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GT. Nº5 DESENVOLVIMENTO, MOBILIDADE SOCIAL E EDUCAÇÃO
MOBILIDADE SOCIAL E SUA RELAÇÃO COM O ACESSO À
EDUCAÇÃO NO BRASIL
LOPES, Cássio de Souza1
MACEDO, Luiz Antônio de Matos2
FERREIRA, Maria da Luz Alves3
RESUMO
O presente trabalho tem como tema a educação e os processos de mobilidade social no Brasil. Adota-se
como objetivo apresentar teorias acerca da relação entre educação e melhorias nas condições de vida de
forma a entender como funciona o processo de construção de uma sociedade escolarizada, com
qualificação técnica e de que forma esse processo contribui para a ascensão das pessoas a classes de
renda superiores às quais pertencem. Ademais são tratados neste trabalho os principais movimentos de
mobilidade social ocorridos na história da sociedade brasileira, em especial o ocorrido nos últimos anos
referente à formação da polêmica “nova classe média”, identificando as mudanças nos níveis de
escolaridade da população e a sua relação com a mobilidade ocorrida. Este trabalho se justifica pela
contemporaneidade das mudanças na distribuição de classes no Brasil, assunto que está em plena
discussão no âmbito acadêmico. A metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, de forma a revisitar
importantes trabalhos existentes no âmbito da estratificação social visto que a literatura existente é
bastante rica e contribui para tecer argumentos com relação aos processos mais recentes. Constata-se
que, numa visão geral, a relação entre nível de escolaridade e o estrato social a que pertence uma pessoa
estão intimamente ligados sendo que o nível de instrução é uma das principais ferramentas de ascensão
social de que dispõem os indivíduos, uma vez que possibilita ocupar cargos mais bem remunerados. Isto
se manifesta tanto quando se trata de mobilidade intergeracional quanto intrageracional.
Palavras-chave: Mobilidade Social. Educação. Classes Sociais. Nova Classe Média. Desigualdade.
ABSTRACT
The present work has the education and the processes of social mobility in Brazil as its theme. Adopted
are aimed at presenting theories about the relationship between education and improvements in living
conditions in order to understand how the process of building an educated society with technical
qualification and how this process works contributes to the rise of those classes higher income to which
they belong. In addition, are treated in this work the major movements for social mobility occurred in
the history of Brazilian society, in particular occurred in recent years regarding the formation of the
controversial "new middle class", identifying changes in the levels of education of the population and
its relationship with mobility occurred. This work is justified by the contemporary changes in the
1 Mestrando em Desenvolvimento Social – PPGDS/UNIMONTES. 2 Doutor – PPGDS/UNIMONTES. 3 Doutora – PPGDS UNIMONTES.
2
distribution of classes in Brazil, which is in full discussion in the academic realm. The methodology
used is the literature search to revisit important existing work about the social stratification, given that
the existing literature is very rich and helps to weave arguments regarding the more recent cases. It is
verified that, in a general view, the relationship between level of education and the social stratum to
which a person belongs are closely linked and the level of education is a major tool for social mobility
available to individuals, as it enables occupy higher-paying positions. This is manifested both when it
comes to mobility within generations as intergenerational.
Keywords: Social Mobility. Education. Social Classes. New Middle Class. Inequality.
INTRODUÇÃO
Recentemente, o Brasil experimentou diversas mudanças no cenário socioeconômico
que implicam o registro de uma intensa mobilidade social desde os primeiros anos da década
passada. Estas transformações motivaram diversos estudos, em muitos dos quais defende-se a
formação de uma nova classe média brasileira, formada logo abaixo da classe média tradicional.
Assim como no período recente, em vários momentos de sua história a população
brasileira passou por diversos momentos de forte mobilidade social. Estas mudanças na
estrutura de classes são resultado de múltiplos fatores dentre os quais a educação aparece como
um dos mais relevantes. Diante disto, pretende-se discutir qual o peso das mudanças na
educação na mobilidade recente, e comparar essas informações com outros momentos de forte
mobilidade na história brasileira do século passado.
O artigo está estruturado em três seções. A primeira trata-se de um referencial teórico
sobre classes sociais, mobilidade social e educação. Na segunda seção são apresentadas
informações sobre a mobilidade social no Brasil em momentos de forte mobilidade no século
passado, enfatizando qual o papel da educação nessas transformações. Na terceira seção são
expostas informações sobre a mobilidade social do presente, enfatizando também o aspecto da
educação.
