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.Luís Pinto Salema | ESMTG | 2010 * 2011 Como distinguir um complemento oblíquo de um modificador? ETAPA 1 1. Observe as seguintes frases: a. Visitei o meu primo esta semana. b. A Maria partiu de férias com os amigos. c. Os meus primos chegam hoje. d. A Mariana faz anos hoje. e. A Rita foi para a escola. f. O Rui chegou atrasado às aulas. g. A Mariana gosta de sopa. h. O Pedro estuda na sala. i. A Marta encontrou-se com as amigas. 1.1 - Identifique, em cada frase, o sujeito e o predicado. 1.2 - Como verificou, os grupos destacados pertencem ao predicado. 1.2.1- Prove que os grupos destacados não são: - complementos diretos; - complementos indiretos; - predicativos do sujeito. 2. Tente, agora, dividir os grupos sublinhados em dois conjuntos – aqueles que podem ser retirados da frase (dispensáveis) e aqueles que não podem ser retirados da frase (essenciais) e reescreva-os nos espaços correspondentes: 1

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Como distinguir um complemento oblíquo de um modificador?

ETAPA 1 1. Observe as seguintes frases: a. Visitei o meu primo esta semana. b. A Maria partiu de férias com os amigos. c. Os meus primos chegam hoje. d. A Mariana faz anos hoje. e. A Rita foi para a escola. f. O Rui chegou atrasado às aulas. g. A Mariana gosta de sopa. h. O Pedro estuda na sala. i. A Marta encontrou-se com as amigas. 1.1 - Identifique, em cada frase, o sujeito e o predicado.

1.2 - Como verificou, os grupos destacados pertencem ao predicado.

1.2.1- Prove que os grupos destacados não são:

- complementos diretos;

- complementos indiretos;

- predicativos do sujeito.

2. Tente, agora, dividir os grupos sublinhados em dois conjuntos – aqueles que podem ser retirados da frase (dispensáveis) e aqueles que não podem ser retirados da frase (essenciais) e reescreva-os nos espaços correspondentes:

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Alínea Grupos essenciais Grupos dispensáveis

a

b

c

d

e

f

g

h

i

Conclusão:

ALÉM DO PREDICATIVO DO SUJEITO E DOS COMPLEMENTOS DIRETO E INDIRETO, O

PREDICADO PODE TER OUTROS GRUPOS OBRIGATÓRIOS OU DISPENSÁVEIS.

Os elementos do predicado selecionados (obrigatórios) por um verbo não

copulativo e que não podem ser substituídos pelos pronomes pessoais o, a, os, as,

lhe, lhes desempenham a função sintática de complemento oblíquo.

Os elementos do predicado não selecionados pelo verbo desempenham a função

sintática de modificador.

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ETAPA 2 Agora que já sabe distinguir os complementos oblíquos dos modificadores, vai

aprender um pouco mais sobre cada um deles

3. Leia as frases das colunas A e B.

Coluna A Coluna B A Rita mora em Santarém. A Rita mora cá. O meu pai entrou em casa. O meu pai entrou ali. O João vem de Lisboa. O João vem aí.

3.1 – Identifique a função sintática dos grupos destacados – complemento oblíquo ou modificador? 3.2 – Se a função sintática é a mesma, o que distingue os grupos destacados nas duas colunas? Conclusão:

O COMPLEMENTO OBLÍQUO PODE TER VÁRIAS FORMAS:

GRUPO PREPOSICIONAL (A Marta colocou o livro na estante).

GRUPO ADVERBIAL (A Marta colocou o livro ali).

4. Agora, leia as seguintes frases:

Coluna A Coluna B A Rita trabalha em Santarém. A Rita trabalha aqui. O meu irmão adormeceu no sofá. O meu irmão adormeceu ali. O João foi para a escola de autocarro. O João foi para a escola cedo.

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4.1 – Identifique a função sintática dos grupos destacados – complemento oblíquo ou modificador? 4.2 – Se a função sintática é a mesma, o que distingue os grupos destacdos nas duas colunas? Conclusão:

O MODIFICADOR PODE TER VÁRIAS FORMAS:

GRUPO PREPOSICIONAL (O António foi ao médico [na quarta-feira]).

GRUPO ADVERBIAL (Vou viajar [amanhã]).

