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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ MIRIANE PIRES RODRIGUES GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIA: A CRIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS EFEITOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARANAENSE CURITIBA 2013

GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIA: A CRIAÇÃO DA LEI … · termo de aprovaÇÃo miriane pires rodrigues governo eletrÔnico e transparÊncia: a criaÇÃo da lei da transparÊncia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MIRIANE PIRES RODRIGUES

GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIA: A CRIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS EFEITOS NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARANAENSE

CURITIBA 2013

MIRIANE PIRES RODRIGUES

GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIA: A CRIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS EFEITOS NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARANAENSE

Monografia apresentada como requisito parcial para conclusão do curso de Bacharel em Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Prof.ª Dra. Luciana Fernandes Veiga

CURITIBA 2013

TERMO DE APROVAÇÃO

MIRIANE PIRES RODRIGUES

GOVERNO ELETRÔNICO E TRANSPARÊNCIA: A CRIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E SEUS EFEITOS NA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARANAENSE

Trabalho de conclusão de curso aprovado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel no curso de Graduação de Ciências Sociais, Setor de Ciências Humanas, Letras e

Artes da Universidade Federal do Paraná, pela seguinte banca organizadora:

__________________________________

Orientadora: Profª. Dra. Luciana Fernandes Veiga

Departamento de Ciências Sociais, UFPR

__________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Rossi Horochovski

__________________________________

Profª. Ma. Maria Alejandra Nicolás

Curitiba, 19 de dezembro de 2013.

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente ao meu orientador, Prof. Dr. Sergio Soares Braga, que desde o

início da minha graduação me instruiu, ensinou e ajudou de maneira incondicional na

elaboração deste trabalho. Dá mesma forma expresso aqui minha gratidão a Prof.ª Dra.

Luciana Fernandes Veiga, por aceitar me coorientar e, por disponibilizar seu escasso tempo

para me auxiliar na elaboração desta monografia.

Registro também minha profunda admiração aos demais professores do curso de

Ciências Sociais que tive o prazer de conhecer nestes anos, e agradeço por compartilhar

conosco seus conhecimentos e sabedoria, pela paciência e disposição em nos ensinar com

suas brilhantes aulas.

Também sou imensamente grata ao meu companheiro de todas as horas, Roberson

Melo, pelo amor, carinho, sorrisos, por seus conselhos, correções de trabalhos e as inúmeras

noites em claro estudando lado-a-lado, sua presença foi de vital importância para a conclusão

desta graduação.

Gostaria de agradecer ao Grupo de Pesquisa Instituições, Comportamento Político e

Novas Tecnologias, por ter proporcionado desde o início do curso a convivência com a

pesquisa científica, o que foi extremamente importante para realização do presente trabalho.

Minha gratidão também a todos os pesquisadores do GEIST, que me proporcionaram uma

convivência acadêmica maravilhosa, agradeço especialmente os colegas Scheila Maria

Ferreira, Thais Madeira Filipi, Maikon Ferreira e Luiz Henrique Champoski, que ao longo

dessa jornada se tornaram verdadeiros amigos, e que tornaram este período ao mesmo tempo

divertido e enriquecedor.

Aos também amigos da universidade que contribuíram por deixar os dias acadêmicos

mais alegres, Natalia Granato, Aline Pinheiro, Venessa Ronchi e Hellen Carvalho.

Por fim, e não menos importante, agradeço ao meus queridos pais Alceu e Gilda, pelo

incentivo ao estudo, pelo amor e, por nunca deixarem de acreditar em mim, vocês são a minha

inspiração para buscar e fazer sempre o melhor.

“(...) nem basta nem é necessário haver participação de massas, não basta haver

meios e oportunidades de participação; É preciso que tudo isso seja moderado pela posse da

informação necessária a uma participação qualificada, relevante e efetiva (...)”.

Wilson Gomes

6

RESUMO

Este trabalho pretende analisar os portais eletrônicos de 18 prefeituras e câmaras

municipais paranaenses. As questões que nortearam a pesquisa foram as seguintes: os

portais das prefeituras e câmaras municipais estão seguindo a Lei da Transparência

Pública e a Lei de Acesso a Informação? Os diferentes órgãos públicos apresentam

desempenhos distintos no cumprimento da lei? E ainda, qual é a relação entre o nível de

transparência dos websites e os fatores econômicos e políticos? Para responder estas

questões, o desenvolvimento empírico do trabalho se deu através da adequação dos

textos da LC 131/09 e da Lei 12.527/2011 em critérios para avaliar os portais das

cidades paranaenses, bem como, a utilização de variáveis retiradas dos trabalhos de

Silva (2005) e Rachel Bragatto (2008). Pretendemos assim, demostrar três hipóteses

básicas: i) Diferentes órgãos públicos apresentam graus de eficiências distintos na

aplicação das leis. ii) Cidades maiores obterão melhores desempenhos no ranking. iii)

Indicadores políticos e socioeconômicos tem relação com a qualidade da transparência

nos portais. Desta forma, a metodologia utilizada para demonstrar tais hipóteses será um

exame dos conteúdos dos websites institucionais das câmaras e prefeituras municipais,

fazendo uma análise comparativa entre eles com o objetivo de criar um ranking da

transparência. Os resultados apontam de maneira geral, que a LAI ainda é inexistente

em boa parte dos municípios pesquisados, e as prefeituras tendem a cumprir as leis com

maior rigor que as câmaras municipais, as cidades maiores tendem a um desempenho

melhor no ranking criado do que as cidades pequenas, bem como os indicadores

socioeconômicos apresentam maior correlação com o ranking da transparência.

Palavras-chave: Lei da Transparência; Lei de Acesso à Informação; governo

eletrônico; prefeituras; câmaras municipais; Paraná.

7

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................................ 8

LISTA DE GRÁFICOS ............................................................................................................. 9

LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................. 9

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 10

2. INTERNET, DEMOCRACIA E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA .................................. 14

2.1 DEMOCRACIA: CONCEITO E DEFINIÇÃO ................................................................... 14

2.2 GOVERNO ELETRÔNICO E DEMOCRACIA DIGITAL ................................................ 17

2.3 O CONCEITO DE TRANSPARÊNCIA E DOS DIFERENTES MODELOS

TEÓRICOS DESTINADOS A APREENDÊ-LO ...................................................................... 21

2.3.1 Por que não accountability? ............................................................................................. 25

2.4 A GÊNESE DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO À

INFORMAÇÃO ......................................................................................................................... 26

2.4.1 A criação da Lei da Transparência .................................................................................... 26

2.4.2 A criação da Lei de Acesso à Informação ......................................................................... 27

2.4.3 Os efeitos da lei da transparência e da lei de acesso no estado do paraná ......................... 29

2.5 HIPÓTESES E METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................. 30

3. TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NOS PORTAIS EXECUTIVOS

PARANAENSES ....................................................................................................................... 36

3.1 QUESTÕES PARA MEDIR A INTERAÇÃO: METODOLOGIA DE BRAGATTO

(2008) ........................................................................................................................................ 36

3.2 METODOLOGIA DE SILVA (2005): AVALIAÇÃO DOS TRÊS GRAUS DE

DEMOCRACIA DIGITAL NAS PREFEITURAS .................................................................... 37

3.3 ANÁLISE DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA BASEADO NA LC131/09 ................. 38

3.3.1 Questões para aferição dos Portais da Transparência ........................................................ 41

3.4 ANÁLISE DO PORTAL DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO ................................. 42

3.5 RANKING DA TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS DAS PREFEITURAS ..................... 43

4. TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NOS PORTAIS DAS CÂMARAS

MUNICIPAIS ......................................................................................................................... ..47

4.1 QUESTÕES PARA MEDIR A INTERAÇÃO: METODOLOGIA DE BRAGATTO

(2008) ........................................................................................................................................ 47

4.2 METODOLOGIA DE SILVA (2005): AVALIAÇÃO DOS TRÊS GRAUS DE

DEMOCRACIA DIGITAL NAS CÂMARAS MUNICIPAIS .................................................. 48

4.3 ANÁLISE DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA BASEADO NA LC 131/09 ................ 49

4.3.1 Questões para aferição dos Portais da Transparência ........................................................ 51

4.4 ANÁLISE DO PORTAL DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO ................................. 51

4.5 RANKING DA TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS DAS CÂMARAS ............................ 52

5. A INFLUÊNCIA DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E

POLÍTICOS NA TRANSPARÊNCIA PÚBLICA................................................................. 56

5.1 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O RANKING DA TRANSPARÊNCIA

NAS PREFEITURAS ................................................................................................................. 56

5.2 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O RANKING DA TRANSPARÊNCIA

NAS CÂMARAS MUNICIPAIS ............................................................................................... 59

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 63

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 65

ANEXOS ................................................................................................................................... 70

8

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – ALTERAÇÕES NA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL ........................ 26

TABELA 2 – IDENTIFICANDO AS CIDADES PESQUISADAS .......................................... 32

TABELA 3 - QUESTÕES PARA MEDIR A NAVEGABILIDADE DOS PORTAIS

EXECUTIVOS: METODOLOGIA DE BRAGATTO (2008) ................................................... 36

TABELA 4 – TRÊS GRAUS DE DEMOCRACIA DIGITAL: METODOLOGIA DE

SILVA (2005) ............................................................................................................................. 37

TABELA 5 – VARIÁVEIS PARA AVALIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA............. 39

TABELA 6 – VARIÁVEIS PARA AFERIÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA ................ 42

TABELA 7 – VARIÁVEIS PARA AVALIAÇÃO DA LEI DE ACESSO À

INFORMAÇÃO ......................................................................................................................... 42

TABELA 8 – RANKING DAS PREFEITURAS PARANAENSES .......................................... 44

TABELA 9 - QUESTÕES PARA MEDIR A NAVEGABILIDADE DOS PORTAIS

LEGISLATIVOS: METODOLOGIA DE BRAGATTO (2008). .............................................. 47

TABELA 10 – TRÊS GRAUS DE DEMOCRACIA DIGITAL: METODOLOGIA DE

SILVA (2005). ............................................................................................................................ 48

TABELA 11 – VARIÁVEIS PARA AVALIAÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA........... 50

TABELA 12 – VARIÁVEIS PARA AFERIÇÃO DA LEI DA TRANSPARÊNCIA .............. 51

TABELA 13 – VARIÁVEIS PARA AVALIAÇÃO DA LEI DE ACESSO À

INFORMAÇÃO ......................................................................................................................... 52

TABELA 14 – RANKING DAS CÂMARAS LEGISLATIVAS PARANAENSES ................. 53

TABELA 15 – CORRELAÇÃO ENTRE O RANKING DAS PREFEITURAS E OS

INDICADORES SOCIOECONÔMICOS .................................................................................. 57

TABELA 16 – CORRELAÇÃO ENTRE O RANKING DA TRANSPARÊNCIA DAS

CÂMARAS E OS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS ................................................... 60

9

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – RANKING DA TRANSPARÊNCIA NAS PREFEITURAS DO

PARANÁ .................................................................................................................................... 44

GRÁFICO 2 – RANKING DA TRANSPARÊNCIA NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

DO PARANÁ ............................................................................................................................. 54

GRÁFICO 3 – GRÁFICO COMPARATIVO ENTRE PREFEIURAS E CÂMARAS

MUNICIPAIS ............................................................................................................................. 55

GRÁFICO 4 – RANKING DAS PREFEITURAS E DO IDH-M ............................................... 58

GRÁFICO 5 – RANKING DAS PREFEITURAS E DO PIB ..................................................... 58

GRÁFICO 6 – RANKING DAS PREFEITURAS E A POPULAÇÃO ...................................... 59

GRÁFICO 7 – RANKING DAS CÂMARAS E O IDH-M ........................................................ 61

GRÁFICO 8 – RANKING DAS CÂMARAS E O PIB .............................................................. 61

GRÁFICO 9 – RANKING DAS CÂMARAS E A POPULAÇÃO ............................................ 62

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM PONTA GROSSA ........... 70

FIGURA 2 – DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE DESPESAS DE GASTOS

COM VIAGENS EM MARINGÁ ............................................................................................. 70

FIGURA 3 – DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS POR CARGOS EM CAMPO

MOURÃO .................................................................................................................................. 71

FIGURA 4 – DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM FRANCISCO

BELTRÃO .................................................................................................................................. 71

FIGURA 5 – EXEMPLO DE DETALHAMENTO DE DESPESAS REALIZADO

PELA PREFEIURA DE CASTRO ............................................................................................ 72

FIGURA 6 – CHAT DA PREFEITURA DE CURITIBA ......................................................... 72

FIGURA 7 – DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM CURITIBA ...................... 73

FIGURA 8 – DETALHAMENTO DAS DESPESAS EM LONDRINA ................................... 73

10

1. INTRODUÇÃO

Diversas transformações sociais vem ocorrendo com a intensa utilização das

Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs) na vida cotidiana. Esta

percepção torna-se visível quando olhamos para as mudanças estruturais nas formas de

comunicação, de produção de informações e nos comportamentos dos agentes sociais

que incidem sobre as culturas organizacionais, políticas e econômicas das sociedades

democráticas.

Da mesma forma, as NTICs se inserem na organização política e no

funcionamento do aparelho estatal, condicionando os processos de interação entre o

Estado e os cidadãos. Esta intervenção é chamada de Governo eletrônico que diz

respeito ao uso da internet e das novas ferramentas de comunicação no setor público.

Pode-se definir governo eletrônico como o uso pelos governos das

novas tecnologias da informação na prestação de serviços e

informações para cidadãos, fornecedores e servidores. (SF/BNDES,

2001)

Diante da impossibilidade de uma democracia direta e de diversas críticas que

apontam para os déficits da democracia representativa, tais como: desconfiança nas

instituições governamentais, corrupção na aplicação de políticas públicas, falta de

transparência e de participação política (Marques 2008; Archon & Fung 2006), diversos

autores acreditam que as NTICs representam uma “solução para as deficiências da

democracia representativa”. Para Gomes (2005), por exemplo, a democracia digital

seria uma forma alternativa de democracia pautada na relação direta entre os agentes

sociais e agentes políticos, através de mecanismos digitais que seriam capazes de

corrigir, reforçar ou suplantar aspectos das práticas políticas dos cidadãos ou do Estado

em benefício da sociedade democrática. Para Amorim (2012), um bom governo

eletrônico1 preocupado com a melhora da democracia digital, seria capaz de promover a

transparência e facilitar a participação da sociedade e assim, aperfeiçoar a gestão

pública.

