETAPAS DO PDCA

FONTE: Adaptada de Bezerra (2014)

NodecorrerdautilizaçãodoCicloPDCA,poderáserprecisoempregarvárias ferramentas para a coleta, como o processamento e a disposição dasinformaçõesnecessáriasàconduçãodasetapasdoPDCA.Essasferramentassãodenominadasdeferramentasdaqualidade.Dentreasferramentasdaqualidade,as técnicas estatísticas sãode especial importância, porém, não adentraremos,aqui,emdetalhes.Algumasdessastécnicassãoseteferramentasdaqualidade:amostragem, análise de variância, análise de regressão, planejamento deexperimentos,otimizaçãodeprocessos,análisemultivariadaeconfiabilidade.

Seforemagregadasmaisinformaçõesaométodo,aschancesdesucessoda meta serão grandes, portanto, maior será a necessidade de utilização deferramentas apropriadas para coletar, processar e dispor essas informaçõesduranteogirodoPDCA.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

3 PRÁTICAS DA MANUTENÇÃO MODERNA

Amanutençãomodernafuncionaconformerepresentadoaseguir,sendoexemplificadaporumconjuntodeengrenagensemqueambasestãointerligadasparaqueoresultadosejaomelhorpossível.

FIGURA 8 – RELAÇÕES ESTRATÉGICAS DA PRÁTICA MODERNA DA MANUTENÇÃO

FONTE: Adaptada de Bezerra (2014)

Existem trêsprincipaispráticasquedevemser consideradasbásicasnamanutençãomoderna:Programa“5S”,“TPM”–ManutençãoProdutivaTotalePolivalênciaouMultiespecialização.

3.1 PROGRAMA 5S

Oprograma5Séumaformadegestãocriadaporjaponesesaplicadospororganizaçõesquepreservamumbomdesempenho.Antesdeserumaprática,eraumacultura,semaqual,dificilmente,teríamosumambientequeproporcionassetrabalhoscomqualidade.

Para Gonçalves (2015), a prática de bom senso pode ser ensinada,aperfeiçoada, praticada para os crescimentos humano e profissional, estandoligadaaohábito,aocostumeeàcultura.Oobjetivodessametodologiaésepararoqueénecessáriododesnecessário.Aseguir,veremosumexemplodeaplicaçãodaferramenta5S,ligadaàorganização,àlimpezaeàidentificaçãodosmateriais.

A ferramenta 5S é uma realidade espalhada pelas organizações, e,atualmente, existem programas com até 10S, sendo submetidas melhoriascontínuaseincorporadasnosprojetosiniciais.Aferramenta5Soferecevantagens

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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paraaempresa,comodisciplinaeeficiência,trabalho,eliminaçãododesperdício,racionamento,utilizaçãoeaproveitamentodoespaço,emuitasoutrasmelhoriasquecontribuemparaumambientesaudável.

FIGURA 9 – LAYOUT DE UMA FÁBRICA ANTES E DEPOIS DA APLICAÇÃO DA FERRAMENTA 5S

FONTE: Adaptada de Martins (2018)

Aspalavrasdo5Sgeramumaatitudeouumaposturaqueosfuncionáriosdevem seguir:

Seiri: Separação (consiste em eliminar o supérfluo): separar coisasnecessárias das que são desnecessárias, dando um destino para aquelas quedeixaramdeserúteisparaaqueleambiente.

FIGURA 10 – SENSO DE UTILIZAÇÃO

FONTE: Adaptada de Martins (2018)

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Seiton: Ordenamento: guardar as coisas necessárias, de acordo com afacilidadedeacessá-las,levando-seemcontaafrequênciadeutilização,otipoeopesodoobjeto,segundoumasequêncialógicajápraticada,oudefácilassimilação.Quandoseordenamascoisas,oambienteficamaisarrumado,maisagradávelparaotrabalhoe,consequentemente,maisprodutivo.

FIGURA 11 – ORDENANDO POR TEMPO CRONOLÓGICO PARA USO

FONTE: Adaptada de Martins (2018)

FONTE: Adaptada de Martins (2018)

Seiso: Limpeza:eliminarasujeira,inspecionandoparadescobrireatacarasfontesdeproblemas.Alimpezadeveserencaradacomoumaoportunidadedeinspeçãoedereconhecimento.Paratanto,édefundamentalimportânciaquesejafeita pelo próprio pessoal usuário do ambiente, ou pelo operador da máquina ou doequipamento.Oconceitotransmitidonesseterceirosensoéquelimpardeveserumatarefapresentenarotinadotrabalho,masonãosujardeveserumhábito.

FIGURA 12 – NÃO SUJAR DEVE SER UM HÁBITO

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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FONTE: Adaptada de Martins (2018)

FONTE: Adaptada de Martins (2018)

Seiketsu: Asseio (padronização, saúde, aperfeiçoamento): conservarahigiene, tendo cuidadoparaqueos estágiosdeorganização,deordemedelimpezajáalcançadosnãoretrocedam.Issoéexecutadoatravésdapadronizaçãodehábitos,denormasedeprocedimentos,comosensodesaúdeehigiene.

FIGURA 13 – PRÁTICAS DE SAÚDE, HIGIENE E SEGURANÇA

Shitsuke: Disciplina (autocontrole, educação): cumprir rigorosamenteas normas e tudo o que for estabelecido pelo grupo.A disciplina é um sinalde respeitoaopróximo.Cada censovisadelinear técnicas eficientes e eficazesvoltadasàreduçãodecustos,àotimizaçãoderecursosmateriais,tecnológicosehumanoseaocombatededesperdícios.

FIGURA 14 – SENSO DE AUTODISCIPLINA

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Como dito anteriormente, muitas empresas implantam não somente os cincoprincípiosnoProgramados5S,mas,também,oShido quesignificatreinarnabuscaconstantedecapacitaçãodopessoal;oSeisonbuscaaeliminaçãodasperdas; e o Shikari Yaro realizatudooquefoiplanejadocomdeterminaçãoeunião.

Algunsautores,comoSilva(2013),conceituamaferramenta5Ssendoabuscaporreduzirperdaseotimizaraqualidadeeaprodutividadeatravésdamanutençãodeordemnolocaldetrabalho,usandoindicaçõesvisuaisparaobterresultadosoperacionaismaisconsistentes.

Cadaorganizaçãodevecuidar,dasuamaneira,parautilizarossistemasdegestãodequalidade,issoquerdizer,deacordocomoobjetivofinaleotipodeprodutooudeprocesso,visandoperdazeroelucratividade.

Umaspecto importante équea ferramenta5Sdeve ser inserida coma

participação e o envolvimento de todos os níveis hierárquicos.A experiênciaindicaque,pormaioresque sejamos esforçosdos escalões inferiores,quandooprogramanãoéabraçadopelaaltaadministração,aschancesdesucessoedeperenidade são baixas.

3.2 MANUTENÇÃO PRODUTIVA TOTAL (TPM)

ATPMseiniciounosEstadosUnidosem1950,masfoicomaevoluçãodosistemademanutençãodaproduçãoqueasindústriasjaponesasimplementaramessaferramentaapartirde1971,naNipponDenso (pertencenteaogrupoToyota).OsconceitosforamtrazidosparaoBrasilem1986.Tem,comoobjetivo,aeficáciadaempresaatravésdagrandequalificaçãodaspessoas,alémdosmelhoramentosintroduzidos nos equipamentos.

OsconceitosbásicosdaTPMsãoareformulaçãoeoprogressodaestrutura

empresarialcomareestruturaçãoeamelhoriadaspessoasedosequipamentos.APMéumaestratégiasimpleseumapráticadeenvolvimentodosoperadoresdosequipamentosnasatividadesdemanutençãodiária, como inspeção, limpezaelubrificação,comoobjetivodeevitaradeterioraçãodosequipamentos,detectandoetratandodasanomaliasemumestágioinicial,antesquegeremfalhas.

ATPMdeveadaptaroperfildosempregadosatravésdetreinamentosedecapacitação,ouseja,osoperadoresdevemrealizarasatividadesdemanutençãodeformaespontânea(lubrificação,regulagens,limpeza).Opessoaldamanutençãoexecutatarefasnaáreadamecatrônica,eosengenheirosdevemplanejar,projetare desenvolver equipamentos que não exijam manutenção.

ATPMsebaseiaem5(cinco)princípios:

• Maximizaçãodorendimentooperacionalglobaldosequipamentos.• Enfoquesistêmicoglobal,emqueseconsideraociclodevidadoequipamento.

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• Participaçãoeintegraçãodetodososdepartamentosenvolvidos.• Envolvimentoeparticipaçãodetodososníveishierárquicos.• Movimentomotivacionalparaotrabalhoemgruponaconduçãodeatividades

voluntárias.

ATPMbuscaeliminaras6(seis)grandesperdasquediminuemaeficiênciado sistema produtivo:

• Perda por quebra.• Perdapormudançadelinha(ajustenaspreparações).• Perdasporoperaçãoemvazio/pequenasparadas.• Perdapordiminuiçãodavelocidade.• Perdadecorrentedefalhanoprocesso.• Perdanapartida(iníciodaoperação).

Paraatingiraeficiênciaprodutiva,aTPMestáapoiadaemoitopilares.Osoitospilaressãobasessobreasquaisumprogramaconsiste,envolvendotodaem-presanasprincipaismetas.Gonçalves(2015)defineospilaresdaseguinteforma:

• PrimeiroPilar:Manutençãoautônoma(Jishu Hosen).Oobjetivoéamelhoriadaeficiênciadosequipamentos,desenvolvendoacapacidadedosoperadoresparaaexecuçãodepequenosreparosedeinspeções,mantendooprocesso,deacordocompadrõesestabelecidos,antecipando-seaosproblemaspotenciais.

• SegundoPilar:Manutençãoplanejada.Consistenaconscientizaçãodasperdasdecorrentesdasfalhasdeequipamentosenasmudançasdementalidadedasdivisõesdeproduçãoedemanutenção,minimizandoasfalhaseosdefeitoscomomínimocusto.

FIGURA 15 – PILARES DA TPM

FONTE: O autor

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

• Terceiro Pilar: Melhorias específicas, ou seja, individuais (Kobetsu-Kaizen).Atividadequeserveparaerradicar,deformaconcreta,asoitograndesperdasque reduzem o Overall Equipment Effectiveness (OEE)doequipamento,ouseja,comaeliminaçãodasperdas,melhora-seaeficiênciaglobaldoequipamento.Atravésdesse indicador, épossívelverificar seautilizaçãodoequipamentoestá sendo plena.

• QuartoPilar:Educaçãoetreinamento.Oobjetivodessepilarépromoverumsistemade capacitação para todos os funcionários, tornando-os capacitadospara desenvolverem atividades com responsabilidade e segurança, ou seja,promovendo um ambiente de trabalho saudável, desenvolvendo novashabilidadeseconhecimentosparaopessoaldamanutençãoedaprodução.

• QuintoPilar:Hinshitsu Hozen, expressão japonesa quer dizer manutenção da qualidade. Compreende as atividades que se destinam a definir condiçõesdo equipamento que excluam defeitos de qualidade, com base no conceitodemanutençãodo equipamento emperfeitas condiçõespara quepossa sermantida a perfeita qualidade dos produtos produzidos.

• SextoPilar:Controleinicial.Consistenasatividadesquevisamàreduçãodasperdasdoperíodoentreodesenvolvimentodoprodutoeoiníciodaproduçãoplenaeaconsecuçãodoefetivodesenvolvimentodoprodutoeinvestimentosemequipamentosparahavero inícioverticaldaproduçãoplena.Consolidatodaasistemáticaparaolevantamentodasinconveniências,dasimperfeiçõesedasincorporaçõesdemelhorias,mesmoemmáquinasnovaseatravésdosconhecimentosadquiridos.Éprecisosetornaraptoaelaborarnovosprojetos,nosquaisvigoremosconceitosdeprevençãodamanutenção.

• Sétimo Pilar: Administrativo, isso quer dizer, é necessário que todas asatividadesdaorganizaçãosejameficientes.Osetoradministrativoéresponsávelporconduziroprogramaeporformarasequipesdemelhoriasparaatuaremnasresoluçõesdosproblemas,utilizandoaMetodologiadeAnálisedeSoluçãodeProblemas(MASP).Diantedisso,asprincipaisperdas,quegeramparadasnoprocesso,sãoanalisadas,eospossíveisganhossãocontabilizados.

• Oitavo Pilar: Segurança, saúde emeio ambiente, é responsável pormanteroindicadordeacidentezero,doençasocupacionaiszeroedanosambientaiszero,alémdeproporcionarumsistemaquegarantaapreservaçãodasaúdeedobem-estardosfuncionáriosedomeioambiente.

Conforme Tavares (1999), a implantação da TPM deve ocorrer em 12etapas:

• 1ª-Comprometimentodaaltagerência.• 2ª-Campanhadedifusãodométodo.• 3ª-Definiçãodoscoordenadores.• 4ª-Definiçãodapolíticabásica.• 5ª-Elaboraçãodoplano-piloto.• 6ª-Iníciodaimplantação.• 7ª-Treinamentodeoperadores.• 8ª-Preparaçãodosprocedimentos.• 9ª-Estruturaçãodosetordemanutenção.

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• 10ª-Desenvolvimentoecapacitaçãodopessoal.• 11ª-Mediçãodosresultados(“follow-up”).• 12ª-Implantaçãocompleta,auditoria.

Ao contrário do que muitos acreditam, a TPM é um sistema degerenciamentodaproduçãoemqueoprincipalpapeldamanutençãoétreinaros operadores nas ações preventivas. Esse programa também evita perdas detempo,dinheiroetrabalho.AsprincipaisproposiçõesdaTPMsãoevitarperdasporquebrasdeequipamentos,pordemoranatrocademoldesederegulagens,espera,reduçãodevelocidadeemrelaçãoaopadrãonormal,defeitonaproduçãoequedanorendimento.AideiapropostapelaTPMé,quandoamáquinaquebra,vê-seapenasapartevisíveldafalha,oumelhor,essafalhavisívelécausadaporumasériedefalhasinvisíveis.

3.3 POLIVALÊNCIA OU MULTIESPECIALIZAÇÃO

Omercado atual exige a necessidade de que os trabalhadores tenhamdisposiçãoe forçadevontadeparadescobrirnovashabilidadesparaaprendernovas técnicas. Levando para o lado competitivo, as empresas têm que estarsemprebuscandonovasalternativasparaficarmaiscompetitivas,porsuavez,otrabalhadortambémtemqueestaremconstantesmutações.

Paramanter os empregos, trabalhadores, ou empregabilidades, devemterconhecimentosqueomercadoexige.Devemadotarumapostura,buscandofortalecer as habilidades interpessoais e possuir compreensão global de comoasempresassesituamnomercado.Portanto,o trabalhadordeveestarsemprebuscandomudar hábitos e adquirir um conjunto de novas habilidades, comodisposiçãoeforçadevontadeparadescobrirnovashabilidades;terconhecimentoorganizacional; conhecimento de computação; habilidades interpessoais;aumentodoespíritointerpreneurial;eatitudesproativas.

Paraatingiramanutençãoclassemundial,nãobastaqueasorganizaçõesmelhoremosindicadoresempresariais,poisprecisamevoluirmaisrápidodoqueosconcorrentesparapassarnafrente.

A alta direção é consciente e valoriza o significado damanutenção naobtenção dos objetivos da organização:

• Háoestabelecimentodamissãodamanutenção.• Mantémaconstânciadosobjetivos.• Épaciente.• Éfocadanocliente.• É proativa.• Utilizaaanálisedaraizdascausas.• Trabalhacomoumtime.• Quebraastradicionaisbarreirasinterdepartamentais.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

• Ooperadordaprodução,treinado,participadamanutenção.• Incrementaapolivalência.• Hátreinamentocontínuo.• Ainformaçãoécompartilhada.• Utilizaobenchmarking.• Incrementacontínuasmelhoriassempre.• Ohomemémaisimportantedoqueatecnologiaouossistemascomputacionais.• Ademissãodepessoassomenteocorreemúltimahipótese.• Utilizaferramentasestatísticasnamanutenção.• Promove a automotivação.

Ações proativas das equipes de manutenção em relação às falhas sãocadavezmaiores,tendendoatornarogerenciamentodamanutençãoalgomaiscientíficoeprevisível.Portanto,ogerenciamentodamanutençãomodernadeveestar sempredirecionadoaosprincípioseaosobjetivosdaempresa,buscandoestar focado nos novos métodos e nas ferramentas que podem auxiliar nogerenciamento. O homem da manutenção deve estar sempre buscando oaperfeiçoamentocontínuo,focadonapolíticadaempresa.

Aconduçãomodernadamanutençãocomonegóciorequerumamudançaprofundadementalidadeedepostura,eagerênciadeveestarsustentadaporumavisãodefuturoeregidapormodernosprocessosdegestãoparaasatisfaçãoplenadosclientes.

4 AUDITORIA NA MANUTENÇÃO

Asauditoriasdemanutençãosãoexamescuidadososesistemáticosdasatividadesdesenvolvidaspela empresa.Oobjetivo éverificar se as atividadesestão sendo executadas conforme planejadas e estabelecidas previamente, seforam implementadas com eficácia e adequadas conforme à consecução dosobjetivos.

Aauditoriaéconsideradaumadasmaisimportantesfunçõesdosistemadequalidade,pois,atravésdela,pode-seaferiraeficáciadosistema.Apalavraauditarsignificaoatodeefetuaroucumprirumaauditoria,ouseja,éoatodeverificarumprocessocomumaanálisedasevidênciasecomosfatosencontrados.Éumprocessobemorganizado,seguindoumadisciplinabemdocumentadaparagerarprovasouevidênciasdequeoprocessoestásendorealizadodentrodospadrões.Normalmente,éapresentadomaisdeumobjetivo,ouseja:determinara conformidadeounãoconformidadedoselementosdo sistemadaqualidadecom requisitos especificados; determinar a eficácia do sistema da qualidade,implementandonoatendimentodosobjetivosdaqualidadeespecificados;prover,aoauditado,aoportunidadeparamelhorarosistemadaqualidade;conferirsehá atendimento aos requisitos regulamentares; e permitir o cadastramentodosistema da qualidade da organização auditada em um registro.

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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A empresa deve estabelecer, documentar e manter um sistema daqualidadedeformaqueassegureaconformidadecomrequisitosespecificados.A documentação, que sustenta o sistema da qualidade, deve ser definida emummanualdaqualidade,oqualdevereferenciarosprocedimentosescritosquefazem parte do sistema.

Asauditoriaspodemserexecutadasdaseguinteforma:internamente,por

pessoasdaprópria empresa;organizações externas, com interessena empresacomofornecedoroucliente;eorganizaçõesexternas,seminteressenaempresa,apenascomoobjetivodeconstataroestado.

Essasauditoriasseclassificamquantoàorganizaçãodaempresaauditadaouàclassificação:

• Quanto à organização da empresa auditada: podem ser externas, sendorealizadas por uma empresa independente, ou internas, sendo realizadas pela própria empresa auditada.

• Quantoàfinalidade: sãoclassificadascomoauditoriasdesistema,avaliandotodos os requisitos preestabelecidos pelo sistema de qualidade. Auditoriade processo, que dá ênfase à verificação dos procedimentos de execução ede controle da qualidade.Auditoria de produto, que dá ênfase ao produtoacabado.

Namanutenção,asauditoriasdevemverificar todososprocedimentos,sejam administrativos, de segurança, de preservação, de proteção do meio ambienteedepreservaçãodasaúdedosmanutencistas.

O planejamento da manutenção é uma ferramenta estratégica tãoimportanteque,alémdeauxiliarnogerenciamentodamanutenção,tambémédegrande utilidade para atuar no planejamento das auditorias.

Oresponsávelporauditarosetordemanutençãodeveterconhecimento

doprocessoedasnormasdaempresa.Oauditado,porsuavez,tambémdeveconhecertodooprocessoeasnormas,nãopodendoestabelecernormaspróprias.

Oauditorprecisaconhecerperfeitamenteosobjetivosdaauditoriaparaque possa executar a atividade commais acerto do que apenas verificar se odepartamentoobtémadevidaaprovaçãoparaasordensdecompra.Oauditoréoprofissionalqueefetuaaavaliaçãodosistema,seguindoasregrasestabelecidas,tendo, como atributos, as seguintes características: conhecer o assunto queserá examinado ou testado na sua conformidade; conhecer os procedimentosestabelecidos,evidenciandoseoprocesso,emtese,foicumprido;saberjulgarseoqueestásendoexpostoestácorreto;saberverificarseoprocedimentodiscrepante,oraemuso,prejudicaosistema;saberouviroqueestásendoexposto;saberseguirosprocedimentos,disciplinadamente;seréticoelealcomaauditoria;serobjetivo;serpaciente,nãopressionandooauditado;sabertransmitircompropriedadeoquedeseja;serdiscretoesóbrioaotrabalhar.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

O auditor deve estar preparado para enfrentar certas situações commaturidadeecomdesenvoltura.Osauditoresprecisamconheceroobjetivodaauditoria,os controlesdosprocessos,asdiretrizes,aorganização,os sistemas,osmétodos,asinstruções,osorçamentos,osrelatórios,ospadrõesdequalidade,o público-alvo, as causas, as consequências e se comunicar com todos osprofissionaisenvolvidos.

Paraqueoauditordesenvolvaumbomtrabalho,deveavaliarosseguintespontos:

• Custos.• Organização.• Quadrodepessoal.• Programas de treinamento para o pessoal.• Usodeordensdeserviçooudeordensdetrabalho.• Planejamentoeprogramaçãodostrabalhos.• Programa de manutenção preventiva.• Usodetécnicasdemanutençãopreditiva.• Atendimentodamanutençãocorretiva.• Almoxarifadoeferramentaria.• Relatórios de manutenção.• Informatização e automatização do sistema de manutenção.• Tratamentodadoaocliente.

Duranteoplanejamento,devemserdefinidososequipamentoscríticosdaempresa, que podem ser subdivididos da seguinte forma:

• ClasseA:sãoequipamentosque,quandosujeitosa falhas,podemocasionarriscosaoserhumanoeaomeioambiente,podendoservitaisparaoandamentodoprocesso.

• ClasseB: sãoequipamentosque,quandosujeitosa falhas,podemocasionargraves perdas de produção.

• ClasseC:sãoequipamentosque,quandosujeitosafalhas,geramapenascustosde reparo, não devendo entrar no plano de manutenção preventiva.

5 SISTEMAS DE CONTROLE DE MANUTENÇÃO

Com a tecnologia avançada, atualmente, é muito comum que osequipamentosoosprogramassetornemmaisevoluídos,baratoseacessíveis.

Nomomentoemqueatecnologiasetornoumaisacessível,asorganizações

empresariais foram se automatizando, a fimde atender a umademanda que,muitasvezes,erasuperioràcapacidadedessaequipe.

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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Até1970,ossistemasdeplanejamentoedecontroledamanutençãoeramtodosmanuais.Ospoucossistemasinformatizadosparaoplanejamentoeparaocontroledamanutençãoeramcriadospelasprópriasempresasaté1983.Porvoltade1993,jáexistiammaisde30empresasoferecendosoftwaresparaaáreade manutenção.

Seguindo recomendações do sistema de controle de manutenção, énecessárioiniciaroprojetodecoletadedadospelaidentificaçãodoselementosquecompõema instalação industrialoudeserviços,ouseja,osequipamentosque compõem a instalação deverão ser identificados e registrados através deformuláriosoudetelaspadronizadas,quepossibilitemoacessorápidoaqualquerinformação,possibilitandocomparareanalisarcondiçõesoperativas.

Ocontroledamanutençãoéutilizadoparaharmonizartodososprocessosque interagem entre si, assim, deve-se permitir a realização de determinados recursosparasaber,porexemplo,osserviçosqueserãofeitos;quandoosserviçosserãofeitos;qualseráocustodecadaserviço,ocustoporunidadeeocustototal;quemateriaisserãoaplicados;equemáquinas,dispositivoseferramentasserãonecessários.

Tratando-se da programação de manutenção desenvolvida, esta, por sua vez, pode ser subdividida em módulos, para atualização de tabelas de programação, instruções de manutenção, programa-mestre de manutenção,alémdaemissãodelistagensdeprogramação,listagensdeordensdeserviçoelistagens de serviços não programados.

Ossoftwaresdisponíveisnomercadoseguemasseguintesetapasparaocontroleeoplanejamentodamanutenção:

• Processamentodassolicitaçõesdosserviços.• Planejamento dos serviços.• Programação dos serviços.• Gerenciamentodaexecuçãodosserviços.• Registrodosserviçosedosrecursos.• Gerenciamentodoequipamento.• Administraçãodacarteiradeserviço.• Gerenciamentodospadrõesdoserviço.• Gerenciamentodosrecursos.• Administraçãodosestoques.

Ossistemasdisponíveisdevempermitiraemissãodelistagensordenadapelonomedoequipamentooudocomponente,pelocódigo,pelassemanasoupor outra ordenação desejada pelo usuário. Além disso, os usuários podemefetuarconsultasparaaobtençãodedadostécnicosemtemporeal,apartirdeumterminalnaoficina,enquantoexecutamamanutençãodoequipamento.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Razõesparaqueumaempresabusqueinformatizarogerenciamentodamanutenção:

• Melhorar a qualidade da manutenção, aumentando a vida útil dos

equipamentos.• Detectarfalhasrepetitivasnosequipamentos.• Reduzircustoscomparadasdemáquinasnãoprogramadas(lucrocessante).• Planejar,deformaeficaz,asmanutençõessemanais,mensaiseatuais.• Reduzir os estoques de peças de reposição e materiais. • Aumentaraprodutividade.• Aplicar novas técnicas para a atuação dos trabalhadores na manutenção,motivando-osaumaprofissionalizaçãonasfunções.

• Racionalizarepadronizarosprocedimentosnoplanejamentodamanutenção.• Agilizar os sistemas de informação, possibilitando as tomadas de decisõesrápidaseprecisas.

• Obter histórico atualizado de máquinas e de equipamentos, com registrostécnicoeeconômico.

• Avaliarecontrolaroscustoseosprazosdegarantiadosequipamentos.• Adequar-seàsnormaseaospadrõesdequalidadeexigidospelosórgãosdeclasseegovernamentais.

• Garantiromelhorparaaempresa.

Oprogramademanutençãodeveserbemelaboradoedetalhado,afimdenãodeixardúvidasparaousuáriodosoftware.

Caberessaltarqueodesenvolvimentodossoftwaresnãoérealizadopelasempresas,devidoaocustomuitoalto.Alémdisso,demandamuitotempoparaaelaboraçãodoquecomprarnomercado.

6 CUSTOS DE MANUTENÇÃO

Nopassado,quandosefalavadoscustosdemanutenção,amaioriadosgestoresacreditavaqueeraimpossíveltercontrolesobreoscustosdaatividade.Paraeles,oscustosdemanutençãovinculavamoprodutofinal,eamanutençãoemsitinhaumcustomuitoalto.

NoBrasil,asafirmaçõeserammuitointuitivas,desdequeamensuraçãodos custos erameramente contábil, ou seja, não existiam indicadores técnico-gerenciais que fossem representativos. Por outro lado, alguma verdade seescondiasobasafirmações,poisaperformanceglobaldeixavaadesejar.

Paramanteradisponibilidadedosequipamentos,éprecisoutilizarpeçasdereposição,materiaisdeconsumo,energia,gerenciamentoeexecução,serviçossubcontratadoseoutrosrecursos.Portanto,éimportantedistinguiroscustosdemanutenção dos investimentos.

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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Oscustosdemanutençãosãoclassificadosem:

• Custosdiretos:sãoaquelesnecessáriosparaamanutençãodosequipamentosemoperação,incluindomanutençãopreventiva,lubrificaçãoeinspeções.

• Custosdeperdadeprodução:sãooscustosoriundosdeperdadeprodução,causadosporfalhaouporavariadoequipamento.

• Custos indiretos: estão relacionados à estrutura organizacional e de apoioadministrativo, custos com análise e estudos de melhoria, engenharia demanutenção e supervisão.

Comrelaçãoaoscomponentesdecustodiretodamanutenção:

• Custosdemãodeobra:mão-de-obraprópria,númerodehorasalocadasaoserviçoxsaláriomédiomensal,incluindoencargossociais.

• Custos de materiais: sobressalentes (custo da peça aplicada que pode serdadopelanotafiscal,seacompraforparaaplicaçãoimediata)emateriaisdeconsumo(óleo,graxa,produtosquímicos,lixaesimilares).

• Custos de serviços de terceiros: são serviços comprados externamente erealizadosporterceiros.

O planejamento da manutenção é a base para o dimensionamentocorretodosrecursosmateriais,damãodeobraedosserviçossubcontratados.Oplanejamentodamanutençãotem,comofinalidade,buscaropontodeequilíbrioentremanutençãopreventivaXquebrasdemáquinas,poisseaumentaronúmerodemanutençõespreventivas,automaticamente,oscustosdemanutençãotambémdevemaumentar.Sediminuirmosdemaisasmanutençõespreventivas,teremosmais quebras, o que, consequentemente, aumentará os custosdemanutenção,tendo em vista que mais manutenção não significa melhor manutenção. Arecomendação é que o acompanhamento dos custos demanutenção seja feitoatravésdegráficosdefácilvisualização,mostrandoosseguintesaspectos:previsãodecustosmêsamês,realizaçãodoquantofoigastoemcadamês;realizaçãonoano anterior ou anteriores; e benchmarking:qualareferênciamundialemtermosdecustoseminstalaçõessemelhantes?

Épossívelquequalquerempresatenhaoportunidadedereduzircustosdemanutenção,entretanto,algunsgerenteslevamessasreduçõesdecustoslongedemais,eacabamcomprometendoacapacidadeprodutivadaempresa.Nessesaspectos,existeminstruçõesparaareduçãodoscustosdemanutenção:

• Praticaraprevençãodamanutenção.• Melhorarosequipamentoseamanutenção.• Reverascondiçõesdeoperaçãodosequipamentos.• Promover uma grande cooperação entre as equipes de manutenção e de

produção.• Avaliarapossibilidadedesubstituirosequipamentosmaisantigosporoutros

mais novos.• Introduzirmelhoriasnoprocessodemanutenção.

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

• Padronizarosequipamentos,oscomponenteseaspeças.• Considerarapossibilidadedeterceirizarserviços.• Melhoraraqualidadedacompradepeçasedemateriais.• Evitarestoquesexcessivosdepeçasemateriais.• Trabalharparareduzirasfalhasdosequipamentos.• Controlar rigorosamente o orçamento da manutenção.• Promover o treinamento do pessoal da manutenção.

7 INDICADORES DE MANUTENÇÃO

Paraumsistemadecontroledamanutençãosereficienteeeficaz,tornam-senecessáriasinformaçõesdedesempenhosobaformaderelaçõesoudeíndices.

Tais indicadoresdeverãoserutilizadospara indicarospontos fracose

paraidentificarospossíveisproblemasqueestãocausandoresultadosindese-jáveis.Assim,os indicadoresdemanutenção traduzemocomportamentodosequipamentosedossistemasdeproduçãofrenteaaçõesdemanutenção.Algunsdesses indicadores serão estudadosaqui e relacionamos temposdemáquinafuncionandoentreintervenções,númerodeintervençõesetempoparareparo.

Éimportanteteremmentequenãosegerenciaoquenãosemede.Ainda,não semedeoquenão sedefine,não sedefineoquenão seentende,nãohásucessonoquenãosegerencia.

Somente os indicadores permitem acompanhamento e correçõesnecessáriasquandosetemfoconoresultado.Estessãoutilizadosparaatomadadedecisão.

FIGURA 16 – PROCESSO ELITIZANDO INDICADORES PARA A TOMADA DE DECISÃO

FONTE: Adaptada de Rodrigues, Lima e Barbosa (2017)

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TÓPICO 3 — ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E CONTROLE

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Existemdiversostiposdeindicadores,como:

• Indicadoresestratégicos:Informamo“quanto”aorganizaçãoseencontranadireçãodaconsecuçãodavisão.Refletemodesempenhoemrelaçãoaosfatorescríticosparaoêxito.

• Indicadoresdeprodutividade (eficiência):medemaproporçãodos recursosconsumidosemrelaçãoàssaídasdosprocessos.

• Indicadores de qualidade (eficácia): focam nas medidas de satisfação dosclientesenascaracterísticasdoproduto/serviço.

• Indicadoresdeefetividade(impacto):focamnasconsequênciasdosprodutos/serviços.Fazeracoisacertadamaneiracerta.

• Indicadoresdecapacidade:medemacapacidadederespostadeumprocessoatravésdarelaçãoentreassaídasproduzidasporunidadedetempo.

Entrandonofocodamanutenção,pode-seafirmarqueosindicadoresdeperformancepermitemgerenciaramanutençãodemodoeficaz,maséclaroqueestesdevemestarsintonizadoscomosobjetivosdaempresa.

