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Egressas(os) e

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Partilhando

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ANAIS DO

I ENCONTRO DE PSICOLOGIA

DA FUNEPE

2015

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© 2017 by Fundação Educacional de Penápolis – FUNEPE

Conselho Editorial

Prof. Me. Cledivaldo Aparecido Donzelli

Profa. Dra. Daniela Fink Hassan Bassalobre

Profa. Dra. Eni de Fátima Martins

Prof. Me. Everton Rodrigo Salvático Custódio

Prof. Dr. Hélio Moreira da Silva Júnior

Prof. Me. João Luís dos Santos

Prof. Me. Marcelo Ricardo Martelo

Prof. Dr. Rubens dos Santos Rosa

Prof. Tarcísio Augusto Vidal Barbosa de Carvalho

Profa. Me. Thábata Biazzuz Veronese

Prof. Me. Thiago Pereira da Silva Mazucato

Prof. Dr. Wanderli Aparecido Bastos

Prof. Esp. Wesley Piante Chotolli

Fundação Educacional de Penápolis

Prof. Me. Cledivaldo Aparecido Donzelli (Presidente)

Prof. Me. Márcio Vieira Borges (Gerente Administrativo e Financeiro)

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

Prof. Dr. Wanderli Aparecido Bastos (Diretor)

Coordenação Editorial desta publicação

Coordenação de Ensino, Pesquisa e Extensão – FUNEPE

Assessoria de Gestão Pedagógica – FUNEPE

[email protected]

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE PENÁPOLIS

Avenida São José, 400 – Vila Martins

16300-000 – Penápolis-SP

Fone: (18) 3654-7690

[email protected] / www.funepe.edu.br

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Dados catalográficos:

D689a

Anais do I Encontro de Psicologia da FUNEPE, / organizadores desta publicação: Cledivaldo Aparecido Donzelli, Wesley Piante Chotolli, Thiago Pereira da Silva Mazucato. ── Penápolis : Fundação Educacional de Penápolis, 2017.

38 p.

ISBN: 97885-93683-01-5

1. Organizações Gerais. I. Congressos.

CDD: 060

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Comissão Organizadora e Comissão Científica do Evento

COMISSÃO ORGANIZADORA

Profa. Dra. Eni de Fátima Martins

Profa. Me. Jéssica Raquel R. Stefanuto

Profa. Dra. Juliana P. Moura Campos Godoy

Prof. Me. Lucas Bondezan Álvarez

Profa. Me. Natália Guimarães Dias

Prof. Me. Rita de Cássia Vieira Borges

Profa. Dra. Sandra Elena Spósito

Profa. Me. Simone Cheroglu

Andrea de Oliveira

Daniela S. Quirino

Damaris V. Spinelli

Eliziane S. M.G. da Silva

Eva V. S. Teruel

Laércio Justimiano

Paulo Roberto S. Júnior

Renata G. Barbosa

Rosângela A. de Brito

Sara Rayane

Washington Pessoa

COMISSÃO CIENTÍFICA

Profa. Dra. Eni de Fátima Martins

Profa. Me. Jéssica Raquel R. Stefanuto

Profa. Dra. Juliana P. Moura Campos Godoy

Prof. Me. Lucas Bondezan Álvarez

Profa. Me. Natália Guimarães Dias

Prof. Me. Rita de Cássia Vieira Borges

Profa. Dra. Sandra Elena Spósito

Profa. Me. Simone Cheroglu

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SUMÁRIO

Apresentação, 06

O CAPS e a inclusão social dos portadores de transtorno mental, 08

Medicalização como instrumento para a superação do fracasso escolar: a visão dos

profissionais de educação em municípios do interior do estado de São Paulo, 10

Relato de experiência: intervenção psicológica junto a pacientes diagnosticados

com transtorno do espectro autista, 11

As barreiras encontradas para o tratamento de dependentes químicos do álcool,

13

Abstinência e fissura em usuários de crack, 18

A política de redução de danos como estratégia de promoção da saúde, 20

A atuação da Psicologia no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos de

15 a 18 anos em entidades assistenciais, 22

Adolescência e o ato infracional, 27

Políticas Públicas e garantia dos direitos LGBTT no sistema penitenciário, 30

Atuação do psicólogo em situações de desastres, 32

Psicologia do esporte aplicada: relato de experiência prática, 33

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APRESENTAÇÃO

O curso de Psicologia da FUNEPE promoveu, nos dias 11 e 12 de dezembro

de 2015, nas dependências da faculdade, na cidade de Penápolis/SP, o I Encontro

de Psicologia "Egressos e futuros psicólogos partilhando experiências".

O evento foi destinado a estudantes e profissionais da Psicologia e áreas

afins, como Saúde, Educação e Assistência Social e objetivou a integração dos

participantes, a divulgação e a construção do conhecimento científico, além da

promoção de discussões sobre a atuação profissional e temáticas relevantes à

Psicologia.

A programação foi composta por palestra e mesa-redonda com profissionais

convidados, assim como sessões de apresentação de trabalho abordando assuntos

pertinentes à Psicologia na atualidade:

Dia 11/12/2015

18h30 – Credenciamento

19h00 – Abertura oficial

10h30 – Palestra “O medo como instrumento de controle social”, ministrada pelo

Prof. Me. Henrique Meira Castro (Doutorando em Psicologia e Educação pela USP)

Dia 12/12/2015

9h às 10h – Painéis (alunos de Psicologia – Funepe e demais instituições)

10h às 11h30 – Comunicações Orais – graduados em Psicologia

14h às 16h – Mesa Redonda “Psicologia e Políticas Públicas: compartilhando

conhecimento e experiências na saúde e assistência social”, tendo como

debatedores Ederson Ribeiro Costa (Psicólogo, especialista em violência doméstica

pela USP), Juliana Peixoto Pizano (Psicóloga, especialista em saúde da família pela

UNESP/Botucatu e mestranda em saúde coletiva na Faculdade de medicina de

Botucatu)

16h – Confraternização e encerramento com entrega de certificados.

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As modalidades para apresentação de trabalho foram comunicação oral e

painel.

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Modalidade: Painel

O CAPS E A INCLUSÃO SOCIAL DOS PORTADORES DE TRANSTORNO MENTAL

Joice de Fátima Pitol Almeida¹, Angélica Aparecida Alves da Silva¹, Daniela Soares

Quirino¹,Eni de Fátima Martins²

O objetivo deste estudo é compreender a importância dos trabalhos

realizado no CAPS CENTRO DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL, na promoção da

interação social e de uma melhor qualidade de vida às pessoas portadoras de

transtorno mental. Para a elaboração deste trabalho foi realizado pesquisa

bibliográfica de artigos científicos e observação das práticas in loco. Trata-se de um

tema de fundamental importância, considerando o sofrimento causado pelo

isolamento social imposto aos portadores de transtorno mental. A postura da

sociedade, no que se refere às pessoas com transtornos mentais, sempre foi de

hostilidade. No final do século XIX, o critério adotado era a retirada dessas pessoas

do convívio social. Esse paradigma, denominado Institucionalização, foi sendo

gradualmente substituído a partir de meados do século XX, quando entidades

financiadas pelo poder público passaram a oferecer uma maior quantidade de

serviços a essas pessoas. Estudos científicos e grupos organizados da sociedade

começaram a perceber que a interação com a sociedade era fundamental para o

pleno desenvolvimento das pessoas com transtornos mentais. A interação social é

um processo através do qual a pessoa com transtorno mental pode manifestar

seus desejos e necessidades, e a sociedade deve implementar acesso

proporcionando a convivência de todos em um espaço comum. Diante desta

realidade, no Brasil, em 2001, promulgou-se a lei 10.216, objetivando a extinção

gradual dos hospitais psiquiátricos e sua substituição por outros recursos como o

