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Texto trata da administração pública no Brasil.

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    A Interface entre os setores pblico e privado: uma perspectiva estratgica

    Autoria: Ronaldo Guimares Gueraldi

    Resumo Este artigo se prope a discutir a relevncia da interface entre os setores pblico e privado no mbito da administrao estratgica. O artigo aponta a lacuna existente na rea e alguns fatores envolvidos nesse tema: a rivalidade entre administrao pblica e a administrao empresarial, a influncia do Estado na iniciativa privada e a influncia do setor privado na administrao pblica. A metodologia do artigo consiste em reviso bibliogrfica do referencial terico sobre a interface pblico-privado em estratgia e na coleta de dados secundrios na imprensa brasileira para ilustrar os argumentos tericos. A concluso do artigo que o tema negligenciado pela academia brasileira, apesar de fatos empricos comprovarem que essa prtica exista. Uma das suposies que isso ocorre pela nfase da estratgia no enfoque econmico e financeiro, a despeito de outras abordagens, como o engajamento e barganha poltica.

    A Interface entre os setores pblico e privado: uma perspectiva estratgica I Introduo

    Quando se trata de interao pblico-privado, trs abordagens surgem de imediato. A primeira a concorrncia entre elas, uma rivalidade que cultiva a idia de que a administrao empresarial e estratgica mais eficiente do que a administrao pblica, que precisa ser adaptada com ferramentas apresentadas por firmas de consultoria para aparelhar melhor a mquina estatal. A segunda questo que gera debates a influncia do Estado no desenvolvimento econmico do pas e, conseqentemente, do setor privado. E a terceira a viso inversa, a influncia do setor privado na administrao pblica.

    A literatura no mbito estratgico que trata dessa perspectiva da interface entre os setores pblico e privado escassa (Paula, 2005; Getz, 2002; Mintzberg, 1996; Ferlie, 2002; 1992) e no levantamento feito por Bertero et alli (2003) a administrao pblica nem considerada. Entretanto, nos artigos produzidos sobre o tema, grande parte se refere ao surgimento da administrao pblica gerencial, ao gerencialismo ou ao new public management (Paula, 2005; Moe, 2004; Mitchell e Simmons, 2003; Ferlie, 2002; 1992; Downs, 1999; Bresser Pereira, 1997; Barzelay, 1992). Outras reas do conhecimento tm pesquisado sobre essa transformao, tanto no Brasil quanto no exterior, como a sociologia e a cincia poltica (Getz, 2002; Ferlie, 1992).

    A relevncia da atuao do Estado na prosperidade do setor privado um dever previsto na Constituio Federal brasileira de 1988, ao afirmar que responsabilidade do Estado prover educao, moradia e condies de sustento e desenvolvimento do indivduo. Mais uma vez, essa abordagem estudada por outras reas de conhecimento, principalmente a economia, tanto no enfoque macroeconmico quanto na economia do setor pblico. A rea de Relaes Internacionais tambm desenvolve pesquisa na rea quando estuda desenvolvimento econmico (Gilpin, 2004; Strange, 1996, 1988; Stopford & Strange, 1991). A administrao parece no se preocupar com essa questo devido escassez de pesquisa no setor. Chandler (1998a) procura explicar quando, por que e como houve esse distanciamento nos Estados Unidos. Yao (1999) e Bailey (1999) destacam a forte correlao entre estratgias do mbito pblico com o privado e a relevncia das empresas se atentarem para leis antitruste e aproveitarem oportunidades para influenciar polticas pblicas a favor dos interesses empresariais. Farina (1994) trata da questo

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    da regulamentao por parte do Estado e defende a adoo de leis antitruste num contexto de Estado mnimo. Murtha e Lenway (1994) tambm defendem uma viso liberal e argumentam sobre as implicaes do que chamou de capacidades estratgicas dos Estados e suas interaes com as firmas, definindo sob quais condies a estratgia governamental afeta a estratgia de negcios da firma. Murtha e Lenway (1994) defendem que a credibilidade poltica, uma das capacidades estratgicas dos Estados, depende da interao pblico-privado. Ainda nessa abordagem, Aktouf (2002) critica o estudo sobre a vantagem comparativa das naes (Porter, 1990) entre outros fatores por no considerar fatores scio-polticos, como legislao e atuao governamental.

    A influncia do setor privado na administrao pblica freqentemente associada a uma adjetivao pejorativa e com conotao de arranjos maquiavlicos e prticas de corrupo. Nos Estados Unidos h as recentes fraudes da Enron, cujo presidente se beneficiava de ligaes escandalosas com polticos influentes, como o ex-presidente George Bush e o atual, que era governador do Texas na poca, George W. Bush (Whittington et alli, 2003), e a priso de executivos que se beneficiaram de informaes privilegiadas, como Martha Stewart. Outro caso que despertou crticas da opinio pblica a petrolfera Halliburton, cujo ex-executivo o atual vice-presidente da Repblica, Dick Chenney. No Brasil, a ligao prxima entre o setor privado e o pblico provoca ojeriza e tem sido pauta para a mdia nacional com revelaes de benefcios de empresas com prestao de servios pblicos graas aproximao de peas influentes no partido que est no poder. Exemplos no faltam, como o carro importado no valor de R$ 74 mil dado de presente ao ex-secretrio-geral do Partido dos Trabalhadores, Slvio Pereira, pelo dono de uma empresa de engenharia, a GDK, que se beneficiou na licitao de servios prestados Petrobras. Outra crtica foi o aporte de recursos pblicos feito a uma empresa sem lastro ou experincia de mercado cujo um dos scios o filho do presidente da Repblica, Lus Incio Lula da Silva.

