Governador - Secretaria da Educação · Sugestão 1 – distribuir a letra da música Estudo Errado de autoria do Gabriel Pensador; colocar o CD com a música e convidar todos para

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  • Governador

    Vice Governador

    Secretária da Educação

    Secretário Adjunto

    Secretário Executivo

    Assessora Institucional do Gabinete da Seduc

    Coordenadora da Educação Profissional – SEDUC

    Cid Ferreira Gomes

    Domingos Gomes de Aguiar Filho

    Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Maurício Holanda Maia

    Antônio Idilvan de Lima Alencar

    Cristiane Carvalho Holanda

    Andréa Araújo Rocha

  • CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO

    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    Educação em

    Saúde

    DISCIPLINA 5

    MANUAL DO (A) PROFESSOR (A)

    AGOSTO/ 2012

    FORTALEZA/CEARÁ

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    2

    Governador

    Cid Ferreira Gomes

    Vice-governador

    Domingos Gomes de Aguiar Filho

    Secretária de Educação

    Maria Izolda Cela de Arruda Coelho

    Secretário Adjunto

    Maurício Holanda Maia

    Secretário Executivo

    Antonio Idilvan de Lima Alencar

    Assessora Institucional do Gabinete

    Cristiane Holanda

    Coordenadora da Educação Profissional

    Andréa Araújo Rocha

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    CONSULTORIA TECNICA E PEDAGOGICA

    Vanira Matos Pessoa

    Maria Idalice Silva Barbosa

    Anna Margarida Vicente Santiago.

    EQUIPE DE ELABORAÇÃO

    Anna Margarida Vicente Santiago

    Fabiane da Silva Severino Lima

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    4

    Sumário

    1. Apresentação ..................................................................................... 05

    2. Objetivos de Aprendizagem ............................................................. 06

    3. Conteúdo Programático ................................................................... 07

    4. Atividades sócio afetivas.................................................................... 08

    5. Atividades Cognitivas ......................................................................... 17

    6. Avaliação parcial da disciplina......................................................... 44

    7. Referências bibliográficas para o(a) professor (a).......................... 46

    8. Referências bibliográficas do Manual ............................................. 47

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    Apresentação

    Este é o quinto Manual Pedagógico correspondente à disciplina, Educação em

    Saúde, com carga horária de 40 horas/aula. Contém os objetivos de aprendizagem

    referentes ao tema acompanhado do conteúdo no intuito de deixar claro à(o)

    professor(a) o que é esperado do aluno ao final da disciplina. Propõe atividades

    pedagógicas que focam o eixo cognitivo e sócio-afetivo do processo de aprendizagem.

    Disponibilizamos uma bibliografia para o(a) professor(a), subsidiando-o(a) para

    aprofundar os debates em sala de aula, bem como, uma bibliografia de referência do

    Manual.

    Elaborado no intuito de qualificar o processo de ensino-aprendizagem, este

    Manual é um instrumento pedagógico que se constitui como um mediador para facilitar

    o processo de ensino-aprendizagem em sala de aula embasado em um método

    problematizador e dialógico que aborda os conteúdos de forma lúdica, participativa

    tornando o aluno protagonista do seu aprendizado facilitando a apropriação dos

    conceitos de forma crítica e responsável.

    Ressaltamos que é responsabilidade do(a) professor(a) organizar o fio condutor

    para cada tema de maneira a possibilitar o processo de aprendizagem das temáticas e

    garantir a realização das atividades pedagógicas do eixo sócio-afetivo e cognitivo, de

    modo que, ao final, todos o conteúdo seja abordado e a carga horária cumprida. Cabe,

    portanto, ao(a) professor(a) organizar o fio condutor a partir de uma análise prévia de

    todo manual de modo a facilitar a escolha das atividades que mais se adéquam ao tema

    de acordo com conhecimento que tem sobre a sua turma. Ao final de cada tema, cabe

    ao(à) professo(a) fazer a síntese do assunto abordado de maneira a facilitar a

    consolidação gradual do aprendizado de todos os conteúdos do curso.

    Esperamos contribuir com a consolidação do compromisso e envolvimento de

    todos (professores e alunos) na formação desse profissional tão importante para o

    quadro da saúde, tendo em mente que, sem a curiosidade que me move, que me

    inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino, como lembra o mestre

    Paulo Freire.

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    Objetivos de Aprendizagem

    Ao final da disciplina os alunos devem ser capazes de...

    1) Discutir acerca das concepções de educação bancária e libertadora;

    2) Identificar as concepções de educação implicadas no setor saúde;

    3) Analisar os processos de educação do setor saúde e suas potencialidades de gerar

    mudanças;

    4) Planejar ações de educação em saúde individuais e coletivas implicadas no contexto

    da saúde bucal a partir das concepções de educação libertadora;

    5) Saber organizar/preparar programas educativos para os diferentes público-alvo;

    6) Entender a importância da Educação Popular para as práticas de saúde.

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    Conteúdo Programático

    1) Educação Bancária e Educação Libertadora em Paulo Freire;

    2) Educação em saúde, na abordagem de assuntos pertinentes à prática profissional;

    3) Práticas de educação em saúde bucal;

    4) Educação Popular.

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    Observação:

    Ao iniciar esta disciplina o professor orienta aos alunos que durante o período da

    disciplina os alunos deverão estar atentos para as propagandas em geral sobre saúde

    (televisão, rádio, jornal, revista, faixas de ruas, cartazes e etc.) que tenham objetivo de

    “educar” a população. Durante esse período os alunos deverão anotar em seu caderno o

    que conseguiram aprender a partir desses instrumentos educativos. Informar que isso

    será parte da avaliação da disciplina.

    Atividades Sócio afetivas

    1. FEEDBACK ENTRE AMIGOS

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Fazer o seguinte comentário:

    “O tempo de convivência permite que possamos conhecer nossos colegas. E na

    convivência podemos ser melhores como pessoas quando cultivamos o respeito, a

    solidariedade, a sinceridade e a amizade entre nossos colegas de sala. Muitas vezes

    o outro consegue perceber melhor quais são as nossas qualidades e o que ainda

    precisamos melhorar para que a convivência entre nós seja agradável e prazerosa.”

    2. Convidar a turma para realizar a dinâmica “feedback entre amigos”. Explicar que cada um deverá jogar uma bola, feita de papel amassado, para um colega. A pessoa

    que estiver em posse da bola deverá fazer a leitura e completar a frase abaixo com o

    nome e as características do colega que irá receber a bola, em seguida, deverá jogar a

    bola para o colega:

    Gosto do --------- porque ele tem a qualidade de -------- e isso é

    bom porque ------. Mas, ele(a) precisa melhorar em ------- porque

    ------ .

    2. A FRIGIDEIRA

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Convidar a turma leitura do texto “A Frigideira”;

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    2. Perguntar a turma: que relação podemos ver entre esta história e as discussões que

    fizemos em sala de aula?

    A FRIGIDEIRA1

    Conta-se que um jovem, recém-casado, ficou curioso, ao perceber a forma com

    que a sua esposa preparava peixe para fritar: cortava a cabeça e o rabo, até quase o meio

    do peixe. Indagou-lhe o porquê daquilo, ao que ela respondeu:

    – Observei a Dona Clotilde, professora de culinária, cozinhando, e era assim

    que ela fazia... Naturalmente, deve ser a melhor maneira.

    E assim, sempre que a esposa ia fritar peixe, procedia daquela forma. Afinal,

    quem era ele pra contestar os dotes culinários da professora?!

    Num dia de domingo, receberam um convite para almoçar na casa de Dona

    Clotilde. O marido foi então observar como ela preparava os peixes para fritar. Viu que

    ela não cortava tanto como a sua esposa ... que dissera ter aprendido com ela e,

    imediatamente, questionou.

    Dona Clotilde sorriu e lhe respondeu:

    – Meu filho, eu sempre cortava o peixe daquela maneira porque a frigideira da

    cozinha da sala de culinária em que eu dava aula era pequena... só isso!

    3. OS OPERÁRIOS QUE QUEBRAVAM PEDRAS

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Convidar a turma leitura coletiva do texto “Os operários que quebravam pedras”;

    2. Perguntar a turma: que relação podemos ver entre esta estória e as discussões que

    fizemos em sala de aula?

    1 Adaptado de:

    MILITÃO, A.; MILITÃO, R. Histórias & fábulas aplicadas a treinamento. Rio de Janeiro: Qualitymark,

    2002 , 142 p.

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    OS OPERÁRIOS QUE QUEBRAVAM PEDRAS2

    Alguns operários estavam quebrando pedras diante de um enorme edifício em

    construção. Um visitante aproximou - se de um dos operários e lhe perguntou: "O que

    vocês estão fazendo aqui?” O operário olhou – o com dureza e lhe respondeu: “será que

    você está cego para não ver o que estamos fazendo? Estamos aqui quebrando pedras

    como escravos por um salário miserável e sem o menor reconhecimento. Veja você

    mesmo aquele cartaz. Põem ali os nomes do Governador e do Arquiteto, mas não põem

    nossos nomes, nós trabalhamos duro e deixamos nossa pele na obra”.

    O visitante aproximou-se de outro operário e lhe fez a mesma pergunta.

    “Estamos aqui, como você bem pode ver, quebrando pedras para levantar este enorme

    edifício. O trabalho é duro e o pagamento é muito ruim, mas os tempos estão difíceis,

    não há muito trabalho por aí, e é preciso fazer algo para alimentar os filhos”.