CAPS, cujo objetivo principal é o atendimento aos sujeitos em sofrimento psíquico,

visando promover a reabilitação, o exercício da cidadania e a autonomia. A partir

desta nova perspectiva de cuidados, pautada na luta contra o modelo de

atendimento Manicomial, passou-se a exigir do sistema de saúde e das profissões

nele inseridas um processo longo e complexo de cuidados, guiados pela

possibilidade de a pessoa se apropriar do seu processo de saúde e doença,

conseguindo protagonizar novas formas de lidar com seu adoecimento,

estabelecendo novas possibilidades de vida comunitária, familiar, de relações

afetivas, e novos espaços de trabalho. Os psicólogos que atuam na área devem

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procurar estabelecer leituras que respondam a essas exigências, na busca por

direitos de cidadania dessas pessoas, como dimensão essencial na constituição dos

processos de sofrimento sob os quais intervém. Os estudos realizados

demonstraram que conhecimentos científicos e prática diária se interrelacionam,

contribuindo para que os usuários sintam-se pertencentes a uma sociedade e

capazes de ações sociais e individuais, que resgatem a cidadania, a auto-estima e o

sentimento de pertencimento.

Palavras-chave: Inclusão Social; Saúde Mental; Promoção de Saúde; CAPS.

¹Graduandas do 6º Semestre do Curso de Psicologia da Fundação Educacional de

Penápolis – FUNEPE, ²Professora Doutora do Curso de Psicologia da Fundação

Educacional de Penápolis – FUNEPE.

Contato: [email protected]

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Modalidade: Painel

MEDICALIZAÇÃO COMO INSTRUMENTO PARA A SUPERAÇÃO DO FRACASSO

ESCOLAR: A VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO EM MUNICÍPIOS DO

INTERIOR DO ESTADO DE SÃO PAULO

Aline Teixeira da Silva, Jaine Aparecida Vieira Guedes, Jayme Rodrigo Blanco dos

Santos, Marli Aparecida Peres, Dreyf de Assis Gonçalves

Universidade Paulista – UNIP, campus: Araçatuba

O fenômeno da medicalização é cada vez mais crescente na realidade

escolar, principalmente acreditado por alguns como a solução para o denominado:

fracasso escolar. A pesquisa quantitativa foi realizada nos meses de outubro e

novembro de 2015, em dois municípios do interior do estado de São Paulo, com a

participação de 50 profissionais atuantes no contexto escolar e articulando com

vasta pesquisa bibliográfica, considerando obras de autores da educação e

psicologia, bem como documentos referentes as políticas públicas e diretrizes de

ensino. Foi possível, com os dados obtidos, conhecer e relacionar a visão dos

profissionais com o apresentado na literatura teórica e assim desenvolver a

reflexão sobre o quão distante está a constante práxis Teoria X Realidade quando

o assunto em questão é a medicalização como instrumento para a superação do

fracasso escolar. Os resultados apontam que são necessários maiores

investimentos e esforços para que seja possível alcançar uma melhoria qualitativa,

visando reduzir os déficits existentes, e consequentemente promover o

alinhamento entre o esperado no contexto teórico e a prática cotidiana escolar.

Palavras-chave: Educação; Medicalização Escolar; Psicologia Escolar.

Contato: [email protected]

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Modalidade: Comunicação Oral

RELATO DE EXPERIÊNCIA: INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA JUNTO À PACIENTES

DIAGNOSTICADOS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA

Arielli Serafim Richart

O Transtorno do Espectro Autista cujas características diagnósticas

envolvem alterações qualitativas e quantitativas da comunicação, seja linguagem

verbal e/ou não verbal, da interação social e do comportamento

caracteristicamente estereotipados, repetitivos e com gama restrita de interesses.

No espectro, o grau de gravidade varia de pessoas que apresentam um quadro

leve, e com total independência e discretas dificuldades de adaptação, até aquelas

pessoas que serão dependentes para as atividades de vida diárias (AVDs), ao longo

de toda a vida.

O público alvo das intervenções psicológicas está ligado aos pacientes

inseridos na instituição APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), no

qual trata-se de uma associação civil, beneficente, com atuação nas áreas de

assistência social, educação, saúde, esporte, cultura, lazer, pesquisa e outros; sem

fins lucrativos ou de fins não econômicos, com duração indeterminada, tendo sede

em uma cidade do interior do estado de São Paulo.

Todos os usuários, sendo eles vinte e oito no total, do sexo masculino e

feminino, com idade entre dois e quarenta e cinco anos, possuem o diagnóstico de

Transtorno do Espectro Autista;

Os objetivos se desenvolvem em promover melhor qualidade de vida, autonomia,

independência e inserção social, ou seja, identificar habilidades preservadas,

potencialidades e preferências de cada paciente; Compreender o funcionamento

individual, respeitando seus limites e suas possibilidades de desenvolvimento,

buscando novas habilidades, para que assim minimize os comportamentos

disfuncionais; Desenvolver ou melhorar as habilidades de auto cuidado, repertório

social e qualidade do padrão de comunicação, seja verbal ou não verbal, de forma

mais positiva.

A metodologia do trabalho acontece em sintonia com a equipe

multidisciplinar - fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo, terapeuta ocupacional,

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neurologista, psiquiatra, ortopedia, enfermeira, e pedagogo, que visam identificar

a existência e o grau de Transtorno do Espectro Autista no paciente, por meio de

avaliações individuais, familiares e aplicação de testes. Nesse sentido, definem-se

metas e objetivos a serem atingidos durante período de tratamento.

Os atendimentos psicológicos são individuais e grupais em oficinas, três

vezes por semana e orientações familiares de uma vez por semana.

O trabalho está sendo desenvolvido há seis meses, ao longo do ano de

2015. Os resultados obtidos até o presente foram satisfatórios, sendo possível

alcançar os objetivos propostos com cada paciente, de acordo com os limites e

possibilidades de cada um deles. Desta maneira, permitindo que tal indivíduo

sinta-se seguro, enriquecendo o que se tem de bom, não inibindo as inadequações

e com isto fortalecendo as pequenas conquistas, entrando no “mundo” autista

subjetivo, explorando as trocas emocionais de modo favorável, considerando e

compreendendo suas histórias.

Palavras-chave: Transtorno do Espectro Autista, Instituição, Intervenção

Psicológica.

Contato: [email protected]

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Modalidade: Comunicação Oral

AS BARREIRAS ENCONTRADAS PARA O TRATAMENTO DE DEPENDENTES

QUÍMICOS DO ÁLCOOL

Nayane Ferracine Feitoso, Nayara Sussai, Rosemari Martines Tomé

O presente trabalho refere-se à prática de intervenções grupais feitas com

dependentes químicos de álcool, numa instituição localizada no município do

interior do estado de São Paulo, tendo como público alvo, moradores em situação

de rua. Características destes indivíduos: dependentes químicos, homens, com

baixo poder aquisitivo, baixo nível de escolaridade e com vínculos familiares

rompidos.