O debate acerca deste tema teve início em meados dos anos 90, quando

pesquisadores das mais diversas áreas das ciências humanas passaram a estudar os

impactos da internet nos sistemas políticos democráticos. Estes passaram a analisar as

1 O conceito de governo eletrônico não deve ser entendido como sinônimo de democracia digital. As

pesquisas na área de governo eletrônico podem partir de pontos diferentes. Um deles é o estudo do portais

governamentais eletrônicos que se preocupam essencialmente com iniciativas de aperfeiçoamento da

democracia. Essa discussão será mais aprofundada no capítulo 2.

11

potencialidades oferecidas por seu uso (CASTELLS, 2001, CHAHIN ET. AL., 2004,

SILVA, 2005, BRAGA & NICOLÁS, 2009).

Tais autores apontam, de maneira geral, para o potencial das TICs em fomentar

valores democráticos e proporcionar um sentimento de engajamento cívico, que há

tempos foi perdendo sua essência frente a apatia cotidiana dos cidadãos em relação aos

negócios públicos. Para outros autores, as novas tecnologias de comunicação teriam o

papel de aproximar os governantes em uma relação mais direta com os cidadãos, o que

resultaria em uma melhora na cidadania. Assim, a internet possui um grande potencial

para proporcionar maior transparência do Estado e gerar mecanismos de participação

política.

A transparência pode assim ser entendida como a visibilidade do Estado para

avaliação da esfera pública, ou seja, as relações que se estabelecem dentro do Estado

podem ser percebidas pela sociedade. Dessa maneira, o Estado torna-se nítido, visível,

claro e transparente aos cidadãos:

A transparência inclui a clareza das decisões tomadas e de quem será

afetado por elas, bem como a visibilidade das medidas tomadas e da

aplicação dos recursos para a sua implementação. Isso se opõe às

medidas de política opaca e do segredo que geram a desconfiança e o

distanciamento. (Amorin, 2012, pp. 59)

Neste sentido, há uma disposição crescente em muitos países para conscientizar

a noção de transparência das contas públicas usando mecanismos digitais e, seguindo

essa tendência o Brasil vem alcançando importantes progressos nesse âmbito, um

grande passo foi dado em 2009, com a criação da Lei da Transparência e mais

recentemente em 2011, com a Lei de Acesso a Informação Pública. Essas leis visam

propiciar maior eficiência no acesso e na divulgação dos gastos públicos e contribuem

para a fiscalização e combate a corrupção no país.

Se de um lado a Transparência ganhou grande destaque nos discursos políticos

nos últimos anos, por outro lado, ela ainda não foi muito problematizada nas pesquisas

sobre democracia digital, Silva (2011), por exemplo, aponta que a Transparência vem

sendo pesquisada como um subitem das pesquisas sobre participação política, esfera

pública e internet, ou muitas vezes, é deixada de lado, embora se reconheça sua

importância. Para Pipa Norris (2011), a transparência é importante pois traz segurança

aos cidadãos que passam a confiar em seus governantes. Para Amorim (2012), a

transparência emerge como um valor necessário para o Estado, pois quando ele oferece

12

as informações e serviços que possam favorecer o controle, a deliberação e a

participação política, ele se torna mais visível e próximo dos cidadãos.

Desta forma, partindo dos conceitos de democracia digital, governo eletrônico e

transparência, este trabalho busca analisar as políticas de publicidade das prestações de

contas que vem sendo empregadas nos portais dos executivos e legislativos municipais

do estado do Paraná. Assim, buscaremos avaliar como as prefeituras e câmaras de 18

cidades2 paranaenses tem aplicado as ferramentas digitais para proporcionar maior

transparência em sua gestão, para isso, será aliado aos textos da Lei da Transparência e

da Lei de Acesso à Informação, variáveis retiradas dos trabalhos de Silva (2005) e

Rachel Bragatto (2008). Bem como, pretende-se de maneira experimental, saber se há

alguma associação entre o desempenho na transparência pública e indicadores políticos

e socioeconômicos, conforme enunciados retirados do trabalho de Marcos Pereira,

Ernesto Amaral e Marcela Costa (2010).

Assim, avaliar a forma como as instituições políticas estão cumprindo a Lei de

Acesso e a Lei da Transparência é muito importante, pois elas são essenciais para o

aumento da qualidade da democracia, isto é, ao colocar a transparência pública como

um objeto de estudo e verificar os avanços neste quesito, estamos não só avaliando os

governos municipais, mas também contribuindo para o debate científico em torno da

democracia digital e da transparência.

Neste sentido, esta pesquisa pretende verificar a disposição dos governos

municipais em promover a transparência pública no Paraná. A escolha dos portais das

prefeituras e câmaras municipais como objeto de estudo se justifica, pois percebemos

em pesquisas realizadas anteriormente3, lacunas existentes na obediência da lei, fato

observado principalmente em portais de cidades pequenas, muito mais do que nos

portais das assembleias legislativas ou portais governamentais dos estados, por exemplo

(já que a cobrança e o controle da transparência nestes portais é “vigiado” por órgãos

públicos, como a CGU e o tribunal de Contas). Pretendemos assim, preencher esta

lacuna através de análise comparativa entre municípios com perfis diferentes, pois

estudar um número variado de prefeituras e câmaras nos possibilitará realizar testes

estatísticos e verificar a influência de nossas hipóteses sobre a qualidade dos portais.

2 As dezoito cidades foram escolhidas seguindo o critério do art. 73-B da Lei da Transparência (131/09) e

do §4º da Lei de Acesso a Informação (12.527/11), desta maneira, foram escolhidas uma amostra

contendo 6 cidades com mais de cem mil habitantes, 6 cidades contendo entre cem e cinquenta mil

habitantes e, 6 cidades com mais de dez mil hab. e menos de cinquenta mil. 3 Artigo da autora e do professor Sergio Soares Braga publicado na Revista Democracia digital e Governo

Eletrônico v. 8 in: <http://buscalegis.ufsc.br/revistas/index.php/observatoriodoegov/article/view/34241>.

13

Assim, no desenvolvimento do trabalho, a disposição dos capítulos seguirá a

seguinte ordem, no segundo capitulo intitulado: Internet, democracia e transparência

pública, realizaremos uma revisão da literatura relevante sobre o tema, explicando os

principais problemas a serem levantados e o referencial teórico-metodológico que

utilizaremos para analisar os portais eletrônicos. Além disso, efetuaremos uma breve

reconstituição da elaboração da Lei da Transparência e da Lei de Acesso à Informação e

a aplicação delas no Paraná.

No terceiro capítulo, Transparência pública nos portais executivos das dezoito

cidades paranaenses, passaremos para um exame da página da web dos portais do

executivo, procurando avaliar a forma de como se dá a transparência e o Acesso as

Informações. Também apontaremos as principais deficiências encontradas nestes

portais.

No quarto capitulo, Transparência pública nos portais legislativos das dezoito

cidades paranaenses, a análise recaíra sobre os portais das câmaras municipais,

buscando avaliar a aplicação das leis nesses portais.

Na sequência, passaremos para o quinto capitulo: A influência dos indicadores

socioeconômicos e políticos na transparência pública, onde verificaremos a relação

entre o resultado da avaliação dos portais e as hipóteses do trabalho.

Por fim, na última parte apresentaremos as considerações finais da pesquisa.

14

2. INTERNET, DEMOCRACIA E TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

O tema da transparência vem crescendo nos debates políticos nos últimos anos,

seja por pressões sociais ou por estratégias políticas, diversas ações foram tomadas no

Brasil para ampliar a transparência dentro dos órgãos públicos. Importantes passos

foram dados com a criação da Lei da Transparência (lei complementar nº 131)

promulgada em 2009 e com a Lei de Acesso à informação (nº 12.527) aprovada em

2011.

Dentro da literatura sobre democracia digital, o tema da transparência sempre foi

pensado como um subtópico de analises mais recorrentes, como participação online,

esfera pública e deliberação na área da comunicação política e das ciências sociais.

Contrapondo essa prática hegemônica, Sivaldo Pereira da Silva (2011), aponta a

publicidade como um dos três requisitos democráticos do Estado moderno, ao lado da

responsividade e da porosidade4. Não pretendemos aqui trabalhar todos os requisitos

apontados por Silva, pois embora saibamos da sua complementariedade para a pesquisa

de um bom governo eletrônico, nosso intuito é apenas trabalhar com o conceito de

publicidade/transparência. Assim, inicialmente será realizada uma discussão sobre os

tipos de democracia, as críticas dirigidas ao modelo representativo e as propostas dos

teóricos da democracia eletrônica para o Estado contemporâneo aliados ao conceito de

publicidade e transparência. Dessa forma, discutiremos as práticas que o Brasil vem

desenvolvendo para garantir o acesso público aos dados governamentais e de como se

dá a transparência nos meios eletrônicos.

2.1. DEMOCRACIA: CONCEITO E DEFINIÇÃO

Para compreender o contexto do surgimento da democracia digital, se faz

necessário uma retomada da discussão clássica do conceito de democracia, até chegar as

discussões mais atuais em torno da questão.

O termo democracia teve origem na Grécia antiga, e significa “governo do

povo” ou “governo que se guia pela vontade do povo” ou ainda “governo de muitos”,

desde então, inúmeras correntes teóricas e políticas atribuíam a esta palavra os mais

4 C.f. Silva, S.P; Exigências democráticas e dimensões analíticas para a interface digital do Estado in:

Internet e Participação política no Brasil, 2011.

15

diferentes significados e a classificaram nas mais diferentes categorias com maior ou

menor grau de exercício efetivo.

A democracia é tradicionalmente pensada em dois tipos: a democracia direta e a

representativa. Segundo Norberto Bobbio (1999), a democracia direta é aquela

democracia remetida ao poder do demos5, onde os cidadãos, reunidos em praça pública

deliberam juntos sobre as decisões governamentais de sua cidade, estado e nação. A

crítica que pesa sobre a democracia direta é em função da própria impossibilidade de

sua prática no cotidiano, em função da complexidade da sociedade em que vivemos, da

enorme população e da extensão territorial. Quanto a democracia representativa, que é

associada ao ato de votar e eleger um representante, é entendida como um regime

político onde o povo, de tempos em tempos, entrega aos eleitos o poder de tomar as

decisões políticas, cabendo ao povo votar em eleições livres e aos eleitos tomar as

melhores decisões para o bem comum de todos os cidadãos.

Diversas correntes de pensamento se debruçaram sobre os problemas da

democracia direta e principalmente da democracia representativa, modificaram ou

atribuíram novos sentidos ao conceito ao longo dos anos, mas para Bobbio, o sentido de

“governo do povo” se manteve.

O significado descritivo geral do termo não se alterou, embora se

altere, conforme os tempos e as doutrinas, o seu significado

valorativo, segundo ao qual o governo do povo pode ser preferível ao

governo de um ou de poucos e vice-versa. (BOBBIO, 2005. P. 31)

A crítica ao modelo representativo reside principalmente no fato de que não há

participação efetiva de toda a sociedade na política, o que contraria a ideia de governo

do povo. Diversas correntes apontam para a exclusão das minorias na política, ou para a

exclusão das massas, outros, acreditam que apenas o voto não seria suficiente para ter

uma efetiva participação política6.

Divergindo dessa posição, alguns autores apontam para a ineficiência das massas

na escolha de seus governantes e por isso o sufrágio universal não deveria existir,7

Gaetano Mosca, um dos representantes da teoria das elites, por exemplo, afirma que ao

se olhar para a história política, percebemos que a democracia sempre foi um ideal-

limite do qual nunca será um governo do povo efetivamente, pois sempre houve uma

minoria de pessoas chamadas por ele de “classe política”, que detêm o poder de fato.

5 De origem grega: Demo=povo, Cracia=governo. 6 C.f. Abílio (apud FRAGOSO, RECUERO e AMARAL, 2011, p. 163) 7 C.f. Teoria das Elites, Gaetano Mosca.

16

Para ele, portanto, seja qual for o regime ou a fórmula política, sempre haverá uma

espécie de aristocracia no poder. Assim, o autor acredita que não se deve fazer a

diferenciação de regimes políticos baseado no critério do número de governantes (um,

poucos, muitos), mas sim dos modos como uma classe política se forma, se reproduz, se

renova, organiza e exerce o poder. A maioria governada cabe o papel de buscar formas

institucionais de circulação e de controle sobre a ação da classe política.

Divergindo da posição de Mosca, Robert Dahl (1997), afirma que uma

democracia ideal, mesmo que hipotética, seria um sistema político com a qualidade de

ser responsivo e igualitário. Ele também defende que o cidadão deve ter; 1) Garantias de

formulação de suas preferências; 2) Expressar suas preferências a seus concidadãos e ao

governo através da ação individual ou coletiva e; 3) Ter essas preferências consideradas

pelo governo sem discriminação. Assim, para Dahl, um governo democrático deveria

atender as preferências dos seus cidadãos, mantendo diálogo e correspondência com o

povo. Para o autor alguns requisitos são fundamentais para a pratica da democracia em

larga escala, são eles: i) Funcionários eleitos; ii) eleições livres, justas e frequentes; iii)

Liberdade de expressão; iv) Fontes de informação diversificadas; v) Autonomia para

associações e, vi) Cidadania inclusiva. (DAHL, 1998, p. 99)

Ainda que os requisitos democráticos propostos por Dahl nos tenham sido

apresentados como um ideal a ser seguido, dificilmente um governo moderno poderia

cumpri-los integralmente. Dessa forma, pesquisadores da área da democracia digital,

acreditam que as inovações tecnológicas trouxeram mudanças significativas na forma

como os governos se comunicam com seus cidadãos, viabilizando novas possibilidades

de esfera pública.

