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Times Square, em Nova Iorque, uma característica notável da globalização é a presença de marcas mundiais. Globalização Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. A globalização é um dos processos de aprofundamento internacional da integração econômica, social, cultural e política, [1] [2] que teria sido impulsionado pela redução de custos dos meios de transporte e comunicação dos países no final do século XX e início do século XXI. [3] Embora vários estudiosos situem a origem da globalização em tempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da era das descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. Alguns até mesmo traçam as origens ao terceiro milênio a.C. [4] [5] No final do século XIX e início do século XX, a conexão das economias e culturas do mundo cresceu muito rapidamente. O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, a partir de meados da década de 1990. [6] Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e de investimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento. [7] Além disso, os desafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadas à globalização. [8] Índice 1 História 2 Impacto 2.1 Comunicação 2.2 Qualidade de vida 2.3 Efeitos na indústria e serviços 3 Teorias da Globalização 3.1 Antonio Negri 3.2 Mário Murteira 3.3 Stuart Hall 3.4 Benjamin Barber 3.5 Daniele Conversi 3.6 Samuel P. Huntington 4 Antiglobalização 5 Referências 6 Bibliografia 7 Ver também

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Times Square, em Nova Iorque, umacaracterística notável da globalizaçãoé a presença de marcas mundiais.

GlobalizaçãoOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A globalização é um dos processos de aprofundamentointernacional da integração econômica, social, cultural e política,[1][2] que teria sido impulsionado pela redução de custos dos meios detransporte e comunicação dos países no final do século XX e iníciodo século XXI.[3]

Embora vários estudiosos situem a origem da globalização emtempos modernos, outros traçam a sua história muito antes da eradas descobertas e viagens ao Novo Mundo pelos europeus. Algunsaté mesmo traçam as origens ao terceiro milênio a.C.[4] [5] No finaldo século XIX e início do século XX, a conexão das economias eculturas do mundo cresceu muito rapidamente.

O termo globalização tem estado em uso crescente desde meados da década de 1980 e, especialmente, apartir de meados da década de 1990.[6] Em 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatroaspectos básicos da globalização: comércio e transações financeiras, movimentos de capital e deinvestimento, migração e movimento de pessoas e a disseminação de conhecimento.[7] Além disso, osdesafios ambientais, como a mudança climática, poluição do ar e excesso de pesca do oceano estão ligadasà globalização.[8]

Índice

1 História2 Impacto

2.1 Comunicação2.2 Qualidade de vida2.3 Efeitos na indústria e serviços

3 Teorias da Globalização3.1 Antonio Negri3.2 Mário Murteira3.3 Stuart Hall3.4 Benjamin Barber3.5 Daniele Conversi3.6 Samuel P. Huntington

4 Anti­globalização5 Referências6 Bibliografia7 Ver também

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Rota da Seda do Império Otomanoligava a Europa, a África e a Ásia.

História

Os seres humanos têm interagido por longas distâncias por milharesde anos. A Rota da Seda que ligava a Ásia, África e Europa é umbom exemplo do poder transformador de troca que existia no "VelhoMundo". Filosofia, religião, língua, as artes e outros aspectos dacultura se espalharam e misturaram­se nas nações. Nos séculos XVe XVI, os europeus fizeram descobertas importantes em suaexploração dos oceanos, incluindo o início das viagenstransatlânticas para o "Novo Mundo" das Américas. O movimentoglobal de pessoas, bens e ideias expandiu significativamente nosséculos seguintes. No início do século XIX, o desenvolvimento denovas formas de transporte, como o navio a vapor e ferrovias, e astelecomunicações permitiram um intercâmbio global mais rápido.[9]

Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização dascomunicações: o pacote cultural­ideológico dos Estados Unidos incluía várias edições diárias de O RepórterEsso, uma síntese noticiosa de cinco minutos rigidamente cronometrados, a primeira de caráter global,transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo­se na mais amplarede radiofônica mundial.[10]

É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a vontade de impedir queuma monstruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e asdevastadas potências do eixo chegaram a conclusão que era de suma importância para o futuro dahumanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as naçõesuma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de blocoeconômico pouco após isso com a fundação da Comunidade Europeia do Carvão e do Aço ­ CECA.