    Em termos acadmicos, a nomenclatura para essa influncia do setor privado no pblico pode ser definida como captura de poder poltico (Martin, 2003), no qual muitas vezes o benefcio conquistado pode ser revertido para fins de outros setores pblicos, ou seja, outros governos. Chandler (1998a) mostra que a exportao de filiais de empresas europias e japonesas era auxiliada pelo ministrio das Relaes Exteriores. Guimares (2002) afirma que a expanso tecnolgica e a dominao de mercados so tticas antigas de guerra que se reformularam para o contexto globalizado atual. Arnold (2003) trata da importncia do papel das empresas multinacionais na atuao de polticas pblicas de outras naes, como o exemplo da Texaco no Equador. Com detalhes precisos e variados, Perkins (2005) conta como atuou como consultor, embora contratado pela Agncia de Segurana Nacional dos Estados Unidos, em diversos pases, como Indonsia, Panam, Equador, Colmbia e Arbia Saudita, para implementar polticas que promovessem os interesses de bancos, corporaes e do governo americano. Perkins (2005) atuava como um assassino econmico e suas atividades incluam desde desviar recursos para os cofres americanos at arquitetar a morte do presidente panamenho Omar Torrijos.

    O objetivo deste artigo apresentar uma lacuna sobre a interface entre os setores pblico e privado na rea de estratgia, discutir a importncia do poder poltico na estratgia e a necessidade de torn-lo transparente.

    II A distncia entre a administrao pblica e a administrao empresarial

    Em 1979, Chandler (1998a) publicou o ensaio Governo versus empresa: um fenmeno norte-americano na Harvard Business Review em 1979 e demonstrou sua preocupao com o mtodo comparativo e uma de suas raras incurses no domnio das polticas pblicas. O artigo

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    apontou as razes que levaram o governo americano a adotar medidas restritivas e antitrustes que contriburam para criar uma relao hostil entre governo e empresa nos Estados Unidos. Chandler (1998a) abriu o artigo com uma indagao de Crawford Greenwalt, ex-presidente da Du Pont, de que porque ele e seus colegas americanos eram constantemente levados a responder justia por prticas empresarias que seus colegas britnicos e de outros pases europeus eram promovidos a cavalheiros ou recebiam ttulos semelhantes.

    At a Guerra de Secesso norte-americana (1861-1865), os grandes empresrios se envolviam nos negcios do governo, tanto local quanto nacional, e os polticos eram competentes empresrios. De acordo com Chandler (1998a) o divrcio entre empresa e governo era inevitvel a partir de 1890, quando a administrao de ambos tornou-se maior e mais complexa frente s oportunidades e s demandas de um pas em rpida industrializao e urbanizao. Primeiro foram as grandes empresas comerciais que se desenvolveram, com as ferrovias e depois as indstrias, onde surgiu uma nova classe de homens de negcios (business men), administradores assalariados que trabalhavam em regime de tempo integral visando ascender na hierarquia administrativa. O governo mantinha um reduzido nmero de administradores pblicos at a Grande Depresso (1929), quando surgiu a macroeconomia e o keynesianismo, onde o governo se viu forado a participar ativamente da vida econmica da nao. Com a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra Fria (1945-1991), o nmero de funcionrios pblicos nos Estados Unidos atingiu um nmero sem precedentes. Chandler (1998a) afirmou que em nenhum outro lugar do mundo grandes hierarquias administrativas empresariais se formaram antes da expanso do funcionalismo pblico.

    Houve a criao de duas culturas administrativas nos Estados Unidos, a pblica e a privada. Chandler (1998a) afirmou que essa bivalncia tambm ocorreu na Europa e no Japo sem, todavia, coloc-las em rota de coliso. Para Chandler (1998a) o que definiu a relao de hostilidade entre o pblico e o privado nos EUA foi o papel do governo federal com relao empresa, definido antes da criao da classe profissional de administradores pblicos. Dois exemplos so o telgrafo e o servio ferrovirio que, em 1880, passaram a ser administrados por profissionais cujo objetivo era a lucratividade. As tarifas eram estabelecidas por critrios econmicos, de custos, e no visava atender s comunidades locais ou regionais. Tais comunidades menos favorecidas tinham influncia poltica suficiente para fazer o Congresso aprovar leis reguladoras que estabelecessem tarifas justas e razoveis (Lei Sherman). Entretanto, no era s a perspectiva altrusta que implicava nas comisses reguladoras. Havia a presso de empresrios intermedirios norte-americanos, que se sentiam ameaados pela expanso das grandes empresas nas dcadas de 1880 e 1890. Esse sentimento de ameaa prosperidade de outros empresrios no ocorreu nem na Europa nem no Japo.

    Chandler (1998a) se preocupou em tentar explicar por que tal concorrncia entre setor pblico e privado no ocorreu em outros pases. Em primeiro lugar, porque a ascenso da grande empresa na Europa e no Japo no afetou to negativamente outros grupos comerciais. O fator mais importante na opinio de Chandler (1998a) foi que as novas megaempresas europias no tomaram o lugar dos atacadistas existentes. A anlise histrica de Chandler (1998a) se dividiu em bens de consumo e bens de produo. No primeiro, a expanso da grande empresa na Europa e Japo no gerou presses entre os setores pblico e privado. No segundo, a expanso incentivou um melhor relacionamento entre ambos. Na Europa e Japo, onde as hierarquias pblicas se estabeleceram muito antes do que as hierarquias privadas, as indstrias de produtos qumicos, metais e maquinaria eram muito mais dependentes dos mercados externos do que as norte-americanas. Os industriais europeus e japoneses logo procuraram obter ajuda do governo para conquistar e manter mercados no exterior. Os governos permitiram a cooperao e a cartelizao

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    no mbito interno e usaram a diplomacia, e at mesmo a fora, para manter franqueados os mercados e as fontes de suprimentos.

    Na dcada de 1980, a entrada de Ronald Reagan na Casa Branca mudou esse clima de hostilidade. O ex-governador da Califrnia promoveu o neoliberalismo, dando mais autonomia s empresas, maior iseno fiscal e promoveu privatizaes, numa poca em que o poder econmico dos Estados Unidos estava sendo ameaado pelo japons e muitos acadmicos, como Kennedy (2000), apontavam o Japo como nova potncia hegemnica mundial em substituio aos americanos. Para Ferlie (1992), a estratgia, como rea de conhecimento, se limitou a estudar concorrncia e competitividade de firmas no s pelo desinteresse provocado por regimes que reduziram a importncia do setor pblico. Para ele, apesar das privatizaes, o gasto com o setor pblico vem crescendo a cada ano e continua produzindo servios e bens de extrema necessidade da populao, como sade, educao, defesa e justia.

