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Darcy Loss Luzzatto (Vêneto Brasileiro) Noções de Gramática, História & Cultura SAGRA - D.C. LUZZATTO Editores

Gramatica TALIAN - Luzzato-1994

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Talian

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  • Darcy Loss Luzzatto

    (Vneto Brasileiro) Noes de Gramtica,

    Histria & Cultura

    SAGRA - D.C. LUZZATTO Editores

  • Darcy Loss Luzzatto, mestre de Fsica no 2 grau e em cursos de pre-parao ao vestibular, lanou-se com rara habilidade na indstria do livro com a Editora SAGRA. Ultimamente vem se dedicando com amor forte e apaixonado ao cultivo das razes tni-cas do Vneto.

    Escreveu e publicou os livros na fala dialetal do TALIAN: Ghen'avemo fato arquante; 'L mio paese l' cosi; Ostregheta, semo drio deventar veci!; Storie de la nostra gente; El nostro parlar.

    A coin vneta do Brasil e do Rio Grande do Sul se diferencia bastante das formas dialetais venetas das pro-vncias de Verona, de Vicenza, de Tre-viso, de Udine, de Pdua, de Veneza e de outras. A evoluo da lngua entre os italfones no Brasil muito diferen-te da evoluo na Itlia. A miscigena-o dos imigrantes vindos das diversas partes do Norte - lombardos, vnetos, ligures, piemonteses -, sem falar dos oriundos das provncias meridionais, resultou num tipo humano diferente. O que aconteceu no interior do Rio Gran-de, de Santa Catarina e Paran? O falar vneto se sobreps aos falares diale-tais lombardos quer fossem bergamas-cos ou cremoneses. Formou-se a coin que se encontrou na escola, na vida scio-poltico-econmica com o por-tugus falado diversamente nas dife-rentes regies. A miscigenao lin-gstica se deu como se deu a mistura de sangues. Nas primeiras dcadas houve resistncias nos casamentos, depois as barreiras foram caindo com a vitria do amor.

    Na lngua deu-se fenmeno seme-lhante. Ao falar o dialeto vneto brasi-leiro em qualquer lugar da Regione Vneto, a comunicao se faz com facilidade e com admirao da parte dos italianos. Eles no imaginam que aps tanto tempo se tenha conservado a lngua que veio transplantada com

  • TALIAN (Vneto Brasileiro)

  • BIBLIOGRAFIA DO AUTOR:

    Ghen'avemo fato arquante. Porto Alegre, D.C. LUZZATTO Editores, 1985.

    'L mio paese l' cosi! Porto Alegre, D.C. LUZZATTO Editores, 1987.

    Ostregheta, semo dro deventar veci! Porto Alegre, D.C. LUZZATTO Editores, 1989.

    Storie de la nostra gente. Porto Alegre, SAGRA-D.C. LUZZATTO Editores, 1991.

    El nostro parlar. Porto Alegre, SAGRA-D.C. LUZZATTO Editores, 1993.

    Esto de parabns o povo e as autoridades de La ndese (Serafina Correa) por manterem intactas, ano aps ano, a cultura e a lngua venetas. Enquanto as demais comunidades de regies de imigrao italiana parecem deixar para o futuro a construo da memria (projeto impossvel), os serafmenses ensinam-nos a todo momento que nossas razes que devem nutrir nosso sangue, e a lngua dos antepassados que melhor fala por ns.

    SAGRA-DC LUZZATTO LIVREIROS, EDITORES E DISTRIBUIDORES LTDA.

    Clube dos Editores Rua Joo Alfredo n 448 - Cidade Baixa

    do Rio Gronde do Sul 90050-230 - Porto Alegre, RS - Brasil Telefone (051) 227-5222 - Telefax (051) 227-4438

  • Darcy Loss Luzzatto

    TALIAN (Vneto Brasileiro)

    Noes de Gramtica, Histria & Cultura

    SAGRA-DC LUZZATTO Editores

    Porto Alegre 1994

  • by Darcy Loss Luzzatto 1a edio: 1994

    Direitos reservados de SAGRA-D.C.LUZZATTO Livreiros * Editores * Distribuidores Rua Joo Alfredo, 448 - Cidade Baixa 90050-230 Porto Alegre, RS - BRASIL Fone(051) 227-5222 Fax(051) 227-4438

    Capa: Darcy Loss Luzzatto Composio e diagramao: Suliani Editografia - Fone (051)336.2294 Fotolitos: Prismagraf Impresso e acabamento: EDELBRA Reviso dos textos em portugus: Paulo Bentancur Reviso dos textos em talian: Jlio Posenato e Rovilio Costa Superviso Editorial: Elisa M. Schern Wenzel Luzzatto

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Luzzatto, Darcy Loss, 1934 Talian (Vneto Brasileiro): Noes de Gramtica, Histria e Cultura / Darcy

    Loss Luzzatto. - Porto Alegre : Sagra : DC Luzzatto, 1994.

    Bibliografia. ISBN 85-241-0440-6 1. Literatura em vneto. 2. Vneto (Lngua - Gramtica. 3. Vnetos (Povo

    itlico) - Histria. I. Ttulo. U. Ttulo: Talian para brasileiros.

    94-0686 CDD-479.4

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Vneto : Lingustica 479.4

    Observao: O Autor e a Editora permitem que partes desta obra sejam reproduzidas, desde que os trechos publicados mantenham sua integridade, sem modificaes, e com a devida citao da fonte.

  • Roubar de um homem sua lngua roubar-lhe seu sentido primrio e mais bsico de identidade.

    Ernst Pawel em

    O pesadelo da razo: uma biografia de Franz Kafka

  • HOMENAGEM A UM DOS NOSSOS (Omgio a un dei nostri)

    ALBERTO VTOR STAWINSKI * 1909, So Marcos, RS + 1991, Caxias do Sul, RS

    - O que isso, Luzzatto, um polaco escrevendo um Dicionrio Vneto Sul-Rio-Grandense/Portugus? Vocs no so capazes de es-crever um? - perguntou-me, certa vez, um amigo.

    - Capazes ns somos, mas Frei Alberto mais capaz!, respondi-lhe.

    Sim, Alberto Vitor Stawinski, um 'estrangeiro', filho de polo-neses, convenientemente nascido em San Marco dei Polachi, era mais capaz: escritor, orador sacro, poliglota, pesquisador, honrou a nossa cultura, sem esquecer a de seus antepassados. A ele devemos, entre outras obras, a primeira gramtica do nosso talian e o primeiro - e at agora nico - Dicionrio Vneto/Portugus.

    Ns pretendamos homenage-lo, ainda em vida, mas o Criador, certamente necessitando dos prstimos de um tradutor-intrprete confivel, o convocou antes que pudssemos efetuar nosso preito.

    Desculpe-nos, Frei Alberto!

    DLL

  • SUMRIO

    Apresentao guisa de Prefcio

    I. Sntese histrica Proto-histriaO Vneto e Roma A 'Serenssima' Repblica de Veneza A literatura e o teatro vnetosEl nostro parlar L' orglio venesian

    II. Noes de Gramtica O alfabeto Acentuao grfica Palavras invariveis O artigo O adjetivo Formao do plural Formao do feminino Graus do substantivo Os pronomes Os verbos Algumas particularidades da Lngua Vneta

    III. Textos em prosa e verso Textos em verso Textos em prosa

    IV. Glossrio

    V. Bibliografia 118

    11 13

    15 17 19 20 21 23

    15 28 30 3335 4142

    4344 48 62

    6582

    92

  • APRESENTAO

    Ao publicarmos, em 1977, a quinta edio de Nanetto Pipetta, preocupados com a dificuldade de os mais jovens entenderem corre-tamente o texto, pedimos ao conhecido gramtico de Lngua Latina, FreAlberto Victor Stawinski, que elaborasse um vocabulrio e uma gramtica, diretamente extrados do texto, para facilitar a compreenso da considerada obra fundamental do linguajar vneto brasileiro que o prprio Nanetto Pipetta.

    A pequena Gramtica e Vocabulrio do Vneto, acrescidos ao Nanetto, despertaram interesse dos estudiosos e escritores em lngua vneta. Perceberam-se logo dificuldades grficas para atender s diferentes formas lingsticas familiares que foram se formando no Estado, em razo do sistema de assentamento dos imigrantes agricul-tores em lguas, linhas e lotes. Quase sempre nos conglomerados rurais h a prevalncia de vnetos, lombardos, trentinos e, mais raramente, friulanos. A maior incidncia de representantes desta ou daquela regio de origem fez com que se reconhecessem localidades como sendo de bergamascos, cremoneses, beluneses, trentinos... comeando a passa-gem de um linguajar familiar especfico para um linguajar social que se formaria no grupo da linha ou capela, sempre com presenas regionais diversificadas.

    Num terceiro momento, este linguajar social foi evoluindo para um linguajar mais geral, que o Vneto Brasileiro, hoje falado e entendido por todos os descendentes, incorporando falas das trs principais regies que lhe do origem - o Vneto, a Lombardia e o Trentino Alto Adige. A mesma sorte no teve o Friuli Venezia Giulia, pois os fogolars no tiveram implantao no Rio Grande do Sul, e os grupos de friulanos no se impuseram, embora tenhamos tido locali-dades denominadas Nova Gorizia, Fontana Fredda... e outras.

    No primeiro encontro de escritores em Lngua Vneta realizado em Porto Alegre, em 29 de fevereiro de 1989, seguindo-se, depois, outros encontros em Serafina Corra e Caxias do Sul, teve-se a preocupao de preservar as diferentes falas atravs de uma grafia comum. No se pretendeu nivelar os falares domsticos, nem os de

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  • comunidades menores, nem mesmo estabelecer critrios de pronncia ou definio de palavras como vernculas ou no, mas buscou-se uma grafia de consenso para traduzir nossos falares vneto-brasileiros, na forma de serem corretamente lidos e entendidos por brasileiros e no confundidos pelos italianos da Pennsula, pois as razes maiores da lngua consideramo-las existentes no Brasil. As diferentes formas para cada palavra expressam a liberdade lingstica e traduzem a maneira de expresso familiar e grupai, dentro de nosso multifacetrio mapa lingstico vneto-brasileiro.

    Pontfices da Lngua Portuguesa poderiam nos apontar como propagadores da diviso lingstica e, portanto, da quebra da unidade cultural brasileira. Mas preferimos apontar nossa unidade no Latim, como matriz lingstica comum ao Portugus, Italiano e Vneto.

    Ademais, a cultura planetria em que vivemos e ser a imagem do futuro e tambm abre espao a todas as expresses lingsticas. A mobilidade humana nos faz cidados do mundo, no qual a lngua ser base de identidade pessoal e contribuio para uma cultura integrada pela diversificao. Falar dois idiomas, o Vneto e o Portugus, conjugar a fora de duas etnias para a riqueza da cultura nacional.

    Darcy Loss Luzzatto com a Gramtica do Vneto Brasileiro atende demanda de quantos estudam e escrevem esta lngua comum a alguns milhares de brasileiros e garante a sobrevivncia de inmeros escritos que hoje se produzem em Vneto em todo o pas.

    A Gramtica e Antologia de Luzzatto so posteriores sua farta produo em Lngua Vneta. Trata-se, pois, de um percurso cientfico nos caminhos da lingstica, partindo da prtica e chegando teoria.

    Nossa teoria, porm, aberta e permite a promoo de todas as liberdades lingsticas do Vneto Brasileiro.

    Mesmo que, pela necessidade da fala portuguesa, as novas geraes tenham dificuldade em aprender, na escola familiar, sua fala de origem, a vneta, podero aprend-la com o mesmo tom de histria e afetividade, atravs dos escritos e da Gramtica de Luzzatto.

    Porto Alegre, 20 de maio de 1994.

    Rovlio Costa Academia Rio-Grandense de Letras

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  • guisa de Prefcio

    Era meu objetivo escrever uma pequena cartilha que contivesse os pontos bsicos de gramtica do vneto que falamos no Rio Grande, atendendo a inmeras solicitaes de conterrneos que pretendem aprender a ler e a escrever o milenar idioma que herdamos de nossos antepassados. Terminei essa 'cartilha', que denominei de Noes de Gramtica de vneto sul-rio-grandense ou talian, em poucos dias. Olhei o trabalho 'concludo' e percebi que ningum daria a mnima para um livrinho de trinta e poucas pginas. O que fazer?

    Lembrei-me ento que a nossa gente pouco ou nada sabe a respeito da Histria de seus ancestrais. (Vou abrir aqui um parntese. Certa vez um cidado - professor universitrio! -, com uma cara na qual s faltava estar gravado "Sou vneto", me disse: - Meu av era napolitano! - Eu, sem conhecer-lhe o sobrenome, disse-lhe quase que agressivamente: - Nunca! - Ele me olhou, meio assustado, e pergun-tou-me: - Como voc pode ter tanta certeza? - A minha resposta o deixou ainda mais desconcertado: - Porque tu s vneto! T na cara! - Pedi-lhe a carteira de identidade e o sobrenome confirmou. Fecho o parntese.) Ento, acrescentei uma sntese da Histria do povo vneto, desde as distantes origens indo-europias at nossos dias, que passou a ser a abertura do 'livro', e juntei alguns poemas e textos em prosa, de escritores vnetos daqui e de l, formando uma pequena seleta.