    O visitante aproximou-se de um terceiro operário e, uma vez mais, lhe perguntou

    o que estavam fazendo. O homem lhe respondeu com grande entusiasmo e um brilho de

    plenitude nos olhos: “Estamos levantando a catedral mais bela do mundo. As gerações

    futuras a admirarão impressionadas e escutarão o trabalho de Deus no grito das pontas

    de suas torres erguidas para o céu. Eu não a virei concluída, mas quero ser parte desta

    extraordinária aventura”.

    Pense que o mundo é um inferno e ele o será. Pense que este mundo é parte do

    paraíso e o será. A vida pode ser um funeral ou uma festa. Depende de você.

    Depende de nós vivê-la como escravos, como trabalhadores resignados ou como

    apaixonados construtores de genuínas obras de arte.

    4. MAFALDA

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Orientar a turma à observação da charge a seguir3:

    2 ESCLARÍN, A. P. Educar Valores e o Valor de Educar. São Paulo: Paulus, 2002, 176p. 3 Charge retirada do endereço eletrônico: http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-

    bancaria-como-instrumento-da.html. Acesso em 10 de agosto de 2012.

    http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.htmlhttp://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.html

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    11

    2. Conduzir a discussão a partir dos seguintes questionamentos:

    a) Qual mensagem trazida pela charge?

    b) Qual a relação da charge com os modelos de educação atual?

    5. ESTUDO ERRADO

    Material necessário: som, CD, Data show, notebook.

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    Sugestão 1 – distribuir a letra da música Estudo Errado de autoria do Gabriel Pensador;

    colocar o CD com a música e convidar todos para cantá-la.

    Sugestão 2 – Colocar o vídeo Estudo Errado – Gabriel O Pensador4 e convidar a turma

    para ouvir e cantar, acompanhando a letra trazida pelo vídeo.

    2. Refletir acerca da letra da música, com base nos questionamentos abaixo:

    Qual a mensagem trazida pela letra sobre a Educação?

    Por que a aversão de Juquinha em ir à escola?

    Sua visão sobre Educação condiz com a reflexão trazida pela letra? Dê sua

    opinião.

    4 Vídeo disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=m08sChqOgYk. Acesso em 10 de

    agosto de 2012.

    http://www.youtube.com/watch?v=m08sChqOgYk

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    A partir de sua concepção sobre Educação e da mensagem trazida pela música, o

    que é preciso para uma melhoria na educação?

    Estudo Errado

    Gabriel O Pensador

    Eu tô aqui Pra quê?

    Será que é pra aprender?

    Ou será que é pra sentar, me acomodar

    e obedecer?

    Tô tentando passar de ano pro meu pai

    não me bater

    Sem recreio de saco cheio porque eu

    não fiz o dever

    A professora já tá de marcação porque

    sempre me pega

    Disfarçando, espiando, colando toda

    prova dos colegas

    E ela esfrega na minha cara um zero

    bem redondo

    E quando chega o boletim lá em casa eu

    me escondo

    Eu quero jogar botão, vídeo-game, bola

    de gude

    Mas meus pais só querem que eu "vá

    pra aula!" e "estude!"

    Então dessa vez eu vou estudar até

    decorar cumpádi

    Pra me dar bem e minha mãe deixar

    ficar acordado até mais tarde

    Ou quem sabe aumentar minha mesada

    Pra eu comprar mais revistinha (do

    Cascão?)

    Não. De mulher pelada

    A diversão é limitada e o meu pai não

    tem tempo pra nada

    E a entrada no cinema é censurada (vai

    pra casa pirralhada!)

    A rua é perigosa então eu vejo televisão

    (Tá lá mais um corpo estendido no

    chão)

    Na hora do jornal eu desligo porque eu

    nem sei nem o que é inflação

    - Ué não te ensinaram?

    - Não. A maioria das matérias que eles

    dão eu acho inútil

    Em vão, pouco interessantes, eu fico

    pu..

    Tô cansado de estudar, de madrugar,

    que sacrilégio

    (Vai pro colégio!!)

    Então eu fui relendo tudo até a prova

    começar

    Voltei louco pra contar:

    Manhê! Tirei um dez na prova

    Me dei bem tirei um cem e eu quero ver

    quem me reprova

    Decorei toda lição

    Não errei nenhuma questão

    Não aprendi nada de bom

    Mas tirei dez (boa filhão!)

    Quase tudo que aprendi, amanhã eu já

    esqueci

    Decorei, copiei, memorizei, mas não

    entendi

    Quase tudo que aprendi, amanhã eu já

    esqueci

    Decorei, copiei, memorizei,

    mas não entendi

    Decoreba: esse é o método de

    ensino

    Eles me tratam como ameba e

    assim eu não raciocino

    Não aprendo as causas e

    consequências só decoro os

    fatos

    Desse jeito até história fica

    chato

    Mas os velhos me disseram

    que o "porque" é o segredo

    Então quando eu num entendo

    nada, eu levanto o dedo

    Porque eu quero usar a mente

    pra ficar inteligente

    Eu sei que ainda não sou

    gente grande, mas eu já sou

    http://letras.terra.com.br/gabriel-pensador/

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

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    gente

    E sei que o estudo é uma coisa boa

    O problema é que sem motivação a

    gente enjoa

    O sistema bota um monte de abobrinha

    no programa

    Mas pra aprender a ser um ingonorante

    (...)

    Ah, um ignorante, por mim eu nem saía

    da minha cama (Ah, deixa eu dormir)

    Eu gosto dos professores e eu preciso de

    um mestre

    Mas eu prefiro que eles me ensinem

    alguma coisa que preste

    - O que é corrupção? Pra que serve um

    deputado?

    Não me diga que o Brasil foi descoberto

    por acaso!

    Ou que a minhoca é hermafrodita

    Ou sobre a tênia solitária.

    Não me faça decorar as capitanias

    hereditárias!! (...)

    Vamos fugir dessa jaula!

    "Hoje eu tô feliz" (matou o presidente?)

    Não. A aula

    Matei a aula porque num dava

    Eu não aguentava mais

    E fui escutar o Pensador escondido dos

    meus pais

    Mas se eles fossem da minha idade eles

    entenderiam

    (Esse num é o valor que um aluno

    merecia!)

    Íííh... Sujô (Hein?)

    O inspetor!

    (Acabou a farra, já pra sala do

    coordenador!)

    Achei que ia ser suspenso mas era só

    pra conversar

    E me disseram que a escola era meu

    segundo lar

    E é verdade, eu aprendo muita coisa

    realmente

    Faço amigos, conheço gente, mas não

    quero estudar pra sempre!

    Então eu vou passar de ano

    Não tenho outra saída

    Mas o ideal é que a escola me prepare

    pra vida

    Discutindo e ensinando os problemas

    atuais

    E não me dando as mesmas aulas que

    eles deram pros meus pais

    Com matérias das quais eles não

    lembram mais nada

    E quando eu tiro dez é sempre a mesma

    palhaçada

    Refrão

    Encarem as crianças com mais

    seriedade

    Pois na escola é onde formamos

    nossa personalidade

    Vocês tratam a educação como

    um negócio onde a ganância, a

    exploração, e a indiferença são

    sócios

    Quem devia lucrar só é

    prejudicado

    Assim vocês vão criar uma

    geração de revoltados

    Tá tudo errado e eu já tou de

    saco cheio

    Agora me dá minha bola e deixa

    eu ir embora pro recreio...

    Juquinha você tá falando demais

    assim eu vou ter que lhe deixar

    sem recreio!

    Mas é só a verdade professora!

    Eu sei, mas colabora se não eu

    perco o meu emprego

  • CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO

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    14

    6. É FESTA

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Distribuir a letra da música Festa5 de autoria do Ivete Sangalo; colocar o CD com a

    música e convidar todos para cantá-la.

    2. Refletir acerca da letra da música, com base nos questionamentos abaixo:

    Qual mensagem trazida pela música?

    Qual relação que podemos estabelecer entre a mensagem da música com a

    Educação?

    3. Ressaltar a importância da educação popular nas práticas de educação em saúde, que

    se configura como uma estratégia de construção da participação popular, com a

    utilização do saber da comunidade como matéria prima para a construção do

    conhecimento, valorizando a cultura e costumes dos povos envolvidos.

    5 Letra da música disponível no endereço eletrônico: . Acesso em 07 de agosto de 2012.

    http://letras.mus.br/ivete-sangalo/46457/http://letras.mus.br/ivete-sangalo/46457/

  • CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO

    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    15

    Festa Ivete Sangalo

    Festa no gueto

    Pode vir, pode chegar

    Misturando o mundo inteiro

    Vamo vê no que é que dá...

    Hoje tem

    Festa no gueto

    Pode vir, pode chegar

    Misturando o mundo inteiro

    Vamo vê no que é que dá...

    Tem gente de toda cor

    Tem raça de toda fé

    Guitarras de rock'n roll

    Batuque de candomblé

    Vai lá, prá ver...

    A tribo se balançar

    E o chão da terra tremer

    Mãe Preta de lá mandou chamar

    Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...

    Que vai rolar a festa

    Vai rolar!

    O povo do gueto

    Mandou avisar...(2x)

    Festa no gueto

    Pode vir, pode chegar

    Misturando mundo inteiro

    Vamo vê no que Oh! Oh!...