    A vitria dos Estados Unidos na Guerra Fria acentuou a rivalidade entre a administrao empresarial e a administrao pblica, com a primeira sendo considerada mais virtuosa e eficiente (Mintzberg, 1996). Mintzberg (1996) afirma que h a dicotomia entre o capitalismo versus o comunismo, privatizao versus a nacionalizao, a concorrncia de mercado versus o controle governamental e resume esse debate s organizaes de proprietrios privados e organizaes de proprietrios pblicos, mais especificamente, de controle do Estado. Mintzberg (1996) acredita que h duas outras formas de propriedade entre esses dois extremos (privado e estatal): a propriedade cooperativa, cujo controle exercido formalmente pelos fornecedores, clientes e empregados; e a no-propriedade (nonowned), sem fins lucrativos e cujo controle exercido por uma diversidade de grupos (boards) de diretores. Essa ltima organizao conhecida como no-governamental (ONG), mas tambm pode ser no-empresarial e no-privada, de acordo com a terminologia sugerida por Mintzberg (1996). Com freqncia, as propriedades privadas e estatais so consideradas dois extremos diametralmente opostos, entretanto, Mintzberg (1996) acredita que eles devem assumir uma postura de ferradura, cujos extremos esto prximos. Mintzberg (1996) afirma que as semelhanas das duas propriedades comeam na estrutura, fortemente centralizada e hierarquizada. Esses dois extremos levam afirmao de que o governo precisa se tornar mais empresarial (ou gerencial na terminologia de Bresser Pereira, 1997), um mito que Mintzberg contesta. Ele discute a diferena entre consumidor (costumer), cliente, cidado e sujeito (subject). Consumidor um termo mais apropriado para organizaes de propriedade privada. Para Mintzberg, cliente corresponde a um termo que serve tanto para o setor pblico, como atendimento mdico e de educao, quanto para a rea privada. Cidado a pessoa que desfruta de direitos e deveres para com o Estado e sujeito o indivduo, pessoa fsica, que assume as trs posturas anteriores.

    A idia do cidado-consumidor ganhou fora quando o vice-presidente americano Al Gore (1993-2000) declarou que o servio pblico dos Estados Unidos tinha o povo americano como cliente/consumidor (Moe, 2004). Foi a consagrao de uma idia construda para superar o Estado de bem-estar social (welfare state) com a aplicao de teorias microeconmicas poltica por meio de modelos matemticos que servem de base teoria da escolha racional (public choice), como custo de oportunidade e funo utilidade. A tradio do pensamento diminuir a incerteza, excluindo subjetividades, tentando aumentar previsibilidade com o objetivo de tornar a redao das polticas pblicas melhor. Ou seja, a racionalidade leva eficincia, que corresponde lei econmica da escassez, na qual de mnimos insumos se obtm mximos resultados (Moe, 2004; Mitchell e Simmons, 2003; Ferlie, 2002; Downs, 1999; Barzelay, 1992). Tal perspectiva, conhecida como new public management, ou administrao pblica gerencial, como foi adotado

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    aqui no Brasil (Abrucio, 2001; Bresser Pereira, 1997), alimentou a crena de que o setor privado possua o modelo ideal de gesto. Entretanto, o cidado no pode ser tratado como consumidor em alguns servios, como sade e segurana, devido prpria natureza da lei de mercado, como a oferta e demanda, assimetria de informaes e falta de concorrncia (Stiglitz, 2002).

    Mintzberg (1996) acredita tambm que antes de criticar o modelo de administrao pblica, deve-se questionar os mitos da administrao empresarial (management). O primeiro mito que as atividades em particular podem ser isoladas, tanto uma das outras quanto de uma autoridade direta. Esse princpio surgiu no setor privado, como mostrou Chandler (1998b) quando estudou as novas empresas comerciais, cuja caracterstica marcante eram as unidades multidivisionadas, ou seja, reas isoladas da empresa que trabalhavam quase de forma independente e comercializavam entre si. Outro princpio criticado por Mintzberg (1996) tambm est presente entre as oito proposies de Chandler (1998b), de que as atividades podem ser confiadas a administradores profissionais, educados e treinados para se responsabilizar e atingir metas. O outro mito que a performance pode ser total e adequadamente avaliada por medidas objetivas. Sobre a autonomia das unidades intraorganizacionais, Mintzberg (1996) afirma que no h como isolar verticalmente uma atividade porque impossvel desvincular a administrao do processo poltico. O mito do administrador profissional capaz de gerenciar a empresa s alimenta o culto do lder heri e a mensurao por ndices de performance costuma levar para distores.

    Mintzberg (1996) apresenta cinco modelos de gesto governamental: governo como uma mquina, governo como rede (network), governo como controle de performance, governo virtual e o modelo de controle normativo. Mintzberg (1996) afirma que no h um modelo melhor que o outro e que, em geral, os governos assumem modelos diferentes em situaes diversas, como, por exemplo, a receita federal usar o modelo anlogo mquina e o ministrio de relaes exteriores seguir o modelo de rede. O autor conclui que a administrao empresarial no to boa quanto parece nem a administrao pblica to ruim e que a administrao empresarial pode aprender com a administrao pblica e vice-versa; e ambas tm muito a aprender com as organizaes cooperativas e sem proprietrios (nonowned).

    Ferlie (2002) acredita que a estratgia seja de propriedade do mbito privado e que est sofrendo adaptaes para atender ao setor pblico, que tem peculiaridades e funes nicas, como elaborao de leis e o monoplio da fora.

    Para Ring e Perry (1985) a estratgia no setor pblico diferente da no setor privado. Um dos fatores que na administrao pblica h uma clara distino em contexto, restries e implicaes. Como caractersticas que definem contexto e restries esto o fato de polticas serem mais fracamente definidas, com competio entre membros de grupos de controle que levam a compromissos negociados e vagos, nos quais os tomadores de deciso so influenciados por nmero maior de grupos de interesse e gestores lidam com mais restries artificiais de tempo, seja pelo perodo do mandato, seja por restries impostas pelo legislativo, judicirio ou financiamento. Nas organizaes pblicas, as estratgias resultam de um processo de formao de coalizes, que por sua vez so menos estveis e tendem a sumir na implementao, porque as coalizes so formadas para a aprovao de uma determinada poltica, com divergncia entre executivos de carreira, funcionrios pblicos, e executivos nomeados, de vertente poltica, cuja complexidade aumenta com a participao de sindicatos e grupos organizados.