7.1 TEMPO MÉDIO ENTRE FALHAS - MTBF

OTempoMédioEntreFalhas(Mean Time Between Failures -MTBF)refletea frequência de intervenções no equipamento durante determinado tempoespecífico.

Otempo total trabalhadoédefinidocomoo totaldo tempoemquese

deveriaestarproduzindo,ouseja,englobaotempoemque,efetivamente,houveproduçãomaisotempodeparadanãoplanejadadoequipamento.AEquação1apresentaráocálculodoMTBF:

(1)

(2)

Ttotal =Tempototaltrabalhado(emminutosouhoras)n=Númerodeintervenções

7.2 TEMPO MÉDIO PARA REPAROS - MTTR

OTempoMédioParaReparos(Mean Time To Repair -MTTR)éotempoemqueoequipamentodeixadeoperar,devidoaumaaçãorelacionadaàmanutenção.AEquação2mostrarácomocalcularoMTTR:

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UNIDADE 1 — CONCEITOS, ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DA MANUTENÇÃO

Tnpman=Tempototaldeparadasnãoplanejadasdevidoàmanutençãon=Númerodeintervenções

7.3 DISPONIBILIDADE – DISP

Adisponibilidadeéumindicadormuitoimportanteparaamanutenção.Asperdasporfalhasnosequipamentossãoenormes,eoobjetivodamanutençãoépropiciaramáximacontinuidadeoperacional.ODISPpodeserdefinidocomoaprobabilidadedeumdeterminadoequipamentoestardisponívelparaoperarquandonecessário.Dessaforma,otempoindisponívelretrataotempototalqueamanutençãoimpediuquehouvesseproduçãoemdeterminadoperíodo.

Parafinsdecálculosdadisponibilidade,divide-seMTBFpelasomados

temposMTBFeMTTR,mostrandoototaldetempoqueoequipamentoesteveindisponível devido a uma ação damanutenção, ou seja, do total trabalhado,o quanto que a manutenção afetou a disponibilidade do equipamento e, por consequência,aprodução.AEquação3mostraráocálculoaserfeito:

(3)

MTBF=TempoMédioEntreFalhasMTTR=TempoMédioParaReparos

Existem outros indicadores utilizados para o planejamento baseado no índice de desempenho, porém, para este livro, não entraremos em maiores detalhes. O acadêmico que estiver interessado em se aprofundar um pouco mais nessa ferramenta muito utilizada nas grandes corporações deverá ler MEGIOLARO, M. R. O. Indicadores de manutenção industrial relacionados à eficiência global de equipamentos. 2015. Disponível em: http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/8109/1/PB_COELT_2015_1_09.pdf. Acesso em: 28 maio 2020.

DICAS

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LEITURA COMPLEMENTAR

CONTRIBUIÇÃO DA MANUTENÇÃO ESTRATÉGICA PARA A SUSTENTABILIDADE

AlessandroCamposCarlosRobertoCamelloLima

Resumo: A sustentabilidade, ultimamente, tem sido aplicada em todos os setoresprodutivos,dentreeles:oshospitalares,os industriais,ossociaisetc.Elasecaracterizacomopráticasustentávelàmanufaturaenxutaemdeterminadoprocessoprodutivo,aoprincípiosustentávelemplantaindustrial,àpráticadamanutençãoestratégica,sendoqueautilizaçãodessesistemapodegerarmelhoreficiênciaoperacional,buscandoeliminaramáutilizaçãodosequipamentosapresentadospelo sistema, comoosdesperdíciosporparadasouesperasnatrocaounacorreçãodeerros.Aaplicaçãodemanutençãobusca,principalmente,evitaressescontratempos,principalmente,seodesperdícioestiversendocausadopordefeitonosequipamentos,mantendoacontinuidadedoprocessoprodutivoeoprincípiodasustentabilidade.

INTRODUÇÃO

Nabuscaporqualidadedevida,a sustentabilidadepassouasignificardiferentesconceitossobaóticadasdiversasfunçõesenvolvidasnossistemasdeproduçãoemdiversossegmentos.Nocampodemanutençãodeequipamentos,a sustentabilidade passa a significar processos e procedimentos como intuitode fornecer auxílio ao bom funcionamento de equipamentos e à capacidadeprodutiva.Essadefiniçãosignificaqueoequipamentodeveestarsempreprontoparaproduziraquantidadecomaqualidadepropostadedeterminadoprodutocontinuamente.

Segundo Chaves Filho (2010), o termo sustentabilidade pode estarrelacionadocomaproduçãoenxuta,naqualagrandemaioriadaspessoaspensano sistemaprodutivo como suporte à preservaçãodosmateriais naturais, pormeiodareduçãodousodamatéria-primaoudomenorgastoenergéticocomaestabilidadesocioeconômica,oferecendooportunidadesparageraçõesfuturas.

Na mesma linha de pensamento, a produção enxuta, a manutençãoestratégicaeasustentabilidadedevemseguiraparelhadasnoprocessoprodutivo,poisamanutençãodeveseraplicadaparaobomfuncionamentonamanufatura,sendoque,emalgumasorganizações,estãosendoaliadasascaracterísticasdosprincípiossustentáveisparaafugentarapossibilidadedotempodeinatividadeinesperado,evitandooscustoselevados,minimizandoageraçãoderesíduoseaumentando a qualidade produtiva.

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Diantedasconsiderações,opresenteartigotem,comoobjetivo,apresentaras propriedades das técnicas de manutenção em companhia das práticas,conformeosprincípiosdasustentabilidade.

Revisão bibliográfica

Grandevariedadedeinstrumentosparagestãodemanutençãoéutilizadanossistemasorganizacionais,aManutençãoPreventivaTotal(TPM),aQualidadeTotaldaManutenção(TQM),aManutençãoCentradaemConfiabilidade(RCM),dentre outras ferramentas.Ouso correto gera excelentes resultados,mas, porseremferramentas,asutilizaçõesaleatóriasnãotrazembonsresultados.

[...]

Kardec(2002)afirmaquecompetitividadenãopodesercomparadaaumacorridade100metrosrasos,masdevesercomparadaaumamaratona,poisumamanutenção adequada pode garantir desenvolvimento sustentável a médio ealongoprazos.Sugerequeissodeveserexecutadoporequipemultifuncional,comexperiênciaempresarial,comverificaçãodeprocedimentosoperacionaisedemanutenção,comatualização,disposição,capacitaçãoecumprimentodeta-refas, para que a qualidade da gestão da manutenção garanta a sustentabilidade da organização.

Desdetemposremotos,ohomemserelacionacomossemelhantesapartirdeocasiõesparatrocasdemercadorias,deexperiênciasoudealgumassituaçõespara produção de artefatos para a utilização, sendo que, também, podem sergeradosresíduossólidos.Comopassardotempo,foramnecessáriasadaptaçõesparaaproduçãodosnovosprodutos,ouseja, locaiseedificaçõesapropriadosparaafabricação.

Todos os segmentos da sociedade, sejam residenciais, comerciais,industriais ou hospitalares, geram determinada quantidade de resíduos paraa produção dos artigos, sendo que a construção civil consome, mais do quequalquer outro ramo industrial, maior quantidade de recursos naturais e,consequentemente,éamaiorgeradoraderesíduossólidosurbanos,oquetornadifícil qualquer sociedade atingir o desenvolvimento sustentável sem que aconstruçãocivilpasseportransformações(MANZANO,2007).

Como todo e qualquer segmento gera algum tipo de resíduo e, parareduzir essa quantidade, no caso, os gerados por processo produtivo e pelabaixaqualidadedemanutençãodosequipamentos,háagestãodemanutençãoestratégicaparaminimizaroimpactoambientalcausadopeloprocessoprodutivo.

Aartedegerenciaramanutençãocomeficiência,adotandoeutilizandoemprego,técnicas,materiaisesistemasprodutivos,significaacriaçãodagestãoestratégicadamanutenção agregada aumprocessomútuode interatividade edeconcordânciadogrupoenvolvido,sendoqueumdeterminadodepartamentode uma organização pode fazer essa manutenção, independentemente de outros

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departamentosoudeequipamentos,poisseaplicamosprincípiosdodesenvol-vimentosustentável,quenãoestaráapenasfocadonoseusetor,masnoconjuntoempresarial,umavezque,nasustentabilidade,aideiaprincipaléenvolvertodososindivíduosparamotivarobemcomum,ouseja,umdeterminadosetornãodevegerartranstornosouparadasnocasodeoutrosetorserparadotemporariamente.

Empresasdevemsepreocuparcomosciclosprodutivosecomosmodelosdemelhoramento de produção.Devem estar envolvidas por práticas, como areduçãodecustos,aqualificaçãodemãodeobraeamelhoriadosprocessos.

MODELO DE MELHORAMENTO DA PRODUÇÃO

FONTE: Adaptada de Rossi e Lima (2004)

Para que o melhoramento na produção em uma organização possadar continuidade ao processo produtivo, o conceito de sustentabilidade estárelacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais eambientaisdasociedade,abrangendováriosníveisdaorganização,inclusive,osdeforadasorganizações,comoavizinhançalocal.

MODELO DE PIRÂMIDE DA SUSTENTABILIDADE

FONTE: O autor

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Algumasempresasaplicampráticasdemanutençãoestratégicasbaseadasnosprincípiossustentáveis,porém,algumasachamqueessesinvestimentosnãosãonecessários,gerandocontratempos,comotempodeinatividadeinesperado,custoselevadoseresíduosgeradosporequipamentosmalutilizados.

Aspráticasdemanutençãoestratégicaoferecemprevençãoprogramadaparaasempresasantesmesmoqueaconteçaoproblema,paraque,maisadiante,nãosejanecessárioparartodaaproduçãoparaacorreção.Emsuma,problemasevitados são muito mais rentáveis do que problemas resolvidos.

FONTE: CAMPOS, A.; LIMA, C. R. C. Contribuição da manutenção estratégica para a sustentabilidade. 2012. Disponível em: https://revista.pgsskroton.com/index.php/exatas/article/view/482. Acesso em: 29 maio 2020.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem pensando em facilitar sua compreensão. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

CHAMADA

• A Manutenção Estratégica, quando é voltada para a disponibilidade e aconfiabilidade,geraaumentodadisponibilidade,dofaturamentoedolucro,dasegurançapessoaledasinstalações,reduçãodademandadeserviços,doscustos,doslucroscessantes,alémdapreservaçãoambiental.

• Aspráticasdemanutençãomodernasugeremsistemasemetodologiasparaque empresas possammaximizar a eficácia do equipamento, estabelecendoum sistema completo paramaior vida útil dos equipamentos, implantandoa manutenção em vários departamentos dentro da empresa, envolvendo os funcionários,melhorandoafunçãoeoprojetodoequipamentodeprodução.TPM,apalavra“total”,significatotaleficácia,manutençãototaleparticipaçãototal.

• A Manutenção Produtiva Total (TPM) tem, como conceito básico, areformulaçãoeamelhoriadaestruturaempresarialapartirdarestruturaçãoedomelhoramentodaspessoasedosequipamentos.Oprogramaéaplicadoparaaumentaradisponibilidadeeaconfiabilidadedosequipamentosedosprocessosindustriais,alémdemelhoriasdaqualidadeedaprodutividade.Alinha-mestra éo treinamento e ahabilitaçãodosoperadores em técnicasdemanutenção autônoma e de planejamento das atividades de manutenção,buscandoocomprometimento,amotivaçãodasequipeseoótimoatendimentoaosclientes.

• Quantoàferramenta5S,foivistoqueoprincipalobjetivodessaferramentaétransformaroambientenasorganizaçõeseaatitudedaspessoas,melhorandoaqualidadedevidadosfuncionáriosediminuindodesperdícios,reduzindocustoseaumentandoaprodutividadedasinstituições.

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1 MarquearespostaCORRETA,quecorrespondeaoobjetivodamanutençãoemrelaçãoàprodução:

a)() Baixoscustosdemanutençãocomdisponibilidadedosequipamentos.b)() Aatitudedaspessoasmelhoraaqualidadedevidadosfuncionários.c)() Éumdepartamentoouequipamentoqueseaplicaaosprincípiosdo

desenvolvimento sustentável.d)() Não busca o ponto de equilíbrio entre manutenção preventiva X

quebras de máquinas.

2 Assinaleaalternativaquecorrespondeàvisãodomanutentoraoconsertarum equipamento.

a)() Deveapenascorrigirasfalhasdosequipamentos.b)() Nãobastaapenascorrigirumevento(falha),énecessáriofazeruma

análisedaspossíveiscausasquelevaramàorigemdoevento.c)() Dábonsexemplosdecomomanterolugarlimpoebemarejado.d)() Nãoseenvolvercomascausasdaspossíveisfalhaseresolversomente

aquestãodasfalhasdosequipamentos.

3 AcercadasatividadesaconsideraremumprogramadeTPM,análiseassentenças a seguir:

I- Investigar e melhorar máquinas, matrizes, dispositivos e acessórios,demodoquesejamconfiáveis, segurosede fácilmanutenção,alémdeexplorarmeiosparapadronizarastécnicas.

II- Determinar como fornecer e garantir a qualidade do produto atravésdousodemáquinas,matrizes,dispositivoseacessórios,etreinartodoopessoalnessastécnicas.

III-Aprendercomomelhoraraeficiênciadaoperaçãoecomomaximizaradurabilidade.

IV-Descobrircomodespertarointeressedosoperadoreseeducá-losparaquecuidemdasmáquinasda fábrica.Deveficarclaro,paraeles,ocuidadocomosequipamentosecomasobservaçõesdasanormalidadesemúltimainstância,alémdoaumentodadisponibilidade,dandomaistranquilidadeao próprio operador.

AssinaleaalternativaCORRETA:

AUTOATIVIDADE

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a)() AssentençasIeIIestãocorretas.b)() SomenteasentençaIIestácorreta.c)() Todasassentençasestãocorretas.d)() SomenteasentençaIIIestácorreta.

4 Oqueconstituiumsistemademediçãodeindicadores?

5 ParaqueserveocicloPDCA?

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REFERÊNCIAS

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MANZANO,R.M.Concepção de um sistema construtivo com placas de concreto celular de alto desempenho para vedação vertical para habitação de interesse social.Londrina:UniversidadeEstadualdeLondrina,2007.

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UNIDADE 2 —

AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• elaborar estratégias de manutenção baseadas na terceirização dos serviços;

• especificar atividades que podem ser terceirizadas, tendo cuidadoespecialnasatividades-fimeestratégicasqueenvolvamamanutenção;

• ter,comofoco,resultadosdemédioelongoprazosenãoapenasreduçãode custo no curto prazo;

• estabelecerindicadoresderesultadosnasáreasdequalidade,atendimento,custo,segurança,moralemeioambiente;

• melhorar as técnicas de manutenção em cada elemento de máquina,constituindoumamanutençãodequalidadeapartirdecadaelemento;

• fornecerinformaçõesparaaaplicaçãodelubrificantescorretos,segundonormasespecíficas;

• reunir, emum só treinamento, técnicasdemanutenção em elementos.Demonstrarfalhascomunsemelementos;corrigi-las,buscandoascausas.

Estaunidadeestádivididaemtrêstópicos.Nodecorrerdaunidade,você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdoapresentado.

TÓPICO 1 – TERCEIRIZAÇÃO

TÓPICO2–EVITANDOCUSTOSNOSEQUIPAMENTOS

TÓPICO3–SEGURANÇADESERVIÇOSEDETRANSPORTES

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Terceirização é uma ferramenta estratégica utilizada pela organizaçãoestruturalquepermite,àempresa,sendoprivada ou governamental,transferir,aumaoutra,asatividades.Essa ferramentaestratégicadeveserutilizadacomcoerência,poisenvolvesegurança,aspectoslegais,qualidadeecustos,e,portanto,ousoinadequadopodetrazersériasconsequênciasparaaempresa(KARDEC;NASCIF,2009).

Muitasempresasutilizamaterceirizaçãoparacortargastosenãoman-teralgunsvínculosempregatícios,desativandováriasárease“asentregando”quasequeexclusivamenteaterceiros,porém,aterceirizaçãodeveserencaradamuitomaiscomoumaparceria,apartirdaqualasempresaspossamobterme-lhorias nos resultados empresariais, com comprometimento e autonomia ge-rencialdaspartesenvolvidas.Condiçõesbásicasqueasempresasdevemseguirpara terceirizar:

• Especificarasatividadesquepodemserterceirizadas,tendocuidadoespecialnasatividades-fimeestratégicasqueenvolvamamanutenção.

• Verificar a existência, no mercado, de empresas prestadoras de serviço oupossíveisempresasquepodemserdesenvolvidas.

• Ter,comofoco,resultadosdemédioelongoprazosenãoapenasreduçãodecustonocurtoprazo.

• Estabelecerrelaçõesdeparceria.• Procurar amelhoria contínuade resultados, comganhosdivididos entre aspartes.

• Estabelecer indicadores de resultados nas áreas de qualidade, atendimento,custo,segurança,moralemeioambiente.

• Ter,comopremissa,ocrescimentotecnológicodoprestadordeserviço.

NesteTópico1,trataremosdaimportânciadaterceirizaçãonamanuten-ção,pensandonestacomograndeagregadoradevalorparaaempresa,avaliandodeacordocomosobjetivoseestratégiastraçadas,seaterceirizaçãoseráounãoomelhorcaminhoaserseguidoparaessesetor.Searespostaforsimparaaopçãode terceirizar, é importante sempre acompanhar os resultados, alémde traçarnovasmetas,paraqueamanutençãoacompanheaevoluçãodaempresa.

TÓPICO 1 —

TERCEIRIZAÇÃO

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

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2 TERCEIRIZAÇÃO NOS SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO

Existemevidênciasdequeaterceirizaçãofoiadotadapelasorganizaçõesdesdeofimdadécadade90noBrasil.Comargumentosdecompetiremcondiçõesmaisvantajosas,transferir,aoutrasempresas,serviçosnãoessenciaisnonegócio,tem se tornado tão comumque termos, como “terceirizado” e “terceiro”, porexemplo,foramincorporadosaovocabulárioempresarial,tantonaesferaprivadaquantonapública(KING,2005).

A fim de reduzir custos e de acelerar a competitividade, as empresas

passaramacentralizarosrecursosematividadesbásicas,queagregamvaloraonegócio,earepassar,a terceiros,aexecuçãodeserviçoscomplementares,masnãomenosimportantes.

A manutenção, antes vista por algumas organizações como um malnecessário, foi incorporadapela estratégiaorganizacional,principalmentepelaconstatação de que proporciona pouco tempo e pouco custo de produção, aoevitaraparadaparaamanutençãocorretiva (ANTUNES JUNIOR,1998).Essavisãodemandaqueessaáreasejaprofissionalizadaemtermosdegestão,oquepressupõe,dasgerênciasdemanutenção,odomíniodoscustosenvolvidos.

Quandoaempresaoptapelaterceirizaçãodosserviçosdemanutenção,

e o critério para seleção da contratada se baseia apenas no custo em detrimento daqualificaçãodacontratadaedosempregados,os reflexosdo faturamentoedasdespesascommateriaisserãomuitomaissignificativos.Areduçãodecustospodeaparecerimediatamentenadiferençaentreoscustosindiretoscommãodeobraprópriaecontratada,mas,aolongodotempo,podemocorrerparadasmaislongaseareduçãodevidaútildepeçasedeequipamentos,devidoaintervençõesrealizadascomqualidadeabaixodadesejada(FUENTES,2006).

Aterceirização,noBrasil,encontrouespaçoconsiderávelparaainserção.

Contandocomoapoiodafrágillegislaçãotrabalhistabrasileira,aterceirizaçãoadentrounasáreasindustriais,introduzindonovastecnologiasdemanutenção.Nasdécadasde1980/1990,expandiu-seporoutrasáreasdomundodotrabalhobrasileiro,tendodifundidonovastecnologiasdemanutenção.

Elias(2003)divideaterceirizaçãoemdoisestágios:

• Dumb sourcing: éaterceirizaçãodeatividadesbásicasdaempresa,ouseja,ativi-dadesdefácilterceirização,nãogerandoproblemasgravesparaaempresa.Nes-seestágio,sãorepassadasasatividadescommaiorfacilidadedeterceirização.

• Smart sourcing: éaterceirizaçãodeatividadescomplexasdaempresa,ouseja,deatividadesdegrandeporte,comologísticas,manutençõesindustriaisetc.

Nesse estágio, encontra-se a atividade de terceirização demanutençãoindustrial. Segundo Lara (2003), até a década de 1970, poucas empresasterceirizavam.

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TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO

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ParaPinto&Xavier(2001),aterceirizaçãoéumaferramentaestratégicaqueveiopara oBrasil para resolver osproblemasdas empresas, tendo, comoobjetivo, a estratégia global dos resultados, porém, virou modismo, visandoapenasàreduçãodecustos.

Para a estratégia de manutenção, a terceirização é uma realidade,

decorrente,principalmente,dapreocupaçãodasempresascomoscustos,alémdeoutros aspectos a serem considerados.Essa transferênciapara terceiros, deatividades,têm,comoobjetivo,agregarcompetitividadeempresarial,baseadaemumarelaçãodeparceria,permitindo,àempresa,concentraresforçosnamelhoriacontínuadasatividadesessenciais.

Aterceirização,segundoTavares(1999),tem,comoprincípiosbásicos:

• Liberaçãodaempresaparacuidardaatividadeprincipal.• Obtençãodeespecialização(tecnologia).• Melhoriadaqualidadedosserviços.• Reduçãodoscustosoperacionais.

DeacordocomPinto&Xavier (2001), existediferençaentre empreitei-rizaçãoe terceirização: empreiteirizaçãoéumasituação tradicional,não tendoumarelaçãodeparceriaeconfiança.Nãohácompromissodacontratadacomosresultados,havendoumabaixaprodutividade.Paraaterceirização,éocontráriodeempreiteirização.

Principaisvantagensdaterceirização,segundoPinto&Xavier(2001):

• Aumentodaqualidade.• Reduçãodoscustos.• Transferênciadeprocessosuplementaraquemotemcomoatividade-fim.• Aumentodaespecialização.• Reduçãodeestoques,quandosecontratacomfornecimentodematerial.• Flexibilidadeorganizacional.• Melhoradministraçãodotempoparagestãodonegócio.• Diminuiçãododesperdício.• Reduçãodasáreasocupadas.• Melhoratendimento.

ParaLara(2003),asvantagensdaterceirizaçãosãoasseguintes:

• Contrataçãodeespecialistas.• Estarmaispróximodatecnologia,tendoagilidadeparaacontratação.• Definiçãodoescopotécnicoedasformasdecontroleedeacompanhamento(softwaresdemanutenção)dosserviçoscontratados.

• Definiçãodeindicadoresdedesempenho,dequalidadeedeatendimentoaocliente.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

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• Vantagens operacionais: compra do serviço e agilidade no atendimento (logística).

• Vantagensfinanceiras:baixoinvestimentoerelaçãocustoxbenefícioatrativa.

Asdesvantagensdaterceirização,paraPinto&Xavier(2001),são:

• Aumentodadependênciadeterceiros.• Aumentodocusto,quandosimplesmenteseempreiteiriza.• Aumentodoriscoempresarialpelapossibilidadedequedanaqualidade.• Reduçãodaespecializaçãoprópria.• Aumentodoriscodeacidentespessoais.• Aumento do risco de passivo trabalhista, dependendo da qualidade dacontratação.

Ainda,deacordocomPinto&Xavier(2001),asempresasdevemcontratarsomentetécnicos,legaleadministrativamenteidôneos,vistoquenãohácontratoperfeitosustentávelquandoqualquerdaspartesnãoforconfiável.

Asetapas,paraefetuaraterceirização,segundoTavares(1999),são:

• Desenvolvimento gerencial: tem,comofinalidades,oenvolvimentodegerentesnoprocesso,aeliminaçãodasresistênciasàsmudançaseodesenvolvimentodenovashabilidadesinerentesaofocogerencial.

• Implantação: éaidentificaçãodasáreaspossíveisdeterceirizareaformulaçãodecritériosqueserãoexigidosporterceiros.

• Estratégia: éoacompanhamentodaexecuçãodocontratoeaverificaçãodocumprimentodospadrõesdequalidadeexigidos.

2.1 TIPOS DE TERCEIRIZAÇÃO

SegundoPinto&Xavier(2001),existemtrêstiposdeterceirização:

• Contrato de mão de obra:caracteriza-sepelaformamaisantigaeincorretadeserealizaracontratação,poismascaraarelaçãodeempregocomamãodeobra.Nessetipodecontratação,asempresasfornecemmãodeobranãoqualificadaparaafunção,sendoamaisbarata.Comisso,osíndicesdeprodutividade,dequalidade,deatendimentoedecomprometimentotendemacair.Essetipodecontratotemumarelaçãodealtoriscoempresariale,normalmente,arelaçãocresceunilateralmente,éumapolítica“perde-perde”.

• Contratação por serviço: éamelhorformadeconseguircontratosporresulta-dos.Caracteriza-sepelaformadecontrataçãoquemaisevoluiuatéomomento,etem,comoprincipaiscaracterísticas,acontrataçãodemãodeobraqualifica-da,produtividade,responsabilidadetécnica,qualidadeeótimoatendimento.

• Contrato por resultados:nessetipodecontrato,agrandedisponibilidadeédacontratante,earesponsabilidadetécnicatotalédacontratada,queterágrandelucrocommenorfaturamento,decorrentedademandadeserviços.Oobjetivo

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TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO

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estratégiconãoécontratarserviçosdemanutenção,mascontratarsoluçõesdemanutenção.Nocontratoderisco,deve-se,inicialmente,estabelecerosparâ-metrosdedisponibilidademínimadosequipamentoseumtetodosrecursoscontratados,assim,combasenessesindicadores,acontratadaseráremunera-da,seotetoestabelecidonãoforatingido, inclusive,compartedadiferençaquesobrar.Ocontratoporresultadosestimulaparaquenãohajaquebradeequipamento,levandoasempresasafazeremoserviçobemfeito,asseguran-doqueoequipamentopermaneçaemfuncionamentoomaiortempopossível.Normalmente,essetipodecontratoestáamarradoaofaturamentodaempresa.

Antesdeiniciarouampliaraquantidadedeserviçoscontratados,deve-se

levaremcontaosseguintesfatores,segundoTavares(1999):

• Estabelecerumaclaradefiniçãonaespecificaçãodosserviços,tipodeprogramademanutenção, sobressalentes, periodicidade de intervenções, garantia dosserviços,qualificaçãodopessoal,rapidezdesoluções.

• Elaboraromelhorcontratopossívelparaobrigar,ofornecedor,ateroestritocumprimentodosserviços,conformeespecificações.

• Asespecificaçõeseocontrato,emboraimportantes,nãomelhoramosserviços,portanto, o envolvimento e a participação da Gerência daManutenção sãoimprescindíveis e devem ocorrer desde a especificação até a supervisãoconcretadosserviçoscontratados.

2.2 TERCEIRIZAÇÃO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA NA INDÚSTRIA

Aterceirizaçãoéumatendênciamundialeéumaferramentaestratégicanabuscadacompetitividadeempresarial.Paraqueaterceirizaçãotenhasucessonacontratação,énecessárioanalisarosseguintespontos:

• A contratação precisa evoluir rapidamente, da empreiteirização paraterceirização.

• Existe muito espaço para se incrementar a terceirização, executando-se, naépocaatual,algunssegmentosquejáestãocompercentualelevados,relativosaomercadoprestadordeserviços.

• A contratação precisa seguir a filosofia adequada, sob pena de retrocessosempresariais.

• As empresas prestadoras de serviços precisam fazer, da manutenção, aatividade-fim, investindo em recursos humanos, tecnologia, equipamentos,ferramentalegestão,sobpenadesetornarummalparceiroqueomercadocompetitivonãovaiaceitar.

Conforme Tavares (1999), as terceirizações baseadas unicamente noaspectodecustopodemlevaradistorções,comosubemprego,improvisação,altarotatividadedemãodeobra,decepção,descréditoetc.

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NoBrasil,jásepraticaa“quarteirização”,apartirdaqualaadministraçãodasempresascontratadaséfeitaatravésdeuma“quarta”empresa,queoferecea garantia do suporte necessário ao bom resultado das prestadoras dos serviços finais,afirmaTavares(1999).

Para evitar osmesmos riscosdosprocessos indevidosde terceirização,as seleções das “quartas” devem ser feitas segundo umprocesso de parceria,seguindoosseguintescritérios,conformeTavares(1999):

• Obtenção de referências quanto à experiência da administradora nessaatividade.

• Conhecimentodosvaloresedaculturaorganizacional.• Terfoconoclientefinal.• Pagamentoemfunçãodoresultado(contratoderisco).• Ausênciadacláusuladeexclusividade.• Obrigatoriedadedeefetuarconcorrênciadasterceiras.• Previsão de encerramento a qualquer momento, desde que não cumpra aexigência de nível de serviços diferentes do existente, compatibilidade depreçoscomomercado.Devehaverconvergênciadeesforços/objetivos,alémda possibilidade de crescimento em todos os sentidos, para não ocorrer oencerramentodocontrato.

É importante ressaltar que todos os fatoresmencionados no texto sãoimportantesaoseefetuarumbomprocessodeterceirização,ouseja,devehaverumbomplanejamento,eaempresacontratadadevesertécnica,legaleadminis-trativamenteidônea,fazendocomqueoprocessodecontrataçãotenhasucesso.

2.3 O SERVIÇO DE MANUTENÇÃO COMO FORMA DE NEGÓCIO

O setor de manutenção apresenta uma variedade de opções para aterceirização,emuitasempresasoptamporatuarcomoprestadorasdeserviçosnessesetor.

NoBrasil,omercadoganhacadavezmaisfôlego,devidoàpossibilidadedebaratearamãodeobra.Muitasempresasnãotêmcondiçõesdemanterequipesprópriasdemanutenção,ou,então,apresentamnecessidadesemáreasdistintas,tornando-sedifícilencontrarpessoalcapacitado.Aterceirizaçãoacabasendoamelhoropção,pois,alémdereduzircustos,podesuprirtodasasnecessidades.

Emmuitoscasos,oscontratosestabelecidosjáenglobamofornecimento

de peças e de outros materiais, com funcionários especializados e fluxo deentradademateriais controladoporumaempresa terceirizada.Éaíqueentraumaquestãofundamentalparaosucessodaprestadoradoserviço:desenvolverumcontroleeficientedosprocessos.

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TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO

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2.3.1 Gestão e controle da manutenção em prestadoras de serviços

Estabelecer métodos para desenvolver uma gestão de processos é a melhor formademanterquestõessobcontrole.Omesmoseaplicaaosprestadoresdeserviçoseàsatividadesexecutadascomosclientes.

Com a tecnologia avançada e a tendência de digitalização dos processos de gestão empresarial, as prestadoras de serviços passaram a buscar, nainformatização, um meio de viabilizar o controle. Isso exige um grandeconhecimento da dinâmica do próprio negócio, e algumas empresas atécompreendemasprópriasnecessidadescomclareza.Outras,noentanto,emborasaibam dos benefícios trazidos por um software de manutenção, precisamde acompanhamento e de orientação. No caso, um estudo apurado das reaisnecessidadessetornaindispensável.

2.3.2 A informatização das rotinas de manutenção em prestadores de serviços

É fato que os dois lados são beneficiados com a informatização dosprocessos. No caso do prestador de serviços, ter um software representadiferencialfrenteaosconcorrentese,emmuitoscasos,épossívelestabelecerumarelaçãointerativa.

Há um vínculo de real mutualismo, no qual o prestador passa a tercondiçõesdeoferecerumserviçodequalidade.Umbomexemploéaquestãodaprópriagestãocontratualcomparceiros.

Uma forma de atender às demandas do cliente com mais qualidadeé formando parcerias com outras empresas, estas que fornecem o serviço demanutenção.Aempresaquegerenciaaterceirizaçãoganhaempoderdeatuação.Nocliente,atendênciaéquetodosostiposdemanutençãosejamatendidospelamesmaempresacontratada.

2.3.3 Terceirização e parceiro fornecedor

É preciso estabelecer um alinhamento entre as necessidades da empresa quefazaterceirização,e issopodeserfeitoformalizandoumcontrato.Comotempo de atendimento estipulado em um SLA (Service Level Agreement) ou ANS (Acordo de Nível de Serviço),ambasasempresasserãocapazesdeseprepararparaarotinadiáriademanutenção.

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Um exemplo do documento seria a contratação de um parceiro paraforneceroserviçodemanutençãoemelevadoresdurante,nomáximo,oitohoras.Issoincluiaexecuçãodequalquertipodeserviçodentrodoescopodefinidonocontrato.Éaíqueentraumdosgrandesbenefíciosdeumsoftwareeficiente.Aferramentapermitenãosóocontroledosprocessos(auxiliandonaprogramaçãodasrotinasdemanutençãoenoacompanhamentodasordensdeserviço),mas,também,agestãodeSLA/ANS.Aplataformaunificaasaçõesdogestoremumúnicoambiente,otimizandootrabalho.Essasinformaçõessãoimportantíssimasparaacontratadaeparaacontratante.