___________________________________________________________

Modificador

Função sintática desempenhada por constituintes não selecionados por nenhum

elemento do grupo sintático de que fazem parte. Por não serem selecionados, a sua

omissão geralmente não afeta a gramaticalidade de uma frase (i). Os

modificadores podem relacionar-se com frases ou orações (ii), constituintes verbais

(iii) ou nominais (iv). Os modificadores podem ter diferentes formas (v) e diferentes

valores semânticos (vi).

(i) (a) O camião explodiu [aqui]. (b) O camião explodiu. (ii) [Felizmente], vou ficar em casa. [Matematicamente],

isso está errado. (iii) A Ana cantou [ontem]. A Ana cantou [mal]. (iv) O rapaz [gordo] chegou. O rapaz [que tu

conheces] chegou. (v) Modificadores com diferentes formas (grupo adverbial, grupo preposicional e oração) e

com valor semântico idêntico (temporal): A Ana cantou [ontem]. A Ana cantou [naquele dia]. A Ana cantou

[quando tu chegaste de França]. (vi) Modificadores com forma idêntica e diferentes valores semânticos (locativo,

temporal e de modo): A Ana cantou [naquela sala]. A Ana cantou [naquele dia]. A Ana cantou [daquela

maneira].

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Complemento oblíquo

Complemento selecionado pelo verbo, que pode ter uma das seguintes formas: -

grupo preposicional que não é substituível pelo pronome pessoal na sua forma

dativa ("lhe" / "lhes") (i-ii). - grupo adverbial (iii). - a coordenação de qualquer uma

destas formas (por exemplo (iv)).

(i) O João foi [a Nova Iorque]. *O João foi-lhe. (ii) O João gosta [de bolos]. *O João gosta-lhes. (iii) O João mora

[aqui]. (iv) O João vive [aqui ou em Lisboa]?

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Os sujeitos serão todos iguais? ETAPA 1 1 - Leia, atentamente, as frases que se seguem:

a. O João ri. b. O cão e o gato bulham. c. Comemos um gelado. d. Bebe-se mais água no Verão. e. Bateram à porta. f. Este Inverno choveu muito. g. Neste jardim há flores todo o ano. h. Estou muito bem-disposto, hoje. i. O Miguel e o Pedro foram para Paris. j. Eles chegam no sábado. k. Dizem que está imenso frio no resto da Europa. l. Perceberam tudo quanto vos disse? m. Quem não arrisca não petisca.

1.1 – Identifique as palavras/expressões que desempenham a função de sujeito. 1.2 – Demonstre que a função de sujeito pode ser desempenhada por:

1.2.1 – nomes; 1.2.2 – pronomes; 1.2.3 – uma oração.

Conclusão:

O SUJEITO É UMA FUNÇÃO SINTÁTICA CENTRAL, DESEMPENHADA PELA PALAVRA QUE

CONTROLA A CONCORDÂNCIA VERBAL. O SUJEITO PODE PERTENCER À CATEGORIA

GRUPO NOMINAL OU ORAÇÃO.

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2 - Considere, de novo, as frases anteriores. Divida os grupos que identificou como sujeitos em dois conjuntos – aqueles que apresentam um só núcleo e os que apresentam mais do que um núcleo – e escreva-os nos espaços correspondentes: Alínea um núcleo mais do que um núcleo

a

b

c

d

e

f

g

h

i

j

k

l

m

Conclusão:

O sujeito pode ser constituído exclusivamente por um grupo nominal ou por uma

oração sendo, por isso, um sujeito simples. A este contrapõe-se o sujeito composto,

constituído por uma coordenação de grupos nominais, de orações, de pronomes

ou de combinações destas categorias.

SUJEITO SIMPLES: [OS MEUS PRIMOS] VIVEM EM SANTARÉM.

SUJEITO SIMPLES [ESSE RAPAZ ALTO QUE TU CONHECES] ESTUDOU NO PORTO.

SUJEITO COMPOSTO: [O JOÃO E A ANA ] DISSERAM À MARIA QUE VIAJARAM

PELO EGITO.

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ETAPA 2 Aprofundemos um pouco mais os conhecimentos acerca dos tipos de sujeito e da sua forma.

Coluna A Coluna B Os meus primos vivem em Santarém. Eles vivem em Santarém. Quem vai ao mar perde o lugar. Ele perde o lugar.