    Essas restries levam a algumas implicaes, como a ambigidade poltica, processos de influncia intensos e abertos, instabilidade nas coalizes, gesto estratgica mais baseada em processos incrementais do que em planejamento rgido. Como conseqncia, as organizaes pblicas so mais fracas em estratgias deliberadas e fortes em estratgia emergente e no-realizada. Isso leva a um comportamento mais flexvel por parte do executivo na rea pblica, em

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    busca da minimizao da descontinuidade e na obteno de influncia, no autoridade (Ring e Perry, 1985).

    III A aproximao entre os setores pblico e privado A busca por influncia sugere que a abordagem estratgica no setor pblico seja diferente do paradigma predominante na rea, ou seja, o enfoque estritamente econmico e financeiro. Esse foco esteve presente desde o surgimento da estratgia, logo aps a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), nos estudos de Chandler (1998a; 1998b), se fortaleceu com o modelo de cinco foras de Porter (1998) e se perpetuou com a disseminao da prtica de consultorias e ferramentas como SWOT e matriz BCG. Recentemente tem surgido autores que apresentam propostas alternativas a esse foco dominante da estratgia (Wilson e Jarzabkowski, 2004; Crubellate et alli, 2004; Backoff et alli, 2003; Martin, 2003; Whittington et alli, 2003; Getz, 2002;. Vasconcelos, 2001; Mintzberg et alli, 2000; Bailey, 1999; Yao, 1999; Mintzberg, 1996; 1987; Murtha e Lenway, 1994; Ferlie, 1992; Knights e Morgan, 1991; Ring e Perry, 1985; Fama, 1980).

    No livro Safri de Estratgias, Mintzberg et alli (2000) definem dez escolas de estratgia, sob diversas perspectivas, como cultural, ambiental, psicolgica e poltica. A Escola do Poder, com nfase na cincia poltica, merece destaque na anlise de Mintzberg et alli (2000). Nela, os autores acreditam que a estratgia um processo de negociao entre os atores e a poltica da organizao, haja vista que as organizaes so coalizes de diferentes indivduos e grupos de interesse. Na anlise de Mintzberg et alli (2000), a anlise micro se refere ao ambiente interno e a macro, ao externo.

    Martin (2003) salientou que a captura do poder poltico por empresas do setor privado freqente, mas em geral um assunto negligenciado ou no reconhecido pela academia. Martin (2003) acredita que seja um equvoco agrupar a possibilidade de captura do poder poltico pela estratgia empresarial como ambiente externo, isento de qualquer interveno. Ele afirma que, apesar de detentor de poder coercitivo, o poder pblico pode ser manipulado, dependendo das foras dos atores e Estados em questo, visvel nas diferenas entre pases desenvolvidos e subdesenvolvidos (Perkins, 2005; Arnold, 2003), refletidos na disputa entre empresas e sociedade.

    Getz (2002) apresentou onze perspectivas diferentes para explicar porque empresas se engajam politicamente, quais so as estratgias e tticas que elas adotam e quais so as limitaes da firma com relao a sua capacidade de agir racionalmente na arena poltica, explorando as limitaes humanas, organizacionais e sistmicas para a implementao das aes racionais. O artigo de Getz (2002) demonstrou a dificuldade em definir uma linha de pesquisa prpria na rea, pois mistura temas como public affair e estratgia poltica, e reala a importncia e o impacto da administrao pblica (public affairs management) permeando a rea de negcios (business). A autora destaca a relevncia estratgica das firmas gerenciarem suas relaes externas, entretanto, se torna uma tarefa difcil pesquisar na rea haja vista que no h um consenso sobre teorias que definam nem public affair, nem estratgia poltica, muito menos relaes externas na rea de negcios. A literatura difusa d validade e legitimidade importncia de desenvolver pesquisas na rea.

    A rea de cincia poltica estuda o processo de governo e os esforos para influenciar atividades governamentais, cujo foco o processo eleitoral e o interesse coletivo. A teoria abordada por Getz (2002) nessa rea de conhecimento a teoria do grupo de interesse. Essa teoria sugere que o processo democrtico de polticas pblicas seja uma tentativa de atingir um compromisso entre objetivos concorrentes com a atitude de mltiplos grupos de interesse. A

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    cincia poltica assume que os interesses dos indivduos so representados no processo poltico ou por grupos de interesse. A motivao das firmas de se envolverem politicamente, de acordo com essa teoria, porque potenciais adversrios (como sindicalistas ou ambientalistas) tambm o fazem. Outra possibilidade evitar que ideologias alternativas (como prs-socialistas ou anti-capitalistas) ganhem projeo.

    Quatro teorias da rea de economia foram aplicadas no artigo de Getz (2002): teoria da ao coletiva, escolha racional (public choice), teoria do custo de transao e teoria dos jogos.

    A teoria da ao coletiva foca na proviso voluntria de bens coletivos por atores privados, ou seja, pequenos grupos privilegiados consideram determinados valores e bens coletivos to importantes que esto dispostos a arcar com uma parcela maior de custos para garantir a disponibilidade de tais bens. A teoria da escolha racional (public choice) corresponde aplicao do utilitarismo da teoria microeconmica cincia poltica, ou seja, o processo poltico um mercado onde atores pblicos e privados atuam em busca de interesses prprios. Para Getz (2002), essa teoria defende que firmas que percebem benefcios em potenciais polticas governamentais entram na arena poltica para comprar tal agenda. Entretanto, a autora argumenta que tal teoria no estimula corrupo porque estudos empricos comprovam que h pouca correlao entre contribuio de campanha e decises legislativas desejadas. A escolha racional tem o lado da firma e do poltico, haja vista que os legisladores tendem a ser mais sensveis s demandas dos seus eleitores.