2.3.4 Vantagens da implementação de um software de gestão

Analisandoosdiferentesladosdessarelação,podemosdestacaralgumasdasprincipaisvantagens,acomeçarpeloaumentodopoderdeatuaçãodeambososgestores.

Na empresa terceirizada, além de passar a ter total controle dosserviços, dos custos e dos recursos envolvidos, o gestor é capazde analisar odesempenhodasequipesedemedirtemposedeslocamentos.Ocontrolesobrecontratosemvigênciatambémsetornamaiseficiente.

A ferramenta auxilia na gestão de questões complexas, como agestão da reterceirização. Trata-se de um processo complicado e que exige oarmazenamentocuidadosodasinformaçõeslevantadasnodiaadia.

Quanto à questãomercadológica, ter um software tambémpassa a serumdiferencialcompetitivo,tantoparaasaúdedaempresaquantoparaoferecermelhoresserviçosaosclientes.Valelembrarque,emmuitosquesitosdeavaliaçãodefornecedoresdeserviçosdemanutenção,paraempresasprivadasepúblicas,jávemsendoexigidoqueocontratadotenhaumsoftwaredemanutenção.

A principal vantagem é a gestão de dados e de documentação estabelecida nessa relação. Da mesma forma, o software evita a perda de informaçõesimportantíssimasparaagestãodocontratante.

Existemempresáriosqueaindanãocompreendemaenormeimportânciadecontarcomumsoftwaredemanutenção,poisterceirizamosserviços.Aíestáo grande engano.Deve-se ter consciência de que os ativos sãopatrimôniodainstituiçãoenãodoprestadordeserviços,edequetodososhistóricosqueenvolvemcustos,eficiênciaeindicadoresdiversossãoinformaçõesimprescindíveisparaastomadasdedecisões.Essesdados,muitasvezes,sãoperdidoscomafaltadeumsoftware.Oresultadoéumprejuízoenormeparaoprestadordeserviços,paraosparceiroseparaocliente.Mesmoqueaindaexistamoutrasformasdegerenciaressesprocessos,elasestãosetornandoobsoletas.

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TÓPICO 1 — TERCEIRIZAÇÃO

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Selevadoemcontaoprincípiofundamentaldainformação,éperceptívelqueosganhos comqualidade e comprodutividade serão inevitáveis.Emborasejamnormaisasdúvidasparaaimplementaçãodeumsoftwareparaaáreadeprestaçãodeserviços,orientaçãoeumpoucode informaçãoarespeitopodemtornaroprocessomaissimplesepráticodoqueseimagina.

Atecnologiavemsetornandoabaseparaviabilizarinúmerosprocessosempresariais.Aempresaquenãoseadaptaraessenovoformatodenegóciocorreoriscodesetornarobsoleta,alémdeperdervalornomercado.Bastaanalisaroqueaconteceucomosantigosmeiosdeprodução,comachegadademáquinasmaissofisticadas.

A tendênciaéqueasempresaspassema contar, cadavezmais, comamanutenção em prestadoras de serviços. Faça uma avaliação você mesmo e,depoisdisso,vejaosbenefíciosqueissopodetrazerparaonegócio.

2.4 CUSTOS DA TERCEIRIZAÇÃO

Emboraexistamdiversasrazõesquetendemaincentivarasrelaçõesdeterceirização entre empresas, pois conduzem vantagens a explorar, tambémé preciso levar em conta os custos e as dificuldades de celebrar contratos deterceirização.Duassãoasprincipaiscategoriasdecustosassociados:custosdetransaçãoecustostecnológicos.

Terceirizar para reduzir os custos da empresa é uma das principais

vantagens.Terceirizandodeterminadosprocessos,aempresapodegastarmenoscom o desperdício de produtos e de máquinas, além de ter um baixo custocomrescisões,trocasdefuncionários,substituiçãonasfériasefaltas.Opassivotrabalhistaéreduzidodrasticamente,eexisteumaprevisibilidademuitomaiordos custosmensais,que sãoestabelecidosatravésdos contratosfirmadoscomascontratadas.Alémdisso,umaempresaterceirizadaespecializadatemmuitosconhecimentosdosprocessos,permitindoprodutividadeouganhosdeescalacomaaplicaçãodeprocedimentosetreinamentosespecíficose/oucomautilizaçãodosequipamentos/maquinárioscorretos,alémdeque,comaterceirização,aempresacontratantenãoéobrigadaaseguirasConvençõesColetivasespecíficasdosetor,nemequipararbenefíciosespecíficosdaáreaadministrativa,oquepodegerarreduçõessignificativasdecusto.

De forma indireta, as empresas tambémpodem reduzir os custos coma terceirização, atravésdadiminuiçãoda estruturadeRHedodepartamentopessoal, por não terem que se envolver com contratações/demissões dosfuncionários e nem gerenciar folhas de pagamento, benefícios e aspectosrelacionadosàsegurançadetrabalho.

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2.4.1 Outros pontos garantem a redução de custos

• Otimizaçãodotempo:comadivisãodotrabalhorealizadacommaisfluidez,commaisqualidadeeespecialização,háummelhorgerenciamentodotempo,sendo quemuitas responsabilidades que demandamgrande quantidadedetempopassamaserdosterceirizadosemmuitosprocessoscomplexos,comopreocupaçãocomascondiçõesdetrabalhodeumaempresaecontrataçãodefuncionários.

• Eficácia nas áreas de atuação da empresa: quando se contrata um serviçoterceirizado,aspreocupaçõescomserviçossecundáriossãoeliminadas.Assim,torna-sepossívelguardartodaaenergiaeadedicaçãodetempodaempresa,alémdesevoltarparaasáreasdeatuaçãodopróprionegócio.

• Qualidade do serviço: um outro grande benefício é a especialização defuncionários terceirizados mais qualificados e experientes. Dessa forma,garante-se uma grande qualidade e são reduzidas, consideravelmente, aschancesde se contratarummauprofissional, quenão trabalharádireitoouque não terá ética com o serviço.Amaior qualidade se dá pelo fato de asempresasdeterceirizaçãosempreestarembuscandoseadequaràstendênciasdosmercadosdentrodosserviços,oquetambémgarantemaisefetividade.

• Maiorcrescimento:juntandoaqualidadedeserviço,aotimizaçãodotempoeofoconaatividade,aempresaqueinvesteemserviçosterceirizadostendeacrescereasedesenvolver.

Éimportantesalientarque,nocenáriocompetitivodomundomoderno,terceirizarumserviçopassouasersinônimodemaisprodutividadeedequalidade.Essapráticaestácadavezmaiscomumentreasempresas,sejamgrandes,médiasoupequenas,vistoquetodasbuscamreduziroscustosemelhorarasatividadescomumserviçoeficaz.Assim,terceirizargarantetranquilidadeparaaempresaeparaocliente,vistoqueeleseráatendidopormãodeobraespecializada.

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Existeanecessidadedeumaaçãoestratégicaparaquea terceirizaçãopossacontribuirparaosresultadosdaempresa.

• Oprodutodamanutençãoéadisponibilidade,àmedidaquecresce,diminuiademandadeserviços.

• Precisa-se evoluir para contratos de resultados, para que ambos saiamganhandocomoaumentodadisponibilidade.

• O processo de terceirização de uma empresa consiste na contratação de serviçosquenãofazempartedaatividadeprincipal.Essatendênciaseiniciounadécadade80eampliou,cadavezmais,asgrandesempresas.

• Amanutençãoéumsetorindustrialqueapresentaelevadograudeterceirização.O principal objetivo da terceirização é a criação de empresas especialistas com capacidadedereduziroscustosfinaisdaprodução.

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1 Terceirizaçãoéumaferramentaestratégicautilizadaporumaorganizaçãoestruturalquepermite,àempresa,sendoprivada ou governamental,trans-ferir,paraaoutra,asatividades.Essaferramentaestratégicadeveseruti-lizadacomcoerência,poisenvolvesegurança,aspectoslegais,qualidadeecustose,portanto,ousoinadequadopodetrazersériasconsequênciasparaa empresa (KARDEC;NASCIF, 2009).Acercada contrataçãode terceiri-zados,marqueaalternativaquecorrespondeàrespostaCORRETAparaacontratação da mão de obra:

a)() A contratação de trabalhadores terceiros pode ser feita para asatividades-meio e para as atividades-fim, ou seja, os terceirizados podemtrabalharemtarefasquefazempartedonegócioprincipal ou naquelasqueservemcomoapoioàrotinadeumaempresa.

b)() A contratação de trabalhadores terceiros não pode ser feita paraas atividades-meio, somente para as atividades-fim, ou seja, os terceirizadossópodemtrabalharemtarefasqueservemcomoapoioàrotinadeumaempresa.

c)() A contratação de trabalhadores terceiros só pode ser feita para asatividades-fim,ouseja,osterceirizadossópodemtrabalharnastarefasquefazempartedonegócioprincipal.

d)() A empresa terceirizada não é responsável por contratar, remunerare gerenciar os trabalhadores. No entanto, não é responsabilidadeda contratante garantir as condições de segurança, higiene esalubridadedos trabalhadores, quandoo trabalho for realizadonassuas dependências ou em local por ela designado. É facultativo, àempresacontratante,oferecer,ao trabalhador terceirizado,omesmoatendimentomédico/ambulatorialeomesmoauxílioparaalimentaçãodosfuncionáriosefetivos.

2 Nabuscadealternativasparagerenciaramãodeobraouparatransferirpartedasatividadesparaterceiros,afimdereduzircustos,administrarme-lhoraproduçãoecontinuarcompetitiva,umaempresatemoptadopelaprá-ticadaterceirização.Nogeral,ascaracterísticasbásicasdaterceirizaçãosão:

a)() Aterceirizaçãonãovisaaganhosdeeficiêncianaoperaçãodonegóciocentral oudemissãoda empresa,muitomenos a transformaçãodecustosfixosemcustosvariáveis.Areduçãodecustosnãoéprioridade.

b)() As características, no geral, são: especialização do trabalho; direçãodaatividadepelofornecedor;idoneidadeeconômicadofornecedor;einexistênciadefraude.

AUTOATIVIDADE

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c)() A principal vantagem da terceirização é o aumento do número defornecedores,gerandonovoscustosdeadministração.

d)() Asvantagens,comoenxugamentodoquadrofixo,reduçãodasdespesasdaadministração,transferênciadetecnologiaseaumentodesinergiaentrecontratantesecontratadanãofazempartedaterceirização.

3 Imaginequeumaempresaprecisaaceleraraprodução,emumdeterminadomomento,pararealizarumprojetoqueteráduraçãodeatétrêsmeses,porexemplo.Aoinvésdesobrecarregaraequipeaumacargahoráriaextra,oqueestariaemdesacordocomaCLT(ConsolidaçãodasLeisdeTrabalho),a companhia pode optar por alternativas, como trabalho temporário eterceirização.Acercadotrabalhotemporárioedaterceirização,assinaleVparaasafirmaçõesverdadeiraseFparaasafirmaçõesfalsas:

() Sãomodalidadesdecontrataçãodistintas e cada uma segue legislação própria.OcontratodetrabalhodoempregadoterceirizadoéregidopelaCLT, seguindo as determinações da categoria da empresa prestadora.O contrato de trabalho temporário é regido por lei, que equipara otemporárioaoempregadoefetivodaempresautilizadora.

() Otrabalhadorterceiroésubordinadoàempresaprestadora,aqualexer-ceospoderestécnico,disciplinarediretivosobreeste.Jáotrabalhadortemporárioésubordinadoàutilizadora, laborandoladoa ladocomosefetivos.

() Otrabalhotemporáriotem,comorequisitodecontratação,anecessidadetransitória da empresa utilizadora de demanda complementar ousubstituiçãodeempregadoefetivo.Aterceirização,noentanto,podeserdequaisqueratividadesdaempresacontratante,semrequisitoespecialdecontratação.

() Aleidaterceirizaçãonãoespecificaprazomínimo,máximo,determinado,limitado ou variável para a prestação de serviços. É uma contrataçãoempresa-empresa. A contratação de um temporário tem o prazocondicionadoàexistênciadomotivojustificador,limitadoa180dias,eacontrataçãosópodeserfeitaporintermédiodeumaAgênciadeTrabalhoTemporário.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() V–F–F–V.b)() V–V–V–V.c)() F–V–F–V.d)() F–F–F–V.

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4 Quandoumaorganizaçãoescolheterceirizaralgumaspectodegestãodeativos que influencia na conformidade com os requisitos do sistema degestãodeativos,devegarantirocontrolede todoequalqueraspecto.Aorganização deve determinar e documentar como as partes são controladas eintegradasdentrodosistemadegestãodeativosdaorganização.Acercadaterceirizaçãonasindústrias,escrevaasrazõesparaterceirizarasatividadesdemanutenção.

5 Nas grandes indústrias, o setor de manutenção é uma das principaispreocupações,poisadisponibilidadeestádiretamenterelacionadaaolucroouaqualqueroutrofocoquesedesejealcançar,dessaforma,éessencialaexecuçãodasatividadesdemanutençãoporequipeprópriaouhámotivosestratégicos para terceirizar as atividades?

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

Mudanças ocorrem todos os dias nomundo da competitividade, e asorganizaçõesempresariaisestãosemprebuscandoalternativasparaseconsolidarnessemercado, atravésda conquistadenovos clientes. ParaGianese eCorrêa(2010), fazerprodutosdeuma formamelhordoqueoconcorrenteéamelhorgarantiadesucessoalongoprazo.Slack,ChamberseJohnston(2002)listamcincoobjetivosdedesempenhobásicos,queseaplicamatodosostiposdeoperaçõesprodutivas:qualidade,custos,tempo,confiabilidadeeflexibilidade.

Naliteraturacientífica,encontra-seconvergênciaarespeitodaimportânciada qualidade da manutenção, e não uma definição do que é a qualidade namanutenção.Assim,nestetópico,seráabordadaafunçãoqualidadeaplicadanamanutenção,alémdeanálisesdefalhasemmáquinaseemequipamentos,sendomostrado como são realizados esses procedimentos e como solucionar os demais variadoscasosquesurgemaolongodetodooprocesso.

TÓPICO 2 —

EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

2 QUALIDADE NA MANUTENÇÃO

AGestãopelaQualidadeTotal,ouTotal Quality Management (TQM),teveinícionadécadade50,noJapão,e,hoje,assumepapelimportantenoprocessodegestãodosdiversosramosdasatividades.SegundoKardeceNascif (2009),demodogeral,aTQMbuscamelhoriacontínuadosprocessosezerodefeito,demaneiraaobterasatisfaçãodoclienteeaumentaracompetitividadeempresarial.Noentanto,énecessárioqueoprocessodequalidadealcanceaorganizaçãodemaneirasistêmica,enãosóosetordemanutenção.

Existem fatores considerados críticos para a qualidade, podendo sercitadoscomomelhorespráticasparaaadoçãoemqualquerempresa(KARDEC;NASCIF,2009):

• A gestão deve ser baseada em itens de controle definidos pela gerência(disponibilidade,custos,confiabilidadeetc.),comanálisecríticaperiódica.

• Eliminaçãodas falhas, ocorridas epotenciais, atravésda análiseda causa-raiz,atuando,deformaintegrada,comaoperaçãoeaengenharianabuscadesoluções.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

• Procedimentosescritosparaosprincipaistrabalhos.• Aplicaçãodeauditorias,internaseexternas,comverificaçõesdetendênciasderesultado.

• Adoçãodamultiespecializaçãooupolivalência.• Treinamento e capacitação dos funcionários, tornando-os autossuficientes epreparadosparaexecutaramanutençãoautônoma.

• Trabalhoemequipe.• Comprometimentodaaltagerência.• Implantaçãodeumaculturademudanças.

2.1 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA QUALIDADE QUE SE APLICAM À TQM E À MANUTENÇÃO

Agarantiadaqualidadenamanutençãoégarantidacomaparticipaçãoe o comprometimento das pessoas,mas não pode depender de determinadaspessoas,assim,devemexistirprocedimentosescritoseaspessoasprecisamsertreinadas.

Existemdezprincípiosbásicosdaqualidade, segundoKardec eNascif(2009),queseaplicamàTQMeàmanutenção:

• Satisfação totaldosclientes: a razãode serdaatividadedemanutençãoéaoperação.

• Gerênciaparticipativa:osgestoresdevempromoverotrabalhoemequipe.• Desenvolvimentohumano(aprendizadocontínuo).• Constânciadepropósitos(visãodefuturoeaçõescoerentescomessavisão).• Desenvolvimentocontínuo.• Gerenciamentodosprocessos(aplicaçãocorretaecompletadocicloPDCA).• Delegação.• Disseminaçãodasinformações.• Garantiadaqualidade–Gerenciamentodarotina.• Nãoaceitaçãodeerros(repetitivoseporomissão).

Com relação ao ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act), citado anteriormente,émuitocomum,nasorganizaçõesempresariais,arealizaçãodociclodeformaincompleta,concentrando-seapenasnafase“Do”,sobretudo,quandosetratadamanutenção, comodesejode se realizaromelhor reparo.Entretanto,deve-sepercorrer o ciclo completo,paraque se atuena causa-raiz, buscando soluçõesdefinitivas para problemas repetitivos. A manutenção deve ser eficaz, e nãoapenaseficiente.

Oquadroaseguirmostraráumarelaçãodas ferramentasdequalidade

mais utilizadas nas empresas brasileiras na área de manutenção:

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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QUADRO 1 – FERRAMENTAS UTILIZADAS PARA PROMOVER A QUALIDADE

FONTE: Adaptado de Abraman (2009)

Peloexposto,foipossívelobservarqueo5Séaferramentamaisutilizada,talvezmuitoemfunçãodasimplicidadeedaaplicabilidadenosmaisdiversosambientes,oquedemonstraqueasempresasbuscam,nomínimo,organizar-seemanterumambientedetrabalhomaisseguro,limpoeenxuto.Amanutençãocentradanaconfiabilidade(RCM/MCC)eamanutençãoprodutivatotal(TPM)tambémsãorelativamentebemutilizadas,assimcomoasferramentasAnálisedeCausa-RaizdeFalha(RCFA)eAnálisedeMododeFalha(FMEA).Issodemostraqueasempresasbrasileirassepreocupamemeliminarasfalhaseemmelhorarprocessos,investindoemferramentas.Hoje,observa-sequeasempresasdesejamsempreaumentar,substancialmente,aparticipaçãonomercado,alémdereduziroscustoseotimizarasoperações.

2.2 QUEBRA DE PARADIGMA NA MANUTENÇÃO

A atividade de manutenção tem apresentado muitas mudanças em funçãodoaumentodonúmeroedadiversidadedositensfísicosquetêmquesermantidos (instalações, equipamentos e edificações), projetos complexos, novastécnicasenovosenfoquesacercadaorganizaçãoedasresponsabilidades.

Comtodasasmudanças,éindispensávelumaposturadiferenciadaparaohomemdemanutenção,exigindo-senovasatitudesehabilidades,desdegerentes,engenheiros,supervisoreseexecutantes,noquedizrespeitoàconscientizaçãodequantoumafalhadeequipamentoafetaasegurançaeomeioambiente,darelaçãoentremanutençãoequalidadedoproduto,damaiorpressãoparaseconseguiraaltadisponibilidadedainstalação,garantindoaqualidadenamanutenção,aomesmotempoemquesebuscaareduçãodecustos.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Como se trata de um processo de mudança de cultura, existem asresistênciasnaturaisàsmudanças,sendomaisfortesnaatividadedemanutenção,que,historicamente,trabalhouparamanterascondiçõesdosequipamentosedasinstalações, criando um paradigma de estabilidade que, hoje, está totalmenteultrapassado.

Énecessáriosaircomurgênciadapráticademudançadecultura,queélentaeinadequadaaocenárioatual,paraonovoparadigma,queéaculturademudança,ouseja,éprecisoestarpermanentementereceptivoeserproativonasquebrasdosparadigmasquejáfizeramsucessonopassado,masnãoseaplicamaostemposatuais(PINTO;XAVIER,2001).

A qualidade é um sistema de gerenciamento baseado na participaçãodetodososempregadosdeumaempresa,noestudoenaconduçãodocontrolede qualidade. Um produto ou um serviço de qualidade é aquele que atendeperfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma segura e notempo certo, às necessidades do cliente, ou seja, a qualidade total abrange aqualidadedoprodutooudoserviço,ocustoacessívelaocliente,aentreganoprazo,horaelocalcertos,amoralouoentusiasmodosempregadoseasegurançadosempregadosedosusuários,conformeabordaWerkema(1995).

Para Xenos (1998), a qualidade é a forma pela qual os produtos e osserviçossãojulgadospelosusuários.Aqualidadeestáintimamenterelacionadaao atendimento às necessidades dos clientes (sejam internos ou externos), ou,maisainda,àsexpectativas,buscandoultrapassá-las.

ConformeafirmamPintoeXavier(2001),asempresasatuaisnãotêmmaisdúvidasdequeaGestãopelaQualidadeTotal (GQT)éumaferramentaeficazparasealcançarcompetitividadeempresarial.Alémdisso,amanutençãotemumpapelpreponderantedentrodosistemadequalidade,decorrentedamissão,queégarantiradisponibilidadeda funçãodosequipamentosedas instalações,demodo a atender a um programa de produção ou de serviço com preservação do meioambiente,confiabilidade,segurançaecustosadequados.

Aobtençãodaqualidadetotaléimportanteparaoindivíduoatingirosseguintesobjetivos: satisfaçãodo trabalho, respeito,gostopelas tarefas,anseiopelarealizaçãodeumbomtrabalhoeorgulhode trabalharparaaempresa.Asatisfaçãodosclienteséoobjetivodetodoprofissional.

Os profissionais de manutenção têm, como obrigação, atender,adequadamente, clientes, ou seja, equipamentos, obras ou instalações sobresponsabilidades, alémdequalquer tarefaquedesempenhem, tendo impactodiretoouindiretonosprodutosounosserviçosqueaempresaofereceaosclientes.

SegundoPintoeXavier(2001),épossívelconseguirsensíveisaumentosde produção sem investir em novas instalações, mas em novos métodos detrabalho,namodernizaçãodasinstalaçõesexistentese,semdúvida,implantandoumsistemadequalidadenamanutençãoeemtodaaempresa.

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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Amanutençãotemqueterainstalaçãoadequadaesempredisponívelàsnecessidadesdaempresa,fazendousodosconceitosedosmétodosdaqualida-denoexercíciodasatividades,atendendoàsnecessidadesdoclienteatravésdaprodução.Alémdisso,aqualidadedamanutençãoestáligadaaprocedimentosdecombateàsfalhasedecausas,aobomentrosamentodaequipe,aoaumentodaprodutividadeeàdefiniçãodosprocedimentosdaorganização.ConformeafirmaXenos(1998),nãoexistequalidadesemaparticipaçãodetodosossetoresdaempresa,ouseja,todosossetorestêmqueestardirecionadosparaosobjeti-vosdaempresa.

PintoeXavier(2001)comentamqueumprogramadequalidadeseinicia

pelaimplantaçãodeumprograma5S(organização,ordenação,limpeza,asseio/higiene,disciplina),quepodeserdefinidocomoumaestratégiadepotencializarededesenvolveraspessoasparapensaremnobemcomum,atingindoosseguintesresultados:

• Melhoriadaqualidade.• Reduçãodecustos.• Melhoriadoatendimentoaocliente.• Moraldogrupo.• Aumentodasegurançapessoaledasinstalações.

Programa “5S”, 5W1H, Método dos Porquês, sendo importante saberque são simplesmente ferramentas, e a simples utilização não é sinônimo deresultados. Por outro lado, o uso adequado dessas ferramentas pode levar aexcelentes resultados,quepodemcontribuirparaaqualidadenamanutenção.ConformePintoeXavier(2001),ousodeinstrumentosgerenciaisqueohomemdemanutençãotemàdisposição,comoasferramentasdequalidade,porseremsomente ferramentas, por si só não garantem qualidade, porém, a aplicaçãocorretapodelevaraexcelentesresultados.

3 ANÁLISE DE FALHAS NA MANUTENÇÃO

Máquinas e equipamentos sempre são utilizados nas indústrias deprocessos.Essasmáquinaseequipamentossãofundamentaisparaoandamentodos acontecimentos para que a produção seja bem-sucedida. Falhas dessasinstalações podem ter várias consequências. Em alguns casos, o prejuízoresultantenãopassadocustodemanutençãodoequipamento,porém,emoutros,podecomprometeralucratividadedaempresa,devidoàsperdasdeprodução,acidenteseagressõesambientais.

Amanutençãocorretivanãoémaissuficienteparaomercadocompetitivo,sendonecessárioumgrandeecontinuadoesforçoparaoaumentodaconfiabilida-deeareduçãodoscustosdemanutençãodetodososequipamentos.Umsistema

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

modernodegerenciamentodosequipamentosdeumaindústriadeveconterele-mentosquepermitamaotimizaçãodoresultadoglobal.Issocompreendeotimi-zaçãodeprojetosedeespecificaçõesdecompra,testesderecebimento,padrõesdearmazenamentoeinstalaçõeseprocedimentosdeoperaçãoedemanutenção.

Aanálisedefalhapodeserfeitabaseadaemdoismétodos:FMEA(Failure Mode and Effect Analysis),AnálisedoModoeEfeitodaFalha,eRCFA(Root Cause Failure Analysis),AnálisedaCausa-RaizdaFalha.Ambososmétodosseguemumfluxoestruturadodeanálisedaconfiabilizaçãodasfunçõesdosistema.

FIGURA 1 – FLUXOGRAMA DA ANÁLISE ESTRUTURADA

FONTE: O autor

A ferramentaAnálisedaCausa-Raizda Falha (RCFA) é umadasmaisutilizadaspelasempresasquerealizamanálisedefalha.Temfornecidoresultadossatisfatóriosnoquedizrespeitoa investigarcausasdefalhas jáocorridasenaproposiçãodeaçõesdebloqueioquevisemeliminarascausas.

A ferramenta Análise do Modo e Efeito da Falha (FMEA) tem sidoutilizada na indústria, para prevenir antes que aconteçam as falhas, e umapropormetodologia demanutençãomais efetiva para o tratamento de falhaspotenciais.FMEAéametodologiadebasedaanálisedamanutençãocentradanaconfiabilidade(RCM).Nodecorrerdaanálise,ametodologiaFMEAidentificacadafunçãodosistemaeasfalhasassociadas.Emumnívelmaisaprofundado,identificaosmodosdefalhaassociadosacadaumadessasfalhas,examinandoquaisasconsequênciassobreosistema.

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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Uma peculiaridade relevante ao nível do sistema e que é, geralmente,observadanaprática,éaamplapossibilidadedaexistênciademodosdefalhamúltiplosassociadosaumamesmafalha.

Há as seguintesdefinições, que são importantes nahorade fazer umaanálisedefalhas:

• Evento:qualquerocorrênciaemtemporeal(quebradetubulação,falhadeumaválvula,perdadepotência)quetenhaimpactosobreodesempenhodosistemaavaliado.

• Condição: qualquerestadoquepossagerarimpactosobreodesempenhodosistema.Causa-umacondiçãoparticularquegeraaocorrênciadoevento.

• Causa direta:acausaque,diretamente,fazcomqueocorraoevento.• Causa contributiva:umacausaque, isoladamente,nãogeraaocorrênciadoevento,porém,somadaaoutrascausascontributivasoudiretas,podeampliarapotencialidadedeocorrência.

• Causa fundamental: a causa que, caso corrigida/eliminada, preveniria arecorrênciadoevento.

• Função padrão:tarefaexecutadapeloequipamentocombaseemumpadrãodedesempenho.

• Falha funcional:incapacidadedoequipamentodeexecutaratarefaconformeopadrãodedesempenhoestabelecido.

• Modo de falha:éoeventoqueprovocaaocorrênciadafalhafuncional.• Falha: término da capacidade de um “item” de desempenhar a funçãorequerida.

3.1 FINALIDADE DA REALIZAÇÃO DE ANÁLISE DE FALHA

A análise de falha é utilizada para aumentar a confiabilidade dosequipamentoseparareduziroscustosdemanutenção.Érealizadaatravésdeumexamelógicoesistemáticodafalha,afimdeprocurarascausasfundamentaisedetratá-lasatravésdeaçõesconsistentesdemanutenção/operação.Dessaforma,aanálisedefalhadeve:

• Encontraracausafundamentaldafalha.• Planejaraçõesquevisemeliminarouminimizaracausa.• Atuarcomaárearesponsávelpeloequipamento.• Acompanharaperformancedoequipamento.• Gerarumprocedimentooperacional.

3.2 ANÁLISE DA CAUSA-RAIZ DA FALHA (RCFA)

Édito falhadeumcomponentedeumequipamentoquandoelenãoémaiscapazdeexercitarafunçãocomsegurança.Oconceitodefalhasóseaplicaquandoodefeitoocorredentrodoperíododevidaútildocomponente.Define-se avidaútilcomcritériosdeprojetoeassociadaaummododefalhaespecífico.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Então,dizemosqueomododefalhaderolamentos,quecaracterizaofimdavidaútil,éafadigasuperficial,edeselosmecânicoséodesgastedaregiãodasededestinadaaessefim,eassimpordiante.

Outrosdefeitosoriundosdemodosdiferentesdevemsempresertratados

como anormalidades. Alguns componentes são projetados para ter vida útilindefinida,comoeixos,parafusos,sendoumdefeito,deumdeles,sempreumafalha.Aanálisedessafalhadevedeterminarosfatoresqueimpedemquetodasasfasesdavidadoequipamentosejamcumpridascomsucesso,obtendoexplicaçãoparaoseventospassadosatéumpontoemquesejapossíveltomarumamedidaquebloqueiearepetiçãodoproblema.Eventospassados,queseconstituemnascausasprimeirasdosdefeitos,sãochamadosdecausasbásicas,oucausas-raízes,emcontraposiçãoàscausasimediatas,quesãosomenteoseventoscomumnexocausalimediatoàfalha.

3.2.1 Sistemática de funcionamento da Análise De Falha (RCFA)

Omotivobásicoparaainvestigaçãoeoregistrodeocorrênciasdefalhaé que, partindo desse princípio, pode-se aplicar ações corretivas adequadas eeficientesàprevençãodarecorrência.

Todos os processos de análise de causas fundamentais devem estar

apoiados no cumprimento de oito etapas denominadas:

• IdentificarePriorizarProblemas.• ColetadeDados.• Avaliação.• BuscadaCausa-Raiz.• PlanejamentodasAçõesdeContenção.• Implementação,AcompanhamentodasAçõeseCorreçãodeDesvios.• Documentação.

• Padronização

Observa-sequeo ciclode funcionamentodessa sistemáticaobedece aociclodefuncionamentodoPDCA(Plan,Do,Check and Action–Planejar,Executar,ChecareAgir).Todogerenciamentodoprocessoestabeleceamanutençãodasmelhoriasdospadrõesmontadosnaorganização,queservemcomoreferênciaspara o gerenciamento. Introduzir o gerenciamento do processo significaimplementarogerenciamentocíclicoviaPDCA.

• Identificarepriorizarproblemas

Consisteemestabelecercritériosquedeterminemomotivopeloqualafalhadeveseranalisada.Ainda,determinarqualdasfalhasaseremanalisadaséamaiscrítica.Ocritérioutilizadoparadeterminarseumafalhadeveounãosofrer

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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aanálisedefalhavariadeempresaparaempresa,poisdepende,exclusivamente,das características do processo produtivo. Os critérios mais utilizados pelasempresasqueutilizamessametodologiasão:

• CustodeManutenção.• PTP(PerdaTeóricadeProdução).• TempoTotaldeReparo.• MTBF.• CriticidadedoEquipamento.• Retrabalho.• NúmerodeReincidênciasnoMesmoMês.• PedidodaGerênciaouSupervisão.

Casohajamaisdeumaanáliseparaserrealizada,aordemdeprioridadetambémficaacritériodaempresa,sendo,geralmente,utilizadaaseguintelógica:

• Executaranálisenosequipamentosdegrandecriticidade.• Executaranálisenosequipamentosquecausarammaiorperdadeprodução.• Executaranálisenosequipamentosquedemandaramaltocustodemanutenção.• Outros.

Foi observado que a análise, com o critério “Pedido da Gerência ouSupervisão”,serárealizadadeacordocomaimportânciaqueagerênciarelevar.