    Hoje tem

    Festa no gueto

    Pode vir, pode chegar

    Misturando o mundo inteiro

    Vamo vê no que é que dá...

    Tem gente de toda cor

    Tem raça de toda fé

    Guitarras de rock'n roll

    Batuque de candomblé

    Vai lá, prá ver...

    A tribo se balançar

    E o chão da terra tremer

    Mãe Preta de lá mandou chamar

    Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...

    Que vai rolar a festa

    Vai rolar!

    O povo do gueto

    Mandou avisar...(2x)

    Vem! Vem! Vem!

    Na Na Na na na

    Tá bonito, tá bonito

    Tá beleza

    Na Na Na Na Na

    Na Na Na Na Na

    Na Na Na Na Na

    Simbora! Simbora! Simbora!...

    Tem gente de toda cor

    Tem raça de toda fé

    Guitarras de rock'n roll

    Batuque de candomblé

    Vai lá, prá ver...

    A tribo se balançar

    O chão da terra tremer

    Mãe Preta de lá mandou chamar

    Avisou! Avisou! Avisou! Avisou!...

    Que vai rolar a festa

    Vai rolar!

    O povo do gueto

    Mandou avisar...(3x)

    Que vai

    Que vai rolar a festa

    Vai rolar!

    O povo do gueto

    Mandou avisar...

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    16

    7. DIVISÃO DE GRUPOS

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    SUGESTÃO 1

    1. Dividir a letra da música conhecida em estrofes e distribuir para turma (escola da

    música a critério do professor). Repetir as estrofes de acordo com o número de

    alunos e o número de grupos que desejar dividir a turma. Se desejar formar 5

    grupos, por exemplo, dividir a música em cinco estrofes, repetindo-as para que

    todos os alunos participem;

    2. Solicitar que quem estiver cantando a mesma estrofe da letra da música formar um

    grupo;

    SUGESTÃO 2

    1. Solicitar que se agrupem por mês de nascimento. Reagrupar a turma formando o

    número de grupos desejado juntando os meses do ano com bimestres (6 grupos), ou

    trimestres (4 grupos), etc.

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    17

    Atividades Cognitivas

    1. ESCRITORES DA LIBERDADE

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Informar a turma que será realizada uma discussão acerca da Educação;

    2. Realizar os seguintes questionamentos:

    Como a Educação contribui para a sua vida?

    A Educação que recebemos tem o poder de mudança?

    3. Discutir acerca das respostas obtidas;

    4. Conduzir a turma a assistir ao filme: Escritores da Liberdade6;

    "ESCRITORES DA LIBERDADE": breves considerações7

    O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de uma forma

    comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme

    se inicia com uma jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em

    uma instituição de "ensino médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de

    adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues.

    Ao perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve

    adotar novos métodos de ensino, ainda que sem a concordância da diretora do colégio. Para isso, a

    educadora entregou aos seus alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de

    suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares. Ademais, a professora indicou a

    leitura de diferentes obras sobre episódios cruciais da humanidade, como o célebre livro "O Diário de

    Anne Frank", com o objetivo de que os alunos percebessem a necessidade de tolerância mútua, sem a

    qual muitas barbáries ocorreram e ainda podem se perpetrar.

    Com o passar do tempo, os alunos vão se engajando em seus escritos nos diários e, trocando

    experiências de vida, passam a conviver de forma mais tolerante, superando entraves em suas próprias

    rotinas. Assim, eles reuniram seus diários em um livro, que foi publicado nos Estados Unidos em 1999,

    após uma série de dificuldades. É claro que projetos inovadores como esse, em se tratando de

    estabelecimentos de ensino com poucos recursos, enfrentam diversos obstáculos, desde a burocracia até a

    resistência aos novos paradigmas pedagógicos. Em países como o Brasil, então, as dificuldades são

    imensas, mas superáveis, se houver engajamento e esforços próprios.

    Nesse sentido, o filme "Escritores da Liberdade" merece ser visto como apreço, sobretudo pela

    sua ênfase no papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias. Com

    essas considerações, vê-se que a educação, como já ressaltaram grandes educadores da estirpe de Paulo

    Freire, tem um papel indispensável no implemento de novas realidades sociais, a partir da conscientização

    de cada ser humano como artífice de possíveis avanços em sua própria vida e, principalmente, em sua

    comunidade.

    6 FREEDOM Writers. Direção de Richard La Gravenese. Estados Unidos, Alemanha: Paramount

    Pictures, 2007 (122 minutos): son, color. 7 VALIS, J.S. Freedom Writers. 2007. Disponível em:

    . Acesso em 07 de agosto de

    2012.

    http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/641978

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    18

    5. Realizar a discussão da temática trazida pelo filme a partir dos questionamentos a

    seguir:

    a) Em sua opinião, o que fazia com que os alunos da sala 203 fossem tidos como

    problemáticos?

    b) Que atitude da professora marcou a mudança de comportamento em sala de

    aula dos alunos?

    c) Que elementos a professora utilizou em suas aulas para atrair a atenção de seus

    alunos?

    d) Que mudanças aconteceram na vida dos alunos, a partir das aulas da

    professora?

    e) Havia diferenças entre o modelo de educação proposto pela nova professora

    entre o dos demais professores do filme? Se sim, quais?

    f) Que reflexões podemos obter a partir da análise do filme?

    6. Fazer a leitura do Texto: Educação como Prática Libertadora8.

    7. Ao final, realizar um debate com base nos seguintes questionamentos:

    a) Como você avalia a prática da educação libertadora a partir da leitura do texto e

    do filme?

    b) Que elementos da educação libertadora te chamou mais atenção?

    Educação como prática libertadora

    De acordo com relatório da UNESCO – órgão das Nações Unidas para

    educação, ciência e cultura – a educação ajuda a combater a pobreza e capacita as

    pessoas com o conhecimento, habilidades e a confiança que precisam para construir um

    futuro melhor.

    A educação tem um papel que vai além de transferir conhecimentos do

    professor para o aluno. Ela exerce principalmente a função de formar indivíduos

    conscientes, transfigurados pelo raciocínio crítico, capazes de transformar suas

    realidades.

    8 Texto escrito com base na análise do Filme ‘Escritores da Liberdade’ e na leitura da referência

    abaixo:

    FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H. Introdução à

    Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1971.

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    19

    No filme "Escritores da Liberdade" podemos perceber o papel da educação

    como mecanismo de transformação individual e coletiva. Visualizamos a diferença

    entre uma educação tradicional, denominada por Paulo Freire como educação

    bancária, onde há uma relação vertical entre educador e educando, pois enquanto o

    educador é aquele que detém o conhecimento e tem o papel de repassá-lo aos alunos,

    estes são incumbidos de somente receber as informações, armazená-las e segui-las,

    contribuindo para a formação de indivíduos acomodados, sem o poder da criticidade e

    do questionamento, apenas meros repetidores, sem entender, muitas vezes, o porquê das

    coisas.

    Diferentemente, visualizamos na metodologia aplicada pela professora Erin, o

    que Paulo Freire chamaria de educação libertadora, pois na prática empregada pela

    atriz não apresentava uma separação rígida entre educador e educando. Ambos

    acabavam aprendendo e ensinando, pois os alunos detinham um conhecimento advindo

    de suas realidades que a professora Erin desconhecia. Então, ela pôde aprender com

    eles, valorizando e estimulando-os a transformar seus contextos de violência. As aulas

    eram espaços de diálogo, de comunicação, de questionamentos e reflexão, valorizando,

    assim, a busca pela transformação do conhecimento.

    No quadro abaixo, podemos perceber as principais diferenças entre a educação

    bancária e a educação libertadora.

    Quadro 1: Principais diferenças entre Educação bancária e Educação libertadora.

    EDUCAÇÃO BANCÁRIA EDUCAÇÃO LIBERTADORA

    O professor educa. O professor tem respeito pelo saber do aluno.

    O professor é o dono do saber. O professor colabora na construção do saber.

    O professor é o único que pensa. O professor fomenta o pensamento e a construção

    das ideias.

    O professor é o único que diz a palavra. O professor se abre ao dialogo, valorizando a fala

    do aluno.

    O professor disciplina. O professor confere liberdade à autoridade.

    O professor define o que os alunos devem aprender. O professor parte do contexto de vida dos alunos,

    valorizando sua cultura.

    O professor dita os conhecimentos. O professor tem a consciência que o

    conhecimento é inacabado.

    O professor escolhe todo o conteúdo a ser visto. O professor propõe uma reflexão crítica sobre a

    prática.

    O professor é, e precisa ser autoritário. O professor é humilde e tolerante, tem sempre em

    vista o direito dos alunos.

    O professor é o sujeito do processo. O aluno é sujeito do processo.

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    20

    Como vimos no filme, a educação libertadora acaba abrindo portas para novas

    realidades sociais, a partir da conscientização de cada ser humano como ser responsável

    por possíveis avanços em sua própria vida e na sua comunidade.

    2. PESQUISA

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Perguntar a turma:

    a) Alguém já ouviu falar em Paulo Freire?

    b) O que vocês ouviram falar sobre ele?

    2. Convidar a turma para leitura coletiva do cordel “Tributo a Paulo Freire9”;

    3. Coordenar uma roda de conversa com as seguintes perguntas:

    a) A partir da leitura do cordel o que mais sabemos sobre Paulo Freire?