A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a se abrir para produtosde outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo.

Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, incluindo o BRICS(Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), com grandes economias de exportação, grande mercadointerno e cada vez maior presença mundial.[11] Antes do BRICS, outros países fizeram uso da globalizaçãoe economias voltadas a exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como ostigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de 1970.[12]

Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima europeia como um caminho pelo qual ocapitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da Conceição Tavares aposta o seusurgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.

Impacto

A globalização afeta todos os setores da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional eliberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento eintegração das nações ao redor do planeta.

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A internet está entre os meios decomunicação mais utilizados nomundo.

Comunicação

A globalização das comunicações tem sua face mais visível nainternet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordose protocolos entre diferentes entidades privadas da área detelecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um grandefluxo de troca de ideias e informações sem critérios na história dahumanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local,agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar astendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator de limitação abarreira linguística.

Outra característica da globalização das comunicações é o aumentoda universalização do acesso a meios de comunicação, graças aobarateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os deinfraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura eincremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hojeuma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virarsucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a informação pode ser o próprio Brasil,hoje com 42 milhões de telefones instalados,[13] e um aumento ainda maior de número de telefone celularem relação a década de 1980, ultrapassando a barreira de 100 milhões de aparelhos em 2002.

Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização.Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, algumas vezes por televisão por assinatura ousatélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.

Pode­se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa acionado pela globalização temimpactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudandopessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação detodo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta[14]

Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinadosgovernos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursospara limitar o tipo de informação que seus cidadãos tem acesso.

Na China, onde a internet tem registrado um expressivo crescimento, já contando com 136 milhões deusuários[15] graças à evolução, iniciada em 1978, de uma economia centralmente planejada para uma novaeconomia socialista de mercado,[16] é outro exemplo de nação notória por tentar limitar a visualização decertos conteúdos considerados "sensíveis" pelo governo, como do Protesto na Praça Tiananmem em 1989,além disso em torno de 923 sites de noticias ao redor do mundo estão bloqueados, incluindo CNN e BBC,sites de governos como Taiwan também são proibidos o acesso e sites de defesa da independência doTibete. O número de pessoas presas na China por "ação subversiva" por ter publicado conteúdos críticos aogoverno é estimado em mais de 40 ao ano. A própria Wikipédia já sofreu diversos bloqueios por parte dogoverno chinês.[17]

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Londres, a cidade mais globalizada doplaneta.

No Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos com grande influência da religião nas esferasgovernamentais, a internet sofre uma enorme pressão do estado, que tenta implementar diversas vezesbarreiras e dificuldades para o acesso a rede mundial, como bloqueio de sites de redes de relacionamentossociais como Orkut e MySpace, bloqueio de sites de noticias como CNN e BBC. Acesso a conteúdo eróticotambém é proibido.

Qualidade de vida

O acesso instantâneo de tecnologias, principalmente novosmedicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicos, aumentona produção de alimentos e barateamento no custo, tem causado nasúltimas décadas um aumento generalizado da longevidade dospaíses emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número depessoas vivendo com menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhão depessoas para 1,1 bilhão, sendo a maior queda da pobreza registradaexatamente nos países mais liberais e abertos a globalização.[18]

Na China, após a flexibilização de sua economia comunistacentralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado,[16] e uma relativa abertura dealguns de seus mercados, a porcentagem de pessoas vivendo com menos de US$2 caiu 50,1%, contra umaumento de 2,2% na África sub­saariana. Na América Latina, houve redução de 22% das pessoas vivendoem pobreza extrema de 1981 até 2002.[19]

Embora alguns estudos sugiram que atualmente a distribuição de renda ou está estável ou está melhorando,sendo que as nações com maior melhora são as que possuem alta liberdade econômica pelo Índice deLiberdade Econômica,[20] outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e'liberalização', como motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não reduziram asdesigualdades e a pobreza nas últimas décadas".[21]

Para o prêmio nobel em economia Stiglitz, a globalização, que poderia ser uma força propulsora dedesenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por umcomportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e paraum mundo com menos conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro A globalização e seusmalefícios: a promessa não­cumprida de benefícios globais.[22] Críticos argumentam que a globalizaçãofracassou em alguns países, exatamente por motivos opostos aos defendidos por Stiglitz: Porque foirefreada por uma influência indesejada dos governos nas taxas de juros e na reforma tributária [1](http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=6758&language=pt).