    A essa altura achei que o nome anteriormente escolhido j no servia. Mudei para Vneto Sul-Rio-Grandense ou Talian para Brasilei-ros. Fiz uma cpia e mandei-a ao Prof. Rovlio Costa. Ele a leu num flego, aprovou o trabalho, e devolveu-a com algumas correes e vrias sugestes. Essa mesma cpia, com as anotaes do Rovlio, remeti-a ao pesquisador Jlio Posenato, para que ele tambm desse seu parecer. O Jlio fez uma srie de correes e props pequenas alteraes. Acatei as modificaes sugeridas pelos amigos Rovlio e Jlio, a quem mais uma vez agradeo, e, j que estava enriquecendo o futuro livro, resolvi acrescentar-lhe um Glossrio das palavras venetas que aparecem no mesmo. Deu trabalho, mas valeu!

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  • O livro j estava pronto para entrar na grfica quando, a 30 de abril pp., realizou-se a 3 Reunio de Unificao da Grafia do Talian, no Hotel Samuara/Caxias do Sul. Como nessa Reunio, por unanimi-dade, ficasse estabelecido que nosso idioma seria, dali em diante, simplesmente denominado de Talian, alterei o ttulo do livro para:

    TALIAN (Vneto Brasileiro): Noes de Gramtica, Histria e Cultura.

    Para finalizar, quero lembrar que, assim como existe um portugus falado nas cidades e outro falado no campo, existe um talian falado nas vilas e por pessoas de boa formao cultural - uma koin dos diferentes falares - e outro utilizado nas 'Linhas' e 'Travesses', mais tosco (pi rstego) e carregado de influncias regionais. Procurei manter-me, o mais possvel, dentro da Lngua de comunicao geral, embora com forte influncia do talian que falvamos em nossa prpria casa, evitando brasileirismos desnecessrios. No me parece boa poltica utilizar uma palavra brasileira, embora convenientemente venetizada, se existe o termo vneto adequado.

    Em suma: esta obra nasceu modesta, porm, a exemplo do meu amor pela cultura e lngua taliana, foi crescendo. Sai, no como merecero seus leitores, mas como pude faz-la, com meus limites e hesitaes: marca indisfarvel de um mundo que me salvou como indivduo e ao qual preciso e devo ajudar a salvar. O mundo do vneto ou do talian. Minha geografia lingstica. Bero da minha voz.

    O Autor.

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  • PRIMEIRA PARTE

    SNTESE HISTRICA

    1PROTO-HISTRIA

    Supe-se que no, V milnio a.C. os povos que mais tarde seriam conhecidos como vnetos ocupavam junto com outros de mesma origem indo-europia as bacias do Don e do Volga. Por volta de 4000 a.C. teria comeado o seu deslocamento em direo atual Ucrnia. Continuando sua caminhada, um grupo seguiu primeiro para o noroes-te, ocupando as margens do Bltico, nas atuais Letnia e Litunia, e depois, tomando o rumo sul, chegou regio delimitada pelo rios Danbio, Oder e Vistula, por volta de 2000 a.C. Ali desenvolveu-se, durante o perodo do Mdio Bronze, uma nova fase cultural que os arquelogos denominam de "Lusaziana" - relativa regio de Lausitz -, que alguns estudiosos entendem ser a matriz da cultura vneto-al-pino-adritica. Esta pretensa identidade resulta da semelhana entre as culturas desses, os vnetos da Europa Oriental, com aqueles que vieram a ocupar a plancie padana. Estes vnetos, que em ltima anlise so nossos antepassados remotos, provm de outro ramo: daquele que, da regio do Volga, seguiu para o Sul, para a Paflagnia, terra banhada pelo Mar Negro, entre as atuais Turquia e a Armnia.

    O testemunho escrito mais antigo a respeito deste ramo dos vnetos - o nosso ramo - nos foi deixado por Homero. Povo que Homero denomina de "nobre e magnnimo", famoso pela criao e adestramen-to de cavalos, foi aliado dos troianos e, juntamente com eles, derrotado pelos gregos no longo cerco da histrica Tria.

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  • Mapa 1. Movimento dos Vnetos Da regio das bacias do Don e do Volga, um grupo seguiu rumo Oeste, para a atual Ucrnia, e dali para o Bltico e para a regio ocupada pela atual Repblica Tcheca, onde se desenvolveu a denominada Cultura Lusaziana. Um segundo grupo rumou para o Sul, primeiro para a Paflagnia, no Mar Negro, na divisa entre as atuais Turquia e Repblica da Gergia, para depois seguir para o atual Vneto. O caminho mais provvel est assinalado no mapa: subindo o rio Danbio e seus afluentes da margem direita, Sava e Drava, e, dos Dolomitas, descendo para a plancie.

  • Tito Lvio, escritor vneto (59 a.C. - 17 d.C), entre outros, recorda que aps a queda de Tria os vnetos, sob as ordens de Antenor, deslocaram-se em direo ao Adritico. A regio do atual Vneto, tanto pode ter sido alcanada via martima, como subindo o rio Danbio e seus afluentes Sava e Drava, chegando assim, primeiro aos AlpesVnetos, e depois ao Adritico.

    A tradio diz que Antenor, seus homens e seus filhos fundaramno Vneto numerosas cidades: Celina, Altino, Padova e outras mais. Aarqueologia confirma que boa parte das atuais cidades venetas tem suafundao por volta dos sculos XIII e XII a.C, portanto cerca de 500anos antes daquela de Roma.

    2O VNETO E ROMA

    No III sculo a.C. os romanos j haviam conseguido levar seuslimites setentrionais altura de Rimini(Ariminum), colnia que haviamfundado com o intuito de impedir o avano dos gauleses que desciampelo vale do P.

    Em grande parte da plancie padana os celtas tinham enxotadoou absorvido as populaes autctones. Algumas cidades-estadostinham, contudo, resistido s hordas invasoras. o caso da etruscaMantova, da umbra Ravena, da greco-siracusana Adria e, especialmen-te, das populaes venetas, que conseguiram deter o expansionismoglico. Os importantes centros de Este e de Padova permaneceramindependentes, com sua autonomia e sua prpria cultura. O desenvol-vimento cultural e civil dos vnetos, tanto no campo das armas comono da organizao poltica, havia alcanado um nvel to elevado quepodia oferecer uma real resistncia aos celtas, que haviam invadido aregio a partir de 225 a.C.

    Aos vnetos interessava sobremaneira uma aliana com os romanos: manteriam gauleses e celtas distncia. A aliana acon-teceu a 186 a.C. No houve guerra, nem batalhas: houve um acordo. Os vnetos continuaram independentes, mantendo seus usos, seus costumes, sua lngua - que evidentemente no era a que se fala hoje. Enfim, a aliana com os romanos no alterou a cultura desse povo. Com

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  • Mapa 2. Domnios da "serenssima" Repblica de Veneza No incio do sculo XVIII, Veneza ainda dominava um territrio considervel: os atuais Vneto e Friuli-Venezia Giulia, parte da Lombardia, do Trentino, toda a stria, as ilhas da costa e parte considervel da Dalmcia.

  • a instituio da X Regio, no ano de 89 a.C.(junto com a Crnia e a stria), o Vneto estreita ainda mais suas relaes com Roma.

    Roma - e mais tarde a prpria Repblica de Veneza - respeitava as culturas autctones e nunca imps, quer aos povos conquistados, quer aos povos a ela coligados, usos, costumes, religio e, muito menos, idioma. A fala veneta, mais irm do que filha do latim, foi evoluindo at alcanar o status de lngua, chegando mesmo a ser falada e escrita no apenas na regio ocupada pelo atual Vneto, mas tambm em grande parte da Lombardia, em quase todo o Trentino, no Friuli, na Venezia-Giulia, na stria, na Dalmcia, ao longo do Adritico e em muitos portos do Mediterrneo e do Mar Negro.

    3 A 'SERENSSIMA' REPBLICA DE VENEZA

    Ao longo do I milnio as invases brbaras se sucedem. Primeiro os hunos de tila, no anode450, que segundo a tradio foi responsvel pelo povoamento das ilhas da laguna pelos vnetos que fugiam do 'Flagelo de Deus'. Verdade ou lenda, o certo que j em 538, Cassiodoro, enviado de Teodorico, rei dos Ostrogodos, testemunha a existncia de vida social organizada na laguna. E ento chegam os Longobardos(569), responsveis pela destruio de Padova(602) - pela 2 vez, pois tinha sido antes arrasada por tila - e Oderzo (639).

    O ano de 697 um marco na histria da futura Repblica: Paolo Lucio Anafesto, por livre escolha dos cidados, eleito o 1 Doge deVeneza. A cidade-estado passa, desde ento, a desenvolver-se rapida-mente e, embora mantendo-se nas vizinhanas da laguna, em 735 j possui uma frota considervel.

    Em 1164 os vnetos, sob o comando dos veroneses (Lega Verone-sa) enfrentam os exrcitos de Frederico Barbarossa. A partir de 1220, Veneza comea sua caminhada de conquistas, enfrentando em suces-sivas guerras: Gnova pelo domnio do mar, e Verona pelo domnio da "terra ferma". Em 1420 seus domnios vo desde o Adda at alm de dine. No final do sculo XV a Serenssima domina o Adritico e comanda o comrcio mundial de especiarias. um Pas livre e rico. Est no seu apogeu.

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  • Como conseqncia das guenas napolenicas, a Repblica de Veneza deixa de existir em 1797, com a assinatura do Tratado de Campofrmio. O territrio da Repblica passa ento a fazer parte dc ento chamado Reino de Itlia (at 1815) para em seguida constituir-se, junto com a Lombardia, no fantoche Reino Lombardo-Vneto, que nada mais era do que o domnio dos Asburgos maldisfarado. Depois de vrias lutas buscando a independncia, passando inclusive pela expe-rincia da Repblica Vneta de Daniele Manin (1848), em 1866, com a Unificao ocorrida poucos anos antes, o Vneto passa a fazer parte do recm-criado Reino da Itlia.

    4 A LITERATURA E O TEATRO VNETOS

    O primeiro livro vneto de grande circulao foi publicado origi-nalmente em francs, Livre des merveilles du monde, que nana as fantsticas viagens de Marco Polo. Em vneto essa obra tomou o nome de II milione. (Marco Polo [1254-1324] ditou essa obra numa priso genovesa. Ele havia sido capturado na batalha de Curzola, entre genoveses e vnetos, felizmente vencida por seus patrcios).

    Outra obra importante do sculo XIII o poema de Giacomino da Verona, inspirado em textos bblicos.

    No sculo XIV no apareceram autores que merecessem desta-que, mas os sculos seguintes foram dadivosos. Leonardo Giustinian [Veneza, 1388-1446] foi o iniciador do famoso teatro de comdia veneziano, que encontrou em Angelo Beolco [Padova, 1500-1542], conhecido como Ruzzante, um de seus expoentes mximos.

    O sculo XVIII nos presenteia com dois grandes autores: Giovanni Giacomo Casanova [Veneza, 1725-Bomia, 1798], com seu Histoire de ma vie, e Carlo Goldoni [Veneza, 1707-Paris, 1793] com suas famosas comdias, entre as quais se destacam Momolo cortesan [1738], Donna di garbo [1748], La bottega dei caff [1750], II campiello, Irusteghi, Sior Todero brontolon e Le baruffe chiozzotte, escritos entre 1752-62. Do perodo em que viveu em Paris so 5 ventaglio [1764] e II burbero benfico [1771].

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  • Seguindo uma linha semelhante de Goldoni, Francesco Augusto Bon [Veneza, 1788-Pdova, 1858] nos deixa uma importante produo teatral, assim como Giacinto Gallina [Veneza, 1852-1897]. So de Gallina as comdias em lngua vneta: Lebarufein famegia e El moroso de la nona.

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    EL NOSTRO PARLAR

    Dos imigrantes italianos que colonizaram o Rio Grande do Sul, aproximadamente 95% eram provenientes do Vneto, do Trentino-Alto dige, do Friuli-Venezia Giulia, isto , do Trivneto, e da Lombardia. Desses, mais de 60% tinham lngua e cultura venetas. Tinham falares diferentes, sotaques distintos, mas a lngua-me era a mesma: o vneto.