• Coleta e dados

Paraacoletadedados,éfundamentalfazerumaanálisenaretrospectivadetodososeventosedascondiçõesobservadasduranteaocorrênciadoproblema,permitindoqueaanáliseposteriorsejaretratadacomrealidade.Asinformaçõesdevem estar disponíveis de forma clara e, se possível, emordem cronológica,paratodososenvolvidosnaanálise.Osdadosobservadosaseremcoletadossão:

• Atividadesrelacionadascomaocorrência.• Eventoqueiniciouodesencadeamentodoproblema.• Equipamentos,softwareseoutrosrecursosassociadoscomaocorrência.• Modificaçõesemprocedimentos,formaçõesetc.• Circunstânciasfísicasquepossamestarassociadasaoproblema.

• Avaliação

Aqui, busca-se entender o que ocorreu de fato, além de identificar osfatoresque,possivelmente,causaramafalha,organizá-lossegundocategorias,demodoafacilitaroraciocínionaanálise.Ascategoriasassociadasafatorescausaismais observadas na prática são:

• Equipamentos.• Materiais.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

• ProcedimentosouMétodos.• Projeto.• Capacitação.• Gerenciamento.

Para desenvolvimento dessa etapa, podem ser utilizadas as seguintesferramentas:

• Reunião de brainstorming.• DiagramadeIshikawa.

Essasferramentasfuncionamdaseguintemaneira:

Reunião de brainstorming: conhecida, também, como “Tempestade deIdeias”, consiste emuma reuniãonaqual osparticipantes analisamo registroinicialdaanálisedafalhaesugerempossíveiscausasparaafalhaemquestão.

Diagrama de Ishikawa: muito conhecido como diagrama de causa e

efeito,espinhadepeixe,6M,7Mou8M.Permiteestruturar,hierarquicamente,as causasdedeterminadoproblema, apresentar as informações levantadas no“brainstorming”deformasumarizada,atuandocomoumguiaparaaidentificaçãoda causa fundamental do problema, e auxiliar na determinação dasmedidascorretivasquedeverãoseradotadaspormeiodoplanodeação.

SegundooDiagramadeIshikawaformal,ascausasdeumproblemaoudeumafalhapodemseragrupadasapartirdoconceitodos“6M”,queorganizaas causas de falha seguindo seis categorias:materiais,métodos,mãode obra,máquinas,meioambienteemedidas.

FIGURA 2 – DIAGRAMA DE ISHIKAWA USANDO 6M

FONTE: <https://www.manutencaoemfoco.com.br/wp-content/uploads/2016/11/Diagrama-de-causa-e-efeito.png>. Acesso em: 29 out. 2020.

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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Para umamelhor adequação doDiagramade Ishikawa aos problemasencontradosnasindústrias,podeserapresentadopossibilitandoaexposiçãodasideias,segundoosfatorescausaismaisobservadasnaprática:

• Equipamentos: agrupar as causas ligadas à condição dos componentes doequipamentoousistemaemquestão.

• Materiais: agrupa as causas ligadas às falhas no material utilizado noscomponentesounaestruturadoequipamento.

• Procedimentos ou métodos: agrupar causas provenientes de problemas no cumprimentodeaçõesdemanutençãoedeoperação,alémdainexistênciaoudainadequaçãodenormas,planos,procedimentosoumétodos.

• Projeto:agruparcausasligadasàsfalhasdeprojeto,deespecificaçãoerrada,ounãoseguidadealgumcomponenteoupeça.

• Gerenciamento: agrupar causas ligadas a alterações previstas ou não doprocessoeproblemascausadosporerrosnaalocaçãoderecursos.

• Capacitação: agrupar causas relacionadas à falta de preparo das pessoasenvolvidascomoprocesso.

AAnálisedeIshikawatem,ainda,oobjetivodefiltrarascausasprováveispara eliminar (através da verificação de alguns parâmetros) aquelas que,certamente,nãosãoresponsáveispelafalhaqueestásendoanalisada,passandoparaapróximaetapasomenteascausasfundamentaisdefalha,quesãoaquelasquetêm,realmente,potencialparatercausadoafalha.

Devemosobservarque,emalgumassituações,acausa fundamentaldafalhaéúnica,oupodeseridentificadaaindanaetapadeColetadeDados,tornandoessaetapadesnecessária,oquepermiteapassagemdiretaparaapróximaetapa.

• Busca da causa-raiz

Aqui, são analisadas as causas fundamentais, sejam vindas da etapadeAvaliaçãooudaetapadeColetadeDados,dessa forma, épossível fazeraidentificação. Criam-se ações de bloqueio que eliminam a verdadeira origemda falha.Nessaetapa,énecessário realizaraescolhada ferramentadeanálisedascausasfundamentaisrelacionadasaocorrências.Dentreosdiversostiposdeanálisedisponíveis,duasdasmaisutilizadassão:

• AnálisedeEventoseFatoresCausais.• Análisedos5Porquês.

Aorientaçãopodeserrealizadaacercadaprimeiraferramenta,emrazãodafacilidadedeutilizaçãoedapraticidadecomqueseidentificaacausa-raizdafalha.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

• Análise dos 5 porquês

Ao identificar as causas fundamentais na Avaliação ou na Coleta deDados,pode-seutilizaros5Porquêsparadescobrirascausas-raízesquelevaramà ocorrência da falha. Essa ferramenta, criada na década de 50, pela Toyota,consisteemperguntarcincoouseisvezesqualacausadoproblema.Nocampode cada “Por que”, deve ser registrada a informação que explica a anterior.Provavelmente,acausabásicadoproblemaserápróximada5°ouda6°resposta,sendo possível definir uma ação corretiva, fazer modificações necessárias emonitorarresultados.

FIGURA 3 – FLUXO DE FUNCIONAMENTO DOS 5 PORQUÊS

FONTE: O autor

Segueumexemplodaaplicaçãodos5Porquês.

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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FIGURA 4 – MÁQUINA PAROU

FONTE: <https://bit.ly/2QWiYfd>. Acesso em: 29 out. 2020.

• Análise de eventos e de fatores causais

A ferramenta é empregada para análise de problemas extensos, decausascomplexasequedesencadeiameventosemsérie.Consistenaordenaçãodoseventossucessivosobservadosduranteacronologiadoproblema.Ainda,aassociação,aesseseventos,dascondiçõesmomentâneas,diretamenteorigináriase/oucontributivasparaaexistência.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Paraadiagramação,considera-seahierarquizaçãodascausas,segundoasclassificaçõesdireta,contributivaefundamental.Ascausasdiretasestãononívelmaispróximodoevento,unidasatravésdeumalinhadeassociação(cheia).Ascausascontributivasdevemestarligadasàscausasdiretas,e,porúltimo,ascausasfundamentais(normalmentedestacadas).Condiçõesquepossamtercontribuídoparaoevento,masquenãoforamcomprovadasduranteafasedeinvestigaçãodaocorrência,podemestarrepresentadas,porém,semlinhasdeassociaçãoaoeventocorrespondente(contornotracejado).Essaformadediagramaçãoéumarepresentação gráfica dos eventos e das condições conhecidas, provendo umaformadeorganizaçãodosdados,umasumarizaçãodoprocessodeanáliseeumamostradetalhadadasequênciadefatos,condiçõeseatividadesqueoriginaramaocorrência.

• Planejamento das ações de contenção

O planejamento das ações de contenção das causas-raízes permite avisualizaçãodepossibilidadesdeimplantaçãodeaçõescorretivasdosprocessosanalisados, fator que, normalmente, gera a melhoria da confiabilidade, dasegurançae,emalgumassituações,daperformancedosistema.Algumasquestõesrelevantes a serem respondidas durante o desenvolvimento da etapa são:

FIGURA 5 – DIAGRAMA DE EVENTOS E FATORES CAUSAIS

FONTE: Adaptada de Pinto e Xavier (2001)

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TÓPICO 2 — EVITANDO CUSTOS NOS EQUIPAMENTOS

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• Asaçõesdetalhadassãoeficientescontraarecorrênciadoproblema?• Asaçõesdetalhadassãofactíveis?• Asaçõesdetalhadaspermitem,aosistema,cumprirafuncionalidade?• Existeapossibilidadedeintroduçãodenovosriscosaosistemapormeiodaimplementaçãodasações?

• Asaçõessãoimediatamenteapropriadaseefetivas?

Osucessodafaseenvolvegerenciamento,planejamentoeresponsabilidadedaspessoasalocadasnaexecuçãodasações.

Há a implementação, o acompanhamento das ações e a correção dedesvios. A implantação das ações de contenção, como a própria definiçãomenciona,consisteemaplicar,naprática,asaçõesdecontençãopropostasparaeliminar cada causa-raiz. O acompanhamento das ações de contenção é umaprática importanteparaafinalizaçãodoprocessodeanálisedascausas-raízes,poisintroduzapossibilidadedecorreçãodeeventuaisfatoresquenãoestejamgerandooefeitodesejadosobreosistema.

• Documentação

Estaetapacompreendeadocumentaçãoeadivulgaçãoderelatórios,deprocedimentosedepráticasgeradosnodecorrerdaanálise.

Não,necessariamente,existeumpadrãoparaadivulgação,emborasejul-gueadequadoquesejadisponibilizado,aosenvolvidosnaresoluçãodoproblema,omaiornúmerode informaçõespossível a respeitodo evento, fator que tornaevidenteomotivodasaçõestomadas,potencializando,inclusive,ocumprimento.

• Padronização

Consiste emdestacar todasas açõesque, após implantadasnoequipa-mentoanalisadoedocumentadas,deverãoserpadronizadasatravésdeProcedi-mentosdeManutenção,OperaçãoouDesenhos,possibilitandoaimplementaçãodasaçõesemequipamentodamesmaclasse,grupooufamília,ouemequipa-mentosquepossuamomesmomododefalhaemcomparaçãoaoequipamentoemquestão.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Ograudesatisfaçãodoclienteéligadodiretamenteaoprodutodamanutenção.A falta de qualidade da manutenção é um dos geradores de demanda deserviçosdemanutenção,oquediminuiadisponibilidade,aumentaoscustosediminuiasatisfaçãodosclientesinternoseexternos.

• A relação da função qualidade e da função manutenção é estreita, ambasfazemparte do sistema da empresa, podendo ser o conjunto de atividadesede operações inter-relacionadas envolvidasnaproduçãodebens (casodeindústrias) ou de serviços, também podendo constituídas de subsistemas,interagindonasdiferentesfunçõesorganizacionais.

• O método de análise de falhas é fundamental na gestão da estratégia damanutençãodeumaempresa.Épossíveldescobrirasraízesdeproblemas,comoquebras,falhasoudefeitos,alémdeseanteciparaosconsertos,aumentandoadisponibilidadedasmáquinasdentrodocenárioprodutivo.

• MuitosdoscritériosqueorientamaanálisedefalhasforamestabelecidosnométodoFMEA(Failure Mode and Effect Analysis),quefoidesenvolvidopelospróprios representantes da indústria ainda nadécadade 50, e segue sendoaprimoradoatéhoje.

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1 As funções manutenção e qualidade evoluíram com as demandas dasociedade e do ambiente produtivo, mas a qualidade na manutençãocarecedeatençãonasorganizações, sendoumagrandeoportunidadedediferenciação da concorrência e de aumento da competitividade. Comrelação à existência de fatores considerados críticos para a qualidade,assinaleVparaasafirmaçõesverdadeiraseFparaasafirmaçõesfalsas:

() Agestãodeveserbaseadaemitensdecontroledefinidospelagerência

(disponibilidade,custos,confiabilidadeetc.),comanálisecríticaperiódica.() Eliminação das falhas, ocorridas e potenciais, através da análise da

causa-raiz,atuando,deformaintegrada,comaoperaçãoeaengenharianabuscadesoluções.

() Aplicação de auditorias, internas e externas, com verificações detendênciasderesultado.

() Nãosedeveteraadoçãodamultiespecializaçãooudapolivalência.() Treinamentoecapacitaçãodosfuncionários,tornando-osautossuficientes

epreparadosparaexecutaramanutençãoautônoma.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() V–V–V–F–V.b)() F–V–F-V–Vc)() F–F–F-V–Fd)() V–F–F-V–F

2 Nabuscapelagrandecompetitividade,nenhumaáreapodeseresquecidaoumenosprezada, e, nesse sentido, não buscar a melhoria contínua daqualidadedamanutençãoéumerroquecomprometeaperenidadedeumaorganização. Combasenisso,marqueaalternativaCORRETAacercadaqualidadedamanutenção:

a)() Em uma organização, na qual o foco se encontra na produção deumitem,masamanutençãonãoagregamaisvaloraoprodutofinal,significa maiores custos e menor margem de lucro. A utilizaçãodos conceitos da gestão da qualidade é um caminho somente paramelhorar os serviços demanutenção em si, e não paramelhorar arelaçãocomosclientesinternoseexternos.

AUTOATIVIDADE

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b)() Otemaqualidadenamanutençãocarecedeumestudomaisaprofun-dadodarelaçãoentreoqueafunçãomanutençãooferececomopro-dutodamanutençãodequalidadeeoqueoclienterealmentequer.Ummelhor serviçodemanutençãopodenão significarummelhorproduto final,mas uma organização, cuja demanda de serviços demanutençãosejaminimizadaaoqueérealmentenecessário,teráumgrandediferencialcompetitivo.

c)() Ograudesatisfaçãodoclientedafunçãomanutençãonãoinfluencianoprodutodamanutenção.A faltadequalidadedamanutenção éumdos geradores de demanda de serviços demanutenção, o que,consequentemente, aumenta a disponibilidade, diminui os custos eaumentaasatisfaçãodosclientesinternoseexternos.

d)() Emlinhasgerais,pode-seafirmarqueaqualidadedamanutençãonãodependedaqualidadedoprodutodafunçãomanutenção.

3 Segundo a terminologia recomendada pela Associação Brasileira deNormasTécnicas(ABNT)paraosserviçosdemanutenção,pode-sedizer,comrelaçãoao“defeito”eà“falha”,que:

a)() O“defeito”impedeofuncionamentodeumequipamento,porém,a

“falha”nãoimpedeofuncionamento.b)() A “falha” impede o funcionamento de um equipamento, porém, o

“defeito”nãoimpedeofuncionamento.c)() O“defeito”ea“falha”impedemofuncionamentodoequipamento.d)() Tantoo“defeito”comoa”falha”nãoimpedemofuncionamentodo

equipamento.

4 Comrelaçãoàquestãodo“defeito”eda“falha”anterior(3), justifiqueasuaresposta.

5 No decorrer da análise, ametodologia FMEA identifica cada função dosistemaeasfalhasassociadas.Emumnívelmaisaprofundado,identificaosmodosdefalhaassociadosacadaumadasfalhas,examinandoquaisasconsequênciassobreosistema.Assim,oMododeFalhaeAnálisedoEfeito(FMEA)secaracterizadequeforma?

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UNIDADE 2

1 INTRODUÇÃO

A segurançade serviços e de transportes está ligada àmanutençãodequalidade,queimpedemqueasorigensdefalhasdasmáquinaseosdanossofridospelas peças-componentes aconteçam. A máquina nunca quebra totalmentedeumasóvez,masparade trabalharquandoalgumapartevitaldoconjuntosedanifica.Apartevitalpodeestarno interiordamáquina,nomecanismodetransmissão,nocomandoounoscontroles.Pode,também,estarnoexterior,empartesrodantesouemacessórios.Porexemplo,umpneuéumaparterodantevitalparaqueumcaminhãofuncione,assimcomoumradiadoréumacessóriovitalparaobomfuncionamentodeummotor.

Existemvários fatores quepodemdar origemaosdanos, porém, aqui,trataremosdasquestõesdemanutençõesemmáquinaseemequipamentos,poisumamanutençãoimprópriapodeprovocarsériosriscosaoramoempresarial,àsociedadeeaomeioambiente.Dessaforma,umamanutençãoimprópriapodeserporperdadeajustesedeeficiênciadamáquinaemrazãodosseguintesfatores:sujeira; faltamomentâneaouconstantede lubrificação; lubrificação imprópria,quegerarupturadofilme,ouemdecomposição;superaquecimento,porcausadoexcesso,ou insuficiênciadaviscosidadedo lubrificante; faltadereaperto;efalhasdecontroledevibrações.

É importante ressaltar que as falhas são inevitáveis quando aparecem

porcausadotrabalhoexecutadopelamáquina.Nesseaspecto,amanutençãoserestringeàobservaçãodoprogressododanoparaquesepossasubstituirapeçanomomentomaisadequado.Éassimqueseprocede,porexemplo,comosdentesdeumaescavadeira,quevãosedesgastandocomotempodeuso.

TÓPICO 3 —

SEGURANÇA DE SERVIÇOS E DE TRANSPORTES

2 MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS E DE ELEMENTOS DE MÁQUINAS

Oselementosdemáquinassãoaessênciadosequipamentosindustriais.Porseroalicercedaprodução,muitasvezes,nãorecebeastécnicasdemanutençãorequeridas, tendo, como consequência, não apenas as paradas de produçãoindesejadas, mas, também, acidentes, indisponibilidades dos equipamentose prejuízos financeiros. No entanto, a fim de evitar essas complicações no

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

processoprodutivo,énecessáriomelhorarastécnicasdemanutençãoemcadaelementodemáquina,constituindoumamanutençãodequalidadeapartirdecadaelemento.Essamanutençãodequalidadedeveapresentartécnicascorretas;fornecerinformaçõesparaaaplicaçãodelubrificantescorretos,seguindonormasespecíficas;fazertreinamentosconstantes,mostrandoastécnicasdemanutençãoem elementos, mostrando situações em que aparecem falhas comuns e comocorrigi-las, buscando causas e melhorias e evitando que a organização sofraconsequências desastrosas. A seguir, serão abordadas as manutenções emelementoseemequipamentos.

2.1 MANUTENÇÃO EM CORREIAS E POLIAS

Ascorreiassãoresponsáveisportransferirforçaemovimentodeumpontoatéoutroepodemterformasemateriaisdiferentes:CorreiasemV,dentadas,lisas,sincronizadorasdeborrachaepoliuretano,comousemrevestimentos.Porisso,podemserusadas em funções específicas, comonas áreas agrícola, industrial,paraaguentartransmissõesdegrandeoudepoucaexigência.

A respeitodapolia, nahorade adquirir a correia correta, énecessárioentenderotipodepoliaquedevefazersemovimentar.Elanãopodeultrapassara linhadodiâmetro externodapolia, assimcomonãopode tocaro fundodocanal.Aspoliastambémprecisamestaremboascondições,comasbordassemamassadosourachaduras,comoscanaislimposebemalinhados.

Apolia,geralmente,temumavidaútildequatroacincoanos,atécomeçaraapresentardesgastes.Quandoissoacontece,osistemasempredáalgunssinais,como excesso de vibração, problemas no sistema elétrico e ruídos durante o funcionamento.

Para não ter problemas, que aparecem precocemente, é necessário

compreenderostiposdepoliasedecorreiasqueexistemnomercado,alémdeescolheraidealparaosobjetivos.

2.1.1 Manutenção e uso correto de correias e polias

É importante entenderque, se a correianão teveo encaixeperfeitonapolia,nãosedeveforçar,nemtentarencaixarcomaajudadeoutrasferramentas.Isso quer dizer que ela não é ideal para aquela função, e pode rompê-lainesperadamente.

Deixaracorreiamuitotensionadapodereduziravidaútil,porisso,deixesempre coma tensão correta, indicadapelo fabricante. Por outro lado, tensãobaixademais podeprovocardeslizamento emuito calor, e, assim, estragar ascorreias.Outrasituaçãocomaqualsedevetercuidado,nosistemageral,équeprecisaestarsemprebemventilado,paraquenãohajasuperaquecimento.

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TÓPICO 3 — SEGURANÇA DE SERVIÇOS E DE TRANSPORTES

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Éprecisofazeramanutençãoparaqueavidaútildascorreiassejamaior.Assim, é importante começarpela limpeza e, nasprimeirashorasde trabalhodelas(determinadopelofabricante),fiquedeolhonatensão,pois,nesseperíodo,exige-semaisdofuncionamento,ajustando-assemprequepreciso.Emseguida,verifiquedesgasteetensão.

Existem diversos tipos de correias, dependendo da aplicação, porém,

as correias transportadorassãousadasporindústriasdiversas,principalmente,nossetoresquenecessitamdetransporteemlongadistância,comoamineração,por exemplo. A manutenção das correias transportadoras é feita de formapreventiva, de acordo com as particularidades e métodos estabelecidos pelosfornecedores.Estas,porsuavez,sãoatividadesprogramadas,queintegramasparadasdeequipamentosdeminaedeequipamentos industriais,diminuindoaperdadeproduçãonaquelemomentoprogramado.Amanutenção corretivareduzematé trêsvezes ashorasparadasdo transportador.Rolos, tambores erolamentossãooscomponentesmaistrocadosdascorreiastransportadoras.Emalgunscasos,osfabricantesrecebemoconviteparaaparticipaçãonamanutenção,principalmente,emcasosmaiscomplexos.Oultrassoméumadas tecnologiasempregadas que visamonitorar falhas, com base em técnicas demanutençãopreditiva, aferindo o desgaste nas correias, além da análise da vibração, dafrequênciaedatemperaturanosacionamentoseemoutroscomponentes.

Se uma correia estourar, troque todas as correias do sistema, ou siga o trabalho sem ela enquanto for possível. Não é recomendado misturar correias com tempos de uso diferentes. Use sempre correias da mesma marca e nunca tente “remendá-las”.

DICAS

Vedação é o processo utilizado para impedir a passagem, demaneiraestáticaoudinâmica,delíquidos,gasesesólidosdeummeioparaoutro.

Écomum, em indústriasquímicas, ocorreremvazamentosdeprodutos

através das uniões das tubulações das linhas de produção. Como exemplo,tem-se omecânico demanutenção, encarregado em resolver o problema, queconstataquea juntautilizadacomovedanteseencontradeteriorada,portanto,precisalevaroproblemaaosupervisoreàengenharia.Atravésdaavaliaçãododesenhodoprojetodainstalaçãodalinhadeprodução,constata-seumerrodeespecificação, ou seja, o projetista havia especificado um vedante dematerialnãoadequadoeincompatívelcomaaçãoeocontatodiretoàaçãodoprodutofabricadopelaindústria.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Ocaso,muito comumnodia adiadas fábricas,destaca anecessidadedeespecificarcorretamenteovedantemecânico,detalformaquepossasupor-tarasaçõesquímicasemecânicasdoprodutoedasinstalaçõesdeprodução.Oselementos de vedações industriais são de extrema importância para o corretofuncionamentodosequipamentosedasinstalaçõesdediversasespécies.Sãova-riadosostiposdeartefatosquecompõemosegmento,sendoquealgumasem-presasseespecializaramnafabricaçãoenadistribuiçãodessesartefatos,poissãoindispensáveisemqualquerindústriaquímica,sobretudo,naquelasqueutilizamequipamentoseinstalaçõeshidráulicasoupneumáticasnossistemasprodutivos.

Os principais elementos de vedação são juntas de borracha, papelão,velumoide,anéisdeborrachaemetálicos,gaxetasdepapelão,selosmecânicosdeborrachaetc.

Como exemplos de peças e de elementos utilizados para vedaçõesindustriais,destacam-seosseguintes:

• Acoplamentos: esses, por sua vez, são elementos muitos utilizados eindispensáveisemmotoreseemredutoresindustriaisqueeliminamvibrações,ruídos excessivos ou choques mecânicos no momento do acionamento.Normalmente, são confeccionados em poliuretano (PU) e podem serlubrificáveisounãolubrificáveis,rígidos,flexíveisouespeciais,deacordocomasparticularidadesdosequipamentos.

FIGURA 6 – MODELOS DE ACOPLAMENTOS

FONTE: <https://bit.ly/2Pph6es>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Anéis raspadores: são elementos utilizados para limpeza e para proteção de hastes dos sistemas hidráulicos ou pneumáticos, com a função de removerpoeira, sujidades e partículas que possam aderir e danificar os sistemasmecânicos,hidráulicosoupneumáticos.

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TÓPICO 3 — SEGURANÇA DE SERVIÇOS E DE TRANSPORTES

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FIGURA 7 – ANEL RASPADOR

FONTE: <https://bit.ly/3cEVPpS>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Anéis de vedação (O-Rings): sãoelementosdevedaçãoparaaplicações emsistemas estáticos ou dinâmicos em forma de anel, com seção transversalcircular“O”.Fabricadosemdiversos tiposdemateriaisepadrõesenormasdimensionais,comoDINeJIS.

FIGURA 8 – ANEL O'RING

FONTE: <https://bit.ly/3doV5V8>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Coxins: sãoelementosdeabsorçãodevibraçõesede impactosemsistemasmecânicos, assegurando a estabilidade e a regularidade das operações dasmáquinas,dosequipamentosedosuportedopeso.Sãoaplicadosemmotoresde baixa, média e alta rotações, balanças, ventiladores, aparelhos de ar-condicionado, microcomputadores etc. Utilizam-se, também, em veículos eemequipamentospesadosedemovimentação,comotratores,empilhadeiras,pontestransportadoraseequipamentosdeprodução,injetoraseprensas.

FIGURA 9 – MODELOS DE COXINS

FONTE: <https://bit.ly/3mirfph>. Acesso em: 18 maio 2020.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

• Êmbolos: são artefatos utilizados para vedações, especialmente, projetadasparaaplicaçõesdeduploefeito.Proporcionamextremaeficiêncianagarantiado total controle e da segurança namovimentação de fluidos em sistemashidráulicosoupneumáticosdebaixapressão.

FIGURA 10 – ÊMBOLOS PARA CILINDROS HIDRÁULICOS

FONTE: <https://www.usinagemfarias.com.br/imagens/informacoes/embolos-cilindros-hidraulicos-01.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Gaxetas:sãoelementosvedantesdisponibilizadosemmateriaisdiferenciadosparaaplicaçõeshidráulicasoupneumáticasemsistemasdemovimentoaxialdebaixaoualtapressão.Operfildasgaxetasproporcionavedaçãoatravésdapressãoexercidapelofluidonoslábioscontraaparededocilindrooudahaste.Omodelodagaxetadependedapressãoedatemperaturaondeseráaplicada.

FIGURA 11 – GAXETA TIPO U

FONTE: <https://bit.ly/2POm3x6>. Acesso em: 18 maio 2020.

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• Gaxetas Chevron: são gaxetas em formato de “V”, sobrepostas e apoiadasem anéis superiores e inferiores para o acionamento de hastes e de pistõeshidráulicosemsistemasdealtapressão,emaplicaçõesnasquaisasgaxetasemborrachanãosuportamessascondições.Podemserrecobertascomgrafiteparadiminuirocoeficientedeatrito,semprejuízodavedação.Devidoàrobustez,sãoaplicadasemequipamentoshidráulicoscomcondiçõesdeserviçosseveras,comoemprensashidráulicas,emmáquinasagrícolas,emempilhadeiraseemmaquináriogeral.

FIGURA 12 – GAXETAS CHEVRON

FONTE: <https://bit.ly/2PjsPeG>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Juntas e diafragmas: as juntas de borracha são utilizadas para a vedação estáticaemflanges,carcaçasdemáquinasemotores.Proporcionamvedaçãoseguraeprática, jáquesão fabricadascommatéria-primaselecionadaesãodisponibilizadasemdiversosdimensionais.Osdiafragmassão,normalmente,utilizados em bombeamentos ou em acionamentos de equipamentos dasindústriaspetroquímicaequímica,envolvendofluidos,vaporesegases.

FIGURA 13 – JUNTAS E DIAFRAGMAS

FONTE: <https://bit.ly/39QaOvB>. Acesso em: 18 maio 2020.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

• Retentores:sãoelementosdevedaçãodinâmicos,quepossuemchapametálicainterna ou externa em aço carbono ou aço inoxidável e mola helicoidal,proporcionando rigidez e estabilidade na vedação de sistemas com movimento radial. Os retentores podem ser fabricados com lábio raspador, evitando apenetraçãodepartículasexternasnoalojamentoounahaste.Omodeloeomaterialdo retentordependemdapressão,da temperaturaedavelocidadeangulardosistemaondeseráaplicado.

FIGURA 14 – EXEMPLOS DE RETENTORES

FONTE: <https://bit.ly/3m9Dt3m>. Acesso em: 18 maio 2020.

• Vedantes especiais:aengenhariadeprojetoedemanutençãodafábricapodedesenvolver elementosvedantes foradospadrõesnormaisdomercado,me-diante a avaliação do processo produtivo e das necessidades referentes aosequipamentos e instalações que requerem grande precisão de funcionamen-to.Exemplospráticosdessesvedantesespeciaissãoutilizadosemsistemasdepaletesrotuladores,rolosdecolagem,tulipaspegadoras,amortecedores,abascônicas,borrachasdepressão,diafragmasespeciais,bujõesdepressão,borra-chasdeenchedoras,manchetas,roletestransportadoresdecalor,vedantesparalabirintoseinúmerassituaçõestécnicasrequeridaspelosprocessosindustriais.

Amanutençãomecânica, nesses elementos, geralmente, é especificadapelosprópriosfabricantes.

2.2 MANUTENÇÃO EM ROLAMENTOS

Rolamentos são essenciais para manter a atividade das máquinas.Sãoos responsáveispelomovimento, rotacionalou linear, entreduasoumaispartes,esubstituemafricçãodedeslizamentoentreassuperfíciesdoeixoedachumaceiraporumafricçãoderolamento,evitandoodesgastedoquepoderiaser friccionado.Quanto àmanutenção, é importante saber que os rolamentos

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sãopadronizados internacionalmente e são intercambiáveis, ou seja, pormaisespecíficosquepossamser, conhecerohistóricodequalidadedamarcaqueoproduziué suficienteparasaberquevocêestáadquirindoapeça idealparaafunçãoqueprecisa.

Os rolamentos das máquinas e dos equipamentos industriais têm

especificações de tempo de vida útil e capacidade muito rigorosas. Por isso,demandam cuidados especiais com a manutenção. A análise constante dascondiçõesdosequipamentosealubrificaçãoadequadaasseguramoaumentodavidaútil,evitandoparadasnaproduçãoereduzindocustos.

Assim como qualquer elemento das máquinas, os rolamentos estãosujeitosadesgasteseaavariasdecorrentesdautilização.Osrolamentosfalham,principalmente,devidoa fatores, comocontaminaçãodo lubrificante, falhanoprocessoderelubrificação,escolhaincorretadolubrificante,corrosão,fadigadomaterial,montagememanuseioinadequadoetc.

Osdoisprincipaisindicadoresdeproblemascomrolamentossãooexcessodevibraçãoeodetemperatura.Porisso,éprecisoficaratentoparadetectar,oquantoantes,seosníveisdevibraçãodoequipamentoestãoaceitáveisounão.

Omodomaissimples,emboramenospreciso,dedetectarvibraçõesnos

rolamentoséutilizarachavedefendaeoestetoscópio.Comessasferramentas,otécnicoécapazderealizarumaanálisequalitativadoruídodoequipamentoe verificar a necessidadede intervenção. Ele tambémpodeutilizarmedidoresde vibração capazes de detectar, com precisão, se os níveis de vibração doequipamentosãoaceitáveisouseéprecisorealizarumbalanceamento.

A temperatura, por sua vez, pode ser determinada por modernostermômetros digitais ou por giz sensitivo, para indicar se há problemas norolamento, como lubrificação deficiente ou em excesso, presença de sujeiras,excessodecarga,folgainternamuitopequena,excessodepressãonosretentores,calorprovenientedefonteexternaetc.Casooeixodomotorapresentetemperaturaspróximasa70°C,ouseatemperaturadoeixofor20°Cacimadatemperaturadacarcaçadomotor,osrolamentosestarãocomalgumaanomalia.Oultrassomécapazdepreveraformaçãodefalhasmecânicasemrolamentosnoestágioinicial,sendomaiseficientedoqueosmétodostradicionaisdecaloredevibração.

2.3 MANUTENÇÃO EM ENGRENAGENS

Quando se fala dos variadores e dos redutores de velocidade, não sepode esquecerdeumelemento fundamental desses conjuntos: a engrenagem.Esseelementodemáquinaexigeatençãoparticularparaobomfuncionamentodossistemas.Osconjuntosengrenadosexigemosseguintescuidados:devemserevitadaspartidasbruscassobcargaereversõesderotação,ealubrificaçãodeveeliminarapossibilidadedetrabalhoaseco.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Éessencialrealizaramanutençãodessasengrenagensdeformafrequenteeespecífica,nãodeixandopassarnenhumerroquecomprometaofuncionamento,sendoextremamenteimportantecontratarprofissionaisqualificados.

Paracadatipodeengrenagem,existeumtipodemanutençãodiferentea ser realizado. Por exemplo, a retifica de dentes de engrenagem serve para repararosdanoscausadosnosdentes,pelosdesgastesnaturaisqueapeçasofre,por conta do uso.A empresa especializada retifica todos os danos das peças,lubrificandoedandoorientaçõesaousuário,paraqueavidaútil sejaamaiorpossível.Oprocessoérealizadoregularmente,comoumainspeção,paracontrolaro funcionamento da engrenagem para a corrente. Quando apresenta algumaanormalidadenosistema,aempresaqualificada,imediatamente,éacionada,parasolucionaroproblema,sejana trocadepeçaouapenas lubrificando,voltandoaofuncionamentonormal.Oprocedimentoémuitorigoroso,porcontadeestarlidandocompeçasdegrandeimportânciaparaamáquina.

