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Gravitação e Quantização Por que e Como? Olivier Piguet Departamento de Física Universidade Federal do Espírito Santo - UFES Colóquio dado na Universidade Federal de Sergipe Janeiro de 2010 1

Gravitação e Quantização - Physics, PCs, Eu e algo mais · Espectro discreto para comprimentos, áreas e volumes. Buraco Negro sem a singularidade na origem. Buraco Negro: Entropia

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Gravitação e Quantização

Por que e Como?

Olivier Piguet

Departamento de FísicaUniversidade Federal do Espírito Santo - UFES

Colóquio dado na Universidade Federal de SergipeJaneiro de 2010

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Índice

Introduction.

Porquê quantizar a gravitação?

Comparação Gravitação ↔ Outras forças.

Princípio de Equivalência → Geometria do Espaço-tempo.

De Max Planck à Gravitação quântica.

Quantização canônica da gravitação.

O Problema do Tempo.

Resultados recentes em quantização de laço.

Testes experimentais ou observacionais?

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Porquê quantizar a gravitação?

É para responder a certas perguntas.

Por exemplo: "O que se esconde dentro de um buraconegro?"

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CircinusGalaxyBlackHole

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Singularidade de Buraco Negro

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Porquê quantizar a gravitação?

O que esconde-se “atrás” da Radiação Cósmica deFundo?

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WMAP

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Historia do Universo

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Domínio de validade das teorias correntes?

Gravitação, Eletromagnetismo, Interações nucleares fracas efortes.

Relatividade Geral (RG) clássica testada nas escalas

L : 10−4 m < L < 1010 ano-luz ≈ 1026 m

(L pequeno: lei em 1/r2; L grande: RG – cosmologia.)

Modelo Padrão (Teoria quântica de campo) testado nasescalas

L : 10−19 m < L < 10−10 m

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Correspondência: Comprimento L ↔ Energia E

E ∼hcL

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h)

L (m) 1026 1012 10−6 10−15 10−17 10−19 10−31 10−34

E (eV) 10−32 10−18 100 109 1011 1013 1025 1028

(a) Universo visível (b) Sistema Solar (c) Átomo(d) Núcleo (e) LEP (f) LHC

(g) Grande Unificação (h) LPlanck =

Ghc3 ∼ 10−34m

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Escala de Planck

Ao Comprimento de Planck: LP =

Ghc3 ∼ 10−34m ,

corresponde a Energia de Planck: EP =hcLP

∼ 1019GeV

e o Tempo de Planck: TP =LP

c∼ 10−42s.

Nessa escala, encontram-se reunidas:

a Gravitação (constante fundamental G)

a Relatividade (constante fundamental c)

a Mecânica quântica (constante fundamental h)

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Lei de Newton e Lei de Coulomb

Em escalas “normais” (comprimentos >> LP e v << c):

Newton: Fgrav. = −GmAmB

|rA − rB|2

Coulomb: Felet. =1

4πε0

qAqB

|rA − rB|2

Para 2 protons: Fgrav. ∼ 10−40Felet. !

Porquê se preocupar com a gravitação?

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Eletromagnetismo ↔ Gravitação

O campo eletromagnético:

é um tensor!

(se é nulo num referencial, será nulo em todo referencial!)

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A gravitação obedece ao Princípio de equivalência :

En todo ponto e em cada instante, é sempre possível acharreferenciais onde o campo de gravitação se anula.(Referenciais de inercia)

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3 exemplos de referencias de inercia no ponto A:

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O campo de gravitação parece uma ilusão. É uma forçaaparente, que depende do referencial (como a “força”centrifuga, ou a “força” de Coriolis...).

Então, porque se dar ao trabalho de quantizá-la?

Observação: O campo de gravitação é que decide quais sãoos referenciais de inercia num ponto e num instante dados, istoé, num ponto do espaço-tempo.

Mas, os referenciais, de inercia ou não, são sistemas decoordenadas do espaço-tempo.

Então:

Campo de gravitação ↔ Geometria do espaço-tempo!

E temos que quantizar isso.16

Estrutura do Espaço-tempoGeometria

Estrutura de um “continuum”. Matematicamente: estruturade variedade diferencial. Com, a mais:

Noção de distancia e de causalidade:

Métrica e estrutura causal.

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Cone de Luz - Relatividade Restrita

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Cone de Luz - Relatividade Geral

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Temos que trabalhar com coordenadas curvilineares gerais.

Troca de referencial = troca de coordenadas.

→ Referenciais acelerados.

⇒ As leis da física são são invariantes sob as TransformaçõesGerais de Coordenadas (TGC).

A geometria é caracterizada pela métrica g. Distancia entre 2pontos (“eventos”) do espaço-tempo A e B, infinitesimalmentevizinhos:

ds =√

|ds2| , ds2 =3

µ,ν=0

gµν(x)dxµdxν .

x0 = ct = coordenada de tempo, x1, x2, x3 = coordenadas deespaço.

Métrica = campo de gravitação.

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Exemplo:

Métrica de Minkovski em coordenadas cartesianas(Relatividade Restrita):

ds2 = −c2dt2 + (dx1)2 + (dx2)2 + (dx3)2 .

ds = comprimento de tempo ou de espaço - comprimento deespaço-tempo.

Os referencias de inercia estão em movimento retilinearuniforme uns a respeito aos outros.

O espaço-tempo é plano.

As trajetorias das partículas livres no espaço-tempo são retas:

São as geodésicas deste espaço-tempo.

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Relatividade Geral:

Os referencias de inercia estão em movimento acelerado uns arespeito aos outros.