3 - As expressões assinaladas desempenham a função de sujeito. O que distingue os grupos destacados? Conclusão:

QUANDO O SUJEITO É UM GRUPO NOMINAL OU UMA RELATIVA SEM ANTECEDENTE,

PODE SER SUBSTITUÍDO PELA FORMA NOMINATIVA DO PRONOME PESSOAL.

4 - Leia, agora, as frases que se seguem:

a. É verdade que ele me mentiu. b. É certo que vai chover.

4.1 – Identifique os constituintes que desempenham a função de sujeito. 4.2 – Verifique se é possível substitui-los pela forma nominativa do pronome pessoal. Conclusão: QUANDO O SUJEITO É UMA ORAÇÃO, PODE SER SUBSTITUÍDO PELO PRONOME

DEMONSTRATIVO INVARIÁVEL "ISSO" EM POSIÇÃO PRÉ-VERBAL.

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5 – Observe os exemplos que se seguem.

Coluna A Coluna B O João ri. Comemos um gelado. O cão e o gato bulham. Bebe-se mais água no Verão. O Miguel e o Pedro foram para Paris Este Inverno choveu muito Eles chegam no sábado. Neste jardim há flores todo o ano Quem não arrisca não petisca. Estou muito bem disposto, hoje

Dizem que está imenso frio no resto da Europa.

Perceberam tudo quanto vos disse?

5.1 – Identifique as palavras/expressões que desempenham a função sintática de

sujeito.

5.2 – Que diferenças existem entre as frases da coluna A e as da coluna, no que diz

respeito à realização lexical do sujeito?

NAS FRASES DA COLUNA B, O SUJEITO NÃO APRESENTA REALIZAÇÃO LEXICAL. TRATA-

SE DE UM SUJEITO NULO.

Em contextos não finitos, o sujeito nulo é uma propriedade universal das línguas: Eu quero [-] fumar. Yo quiero [-] fumar. Je veux [-] fumer. I want [-] to smoke. Em contextos finitos, é uma característica de línguas como o português ou o espanhol, por oposição ao francês ou ao inglês. (ii) [-] Chove muito hoje. * [Ele] chove muito hoje. [-] Diz-se que ela perdeu todo o seu dinheiro. *[Ele] diz-se que ela perdeu todo o seu dinheiro. [-] Quero dormir. [Eu] quero dormir.

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SUJEITO NULO O sujeito nulo pode não ter qualquer interpretação, sendo neste caso designado de expletivo: É o sujeito gramatical de verbos impessoais, que não é selecionado semanticamente pelo verbo. No português padrão, o sujeito expletivo não tem realização lexical, não podendo alternar com formas de pronome pessoal. [-] Choveu muito. [-] Há neve naquela montanha. O sujeito nulo pode também ser interpretado como tendo um referente específico que é recuperado através da flexão verbal, através de um processo anafórico ou contextualmente, sendo neste caso designado de subentendido; [-] Vamos embora. O Pedro disse que [-] está cansado. [-] Chegou. (apontando-se para alguém que entra numa sala) Pode ainda ter como referente uma entidade não específica, parafraseável por ALGUÉM, sendo neste caso designado de indeterminado. Neste caso, é um constituinte sem realização lexical, de referência não definida e não específica, sendo parafraseável também por perífrases como HÁ PESSOAS QUE ou HÁ QUEM. O sujeito nulo indeterminado pode, ainda, ser expresso pela terceira pessoa do plural do verbo ou pela terceira pessoa do singular do verbo acompanhada de "se" impessoal. [-] Dizem que vai chover. [-] Dizem que a crise atingirá todos os sectores. Há pessoas que dizem que a crise atingirá todos os sectores. Vende-se melões à beira da estrada. Há quem venda melões à beira da estrada. Dizem que a crise atingirá todos os sectores. Diz-se que a crise atingirá todos os sectores.

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6 – Identifique os constituintes das frases que desempenham a função de sujeito e classifique-os, utilizando a terminologia adequada.

Sujeito

simples

composto

nulo

expletivo subentendido indeterminado

O Manuel telefonou pelas

nove horas.

O Manuel e a Maria

telefonaram pelas nove

horas.

Quem arrisca e quem

sabe o que quer é bem

sucedido.