    A teoria do custo de transao tenta solucionar a dvida entre internalizar ou terceirizar determinada produo de bens ou servios. H riscos envolvidos em trs dimenses: a incerteza e a dificuldade em medir a transao; a freqncia com que ocorre tal transao e a especificidade do bem ou servio transacionado. Enquanto a teoria do grupo de interesse tentava entender a motivao de uma firma se associar a outra, a teoria do custo de transao quer especificar as condies para a firma agir sozinha ou associada. Para Getz (2002), a firma racional busca minimizar custos e riscos de engajamento poltico.

    A teoria dos jogos usada para descrever e antecipar o comportamento de dois ou mais atores interdependentes quando tomam decises em situaes de incerteza. As decises so tomadas seqencialmente ou simultaneamente e os padres de lobby e influncia surgem quando dois grupos rivais tentam afetar o comportamento de autoridades eleitas.

    A sociologia estuda o comportamento humano em vrios grupos, inclusive organizaes. Duas teorias da sociologia esto presentes no artigo de Getz (2002): a teoria da dependncia de recursos e a teoria institucional.

    A teoria da dependncia de recursos sugere que o relacionamento de organizaes seja influenciado de forma previsvel quando h dependncia mtua de recursos entre elas. A dependncia existe quando os tomadores de deciso percebem que a atuao de um determinado ator externo impe restries ao comportamento e eficincia da sua organizao, logo, a dependncia desaconselhvel porque ameaa a estabilidade e at a sobrevivncia da mesma. A motivao de uma firma ter uma atividade poltica explicada pela dependncia dela em relao a recursos providos pelo governo, como regulaes, proteo comercial de um determinado setor e compra de material e servios. Entretanto, o engajamento poltico no reduz a dependncia da firma pelo governo, s reduz a incerteza e seus efeitos negativos. Getz (2002) acredita que o lobby seja mais eficiente quando tem como alvo agncias administrativas em vez de legisladores.

    A teoria institucional lida com as escolhas feitas para responder ou compartilhar valores do ambiente organizacional da empresa. O poder econmico e social restringe o comportamento e as organizaes podem, voluntariamente, abdicar do exerccio de tal poder para manter legitimidade. A participao poltica da firma permite a obteno de recursos institucionais, como

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    aprovao de leis vantajosas para seu setor de atuao, opinio pblica favorvel e legitimidade. A teoria institucional tambm uma alternativa apresentada por alguns autores (Crubellate et alli, 2003; Whittington et alli, 2003) para concorrer com o paradigma dominante da estratgia no foco econmico.

    A administrao foca no comportamento da organizao e atuao de seus lderes, contribuindo com quatro teorias para o artigo de Getz (2002): teoria da agncia, teoria comportamental da firma, estratgia de negcios e ecologia populacional (population ecology).

    A teoria da agncia foca nas relaes em que uma parte age em nome da outra. No caso especfico da atividade poltica da firma, ela a principal (ou mandante) e o governo, o agente (o mandado, que age em benefcio do principal). A motivao da firma para se engajar politicamente criar agentes e manter um bom relacionamento entre principal e agente, ou seja, a atividade poltica se torna um meio para controlar o agente.

    De acordo com a teoria comportamental da firma, a estrutura, as rotinas e a histria da organizao influenciam a interpretao da firma e sua reao a estmulos do ambiente. Por diversas razes, a firma tende a aceitar resultados satisfatrios em vez de resultados timos, como defende a teoria da racionalidade limitada. Outra caracterstica dessa teoria o conceito de slack organizacional, que deriva dos recursos em excesso da organizao que permite manobras administrativas flexveis e com menor risco (Prestes Motta e Vasconcellos, 2004).

    A teoria da estratgia de negcios (business strategy theory) sugere o desenvolvimento de competncias distintivas para buscar sucesso econmico. Tais competncias podem ser exploradas quando ocorre a adaptao delas ao ambiente de mercado. Esse mercado, logicamente, relativo. Por exemplo, quando ele controlado pelo governo, relevante que sejam desenvolvidas competncias no-orientadas para mercado (no sentido tradicional da palavra em que se ope privado e pblico). Tais atividades no-orientadas para mercado so de relaes pblicas, lobbying e testemunho no congresso (Congressional testimony).

    A teoria da ecologia populacional (population ecology) sugere que empresas so afetadas por organizaes semelhantes porque extraem recursos dos mesmos ambientes organizacionais, numa analogia ao ambiente ecolgico onde diversas espcies competem por alimentos. De acordo com Getz (2002), quanto maior for a densidade de interesse na comunidade (maior nmero de interesses entre o mesmo pblico), maior o uso de aes polticas independentes para se diferenciar.

    Nas 11 teorias apresentadas por Getz (2002), h explicaes complementares e concorrentes para responder s trs perguntas iniciais. Por exemplo, h incompatibilidade entre as teorias da dependncia de recursos, da agncia e escolha racional (public choice). Na teoria da dependncia de recursos, a firma depende dos recursos do governo, apontado como poderoso. Na teoria da escolha racional (public choice), governo e firma so interdependentes onde cada um precisa de algo que a outra parte possui. E na teoria da agncia, a firma precisa no de recursos do governo, mas de decises favorveis. A teoria da agncia e a da dependncia de recursos teriam abordagens semelhantes se autoridade fosse considerada um recurso.

    A estratgia de como agir politicamente da firma se resume basicamente aos atores pblicos (como as teorias da escolha racional, da agncia e dos recursos dependentes), aos interesses das firmas rivais (teoria dos jogos e public choice) e aos interesses complementares (teoria do custo de transao e populao ecolgica). Getz (2002) conclui que a mescla das teorias define a estratgia poltica da firma e faz um apelo para que acadmicos pesquisem na rea de estratgia poltica da firma com teorias explcitas e consistentes na rea de cincias sociais. Como explicitado at aqui, o processo poltico destacado por muitos autores como fundamental para o sucesso de uma estratgia empresarial. Para alguns, a poltica deve fazer parte

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    da estratgia deliberada. Para outros, as dinmicas polticas correspondem aos imprevistos que provocam a estratgia emergente.