    Aqui chegados, foram instalados em 'linhas' e 'travesses' das colnias, sem respeitar a origem de cada um. Assim, uma famlia trentina da Valsugana, por exemplo, passava a ser vizinha de uma friulana, de Pordenone, de um lado, e outra lombarda, de Brgamo, do outro, com vrias famlias venetas ao seu redor. Evidentemente era preciso entender-se. Dai resultou uma lngua de comunicao, uma koin, muito mais vneta do que lombarda, ou friulana, ou trentina, pois vneta era a maioria. A influncia 'brasileira', no incio foi muito pequena. certo que em algumas 'linhas' em que a maioria era lombarda, a porcentagem de 'lombardo' na koin era maior, o mesmo ocorrendo se a etnia predominante era trentina ou friulana mas, mesmo Assim, nas vilas da regio, ntei paesi, a lngua era sensivelmente amesma. Isto durou mais de 50 anos. S depois do advento do Rdio a incluso de termos portugueses foi se acentuando. Textos de propa-ganda poltica recolhidos em Bento Gonalves, datados de 1932, pouco diferem, quanto grafia e ao vocabulrio, de outros divulgados na Val Belluna, Provncia de Belluno, em 1882.

    Aqueles que tiveram a oportunidade de circular pelo Vneto utilizando o nosso talian, devem ter sido surpreendidos com expresses como esta: Varda, el parla come 'l me nono! (Veja, ele fala como meu av!). Sim, extrados os brasileirismos' que ns vamos venetizando ao

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  • Mapa 3. O "nosso" Vneto: a regio de colonizao italiana do Rio Grande do Sul Dos ncleos iniciais de Caxias, Bento Gonalves, Farroupilha e Garibaldi, a civilizao trivneto-lombarda foi se impondo em considervel rea do territrio do Rio Grande do Sul.

  • natural, no faramos m figura na sociedade vneta do final do sculo passado. Falamos um vneto arcaico, sim, mas isso no significa que a lngua que falamos seja uma lngua estacionria, superada, que no tenha evoludo. que a nossa, diferentemente daquela que se fala na Itlia, pela incluso de palavras brasileiras, derivou para um lado, e aquela que se fala nas regies de influncia vneta, na Itlia, com a incluso de vocbulos italianos, desviou para outro. Basta querer, bastaria um querer poltico, e nossos idiomas - o de l e o de c -poderiam ser unificados. suficiente excluir os 'estrangeirismos'!

    6 L' ORGLIO VENESIAN

    Nossa gente, por no saber falar o portugus com desenvoltura, sofreu, num passado nem to remoto, uma discriminao que ia da simples gozao, por no conseguirmos emitir certos fonemas, cadeia.

    Ns que nascemos aqui, que somos - juntamente com os des-cendentes dos alemes - os responsveis pelo desenvolvimento do comrcio e da indstria do Sul do Pas, ramos e ainda somos consi-derados gringos, isto , estrangeiros! Por qu? Porque temos uma cultura diferente! Deveramos dizer: Porque, graas a Deus, temos uma cultura diferente!

    Certo est o Prof. Giovanni Meo Zilio, que no prefcio de um outro livro de minha autoria, assim se expressou: L' ora de butar de drio le spale quel bruto rospo de quel complesso d'inferiorit!, isto , 'Est na hora de jogar fora [de superar] aquele nojento complexo de inferiorida-de!'. Ns no somos inferiores, antes pelo contrrio! Seno vejamos: quais, entre todos os povos que se conhece, tm um passado como o nosso? Poucos, muito poucos! Que Pas europeu, nos sculos XIV e XV, possua o nvel de cultura e de bem-estar que nossos ancestrais gozavam? Nenhum! Em que Pas europeu, daquela poca, havia a liberdade que existia na 'Serenssima'? Em nenhum! Nos avais inter-nacionais qual era o Pas de melhor conceito? Se responderem Rep-blica Vneta, acertaram! (Vocs com certeza no sabiam que a Liga Hansetica s aceitava avais da Serenssima, ou sabiam?) Os reinos de

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  • Frana, os reinos germnicos - naquela poca eram vrios -, os ibricos, o nascente Portugal e outros mais, no gozavam da credibili-dade da 'nossa' Repblica.

    E ento eu pergunto: Ter vergonha? Mas vergonha do qu? Nunca! Ns devemos, isto sim, ter orgulho do nosso passado, da nossa lngua, da nossa cultura, da nossa civilizao!

    E se algum, menos informado, vos disser que vivemos do passado, basta lembr-lo que o Vneto atual uma das regies mais desenvolvidas do mundo e com um nvel de bem-estar comparvel aos da Sua e da Dinamarca, sabidamente os melhores do mundo! E o que dizer do 'nosso' Vneto? Caxias do Sul, Fanoupilha, Garibaldi, Bento Gonalves, Flores da Cunha, Veranpolis, Erechim, Carlos Barbo-sa,... [RS], Joaaba, Caador, Chapec, Concrdia,...[SC], Cascavel, Pato Branco, Francisco Beltro, Medianeira, Toledo,....[PR]?

    Em sntese, sem menosprezar os outros, repito uma frase que ouvi muitas vezes no meu tempo de guri:

    Come noantri, no ghen' altr...

    O idioma o substrato da cultura; perdido o idioma, a cultura fenece!

    24 / Darcy Loss Luzzatto

  • SEGUNDA PARTE

    NOES DE GRAMTICA

    1 ALFABETO

    O alfabeto do talian constitudo de 21 letras, sendo 5 vogais e 16 consoantes, a saber: a, b, c, d, e, f, g, h, i, l, m, n, o, p, q, r, s, t, u, v, z.

    1.1 As vogais e seus sons

    As vogais soam como no portugus e no italiano. O som aberto ser indicado, quando necessrio, pelo acento grave

    () e o som fechado - que apenas o 'e' e o 'o' podem assumir -, pelo acento agudo ().

    Ex.: nera (gansa), cnere (cinzas), mnego (cabo), domnega (domingo), sbito (logo), smile (semelhante, parecido), stofeg (sufocado), imbamb (abobalhado).

    Obs : No talian, como no italiano, pronunciam-se todas as letras da palavra.

    Ex.: Guera (guerra), pronuncia-se gu--ra; qualit (qualidade), pronuncia-se qu-a-lit ; guai (problemas, dificuldades), pronuncia-se gu--i; quei (aqueles), pronuncia-se qu-e-i.

    Talian (Vneto Brasileiro) / 25

  • 1.2 As consoantes e seus sons,

    quando simples e quando combinadas

    b soa igual ao portugus. Ex.: Bel, belo (belo, bonito); brao, bravo (brabo); bicer (copo); butiro (manteiga); bareta (bon), bevanda (bebida).

    c antes de 'a', 'o' e 'u' soa como no portugus, isto , como k. Ex.: Cavai (cavalo); como (como, guampa); culata (ndega);

    antes de 'e' e de 'i', no entanto, tem o som igual ao italiano, soando como tche e tchi do portugus, respectivamente. Ex.: Felice (feliz); picenin (pequenino); ciei (cu); ciacolon (conversador, papudo); imbecile (imbecil); rcia (orelha).

    eh s aparece antes do 'e' e do 'i' e soa como k. Ex.: Michele (Miguel); Chmico (qumico); che (que); chilmetro (quilmetro); qualche-dun (algum).

    d soa como no italiano e no espanhol. Ex.: Diaol (diabo); adio (adeus); dir (dizer); desmentegar (esquecer); di (dia); disnar (jantar); dbiti (dvidas).

    f soa como no portugus. Ex: Fior (flor); fil (fio); fede (f); facile, fssile (fcil); foresto (estranho).

    g antes de 'a', 'o' e 'u' tem som idntico ao do portugus. Ex.: gato (gato); gola (gula, e tambm, garganta); gcia (agulha); guasto (gasto); goto (gole).

    antes de 'e' e de 'i' soa como 'dje' e 'dgi', respectivamente. Ex.: Gnova (Gnova); giugador (jogador); Giglo (Luis, num tratamento familiar); genaio (janeiro).

    gh s aparece antes do 'e' e do 'i', tendo o mesmo som do 'gue' e do 'gui' 'do portugus. Ex.: Portoghese (portugus); laghi (lagos); fonghi (cogumelos); ghirlanda (guirianda, coroa); parlarghe (falar-lhe).

    gn tem som correspondente ao 'nh' do portugus ou do '' espanhol. Ex.: Cucagna (sorte, fortuna); magnar (comer); guadagno (ganho, lucro); gnente (nada); vegner, vegnar (vir).

    26 / Darcy Loss Luzzatto

  • h s usado combinado com o 'c', (ch) e com o 'g', (gh), ou em interjeies. Ex.: Oh!; Ah! Checo (Francisco, num tratamento familiar), ghigna (fisionomia, rosto); gherbo (spero).

    I, m, n, p e q tm sons idnticos aos do portugus. Obs.: No esquecer que, no caso do 'q', que sempre vem seguido de 'u', o 'u' tambm deve ser pronunciado! Ex.: Quela, isto , qu-e-la (aquela); pasqua, que se l ps-qu-a (pscoa); qundese, isto , qu-in-dese (quinze).

    r tem o som igual ao do italiano e ao do espanhol, porm fraco, mesmo quando inicial. Ex.: Roma (Roma); guera (guerra); vero (verdadeiro); tera (terra); rosa (rosa); rana (r); mori (morenos).

    s tem som idntico ao do portugus ; a nica consoante que poder aparecer dupla. Ex.: Paese (vila, pais); sensa (sem); sorasco (churrasco); sasso (pedra); adesso (agora).

    s-c separados por um hfen, para lembrar ao leitor que 's' e 'c' devem ser pronunciados separadamente, destacados um do outro, com seus sons caractersticos. Ex.: S-cianta (pouco); s-ciantiso/s-ciantis (relmpago); rs-cio (risco, perigo); s-ciafa (tabefe); ms-cio (macho).

    sc usado apenas antes de 'a', 'o', e 'u', tm som idntico ao do portugus. Ex.: Scndola (taboinha usada como telha); scria (chicote); biscoto (biscoito).

    v tem som igual ao do portugus. Ex.: Vanga (p-de-corte); verza (couve); vin (vinho); voia (vontade); vos, vose (voz).

    z tem som igual ao do portugus. Ex.: Pianze (chora); zia (tia); pranzo (almoo); zaldo (amarelo).

    Obs.1: No existem no talian os encontros 'gl' e 'cq' existentes no italiano. Ex.: orglio (orgulho), em vez de orgoglio; galiota (pequeno carro), em vez de gagliota; aqua (gua), em vez de acqua. Quando o gl aparece em nomes prprios, principalmente em sobrenomes, o som idntico ao 'lh' do portugus ou do 'll' do espanhol. Ex.: Tagliamento; Sonaglio; Bertoglio; Cagliari; Troglo; Pizzamiglio; Giglio; Gar-buglio.

    Talian (Vneto Brasileiro) / 27

  • Obs.2: Inexistem no talian os sons que no portugus so obtidos com 'j' e com o 'g' (antes de 'e' e de 'i'), com o 'x' e o 'ch' (antes de 'e' e de 'i'. Dai porque, enquanto no se domina o portugus, o Jos se transforma em Zos, Lajeado, em Laseado, Caxias, em Cassia, bolacha, em bolassa, dando origem a tantas brincadeiras de mau gosto.

    Obs.3: No existem sons anasalados no talian. Ex.: Pan (po), pronuncia-se como se tivesse acento grave, pn, e no p; rangotan (macaco, orangotango), pronuncia-se rngotn e no rngot.

    Obs.4: O 'j', conhecido como 'i' longa, poder aparecer, eventualmente, em topnimos e/ou gentlicos. Seu som idntico ao 'i' do portugus. Ex.: Marsiaj (pronuncia-se marsii), vila da Provncia de Belluno e tambm sobreno-me de conhecida famlia porto-alegrense; Mejolaro (pronuncia-se miolro), famlia e empresa comercial de Bento Gonalves.

    2.

    ACENTUAO GRFICA

    2.1 Os acentos grficos

    Existem apenas dois acentos grficos no talian () grave para sinalizar os sons abertos

    Ex.: Frgola (morango), fssile, facile (fcil), gil (colete); com (cmoda); matrimnio (matrimnio); ndii (ndios).

    () agudo, para os sons fechados Ex.: Pgora/pigora (ovelha); domnega (domingo); brntola (resmunga); givani (jo-vens).

    28 / Darcy Loss Luzzatto

  • 2.2 Regras de acentuao

    Regra 1 - Todas as proparoxtonas so acentuadas. Ex.: Frbese/frbese (tesoura), sctola (caixa); flmine (raio); fmena (fmea, mulher); garfolo (cravo); ddese (doze); mnega (manga); Vneto/Vneto (Vneto); pgina (pgina); ndese (onze).

    Regra 2 - As paroxtonas no levam acento. Ex. : Ndemo (vamos); ancora (ainda); pianzer, piander (chorar); tera (terra); rente (junto); furbo (esperto); bianco (branco). Exceo: As paroxtonas terminadas em ditongo crescente levam acento. Ex.: Bstia (besta, animal); orglio (orgulho); pancia (espiga de milho); vssio (vcio); Ggio (Lus, na intimidade).