Efeitos na indústria e serviços

Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da modalidade deoutsourcing de empregos para países com mão­de­obra mais baratas para execução de serviços que não énecessário alta qualificação, com a produção distribuída entre vários países, seja para criação de um únicoproduto, onde cada empresa cria uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países pararedução de custos e ganhar vantagens competitivas no acesso de mercados regionais.

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Grandes aviões são usados para rápidotransporte internacional de cargas epassageiros pelo mundo.

O ponto mais evidente é o que o colunista David Brooks definiucomo "Era Cognitiva", onde a capacidade de uma pessoa emprocessar informações ficou mais importante que sua capacidade detrabalhar como operário em uma empresa graças a automação,também conhecida como Era da Informação, uma transição daexausta era industrial para a era pós­industrial.[23]

Nicholas A. Ashford, acadêmico do MIT, conclui que aglobalização aumenta o ritmo das mudanças disruptivas nos meiosde produção, tendendo a um aumento de tecnologias limpas esustentáveis, apesar que isto irá requerer uma mudança de atitudepor parte dos governos se este quiser continuar relevantemundialmente, com aumento da qualidade da educação, agir comoevangelista do uso de novas tecnologias e investir em pesquisa e desenvolvimento de ciênciasrevolucionárias ou novas como nanotecnologia ou fusão nuclear. O acadêmico, nota porém, que aglobalização por si só não traz estes benefícios sem um governo pró­ativo nestas questões, exemplificando­o cada vez mais globalizado mercados EUA, com aumento das disparidades de salários cada vez maior, e osPaíses Baixos, integrante da UE, que se foca no comércio dentro da própria UE em vez de mundialmente, eas disparidades estão em redução.[24]

Teorias da Globalização

A globalização, por ser um fenômeno espontâneo decorrente da evolução do mercado capitalista nãodirecionado por uma única entidade ou pessoa, possui várias linhas teóricas que tentam explicar sua origeme seu impacto no mundo atual.

A rigor, as sociedades do mundo estão em processo de globalização desde o início da História, aceleradopela época dos Descobrimentos. Mas o processo histórico a que se denomina Globalização é bem maisrecente, datando (dependendo da conceituação e da interpretação) do colapso do bloco socialista e oconsequente fim da Guerra Fria (entre 1989 e 1991), do refluxo capitalista com a estagnação econômica daURSS (a partir de 1975) ou ainda do próprio fim da Segunda Guerra Mundial.

No geral, a globalização é vista por alguns cientistas políticos como o movimento sob o qual se constrói oprocesso de ampliação da hegemonia econômica, política e cultural ocidental sobre as demais nações. Ouainda que a globalização é a reinvenção do processo expansionista americano no período pós guerra­fria(esta reinvenção tardaria quase 10 anos para ganhar forma) com a imposição (forçosa ou não) dos modelospolíticos (democracia), ideológico (liberalismo, hedonismo e individualismo) e econômico (abertura demercados e livre competição).

Vale ressaltar que este projeto não é uma criação exclusiva do estado norte­americano e que tampoucoatende exclusivamente aos interesses deste, mas também é um projeto das empresas, em especial dasgrandes empresas transnacionais, e governos do mundo inteiro. Nesta ponta surge a inter­relação entre aGlobalização e o Consenso de Washington.

Antonio Negri

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O pensador italiano Antonio Negri defende, em seu livro "Império", que a nova realidade sócio­política domundo é definida por uma forma de organização diferente da hierarquia vertical ou das estruturas de poder"arborizadas" (ou seja, partindo de um tronco único para diversas ramificações ou galhos cada vezmenores). Para Negri, esta nova dominação (que ele batiza de "Império") é constituída por redesassimétricas, e as relações de poder se dão mais por via cultural e econômica do que uso coercitivo de força.Negri entende que entidades organizadas como redes (tais como corporações, ONGs e até gruposterroristas) têm mais poder e mobilidade (portanto, mais chances de sobrevivência no novo ambiente) doque instituições paradigmáticas da modernidade (como o Estado, partidos e empresas tradicionais).