Aimportânciaderealizaramanutençãoemengrenageméporque:

• Melhoraodesempenho.• Fazcomqueeladuremais.• Hámaisqualidade.• Reparapequenosdanos.• Evitagrandesdanos.• Hámenorcustodoqueadquirirumapeçanova.

Para a manutenção na engrenagem cilíndrica,sãonecessáriosbonsespe-cialistasnapeça,poiselaapresentaumacomplexidademaiordoqueasdemaisengrenagens,necessitandodemaiscuidadoeatençãonalubrificaçãoenatrocadepeças.Conhecendotodasasformasdemanutençãoemengrenagens,émaisfácilencontrarqualtipotemomelhorformatoparaamaquinariaemquestão.

2.4 MANUTENÇÃO EM CABOS DE AÇO

Ocabodeaçoéumequipamentocomplexoemuitosensíveladanoseadesgastes,afaltademanutençãoadequadapodelevarasériosincidenteseaacidentesaoequipamento,àoperação,aoscolaboradoreseaomeioambiente.Acorretamanutençãoem intervalos ideaispodeaumentaraexpectativadevidadoativo,alémdegerar segurançaàatividade.Entretanto, apesardeumaboamanutenção no cabo deva ser preconizada, os acessórios e os equipamentosauxiliares, como tambor, polia, soquetes etc., também devem termanutençãopara a preservação do sistema como um todo. Assim, serão abordadas asprincipais tarefasdemanutençãoemcabosdeaço,havendoumadescriçãodatarefa e da importância para a preservação do ativo. Qualquer atividade demanutençãodeveserrealizadaporumprofissionalqualificadoecomautilizaçãodosmateriaisadequadosparaacorretaexecuçãodatarefae,principalmente,demaneirasegura,comriscosmínimos.

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• Limpeza

Duranteousodocabodeaço,impurezasesujeirasdoambientepodem,facilmente,entrarnaestruturadocabo,porisso,segundomanuaisdefornecedoresdecabodeaço,érecomendadorealizarlimpezasregulares.Essatarefaéaltamenterecomendadaantesdeumainspeçãovisual,poisdevepossibilitaraexecuçãodainspeçãodocabocomfacilidade.Outrospontosimportantesparaalimpezasão:removeroexcessodegraxaedeoutrasimpurezas;apósaoperação,ocabodeveserlavadocomágualimpa;equipamentosdelimpezaautomáticos,comescovasrotativasousistemadelimpezaporjatodear,tambémpodemserutilizados.

FIGURA 15 – LIMPEZA DE UM CABO DE AÇO

FONTE: O autor

Para diminuir riscos durante a atividade de manutenção, atentar aosseguintes pontos:

• Sempreusaróculosdesegurança.• Nãoutilizardetergentesououtrosprodutosdelimpezaagressivos.• Solventes sópoderãoserusadosembaixaquantidadee,quandoutilizados,somenteparaalimpezadasuperfíciedocaboemáreaslocalizadas.

• Evitardanificarocaboaoutilizarescovas.• Certificar que não há geração de calor excessivo devido ao atrito entre asuperfíciedocaboeosistemadelimpeza.

• Nãoutilizarescovasdecobre,pois,nocasodeascerdasdasescovasficaremnocabo,issopodeaumentarataxadecorrosãosuperficial.

• Inspeção visual

A inspeçãoemcabosdeaçoédevital importânciaparaumavidaútiladequada e segura do equipamento.A inspeção de recebimento é a primeirainspeçãoaserfeitaemumcabodeaço,devendoassegurarqueomaterialsejaentregue,conformerequisitado,epossuacertificadodequalidadeemitidopelo

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fabricante, assim como outros certificados de fabricação necessários.Além dainspeçãoderecebimento,apósoiníciodousodocabo,asinspeçõesvisuaisdiáriaeperiódicadeverãoserrealizadas.

• Lubrificação

Alubrificaçãodeumcabodeaçoéumaatividade fundamentalparaaboaconservaçãodesseequipamento,poisevitaquenãosofra,antecipadamente,processos,comocorrosãoedesgaste,devidoaoatritointerno,entreosarames,eexterno,entreocaboeosequipamentosauxiliares,comopolias,tambores,olhaisetc.Tambémpermitequemovimentosentreaspernassejamrealizadoscomfaci-lidade.Alémdisso,impedequeágua,impurezasououtroselementoscorrosivose/ouabrasivosingressemnaestruturadocabo.Aatividadedelubrificaçãovisaengraxarocaboexternamente,assimcomoasprimeirascamadasentreaspernas.Ointeriordocabo,devidoàdificuldadedepenetração,émenosatingido.

• Ensaio não destrutivo

Otesteeletromagnético (MRT,do inglêsMagnetic Rope Test)éumtestenãodestrutivocomumenteutilizadoemcabosdeaçodegrandecomprimento,grandediâmetroe/oupossuindováriascamadas,pois,paraessestiposdecabo,éaltaaprobabilidadedequeadegradaçãodocaboocorraapartirdointerior.O MRT serve somente como apoio à inspeção visual, não podendo haversubstituição.Otesteajudaalocalizarospontosdedeterioraçãonocabodeaço,servindocomoumareferênciaeumguiaapontos críticosdurantea inspeçãovisual.Osrelatóriosoriundosdesseensaionãodestrutivodevemsermantidosno sistemademanutençãoparaquehaja a comparação em inspeções futuras,porém,paragarantiracomparabilidade,osinstrumentosdevemestarcalibradoseoprocedimentodetestedeveseromesmo.

FIGURA 16 – INSPEÇÃO ELETROMAGNÉTICA

FONTE: O autor

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FONTE: O autor

• Ensaio destrutivo

Notestederuptura,oensaiodestrutivodeumcabodeaçoéumatarefaimportanteparaaavaliaçãodoestadointernodeumcabodeaço,assimcomoaverificaçãodacargaatualderuptura.Otestedestrutivodeveserrealizadoporumaempresacomreconhecidaexperiêncianaexecuçãodaatividade,eoequipamentousadonarealizaçãodoexamedeveestarcalibrado,comacertificaçãoemdiaedeacordocomasnormasvigentes.

FIGURA 17 – MOMENTO DO TESTE DESTRUTIVO

• Reterminação

Areterminaçãoconsistenaretiradadeterminais,desoquetes,deumcabodeaço,alémdainstalaçãodeumnovo.Tambémchamadadesoquetagem,éumatarefaimportantenapreservaçãodocabodeaço,poisaextremidadeéumaregiãocrítica,naqualoaparecimentodeváriosdefeitoséfrequente.Ocortedaextremi-dadedeveserrealizadodedeterminadamaneiraparaqueaextremidadedocabodeaçonãosejaafetada,nãoabra.Para isso,envolverocabo temporariamentecomarameséumaetapafundamentalparaumcortebemfeito.Éobrigatórioqueessaoperaçãosejarealizadaporpessoalcapacitado,equesigaoprocedimento.

FIGURA 18 – ESQUEMÁTICO DE UM CABO DE AÇO SERVIDO POR ARAMES

FONTE: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010, s.p.)

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AresinaWirelockéumadasresinasmaisutilizadasmundialmenteparaessetipodeatividade,porém,énecessárioqueestejadentrodavalidadeequetenhaumarmazenamentoadequado,paraquepossaserusada.Aquantidadederesinadependedodiâmetrodocaboaserreterminado,assim,parasaberaquantidadeexata,éprecisoverificarasrecomendaçõesdofabricante.Éobrigatórioqueumrelatóriodareterminaçãosejaemitidoaofimdessaatividade,equesejaanexado à ordemde serviço correspondente.O relatório deve ter detalhes dapessoaqueexecutouoserviço,docaboreterminadoedosoqueteinstalado.UmexemploderelatórioderesoquetagemdesenvolvidopeloautorseencontranoAnexoBdessetrabalho.

FIGURA 19 – RETERMINAÇÃO ANTES DA APLICAÇÃO DA RESINA

FONTE: O autor

Acargamáximaderupturadocabodeaçonãoseráafetadaquandoareterminaçãoforfeitadeacordocomoprocedimento.Ainda,deve-seutilizarmeiosadequados,respeitandootempodecuradaresinae,principalmente,serexecutadaporpessoal capacitado.Alémde serum importante aliadona conservaçãodaextremidadedo cabo eda terminação, a soquetagemoua reterminação ajudanapreservaçãodorestantedocabo,pois,dependendodocomprimentodocaboretirado,oposicionamentodocabonaspoliaséalterado.Pode-seoptarpelocortedeumcomprimentoequivalenteaumquartododiâmetrodotambornoqualocaboestáinstalado.Essecomprimentoretiradoproporcionaráumamudançadeposicionamentoque fará comquepartes anteriormente submetidas a esforçosrepetitivosnãosoframmaiscomessademanda.Taisesforçospoderiamlevarocaboaumdesgasteporfadiga.Umoutropontointeressantenessaatividadeéexecutarnomesmomomento emque se colhe a amostrapara realizar o testedestrutivo,realizandoapenasumcortenocabo.

• Ferramentas para a garantia de integridade de cabos de aço

Asmanutençõesdescritasnasseçõesanterioressãoelementosessenciaisnaelaboraçãodeumplanodemanutençãodecabosdeaço,eaadoçãodastarefaspromoverá,quandoadequadaaestruturadaorganização,umbomgerenciamento

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dos ativos. Contudo, para garantir a boa adequação à estrutura da empresa,épreciso analisarosprós eos contrasde cada ferramentaparapodermontarumplanodemanutençãoestruturadoeadequado,assim,épossívelintegrarosaspectos positivos de cada elemento, garantindo a boa integridadedo ativo eeliminandocustosdesnecessários.

2.5 MANUTENÇÃO EM CORRENTES

Ascorrentes, comoqualqueroutro equipamento,necessitamdemanu-tençãopreventivaecorretivaparaobteramáximavidaútil,alémdesatisfatóriaperformance.Antesdepensaremmanutenção,éprecisoconsideraroseguinte:

• todososcomponentesdotransportadorestãoadequadamentedimensionados;• acorrente,asrodaseoseixosestãoadequadamenteinstalados;• alubrificaçãooualimpezaestásendofeitacomafrequênciaadequada.

Assimqueumequipamentonovoécolocadoemfuncionamento,algunsajustes podem se fazer necessários. Por esse motivo, as inspeções iniciaisdevemserfeitascomaltaintensidade,diminuindoafrequênciaàmedidaqueofuncionamentosemostrarconfiável.

Os principais itens a serem observados na hora de planejar uma

manutenção:

• Desgaste nas placas e nos lados das rodas dentadas: esse tipo de desgaste é indicativodedesalinhamento.

• Alinhamento dos eixos e das rodas dentadas: verificar diretamente oparalelismodoseixoseoalinhamentodasrodas,evitandoqueodesgastedacorrenteseinicie.

• Limpeza:verificaraexistênciadematerialacumuladonacorrenteounarodadentada, fazendo uma limpeza completa. O acúmulo de material estranhopodecausarquebradacorrenteouacelerarprocessosdecorrosão.

• Procuraralteraçõesdacoloraçãodacorrente.Coloraçãocomtonsdemarrom,nasarticulações,podeevidenciarosuperaquecimentodacorrente.

• Reparos

Os reparos que, normalmente, podem se fazer nas correntes, são:retirada; limpeza; lubrificação; retirada de elos, no caso de a corrente tersofridoalongamento,quepermita taloperaçãoereversãodasrodasdentadas,aproveitandoafacenãodesgastadadosdentes.

Quandosecolocaumelonovoemumacorrenteusada,oelonovoteráopassomenoremcomparaçãoaumelodesgastado,gerandoumchoquesemprequeesseeloengrenarcomarodadentada,oquepoderádestruiracorrente.Um

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

outroponto é aquestãode instalarumacorrentenovaemuma rodadentadausada.Algumashorasdetrabalho,emumarodadentadadefeituosa,podemprovocar,nacorrente,maisdesgastedoqueanosdetrabalhonormal.

• Nunca aqueça ou corte uma corrente com chama, exceto em caso de extrema necessidade. Nenhum componente que tenha sofrido aquecimento poderá ser reutilizado.

• Reparos feitos em campo deverão se restringir à troca de elos ou secções completas. Não se recomenda fazer a substituição de componentes individuais (pinos, buchas, placas e rolos).

IMPORTANTE

• Estocagem de correntes e de rodas dentadas

Componentes não adequadamente protegidos poderão se deteriorarquandoestocadosporlongotempo.Nocasodaestocagem,recomenda-seprotegeracorrentecomgraxapesada,alémdecobriradequadamentecomplástico.

• Vida útil das correntes e das rodas dentadas

Avidaútildascorrentestransportadoraseelevadorasnãoédeterminadaunicamentepeloalongamentoemrelaçãoaopassoinicial,maspodedependerdodesgasteindividualdeumdoscomponentesoudealgunsdeles.Nemsemprese dá da mesma forma e depende das condições de trabalho, do ambiente,da temperatura, da lubrificação etc. Dessa forma, uma inspeção periódica érecomendada,preferencialmente,apósretiraracorrentedoequipamento,lavá-la,avaliandocadaumdoscomponentes,conformesegue:

• Rolos:Nocasodecorrentescomrolosdediâmetromenordoquealarguradas placas: A corrente deverá ser substituída quando aparecerem rolosquebrados,trincadosoucomperfurações,devidoaodesgaste.Paracorrentescomrolosdediâmetromaiordoquealarguradasplacas:Asubstituiçãodascorrentesdeveráocorrerquandoasplacascomeçaremarasparnasguiasderolamento(pistasdosrolos).

• Buchas: Determinam a substituição da corrente quando excessivamentedesgastadas.Emcorrentessemrolos,odesgasteextremopoderáprovocarperfuraçõesnasbuchas.

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• Placas:Odesgastenasáreasdeatrito,entreplaca interna-externaenaáreadeatritoentreplaca-rolo,deverádeterminarofimdavidaútildacorrenteseultrapassar1/3daespessuraoriginal,poisaresistênciaàtraçãodacorrenteestácomprometida.Quandoodesgasteémaisacentuadodoquenosoutroscomponentes,namaioriadoscasos,odesalinhamentopodesera causadodesgaste.Deveráserobservadaaexistênciadodesalinhamentoentreacorren-teearodadentada;doalinhamentodoseixosnosplanosverticalehorizontal.

• Alongamento do passo da corrente:Duranteofuncionamentodacorrente,especialmente, devido aos ciclos de engrenamento entre a corrente e asrodasdentadas,oupassagemporpistascurvas,quandoocorregirorelativoentrepinosebuchas,oatrito,sobtensãoentreopinoeabucha,provocaumdesgastenatural,cujoresultadoéoalongamentodacorrente.Oalongamento,em determinado momento, pode provocar o acavalamento da correntenos dentes da roda dentada, gerando, além do rompimento da corrente,danosemoutroscomponentesdotransportador.Olimiteadmissívelparao alongamentoda corrente, geralmente, está na ordemde 2% em relaçãoao passo original. O alongamento deve ser calculado medindo o maiornúmerodepassospossível,estandoacorrentetracionada.Oalongamentoé calculado comparando a medida encontrada com a medida original da corrente (multiplicaropasso teóricopelonúmerodepassosmedidoecompararcomamedidaencontrada).

• Desgaste das rodas dentadas

Quandoasrodasapresentamdesgasteexcessivo,acorrente“adere”àroda,gerandoavibraçãodosistema.Essedesgastedependedotipodetransportadoredotamanhodacorrente,porém,emregrageral,pode-sedizerque,quandoodesgasteatingirde3a6mmdeprofundidade,arodadentadadeveráserreparadaousubstituídaparaasseguraravidaútildacorrente.

2.6 MANUTENÇÃO EM BOMBAS

As bombas industriaispermitemarealizaçãodatransferênciadefluidos,oqueéessencialparamanteraprodutividadedeumagrandeindústria.Dessaforma,éimportantegarantirobomfuncionamentodosmecanismos,oqueinclui,também,obterumarigorosamanutençãodebombas.Comisso,épossívelqueos processos industriaisnãoparem,nãosoframatrasosenemprejudiquemosprodutosproduzidos.

As bombas são utilizadas nas mais diversas áreas da indústria, como

naproduçãodeplástico,decosméticos,dealimentosetc.Sãoelasqueditamaproduçãoindustrial,facilitamarealizaçãodetarefaseotimizamotempo.Parapreveniroudetectarproblemas,éimportanterealizaramanutençãodebombasoquantoantes.Para issoacontecer,énecessáriosabercomoamanutenção de bombas deve ser realizada, destacando três formas diferentes: manutençãopreventiva,manutençãopreditivaemanutençãocorretiva.

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UNIDADE 2 — AGREGANDO COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL

Paraevitarprejuízos,oidealésempreatuarcomamanutençãopreventiva.Alémdisso,aoescolherabomba,éimportanteficaratentoàinstalação.Após,épre-cisoobterumconstantemonitoramentoporcontadodesgastenaturaldaspeças.

• Periodicidade das manutenções

Comrelaçãoàperiodicidadedasmanutençõespreventivas,estaspodemvariar, de acordo com os tipos de bomba.Não podemos dizer que existe umtempo certo para trocar peças,tudodependedoconhecimentoedaexperiênciaqueooperadorvaiobtendoconforme for trabalhandocomcadabomba.Comessa experiência, épossível analisar, alémdedeterminar operíodonecessárioparaparar o equipamentopara fazer amanutençãopreventiva, analisandooscomponentesevendosehánecessidadedealgumasubstituição.Porexemplo,podeserqueapeçanemestejaquebrada,mas,conformeoconhecimento,saberáseelapodeserpróximadofimdotempoútilounãosendonecessárioatroca.

Épossívelotimizar,alémdemelhoraressaprevisão,usandocomponentesquedevemapontaralgumtipodemaufuncionamentodabomba.Issoajudaafazerumamanutençãocorretivadealgoinesperadoantesmesmodoequipamentofalharcompletamente.Paraisso,pode-seusarsensoresdetemperatura,monitoresde carga,monitoramento da vibração etc. Esse tipo de avaliação é ideal parabombasdeengrenagem,centrífugaselóbulos.

Aofalarmos,porexemplo,debombaspneumáticas,énecessáriorealizaravaliaçõesperiódicas,poisalgunsaspectosdemonitoramentonãofuncionam.Jáparaasbombasperistálticas,omaisimportanteérealizaratrocadoóleo.Operíodoeaquantidadedependemdotamanhodabomba.Lembre-se:éimportantecontarcomumfornecedordebombasquesaibaexatamentequaissãoasnecessidadesdaindústria,paraoferecerosmelhorestiposdebombasdemarcasconhecidasnomercado,alémdetrazersoluçõesefetivasaonegócio.

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LEITURA COMPLEMENTAR

INTELIGÊNCIA COMPETITIVA NOS DEPARTAMENTOS DE MANUTENÇÃO INDUSTRIAL MO BRASIL

RobsonQuinelloJoséRobertoNicoletti

Resumo:Asatividadesdemanutençãoindustrial,geralmente,eramconsideradascomoum mal necessário às organizações. Essa imagem necessita mudar no Brasil, pois osetor fazparteda cadeiadevaloresdas empresas, é responsávelpelamanutençãodaconfiabilidadeedadisponibilidadedosequipamentos,eéogeradordeparteexpressivadoscustosdasempresas.Essaresponsabilidadeaumentaemumpaísondeacapacidadeprodutiva está no limite, exigindo esforços extras, e onde as crescentes pressões porreduções dos custos e por restrições técnicas e humanas, nas organizações, pedemmudançasdeparadigmas.Opresenteestudoteve,porfinalidade,mapearosprincipaiscanaisdecaptaçãodainformaçãoutilizadospelosprofissionaisdamanutençãoindustrialbrasileira,demonstrandoqueousosistemáticodaInteligênciaCompetitivapodetrazersaltostecnológicoseganhodevantagemcompetitiva.Paraisso,foirealizadaumapesquisaqualitativaexploratória,utilizando,comoinstrumentosdepesquisa,ométodoDelphi,asentrevistascomprofissionaisdaáreaeodelineamentoexperimentaldesistematizaçãoda I.C- Inteligência Competitiva em um departamento-piloto do setor automotivo.Os resultados mostraram a utilização de fontes formais e informais em diferentesfrequênciasdeacessoeafragilidadedosdepartamentosnousonãosistemáticodeI.C,comprometendoosdesafiossupracitados.

1 INTRODUÇÃO: UMA VISÃO GERAL DA MANUTENÇÃO INDUSTRIAL NAS ORGANIZAÇÕES

Aorigemdotermomanutençãovemdovocabuláriomilitaresignificavamanter,nasunidadesdecombate,oefetivoeomaterialemumnívelconstante.Osurgimentodapalavramanutenção,naindústria,ocorreuem1950,nosEstadosUnidosdaAmérica.NaFrança,porexemplo,essetermoestámaisassociadoàpalavra“conservação”(MONCHY,1989).

Amanutençãoéuma funçãoempresarial,daqual se esperao controle

constantedasinstalações,assimcomooconjuntodetrabalhodereparoerevisõesnecessáriasparagarantirofuncionamentoregulareobomestadodeconservaçãodasinstalaçõesprodutivas,dosserviçosedainstrumentaçãodosestabelecimentos(OCDEapudFILHO,2000).

Formalmente, a definição de manutenção é a combinação de ações

técnicas,administrativasedesupervisão,comoobjetivodemanterourecolocarumitememumestadonoqualpossadesempenharumafunçãorequerida,ouseja, fazeroque forprecisoparaassegurarqueumequipamentooumáquina

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operedentrodecondiçõesmínimasderequerimentosedeespecificações(ABNT,2004).Asatividadesdemanutençãoexistemparaevitaradegradaçãonaturalounãodequaisquerequipamentosoudeinstalações.

Osdesgastes semanifestamdediversas formas,desdeamáaparência,

perdas parciais, até perda total das funções requeridas, causando paradas deprodução,defabricação,perdadaqualidadedosprodutosouserviços,poluiçãoedesastresambientais.

Como a área tem uma forte relação com os setores produtivos,

principalmente,quantoàqualidadeeàprodutividade, acabadesempenhandoum papel estratégico fundamental na melhoria dos resultados operacionaise financeiros dos negócios (XENOS, 1998). As áreas de manutenção, quandoidentificadas e otimizadas dentro da cadeia de valor da organização, podemoferecervantagemcompetitiva.

Acadeiadevaloréformadapornovecategoriasgenéricassubdivididas

emduasatividades:Atividadesprimárias:logísticainternaeexterna,operações,marketing,vendaseserviços;atividadesdeApoio: infra-estrutura,gerênciadeRH,desenvolvimentodetecnologiaeaquisição.Aintegraçãoeaanálisedessacadeia, identificando o potencial de cada bloco, determinarão a vantagemcompetitivadeumaempresa(PORTER,1989).

Amanutençãoestápresentenasatividadesdeapoio(fornecimentoemanu-tençãodainfraestrutura,comoenergiaelétrica,água,arcomprimido,vaporegás)enasatividadesprimárias(manutençãodeequipamentosedebensdecapital).

A MANUTENÇÃO INSERIDA NA CADEIA DE VALOR

FONTE: Modelo de Porter (1989) aplicado a uma cooperativa

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A área ganhou status de função estratégica nas organizações,principalmente,depoisdaSegundaGuerraMundial,comomovimentojaponêschamado de Total Productive Maintenance,TPM,que,aolongodosúltimos50anos,vemevoluindodeumasimplesmetodologiademanutençãoparaumcomplexosistema de gestão empresarial. O quadro a seguir deve expor a evolução doconceitodemanutençãoaolongodasdécadas.

QUADRO 1 – EVOLUÇÃO DA MANUTENÇÃO

FONTE: IMAI (apud FGV EBAPE, 2004)

Amanutençãopassouportrêsgeraçõesdistintas(MOUBRAY,1997):

1ª Geração: anterior à Segunda Guerra Mundial. As indústrias erampoucomecanizadaseasparadasdeproduçãopoucoimportavam.Astécnicasdemanutençãoempregadaseramprecáriasesimples, limitando-sealimpezas,àsrotinasdelubrificaçãoeàinspeçãovisual.Ascompetênciastécnicasegerenciaisdosprofissionaiserammínimas.

2ª Geração: mudanças radicais ocorreram durante a Segunda GuerraMundial.Aspressõesdaguerraforçaramasindústriasasemecanizaremcomonunca, e a exigirem competências técnicas e gerenciais de alto nível. Essasorganizações começaram a ficar dependentes da manutenção, na medida emqueumaproduçãointensaecomqualidadeeraesperada.Osconceitosdefalhas,demanutençãopreventiva e demanutençãopreditiva (técnicas quepredizemascondiçõesdosequipamentos)surgiramnadécadade60,paralelamentecomosprimeirossinaisdeplanejamentodamanutençãoedesistemasdecontrole,quefortaleceriamaspráticasdemanutençãoeasanálisesdecustos.Ainda,nosanos60e70,odepartamentodedefesadosEUA,comaindústriaaéreamilitar,desenvolveu as primeiras análises de políticas da manutenção chamadas de Reliability Centered Maintenance, RCM, largamente utilizadas nos dias atuais(NASA,2000).

3ªGeração:apartirdosanos70,osprocessosindustriaisganharamnovosdesafiosdeprodutividadeedequalidade.Essasmudanças,nosdepartamentosdemanutenção, foramclassificadas em:novas expectativas,novaspesquisas enovastécnicas.Novasexpectativas:termos,comodisponibilidadeeconfiabilidade

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dos equipamentos, ganham espaço na indústria, tendo, como objetivos, amaximizaçãodosganhoseaminimizaçãodoscustosdasoperações.Nessafase,aáreademanutençãoganhanovasfunçõesligadasaomeioambiente,àssegurançaspatrimonial e pessoal e à integridade dos ativos físicos. Novas pesquisas:constatou-sequecadaequipamentooumáquinaapresentavaumcomportamentodistintoequeaspolíticasdemanutençãonãoeramasmesmas(diferentementedo paradigma da época). Novas técnicas: surgem novos conceitos e técnicasavançadasdemanutençãoedemonitoramento,comoasanálisesquímico-físicasdepartículasdosóleosedasgraxas,atermografia,aultrassonografia,ostestesdevibraçõesetc.

QUADRO 2 – MUDANÇAS NAS TÉCNICAS DE MANUTENÇÃO

FONTE: Moubray (1997, p. 5)

Atualmente, as áreas de manutenção estão participando ativamentedos sistemas de Gestão da Qualidade Total (GQT), em inglês, Total Quality Management(TQM),dandosuporteàsdemaisáreasdasorganizações.Alémdeterenfocadoasatisfaçãodosclientes,oTotal Quality Management(TQM)tambémimpôsrequerimentosparaidentificareentenderacompetição(DUTKA,1998).

FONTE: QUINELLO, R.; NICOLETTI, J. R. Inteligência competitiva nos departamentos de manutenção industrial no Brasil. 2005. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/jistm/v2n1/03.pdf. Acesso em: 29 out. 2020.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

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CHAMADA

• Ainovaçãotemseapresentadocomoumdosfatoresrelevantesnoprocessode desenvolvimento das organizações. Com os mercados cada vez maiscompetitivoseacirrados,areduçãodavidaútildosprodutosedosprocessospassou a ser um elemento motivador para a criação de uma cultura para a inovação, trazendo grande competitividade entre as organizações epossibilitandooaumentodasvantagenscompetitivas.

• Oselementosdemáquinassãoaessênciadosequipamentosindustriais.Porseroalicercedaprodução,muitasvezes,nãorecebeastécnicasdemanutençãorequeridas, tendo,comoconsequências,nãoapenasasparadasdeproduçãoindesejadas,mas,também,acidentes,indisponibilidadesdosequipamentoseprejuízosfinanceiros.

• Para evitar complicações no processo produtivo, é necessário melhorar astécnicas de manutenção em cada elemento de máquina, constituindo umamanutençãodequalidadeapartirdecadaelemento.

• A manutenção de qualidade deve apresentar técnicas corretas; fornecerinformações para a aplicação de lubrificantes corretos, seguindo normasespecíficas; e fazer treinamentos constantes, mostrando as técnicas demanutenção em elementos, situações nas quais aparecem falhas comuns,corrigi-las,buscandoascausaseasmelhoriaseevitandoqueaorganizaçãosofraconsequênciasdesastrosas.

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1Rolamentossãoelementosdemáquinaquesãofontescomunsdereduçãoda capacidade de operação de um equipamento. Na manutenção dosrolamentos, a causamais comumde falha do elemento é a presença departículas em suspensão no fluido de lubrificação entre os elementosrolantes.Umaaçãocorretiva,quandoasituaçãoéverificada,é:

a)() alternarotorqueparamelhoraroassentamentodascapasdeproteção.b)() aumentaraviscosidadedoóleodelubrificação.c)() instalarnovasluvasparaareduçãodojogoentreaspeças.d)() instalarorolamentonosentidocorretoderolagem.

2 Namanutençãodeumsistemaprodutivo,recorre-seadiferentestécnicasde manutenção, com o objetivo de conservar sistemas, operando emcondições satisfatórias e economicamente aceitáveis.Acerca das técnicasdemanutenção,considereasseguintesafirmativas:

I- Um programa adequado de manutenção corretiva corrige as causasdos defeitos apresentados pelos equipamentos, evitando situaçõescatastróficaseviabilizandooplanejamentoeocontroledamanutenção.

II- Amanutençãopreditivamonitoradeterminadosparâmetrosdeumsiste-maemoperaçãoparafazerprognósticosdevidaútilresidualdoscompo-nentesdosistema,programandoaintervençãoantesdeocorreremfalhas.

III- A manutenção preventiva busca evitar paradas inesperadas de um equipamento, substituindo componentes em intervalos previamentedefinidos em função da vida útil total esperada desses componentes,mesmoqueaindaapresentemcondiçõesdeuso.

IV- Na TPM, Total Productive Maintenance, o conceito de “quebra zero”podeserdefinidocomaseguintefrase:Amáquinanuncapodeparar.

Assinale a alternativa CORRETA:

a)() SomenteasafirmativasIIIeIVsãoverdadeiras.b)() SomenteasafirmativasII,IIIeIVsãoverdadeiras.c)() SomenteasafirmativasIeIIsãoverdadeiras.d)() SomenteasafirmativasIIeIIIsãoverdadeiras.

3 Atualmente, as indústrias vêm utilizando, nas linhas de produção,equipamentos cada vez mais sofisticados, com modernos sistemasmecânicos e eletroeletrônicos, demaior graude complexidade, elevadoscustosemuitasexigênciasquantoaoníveldamanutenção.Dessaforma,estruturar bem o planejamento, a programação e o controle tem papel

AUTOATIVIDADE

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fundamental na execução dos serviços de manutenção, pois representaum alto potencial de contribuição para o aumento da produtividade.Considerando a importância da escolha de um sistema de manutençãopara assegurar um estado satisfatório, previamente especificado, deequipamentosedeinstalações,avalieasafirmaçõesqueseguem:

I- Amanutençãoprodutivatotaléumafilosofiadeorganizaçãoemqueaexecuçãodosserviçosdemanutençãoéfeitaporequipesespecializadas,destacadamente,pelasequipesdemanutençãoedeprodução.

II- A manutenção preditiva ocorre nas situações em que o equipamentoapresenta um desempenho abaixo do esperado, diagnosticado pelomonitoramentoouquandoocorreafalha.

III- A manutenção preventiva consiste na substituição de peças em intervalos predeterminados, ou de acordo com critérios prescritos, destinada areduziraprobabilidadedefalhaouadegradaçãodofuncionamentodeumitem.

IV- A manutenção preditiva deve ser adotada na organização quando oequipamentopermitir algum tipodemonitoramento e as falhas foremoriginadasdecausasquepossamsermonitoradas,alémdeaprogressãoseracompanhada.

ÉCORRETOapenasoqueseafirmaem:

a)() II.b)() IeIII.c)() IIeIV.d)() IIIeIV.

4 Osmovimentos vibratórios ou oscilatórios, presentes nasmáquinas, sãomovimentos essenciais dos quais depende o próprio funcionamentoda máquina, ou são movimentos perturbadores, isto é, trepidaçõesprejudiciais, quenecessitam ser eliminadas ou,pelomenos, reduzidas aníveisaceitáveis.Essesníveisaceitáveis,normalmente,estãoassociadosàquestãodesegurança.Justifique.