As barreiras encontradas para realizar as intervenções com estes indivíduos

dependentes químicos do álcool, são entre outras a questão cultura, pois nossa

sociedade, esta substância é vista com muita naturalidade, está relacionada por

meio da mídia com prazer, resolutividade de problema como exemplo a timidez.

Em nenhum momento ouvimos discutir que se trata de uma substância psicoativa

que causa dependência.

Como o público que atendemos não tem o suporte familiar, porque foi

rompido devido sua situação, muitos deles quando aceitam o tratamento vão para

uma clinica terapêutica, e ao retornarem tem que dar conta desta sociedade que

cultiva o álcool, muitas vezes o que observamos na nossa prática são as recaídas,

que ao analisarmos o que houve deparamos com a problematização novamente da

naturalização do álcool na nossa sociedade, pois familiares e amigos acreditam

que o individuo esteja “curado” da dependência e portanto agora cabe a ele

somente ter o controle da dosagem, e se não conseguir a culpalização somente

será do usuário que foi “fraco”. Pra melhor contextualizar esta problemática

iremos fundamentar teoricamente nosso trabalho.

Substância com potenciais de abuso são aquelas que podem desencadear

no individuo a auto-administração repetida, que geralmente resulta em tolerância,

abstinência e comportamento compulsivo de consumo. (Laranjeira,2003).

O álcool é considerado uma droga psicoativa que atua no sistema nervoso

central e provoca mudanças no comportamento de quem o consome. É uma droga

lícita, no entanto não significa que é uma droga mais leve, pelo contrário, provoca

os mesmos perigos que as drogas ilícitas (BRASIL, 1999).

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A comercialização do álcool se dá por vários fatores, dentre eles o cultural e

o histórico, pois está presente em diversos países, sendo que o consumo do álcool

é considerado em lugares como divino e como medicamentoso. Outro fator são os

produtores que se firmaram no setor industrial e comercial, tendo a presença

constante deste em comerciais, com intuito de incentivar o seu consumo. Para

isso, utiliza-se de propagandas do álcool associado a atividades desde erotismo até

os esportes mais populares (BRASIL, 1999).

Nesse sentido, o álcool tornou-se um problema sério de saúde pública, pois

no plano individual, pode trazer prejuízo para o indivíduo que o consome, seus

efeitos podem causar euforia inicial e desinibição, em seguida pode haver uma

melancolia e/ou agressividade. Já para a sociedade, pode acarretar problemas

sociais, pois o álcool está vinculado a episódios de violências e acidentes. De

acordo com o referido documento, o alcoolismo é considerado uma doença,

portanto tem que entender o alcoolista sem julgamentos morais ou preconceitos

(BRASIL, 1999).

Diante dos fatores acima relacionados, observa-se que há uma preocupação

em relação à essa problemática, por exemplo, podemos destacar o decreto de

número 6117/2007 (BRASIL, 2007), aprovado como uma política nacional sobre o

uso indevido do álcool. O objetivo dessa política é pensar em estratégia para o

enfrentamento coletivo das problemáticas que estão relacionadas ao consumo do

álcool. Para tanto, serão contempladas a intersetorialidade e integralidade de

ações, reduzindo danos sociais e de saúde causados pelo consumo desta

substância, e definindo diretrizes, dentre elas: promover interação entre governo e

sociedade, ampliando e fortalecendo as redes locais de atenção integral para as

pessoas que apresentam problemas decorrentes do consumo excessivo do álcool.

A pesquisa social trabalha na compreensão das questões sociais. Tais

questões se encontram em diversos grupos sociais que estão em constantes

mudanças, não sendo estáticos. Segundo com Minayo (2004), essas problemáticas

deverão ser analisadas de acordo com o momento histórico que a sociedade se

encontra. Através desta visão ampla que a sociedade nos traz, fica-nos posta uma

ideologia de que os problemas são algo naturalizado, sem compreender que isso

foi construído historicamente.

Desta forma, a classe dominante é favorecida, pois quando se acredita que

os problemas são naturais, acaba-se por culpabilizar somente o indivíduo,

isentando o governo de sua responsabilidade em criar políticas públicas que

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atendam às necessidades básicas dos indivíduos. O Estado tem o papel de

promover essas políticas públicas garantindo aos cidadãos os seus direitos, como:

saúde, habitação, educação e lazer comprometendo-se com a diminuição da

desigualdade social.

De acordo com Lane (1985), a psicologia social estuda o comportamento

dos indivíduos nas suas relações sociais, visando à compreensão do homem

inserido na sociedade. Sabemos que essas relações não são estáticas, estão em

movimento e em transformações. Portanto, o psicólogo social necessita analisar o

momento histórico em que o indivíduo está vivenciando essas experiências.

O indivíduo inserido no contexto histórico vai se constituindo na sociedade

desde seu nascimento, por meio das relações sociais. É necessário, para sua

sobrevivência, que os indivíduos tenham contato com outras pessoas, formando

grupos que impõem normas que determinam as relações sociais. Desse modo, os

indivíduos cumprem seus papéis sociais, como por exemplo: o de pai, de mãe, de

filho e de mulher. Assim, podemos perceber que há uma ideologia imposta na

sociedade que define o que o indivíduo deve seguir e quando isto não acontece o

mesmo é excluído, sofrendo preconceito (LANE, 1985).

Segundo Bock, Ferreira, Gonçalves e Furtado (1986), a Psicologia Sócio-

histórica contribui com uma visão crítica sobre os fenômenos sociais e com o

comprometimento com a transformação social, opondo-se à naturalização desses

fenômenos. Os autores citados afirmam que, ao se referir ao indivíduo e

sociedade, é impossível fazê-lo de forma dicotomizada, sendo necessário entender

o indivíduo dentro de seu contexto histórico para compreender os aspectos que

formam seus processos de consciência.

De acordo com Heller (1972), o indivíduo, por meio das relações sociais, na

sua cotidianidade, encontra elementos que fundamentam trocas de informações.

É nas atividades sociais, como organização do trabalho, que da vida privada, entre

outros, vai se apropriando. No entanto, a autora apresenta que existem as

particularidades do indivíduo, a partir das quais ele vai à busca de suprir

necessidades para satisfazer seu eu, pois todos sentem fome, sede, paixão, mas

cada um tem a forma singular para vivenciar essas relações.

Segundo Guareschi (1981), a ideologia concretiza-se com a padronização do

ser humano na sociedade, fazendo com que os indivíduos constituam uma ideia

distorcida de que tudo que está presente na sociedade é algo naturalizado. Sendo

assim, sustenta-se as relações de dominação de classe, materializando com uma

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estratégia corporificada, com a intenção de manter as relações de desigualdades e

injustiças.

De acordo com Chaui (1994), a ideologia é um instrumento de dominação

de classe. Ela é um conjunto de ideias, valores e morais que definem como a

sociedade se deve comportar. No entanto, a população dominada não tem a

compreensão dessa ideologia, pois esse é algo tão sutil que parece ser impossível

remover, isto porque a finalidade da ideologia é manter velada esta dominação.