Assim, surge uma discussão que gira em torno do tema política e internet. Neste

debate, pesquisadores otimistas acreditam que a internet se tornaria uma espécie de

“Ágora virtual”, sendo a solução para os problemas da democracia contemporânea, tais

como a apatia eleitoral, o desgaste dos partidos e o ceticismo em relação às instituições

democráticas (LEVY, 1999, NORRIS, apud NICOLAS, 2009). Por outro lado, há

autores que questionam este potencial da internet, pois apesar dos impactos no sistema

democrático, é precipitado dizer que ela se tornaria uma verdadeira “Ágora virtual”, já

que a mesma atitude apática que os cidadãos tem no mundo real, permanecerá no

mundo virtual. (EISENBERG & CEPIK, 2002)

17

2.2. GOVERNO ELETRÔNICO E DEMOCRACIA DIGITAL

A criação de portais institucionais na internet, aos quais o governo mostra sua

identidade, realizações, objetivos, serviços e informações para a comunicação com o

público externo: cidadãos, empresas, outros setores do governo, é o que se reconhece

como governo eletrônico nos estudos da área da Administração Pública, essas pesquisas

tem por foco principal o conteúdo, a acessibilidade e a navegabilidade dos websites de

órgãos públicos.

Um exemplo de pesquisa deste tipo foi o projeto “Indicadores e Métricas para

Avaliação de e-serviços”, que teve como objetivo avaliar os serviços prestados pelo

governo aos cidadãos na internet, tais como: emissão de 2º via de IPTU, carteira de

identidade, consultas ao CPF, etc. Neste estudo foram utilizados oito critérios de

análise: maturidade dos serviços, comunicabilidade, confiabilidade, multiplicidade de

acesso, acessibilidade, disponibilidade, facilidade de uso e transparência. A pesquisa

procurou atingir as esferas federal, estadual e municipal e os resultados demostraram

um amplo campo para oportunidades de melhoria, pois apresentou em todos os órgãos

avaliados, pontuação abaixo do esperado, sendo que os maiores problemas se

verificaram no indicador de acessibilidade.

No entanto, os elementos atribuídos ao governo eletrônico não se esgotam aqui.

Partindo de outro viés, e se diferenciando dos trabalhos apresentados acima, as

pesquisas nas áreas da Comunicação e da Ciência Política preocupam-se essencialmente

com a participação da sociedade civil nas decisões governamentais e com a qualidade

da transparência na administração pública, ou seja, o foco de análise é a democracia

digital8 dentro dos portais de governo eletrônico.

Esse corpo de objetivos está fundamentado nas características

intrínsecas que as novas TICs possuem, que permitem e aceleram a

comunicação e a interação entre sociedade e governo. Isso é o que a

tecnologia promete e pode cumprir. (PINHO et al, 2008)

Independentemente do debate travado entre ciber-otimistas e ciber-pessimistas,

Gomes (2005), reconhece na internet uma valiosa ferramenta para a participação

política, já que nela as pessoas não dependem de agentes para intermediar a

comunicação, quebrando o modelo unidirecional, há formas de se expressar livremente,

8 Democracia digital não remete apenas aos estudos sobre portais institucionais ou somente a participação

política. Há estudos nesta área que tem como foco o engajamento cívico, o uso das redes sociais e da

internet enquanto meio para participação na esfera pública, assim como os problemas de deliberação

online. Cf. Wilson Gomes. Democracia digital: Que democracia? (2011).

18

lançando mão de diferentes linguagens (escrita, visual, som), que podem fazer com que

diferentes grupos da sociedade civil se comuniquem e se relacionem proporcionando

uma reestruturação e consequentemente, uma conexão entre governos e cidadãos.

Nesse sentido, a internet pode desempenhar um papel importante na

realização da democracia deliberativa, porque pode assegurar aos

interessados em participar do jogo democrático dois dos seus

requisitos fundamentais: informação política atualizada e

oportunidade de interação. (GOMES, 2005, p. 220)

Assim, democracia digital é definida como uma tentativa de ampliação da

participação política ao disponibilizar aos cidadãos condições de conexão com seus

representantes através das novas tecnologias de Informação e comunicação. Diversos

autores dentre os quais GOMES (2005), PEIXOTO (2009), MAIA (2000), FREIRE,

SALES (2010), BRAGATTO, (2008) e ROTHBERG (2008) entendem por democracia

digital:

(...) o uso de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) como

meios para aumentar a transparência de processos políticos, facilitar a

participação cidadã nos sistemas de tomada de decisão e, finalmente,

melhorar a qualidade do processo na formação de opinião na esfera

pública, a partir da abertura de novos espaços de informação e

deliberação. (PEIXOTO, 2009, p. 2)

Um exemplo de pesquisas neste âmbito, foi realizada por Silva (2005), que

analisou a forma como os governos municipais das capitais brasileiras utilizam as TICs,

em especial a internet, para promover uma melhora na participação dos cidadãos nos

assuntos públicos. Para isso, utilizou como base o emprego das TICs segundo cinco

graus de participação democrática e, as aplicou na análise dos 24 portais de capitais

brasileiras na internet.

Em sua análise ele concluiu que existe boa oferta de informações gerais, porém

as ferramentas que incluem a prestação de serviços ainda necessitam de melhorias,

sendo as operações entre fazenda pública e contribuinte as únicas um pouco melhor

estruturadas. A metade dos sites estudados apresentavam canal de ouvidoria, mas sem

publicações nos portais das eventuais reclamações feitas pelos cidadãos, ficando o

elemento da transparência negligenciado. Da mesma forma, não encontrou o autor

existência de sondagens de opiniões nem espaços para discussões online das práticas

governamentais, verificando que há uma “subutilização das potencialidades

democráticas destas tecnologias pelos governos das maiores cidades brasileiras” (2005,

p. 465). “Não há ainda indícios de um tipo de participação política mais sofisticada no

âmbito da esfera governamental das capitais brasileiras que indiquem o emprego das

19

tecnologias da comunicação para um efetivo papel da esfera civil na produção da

decisão pública” (Idem, p. 465).

Outro exemplo é Pinho (2008) que investiga os portais de nove governos

estaduais (Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná,

Pernambuco, Santa Catarina e Goiás) e o Distrito Federal, para observar como os

estados com diferentes níveis de desenvolvimento econômico e governantes com

posicionamentos ideológicos divergentes estruturam os seus portais, o autor parte do

pressuposto que os governos ditos mais avançados politicamente tenham maior

interesse em proporcionar portais online com ferramentas participativas e transparentes.

O autor utiliza metodologias de Akutsu (2002); Akutsu e Pinho, (2002); Prado (2004);

Moraes (2004), que remetem a questões sobre a configuração do portal e itens como

acessibilidade, graus de informação e transparência, ou seja, a preocupação com a

accountability e a participação popular (instrumentos que proporcionem apresentação

de sugestões, dúvidas e avaliação de políticas públicas e de serviços).

Pinho, acredita que o modelo é ainda muito avançado à realidade brasileira,

porém o que avalia é a predisposição do governo em ampliar a relação sociedade/Estado

via web e se há interesse por parte da população nessa participação. Assim, ele conclui

que os portais possuem recursos tecnológicos adequados, porém podem ser melhorados

nos quesitos de comunicação e disponibilização de informações, o que demandaria um

maior comprometimento com a sociedade.

Luiz Antonio Joia e Cavalcante Neto, definem até sete formas de

relacionamentos por meios do governo eletrônico: 1) Business-to-government; 2)

Government-to-business; 3) Citizen-to-government; 4) Government-to-citizen; 5) Government-

to-investor; 6) Investor-to-government; 7) Government-to-government. (Joia & Cavalcante

Neto, 2004 apud PINHO, 2008)

Para o presente trabalho, a relação Government-to-citizen, é a forma que

interessa ser discutida, e de forma sucinta pode ser definida como o “ente

governamental disponibilizando serviços e informações à sociedade civil” (Joia &

Cavalcante Neto, 2004). Porém, para Pinho, Iglesias e Souza (2005), a definição criada

por Joia e Cavalcante, confere ao termo um sentido muito restrito, e portanto, necessita

a postulação de um governo eletrônico denominado de ampliado. Um governo

eletrônico ampliado disponibilizaria não só serviços, produtos ou informações, mas

também ideias, posicionamentos e ideologias.

20

Ainda que a disponibilização de produtos e serviços já expresse um

posicionamento ideológico, ele pode estar mais pronunciado quando

se amplia no sentido da manifestação de maior transparência, o que

significa informações de mais qualidade e conteúdo, referentes a

processos políticos. Do mesmo modo, a adoção de mecanismos de

participação digital implica um governo baseado em maior interação

com a sociedade, onde está compartilha com o governo tarefas até

então específicas deste (PINHO, IGLESIAS E SOUZA, 2008 p. 474).

Para Pinho (2008), a forma de governo eletrônico ampliado não significa a

negação das conquistas da forma de governo eletrônico restrito, mas defende que se

deva considerar as duas formas interconectadas ao analisar os portais eletrônicos do

governo. Para ele, essa junção traria um Estado mais responsivo, transparente e aberto à

participação e, dos cidadãos se espera uma capacidade política de fiscalizar, controlar e

propor ações ao Estado.

Defendendo essa mesma junção dos e-gov restritos e ampliados, Cardoso (2004),

defende que o primeiro é necessário, porém não atende as expectativas criadas com o

postulado em pesquisas da área da internet e democracia digital. Neste sentido, torna-se

necessário cruzar pesquisas da área da Administração Pública com pesquisas da área de

Comunicação e da Ciência Política, para verificar o desempenho do governo em relação

as políticas de transparência a partir da avaliação dos portais baseadas nas leis e nas

categorias de análises postuladas nos estudos da democracia digital.

Neste tipo de pesquisa, os portais governamentais são analisados pelos graus

democráticos e de participação política que disponibilizam, sendo os graus mais

elementares aqueles que contemplam a prestação de serviços e informações

governamentais e, os graus mais avançados os que possibilitam a participação dos

cidadãos na esfera pública, podendo opinar sobre a agenda política através de

deliberações on-line.

Antes de elaborar uma metodologia de análise para esta pesquisa, é

imprescindível definir transparência para esta corrente da democracia digital e verificar

como este tema vem sendo abordando em pesquisas desta área. Também se faz

necessário uma exposição da Lei da Transparência e da Lei de Acesso a Informação

Pública recentemente aprovadas no Brasil.

21

2.3. O CONCEITO DE TRANSPARÊNCIA E OS DIFERENTES

MODELOS TEÓRICOS DESTINADOS A APREENDÊ-LO

O termo transparência tem origem no sistema óptico, e remete a qualidade de

deixar passar a luz, ser transparente9. É utilizado em sentido figurado para fazer alusão a

instituições que não guardam segredos ou sigilos e tornam públicas suas informações.

Segundo o Oxford Dictionary of Economics (apud Amorin, 2012, p. 59), a transparência

envolve a disponibilização de informações à esfera pública levando em conta a clareza

das regras, decisões e regulamentos, ou seja, um Estado aberto para a avaliação do

público.

Segundo Hood, a ideia de transparência pode ter três fontes originárias até o

século XX: i) Governo conduzido com base em regras estáveis e documentadas; ii) Vida

em sociedade fundada na comunicação leal e franca (aberta); iii) Forma de tornar o

Estado cognoscível à sociedade. (HOOD, 2006)

O filósofo Jeremy Bentham no livro Um ensaio sobre táticas políticas no

capítulo intitulado Of publicity, colocou a publicidade como uma lei que asseguraria a

confiança pública e, portanto, uma parte importante para o funcionamento do sistema

democrático, e por sua vez, o segredo era visto por Bentham como uma forma de

conspiração contra a democracia. O autor destacava quatro vantagens da publicidade, a

saber: teria o poder de compelir os membros de uma assembleia ou representantes a

exercerem seu dever; seria capaz de assegurar a confiança e o consentimento popular às

medidas de uma legislatura; possibilitaria aos governantes conhecer os desejos dos

governados; permitiria aos eleitores cumprir seu papel com base em algo que conhecem

e sabem opinar. (BENTHAM, 1843ª)

Baseado neste mesmo entendimento, o termo transparência têm ganhado

destaque nos tratados nacionais e internacionais contra a corrupção (OCDE10;

Convenção das Nações Unidas11; Parceria Governo Aberto12). Estes tratados esperam

posicionamentos transparentes das democracias modernas, tornando-as mais suscetíveis

a avaliação dos cidadãos. Assim a política de transparência seria necessária para um

9 Estudo do conceito de transparência em: <http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2008-

1/transparencia/Conceito.htm>. 10 Mais informações sobre a Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico em:

<http://www.oecd.org/fr/>. 11 Mais informações sobre a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção pode ser encontrada em:

<http://www.unodc.org/unodc/en/treaties/CAC/index.html>. 12Maiores informações a respeito do programa “Parceria Governo Aberto” estão disponíveis em:

<http://www.opengovpartnership.org/>.

22

Estado mais visível e próximo da sociedade, por meio da oferta de serviços e

informações eficientes que favoreceriam o controle e a participação pública.

Assim, a transparência vem ganhando centralidade nas agendas públicas e nos

discursos políticos nos últimos anos. Apontada como uma das principais formas de

inibição da corrupção dentro das instituições, adquiriu elevado grau de importância na

esfera pública brasileira, principalmente após a popularização da internet, o que

culminou na criação da lei da Transparência e da Lei de Acesso a informação pública.

A política da transparência articula uma concepção de accountability e

uma perspectiva prática balizada por desenhos institucionais e pelo

discurso político. Dessa forma, as crescentes delinquências do homem

público tornam necessária uma política da transparência que permita

submeter o Estado e seus agentes ao controle da cidadania. O conceito

de transparência, por conseguinte, tem se tornado uma espécie de

lugar comum na política contemporânea, estando presente no discurso

político como uma verdade irrefutável. (FIGUEIRAS, 2011, p. 66)

Pierre Levy (apud Pinho 2008), um dos primeiros autores a se debruçar sobre a

relação da internet e da política, utilizava aspas nos termos “transparência” e

“transparente”, embora não tenha especificado as razões desse procedimento. Pinho,

especula que o autor teria restrições ou baixas expectativas em relação a transparência,

mesmo em países desenvolvidos, o que parece indicar que a transparência acaba tendo

barreiras com enormes dificuldades de serem transpostas.