1. REFERENCIAL TEÓRICO
Neste tópico é feita uma exposição teórica sobre classes sociais tratando de sua definição
na visão de alguns autores de forma a compreender do que se trata quando se fala de classes
sociais. São tratadas principalmente as discussões de Marx e Weber sobre classes, dois autores
clássicos que influenciaram todo o pensamento acerca da estratificação social. Em um segundo
3
tópico é tratada a questão da mobilidade social, seu significado, seus principais determinantes
ou causas, e sua relação com a educação na visão de autores relevantes.
1.1 CLASSES SOCIAIS
Na ordem capitalista, Marx distingue duas classes: a classe capitalista ou burguesia –
proprietária dos meios de produção e a classe trabalhadora ou proletariado que sobrevive da
venda da sua força de trabalho. Depreende-se que em Marx, a diferenciação social é dada
somente por fatores econômicos – a propriedade ou não dos meios de produção. A estrutura
social é polarizada entre capitalistas e trabalhadores. Há uma relação de exploração, via
expropriação, entre as duas classes com interesses econômicos antagônicos e conflitantes
(SCALON, 1999).
Os trabalhadores são transformados pela burguesia e por seus mecanismos de produção,
em simples “instrumentos de trabalho, cujo custo varia conforme a idade e o sexo”. No entanto
há uma luta entre as duas classes, decorrente de seus interesses antagônicos e da insatisfação
dos proletários perante a exploração que sofrem. “Sua luta contra a burguesia começa com sua
própria existência” (MARX & ENGELS, 2006, p. 53).
A abordagem de Weber sobre classes sociais é melhor sistematizada do que em Marx.
Em seu texto Classe, Status e Partido pode-se extrair com facilidade as suas concepções acerca
das divisões que a sociedade apresenta. Weber dialoga com Marx ao estabelecer uma definição
do conceito de classe. Em contradição com Marx, para Weber, classes não são agentes sociais.
As classes se distinguem entre si pelas oportunidades de vida, determinadas pelas posições
ocupadas pelos indivíduos dentro do mercado. As classes são formadas por aqueles indivíduos
que partilham a mesma situação de mercado. A posição no mercado é definida pelos recursos
que o indivíduo tem para incorporar ou oferecer no mercado. Esses recursos podem ser
propriedade, qualificações, educação, habilidades específicas (SCALON, 1999).
1.2 MOBILIDADE SOCIAL E EDUCAÇÃO
Exceto nas sociedades organizadas em castas, em que não há possibilidade de migrar de
uma casta para outra, em diversas sociedades os indivíduos têm a possibilidade de se mover de
um estrato para outro. Este fenômeno é denominado mobilidade social, que pode ser decorrente
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de melhorias nos rendimentos, na educação, no mercado de trabalho. Essa mobilidade pode ter
caráter ascendente (o indivíduo passa a gozar de melhores condições de vida), ou descendente
(o indivíduo experimenta uma piora das suas condições de vida). Com o objetivo de analisar a
mobilidade social em algumas situações e lugares é que surgiram os estudos de mobilidade
social. Por meio deles é possível captar as diversas características das transformações sociais e
as suas origens. Uma grande parte dos autores que se dedicam ao estudo da
estratificação/mobilidade social, afirmam que o fator é educacional é um dos principais
determinantes das condições de vida de um indivíduo.
Pastore e Valle Silva (2000) destacam que o nível de escolaridade do indivíduo é uma
importante característica do início da carreira:
A educação é o mais importante determinante das trajetórias sociais futuras
dos brasileiros, importância que vem crescendo ao longo do tempo. Não é
exagero dizer que a educação constitui hoje o determinante central e decisivo
do posicionamento socioeconômico das pessoas na hierarquia social
(PASTORE & VALLE SILVA, 2000, p. 40).
Scalon (2009) afirma que o nível educacional é um importante indicador do padrão de
vida de uma sociedade e está fortemente relacionado aos diversos fatores que influenciam na
qualidade de vida dos indivíduos, na saúde até mesmo no grau de associativismo, e por isso o
nível de escolarização constitui informação essencial para o conhecimento da distribuição de
recursos e de oportunidades em um país.
Neves et al. (2009) salienta que a escolaridade vem sendo estudada principalmente
desde a II Guerra Mundial, como fator de aumento da produtividade do trabalhador, como
indicadora extra-mercado aos empregadores ou como efeito da hierarquização social,
destacando-se as correntes da Teoria do Capital Humano, do Credencialismo e da Reprodução
Social. A partir da década de 1950, no pós guerra, a educação foi um campo estratégico para o
desenvolvimento tecnológico e para a soberania dos países, com uma polarização entre Estados
Unidos e Ex-União Soviética. Os governos nacionais incentivaram pesquisas para uma maior
escolarização da população e passou a se dar maior importância à correlação entre escolaridade
e rendimentos.