Logo, o indivíduo pensa ser livre para realizar as suas escolhas e que o sucesso ou

não de sua vida dependerá somente dele, por meio de seus esforços, sorte ou

destino, sem compreender que os indivíduos não têm os mesmos direitos de

escolha e nem seria possível pelas desigualdades existentes.

De acordo com Ciampa (2004), a identidade do indivíduo é um fenômeno

social que passa a ser entendido como um processo de identificação. É algo que

está sempre se construindo por meio das relações sociais, objetivando como

membro de uma família, de uma sociedade.

Como podemos analisar o individuo se constrói na sociedade, como os

valores e os preconceitos. E o dependente químico também está inserido neste

contexto, tanto a questão que o fez se envolver com a substância química, como a

que se mantém neste processo, e quando ele opta por um tratamento as

instituições tem que ter este olhar, trabalhar estes conceitos, tanto com o usuário,

como seus familiares. Para tanto é necessário que estes profissionais tenham esta

visão contextualizada e critica, pois ao contrário será mais uma pessoa para julgá-

lo caso tenham uma recaída.

Palavras-chave: Dependência Química, álcool e sociedade.

Contato: [email protected]

Referências

BRASIL. Decreto nº 6.117 Aprova a Política Nacional sobre o álcool e sua

associação com a violência e criminalidade, e dá outras providências de 22 de maio

de 2007.

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17

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Políticas de Saúde. Diretoria do

Programa de Educação em Saúde. Área Técnica de Saúde Mental; Alcoolismo:

quando o prazer torna-se drama. Rio de janeiro: Vídeo Saúde, nov.1999.

BOCK, A. M. B. et al. Silvia Lane e o Projeto do Compromisso Social da Psicologia.

Psicologia & Sociedade/Associação Brasileira de Psicologia Social. vol.1, n.1. São

Paulo: Abrapso, 1986, p. 46-55.

CHAUI, M. S. O que é ideologia. 38ª ed. São Paulo, Editora: Brasiliense, Coleção

primeiros passos, 1994.

GUARECHI, P. A. Comunicação e poder: a presença e o papel dos meios de

comunicação de massas, estrangeiros na América Latina. 2. ed. Petrópolis: Vozes,

1981.

HELLER, A. O cotidiano e a história. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1992.

LANE, S. T. M. O que é psicologia social. São Paulo: Nova Cultura-Brasiliense,1985.

LARANJEIRA;et.al. Usuários de substância psicoativa:abordagem , diagnóstico e

tratamento.São Paulo:Conselho regional de medicina do estado de São

Paulo/associação médica, 2003.

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Modalidade: Painel

ABSTINÊNCIA E FISSURA EM USUÁRIOS DE CRACK

Nivaldo de Lima Costa¹, Juliana Pardo Moura Campos Godoy1

Estudos recentes sobre o consumo de substâncias psicoativas têm

chamando a atenção da sociedade demonstrando os efeitos e as consequências

que a droga, mais especificamente o crack, ocasiona às pessoas, tornando assim

assunto de interesse generalizado entre profissionais, por exemplo, Psicólogos, por

se configurar-se como um problema de ordem social, de âmbito familiar,

socioeconômico, de valores pessoais, físicos e biológicos. Nessa perspectiva, o

presente estudo teve como objetivo ampliar o conhecimento sobre o uso do crack,

focando o período de abstinência e fissura através de revisão da literatura. A

fissura é o desejo incontrolado pelo uso de substâncias químicas, da qual o adicto

é dependente. No uso do crack, ela se manifesta muito rápido: cerca de 8 a 10

segundos e mesmo após terminar de consumir uma “pedra”, o dependente já tem

a fissura por outra, expressando o desejo de usar droga continuamente. A

literatura aponta a fissura como um dos grandes fatores de recaída e também

permanência na droga. Não se tem ainda hoje um tratamento eficaz que possa

combater esse desejo incontrolável que a fissura proporciona ao usuário. Os

momentos de abstinência, período em que o usuário fica sem a droga, são

apontados por estudos como sensíveis e de risco para a saúde mental do

dependente e sua superação irá depender do tratamento e dos indivíduos

envolvidos. A relevância de tal pesquisa, exploratório-reflexiva, se deu a partir da

observação de que elementos como a fissura e a abstinência no uso de crack são

fatores cruciais na promoção da saúde. Portanto, concluímos que diante de um

campo multifacetado de possibilidades de cuidado, se faz necessária a reflexão

sobre as estratégias de promoção da saúde mental, como fundamentos

indissociáveis para uma atenção integral as pessoas com sofrimento decorrente do

uso de drogas, sendo um campo que o Psicólogo pode contribuir em atuações

interdisciplinares no âmbito dos Centros de Atenção Psicossocial de Álcool e

Drogas (CAPS Ad).

Palavras-Chave: Fissura, Abstinência e Saúde Mental.

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¹FUNEPE Penápolis

Contato: [email protected]

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Modalidade: Painel

A POLÍTICA DE REDUÇÃO DE DANOS COMO ESTRATÉGIA DE PROMOÇÃO DA

SAÚDE

Angélica Aparecida Alves da Silva¹, Joice de Fátima Pitol Almeida¹, Fabiana Ferreira

Bomente¹, Daniela Soares Quirino¹, Lucas Bondezan Alvares²

Os Programas de Redução de Danos (PRD) são um conjunto de estratégias

de saúde que têm como foco reduzir e prevenir as consequências negativas

associadas ao uso de drogas. A Política de Redução de Danos surgiu no Brasil na

década de 1980 devido aos altos índices de transmissão de HIV relacionados ao

uso de drogas injetáveis. Na atualidade, esta Política Pública busca atender, além

dos usuários de drogas injetáveis, também aos usuários de outras drogas, como o

crack, que deixam os usuários em situação de vulnerabilidade, devido ao uso

abusivo e ao compartilhamento de insumos. É comum o trabalho de Agentes

Redutores de Danos também em festas temáticas, onde se encontram

adolescentes e adultos usuários de substâncias, os quais recebem informações e

orientações. Estes programas constituem um marco da atuação da saúde pública

contemporânea, e estão direcionados para aqueles usuários que não querem ou

não conseguem parar com o consumo de drogas, mesmo que esses hábitos

estejam resultando em danos a si mesmos, a suas famílias e à sociedade em geral.

A Redução de Danos pode ser entendida como uma alternativa às abordagens cuja

meta seja exclusivamente a abstinência do uso de drogas. A Política de Redução de

danos tem como objetivo a prevenção e a promoção de saúde, buscando atender

aos indivíduos de maneira a proporcionar a responsabilidade pessoal de cada um

por sua saúde, num sistema horizontal, independentemente de onde os usuários

se encontrem, ao invés de estigmatizá-los e puni-los. Este trabalho foi realizado

através de pesquisa bibliográfica de artigos científicos que tratavam sobre os

Programas de Redução de Danos e a atuação dos Agentes Redutores de Danos,

objetivando estudar mais sobre este tema, considerando a relevância do mesmo

para a promoção de saúde dos usuários de drogas. Foi possível concluir que a falta

deste atendimento preventivo acarretaria danos ainda maiores à saúde dos

usuários de drogas, para quem os Programas de Redução de Danos são a única

opção de cuidados, considerando que, enquanto usuários, além de vistos como

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doentes, são desprezados pelas pessoas que pregam práticas proibicionistas e

abstêmicas.

Palavras-chave: Redução de Danos; Vulnerabilidade; Saúde Mental; Promoção de

Saúde.