5 Manter significa fazer tudo o que for preciso para assegurar que umequipamento continue a desempenhar as funções para as quais foiprojetado, em um nível de desempenho exigido. A confiabilidade é acapacidade do sistema de realizar e de manter o funcionamento emcircunstâncias de rotina, hostis e inesperadas. Portanto, para obter aexcelênciamáximanamanutenção,éprecisoexistiramelhortécnicaaserdesenvolvidaparaalcançaroobjetivocomumcustoideal.Paramanterumníveldedesempenhoexigidodemáquinas/equipamentos,váriastécnicasdemanutençãoforamdesenvolvidas:Descrevaessastécnicas.

Page 130: Gestão em manutenção mecânica

120

REFERÊNCIAS

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Page 131: Gestão em manutenção mecânica

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Page 132: Gestão em manutenção mecânica

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Page 133: Gestão em manutenção mecânica

123

UNIDADE 3 —

MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• elaboraroplanodelubrificação;

• traçarasestratégiasdemanutençãocombasenasferramentasdosplanosdelubrificação;

• identificar, prever e se antecipar aos problemas das máquinas e doscomponentes, utlizando os métodos da ferramenta de manutençãopreditivaatravésdeanálisesvibratórias;

• elaborarasestrátegiasdemanutençãodeformaseguraeconfiável.

Estaunidadeestádivididaemtrêstópicos.Nodecorrerdaunidade,você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdoapresentado.

TÓPICO1–MANUTENÇÃOELUBRIFICAÇÃO

TÓPICO2–MANUTENÇÃOEVIBRAÇÃO

TÓPICO3–GESTÃODAMANUTENÇÃOESEGURANÇA

Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

CHAMADA

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125

UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Osetordemanutençãodeumaorganizaçãovemganhandomaisdestaquefrenteaomercado,emumcenárioemqueasindústriasbuscamgrandeslucros,maiscompetitividade,confiabilidadeemenoscustos.Nessecontexto,umadasprincipaisaliadasdamanutençãoéalubrificaçãoindustrial,visandogarantiradisponibilidadeoperacionaleaeficáciadosequipamentosedasmáquinas.

Fitch(2009),nosseusestudos,concluiuqueadegradaçãodasuperfíciedas peças, ou seja, o desgaste, corresponde a 70% das causas de parada doequipamento,sendo,namaioriadoscasos,alubrificaçãoinadequada,omotivoque leva às falhas. Diante desse cenário, traçar estratégias para elaborar umplanodelubrificaçãoéimportantíssimonadinâmicadamanutenção.Umadasalternativasquegarantequeaempresamantenhaaintegridadedosmaquináriose dos equipamentos é aplicar o método de lubrificação preventiva, a fim dereduzircustossemcomprometeradisponibilidade,asegurançaeaumentandoaconfiabilidade.

Nestetópico,seráestudadaaimportânciadalubrificaçãonamanutenção,

ecomoissoinfluencianasestratégiasadotadasemumaorganização.

TÓPICO 1 —

MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

2 PROPÓSITO DA LUBRIFICAÇÃO

Ofocodalubrificaçãoéprevenirocontatometálicodiretoentreoscorpos.Issoseconsegueatravésdaformaçãodeumapelículafinadeóleooudegraxasobreassuperfíciesdecontato.Alubrificaçãoapresentaasseguintesvantagens:

• Reduçãodoatritoedodesgaste.• Dissipaçãodocalorporatrito.• Vidadorolamentoprolongada.• Prevençãocontraoxidação.• Proteçãocontraelementosnocivos.• Amortecimentodechoques.

No entanto, para alcançar os efeitos citados, deve ser selecionado ométododelubrificaçãomaiseficienteparaascondiçõesdefuncionamento.Paraisso,deveserescolhidoumlubrificantequesejaconfiávelequeapresenteboa

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

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qualidade.Outracaracterísticaimportanteéotipoefetivodeestruturavedanteque previna a invasão de elementos nocivos, como pó, água, insetos etc., ouseja,nadapodecontaminarolubrificante.Paraconseguirumbomresultadonamanutenção das máquinas e dos equipamentos, é imprescindível traçar umaestratégia, tendo um bom plano executável pela equipe responsável, pois, narotinadeatividadesdocomplexofabril,muitasvezes,amanutençãopreventivaé negligenciada, dessa forma, a falta de manutenção interfere negativamenteem três indicadores fundamentais quanto aos investimentos no patrimônioindustrialenafluidezdoprocessoprodutivo:

• Confiabilidade:consisteemdesempenhardeterminadafunçãosobrecondiçõesespecíficasdentrodeumprazoestipulado.

• Disponibilidade: trata-se da capacidade de um item estar apto a executardeterminadafunçãodentrodedeterminadointervalodetempo.

• Mantenabilidade:éadisposiçãodeumitemparasemanteraptoouparaserreabilitadoacondiçõesdeexercertalfunçãoemumdeterminadotempoecomdeterminadasespecificações.

Aelaboraçãodeumplano fazcomqueogestor controleasatividadesdemanutençãoda lubrificação,proporcionandoo aumentodaprodutividade,aumentandoavidaútildosequipamentose,consequentemente,havendoumareduçãodecustoscomreparosecomreposiçõesemergenciais.

A seguir, serámostrado o passo a passo de como construir um planodelubrificaçãoquesejaaplicávelnodiaadia,afimdeevitardanosegrandesconsequênciasparaaproduçãoindustrial.

2.1 PLANO DE LUBRIFICAÇÃO

Para elaborar um plano de lubrificação, é necessário juntar todas asinformaçõeseaçõesquepossamviragarantir eamantera saúdedosativos.Esseplano,elaboradopelosetordeplanejamentoedecontroledemanutenção,oupelaEngenhariadeManutenção,deveráapontarquaisequipamentosdevemser lubrificados, qual a periocidade de lubrificação, que tipo de lubrificante equalaquantidadeindicada,alémdeoutrasinformaçõespertinentes.Emoutraspalavras,pode-sedizerqueoplanodelubrificaçãoéumdosdocumentosmaisimportantes,queprecisaestarpresentenaestratégia traçadapelamanutençãodosequipamentos.

Muitas empresas desconhecem ou não dão a devida importância paraaelaboraçãodoplanodemanutenção,enegligenciamasatividades,porém,asconsequênciassãologonotadas,atravésdaquedadosíndicesdedisponibilidadeedeconfiabilidade.Umbomexemplosãoosrolamentos,queapresentamfalhasemtornode53%,ligadosàlubrificação(ENGETELES,2016).

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TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

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A seguir, notaremos que 34% dos rolamentos falham por lubrificaçãoinadequadae19%delesfalhamporproblemasligadosàcontaminação.Portanto,ambas as falhas estão ligadas a causas oriundas de falhas no processo delubrificação.

FIGURA 1 – PRINCIPAIS CAUSAS EM ROLAMENTOS

FONTE: <https://engeteles.com.br/wp-content/uploads/2016/01/Quebra-Rolamentos-1.jpg>. Acesso em: 18 maio 2020.

SegundoaEngeteles(2016),naelaboraçãodosplanosdelubrificação,asfalhasmaiscomunsdeseremencontradassão:

• Lubrificantesusadosdeformaincorretanasaplicações.• Quantidadeusadaforadospadrões.• Frequênciadalubrificaçãoincorreta.• Aplicação,nospontosdelubrificação,incompletaouerrada.• Faltadesegurança.• Procedimentosbásicosdelubrificaçãoprecáriosouinexistentes.

Tem-se uma lubrificação considerada correta quando o ponto queserá lubrificado recebeo lubrificante conforme recomendado,novolumeenomomentoexato.Dessaforma,precisa-seficaratentoàsseguintescaracterísticas:

• Seaespecificaçãodofabricanteestácorreta.• Seaqualidadedolubrificanteécontrolada.• Nãopodemexistirerrosduranteaaplicação.• Oprodutoprecisaserdestinadoparaaqueleuso.• Porfim,masnãomenosimportante,osistemademanuseio,dearmazenagemedeestocagemprecisaestarcorreto.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

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Para uma aplicação adequada quanto ao volume, há as seguintescaracterísticas:

• Oprofissionalresponsávelpelalubrificaçãoprecisaserhabilitadoecapacitadoparadesempenharafunção.

• Os sistemas centralizados precisam estar projetados corretamente, commanutençãoemdiaereguladosperiodicamente.

• Os procedimentos de execução precisam ser elaborados, implantados eobedecidos.

• Necessitadeinspeçãoregularmenteepermanentenosreservatórios.

Quantoaomomentoexatodeaplicação,seráatingidoquando:

• existirsoftwareparaprogramaraexecuçãodosservidoresdelubrificação;• osperíodosprevistosestiveremcorretos;• asrecomendaçõesdofabricanteestiveremcertas;• ossistemascentralizadosestiveremcorretamenteregulados.

Aseguir,serãomostradasasseisetapasparaumplanodelubrificação:

FIGURA 2 – SEIS PASSOS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO

FONTE: O autor

2.1.1 Elaboração da árvore estrutural de ativos em oito níveis

Essa etapa é uma das mais importantes na elaboração do plano delubrificação.Aqui,serãoprevistososerrosmaiscometidospelasempresas,quesãoasnegligênciasnospontosdelubrificaçãodebaixavisibilidade.

Nessa árvore estrutural, o mais importante é chegar no nível onde

apareçamoscomponentesqueserãolubrificados,enosequipamentosnosquaisos componentes estão instalados, pois são os pontos que apresentamomaiornúmerosdefalhas,fazendocomqueoprocessodeproduçãosejainterrompido.

Durante o desenvolvimento da etapa, é possível ter uma visão ampla

doprocessodeprodução,permitindoqueaequiperesponsávelpeloplanodelubrificaçãoobserveosdetalhescruciais.

Page 139: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

129

Aseguir, serámostradaaplantadeuma indústria cimenteira.Aetapainicialéobterolayoutgeraldaplanta,e,combasenolayout,construiraárvoreestrutural,queteráoitoníveis.

Éimportanteobservarqueoprocessodeproduçãoseinicianapedreira(mina),localemqueérealizadaaextraçãodocalcário,principalmatéria-primadocimento,durantetodooprocesso.Atéchegaraopontodeensacamentodocimentodapaletização,existemváriospontosdelubrificaçãoqueestãoescondidos,eaárvoreestruturaldeveosevidenciar.

FIGURA 3 – LAYOUT GERAL DA INDÚSTRIA CIMENTEIRA

FONTE: <https://bit.ly/39xJPVp>. Acesso em: 18 maio 2020.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

130

A seguir,mostraremos o exemplo de como se deve dividir o processoemoitoníveis,parapoderterumabasepreliminardeelaboraçãodoplanodelubrificação.

FIGURA 4 – EXEMPLO DE ÁRVORE ESTRUTURAL DE ATIVOS DIVIDIDA EM OITO NÍVEIS

FONTE: <https://bit.ly/3uf1mcE>. Acesso em: 18 maio 2020.

2.1.2 Mapear os pontos de lubrificação

Comaárvoreestruturaldeativosmontada,éprecisomapear todosospontosdelubrificaçãoencontrados,cujosprincipaissão:

• Rolamentos.• Acoplamentos.• Redutoresdevelocidade.• Sistemashidráulicos.• Correntes.• Cabosdeaço.• Multiplicadoresdevelocidades.• Eixoscardans.• Pinosebuchas.• Compressoresdear.• Geradoresdeenergia.• Motoreselétricos.• Motoresestacionáriosetc.

Emseguida,ébomfazerumaseleção,alémdesepararemgrupos,paraotimizaroprocesso.Essasituaçãoédivididaemtrêscategorias:

• Lubrificadoscomgraxa.• Lubrificadoscomóleolubrificante.• Sistemashidráulicos.

PLANTA ÁREA SUB-ÁREA LINHA MÁQUINA CONJUNTO EQUIPAMENTO COMPONENTE

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TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

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Ao término dessa divisão de categoria e do descobrimento dos itensquedeverãoserlubrificadoscomgraxa,oslubrificadoscomóleoeossistemashidráulicos,deveseromomentodeselecionaroslubrificantes.

2.1.3 Selecionar os lubrificantes

Nopasso2,épossíveldimensionaraaplicaçãodecada tipode lubrifi-cante.Uma recomendação éque comece semprepelo tipodemaiordemandanoplano.Éimportanteselecionarasgraxasqueserãomaisutilizadas,osóleoslubrificantese,porúltimo,osóleoshidráulicos.

Háumagrandevariedadedetiposdegraxalubrificantenomercado,ecada aplicação exigeum tipodiferentededeterminadagraxa.Deve-se aplicargraxasapenasemmecanismosquepodemserlubrificadoscompoucafrequênciaeondeumóleolubrificantenãopermanecerianaposição.Tambématuamcomoselantes,paraimpediraentradadeáguaedemateriaisincompressíveis.

Aseguir,observaremosarepresentaçãodacomposiçãodasgraxas,cujas

apresentamtrêsitensbásicos:óleolubrificante(mineralousintético),espessante(podendo ser sabãometálico ou não sabão) e aditivo (osmesmos usados nosóleoslubrificantes).

De acordo com a Engeteles (2016), nos componentes básicos da graxa,cerca de 90% da graxa é óleo lubrificante. É o óleo que faz a lubrificação dorolamentoegarantequeeletrabalhefrio,limpoesemoxidação.

A função do espessante é absorver o óleo lubrificante. Quando o

rolamentocomeçaatrabalhareaaquecer,oespessantesoltaoóleolubrificantedeformagradativa.Osaditivossãocompostosquímicosqueagregamvaloraolubrificante,eaumentamaproteçãoaorolamentoquantoaoxidações,corrosões,extremapressão,adesividadeedesgastes.

FIGURA 5 – COMPOSIÇÃO DAS GRAXAS

FONTE: <https://bit.ly/3fxkUou>. Acesso em: 18 maio 2020.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

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SelecionandooÓleoLubrificante: Éimportantequevocêsaibaqueexis-tem,basicamente,doistiposdeóleolubrificante:lubrificantesintéticoemineral.

Os lubrificantes minerais precisam atender aos padrões internacionaisdaAssociação Europeia dasMontadoras deAutomóveis (ACEA), do InstitutoAmericano de Petróleo (API), do Comitê Internacional de Padronização eAprovação de Lubrificantes (ILSAC), da Organização Japonesa de PadrõesAutomotivos(JASO)eàsespecificaçõeseàshomologaçõesdealgunsfabricantes.

Osóleoslubrificantessãotestadosquantoàsdiversaspropriedadesparaespecificar como funcionarão em diversas condições e ambientes. Dentre asprincipaispropriedades,estão:

• Viscosidade: atua como medida de resistência que um fluido oferece aoescoamento.Quantomaisaltaaviscosidadedeumlubrificante,maisespessoeleserá,emaisenergiaseránecessáriaparamoverumobjetoatravésdoóleo.

SI: A unidade da viscosidade cinemática ν é m²/s. No sistema CGS, é utilizada a unidade Stokes (St), sendo um Stokes igual a 10−4 m²/s.Viscosidade absoluta: Pa.s (N.s/m²) em unidades do SI. Essa unidade é, normalmente, expressa em mPa.s. Outra forma conveniente, a partir do sistema CGS, é o Poise, sendo um Poise igual a 0,1 Pa.s,, ou seja, um centipoise (cP) é igual a 1 mPa.s.

UNI

• Pontodederrame:éopontodefluidezdeumlubrificantenaqualoóleofluirádorecipiente.Parabaixastemperaturas,aviscosidadedoóleoserámuitoalta,fazendocomqueoóleoresistaaofluxo.Issoéimportanteemequipamentosqueoperamemumambientefrioouquelidamcomfluidosfrios.

• Oxidação e corrosão: essa característica é importante, pois, muitas vezes,os lubrificantes são expostos ao oxigênio e certos metais ou compostos atemperaturasacimade70ºC.Podemserpropensosàoxidação.Lubrificantespreferidos são aqueles que têm uma alta resistência à oxidação e inibem acorrosão,protegendooscomponentescontraataquesdeágua,deoxigênioedeprodutosquímicos.

• Pontos de faísca, fulgor e autoignição: quando o óleo lubrificante éaquecido a uma temperatura suficientemente alta, começa a ferver, comovapor.Eventualmente,umatemperaturaéatingida,naqualoóleovaporizadopodeser inflamadoporuma fonteexterna.Essa temperaturaé chamadadeponto de fulgor. Quando a fonte de ignição é removida, o vapor deixa de

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TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

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queimar.Opontodeincêndiodeveserumpoucomaisaltodoqueopontodefulgor,noqualovaporcontinuaaqueimarpor,pelomenos,cincosegundosdepoisqueafontedeigniçãoforremovida.Atemperaturadeautoigniçãoéopontoemqueovapordeóleoseinflamaespontaneamente,semoauxíliodeumignitorexterno.

2.1.4 Como calcular a quantidade de lubrificante que deve ser aplicada

Aquantidadedelubrificante,aplicadadeformaincorreta,sendomuitooupouco,éprejudicialnamesmaintensidade.Aquantidadedegraxadepende,exclusivamente,dotamanhodorolamento.PelaEquação1,serápossívelestimaressaquantidade:

G=Quantidadedegraxaemgramas0,005=ConstantedafórmulaB=LarguradorolamentoemmilímetrosD=Diâmetroexternodorolamentoemmilímetros

Para casos de óleo lubrificante, hidráulico ou isolante, a quantidadeparaaaplicaçãodeveestarexpostanoManualdeManutençãoeOperaçãodoEquipamento.

(1)

2.1.5 Como calcular a frequência de lubrificação e troca de lubrificante

Para casos de lubrificação em motores elétricos, a frequência derelubrificaçãoéo itemquedeverecebergrandeatenção,poisqualquerdeslizepodecomprometeravidaútildorolamentoemmaisde50%,afetandodiretamenteaconfiabilidadedomotorelétrico.

Para definir a frequência de relubrificação, leva-se em consideração aconfiguraçãodecadamotorelétricoemparticular,ouseja,vocêpode terdoismotoreselétricosexatamenteiguais,masseelesestiveremmontadosemposiçõesdiferentes,porexemplo,afrequênciaderelubrificaçãojámuda.

Aseguir,serãomostradosositensnecessáriosparadefinirafrequência.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

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FIGURA 6 – ITENS NECESSÁRIOS PARA A DEFINIÇÃO DA FREQUÊNCIA DE RELUBRIFICAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3mcXxlp>. Acesso em: 24 maio 2020.

A Equação 2 será usada para obter o tempo de relubrificação nosrolamentos(dadoemhoras):

T=TempoparaapróximalubrificaçãoemhorasdefuncionamentoK=Produtodamultiplicaçãodetodososfatoresdecorreção(FtxFcxFmxFvxFpxFd)N=Velocidade(RPM)b=Diâmetrointernodorolamento(mm)

QUADRO 1 – FATORES DE CORREÇÃO PARA O INTERVALO DE LUBRIFICAÇÃO

FONTE: <https://bit.ly/3rJEAbp>. Acesso em: 24 maio 2020.

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TÓPICO 1 — MANUTENÇÃO E LUBRIFICAÇÃO

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Paraóleoslubrificantesouhidráulicos,oquedevedefiniraperiodicidadeparaasubstituiçãodosóleosdeumdeterminadoequipamentosãoascaracterísticasfísico-químicas.

De forma geral, a periodicidade para a relubrificação depende das

condiçõesdeoperação,daquantidadedeóleoedotipodeóleoutilizado.Assim,éimportantesaberqueseatemperaturadefuncionamentoestiverabaixode50°C,o óleo deve ser substituído uma vez por ano, para temperaturas de operaçãomais elevadas. Entre 80°C e 100°C, o óleo deve ser substituído, ao menos, acadatrêsmeses(ENGETELES,2016).Emcasosdeequipamentosimportantes,éaconselhávelqueaeficiênciadalubrificaçãoeadeterioraçãodapurezadoóleosejamverificadasemintervalosregulares,parasedeterminarquandodeveserfeitaasubstituiçãodoóleo.

Aseguir,mostraremos,deformageral,comosaberaquantidadedeóleoquedeveseraplicada.

FIGURA 7 – CÁLCULO DA QUANTIDADE DE ÓLEO

FONTE: <https://bit.ly/2QXHfS6>. Acesso em: 24 maio 2020.

Caro aluno, você poderá aprofundar os conhecimentos em relação à manu-tenção e à lubrificação através dos seguintes links: https://periodicos.utfpr.edu.br/revistagi/article/viewFile/167/163; https://www.youtube.com/watch?v=nemC2vOAzRA; https://www.youtube.com/watch?v=bJrSxqepKlM.

DICAS

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Aestratégiademanutençãodemáquinasedeequipamentosestádiretamenterelacionadacomasetapasdoplanodelubrificação.

• Um bom plano de lubrificação necessita de conhecimentos de pessoascapacitadasequalificadas.

• Oprimeiropassodoplanodelubrificaçãoéconheceroambientedetrabalhonoqualsedesejaaplicaroplano.Paraisso,éimprescindívelquesetenhaemmãosolayoutdaplantadoprojeto.

• O focodaaplicaçãodoplanode lubrificaçãoé conseguirprevero tempo,aquantidadeeopontocertodeaplicaçãodarelubrificação.

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1 Como foi visto neste tópico, o planode lubrificaçãopropicia, ao gestor,melhorcontroledasatividadesdemanutençãoemrelaçãoàlubrificação,pois esta tem, como finalidade, reduzir o desgaste oriundo do atritoentre itens.Alémdisso,devemelhoraros indicadoresde confiabilidade,disponibilidade e mantenabilidade, aumentando a produtividade eprologandoavidaútildasmáquinas edos equipamentos.Dessa forma,surgeanecessidadedeelaboraçãodeumplanodelubrificação,afimdeobterosresultadossupracitadosanteriormente.Nasalternativasaseguir,marqueaalternativaquemelhordefineoplanodelubrificação:

a)() Oplanode lubrificaçãoéumaferramentausadapelosistemafabrilquebuscacorrelacionarasespecificaçõesdoscomponentespossíveisde lubrificação com as especificações dos lubrificantes utilizados,fazendoocontroledosequipamentosedosprodutosdentrodarotinadaempresa.

b)() O plano de lubrificação é um documento que, basicamente, reúneinformações que determinam por que, como, onde e quando alubrificaçãodeveserrealizada.Esteplano,porsuavez,nãonecessitadepessoascapacitadas,comooslubrificadoresindustriaispresentesna hora da elaboração, cabendo somente a responsabilidade deexecuçãodoplano.

c)() Duranteaelaboraçãodoplanodelubrificação,nãosedevelevaremconsideraçãoocomplexofabrilmicro,apenasosistemafabrilmacro,issoporqueomaufuncionamentodoscomponentesnãoinviabilizaalinhadeprodução.

d)() Oplanode lubrificaçãoédefinidocomoa ferramentaquenão levaemconsideraçãoo tipodematerial, o tipode superfície, ograudeaquecimentoetc.

2 Lubrificar corretamente significa realizar um planejamento de formaprogramada,comoobjetivodeconseguiruma lubrificaçãocomeficácia,para isso, é necessário saber o tipo e a quantidade de lubrificante equandoeondedeveserusado.Acoordenaçãoeocontroledessesfatoressão extremamente cruciais, necessitando de um bom planejamento dalubrificação.Combasenisso,assinaleaalternativaquecitaasprincipaisinformações,deformamaisabrangente,quedevemserlevantadasparaaconstruçãodoplanodelubrificação,segundoaEngeteles(2016):

a)() Elaboraçãodaárvoreestruturaldeoitoativosapenas.b)() Elaboração da árvore estrutural de oito ativos e mapeamento dos

pontosdelubrificaçãosãosuficientesparaterumótimoresultado.

AUTOATIVIDADE

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c)() Elaboraçãodaárvoreestruturaldeoitoativos,mapeamentodospontosdelubrificação,definiçãodostiposdelubrificantesqueserãousadosnoscomponentes.Comessestrêspontos,oplanoestátotalmenteseguro.

d)() Elaboraçãodaárvoreestruturaldeoitoativos,mapeamentodospontosdelubrificação,definiçãodostiposdelubrificantesqueserãousadosnoscomponentes,cálculodaquantidadedelubrificantesnecessários,frequênciadeaplicaçãoeoutrasatividadesquepossamcomplementaroplanodelubrificação.

3 Umadas atividades relevantes namanutenção está na identificação dospontos que serão lubrificados. Acerca da identificação desses pontosde lubrificação, assinale V para as afirmações verdadeiras e F para asafirmaçõesfalsas:

() Ao realizar o levantamento das máquinas e dos equipamentos, éimportantefazerumaanáliseminuciosa,identificandooscomponentes,poisestessãooprincipalfocodospontosdelubrificação.

() Pararealizaraidentificaçãodospontosdelubrificaçãodoequipamento,é necessário ter emmãos omanual damáquina ou do equipamento,alémdedescobrirotipodelubrificanteque,namaioriadasvezes,vemindicadopelofabricante.Ainda,quantidaderecomendadaeosintervalosdelubrificação.

() A norma DIN 51502 não diz respeito à identificação dos pontos delubrificação, não podendo ser atribuída a ela, de maneira alguma, aformade realizar a lubrificaçãodosmaquinários edos equipamentos,muitomenosdoscomponentes.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() V–F–F.b)() V–V–F.c)() F–V–F.d)() F–F–V.

4 Na manutenção preditiva, sempre surgem dúvidas referentes ao óleolubrificante e às distintas funções. Portanto, conhecer as principaispropriedadesdoóleolubrificantepodesercrucialparaosucessodaempresaepara o bom funcionamentodasmáquinas.Com relação à lubrificação,descrevaasprincipaisfinalidades.

5 Naprimeiraetapadodesenvolvimentodoplanodelubrificação,propostopelaEngeteles(2016),tem-seaelaboraçãodaárvoreestruturaldeativosemoitoníveis.Comrelaçãoaessaetapa,descrevaporqueelaéumadasetapasmaisimportantesparaqueoplanosejaexecutadodeformaeficiente.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Osurgimentodetécnicasaprimoradastemaumentadoasexigênciasdeconhecimentotecnológicoedemandadoqualidadenosserviçosdemanutenção.Hoje,percebe-sequeasempresasestãosempreatentasaoscustosqueenvolvemtodaalinhadeproduçãoe,dessaforma,buscamalternativasquesejamcapazesdeevitar,porexemplo,despesascommanutençãodeequipamentos,perdasdeprodução, interrupções frequentes provocadas por reparos e falhas etc.Alémdisso,existe,também,umapreocupaçãovoltadaparaaquestãoambiental.

Naengenharia,utilizam-seequipamentosquepossammedir,registrare

controlarocomportamentodegrandezasfísicas,assim,écomumainclusãodesoftwaresavançadoscapazesdefazeranálisessimulatóriasededetectarpossíveisproblemasnasmáquinasenoscomponentes,nãoesquecendodossensoresedosatuadores,quecapturamsinaisdeelementoscríticosnasanálisesdevibrações,facilitandoaaplicaçãodaferramentademanutençãopreditiva.

Neste tópico, será abordado como as vibraçõesmecânicas, através dos

diagnósticosdefalha,podemajudaragestãodamanutençãonasaplicaçõesdetécnicasdesenvolvidasnamanutençãopreditiva.

TÓPICO 2 —

MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

2 ANÁLISE VIBRATÓRIA E MANUTENÇÃO PREDITIVA

Uma boa manutenção nas máquinas e nos equipamentos prolonga otempodevidaútil.Paratanto,faz-senecessáriaumamanutençãopreditivacomacompanhamentoregular,aumentandoaprodutividadeereduzindooscustos.Umadastécnicasquepodeanteciparpossíveisfalhaséaanálisedevibração.

Na prática, os problemas encontrados de vibrações são complexos,necessitandode ferramentas computacionaispara resolvê-los e, aindaassim, édifícildetalharcompletamenteomodelo.Dessaforma,somenteascaracterísticasquemaisimportamsãoconsideradasnaanálise.Emmuitoscasos,éaconselhávelativar a antirressonância para evitar ruídos, ou reduzir tensões no sistema,provocadoespecíficasfrequênciasdevibração.

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140

UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

Asoscilaçõesdefrequênciapodemserumsinalquealgumcomponenteestá comdefeito ou sedeteriorando, provocandomudançanadistribuiçãodeenergiavibratória,gerandofalhasnasmáquinas,atravésdodesgasteprematurode peças, das quebras repentinas, das conexões de componentes, das folgasmecânicas, dos problemas com engrenamento, dos desalinhamentos, dodesbalanceamentoetc.

Percebe-sequeafacilidadedeadquirirproblemasnosmaquinárioscom

avibraçãodesreguladaéaltíssima,portanto, fazerumaanálisedevibraçãonamanutençãopreditivaéextremamenterecomendado.Paraqueissosejapossível,asempresasestãoinvestindoemtecnologiascomoautomação,contribuindoparaomáximo da produção, pois essas tecnologias permitem que o equipamentofuncione por longos períodos, sem interrupções no sistema. Tudo isso éconsequênciadamanutençãopreditiva,queprevêfalhasnasmáquinasantesqueaconteçam,evitandoparadasnãoprogramadas.

FIGURA 8 – TIPO DE MANUTENÇÃO EXECUTADA EM CHÃO DE FÁBRICA

FONTE: <https://bit.ly/2OcNsbI>. Acesso em: 24 maio 2020.

2.1 PARÂMETROS DE MEDIÇÃO NA MANUTENÇÃO PREDITIVA

Os parâmetros medidos na manutenção preventiva devem fornecerdados que permitam uma análise técnica, no qual os resultados mostrem anaturezada falha,para estabeleceros elementos críticosdo sistema.A seguir,exemplificaremosalgunsparâmetrospossíveisdemedições.

Page 151: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

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QUADRO 2 – PARÂMETROS PASSÍVEIS DE MEDIÇÃO NA MANUTENÇÃO PREDITIVA

PARÂMETRO A SER MEDIDO

NATUREZA DA FALHA OU DEFEITO A SER DETECTADO

Amplitudededeslocamentodavibração

Desbalanceamento, desalinhamento, jogo excessivo,falta de rigidez, acoplamento defeituoso, correiasfrouxas ou gastas, eixos deformados, desajustes,turbulênciaetc.

Amplitudedevelocidadedavibração Mancaisouengrenagensdeterioradas.

Amplitudedeaceleraçãodavibração

Estado mecânico dos rolamentos, atrito excessivoentrecomponentes,faltadelubrificação,instabilidadedofilmedeóleoemmancaisdedeslizamento.

FrequênciadavibraçãoDadocomplementaràmediçãodequalquercaracte-rísticadavibração,indispensávelnadeterminaçãodequalquerproblemadetectado.

Fasedavibração Desbalanceamentodinâmico, folgaexcessiva,partesfrouxasousoltas.

Nívelderuído Rolamentosouengrenagensdeterioradas,desgastes,cavitação,turbulência,aumentodoatrito.

Fugas Deterioramentodeselos,juntasegaxetas,perdasdepressão.

Espessura Corrosãoouerosãoemtanqueseemtubulações.

TemperaturaLubrificaçãoinadequada,engrenamento,aumentodoatrito, sobrecarga,desalinhamentodemancais,pro-duçãoexcessivadecaloremcomponenteselétricos.

Pressão Deterioramento de rotores, bloqueio de tubulações,válvulastravadas.

FONTE: Adaptado de Yacubsohn (1983)

Com as informações detectadas durante as análises, é possívelmontarumhistóricodoequipamento,permitindodetectaroselementosqueapresentamfalhasmaisfrequentese,dessaforma,estabelecerumplanejamentoestratégicodamanutenção.

2.2 ANÁLISE DE VIBRAÇÃO

Os elementos mecânicos de uma máquina são complexos, articuladosepodemsofrer excitaçãodurante as oscilações transmitidaspelas articulaçõesaos demais elementos acoplados, gerando um complexo de frequências quecaracterizaosistema.Àmedidaqueumapeçamudaascaracterísticasmecânicas

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

por desgaste ou por trinca, uma componente de frequência do sistema seráalterada,provocandomudançasnocoeficientedetransmissãodosinalentreaspeças, com geração de folgas, defeitos ou desalinhamentos de rolamentos oumancaisdemáquinasrotativas,refletindonosurgimentodenovasfrequências.

Todas as máquinas em funcionamento produzem vibrações que, aos

poucos, levam-nas a um processo de deterioração, caracterizado por umamodificaçãonadistribuiçãodeenergiavibratóriapeloconjuntodoselementosque constitui a máquina. Além disso, o princípio de análise das vibrações évoltadoparaaideiadequeasestruturasdasmáquinasexcitadaspelosesforçosdinâmicosdãosinaisvibratórios,cujafrequênciaéigualàfrequênciadosagentesexcitadores.Secaptadoresdevibraçõesforemcolocadosempontosdefinidosdamáquina,devemcaptarasvibraçõesrecebidasportodaaestrutura,dessaforma,oregistrodasvibraçõeseaanálisepermitemidentificaraorigemdosesforçospresentesemumamáquinaoperandoregularmente.Assim,detecta-se,deformaantecipada,aexistênciadosseguintesdefeitos,quedevemseranalisados:

• rolamentosdeteriorados;• engrenagensdefeituosas;• acoplamentosdesalinhados;• rotoresdesbalanceados;• vínculosdesajustados;• eixosdeformados;• lubrificaçãodeficiente;• folgaexcessivaembuchas;• faltaderigidez;• problemasaerodinâmicos;• problemashidráulicos;• cavitação.