Conforme Neves et al. (2009), a primeira corrente forte nos estudos educacionais foi o
funcionalismo, que via a escolaridade baseada no funcionamento técnico do sistema econômico
ou na manutenção da modernização enfatizando o papel da escolaridade na criação de
habilidades para o trabalho. Já a teoria do capital humano considerava que parte significante da
5
eficiência produtiva advinha da educação formal e era expandida na experiência do trabalho.
Os maiores salários também estavam ligados àqueles trabalhadores com maior educação formal
e, portanto maior produtividade. O incentivo de retorno da educação é um dos motivos da
expansão educacional (SCHULTZ apud NEVES et al., 2009).
A educação passou a ser tomada como um preditor para o sucesso profissional. A
principal tese é a de que a educação modifica as habilidades do trabalhador influenciando na
sua produtividade aumentando a produtividade geral e sua renda, contribuindo para o
crescimento e desenvolvimento econômicos. Embora o funcionalismo e a teoria do capital
humano convirjam quanto à justificação da meritocracia e à crença na função tecnocrática da
sociedade moderna, as duas teorias chegam a conclusões distintas: a teoria do capital humano
possui um maior foco sobre a renda do ponto de vista puramente econômico e o funcionalismo
tem como foco a estrutura ocupacional como locação dos efeitos da escolaridade. A
convergência das duas teorias está na “concepção da escola como uma organização de
socialização para o mundo moderno, que prepara as pessoas para as novas tecnologias”. O autor
ressalta que a sociologia vem assumindo que a distribuição dos bens não é aleatória, sendo a
escolaridade um fator de seleção que reforça também o padrão de estratificação social (NEVES
et al., 2009, p. 70).
Dentre as teorias críticas ao funcionalismo e à teoria do capital humano, estão as teorias
de Collins (1979) e Thurow (1975), que Neves et al. (2009) denomina de teoria do
credencialismo e as teorias de Bourdieu e Bowles e Gintis denominadas de teoria da reprodução
social.
Conforme Collins (apud NEVES et al. 2009), as credenciais educativas são uma
“cartada” para justificar o acesso às posições privilegiadas funcionando como um fator extra-
mercado de seleção de mão de obra, não indicando um incremento na produtividade do
trabalhador, contrariando a teoria neoclássica. Uma proporção cada vez maior de pessoas tende
a passar mais tempo na escola, na medida em que os requisitos educativos dos empregos
aumentam, mas nada demonstra que trabalhadores escolarizados tenham maior produtividade,
pois as habilidades para o trabalho se aprendem no local de trabalho. O que é aprendido na
escola tem mais relação com os padrões de sociabilidade do que com habilidades instrumentais
ou cognitivas, sendo que os graus de escolaridade se relacionam ao sucesso profissional
principalmente pelo valor da certificação que a educação oferece.
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Segundo Thurow (apud NEVES et al., 2009), as habilidades do trabalho não existem no
mercado de trabalho mas são informalmente adquiridas pelo treinamento no local de trabalho
sendo que os trabalhadores com experiência prévia possuem qualificações importantes para o
processo de seleção pois significam baixos custos de treinamento. Depreende-se que tanto a
experiência como a educação são uma característica pessoal importante para a seleção dos
indivíduos. A renda de um indivíduo é determinada pela sua posição na “fila” do trabalho e pela
distribuição de oportunidades de trabalho na economia.
Em contrapartida, a teoria da reprodução social pressupõe que as condições de vida de
um indivíduo estão diretamente ligadas à sua “herança familiar”. Para Bourdieu (apud NEVES
et al., 2009) as capacidades de um indivíduo são produtos do investimento em capital cultural
previamente realizado pela família e reforçado pelo sistema escolar. O investimento dos pais
na carreira dos filhos é um sistema de reprodução na medida em que a apropriação da cultura
dominante se dá pela classe dominante, pois os códigos necessários à cultura legitimada são
transmitidos pela família. Há uma autonomia relativa entre as esferas econômica e cultural, pois
as parcelas da população com maior capital econômico não necessariamente são “equipadas”
do ponto de vista cultural. O diploma é tanto mais necessário quanto se é originário de uma
família desprovida de capital econômico e social.
Em Bourdieu (apud NEVES et al., 2009), a herança familiar possui grande importância,
na medida em que é entendida como uma forma de reprodução de classes:
O indivíduo chega ao mercado de trabalho com um estoque de capital cultural
transmitido pela família por meio da inculcação e assimilação (capital cultural
incorporado), por meio da disposição de bens culturais em sua materialidade
(capital cultural objetivado, e reforçado no sistema educacional por
qualificações acadêmicas e diplomas (capital cultural institucionalizado)
(BOURDIEU apud NEVES et al., 2009, p.73).