Mário Murteira

O economista português Mário Murteira, autor de uma das abordagens científicas mais antigas econsistentes sobre o fenômeno da Globalização[25] , defende que, no século XXI, se verifica uma'desocidentalização' da Globalização, visto que se constata que os países do Oriente, como a China, são osprincipais atores atuais do processo de Globalização e a hegemonia do Ocidente, no sistema econômicomundial, está a aproximar­se do seu ocaso, pelo que outras dinâmicas regionais, sobretudo na Ásia doPacífico, ganharam mais força a nível global[26] . Para Mário Murteira, a Globalização está relacionada comum novo tipo de capitalismo em que o «mercado de conhecimento»[27] é o elemento mais influente noprocesso de acumulação de capital e de crescimento econômico no capitalismo atual, ou seja, é o núcleoduro que determina a evolução de todo o sistema econômico mundial do presente século XXI[28] .

Stuart Hall

Em A Identidade cultural na Pós­Modernidade, Stuart Hall (2003)[2] (http://brasiliandando.blogspot.com/)busca avaliar o processo de deslocamento das estruturas tradicionais ocorrido nas sociedades modernas,assim como o descentramento dos quadros de referências que ligavam o indivíduo ao seu mundo social ecultural. Tais mudanças teriam sido ocasionadas, na contemporaneidade, principalmente, pelo processo deglobalização. A globalização alteraria as noções de tempo e de espaço, desalojaria o sistema social e asestruturas por muito tempo consideradas como fixas e possibilitaria o surgimento de uma pluralização doscentros de exercício do poder. Quanto ao descentramento dos sistemas de referências, Hall considera seusefeitos nas identidades modernas, enfatizando as identidades nacionais, observando o que gerou, quais asformas e quais as consequências da crise dos paradigmas do final do século XX.

Benjamin Barber

Em seu artigo "Jihad vs. McWorld", Benjamin Barber expõe sua visão dualista para a organizaçãogeopolítica global num futuro próximo. Os dois caminhos que ele enxerga — não apenas como possíveis,mas também prováveis — são o do McMundo e o da Jihad. Mesmo que se utilizando de um termoespecífico da religião islâmica (cujo significado, segundo ele, é genericamente "luta", geralmente a "luta daalma contra o mal", e por extensão "guerra santa"), Barber não vê como exclusivamente muçulmana atendência antiglobalização e pró­tribalista, ou pró­comunitária. Ele classifica nesta corrente inúmerosmovimentos de luta contra a ação globalizante, inclusive ocidentais, como os zapatistas e outras guerrilhaslatino­americanas.

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Está claro que a democracia, como regime de governo particular do modo de produção da sociedadeindustrial, não se aplica mais à realidade contemporânea. Nem se aplicará tampouco a quaisquer dos futuroseconômicos pretendidos pelas duas tendências apontadas por Barber: ou o pré­industrialismo tribalista ou opós­industrialismo globalizado. Os modos de produção de ambos exigem outros tipos de organizaçãopolítica cujas demandas o sistema democrático não é capaz de atender.

Daniele Conversi

Para Conversi, os acadêmicos ainda não chegaram a um acordo sobre o real significado do termoglobalização, para o qual ainda não há uma definição coerente e universal: alguns autores se concentramnos aspectos econômicos, outros nos efeitos políticos e legislativos, e assim por diante. Para Conversi, a'globalização cultural' é, possivelmente, sua forma mais visível e efetiva enquanto "ela caminha na suatrajetória letal de destruição global, removendo todas as seguranças e barreiras tradicionais em seucaminho. É também a forma de globalização que pode ser mais facilmente identificada com umadominação pelos Estados Unidos. Conversi vê uma correlação entre a globalização cultural e seu conceitogêmeo de 'segurança cultural', tal como desenvolvido por Jean Tardiff, e outros[29]