Cadacomponenteoucadatipodedeficiênciamecânicadeumamáquinaemoperaçãoproduzumavibraçãodefrequênciaespecíficaque,emcondiçõesnormais de funcionamento, alcança uma amplitude máxima determinada(YA’CUBSOHN,1983).Assim,comamediçãoeaanálisedavibração,épossívelestabeleceraorigem,identificandooscomponentesdamáquinaeotipodefalha,alémdaavaliaçãodoestadomecânicoedaseveridadedoproblemaidentificada.

Segueametodologiabásicarecomendadaparaadetecçãodasfalhas:

• Medição de frequência: o objetivo é detectar a origem da vibração. Oconhecimentodafrequênciapermiteidentificarocomponentedamáquinaouanaturezadafalhaqueproduzavibração.

• Medição da amplitude:avaliaavibraçãoe,consequentemente,ofuncionamentonormalouanormaldosistema.Amediçãodaamplitudepermiteavaliar,porcomparação, com valores limites previamente estabelecidos, se a vibraçãocorresponde a um funcionamento normal ou anormal, além do grau deimportânciadafalhadetectada.

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TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

143

2.2.1 Frequência da vibração

Frequênciaéa razãoderepetiçãodeumeventoperiódico,geralmente,expressaemrotações(ouciclos)porsegundoHz;rotaçõesporminuto,rpm;ciclosporsegundos,commúltiplosdavelocidadederotação,harmônicos.Harmônicassãocomumentereferidascomosendo1xarotação,2xarotação,3xarotação,eassimsucessivamente.

Fatores, como instabilidade, desbalanceamento, desalinhamentos,

mudanças no ajuste, desgaste e fadiga, geram vibrações específicas ecaracterísticas.A vibração característicamais comum ocorre na frequência derotaçãodamáquina.Estaé,geralmente,acomponentecomamaioramplitudemedidaemvelocidadeoudeslocamento.

Ométododeanáliseparafrequênciaéoespectral,baseadonoTeoremade Fourier, e estabelece que qualquer função periódica possa ser decompostaporumasériedeondassinusoidaispurascomfrequênciasdistintasemúltiplasharmônicasdafrequênciafundamental.Essascomponentesconstituemoespectrode frequência da vibração. Ao utilizar transdutores sensores (acelerômetros)para a aquisição de tal parâmetro e posterior análise, o espectro de vibraçãode um sistema pode ser levantado.Observando-se a amplitude dos picos emdeterminadas frequênciase relacionandoasamplitudesobservadascomasdafrequênciafundamentaldosistema(rotativo),pode-sechegaraumdiagnósticodoestadodefuncionamentooualterabilidadeemcursodosistema.

2.2.2 Determinação da variável a ser medida

Cada força excitadora existente emdiferentespontosdamáquinageraumaharmônicadavibração,determinandocertodeslocamento,certavelocidadee uma dada aceleração. A soma de todas as harmônicas para cada variávelgeraumapoliharmônica,presentenosmancais,alémdaclassificaçãototaldascomponentesharmônicasdavibraçãoemdoisgrupos,delineadospelovalordafrequência de rotação do eixo.Assim, estabelece-se a divisão (YA’CUBSOHN,1983):

• Componentesdebaixafrequência(valoresdefrequênciadeaté5vezesarpmdoeixo).

• Componentesdealtafrequência(valoresmaioresque5vezesarpmdoeixo).

Convémesclarecerqueosvaloresfixadosseguemumadivisãoorientativa.

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144

UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

2.2.3 Transdutores de vibração

Transdutores de vibração mecânica, muito utilizados em fábricas,apresentamgrandeprecisão,tornandoosprocessosmaiseficienteseseguros.Sãoconhecidos,também,comosensoresdevibração,utilizadoscomafinalidadedeidentificaroscilaçõesanormaisemmáquinas.

Paraarealizaçãodasanálisesdevibrações,sãoutilizadossensoresparaasmedições,porém,dependendodamáquinaasermonitorada,érecomendávelumamontagemdefinitivaouprovisóriadossensores.Paraamontagemdefinitiva,tem-se a detecção demudanças súbitas nas assinaturas de vibração, comonodesbalanceamento repentino das pás de um ventilador por causa da poeiraacumulada.Quantoàmontagemprovisória,possibilitaaaplicaçãode técnicasmaisavançadasdeprocessamentodosinaldevibração,podendoapresentarmaiseficiência.

Os transdutores de vibração são essenciais paramonitorar a condiçãodemáquinas,poissãoresponsáveispelatransformaçãodosinaldevibraçãoemumsinal elétrico, quepode serprocessadoe analisadode formamais efetiva.Entretanto, vibrações mecânicas podem ser analisadas em três parâmetros:deslocamento, velocidade e aceleração.

Antesdedetalhesdessesparâmetros,é importantevocêconhecerduas

medidasdevibração:absoluta e relativa.

De acordo com a ISO 7919-1 (1996), mediçõs de vibrações relativas,geralmente, são realizadas com um transdutor sem contato, que percebe odeslocamentovibratórioentreoeixoeummembroestruturaldamáquina.Comoexemplo,tem-seomancaldedeslizamento.

FIGURA 9 – DETECÇÃO DE FALHAS NOS MANCAIS DE DESLIZAMENTO

FONTE: <https://bit.ly/31IcnqA>. Acesso em: 29 maio 2020.

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TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

145

Paraamediçãodasvibraçõesabsolutas, são realizadasporuma sondaeixo-equitação, em que um transdutor sísmico (acelerômetro ou transdutordevelocidade)émontado,de formaqueasvibraçõesabsolutasdoeixosejammedidasdiretamente,ouporumtransdutorsemcontato,quemedeavibraçãorelativadoeixoemcombinaçãocomumtransdutorsísmico,quemedeavibraçãodeapoio.Ambosostransdutoresdevemsermontadosjuntos,paraquetenhamomesmomovimentoabsolutonadireçãodemedição.Assaídascondicionadassãosomadasvetorialmente,parafornecerumamedidadomovimentoabsolutodoeixo.

Agora,voltandoparaaescolhadoparâmetro,estedependedanaturezadavibraçãoedopropósitodamedida.

• Deslocamento: é mais utilizado para medições de vibrações em baixafrequência, como desbalanceamento de máquinas e vibrações de suportesestruturais.Ostransdutoresdedeslocamentosão,geralmente,sensíveisaummovimentorelativo,comoadistânciaentreosensorfixoemummancaleumeixovibrando.

• Indutivo: são componentes vedados e que podem trabalhar em ambientescompoeira(nãometálica)e,atémesmo,emcontatocomlíquidos.Apesardapequenadistânciadedetecção,apresentaótimaprecisãoerepetibilidadeemmediçõesdeproximidade.

Aseguir,mostraremosumSensorIndutivo(Trigger),cujofuncionamentose baseia na variação da relutância magnética de um ímã permanente, pelaaproximaçãoalternadadeummaterialferromagnético.Emmovimentoperiódico,háageraçãodeumafrequência,ouseja,comautilização,principalmente,paraamediçãodarotaçãodeeixos.

FIGURA 10 – SENSOR INDUTIVO (TRIGGER) USADO PARA MEDIÇÃO DE ROTAÇÃO DO EIXO

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

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146

UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

• Eddy Current(correnteparasita):éadequadaquandonecessitadealtaprecisãoemambientesindustriaisagressivos(pressão,sujeira,temperatura).Usadaemmancaissemrolamento(debuchaoudeslizamento),é,geralmente,empregadaemmáquinasgrandesedealtavelocidade(turbinas,turbomáquinas).Existem,também,ossensoresdeproximidade,comoinstrumentosdemedição(proxí-metros).Ofuncionamentosebaseianageraçãodeumcampomagnéticoporumosciladordealtafrequência,eaaproximaçãoalternadadapeçaacabapro-vocandoumefeitodemodulaçãonaamplitudedabobinasecundária.Emse-guida,osinalédemoduladoetransformadonaformadevibraçãorequerida.Osproxímetrossão,normalmente,utilizadosparamonitoraromovimentorelativoentreumeixoeacarcaçadeumamáquina.Sãoinstaladosatravésdafuraçãocompletadacarcaça(quemfazafuraçãoéofabricantedamáquina),atéchegaraoeixo,usado,normalmente,umpardesensoresdeproximidadepormancal.

FIGURA 11 – SENSOR DO TIPO EDDY CURRENT PROBE

FONTE: <https://bit.ly/3cFfWEm>. Acesso em: 29 maio 2020.

FIGURA 12 – SENSOR DO TIPO EDDY CURRENT (PROXÍMETROS)

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012

Page 157: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

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Transdutores de deslocamento, normalmente, são montados de forma permanente em máquinas que utilizam mancais planos. Estes devem ser montados com um ângulo de 90º entre si. Preferencialmente, em planos de 45º com a vertical em relação ao rolamento.

ATENCAO

• Capacitivo:esse tipodesensorpermiteadetecçãosemcontatoeamediçãolineardepequenosdeslocamentos,daordemde,aproximadamente,zero,atétrêscentímetros,comumaresoluçãoquepodechegarànanométrica.Utilizadoemlargaescalaparadetectarobjetosdenaturezametálicaounão,comoma-deira,papelão,cerâmica,vidro,plástico,alumínio,laminadosougranulados,alémdepósdenaturezamineral,comotalco,cimentoetc.(ELEGRAZ,1998).

Aseguir,apresentaremosumaanálisecomparativaentresensorcapacitivoXsensorindutivo,deacordocomdeterminadosfatoresdeoperação.

TABELA 1 – COMPARAÇÃO RESUMIDA ENTRE AS CATEGORIAS DE SENSORES CAPACITIVOS E INDUTIVOS

FONTE: <https://bit.ly/31Hd3wu>. Acesso em: 29 maio 2020.

Seguem as vantagens e as desvantagens para os transdutores dedeslocamento:

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

TABELA 2 – PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS PARA OS TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTO

Vantagens Desvantagens

Não têmcontato coma superfíciedemedida.

Operam em frequência baixa,inclusive,DC.

Não possuem partes móveis, demodoquenãoapresentamdesgaste.

Faixadinâmicaélimitada. Faixadefrequêncialimitada(DCa200Hz). Variações nas propriedades magnéticasdosistemapodemocasionarcomponenteserrôneas. Necessidadedecalibraçãolocal.

FONTE: O autor

• Aceleração:Ostransdutoresdeaceleraçãosãoconhecidoscomoacelerômetros.Em geral, utilizam um cristal piezoelétrico, colocado entre a cobertura dacabeça do sensor e a massa sísmica. Ao ser submetida a uma aceleração,amassa exerce,por inércia,uma forçano cristal, e adiferençadepotencialqueapareceentreos terminais,presoaocristal, éproporcionalàaceleraçãomedida.Ossensoresdeaceleraçãopiezoelétricosmedemaaceleraçãoabsolutadomovimento.Osequipamentoseletrônicosmodernosdecondicionamentodesinais,comoauxíliodeintegradoresedediferenciadores,permitemavaliar,apartirdosacelerômetros,ostrêsparâmetrosdemonitoramentodevibração.Nos mancais com rolamento, são utilizados, normalmente, acelerômetros,comoinstrumentosdemediçãoinstaladosdiretamentenacarcaçadomotor,sendoumacelerômetropormancal.

FIGURA 13 – TRANSDUTORES DE ACELERAÇÃO (ACELERÔMETRO)

FONTE: <http://www.tecniar.com.br/wp-content/uploads/2017/08/Distribuidor_Autonics_sensor-capacitivo.png>. Acesso em: 29 maio 2020.

Seguemasvantagenseasdesvantagensparaostransdutoresdeaceleração.

Page 159: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

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Vantagens Desvantagens

Encapsulamento hermético erobusto.

Compactos. Amplafaixadefrequência. Insensíveisacamposmagnéticos. Sensor ativo sem fonte dealimentaçãoexterna.

Sensorpassivo,querequerfonteexterna. Baixa sensibilidade na faixa inferior defrequência.

FONTE: O autor

TABELA 3 – PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS PARA OS TRANSDUTORES DE ACELERAÇÃO

O acelerômetro de trabalho, usado para quantificar a vibração dasestruturas, não pode exceder 1/10 da massa da estrutura a ser monitorada.Usualmente, os fabricantes de acelerômetros fornecem a curva de calibração,queestabeleceafaixadefrequênciadeoperação,defrequênciaderessonância,oganho(ousensibilidade),queédadoemtermosdaaceleraçãodagravidade(g)ounosistemainternacionalemm/s².Ainda,emtermosdacargaem(pC/g),emrazãodeosensorapresentaraltacapacitânciaelétrica.

Quantoàmontagemdostransdutoresdeaceleração,sãováriososmeiosdefixação,quepodemapresentarvantagense limitações.Afixaçãoquetemomelhor resultado é feitapeloparafusoprisioneiro.Ousode ímãpermanente,comomeiodefixação,éversátil,maséinadequadoquandoosníveisdeaceleraçãosãoelevados.Existe,também,outrotipodefixação,atravésdehastes.Apresentavárias restrições, emespecial, ade limitara frequênciamáximadeanálisea1kHz.Acimadessevalor,asmedidaspassamasernãoconfiáveis.Poressemotivo,recomenda-sequeesseúltimoprocessodevaserutilizadosomentequandonãoexisteapossibilidadedeacoplamentorígidoediretocomaestrutura.Aseguir,serãoilustradasasprincipaisformasdefixaçãodeacelerômetros.

FIGURA 14 – EXEMPLOS DE FIXAÇÃO DE ACELERÔMETROS

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

• Velocidade: os transdutores de velocidade (pickups) são, geralmente,constituídosde bobinas suspensas emmolas.Abobina édeslocada emumcampohomogêneodeumímãpermanente,atravésdavibraçãomecânica.Atensãoinduzidanabobinaéproporcionalaonúmerodeinterseçõesdelinhasdeforçaporunidadedetempo,ouseja,éproporcionalàvelocidadedabobina.

FIGURA 15 – SENSOR DE VELOCIDADE

FONTE: <https://bit.ly/3sP5WOM>. Acesso em: 29 maio 2020.

TABELA 4 – PRINCIPAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS PARA OS TRANSDUTORES DE VELOCIDADE

Vantagens Desvantagens

Robustos e resistentes a meiosagressivos.

Sensibilidade alta em baixasfrequências.

Altosinaldesaídacomresistênciainternabaixa.

Sensor ativo, sem fonte dealimentaçãoexterna.

Faixadinâmicaélimitada. Faixadefrequêncialimitadaa2000Hz. Partesmóveispassíveisadesgaste. Dimensãoconsiderável. Sensívelàorientação. Necessitamdecalibraçãolocal.

FONTE: O autor

De forma geral, a escolha dos transdutores de vibração deve ser feitaconformeafrequênciaeaunidade.

Aseguir,mostraremosumarelaçãoentreafrequênciaasermedidaeaeficáciadotipodotransdutor:

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TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

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TABELA 5 - RELAÇÃO ENTRE A FREQUÊNCIA A SER MEDIDA E A EFICÁCIA DO TIPO DO TRANSDUTOR

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

A seguir, mostraremos o comportamento das frequências paradeslocamento,velocidadeeaceleração,respectivamente.

GRÁFICO 1 – LEITURA DAS FREQUÊNCIAS PARA DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO

FONTE: Adaptado de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

2.3 DIAGNÓSTICO DE FALHAS ATRAVÉS DA ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

Por meio da análise de vibrações de conjuntos mecânicos, é possívelidentificarvariedadesdefalhasemmanutenção,assim,destacam-se:

• Desbalanceamento de eixos: ocorre quando existe distribuição desigual demassaemtornoda linhacentralderotaçãodeumeixo,gerandocargasnosmancais,resultadodasforçascentrífugas.

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152

UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

FIGURA 16 – EIXO DESBALANCEADO

FONTE: <https://bit.ly/3cHQwpP>. Acesso em: 29 maio 2020.

Odesbalanceamentopode ser identificado,noespectrode frequências,comoumpicocomvalorigualaovalorderotaçãodoeixo.Nãoháapresençadeharmônicas.

• Desalinhamento de eixos: ocorrequandooseixosmotoremovidonãoestãonomesmocentro,podendoserdedoistipos:

Angular:quandoaslinhasdecentroestãoemdireçõesdiferentesdotipoparalelo(quandoaslinhasdecentroestãonamesmadireção,porém,ladoalado).O desalinhamento angular pode ser identificado, no espectro de frequências,comoumpico,comvalorigualaovalorderotaçãodoeixoecomapresençadeharmônicas.Essetipodedesalinhamentopodeindicarcomponentessoltos,estesquegeramimpactonosinal.

Paralelo: desalinhamento.Quando as linhasde centro estãonamesmadireção,porém,ladoalado.Odesalinhamentoparalelosecaracterizapordoisimpactos por revolução do eixo (a cada 180º, ocorre um impacto), gerandofrequênciasde2xRPM.

A seguir, observe o desalinhamento nas formas angular, paralelo ecombinado:

FIGURA 17 – DESALINHAMENTOS ANGULAR, PARALELO E COMBINADO

FONTE: <https://bit.ly/31CcOTB>. Acesso em: 29 maio 2020.

Page 163: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

153

Mesmoqueodesalinhamentosejacomacoplamentosflexíveis,sãogeradasduas forças, axial e radial, e, como consequência, há o aumento da vibraçãonasdireçõesaxiale radial.Avibraçãoaxialé,geralmente,omelhor indicadorde desalinhamento. Em geral, sempre que a amplitude axial da vibração formaiordoqueumametadedavibraçãoradialmaisalta(horizontalouvertical),odesalinhamentodevesersuspeito,comosendoacausadavibração.

GRÁFICO 2 – DESALINHAMENTOS PARALELO E ANGULAR (DIREÇÕES RADIAL E AXIAL)

FONTE: <https://bit.ly/3sNZSWA>. Acesso em: 29 maio 2020.

Odesalinhamentodecorreias,mesmotendoboacapacidadedeabsorverchoques e vibraçõesda transmissão,podegerar ruídos e vibrações em toda amáquina.Afrequênciadevibraçãoéfator-chaveparadeterminaranaturezadavibraçãodacorreia.Seacorreiaestiverreagindoaoutrasforças,avibraçãodeveterafrequênciadafonteeacorreiaatuacomoumamplificadordessesdistúrbios.Paraocasodecorreiasmúltiplas,todasprecisamteramesmatensão,casonãotenham,asqueestiveremfrouxastêmvibraçãoexcessivaeaumentamodesgastedasdemais.Afrequênciadevibraçãocausadapelacorreiaocorreemmúltiplosdarotaçãodacorreia.AfrequênciaespecíficadependedodiâmetrodaspoliasepodesercalculadaapartirdaEquação1:

(1)

Osmodosdefalhaqueocorremcomcorreias,geralmente,são:rachadurasoufendas,lóbulos,tensãonãoapropriada,desalinhamento,cargasexcessivas.Háodesalinhamentode correias edepolias, gerando sinaisnoespectro,que sãomúltiplosdarotaçãodacorreia.

• Componentes soltos: essetipodefalhasecaracterizapelaperdadeumoudemaispontosdefixaçãodosmancaisdoseixos.Ainda,acadagirodoeixo,adireçãodecarregamentopodecausarmovimentaçãodosmancais:

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

FIGURA 18 – PERDA DE UM OU DE MAIS PONTOS DE FIXAÇÃO DOS MANCAIS DOS EIXOS

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

Essetipodefalhasecaracterizaporapresentarumafrequêncianosinaliguala2xRPMeharmônicas.

FIGURA 19 – FALHA REPRESENTADA POR FREQUÊNCIA NO SINAL IGUAL A 2X RPM E HARMÔNICAS

• Defeitos em engrenagens: As engrenagens permitem a transmissão depotênciacomousemreduçãodevelocidade,earelaçãoderotaçãoentreoseixosestáligadaaonúmerodedentesentreospinhõesemcontato.ArelaçãoentreonúmerodedentesdaengrenagemedopinhãoédadapelaEquação2:

FIGURA 20 – RELAÇÕES DE ROTAÇÃO ENTRE ENGRENAGENS

Page 165: Gestão em manutenção mecânica

TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

155

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

(2)

A relaçãoentreasengrenagensestabeleceafrequênciadeengrenamento(Fe), que corresponde ao rítmode engrenamentodosdentes.A amplitudedosinaldafrequênciadeengrenamentoFedependedacargadamáquina,poisaengrenagemestátransmitindotorque.

Visualize,aseguir,osinalcoletadoemumengrenamentosemfalhas,comafrequênciadeengrenamentoFeeosharmônicos.

FIGURA 21 – SINAL COLETADO EM UM ENGRENAMENTO SEM FALHAS MOSTRA A FREQUÊNCIA DE ENGRENAMENTO FE E OS HARMÔNICOS

• Desgaste dos dentes: Quando os dentes da engrenagem são desgastados,surgindofolgasentreeles,avelocidadederotaçãonãomuda,porém,passamasurgirchoquesentreosdentes,quesemanifestam,nosinal,comumaumentodaamplitudedeFe.

FIGURA 22 – DESGASTE DOS DENTES AUMENTA A AMPLITUDE DE FE

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

• Folga insuficiente entre os dentes:Seafolgaentreosdentesformuitopequena,gera esforço extra no engrenamento e no desengrenamento, alterando oespectroeaumentandoaamplitudedafrequência2*Fe.

FIGURA 23 – FOLGA INSUFICIENTE ENTRE OS DENTES - COMO CONSEQUÊNCIA, O AUMENTO DA AMPLITUDE DA FREQUÊNCIA 2*FE

FONTE: Adaptada de Mathias, Oliveira e Medeiros (2012)

Além do que foi visto das falhas de engrenagens, existem outras causas que podem provocar graves consequências, como deflexão, devido ao carregamento; dentre quebrado; eixo com pinhão ovacionado; e combinações de falhas de material. Caso o acadêmico queira se aprofundar nesses assuntos, pode acessar http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/46460.

DICAS

As falhas em engrenagens se caracterizam pela frequência deengrenamento, e omonitoramento constante da amplitude pode servir comoalarme.Éimportanteconsideraropercentualdeaumentodaamplitude,enãosóovalorabsoluto.Cadacasodeveterumvalordealarmeanalisadoedefinido.

• Roçamento: éocontatoeventualentrepartesestacionáriaserotativasdeumamáquina,podendogerarvibraçõesnafrequênciaderotação,nodobrodela,nossubmúltiplosenasaltasfrequências.Seoatritoforcontínuo,podemaparecervibraçõesemumafaixalarga,comaltasfrequências.Quandooroçamentoforparcial,aparecem,noespectro,picoscorrespondentesàsfrequênciasnaturaisdo sistema. Esse tipo de vibração é muito comum em selos de máquinasrotativas ou quandohá eixos empenados, partes quebradas oudanificadas,quelevamaoatritoentreometal.Podeocorrer,também,empásdeagitadoresoudemisturadores,nasparedesdotanque,emmáquinasdefluxotipoaxial,comaspásdorotorroçandoaspásdoestator.

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TÓPICO 2 — MANUTENÇÃO E VIBRAÇÃO

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• Falhas em motores elétricos

Ummotordeinduçãopossuifrequênciascaracterísticasmesmoquenãotenhanenhumafalha.Sãoaschamadasassinaturasdevibraçãodomotor.Essasfrequênciassão:

• Frequênciadealimentação–(Fal)=Éafrequênciaelétrica–60Hz.• Frequênciaderotação–(Frt)=Éafrequênciarealcomqueomotorestágirando;dependedacargaqueestáaplicada.

• Frequênciadocampomagnético(Fcm)=Éafrequênciadealimentaçãodivididapelonúmerodepolosdomotor,Equação3:

• Frequência de escorregamento (Fes) – O rotor do motor não gira comvelocidadesíncrona,masescorregaparatrásnocampogirante.Afrequênciade escorregamentoé adiferençaentre avelocidade síncronae avelocidadedo rotor.AFes é calculadamultiplicandoa frequênciade alimentaçãopeloescorregamentodomotor,queécalculadopelaEquação4:

Nm=Frequênciaderotaçãodomotor(medidanomotor)Ns=Rotaçãosíncrona(docampo),quepodesercalculadapelaEquação5:

• Frequência de ranhura (Fran) –As ranhuras do entreferro, no estator e norotor,geramvibração,poiscriamdesbalanceamentodeforçasmagnéticasdeatração,consequênciadavariaçãodarelutânciadocircuito,emfunçãodataxadepassagempelas ranhurasdoestatoredo rotor.A frequênciade ranhurapodesercalculadapelaEquação6:

(3)

(4)

(5)

(6)

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

Fal=FrequênciadaredeRs=NúmeroderanhurasdorotorS=EscorregamentounitárioP=NúmerodeparesdepolosK = Zeroounºpar(2,4,6,8,…)

Amediçãodavibração,emmotoreselétricos,érealizadanorotor,atravésdesensores semcontato,quandoasmáquinasapresentamoconjunto rotativoleveeasestruturasrobustasepesadas,poisamaioriadasforças,nessecaso,égeradapelorotor,comoomovimentorelativoentreoeixoeomancal.Aestruturadamáquinafuncionacomoamortecimento.Paramáquinascomconjuntorotativopesado,apoiadoemmancaisrígidosecomestruturaleve,háasforçasgeradasdissipadasatravésdosmancaisdaestrutura,assim,omelhorpontoparamediçãoestálocalizadonaestruturadamáquina,próximoamancaisderolamentosouchapasgrossas.

• Defeitos de origens elétrica e mecânica

Em um motor de indução, os defeitos de origem elétrica podem serresultadode:

• Degradaçãodoisolamentodabobinadoestator.• Desequilíbriodaalimentação.• Quebradasbarrasdorotor.• Quebradoanelcurto-circuito.

Osdefeitosdeorigemmecânicapodemseridentificadoscomo:

• Rotorexcêntricooudesbalanceado.• Ventoinhaquebrada.

Defeitoselétricosapresentam,comoprincipaisfalhas:

• Degradaçãodoisolamentodabobinadoestator.• Desequilíbriodaalimentação.• Enrolamentosemcurtoefolgasnoentreferrodomotor.• Quebradasbarrasdorotor.• Quebradoanelcurto-circuito.

Parasaberseodefeitoémecânico(desbalanceamento)ouelétrico,deve-semediravibraçãoquandoacorrentedealimentaçãodomotorécortada.Duassituaçõespodemocorrer:

• Amplitudedevibraçãodecaibruscamente:Oproblemaéelétricoepodesercausadoporexcentricidadedorotornoestator.

• Amplitudedecai lentamente:Problemamecânico,possivelmente,devidoaodesbalanceamentodorotor.

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Paraaanálisedefalhasemmotoreselétricos,pode-seutilizarométododaanálisedecorrente.Usam-semedidoresnãoinvasivosaomotor,paraobterosinalelétricodeentrada,assim,épossívelefetuaraanálisedoespectrodafrequênciadealimentaçãodomotor.

No caso do fluxo magnético, utiliza-se uma bobina imersa no campomagnético girante, produzido pelas correntes do estator. Qualquer pequenodesbalanceamentonofluxomagnéticoéperceptívelpelabobina.Essemétodoéindicadoparaaidentificaçãodebarrasquebradasnorotor,dodesequilíbriodefasesedosproblemasnosenrolamentos.Possuiavantagemdenãoprecisarsaberonúmerodebarraseacargadomotorparaidentificaranomaliasnasespiras.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Nem todas asmáquinasouos componentesqueapresentamvibrações foradanormalidadeestãocondenadosàquebra,porém,mesmoqueodefeitonãochegueaesseponto,aindaassim,osprejuízospodemsermuitos.

• A gestão damanutenção deve estar sempre em estado de alerta quanto àsvibrações.Aplicaramanutençãopreventivasempreseráumaboaalternativa,pois, assim, evitam-se as paradas inesperadas e as substituições de peçasdesnecessárias.

• A manutenção preditiva é uma das principais técnicas utilizadas para aextraçãodedadosdevibraçãodemáquinas,tendoemvistaqueasinformaçõesobtidasatravésdessesdadospermitemidentificar,prevereprevenirfalhasemmáquinaseemequipamentos.

• Quando se analisam vibrações nas máquinas, os pontos crucias a seremobservadossãoasalteraçõesnaamplitudeounafrequênciadosinal.

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1 Oprincípiodaanálisedevibraçãosebaseianaideiadequeasestruturasdasmáquinasexcitadaspelosesforçosdinâmicos(açãodeforças)dãosinaisvibratórios,cujafrequênciaéigualàfrequênciadosagentesexcitadores.Secaptadoresdevibraçõesforemcolocadosempontosdefinidosdamáquina,devemcaptarasvibraçõesrecebidasportodaaestrutura.Oregistrodasvibraçõeseaanálisepermitemidentificaraorigemdosesforçospresentesem umamáquina operando. Com base nisso,marque a alternativa quemelhorexplicacomoessessinaisvibratóriossãocapturados:

a)() Ossinaisvibratóriossãocapturadosatravésdossensorescolocadosempontosestratégicosdasmáquinas,transformandoasvibraçõesemsinais elétricos, posteriormente, encaminhados para aparelhosregistradoresdevibrações.Oprofissionalcapacitadoanalisaosdadoseverificaseexistealgumproblemanoequipamentoounão.

b)() Ossinaisvibratóriossãocapturadosatravésdossensorescolocadosempontosquenãonecessitamserestratégicos,poisqualquerpartedamáquinaacusaproblemasdevibraçõese,portanto,issogeraaquebra.

c)() Ossinaisvibratóriosnãosãocapturadosatravésdossensorescolocadosempontosestratégicosdasmáquinas.Utiliza-seomedidorderuído.

d)() Ossinaisvibratóriosnãosãocapturadosatravésdossensoresenãonecessitamsercolocadosempontosestratégicos,poisqualquerpartedamáquinaacusaproblemasdevibraçõese,portanto,issogeraaque-bra,assimcomoossinaisvibratóriospodemserobservadosaolhonu.

2 O monitoramento de vibração em máquinas rotativas, de ruídos emrolamentos,deaumentosdetemperaturaemalgunspontosdosmancaiseousodetécnicasdeultrassomsãoexemplosdemanutençãopreditiva.Acercadamanutençãopreditiva,leiaasseguintesafirmações:

I- O conceito de manutenção preventiva traz inúmeros benefícios para aconservaçãodemáquinaspesadas,poisapráticaproporcionaeconomiaesegurança.

II-Umdosbenefíciosdamanutençãopreventivademáquinaspesadaséterasegurançadocondutormelhorada.

Combasenasduasafirmaçõesdamanutençãopreditiva,marqueaalternativaCORRETA:

a)() Asduasafirmativassãoverdadeiras.b)() AafirmativaIéverdadeira,eaIIéfalsa.c)() AafirmativaIIéverdadeira,eaIéfalsa.d)() Asduasafirmativassãofalsas.

AUTOATIVIDADE

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3 Todos os dispositivos mecânicos apresentam características naturais deressonânciae,mesmosendocomuns,ébomficarsempremonitorandoessesequipamentos, pois essas vibrações mecânicas podem provocar danos,prejudicandoosistema,assimcomoaosoperadores,quandosãoexpostosporumlongoperíodo.Noentanto,épossívelusaravibração,também,deformapositiva,paradetectar,comantecedência,apresençadefalhas,oucolocaremriscoaintegridadedamáquina.Analiseasafirmativasaseguir:

() Insuficiênciadaviscosidadedolubrificante.() Rolamentosdeteriorados.() Engrenagensdefeituosas.() Acoplamentosdesalinhados.() Elementosdefixação.

AssinaleaalternativaqueapresentaasequênciaCORRETA:

a)() V–V–V–F–V.b)() F–V–F-V–V.c)() F–F–F-V–F.d)() F–V–V-V–V.

4 Adetecçãodacausaparaumacondiçãodedesalinhamentonemsempreéóbvia,necessitandodetécnicasavançadas,comoaanálisedevibração,quepoderevelaroproblema,masnãoidentificar,necessariamente,omotivo.Expliquecomoépossívelevitarproblemasdessetipo.

5 A detecção de falhas emmáquinas de indução, de forma antecipada, éoqueasempresasbuscam.Para isso, faz-senecessáriaa implantaçãodetécnicasadequadas,poismotoreselétricosestãosujeitosaváriostiposdefalhas,comonoestator,norotor,mecânicasetc.Paraseprevenirou,pelosmenos,evitaressesproblemas,utilizam-setécnicasdemediçãodevibração.Expliquecomoissoacontece.