O espaço-tempo é curvo. Espaço Riemanniano.

As trajetorias das partículas livres no espaço-tempo sãocurvas:

São as geodésicas deste espaço-tempo.

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Quantização: Histórico

1900: Constante de Planck h (hoje: ~)→ Comprimento de Planck:

LPlanck =

Ghc3 ∼ 10−34m

1926: Ondas de matéria, eq. de Schrödinger.→ Mecânica Quântica, Física atômica e nuclear.

1927: Teoria Quântica de Campo - Dirac, Pauli, etc.→ Física de partículas, Modelo Padrão das

interações eletromagnéticas e nucleares fracas e fortes.

1930: Dirac, etc.: Tentativas de quantização canônica dagravitação.

→ Eq. de Wheeler-DeWitt. (1967)

1974: Hawking descobre que buracos negros devem emitiruma radiação t’ermica.

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Quantização: Histórico

1984 (Green e Schwartz): Teoria de supercordas = teoriaquântica da gravitação unificada com as demaisinterações.

1986 (Ashtekar): Volta à quantização canônica→ Redes de spin, spin foams, discretização do

espaço, entropia de buraco negro, cosmologia quântica delaços, ... (Ashtekar, Rovelli, Smolin, Bojowald,... 1995 -2009)

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Quantização Canônica: Mecânica quântica de umapartícula

Operadores de posição x i e de momento pi

Regras de comutação de Heisenberg: [x i , pj ] = i~δij .

Representação num espaço de Hilbert, com produto escalar:

〈ψ|φ〉 =

d3x ψ(x)∗φ(x) ,

Hamiltoniana: H(q, p) =p2

2m+ V (x),

Eq. de Schrödinger: i~ddt

|ψ〉 = H |ψ〉.

→ Evolução temporal do sistema: |ψ(t)〉 → |ψ(t +∆t)〉.

Translação temporal gerada pela Hamiltoniana.

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Quantização Canônica: Campo de gravitaçãoquântico

Analogias:

Partícula → Campo de gravitação

x i(t) → gij(x, t)

x i → ∂tgij(x, t)

pi(t) = mx i → πij(x, t) função de gij e ∂tgij .

Porém:

A Hamiltoniana gera agora uma

Transformação de coordenadas:

t → t +∆t(x, t). (t é uma simples coordenada, semsignificação física!)

É uma transformação local – uma transformação de calibre.27

A Hamiltoniana gerando transformações de coordenadas, e ateoria sendo invariante sob tais transformações, os estadosfísicos devem ser invariantes:

H |ψ〉 = 0 .

É a Equação de Wheeler-DeWitt – uma eq. de Schrödinger,

sem o termo i~ddt

|ψ〉 !

O tempo sumiu....

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O que é o tempo?

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1a resposta: “É a hora marcada pelo relógio do coelho” (quedefine o tempo no referencial do coelho!).

Coincidência entre dois eventos:

(1) o olhar do coelho no relógio(2) a chegado dos ponteiros do relógio nos dígitos “5” e “12”.

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2a resposta (Connes e Rovelli):

O “fluxo do tempo” está ligado ao estado termodinâmico dosistema

(que não está num “estado puro”, mas num “estado demistura”)

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Historia do Universo

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Correlação Idade e températura do Universo

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Loop quantum Gravity

A refined scheme, due to Ashtekar, Rovelli, Smolin, etc.

Principais resultados:

Espaço de Hilbert (com produto escalar!)Espectro discreto para comprimentos, áreas e volumes.Buraco Negro sem a singularidade na origem.Buraco Negro: Entropia proporcional à área do horizonte.Modelos cosmológicos sem a singularidade do Big Bang.

Dificuldades:

Definição precisa do operador Hamiltoniano H.Solução geral da eq. WDW. H |ψ〉 = 0.Testes experimentais ou observacionais(!)Limite clássico da teoria quântica proposta?

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Loop quantum Gravity

A refined scheme, due to Ashtekar, Rovelli, Smolin, etc.

Principais resultados:

Espaço de Hilbert (com produto escalar!)Espectro discreto para comprimentos, áreas e volumes.Buraco Negro sem a singularidade na origem.Buraco Negro: Entropia proporcional à área do horizonte.Modelos cosmológicos sem a singularidade do Big Bang.

Dificuldades:

Definição precisa do operador Hamiltoniano H.Solução geral da eq. WDW. H |ψ〉 = 0.Testes experimentais ou observacionais(!)Limite clássico da teoria quântica proposta?

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Estados quânticos da geometria

Um auto-estado dos operadoresde Área e de Volume:

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Explosões de raios γ

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Umas referências:

Lee Smolin, “Átomos de espaço e tempo”, ScientificAmerican (Brasil), no. 21 (2004).C. Rovelli, “Quantum Gravity”, Cambridge UniversityPress, 2004 [arXiv:gr-qc/9710008 ].A. Ashtekar and J. Lewandowski, “BackgroundIndependent Quantum Gravity: A Status Report”, Classicaland Quantum Gravity 21 (2004) R53,[arXiv:gr-qc/0404018].T. Thiemann,“Modern Canonical Quantum GeneralRelativity”, Cambridge Monographs on MathematicalPhysics, 2007. Ver também a prepublicaão:[arXiv:gr-qc/0110034].C.P. Constantinidis, G. Luchini and O. Piguet, “The Hilbertspace of Chern-Simons theory on the cylinder. A LoopQantum Gravity approach”, arXiv:0907.3240 [gr-qc], toappear in Class. Quant. Grav.

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