Para Bowles e Gintis (apud NEVES et al. 2009), “a escolarização serve para reproduzir
o sistema capitalista”. A escolaridade aumenta a renda devido principalmente ao fato de que a
formação da escola forma indivíduos mais disciplinados e que trabalham melhor com a
hierarquia, por isso a educação interessa aos empregadores, pois age em consonância com as
relações de produção.
2. HISTÓRIA DA MOBILIDADE SOCIAL NO BRASIL
Conforme Pastore & Valle Silva (2000), o Brasil se caracteriza por ser “um país de
muita mobilidade social e enorme desigualdade”. Esses aspectos são evidentes quando se
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analisa os dados de mobilidade social existentes. Em seu trabalho, o autor utiliza dados de 1973
e de 1996 os quais captam transformações a longo prazo, registrando informações que tratam
de indivíduos de todas as idades, em quase todo o século passado.
Os dados de 1973 refletem diversas mudanças ocorridas na economia desde o início do
século XX como o início da industrialização, o êxodo rural, o crescimento brasileiro depois da
crise de 1930 com a ampliação do processo de substituição de importações, expansão do
comércio, dos meios de transporte. Na década de 1940, as condições impostas pela Segunda
Guerra Mundial aceleraram o processo de substituição de importações – as dificuldades de
importação protegeram vários setores da indústria nacional – e houve crescimento da indústria
de forma acentuada. Esse crescimento continuou na década de 1950, sendo que em 1970 a maior
parte do mercado interno já era suprida com bens produzidos no próprio país, complementando-
se o ciclo de substituição de importações de bens de consumo e iniciando-se a produção de bens
duráveis. Também na década de 1950 o capital estrangeiro entrou maciçamente para apoiar a
industrialização (PASTORE & VALLE SILVA, 2000).
Os dados de 1973 revelam muita mobilidade social, sendo que em relação a seus pais,
quase 50% dos filhos (47,1%), subiram na escala social; 41% ficaram imóveis, permanecendo
na mesma posição de seus pais; e 11,3% desceram na escala social. Quase 90% dos filhos
chegaram a uma situação social igual ou melhor do que a de seus pais e somente pouco mais
de 10% pioraram. A mobilidade descendente e a imobilidade foram mais acentuadas entre os
mais jovens (20 a 30 anos), e a mobilidade ascendente foi mais acentuada naqueles com idade
intermediária (31 a 40 anos e 41 a 50 anos). “A maior parte da população passou de um estrato
social para outro imediatamente superior. A menor parte subiu vários degraus na escala social”.
Portanto houve uma acentuação da desigualdade apesar de ter havido bastante mobilidade. O
autor ressalta que a maior parte da mobilidade ocorreu na camada mais baixa da sociedade em
que a maioria dos pais era de origem rural e qualquer movimentação dos filhos representaria
um movimento ascendente (PASTORE & VALLE SILVA, 2000, p. 3).
Levando em conta a qualificação, uma grande massa de trabalhadores ascendeu
socialmente somente devido à abertura de uma grande quantidade de vagas em trabalhos
manuais não qualificados nas cidades, fazendo com que a parcela da população envolvida com
atividades rurais caísse pela metade. Aqueles com alguma qualificação passaram exercer
ocupações não-manuais qualificadas como auxiliares de escritório, vendedores pracista,
pequenos proprietários, chefes e administradores na agropecuária, representando de um quarto
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dos indivíduos “móveis”, cujos pais eram de origem rural, e dois terços dos filhos de pais do
estrato mais baixo ingressaram no primeiro estrato médio em ocupações manuais qualificadas
como carpinteiro, eletricista, etc. (PASTORE & VALLE SILVA, 2000).
As novas e boas oportunidades surgiram pra uma minoria com maior nível educacional.
No entanto a estrutura das ocupações tornou-se mais heterogênea, se distribuindo ao longo de
toda a estrutura social, em contraste com o mercado de trabalho rural que agrega todas as
ocupações na camada mais baixa da pirâmide social. Ao passo que a indústria e os serviços
urbanos cresciam e se modernizavam, crescia a demanda por um número maior de trabalhadores
qualificados, para ocuparem cargos como controle da produção e administração das empresas
públicas e privadas. No entanto, por ser um país de desenvolvimento tardio, grande parte dos
empregos gerados são caracterizados como baixo-terciário – ocupações urbanas de baixa
qualificação, em contraste com economias mais avançados nas quais grande parte dos empregos
gerados demanda maior qualificação, distribuindo renda e prestígio para grande parte da
população. Aqueles que conseguiram uma melhor educação, ocuparam vagas em bancos,
administração pública, gestão das empresas estatais, pessoal técnico, e profissionais liberais.