Sivaldo Pereira da Silva (2011), aponta a publicidade como um dos três

requisitos democráticos ao lado da responsividade e da porosidade. Segundo ele, para

compreender o conceito de publicidade deve-se adotar duas linhas de abordagem,

primeiro, publicidade enquanto antítese da noção de segredo, que é características de

sistemas de governos autocráticos; segundo, a publicidade enquanto noção vinculada ao

conceito de esfera pública. Para Sivaldo a publicidade pode se materializar em notícias

sobre as ações do Estado, como também na disponibilização de prestações de contas aos

cidadãos. Assim, a publicidade seria a qualidade de tornar o Estado e seus agentes mais

transparentes e visíveis ao público.

Para Florini (2007), a transparência se relaciona com a ideia de visibilidade, de

uma abertura dos dados públicos, mas sem deixar de se ligar a uma clareza de

entendimento desses dados, ou seja, há um entendimento de que transparência é um

conceito que carrega muito mais do que apenas abertura do dados, é necessário que

estes sejam inteligíveis para serem transparentes. Assim é que Larsson (apud Amorin,

2012), defende que um governo pode ter abertura de seus documentos na internet, por

exemplo, mas não ser disponível a esclarecimentos sobre esses dados.

23

Dentro da literatura da administração pública, Martial Pasquier e Jean Patrick

Villenueve (2006), definem as posturas administrativas ou organizacionais em relação a

transparência como:

I) Transparência desviada: onde uma instituição está sujeita a lei, mas mesmo assim impede de

forma deliberativa o acesso aos seus dados.

II) Transparência dificultada: onde uma instituição usa de meios legais para não divulgar seus

dados.

III) Transparência trabalhosa: é o comportamento de uma instituição que consciente ou não,

limita ou dificulta o acesso aos dados públicos.

IV) Transparência total: quando uma instituição dá total acesso aos seus documentos, mesmo

sem pedidos. Para os autores, ela pode trazer problemas se as pessoas não tiverem sistemas de

arquivamentos ou registros.

V) Falta de transparência: quando há leis que desobrigam o órgão de divulgar as informações.

Segundo Fernando Figueiras (2011), a teoria política contemporânea atribui ao

conceito de transparência uma acepção de economia da informação, ideia derivada da

teoria da agência, que indica as políticas de transparência como um remédio para o mal

da corrupção do Estado, sendo ela capaz de potencializar a cidadania, enquanto que o

segredo corrói o processo democrático. Para este autor, o conceito de transparência que

é aplicado na dimensão política é passível de críticas, pois não fortalece uma noção

normativa de accountability13, as críticas são: I) Pressupõe o cidadão como consumidor

de um mercado político; II) Não aborda a questão cognitiva da produção da informação;

III) Afeta a noção de privacidade, sendo contraditória, portanto, a alguns direitos

fundamentais; IV) Como regra de conduta, não diferencia a conduta individual da

questão institucional; V) No âmbito do político, o segredo tem uma função importante,

pois nem tudo pode ser transparecido; VI) Carece de uma distinção mais clara entre

razão pública e razão não pública ou entre o público e o privado. (FIGUEIRAS, 2011, p.

77)

Portanto, a proposta deste autor, é que a política de transparência deve ser

substituída pela política de publicidade. Pois para ele, a primeira apresenta uma fraca

ideia de accountability, que acaba limitando o conceito a formas de controle da

corrupção. Neste sentido, é que a política de publicidade deve ser tomada em pesquisas

de governo eletrônico, ou seja, o uso do termo transparência deve ser tomado como um

elemento de uma política de publicidade, pois esta apresenta um horizonte normativo ao

conceito de accountability.

Por dispensar um aspecto normativo do conceito de accountability, a

política da transparência não consegue precisar o pano de fundo

valorativo envolvido na razão pública. Por outro lado, ao não dar

13 Cf. seção 2.3.1. “Por que não accountability”?

24

conta desses valores e normas postos no plano público, o conceito de

accountability esvazia o conteúdo normativo ligado ao julgamento da

ação política no plano das instituições. Com isso, não se pode derivar

uma concepção mais ampla de cidadania e de moralidade na gestão da

coisa pública. Mais informação não significa necessariamente a

produção de cidadãos melhores, nem governos mais transparentes

propiciam governantes melhores e menos corrompidos. (FIGUEIRAS,

2011, p. 83)

Assim, para Figueiras, a transparência sozinha não possibilita uma crítica social

da política nas democracias contemporâneas e, portanto, deve-se evitar a utilização

deste conceito no sentido moralizante de combate a corrupção, e sim utilizá-lo como

análogo a ideia de tornar público, visível aos cidadãos.

Para Pipa Norris (2001), a publicidade do poder é imprescindível, pois o ato de

dar visibilidade e acesso as informação governamentais, empodera os cidadãos para o

controle e fiscalização dos atos de governo.

Fernando Figueiras também aponta a publicidade dos dados na internet como

extremamente importante para a democracia, pois propicia formas de controle dos atos

governamentais e podem influenciar a responsividade e a participação política. Assim, o

conceito de transparência deve ser entendido aliado ao conceito de publicidade, no

sentido de tornar público e visível ao cidadão os dados do governo, sem acreditar que

somente a visibilidade automaticamente influenciaria um estado livre da corrupção, pois

é preciso que os cidadãos adquiram a pratica de acompanhar os gastos públicos para que

a própria Lei da Transparência e a Lei de Acesso se tornem úteis e praticáveis no Brasil,

afinal a existência de tais leis não significa transparência plena ou a existência de

accountability no país, é preciso que os dados sejam divulgados de forma clara, a ponto

de ser compreendida por qualquer cidadão, além de um portal com fácil acesso a todos,

inclusive para deficientes, e o mais importante, as informações devem ser divulgadas

em sua plenitude, ou seja, sem omissão de dados.

Podemos tomar como premissa que, para a existência de um debate

público efetivamente livre e a fiscalização efetiva dos governantes, é

preciso garantias relativas ao direito à informação. (Bezerra et. al.,

2010)

Neste sentido, é que pretendemos avaliar os portais institucionais de 18 cidades

do Paraná, analisando a aplicação das leis e verificando como se dá a visibilidade aos

dados governamentais, considerando a transparência e o acesso a informação como um

meio para alcançar uma maior participação política e uma democracia eficiente.

25

2.3.1. Por que não accountability?

O conceito de accountability é definida por Przeworski (1998, p. 67), como um

governo responsivo que presta contas aos cidadãos, dessa forma, para o autor,

accountable é quando os cidadãos conhecem a atuação dos governantes e sabem se

estes atuam ou não em defesa dos interesses públicos, bem como se há a possibilidade

de aplicação de punições aos políticos em caso de não cumprimento dos anseios dos

eleitores, assim a sanção é representada na forma do sufrágio, cabendo aos maus

governantes o esquecimento e aos bons a reeleição.

Para Schedler (apud Pinho e Sacramento, 2009), há três itens que são essenciais

para a eficácia da accountability: informação, justificação e punição. Assim, os dois

primeiros itens, a saber a informação e justificação, nos remetem ao que Schedler

denomina answerability, isto é, a obrigação dos detentores de mandatos públicos

informarem, explicarem e responderem pelos seus atos. O último item, a punição, é

chamado de enforcement, que diz respeito à capacidade de impor sanções aos políticos

que violam os deveres com sociedade.

Segundo Luiz Felipe Miguel (2005), o correto funcionamento da accoutability

depende não só da provisão da informação adequada e plural, mas também da existência

institucional de sanções aos mandatários, como também o interesse disseminado na

população. Assim, accountability pressupõe muito mais do que a publicização das

contas, mas também responsividade dos governantes para os governados, e assim, o

conceito de accountability não pode ser reduzido ao conceito de transparência, e

prestação de contas.

Dessa forma, embora saibamos que a prestação de contas e a publicidade das

contas públicas seja parte integrante e essencial do conceito de accountability, como

afirma a literatura acima, neste trabalho não utilizaremos este conceito, pois não

pretendemos aqui verificar se existe demanda por justificação e explicação dos políticos

para com os cidadãos, o foco de nossa análise recaíra na forma de como se dá a

publicização das contas pública, verificando a existência de mecanismos de participação

política nos portais governamentais.

26

2.4. A GÊNESE DA LEI DA TRANSPARÊNCIA E DA LEI DE ACESSO

À INFORMAÇÃO

2.4.1. A criação da Lei da Transparência

A criação da lei complementar nº 13114 promulgada em 27 de maio de 2009,

estabeleceu o acesso público a informações orçamentárias e financeiras da União, dos

estados, Distrito Federal e municípios através de meios eletrônicos. Desta forma, foram

criados os portais da transparência que visam esclarecer aos cidadãos sobre o destino

dos gastos dentre outras informações sobre o funcionamento da administração pública e

dos órgãos legislativos.

Os autores do projeto foram o senador João Capiberibe e a deputada federal

Janete Capiberibe ambos do (PSB-AP). O projeto começou a tramitar em 2003, mas só

foi convertido e aprovado como lei complementar em 2009, onde o projeto vem alterar

o artigo 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal de 2000.

A Lei de Responsabilidade Fiscal nº 101/2000, foi o primeiro passo para a

transparência das contas públicas no Brasil, e também, a primeira lei a garantir o direito

do cidadão em participar das decisões sobre os gastos orçamentários das cidades.

Abaixo será possível observar quais foram as alterações substantivas que a Lei

da Transparência trouxe para o art. 48 da Lei de Responsabilidade Fiscal:

TABELA 1: Alterações na Lei de Responsabilidade Fiscal

PRIMEIRA REDAÇÃO DO ART. 48

NA LEI DE RESPONSABILIDADE

FISCAL Nº 101/2000

ALTERAÇÕES AO ART. 48 APÓS A

LEI DA TRANSPARÊNCIA Nº 131/09

Art. 48. São instrumentos de transparência da

gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação,

inclusive em meios eletrônicos de acesso público:

os planos, orçamentos e leis de diretrizes as

prestações de contas e o respectivo parecer prévio;

o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e

o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões

simplificadas deste documento.

NÃO HOUVE ALTERAÇÃO

Parágrafo único: A transparência será assegurada

também mediante incentivo à participação popular

e a realização de audiências públicas, durante os

processos de elaboração e de discussão das

diretrizes orçamentárias.

Parágrafo único: A transparência será assegurada

também mediante:

14 Conferir a Lei da Transparência em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp131.htm>.

27

TINHA PREVISÃO

(i)Incentivo à participação popular e realização de

audiências públicas, durante os processos de

elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes

orçamentárias e orçamentos.

NÃO TINHA PREVISÃO

(ii) Liberação ao pleno conhecimento e

acompanhamento da sociedade, em tempo real, de

informações pormenorizadas sobre a execução

orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de

acesso público.

NÃO TINHA PREVISÃO

(iii) Adoção de sistema integrado de administração

financeira e controle, que atenda a padrão mínimo

de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da

União e ao disposto no art. (NR)

NÃO TINHA PREVISÃO

Art. 48 – A Para os fins a que se refere o inciso II

do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação

disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica

o acesso a informação referentes a:

I – quanto a despesa: todos os atos praticados pelas

unidades gestoras no decorrer da execução da

despesa, no momento de sua realização, com

disponibilização mínima dos dados referentes ao

número do correspondente processo, ao bem

fornecido ou serviço prestado, à pessoa física ou

jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o

caso, ao procedimento licitatório realizado;

II – Quanto a receita: o lançamento e o recebimento

de toda a receita das unidades gestoras, inclusive

referente a recursos extraordinários;

NÃO TINHA PREVISÃO

Art. 73 - A Qualquer cidadãos, partido político,

associação ou sindicato é parte legítima para

denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e ao

órgão competente do Ministério Público o

descumprimento das prescrições estabelecidas na

Lei complementar.

NÃO TINHA PREVISÃO

Art. 73 - B Ficam estabelecidos os seguintes prazos

para a cumprimento das determinações dispostas

nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e

do art. 48-A:

I – 1(um) ano para a União, os estados, o Distrito

Federal e os municípios com mais de 100.000 (cem

mil) habitantes;

II – 2(dois) anos para os municípios que tenham

entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil)

habitantes;

III – 4(quatro) anos para municípios que tenham

até 50.000 (cinquenta mil) habitantes;

NÃO TINHA PREVISÃO

Art. 73 – C o não atendimento, até o encerramento

dos prazos previstos no art. 73-B, das

determinações contidas nos incisos II e III do

parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita o

ente à sanção prevista no inciso I do 3º do art. 23.

Fonte: Elaboração da autora.

2.4.2. A criação da Lei de Acesso à Informação

28

Se a Lei da Transparência é considerada uma transparência ativa, a Lei de

Acesso à Informação veio para garantir a transparência, dita passiva. A Lei de Acesso a

Informação (LAI), se originou em debates no âmbito do Conselho de Transparência

Pública e Combate à Corrupção, órgão vinculado a Controladoria Geral da União, e foi

sancionada em 18 de novembro de 2011 e passou a vigorar a partir de 2012. Esta lei

regulamenta os artigos 5, 33, 37 e 216 da Constituição Federal e visa garantir o acesso

público às informações do Estado pela via de um marco regulatório que consagra o

acesso como regra e o sigilo como uma exceção, e obriga que todos os órgãos públicos,

sejam eles executivos, legislativos ou judiciários a estabelecer procedimentos para

padronizar as repostas da administração pública aos pedidos realizados pelos cidadãos

por informações governamentais

A LAI prevê a criação de um órgão nos domínios de cada instituição pública,

com funcionários preparados para atender as pessoas interessadas nas informações

governamentais. Também reforça a necessidade de manter um portal na internet, para

publicar informações sobre gastos, transferências, processos licitatórios e contratos,

publicações sobre a estrutura e competência de cada órgão, canais de contato, dados

para o acompanhamento de programas, ações, projetos e obras, além das respostas às

perguntas mais frequentes da sociedade.

Portanto, a LAI15 tem no seu artigo 8º, a obrigatoriedade de dar ao Estado um

papel ativo, pois obriga as entidades públicas a divulgarem em locais de fácil acesso,

independente de requerimentos, informações de interesse geral por eles produzidas e

custodiadas. Com isso a administração pública deixa de ser passiva, divulgando apenas

informações demandadas para tornar-se uma administração ativa, divulgando

informações por iniciativa própria, independente de solicitação.