Eu e tu telefonámos pelas

nove horas.

Ela e o Manuel

telefonaram pelas nove

horas.

O Pedro e quem tu sabes

acabam de entrar na

sala.

Anoiteceu de repente.

Há muitas pessoas

bondosas no mundo.

Faz hoje três anos que

cheguei a esta cidade.

Vou a Paris.

Comes muito depressa!

Vivemos nesta rua.

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COMO APROFUNDAR O ESTUDO DA COESÃO TEXTUAL?

1. As seguintes sequências de frases apresentam problemas ao nível da coesão textual. Explique, de um modo claro mas sucinto, o problema presente em cada caso, utilizando a terminologia adequada.

a) O João verificou que a embraiagem do carro estava avariada. Imediatamente pegou no telemóvel e mandou vir um dentista.

b) O João e a Maria foram visitar a avó Odete. Esta ficou tão contente que lhe ofereceu uma tablete de chocolate.

c) A Maria sempre foi uma pessoa muito simpática. Contudo, é uma pessoa muito querida. d) Gosto imenso de chocolate, apesar de detestar doces em geral. O meu irmão João também.

2. Identifique as cadeias anafóricas presentes nos seguintes exemplos. Sublinhe os termos anafóricos com um traço simples e o respectivo antecedente com um traço duplo.

a) Nunca mais vi o Alfredo. Disseram-me que ele tinha emigrado para o Brasil. De facto, há mais de um ano que não o vejo.

b) As raparigas da turma B venceram o campeonato de futebol feminino. A apoiá-las, os rapazes gritavam e batiam palmas.

c) Os motoristas dos autocarros em horário nocturno iniciaram uma greve contra a falta de segurança. Na origem do protesto, estão vários incidentes que os têm atingido, bem como a sua vulnerabilidade face a eventuais atacantes.

d) Ainda não fiz as compras de Natal. Deixo-as sempre para a última hora, embora todos os anos tente começar mais cedo. Elas acabam por ser um prazer, mas também uma preocupação.

3. Complete o seguinte texto com os termos anafóricos apropriados.

Quando os artistas em dificuldades começaram a ganhar muito dinheiro, nem sempre ______ aplicavam na melhoria das _____ condições de vida. Chaim Soutine (1894-1943) vivia numa pequena aldeia da Lituânia (perto da Rússia) e desejava ser um artista. Quando tinha sete anos, fanou à mãe a melhor faca de cozinha, para depois ____ vender e com o dinheiro comprar lápis de desenho. Quando a mãe descobriu, ficou tão furiosa que ____ fechou, durante dois dias, num armário na cave.

Isto não ____ fez desistir da vontade de ser artista; só que, infelizmente, a _____ família era demasiado pobre para _____ poder pagar os estudos numa escola de arte.

Michael Cox (2001). Vómitos Artísticos. Mem-Martins: Europa-América (adap.)

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4. Indique quantas cadeias anafóricas completou na questão anterior. Identifique-as pelos respectivos termos antecedentes.

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5. As frases que se seguem não são frases coesas. Detete a incorreção de cada uma, estabelecendo uma correspondência entre as colunas.

a) O António é preguiçosa. 1. Falta o complemento direto exigido pelo verbo transitivo.

b) Os amigos de Pedro compreende a sua situação difícil.

2. No núcleo do sujeito, o determinante artigo definido não concorda com o nome a que surge associado.

c) A resposta da aluna desagradou para o professor.

3. O predicativo do sujeito não concorda com o sujeito.

d) A Maria um livro comprou na livraria.

4. O verbo em questão rege uma outra preposição.

e) Ontem, comprei na feira.

5. O predicado não concorda com o sujeito.

f) O rapaz discute para os vizinhos. 6. A ordem sintática do português (sujeito/predicado/objecto) não é respeitada.

g) As casa da cidade ficaram inundadas. 7. A preposição selecionada não se adequa ao verbo a que surge associada.

6. Reescreva cada uma das frases de modo a que se tornem coesas.

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7. No texto que se segue, substitua todas as repetições desnecessárias por pronomes, sinónimos e outras expressões que restabeleçam a coesão textual.