    Regra 3 - As oxtonas terminadas em consoante no levam acento. Ex.: Nissun (ningum); trapel (tareco, droga); talian (italiano, talo-brasleiro); miei (mel); martinel (vespa).

    Regra 4 - Todas as oxtonas no monossilbicas terminadas em vogal so acentuadas. Ex.: Ges (Jesus); Coss, cos (assim); gil (colete); brustol (sapecado); bacal (bacalhau); fil (sarau).

    Regra 5 - As monossilbicas sero acentuadas somente quando tm um homgrafo tono. Ex.: L (l, ali), para diferenciar de 'la', artigo 'a'; 'n' (no), para diferenciar da negao tona 'no'; '' (3 pessoa do singular do verbo ser), para diferenciar/da conjuno 'e'; d (em baixo), para diferenciar de 'do' (dois); 's' (sde), para diferenciar de 'se' conjuno; etc.

    Talian (Vneto Brasileiro) / 29

  • 3.

    3.1 Conjunes

    aditivas (e, anca, no sol...ma anca) Ex. : Toni e Piero i ndati in paese. (Antnio e Pedro foram vila)

    Vao anca mi a disnar ntel Clube. (Eu tambm vou jantar no Clube) No sol a la ndese ma anca a Marau ghe ze sorasco sabo che vien. (No apenas na Linha Onze [atual Serafina Correa], mas tambm em Marau haver churrasco sbado prximo)

    adversativas (ma, per, peraltro, epure, intanto, ndove/dove) Ex.: Volei ndar, ma me go desmenteg. (Eu queria ir, mas esqueci-me)

    Per no te mostri mia l'et che te gh'. (Porm no demonstras a idade que tens Peraltro el dovaria esser vegnesto. (Por outro lado ele deveria ter vindo) Ghe lo gavei dito che no'l ndesse, epure l' ndato lo stesso. (Eu lhe havia dite que no fosse, no entanto ele foi assim mesmo) Intanto mi son ndato dentro par la porta, lu l' salta fora par la fnestra. (Enquanto eu entrei pela porta, ele saltou para fora atravs da janela) Varda ndove/dove te v, par non pentirte pi tardi! (Olha por onde andas, para no te arrependeres depois!)

    explicativas (che, come, infati) Ex.: El ga magna coss tanto che el pareva un morto de fame. (Comeu tanto que

    parecia um morto de fome) Come noialtri no ghen' altri. (Como ns no existe ningum) Ghen' dito su una partida ma dopo, infati, me go convinto che el gaveva reson lu. (Disse-lhe umas poucas e boas mas depois, contudo, convenci-me que ele estava com a razo)

    consecutivas (de modo che, tanto che) Ex.: De modo che pi vcio che te resti, pi imbambio te deventi. (De modo que

    quanto mais velho ficas, mais abobado te tornas) Pi tanto che te bevi, pi ciuoo te deventi. (Quanto mais bebes, mais bbado ficas)

    conclusivas (dunque, pertanto) Ex. : Dunque, se anca el svita a piover, l' meio che ndemo avanti. (Portanto/con-

    tudo, embora continue a chover, melhor seguir adiante) Son stato mi el primo a rivar, pertanto go guadagn mi. (Eu cheguei primei-ro/antes, portanto sou o vencedor)

    30 / Darcy Loss Luzzatto

    PALAVRAS INVARIVEIS

  • concessivas (bench, ben che, seben che) Ex.: Ben che/bench volaria star qua, ma me toca ndar. (Bem que eu gostaria de ficar,

    mas tenho que ir/partir) Seben che mal, l' ndato/nd a laorar lo stesso. (Embora adoentado, foi trabalhar assim mesmo)

    interrogativas (parch, se) Ex. : Parch sito ndato al giugo sensa domandarme? (Por que foste ao jogo sem pedir-me

    permisso?) E se te rampeghessi ti, no el saria mia meio? (E se tu subisses [trepar numa rvore, p. ex.], no seria melhor?)

    causais (parch) Ex. : Go metesto su la giacheta parch el feva fredo. (Vesti o palet porque fazia frio)

    finais (a fin de) Ex.: Te lo go dito nantra volta a fin de veder se te me capissi o n. (Repeti mais uma

    vez para ver se me entendes ou no)

    temporais (finch/fin che, mentre, dopo che) Ex.: Fin che la dura, mai paura. (Enquanto durar [a pepineira, a vantagem], no h por

    que ter medo) Ti te va davanti, mentre noantri te vegnemo adrio. (Tu vais na frente, enquanto que ns te seguimos) El ga sentisto un bruto mal de testa dopo che el ga fini de magnar. (Ele sentiu uma tremenda dor de cabea aps ter comido)

    condicionais (basta, basta che, se) Ex. : Ndaria anca mi, basta che te vegnessi insieme. (Eu tambm iria, desde que viesses

    junto) Se no te pol alsarte, mi te giuto/aiuto. (Se no podes erguer-te, eu te ajudo)

    excetuativa (meno se, sin, salvo se) Ex. : Vegno su anca mi, meno se no ghe ze posto. (Subirei tambm, a no ser que no

    haja lugar) Varda de far polito, sin te dago una svntola nte na rcia. (Cuida de fazer certo/bem feito, caso contrrio levas um safano numa orelha) Doman giughemo/zughemo/dughemo la bola, salvo se piove forte. (Amanh jogaremos bola/futebol, a no ser que chova forte)

    conformativas (come) Ex.: Go ciam due volte e, come no i me ga rispondesto, son ndato via. (Chamei duas

    vezes, e como no me responderam, fui embora)

    Talian (Vneto Brasileiro) / 31

  • 3.2 Preposies

    a, co/con, de, fra/tra, in, nte, te, per, su Ex.: Son ndato a Bento. (Fui a Bento [Gonalves]); L' [el ze] fiol de Toni. (Ele filhode/do Antonio); Farroupilha l' [la ze] ira Bento e Caxias. (Farroupilha est entre Bento e Caxias); I [ze] gente strnia, ma ira de lori i se capisse. ( gente estranha, mas seentende entre si); L' [el ze] ndato in montanha in cerca de osei. (Ele foi para [subiu] a montanha a procura de pssaros); Per aver [ver] riva tre minuti tardi, el ga perso la lnea [el nibus]. (Por ter chegado trs minutos atrasado, perdeu o nibus); Su ntel monte de Rigon ghe zera tre bele piante de buticai. (Sobre [no] monte dos Rigon havia trs lindas jabuticabeiras)

    3.3 Advrbios

    de modo (mal, presto, pian, forte) Ex.: Meno mai che la tiremo avanti. (Menos mal que avanamos [prosperamos]);Continua coss che presto te deventar sior. (Continua assim que logo logo ficars rico);Se te v a pian, te v lontan. (Se fores devagar, irs longe); Bati forte sin no i te scolta. (Bate forte, caso contrrio no te ouvem)

    de tempo (quando, inc/incoi/anc, ieri/geri, doman/diman, sempre/sem-pro, mai, mai pi) Ex. : Quando elo vegnesto, inc o ieri? (Quando que ele chegou, hoje ou ontem?); St sempre atento, parch se no 'l vien doman no 'l vien mai pi (Fica atento porque se ele no chegar amanh ele no vir nunca mais)

    de lugar (qua, l, l su, l zo, l oltra, ndove/dove) Ex. : Qua, ira noantri, ghe ze solche gente bianca. (Aqui, entre ns, s existem brancos); Ndove zelo ndato? Elo ndato l su ntel monte o l zo ntel rieto? (Onde que ele foi? Ter ido l em cima do mono ou l embaixo no riacho?); N, me par che el sia ndato l oltra, ntel vignal. (No, parece-me que ele foi l adiante, no parreiral)

    de quantidade (poco, s-cianta/s-ciantin, tanto, abastansa, meno,massa) Ex. : Vuto un poco de vin? Si, si, ma sol una s-cianta. (Queres um pouco de vinho? Sim, sim, mas apenas um pouquinho); Gaveo racolto tanto formento sto ano? Gnanca tanto, ma abastansa par noantri. (Vocs colheram muito trigo neste ano? Nem tanto, mas o suficiente para ns); Sto ano gavemo fato meno ua che ntel ano passa. L' anca vera

    32 / Darcy Loss Luzzatto

  • che ntel ano passa el ghen'aveva su massa! (Neste ano produzimos menos uva que no ano passado. bem verdade que no ano passado ele [o parreiral] carregou demais!)

    de afirmao (si, certo/serto, sicuro) Ex. : Si, si, l' vera che son drio a imparar la lngua veneta. (Sim, verdade que estou aprendendo a lngua vneta); Elo prpio certo che te vegni sta sera? Sicuro che vegno, parch l' un bel toco che te devo una visita! ( certo que virs nesta noite? Claro que irei, pois h tempos devo-te uma visita!)

    de negao (n/no, gnanca, nemeno, nissun, gnente, mia) Ex.: Vgnito a la sagra dela Madona, domnega? N, no vegno mia, gnanca se te me paghi el vigio! (Vens festa de Nossa Senhora, no domingo? No, no venho, nem que me pagues a viagem!); No gh'era gnente e no gh vegnesto nissuni, nemeno un can! (No havia nada e no havia ningum, nem sequer um co!)

    de dvida (forsi/fursi, almanco) Ex.: Fursi vago anca mi a l'Itlia ntel prssimo ist. (Talvez eu tambm v Itlia no prximo vero); Almanco fusse vera! (Se ao menos fosse verdade!)

    3.4 Interjeio

    Dependendo da sensao ou do sentimento que se deseja exprimir (alegria, admirao, dor, averso, animao, desejo, aplauso, saudao) teremos:

    Ex.: Ah!, Oh!, Viva!, Eviva!, Veio! Perdio!, Perlamadona!, strega! Avanti!, Su e via!, Corgio! Brao!/Bravo!, Ben!/Bene!, Ciao!, Adio!

    Talian (Vneto Brasileiro) / 33

  • 4 ARTIGO

    Como no portugus, o artigo pode ser definido ou indefinido.

    4.1 Artigo Definido

    Nmero Masculino Feminino

    Singular el, 'l, l' la, l'

    Plural i le

    Ex.: El mul/mulo (o burro); la mussa (a jumenta); l'oroloio/orolgio (o relgio); i mui/muli (os burros); le musse (as Jumentas); i oroloii/orologi (os relgios) Obs.1: Com substantivos que comeam com vogal pode-se usar l',

    tanto para masculino como para feminino. Ex. : L'omo (o homem); l'ua/uva (a uva); l'nera (a gansa); l'nima (alma); l'osel (o pssaro); l'argento (a prata)

    Obs.2: Aps palavras terminadas por vogal, especialmente no caso de 'e' e de 'i', o artigo 'el' ou 'il' pode converter-se em 'l.

    Ex.: Darente 'l muro (prximo ao muro); L'era davanti 'l stdio (estava defronte ao estdio)

    Obs.3: O artigo definido contrai-se com as preposies a, con, de, in, te, nte, dando origem s combinaes abaixo:

    Gnero Singular Plural

    Masculino a + el = al con + el = col

    de + el = del in + el =nel te + el = tel

    nte + el = ntel

    a + i = ai con + i = coi

    de + i = dei in + i =nei te + i = tei

    nte + i = ntei

    Feminino a + la = ala con + la = cola

    de + la = dela in + la = nela te + la = tela

    nte + la = ntela

    a + le = ale con + le = cole

    de + le = dele in + le = nele te + le = tele

    nte + le= ntele

    34 / Darcy Loss Luzzatto

    on sobrein dentro

  • Ex.: Ndemo ai balo sta note. (Vamos ao baile esta noite); I ndati ai bagni su a Ira. (Foram aos banhos [estao de guas] em Irai); Su par de l, dei Vneto e dei vneti no i s gnente! (L para cima, do Vneto e dos vnetos ningum sabe nada!); I pi tanti, ntel [nel, tel] meo paese, i parla talian. (A maioria, na minha vila, fala talian); Vgnito anca ti ala montagna? (Tu tambm vens montanha?); La ze ndata portarghe fien ale pgore. (Ela foi levar feno s ovelhas); El claro dela luna l'era coss forte che el pareva di. (O claro da lua era to forte que parecia dia); Ami, dele volte, la me fa vegner su le fumane. (Arnim, s vezes, ela me faz perder apacincia); L'era bel devderlaquela serantela [nela, tela^piassa. (Eralindo dev-la, naquela noite, na praa). No st pensar, gente mata ghen' ntele meio fameie dei mondo! (No pensa, no, existe gente doida nas melhores famlias do mundo!)

    4.2 Artigo Indefinido

    Nmero Masculino Feminino Singular un una, na

    Plural (*) (*) (*) As contraes dei/dele substituem o plural do artigo indefinido, inexistente no talian. Ex. : El ga pesca un bel pesse. (Ele pescou um belo peixe); El ga pesca dei bei pessi. (Ele pescou uns belos peixes); El ga cata una frgola. (Ele encontrou um moranguinho); El ga cata dele frgole. (Ele encontrou uns moranguinhos)

    5 ADJETIVO

    No talian o adjetivo concorda em gnero e nmero com o subs-tantivo a que se refere.