A LAI também prevê a punição de servidores públicos que se recusarem a

fornecer informações, retardarem o acesso aos dados sem explicações prévias, ou ainda

os casos de extravio, ocultação, subtração ou inutilização documental, assim como os

casos de fornecimento de documentos de forma incorreta, incompleta ou imprecisa.

Ao cidadão é garantido o direito de requerer a informação e obtê-la num prazo

de até 20 dias, ao servidor cabe o mesmo prazo para respondê-lo ou auxilia-lo em como

obter a informação. É possível que o cidadão tenha seu pedido negado, porém os

servidores responsáveis devem informar em nota os motivos do não fornecimento dos

15 Conferir Lei de Acesso à Informação em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2011/lei/l12527.htm>.

29

dados, e o cidadão pode interpelar recurso para conseguir a informação. A Lei também

prevê, a existência de documentos sigilosos e, cabe ao órgão responsável explicar aos

cidadãos os motivos do sigilo.

Diferentemente do Portal da Transparência, a LAI obriga as instituições a

adotarem em seus portais todas as medidas necessárias para garantir a acessibilidade de

pessoas com deficiência, garantindo assim o direito de acesso à informação a todos os

cidadãos, sem discriminação.

2.4.3. Os efeitos da lei da transparência e da lei de acesso no estado do

Paraná

No Paraná a primeira iniciativa de transparência ocorreu em 2006, quando o

superintendente do porto de Paranaguá, Eduardo Requião, decidiu divulgar a

remuneração dos servidores. Mas somente em 2010 foi aprovada uma lei que

regulamentasse esse tipo de ação, quando o então governador em exercício Orlando

Pessuti, sancionou a Lei Estadual da Transparência nº 16.595/2010. Esta lei obrigava os

três poderes (executivo, legislativo e judiciário) a divulgar todos os atos administrativos

e contratos firmados por esses órgãos. Exigia a criação de portais da transparência em

cada uma destas esferas e, a discriminação e publicização das contas públicas, inclusive

a divulgação dos salários dos servidores de forma individual e nominal, dentre outras

medidas. Na época, essa ação do governo do Paraná, garantiu ao estado o 4º lugar no

ranking de transparência das contas públicas, segundo pesquisa realizada em todo o

território nacional pelo comitê de especialistas encabeçado pela ONG Associação

Contas Abertas16.

A criação da LAI em 2011 trouxe novamente a obrigatoriedade do governo em

divulgar os salários dos servidores públicos. Mas em junho 2012, o Tribunal de Justiça

do Paraná considerou inconstitucional a divulgação dos salários17, a decisão foi tomada

no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade movida pelo ex-deputado Jocelito

Canto contra a Lei Estadual de Transparência nº 16.595/2010. Essa ação do TJ- PR fez

o estado cair 10 posições no ranking da transparência pública da ONG Associação

16 Site: <http://indicedetransparencia.com/resultado-2012/ (Visitado em 18/09/2013)>. 17 Site: <http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2012/06/divulgacao-de-salarios-de-servidores-e-

inconstitucional-diz-tj-pr.html (Visitado em 18/09/2013)>.

30

Contas Abertas, passando da 4ª posição em 2010 para a 14ª em 2012 (Considerando os

26 estados da federação).

Atualmente, o Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Eleitoral, o Tribunal

Regional do Trabalho e a Seção Judiciária da Justiça Federal no Paraná, foram

obrigados pelo CNJ a divulgar em seus portais os salários nominais dos servidores

desde junho de 2013. Seguindo o exemplo, o governo do estado e a Assembleia

Legislativa também passaram a divulgar os salários nominais dos servidores desde

agosto de 2013, porém, nestes dois portais o acesso ainda se dá de maneira complicada,

exigindo desde o CPF do solicitante, nome do servidor, até códigos de segurança. Já

quanto a prefeitura de Curitiba os salários nominais dos servidores só passaram a ser

divulgados em 18 de novembro deste ano.

2.5. HIPÓTESES E METODOLOGIA DE PESQUISA

A LAI prevê duas formas de transparência: ativa e passiva, ambas são assim

definidas:

i) Transparência ativa: Exige a criação de uma seção específica denominada de

“Acesso à Informação” nos websites dos órgãos e entidades públicos, para a divulgação

de informações de interesse geral. ii) Transparência passiva exige a implantação do

“Serviço de Informação ao Cidadão” (SIC), ao menos nas sedes dos órgãos e entidades

públicas, em local de fácil acesso e devidamente identificados, contendo telefones e e-

mails exclusivos, bem como servidores treinados para o atendimento ao cidadão e

encaminhamento dos requerimentos.

Assim, neste trabalho optou-se apenas pela avaliação que concerne a

transparência ativa da LAI, bem como avaliação dos Portais da Transparência. Dessa

forma, utilizaremos variáveis retiradas das leis (LAI e Lei da Transparência) para

avaliar os portais dessas dezoito cidades escolhidas, buscando saber se as leis estão

sendo integralmente cumpridas nas prefeituras pesquisadas. Também serão incluídas

nesta análise algumas variáveis retiradas da literatura sobre governo eletrônico,

baseadas principalmente nos trabalhos de Bragatto (2008) e Sivaldo Pereira da Silva

(2005), pois segundo Silva (2009), deve-se investigar os portais enquanto mecanismos

de fortalecimento do bom governo, porque na medida em que forem mais desenvolvidos

e utilizados, mais seus efeitos serão impactantes na redução do déficit democrático e

mais eles contribuirão para o fortalecimento da democracia.

31

O objetivo é criar um ranking entre as cidades pesquisadas para descobrir o grau

de desenvolvimento da transparência nestes municípios, bem como demostrar três

hipóteses básicas: i) Diferentes órgãos públicos apresentam graus de eficiências

distintos na aplicação das leis, assim espera-se que as prefeituras obtenham melhor

desempenho que as câmaras ii) Cidades maiores obterão melhores desempenhos no

ranking. iii) e de maneira experimental, pretendemos testar as nossas hipóteses de

pesquisa, que foram baseadas nos trabalhos de Marcus Abílio Pereira, Ernesto Amaral e

Marcela Costa (2010), para verificar a relação que estas tem na qualidade dos portais

eletrônicos e no ranking realizado.

Assim, espera-se que o IDH-M, o PIB municipal, o número de habitantes, a

idade dos políticos dirigentes, influem, de alguma forma na explicação do ranking de

transparência que será criado. Temos dessa maneira, as Variáveis políticas: idade do

prefeito e presidente da câmara; Variáveis socioeconômicas: IDH-M, PIB municipal e

número de habitantes e a presença de universidades.

As questões norteadoras desta pesquisa são: os portais das prefeituras e câmaras

municipais estão seguindo a Lei da Transparência Pública e a Lei de Acesso a

Informação? Os diferentes órgãos públicos apresentam desempenhos distintos no

cumprimento da lei? Os municípios maiores apresentam índices melhores no ranking da

transparência? E ainda, secundariamente, qual é a relação entre o nível de Transparência

dos websites e os fatores socioeconômicos e políticos?

A escolha dessas 18 cidades foi baseada em dois princípios, em primeiro lugar

os municípios do Paraná foram divididos em três categorias escolhidas de acordo com

as regras de implementação da Lei Complementar 131/09 pelo art. 73 - B18, porém

levando em consideração o §4º do Artigo 8º da LAI, que desobriga cidades com menos

de 10.000 habitantes a manter o Portal de “Acesso à Informação”, ficamos assim com os

seguintes critérios de escolha das cidades:

1 – Seis cidade com mais de 100 mil habitantes.

2 – Seis cidades que possuem entre 50 mil e 100 mil habitantes.

3 – Seis cidades com menos de 50 mil e mais de 10 mil habitantes.

18 Cf. Tabela 1, pag. 26

32

Após a classificação destas cidades de acordo com a especificação da Lei da

Transparência, as cidades foram escolhidas buscando mapear diferentes regiões do

estado paranaense. Desta forma, foram escolhidas para este trabalho as seguintes

cidades:

TABELA 2: Identificando as cidades pesquisadas

Fonte: Dados retirados do site Atlas Brasil de acordo com o Censo de 2010 em 25/09/2013.

A coleta de dados foi realizada entre o os dias 10 e 23 de novembro de 2013, foi

aplicado aos 18 portais uma planilha contendo quatro blocos de variáveis, onde foi

utilizada a variável binária (0 ou 1) para cada item encontrado no website. Assim, a

análise foi obtida a partir de uma pontuação que de 0=nulo/inexistente e 1=

encontrado/completo. A pontuação máxima atingida é de 47 pontos.

No primeiro bloco de variáveis, as questões servem para identificação das

cidades e de fatores políticos e econômicos, tais como, IDH-M, PIB municipal, número

de habitantes, presença de universidades e a idade dos chefes do poder executivo e

legislativos, das quais servirão para buscar a relação desses indicadores com o resultado

final do nosso ranking.

33

Essas variáveis foram baseadas no trabalho de Marcus Abílio, Ernesto Amaral e

Marcela Costa (2010), porém, foram realizadas algumas alterações. Na pesquisa desses

autores, realizadas nos portais eletrônicos de 853 municípios de Minas Gerais, eles

buscaram identificar quais destes municípios mantinham um portal na internet (sem

realizar análises de conteúdo), para então, averiguar a relação destes resultados com

uma série de dados socioeconômicos e políticos dessas cidades.

Assim os autores consideraram três grupos de variáveis que foram analisadas

descritivamente e submetidas ao modelo de regressão:

1) variáveis estruturais, tais como: Índice de Desenvolvimento Humano - Médio (IDH–M),

receita orçamentária do município, existência de universidades e data de fundação do município;

2) variáveis conjunturais (filiação partidária do prefeito);

3) política pública (Utilização do programa “Integra-Minas”).

Nas conclusões dos autores apenas o IDH-M, a receita orçamentária, a existência

de universidades e os municípios que utilizavam o programa “Integra-Minas”

aumentavam a chance de existência de portais e-gov em Minas Gerais.

Assim, nesta monografia utilizaremos algumas variáveis emprestadas dos

autores citados acima, para criar nossas hipóteses de pesquisa e, buscar relação de

indicadores socioeconômicos e políticos com os resultados do ranking da transparência.

As hipóteses baseadas neste trabalhos foram: IDH-M, existência de universidades e a

idade dos prefeitos e presidentes legislativos. Foram incorporados a essas hipóteses, o

PIB do município e o número de habitantes.

Dada a dificuldade de encontrar alguns dados, como por exemplo, a receita

orçamentária anual (nos municípios menores), substituímos isso pelo PIB municipal.

Acreditávamos também, que a variável de “número de habitantes”, era mais

significativa que a “data de fundação do município”, por isso ela também foi

substituída.

No primeiro bloco de questões, foram mapeadas na literatura sobre democracia

digital, algumas variáveis indicadas como imprescindíveis para um bom portal de

governo eletrônico, ou seja, a existência de mecanismos que propiciem interação do

Estado com os cidadãos. Para isso, utilizamos variáveis retiradas dos trabalhos de Silva

(2005) e Bragatto (2008). Assim, espera-se encontrar nos portais que serão estudados

mecanismos de participação política e de avanços na prestação de contas, bem como o

nível de navegabilidade.

34

Desta forma, utilizaremos a metodologia de Bragatto (2008) para avaliar a

navegabilidade dos websites (entendida como a facilidade de conseguir transitar pelos

portais). Em seguida, analisaremos os conteúdos e ferramentas dos websites baseado na

metodologia de Silva, onde avaliamos três dos cinco graus de democracia digital

propostas por este autor.

Assim, no primeiro grau: busca-se encontrar disponibilidade de informação e

prestação de serviços públicos. Caracterizam-se assim conteúdos como: presença de

informações institucionais, informações genéricas sobre a cidade, notícias sobre a

administração pública produzida pelo próprio governo, presença de legislação,

possibilidade de emissão de documentos e a possibilidade obter serviços públicos com

pedidos iniciados através do site.

No segundo grau: procura-se por conteúdos que empreguem as TICs para colher

a opinião pública, como espécie de canal de comunicação, sem necessariamente utilizá-

la para formação da agenda do governo. Neste item procuramos localizar a existência

nos websites de locais de sondagem da opinião (como críticas e sugestões) sobre

diversos assuntos da administração pública, sistemas de votação eletrônica e

informações sobre programas de inclusão digital.

No terceiro grau: a pesquisa volta-se à localização de elementos representativos

à transparência e prestação de contas. Assim, foi feita uma verificação da existência de

ferramentas que propiciem o acompanhamento financeiro, a existência de informações

sobre iniciativas de inclusão digital nos portais que orientem a população a utilizar as

TICs para este acompanhamento, existência de pré-legislação, espaço para críticas e

fórum deliberativo.

No segundo bloco de variáveis de nossa pesquisa, a análise se deu unicamente

no Portal da Transparência das cidades pesquisadas, onde foram levantados os

principais elementos correspondentes ao texto da lei e dos manuais da CGU19, indicados

como essenciais a um portal com transparência efetiva. Também foram incluídas 4

variáveis para aferir a capacidade desses portais. Buscou-se com isso encontrar

informações básicas como: gastos com telefonia, gastos com limpeza, (incluindo

materiais ou serviços), gastos com mídia ou propaganda e exonerações de contratos,

convênios ou servidores.

19 Para maiores informações sobre a Lei da Transparência, conferir o manual de regulamentação da CGU

(2013)

<http://www.cgu.gov.br/publicacoes/BrasilTransparente/Guia_PortalTransparencia.pdf>.

35

No terceiro bloco, a análise se deu exclusivamente sobre o Portal de Acesso à

Informação, onde buscou-se verificar a existência de alguns elementos essenciais da

LAI20, como disponibilização de uma página para solicitar a informação,

acompanhamento da situação do processo, mecanismos de acessibilidade aos deficientes

e espaço com perguntas e respostas mais frequentes.

Assim, para realizar o cálculo de porcentagem nas tabelas, dado que o “N” é 18

(número total das cidades estudadas), cada item pontuado agregou-se valor de 5,5%,

totalizando 100%, em caso de pontuação máxima.