    4. Solicitar que se agrupem em trios e elaborem uma pergunta sobre uma curiosidade

    que lhes chamaram atenção no Cordel;

    5. Recolher as perguntas elaboradas pelos alunos;

    6. Orientar que formem grupos de 5 pessoas;

    7. Redistribuir aleatoriamente as perguntas de forma equitativa para os grupos e

    orienta que pesquisem na biblioteca e/ou internet. Em seguida sistematizem as

    respostas de forma criativa usando cartaz, folder, colagem, vídeo, exposição de

    livros, fotos e etc. para expor em sala de aula. Informar a turma que preparem a sala

    de aula para exposição com o tema “A contribuição de Paulo Freire para Educação”.

    9 PEREIRA, J. A. Tributo a Paulo Freire. 2010. Disponível em:

    Acesso em 02 de fevereiro de 2012

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    21

    TRIBUTO A PAULO FREIRE

    (Juarês Alencar Pereira)

    Uma história de valor

    Vale a pena ressaltar

    E que fez a diferença

    Na educação popular

    Esse grande Paulo Freire

    Referência em educar.

    Paulo Freire promoveu

    O seu projeto exemplar

    De envolver todo o Brasil

    Na educação popular

    E o seu lema em desafio

    Educar pra transformar.

    Pernambucano de origem

    Em Recife ele nasceu

    Onde desde pequenino

    Com os pobres conviveu

    Diante das dificuldades

    Nova pedagogia nasceu.

    Com o projeto memória

    Que traz em sua exposição

    Esse grande educador

    Orgulho dessa Nação

    Pelo seu grande trabalho

    Referência na educação.

    Jamais serás esquecido

    Nome de todo respeito

    Na história sempre visto

    Por todos seus grandes feitos

    Educar e libertar

    Sendo assim o seu conceito.

    O menino que lia o mundo

    Com seu perfil de estudante

    Educador e ativista

    E não parava um instante

    Deixou seu grande legado

    Com obras exuberantes.

    A sombra de uma mangueira

    No quintal ele estudava

    Acompanhado da mãe

    Que sempre lhe ensinava

    Resultando desse ato

    O que ninguém esperava.

    Fazia leitura do mundo

    Propunha a transformação

    Com sua visão pedagógica

    Consciência e libertação

    Enfatizou com destaque

    Enfim a libertação.

    Em tudo que ele fazia

    Mostrou-se muito convicto

    Via sempre a educação

    Também como ato político

    Foi preso e até exilado

    Sem cometer um delito.

    Andarilho da utopia

    Sendo assim denominado

    Sua trajetória invejável

    Currículo cobiçado

    Freire com a educação

    Sempre estarão ligados.

    É nessa visão Freireana

    Em prol da transformação

    Pra mudar a realidade

    Através da educação

    Sendo o seu grande projeto

    A promoção da inclusão.

    Outra educação é possível

    Capaz não só de ensinar

    Educar também pra vida

    Visando conscientizar

    Com mudança de atitudes

    Através de um novo olhar.

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    22

    3. EXPOSIÇÃO “O Educador Paulo Freire”

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Cada grupo apresenta sua contribuição para exposição;

    2. Coordenar uma roda de conversa a partir das perguntas:

    a) Que exemplos de vida Paulo Freire nos inspira?

    b) Que contribuição Paulo Freire trouxe para os educadores do Brasil e do mundo?

    c) Quais as características e inovações que o Método de Paulo Freire trouxe para

    educação?

    3. Preparar uma exposição acerca das contribuições de Paulo Freire para a educação.

    Sugestão de referências para embasar a apresentação:

    A PEDAGOGIA do Oprimido e a educação libertadora segundo Paulo Freire (1921-1997). Correntes do Pensamento Pedagógico Contemporâneo – Semana 9. Disponível em:

    http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/cppc-semana9.pdf. AcessO em 11 de agosto de 2012.

    EDUCAÇÃO Bancária como instrumento de opressão. 2010. Disponível em: http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.html. Acesso em 10 de

    agosto de 2012.

    FREIRE, P. Educação e Mudança. 20 ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra, 1979.

    FREIRE, P. Educação como prática de liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2007, 158p.

    FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Ed. Afrontamento, Porto, 1975.

    FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H. Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1971.

    4. CONSTRUINDO RELAÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Convidar a turma para leitura coletiva do texto “Relação Educativa da Equipe de

    Saúde da Família com a população”;

    2. Coordenar um debate a partir das perguntas:

    a) Qual a importância da atividade educativa realizada pelos profissionais da

    saúde?

    b) Em que momento se dá relação educativa entre profissionais de saúde e

    usuários?

    http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.htmlhttp://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.html

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    23

    c) Como deve se caracterizar esta relação educativa para que haja algum

    aprendizado?

    RELAÇÃO EDUCATIVA DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA COM A

    POPULAÇÃO10

    PROMOÇÃO DA SAÚDE E EDUCAÇÃO

    Para que a Promoção da Saúde alcance o que se propõe a primeira condição é que

    os participantes nela envolvidos assumam que estão compartilhando de uma ação

    educativa. E, como toda ação educativa, aliás, toda ação humana, traz embutida uma

    intenção, cabe à equipe de Saúde da Família explicitar de que intenção se trata.

    A segunda condição, que complementa a primeira, é eleger a direção, dentre as

    várias possíveis, (voltaremos a esta questão) da ação que se pretende realizar, bem como

    das etapas que devem ser percorridas para atingirmos o que nos propusemos. Por

    desnecessário que seja, é sempre oportuno relembrar que nada disso é possível sem um

    planejamento coerentemente detalhado de todo o processo.

    Não se trata de deter-se unicamente na dimensão técnica da ação educativa, ou

    seja, de ressaltar a importância dos objetivos, estratégias, conteúdos, recursos e

    avaliação, pois ela não nos levará muito longe.

    Concretamente, como isto tem ocorrido na educação em saúde?

    No geral, entende-se que há, por um lado, a presença de técnicos que detém

    determinados conhecimentos elaborados, prontos, acabados, cientificamente

    comprovados e sistematizados, e por outro, a população, desprovida de conhecimentos.

    Portanto o que se deve ser feito é muito simples: os técnicos “passam” os

    conhecimentos que possuem para a população que não os possui.

    E damo-nos por satisfeitos e felizes. Nós, técnicos com a sensação do dever

    cumprido e a população deveras agradecida pelos conhecimentos recebidos e pelo

    empenho que demonstramos.

    10 DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a

    população. SANARE. Revista de políticas públicas. Sobral: Escola de formação em saúde da

    família Visconde de Sabóia, ano IV, n. 1, jan./mar, p. 34 – 65, 2003.

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    24

    Como todos sabemos, é sempre preciso avaliar o processo e o produto de nosso

    fazer educativo. E, se o fizermos, o que teremos?

    Muitas vezes observamos que as pessoas após conversarem com as equipes de

    saúde acabam por repetir certos termos, certas expressões, certos princípios e até certos

    conceitos.

    Entretanto, precisamos estar atentos, pois pode ser, e na maioria dos casos é, um

    tipo de aprendizagem que reproduz ideias, símbolos, mas não os decodifica, isto é, não

    consegue relacioná-los com a sua vida e com seus saberes anteriores. São ideias,

    símbolos ou mesmo conceitos que são repetidos, mas que nada significam, que não têm

    sentido. É uma aprendizagem mecânica.

    Como ilustração, desse tipo de aprendizagem e, desta vez, saindo do campo da

    saúde, podemos lembrar o caso de crianças que, em muitas cidades brasileiras assumem

    o papel de guias turísticos. Podemos dizer que eles sabem verbalizar muitas ideias a

    respeito das várias características da cidade, isto é aprenderam para poder se comunicar

    com os turistas. Entretanto, podemos observar também que, o mais das vezes, se lhes

    fizermos algumas perguntas no decorrer de sua narrativa tentando relacionar alguns

    dados mencionados, elas invariavelmente retornam para o início da sua fala e a repetem

    integralmente. Por quê? É um caso de esquecimento? Não, elas adquiriram o que aqui

    denominamos de aprendizagem mecânica.

    MECANIZAÇÃO E PROBLEMATIZAÇÃO DA REALIDADE

    Passemos a caso concreto, ocorrido com uma pediatra. Quando essa profissional

    indagou a uma mulher se ela havia lavado as mãos, fervido o bico da mamadeira e a

    chupeta, ela orgulhosamente respondeu que sim. E a seguir guardou o bico da

    mamadeira e a chupeta, cuidadosamente fervidos, na mesma sacola onde havia colocado

    a fralda usada do seu nenê! O paradoxo é notável.

    Houve uma ação educativa, a aluna aprendeu, tanto que reproduziu as ações que

    lhe foram ensinadas, mas por não entender os princípios que as fundamentavam, o

    resultado em termos da promoção da saúde foi nulo!!

    Como poderíamos explicar tão fragoroso fracasso?

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    25

    Se não há porque se duvidar da competência técnica dos técnicos e nem da

    possível incoerência do planejamento, só nos resta pensar no modelo de educação

    escolhido.

    Com muita calma, pois este é um momento delicado, recordemos que no tipo de

    educação considerado acima, tínhamos os técnicos, detentores do saber e a população,

    desprovida deles e que o fulcro da ação educativa consistia na transferência de

    conhecimentos de uns para os outros.