    Os adjetivos podem ser possessivos, demonstrativos, indefinidos, numerais e qualificativos.

    Talian (Vneto Brasileiro) / 35

  • 5.1 Adjetivo Possessivo

    N 2 Pessoa Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    1a me me me me

    ingu

    la

    meo, mio mei mea, mia mie

    Sn

    gula

    n

    gula

    r

    2 a to to to to tuo, too tui, toi toa, tua tue

    3 a so so so so suo, soo sui, soi sua, soa sue, soe

    1a nostro nostri nostra nostre

    Plu

    ra

    l

    2 a vostro vostri vostra vostre Plu

    ra

    l

    3 a so so so so suo, soo sui, soi sua, soa sue, soe

    Ex.: Me[meo, mio]nono / Me[mei] noni (Meu av / Meus avs); Me[mea, mia] nona /Me[mie] none (Minha av / Minhas avs); To[tuo, too] fradel / To[tui, toi] fradei (Teu irmo / Teus irmos); SO[SUO, soo] compare / So[sui, soi] compari (Seu compadre / Seus compadres); So[sua,soa] comare / So[sue, soe] comare (Sua comadre / Suas comadres); Nostro cugn / Nostri cugnadi (Nosso cunhado / Nossos cunhados); Nostra cugnada / Nostre cugnade (Nossa cunhada / Nossas cunhadas); Vostro nevodo / Vostri nevodi (Vosso sobrinho / Vossos sobrinhos); Vostra nevoda / Vostre nevode (Vossa sobrinha / Vossas sobrinhas)

    36 / Darcy Loss Luzzatto

    Quando SEM artigo definido antes ADJETIVO POSSESSIVO

  • 5.2 Adjetivos Demonstrativos

    Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    questo sto

    quel quelaltro

    questi sti quei queialtri

    questa sta

    quela quelaltra

    queste ste

    quele quelaltre

    Ex.: Questo[sto] ciodo / Questi[sti] ciodi (Este prego / Estes pregos); Questa[sta] sega / Queste[ste] seghe (Esta serra / Estas serras); Quel mastel / guei mastei (Essa tina / Essas tinas); Queia piconela / quele piconele (Esse enxado / Esses enxades); Quelaltro bicer / Queialtri biceri (Aquele copo / Aqueles copos); Quelaltra botlia / Quelaltre botlie (Aquela garrafa / Aquelas garrafas)

    5.3 Adjetivos Indefinidos

    Os adjetivos indefinidos so muitos. Apresentamos a seguir os mais comuns:

    Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    stesso stessi stessa stesse istesso istessi istessa istesse

    medsimo medsimi medsima rnedsime

    poco pochi poca poche

    qual quai quala quale

    qualche qualche qualche qualche

    quanto quanti quanta quante

    Talian (Vneto Brasileiro) / 37

  • Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    tanto tanti tanta tante

    tuto tuti tuta tute

    arquanto arquanti arquanta arquante raquanto raquanti raquanta raquante

    altro altri altra altre

    naltro naltri naltra naltre

    che che che che

    Ex.: El ga fato lo stesso dei al tri (Procedeu da mesma maneira que os demais); L' stato lu medsimo che'l se g fato la so casa (Foi ele mesmo que ergueu a sua prpria casa); Un poco al di te la finissi, te vedar! (Um pouco por dia vais termin-la, vers!); Quala ela la pi vcia? (Qual [qual delas ] a mais velha?); Me piasaria giutarghe qualche cosa anca mi (Gostaria de ajudar em[com] alguma coisa eu tambm); Tanto el guadagna, quanto el guasta! (Tanto ganha, quanto gasta!); Tute le matine la me porta el caf (Todas as manhs traz-me o caf); Arquante [raquante] ghen'o fato anca mi (Umas quantas eu tambm fiz!); Ma i ghen' fato anca i altri! (Mas os outros tambm fizeram!); Naltra sera vegnar anca mi al fil (Noutra noite eu tambm virei ao 'fil'); Che voia che go de bevar un goto de vin de quei boni! (Que vontade eu tenho de beber um copinho [gole] de vinho dos bons !) Observao Importante: Em regies em que a maioria dos imigrantes de origem trentina e/ou belunesa, a perda da ltima vogal das palavras muito comum. Isso no ocorre apenas com os adjetivos, mas com todas as palavras. Ex. : Stess, em vez de stesso; bel, em vez de belo; mont, em vez de monte; bevest, em vez de bevesto.

    5.4 Adjetivos Numerais

    5.4.1 Numerais Cardinais

    1 - un; una 4 - quatro 2 - due, do; due 5 - sinque, cinque 3 - tre 6 - sei

    38 / Darcy Loss Luzzatto

  • 7 - sete 50 - sinquanta 8 - oto 60 - sessanta 9 - nove 70 - setanta

    10 - diese 80 - otanta 11 - ndese 90 - novanta 12 - ddese 100 - sento, cento 13 - trdese 200 - dusento, duessento 14 - quatrdese 300 - tresento, tressento 15 - quindese 400 - quatrossento 16 - sdese 500 - sinquessento 17 - disassete 600 - seissento 18 - disdoto 700 - setessento 19 - disnove 800 - otossento 20 - vinti 900 - novessento 21 - vintiun 1.000 - mila 22 - vintidue 10.000 - diesemila 23 - vintitr 100.000 - sentomila 30 - trenta 1.000.000-un milion 40 - quaranta

    Obs.: Para escrever-se o numeral, o procedimento idntico ao do italiano, isto , escreve-se tudo junto, sem espaos e sem vrgulas. Ex.: 37 = trentassete; 144 = sentoquarantaquatro; 817 = otossentodisassete; 1994 = milanovessentonovantaquatro.

    5.4.2 - Numerais Ordinais

    1 - primo 2 - secondo 3 - terso 4 - quarto 5 - quinto

    6 - sesto 7 - stimo 8 - otavo 9 - nono

    10 - dssimo, dcimo

    Do 10 em diante utilizam-se os cardinais para identificar a ordem. Ex. : Dei i floi, Toni l' el trdese (Dos filhos, Toni [Antnio] o dcimo terceiro); I ndati su a la ndese [Linea ndese] (Foram at a Linha ll [antiga denominao de Serafina Corra]); Ntela classificassion Piero el ze el quarantatr (Na classificao Pedro o quadragsimo terceiro).

    Talian (Vneto Brasileiro) / 39

  • 5.5 Adjetivos Qualificativos

    Os adjetivos qualificativos so muito numerosos. Dentre os mais comuns temos:

    Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    alto alti alta alte

    basso bassi bassa basse

    bauco bauchi bauca bauche

    belo bei bela bele

    bianco bianchi bianca bianche

    biondo biondi bionda bionde

    brbo brbi brba brbe

    bon boni bona bone

    bruto bruti bruta brute

    caro cari cara care

    cativo cativi cativa cative

    furbo furbi furba furbe

    grando grandi granda grande

    negro/nero negri/neri negra/nera negre/nere

    picolo picou picola picole

    stpido stpidi stpida stpide

    Ex. : Varda che bel che l' el spontar dela luna sta sera (Olha como bonito o despontar da lua esta noite); Che tempo bruto, par fin che'l piove! (Que tempo feio, parece que vai chover!); I ze prpio boni i pignoi sto ano! (Esto realmente bons [saborosos] os pinhes este ano); Se te

    40 / Darcy Loss Luzzatto

  • vol vderlo cativo dighe che'l se ga marid con una negra! (Se quiseres v-lo brabo diga-lhe que ele casou com uma negra!); Gioan e Luigi no i par ganca fradei: un l' grando e grasso e Quelaltro l' picolo e magro (Joo e Lus nem parecem irmos: um grande e gordo e o outro pequeno [baixo] e magro; Elo 'l campanil pi alto dela cesa o la cesa pi bassa dei campanil? ( o campanrio que mais alto do que a igreja ou a igreja que mais baixa do que o campanrio?); Un el me dis che la zera furba, nantro el me dis che la zera birba! Ma no zelo mia la medsima stria? (Um me diz que ela era esperta e outro me informa que ela era astuta ! Mas isso no d no mesmo?); Lu bauco, ela stpida, che fioi vegnaralo fora? (Ele abobado, ela aparvalhada, que filhos nascero?)

    5.6 Grau dos Adjetivos

    5.6.1 - Comparativo

    a) O de igualdade formado com come ou cof. Ex.: Piero l' vcio come mi (Pedro to velho como/quanto eu); Gigio l' grando cof Bepi (Lus to grande [alto] quanto o Jos).

    b) O comparativo de superioridade formado com o advrbio pi/pu. Ex.: Piero l' pi vcio de mi (Pedro mais velho do que eu); Gigio l' pi grando che Bepi (Lus maior[mais alto] que Jos).

    c) O comparativo de inferioridade formado pelos advrbios manco e meno.

    Ex. : Piero l' [el ze] meno grasso che mi (Pedro menos gordo que eu); Gigio el ga manco cavei che Bepi (Lus tem menos cabelos do que Jos).

    5.6.2 - Superlativo

    a) O superlativo relativo formado com el pi ... de. Ex. : Ntela ltima riunion mi seri ei pi vcio de tuti (Na ltima reunio eu era o mais velho de todos)

    b) A falta de uma forma especfica de superlativo absoluto suprida pela expresso che mai pi ou pi che mai. Ex.: El ga ciap una bota che mai pi! (Recebeu uma pancada fortssima!)

    5.6.3 - Aumentativo

    O aumentativo sempre formado em on ou em asso Ex.: Furbo, furbon; bon, bonasso; pegro, pegron; zaldo, zaldon; rosso, rosson, etc. (Esperto, espertalho; bom, bonssimo; lerdo, lerdo; amarelo, amarelo; vermelho, vermelho, etc.)

    Talian (Vneto Brasileiro) / 41

  • 5.6.4 - Diminutivo

    O diminutivo quase sempre formado em in/ina, eto/eta ou oto/ota. Ex.: Bela, beleta, belina, belota (Bela, belinha); Furbo, furbeto, furbin, furboto (Esperto, espertinho rosso, rosseto, rossin, rossoto (vermelho, vemelhinho); picolo, picoleto, picolino [picinin], picoloto (pequeno, pequenino); grasso, grasseto, grassin, grassoto (gordo, gordinho).

    Obs.: O diminutivo em oto/ota tem quase sempre um sentido depreciativo.

    6 FORMAO DO PLURAL

    A maioria dos substantivos masculinos terminaria em 'o' ou 'e'. no fosse a quase natural perda dessa vogal final. Ex.: Cavalo, cavai (cavalo); Mircolo, miracol (milagre); Garfolo, garofol (cravo [flor]); vedelo. vedel (tenreiro); prete (padre); frate (frade, frei);

    E apenas uns poucos terminam em 'a'. Ex.: Profeta (profeta), poeta (poeta).

    O plural desses susbstantivos masculinos formado substituin-do-se a vogal final, ou a consoante final - no caso da perda natural da ltima vogal -, por 'i'. Ex.: Cavalo, cavali ou cavai, cavai'; Mircolo, mircoli ou miracol, mircoi; garfolo, garofoli ou garofol, garfoi; vedelo, vedeli ou vedel, vedei; prete, preti; frate, frati; profeta, profeti; poeta, poeti.

    J os substantivos femininos, quase todos terminados em 'a', formam o plural trocando o 'a' por 'e', enquanto que os terminados por 'e', ou permanecem invariveis, ou formam o plural em 'i'. Ex. : La rosa, le rose (A rosa, as rosas); La corona, le corone (A coroa, as coroas) [Obs. : Corona tambm pode significar tero/rosrio}; La piconela, le piconele (O enxado, os enxades); La fmena, le fmene (A mulher, as mulheres); La frbese, le frbese (A tesoura, as tesouras); La sendre/snere, le sendre/snere (A cinza, as cinzas)

    Algumas excees: (1) Substantivos terminados por vogal tnica acentuada permanecem

    invariveis.

    42 / Darcy Loss Luzzatto

  • Ex.: La cit, le cit (A cidade, as cidades); La virt, le virt (A virtude, as virtudes); Un bacal, dei bacal (Um bacalhau, uns bacalhaus); El pec (pecato), i pec (pecati) (O pecado, os pecados)

    (2) Tambm permanecem invariveis alguns outros substantivos como man (mo) e can (co).