Fórmula: 18 = 100%;

100: 18 = 5,5%

20 Para maiores informações sobre a LAI, conferir o manual de regulamentação da CGU (2013)

<http://www.cgu.gov.br/publicacoes/BrasilTransparente/Guia_CheckList.pdf>.

36

3. TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NOS PORTAIS EXECUTIVOS

PARANAENSES

Neste capítulo e no próximo, será realizado uma análise dos dados apresentados

nos websites das 18 câmaras e prefeituras pesquisadas, após isso, faremos um ranking

apontando os portais com as melhores pontuações.

3.1. QUESTÕES PARA MEDIR A INTERAÇÃO: METODOLOGIA DE

BRAGATTO (2008)

Nesta primeira parte da pesquisa, procurou-se analisar a dimensão de

navegabilidade e acessibilidade dos portais eletrônicos. Esta dimensão corresponde a

facilidade de transitar dentro nos websites. Utilizamos como base teórica para criação

desta tabela o trabalho de Rachel Bragatto (2008). Os critérios que aplicamos constam

na seguinte tabela:

TABELA 3 - Questões para medir a navegabilidade dos portais executivos: metodologia de

Bragatto (2008)

Da amostra das dezoito prefeituras analisadas, a ferramenta de busca foi o item

mais encontrado dentre os critérios de navegabilidade propostos, assim, 15 prefeituras

apresentaram esta ferramenta, que é um importante mecanismo para facilitar o acesso e

poupar tempo do cidadão.

Outras ferramentas, como a opção de escolha da língua, só foi encontrado na

prefeitura de Curitiba. O “mapa do site” foi encontrado em cinco prefeituras: Curitiba,

Londrina, Maringá, Campo Mourão e Irati.

Quanto aos mecanismos de acessibilidade para deficientes, somente os portais de

Curitiba e de Londrina possuíam esta ferramenta, o que é ruim para o pleno exercício da

democracia digital, já que a ausência deste item acaba por excluir muitos cidadãos.

37

3.2 METODOLOGIA DE SILVA (2005): AVALIAÇÃO DOS TRÊS

GRAUS DE DEMOCRACIA DIGITAL NAS PREFEITURAS

Realizamos também, uma análise a partir dos graus de democracia eletrônica

proposto por Sivaldo Pereira da Silva (2005), porém, para esta pesquisa escolhemos

trabalhar somente com três dos cinco graus que o autor apresenta. Os critérios aplicados

podem ser acompanhados na seguinte tabela:

TABELA 4 – Três graus de democracia digital: Metodologia de Silva (2005)

No primeiro grau, busca-se por informação e prestação de serviços públicos

através dos portais. Assim, a presença de informações institucionais genéricas foi

encontrado em 77,7% portais pesquisados. Já a possibilidade de emissão de documentos

oficiais e acesso ao diário oficial do município foi encontrado em 88,8% das prefeituras.

O acesso as notícias sobre administração municipal estavam presentes em todos os

portais. As Informações turísticas, econômicas, étnicas e geográficas apareceram em

94,4% portais pesquisados. Quanto à possibilidade de atendimento online via chat,

apenas o portal de Curitiba disponibilizava esse serviço ao cidadão.

38

No segundo grau, procurou-se por conteúdos que empregassem as NTICs para

colher a opinião pública, como uma espécie de canal de comunicação, sem

necessariamente utilizá-la para formação da agenda do governo. Assim, somente dez

portais disponibilizavam “ouvidorias” para receber as críticas e/ou sugestões dos

cidadãos. Também não foi encontrado nenhum portal com mecanismos de votação

eletrônica, voltados para colher a opinião dos cidadãos e, apenas o portal de Campo

Mourão possuía infraestrutura tecnológica voltada para a sondagem de opinião dos

munícipes, funcionando como uma espécie de enquete, onde o cidadão podia votar em

assuntos problematizados pela prefeitura, sendo possível também, justificar o motivo de

seu voto.

Já no terceiro grau, a pesquisa volta-se à localização de elementos

representativos a prestação de contas e a verificação de mecanismos que propiciem o

acompanhamento financeiro e a existência de informações sobre iniciativas de inclusão

digital nos municípios. Aqui, nenhum dos portais pesquisados pontuou nestes itens.

Assim, os itens de primeiro grau estavam presentes em quase todos os portais

estudados, quanto as ferramentas de segundo grau, estas obtiveram uma pontuação bem

menos expressiva, já nos portais do terceiro grau a pontuação foi nula, como foi

possível acompanhar na tabela acima.

3.3 ANÁLISE DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA BASEADO NA

LC131/09

Quanto ao terceiro bloco de variáveis, os critérios utilizados para avaliar os

portais foram retirados do texto da Lei da Transparência e de manuais da Controladoria

Geral da União. Assim, a partir dos dados coletados elaboramos a seguinte tabela:

39

TABELA 5: Variáveis para avaliação da Lei da Transparência

Nesta parte, a análise foi realizada exclusivamente nos chamados “Portais da

Transparência”, para isso, foram elencados alguns critérios que facilitariam o acesso do

cidadão ao portal.

Assim, o primeiro item que buscamos avaliar foi a acessibilidade, entendido

como ausência de qualquer espécie de cadastro prévio, senhas ou logins que de alguma

forma impeçam o cidadão de ter acesso ao dados do portal, neste quesito, 94,4% dos

websites possuíam livre acesso as informações.

O “fale conosco”, que é uma ferramenta de suporte aos usuários, só foi

encontrado nas prefeituras de Guarapuava, Foz do Iguaçu, Irati e Castro. Já as

ferramentas, como o glossário e o manual de navegação constavam em 38,8% das

cidades pesquisadas.

Os “filtros de pesquisa”, importantes para facilitar a navegação e ajudar o

usuário a encontrar mais rápido a informação, estavam presentes em 77,7% dos portais

pesquisados, somente os portais do executivo de Santa Maria do Oeste, Sarandi,

Londrina e Maringá não possuíam esta ferramenta. Os outros três critérios que dizem

respeito a busca de dados sem filtros de pesquisa e, somente por descrição, se dividem

40

em: i) despesas pela descrição (9 portais possibilitavam esse tipo de pesquisa) ou

encontrar despesas por ii) fornecedores de produtos e serviços (presentes em 14 portais)

e por iii) períodos (mensal, anual, semestral e etc.), este último tipo foi encontrado em

94,4% dos portais pesquisados.

Um dos pontos importantes da LC 131/09, é que os dados publicados devem ser

de fácil acesso e possuírem clareza de informações para facilitar ao cidadão o acesso aos

dados do governo. Assim, o link denominado “Portal da Transparência” foi

transformado em variável para avaliar a forma de como ele é disponibilizado nos

websites institucionais, buscando saber se é fácil encontra-lo, desta maneira, nos dezoito

portais avaliados, todos davam ampla divulgação ao “Portal da Transparência”.

Outro mecanismo importante apontado no manual de aplicação da LC 131, é a

possibilidade de fazer download dos dados sobre despesas, receitas, servidores e

licitações. Em nossa avaliação apenas 7 prefeituras permitiam realizar download em

seus websites, são elas Curitiba, Santa Maria do Oeste, Londrina, Francisco Beltrão,

Maringá e Sarandi.

A Lei 131 também exige a divulgação dos nomes dos servidores concursados e

comissionados, porém, apenas 72,2% das cidades divulgavam essas informações, as

prefeituras de Guarapuava, Maringá, Ponta Grossa, Salto do Lontra e Santa Maria do

Oeste não disponibilizavam este item.

Foi analisado também se as informações eram divulgadas em tempo real, ou

seja, os portais precisavam disponibilizar despesas e receitas do período máximo de

uma semana antes da coleta dos dados. Assim, 72,2% das prefeituras estavam

atualizadas no período pesquisado.

O ponto mais polêmico envolvendo a transparência é a questão da divulgação

dos salários dos servidores nominalmente. Esta determinação foi alvo de diversos

processos e críticas por todo o Brasil. No Paraná, os principais órgãos estaduais, só

recentemente passaram a divulgar os salários de modo nominal21. Assim, a “divulgação

dos salários nominais” foi transformada em um dos critérios para avaliar a transparência

nos portais, neste quesito apenas as prefeituras de Curitiba, Francisco Beltrão e Siqueira

Campos cumpriram a lei. Nas demais cidades pesquisadas (83,3%), os salários são

divulgados por cargos, não sendo possível saber o salário real do servidor.

21 Estes pontos já foram discutidos nas páginas 29 e 30.

41

Outra variável levantada, foi a divulgação com despesas de passagens e viagens,

que foi encontrada em 55,5% das cidades pesquisas. Avaliamos também se era possível

acompanhar informações gerais sobre projetos, obras municipais e informações sobre os

investimentos realizados no município, assim, só Curitiba, Londrina, Ortigueira e

Palmas pontuaram.

As informações sobre LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), LOA (Lei

Orçamentária Anual) e PPA (Plano Plurianual), foram encontradas em 83,3% dos

portais analisados.

A divulgação de editais sobre contratos, convênios e licitações, bem como,

documentos oficiais, resultados dos editais e contratos celebrados foram divulgados nos

websites de 16 prefeituras, e somente o executivo de cidades menores como Santa

Maria do Oeste e Salto do Lontra não disponibilizaram essas informações.

Quanto a divulgação dos preços unitários dos produtos e serviços adquiridos -

imprescindíveis para a transparência dos gastos públicos- só foi encontrada em 8

cidades: Curitiba, Guarapuava, Londrina, Ponta Grossa, Francisco Beltrão, Cornélio

Procópio e Salto do Lontra.

O último critério avaliado foi a variável que avalia o detalhamento com que são

divulgadas as informações de receitas ou despesas, assim, deveria conter: número do

processo, o bem fornecido ou serviço prestado, pessoa física ou jurídica beneficiária de

pagamento e, os procedimentos licitatórios realizados, este nível de detalhamento foi

encontrado em 15 cidades, e somente as prefeituras de Maringá, Fazenda Rio Grande e

Santa Maria do Oeste não cumpriram este procedimento.

3.3.1 Questões para aferição dos Portais da Transparência

Foram pensados quatro critérios para testar a eficiência dos portais, questões que

exigem dados simples, a saber: gastos com telefonia mensal, gastos com limpeza

(incluindo empresas terceirizadas e produtos), despesas com mídias e propagandas e

exonerações de contratos, convênios e servidores. A tabela a seguir, demostra os

resultados obtidos nos portais das prefeituras:

42

TABELA 6: Variáveis para aferição da Lei da Transparência

Fonte: Elaboração da autora.

O item 1, que buscava a divulgação de informações sobre gastos com telefonia

mensal foi encontrado em 17 das 18 prefeituras pesquisadas, sendo que apenas na

prefeitura de Santa Maria do Oeste não foi encontrado esta informação.

Já o item 2, que buscava por “gastos com limpeza” só foi encontrado em 9

prefeituras, são elas: Curitiba, Foz do Iguaçu Maringá, Ponta Grossa, Francisco Beltrão,

Santo do Lontra, Palmas, Ortigueira e Cornélio Procópio.

O item 3, que avaliava a opção de buscar por “exonerações de contratos,

convênios e servidores”, foi encontrado em 14 cidades, e, apenas Irati, Fazenda Rio

Grande, Santo do Lontra e Santa Maria do Oeste não disponibilizavam essas

informações.

Quanto ao último item, que avaliava a divulgação de gastos com mídia e

propaganda, este foi encontrado em 11 cidades, os demais municípios (Londrina,

Francisco Beltrão, Sarandi, Ortigueira, Palmas, Siqueira Campos e Santa Maria do

Oeste) não divulgavam estas informações.

3.4 ANÁLISE DO PORTAL DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO TABELA 7: Variáveis para avaliação da Lei de Acesso à Informação

43

O último bloco de análise foi exclusivamente uma avaliação do cumprimento da

transparência ativa da LAI, por isso, foram retirados do texto da lei, oito critérios para

verificar a aplicação da Lei de Acesso nas 18 prefeituras escolhidas.

Em primeiro lugar, buscou-se a existência de um espaço específico denominados

de “Acesso à Informação” ou “Lei de acesso”, este item só foi encontrado em 5

websites: Curitiba, Londrina, Ponta Grossa, Francisco Beltrão e Fazenda Rio Grande

(vale destacar que somente nestas cidades foi encontrado menção a Lei de Acesso à

Informação, nos demais não havia qualquer informação).

O mecanismo de acessibilidade aos deficientes nos portais de “Acesso à

Informação”, foi encontrado apenas em Curitiba e Londrina.

A LAI também obriga a existência de um "fale conosco" contendo telefones,

endereços, e-mails específicos e horários de atendimento aos cidadãos, porém, este item

foi respeitado apenas nas prefeituras de Curitiba, Ponta Grossa e Francisco Beltrão.

Outro quesito importante da LAI é a existência do espaço “perguntas e respostas

mais frequentes”, no qual somente Curitiba e Ponta Grossa pontuaram.

Outro aspecto da lei, é a existência de um “e-SIC” dentro dos portais da LAI,

onde o cidadão realiza pedidos online de acesso às informações ou acompanhamento de

protocolo dos pedidos já realizados, este mecanismo foi encontrado em apenas 5

prefeituras.

O último item avaliado nos portais da LAI foi a possibilidade do cidadão

solicitar pedido de recursos via internet (caso seu pedido de acesso aos dados públicos

tenha sido negado, por exemplo), esta variável só foi encontra em Curitiba, Londrina,

Ponta Grossa e Francisco Beltrão.

3.5 RANKING DA TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS DAS

PREFEITURAS

Após a realização das análises descritivas dos dados coletados, criamos um

“ranking da transparência” entre os 18 portais pesquisados. Este ranking servirá para

expor melhor a pontuação das prefeituras estudadas, também será utilizado para realizar

uma análise exploratória onde testamos nossas hipóteses de pesquisa buscando

descobrir se há alguma relação entre a pontuação das cidades no ranking da

Transparência e indicadores socioeconômicos e políticos.

44

TABELA 8: Ranking das prefeituras paranaenses

Fonte: Elaboração da autora.

A tabela acima mostra a pontuação total das cidades nos 47 critérios pesquisados

(Portanto 47 foi a pontuação máxima alcançada).