¹Graduandas do 6º Semestre do Curso de Psicologia da Fundação Educacional de

Penápolis – FUNEPE, ²Professor do Curso de Psicologia da Fundação Educacional

de Penápolis – FUNEPE.

Contato: [email protected]

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Modalidade: Comunicação Oral

ATUAÇÃO DA PSICOLOGIA NO SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE

VÍNCULOS DE 15 A 18 ANOS EM ENTIDADES ASSISTENCIAIS

Juliana Marques Castilho de Matos

Este trabalho tem como objetivo relatar a experiência profissional crítica da

psicologia no âmbito das políticas públicas de assistência social de proteção básica,

sendo esta o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de 15 a 18 anos

e o programa de Transferência de Renda (Ação Jovem). Este serviço é desenvolvido

por uma entidade assistencial de uma cidade do interior do estado de São Paulo e

possui equipe técnica formada por uma psicóloga, uma assistente social e equipe

complementar formada por uma auxiliar administrativo, uma cozinheira e um

motorista.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos tem como publico

alvo adolescente beneficiários de programas governamentais de transferência de

renda; egressos de medidas socioeducativas; que apresentam vulnerabilidades

características de diversas fase do desenvolvimento; que apresentam fragilização

dos vínculos familiares e/ou comunitários e encaminhados pela rede de proteção

social especial (Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, 2013).

A abrangência do serviço é municipal e possui previsão mensal de

atendimento de 251 adolescentes.

O serviço possui como objetivo, segundo a Tipificação Nacional de Serviços

Socioassistenciais (2013), a promoção da inclusão social dos jovens considerados

em situação de vulnerabilidade, estimulando a conclusão da escolaridade básica

por meio da transferência de renda. Realizar o desenvolvimento de ações com os

adolescentes e jovens e complementando o trabalho social com as famílias

buscando prevenir a ocorrência de situações de risco social e fortalecer a

convivência familiar e comunitária.

As atividades desenvolvidas com os adolescentes são realizadas

semanalmente e visam o propiciar vivências para o alcance de autonomia e

protagonismo social, estimulando a participação na vida pública do território e

desenvolver competências para a compreensão crítica da realidade social e do

mundo contemporâneo.

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Possibilitando o reconhecimento do trabalho e da educação como direito de

cidadania e desenvolver conhecimentos sobre o mundo do trabalho e

competências específicas básicas, contribuindo para a inserção, reinserção e

permanência do jovem no sistema educacional.

O presente resumo pretende apresentar a importância da atuação do

psicólogo no âmbito da assistência social estar pautada em uma visão social critica

que busque a emancipação dos indivíduos e a transformação social. Portanto para

refletirmos sobre o nosso papel profissional, abordaremos um pouco da história da

psicologia no âmbito das políticas públicas de assistência social.

Nas últimas duas décadas surge um novo campo para a atuação dos

psicólogos no Brasil, atuando em questões sociais, identificando o papel do

psicólogo na realidade brasileira, contribuindo para o surgimento do conceito de

Compromisso Social da Psicologia, sendo uma atuação comprometida com a

realidade social do país. Estabelecendo assim a conexão entre a Psicologia e às

Políticas Públicas (Conselho Federal de Psicologia CFP, 2011).

As políticas públicas na área da Assistência Social representam na

atualidade um importante espaço de atuação, intervenção e pesquisa para os

profissionais da Psicologia. Os estudos e capacitações realizados sobre essa área

de trabalho são importantes tanto para os alunos do curso de Psicologia quanto

para os profissionais que atuam na rede socioassistencial, almejando contribuir

para o desenvolvimento de uma visão e atuação crítica e transformadora nesse

âmbito da realidade. No momento atual os psicólogos estão cada vez mais

inseridos em trabalhos em entidades assistenciais e em outros espaços que

implementam políticas públicas, estando presente em diversos setores, como:

infância, adolescência, famílias, idosos, deficientes, saúde, etc., tanto na esfera

federal quanto no estadual e municipal. É ressaltada a importância de que esses

profissionais tenham conhecimento da problemática mais ampla que abrange a

Assistência Social e seus temas conexos no país (Benelli & Costa-Rosa, 2011).

Ao analisarmos a historia da política de Assistência Social no Brasil

encontramos, segundo, Macêdo, Pessoa & Alberto (2015), a supremacia das

perspectivas assistencialistas e caritativas, especialmente quando focada para a

infância e adolescência.

Benelli (2013) reflete que a Psicologia surge no contexto de uma nova

realidade burguesa, na qual o Estado necessita gerenciar indivíduos, segundo o

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autor a exigência social estatal em relação à atuação da psicologia se refere a um

trabalho de ajustamento e adaptação do individuo à norma social em vigor.

A assistência social no Brasil, segundo Yamamoto & Oliveira (2010), recebeu

fortes influências do assistencialismo, da lógica tutelar, do clientelismo e da

conhecida instituição representativa da assistência social brasileira, a Legião

Brasileira da Assistência (LBA), fundada em 1942. Para os autores, o campo das

políticas sociais além de representar um novo espaço de atuação para os

profissionais de psicologia, representa também a necessidade de estabelecer uma

forma diferente de trabalho, distinta da prática tradicional. Uma compreensão de

indivíduo considerado dentro de um viés psicologista, não corresponde com as às

necessidades desse campo de atuação.

Benelli & Costa-Rosa (2011), refletem sobre o papel das entidades sociais

esperado pela sociedade capitalista, atribuindo sua “importância” ao atendimento

de crianças e adolescentes em situação de risco. No entanto, apesar dos avanços

das políticas públicas de assistência social, ainda existe uma exigência estatal, para

que o trabalho desenvolvido pelas entidades assistências seja focado em torno da

classificação das vulnerabilidades sociais, e a sua administração, como observado

na de Cartilha de Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de

Vínculos – Passo a Passo (MDS, 2013).

É fundamental que exista por parte dos profissionais de psicologia, (Benelli,

2013; Paiva & Yamamoto, 2010), uma visão crítica sobre o poder de controle que

lhes foi historicamente atribuído, poder esse que espera que os psicólogos

“enquadrem” os indivíduos a uma norma social vigente. Buscando atuar de forma

contextualizada e pautada em uma ética. Necessitando existir uma profunda

reflexão e entendimento sobre o contexto em que ocorre a sua prática, e também

sobre a dimensão política e filosófica que engloba a intervenção social.

Observamos que a Assistência Social, mesmo diante das políticas públicas

ainda carrega a função de ensinar, corrigir, tutelar e controlar as classes populares.

No entanto, segundo a nova concepção de Assistência Social, enquanto política

pública apresenta uma proposta social crítica, reconhecendo o caráter sócio-

histórico dos indivíduos. Mas a esfera da reflexão dos “problemas sociais”

entendidos enquanto políticos, econômicos e resultado do sistema capitalista não

é debatida, não havendo espaço para ser profundamente questionada e

trabalhada dentro do campo da assistência social.

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Ainda é esperado do papel dos psicólogos dentro das políticas públicas de

assistência social, seja nos ambientes, Centro de Referencia de Assistência Social

(CRAS), Centro de Referencia Especializado de Assistência Social (CREAS) e

entidades assistenciais, a função de cuidar, adaptar e gerenciar as consideradas

“vulnerabilidades pessoais e sociais” das classes baixas. Buscando, muitas vezes,

efetivar o processo de psicologização e patologização do individuo. Observamos

isso na Tipificação Nacional de Assistência Social, que orienta aos psicólogos

classificar os usuários dos seus serviços em vulnerabilidades sociais prioritárias.