    Claro que se a população só recebe informações, o máximo que pode fazer com

    elas é repeti-las. Daí o fracasso.

    Ou seja, o tipo de educação escolhida tende necessariamente para manutenção, a

    estagnação, a domesticação e alienação. E frise-se que não ser trata de uma escolha

    idiossincrática, mas, pautada em visões e concepções de projeto social, de ser humano,

    de aprendizagem, de educação, e do modo de ver-se o mundo.

    Essa concepção de educação tem sido contraditada pela concepção crítica da

    educação que pretende ser uma educação para a mudança, para a transformação, para a

    conscientização, para a libertação.

    Esta nova concepção que dá suporte aos movimentos de educação popular em

    saúde, se contrapõe a essa visão por entender que, na relação do profissional da saúde

    com a população, necessariamente ambos se modificam por que ambos são percebidos

    como portadores e produtores de conhecimentos distintos. Esses conhecimentos podem

    e devem ser comparados e confrontados resultados em novos conhecimentos. Nessa

    relação educativa a produção de um conhecimento é coletiva, processual, o que significa

    dizer que, o conhecimento deve ser construído continuamente.

    Vale dizer que na Estratégia de Saúde da Família, a relação da equipe com a

    população deve ser necessariamente aprofundada para que se constitua numa relação

    educativa que permita que todos os envolvidos, se descubram como sujeitos não apenas

    no processo de vida. Qual o significado das pessoas se tornarem sujeitos? Significa

    tomarem consciência de sua prática social, isto é, o que fazem, vivem, aprendem e

    sentem no seu dia-a-dia, e porque dessa forma e não de outra?

    Nesse aspecto é importante lembrar-se que os agentes locais de saúde que

    compõem a equipe de Saúde da Família são pessoas da própria comunidade e assim

    sendo, possuem uma história de vida semelhante a das pessoas da população. Dito de

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    26

    outro modo, possuem valores, crenças, credos, tabus, conhecimentos, preconceitos em

    relação à saúde similares a da população com a qual vai trabalhar. Com isso pretende-se

    dizer que esses trabalhadores necessitam de oportunidades planejadas para o exercício

    da reflexão constante sobre o seu fazer cotidiano para tornarem-se conscientemente

    atores e possibilitadores de situações de ensino-aprendizagem para que outros se tornem

    sujeitos.

    CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

    Nesse sentido, é fundamental, que a equipe de Saúde da Família na sua prática

    educativa considere as opiniões diferentes, os vários jeitos de ver as coisas e perceba

    que as experiências são heterogêneas porque são vivenciadas de modos diferentes, por

    diferentes sujeitos e em momentos históricos diferentes. Cabe enfatizar que

    coerentemente aqui adotamos uma concepção problematizadora do processo ensino-

    aprendizagem, isto é, que considera educandos e educadores como sujeitos concretos

    desse processo, ou seja, esses sujeitos são percebidos como seres que sabem, sabem que

    sabem, sabem porque sabem, sabem como sabem, e sabem dizer a terceiros o que sabem

    e não menos importante, agem consequentemente aos seus saberes.

    Em outras palavras, estão conscientes de que são capazes de construir e

    reconstruir o seu próprio conhecimento. E, isto se é possível quando se considera sua

    experiência anterior como elementos fundamentais e desencadeadores de uma

    aprendizagem significativa.

    O que implica a população construir o seu conhecimento?

    Construir o seu conhecimento significa que a população, diante de um problema

    gerado por uma situação que o seu conhecimento ainda não explica, se valha das

    informações disponíveis para elaborar e socializar uma explicação que, mesmo já

    existente, passa a ser a sua explicação para o fenômeno. Trata-se de atribuir significado

    às novas informações, ou seja, articulá-las ao já conhecido, transformando-o.

    Salta aos olhos, portanto, a necessidade do conhecermos o que a nossa população

    já sabe e o que ela ainda não sabe. Assim, se oferecermos a ela problemas que o seu

    saber não sabe, o que ela sabe poderá, pelo seu esforço intencional de saber,

    transformar-se no que ela ainda não sabe.

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    27

    Mais, uma outra ideia que gostaríamos de ver aqui pensada é a que se refere a uma

    outra dimensão presente na relação educativa entre os componentes da equipe de Saúde

    da Família com a população: a dimensão humana constitutiva dessa relação. É uma

    relação autoritária, democrática, horizontal?

    Novamente é uma questão de escolha. Defende-se aqui, no sentido de se reafirmar

    o papel ativo da população na Promoção da Saúde, uma democrática, isto é, que

    percebe, entende e respeita as diferenças, isso só é possível no nosso entender, com o

    diálogo entre os protagonistas da ação.

    Uma observação que se faz necessária, é a de que não estamos de forma alguma

    dizendo que o diálogo implica necessariamente consensos, visões harmoniosas sobre as

    coisas. A ideia de conflito está sempre presente, pois, como já dito, saberes desiguais,

    uma vez que são procedentes de fontes diferentes, estão permanentemente em

    confronto. Ressaltamos que o confronto propicia aprendizados.

    E A CONVERSA PÁRA AQUI?

    Para finalizar o texto, mas não a problemática, apresentamos uma última ideia,

    não menos importante: aprender e conhecer fazem parte do “ser cidadão”. Para além do

    conhecimento utilizado pela população em suas escolhas “saudáveis”, considera-se que

    o acesso ao conhecimento sistematizado, acumulado pela humanidade é de seu direito

    enquanto cidadã, garantido inclusive pelas leis, referentes à educação. Isto fornecerá

    elementos à população para uma participação ativa na vida de sua cidade afinal resgata-

    se aqui, o sentido primordial da palavra cidadão: aquele que vive, usufrui e intervém

    plenamente nas questões vitais de sua cidade.

    5. PESQUISANDO A EDUCAÇÃO EM SAÚDE

    Material necessário: Papel ofício A4

    Coordenar a atividade a partir da seguinte orientação:

    1. Propor a divisão da turma em cinco grupos a partir da seguinte orientação:

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    28

    Confeccionar previamente pedaços de papel, contendo o desenho, em cada, de

    uma figura geométrica: quadrado, triângulo, círculo, retângulo e losango; Deverão ser

    feitos pedaços de papel com quantidade suficiente para todos os alunos da turma e

    número equitativos de figuras geométricas;

    Amassar cada pedaço de papel para que os alunos não visualizem a figura

    geométrica desenhada;

    Entregar aleatoriamente os papéis amassados para cada aluno;

    Pedir que cada aluno desamasse seus papéis para visualizar qual figura

    geométrica desenhada;

    Orientar que cada um procure e se juntem a outros colegas que contenham a

    mesma figura geométrica;

    Informar que os grupos com as mesmas figuras serão os mesmos que irão

    realizar a atividade seguinte.

    2. Explicar que cada grupo terá que pesquisar materiais que contenham estratégias de

    educação em saúde, como as contidas em campanhas de mídia, folhetos, cartazes

    educativos, rótulos, etc., analisando-os a partir dos seguintes questionamentos:

    a) Qual mensagem principal trazida pelo material?

    b) Que aprendizagem pode gerar?

    c) Qual o publico alvo?

    d) Qual linguagem utilizada?

    e) A linguagem tá adequada ao publico?

    f) Qual a opinião de vocês sobre esse material em relação a sua utilidade para

    gerar reflexões e mudança no publico q o material almeja?

    3. Cada grupo fará a pesquisa em locais específicos:

    Grupo 1 (quadrado): cartazes informativos (no mercantil, na escola, na padaria, etc.);

    Grupo 2 (triângulo): propaganda do Ministério da Saúde na internet;

    Grupo 3 (círculo): propaganda de rádio e/ou televisão;

    Grupo 4 (retângulo): rótulo de um produto, como por exemplo: embalagens de cigarro,

    que contenha alguma informação a mais de uso/benefício;

    Grupo 5 (losango): cartazes ou folderes disponíveis em alguma igreja ou unidade

    religiosa.

    4. Na aula seguinte, coordenar a apresentação dos grupos;

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    29

    5. Realizar uma discussão com base os questionamentos que nortearam a busca e a

    discussão dos materiais.

    6. AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Dividir a turma em 05 grupos;

    2. Solicitar que cada grupo pesquise materiais educativos que envolva a temática de

    Saúde Bucal nos diversos meios de comunicação existentes: Internet, televisão, rádio,

    jornais, folders, cartazes e revistas:

    Grupo 01: Internet;

    Grupo 02: Televisão e rádio;

    Grupo 03: Jornais;

    Grupo 04: Folders e cartazes;

    Grupo 05: Revistas.

    4. A busca deverá ser baseada no seguinte roteiro:

    a) Qual a mensagem transmitida?

    b) Qual público-alvo?

    5. Solicitar que façam um relatório da pesquisa.

    6.1. AÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Solicitar que os grupos apresentem a pesquisa realizada na atividade anterior;

    2. Discutir com base nos achados obtidos;

    3. Convidar a turma para fazer uma leitura coletiva do texto: Ações Educativas em

    Saúde Bucal;

    4. Discutir com base nos questionamentos abaixo:

    a) Qual a mensagem trazida pelo texto?

    b) Como você ver as ações de saúde bucal na atualidade?