Estes indivíduos subiram muito na escala social provocando desigualdade social e passaram a
usufruir de altas rendas, prestígio e ascensão social (PASTORE & VALLE SILVA, 2000).
Nos dados de 1996 houve um aumento de cerca de 5% no número de brasileiros móveis
em comparação com os dados de 1973, indicando uma sociedade mais dinâmica. Esse pequeno
aumento se deveu pelo aumento do desemprego no período observado, bem como pela
deterioração do emprego formal, e só não foi menor devido à compensação trazida pela
expansão das oportunidades educacionais. Assim como em 1973, o “grosso” da mobilidade
ascendente continuou sendo de curta distância decorrente do “esvaziamento” do estrato mais
baixo. Houve uma leve redução da mobilidade estrutural e um aumento da circular (trocas de
posições) que aumentou em 24% entre 1973 a 1996. O mercado se tornou mais competitivo
com aumento do peso da qualificação, competência e educação. Houve uma grande redução da
base da pirâmide social, seguindo a tendência dos dados de 1973, e ampliação dos estratos
médios. Verifica-se que novamente muitos subiram pouco e poucos subiram muito. As regras
de passagem de um estrato para outro se mantiveram praticamente inalteradas, a fluidez
continuou grande nos estratos mais baixos e as chances de mobilidade se mantiveram constantes
(PASTORE & VALLE SILVA, 2000).
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Pastore & Valle Silva (2000) observam que houve um progresso educacional expressivo
no período de 1970 a 1998 que foi um instrumento de manutenção da pequena mobilidade social
no Brasil. O aumento da mobilidade circular está diretamente relacionado com essa melhora
educacional. No entanto este progresso é em termos relativos. Um dos principais problemas
estruturais da sociedade brasileira é o baixo nível educacional da população que se agrava pela
lentidão do processo educativo no Brasil que se iniciou em níveis muito baixos, principalmente
nas zonas rurais e mesmo nas zonas urbanas o quadro apresenta-se bastante grave entre 1932 e
1976. A previsão dos autores para o ano de 2020 foi preocupante:
A partir das tendências atuais, espera-se que os brasileiros mal terão
completado o primeiro grau em 2020, sendo que nas áreas rurais, estaremos
ainda mais longe desse ponto. Estes valores configuram uma situação
preocupante. Espera-se que ela não se concretize em decorrência dos recentes
esforços de aceleração que vêm sendo realizados no primeiro e segundo graus
(PASTORE & VALLE SILVA, 2000, p. 41).
Nos dados utilizados pelos autores verifica-se que o nível educacional dos pais afeta é
a variável que mais afeta o destino educacional do filho, seguida das variáveis status
socioeconômico e residência em zona urbana. Há uma clara reprodução educacional, no entanto
os filhos têm uma ligeira superioridade educacional em relação aos pais.
Scalon (2009) salienta que no período de 1999/200 a taxa de analfabetismo no Brasil
estava em torno de 15%, sendo que os níveis de repetência e evasão também eram muito altos,
cerca de 26,8% dos estudantes são reprovados ou abandonam a escola. Em 1998, 98% das
crianças em idade escolar estavam inseridas no ensino fundamental, mas apenas 32,6% da
população com idade entre 15 e 17 anos estava matriculada regularmente no segundo grau,
colocando o Brasil abaixo de países como Argentina e Chile que têm 74% e 70%,
respectivamente, dos jovens nessa faixa etária frequentando o ensino médio. Com relação ao
ensino superior, a situação torna-se mais desfavorável ainda.
3. MOBILIDADE SOCIAL NOS ANOS RECENTES
No período de 2002 a 2014 observa-se uma grande mudança na sociedade brasileira.
Houve uma melhoria nos padrões de vida de uma grande parcela da população provocando
muita mobilidade social. Algumas linhas de pesquisa defenderam a tese de que houve a
formação de uma nova classe média no Brasil, embora essa tese tenha encontrado diversas
críticas.
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Um dos primeiros e principais estudos é de autoria de Neri (2008). Segundo este estudo,
a classe média (Classe C), cujos limites de renda foram definidos entre R$ 1064,00 e R$
4.561,00, passara de 42% para 51% da população entre 2003 e 2008. As Classes de renda foram
definidas com os seguintes limites: Classe E – 0 a R$ 768,00; Classe D – R$ 768,00 a R$
1064,00; Classe C – R$ 1064,00 a R$ 4.591,00; Elite A e B acima de R$ 4.591,00. A partir
deste, vários estudos da FGV sobre o tema foram publicados até 2014.