Exigindo que realizem um papel de acompanhamento dos considerados

“problemas sociais”, desconsiderando a esfera política existentes na origem dos

mesmos, buscando apenas realizar o enquadramento desses indivíduos nas

normas sociais vigentes.

Sendo assim, conforme Benelli (2013) é fundamental que exista um

questionamento crítico por parte dos psicólogos que atuam na Assistência Social.

Buscando, alinhar sua reflexão com sua prática, de forma alcançar um

comprometimento social, que nos leve atuar de forma contextualizada, política,

que almeje a emancipação dos sujeitos, visando o inicio de uma possível

transformação.

Palavras-chave: Políticas públicas, entidades assistenciais, psicologia.

Referências

BENELLI, Silvio José and COSTA-ROSA, Abílio da. Para uma crítica da razão

socioeducativa em entidades assistenciais. Estud. psicol. (Campinas) [online]. 2011,

vol.28, n.4, pp. 539-563. ISSN 0103-166X. Acesso em 24/09/2015, do:

http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2011000400014.

BENELLI, Silvio José. A Lógica da Internação: Instituições totais e disciplinares (des)

educativas. Editora Unesp Digital. São Paulo, 2014.

BENELLI, Silvio José. Apontamentos sobre as práticas psicológicas desenvolvidas

nas entidades assistenciais que atendem a crianças e adolescentes pobres. Rev.

Psicol. UNESP, Assis , v. 12, n. 2, dez. 2013 . Disponível em

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-

90442013000200001&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 out. 2015. Acesso em,

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29/09/2015, do: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1984-

90442013000200001&script=sci_arttext

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Cartilha

Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Passo a

Passo. Brasília, 2013. Acesso em 14/10/2015, do;

http://www.cnm.org.br/portal/images/stories/Links/22112013_NT_035_2013_Re

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BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Tipificação

Nacional de Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2013 Acesso em 14/10/2015, do:

http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/ti

pificacao.pdf

CFP. Como os Psicólogos e Psicólogas podem contribuir para avançar o Sistema

Único de Assistência Social (SUAS): e gestores. Informações para gestoras.

Conselho Federal de Psicologia. Brasília, 2011. Acesso em 14/10/2015, do:

http://crepop.pol.org.br/novo/wp-content/uploads/2011/12/GestoresSuasfinanl-

corrigido.pdf

DE PAIVA, Ilana Lemos; YAMAMOTO, Oswaldo Hajime. Formação e prática

comunitária do psicólogo no âmbito do “terceiro setor”. Estudos de Psicologia, v.

15, n. 2, p. 153-160, 2010. Acesso em 29/09/2015, do:

http://www.scielo.br/pdf/epsic/v15n2/04.pdf

MACÊDO, Orlando Júnior; PESSOA, Manuella Castelo Branco; ALBERTO, Maria de

Fátima Pereira. Atuação dos Profissionais de Psicologia Junto à Infância e à

Adolescência nas Políticas Públicas de Assistência Social.Psicologia: Ciência e

Profissão, v. 35, n. 3, p. 916-931, 2015. Acesso em 14/10/2015 do:,

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-

98932015000300916&script=sci_abstract&tlng=es

YAMAMOTO, Oswaldo Hajime; OLIVEIRA, Isabel Fernandes de. Política Social e

Psicologia: uma trajetória de 25 anos. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 26, n. 26, p.

9-24, 2010. Acesso em 25/09/2015, do:

http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a02v26ns.pdf

Contato: [email protected]

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Modalidade: Comunicação Oral

ADOLESCÊNCIA E O ATO INFRACIONAL

Richart, Arielli Serafim ; Rocha, Gabrieli Lázara Conde Caetano; Eni de Fátima

Martins

A problemática de adolescentes em conflito com a lei tem sido motivo de

preocupação de diversos campos da sociedade: governos, educadores, familiares,

entre outros. Em geral a população não costuma pensar sobre quais fatores estão

envolvidos no fato de um adolescente estar em conflito com a lei. Muitas vezes

apenas o adolescente é colocado como responsável por um ato infracional

Tendo em vista essa demanda, torna-se importante contextualizar o fato do

adolescente entrar em conflito com a lei. Neste sentido, o ato infracional cometido

por um adolescente necessita ser contextualizado em suas condições sócio-

históricas de desenvolvimento, considerando que a adolescência é um processo de

transição biopsicossocial da infância para a vida adulta, caracterizada na cultura

ocidental como uma etapa do desenvolvimento do pensamento, opiniões e

interesse em participar da vida social.

Dessa forma, as ações e os modos de se comportarem também são

pensados e analisados pelos próprios adolescentes. Sendo assim, colocamos a

seguinte questão para o presente estudo: Quais são os sentidos e significados do

ato infracional e quais são os fatores a ele relacionados segundo a opinião dos

jovens? Desse modo, buscou-se verificar e analisar a compreensão dos alunos

participantes sobre o ato infracional na adolescência, bem como, sobre os fatores

que influenciam esta prática.

A presente pesquisa foi desenvolvida com um grupo de adolescentes de

uma escola da rede pública de Ensino Médio de uma cidade de pequeno porte do

interior do Estado de São Paulo. O trabalho embasou-se na pesquisa de campo

qualitativa, e a coleta de dados foi por meio de uma técnica chamada grupo focal,

que teve como objetivo identificar nos integrantes, opiniões, sentimentos, formas

de pensar, entender, interpretar, a realidade das pessoas envolvidas.

Esse momento permitiu articular reflexões sobre o tema proposto, dando

voz aos adolescentes e possibilitando que os mesmos compartilhassem com o

grupo suas concepções com base na realidade social vivenciada. No que se refere à

compreensão dos participantes sobre o ato infracional cometido por adolescentes,

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se fez possível perceber que o entendimento dos participantes se pauta em

explicações pragmáticas e contraditórias.

No que diz respeito à visão dos adolescentes sobre os fatores que

influenciam a prática do ato infracional, pode se dizer que se apropriam de uma

variabilidade de explicações, contemplando tanto aqueles difundidos no senso

comum e nos veículos de comunicação social, quanto outros que indicam uma

visão mais abrangente.

Dentre esses fatores se destacam: elementos relativos às políticas públicas

(pouca rigidez nas leis e educação de qualidade); visão social (estereótipos

referentes à cor do sujeito ou a sua classe social); aspectos individuais e familiares

(a pouca responsabilização pela infração cometida, as características subjetivas de

quem infraciona, interesses materiais e satisfações pessoais, necessidades básicas

de sobrevivência, dentre outros fatores).

O conhecimento obtido sobre a apropriação de significados quanto ao ato

infracional, como reducionistas e culpabilizadores do próprio adolescente e de sua

família, indicam a necessidade de discussões sobre o assunto com diversos

integrantes dos espaços educativos, visando ampliar conhecimentos sobre as

determinações envolvidas nesse fenômeno, possibilitando desmistificar

significados preconceituosos e naturalizantes contribuindo para o aumento da

consciência, permitindo assim aos adolescentes a participação na sociedade como

um sujeito histórico e em movimento que se constrói e se transforma no constante

processo dialético, protagonizando a defesa de seu direito ao desenvolvimento

integral.