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UNIDADE 3

1 INTRODUÇÃO

Com o surgimento da revolução industrial, aparecem dois fatosimportantesnessaépoca:aforçahumanadálugarparaamecanizaçãoeosistemafabrilseestabelece,fatosquetrouxerammudançasparaotrabalhadordaépoca,composta,principalmente,porartesãos.Os trabalhadorespassaramaexecutaratividadesrepetitivasemonótonas,sendodisciplinadosdeformarígidaetendoumajornadadetrabalhoextremamentecansativa.

Aspéssimascondiçõesdetrabalhos,aaltacargaeafaltadeequipamentosde segurança eram alguns dosmuitos fatores demortalidade.Alémdisso, asmáquinaseosequipamentosnãoeramconfiáveis,eafaltademanutençãoouamanutençãoinadequadaprovocavasituaçõesderiscos,assimcomoproblemasdesaúdesnoscolaboradores.

Hoje, éde comumacordoque as revisõesperiódicas edemanutenção

preditivademáquinasedeequipamentossãomedidasdecontrolequegarantemumbomfuncionamento,queaumentamaconfiabilidadeequeminimizamriscos.Oprincipalpapeldogestorégarantirqueasegurançaestejaemprimeirolugar.Ainda,é importantesempre lembrarqueosucessodagestãodesegurançadaempresacomeçanomapeamentodosriscospresentesnoambientedetrabalho.

Neste tópico, o acadêmico verá como a gestão de manutenção está

relacionadadiretamentecomasquestõesdesegurança,ecomoissotemimpactonaconfiabilidadedosistemacomoumtodo.

TÓPICO 3 —

GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

2 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DO RISCO

Parafazerumaavaliaçãoderiscos,sãonecessáriasinformaçõesgeraisdetodaatividadequepodecausardanosparaosistemaeparaotrabalhador,deformaadeterminarseasmedidasdeprevençãoestãosendosuficientesouseéprecisotomaralgumamedidamaisestruturadaparaevitarcomplicaçõesfuturas.

Duranteaavaliaçãopréviaminuciosa,éimportante:

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

• Identificarosriscos.• Orientaroscolaboradoresdosriscosexistentesnasatividadesdotrabalho.• Organizaraexecuçãodaatividade.• Estabelecerprocedimentosseguros.• Trabalhardemaneiraplanejadaesegura.• Preveniracidentesdetrabalho.• Sensibilizar e instruir os trabalhadores a respeito dos riscos evolvidos naexecuçãodotrabalho.

Éimportantequeessaetapapossaserdesenvolvidacomaparticipaçãodos trabalhadores, pois, dessa forma, toda a equipe passa a conhecer osprocedimentosdetrabalho,osriscosidentificadoseoscuidadosnecessários,ouseja, essa espéciede análisepréviaprecisa ser realizada antesda execuçãodedeterminadasatividades.

Algumas empresas seguemmodelos prontos para fazer as análises deriscos, outras elaboramosprópriosmodelos.Demodogeral,deve-se fazerosseguintesquestionamentosquandosetratadeumainstalação:

a)Quaisosriscospresentesnainstalaçãoeoquepodeacontecerdeerrado?b)Qualaprobabilidadedeocorrênciadeacidentesdevidoariscospresentes?c)Quaisosefeitoseasconsequênciasdessesacidentes?d)Comopoderiamsereliminadosoureduzidosessesriscos?

Comosquestionamentosrespondidosacercadospossíveisriscos,estespodemserdiscutidoseanalisadospelosseguintesgrupos:

PPRA(ProgramadePrevençãodeRiscosAmbientais):asanálisesderiscosãoparteimportantíssimadoPPRA,poissósefazumbomPPRAseforrealizadaumaboa leituradosriscospresentesnoambientede trabalho.OPPRAé feitocomointuitodepreservarasintegridadesfísicaementaldoscolaboradores,pormeioda antecipação, da avaliação, do reconhecimento edo total controledosriscos ambientais no local de trabalho. Considera-se risco ambiental qualqueragentefísico,químicooubiológico(NR-9,1978).

PCMSO(ProgramadeControleMédicodeSaúdeOcupacional):éocon-juntodosprocedimentosquedeveseradotadopelasempresascomosobjetivosdepreveniredediagnosticarprecocementeosdanosàsaúdedecorrentesdotra-balho(NR-7,1978).Paraidentificarosriscos,devesercompatívelcomoPPRA.

PCA (Programa de Conservação Auditiva): voltado ao atendimentodos trabalhadores expostos a níveis de ruído que, legalmente, precisam deaçõesdeprevençãodeperdas auditivas. Para o empregado, o PCAapresentaconsiderávelimportâncianaprevençãodedistúrbiosauditivos,namanutençãodaaudiçãoenamelhoriadaqualidadedevida.Paraoempregador,oPCAatuanaprevençãodaperda auditivaprofissional nos empregados, no aumentodaprodutividade,nadiminuiçãodoabsenteísmo,naconsequentereduçãodocusto

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TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

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comdespesasmédicas,nosacidentesdetrabalhoedetreinamentosenareduçãodeaçõestrabalhistasrelacionadasaperdasauditivasocupacionais(NR-7,1978).ANR7 (1978),NormaRegulamentadora 7-ProgramadeControleMédicodeSaúdeOcupacional,estabelecediretrizeseparâmetrosmínimosparaavaliaçãoeacompanhamentodaaudiçãoemtrabalhadoresexpostosaníveisdepressãosonoraelevados.

Resumidamente, nota-se que o levantamento dos riscos é um passo

extremamente importante para a educação da gestão dos equipamentos deproteção individual (EPIs)eparaosequipamentosdeproteçãocoletiva (EPC).Além disso, não se pode esquecer das questões financeiras (evitando gastosdesnecessários)queessaanálisederiscopropiciaàempresa,comoinvestiremesforçosedinheironabuscadesoluçõesparariscoseparasituaçõesreaisquepodemcausaracidentesedoençasreais.

Aseguir,mostraremos,resumidamente,asequêncialógicadecomoumaempresadeveprocedercomasanálisesderiscos.

FIGURA 24 – MÉTODO DE PLANEJAMENTO EMPRESARIAL DAS ANÁLISES DE RISCOS

FONTE: <https://bit.ly/2OnsiI5>. Acesso em: 28 maio 2020.

Para que a empresa garanta bons resultados, precisa-se conhecer aslegislações, além de colocá-las em prática, dessa forma, garante a saúde e aintegridadefísicadoscolaboradoresdosmaquináriosedosequipamentos,alémdeevitarmultas.Assim,aseguir,serádiscutidaaNR-12,quetratadasegurançanotrabalhoemmáquinaseemequipamentos.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

3 LEGISLAÇÃO DE SEGURANÇA (NR-12)

Em 1943, houve a consolidação das leis trabalhistas, constando, noCapítuloV,arespeitodasegurançaedasaúdedotrabalhador.Noentanto,sóporvoltade1977,ocorreuaaprovaçãodalei,quealterouoCapítuloV,quegerouainstauraçãodasNormasRegulamentadoras(NR’s).

3.1 NR 12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E EM EQUIPAMENTOS

A NR 12 estabelece um conjunto de medidas normativas que atuadiretamentenaoperaçãosegurademáquinasedeequipamentos,comointuitodepromoverasaúdeocupacional,aprevençãodeacidenteseaeliminaçãodosriscospresentesnoambientedetrabalho.

OsArts.184a186,daCLT(NR-12),mencionamque:

Asmáquinaseosequipamentosdeverãoserdotadosdedispositivosde segurança, como dispositivo de partida e de parada, sendo queos reparos, a limpezaeosajustes sópoderão ser realizados comasmáquinasparadas,salvoseomovimentoforindispensávelàrealizaçãodoajuste(NR-12,1978,s.p.).

Deformageral,aNR12adotamedidasquecompreendemdistintasáreas,

como:

• Transporte.• Montagemeinstalaçãodasmáquinas.• Ajusteeoperações.• Higienizaçãoemanutençãodasmáquinasedosequipamentos.• Desativaçãoedesmontedasmáquinasoudosequipamentos.

Cabe destacar que a norma regulamentadora não apenas protege oempregado, estabelecendo medidas para a empresa se certificar da proteção.Também estabelece o dever do trabalhador no trato comomaquinário, comoexemplo,évedadodealterarproteçõesmecânicasoudispositivosdesegurançademáquinasedeequipamentos.Deveparticipardostreinamentosecomunicar,ao superior imediato, se uma proteção ou um dispositivo de segurança foiremovido,danificadoouseperdeuafunção(NR-12).

A norma enquadra medidas protetivas, prioritariamente, nas três

categoriasaseguir:

• asdeproteçãocoletiva;• asadministrativasoudeorganizaçãodotrabalho;• asdeproteçãoindividual.

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TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

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Arespeitodasmedidasdeproteçãocoletiva,aNR12faladapossibilida-dedeapessoaficarnazonadeperigo.Assim,umamedidadeproteçãocoletivadeveseradotadapara impedirapartidadamáquinaenquantohouverpessoanessazona,comoexemplo,tem-seousodosensorparadetectarapresençahu-mananorecinto.

Quantoàsmedidasadministrativasoudeorganizaçãodotrabalho,aNR12serefereaoarranjofísicodemáquinasedeequipamentos,alémdasinstalações.Dentreosdispositivos,estáumquetratadanecessidadedealocarosmateriaisutilizados no processo produtivo em áreas específicas de armazenamento.Para medidas de organização, cita a distância mínima entre o maquinário, onivelamentodopisoearesistênciadeleàcarga.

Das medidas de proteção individual, há os EPIs, Equipamentos de

ProteçãoIndividual,comorespiradores,luvaseóculos.Indústriasmetalúrgicas,porexemplo,requeremmacacãoantichama,commangascompridas,protetoresauriculares e calçados antiderrapantes, em razão domaquinário existente nasinstalações.

SeguemospassosaseremseguidosparaaadequaçãoàNR12,partindodeumaavaliçãoderisco.

FIGURA 25 - APRECIAÇÃO DE RISCOS PARA ADEQUAÇÃO À NR 12

FONTE: <https://bit.ly/2PYwcY6>. Acesso em: 28 maio 2020.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

A respeito da Norma Regulamentadora NR 12, existem muitos outros pontos que se o acadêmico tiver interesse em se aprofundar um pouco mais, basta acessar https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-12.pdf.

DICAS

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TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

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LEITURA COMPLEMENTAR

O TRABALHO INVISÍVEL E PERIGOSO DOS PROFISSIONAIS DE MANUTENÇÃO: REFLEXÕES SOBRE A ATIVIDADE EM UMA

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA

AlexLuisdeCarvalhoNiltonLuizMenegon

RESUMO: O presente artigo tem, como objetivo, identificar, a partir da análiseergonômicadotrabalho,osaspectosinterferentessobreagestãodavariabilidadeefetuadapormecânicos e eletricistas demanutençãode uma áreade estamparia, revelando asrelaçõesconflitantescomasáreasdeprodução,desegurançaedeengenharia.Baseadanasaproximaçõesvigentesdosistemadegerenciamentodamanutenção,dosriscosedosprojetosdemáquinassobaluzdafacilidadeparaamanutenção,éretomadaadiscussãoda importância da atividade viva dos profissionais, frequentemente desconsideradaporessasáreas.Apartirdosresultadosdaanálisedotrabalhorealizado,épropostoumnovoreposicionamentodasabordagens,levandoemcontaaperspectivadomanutentorno cursoda ação, privilegiando, considerando a importânciados “meios” e nãomaissomentedos“fins”,propiciandomelhoriasparaaempresa,aumentandoos índicesdeconfiabilidadedasinstalações,eparaosprofissionais,preservandoasaúdeeasegurança.

INTRODUÇÃO

Afunçãomanutençãoédefinidacomoumafunçãoestratégicaquebuscaamaiordisponibilidade,alémdamaiorconfiabilidadedasinstalações,atravésdadiminuiçãodequebrasedefalhasnosequipamentosenossistemas,otimizandoousodos recursosdisponíveis.Oobjetivobásicodamanutenção é garantir acontinuidadeoperacionaldaplanta,maximizandoadisponibilidadeeaconfia-bilidadedosequipamentosedasinstalaçõesindustriaisaomenorcustopossívele preservando a integridadedohomemedomeio ambiente (CAVALCANTE;FLEURY,1999).

Amanutençãoéa“medicinadosequipamentos”(MONCHY,1989,p.2),e

sepodedefiniramissãodoserviçodemanutençãocomo“[...]agestãootimizadadoparquede equipamentosdas instalações de produção”. Essemesmo autorafirmaqueessaotimizaçãosópodeseralcançadaemfunçãodeobjetivos,quedevemserclaramentedefinidosapartirdoconhecimentodetrês fatores: fatoreconômico(menorescustosdefalhasedeproduçãoeeconomiadeenergia),fatorhumano(condiçõesdetrabalho,segurançaefatoresambientais),efatortécnico(disponibilidadeedurabilidadedosequipamentos).

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

Maisrecentemente,amissãodamanutençãofoidefinida,porKardec&Nascif (2001), comogarantir a disponibilidadeda funçãodos equipamentos edasinstalaçõesdemodoaatenderaumprocessodeproduçãooudeserviçocomconfiabilidade, segurança, preservaçãodomeio ambiente a custos adequados.Nessenovo contexto, a áreademanutençãodos ativosdeproduçãopassouadesempenhar um papel estratégico nas empresas industriais. Segundo dadosda ABRAMAN (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE MANUTENÇÃO, 2009),o percentual de custo total da manutenção em relação ao faturamento brutobrasileiro, em 2009, foi de 4,14%. Como consequência, houve uma grandemudançanoconceitoenaconsciênciagerencialacercadoscustosedanecessidadedeinovaçõesdaspolíticasedosprocedimentosdemanutenção.Amanutenção,antesvistacomoum“malnecessário”,passouaserconsideradaumaatividadeestratégicaindispensávelàprodução,alémdeserumadasbasesdetodaatividadeindustrial (SANTOS et al., 2007). Tal necessidade e importância econômicaproduzirammuitas investigaçõeseaproximaçõescomdiferentesabordagenseperspectivas,comvistasamelhorarodesempenhodafunçãomanutenção.

Noque tange àspolíticas e aosmodelosdegestão ede otimizaçãodamanutenção,aliteraturaapresentaumconjuntosignificativodepesquisas,porexemplo,modelosdecontroledecustosdemanutenção(PERES;LIMA,2008);modelofinanceiroparamelhoriadodesempenhoedaorientaçãodosinvestimentosem manutenção na indústria de manufatura (SALONEN; DELERYD, 2011);políticas de gerenciamento da manutenção (MURTHY et al., 2002; ALVES;FALSARELLA,2009);modelosdemanutençãoparasistemassujeitosamaisdeumeventoaleatório,paradeterminaçãodeumapolíticaótimademanutençãopreventiva (SANTOS et al., 2007); modelos matemáticos baseados na teoriamulticritériodeapoioàdecisãoesistemasespecialistasparatomadadedecisões(CAVALCANTE;ALMEIDA, 2005;HELMANN;MARÇAL, 2007);modelos depredição,utilizandológicaFuzzyeredesneurais(CHEUNGet al.,2005;RAZA;LIYANAGE,2009;HENNEQUINet al.,2009);modelosdemanutençãocentradana confiabilidade (RCM) emanutenção produtiva total (TPM) como base dasestratégiasdemanutenção,objetivandoamáximadisponibilidadeoperacionalaumcustoótimo(SELLITTO,2005;HIPKIN;DECOCK,2000;LI;GAO,2010;AHUJA; KHAMBA, 2008); além de estudos que abordam a implantaçãode softwares específicos para o controle e o gerenciamento da manutenção(NICOLOPOULOSet al.,2003;KANS,2009).

Noquetangeàspesquisasrelacionadasaotrabalhodosprofissionaisdemanutenção,aliteraturaapresentaumnúmeroescassodeestudosenvolvendoaatividadedosprofissionaisdemanutenção.Estudosdacapacitaçãoedotreina-mentodosprofissionais(KRAUS;GRAMOPADHYE,2001;LIANGet al.,2010);modelosparamelhoriadaqualidadedecomunicaçãoentreosprofissionais(KIMet al.,2010);asfontesderiscoeascausasdeacidentesenvolvendoosprofissionais(TAVARES;ECHTERNACHT,2006;LIND,2008);alémdeestudosdascondiçõesedosaspectos físicos,ambientaiseorganizacionais (JOODEet al.,1997;MAR-QUESet al.,2007;GARRIGOUet al.,1998;CARBALLEDA,1997),queilustramasdiferentesabordagensrelacionandootrabalhodosprofissionaisdemanutenção.

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TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

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Diantede taispesquisas,percebe-seque agrandemaioriados estudosacercadogerenciamentodamanutenção eda atividadedosprofissionais temum caráter sistêmico, previsível e pontual, privilegiando as ferramentas e osmodelosdegestãoemdetrimentodaatividaderealdosprofissionais.SegundoLind(2008),amaioriadosestudosrelacionadosàsegurançanasatividadesdemanutençãoexaminaodesempenhohumanocomocausadeacidente.ConclusõesdeReason&Hobbs(2003),mostrandoqueumasignificanteproporçãodefalhasdeequipamentoocorrelogoapósumaoperaçãodemanutenção,suportamessepontodevista.

Aabordagemébaseadanoaumentodosriscosdeerrohumanoduranteasdesmontagenseasmontagens.Essasaproximaçõesacompanhamesustentamodesenvolvimentodeumagestãonaqualasdificuldadesdotrabalhoreal,dotrabalhocotidianosãosubestimadas,minimizadas,apagadasoucategoricamentenegadas(LLORY,2002).

Observando-se o cenário, nota-se uma lacuna referente a estudos queprivilegiema importânciadaatividaderealdesempenhadapelosprofissionaisde manutenção, situações que sempre passaram desapercebidas, não sereconhecendo,nemseconsiderandoasdificuldadeseosimprevistosenfrentadosdurante os trabalhos de planejamento e de execução. O que nos parece umcontrassenso, uma vez que é justamente o caráter de imprevisibilidade e devariabilidade das avarias e dos disfuncionamentos dos equipamentos, fatoresinerentesedeterminantesdafunçãomanutenção.Outrofator,independentementedo processo ou da tecnologia, é a impossibilidade de redução substancial docontatodiretoentreooperadoreamáquinanasatividadesdemanutenção.Amanutençãoé,eprovavelmentesempreserá,aáreaquelidacomatecnologia,naqualhumanosestarãoemcontatodiretocomoprocesso(REASON,1997apud LIND,2008).Comisso,agarantiadamanutençãodaoperaçãodessessistemasfazcomqueofatorhumanotenhaumpapel,muitasvezes,decisivo,devidoacaracterísticasqueosistematécniconãoapresenta,comobomsenso,antecipação,percepção etc. (BORGES;MENEGON, 2009).Nesse sentido, o fatorhumano éconsideradofontedeconfiabilidadedossistemasdeprodução,colocando-secomomantenedorativodaconfiabilidadedosistema,enãocomoumsimplesvigilantedasinstalações,evidenciandoqueotrabalhohumanocontinuanecessárioparafazerfaceaoacontecimento(ZARIFIAN,1995).

O presente artigo tem, como objetivo, identificar, a partir da análiseergonômicadotrabalho,osaspectostécnicoseorganizacionaisinterferentesnagestãodavariabilidadeefetuadapormecânicoseporeletricistasdemanutençãoemsituaçõesreaisdeintervençãocorretivaepreventivadeumaáreadeestampariadeumagrandeindústriaautomobilística,revelandoasrelaçõesconflitantescomasáreasdeprodução,desegurançaedeengenharia.

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

Baseadanasaproximaçõesvigentesdosistemadegerenciamentodama-nutenção,dasregulamentaçõesdesegurançanamanutenção,comumentepau-tadasporprocedimentos,pornormasprescritaseporprojetosdemáquinassobaluzdafacilidadeparamanutenção,éretomadaadiscussãodaimportânciadaatividadevivadosprofissionais,frequentementedesconsideradaporessasáreas.

Aopçãopelotematambémdizrespeitoaopesquisador.Trabalhandonelepormaisde20anos,18comomecânicodemanutenção,semprenosdeparamoscomasvariabilidadeseosimprevistosquesãoinerentesàfunção,alémdanãoreflexão acerca das dificuldades encontradas por nós, interventores. Assim,uniu-se o interesse particular do pesquisador, interessado, em um primeiromomento,emverificar,validarseasprescriçõeselaboradascomaparticipaçãoativadosprofissionaisdemanutençãocontribuemparaarealizaçãodaatividade.Entretanto, no decorrer da pesquisa, emergiu a questão da invisibilidade daatividadedos profissionais demanutenção.Apartir de umademanda inicial,elaborou-se, como norteador da pesquisa, a reflexão acerca das origens dainvisibilidade e das implicações dela sobre a atividade dos profissionais demanutenção.Nãosetratadeumahipótesedepesquisa,porém,éumaquestãoquesepretendeelucidarnesteartigo.

A partir dos resultados da análise do trabalho realizado, é propostaa construção de uma nova interpretação, reposicionando o olhar sobre anecessidadedeiluminaroqueestána“caixanegra”,alémdoreconhecimentodaatividadevivadosprofissionaisdemanutenção,frequentementeinvisívelenãoreconhecidapelaorganização.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: O NECESSÁRIO RECONHECIMENTO DAS SITUAÇÕES COTIDIANAS

Propondoexporumapossívelcontribuiçãoparaocampodamanutenção,reposicionandooolharsobreaatividade,normalmente,invisíveldosprofissionais,seguemalgumasconsiderações.

A reflexão das situações cotidianas, normalmente, subestimadas pelas

aproximaçõesdegerenciamentocitadasanteriormente,édegrandevalia,poispermite evidenciar os mecanismos de regulação, antecipando-se a eventoscatastróficosqueseanunciamjánomodonormaldefuncionamentodossistemasdeprodução(ASSUNÇÃO;LIMA,2003).

No tocante às operações de manutenção, Daniellou (2002) faz umaimportantecaracterizaçãodasatividades,mostrandoquegrandepartedelassepassaemumazonanormalsituadaentreduasnormas:

• Odesenvolvimentonominal,teórico,emquetudoocorrecomooplanejado,quejamaiséverdadeiramenteconstatado.

• Umníveldedesviodanormalidade,quesetornafrancamenteincidental(umapaneinesperada,umacidente),equeseráobjetodenotificaçãoedeanálise.

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TÓPICO 3 — GESTÃO DA MANUTENÇÃO E SEGURANÇA

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Nessa zona intermediária, as operações demanutenção compreendemumgrandenúmerodedificuldadesprevisíveis:acessodifícil,peçasenferrujadasouemperradas,ambientequenteouúmido,ferramentasnãoadaptadasetc.Essasdificuldadessãofontedecustoshumanos,emtermosdepostura,esforço,fadiga,exposiçãoprolongadaariscosquímicosefísicos,riscosdeacidentes.Também,nessazonapoucoconhecida,quepodemsurgirriscosparaaconfiabilidadedasinstalações.Segundooautor,éprovávelqueasdificuldadesaíencontradaspelosinterventoresdemanutençãosereproduzamnofuturo,poisseelasnãoforemanalisadas,aexperiêncianãodaráretorno:oficialmente,tudoterácorridobem(DANIELLOU,2002).

As considerações acerca das situações cotidianas ou normais, além

das atividades dos profissionais de manutenção caracterizadas dentro deumazonanormal, evidenciamapertinênciaeapontamparaanecessidadedereposicionarmos o olhar para as situações reais de intervenção, na tentativade iluminar a “caixa preta”, com todos os imprevistos, constrangimentos evariabilidadesinerentesaoprocessoprodutivo.Asdificuldades,asfalhas,oquenãodeucertoeoquenãocorreubemtêm,agora,outrosignificadoeimportância.AsconsideraçõesdeZarifianeAubé(1992),acercadaimportânciadoseventosnaorganizaçãodotrabalho,suportamonossopontodevista.

Tomemosoexemplodeumapane.Seapaneépercebidacomoumpuroazar, que deve ser suprimido omais rápido possível, o caráter positivo e deeventoéabafado.Apaneédefinida,negativamente,comoainterrupçãosúbitadeoperaçõesmecânicas.Permanecedentrodeumalógicaantiga.Aocontrário,seapanefordefinida,positivamente,comoumaocasiãodeaprendizagemdosprocessospelos trabalhadoresdiretamenteenvolvidos, eumaocasiãode trocacomosespecialistasdamanutenção,elasetornaumevento.

Arealidadedocomportamentonotrabalhomostraquearegranãoéocumprimento estritode regras,mas a recriaçãopermanente, quase sempredeformaclandestina.Trata-se,portanto,dereconheceressarealidade,alémdecriarnovasrelaçõessociaisparaqueessarealidadeemgermepossasedesenvolverplenamenteeàluzdodia(LIMA,1994).

Pouquíssimos estudos abordam o processo demanutenção no sentidode tentar “iluminar o que está na caixa preta”. Nesse sentido, acreditamosque a exposiçãodos reais determinantes evidenciadospela atividade real dosprofissionaisnocursodaaçãocontribuaparaoreconhecimentodasatividadesdemanutençãoindustrial,privilegiando,considerandoaimportânciados“meios”enãomaissomentedos“fins”.Açõesefetivas,quepossibilitemaconsideraçãodopontodevistadomanutentor,participandodosprocessosdeelaboraçãoede discussão das regras de segurança, considerando-se as especificidades doscontextosprodutivos,dosprojetosdereformaedaaquisiçãodemáquinascomasáreasdeengenharia,alémdosinvestimentosparaamelhoriadainfraestruturado departamento, facilitam o trabalho, assim como a disponibilização, pela

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UNIDADE 3 — MANUTENÇÃO E SUAS PECULIARIDADES

organização, de um espaço formal, em que os profissionais possam refletir,trocar experiências, adquirir conhecimento pormeio das dificuldades vividasno cotidiano, discussão das falhas e defeitos não habituais, e identificação deproblemascrônicoseriscospotenciaissãosugestõesquepodemcontribuirparaoaumentodaconfiabilidadedoprocesso,qualidadedaintervenção,diminuiçãodotempodereparo,epreservaçãodasaúdeedasegurançadosmecânicosedoseletricistasdemanutençãodaempresa.

FONTE: DE CARVALHO, A. L.; MENEGON, N. L. O trabalho invisível e perigoso dos profissionais de manutenção: reflexões sobre a atividade em uma indústria automobilística. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/prod/v25n1/0103-6513-prod-0103-6513-2014-0435AO.pdf. Acesso em: 28 maio 2020.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

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CHAMADA

• Opapeldogestorégarantirqueasegurançaestejaemprimeirolugar.Dessaforma,osucessodagestãodesegurançadaempresacomeçanomapeamentodosriscospresentesnoambientedetrabalho.

• Éimportantequeomapeamentodasanálisesderiscospossaserdesenvolvidocomaparticipaçãodos trabalhadores,paraquea equipepossa conhecerosprocedimentosdetrabalho,osriscosidentificadoseoscuidadosnecessários.

• Anorma regulamentadoranãoapenasprotegeo empregado, estabelecendomedidas para a empresa se certificar da proteção. Estabelece o dever dotrabalhadornotratocomomaquinário,vedandodefazerqualqueralteraçãode proteção mecânica ou dispositivos de segurança de máquinas e deequipamentos. Deve participar dos treinamentos e comunicar, ao superiorimediato, se uma proteção ou um dispositivo de segurança foi removido,danificadoouseperdeuafunção.

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1 Uma empresa metalúrgica executa um programa das manutençõespreventiva e corretiva nas máquinas e nos equipamentos, atendendo atodasasdeterminaçõesdosfabricanteseàsnormastécnicasvigentes.Todasas manutenções constantes desse programa são registradas em sistemainformatizado, no qual constam, exclusivamente, os seguintes dados:intervençõesrealizadas,respectivasdatasderealizaçãodas intervenções,serviços realizados, condiçõesdesegurançadoequipamentoe indicaçãode conclusão relacionada às condições de segurança da máquina. Osregistrosdessesistemaficamdisponíveisaostrabalhadoresenvolvidosnaoperação,namanutençãoenosreparos,àComissãoInternadePrevençãodeAcidentes(CIPA),aoServiçoEspecializadoemEngenhariadeSegurançae em Medicina do Trabalho (SESMT) e à fiscalização do MinistériodoTrabalho e Emprego.De acordo com aNR 12, a empresaNÃO estácumprindocorretamenteasobrigaçõesporque:

a)() legalmente,nãohánecessidadederegistrodedadosdasmanutençõescorretivaepreventivaemmáquinaseemequipamentos,podendo,aempresa,adotarosprocedimentosquandoforconveniente.

b)() o registro das manutenções preventivas e corretivas não pode serrealizado em sistema informatizado, devendo ser utilizado livropróprioouficha.

c)() não deve existir programação para manutenção corretiva, pois éum evento que acontece emmomentos inesperados, de impossívelprevisão.Somenteasmanutençõespreventivasdeverãoserrealizadasna formaenaperiodicidadedeterminadaspelos fabricantesepelasnormastécnicasvigentes.

d)() nosistemainformatizado,devemserregistrados,também,osseguintesdados:cronogramademanutenção,peçasreparadasousubstituídasenomedoresponsávelpelaexecuçãodasintervenções.

2 ANR12-SegurançanoTrabalhoemMáquinaseEquipamentosestabelecequeosdispositivosdepartida,deacionamentoedeparadadasmáquinassejamprojetados,selecionadoseinstaladosdemodoque:

I- Impeçamacionamentooudesligamento involuntáriopelooperadorouporqualqueroutraformaacidental.

II- Nãogeremriscosadicionaisenãopossamserburlados.III- Possamseracionadosoudesligadosemcasodeemergênciaapenaspelo

operador.IV- Nãoselocalizemnaszonasperigosas.

Analisadasasafirmativas,assinalealternativaCORRETA:

AUTOATIVIDADE

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a)() ApenasasafirmativasI,IIIeIVestãocorretas.b)() ApenasasafirmativasII,IIIeIVestãocorretas.c)() ApenasasafirmativasI,IIeIVestãocorretas.d)() ApenasasafirmativasIeIIIestãocorretas.

3 Essa norma regulamentadora e os anexos definem referências técnicas,princípiosfundamentaisemedidasdeproteçãoparagarantirasaúdeeaintegridadefísicadostrabalhadores,eestabelecerequisitosmínimosparaaprevençãodeacidentesededoençasdotrabalhonasfasesdeprojetoedeutilizaçãodemáquinasedeequipamentosdetodosostipos,alémdafabricação, da importação,da comercialização,da exposição eda cessãoa qualquer título, em todas as atividades econômicas, sem prejuízo daobservânciadodispostonasdemaisNormasRegulamentadoras(NR),nasnormastécnicasoficiaise,naausênciaounaomissãodessas,nasnormasinternacionais aplicáveis. Com relação àNormaRegulamentadora nº 12(NR12),julgueassentençascomoverdadeiras(V)oufalsas(F):

() Asdisposiçõesdanormasereferemapenasamáquinaseaequipamentosnovos.

() Otransportenãocompreendeumadasfasesdeutilizaçãoprevistaspelanorma.

() Eletrodomésticosestãoincluídosnosequipamentosacujasdisposiçõesdanormasereferem.

() Máquinas e equipamentos destinados à exportação estão isentos doatendimentodosrequisitosdanorma.

AssinaleaalternativaCORRETA:

a)() V-V-V–V.b)() F-V-F–V.c)() F-F-F–V.d)() V-V-V–F.

4 Asatividadesrealizadasemlaboratórios,querealizamensaiosmecânicos,apresentamconsiderávelexposiçãoariscosocupacionais,exigindocuida-dosasorientaçãoeaplicaçãodemedidasdecontroleparaquesejamneutra-lizadososriscoseprevenidososacidenteseaslesõesàsaúdedosfuncio-nários.Combasenisso,expliquecomoépossívelfazerumaanálisederiscopreliminar,visandoidentificarosriscosexistentesnolocaldetrabalho.

5 Comofoiestudado,algumasempresasseguemmodelosprontosparafazerasanálisesderiscos,outraselaboramosprópriosmodelos.Demodogeral,éprecisofazerquaisquestionamentosduranteasanálisesderiscos?

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REFERÊNCIAS

DECARVALHO,A.L.;MENEGON,N.L.O trabalho invisível e perigoso dos profissionais de manutenção: reflexõessobreaatividadeemumaindústriaau-tomobilística.2015.Disponívelem:https://www.scielo.br/pdf/prod/v25n1/0103-6513-prod-0103-6513-2014-0435AO.pdf.Acessoem:28maio2020.

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MATHIAS, M. H.; OLIVEIRA, R. J. G.; MEDEIROS, E. C. Ferramentas de diagnóstico de máquinas. 2012. Disponível em: http://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/46460.Acessoem:23maio2020.

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YA’CUBSOHN,R.V.El diagnostico de fallas por analisis vibratorio.SãoPaulo:EditoraDieTechikLtda.,1983.