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    30

    Ações Educativas em Saúde Bucal11

    A programação das ações educativas deverá resultar da parceria das equipes das

    Atividades Educação em Saúde e Assistência Odontológica, num processo de planejamento

    participativo que estimule a reflexão acerca dos interesses, necessidades e demandas da

    clientela, a fim que sejam propostos programas e ações em conformidade com as prioridades

    identificadas e com os recursos locais.

    A atuação da equipe da Atividade Assistência Odontológica não deve se limitar

    exclusivamente ao campo biológico ou ao trabalho técnico-odontológico. Além de suas funções

    específicas, a equipe deve interagir com profissionais de outras áreas, de forma a ampliar seu

    conhecimento, permitindo a abordagem do cliente como um todo, atenta ao contexto

    socioeconômico-cultural no qual ele está inserido.

    A troca de saberes e o respeito mútuo às diferentes percepções devem acontecer

    permanentemente, viabilizando o planejamento integrado e o envolvimento dos diferentes

    agentes sociais, na perspectiva da mediação estratégica, potencialmente capaz de reforçar

    alianças e engajar os diferentes setores (educação, lazer, trabalho, ambiente etc.) para atuação

    sobre os fatores determinantes do processo saúde/doença bucal, de acordo com os problemas

    prioritários evidenciados.

    Essa compreensão traz consigo a proposta de humanização do processo de

    desenvolver ações e serviços de saúde. Implica a responsabilização dos serviços e dos

    trabalhadores de saúde, em construir, com a clientela, a resposta possível às suas dores,

    angústias, problemas e aflições de uma forma tal que não só se produzam consultas e

    atendimentos, mas que o processo de consultar e atender possibilite a construção compartilhada

    do conhecimento e reforce a autonomia de cada pessoa atendida na gestão de sua saúde e bem–

    estar.

    Supõe desenvolver ações considerando os sujeitos em sua integralidade bio-psico-

    social, garantindo que toda a equipe esteja preparada para a humanização das relações nos atos

    de receber, escutar, orientar, atender, encaminhar e acompanhar.

    “Se eu vejo o comerciário chegar cansado, nervoso para o

    atendimento odontológico, eu lhe ofereço um copo de água ou

    um cafezinho”

    11 Texto adaptado da referência abaixo:

    BARROS, C.M.S. Manual técnico de educação em saúde bucal. Rio de Janeiro: SESC,

    Departamento Nacional, 2007.132p.

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    31

    “Se o comerciário vem cheio de problemas e aqui eu demonstro

    que estou interessado nele, que vou atendê-lo bem, estou

    atenuando o seu problema, logo, estou contribuindo para a sua

    saúde” (recepcionistas das clínicas odontológicas dos

    Departamentos Regionais em Alagoas e no Maranhão).

    Deslocando-nos de uma perspectiva de assistência intervencionista, de caráter pontual

    e de natureza curativa, estamos nos baseando em um modelo de atenção em saúde bucal que se

    aproxima da noção de “cuidado”, entendido como “relação intersubjetiva que se desenvolve

    num tempo contínuo, e que, além do saber profissional e das tecnologias necessárias, abre

    espaço para negociação do saber, dos desejos e das necessidades do outro”

    A dimensão educativa deve, assim, estar presente em todos os momentos da atenção

    em saúde bucal, sendo operacionalizada como processo e valorizada como parte integrante do

    tratamento odontológico por todos os membros da equipe.

    Trata-se de uma prática educativa dialógica e participativa, voltada para o reforço da

    autoestima, a ampliação de conhecimentos, o desenvolvimento da autonomia e o apoio à

    organização comunitária para identificação, prevenção e solução dos problemas relacionados à

    produção da saúde–doença bucal.

    Para tal, é necessário suprimir práticas educativas prescritivas, onde o profissional

    define comportamentos e atitudes que devem ser assumidos pela clientela.

    Saúde tem a ver com qualidade de vida e a educação deve ser pensada, por isso, em

    seu sentido emancipatório, de constituição de sujeitos capazes de atuar individual e

    coletivamente em prol de uma vida melhor.

    A base da ação educativa é o conhecimento progressivo das pessoas atendidas,

    possibilitado pela escuta atenta e interessada, de forma a desenvolver um vínculo de respeito e

    confiança mútua e possibilitar a coparticipação no processo de resolução dos problemas

    identificados.

    É fundamental assegurar a participação consciente e informada da clientela, seja na

    esfera clínica, com relação à tomada de decisão de tratamentos e estratégias de controle de

    doença, seja no que se refere ao seu engajamento no planejamento e avaliação das ações e

    serviços, de forma que possa atuar ativa e concretamente nesses processos e não seja chamada

    apenas para referendar decisões preestabelecidas.

    A reflexão e o debate crítico sobre a saúde bucal na sua relação com a saúde geral são

    os elementos fundamentais do processo educativo, devendo-se trabalhar com abordagens sobre

    os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para

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    outros agravos correlacionados: diabetes, hipertensão, obesidade, trauma, câncer, tabagismo,

    alcoolismo, doenças de pele, doenças cardíacas, estresse, autocuidado etc.

    As práticas educativas devem abrir espaços ao diálogo efetivo sobre saúde, no qual

    seja valorizada a forma como cada pessoa lida com a saúde/doença no cotidiano, as dificuldades

    que enfrenta e as alternativas que utiliza. Espaços nos quais o saber técnico-científico possa ser

    compartilhado e se abrir à interação respeitosa com a cultura popular, ampliando as visões de

    ambos os lados, num processo de construção compartilhada do conhecimento.

    A programação deverá ser organizada a partir das prioridades identificadas com base

    nas maiores necessidades de acompanhamento em cada fase do ciclo de vida (infância,

    adolescência, maturidade e envelhecimento), prevendo peculiaridades de grupos específicos,

    tais como: gestantes, hipertensos, diabéticos, portadores de necessidades especiais etc.

    As ações devem ter caráter contínuo e sistemático, podendo ser desenvolvidas em

    diferentes espaços: clínicas fixas e móveis, unidades operacionais do SESC, empresas do

    comércio, escolas, creches, associações e demais espaços sociais.

    7. CONSTRUINDO RELAÇÕES EDUCATIVAS EM SAÚDE BUCAL

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Convida a turma para fazer uma leitura coletiva dos textos “Que história é essa de

    saúde na escola” da Cartilha “Educação que produz saúde” e “Construindo

    coletivamente processos educativos em saúde na escola”12

    ;

    2. Coordena um debate a partir das perguntas do campo “Pensando nossa prática” da

    Cartilha;

    3. Dividir a turma em 06 grupos;

    4. Entregar aleatoriamente a cada grupo, um caso específico para que possam propor

    uma estratégia de educação em saúde;

    5. Especificar que cada grupo terá que planejar uma estratégia de educação em saúde

    bucal de acordo com os dados-base contidos no caso: público alvo, carga horária,

    material disponível e local, podendo os grupos acrescentaram outras informações

    12 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde.

    Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz saúde. Brasília:

    Ministério da Saúde, 2005, 16 p. (Série F. Comunicação e Educação em Saúde).

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    33

    aos dados que acharem necessárias para o desenvolvimento da atividade. No

    entanto, os dados-base deverão ser respeitados;

    6. Disponibilizar um tempo específico (a critério do professor) para o planejamento da

    atividade pelo grupo;

    7. Ressaltar que os grupos terão um momento para apresentação, em sala, de como

    planejaram a atividade de educação para aquele determinado caso, não necessitando

    fazer o desenvolvimento da atividade em si;

    8. Coordenar a apresentação dos grupos;

    9. Debater acerca das apresentações e discutir a partir dos seguintes questionamentos:

    a. Tiveram dificuldade para planejar a atividade? Qual (is)?

    b. As atividades propostas atendem ao público alvo?

    c. A estratégia de educação sugerida apresenta um potencial de transformação,

    criticidade e reflexão, como preconiza a educação libertadora?

    Sugestão: Disponibilizar aos grupos a cópia do item 5 “Organização da atenção à saúde

    bucal por meio do ciclo de vida do indivíduo” do Caderno de Atenção Básica de Saúde

    Bucal13

    , que contem as principais especificidades de cada grupo etário e sugestões de

    abordagens temáticas com base nas características do grupo.

    Quadro 2: Exemplos de casos de intervenção em saúde bucal, construído com base

    nos grupos etários preconizados pelo Caderno de Atenção Básica de Saúde Bucal

    (BRASIL, 2008).

    Caso 1 Atividade de educação direcionada a mães de crianças de 0 a 24 meses que

    frequentam um grupo de mulheres de um Centro Comunitário da cidade

    Local: Pátio do Centro Comunitário.

    Horário: 13:30 às 14:30

    Material disponibilizado: cartolinas, papel madeira, pincel, tesoura, cola e fita

    adesiva.

    Caso 2 Atividade de educação direcionada a crianças de 02 a 10 anos de idade de uma

    13 BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

    Básica. Saúde Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92 p. (Série A. Normas e Manuais

    Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; 17). Disponível em:

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf. Acesso em 11 de agosto de 2012.

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf

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    escola de educação infantil.

    Local: Auditório

    Horário: 07:30 às 8:30

    • Material disponibilizado: quadro branco, cartolinas, papel madeira, pincel,

    tesoura, cola e fita adesiva.

    Caso 3 Atividade de educação direcionada a jovens de 10 a 19 anos de uma escola de

    ensino fundamental e médio

    Local: Auditório

    Horário: 13:30 às 14:30

    Material disponibilizado: data show, notebook, cartolinas, papel madeira, pincel,

    tesoura, cola e fita adesiva.