Para a criação do ranking da transparência, foi considerado que uma pontuação

entre 0 e 15, seria classificada como “baixa transparência”, entre 16 e 31, seria

classificada como “média transparência” e, a partir de 32 pontos até 47 “alta

transparência”. Assim, devido ao baixo “N” a categorização se deu em apenas três

níveis.

Desta forma, o ranking da transparência apresentou as seguintes pontuações.

45

A cidade de Curitiba apresentou o melhor desempenho na pesquisa, pontuando

em 40 questões. Assim, o Portal da Transparência da capital paranaense apresentou boas

ferramentas de interação com o cidadão, inclusive com a possibilidade de comunicação

direta e online em qualquer horário, também foi encontrada a divulgação dos salários

dos servidores nominalmente, outro ponto que se destacou foi o cumprimento de

praticamente todos os itens da Lei de Acesso à Informação, cumprindo 7 dos 8 critérios

exigidos.

Outra prefeitura que se destacou na pesquisa foi Francisco Beltrão, que embora

faça parte do grupo de cidades médias (com cerca de 78.000 habitantes), foi a segunda

melhor colocada no ranking, o portal da cidade se destacou pela eficiência na

divulgação da informação e no cumprimento das leis pesquisadas, a única ressalva se

deu pelo fato que o site possui uma difícil navegação.

Os portais de Maringá e de Guarapuava dentre as cidades consideradas de

grande porte, foram os que alcançaram as menores pontuações. Contrastando com

Francisco Beltrão que é eficiente na prestação de contas e deficiente na navegabilidade,

os portais de Maringá e de Guarapuava possuem uma ótima estrutura e boa

navegabilidade, porém há poucos dados, o que prejudicou a pontuação no ranking.

Como esperado, as cidades pequenas obtiveram as menores pontuações na

pesquisa. Sendo que os portais das três últimas colocadas, a saber: Santa Maria do

Oeste, Salto do Lontra e Palmas, possuem baixa acessibilidade e navegabilidade, assim

como baixa prestação de contas, e ainda não disponibilizam mecanismos de

transparência e muito menos de acesso à informação.

Porém dentro do grupo das cidades pequenas, o portal de Siqueira Campos

apresentou 23 dos 47 itens avaliados, uma pontuação interessante, sendo que o

município possui um website eficiente, com possibilidades de acompanhamento de

obras públicas, licitações e prestação de contas.

Vale destacar também o caso do município de Ortigueira, que comprova nossa

hipótese de que o executivo tende a obter desempenhos superiores no ranking da

Transparência em comparação com as câmaras municipais. Assim, nesta cidade a

prefeitura obteve um desempenho considerado muito bom, obtendo 26 pontos, ficando

em 6º lugar no Ranking das prefeituras, enquanto a câmara municipal não pontuou,

ficando em último lugar no ranking das câmaras.

Um dado importante que foi observado no estudo e que precisa ser apontado, é a

ausência do cumprimento da LAI em 72,2% dos websites pesquisados, nestes portais,

46

não foram encontradas nenhuma mensão a esta lei, nem informações sobre como obter o

acesso aos dados (através de telefones, endereços, etc.). Assim, a partir da amostra dos

portais das prefeituras estudadas, percebemos um total descumprimento da Lei de

Acesso à Informação nas prefeituras paranaenses.

47

4. TRANSPARÊNCIA PÚBLICA NOS PORTAIS DAS CÂMARAS

MUNICIPAIS

4.1 QUESTÕES PARA MEDIR A INTERAÇÃO: METODOLOGIA DE

BRAGATTO (2008)

Retomando a metodologia proposta por Rachel Bragatto a respeito da

navegabilidade e facilidade de acesso aos portais institucionais, foi avaliado aqui os

websites das 18 câmaras legislativas das cidades pesquisadas, assim temos:

TABELA 9: Questões para medir a navegabilidade dos portais legislativos: Metodologia de

Bragatto (2008).

Das 18 cidades avaliadas, o mecanismo de troca de idioma não pontuou em

nenhuma delas. O item “mapa do site” também foi bastante negligenciado, sendo que

somente Guarapuava, Campo Mourão e Siqueira Campos possuíam esta ferramenta.

Quanto ao mecanismo de acessibilidade para deficientes - importante ferramenta de

inclusão de cidadãos PNE22 - somente Guarapuava, Irati e Siqueira Campos

disponibilizavam este serviço. O quarto item denominado “ferramentas de busca”, que é

imprescindível para a facilidade de acesso aos dados destes websites, foi encontrado em

somente 9 câmaras legislativas.

Assim, de maneira geral, pode-se dizer que os portais online das câmaras

legislativas das cidades pesquisadas, não apresentam uma boa qualidade de

navegabilidade e de acesso as suas informações. E, comparativamente aos sites das

respectivas prefeituras analisadas, nota-se que as câmaras legislativas deixam a desejar

em todos os quesitos.

22 Portadores de necessidades especiais.

48

4.2. METODOLOGIA DE SILVA (2005): AVALIAÇÃO DOS TRÊS

GRAUS DE DEMOCRACIA DIGITAL NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Tal qual a análise realizada nos portais das prefeituras a partir da proposta de

Silva23 sobre os graus de democracia digital, utilizamos os mesmos critérios deste autor,

como referência para estudar o desempenho dos websites das câmaras legislativas das

cidades pesquisadas. O levantamento apontou os seguintes números:

TABELA 10: Três graus de democracia digital: Metodologia de Silva (2005).

As ferramentas de 1º grau pensadas por Silva, são aquelas que levam aos

cidadãos além de informações institucionais, alguns tipos de serviços públicos como por

exemplo, emissão de documentos. Desta maneira, dos portais das câmaras analisadas,

nenhum deles disponibilizavam a opção de “emissão de documentos oficiais” (pela

própria natureza da instituição), assim não houve pontuação neste item. As

“informações genéricas” sobre o órgão foi o item que mais pontuou, aparecendo em 17

câmaras, ainda no 1º grau, se destaca também o item 6, “presença de legislações”, no

qual somente Cornélio Procópio e Santa Maria do Oeste não pontuaram, além da

câmara do município de Ortigueira, que não possui portal online. Outros critérios de

qualidade como “diário oficial”, “notícias da administração”, “informações genéricas do

23 Cf. a sessão de metodologia (2.5)do presente trabalho pp. 28.

49

munícipio” foram encontrados em poucos websites, sendo que o 7º item “atendimento

online instantâneo” não foi encontrado em nenhum deles.

Os conteúdos de 2ºgrau que uma democracia digital necessita para se tornar

realizável, segundo Silva, são grosso modo, aqueles que fazem uma ponte de

comunicação online entre cidadãos e governo, temos assim 3 itens neste grupo, são eles:

“ouvidoria”, “votação eletrônica para sondagem de opinião” e “uso das TICs como

como ferramenta de participação”. Em nossa pesquisa as ferramentas de 2ºgrau não

pontuaram de maneira significativa, sendo que o valor mais alto foi alcançado no item

“ouvidoria”, com 6 câmaras disponibilizando essa opção, em seguida veio o item 10,

“uso das TICs como como ferramenta de participação”, com 2 cidades, Foz do Iguaçu e

Siqueira Campos, por fim a ferramenta “votação eletrônica para sondagem de opinião”,

foi ignorada por todas as câmaras pesquisadas.

As ferramentas do 3ºgrau necessárias para uma efetiva democracia digital, são

em linhas gerais, aquelas que prestam contas financeiras aos cidadãos, assim, nenhum

dos critérios do 3ºgrau foi encontrado nos websites legislativos analisados.

Portanto, dos 3 graus de democracia digital propostos por Silva, as câmaras

municipais das cidades avaliadas só alcançaram bons resultados no 1ºgrau, no 2ºgrau a

pontuação obtida foi pouco expressiva, sendo que no 3ºgrau nenhum item foi

encontrado.

4.3. ANÁLISE DO PORTAL DA TRANSPARÊNCIA BASEADO NA

LC131/09

Com base na tabela criada a partir dos conteúdos da Lei da Transparência,

faremos a seguir uma avaliação dos portais das câmaras municipais das 18 cidades

escolhidas. A análise dos “Portais da Transparência” se prendeu a avaliar a presença de

critérios retirados da Lei 131/09, dessa maneira, esta tabela busca ver como está se

dando a aplicabilidade prática da “transparência” nos websites institucionais.

50

TABELA 11: Variáveis para avaliação da Lei da Transparência.

Dos critérios avaliados acima, o que alcançou a maior pontuação foi o item 8, o

“link Portal da Transparência”, pelo simples fato de que as cidades que não o possuíam,

também não tinham o tal portal, assim, as câmaras dos municípios de Santa Maria do

Oeste, Cornélio Procópio e Sarandi não cumpriram este requisito da lei. O segundo item

que mais pontuou foi a questão da acessibilidade (boa ou ruim), que de maneira geral

alcançou um número razoável, chegando a 13 câmaras. A possibilidade de realizar

downloads dos dados, também foi respeitado por boa parte dos casos estudados. A

divulgação dos nomes dos servidores (concursados e comissionados), despesas com

viagens e a tempestividade de informações de despesas e receitas foi cumprida em 10

dos 18 municípios, procedimentos licitatórios e filtros de pesquisa também alcançaram

bons resultados. Os demais itens apresentaram resultados medianos e ruins, assim, por

exemplo, menos da metade dos portais possuíam dados atualizados (44,4%), a

publicação dos relatórios LDO/LOA/PPA só foi cumprido por 5 municípios, e somente

o item 16 (informações sobre programas, ações, projetos e obras) não foi obedecido por

nenhuma das câmaras.

Assim, pelos dados levantados, nota-se que em pelo menos 14 dos 18 casos

avaliados, houve cumprimento (ainda que mínimo) da Lei da Transparência, também foi

possível notar, que comparativamente, as prefeituras tendem a respeitar mais o que é

exigido na lei.

51

4.3.1. Questões para aferição nos portais da Transparência das câmaras

municipais

Como nas questões de aferição aplicadas nas prefeituras, o mesmo teste foi

realizado para avaliar os portais das câmaras. Os resultados levantados apontam os

seguintes resultados:

TABELA 12: Variáveis para aferição da Lei da Transparência

Comparativamente com as prefeituras, as câmaras municipais obtiveram

resultados baixos, dessa forma, o primeiro item avaliado “gastos com telefonia mensal”,

obteve pontuação em apenas 9 municípios (Guarapuava, Londrina, Foz do Iguaçu,

Ponta Grossa, Francisco Beltrão, Irati, Castro, Fazenda Rio Grande e Siqueira Campos),

sendo que diante da mesmo teste o executivo pontuou com 17 cidades.

As informações sobre “despesas com limpeza”, foram encontradas em apenas 4

cidades: Londrina, Foz do Iguaçu, Castro e Fazenda Rio Grande.

O item 3, que avaliava a divulgação de exonerações foi encontrado em 6

câmaras legislativas, sendo 5 delas em cidades de grande porte: Curitiba, Guarapuava,

Londrina, Maringá e Ponta Grossa e, apenas 1 cidade de médio porte disponibilizava

esta informação: Campo Mourão.

Já o último item, que avaliava os gastos com mídia e propaganda, só foi

encontrado em 5 câmaras: Guarapuava, Foz do Iguaçu, Francisco Beltrão, Castro e

Fazenda Rio Grande.

4.4. ANÁLISE DO PORTAL DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO

Conforme explicado na seção 3.3, a tabela de análise da LAI tem como objetivo

avaliar o cumprimento da transparência ativa da Lei de Acesso a Informação. Assim, foi

52

realizado um levantamento nos websites das câmaras dos 18 municípios estudados. Os

resultados constam na tabela abaixo:

TABELA 13: Variáveis para avaliação da Lei de Acesso à Informação

O primeiro ponto que foi avaliado questionava se no website estudado constava

o link denominado “Acesso à Informação”, assim, somente 5 câmaras possuíam este

recurso, outro critério perguntado era sobre a possibilidade de solicitar informação sem

precisar se deslocar, neste quesito 6 das 18 câmaras conseguiram pontuar, outro item

que pontuou foi o espaço “e-SIC”, ao todo 3 portais disponibilizavam esta ferramenta,

outros quesitos obtiveram pontuações muito baixas ou nulas, assim, por exemplo,

somente 2 câmaras disponibilizavam “acessibilidade” aos deficientes, são elas Francisco

Beltrão e Siqueira Campos, o “Fale conosco” foi disponibilizado nas câmaras de Castro

e Francisco Beltrão, outro item que apareceu pontuando baixo foi o “Perguntas e

respostas mais frequentes” com apenas 2 websites disponibilizando esta opção,

Francisco Beltrão e Siqueira Campos, as demais variáveis da lei não foram cumpridas

em nenhum dos portais pesquisados.

4.5. RANKING DA TRANSPARÊNCIA NOS PORTAIS DAS

CÂMARAS

Seguindo o caminho da análise já realizada nos websites das prefeituras e, a

listagem dos respectivos portais em forma de ranking, passaremos para a avaliação e

categorização dos portais das 18 câmaras estudadas. Temos dessa maneira, os portais

das câmaras dispostas em ordem decrescente.

53

TABELA 14: Ranking das câmaras legislativas paranaenses

Assim, a partir da metodologia24 criada para avaliar os portais, os resultados

mostram que dos 18 municípios estudados, nenhum alcançou um alto grau de

transparência e, somente 8 deles obtiveram uma pontuação mediana, os demais tiveram

desempenho baixo, tendo inclusive câmaras sem website, como no caso de Ortigueira.

É interessante notar que comparativamente, as câmaras municipais analisadas

ainda não se adequaram ao que é exigido pela legislação e, estão de maneira geral com

os níveis de qualidade bem abaixo dos websites das prefeituras, a única exceção se deu

no caso da cidade de Siqueira Campos, em que o portal do executivo municipal obteve

23 pontos, enquanto o website da câmara alcançou 25 pontos. Já Curitiba teve a maior

discrepância entre a prefeitura e a câmara, assim, o executivo conseguiu pontuar com

um alto grau de transparência chegando a 40 pontos - a única cidade a alcançar este

índice – e o portal da câmara ficou na sétima posição, com apenas 19 pontos, portanto

uma diferença de 21 pontos.