Conversi propõe a análise da 'globalização cultural' em três linhas principais: a primeira se concentra nosefeitos políticos das alterações sócio­culturais, que se identificam com a 'insegurança social'. A segunda,paradoxalmente chamada de 'falha de comunicação',[29] tem como seu argumento principal o fato de que a'ordem mundial' atual tem uma estrutura vertical, na realidade piramidal, onde os diversos grupos sociaistêm cada vez menos oportunidades de se intercomunicar, ou interagir de maneira relevante e consoante suastradições; de acordo com essa teoria não estaria havendo uma 'globalização' propriamente dita, mas, aocontrário, estariam sendo construídas ligações­ponte, e estaria ocorrendo uma erosão do entendimento, soba fachada de uma homogenização global causando o colapso da comunicação interétnica e internacional,em consequência direta de uma 'americanização' superficial.[29] A terceira linha de análise se concentranuma forma mais real e concreta de globalização: a importância crescente da diáspora na políticainternacional e no nascimento do que se chamou de 'nacionalismo de e­mail" ­ uma expressão criada porBenedict Anderson (1992).[30] "A expansão da Internet propiciou a criação de redes etnopolíticas que sópodem ser limitadas pelas fronteiras nacionais às custas de violações de direitos humanos".[29]

Samuel P. Huntington

O cientista político Samuel P. Huntington, ideólogo do neoconservadorismo norte­americano, enxerga aglobalização como processo de expansão da cultura ocidental e do sistema capitalista sobre os demaismodos de vida e de produção do mundo, que conduziria inevitavelmente a um "choque de civilizações".

Anti­globalização

Apesar das contradições, há um certo consenso a respeito das características da globalização que envolve oaumento dos riscos globais de transações financeiras, perda de parte da soberania dos Estados, com a ênfasedas organizações supra­governamentais, aumento do volume e velocidade como os recursos vêm sendotransacionados pelo mundo, através do desenvolvimento tecnológico etc.

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Protestos contra a reunião do BancoMundial e do Fundo MonetárioInternacional em Washington DC em2007.

Além das discussões que envolvem a definição do conceito, hácontrovérsias em relação aos resultados da globalização.[31] Tantopodemos encontrar pessoas que se posicionam a favor, como contramovimentos antiglobalização. Um dos maiores eventos domovimento antiglobalização é o Fórum Social Mundial, que sereuniu pela primeira vez em Porto Alegre, Brasil, em 2001. OFórum Social Mundial serve como ponto de encontro paramovimentos sociais de todo o mundo propondo a globalizaçãoalternativa, não baseada nas dinâmicas reguladas pelocapitalismo[32] .

A globalização é um fenômeno moderno que surgiu com a evoluçãodos novos meios de comunicação, cada vez mais rápidos e maiseficazes. Há, no entanto, aspectos tanto positivos quanto negativosna globalização. No que concerne aos aspectos negativos há a referira facilidade com que tudo circula não havendo grande controle como se pode facilmente depreender pelosatentados de 11 de Setembro nos Estados Unidos. Esta globalização serve para os mais fracos seequipararem aos mais fortes pois tudo se consegue adquirir através desta grande autoestrada informacionaldo mundo que é a Internet.

Outro dos aspectos negativos é a grande instabilidade econômica que se cria no mundo, pois qualquerfenômeno que acontece num determinado país atinge rapidamente outros países criando­se contágios quetal como as epidemias se alastram a todos os pontos do globo como se de um único ponto se tratasse. Ospaíses cada vez estão mais dependentes uns dos outros e já não há possibilidade de se isolarem ouremeterem­se no seu ninho pois ninguém é imune a estes contágios positivos ou negativos. Como aspectospositivos, temos sem sombra de dúvida, a facilidade com que as inovações se propagam entre países econtinentes, o acesso fácil e rápido à informação e aos bens. Com a ressalva de que para as classes menosfavorecidas economicamente, especialmente nos países em desenvolvimento,[33] esse acesso não é "fácil"(porque seu custo é elevado) e não será rápido.

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Ver também

AntiglobalizaçãoMário MurteiraImpério globalJohan NorbergJoseph E. StiglitzDesenvolvimentismoEscola keynesiana

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