Como apontamento final, a perspectiva adotada no presente estudo é de

que o adolescente pode ser protagonista no processo de transformação social de

uma sociedade que culpabiliza-o por boa parte das violências que ocorrem em seu

interior. Ao conhecer os sentidos e significados atribuídos pelos adolescentes ao

ato infracional, envolvendo uma visão reducionista de culpabilização do próprio

adolescente e de sua família é importante que possam ser discutidas em espaços

educativos, as diversas determinações envolvidas no ato infracional para

ampliação da consciência dos adolescentes acerca do fenômeno e desse modo

possam se envolver em atividades protagonistas de defesa do direito do

adolescente ser educado, ter acesso ao conhecimento e tudo o que lhe possibilita

o desenvolvimento como ser integral.

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Por fim, a pesquisa traz como importância dar voz e vez aos adolescentes, com isso

podendo ampliar reflexões nas escolas, instituições, políticas públicas,

profissionais da área de Psicologia, com mais adolescentes no processo de

ressignificação em relação ao ato infracional cometido por adolescentes, para que

dessa forma possam ser pensadas e elaboradas estratégias de intervenções que

contribuam com um novo olhar para a adolescência, desmistificando conceitos

preconceituosos e naturalizantes, possibilitando de fato que a participação do

adolescente na sociedade seja como um sujeito histórico, em movimento, que se

constrói e se transforma no constante processo dialético, se apropriando dos

significados sobre fenômenos a ele relacionados, como ser social (AGUIAR, 2000).

Palavras-chave: Adolescência, Ato Infracional, Psicologia Social

Contato: [email protected]/ [email protected]

Referências

AGUIAR, W. M. J. Reflexões a Partir da Psicologia Sócio-Histórica Sobre a Categoria

“Consciência” Cadernos de Pesquisa, nº 110, p. 125-142, julho, 2000.

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Modalidade: Painel

POLÍTICAS PÚBLICAS E GARANTIA DOS DIREITOS LGBTT NO SISTEMA

PENITENCIÁRIO

Flávia Cristina Santiago de Oliveira¹, Dreyf de Assis Gonçalves², Renato Salviato

Fajardo³

Diante da constante discriminação e violência contra a população LGBTT

(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) no país, sabemos que as

Políticas Públicas atuais voltadas para esta minoria no Brasil são pouco arraigadas,

não contemplando todos os direitos sexuais, apesar de previsto em programas e

planos do Governo Federal. A partir da discussão da garantia dos direitos aos

LGBTTs, legislações e normas municipais e estaduais buscam assegurar o uso do

nome social na possibilidade de extinguir preconceitos e estereótipos, impedindo

restrição ao acesso em serviços de saúde. Nessa perspectiva, o presente relato de

experiência tem como objetivo narrar ações realizadas dentro do Centro de

Ressocialização de uma cidade do interior do estado de São Paulo a partir de

estágio extracurricular em Psicologia na garantia de uso do nome social e mudança

de nome no registro civil com uma transexual reclusa na Unidade Prisional. No

período de maio/2015 até o presente momento (dezembro/2015), realizou-se

atendimentos psicológicos semanais, buscando viabilizar garantia de seus direitos

dentro do sistema penitenciário da cidade. Em setembro/2015 teve início junto à

Defensoria Pública do município, o procedimento de recolhimento de informações

necessárias para troca de nome civil. Foram realizados além dos atendimentos

psicológicos, reunião junto ao Defensor Público, Assistente Social, estagiárias de

Psicologia do CR e Defensoria Pública, e a transexual em questão para

estabelecimento de metas a serem alcançadas. Este processo foi subsidiado por

avaliação, relatórios e laudos de outros profissionais da saúde, abrangendo médico

clínico geral, psicóloga e enfermeiros. Contamos com apoio fundamental da

Diretoria Técnica da Unidade, reconhecendo a importância desta mudança em que

a transexual poderá se expressar de acordo com sua identidade de gênero que

difere do seu sexo biológico que é o masculino, ou seja, a mesma não se afirma

com o sexo a partir de seu nascimento, e sim tem sua identidade social voltada

para papeis significativamente femininos. Com este processo em andamento,

concluímos sobre o marcante reconhecimento dos direitos da população LGBTT

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neste contexto, podendo estes usarem nome social, serem respeitados a partir de

sua identidade de gênero e, principalmente, terem a oportunidade de troca de

nome em registro civil. Porém, evidenciamos que ainda precisa-se de muitos

avanços e conquistas para assegurar a garantia desses direitos, sobretudo no que

tange o sistema penitenciário.

Palavras-Chave: Políticas Públicas; Direitos Humanos; Direitos Civis.

¹UNIP Araçatuba, ²UNIP Araçatuba, ³UNESP/FOA

Contato: [email protected]

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Modalidade: Painel

ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO EM SITUAÇÕES DE DESASTRES

Izabella Fiorussi¹ – Fabiana Ferreira Bomente² – Edcarlos Manzano³

FUNEPE – Fundação Educacional de Penápolis

Os desastres são eventos geralmente de grandes proporções que

atravessam o cotidiano de pessoas e comunidades. Para os sobreviventes, a

significação do ocorrido determina a forma como poderá ser vivenciado, e

também como reestabelecerá sua vida e recuperação. A atuação do psicólogo se

dá a partir de adequado treinamento e intervenção imediata (primeiras 24 horas),

incluindo o defusing (em português traduz-se “desarmar”; “desativar”), e até seu

acompanhamento e psicoterapia debriefing (em português traduz-se

“interrogatório”; “depoimento”). O presente trabalho caracterizou-se como uma

pesquisa bibliográfica, considerando a abrangência do tema. Como objetivo,

pretendeu-se conhecer sob o olhar de diversos autores, a forma e a relevância da

psicoterapia em situações de desastre, uma vez que é indiscutível que em

situações de emergências, são esperadas reações emocionais muito intensas, o

que se torna compatível com o momento traumático vivenciado. Contudo, a

abordagem precoce de qualquer problema de saúde mental é a maneira mais

efetiva de prevenção de transtornos mais sérios. Os resultados demonstraram que

o cuidado com a saúde mental, o preparo do profissional pode reduzir os danos

posteriores às vivencias dos eventos, o acolhimento e a escuta profissional sobre

sua vivencia é essencial para reduzir os danos do evento traumático, ressaltando

assim a importância de realizar mais estudos sobre a área de atuação profissional.

Palavras-chave: Psicoterapia. Desastres Defusing. Debriefing.

Contato: [email protected]

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Modalidade: Comunicação Oral

PSICOLOGIA DO ESPORTE APLICADA: RELATO DE EXPERIÊNCIA PRÁTICA

Julio Cesar Santos Ribeiro - membro do NUPE-CRP/SP (Núcleo de Psicologia do

Esporte do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo)

O objetivo desse trabalho é levantar reflexões a partir de uma experiência

prática da atuação de um psicólogo do esporte junto a uma equipe profissional de

futebol nas categorias de base ocorrida entre abril e novembro de 2015.