    Bailey (1999) e Yao (1999) argumentam que o aspecto poltico deve ser tratado como um relevante fator estratgico, o que normalmente desprezado pela literatura. Bailey (1999) afirma que as empresas usam a arena pblica para proteger seus investimentos e recursos, podendo influenciar mudanas nas polticas pblicas capazes de sustentar vantagem para sua empresa. Nesse contexto de influncia poltica, legisladores, rgos reguladores, o setor pblico e o privado interagem. Yao (1999) trata das restries antitruste estratgia competitiva e conclui que os reguladores e os tribunais muitas vezes so a terceira fora invisvel nas interaes competitivas e que ignorar o impacto dos reguladores e tribunais pode ser to perigoso quanto negligenciar um concorrente atual ou potencial.

    O exemplo da compra da empresa Garoto pela Nestl vetada no Conselho Administrativo de Defesa Econmica (Cade) representa uma inabilidade da multinacional sua em tratar estrategicamente da influncia poltica. O presidente da Nestl no Brasil, Ivan Fbio Zurita, ameaou cortar investimentos numa fbrica de caf solvel no Esprito Santo caso a Nestl no fosse autorizada a comprar a concorrente brasileira e amargou a interveno da matriz sua na subsidiria brasileira para compreender porque uma negociao dada como certa no avanou1. A dimenso poltica tambm est envolvida no duelo entre as empresas Brasilit e Eternit sobre a restrio ao uso do mineral amianto, cuja deliberao poltica vai definir qual empresa adotou a estratgia correta. A Brasilit, do grupo francs Saint-Gobain, investiu R$ 100 milhes para desenvolver uma fibra alternativa e quer a proibio do amianto. A Eternit, empresa nacional com 25% do mercado e dona da nica mina de amianto do pas, luta pela liberao e uso controlado do amianto. Ambas tm representantes no legislativo e brigam por um negcio de R$ 2 bilhes que pode representar a falncia de uma delas2.

    Murtha e Lenway (1994) apresentaram uma abordagem estrutural que mostra as implicaes das variedades das capacidades estratgicas dos Estados e suas interaes com as firmas, em particular seus clientes, colaboradores (fornecedores), concorrentes e o fator de atrao do investimento externo direto (IED). De acordo com Murtha e Lenway (1994), o modelo mostra o por qu e sob quais condies a estratgia governamental afeta a estratgia de negcios das firmas e garante que o sucesso da implementao da estratgia de negcios depende da colaborao entre firma e governo. O modelo de Murtha e Lenway (1994) rene a interao de instituies polticas, organizao governamental e propriedade da empresa para moldar as preferncias da poltica industrial, a especificidade das escolhas de polticas pblicas e a consistncia de implementao ao longo do tempo. Murtha e Lenway (1994) adotam a concepo clssica de Weber que diferencia a estrutura organizacional que d corpo s capacidades de governana racionais (Estado) dos grupos de tomadores de deciso (Governo). O Estado corresponde s instituies que incorporam valores nacionais e o ordenamento jurdico que persiste no tempo. O Governo, por sua vez, costuma ir e vir sem causar impacto nas instituies. De acordo com essa definio dos autores, a capacidade de implementar e manter estratgias industriais depende das estruturas organizacionais do Estado e mudanas nessa estrutura prejudicam o que eles chamaram de estrutura internacional industrial. De fato, uma pesquisa do FMI e do Banco Mundial (2003) aponta como um dos agravantes para atrair IED para o Brasil a facilidade com que a constituio alterada, no s pelo nmero de constituies ao longo da histria recente da Repblica brasileira, mas por instrumentos como a medida provisria. Essa idia contraria a mxima de Chandler (1998c) de que a estrutura segue a estratgia. Na argumentao de Murtha e Lenway (1994), governos tm menos flexibilidade para alterar estruturas do que gerentes em firmas.

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    Na definio de Murtha e Lenway (1994), as bases das capacidades estratgicas dos Estados so autoridade, autonomia de mercado e direitos de propriedade. Os Estados, por definio, fazem e fiscalizam leis dentro de seus territrios e possuem o monoplio da fora. Entretanto, como Lindblom apontou, governos no podem comandar a performance dos negcios, devendo induzir em vez de comandar. O modelo de Murtha e Lenway (1994) consiste em alguns parmetros, como a especificidade do alvo (target specificity), que descreve o grau em que o Estado isola os componentes da atividade econmica nacional como objeto de interveno poltica. Tais instrumentos variam desde ferramentas macroeconmicas, como poltica monetria e poltica fiscal, e ferramentas microeconmicas, como subsdios e transaes dentre firmas. Outro parmetro a credibilidade poltica do governo, que depende da interao pblico/privado. Empiricamente, a credibilidade poltica depende de dois fatores: (1) a reputao do governo entre os gerentes de corporaes multinacionais (CMN) para implementar polticas econmicas consistentes ao longo do tempo; e (2) as escolhas estratgicas das firmas dadas as capacidades do Estado.

    H uma grande relevncia com relao aos arranjos institucionais, que correspondem aos direitos de propriedade e transaes governamentais. A atividade econmica do Estado pode ser dividida entre os setores pblico e privado. Outra dimenso a relativa influncia do planejamento autoritrio versus a governana de mercado sobre transaes e alocaes de recursos domsticos. O grau de confiana dos pases varia conforme o planejamento e regulao dessas transaes interorganizacionais ficam a cargo do setor pblico ou privado. A credibilidade aumenta medida que diminui a autoridade do governo e o direito de propriedade estatal. Quando a autoridade pblica substitui o mercado, as transaes se tornam sujeitas s contingncias de polticas pblicas que, por sua vez so controladas por polticos. O perigo existe na possibilidade de os polticos promoverem mudanas nos alvos e polticas pblicas sem aviso prvio. A propriedade do governo leva firmas a serem mais suscetveis s demandas dos cidados, com objetivos polticos e sociais se sobressaindo ao lucro e otimizao econmica. Por isso Murtha e Lenway (1994) associam a especificidade diretamente proporcional autoridade e direito de propriedade do governo sobre os recursos produtivos porque facilita qualquer interveno em decises administrativas.