    (3) Formam plural de modo irregular: Il dio, i dei (O deus, os deuses); L'omo, i mini (O homem, os homens)

    7 FORMAO DO FEMININO

    Para formar o feminino troca-se a desinncia do masculino por 'a' ou simplesmente se acrescenta um 'a'. Ex.: Signor(e), signora (senhor, senhora); portel(o), portela (porto); servo, serva (empregado, empregada); bel(o), bela (belo, bela, bonito, bonita); vneto, vneta (vneto, vneta, habitantes do Vneto e seus descendentes); vicin(o), vicina (vizinho, vizinha); brasilian(o), brasiliana (brasileiro, brasileira)

    Alguns nomes, para formarem o feminino, trocam a desinncia do masculino por 'essa'. Ex.: Conte, contessa (conde, condessa); professore, professoressa (professor, professora); principe, principessa (prncipe, princesa)

    Outros por 'ina'. Ex.: Gal(o), galina (Galo, galinha); eroe, eroina (Heri, herona)

    E outros, ainda, permanecem invariveis. Ex.: El nipote, la nipote (O neto, a neta); El givane, la givane (O Jovem, a jovem)

    Finalmente, existem nomes que tm no feminino uma fornia totalmente diferente da do masculino. Ex.: Re, regina (rei, rainha); Dio, dea (Deus, deusa); ms-cio, fmena (macho, fmea); omo, dona (homem, mulher); pup, mama (pai, me); beco, cavra (bode, cabra); multon, pgora (carneiro, ovelha); toro, vaca (touro, vaca); fradel, sorela (irmo, irm); messier, madona (sogro, sogra).

    8 GRAUS DO SUBSTANTIVO

    O aumentativo dos substantivos formado com a utilizao dos sufixos 'on', para o masculino, e 'ona', para o feminino.

    Talian (Vneto Brasileiro) / 43

  • Ex.: Piero, Pieron (Pedro, Pedro); sasso, sasson (pedra, pedrona); gamba, gambona (perna pernona); trpola, trapolona (armadilha, armadilhona); sola, asolona (elo/lao, elo); libro: libron (livro, livro)

    Alguns poucos formam o aumentativo atravs do sufixo zon ou zona, para o masculino e feminino, respectivamente. Ex.: Bote, botezona (Pipa [reservatrio para vinho], pipona)

    Para o diminutivo, tambm usado afetivamente, utilizam-se os sufixos in, el (o/a), eto/eta, e oto/ota, sendo que este ltimo assume quase sempre, um sentido depreciativo. Ex.: Piero, Pierin, Hereto, Pieroto (Pedro, Pedrinho, Pedrito, Pedrote); cavai (o), cavalin, cavaloto (cavalo, cavalinho, cavalote); campanil (e), campaniloto (campanrio); cesa, ceseta, cesota (igreja, igrejinha, igrejota).

    9 OS PRONOMES

    9.1 Pronome Pessoal (Sujeito)

    Pessoa Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    1 mi nantri, mi nantre, noaltri, noaltre, noantri noantre

    2 ti, te valtri, ve ti, te valtre, voaltri voaltre

    3 lu lori, ela, lore, el(o) luri la le

    i, li

    Ex.: Mi camino, ti te camini, lu el camina/ela la camina, noantri caminemo/noantre caminemo, valtri camin/valtre camin, lori i camina/lore le camina (Verbo Caminhar: Presente do indicativo)

    44 / Darcy Loss Luzzatto

  • Obs.: Aps o sujeito expresso, repete-se o pronome sujeito. Ex. : Toni eJ ga cata el mui (Antnio [ele] encontrou o burro) ; Piero J' nassesto a la Pinta (Pedro [ele] nasceu em Pinto Bandeira)

    9.2 Pronome Pessoal Oblquo (Objeto)

    Pessoa Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    1 me, mi ne, nantri, me, mi ne, nantre, naltri, naltre, noantri noantre

    2 te, ti ve, valtri, te, ti ve, valtre, voaltri voaltre

    3 lo, se, li, se, la, se, le, se, ghe, ghe, ghe, ghe, ghen, ghen, ghen, ghen, ghin ghin ghin ghin

    Ex. : Vrdete ti prima de parlar dei altri! (Olha-te a ti mesmo antes de falar dos outros!); Mi me also bonora. (Eu me levanto cedo); Ormai[romai, deromai] el ne ga visto! (Ele j nos viu!) I ve ga ass fora a voaltre. (Vos deixaram fora/Deixaram fora a vocs); Mi ghen' uno, ma lore le ghen' arquante. (Eu tenho um, mas elas tm muitos)

    9.3 Pronome Possessivo

    N- Pessoa Singular Plural Singular Plural 1 el meo i mei la mea le mee

    el mio la mia le mie gula

    r

    2 el tuo i tui la tua le tue Sin

    el too i toi la toa le toe

    Sin

    3 a el suo i sui la sua le sue el soo i soi la soa le soe

    Talian (Vneto Brasileiro) / 45

    Quando COM artigo PRONOME POSSESSIVO

  • Plu

    ra

    l el nostro i nostri la nostra le nostre

    Plu

    ra

    l

    2 a el vostro i vostri la vostra le vostri Plu

    ra

    l

    3 a el suo el soo

    i sui i soi

    la sua la soa

    le sue le soe

    Ex.: Mi magno del mio e ti te magnar del tuo. (Eu como do meu e tu comers do teu); No gavemo impiant ntel nostro. (Ns plantamos no nosso[nosso terreno/nossa terra]); Prima i gabrusc el vignal de Ferrari, adesso i drio a bruscar el suo de lori. (Antes podaram o parreiral do Ferrari, agora esto podando o deles).

    9.4 Pronome Demonstrativo

    Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    questo questi. questa queste sto sti sta ste

    quel queli

    quela quele quelquei

    quelaquee

    Ex.: Questo libro l' [el ze] mio. (Este livro meu); Quei de la Giassinta i [i ze] furbi. (Aquele; da Linha Jacinto so espertos); Quele dei Vintioto le bala ben. (As/Aquelas da Linha Vinte e Oito danam bem)

    9.5 Pronome Indefinido

    Masculino Feminino

    Singular Plural Singular Plural

    qual? quai? quala? quale? quanto quanti quanta quante tato tuti tuta tute el stesso lo stesso

    i stessi la stessa le stesse

    nissun nissuni nissuna nissune

    46 / Darcy Loss Luzzatto

    1

  • Observaes: (1) Nantro [naltro], que no feminino d nantra [naltra] (um outro/uma

    outra) e qualchedun(o)/qualcheduna (algum), no tm a forma plural.

    (2) Qualche (algum, qualquer) e Cosa? [Cossa?] Che cosa? [Che cossa?] (O qu? Que coisa?) so invariveis. Ex.: Qual elo el pi furbo? (Qual o mais esperto?); Quanta ua [uva] gaveo fato? (Quanta uva vocs produziram?) Lo stesso de ieri me ga sucesso [sucedesto] inc! (O mesmo de ontem aconteceu-me hoje!); Tuto polito, compare, tuto polito! (Tudo em ordem [correto, limpo], compadre, tudo em ordem); Nissun saveva [savea] che mi vegnevi [vegnei] zo! (Ningum sabia que eu desceria!) L' [El ze] stato nantro che me ga conta sta stria. (Foi outra pessoa que/quem me contou esta histria); Qualchedun el pagar, anca se no'l ga colpa, te vedar! (Algum pagar, mesmo que no tenha culpa, vais ver!); Cossa dsito? Pnsito che son balordo? (O que dizes? Pensas que sou um abobado?) Qualche di vegnar a trovarte. (Algum dia [Um dia desses] virei procurar-te [visitar-te]

    9.6 Pronome Relativo

    Che (que), chi (quem), Che? (O qu?), Chi? (Quem?) Ex.: L'era sior, el magneva quel che el voleva. (Ele era rico, comia o [aquilo] que queria [desejava]; Chi elo quel co le braghe bianche? (Quem aquele com as calas brancas?); Quel furbante l elo vegnesto a far chel (Aquele malandro [espertalho] ali veio fazer o qu?)

    Talian (Vneto Brasileiro) / 47

  • 10 OS VERBOS

    10.1 Verbos Auxiliares:

    esser = ser/estar e aver = ter/haver

    10.1.1 - Conjugao do verbo esser/essar INDICATIVO

    Presente

    (Eu sou) Mi son Ti te si [s] Lu el ze [lu l'] Nantri semo Valtri sii Lori i ze []

    Pretrito Imperfeito

    (Eu era) Mi ero [zero, gero] Ti te eri [zeri, geri] Lu l'era [el zera, el gera] Nantri rino [zrimo, grimo] Valtri eri [zeri, geri] Lori i era

    Pretrito Perfeito

    (Eu fui) Mi son st [stato] Ti te si st [stato] Lu el ze st [stato] Nantri semo stai [stati, stadi] Valtri sii stai [stati, stadi] Lori i ze [] stai [stati, stadi]

    Pretrito Mais -que-Perfeito

    (Eu tora) Mi ero st Ti te eri st Lu l'era st Nantri rino stai Valtri eri stai Lori i era stai

    Futuro do Presente

    (Eu serei) Mi sar Ti te sar Lu el sar Nantri saremo Valtri sar Lori i sar

    Futuro do Presente Composto

    (Eu terei sido) Mi sar st Ti te sar st Lu el sar st Nantri saremo stai Valtri sar stai Lori i sar stai

    48 / Darcy Loss Luzzatto

  • Futuro do Pretrito

    Futuro do Pretrito Composto

    IMPERATIVO Presente

    Sii ti (S tu) Sia lu (Seja ele) Sino nantri (Sejamos ns) S valtri (Sede vs) Sia lori (Sejam eles)

    SUBJUNTIVO

    Presente

    (Que eu seja) Che mi sia [spia] Che ti te sie Che lu el sia Che nantri sino Che valtri sii Che lori i sia

    Passado (Pretrito Perfeito) (Que eu tenha sido) Che mi sia st Che ti te sie st Che lu el sia st Che nantri sino stai Che valtri sii stai Che lori i sia stai

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu fosse) Se mi fusse Se ti te fussi Se lu el fusse Se nantri fssino Se valtri fussiSe lori i fusse

    Passado Anterior (Pretrito mais-que-Perfeito)

    (Se eu tivesse sido) Se mi fusse st Se ti te fussi st Se lu el fusse st Se nantri fssino stai Se valtri fussi stai Se lori i fusse stai

    Presente

    (Ser) Esser [essar]

    INFINITIVO

    Passado

    (Ter sido) Esser st/Esser stai (masc.) Esser stada/Esser stade (fem.)

    Talian (Vneto Brasileiro) / 49

    (S tu) (Eu teria sido) Mi saria st Ti te sarissi st Lu el saria st Nantri sarssino stai Valtri sarissi stai Lori i saria stai

    (Eu seria) Mi saria Ti te sarissi Lu el saria Nantri sarssino Valtri sarissi Lori i saria

  • PARTICIPIO Passado

    GERNDIO Presente

    Observao importante: O verbo essei, como no francs e no italiano, tem funo de ser

    e de estar, dependendo de como comparece na frase. Ex.: Mi son talian, grssie a Dio. (Eu sou talo-brasileiro, graas a Deus.) / Mi son qua che :i speto depi de una ora. (Eu esou aqui te esperando h mais de uma hora.)

    10.1.2 - Conjugao do verbo star INDICATIVO

    Presente

    (Eu estou) Mi st Ti te st Lu el st Nantri stemo Valtri st Lori i st

    Pretrito Imperfeito

    (Eu estava) Mi stevo Ti te stevi Lu el steva Nantri stvno Valtri stevi Lori i steva

    Pretrito Perfeito

    (Eu estive) Mi son st [stato] Ti te si st [stato] Lu el ze st [stato] Nantri semo stai [stati, stadi] Valtri sii stai [stati, stadi] Lori i ze [] stai[stati, stadi]

    Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Eu estivera) Mi ero st Ti te eri st Lu l'era st Nantri rno stai Valtri eri stai Lori i era stai

    Futuro do Presente

    (Eu estarei) Mi star Ti te star Lu el star Nantri staremo Valtri star Lori i star

    Futuro do Presente Composto

    (Eu terei estado) Mi saro st Ti te sare st Lu el sara st Nantri saremo stai Valtri sar stai Lori i sara stai

    * O gerndio raramente usado. Contorna-se essa ausncia alterando a formao da frase. Ex.: Come l'era [el zera] massa straco, l' ndato [el ze ndato] a dormir. = Sendo/Es-

    tando ele cansado, foi dormir 50 / Darcy Loss Luzzatto

    (Sido) St/stai (masc.) Stada/stade (fem.)

    (Sendo) Essen do

  • Futuro do Pretrito

    Futuro do Pretrito Composto

    IMPERATIVO Presente

    Stii ti (est tu) Stia lu Stino nantri St valtri Stia lori

    SUBJUNTIVO

    Presente

    (Que eu esteja) Che mi stia Che ti te stie Che lu el stia Che nantri stino Che valtri stii Che lori i stia

    Passado (Pretrito Perfeito) (Que eu tenha estado) Che mi sia st Che ti te sie st Che lu el sia st Che nantri sino stai Che valtri sii stai Che lori i sia stai

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu estivesse) Se mi stesse Se ti te stessi Se lu el stesse Se nantri stssino Se valtri stessi Se lori i stesse

    Passado Anterior (Pretrito mais-que-Perfeito) (Se eu tivesse estado) Se mi fusse st Se lu el fussi st Se lu el fusse st Se nantri fssino stai Se valtri fussi stai Se lori i fusse stai

    Presente

    (Estar) Star

    INFINITIVO

    Passado

    (Ter estado) Esser st/esser stai (masc.) Esser stada/esser stade (fem.)