    Caso 4 Atividade de educação direcionada a adultos de 20 a 59 anos que são trabalhadores

    de uma empresa de telecomunicações

    Local: Auditório da empresa

    Horário: 13:30 às 15:30

    Material disponibilizado: data show, notebook, cartolinas, papel madeira, jornais,

    revistas, pincel, tesoura, cola e fita adesiva.

    Caso 5 Atividade de educação direcionada a um grupo de idosos de um abrigo asilar.

    Local: Salão de atividades lúdicas

    Horário: 16:00 às 16:30

    Material disponibilizado: cartolina, canetinhas e lápis de cor, fita adesiva, jornais,

    revistas, tesoura, aparelho de som, notebook.

    Caso 6 Atividade de educação direciona a um grupo de gestantes de uma comunidade

    Local: Galpão comunitário

    Horário: 10:00 às 11:00

    •Material disponibilizado: cartolina, pincel, tesoura, cola, fita adesiva, balões, cola,

    aparelho de som.

    Observação;

    O professor deverá coordenar a realização das ações planejadas pelos grupos, fazendo

    anotações para avaliação dos alunos.

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    38

    9. VALORIZANDO O CONHECIMENTO POPULAR

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Dividir a turma em 05 grupos, podendo ser os mesmo formados em alguma das

    atividades anteriores;

    2. Solicitar que façam uma entrevista com pessoas que se localizam próximo a sua

    residência, de acordo com as orientações abaixo:

    Grupo 01: Entrevistar o(a) proprietário(a) do mercadinho;

    Grupo 02: Entrevistar o(a) proprietário(a) da padaria;

    Grupo 03: Entrevistar o(a) proprietário(a) do salão de beleza;

    Grupo 04: Entrevistar algum profissional de saúde que trabalhe num Centro de Saúde da

    Família;

    Grupo 05: Entrevistar algum religioso de alguma instituição religiosa;

    3. A entrevista deverá ser realizada conforme no questionamento abaixo:

    a) O que você entende por Educação?

    b) Como você define saúde Bucal?

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    39

    4. Orientar que os alunos devem especificar aos entrevistados que se trata de um

    trabalho escolar, onde foi solicitado que precisam coletar respostas de diferentes pessoas

    para essas duas perguntas. No entanto, não podem dar maiores esclarecimento sobre a

    pergunta, para permitir que os entrevistados respondam com base nos seus próprios

    conhecimentos prévios;

    5. Fazer um relatório da entrevista.

    9.1. VALORIZANDO O CONHECIMENTO POPULAR

    Coordenar a atividade a partir das seguintes orientações:

    1. Solicitar que os grupos apresentem o relatório das entrevistas realizadas na atividade

    anterior;

    2. Agrupar as respostas semelhantes para os dois questionamentos realizados na

    entrevista;

    3. Construir respostas uniformes conforme semelhanças apresentadas entre si;

    4. Apresentar as respostas uniformes construídas;

    5. Discutir com base nos questionamentos abaixo:

    a) De que forma o saber popular contribui para a construção do conhecimento?

    b) Como você define a importância do saber popular?

    c) Que relação existe entre o saber popular e as ações de saúde?

    6. Conduzir a leitura do texto: Educação em saúde: Importância da educação popular;

    7. Ao final, conduzir o debate a partir dos seguintes questionamentos:

    a) Qual a mensagem trazida pelo texto?

    b) Para você, qual a importância da educação popular na prática dos

    profissionais de saúde?

    c) O que é preciso para que uma estratégia de educação em saúde seja pautada

    na educação popular?

    d) Durante o desenvolvimento das atividades de educação em saúde realizadas

    nos diferentes contextos do profissional de saúde, como foi vista a importância

    de entender a cultura e os estilos de vida da população alvo para planejar as

    estratégias de educação?

    e) Na sua experiência como usuário do SUS, os profissionais da saúde da sua

    localidade utilizam o recurso da educação popular nas suas estratégias de

    educação em saúde?

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    O Saber popular também faz ciência14

    A educação se configura como um instrumento base da prática do profissional

    da saúde. Ela é usada, tanto para transmitir informações geradas hierarquicamente, de

    cima para baixo, como quando o profissional informa ao paciente que medicamentos

    devem ser tomados, que práticas físicas devem ser adotadas, que condutas de higiene

    devem ser realizadas para o alcance de sua saúde, sem, no entanto, dar significado a sua

    prática. Como também, ela pode ser utilizada como instrumento de transformação da

    realidade, quando profissional e paciente participam juntos do processo de construção

    do conhecimento. E é nessa perspectiva que acreditamos e defendemos que ela seja

    enraizada na prática dos profissionais da saúde.

    Por questões históricas e culturais, o homem, muitas vezes, vê o profissional da

    saúde como o detentor de todo o conhecimento, confiando a ele seu corpo, o seu

    adoecimento, para que ele possa chegar sozinho a uma conclusão e dizer o que precisa

    ser feito para que possa chegar a cura daquela enfermidade. O paciente sai do

    consultório apenas com um papel onde estão escritas normas que devem ser seguidas,

    com a ideia de quem só entende do seu corpo é o “doutor”. Essa prática acaba por

    mascarar o fato de que a maioria das doenças têm relações com o ambiente, são geradas

    de acordo com o tipo de vida que as pessoas levam e seus costumes. A doença não é

    somente um defeito de uma pequena parte do corpo e que não tem nada a ver com a

    vida global da pessoa, suas atitudes, crenças e costumes, ela carrega fortes relações com

    o meio social, política e econômico em que o ser humano faz parte.

    Por isso, é de fundamental importância o contato de profissionais com o

    próprio paciente, sua família e comunidade. Entendendo-o como uma pessoa que faz

    parte de um meio coletivo, comunitário e social.

    O conhecimento da cultura, da realidade da população que está sendo atendida,

    faz a diferença na prática realizada pelo profissional da saúde. Como por exemplo, em

    um atendimento individual realizado em um Centro de Saúde, quando uma senhora

    chega para relatar o acometimento de uma doença venérea. O profissional pode não

    14

    Texto construído com base na leitura da referência abaixo:

    VASCONCELOS, E. M. Educação Popular nos serviços de Saúde. 3ª Ed aumentada: HICITEC: São

    Paulo, 1997. 167p.

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    conhecer aquela senhora, mas pode, ao tomar conhecimento da rua em que ela mora,

    saber suas condições de saneamento. Ao ser informado da empresa onde trabalha seu

    marido, conhecer a situação de vários outros trabalhadores da mesma firma. Ela ao

    relatar que frequenta uma determinada igreja, conhecer como ela se organiza e o tipo de

    visão ideológica que lá é divulgado. Assim, o profissional terá condições de

    compreender melhor o contexto de como surgiu a doença venérea que ela trouxe para

    tratar. Podendo também ajudá-la a compreender um pouco mais o que está passando em

    sua família. Podendo descobrir juntos, uma maneira de chegar até o seu marido e

    procurar a origem do contágio. Mas para chegar a esse ponto, o profissional tem que se

    alimentar constantemente de um relacionamento que está fora das quatro paredes de sua

    sala de atendimento, ou de seu centro de saúde. É preciso que haja amizade,

    participação dos eventos culturais, visitação aos pacientes em suas casas, às lideranças,

    conhecer os locais de trabalho etc.

    Portanto, o profissional precisa buscar uma formação teórica que o ajude a

    compreender a realidade sua clientela. Uma visão teórica que vá além da visão curta e

    limitada dos aspectos biológicos para a compreensão do ser. É preciso que busque

    conhecimentos na epidemiologia, nas ciências sociais e na economia, outros olhares que

    consigam valorizar as múltiplas dimensões humanas. Porém, o conhecimento tem que

    estar pautado tanto na teoria, quanto na prática, devendo valorizar o diálogo entre

    profissional/paciente. Um diálogo entre um que tem o conhecimento científico e o outro

    que tem o conhecimento do seu sofrimento e de sua realidade. No diálogo dos dois, aos

    poucos, aumentam a compreensão do que está acontecendo. Desta maneira, quebra-se a

    mentira e o tabu de que o profissional da saúde que é o grande sábio que, com as

    informações que o paciente lhe dá, consegue sozinho estabelecer o melhor atendimento.

    É importante ressaltar que antes de um serviço de saúde chegar a uma

    comunidade, ela já tem suas formas próprias de resolver os seus problemas de saúde,

    com a atuação dos práticos, parteiras, “farmacêuticos”, mães, erveiros, professores e

    etc., que fazem parte da medicina popular. É uma cultura popular que tem os seus

    limites, mas que tem também, um grande valor. O serviço de saúde trazido pela

    medicina científica tradicional sozinho não é capaz de atender todos os casos clínicos e

    nem a sua ciência é a melhor para resolver todos os problemas. Então, ambas as práticas

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    42

    devem ser somadas, buscando-se valorizar tanto a cultura do povo, quanto os

    conhecimentos científicos que foram consagrados ao longo dos anos.

    A cultura popular em saúde é algo muito rico. Cada agente da medicina

    popular recebe um conhecimento da geração anterior, experimenta, tem fracassos e tem

    sucessos, aperfeiçoa o seu conhecimento e passa para as novas gerações. A medicina

    popular tem riquezas que nem são ainda compreendias pela medicina científica.