24 Cf. Seção 3.4 deste trabalho: 3.5. “Ranking da transparência”.

54

Um caso que chamou a atenção durante a pesquisa foi o município de Cornélio

Procópio, em que durante a onda de protestos de junho, foi criado na cidade o

“Movimento Muda Cornélio” (MMC)25, que exigia dentre outras coisas, mais

esclarecimento e transparência do legislativo local, assim, como mostra o resultado da

pesquisa a câmara daquela cidade obteve somente 2 pontos, um dos resultado mais

baixos de nosso estudo (o portal do legislativo local é desenvolvido em um blog, e não

consta o “Portal da Transparência” nem o link da “Lei de Acesso à Informação”), o caso

ilustra bem a importância que vem ganhando o tema da transparência na administração

pública para a política e para o fortalecimento da democracia no país.

Por fim, pode-se visualizar melhor os resultados da análise comparativa

realizada entre os rankings das prefeituras e câmaras municipais do Paraná observando

o gráfico abaixo:

25 Cf. Mais informações sobre este episódio podem ser acessados pelos seguintes links:

<http://www.esmaelmorais.com.br/2013/08/por-transparencia-na-politica-jovens-invadem-camara-de-

cornelio-procopio-pr/>

<http://www.correionoticias.com.br/site/manifestantes-de-cornelio-procopio-sofrem-ameacas-durante-

ocupacao-da-camara-de-vereadores/>

55

56

5. A INFLUÊNCIA DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E

POLÍTICOS NA TRANSPARÊNCIA PÚBLICA

Nesta etapa do trabalho pretendemos analisar os indicadores políticos e

socioeconômicos e sua relação com os resultados da transparência dos portais. O

ranking criado no capítulo anterior servirá como uma variável dependente na pesquisa.

E as hipóteses serão consideradas em função de sua significância para o nível da

transparência.

Para verificar essa relação foi realizado duas tabelas de correlação de Pearson

com o objetivo de verificar se o IDH-M, o PIB, a população, a idade do prefeito e a

presença de universidades tinham alguma significância para o ranking (ou nível de

transparência).

Assim, espera-se que quanto mais altos os índices socioeconômicos (o IDH-M, o

PIB, o número de habitantes, a presença de universidades) maiores serão os índices de

transparência pública.

Já nas variáveis políticas26, espera-se que quanto mais baixa a idade do prefeito

ou presidente da casa legislativa municipal maior será a transparência, pois acredita-se

que quanto mais novo for o político maior será a afinidade dele com as TICs e portanto

maior será a transparência.

Assim, será utilizado o gráfico de dispersão, que expressa quantitativamente as

relações entre duas variáveis, utilizaremos também a regressão linear para

determinarmos a relação média linear entre duas variáveis (o ranking da transparência e

os indicadores socioeconômicos), bem como, a tabela de correlação com o sig e

Pearson. Assim, conforme o coeficiente de Pearson, há correlação quando: r = 1:

perfeita; r = 0,80 - <1: muito alta; r = 0.60 - <0,80: alta; r = 0.40 - <60: moderada; r =

0,20 - <0.40: baixa; r = 0 - <0.20 muito baixa; r = 0: nula forte. Para medir o sig,

espera-se que os resultados sejam abaixo de 0,050.

5.1 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O RANKING DA TRANSPARÊNCIA

NAS PREFEITURAS

26 A variável partido não foi considerada como explicativa neste trabalho pois das 18 prefeituras pesquisadas 12 delas eram governadas por partidos considerados de esquerda, 4 de direita e 2 de centro - Segundo as classificações formuladas nos estudos de Kinzo (1990), Novaes (1994), Figueiredo e Limongi (1999), Fernandes (1995) e Rodrigues (2002).

57

TABELA 15: Correlação entre o ranking das prefeituras e os indicadores socioeconômicos

Fonte: Elaboração da autora.

A partir da tabela acima, foi possível verificar que o IDH-M apresentou 0,002 de

significância e a correlação de Pearson 0,683, ou seja, há uma correlação alta entre estes

resultados. Por sua vez, o número de habitantes (população) apresentou também uma

alta correlação, 0,659 e o sig de 0,003.

Da mesma forma, o PIB apresentou um sig de 0,004, e a correlação de 0,645,

também uma correlação alta.

Outro fator de correlação foi a presença de universidades, que demostrou uma

correlação moderada com o ranking da transparência das prefeituras. O Pearson foi 0,

596, e o sig de 0,009. Apenas o item “idade do prefeito” foi considerado negativo e de

correlação nula, demostrando não ter nenhuma relação a idade do prefeito e a qualidade

da transparência pública.

Em seguida, passamos para o gráfico de dispersão27, onde foi possível verificar a

relação dos indicadores como o ranking da transparência criado nos capítulos anteriores.

27 Como a correlação havia demostrado na tabela 15 que a variável idade do prefeito não apresentava

nenhuma relação com o nível de transparência dos portais, a esta variável não foi aplicado o gráfico de

dispersão.

58

Assim, o primeiro indicador a ser submetido ao gráfico de dispersão foi o IDH- M, que

cruzado com o ranking da transparência, apresentou o seguinte resultado:

GRÁFICO 4: Ranking das prefeituras e IDH-M

Fonte: Elaboração da autora.

No gráfico de dispersão acima, foi possível perceber que o r² apresentou valor de

0,466 o que indica que há uma relação positiva entro o IDH-M e o ranking da

transparência de 46,6%. Portanto, há uma tendência de que quanto maior o IDH, maior

será a pontuação das cidades no ranking da transparência. Em seguida, foi submetido ao

gráfico de dispersão o PIB municipal.

GRÁFICO 5: Ranking das prefeituras e o PIB

Fonte: Elaboração da autora.

59

Apresentando resultados um pouco menores que o IDH, o gráfico acima, indicou

que o PIB também apresenta uma relação positiva de r² 0,415 o que indica uma

tendência de que os municípios com o PIB mais elevados terão resultados mais

satisfatórios de transparência no ranking.

Em seguida o gráfico 6, indicou uma relação positiva entre o número de

habitantes e o ranking das prefeituras, onde o r² foi de 0,434. Assim, também, há uma

tendência de que quanto mais alto for o número de habitantes, maior será a

transparência dos webistes, o que comprova a hipótese de pesquisa.

GRÁFICO 6: Ranking das prefeituras e a população

Fonte: Elaboração da autora.

5.2 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E O RANKING DA TRANSPARÊNCIA

NAS CÂMARAS MUNICIPAIS

Abaixo é possível acompanhar, a tabela de correlação entre os indicadores

socioeconômicos e o resultado do ranking das câmaras municipais:

60

TABELA 16: Correlação entre o ranking da transparência das câmaras e os indicadores

socioeconômicos

Fonte: Elaboração da autora.

Na tabela 16, é possível perceber que o IDH-M apresentou 0,026 de

significância e a correlação de Pearson foi de 0,523, ou seja, há uma correlação

moderada entre estes resultados. Por sua vez, o número de habitantes (população), o

PIB e a idade do presidente da câmara, não apresentaram nenhuma significância no

ranking.

Já o item “presença de universidades” demostrou ter um sig de 0,034 e a

correlação de Pearson foi de 0,502, portanto, uma correlação também moderada entre

este indicador social e o nível de transparência.

Assim, da mesma forma que as prefeituras, foi submetido ao gráfico de

dispersão os mesmos indicadores socioeconômicos, o que torna possível verificar a

relação destes com o ranking da transparência nas câmaras. Esta análise apresentou os

seguintes resultados:

61

GRÁFICO 7: Ranking das câmaras e o IDH-M

Fonte: Elaboração da autora.

Diferentemente das prefeituras, o IDH demostrou uma baixa relação com o

ranking das câmaras municipais, onde o r² foi de apenas 0,273. Já a relação com o PIB,

foi ainda menor, o r² ficou em apenas 0,053.

GRÁFICO 8: Ranking das câmaras e o PIB

62

Fonte: Elaboração da autora.

O mesmo foi observado com a população, onde a relação foi de apenas r² 0,069.

GRÁFICO 9: Ranking das câmaras e a população

Fonte: Elaboração da autora.

Como esperado, foi possível comprovar nossas hipóteses de pesquisa em relação

aos indicadores socioeconômicos como o IDH-M, o PIB municipal, o número de

habitantes e a presença de universidades que demostram ter relação positiva como o

desempenho das prefeituras e câmaras municipais no ranking da transparência

propostos nos capítulos 3 e 4 deste trabalho. Assim, verificamos que esses indicadores

apresentaram muito mais significância e relações positivas no ranking das prefeituras do

que no ranking das câmaras municipais.

O único indicador analisado neste trabalho que representava os indicadores

políticos, não demostrou nenhuma causalidade com o ranking da transparência.

63

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho se propôs a examinar a qualidade dos portais eletrônicos em

diversas prefeituras e câmaras legislativas do estado do Paraná, com o intuito de

verificar se as Leis da Transparência Pública e de Acesso a Informação estavam sendo

executadas integralmente, e se existia alguma diferenciação no cumprimento dessas leis

entre o executivo e legislativo, buscamos também de maneira experimental, entender se

existe alguma relação entre os níveis de transparência e os indicadores socioeconômicos

e políticos destes municípios. Para tanto, foi realizado um ranking comparativo entre as

prefeituras e câmaras estudadas, com o intuito de verificar se as hipóteses levantadas se

comprovavam empiricamente. Assim, esperava-se que as prefeituras apresentassem

melhor desempenho que as câmaras, bem como as cidades de grande porte mostrassem

desempenhos mais altos que os municípios pequenos e, por fim que os indicadores

econômicos, políticos e sociais influenciassem a qualidade da transparência nos

websites.

A análise dos portais a partir da metodologia proposta por Rachel Bragatto,

apontou que as câmaras respeitam mais a exigência de acessibilidade para deficientes

que as prefeituras, e de forma geral, o único critério proposto por essa metodologia que

pontuou relativamente bem em ambos os poderes, foi a “ferramenta de busca”.

Também utilizamos a metodologia de Silva (2005) para verificar o grau de

democracia digital desses portais, assim, foi possível constatar que tanto as prefeituras

quanto as câmaras obtiveram pontuações mais expressivas no 1ºgrau. No 2ºgrau o único

item significativo a pontuar foi a “ouvidoria”, com presença em 10 prefeituras e em 6

câmaras. O 3ºgrau não obteve pontuação em nenhum dos websites.

Num terceiro momento passamos a analisar os portais a partir de variáveis

retiradas do texto da Lei da Transparência, e a assim constatou-se de maneira geral, que,

as prefeituras e câmaras das cidades grandes seguem as exigências da lei, bem mais que

as cidades pequenas e medias.

Após isso, os “portais da transparência” foram testados a partir de 4 critérios de

aferição, e foi possível perceber que as cidades grandes obtiveram um desempenho

superior as cidade medias e pequenas.

A seguir foi analisado os portais da Lei de Acesso à Informação, onde

constatamos que tanto as prefeituras quanto as câmaras tendem a ignorar o cumprimento

64

da LAI de igual forma, assim, somente 5 das 18 prefeituras possuíam um portal da lei

de acesso, nas câmaras ocorreu algo parecido, onde somente 6 das 18 câmaras

municipais cumpriam esta exigência.

Em linhas gerais, os resultados comparativos apontam que, as prefeituras tendem

a respeitar mais o cumprimento da Lei da transparência e da LAI do que as câmaras

legislativas municipais. Também comprovamos que em relação as cidades de grande e

médio porte, os municípios pequenos tendem a apresentar desempenhos menores no

ranking.

Por fim, os testes estatísticos demonstraram que os indicadores socioeconômicos

apresentam relação significativa com o nível de transparência das prefeituras. Já nos

portais das câmaras os únicos indicadores que apresentaram algum tipo de correlação

foi o IDH e a presença de universidade.

Assim, Muitas são as possíveis explicações para estes resultados, uma delas é

que os órgãos executivos apresentam maior exposição do prefeito diante de seus

eleitores, e de órgãos de controle como a CGU e o TC, pressionando os prefeitos a

seguirem a lei, muito mais do que os presidentes das câmaras municipais. Outra

possível explicação, seria de que quanto maior o IDH do município, maior o acesso da

população à informação, sendo portanto maior a cobrança por transparência pública e

consequentemente melhor o desempenho no ranking da transparência. Dessa forma, se

faz necessário em pesquisas futuras, um aprofundamento maior na busca de causalidade

para o ranking, levando em consideração o fato que tanto as prefeituras quanto as

câmaras municipais tendem sempre a melhorar suas performances, já que a LC 131 e a

Lei 12.527 são normas legais e enquanto tais devem ser cumpridas pelos órgãos

públicos.

65

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voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências, a fim de determinar a

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66

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informacao-sancionada-pela-presidenta-dilma-rousseff/>. Acessado em: 30/08/2013.

70

ANEXOS

FIGURA 1: DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM PONTA GROSSA

Fonte: Portal de Ponta Grossa. Visitado em: 03/09/2013

FIGURA 2: DEMONSTRATIVO DE PAGAMENTO DE DESPESAS DE GASTOS COM

VIAGENS EM MARINGÁ

Fonte: Portal de Maringá. Visitado em: 24/11/2013.

71

FIGURA 3: DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS POR CARGOS EM CAMPO MOURÃO

Fonte: Portal de Campo Mourão. Visitado em: 09/10/2013

FIGURA 4: DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM FRANCISCO BELTRÃO

Fonte: Portal de Francisco Beltrão. Visitado em: 24/11/2013

FIGURA 5: EXEMPLO DE DETALHAMENTO DE DESPESA REALIZADO PELA

PREFEITURA MUNICIPAL DE CASTRO

72

Fonte: Portal de Francisco Beltrão. Visitado em: 24/11/2013

FIGURA 6: CHAT DA PREFEITURA DE CURITIBA

Fonte: Portal da prefeitura de Curitiba. Visitado em: 15/01/2013

FIGURA 7 – DIVULGAÇÃO DOS SALÁRIOS NOMINAIS EM CURITIBA

73

Fonte: Portal da prefeitura de Curitiba. Visitado em: 15/01/2013

FIGURA 8 – DETALHAMENTO DAS DESPESAS EM LONDRINA

Fonte: Portal da prefeitura de Londrina. Visitado em: 15/01/2013