QUATRO PINTORES SURREALISTAS

Mário Cesariny foi o primeiro a usar a técnica da colagem, provocatoriamente, e Mário Cesariny foi também o primeiro a dedicar-se ao informalismo, como exploração do acaso, em 1946-47. Mário Cesariny encontrou, então, no Surrealismo a teoria e a prática que melhor se coadunam com a vontade de Mário Cesariny de conjugar a exaltação da imaginação com a liberdade e o amor.

O público apreciou Mário Cesariny primeiro como poeta, mas foi no domínio plástico que Mário Cesariny iniciou as rupturas vanguardistas de Mário Cesariny, como o próprio Mário Cesariny declarou: «Desde a adesão de Mário Cesariny ao Surrealismo, em 1947, e ao contrário do que a alguns pode parecer, foi a “despintura” a pintura que ajudou o Mário Cesariny a desregrar e a desmembrar a linguagem que a partir daí praticou nos versos de Mário Cesariny.»

Rui Mário Gonçalves, Jornal de Letras, Artes e Ideias, 29 de maio de 1990

2. Leia o texto e assinale as palavras/expressões com referência anafórica ou catafórica.

a) Apercebi-me, então, de que a fixava há demasiado tempo para que o meu olhar pudesse passar despercebido; e dei-me conta, também, de que ela percebera que eu a olhava, e que em vez de se aborrecer com isso se estava a divertir com o meu interesse por ela, o que invertia a situação em que a superioridade está do lado de quem olha, e a incomodidade aumenta em quem é vigiado.

Nuno Júdice, A ideia do amor e outros contos

b) À hora do jantar aquecia no fogãozito duas almôndegas e uma colher de arroz que comia sozinha, numa mesa de toalha de oleado, diante das notícias do televisor sem som.

António Lobo Antunes, Segundo Livro de crónicas

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c) Há mais de uma hora à procura de uma ideia para esta crónica: não tenho nenhuma. Oiço passos no corredor, os automóveis na azinhaga. De quando em quando vozes. Escrevo em papel timbrado e como não sei o que escrever preencho a esferográfica os círculos dos ós. Tiro os óculos. Limpo os óculos. Coloco os óculos. Como debaixo das letras há números de telefone aproveito e preencho também os círculos dos zeros.

Idem, ibidem

d) Estou há meia hora aqui sentado à espera que me venham as palavras para a crónica e nada. De que é que vou falar? Pensei nos jogadores de futebol de que gostei na infância (...).

Idem, ibidem

A ÚNICA COISA QUE O DINHEIRO TRAZ

É A LIBERDADE DE NÃO PENSAR EM DINHEIRO

Sem dúvida uma observação sensata. Um pouco exagerada talvez (está longe de ser a única coisa que o dinheiro traz) mas a dramatização compreende-se, especialmente vinda de quem vem.

A verdade é que a capacidade de não pensar nele é um dos mais valiosos bens que o dinheiro lhe pode oferecer. Especialmente numa altura destas, provavelmente de férias, em que quererá pensar em tudo menos em cifrões. No entanto, ao contrário de outras, esta é uma liberdade que tem que ser conquistada.

Este Verão, por exemplo. Após meses de invulgar volatilidade de mercados, apresentam-se ao investidor dois programas alternativos de férias:

a) aproveitar as férias para conseguir frutos “maduros".

b) alinhar com os “maduros" que dão férias aos seus frutos (leia-se rendimentos).

Metáforas à parte, a verdade é que a época estival pode ser particularmente propícia ao amadurecimento que qualquer investimento exige. O segredo está em saber plantar e colher. Ou seja, saber o que está a fazer. E, se nos permite a ousadia, esse é um papel que deve deixar para os especialistas. Isto por duas simples razões: especialização e independência.

A primeira garante-lhe total dedicação para procurar, desenhar e implementar as soluções estratégicas que lhe ofereçam os retornos mais interessantes; a segunda garante-lhe a escolha das soluções (realmente) mais adequadas para si, característica que, pasme-se, não é denominador comum na banca.

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No fundo, numa só decisão, está a conseguir tudo aquilo que merecidamente procura. Tranquilidade, descanso e a certeza de que a rentabilidade do seu dinheiro não tira férias.

Agora goze o seu repouso. Mas, quando tiver oportunidade, ligue para um dos nossos Private Bankers.

Vai ver que, nas férias do ano que vem, não vai estar tão preocupado a ler anúncios sobre dinheiro.