    Murtha e Lenway (1994) desenvolveram uma matriz em que expem os interesses de intermediao do sistema, definido como a rede poltica que governa comunicao, advocacia, tomada de deciso e diviso da responsabilidade (burden sharing) dentre os proprietrios dos recursos em um pas. Num dos eixos est a governana transacional, que varia entre a coordenao e o planejamento autoritrio da economia (100% propriedade do pblico) at o regime de mercado, em que 100% dos recursos est nas mos do setor privado. No outro est a propriedade de alocao de recursos que varia na mesma proporo. Distribudos nos quadrantes esto os pases que comandam a economia, que representam os regimes autoritrios socialistas, como China e Cuba; os transacionais, que correspondem aos pases do leste europeu que eram socialistas e esto em fase de transio para economias de mercado, onde o Estado ainda controla grande parte dos recursos econmicos, mas a regulao de preos e atividades est se transferindo para o regime de mercado; os pases corporativistas esto inseridos no capitalismo, mas com grande participao de federaes de indstrias e sindicatos nacionais participando dos fruns decisores das transaes governamentais, ou seja, empresrios e trabalhadores interagem com governo para discutir polticas econmicas e sociais, como Brasil, Argentina, Coria do Sul e Alemanha; e os pluralistas, nos quais o setor privado atua sem regulamentao do governo e transaes de sindicatos, como nos Estados Unidos, Reino Unido e Canad.

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    Figura 1 Intermediao de interesses no sistema pblico/privado

    Fonte: adaptado de Murtha & Lenway (1994) De acordo com a nomenclatura de Murtha e Lenway (1994), transaes correspondem a

    um nvel muito baixo de especificidade, ligado aos pases que comandam a economia; firmas correspondem a um baixo nvel de especificidade e esto ligadas aos pases transacionais e assim por diante, como mostra a figura 2. Na matriz de Murtha e Lenway (1994), a credibilidade poltica est mais associada alocao de propriedade do que transao governamental, por isso pases corporativistas tm mais credibilidade do que economias em transio.

    Figura 2 relao entre alvo especfico e credibilidade

    mercado

    autoridade

    pblico privadoDireito de propriedade de alocao

    Go

    vern

    an

    a

    tran

    saci

    on

    al

    Comando da Economia Corporativista

    Transacional Pluralista

    mista

    Intermediao de interesses

    mercado

    autoridade

    pblico privadoDireito de propriedade de alocao

    Go

    vern

    an

    a

    tran

    saci

    on

    al

    Transao(muito baixa)

    Indstria(alta)

    Firma/difusa(baixa)

    Setores(muito alta)

    Transao/firma/

    Indstria(baixa)

    Mxima especificidade(credibilidade poltica)

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    Para Murtha e Lenway (1994), pases que comandam a economia tm credibilidade poltica baixa porque a economia e as firmas esto nas mos do Estado. Entretanto, a possibilidade de uma estratgia industrial sustentvel depende do Estado e quando tais pases implementam estratgias para atrair CMN, eles adotam elementos de pases em transio ou de economias mistas. Mudanas institucionais so lentas, por isso, se economias fechadas introduzem elementos de mercado a credibilidade se deteriora. Murtha e Lenway (1994) apresentam algumas estratgias de implementao de negcios por meio de desenvolvimento de vantagens distintivas para atrair CMN. Para os pases de regime autoritrio e de economias em transio, a opo seria exportao; para os pases corporativistas, seria a adoo de estratgias no mbito global; e para os pluralistas, estratgia multifocal, com descentralizao da produo, informao e autoridade na tomada de deciso disseminada em mltiplos pases. Nessa perspectiva, os autores afirmam que deve haver uma realocao de recursos de firmas em decadncia para novos setores.

    IV Concluses A lacuna de estudos sobre a influncia poltica na estratgia empresarial e a escassez de

    pesquisa sobre a interao entre as administraes pblica e do setor privado um equvoco da rea de estratgia e uma miopia de seus pesquisadores. O fato de ignorar sua prtica no quer dizer que ela no exista. possvel identificar fatos recentes no Brasil e no exterior em que mostram a relao e a influncia entre elas. Na Inglaterra e na Frana, parlamentares foram presos porque receberam presentes ou sutes de hotel pagas por empresrios que se beneficiaram de servios prestados ao governo. Em maro de 2006, o deputado republicano Randy Cunninghan foi condenado a oito anos e meio de priso por ter recebido presentes de empresrios nos Estados Unidos. Aqui no Brasil h o escndalo do mensalo, uma mesada paga pelo partido do presidente da Repblica, o PT, para que deputados e senadores votassem a favor de propostas do governo. Depois de instaurada uma comisso parlamentar de inqurito (CPI), foi descoberto um esquema de corrupo e lavagem de dinheiro envolvendo empresrios, como o publicitrio Marcos Valrio, que foi batizado de Operao Uruguai II, numa referncia ao esquema montado pelo presidente Fernando Collor de Melo, que teve o mandato interrompido em 1992, e de mexicanizao do Brasil, porque se revelou uma estratgia de compra de congressista para perpetuar o Partidos dos Trabalhadores no poder nos moldes do que ocorreu no Mxico, em que o Partido Revolucionrio Institucional (PRI) ficou mais de 70 anos na presidncia.

    Toda essa rede de corrupo comeou a ser desbaratada a partir de um flagrante dentro dos Correios, em que um diretor responsvel pela contratao de pessoal, Maurcio Marinho, recebeu R$ 3 mil de um empresrio e revelou que um esquema de favorecimento existia na empresa. Depois foram descobertos outros focos de corrupo em outras estatais, como o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) e a Petrobras.

    Relaes entre setor privado e pblico, com a motivao de atender determinados interesses em particular so conhecidas como lobby e legtimas em muitos pases do mundo. No Brasil essa atividade no legalizada, o que no significa que no exista. Outra questo o financiamento de campanha eleitoral. Aps a crise que levou ao impeachment do presidente Collor, em 1992, o congresso aprovou o financiamento privado. De acordo com o cientista poltico Bruno Speck3, o pas saiu de uma legislao restritiva para outra liberal e permissiva, mas que pode funcionar se houver transparncia. Agora, com a crise envolvendo o PT e a existncia de desvio de verbas, conhecido popularmente como caixa dois, e o pagamento de mensalo aos parlamentares, h uma nova proposta para reforma poltica. Os principais tpicos

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    dela so a fidelidade partidria compulsria e sem flexibilizaes e o financiamento pblico de campanhas. Para Nicolau (2005), seria um retrocesso, pois o Brasil seria o nico pas do mundo a proibir doaes privadas em campanhas eleitorais. Getz (2002) acredita que o financiamento de campanhas por empresas uma forma de o setor privado se engajar politicamente por meio da teoria da escolha racional (public choice) em busca de interesses prprios. Essa teoria defende que firmas que percebem benefcios em potenciais polticas governamentais entram na arena poltica para comprar tal agenda. Entretanto, Getz (2002) argumenta que tal teoria no estimula corrupo porque estudos empricos comprovam que h pouca correlao entre contribuio de campanha e decises legislativas desejadas porque os legisladores tendem a ser mais sensveis s demandas dos seus eleitores. Entretanto, essa opinio no unnime.