    Talian (Vneto Brasileiro) / 51

    (Eu estaria) Mi staria Ti te starissi Lu el staria Nantri starssino Valtri starissi Lori i staria

    (Eu teria estado) Mi saria st Ti te sarissi st Lu el saria st Nantri sarssino stai Valtri sarissi stai Lori i saria stai

  • PARTICIPIO

    Passado

    GERNDIO Presente

    Observao Importante: O verbo star assim como significa estar, pode significar fi-

    car/permanecer. Assim, ele est aqui com destaque mais por ser um verbo irregular de largo emprego, do que como um verbo auxiliar. Cuidado portanto na sua aplicao, pois a funo de verbo auxiliar, com o significado de estar, quase sempre exercida pelo verbo esser Ex. : No st aver paura, mi st ben! (No fiquem com medo, eu estou bem!) / Mi son contento de vderte. (Eu estou contente de ver-te.)

    10.1.3 - Conjugao do verbo aver INDICATIVO

    Presente

    (Eu tenho) Mi go [mi ] Ti te gh' [ti te ] Lu el ga [lu l'a] Nantri gavemo [ghemo] Valtti gav [gav] Lori i ga []

    Pretrito Mais que-Perfeito

    (Eu tivera) Mi gavevo buo [bio] Ti te gavevi buo [bio] Lu el gaveva buo [bio] Nantri gavvino buo [bio] Valtri gavevi buo [bio] Lori i gaveva buo [bio]

    Pretrito Imperfeito Pretrito Perfeito

    (Eu tinha) Mi gavevo [gvea] Ti te gavevi [gavei] Lu el gaveva [gvea] Nantri gavvino [gavino] Valtri gavevi Lori i gaveva

    Futuro do Presente

    (Eu terei) Mi gavar [gavr, garo] Ti te gavar Lu el gavar Nantri gavaremo Valtri gavar Lori i gavar

    (Eu tive) Mi go buo [bio, bu, vu] Ti te gh' buo [bio, bu, vu] Lu el ga buo [bio, bu, vu] Nantri gavemo buo [bio, bu, vu] Valtri gav buo [bio, bu, vu] Lori i ga buo [bio, bu, vu]

    Futuro do Presente Composto

    (Eu terei tido) Mi gavar buo [bio] Ti te gavar buo [bio] Lu el gavar buo [bio] Nantri gavaremo buo [bio] Valtri gavar buo [bio] Lori i gavar buo [bio]

    * Vale o que se disse para o gerndio do verbo esser.

    52 / Darcy Loss Luzzatto

    (Estando) Stando

    (Estado) St/stai (masc.) Stada/stade (fem.)

  • Futuro do Pretrito

    Presente

    (Que eu tenha) Che mi gbia [gpa] Che ti te gbie Che lu el gbia Che nantri gbino Che valtri gabi Che lori i gbia

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu tivesse) Se mi gavesse Se ti te gavessi Se lu el gavesse Se nantri gavssino Se valtri gavessi Se lori i gavesse

    Futuro do Pretrito Composto

    IMPERATIVO Presente

    Gabi ti (Tem tu) Gbia lu (Tenha ele) Gbimo nantri (Tenhamos ns) Gabi valtri (Tende vs) Gbino lori (Tenham eles)

    Passado

    (Que eu tenha tido) Che mi gbia buo Che ti te gbie buo Che lu el gbia buo Che nantri gbino buo Che valtri gabi buo Che lori i gbia buo

    Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Se eu tivesse tido) Se mi gavesse buo Se ti te gavessi buo Se lu el gavesse buo Se nantri gavssino buo Se valtri gavessi buo Se lori i gavesse buo

    Talian (Vneto Brasileiro) / S3

    (Eu teria tido) Mi gavaria buo [bio] Ti te gavarie buo [bio] Lu el gavaria buo [bio] Nantri gavarissino buo [bio] Valtri gavarissi buo [bio] Lori i gavaria buo [bio]

    SUBJUNTIVO

    (Eu teria) Mi gavaria [gana] Ti te gavarie Lu el gavaria Nantri gavarssino Valtri gavarissi Lori i gavaria

  • INFINITIVO

    Presente Passado

    (Ter/haver) aver [ver]

    (Ter tido) aver buo

    PARTICIPIO

    Passado

    (Tido/Havido) buo [bio]

    GERNDIO

    (Tendo/havendo) avendo [vendo]

    10.2 Verbos Regulares

    10.2.1 - Primeira Conjugao Prottipo: Amar

    Presente

    (Eu amo) Mi amo Ti te ami Lu el ama Nantri amemo Valtri am Lori i ama

    INDICATIVO

    Pretrito Imperfeito

    (Eu amava) Mi amavo Ti te amavi Lu el amava Nantri amvino Valtri amavi Lori i amava

    Pretrito Perfeito

    (Eu amei) Mi go ama Ti te gh' am Lu el ga am Nantri gavemo am Valtri gav am Lori i ga am

    * Como j se disse no caso do verbo esser, o gerndio raramente usado. Contorna-se essa ausncia utilizando-se outra formao de frase. Ex. : Come son lev su bonora, go visto el spetcolo del spontar dei sol = Tendo eu levantado cedo, assisti o espetculo do sol nascente.

    54 / Darcy Loss Luzzatto

  • Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Eu amam) Mi gavevo am Ti te gavevi am Lu el gaveva am Nantri gavvino am Valtri gavevi am Lori i gaveva am

    Futuro do Presente

    (Eu amarei) Mi amar Ti te amar Lu ei amar Nantri amaremo Valtri amar Lori i amar

    Futuro do Presente Composto

    Futuro do Pretrito

    (Eu amaria) Mi amaria Ti te amarie Lu el amaria Nantri amarssino Valtri amarissi Lori i amaria

    Futuro do Pretrito Composto

    (Eu teria amado) Mi gavara am Ti te gavare am Lu el gavara am Nantri gavarssino am Valtri gavarissi am Lori i gavaria am

    IMPERATIVO Presente

    Ama ti (Ama tu) Ami lu Amemo nantri Am valtri Ame lori

    SUBJUNTIVO

    Presente

    (Que eu ame) Che mi ame Che ti te ami Che lu el ame Che nantri amemo Che valtri am Che lori i ame

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu amasse) Se mi amasse Se ti amassi Se lu el amasse Se nantri amssino Se valtri amassi Se lori i amasse

    Pretrito Perfeito

    (Que eu tenha amado) Che mi gbia am Che ti te gbie am Che lu el gbia am Che nantri gbino am Che valtri gabi am Che lori i gbia am

    Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Se eu tivesse amado) Se mi gavesse am Se ti te gavessi am Se lu el gavesse am Se nantri gavssino am Se valtri gavessi am Se lori i gavesse am

    Talian (Vneto Brasileiro) / 55

    (Eu terei amado) Mi gavar am Ti te gavar am Lu el gavar am Nantri gavaremo am Valtri gavar am Lori i gavar am

    Futuro do Subjuntivo no existe. Usar Presente do Indicativo.

  • INFINITIVO

    Presente

    (Amar) Amar

    PARTICIPIO

    Passado

    (Amado) Am, amai (masc.) Amada, amade (fem.)

    Passado

    (Ter amado) Aver am/Ver am

    GERNDIO Presente

    (Amando) Amando

    10.2.2 - Segunda Conjugao Prottipo: Temer

    Presente

    (Eu temo) Mi temo Ti te temi Lu el teme Nantri tememo Valtri teme Lori i teme

    Pretrito-Mais-que-Perfeito

    (Eu temera) Mi gavevo temesto Ti te gavevi temesto Lu el gaveva temesto Nantri gavvino temesto Valtri gavevi temesto Lori i gaveva temesto

    INDICATIVO

    Pretrito Imperfeito

    (Eu temia) Mi temevo Ti te temeva Lu el temeva Nantri temvino Valtri temevi Lori i temeva

    Futuro do Presente

    (Eu temerei) Mi temer Ti te temer Lu el temera Nantri temeremo Valtri temer Lori i temer

    Pretrito Perfeito

    (Eu temi) Mi go temesto Ti te gh' temesto Lu el ga temesto Nantri gavemo temesto Valtri gav temesto Lori i ga temesto

    Futuro do Presente Composto

    (Eu terei temido) Mi gavar temesto Ti te gavar temesto Lu el gavar temesto Nantri gavaremo temesto Valtri gavar temesto Lori i gavar temesto

    56 / Darcy Loss Luzzatto

  • Futuro do Pretrito

    Futuro do Pretrito Composto

    IMPERATIVO Presente

    Temi ti (Teme tu) Tema lu Tememo nantri Tem valtri Tema lori

    SUBJUNTIVO

    Presente

    (Que eu tema) Che mi tema Che ti te tema Che lu el tema Che nantri tememo Che valtri tem Che lori i tema

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu temesse) Se mi temesse Se ti te temessi Se lu el temesse Se nantri temssino Se valtri temessi Se lori i temesse

    Pretrito Perfeito

    (Que eu tenha temido) Che mi gbia temesto Che ti te gbie temesto Che lu el gbia temesto Che nantri gbino temesto Che valtri gabi temesto Che lori gbia temesto

    Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Se eu tivesse temido) Se mi gavesse temesto Se ti te gavessi temesto Se lu el gavesse temesto Se nantri gavssino temesto Se valtri gavessi temesto Se lori i gavesse temesto

    Presente

    (Temer) Temer

    INFINITIVO

    Passado

    (Ter temido) Aver (e) temesto/ Ver temesto

    Talian (Vneto Brasileiro) / 57

    (Eu temeria) Mi temeria Ti te temerie Lu el temeria Nantri temerssino Valtri temerissi Lori i temeria

    (Eu teria temido) Mi gavaria temesto Ti te gavaria temesto Lu el gavaria temesto Nantri gavarssino temesto Valtri gavarissi temesto Lori i gavaria temesto

  • PARTICPIO Passado

    GERNDIO Presente

    (Temido) (Temendo) Temesto, temesti (masc.) Temendo Temesta, temeste (fem.)

    10.2.3 - Terceira Conjugao Prottipo: Sentir

    INDICATIVO

    Presente Pretrito Imperfeito Pretrito Perfeito

    (Eu ouo/sinto) (Eu ouvia/sentia) (Eu ouvi/senti) Mi sento Mi sentivo Mi go sentisto Ti te senti Ti te sentiva Ti te gh' sentisto Lu el sente Lu el sentiva Lu el ga sentisto Nantri sentimo Nantri sentvino Nantri gavemo sentisto Valtri senti Valtri sentivi Valtri gav sentisto Lori i sente Lori i sentiva Lori i ga sentisto

    Pretrito Mais- Futuro do Presente Futuro do Presente que-Perfeito Composto

    (Eu ouvira/sentira) (Eu ouvirei/sentirei) (Eu terei ouvido/sentido) Mi gaveva sentisto Mi sentir Mi gavar sentisto Ti te gavevi sentisto Ti te sentir Ti te gavar sentisto Lu el gaveva sentisto Lu el sentir Lu el gavar sentisto Nantri gavvino sentisto Nantri sentiremo Nantri gavaremo sentisto Valtri gavevi sentisto Valtri sentir Valtri gavar sentisto Lori gaveva sentisto Lori i sentir Lori i gavar sentisto

    Futuro do Pretrito

    (Eu ouviria/sentiria) Mi sentiria Ti te sentirie Lu el sentiria Nantri sentirssino Valtri sentirissi Lori i sentiria

    Futuro do Pretrito Composto

    IMPERATIVO Presente

    (Eu teria ouvido/sentido) Mi gavatia sentistoTi te gavarie sentisto Senti ti (Ouve/sente tu) Lu el gavaria sentisto Senta lu Nantri gavarssino sentisto Sentimo nantri Valtri gavarissi sentisto Senti valtri Lori i gavaria sentisto Senta lori

    58 / Darcy Loss Luzzatto

    . . . . . . . . . . . . .