Para a realização desse trabalho foram efetivadas entrevistas individuais,

observações sistemáticas de comportamentos públicos, aplicação de testes

psicológicos e inventários esportivos, palestras generalistas e específicas sobre

temas relacionados à psicologia do esporte, intervenções sobre constructos como

controle da ansiedade, manutenção da concentração, ativação psicofisiológica,

dentre outros respeitando as normatizações e legislações vigentes que ratificam a

atuação do psicólogo do esporte frente ao seu Código de Ética.

Sendo o esporte considerado um dos maiores fenômenos do século XX por

atrair em si diversos segmentos como atletas, fãs, grupos, mídia, ciências, entre

outros (RUBIO, 2007b), a prática esportiva, tanto profissional, amadora, de

reabilitação, de iniciação, de atividade ou mesmo de exercício físico sistematizado

proporciona um espaço possível para o professor/técnico poder realizar diversas

orientações aos seus alunos com a finalidade de formação global da identidade

social do indivíduo (MARQUES, KURODA, 2007).

Para isso é necessário, que o esporte seja contextualizado no tempo e no

espaço de sua sociedade para o melhor entendimento de sua relação com o

momento histórico a ser verificado bem como para a compreensão de suas

inúmeras transformações sociais ao longo da historicidade humana (MARQUES et

al., 2009). Tanto para mensuração de aspectos positivos como negativos essa

interligação entre esporte e meio social se faz importante e vindoura para que seja

compreendido, principalmente, aquele(a) por detrás dessa relação: o(a) atleta.

Mello, Cozac e Simões (2013, p. 134) discorrem sobre esse assunto com

uma importante discussão social acerca das relações de poder implícitas no meio

esportivo: “fica difícil não admitir que, no esporte moderno, o poder, o

preconceito, a discriminação (que tem causas e efeitos envolvendo relações de

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gênero, etnia, credo religioso) e as ideologias não façam parte dos espetáculos

esportivos e que não tenham raízes históricas”.

Corroborando essa discussão, Coutinho (2013) pontua que o esporte é tido

como a institucionalização dos jogos, especificamente dos torneios, que, regidos

por federações, associações, agremiações estaduais, nacionais e internacionais,

regulamentam sua prática e, não raramente, ofertam ao(à) atleta o mero papel de

coadjuvante num processo de alienação do seu próprio trabalho e papel dentro da

sua atividade que, por sua vez, é mediada pelas relações de poder. Um processo

que muitas vezes remete o(a) atleta à condição de super-profissional do

entretenimento social regido(a) por instâncias superiores descaracterizando

muitas vezes a sua própria condição de ser humano atrelando ao(a) mesmo(a) o

mítico status de “o(a) atleta”.

Perpassando esse entendimento é possível notar que nas categorias de

base, ou seja, nas categorias iniciais que são disputadas por crianças e

adolescentes o conceito de rendimento esportivo e profissionalização já são

existentes. Há ainda, uma enorme exposição mercadológica desses sujeitos em

pleno desenvolvimento biopsicossocial como mercadorias lucrativas para clubes

de grande expressão (DE SOUZA COSTA, DOS SANTOS, 2013). Altera-se dessa

forma o viés pedagógico e formativo das categorias de base observando-se cada

vez mais a formação de “futuros atletas” à de “cidadãos através do esporte”.

Desse modo, um dos maiores propósitos do esporte para crianças e

adolescentes que é o de agir como instrumento socializador e pedagógico (APOLO,

2007) é deixado de lado para atender a outras demandas provocadas por aspectos

puramente econômico-sociais.

Relatando então sobre como se efetiva a tríade atleta – esporte – sociedade

recorremos à psicologia do esporte como forma de embasamento teórico e

metodológico desse trabalho dialogando sobre a sua função frente à atividade

esportiva futebolística com crianças e adolescentes em um clube de futebol

profissional do interior do Estado de São Paulo.

Sobre a psicologia do esporte (ou psicologia esportiva) cabe salientar que

essa é a ciência que tem por finalidade o estudo dos fenômenos psicológicos

coadunados ao esporte buscando mensurar como a participação em atividades

físicas e esportivas está atrelada ao desenvolvimento psicológico, ao bem-estar e à

saúde emocional de atletas e não-atletas. Do mesmo modo, cabe a psicologia do

esporte buscar compreender a interação dialética entre subjetividade e corpo no

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intuito de possibilitar que atletas e demais membros envolvidos com a prática

esportiva alcancem melhor desempenho em suas atividades maximizando seus

rendimentos (CFP, 2001; VIEIRA et al, 2010; RUBIO, 2007a; DE ROSE JUNIOR, 2007;

WEINBERG, GOULD, 2008).

O desenvolvimento da psicologia do esporte consolidou-se mundialmente a

partir da década de 1920 com os estudos e afincos trabalhos do psicólogo

americano Coleman Griffith, tido até hoje, como o pai da psicologia do esporte e o

seu principal precursor (DE ROSE JUNIOR, 2007; DE SOUZA COSTA, DOS SANTOS,

2013; RUBIO, 2007a; RUBIO, 2007b; VIEIRA et al, 2010).

No Brasil, a psicologia do esporte surgiu na década de 1950 com a atuação

do psicólogo João Carvalhes na equipe paulista de futebol profissional São Paulo

Futebol Clube e posteriormente junto a Seleção Brasileira de Futebol de 1958, a

qual, inclusive, foi campeã pela primeira vez em sua historia (RUBIO, 2007b; DE

SOUZA COSTA, DOS SANTOS, 2013).

Apesar de ser um ramo da psicologia em franca ascensão (RUBIO, 2007a;

RUBIO, 2007b; VIEIRA et al, 2010) o número de psicólogos do esporte ou

psicólogos esportivos atuantes no país é baixo para a vastidão do campo que se

abre. Por outro lado, conforme relatam Weinberg e Gould (2008), nos últimos

trinta anos cresceu o número de interessados em estudos e trabalhos sobre

aspectos psicossociais do ser humano como prática de atividades físicas, bem-

estar, e, da mesma forma, sobre a psicologia voltada para o esporte e a promoção

de saúde.

Dessa maneira, o trabalho que se apresenta busca adquirir relevância e

justificativa social pelo seu lidar com importantes áreas da psicologia como a

psicologia social, a psicologia do desenvolvimento humano, a psicologia do esporte

e a psicossociologia do esporte.

Invariavelmente os resultados obtidos em números quantitativos (número

de gols marcados pela equipe ao longo do ano, títulos conquistados durante a

temporada), com essa atuação desenvolvida em oito meses junto a uma equipe

interdisciplinar da instituição foi possível demonstrar aos seus gestores (tanto da

Diretoria como da Comissão Técnica) a importância de se ter no quadro de

colaboradores da empresa um profissional da área da psicologia do esporte para

atuar com sua cientificidade em colaboração aos demais profissionais auxiliando

os atletas a lidarem com suas demandas tanto no campo competitivo como em

matéria de fundamentos da intrínseca relação aprendizagem-desenvolvimento.

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Palavras-chave: psicologia do esporte; prática profissional; compromisso ético.

Referências

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Paulo: Porthe, 2007 .

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Altera e regulamenta a Resolução CFP nº

014/00 que institui o título profissional de especialista em Psicologia e o respectivo

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DE ROSE JUNIOR, Dante et al. Situações causadoras de “stress” no basquetebol de

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DE SOUZA COSTA Eduardo Luís; DOS SANTOS, Thaise Coutinho. Psicologia do

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