    Portanto, a postura do profissional de saúde frente à medicina popular deve ser de

    diálogo. Saber ouvir, procurar aprender, respeitar aspectos que não consegue entender,

    mas também de dizer aquilo que sabe, de criticar atitudes que vê estarem erradas, mas

    em cima de conhecimentos científicos e não pelo preconceito ou por desconhecer a

    prática da medicina popular. Valorizando este saber popular em saúde, o profissional

    está ajudando a valorizar a constante troca de informações e experiências existentes na

    comunidade.

    Porém, o que acontece muitas vezes é a desvalorização do conhecimento do

    povo. Durante as palestras, prática ainda muito frequente nas instituições, a sua

    condução ainda é feita tendo como base a preferência do tema pelo profissional, caindo

    nos famosos e tradicionais assuntos, que são explicados repetindo o que existe em

    pequenos folhetos e manuais de saúde. Os profissionais dão conselhos e ditam normas a

    serem fielmente seguidas pelos usuários do serviço, como se fosse a garantia da saúde

    perfeita. Então, se os ouvintes continuarem com doenças é porque os bons conselhos

    não estão sendo seguidos e eles são uns acomodados.

    Palestras feitas dessa maneira são formas sutis de controlar a população. É

    procurar fazer com que as pessoas aceitem uma visão do mundo sobre si mesmas, que

    no fundo é a visão da classe dominante. Uma visão que afirma: “vocês têm doenças

    porque não têm cuidados de higiene e são acomodados. A maneira de vocês melhorarem

    é seguir os bons conselhos que nós generosamente estamos dando” Que mentira!

    Mas por que as palestras não podem ser feitas de outra maneira? Falar sobre

    assuntos que sejam de interesse da comunidade no momento. Por que não usar um

    método diferente em que o usuário do serviço possa se colocar, opinar sobre diferentes

    assuntos, contestar e, então, o profissional de saúde colocar alguns aspectos da sua

    visão? Assim a palestra se transforma em uma conversa em que casos são relatados e

    comentados, questões são colocadas e respondidas, não necessariamente pelo

  • CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO

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    profissional de saúde. Passa a haver uma verdadeira construção do conhecimento, onde

    a resposta para várias perguntas não estarão somente no conhecimento trazido pelo

    profissional, mas no diálogo e na troca de saberes compartilhada durante a conversa. E

    ao invés do profissional transmitir a mensagem de que a saúde se consegue pela

    transformação do comportamento individual das pessoas, procurar mostrar que doença é

    algo com muitas causas, cuja compreensão vai depender de um debate aberto entre as

    pessoas envolvidas e que a saúde está basicamente relacionada às condições de vida da

    população que serão modificadas principalmente através da ação coletiva da sociedade.

    Sem dúvida este método é muito mais exigente para o profissional da saúde, pois não

    basta decorar e repetir uma cartilha pronta de saúde.

    Fazer trabalho comunitário não é abandonar todas as opiniões próprias e passar

    a aceitar e a trabalhar apenas as opiniões e as prioridades que a maioria da população

    tem. Pelo contrário, fazer educação com base na cultura popular é reconhecer que os

    profissionais de saúde têm uma formação cultural e cientifica que a população não teve

    oportunidade de ter. É ter claro o valor desta formação. É lutar de maneira clara e no

    debate aberto por aquilo no que acredita. Mas um debate que se inicia reconhecendo que

    esta formação cientifica e cultural é algo com muitos buracos e erros. É apenas uma

    parte da verdade. E que a população tem um outro conhecimento que também é muito

    importante, mas que também tem muitos mitos e erros. É saber que neste debate aberto

    que o melhor caminho vai ser encontrado e que as duas partes vão aprender um pouco

    mais sobre a realidade. Profissionais não têm o poder de gerar dependentes, mas sim,

    transformadores da sua realidade e ativos no cuidado de sua saúde.

  • CURSO TÉCNICO EM SAÚDE BUCAL INTEGRADO

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    44

    6. AVALIAÇÃO PARCIAL DA DISCIPLINA

    Sugestão de avaliação parcial da disciplina:

    1. Avaliação de um relatório construído com base nos questionamentos acerca do

    Filme: Escritores da Liberdade;

    2. Os alunos deverão fazer uma avaliação crítica sobre o material educativo utilizados

    em propagandas do setor saúde (televisão, rádio, jornal, revista, faixas de ruas,

    cartazes e etc.) a partir de suas anotações sobre o que aprenderam com esses

    instrumentos educativos (tarefa solicitada aos alunos no início da disciplina);

    3. A partir da leitura do texto “Descobrindo formas de utilizar o material educativo”

    da Cartilha “Educação que produz saúde”12

    , avalie a ação educativa produzida

    pelos grupos para planejadas na atividade 8, conforme questionamentos contidos no

    tópico: Vamos conversar no grupo.

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

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    46

    7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SUGERIDAS PARA O PROFESSOR

    A PEDAGOGIA do Oprimido e a educação libertadora segundo Paulo Freire (1921-

    1997). Correntes do Pensamento Pedagógico Contemporâneo – Semana 9. Disponível

    em: http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/cppc-semana9.pdf. Acesso em 11 de agosto de

    2012.

    BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na

    Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. A educação que produz

    saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2005, 16 p.

    ______. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à

    Gestão Participativa. Caderno de educação popular e saúde. Brasília: Ministério da

    Saúde, 2007. 160 p.

    DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a

    população. SANARE. Revista de políticas públicas. Sobral: Escola de formação em

    saúde da família Visconde de Sabóia, ano IV, n. 1, jan./mar. 2003. 65 p. p. 34 – 65.

    FREIRE, P. R. N. Educação e Mudança. 20 ed. Rio de Janeiro: Ed. Paz e

    Terra, 1979.

    FREIRE, P. R. N. Educação como prática de liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e

    Terra. 2007, 158p.

    FREIRE, P. R. N. Pedagogia do Oprimido. Ed. Afrontamento, Porto, 1975.

    FRITZEN, S. J. Exercícios Práticos de Dinâmica de Grupo. 1ºVol., 23ª ed., Petrópolis,

    Vozes, 1996.

    SALES, I. C. Educação popular: uma perspectiva, um modo de atuar. In: SCOCUGLIA,

    M.N. Educação popular – outros caminhos. João Pessoa: Universitária, 1999.

    VASCONCELOS, E. M. Educação Popular, um jeito especial de conduzir o

    processo educativo no setor saúde. Disponível em: http://xa.yimg.com/kq/groups/17929366/2020584321/name/Vasconcelos+-

    +ED.popular+em+saude.pdf. Acesso em 7 de fevereiro de 2012

    .

    http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/cppc-semana9.pdfhttp://xa.yimg.com/kq/groups/17929366/2020584321/name/Vasconcelos+-+ED.popular+em+saude.pdfhttp://xa.yimg.com/kq/groups/17929366/2020584321/name/Vasconcelos+-+ED.popular+em+saude.pdf

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

    47

    8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DO MANUAL

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    ______. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde

    Bucal. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 92 p. (Série A. Normas e Manuais

    Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica; 17). Disponível em:

    http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_bucal.pdf. Acesso em 11 de agosto de

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    DONATO, A. F.; MENDES, R. Relação educativa da equipe de saúde da família com a

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    FREEDOM Writers. Direção de Richard La Gravenese. Estados Unidos, Alemanha:

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    FREIRE, P. R. N. Educação ‘Bancária’ e Educação Libertadora. In: PATTO, M.H.

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    GABRIEL O Pensador- Estudo Errado- Vídeo Clipe. Disponível em:

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    MILITÃO, A.; MILITÃO, R. Histórias & fábulas aplicadas a treinamento. Rio de

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    PEREIRA, J. A. Tributo a Paulo Freire. 2010. Disponível em:

    Acesso em 02 de fevereiro de 2012

    http://gilnei-os.blogspot.com.br/2010/06/educacao-bancaria-como-instrumento-da.htmlhttp://letras.mus.br/ivete-sangalo/46457/http://www.youtube.com/watch?v=m08sChqOgYk

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    AO ENSINO MÉDIO DISCIPLINA 5

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    VALIS, J.S. Freedom Writers. 2007. Disponível em:

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    VASCONCELOS, E. M. Educação Popular nos serviços de Saúde. 3ª Ed aumentada:

    HICITEC: São Paulo, 1997. 167p.

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    ANEXO:

    EDUCAÇÃOPOPULAR: UMA PERSPECTIVA, UM MODO DE ATUAR

    (ALIMENTANDO UM DEBATE)15

    Ivandro da Costa Sales

    A Literatura de Pedagogia e de Educação Popular insiste muito na produção e

    transmissão de conhecimento e conteúdos, em conhecimento de teorias e metodologias,

    em produção e circulação de informações. Enfim, insiste bastante na dimensão

    intelectual da educação. Pouca atenção se dá à sua dimensão afetiva e prática. È como

    se a educação tivesse a ver, quase que exclusivamente, com o conhecimento, com a

    ordem intelectual.

    Sustentamos, entretanto, que a educação tem como objeto e instrumento o

    saber e não só o conhecimento.

    O conhecimento é uma das dimensões do saber. É sua dimensão intelectual.

    O saber é o sentir/pensar/agir das pessoas, grupos, categorias, classes sociais. O

    saber inclui, portanto, a dimensão intelectual, a dimensão afetiva e a dimensão prática.