No primeiro estudo de Marcelo Neri sobre a Nova Classe Média, intitulado “A Nova
Classe Média”, é indicado um “boom” na classe C com recordes nos itens casa, carro,
computadores, crédito e carteira de trabalho. A classe média é colocada como a imagem mais
próxima da sociedade brasileira, uma classe com planos bem definidos de ascensão social para
o futuro que são o motor fundamental para a conquista da riqueza das nações. Este seria o
“combustível”, já o “lubrificante” seria o ambiente de trabalho e negócios.
A ascensão desta nova classe média é a principal inovação recente nesta
década que se confirma aqui como a da redução da desigualdade e tem sido
propulsionada por ela e agora pela volta do crescimento. O ingrediente
fundamental deste crescimento do bolo com mais fermento para os grupos
pobres e agora nos últimos anos para a classe média é a recuperação do
mercado de trabalho, em particular da ocupação (NERI, 2008, p. 6).
Houve melhoria da distribuição de renda e da miséria que segundo o estudo ocorreram
tanto em função do crescimento acelerado da média de renda como da redução da desigualdade
de renda. A volta da carteira de trabalho, o emprego formal, é apontado como o elemento mais
representativo de ressurgimento de uma nova classe média brasileira. Durante a observação dos
dados, segundo Neri, o Brasil vinha mês a mês, a partir de 2004, quebrando seu recorde anterior
mais elevado de geração de novas “carteiras de trabalho”. Segundo dados do Caged, nos sete
primeiros meses de 2004 o Brasil gerou 1,7 milhões de postos de trabalho formais superando
todos os anos da série observada. Em seu trabalho, Neri (2010) previa para 2010, um montante
de dois milhões de novos empregos formais, uma expectativa bastante positiva dadas as
dificuldades referentes aos elevados custos de contratação e demissão de trabalhadores
constantes na legislação trabalhista brasileira. No próximo gráfico pode-se ver a evolução da
geração líquida de empregos entre 2000 e 2010:
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Gráfico 4 – Geração Líquida de Empregos Fonte: Extraído de “A Nova Classe Média: O lado brilhante dos pobres” - CPS/FGV a partir de dados do
CAGED/MTE. *dados até agosto de 2010.
Mesmo considerando os grandes aumentos da renda derivados de programas sociais e
aposentadorias ligadas ao salário mínimo, o crescimento da renda relativo às mudanças no
trabalho é de 4,72% entre 2003 e 2009. O incremento médio no período, de 4,61% ao ano da
renda trabalhista por brasileiro que corresponde a 76% da renda média recebida por brasileiro
dá uma base de sustentabilidade além das transferências de renda (NERI, 2010).
Destaque também para a contribuição do aumento da escolaridade. Aumentos nos anos
de escolaridade no mesmo período são responsáveis por 65,3% do crescimento de 7,95% ao
ano da renda per capta média dos 20% mais pobres, e correspondem a 24% do aumento de
renda de 3,66% dos 20% mais ricos (NERI, 2010).
O governo criou o Projeto Vozes da Classe Média através da SAE/PR (Secretaria de
Assuntos Estratégicos da Presidência da República) com o objetivo de entender a nova classe
média em múltiplos aspectos e
oferecer importantes subsídios tanto para o entendimento das mudanças
socioeconômicas recentes e de suas consequências, quanto para a
imprescindível adequação das políticas públicas a um país que tem na classe
média a maioria de sua população (NINIS, 2012, p. 9).
A metodologia de definição da SAE difere da utilizada por Neri. O projeto utiliza o
conceito de vulnerabilidade à pobreza:
Segundo esse critério, foram considerados pertencentes à classe baixa todos
aqueles com alta probabilidade de permanecer ou passar a ser pobres no futuro
próximo; verificou-se empiricamente que estes são os que vivem em famílias
com renda per capita inferior a R$291 por mês. Foram considerados
12
pertencentes à classe média todos aqueles com baixa probabilidade de
passarem a ser pobres no futuro próximo; verificou-se empiricamente que
estes são os que vivem em famílias com renda per capita entre R$291 e
R$1.019 por mês. Por fim, foram considerados pertencentes à classe alta todos
aqueles com probabilidade irrisória de passarem a ser pobres no futuro
próximo; seriam aqueles em famílias com nível de renda per capita acima de
R$1.019 por mês (NINIS, 2012, p. 12).