  • SUBJUNTIVO

    Presente Pretrito Perfeito

    (Que eu oua/sinta) Che mi senta Che ti te senti Che lu el senta Che nantri sentemo Che valtri sente Che lori i senta

    Pretrito Imperfeito

    (Se eu ouvisse/sentisse) Se mi sentisse Se ti te sentissi Se lu el sentisse Se nantri sentssino Se valtri sentissi Se lori i sentisse

    Presente

    (Ouvir/sentir) Sentir

    INFINITIVO

    (Que eu tenha ouvido/sentido) Che mi gbia sentisto Che ti gbie sentisto Che lu el gbia sentisto Che nantri gbino sentisto Che valtri gabi sentisto Che lori i gbia sentisto

    Pretrito Mais-que-Perfeito

    (Se eu tivesse ouvido/sentido) Se mi gavesse sentisto Se ti te gavessi sentisto Se lu el gavesse sentisto Se nantri gavssino sentisto Se valtri gavessi sentisto Se Lori i gavesse sentisto

    Passado

    (Ter ouvido/sentido) Aver sentisto/ Ver sentisto

    PARTICPIO Passado

    (Ouvido/sentido) Sentisto, sentisti (masc.) Sentista, sentiste (fem.)

    GERNDIO Presente

    (Ouvindo/sentindo) Sentendo

    10.3 Verbos Irregulares

    Apresentamos, a seguir, de maneira sucinta, alguns dos principais verbos irregulares (aqueles de uso mais freqente).

    Talian (Vneto Brasileiro) / 59

  • 10.3.1 - Andar, Ndar (= Ir) INDICATIVO Presente: Mi vago [vao] (Eu vou), ti te v, lu el va, nantri ndemo, valtri nd, lori i va; Pretrito Imperfeito: Mi ndevo [ndea] (Eu ia), ti te ndevi [ndei], lu el ndeva [ndea], nantri ndvino [ndeino], valtri ndevi [ndei], lori i ndeva [ndea]; Pretrito Perfeito: Mi son ndato [nd] (Eu fui), ti te si ndato, lu el ze ndato [lu l' nd], nantri semo ndati, valtri si ndati, lori i ze ndati [lori i ndati]; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi ero ndato [zero nd] (Eu fora), ti te eri ndato,...; Futuro do Presente: Mi ndar (Eu irei), ti te ndar,...; Futuro do Presente Composto: Mi saro ndato [saro nd] (Eu terei ido), ti te sare ndato,... Futuro do Pretrito: Mi ndaria (Eu iria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi saria ndato [nd] (Eu teria ido),... IMPERATIVO: Va ti (Vai tu), nd valtri. SUBJUMTVO Presente: Che mi vaga (Que eu v),...; Pretrito Perfeito: Che mi sia ndato (Que eu tenha ido),...; Pretrito Imperfeito: Se mi ndesse (Se eu fosse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi fusse ndato [nd] (Se eu tivesse ido),...; INFINITIVO Presente: Andare, Ndar (Ir); Passado: Esser ndato [nd] (Ter Ido). PARTICPIO Passado: Ndato, ndati [masculino], Ndata, ndate [feminino] ' (Ido). GERNDIO: Ndando (Indo).

    10.3.2 - Dar (= Dar) INDICATIVO Presente: Mi dago ]dao] ' (Eu dou),...; Pretrito Imperfeito: Mi deva [dea, dasea] ' (Eu dava),...; Pretrito Perfeito: Mi go dato [d] ' (Eu dei),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo [gavea, gavei] dato (Eu dera),...; Futuro do Presente: Mi dar (Eu darei),...; Futuro de Presente Composto: Mi gavaro dato (Eu terei dado),... ; Futuro do Pretrito: Mi daria (Eu daria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria dato (Eu teria dado),... IMPERATIVO: d [dai] ti (D tu), deghe valtri. SUBJUNTIVO Presente: Che mi daga (Que eu d),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia dato (Que eu tenha dado),...; Pretrito Imperfeito: Se mi dasse (Se eu desse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse dato (Se eu tivesse dado),... INFINITIVO Presente: Dar (Dar); Passado: Aver dato [Ver d] (Ter dado). PARTICPIO Passado: Dato, dati [masculino], Data, date [feminino] (Dado). GERNDIO: Dando (Dando).

    10.3.3 - Far (= Fazer) INDICATIVO Presente: Mi fasso [fao] (Eu Fao),...; Pretrito Imperfeito: Mi fevo [feva, fea] (Eu fazia),...; Pretrito Perfeito: Mi go [] fato [f] (Eu fiz),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo [gavei] fato (Eu fizera),...; Futuro do Presente: Mi faro (Eu farei),...; Futuro do Presente Composto: Mi gavar fato (Eu terei feito),...; Futuro do Pretrito: Mi faria (Eu faria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria fato (Eu teria feito),... IMPERATIVO: Fa ti (Faz tu), fe valtri. SUBJUNTIVO Presente: Che mi fesse (Que eu fizesse),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia fato (Que eu tenha feito),...; Pretrito Imperfeito: Se mi fesse (Se eu fizesse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse fato (Se eu tivesse feito),... INFINITIVO Presente: Far (Fazer); Passado: Aver fato [Ver fato] (Ter feito). PARTICPIO Passado: Fato, fati [masculino] , Fata, fate [feminino] (Feito). GERNDIO: Fando (Fazendo).

    10.3.4 - Poder (= Poder) INDICATIVO Presente: Mi posso (Eu posso), ti te pol (tu podes),...; Pretrito Imperfeito: Mi podevo [podeva, podea] (Eu podia),...; Pretrito Perfeito: Mi go podesto (Eu pude),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo podesto (Eu pudera),...; Futuro do Presente: Mi podar (Eu

    60 / Darcy Loss Luzzatto

  • poderei),...; Futuro do Presente Composto: Mi gavar podesto (Eu terei podido),...; Futuro do Pretrito: Mi podaria (Eu poderia),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria podesto (Eu teria podido),... SUBJUNTIVO Presente: Che mi possa (Que eu possa),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia podesto (Que eu tenha podido),...; Pretrito Imperfeito: Se mi podesse (Se eu pudesse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse podesto (Se eu tivesse podido). INFINITIVO Presente: Poder (Poder); Passado: Aver podesto [Ver podesto] (Ter podido). PARTIClPIO Passado: Podesto (Podido). GERNDIO: Podendo (Podendo).

    10.3.5 - Saver (= Saber) INDICATIVO Presente: Mi s (Eu sei),...; Pretrito Imperfeito: Mi saveva [savea] (Eu sabia),...; Pretrito Perfeito: Mi go savesto (Eu soube),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo savesto (Eu soubera),...; Futuro do Presente: Mi savar [savr] (Eu saberei),...; Futuro do Presente Composto: Mi gavar savesto (Eu terei sabido),...; Futuro do Pretrito: Mi savaria (Eu saberia),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria savesto (Eu teria sabido),... IMPERATIVO: Seto ti (Sabe tu), sav valtri. SUBJUNTIVO Presente: Che mi spia (Que eu saiba),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia savesto (Que eu tenha sabido),...; Pretrito Imperfeito: Se mi savesse (Se eu soubesse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse savesto (Se eu tivesse sabido). INFINITIVO Presente: Saver (Saber); Passado: Aver savesto [Ver savesto] (Ter sabido). PARTI-CPIO Passado: Savesto, savesti [masculino], Savesta, saveste [feminino] (Sabido). GERNDIO: Savendo (Sabendo).

    10.3.6 - Tor (= Apanhar, buscar, pegar, tomar) INDICATIVO Presente: Mi togo [too] (Eupego), ti te toli [toi] (Tu pegas),...; Pretrito Imperfeito: Mi todevo [todeva, todea] (Eu pegava); Pretrito Perfeito: Mi go tolto (Eu peguei),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo tolto (Eupegara),...; Futuro do Presente: Mi toder (Eu pegarei),...; Futuro do Presente Composto: Mi gavar tolto (Eu terei pego). Futuro do Pretrito: Mi tolaria [todaria] (Eu pegaria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria tolto (Eu teria pego). IMPERATIVO: Toi ti (Pega tu), tod valtri. SUBJUNTIVO Presente: Che mi tole (Que eu pegue),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia tolto (Que eu tenha pego),...; Pretrito Imperfeito: Se mi tolesse (Se eu pegasse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse tolto (Se eu tivesse pego). INFINITIVO Presente: Tor (Apanhar, buscar, pegar, tomar); Passado: Aver tolto [Ver tolto] (Terpego). PARTIClPIO Passado: Tolto, tolti [masculino], Tolta, tolte [feminino] (Pego/pe-gado). GERNDIO: Tolendo [todendo] (Pegando).

    10.3.7 - Vegner [vegnar] (= Vir) INDICATIVO Presente: Mi vegno (Eu venho), ti te vien (Tu vens),...; Pretrito Imperfeito: Mi vegnevo [vegneva, vegnea] (Eu vinha),...; Pretrito Perfeito: Mi son vegnesto [vegnuo] (Eu vim),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi ero vegnesto (Eu viera),...; Futuro do Presente: Mi vegnar (Eu virei),...; Futuro do Presente Composto: Mi saro vegnesto (Eu terei vindo); Futuro do Pretrito: Mi vegnaria (Eu viria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi saria vegnesto (Eu teria vindo). IMPERATIVO: Vien ti (Vem tu), vegn valtri. SUBJUNTIVO Presente: Che mi vegna (Que eu venha),...; Pretrito Perfeito: Che mi sia vegnesto (Que eu tenha vindo),...; Pretrito Imperfeito: Semi vegnesse (Se eu viesse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi fusse vegnesto

    Talian (Vneto Brasileiro) / 61

  • (Se eu tivesse vindo). INFINITIVO Presente: Vegnei[vegnar] (Vir); Passado: Esser vegnesto (Ter vindo). PARTICPIO Passado: Vegnesto (Vindo). GERNDIO: Vegnendo (Vindo).

    10.3.8 - Voler (=Querer) INDICATIVO Presente: Mi vui (Eu quero), ti te vol (Tu queres),...; Pretrito Imperfeito: Mi volevo [voleva, volea] (Eu queria),...; Pretrito Perfeito: Mi go volesto (Eu quis),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Mi gavevo [gaveva, gvea] volesto (Eu quisera),...; Futuro do Presente: Mi voler [vor] (Eu quererei);...; Futuro do Presente Composto: Mi gavar volesto (Eu terei querido)...; Futuro do Pretrito: Mi voleria (Eu quereria),...; Futuro do Pretrito Composto: Mi gavaria volesto (Eu quisera). SUBJUNTIVO Presente: Che mi vole (Que eu queira),...; Pretrito Perfeito: Che mi gbia volesto (Que eu tenha querido),...; Pretrito Imperfeito: Se mi volesse (Se eu quisesse),...; Pretrito Mais-que-Perfeito: Se mi gavesse volesto (Se eu tivesse querido),... INFINITIVO Presente: Voler (Querer); Passado: Aver volesto (Ver volesto] (Ter querido). PARTICPIO Passado: Volesto, volesti [masculino], volesta, voleste [feminino] (Querido); GERNDIO: Volen-do (Querendo).

    11 ALGUMAS PARTICULARIDADES

    DA LNGUA VENETA

    11.1 - Repetio do Pronome Pessoal

    Em vneto os pronomes pessoais so repetidos nas 2 e 3 pessoas do singular e na 3 do plural, como bem devem ter percebido nas conjugaes dos verbos h pouco apresentadas. Ex.: Mi son (eu sou), ti te si (tu tu s), lu el ze (ele ele ), nantri semo (ns somos), valtri sii (vs sois), lori i ze (eles eles so).

    11.2 - Repetio do Pronome Pessoal aps o Sujeito Aps o sujeito expresso, repete-se o pronome pessoal.

    Ex.: Piero el ga compra un auto novo / (Pedro [ele] comprou um carro novo). Gioan l' ndato a spasso cola morosa (Joo [ele] foi passear com a namorada). Caxias do Sul la ze una bela cit (Caxias do Sul [ela] uma bela cidade).

    11.3 - Queda da ltima vogal Os descendentes de trentinos e de beluneses tendem a no

    pronunciar a ltima vogal, como faziam seus ancestrais e como se faz, ainda hoje, naquelas regies da Itlia.

    62 / Darcy Loss Luzzatto

  • Ex.: Adesso/adess; belo/bel; galo/gal; grando/grand/grant; muto/mut; giusto/giust; vegnes-to/vegnest/gnest; fato/fat; ndato/ndat; bruto/brut; fassoleto/fassolet.

    11.4 - O emprego de '' e de 'ze'

    O emprego do '' (terceira pessoa do verbo ser) freqente entre descendentes de imigrantes oriundos das regies dos Dolomitas, enquanto que os da plancie padana preferem o emprego do 'ze'. Ex.: L' stat lu / El ze stato lu; Toni l' vegnet [gnest] a spass / Toni el ze vegnesto a spasso.

    11.5 - A supresso do 'l'

    Os descendentes de trevisanos tm tendncia a suprimir ou, pelo menos, abrandar o 'l', mesmo quando inicial. Ex.: Dela/dea; bela/bea; Belun [Belluno]/Beun; Milan [Milano]/Mian; lustro/ustro; farfala/far-faa; scudela/scudea.

    11.6 - Eliminao do 'V' da ltima slaba

    A supresso do 'V' da ltima slaba bastante freqente e, em algumas regies do Vneto - e conseqentemente entre ns -, sucede