    O presidente da Comisso Especial de Reforma Poltica, Alexandre Cardoso4, fez um levantamento sobre as doaes nas eleies gerais de 2002. A partir dos dados tirou as seguintes concluses: (1) as empresas que mais contribuem para financiar campanhas so as que dependem de regulamentao governamental ou de contratos com o governo; (2) os setores financeiro e da indstria pesada so os que mais doam para candidatos a presidente porque ele decide sobre marco regulatrio, concesso de subsdios e questes macroeconmicas, que so do interesse dos grandes grupos econmicos; (3) as empreiteiras so as que mais ajudam os candidatos a governador porque so eles que realizam mais obras que o federal; e (4) os bancos costumam dar mais dinheiro para as campanhas de senadores. Como o Senado supervisiona o Banco Central e autoriza emprstimos para entidades do setor pblico, Cardoso acredita que esse modelo fonte da corrupo, que seria secada com o financiamento pblico.

    Nicolau (2005) apresenta uma opinio mais equilibrada. A partir da experincia de democracias tradicionais sobre o tema, ele afirma que sistemas eleitorais eficientes correspondem a uma combinao entre o aporte de recursos pblicos, preferencialmente indiretos, como o horrio eleitoral gratuito, com as doaes privadas, preferencialmente as de pessoas fsicas. Alm disso, necessrio que o sistema apresente uma prestao de contas (accountability) baseado em transparncia, simplicidade e duras sanes. Tais questes de prestao de contas levantadas por Nicolau (2005) so algumas das razes para a larga contribuio indireta no Brasil. Para Luiz Fernando Cirne Lima5, diretor superintendente da empresa Copesul e experiente doador de campanhas eleitorais, quando a empresa paga despesas com grfica para candidatos, d um jatinho, paga o transporte de viagens e as camisetas e material de campanha, pode deduzir do Imposto de Renda. Quem contribui legalmente no deduz nada.

    Exemplos sobre financiamento de campanha eleitoral, denncias de desvio de verbas, ligaes suspeitas entre empresrios e polticos apenas uma forma de o setor privado se relacionar com o pblico (Getz, 2002). Outra o jogo da mdia (Ring e Perry, 1985) em que mais uma vez h exemplos empricos para comprovar sua prtica no Brasil.

    Ring e Perry (1985) apresentam um modelo sobre a gesto estratgica em organizaes pblicas, considerando os fatores contextuais, as restries e as implicaes da gesto. Um fator do contexto e restries se refere ao papel da mdia como diferencial importante devido a sua exposio e repercusso e ao jogo que a mdia exerce para facilitar o caminho ou interromper iniciativas dos outros. No Brasil houve casos de demisses de jornalistas influentes que usavam a capacidade de repercusso da mdia para atingir benefcios particulares. Em dezembro de 2003, Joelmir Beting, um dos mais conhecidos colunistas econmicos do pas, foi demitido do jornal O Globo e O Estado de So Paulo por ter protagonizado uma campanha publicitria para o banco Bradesco. A alegao foi que a publicidade para um banco representava um conflito de interesses e comprometia a credibilidade e tica da prtica jornalstica6. Em junho de 2001, Ricardo Boechat foi demitido do jornal O Globo depois que a concorrente revista Veja publicou

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    transcries de uma conversa de Boechat com um empresrio do ramo de telefonia7. Ou seja, Boechat foi demitido porque usou o jornal para beneficiar um grupo empresarial.

    Kingdon (2003) e Weil (2001) tratam da relevncia da mdia na influncia da opinio pblica e seu papel na formao de agendas polticas que, como Bailey (1999) argumentou, interferem na estratgia da empresa. Encarar a estratgia num foco unidimensional, como ocorreu desde seu surgimento, corresponde a um erro, pois ignora fatores contextuais e, principalmente, a dimenso poltica inerente a qualquer prtica social. Os autores que apresentaram uma diversidade de perspectivas estratgicas (Getz, 2002; Mintzberg et alli, 2000) afirmam que elas no so concorrentes, mas complementares. Isso mostra o carter dinmico da estratgia e a amplitude de instrumentos que ela oferece no processo decisrio, diferente do que a corrente dominante prega de focar estritamente o mbito econmico. Uma nica escola do Safri de Estratgias (Mintzberg et alli, 2000) ou uma nica perspectiva de engajamento poltico apresentado por Getz (2002) no soluciona o problema nem explica um nico caso. H fatores envolvidos na tomada de deciso estratgica que no podem ser tratadas de forma monocrdia. Notas Finais 1 MANO, Cristiane. Ele Perdeu a Garoto e o Sossego. In: Exame, 27 de abril de 2004. 2 BRUM, Eliane; CANADO, Patrcia e BARROCAL, Andr. Lobby Mortal. In: poca Negcios, 11 de abril, 2005. p.10-13. 3 LEITO, Miriam. Como Financiar? Panorama Econmico. In: O Globo, 14 de julho de 2005. 4 FRANCO, Ilimar. Panorama Poltico. In: O Globo, 27 de junho de 2005. p.2 5 LEITO, Miriam. Como Financiar? Panorama Econmico. In: O Globo, 14 de julho de 2005. 6 FRANA, Ronaldo. Anncio da Discrdia. In: Veja, 10 de dezembro, 2003. 7 SETTI, Ricardo A. Jornalista pode ter amigos? In: Exame, 25 de julho, 2001.

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