Segundo estimativa do projeto, em 2012, 53% (100 milhões de pessoas) da população
era pertencente à classe média. “Se a classe média fosse um país ela seria o 12º país mais
populoso do mundo, logo depois do México”. O projeto defende que a expansão da classe média
resultou de um processo de crescimento econômico com redução da desigualdade e que por
causa dessa combinação, a redução da classe baixa foi mais intensa que a expansão da classe
alta. Se forem mantidas a taxa de crescimento e a tendência de queda na desigualdade dos
últimos 10 anos, a classe média deverá abranger 57% da população brasileira em 2022, no
entanto se a desigualdade deixar de cair, o tamanho da classe média permanecerá estável em
53% (NINIS, 2012, p.12).
A classe média responde ainda por 36% da renda e 38% do consumo das famílias. Outra
característica da nova classe é que ela é heterogênea, representando vários grupos econômicos
e está bastante concentrada na área urbana, na região Sudeste (45%) e no Nordeste (24%), nas
pessoas com educação média, nos trabalhadores formais e nos segmentos de indústria e
comércio. Quanto à cor, negros e brancos são representados aproximadamente da mesma forma
na classe média (53% e 47% respectivamente). No que diz respeito à educação, os grupos que
têm até a educação média representam mais de 90% da classe média. Para o trabalho, 58% dos
trabalhadores formais estão na classe média (NINIS, 2012).
O trabalho do governo defende que houve melhora do acesso à educação superior,
principalmente por aqueles grupos historicamente desfavorecidos como os negros. Com
ampliação da escolaridade, elevação da renda e melhor acesso aos postos de trabalho a
população negra apresentou os maiores índices de mobilidade. Ademais o aumento na
remuneração dos ocupados teve uma contribuição majoritária da melhoria da qualificação da
mão-de-obra. Ao longo da última década, a força de trabalho brasileira tornou-se mais
escolarizada, com crescimento de 27%, passando de 6,7 anos de estudo em 2001 para 8,5 em
2011, mas o nível de escolaridade da força de trabalho permanece bastante limitado –
ligeiramente acima do fundamental completo. Nos assalariados do setor privado o crescimento
da escolaridade foi de 23% no período de 2001 a 2011. Cada série adicional de escolaridade
13
resulta num crescimento na produtividade e da remuneração do trabalho próxima a 8%. A
melhora da escolaridade da força de trabalho explica quase metade do aumento da remuneração
dos trabalhadores no período (NINIS, 2013).
Os grupos que têm até a educação média representam mais de 90% da classe
média. Contudo, enquanto os grupos relacionados aos níveis educacionais
mais baixos (ensino fundamental incompleto e sem escolaridade) encontram-
se em equilíbrio na classe média, os correspondentes aos níveis médio e
fundamental completo estão sobrerrepresentados (59% das pessoas que têm
ensino fundamental completo e 57% das pessoas com ensino médio estão na
classe média). Já o grupo de pessoas com educação superior tem níveis de
renda tão elevados que ele está sub-representado na classe média: 32% de seus
membros pertencem a esta classe. Tais resultados revelam forte relação entre
níveis médios de educação e a classe média (NINIS, 2013, p. 24).
Pochmann (2012), em seu livro “Nova Classe Média? O trabalho na base da pirâmide
social brasileira” chama a atenção para a necessidade de interpretações mais profundas e
abrangentes que possam ir além da abordagem “tendenciosa” a respeito da nova classe média.
O autor entende que não se trata da emergência de uma nova classe e muito menos de uma
classe média, mas sim,
uma orientação alienante sem fim orquestrada para o sequestro do debate
sobre a natureza e a dinâmica das mudanças econômicas e sociais, incapaz de
permitir a politização classista do fenômeno de transformação da estrutura
social e sua comparação com outros períodos dinâmicos do Brasil
(POCHMANN, 2012, p. 8)
Segundo a pesquisa do autor, a renovação na base da pirâmide social brasileira na
década de 2000 possui elementos que a diferenciam de momentos anteriores, o mais marcante
deles é o aumento dos postos de trabalho no setor terciário, gerando 2,3 vezes mais empregos
do que o setor secundário. Houve também uma redução significativa dos postos de trabalho no
setor primário. Esse aumento no setor de serviços concentra-se na base da pirâmide social –
95% das vagas abertas tinham remuneração mensal de 1,5 salário mínimo – significando um
aumento de 2 milhões de ocupações ao ano, em média para o segmento dos trabalhadores de
salários de base. Percebe-se que houve, concomitantemente, uma redução dos trabalhadores
ocupados sem remuneração e daqueles com rendimento mensal acima de três salários mínimos.
Assim o peso das ocupações da base da pirâmide social aumentou significativamente, havendo
também uma recuperação do valor real do salário mínimo, uma proteção e elevação do piso do
poder de compra das remunerações dos trabalhadores, principalmente do setor terciário. Para
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além do rendimento, Pochmann (2012) identifica também neste assentamento de uma nova
estratificação social, a incorporação do grau de escolaridade, posse de propriedade, moradia e
bens de consumo.
A classe média em si, como a percebe o autor, não sofreu alteração considerável, mas
houve a superação da condição de pobreza por uma parcela considerável da força de trabalho,
“transitando para o nível inferior da estrutura ocupacional de baixa remuneração”. A
representação dos trabalhadores de salário de base passou de 27% em 1995 para 46,3% em
2009. A queda na pobreza foi 37,2% para 7,2 no mesmo período. Há uma combinação de uma
ampliação na renda per capta com uma redução no grau de desigualdade na distribuição pessoal
da renda do trabalho. Verifica-se, ademais, a recuperação da participação do rendimento do
trabalho na renda nacional acompanhado pela melhora generalizada da situação do exercício
do trabalho, com diminuição do desemprego e crescimento do emprego formal (POCHMANN,
2012).
Outras características importantes detectadas pelo autor: i) há um processo de
envelhecimento dos ocupados na base da pirâmide social brasileira. Os ocupados com mais de
35 anos respondem por 49% do total dos trabalhadores de salário de base em 2009, ao passo
que em 1979 representavam 37%. Por sua vez, os jovens com até 24 anos de idade
representavam 39,4% em 1979 e em 2009 essa proporção era de 24%; ii) constata-se a
importância das ocupações de salário de base geradas para os trabalhadores não brancos; iii)
crescimento de postos de trabalho para os que possuem maior grau de escolaridade – em 2003,
43% dos ocupados possuíam mais de 9 anos de escolaridade, em comparação com apenas 9%
em 1979, 15,1% em 1989, e 23,2% em 1999; iv) há um aumento considerável da presença
feminina na composição dos ocupados de baixa remuneração; v) inchaço do setor terciário e
redução dos demais setores (POCHMANN, 2012).
4. Considerações finais
Este trabalho se propôs a discutir a mobilidade social no Brasil em termos históricos e
recentes com destaque para a discussão sobre o papel da educação na promoção da mobilidade
social. Na primeira seção foi feita uma sucinta exposição acerca de classes sociais de forma a
esclarecer o significado das classes sociais e estratificação na visão de autores principais.
Percebe-se que o conceito varia conforme os autores, sendo que aquele com maior
instrumentalidade para os estudos de mobilidade social é aquele apresentado por Weber.
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Na segunda seção foi possível perceber a correlação entre o nível de educação do
indivíduo e sua posição social e remuneração. Pelas afirmações apresentadas pelos autores,
afirma-se mais uma vez a importância de os governos priorizarem a educação como elemento
promovedor de inclusão social. Mesmo diante daquelas teorias que afirmam que a educação
funciona somente como um sinalizador no mercado de trabalho, por meio do diploma, e não
como um significado de qualificação, depreende-se que a educação é decisiva para a conquista
de um bom emprego, que satisfaça ao menos as necessidades básicas.
Quando se revisita os dados mais antigos acerca da mobilidade social brasileira e se
compara com os dados mais recentes, verifica-se que houve melhora nos níveis educacionais
com o avançar dos anos. Percebe-se que os dados corroboram a teoria. Em todas as observações,
percebe-se que aqueles com maior escolaridade ou qualificação profissional, incluindo
habilidades manuais, tinham acesso a melhores oportunidades de emprego e salários.
Observa-se finalmente uma controvérsia quanto às mudanças mais recentes no cenário
socioeconômico brasileiro. No entanto as mudanças ocorreram, a despeito de qualquer que seja
o nome que se dê a elas. Uma grande parte da população, que antes vivia em situação de pobreza
passou a usufruir de alguma qualidade vida. Estes são os entrantes da nova classe média
conforme Neri.
No entanto, as críticas de Pochmann são plausíveis. Há que se considerar que as
transformações ocorridas possam estar sendo utilizadas como uma estratégia de marketing
político, face à proximidade das eleições e que se exagere ao falar das mudanças ocorridas na
última década.
Em trabalhos posteriores serão tecidas maiores argumentações sobre a polêmica, uma
vez que este trabalho faz parte de uma pesquisa de mestrado que investiga a formação ou não
de uma nova classe média no Brasil.
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